Volume II - Litoral Norte - Diagnóstico Socioeconômico Da Pesca Artesanal Do Litoral de Pernambuco
Volume II - Litoral Norte - Diagnóstico Socioeconômico Da Pesca Artesanal Do Litoral de Pernambuco
Volume II - Litoral Norte - Diagnóstico Socioeconômico Da Pesca Artesanal Do Litoral de Pernambuco
Prezado(a) Senhor(a),
Esta pesquisa foi elaborada pelo Instituto Oceanrio de Pernambuco e o Departamento de Pesca
e Aquicultura da Universidade Federal Rural de Pernambuco, com financiamento do Governo
do Estado atravs da Secretaria Especial de Juventude e Emprego. Tivemos a colaborao do
Ministrio da Pesca e Aquicultura em Pernambuco, Fundao Joaquim Nabuco, Pastoral dos
Pescadores, Movimento dos Pescadores de Pernambuco (MOPEPE) alm de Colnias e
Associaes de Pescadores.
O interesse que este trabalho sirva como base de anlise para diversos pblicos, como:
governo federal, estadual e municipal, organizaes no governamentais, os movimentos
sociais dos pescadores, pesquisadores, estudantes, e os prprios atores do processo: os
pescadores (as) artesanais e seus familiares.
Luiz Lira
Coordenador da Pesquisa Diagnstico
Diretor Cientfico do Instituto Oceanrio
VOLUME - II
LITORAL NORTE
2010
Ficha catalogrfica
CDD 639.098134
Diretor Cien"co
Luiz Lira
Diretora de Projetos
Ana Paula de Almeida Leite
Pesquisadores
Cezar Augusto de Almeida Leite
Coordenador Geral
Luiz Lira
Coordenador Administra!vo
Alexandre Carvalho
Coordenadores de rea
Litoral Norte
Silvanda Galvo de Arruda
Litoral Metropolitano
Vanildo Souza de Oliveira
Litoral Sul
Jos Carlos Pacheco dos Santos
Consultores do Diagns!co
Andr Luis San!ago Maia
Beatriz Mesquita Jardim Pedrosa
Ricardo Gama Soares
Gecynalda Soares da Silva Gomes
Equipe Tcnica
Amanda Machado de Moura Farias
Ana Paula de Almeida Leite
Ana Paula Gonalves da Silva
Bernardo Ramos de Barros Dias
Carolina da Cunha Galvo Cardoso
Cezar Augusto de Almeida Leite
Daniel Locatelli Santos
Darlany Benedita Cabral S da Rocha
Felipe Csar Barros da Silva
Hermon Augusto da Costa Braga Junior
Isabela Maria da Silva Arajo
Jasiael Felipe da Costa
Mirela Assuno Simes
Mnica M Cavalcan! de Azevedo Souza
Sandra Regina da Silva Galvo
Wellane Cassett Arajo Guedes
O Instituto Oceanrio e o Departamento de Pesca
e Aquicultura da UFRPE, dedicam o Diagnstico
da Pesca Artesanal ao Prof. Hamilton Cavalcanti
Costa (in memorian), pelos servios prestados aos
pescadores e pescadoras do litoral pernambucano.
Di!cil no a compreenso, querer compreender
Mestre Gabriel
Agradecimentos
Este volume, assim como os antecedentes, foi escrito numa linguagem simples com
intuito de facilitar seu entendimento a qualquer cidado, especialmente aos pescadores.
Ao mesmo tempo, pretende faz-los sentir como parte responsvel dos ecossistemas
aquticos que empregam milhares de pessoas.
Luiz Lira
2
Figura 31. Fogo artesanal alimentado por lenha...................................................................................52
Figura 32. Fogo Ecolgico consome menos lenha. ..............................................................................52
Figura 33. Comunidades de Pontas de Pedra e Malvinas. Os esturios fertilizam ou poluem o mar.
Saneamento bsico fundamental. ........................................................................................................55
Figura 34. Nvel de escolaridade dos pescadores. ..................................................................................57
Figura 35. Entrevistados que participaram de cursos de capacitao. ...................................................60
Figura 36. Pescadores oferta de capacitao. ......................................................................................60
Figura 37. Renda familiar total por ms. ................................................................................................61
Figura 38. Pescadores/ famlia contemplados por benefcios sociais.....................................................61
Figura 39. Pescadores filiados Associao/Colnia. ...........................................................................62
Figura 40. Lixo descartado pela comunidade em curso d'gua Malvinas ...........................................63
Figura 41. Comunidades de Carne de Vaca, Povoao de So Loureno, Cana Brava. ........................66
Figura 42. Nvel de escolaridade dos pescadores. ..................................................................................68
Figura 43. Percentual de pescadores que participaram de cursos de capacitao. .................................71
Figura 44. Percentual de pescadores oferta de capacitao. ................................................................71
Figura 45. Renda familiar total por ms. ................................................................................................72
Figura 46. Pescadores/ famlia contemplados por benefcios sociais.....................................................72
Figura 47. Pescadores filiados Associao/Colnia. ...........................................................................73
Figura 48. Utilizao da Lavanderia Comunitria para diversos fins. ...................................................74
Figura 49. Trabalho em famlia no beneficiamento de siri. Povoao de So Loureno. ......................75
Figura 50. Entrevista com pescador/ agricultor em Stio Cana Brava. ..................................................75
Figura 51. Rio Goiana e afluentes. Observe parte da Reserva Extrativista Aca-Goiana. ....................76
Figura 52. Casa revestida com conchas de marisco. ..............................................................................76
Figura 53. Comunidade de Barra de Catuama. Atividade pesqueira no mar de dentro e esturios dos
rios Carrapicho e Catuama. ....................................................................................................................79
Figura 54. Percentual do nvel de escolaridade dos pescadores. ............................................................81
Figura 55. Entrevistados que participaram de cursos de capacitao. ...................................................84
Figura 56. Pescadores oferta de capacitao. ......................................................................................84
Figura 57. Renda familiar total por ms. ................................................................................................85
Figura 58. Pescadores/ famlia contemplados por benefcios sociais.....................................................85
Figura 59. Pescadores filiados Associao /Colnia. ..........................................................................86
Figura 60. Ecossistema preservado funciona como indstria natural de alimentos. ..............................87
Figura 61. Delito ambiental relacionado a pobreza. Lenha do mangue. ................................................88
Figura 62. Eroso marinha provocando destruio de estruturas construdas. .......................................88
3
Figura 63. Localizao da comunidade de Baldo do Rio. ......................................................................91
Figura 64. Nvel de escolaridade dos pescadores. ..................................................................................93
Figura 65. Entrevistados que participaram de cursos de capacitao. ...................................................95
Figura 66. Pescadores oferta de capacitao .......................................................................................96
Figura 67. Renda familiar total por ms. ................................................................................................96
Figura 68. Pescadores/ famlia contemplados por benefcios sociais.....................................................97
Figura 69. Pescadores filiados Associao/Colnia. ...........................................................................97
Figura 70. Lixo acumulado nas proximidades do rio. ............................................................................98
Figura 71. Canoas que so utilizadas fundamentalmente em gua doce. ...............................................99
Figura 72. Liderana da colnia Z-14 mobiliza a comunidade do Baldo do Rio. ..................................99
Figura 73. Comunidades do Municpio de Itapissuma. ........................................................................104
Figura 74. Produo pesqueira do Municpio de Itapissuma. ..............................................................105
Figura 75. Localizao das comunidades de Espinheiro e Veloz. .......................................................106
Figura 76. Nvel de escolaridade dos pescadores. ................................................................................109
Figura 77. Canoas da comunidade Veloz e ao fundo a ponte que liga Itapissuma a Itamarac. ..........110
Figura 78. Entrevistados que participaram de cursos de capacitao. .................................................112
Figura 79. Pescadores oferta de capacitao. ....................................................................................112
Figura 80. Renda familiar total por ms. ..............................................................................................113
Figura 81. Pescadores/ famlia contemplados por benefcios sociais...................................................113
Figura 82. Pescadores filiados Associao/Colnia. .........................................................................114
Figura 83. Colnia de Pescadores Z-10. Espinheiro, Itapissuma. ........................................................114
Figura 84. Encontro de pescadores na Praa da Mentira (a). Aspecto da praa onde se v apetrecho
de pesca e um ngulo do Canal de Santa Cruz e embarcaes atracadas (b). ......................................115
Figura 85. Atracagem desordenada das embarcaes, materiais de pesca em locais imprprios no
trecho do Canal de Santa Cruz. Espinheiro. Itapissuma. ......................................................................116
Figura 86. Processamento do pescado desde sua captura at comercializao. Espinheiro. ................117
Figura 87. Uma mostra de esgoto lanado diretamente no Canal de Santa Cruz. ................................117
Figura 88. Construo e conserto de baiteras em pequena oficina estaleiro.....................................118
Figura 89. Comunidades localizadas no centro do municpio de Itapissuma-PE .................................120
Figura 90. Nvel de escolaridade dos pescadores. ................................................................................122
Figura 91. Entrevistados que participaram de cursos de capacitao. .................................................125
Figura 92. Pescadores oferta de capacitao. ....................................................................................125
Figura 93. Renda familiar total por ms. ..............................................................................................126
Figura 94. Pescadores/ famlia contemplados por benefcios sociais...................................................127
4
Figura 95. Pescadores filiados Associao/Colnia. .........................................................................127
Figura 96. Siris capturados no tamanho contrrio a legislao. ...........................................................129
Figura 97. Dos 101 pescadores, apenas trs tm registro de pesca. .....................................................130
Figura 98. Entrevistadores do IOPE ao encontro de pescadores. .........................................................133
Figura 99. Localizao da Comunidade de Botafogo. Os rios, esturios e manguezais que garantem o
trabalho dos pescadores........................................................................................................................136
Figura 100. Nvel de escolaridade dos pescadores. ..............................................................................138
Figura 101. Entrevistados que participaram de cursos de capacitao. ...............................................141
Figura 102. Pescadores oferta de capacitao. ..................................................................................141
Figura 103. Renda familiar total por ms. ............................................................................................142
Figura 104. Pescadores/ famlia contemplados por benefcios sociais.................................................142
Figura 105. Pescadores filiados Associao/Colnia. .......................................................................143
Figura 106. Vista da comunidade de Botafogo nas margens da BR 101 Sul e detalhe da rua S..........144
Figura 107. Localizao da Comunidade de Mangabeira. ...................................................................147
Figura 108. Nvel de escolaridade dos pescadores. ..............................................................................149
Figura 109. Entrevistados que participaram de cursos de capacitao. ...............................................152
Figura 110. Pescadores oferta de capacitao. ..................................................................................152
Figura 111. Percentual da renda familiar total por ms. ......................................................................153
Figura 112. Percentual de pescadores/famlia contemplados por benefcios sociais. ..........................153
Figura 113. Percentual de pescadores filiados Associao/ Colnia. ................................................154
Figura 114. A reflexo do papel laminado reflete os raios solares. .....................................................155
Figura 115. Pescadores expressando questes de ordem ambiental.....................................................156
Figura 116. Produo pesqueira do Municpio de Igarassu. ................................................................161
Figura 117. Produo pesqueira do Municpio de Abreu e Lima.........................................................163
Figura 118. Comunidades dos Municpios de Igarassu e Abreu e Lima. .............................................164
Figura 119. Localizao da comunidade de Mangue Seco. .................................................................165
Figura 120. Nvel de escolaridade dos pescadores. ..............................................................................167
Figura 121. Entrevistados que participaram de cursos de capacitao. ...............................................170
Figura 122. Pescadores oferta de capacitao. ..................................................................................170
Figura 123. Renda familiar total por ms. ............................................................................................171
Figura 124. Pescadores/ famlia contemplados por benefcios sociais.................................................171
Figura 125. Pescadores filiados Associao/ Colnia. ......................................................................172
Figura 126. Banco areno-lamoso de onde os pescadores/marisqueiras retiram seu sustento...............173
Figura 127. Entrevistas, no momento de coleta (a) e no aguardo do transporte (b). ............................173
5
Figura 128. Passivo ambiental de marisco. Praia de Mangue Seco. ....................................................174
Figura 129. Localizao das comunidades de Nova Cruz I e Nova Cruz II. .......................................177
Figura 130. Nvel de escolaridade dos pescadores. ..............................................................................178
Figura 131. Entrevistados que participaram de cursos de capacitao. ...............................................181
Figura 132. Pescadores oferta de capacitao. ..................................................................................181
Figura 133. Renda familiar total por ms. ............................................................................................182
Figura 134. Pescadores/ famlia contemplados por benefcios sociais.................................................182
Figura 135. Pescadores filiados Associao/ Colnia. ......................................................................183
Figura 136. Famlia sem registro civil, o que impede receber os benefcios sociais............................184
Figura 137. Residncia em risco de desabamento. ...............................................................................184
Figura 138. Terreno baldio com lixo nas proximidades das residncias. .............................................185
Figura 139. Localizao das comunidades Beira Mar no complexo hdrico salgado. .........................189
Figura 140. Nvel de escolaridade dos pescadores. ..............................................................................191
Figura 141. Entrevistados que participaram de cursos de capacitao. ...............................................193
Figura 142. Pescadores oferta de capacitao. ..................................................................................194
Figura 143. Renda familiar total por ms. ............................................................................................194
Figura 144. Pescadores/ famlia contemplados por benefcios sociais.................................................195
Figura 145. Pescadores filiados Associao/ Colnia. ......................................................................195
Figura 146. Conchas de marisco cobrindo o mangue. .........................................................................197
Figura 147. Afluente do rio Igarassu poludo, observe desmatamento do mangue..............................198
Figura 148. Dona Maria do Peixe sendo entrevistada. .........................................................................199
Figura 149. Acmulo de conchas de mariscos assoreando o rio So Domingos. ................................199
Figura 150. Local de beneficiamento do marisco. ...............................................................................200
Figura 151. Localizao das comunidades de Cuieiras, Stio Inham e Porto de Jatob. ....................204
Figura 152. Nvel de escolaridade dos pescadores. ..............................................................................206
Figura 153. Entrevistados que participaram de cursos de capacitao. ...............................................209
Figura 154. Pescadores oferta de capacitao. ..................................................................................209
Figura 155. Renda familiar total por ms. ............................................................................................210
Figura 156. Pescadores /famlia contemplados por benefcios sociais.................................................210
Figura 157. Pescadores filiados Associao/ Colnia. ......................................................................211
Figura 158. Entrevistas sendo realizadas no Porto Jatob, no local de descarga do pescado. .............212
Figura 159. Marisqueira sendo entrevistada em plena atividade. ........................................................213
Figura 160. Armazenamento do pescado com ausncia de gelo e condicionamento precrio. ............213
6
Figura 161. Diversidade de cultura agrcola. Destacando-se o cocho para ruminantes na ltima foto.
..............................................................................................................................................................214
Figura 162. Ubirat, ex- pescador de Cuieiras. ....................................................................................216
Figura 163. Produo pesqueira do Municpio de Itamarac. ..............................................................222
Figura 164. Comunidades presentes no Municpio de Itamarac.........................................................223
Figura 165. Localizao da Comunidade do Pilar. Pesca de mar de dentro e de fora..........................223
Figura 166. Nvel de escolaridade dos pescadores. ..............................................................................225
Figura 167. Entrevistados que participaram de cursos de capacitao. ...............................................228
Figura 168. Pescadores oferta de capacitao. ..................................................................................228
Figura 169. Renda familiar total por ms. ............................................................................................229
Figura 170. Pescadores/ famlia contemplados por benefcios sociais.................................................230
Figura 171. Pescadores filiados Associao/ Colnia. ......................................................................230
Figura 172. Assemblia da Colnia de Pescadores Z-11. ....................................................................231
Figura 173. Ato religioso - Buscada de Nossa Senhora do Pilar - participao de turistas. ................232
Figura 174. Pescadores aguardam incio de reunio, onde o Projeto Diagnstico fez contato com a
Colnia Z-11, levando questes socioeconmicas e ambientais. .........................................................232
Figura 175. Saneamento bsico e Educao Ambiental possibilitam turismo saudvel. .....................233
Figura 176. Comunidade de Vila Velha. ..............................................................................................236
Figura 177. Vista panormica do alto de Vila Velha. ..........................................................................236
Figura 178. Nvel de escolaridade dos pescadores. ..............................................................................238
Figura 179. Entrevistados que participaram de cursos de capacitao. ...............................................240
Figura 180. Pescadores oferta de capacitao. ..................................................................................241
Figura 181. Renda familiar total por ms. ............................................................................................241
Figura 182. Pescadores/ famlia contemplados por benefcios sociais.................................................242
Figura 183. Pescadores filiados Associao /Colnia. ......................................................................242
Figura 184. Diversificao de artesanato em Vila Velha. ....................................................................244
Figura 185. Entrevistadora analisa o lixo acumulado no mangue. .......................................................244
Figura 186. Os ecossistemas aquticos e a cobertura vegetal favorecem a pesca e o turismo
comunitrio. .........................................................................................................................................247
Figura 187. Localizao da Comunidade de Chi. ...............................................................................248
Figura 188. Nvel de escolaridade dos pescadores. ..............................................................................250
Figura 189. Entrevistados que participaram de cursos de capacitao. ...............................................253
Figura 190. Pescadores oferta de capacitao. ..................................................................................253
Figura 191. Renda familiar total por ms. ............................................................................................254
7
Figura 192. Pescadores/ famlia contemplados por benefcios sociais.................................................254
Figura 193. Pescadores filiados Associao/ Colnia. ......................................................................255
Figura 194. Dona Maria Rosa, representante feminina de atividade pesqueira da comunidade de Chi,
onde administra uma carcinicultura de pequeno porte. ........................................................................256
Figura 195. Localizao da comunidade de Jaguaribe. Pesca no mar de dentro e mar de fora............259
Figura 196. Nvel de escolaridade dos pescadores. ..............................................................................260
Figura 197. Entrevistados que participaram de cursos de capacitao. ...............................................263
Figura 198. Pescadores oferta de capacitao. ..................................................................................263
Figura 199. Renda familiar total por ms. ............................................................................................264
Figura 200. Pescadores/ famlia contemplados por benefcios sociais.................................................264
Figura 201. Pescadores filiados Associao/Colnia. .......................................................................265
Figura 202. Educadores/entrevistadores ainda em perodo de pr-teste na comunidade de Jaguaribe (a).
Caiaras onde residem os pescadores e trabalham no conserto dos apetrechos de pesca (b). ..............267
8
Lista de Tabelas
9
Sumrio
Apresentao
Lista de Figuras
Lista de Figuras
Lista de Tabelas
Lista de Tabelas
Introduo ........................................................................................................................... 15
Metodologia ........................................................................................................................ 16
Caracterizao dos Municpios....................................................................................... 18
1 Municpio de Goiana................................................................................................... 19
10
1.4 - Comunidades de Carne de Vaca, Povoao de So Loureno e Cana Brava......... 66
2.1.2 Consideraes
1.4.3 Finais...................................................................................... 77
Anlise Socioambiental.................................................................................
Comunidade
1.52.1.3 Barra de
Consideraes Catuama............................................................................. 79
Finais.....................................................................................
2.21.5.1 Anlise Estatstica...........................................................................................
Comunidade do Aude de Apipucos.................................................................... 79
1.5.1.1-
2.2.1 Perfil
Anlise Socioeconmico.............................................................................
Estatstica 80
1.5.1.2- Atividade Econmica............................................................................... 82
2.2.1.1- Perfil Socioeconmico
1.5.2 Anlise Socioambiental.................................................................................. 87
2.2.1.2- Atividade Econmica
1.5.3 Consideraes Finais...................................................................................... 89
2.2.2 Anlise Socioambiental
1.6 Comunidade de Baldo do Rio................................................................................ 91
2.2.3 Consideraes Finais
1.6.1 Anlise Estatstica........................................................................................... 91
1.6.1.1- Perfil Socioeconmico............................................................................. 91
1.6.1.2- Atividade Econmica............................................................................... 93
1.6.2 Anlise Socioambiental.................................................................................. 98
1.6.3 Consideraes Finais...................................................................................... 100
2 Municpio de Itapissuma............................................................................................ 102
2.1 Comunidade de Espinheiro e Veloz......................................................................... 106
2.1.1 Anlise Estatstica........................................................................................... 107
2.1.1.1- Perfil Socioeconmico............................................................................. 107
11
2.2.1 Anlise Estatstica........................................................................................... 121
2.2.1.1- Perfil Socioeconmico............................................................................. 121
2.2.1.2 -Atividade Econmica............................................................................... 123
2.2.2 Anlise Socioambiental.................................................................................. 128
2.2.3- Consideraes Finais....................................................................................... 133
2.3 Comunidade de Botafogo...................................................................................... 136
2.3.1 Anlise Estatstica........................................................................................... 137
2.3.1.1- Perfil Socioeconmico............................................................................. 137
2.3.1.2- Atividade Econmica............................................................................... 139
2.3.2 Anlise Socioambiental.................................................................................. 143
2.3.3 Consideraes Finais...................................................................................... 144
2.4 - Comunidade de Mangabeira................................................................................... 147
2.4.1 Anlise Estatstica........................................................................................... 148
2.4.1.1 - Perfil Socioeconmico............................................................................ 148
2.4.1.2 - Atividade Econmica.............................................................................. 150
2.4.2 Anlise Socioambiental.................................................................................. 155
2.4.3 Consideraes Finais...................................................................................... 156
3 - Municpios de Igarassu e Abreu e Lima...................................................................... 159
3.1 Comunidade de Mangue Seco............................................................................... 165
3.1.1 Anlise Estatstica.......................................................................................... 165
3.1.1.1 - Perfil Socioeconmico............................................................................ 166
3.1.1.2 - Atividade Econmica.............................................................................. 168
3.1.2 Anlise Socioambiental.................................................................................. 173
12
3.2.2 - Anlise Socioambiental.................................................................................. 184
3.2.3 Consideraes Finais...................................................................................... 186
3.3- Comunidades de Beira Mar, Beira Mar I, Beira Mar II e Escorregou ta Dentro.... 188
3.3.1 Anlise Estatstica........................................................................................... 189
3.3.1.1- Perfil Socioeconmico............................................................................. 189
3.3.1.2- Atividade Econmica............................................................................... 191
3.3.2 - Anlise Socioambiental.................................................................................. 196
3.3.3 Consideraes Finais....................................................................................... 201
3.4- Comunidades de Porto jatob, Cuieiras e Stio Inham.......................................... 203
3.4.1 Anlise Estatstica........................................................................................... 204
3.4.1.1 Perfil Socioeconmico............................................................................ 204
3.4.1.2- Atividade Econmica............................................................................... 206
3.4.2 - Anlise Socioambiental.................................................................................. 212
3.4.3 Consideraes Finais...................................................................................... 216
13
4.3.1 Anlise Estatstica.......................................................................................... 249
4.3.1.1 Perfil Socioeconmico........................................................................... 249
4.3.1.2 Atividade Econmica............................................................................. 251
4.3.2 Anlise Socioambiental.................................................................................. 256
4.3.3 Consideraes Finais...................................................................................... 256
4.4 Comunidade de Jaguaribe...................................................................................... 258
4.4.1 Anlise Estatstica.......................................................................................... 259
4.4.1.1 Perfil Socioeconmico........................................................................... 259
4.4.1.2 Atividade Econmica............................................................................. 261
4.4.2 Anlise Socioambiental.................................................................................. 266
4.4.3 Consideraes Finais...................................................................................... 267
Concluses......................................................................................................... 270
Intervenes Necessrias............................................................................................ 271
................
Anexos................................................................................................................................. 273
.
14
Introduo
O litoral de Pernambuco possui 187 km de extenso e ocupa 2,3% de todo o litoral brasileiro.
Abriga em suas 14 zonas estuarinas um ecossistema produtivo aos quais esto associadas
inmeras espcies de peixes, crustceos e moluscos. Essas fbricas naturais de alimentos so
responsveis por mais de 60% do pescado estadual e se destacam por gerar alternativa de
renda para milhares de pessoas, que encontram no manguezal e na plataforma continental
fontes importantes de alimento.
O presente volume retrata a Pesca Artesanal no Litoral Norte e objetiva conhecer o perfil
socioeconmico dos pescadores e pescadoras que utilizam os ecossistemas fluvial, estuarino e
martimo como recurso alimentar e financeiro.
15
Metodologia
Para que o atual estudo abrangesse todo litoral pernambucano foi preciso dividi-lo em: Ilha de
Fernando de Noronha, Litoral Norte, Litoral Metropolitano e Litoral Sul, que encontram-se
distribudos nos volumes I, II, III e IV, respectivamente. A estratgia do trabalho de campo
utilizou o procedimento da pesquisa fenomenolgica, onde a maioria das 71 comunidades
estudadas foram sugeridas pelos prprios pescadores.
No Litoral Norte foi possvel identificar nos municpios de Goiana, Itapissuma, Igarassu,
Abreu e Lima, e Itamarac um total de 32 comunidades, disponibilizadas na figura 1.
16
Os questionrios, assim como as observaes do contexto ambiental, foram aplicados de
janeiro de 2008 a fevereiro de 2009. Procurou-se enfocar o perfil socioeconmico do
entrevistado, a sua atividade econmica, a participao em organizaes representativas, o
envolvimento no campo do meio ambiente, entre outros. Todos os dados foram tratados por
um programa estatstico e, posteriormente analisados por consultores complementando as
concluses e sugestes explicitadas neste Diagnstico.
17
CARACTERIZAO DOS MUNICPIOS
DO LITORAL NORTE
Municpio: Goiana
1-Municpio de Goiana
O municpio de Goiana possui limites ao norte com o estado da Paraba, ao sul com
Itaquitinga, Igarassu, Itapissuma e Itamarac, ao leste com o Oceano Atlntico e ao oeste com
Condado e Itamb. A rea que Goiana ocupa equivale a 492,1 km2 e representa 0,50 % do
Estado de Pernambuco. A sede do municpio tem uma altitude aproximada de 13,0 m e
coordenadas geogrficas de 73338 de latitude sul e 350009 de longitude oeste, distando
65,7 km da capital, cujo acesso feito pela rodovia pavimentada BR101.
Goiana formada pelo Distrito Sede, Tejucupapo e Ponta de Pedras. De acordo com o censo
2000 do IBGE a populao residente total foi de 71.177 habitantes, sendo 43.531 (61,2 %) na
zona urbana e 27.646 (38,8 %) na zona rural. Os habitantes do sexo masculino totalizaram
35.056 (49,3 %), enquanto que os do feminino totalizaram 36.121(50,7 %), resultando numa
densidade demogrfica de 144,6 hab/km2. A contagem da populao do IBGE resultou num
crescimento inexpressivo de 71.796 habitantes para o ano de 2007.
O ndice de Excluso Social, que construdo por 07 (sete) indicadores (pobreza, emprego
formal, desigualdade, alfabetizao, anos de estudo, concentrao de jovens e violncia) de
0,429 ocupando a 12a colocao no ranking estadual e a 2847a no nacional.
Os aspectos fisiogrficos ressaltam que o municpio de Goiana est inserido na Mata Norte do
estado de Pernambuco. O relevo faz parte predominantemente da unidade dos Tabuleiros
1
ndice de Gini o coeficiente expresso em pontos percentuais utilizado para calcular a desigualdade de
distribuio de renda.
20
Costeiros que acompanha o litoral de todo o nordeste, apresentando altitude mdia entre 50 e
100 m. Compreende plats de origem sedimentar, que apresentam grau de entalhamento
varivel, ora, com vales estreitos e encostas abruptas, ora, abertos com encostas suaves e
fundos com amplas vrzeas. O clima do tipo tropical chuvoso com vero seco e a
precipitao mdia de 1.634.2 mm ao ano.
21
Figura 2. Comunidades presentes no Municpio de Goiana.
2
Projeto de Monitoramento da Atividade Pesqueira no Litoral Nordestino, desenvolvido pela Fundao de
Amparo Pesquisa de Recursos Vivos na Zona Econmica Exclusiva (Fundao PROZEE), pela Secretaria
Especial de Pesca e Aquicultura da Presidncia da Repblica (SEAP/PR) e pelo Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis (IBAMA).
22
Sururu (169,1t) e do peixe Saramunete (168,0t) (Figura 3). Como artes de pesca so utilizadas
a coleta manual (marisco, sururu e ostra), o covo para peixe, a rede de espera e o mangote.
5000
4500
4000
Produo (t)
3500
3000
2500
2000
1500
1000
500
Figura 3. Produo pesqueira
0
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
do Municpio de Goiana.
Fonte: ESTATPESCA 2006
Por ser uma regio onde a pesca tem uma alta expressividade e serve como fonte de renda
para uma grande parcela da populao, foi criada em outubro de 2007, a primeira Reserva
3
Extrativista Marinha Interestadual do Brasil, a RESEX Aca-Goiana. Ela foi estabelecida
atravs do pleito dos pescadores da Paraba (Aca) e de Pernambuco (Goiana) e o apoio de
diversas instituies (CPP, IBAMA, ONGs e Fundaj). Aps um perodo de incertezas sobre o
rgo gestor (criao do ICMBio) a criao da RESEX voltou a ter movimentao, em maio
de 2009, com a nomeao da responsvel institucional pelo processo de elaborao do Plano
de Manejo e, conseqente, composio do grupo de coordenao do processo e planejamento
prvio das atividades para elaborao do plano.
Paralelamente a criao da RESEX, existe uma demanda para a criao de uma Reserva de
Desenvolvimento Sustentvel (RDS)4 no Canal de Santa Cruz, complementando a rea da
RESEX. Esta demanda, existente h mais de 10 anos, est com processo paralisado no rgo
responsvel.
3
Reserva Extrativista so espaos territoriais destinados explorao auto-sustentvel e conservao dos
recursos naturais renovveis, por populaes tradicionais. Exige, na sua implementao, a desapropriao de
reas particulares. Existem duas modalidades de Reservas Extrativistas: da Amaznia e Marinhas.
4
Se assemelha a RESEX , no entanto, as reas particulares includas em seus limites no necessitam ser
desapropriadas, s quando necessrio, de acordo com o que dispe a lei. A RDS mais recomendada quando
existe rea urbana dentro dos limites desejados para a Unidade de Conservao.
23
Mais recentemente (2008) o Governo do Estado criou a APA5 de Santa Cruz (Decreto n
32.488, de 17 de outubro de 2008), compreendendo os Municpios de Itamarac e Itapissuma
e parte do Municpio de Goiana, com o objetivo de proteger o complexo estuarino do Canal
de Santa Cruz e dos rios Itapessoca e Jaguaribe, entre outros.
Figura 4. Localizao de Atapuz. Os rios, esturios e manguezais garantem o trabalho dos pescadores.
5
rea de Proteo Ambiental. uma rea em geral extensa, com certo grau de ocupao humana, dotada de
atributos abiticos, biticos, estticos ou culturais especialmente importantes para a qualidade de vida e o bem-
estar das populaes humanas, e tem com objetivos bsicos proteger a diversidade biolgica, disciplinar o
processo de ocupao e assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais.
24
1.1.1 Anlise Estatstica
Ao descrever o perfil familiar e domiciliar os (as) pescadores (as) entrevistados (as), nota-se
que, o nmero mdio de moradores nas residncias de 4,12 e de famlias por residncias
1,07. As pessoas possuem em mdia 2,01 filhos, sendo 1,17 a mdia dos filhos que dependem
financeiramente do entrevistado.
Os resultados, referentes questo sobre remunerao, mostram que 73,9% dos entrevistados
tem, em sua residncia, pelo menos um familiar com 10 anos ou mais trabalhando de forma
remunerada. Desses, 59,1% trabalham de forma remunerada na pesca.
25
Figura 5. Tipos de
habitaes: alvenaria,
madeira e taipa.
c) Escolaridade
Segundo o grau de escolaridade, verifica-se que o maior valor entre os entrevistados (30,7%),
bem como os chefes de famlia
Escolaridade (22,7%), representa o Ensino
Fundamental II incompleto. O
1,1% Escreve o nome
8,0% 12,5% total correspondente para os que
Fundamental I incompleto
9,1%
10,2% Fundamental I completo escrevem o nome de 12,5%
1,1%
Fundamental II incompleto
para os pescadores (Figura 6).
Fundamental II completo
Mdio incompleto
26
d) Sade
O histrico de doenas mostra que, 51,1% do total de pessoas entrevistadas declararam ter
algum tipo de doena. Dentre os problemas de sade de interesse deste estudo, os mais
representativos so: problemas de coluna (15,9%), catarata (3,4%), outras doenas nos olhos
(12,5%), hipertenso (10,2%), artrose (6,8%), diabetes (2,3%), doenas de pele (5,7%),
doenas nos rins (1,1%), reumatismo (4,5%) e apresentam outras doenas que no foram
citadas acima (14,8%).
27
b) Embarcaes e Aparelhos de Pesca
O tipo de embarcao mais presente a baitera (79,5%), seguida 1,1% o bote motorizado,
2,3% a canoa e 1,1% outro tipo de embarcao (Figura 7), utilizados por 84% das pessoas
com atividades gerais relacionadas diretamente pesca. Na questo referente aos aparelhos
utilizados para tal atividade,
representando 34,1% do total, o
mangote encontra-se entre as mais
citadas, acompanhadas das redes
(emalhar/espera/ caoeira/malhadeira)
com 29,5%, o mangoto com 20,5% e
13,6% realizam coleta manual.
Uma vez sabendo quais as embarcaes e os aparelhos de pesca mais utilizados, foram
realizados cruzamentos no intuito de investigar com detalhe qual a relao que possuam.
Verificou-se que os 70 (79,5%) pescadores que utilizam baitera, 24 (34,3%) tem a pesca com
mangote como principal tcnica para captura do pescado, seguida pelas pescas com as redes
de emalhar/espera/caoeira/malhadeira 25 (35,7%), 18 (25,7%) com mangoto, 6 (8,6%) linha
de mo, 5 (7,1%) linha/vara de pescar siri, 11 (15,7%) coleta manual, 2 (2,9%) de mergulho,
1 (1,4%) o curral e 1 (1,4%) utiliza outro tipo de apetrecho . J os 2 (2,3%) pescadores que
usam canoa, 1 (50%) utiliza o mangote e 1 (50%) a linha de mo. O nico bote motorizado
(1,1%) utiliza redes de emalhar/espera/caoeira/malhadeira.
c) Comercializao do Pescado
Segundo os (as) pescadores (as), 13,6% da produo do pescado para consumo para
consumo prprio, o restante vendido diretamente, para: o consumidor (21,6%), o
peixeiro/atravessador (62,5%). importante notar que o mesmo entrevistado pode
comercializar parte de sua produo e consumir outro percentual, mas a venda para os
atravessadores responsvel por mais de 60% de todas as respostas dos entrevistados.
28
d) Impactos na Atividade Pesqueira
Para os pescadores, vrios fatores tem prejudicado a atividade pesqueira. Entre eles, os que
mais merecem destaque so: a aqicultura (26,1%), a pesca predatria (17%), a poluio da
gua (14,8%), a diminuio dos recursos naturais (4,5%) e a pesca excessiva (3,4%).
f) Capacitao
Dos que afirmaram ter feito algum tipo de capacitao, 8% em tcnica-produo
(pesca/cultivo/ turismo/artesanato), 12,5% em outros tipos. Contudo, 79,5% no participaram
de nenhuma capacitao (Figura 8).
29
100% Cursos de Capacitao
80%
60%
40%
20%
0%
no fez capacitao capacitao meio outros
gerencial tcnica ambiente
Figura 8. Entrevistados que
participaram de cursos de
Sim No No se aplica capacitao.
30
h) Renda Familiar
A renda salarial para 80,7% dos pescadores que vivem em famlia, no ultrapassa
mensalmente6 dois salrios mnimos. O maior valor, 40,9%, so para os que recebem menos
de salrio mnimo (Figura 10).
Renda familiar
possvel observar que 94,3% das rendas 9,1%
12,5%
Menos de s.m. De a menos de 1 s.m.
De 1 a menos de 2 s.m. De 2 a menos de 5 s.m.
Figura 10. Renda familiar total por ms. NS/NR
i) Programas Sociais
As informaes referentes aos benefcios recebidos por algum programa social esto
apresentadas na figura 11. De todos os entrevistados, 46,6% afirmaram receber algum
benefcio, sendo os mais citados:
Benefcios Sociais do Governo Federal
o programa Bolsa Famlia (42%),
100%
o Benefcio Assistncia de
80%
Prestao Continuada
60%
No se aplica
BPS/LOAS (10,2%) e o Seguro
40%
Sim
Defeso (4,5%).
No
20%
0%
Seguro
desemprego
BPS/LOAS
nenhum
defeso
Outros
Famlia
PETI
Bolsa
6
Considera-se o total de rendimentos da famlia, provenientes de todas as fontes, no apenas aquela que advm
da atividade da pesca.
31
A distribuio de entrevistados contemplados segundo a renda familiar mensal revela que, o
Bolsa Famlia o programa mais citado nas classes com renda menor que salrio mnimo
(40,5%). Para os 50% com renda familiar entre 1 a menos de 2 salrios mnimos, o programa
mais citado foi o Benefcio Assistncia de Prestao Continuada BPS/LOAS.
j) Organizao Social
Sobre o associativismo 53,4% dos pescadores encontram-se associados colnia de
pescadores, 9,1% associao de pescadores, 2,3% associao de moradores e 43,2% no
participam de nenhuma organizao (Figura 12). Daqueles vinculados a colnia de
pescadores, 57,4% pescam no esturio/manguezal, 31,9% pescam no mar de dentro, 4,3%
pescam no mar de fora, 2,1%
Filiao Associao
trabalham com aqicultura, 2,1%
100%
80%
no responderam e 2,1% no
60% informaram a atividade principal.
40% No se aplica
No
20%
Sim
0%
Nenhuma
Outra
Colnia
Cooperativa
moradores
Produtores
Pescadores
Pesca
7
Atualmente conhecida como Superintendncia Federal da Pesca e Aqicultura de Pernambuco do Ministrio da
Pesca e Aqicultura (SFPA-PE/MPA).
32
m) Documentao do pescador
Com relao documentao do pescador, 88,6% possuem a carteira de trabalho (CTPS),
52,3% a carteira da Colnia de pescadores, 23,9% a do IBAMA, 22,7% a da SEAP, 15,9% a
da Capitania dos Portos e 4,5% a da Associao de pescadores.
Os que contribuem para a previdncia social so 27,3% e 71,6% os que no contribuem.
Na estrada caminho de Atapuz, pode ser visto impactos ambientais devido a extrao de
areia (areia de fingi) para construo civil e o cultivo de camaro na margem da estrada,
colocando em risco esta via (Figura 14).
33
Figura 14. Explorao de areia e
construo de viveiros de camaro.
Outro problema relatado foi perseguio ao peixe-boi pela comunidade, uma vez que esses
animais, segundo os entrevistados, viram as baiteras, afugentam os peixes e abraam as
crianas na orla, podendo ocasionar afogamentos.
Moiss pescador
34
A comunidade pesqueira encontra na Colnia Z-15 uma sede muito bem estruturada,
construda com recursos do Programa Prorural no ltimo governo Arraes. O prdio, apesar de
conter uma sala de aula/capacitao, local para venda de pescado, sala de beneficiamento,
rampa para desembarque de produo e sala aberta para reunio, atualmente est praticamente
desativada e segundo relatos de pescadores ela nunca funcionou plenamente (Figura 15).
possvel que os pescadores no tenham sido consultados sobre o local da construo, e por
este motivo alegam o fracasso da Colnia, pelo fato do local ser inadequado, tanto para a
comercializao, quanto para o desembarque do pescado, fazendo com que as embarcaes
sejam atracadas em outro local da praia.
6
uma ao conjunta, da Secretaria Especial de Aqicultura e Pesca (SEAP) com o Fundo Nacional de
Desenvolvimento da Educao (FNDE), para promover a incluso do pescado na alimentao escolar e trazer
vantagens na dinamizao e na economia das comunidades pesqueiras e aqcolas.
35
solar e material retirado do prprio local. O fator custo de operao est relacionado
organizao e a falta de estrutura para melhores condies de trabalho, continuando assim, a
utilizao do mtodo tradicional quando poderia ter uma melhor estrutura (Colnia Z-15) de
trabalho.
A maioria dos pescadores desta comunidade vive em casa prpria, construdas em alvenaria,
com fossa, banheiro e assistidas por servios pblicos como gua encanada, energia e coleta
de lixo.
Esforos para alfabetizao de adultos so importantes nessa comunidade, visto que 12,5%
dos entrevistados declararam apenas assinar o nome.
Mais da metade dos entrevistados so filiados Colnia de Pescadores, porm ocorre uma
baixa proporo de contribuintes ao INSS, o que requer maiores empenhos de informao
sobre os direitos previdencirios, como tambm um trabalho de extenso pesqueira, com
vistas a uma possvel reestruturao do equipamento j existente na edificao. Dedicao no
sentido de minimizar os custos de operao so necessrios, pois uma estrutura grande, o
que se reflete nos custos. Ao mesmo tempo preciso um trabalho que envolva a questo do
beneficiamento do pescado, como tambm melhoras nas vias de comercializao.
36
A educao ambiental importante nessa comunidade, bem como uma relao com o Centro
de Mamferos Aquticos, com vistas a minimizar os conflitos entre pescadores e suas relaes
com o meio ambiente, em especial o peixe-boi.
Diante do exposto, algumas medidas e aes encontram-se descritas, a fim de contribuir com
a melhoria da comunidade:
- Fiscalizao da extrao de areia retirada dos rios e terrenos adjacentes aos cursos dgua e
o uso de bomba na pesca.
37
1.2 Comunidade de Tejucupapo
Tejucupapo est prximo a Pontas de Pedra e ao norte do Rio Carrapicho (Figura 17). O
acesso para chegar a tal comunidade feito seguindo aproximadamente 9 km da PE-049
(estrada de Pontas de Pedra). Tendo uma histria consolidada a partir do dia 24 de abril de
1646, em funo da coragem das mulheres que enfrentaram os holandeses para defender sua
vila e seus filhos.
38
Heronas de Tejucupapo-Guerreiras na histria e na vida.
39
As mulheres, alm de realizarem a pesca estuarina, ainda so responsveis por todo um
trabalho de beneficiamento dos moluscos capturados e os homens dividem a atividade
pesqueira com o trabalho de corte da cana-de-acar no perodo da safra. A comunidade
pesqueira possui uma subdiviso territorial para a atividade de pesca e aqui ser tratada
separadamente em virtude das caractersticas ecolgicas da pesca e condies sociais.
A estatstica foi calculada com o nmero total de 401 pescadores (as) correspondendo ao
percentual de 100%. Em algumas questes presentes no questionrio do Anexo I, o
entrevistado poderia marcar vrias opes, o clculo do percentual, neste caso, precisou ser
realizado em cima dos 100% (401) para cada mltipla escolha, assim no excedendo o
nmero total de questionrios aplicados.
Ao descrever o perfil familiar e domiciliar os (as) pescadores (as) entrevistados (as), nota-se
que, o nmero mdio de moradores nas residncias de 4,75 e de famlias por residncias
1,11. As pessoas possuem em mdia 2,8 filhos, sendo 1,88 a mdia dos filhos que dependem
financeiramente do entrevistado.
Os resultados, referentes questo sobre remunerao, mostram que 68,3% dos entrevistados
tem, em sua residncia, pelo menos um familiar com 10 anos ou mais trabalhando de forma
remunerada. Desses, 57,1% trabalham de forma remunerada na pesca.
40
a) Habitao: condies fsicas e sanitrias
Observa-se entre os pescadores que 343 (85,5%) possuem casa prpria e 58 (14,5%) casa
alugada, cedida ou emprestada. Os materiais predominantes utilizados na construo dessas
residncias foram taipa 243 (60,6%), alvenaria 157 (39,2%) (Figura 18). Ainda nos
domiclios, de acordo com as questes sanitrias, 237 (59,1%) dos entrevistados possuem
gua encanada, 150 (37,4%) fossa,
212 (52,9%) tem banheiro, 14 (3,5 %)
rede de esgoto e 29,2% coleta de lixo.
Os que possuem energia eltrica
totalizam 93%.
c) Escolaridade
Segundo o grau de escolaridade, verifica-se que o maior valor entre os entrevistados (28,7%)
apenas escrevem os nomes, e para os chefes de famlia (24,5%), representa o Ensino
Fundamental I incompleto. O total correspondente para os que escrevem o nome de 28,7%
para os pescadores (Figura 19).
41
Escolaridade
4,5% 2,2%
3,7% Escreve o nome
4,7% 28,7% Fundamental I incompleto
Fundamental I completo
15,5% Fundamental II incompleto
Fundamental II completo
Mdio incompleto
13,7% Mdio completo Figura 19. Nvel de escolaridade
25,4%
Outros dos pescadores.
.
d) Sade
O histrico de doenas mostra que, 58,9% do total de pessoas entrevistadas declararam ter
algum tipo de doena. Dentre os problemas de sade de interesse deste estudo, os mais
representativos so: problemas de coluna (25,4%), catarata (0,2%), outras doenas nos olhos
(13,7%), hipertenso (1,7%), artrose (11%), diabetes (4,1%), doenas de pele (3,7%), doenas
nos rins (0,7%), reumatismo (3%) e apresentam outras doenas que no foram citadas acima
(23,4%).
Segundo os pescadores, 99,3% costumam utilizar servios de posto de sade ou hospital.
Considerando esta afirmao, observa-se que, 70,3% utilizam os servios mdico-hospitalares
encontrados na vizinhana, 27,2% no prprio municpio, 2% nos municpios prximos e 1%
nas capitais.
Das 401 entrevistas realizadas em Tejucupapo, 208 homens (52,5%) e 188 mulheres (47,5%),
so pescadores (as), apenas 4 entrevistados no se identificam como pescadores, mas
participam da cadeia produtiva da pesca, e 1 no respondeu. A principal atividade exercida
por eles representa 90,5% na pesca estuarina/manguezal (Figura 20). A relao trabalhista dos
(as) pescadores (as) mostra que 85,3% so autnomos e 11,2% so empregados/parceiros.
42
Figura 20. Pescadores (as) retornando da
pesca no esturio.
a b
Figura 21. Embarcao e Arte de Pesca. Pescadores iniciando a jornada da pesca (a) e
confeccionando a rede de pesca (b).
43
Uma vez sabendo quais as embarcaes e os aparelhos de pesca mais utilizados, foram
realizados cruzamentos no intuito de investigar com detalhe qual a relao que possuam.
Verificou-se que os 171 pescadores que utilizam baitera, 95 (55,6%) tem a coleta manual
como principal tcnica para captura do pescado, seguida pelas pescas com 58 (33,9%) redes
de emalhar/espera/caoeira/malhadeira, 28 (16,4%) com mangote, 24 (14%) linha/vara de
pescar siri, 12 (7%) linha de mo, 5 (2,9%) tarrafa, 4 (2,3%) rede de arrasto, 1 (0,6%)
covo/peixe, e 28 (13,5%) utilizam outros apetrechos de pesca. J os 47 pescadores que usam
canoa, 31 (66%) utilizam para a prtica da pesca a coleta manual, seguida de 12 (25,5%) a
linha/vara de pescar siri, 5 (10,6%) mangote, 4 (8,5%) as redes de emalhar/ espera/ caoeira/
malhadeira, 3 (6,4%) linha de mo, 1 (2,1%) covo/lagosta e 9 (19,1%) utilizam outro tipo de
apetrecho de pesca. Os 2 pescadores que utilizam botes motorizados, ambos (100%), pescam
com covo/lagosta e com as redes de emalhar/espera/caoeira/malhadeira.
c) Comercializao do Pescado
Segundo os (as) pescadores (as), 70,1% da produo do pescado direcionada ao
peixeiro/atravessador e o restante vendido diretamente para o consumidor (27,2%). Na
figura 22, respectivamente, possvel verificar o beneficiamento do peixe, em sua secagem
no girau e a filetagem do siri.
a b
44
d) Impactos na Atividade Pesqueira
Para os pescadores, vrios fatores tem prejudicado a atividade pesqueira. Entre eles, os que
mais merecem destaque so: a aqicultura (31,4%), a pesca excessiva (17,2%), a diminuio
dos recursos naturais (14%), a poluio da gua e a pesca predatria, ambas com 11,7%.
f) Capacitao
Dos que afirmaram ter feito algum tipo de capacitao, 0,2% tiveram capacitao
gerencial/administrativa/comercializao, 2% tcnica-produo (pesca/cultivo/turismo/
artesanato), 3,7% em outros tipos. Contudo, 94,3% no participaram de nenhuma capacitao
(Figura 23).
45
Cursos de Capacitao
100%
80%
60%
40%
20%
0%
no fez capacitao capacitao meio ambiente outros
gerencial tcnica
Figura 23. Entrevistados que
Sim No No se aplica participaram de cursos de capacitao.
46
h) Renda Familiar
A renda salarial para 90,8% dos pescadores que vivem em famlia, no ultrapassa
mensalmente10 dois salrios mnimos. O
Renda Familiar
maior valor, 36,4%, so paras os que
4,5% 0,5%
recebem entre a menos de 1 salrio 4,2%
23,2%
mnimo (Figura 25). possvel observar
que 98,3% das rendas individuais, tambm
31,2%
so inferiores a dois salrios mnimos,
quando relacionadas com a atividade
principal de cada entrevistado. 36,4%
i) Programas Sociais
As informaes referentes aos benefcios recebidos por algum programa social esto
apresentadas na figura 26. De todos os entrevistados, 68,8% afirmaram receber algum
benefcio, sendo os mais citados: o programa Bolsa Famlia (62,1%), o Benefcio Assistncia
de Prestao Continuada BPS/LOAS (8,7%), o PETI (Programa de Erradicao do Trabalho
Infantil) com 0,2%, por outros
Benefcios Sociais do Governo Federal
(1,2%) e afirmaram que no so
100%
assistidos por nenhum programa
80%
social (31,2%).
60%
40% No se aplica
Sim
20% No
0%
Seguro
BPS/LOAS
nenhum
defeso
Outros
Famlia
PETI
Bolsa
Seguro
10
Considera-se o total de rendimentos da famlia, provenientes de todas as fontes, no apenas aquela que advm
da atividade da pesca.
47
A distribuio de entrevistados contemplados segundo a renda familiar mensal revela que, o
Benefcio Assistncia de Prestao Continuada BPS/LOAS o programa mais citado nas
classes com renda entre 1 e 2 salrios mnimos (85,7%). O nico entrevistado assistido pelo
PETI (Programa de Erradicao do Trabalho Infantil) est inserido na faixa renda familiar
equivalente entre a 1 salrio mnimo.
j) Organizao Social
Sobre o associativismo 28,7% dos pescadores encontram-se associados colnia de
pescadores, 0,2% associao de pescadores e 71,1% no participam de nenhuma
organizao (Figura 27). Daqueles vinculados Colnia de pescadores, 88,7% pescam no
esturio/manguezal, 4,3% so aposentados/benefcio, 3,5% pescam no mar de dentro, 1,7% no
mar de fora, 0,9% so
Filiao Associao
100%
funcionrios pblicos e 0,9%
80% exercem outra atividade
60% principal.
40% No se aplica
No
20%
Sim
0%
Nenhuma
Outra
Colnia
Cooperativa
moradores
Produtores
Pescadores
Pesca
48
m) Documentao do pescador
Com relao documentao do pescador, 77,1% possuem a carteira de trabalho (CTPS),
26,2% a da Colnia de pescadores, 7,2% a da SEAP, 5,7% a do IBAMA, 2,5% a da Capitania
dos Portos e 1,7% a da Associao de pescadores.
Os que contribuem para a previdncia social so 10,2% e 88,8% os que no contribuem.
49
utilizou alguma substncia qumica que est prejudicando o manguezal e muitos pescadores
vinculam este problema ao desaparecimento de crustceos e moluscos nesta rea. As
entrevistas realizadas com o Presidente da Comisso de Carcinicultura da Federao da
Agricultura de Pernambuco, um tcnico da CPRH e, um representante da Pastoral dos
Pescadores, enfocam questes ambientais em esturios e mangues associados, levando
tambm em considerao esta ocorrncia do branqueamento (vide anexo III, IV e V).
Foi observado nas entrevistas que os filhos de pescadores (as) buscam por atividades fora da
pesca como emprego em fbricas, servios domsticos e serventes das instituies pblicas
municipais, principalmente escolas.
50
1.2.2.3 rea do Cemitrio
Nesta localidade dos Meles os pescadores (as) se apresentam em melhores condies sociais
do que Porto Ferreiro: as casas so de alvenaria, existe o acesso gua encanada, as casas
possuem banheiro, as ruas so caladas e existe um posto de sade e uma associao de
moradores.
Foram identificados, em sua maioria, pescadores (as) estuarinos que capturam siris, ostras e
sururus, como tambm marisqueiras que se deslocam at a praia de Mangue seco em Igarassu
com o objetivo de coletar mariscos. Igualmente como a localidade da rea do Cemitrio, o
pescado beneficiado nas prprias
residncias em conjunto com
familiares, vizinhana e destinado
em sua maior parte ao atravessador
como tambm ao consumidor final
(Figura 30).
51
1.2.3 Consideraes Finais
A questo de trabalho tambm se mostra como uma prioridade. So 64,6% as pessoas que
afirmaram que pelo menos uma pessoa de sua residncia est sem remunerao.
52
O ndice de escolaridade muito baixo mostrando que programas de educao e de
alfabetizao de adultos so importantes no local, visto que 54,1% dos entrevistados so
analfabetos (escreve o nome) ou possuem o ensino fundamental I incompleto.
importante uma fiscalizao mais intensa por parte do Estado para evitar impacto
ambiental. No de se estranhar que 31,4% dos entrevistados citaram a carcinicultura como
principal fator que prejudica a pesca na comunidade.
necessrio pontuar que em uma comunidade onde predomina a pesca manual e sem o uso
intensivo de embarcao, o acesso ao crdito financeiro baixo. Nesta comunidade, o
financiamento atingiu menos de 10% dos entrevistados.
53
Diante do exposto, algumas medidas e aes encontram-se descritas, a fim de contribuir com
a melhoria da comunidade:
- Promover o uso de fogo ecolgico que consume menos lenha do que os foges a lenha
tradicional. .
54
Figura 33. Comunidades de Pontas de Pedra e Malvinas. Os esturios fertilizam ou poluem o mar. Saneamento
bsico fundamental.
A estatstica foi calculada com o nmero total de 161 pescadores (as) correspondendo ao
percentual de 100%. Em algumas questes presentes no questionrio do Anexo I, o
entrevistado poderia marcar vrias opes, o clculo do percentual, neste caso, precisou ser
realizado em cima dos 100% (161) para cada mltipla escolha, assim no excedendo o
nmero total de questionrios aplicados.
55
esto solteiros, 2 (1,2%) so separados/divorciados e 1 (0,6%) vivo.
Ao descrever o perfil familiar e domiciliar os (as) pescadores (as) entrevistados (as), nota-se
que, o nmero mdio de moradores nas residncias de 4,3 e de famlias por residncias
1,13. As pessoas possuem em mdia 2,65 filhos, sendo 1,66 a mdia dos filhos que dependem
financeiramente do entrevistado.
Os resultados, referentes questo sobre remunerao, mostram que 60,9% dos entrevistados
tem, em sua residncia, pelo menos um familiar com 10 anos ou mais trabalhando de forma
remunerada. Desses, 40,4% trabalham de forma remunerada na pesca.
c) Escolaridade
Segundo o grau de escolaridade, verifica-se que o maior valor entre os entrevistados (31,1%),
bem como os chefes de famlia (28,6%), representa o Ensino Fundamental II incompleto
(Figura 34).
56
Escolaridade
5,6% 0,6%
3,1%
0,6% 23,0%
3,7% Fundamental I incompleto
Fundamental I completo
Fundamental II incompleto
Fundamental II completo
Outros
31,1% Mdio incompleto
Mdio completo
20,5%
Figura 34. Nvel de escolaridade 3 grau (graduao)
dos pescadores.
d) Sade
O histrico de doenas mostra que, 52,8% do total de pessoas entrevistadas declararam ter
algum tipo de doena. Dentre os problemas de sade de interesse deste estudo, os mais
representativos so: problemas de coluna (26,1%), doenas nos olhos (13%), hipertenso
(8,7%), artrose (6,8%), diabetes (0,6%), doenas de pele (3,7%), doenas nos rins (1,2%),
reumatismo (1,2%), 0,6% doenas relacionadas ao mergulho (descompresso, embolias, etc.)
e apresentam outras doenas que no foram citadas acima (13%).
57
a) Jornada de Trabalho na Pesca
O tempo mdio que trabalham na atividade pesqueira de 21,89 anos, a mdia de dias
trabalhados por semana de 4,67. Os maiores ndices encontrados para a mdia de horas
trabalhadas por dia estiveram entre 4 e 8 horas ou mais de 8 horas, correspondendo a 70,2% e
20,5%, respectivamente.
Uma vez sabendo quais as embarcaes e os aparelhos de pesca mais utilizados, foram
realizados cruzamentos no intuito de investigar com detalhe qual a relao que possuam.
Verificou-se que os 43 (26,7%) pescadores que utilizam bote motorizado, 27 (62,8%) tem a
pesca com as redes de emalhar/espera/caoeira/malhadeira como principal tcnica para
captura do pescado, seguida pelas pescas com 22 (51,2%) covo/peixe, 17 (39,5%)
covo/lagosta, 6 (14%) mergulho, 4 (9,3%) linha de mo, 3 (7%) mangote, 1 (2,3%) linha/vara
de pescar siri e 2 (4,7%) utilizam outros apetrechos de pesca. J os 28 (17,4%) pescadores que
usam baitera, 17 (60,7%) utilizam para prtica da pesca com redes de
emalhar/espera/caoeira/malhadeira, seguida de 7 (25%) mergulho, 4 (14,3%) linha de mo,
covo/lagosta e utilizam o curral, 3 (10,7%) com covo/peixe, 2 (7,1%) com mangote e 1
(3,6%) utiliza outro tipo de apetrecho de pesca. Dos aparelhos de pesca utilizados pelos
pescadores nas embarcaes do tipo jangada, os mais usados foram: redes de
emalhar/espera/caoeira/malhadeira com 69,2% (18), o mergulho com 19,2% (5), o mangote e
linha de mo com 15,4% (4), o covo/lagosta com 11,5% (3), a linha/vara de pescar siri e
coleta manual com 7,7% (2) e o mangoto e covo/peixe 3,8%(1) e apenas 1 (3,8%) utiliza
outros apetrechos de pesca. J os 22 (13,7%) entrevistados que utilizam a embarcao do tipo
canoa, 11 (50%) pescam com redes de emalhar/espera/caoeira/malhadeira, 10 (45,5%)
realizam coleta manual, 4 (18,2%) pescam de mergulho, 3 (13,6%) com linha de mo e
58
linha/vara de pescar siri, 2 (9,1%) com covo/lagosta, 1 (4,5%) com covo/peixe, tarrafa e
utiliza o curral e apenas 1 (4,5%) utiliza outros apetrechos de pesca.
c) Comercializao do Pescado
Segundo os (as) pescadores (as) a produo do pescado vendida para o
peixeiro/atravessador, 25,5% diretamente ao consumidor e 14,9% no possuem produo
prpria.
59
f) Capacitao
Dos que afirmaram ter feito algum tipo de capacitao, 3,1% tiveram capacitao tcnica-
produo (pesca/cultivo/turismo/ artesanato), 9,3% em outros tipos. Contudo, 87,6% no
participaram de nenhuma
Cursos de Capacitao
capacitao (Figura 35).
100%
80%
60%
40%
20%
0%
no fez capacitao capacitao meio ambiente outros
Figura 35. Entrevistados que
gerencial tcnica
participaram de cursos de
Sim No No se aplica
capacitao.
60
h) Renda Familiar
A renda salarial para 78,9% dos pescadores que vivem em famlia, no ultrapassa
mensalmente11 dois salrios mnimos. O maior valor, 34,8%, so paras os que recebem entre
a menos de 1 salrio mnimo (Figura
Renda Familiar
37). possvel observar que 95,7% das 1,9%
4,3%
11,2%
rendas individuais, tambm so inferiores 14,9%
i) Programas Sociais
As informaes referentes aos benefcios recebidos por algum programa social esto
apresentadas na figura 38. De todos os entrevistados, 62,1% afirmaram receber algum
benefcio, sendo os mais citados: o programa Bolsa Famlia (49,7%), o Benefcio Assistncia
de Prestao Continuada
Benefcios Sociais do Governo Federal
BPS/LOAS (8,1%), seguro
100%
0%
Seguro
desemprego
BPS/LOAS
nenhum
defeso
Outros
Famlia
PETI
Bolsa
11
Considera-se o total de rendimentos da famlia, provenientes de todas as fontes, no apenas aquela que advm
da atividade da pesca.
61
mnimo (41,3%). Para os 46,2% com renda familiar entre 2 e 5 salrios mnimos, o programa
mais citado foi o Benefcio Assistncia de Prestao Continuada BPS/LOAS. Observa-se
tambm, que o Seguro Defeso mais citado nas classes com renda entre 1 a menos de 2
salrios mnimos (66,7%).
j) Organizao Social
Sobre o associativismo 65,2% dos pescadores encontram-se associados Colnia de
Pescadores, 1,2% Associao de Pescadores e 34,2%% no participam de nenhuma
organizao (Figura 39). Daqueles vinculados a Colnia, 47,6% pescam no mar de dentro,
41,9% no mar de fora, 6,7% no
Filiao Associao
esturio/ manguezal e 3,8%
100%
exercem outra atividade
80%
principal. 60%
40%
No se aplica
20% No
Sim
0%
Nenhuma
Outra
Colnia
Cooperativa
moradores
Produtores
Pescadores
Pesca
m) Documentao do pescador
Com relao documentao do pescador, 80,7% possuem a carteira de trabalho (CTPS),
54,7% a carteira da Colnia de pescadores, 40,4% a da SEAP, 23% a do IBAMA, 20,5% a da
Capitania dos Portos e 8,7% a da Associao de pescadores.
62
1.3.2 Anlise Socioambiental
O distrito de Pontas de Pedra, como parte do municpio de Goiana, tem o cultivo da cana de
acar muito expressivo. Essa cultura ocupa todas as formas de relevo capeando superfcies
planas (tabuleiros) com baixa declividade e at mesmo superfcies com declividade superior a
30%, alm de vrzeas e terraos fluviais. A expanso dessa lavoura canavieira tem invadido
reas nas proximidades dos esturios e mangues associados.
Levando em conta que a declividade de um modo geral proporciona o escoamento das guas
que atinge o ambiente marinho costeiro, os agrotxicos utilizados nessa cultura atingem os
ambientes aquticos provocando danos aos ecossistemas que so fbricas naturais de
alimentos e, conseqentemente, ao pescador.
A estatstica mostra que a coleta de lixo atinge 70% dos entrevistados. Entretanto, quando se
trata de resduos lanados nos cursos dgua - um hbito em toda regio - no so retirados
pelo poder pblico (Figura 40). Um adequado sistema de saneamento bsico (abastecimento,
esgotamento, tratamento e limpeza
urbana) faz-se necessrio. Esse
impacto vem contribuindo para a
queda na produo pesqueira.
Fiscalizao e Educao Ambiental
so aes importantes.
63
A questo da eroso marinha deve ser combatida ao longo de todo litoral, atravs do
engordamento das praias retirando areia da plataforma continental. Cabe dizer que so
necessrias pesquisas aprofundadas para a soluo desse grave problema.
Esta antiga comunidade pesqueira se caracteriza por utilizar da pesca de mar de dentro
(46,6%), da pesca de mar de fora (31,1%), em menor escala da pesca estuarina (17,4%) e em
sua maioria os pescadores usam embarcaes motorizadas para a captura do pescado.
A colnia de pescadores Z-3 uma das colnias mais antigas do litoral e congrega
pescadores das comunidades de Pontas de Pedra, Catuama, Barra de Catuama e Carne de
Vaca, onde 65,2% dos pescadores (as) em Pontas de Pedra so associados a Colnia, um
ndice satisfatrio. Com uma estrutura fsica considervel, essa Colnia destacou-se h dez
anos, impulsionada pelo trabalho do Prorenda Rural do Governo do Estado de Pernambuco.
Com um financiamento de 16 barcos de fibra de vidro e cinco barcos de madeira do BNB,
alm de fbrica de gelo, cmara frigorfica e equipamentos de beneficiamento de pescado,
essa colnia chegou a comercializar pescado diretamente a empresas e cadeias de
supermercado na Regio Metropolitana do Recife. A colnia Z-3 contou tambm com
unidade de beneficiamento que produzia peixe defumado, bolinho de peixe, hambrguer,
lingia e fil de peixe.
Atualmente, todas estas atividades esto suspensas. Com o fim do projeto Prorenda essas
atividades no tiveram continuidade, conseqentemente os equipamentos foram depreciados.
Apenas parte da comercializao do pescado realizada na Colnia. A fbrica de gelo
existente arrendada/particular.
Silva e Carvalho (1996), em pesquisa realizada para o Prorenda Rural, constataram que, dos
289 pescadores entrevistados no Litoral Norte, 64,5% no estocavam o pescado antes da
venda. A maior parte das comunidades da rea no possua freezer. Esta pesquisa serviu de
base para os financiamentos realizados poca. Atualmente a queixa da falta de condies
para acondicionar o pescado individualmente continua muito grande. Os pescadores relataram
que as nicas formas de comercializao do pescado so atravs da Colnia e/ou
64
atravessadores. importante que se continue um trabalho com as instituies representativas
dos pescadores visando estimular o associativismo e cooperativismo na atividade. O
financiamento de equipamentos sem um devido acompanhamento da gesto (em longo prazo)
no devem ser incentivados pelo Estado.
Foi observado que o turismo vem sendo uma atividade secundria para donos de barcos, onde
os pescadores costumam utilizar os barcos de pesca para o transporte de turistas. Atualmente
alguns barcos esto impedidos de realizar esta atividade devido a multas que tramitam na
Capitania dos Portos, pois os barcos s tm permisso para o transporte de cinco tripulantes
na atividade pesqueira, chegando a levar at 25 pessoas na atividade do turismo.
Diante do exposto, algumas medidas e aes encontram-se descritas, a fim de contribuir com
a melhoria da comunidade:
65
1.4 Comunidades de Carne de Vaca, Povoao de So Loureno e Cana
Brava
Carne de Vaca, Povoao de So Loureno e Cana Brava se situam entre, o Rio Goiana e a
Barra de Catuama (Figura 41). O acesso feito seguindo a BR 101 norte, entrando na PE-49
(estrada de Pontas de Pedra), aps Tejucupapo. Levando em considerao que as
comunidades se semelham, praticam as atividades pesqueiras no mesmo local e usam
apetrechos de pesca praticamente iguais, seus dados estatsticos foram interpretados
conjuntamente.
A estatstica foi calculada com o nmero total de 217 pescadores (as) correspondendo ao
percentual de 100%. Em algumas questes presentes no questionrio do Anexo I, o
entrevistado poderia marcar vrias opes, o clculo do percentual, neste caso, precisou ser
realizado em cima dos 100% (217) para cada mltipla escolha, assim no excedendo o
nmero total de questionrios aplicados.
66
1.4.1.1 - Perfil Socioeconmico
Ao descrever o perfil familiar e domiciliar os (as) pescadores (as) entrevistados (as), nota-se
que, o nmero mdio de moradores nas residncias de 4,64 e de famlias por residncias
1,11. As pessoas possuem em mdia 3,01 filhos, sendo 1,8 a mdia dos filhos que dependem
financeiramente do entrevistado.
Os resultados, referentes questo sobre remunerao, mostram que 64,5% dos entrevistados
tem, em sua residncia, pelo menos um familiar com 10 anos ou mais trabalhando de forma
remunerada. Desses, 50,7% trabalham de forma remunerada na pesca.
67
c) Escolaridade
Segundo o grau de escolaridade, verifica-se que o maior valor entre os entrevistados (24,5%)
possuem o Ensino Fundamental I
Escolaridade
incompleto, bem como os chefes de
4,6% 0,5%
5,1% 22,1% famlia (28,1%), onde apenas
6,0%
Escreve o nome escrevem os nomes (Figura 42).
Fundamental I incompleto
Fundamental I completo
17,1% Fundamental II incompleto
Fundamental II completo
Mdio incompleto
28,1% Mdio completo
14,7% Outros Figura 42. Nvel de escolaridade dos
pescadores.
d) Sade
O histrico de doenas mostra que, 65,3% do total de pessoas entrevistadas declararam ter
algum tipo de doena. Dentre os problemas de sade de interesse deste estudo, os mais
representativos so: problemas de coluna (32,3%), doenas nos olhos (17,1%), hipertenso
(12,4%), artrose (9,2%), diabetes (0,9%), doenas de pele (5,1%), doenas nos rins (2,8%),
reumatismo (2,8%) e apresentam outras doenas que no foram citadas acima (20,3%).
Das 217 entrevistas realizadas em Carne de Vaca, Povoao de So Loureno e Cana Brava,
120 homens (57,1%) e 90 mulheres, so pescadores (as), apenas 3 entrevistados no se
identificam como pescadores, mas esto inclusos na cadeia produtiva da pesca e 4 no
responderam. A principal atividade exercida por eles a pesca estuarina/manguezal (71,4%),
68
seguida pela pesca do mar de dentro (15,7%). A relao trabalhista dos (as) pescadores (as)
mostra que 82% so autnomos e 11,5% so empregados/parceiros.
Uma vez sabendo quais as embarcaes e os aparelhos de pesca mais utilizados, foram
realizados cruzamentos no intuito de investigar com detalhe qual a relao que possuam.
Verificou-se que os 63 (29%) pescadores que utilizam baitera, 47 (74,6%) tem a coleta
manual como principal tcnica para captura do pescado, seguida pelas pescas com as redes de
emalhar/espera/caoeira/malhadeira 17 (27%), mangote e linha/vara de pescar siri 2 (3,2%),
linha de mo 7 (11,1%), tarrafa 3 (4,8%), rede de arrasto 1 (1,6%) e outros apetrechos de
pesca 3 (4,8%). J os 32 (14,6%) pescadores que usam canoa, 26 (81,3%) utilizam para
prtica da coleta manual, seguido de mangote 6 (18,8%), 4 (12,5%) com tarrafa, 3 (9,4%)
com rede de arrasto, linha de mo e com as redes de emalhar/espera/caoeira/malhadeira, 1
(3,1%) com linha/vara de pescar siri e 4 (12,5%) utilizam outros apetrecho de pesca. queles
que usam jangada, 4 (80%) realizam coleta manual, 2 (40%) pescam com linha de mo e 1
(20%) com rede de arrasto, tarrafa e com as redes de emalhar/espera/caoeira/malhadeira.
69
c) Comercializao do Pescado
Segundo os (as) pescadores (as), 20,3% da produo do pescado para consumo para
consumo prprio, o restante vendido diretamente, para: o consumidor (46,1%) e o
peixeiro/atravessador (49,8%), e peixaria (12%).
f) Capacitao
Dos que afirmaram ter feito algum tipo de capacitao, 0,5% tiveram capacitao
gerencial/administrativa/comercializao, 3,2% tcnica-produo (pesca/cultivo/turismo/
70
artesanato), 0,5% em meio ambiente, 3,7% em outros tipos. Contudo, 92,2% no participaram
de nenhuma capacitao (Figura 43).
Cursos de Capacitao
100%
80%
60%
40%
20%
0%
no fez capacitao capacitao meio ambiente outros
gerencial tcnica
Figura 43. Percentual de pescadores
que participaram de cursos de
Sim No No se aplica capacitao.
71
h) Renda Familiar
A renda salarial para 93,1% dos pescadores que vivem em famlia, no ultrapassa
mensalmente12 dois salrios mnimos. O maior valor, 43,8%, so paras os que recebem entre
a menos de 1 salrio mnimo (Figura 45).
Renda Familiar
possvel observar que 98,2% das rendas 1,4%
5,5%
25,3%
individuais, tambm so inferiores a dois
salrios mnimos, quando relacionadas com
24,0%
a atividade principal de cada entrevistado.
43,8%
i) Programas Sociais
As informaes referentes aos benefcios recebidos por algum programa social esto
apresentadas na figura 46. De todos os entrevistados, 66,4% afirmaram receber algum
benefcio, sendo os mais citados: o programa Bolsa Famlia (59,4%), o Benefcio Assistncia
de Prestao Continuada BPS/LOAS (8,3%), 1,4% pelo PETI (Programa de Erradicao do
Trabalho Infantil), 0,5% pelo
Benefcios Sociais do Governo Federal
100%
Seguro Desemprego, 0,9% por
80%
outros e 33,6% no so assistidos
60%
por nenhum programa social.
40% No se aplica
Sim
20% No
0%
Seguro
BPS/LOAS
nenhum
defeso
Outros
Famlia
PETI
Bolsa
Seguro
12
Considera-se o total de rendimentos da famlia, provenientes de todas as fontes, no apenas aquela que advm
da atividade da pesca.
72
A distribuio de entrevistados contemplados segundo a renda familiar mensal revela que, o
Bolsa Famlia o programa mais citado nas classes com renda entre a menos de 1 salrio
mnimo (48,1%). Para os 55,6% com renda familiar entre 1 a menos de 2 salrios mnimos, o
programa mais citado foi o Benefcio Assistncia de Prestao Continuada BPS/LOAS.
Observa-se tambm, que dos entrevistados assistidos pelo PETI Programa de Erradicao
do Trabalho Infantil, 66,7% tem renda entre a 1 salrio mnimo. O nico beneficiado pelo
seguro desemprego possui a renda familiar de 1 a menos de 2 salrios mnimos.
j) Organizao Social
Sobre o associativismo 28,6% dos pescadores encontram-se associados colnia de
pescadores, 1,4% associao de moradores, 0,5% associao de pescadores (Figura 47).
Daquele vinculado a Colnia,
Filiao Associao
71% pescam no esturio/
100%
manguezal, 21% no mar de
80%
dentro, 6,5% exercem outra 60%
Produtores
Pescadores
Outra
Colnia
Cooperativa
Pesca
m) Documentao do pescador
Com relao documentao do pescador, 74,2% possuem a carteira de trabalho (CTPS),
28,1% a da Colnia de pescadores, 8,3% a do IBAMA, 7,8% a da SEAP, 1,8% a da Capitania
dos Portos e 1,4% a da Associao de pescadores.
Os que contribuem para a previdncia social so 14,3% e 83,4% os que no contribuem.
73
1.4.2 Anlise Socioambiental
74
Figura 49. Trabalho em famlia no
beneficiamento de siri. Povoao de So
Loureno.
Stio Cana Brava uma rea isolada, que esta localizada dentro do canavial numa rea de
difcil acesso. A populao local tem cerca de 70 pessoas e foram entrevistados 13 pescadores
que habitam este stio e vivem de forma
medieval, em casas de taipa, sem energia,
gua, e a agricultura e pesca de subsistncia
so atividades do dia a dia (Figura 50).
A economia local esta voltada para a troca de produtos, ocorrendo pela dificuldade de acesso
e locomoo at um centro urbano. Essa dificuldade tambm um obstculo para o
atendimento mdico hospitalar e uma das conseqncias desse isolamento foi o caso da
criana que em 02 de setembro de 2008, chegou a falecer aps ingerir o peixe baiacu e o
socorro no chegou a tempo.
Carne de Vaca, assim como as outras localidades aqui j referidas, sofre com o conflito
existente entre a cana de acar, a qual vem sendo plantada bem prximo as margens do Rio
Goiana. Importante pontuar que esta rea compe a Reserva Extrativista (RESEX) Aca-
Goiana, que legalmente no poderia estar sendo impactada (Figura 51).
75
Figura 51. Rio Goiana e afluentes. Observe parte da Reserva Extrativista Aca-Goiana.
Nessa regio foi detectado o acmulo de conchas de marisco nos terrenos vazios e quintais
das casas, problema grave de gerao de resduos nas comunidades produtoras de marisco. No
entanto, as conchas esto sendo
utilizadas como revestimento de casas
e decorao, porm essa atividade no
tem suprido a necessidade de
destinao final para esse problema
(Figura 52).
Problema de eroso costeira tambm uma realidade em Carne de Vaca e diversas aes de
conteno esto sendo realizadas sem o devido embasamento tcnico, prejudicando outros
76
pontos da praia e do esturio. Muitas dessas aes tm o apoio dos pescadores, pois eles
alegam que estavam perdendo as caiaras (utilizadas para a guarda do material de pesca).
Existe uma experincia exitosa no Sul do Brasil onde as conchas de ostra e mariscos
cultivados so utilizados na fabricao de tijolos. Essa uma proposta que pode ser
desenvolvida junto comunidade e alguma instituio com capacidade para tal, a exemplo do
Instituto Tecnolgico de Pernambuco (ITEP). A experincia de Santa Catarina desenvolvida
pela empresa Blocaus Pr-Fabricados, de Biguau (SC), foi vencedora do Prmio Expresso
de Ecologia 2008 na categoria Inovao Tecnolgica, sendo uma alternativa para o
reaproveitamento de resduos prejudiciais ao meio ambiente eliminados pela construo civil
e de conchas de ostras e de mariscos13.
A RESEX Aca-Goiana que est sendo criada na regio tambm uma oportunidade para o
incentivo ao turismo sustentvel, comunitrio. Esse turismo deve ser incentivado como forma
de gerao de renda.
13
http://www.expressao.com.br/ecologia/newslleter/news_20022009.html
77
Diante do exposto, algumas medidas e aes encontram-se descritas, a fim de contribuir com
a melhoria da comunidade:
- Promover o uso de fogo a lenha ecolgico na substituio do tradicional fogo a lenha por
outro menos poluente e que consuma menos madeira;
- Exigir dos rgos competentes fiscalizao e controle sobre a carcinicultura, sobre os limites
de plantio da cana de acar e o uso de agrotxicos, e indstrias no esturio do Rio Goiana.
- Combate a eroso marinha com tcnicas apropriadas que no transfere a eroso para outra
rea e transforme a praia num amontoado de pedras.
78
1.5 Comunidade de Barra de Catuama
Figura 53. Comunidade de Barra de Catuama. Atividade pesqueira no mar de dentro e esturios dos rios
Carrapicho e Catuama.
A altitude que o distrito se encontra privilegia a vista para as praias de Atapuz e Ilha de
Itapessoca, em Goiana e Enseada dos Golfinhos em Ilha de Itamarac. A pesca realizada pelos
pescadores est voltada para o esturio e o mar de dentro. Alm da pesca, destacam-se na
comunidade atividades relacionadas ao turismo e veraneio.
A estatstica foi calculada com o nmero total de 101 pescadores (as) correspondendo ao
percentual de 100%. Em algumas questes presentes no questionrio do Anexo I, o
entrevistado poderia marcar vrias opes, o clculo do percentual, neste caso, precisou ser
79
realizado em cima dos 100% (101) para cada mltipla escolha, assim no excedendo o
nmero total de questionrios aplicados.
Ao descrever o perfil familiar e domiciliar os (as) pescadores (as) entrevistados (as), nota-se
que, o nmero mdio de moradores nas residncias de 4,59 e de famlias por residncias
1,15. As pessoas possuem em mdia 2,6 filhos, sendo 1,49 a mdia dos filhos que dependem
financeiramente do entrevistado. Esses nmeros revelam que a quantidade de filhos nessa
comunidade pequena, apesar de estar acima da mdia nacional. Segundo o IBGE, em um
perodo de aproximadamente 50 anos, a taxa de fecundidade (nmero de filhos por mulher ao
fim do perodo reprodutivo) no Brasil caiu de 6,3 (1960) para 1,8 (2006).
Os resultados, referentes questo sobre remunerao, mostram que 79,2% dos entrevistados
tem, em sua residncia, pelo menos um familiar com 10 anos ou mais trabalhando de forma
remunerada. Desses, 62,4% trabalham de forma remunerada na pesca.
80
b) Bens materiais: transporte, utenslios domsticos e telefonia
Dos bens materiais relacionados ao transporte, o mais utilizado a bicicleta com 41,6%,
seguida pelo carro (1%) e motocicleta (2%). Com relao aos eletrodomsticos, destacam-se:
o fogo (95%), a geladeira (78,2%), freezer (27,7%), a TV (92,1%), o liquidificador (73,3%),
o aparelho de som (64,4%), ventilador (26,7%) e o vdeo/DVD (65,3%). Na telefonia, os
aparelhos mveis (celulares) representaram 59,4% das respostas, enquanto que o telefone fixo
apenas 5,9%.
c) Escolaridade
Segundo o grau de escolaridade, verifica-se que o maior valor entre os entrevistados (27,7%)
possuem Ensino Fundamental II incompleto, e para os chefes de famlia (23,8%), o Ensino
Fundamental I incompleto o
Escolaridade
mais representativo. O total
correspondente para os que
1,0% 8,9%
5,0%
escrevem o nome de 8,9% para 10,9% Escreve o nome
13,9%
os pescadores (Figura 54). Fundamental I incompleto
8,9% Fundamental I completo
Fundamental II incompleto
Fundamental II completo
Mdio incompleto
23,8% Mdio completo
Figura 54. Percentual do nvel de 27,7% Outros
escolaridade dos pescadores.
d) Sade
O histrico de doenas mostra que, 57,4% do total de pessoas entrevistadas declararam ter
algum tipo de doena. Dentre os problemas de sade de interesse deste estudo, os mais
representativos so: problemas de coluna (16,8%), doenas nos olhos (13,7%), hipertenso
(18,8%), artrose (11,9%), diabetes (2%), doenas de pele (5%), doenas nos rins (2%),
reumatismo (1%), 0,5% de doenas relacionadas ao mergulho (descompresso, embolias, etc.)
e apresentam outras doenas que no foram citadas acima (25,7%).
81
encontrados na vizinhana, 35,6% no prprio municpio, 11,9% nos municpios prximos e
3% nas capitais.
Uma vez sabendo quais as embarcaes e os aparelhos de pesca mais utilizados, foram
realizados cruzamentos no intuito de investigar com detalhe qual a relao que possuam.
Verificou-se que os 78 (77,2%) pescadores que utilizam baitera, 55 (70,5%) tem a pesca com
as redes de emalhar/espera/caoeira/malhadeira como principal tcnica para captura do
pescado, seguida pela coleta manual 20 (25,6%) e pelas pescas com 10 (12,8%) linha de mo,
8 (10,3%) linha/vara de pescar siri, 4 (5,1%) de mergulho, 3 (3,8%) mangote e covo/peixe, 2
(2,6%) covo/lagosta e utilizam curral, 1 (1,3%) espinhel e tarrafa e 3 (3,8%) utilizam outros
82
apetrechos de pesca. J os 3 (3%) pescadores que usam canoa, 2 (66,7%) realizam coleta
manual e 1 (33,3%) pesca com as redes de emalhar/espera/caoeira/malhadeira. Para os
pescadores que utilizam o bote motorizado, a pesca realizada com 3 (100%) redes de
emalhar/espera/caoeira/malhadeira, 1 (33,3%) com linha de mo, covo/peixe e covo/lagosta.
c) Comercializao do Pescado
Segundo os (as) pescadores (as), 21,8% da produo do pescado para consumo para
consumo prprio, o restante vendido diretamente, para: o consumidor (52,5%) e o
peixeiro/atravessador (56,4%).
83
f) Capacitao
Dos que afirmaram ter feito algum tipo de capacitao, 12,9% tiveram capacitao
gerencial/administrativa/comercia
Cursos de Capacitao
lizao e 13,9% em outros tipos.
100,0%
Contudo, 75,2% no participaram
80,0%
de nenhuma capacitao (Figura 60,0%
55). 40,0%
20,0%
0,0%
no fez capacitao capacitao meio outros
gerencial tcnica ambiente
Figura 55. Entrevistados que
participaram de cursos de Sim No No se aplica
capacitao.
No gostaria
qualquer capacitao ou treinamento
Pesca est rejeitado (Figura 56).
Outra atividade
84
h) Renda Familiar
A renda salarial para 74,6% dos pescadores que vivem em famlia, no ultrapassa
mensalmente14 dois salrios mnimos. O
Renda Familiar
1% 3,0% maior valor, 42,6%, so paras os que recebem
9,9%
entre 1 e menos do que 2 salrios (Figura 57).
13,9% 29,7%
possvel observar que 91,1% das rendas
individuais, tambm so inferiores a dois
salrios mnimos, quando relacionadas com a
42,6%
atividade principal de cada entrevistado.
i) Programas Sociais
As informaes referentes aos benefcios recebidos por algum programa social esto
apresentadas na figura 58. De todos os entrevistados, 62,4% afirmaram receber algum
benefcio, sendo os mais citados: o
Benefcios Sociais do Governo Federal
0%
PETI
Bolsa Famlia
BPS/LOAS
nenhum
desemprego
Outros
Seguro
defeso
Seguro
14
Considera-se o total de rendimentos da famlia, provenientes de todas as fontes, no apenas aquela que advm
da atividade da pesca.
85
mais citado foi o Benefcio Assistncia de Prestao Continuada BPS/LOAS. O nico
beneficiado pelo Seguro Desemprego possui a renda familiar de a menos de 1 salrio
mnimo.
j) Organizao Social
Sobre o associativismo 65,3% dos pescadores encontram-se associados Colnia de
pescadores, 5% Associao de moradores, 5% Associao de Pescadores e 30,7% no
participam de nenhuma organizao (Figura 59). Desses vinculado a Colnia, 48,5% pescam
no mar de dentro, 42,4% no
Filiao Associao
esturio/ manguezal, 6,1% no mar
100%
de fora, 1,5% aposentado/
80%
60%
benefcio e 1,5% exercem outra
40% No se aplica atividade.
No
20%
Sim
0%
Nenhuma
Outra
Colnia
Cooperativa
moradores
Produtores
Pescadores
Pesca
m) Documentao do pescador
86
1.5.2 Anlise Socioambiental
A preservao das guas do Canal de Santa Cruz, dos manguezais e rios que l desguam
fundamental para que os pescadores dos ambientes estuarinos, do mar de dentro e mar de fora
possam exercer a pesca artesanal (Figura 60).
Considerando que a mdia aritmtica de dependentes dos pescadores (as) de 4,25, que
moram nas comunidades de Itamarac e Goiana, pode se dizer que cerca de 5.177 ou mais
membros das famlias podero ser prejudicados.
Alguns impactos ambientais podem ser citados, sendo vrios relacionados atividade
turstica: banheiros construdos na orla da praia com esgoto depositado no esturio, sem
excluir os esgotos de bares e residncias; desmatamento de mangue com visualizao de
estoque de madeira (Figura 61) e eroso costeira. O baixo poder financeiro e alto preo do
botijo de gs levam os pescadores a utilizar a madeira retirada do mangue. Tal procedimento
tem se mostrado generalizado nos mangues do Litoral Norte.
87
Figura 61. Delito ambiental relacionado a pobreza.
Lenha do mangue.
A orla est completamente descaracterizada, com muitas estruturas rgidas para a conteno
da energia das ondas, a principal rua da praia no existe mais, e necessria uma ponte de
madeira que faz a ligao com as ruas transversais. Os bares esto sendo reerguidos sobre
estacas de madeiras com aparncia de palafitas, pois no existe uma padronizao e a
poluio visual forte. O per construdo pelo PRODETUR est sem uso e s sobraram os
escombros da estrutura. Atualmente o governo estadual investe recursos na pavimentao da
via de acesso Pontas de Pedra a Barra de Catuama, beneficiando toda orla de Goiana (Figura
62).
88
Os pescadores e marisqueiras se organizam em duas instituies: existe uma subsede da
colnia de pescadores de Pontas de Pedra (Z-3) e uma associao de pescadores.
Interveno de combate a pesca com bomba tambm se faz importante no local. Segundo
depoimentos preciso uma ao conjunta do IBAMA e polcia para resolver essa situao. Os
50,5% dos entrevistados apontaram que a pesca predatria o principal problema, seguido da
poluio com apenas 8,9%, mostrando o quanto que a pesca com bomba prejudica.
necessria uma ao policial para coibir essa atividade, pois os pescadores relatam sofrer
ameaas e retaliao por parte de pessoas que fazem uso desse tipo de pesca predatria.
Uma maior divulgao sobre os direitos dos pescadores tambm se faz necessrio, visto o
baixo nmero de contribuintes com o INSS (20%). sabido que os pescadores so segurados
especiais15 e por meio de suas entidades representativas, ou mesmo individualmente podem
contribuir semestralmente com um valor que, em mdia, no ultrapassa os R$ 100,00
semestrais. Essa informao um contraponto com o grande nmero de associados Colnia
(65,3%).
Boa parte dos pescadores dessa localidade j teve acesso a crdito financeiro na rea de pesca,
pois 53,5% dos entrevistados relataram o recebimento do mesmo. O crdito aqui explicado
pelo alto uso de barcos e redes.
15
A Previdncia Social considera Segurado Especial o pequeno produtor rural ou o pescador artesanal e os
cnjuges que trabalham, juntamente com a famlia, desde que no possuam empregados, conforme o disposto no
art., 12, VII, da Lei 8.212/91. Os seguintes documentos comprovam o exerccio da atividade pesqueira: a)
contrato de arrendamento ou parceria; b) nota fiscal de venda realizada pelo pescador artesanal; c) declarao da
colnia de pescadores, registrada na SEAP ou IBAMA, homologada pelo INSS; d) caderneta de inscrio
pessoal visada pela Capitania dos Portos, pela SUDEPE ou DNOCS, homologada pelo INSS; e) certido
fornecida pela FUNAI, atestando a condio do ndio como pescador, homologada pelo INSS. A contribuio
mensal deve ser o equivalente a 2,3% da renda obtida com a pesca, em sendo inferior a R$29,00 o recolhimento
transferido para o ms seguinte.
89
Aes de capacitao so importantes em Barra de Catuama em funo de que, 75,2% das
pessoas questionadas nunca fizeram capacitao. Porm, a maioria dos pescadores aspiram
melhoria tcnica com cursos em outra atividade que no a pesca
A divulgao do trabalho das instituies que trabalham com meio ambiente tambm
importante, em funo da baixa percepo destas aes pelos pescadores, onde o IBAMA se
mostrou como a mais conhecida (10,9%), seguido das Universidades com 4%, percentuais.
Diante do exposto, algumas medidas e aes encontram-se descritas, a fim de contribuir com
a melhoria da comunidade:
- Exigir dos rgos competentes fiscalizao e controle sobre a pesca predatria com o uso de
bomba;
- Combate a eroso marinha com tcnicas apropriadas que no impactem a orla marinha.
90
1.6 Comunidade de Baldo do Rio
A comunidade de pescadores de Baldo do Rio caracteriza-se por ser uma comunidade urbana
que se localiza no centro da cidade de Goiana, a margem direita do rio Goiana. O acesso para
chegar a tal comunidade feito seguindo pela BR 101 Norte (Figura 63).
91
Ao descrever o perfil familiar e domiciliar os (as) pescadores (as) entrevistados (as), nota-se
que, o nmero mdio de moradores nas residncias de 3,79 e de famlias por residncias
1,11. As pessoas possuem em mdia 3 filhos, sendo 1,5 a mdia dos filhos que dependem
financeiramente do entrevistado.
Os resultados, referentes questo sobre remunerao, mostram que 59,6% dos entrevistados
tem, em sua residncia, pelo menos um familiar com 10 anos ou mais trabalhando de forma
remunerada. Desses, 28,1% trabalham de forma remunerada na pesca.
c) Escolaridade
Segundo o grau de escolaridade, verifica-se que o maior valor entre os entrevistados (35,1%),
bem como os chefes de famlia (35,1%), representa o Ensino Fundamental I incompleto. O
total correspondente para os que escrevem o nome de 17,5% para os pescadores (Figura 64).
92
Escolaridade
1,80%
12,30% 17,50%
1,80% Escreve o nome
Fundamental I incompleto
14%
Fundamental I completo
Fundamental II incompleto
Mdio incompleto
35,10%
Mdio completo
17,50%
NS/NR
Figura 64. Nvel de escolaridade dos
pescadores.
d) Sade
O histrico de doenas mostra que, 63,2% do total de pessoas entrevistadas declararam ter
algum tipo de doena. Dentre os problemas de sade de interesse deste estudo, os mais
representativos so: problemas de coluna (8,8%), doenas nos olhos (1,8%), hipertenso
(12,3%), artrose (5,3%), diabetes (3,5%), reumatismo (3%) e apresentam outras doenas que
no foram citadas acima (47,4%).
93
trabalhadas por dia estiveram entre 4 e 8 horas ou mais de 8 horas, correspondendo a 86,% e
12,3%, respectivamente.
Uma vez sabendo quais as embarcaes e os aparelhos de pesca mais utilizados, foram
realizados cruzamentos no intuito de investigar com detalhe qual a relao que possuam.
Verificou-se que os 42 (73,7%) pescadores que utilizam baitera, 19 (45,2%) tem a coleta
manual como principal tcnica para captura do pescado, seguida pelas pescas com as redes de
emalhar/espera/caoeira/malhadeira 16 (38,1%), mangote 8 (19%), tarrafa 6 (14,3%),
covo/peixe 5 (11,9%), linha de mo 2 (4,8%), linha/vara de pescar siri 1 (2,4%) e utilizam
outros apetrechos de pesca 9 (21,4%). J os 4 (7%) pescadores que usam canoa, 1 (25%)
pesca com mangote, tarrafa, covo/peixe e realiza coleta manual e apenas 2 (50%) utilizam
outros apetrechos de pesca.
c) Comercializao do Pescado
Segundo os (as) pescadores (as), 73,7% da produo vendida para o peixeiro/atravessador e
35,1% diretamente ao consumidor.
94
e) Alternativas de Fontes de Renda
Verificando a estatstica voltada para esta questo, possvel perceber que alguns pescadores,
no intuito de aumentar sua renda, acabam desenvolvendo atividades extras no relacionadas
pesca. Ainda no questionrio, existem os que almejam outra fonte de renda e os que j
experienciaram outros trabalhos. Para os que disseram possuir rendas extras, as mais citadas
foram: no comrcio (7%), na construo civil (7,9%), aposentadoria/benefcio (7%), nos
servios gerais (3,5%) e como caseiros/servio domstico (10,5%). Por outro lado, dos que
gostariam de ter um rendimento alternativo, os mais almejados so: agricultura, exceto a cana-
de-acar (8,8%), servios gerais (7%), comrcio (5,3%), construo civil (5,3%),
aposentadoria/benefcio (3,5%), caseiro/servio domstico (1,8%) e em outra atividade
(21,1%). Para os pescadores que j tiveram outras experincias de trabalho, exerceram:
monocultura de cana-de-acar (26,3%), atividade de caseiro/servio domstico (8,8%),
indstria (10,5%), construo civil (10,5%), servios gerais (10,5%), comrcio (5,3%) e em
outra atividade (10,5%).
f) Capacitao
Dos que afirmaram ter feito algum tipo de capacitao, 7% tiveram capacitao
gerencial/administrativa/comerciali
zao, 1,8% tcnica-produo Cursos de Capacitao
80%
3,5% em outros tipos. Contudo,
60%
89,5% no participaram de
40%
nenhuma capacitao (Figura 65).
20%
0%
no fez capacitao capacitao meio ambiente outros
gerencial tcnica
Atualmente, 61,4% tem vontade de se capacitar, sendo 31,6% na atividade pesqueira e 29,8%
em outras atividades. Para os 38,6% restantes, qualquer capacitao ou treinamento est
rejeitado (Figura 66).
95
Capacitao
29,8%
38,6%
No go staria
P esca
Outra atividade
h) Renda Familiar
A renda salarial para 87,8% dos pescadores que vivem em famlia, no ultrapassa
mensalmente16 dois salrios mnimos. O maior valor, 43,9%, so paras os que recebem entre
a menos de 1 salrio mnimo (Figura
Renda Familiar
67). possvel observar que 100% das 7,0% 1,8%
5,3%
rendas individuais, tambm so
inferiores a dois salrios mnimos,
43,9%
quando relacionadas com a atividade
principal de cada entrevistado. 42,1%
16
Considera-se o total de rendimentos da famlia, provenientes de todas as fontes, no apenas aquela que advm
da atividade da pesca.
96
i) Programas Sociais
As informaes referentes aos benefcios recebidos por algum programa social esto
apresentadas na figura 68. De todos os entrevistados, 49,1% afirmaram receber algum
benefcio, sendo os mais citados: o programa Bolsa Famlia (40,4%), o Benefcio Assistncia
de Prestao Continuada BPS/LOAS (8,7%).
100%
80%
60%
40% No se aplica
Sim
20% No
0%
Seguro
desemprego
BPS/LOAS
nenhum
defeso
Outros
Famlia
PETI
Bolsa
Seguro
j) Organizao Social
Sobre o associativismo 89,5% dos pescadores encontram-se associados Colnia de
pescadores, 1,8% Associao de Pescadores, 8% outra organizao representativa e 10,5%
no participam de nenhuma
Filio Associao
organizao (Figura 69). Desses
100%
vinculados a Colnia de 80%
40%
esturio/manguezal e 9,8% no No se aplica
20% No
mar de dentro. Sim
0%
moradores
Nenhuma
Produtores
Pescadores
Outra
Colnia
Cooperativa
Pesca
97
l) Aes de Instituies Ligadas ao Meio Ambiente
Sobre o conhecimento de instituies que realizem algum tipo de ao na rea ambiental em
seu municpio, os entrevistados identificaram: as Universidades (8,8%), o IBAMA (3,5%),
outros rgos (21,1%) e 68,4% no identificaram nenhum rgo.
m) Documentao do pescador
Com relao documentao do pescador, 91,2% possuem a carteira da Colnia de
pescadores, 78,9% a carteira de trabalho (CTPS), 38,6% a da SEAP, 8,8% a do IBAMA e
3,5% a da Capitania dos Portos.
Os que contribuem para a previdncia social so 57,9% e 40,4% os que no contribuem.
98
A pesca realizada ao longo do rio Goiana at sua foz e ocasionalmente trabalham no mar de
dentro com a utilizao de baiteras e canoas. As embarcaes ficam atracadas ao longo do rio,
em frente s residncias, local onde os
pescadores tambm confeccionam e
consertam redes. So pescadores
predominantes de esturios onde coletam
crustceos e moluscos (Figura 71).
Problemas de sade foram citados pelos pescadores, dentre eles o mais referido foi
esquistossomose18. Grande parte dessa populao est contaminada pelo verme Shitosoma
17
O Programa Pescando Letras um projeto da SEAP/PR que tem como objetivo atender necessidade urgente
de alfabetizao dos pescadores e pescadoras profissionais e aqicultores e aqicultoras familiares, jovens e
adultos, numa perspectiva de educao continuada, tomando em considerao o contexto scio-poltico dessa
populao e o desafio de fortalecer a sua participao na construo de espaos democrticos.
18
A esquistossomose uma molstia causada por parasitas humanos. Estes so os trematdeos, do gnero
Schistosoma. No Brasil o Schistosoma mansoni o responsvel pela esquistossomose intestinal. A transmisso
99
mansoni. A proliferao desta doena tem se dado atravs do contato humano com uma rea
alagada que est contaminada por caramujos hospedeiros.
Nessa comunidade, 40,4% das entrevistas citaram a cana-de-acar como maior problema da
pesca, seguido pela poluio (35,1%). Aes em relao poluio, como tambm na
organizao da atividade canavieira so necessrias, pois os agrotxicos utilizados so
carreados diretamente para o rio visto a cana ser plantada at nas margens do rio Goiana.
Considerando a credibilidade da Colnia Z-14 e a presena da Diretoria que sempre que
possvel faz-se presente em prol dos associados, sugere-se que a sede desta instituio, com
base no Cdigo Florestal, acione as autoridades pertinentes para que o plantio da cana de
acar tenha uma distncia entre as margens e o curso dgua19.
se d pela contaminao dos caramujos, nas guas, com as fezes das pessoas infectadas pela doena. Esses
produzem novas larvas que infestam as guas e posteriormente os homens.
19
O Cdigo Florestal (Lei n. 4.777/65) desde 1965 inclui as matas ciliares na categoria de reas de preservao
permanente. Assim toda a vegetao natural (arbrea ou no) presente ao longo das margens dos rios e ao redor
de nascentes e de reservatrios deve ser preservada. De acordo com o artigo 2 desta lei, a largura da faixa de
mata ciliar a ser preservada est relacionada com a largura do curso d'gua, rios com at 10 metros de largura
devem preservar 30 m de mata ciliar em cada margem, at 50 m de largura devem ser preservados 50 m de mata.
100
Atividades de capacitao devem ser incentivadas. Em funo da grande maioria dos
pescadores nunca terem de treinamentos e cursos, em funo disto 31,6% querem treinamento
na pesca e 29,8% em outras atividades.
Diante do exposto, algumas medidas e aes encontram-se descritas, a fim de contribuir com
a melhoria da comunidade:
- Exigir dos rgos competentes fiscalizao e controle sobre os limites do plantio da cana de
acar, utilizao dos agrotxicos e plantio nas reas de mata ciliar como tambm sobre os
rejeitos industriais as margens do Rio Goiana.
- Combate a esquistossomose
101
Municpio: Itapissuma
2 - Municpio de Itapissuma
O municpio de Itapissuma possui limites ao norte com Goiana, ao sul com Igarassu, ao leste
com Itamarac, e a oeste com Igarassu. A rea que ocupa equivale a 73,9 km2 e representa
0,08 % do Estado de Pernambuco. A sede do municpio tem altitude aproximada de 7 metros
e coordenadas geogrficas de 07o4626 de latitude sul e 34o5327 de longitude oeste,
distando 40,5 km da cidade do Recife, cujo acesso feito pela BR-101 e PE-035.
De acordo com o censo 2000 do IBGE, a populao residente total foi de 20.116 habitantes,
sendo 16.330 (81,2%) na zona urbana e 3.786 (18,8%) na zona rural. Os habitantes do sexo
masculino totalizaram 9.843 (48,9%), enquanto que do feminino totalizaram 10.273 (51,1%),
resultando numa densidade demogrfica de 272,2 hab/km2. A contagem da populao do
IBGE resultou, no ano de 2007, em 22.852 habitantes, conferindo o aumento deste valor
quando comparado ao ano de 2000.
Apesar de Itapissuma possuir o dcimo PIB (Produto Interno Bruto) dos municpios litorneos
de Pernambuco (R$405.552.000,00) e o segundo PIB per capita (R$17.743,00), localiza-se
em um bolso de pobreza que envolve outros municpios (Itapissuma, Itamarac e Igarassu).
De acordo com o ndice de incidncia de pobreza, acaba ocupando o primeiro do ranking do
litoral com 71,22% das pessoas vivendo abaixo deste ndice.
O ndice de Excluso Social, que construdo por 07 (sete) indicadores (pobreza, emprego
formal, desigualdade, alfabetizao, anos de estudo, concentrao de jovens e violncia) de
0,429, ocupando a 12a colocao no ranking estadual e a 2847a no nacional.
O clima do tipo Tropical Chuvoso, com vero seco, chuvas de outono/inverno e perodo
chuvoso de vai de janeiro/fevereiro at setembro. A precipitao mdia de 1.867mm ao ano.
103
Geologicamente, Itapissuma encontra-se constitudos por sedimentos da Formao Beberibe,
do Grupo Barreiras e dos Depsitos Flvio marinho e Aluvionares.
Em relao s guas superficiais, est inserido nos domnios do Grupo de Bacias de Pequenos
Rios Litorneos. Os principais tributrios so os rios: Botafogo, Arataca, Tabatinga e das
Pacas. No existem audes com capacidade de acumulao igual ou superior a 100.000m3. O
padro da drenagem do tipo dendrtico e os cursos d gua tm extenso reduzida e regime
de fluxo perene.
Essas comunidades sobrevivem essencialmente da pesca, que por sua vez, realizada no
complexo estuarino do Canal de Santa Cruz, que recebe a descarga lquida dos esturios dos
Rios Igarassu, Botafogo, Arataca, Carrapicho e Catuama. Para fins estatsticos estas
comunidades foram agrupadas em quatro comunidades, representando o maior e mais frtil
ecossistema estuarino do litoral pernambucano. Essas comunidades com suas respectivas
localizaes geogrficas encontram-se citadas na tabela 2.
104
Tabela 2. Georeferncia das comunidades do Municpio de Itapissuma.
3000
2500
2000
1500
1000
500 Figura 74. Produo pesqueira
0 do Municpio de Itapissuma.
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
Fonte: ESTATPESCA, 2006
20
Projeto de Monitoramento da Atividade Pesqueira no Litoral Nordestino, desenvolvido pela Fundao de
Amparo Pesquisa de Recursos Vivos na Zona Econmica Exclusiva (Fundao PROZEE), pela Secretaria
Especial de Pesca e Aquicultura da Presidncia da Repblica (SEAP/PR) e pelo Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis (IBAMA).
105
As principais artes de pesca empregadas so: o mangote, a linha de vara, a coleta manual e a
rede de espera. Como particularidade do local cita-se tambm, o uso de redes de malha de
pequena abertura para a captura da Manjuba.
Uma srie de fatores tem sido relacionados pelos pescadores como sendo prejudiciais a pesca
estuarina e as espcies presentes neste ambiente, so eles: a poluio, o alto esforo de pesca,
a pesca predatria com a utilizao de bombas, a carcinicultura, alm das atividades tursticas.
106
Um fato marcante ocorreu em maro de 1989, no Movimento dos Pescadores, onde foi a
eleio da primeira mulher presidente de uma Colnia no Brasil, Dona Joana Mouzinho. Sua
luta pela insero das mulheres nas polticas pesqueiras do pas at os dias atuais lembrada.
Joana Mouzinho
A pesca , para essas comunidades, a atividade econmica principal, alm de grande parte de
a populao depender, indiretamente das atividades de beneficiamento e comercializao dos
produtos pesqueiros.
A estatstica foi calculada com o nmero total de 169 pescadores (as) correspondendo ao
percentual de 100%. Em algumas questes presentes no questionrio do Anexo I, o
entrevistado poderia marcar vrias opes, o clculo do percentual, neste caso, precisou ser
realizado em cima dos 100% (169) para cada mltipla escolha, assim no excedendo o
nmero total de questionrios aplicados.
107
Ao descrever o perfil familiar e domiciliar os (as) pescadores (as) entrevistados (as), nota-se
que, o nmero mdio de moradores nas residncias de 4,14 e de famlias por residncias
1,14. As pessoas possuem em mdia 2,18 filhos, sendo 1,44 a mdia dos filhos que dependem
financeiramente do entrevistado.
Os resultados, referentes questo sobre remunerao, mostram que 50,9% dos entrevistados
tem, em sua residncia, pelo menos um familiar com 10 anos ou mais trabalhando de forma
remunerada. Desses, 26% trabalham de forma remunerada na pesca.
c) Escolaridade
Segundo o grau de escolaridade, verifica-se que o maior valor entre os entrevistados (37,3%),
bem como os chefes de famlia (30,8%), representa o Ensino Fundamental II incompleto. O
total correspondente para os que escrevem o nome de 5,9% para os pescadores (Figura 76).
108
Escolaridade
0,6%2,4%
0,6% Escreve o nome
5,9%
9,5%
Fundamental I incompleto
18,3%
3,6% Fundamental I completo
Fundamental II incompleto
6,5%
Fundamental II completo
Mdio incompleto
15,4% Mdio completo
Curso tcnico
NS/NR
Figura 76. Nvel de escolaridade
37,3% dos pescadores.
Outros
d) Sade
O histrico de doenas mostra que, 66,3% do total de pessoas entrevistadas declararam ter
algum tipo de doena. Dentre os problemas de sade de interesse deste estudo, os mais
representativos so: problemas de coluna (40,2%), catarata (2,4%), outras doenas nos olhos
(22,5%), hipertenso (12,4%), artrose (23,7%), diabetes (1,8%), doenas de pele (8,3%),
doenas nos rins (7,7%), reumatismo (1,8%) e apresentam outras doenas que no foram
citadas acima (15,4%).
109
a) Jornada de Trabalho na Pesca
O tempo mdio que trabalham na atividade pesqueira de 19,35 anos, a mdia de dias
trabalhados por semana de 4,44. Os maiores ndices encontrados para a mdia de horas
trabalhadas por dia estiveram entre 4 e 8 horas ou mais de 8 horas, correspondendo a 86,3% e
27,2%, respectivamente.
Uma vez sabendo quais as embarcaes e os aparelhos de pesca mais utilizados, foram
realizados cruzamentos no intuito de investigar com detalhe qual a relao que possuam.
Verificou-se que os 105 (62,1%) pescadores que utilizam baitera, 56 (53,3%) tem a pesca com
as redes de emalhar/espera/caoeira/malhadeira como principal tcnica para captura do
pescado, seguida pelas pescas com 30 (28,6%) mangote, 21 (20%) coleta manual, 13 (12,4%)
linha de mo, 12 (11,4%) linha/vara de pescar siri, 7 (6,7%) rede de arrasto e mangoto, 4
(3,8%) tarrafa, 2 (1,9%) covo/peixe e 8 (7,6%) utilizam outros apetrechos de pesca. J os 6
(3,6%) pescadores que usam jangada, 4 (66,7%) utilizam para prtica da pesca com as redes
de emalhar/espera/caoeira/malhadeira, seguido das pescas com 3 (50%) linha/vara de pescar
siri, 2 (33,3%) linha de mo e coleta manual e 1 (16,7%) pesca com tarrafa. Dos 2 (1,2%) que
110
utilizam botes motorizados, 2 (100%) pescam com linha de mo, covo/lagosta e redes de
emalhar/espera/caoeira/malhadeira e 1 (50%) pesca com covo/peixe e espinhel.
c) Comercializao do Pescado
Segundo os (as) pescadores (as), 39,6% da produo do pescado para consumo para
consumo prprio, o restante vendido diretamente, para: o consumidor (40,2%) e o
peixeiro/atravessador (35,5%).
111
f) Capacitao
Dos que afirmaram ter feito algum tipo de capacitao, 1,8% tiveram capacitao
gerencial/administrativa/comercializao, 3% tcnica-produo (pesca/ cultivo/turismo/
artesanato), 16,6% em outros
100% Cursos de Capacitao
tipos. Contudo, 79,3% no
80%
participaram de nenhuma
60%
capacitao (Figura 78).
40%
20%
0%
no fez capacitao capacitao meio outros
gerencial tcnica ambiente Figura 78. Entrevistados que
participaram de cursos de
Sim No No se aplica capacitao.
112
h) Renda Familiar
A renda salarial para 89,3% dos pescadores que vivem em famlia, no ultrapassa
mensalmente21 dois salrios mnimos. O maior valor, 40,8%, so paras os que recebem entre 1
e menos do que 2 salrios (Figura 80).
Renda Familiar
possvel observar que 97% das rendas
3,0% 11,2%
7,7%
individuais, tambm so inferiores a dois
salrios mnimos, quando relacionadas
com a atividade principal de cada
37,3%
40,8%
entrevistado.
i) Programas Sociais
As informaes referentes aos benefcios recebidos por algum programa social esto
apresentadas na figura 81. De todos os entrevistados, 53,3% afirmaram receber algum
benefcio, sendo os mais
Benefcios Sociais do Governo Federal citados: o programa Bolsa
100% Famlia (49,1%), o Benefcio
80% Assistncia de Prestao
60% Continuada BPS/LOAS
40% No se aplica (2,4%) e outros (2,4%).
Sim
20% No
0%
Seguro
desemprego
defeso
Outros
Famlia
PETI
Bolsa
Seguro
21
Considera-se o total de rendimentos da famlia, provenientes de todas as fontes, no apenas aquela que advm
da atividade da pesca.
113
mnimo (41%). Para os 75% com renda familiar entre 1 a menos de 2 salrios mnimos, o
programa mais citado foi o Benefcio Assistncia de Prestao Continuada BPS/LOAS.
j) Organizao Social
Sobre o associativismo 32,5%
Filiao Associao
dos pescadores encontram-se
100%
associados Colnia de
80%
pescadores, 0,6% Associao 60%
de moradores e 67,5% no 40% No se aplica
participam de nenhuma 20% No
Sim
organizao (Figura 82). 0%
Nenhuma
Outra
Colnia
Cooperativa
moradores
Produtores
Pescadores
Pesca
Figura 82. Pescadores filiados
Associao/Colnia.
114
do Meio Ambiente (0,6%), as Universidades (0,6%), outros rgos (16,6%) e 58% no
identificaram nenhum rgo.
m) Documentao do pescador
Com relao documentao do pescador, 87% possuem a carteira de trabalho (CTPS),
31,4% a da Colnia de pescadores, 10,7% a do IBAMA, 7,7% a da SEAP, 3% a da Capitania
dos Portos e 1,2% a da Associao de pescadores.
a b
Figura 84. Encontro de pescadores na Praa da Mentira (a). Aspecto da praa onde se v apetrecho de pesca e
um ngulo do Canal de Santa Cruz e embarcaes atracadas (b).
115
As comunidades contam com uma gama de servios direcionados a atividade pesqueira.
Dentre estes, importante citar a presena de pequenas oficinas que concertam os meios
flutuantes. Um aspecto interessante foi constatao das caiaras de palha de coqueiro, fato
muito raro nos dias de hoje.
116
a b
c d
e f
O Canal de Santa Cruz vem sofrendo forte impacto ambiental que afeta diretamente a fauna e
flora marinha, diminuindo assim os recursos pesqueiros e em conseqncia afetando toda
populao. Esse impacto decorrente
de atividades como a carcinicultura,
pesca predatria e a falta de saneamento
bsico, que despeja todo o dejeto in
natura diretamente no Canal (Figura
87).
117
2.1.3 Consideraes Finais
Solues relacionadas diretamente ao Canal de Santa Cruz, fornecedor dos produtos que
sustentam grande parte da populao de Itapissuma, so imprescindveis. Ao serem
questionados sobre os maiores problemas que atrapalham a atividade pesqueira, a poluio do
Canal surge em primeiro lugar, seguida de pesca excessiva e a pesca predatria.
Nas referidas comunidades apenas 32,5% dos entrevistados declararam-se scio da colnia de
pescadores, e destes 5,5% declararam no ser atuantes na atividade pesqueira e 1,8% so
aposentados. Um trabalho de informao sobre o papel da colnia e do associativismo
tambm deve ser realizado em Itapissuma com vista a agregar mais pescadores colnia,
como tambm o registro instituio facilita a obteno de recursos para a melhoria da
atividade pesqueira.
118
entrevistas. No Espinheiro/Veloz e em Itapissuma como um todo, a relao com a atividade
pesqueira muito forte, como tambm grande parte da populao depende indiretamente da
atividade no beneficiamento e comercializao dos produtos pesqueiros.
A culinria de frutos do mar tambm forte na regio, sendo um atrativo para turistas e
passantes no Municpio. A caldeirada, prato tpico de Itapissuma, servida todos os dias nos
boxes e restaurantes da beira do Canal de Santa Cruz. Por este motivo a realizao de
capacitao e projetos de gerao de renda devem incluir essas potencialidades locais.
Diante do exposto, algumas medidas e aes encontram-se descritas, a fim de contribuir com
a melhoria da comunidade:
- Exigir dos rgos competentes fiscalizao para combater a pesca predatria, como tambm
na melhoria da qualidade ambiental das carciniculturas no Canal de Santa Cruz.
- Incentivo a culinria de frutos do mar face ao atrativo para turistas e passantes no municpio.
119
nos seus ambientes de trabalho, quer na Oficina: Diagnstico da Pesca Artesanal de
Pernambuco, realizada na Universidade Federal Rural de Pernambuco, no dia 18 de junho de
2009.
120
2.2.1 Anlise Estatstica
A estatstica foi calculada com o nmero total de 512 pescadores (as) correspondendo ao
percentual de 100%. Em algumas questes presentes no questionrio do Anexo I, o
entrevistado poderia marcar vrias opes, o clculo do percentual, neste caso, precisou ser
realizado em cima dos 100% (512) para cada mltipla escolha, assim no excedendo o
nmero total de questionrios aplicados.
Ao descrever o perfil familiar e domiciliar os (as) pescadores (as) entrevistados (as), nota-se
que, o nmero mdio de moradores nas residncias de 4,57 e de famlias por residncias
1,12. As pessoas possuem em mdia 2,34 filhos, sendo 1,78 a mdia dos filhos que dependem
financeiramente do entrevistado.
Os resultados, referentes questo sobre remunerao, mostram que 71,1% dos entrevistados
tem, em sua residncia, pelo menos um familiar com 10 anos ou mais trabalhando de forma
remunerada. Desses, 53,1% trabalham de forma remunerada na pesca.
121
(18,8%) rede de esgoto e 78,1% coleta de lixo. Os que possuem energia eltrica totalizam
98,2%.
c) Escolaridade
Segundo o grau de escolaridade, verifica-se que o maior valor entre os entrevistados (32,8%),
bem como os chefes de famlia
Escolaridade
(25,2%), representa o Ensino
Fundamental II incompleto. O 1,8% 1,4% 8,0%
5,5%
5,1% Escreve o nome
total correspondente para os que
Fundamental I incompleto
8,8% 18,6%
escrevem o nome de 8% para Fundamental I completo
Fundamental II incompleto
os pescadores (Figura 90). Fundamental II completo
Mdio incompleto
Mdio completo
18,2% Outros
Figura 90. Nvel de escolaridade 32,8%
NS/NR
dos pescadores.
d) Sade
O histrico de doenas mostra que, 52,9% do total de pessoas entrevistadas declararam ter
algum tipo de doena. Dentre os problemas de sade de interesse deste estudo, os mais
representativos so: problemas de coluna (22,3%), doenas nos olhos (10,9%), hipertenso
(7%), artrose (9,2%), diabetes (2,3%), doenas de pele (5,5%), doenas nos rins (2,9%),
122
reumatismo (0,8%), doenas relacionadas ao mergulho (0,2%) e apresentam outras doenas
que no foram citadas acima (20,1%).
Das 512 entrevistas realizadas no Centro de Itapissuma, 287 homens (57,9%) e 209 mulheres
(42,1%), so pescadores (as), 15 entrevistados no se identificam como pescadores, mas
fazem parte da cadeia produtiva da pesca e 1 no respondeu. A principal atividade exercida
por eles a pesca estuarina/manguezal (87,7%), seguida pela pesca do mar de dentro (5,5%).
A relao trabalhista dos (as) pescadores (as) mostra que 77,3% so autnomos e 15,8% so
empregados/parceiros.
Uma vez sabendo quais as embarcaes e os aparelhos de pesca mais utilizados, foram
realizados cruzamentos no intuito de investigar com detalhe qual a relao que possuam.
123
Verificou-se que os 165 (32,2%) pescadores que utilizam baitera, 96 (58,2%) tem a coleta
manual como principal tcnica para captura do pescado, seguida pelas pescas com 64 (38,8%)
as redes de emalhar/espera/caoeira/malhadeira, 23 (13,9%) mangote, 17 (10,3%) linha/vara
de pescar siri, 9 (5,5%) linha de mo, 5 (3%) tarrafa, 1 (0,6%) de mergulho e mangoto e 30
(18,2%) utilizam outros apetrechos de pesca. J os 31 (6,1%) pescadores que usam canoa, 17
(54,8%) utilizam para prtica da coleta manual, seguida das 7 (22,6%) redes de
emalhar/espera/caoeira/malhadeira, 5 (16,1%) mangote, 3 (9,7%) linha de mo e linha/vara
de pescar siri, 1 (3,2%) tarrafa e mergulho e 13 (41,9%) utilizam outros apetrechos de pesca.
queles 4 (0,8%) que usam o bote motorizado, 3 (75%) pescam com linha de mo e realizam
coleta manual, 2 (50%) de mergulho e com as redes de emalhar/espera/caoeira/malhadeira, 1
(25%) com covo/lagosta, linha/vara de pescar siri e tarrafa.
c) Comercializao do Pescado
Segundo os (as) pescadores (as), 17,2% da produo do pescado para consumo para
consumo prprio, o restante vendido diretamente, para: o consumidor (70,7%) e o
peixeiro/atravessador (23,2%).
124
(4,7%), atividade de caseiro/servio domstico (3,9%), funcionrio pblico (1,4%),
aposentadoria/benefcio (1,2%) e em outra atividade (37%). Para os pescadores que j tiveram
outras experincias de trabalho, exerceram: na construo civil (18,8%), na atividade de
caseiro/servio domstico (13,3%), em servios gerais (10,9%), no comrcio (8,6%), na
indstria (5,7%), na monocultura e cana-de-acar (3,7%), como funcionrio pblico (2,3%) e
em outra atividade (15,6%).
f) Capacitao
Dos que afirmaram ter feito algum tipo de capacitao, 0,4% tiveram capacitao
gerencial/administrativa/comercializao, 1,8% tcnica-produo (pesca/cultivo/turismo/
artesanato), 10,2% em outros
Cursos de Capacitao
tipos. Contudo, 88,3% no 100%
40%
20%
0%
no fez capacitao capacitao meio outros
gerencial tcnica ambiente
Figura 91. Entrevistados que
participaram de cursos de Sim No No se aplica
capacitao.
125
g) Financiamento na Atividade Pesqueira
A caracterizao dos entrevistados em relao ao recebimento individual ou coletivo de
crdito/financiamento, projeto produtivo ou assistncia tcnica, revelou que 1,6% das pessoas
receberam algum crdito, sendo que 0,2% foram atravs do Banco do Brasil e 0,4% de outras
linhas de financiamento.
h) Renda Familiar
A renda salarial para 85,2% dos pescadores que vivem em famlia, no ultrapassa
mensalmente22 dois salrios mnimos. O maior valor, 39,5%, so paras os que recebem entre
a menos de 1 salrio mnimo (Figura
Renda Familiar
93). possvel observar que 96,2% das
0,2%
rendas individuais, tambm so inferiores 10,2%
22,7%
4,5%
a dois salrios mnimos, quando
relacionadas com a atividade principal de
23,0%
cada entrevistado.
39,5%
i) Programas Sociais
As informaes referentes aos benefcios recebidos por algum programa social esto
apresentadas na figura 94. De todos os entrevistados, 54,9% afirmaram receber algum
benefcio, sendo os mais citados: o programa Bolsa Famlia (50,6%), o Benefcio Assistncia
de Prestao Continuada BPS/LOAS (5,3%), por outros (0,6%) e no so assistidos por
nenhum programa social (45,1%).
22
Considera-se o total de rendimentos da famlia, provenientes de todas as fontes, no apenas aquela que advm
da atividade da pesca.
126
Benefcios Sociais do Governo Federal
100%
80%
60%
40% No se aplica
Sim
20% No
0%
Seguro
desemprego
defeso
Outros
Famlia
PETI
Bolsa
Seguro
j) Organizao Social
Sobre o associativismo 13,3% dos pescadores encontram-se associados Colnia de
Pescadores, 2,5% Associao de moradores, 0,4% Associao de pescadores, 0,4%
Cooperativa de produtores, 0,2% outra organizao representativa e 84% no participam de
nenhuma organizao (Figura 95).
Filiao Associao
Dos vinculados a Colnia de
100%
Pescadores, 89,7% pescam no
80%
esturio/manguezal, 7,4% no mar 60%
Outra
Colnia
Cooperativa
moradores
Produtores
Pescadores
Pesca
127
l) Aes de Instituies Ligadas ao Meio Ambiente
Sobre o conhecimento de instituies que realizem algum tipo de ao na rea ambiental em
seu municpio, os entrevistados identificaram: o IBAMA (7,8%), a SEAP (1,8%), o CIPOMA
(1,8%), o rgo Ambiental do municpio (Secretaria, diretoria, chefia) (0,8%), as
Universidades (0,4%), o Conselho de Defesa do Meio Ambiente (0,2%), o Cdigo Municipal
de Defesa do Meio Ambiente (0,2%), a Marinha/Capitania dos Portos (0,2%), outros rgos
(13,1%) e 77,5% no identificaram nenhum rgo.
m) Documentao do pescador
Com relao documentao do pescador, 78,9% a carteira de trabalho (CTPS), 12,9% a da
Colnia de pescadores, 3,7% a da SEAP, 2,1% a do IBAMA, 0,2% a da Capitania dos Portos
e 0,2% a da Associao de pescadores.
Os que contribuem para a previdncia social so 7% e 92,4% os que no contribuem.
Cabe ainda referir que pescadores capturam siri de tamanho inferior ao comercializado no
mercado, evidenciando a necessidade de subsistncia. Conforme pode ser visto na figura 96,
os siris tm cerca de 5,5 cm de comprimento, tamanho inferior do organismo adulto23. Do
ponto de vista biolgico esses animais no conseguem atingir a fase reprodutiva,
23
Existem poucas regras de regulamentao da pesca do siri-azul C. sapidus no Brasil, sendo que a legislao
existente a portaria no 24 de 26 de julho de 1983 da SUDEPE, que permite a pesca do siri azul em guas
brasileiras, desde que o tamanho seja superior a 12 centmetros
128
interrompendo a teia de vida dessas espcies, podendo acarretar prejuzo para o ecossistema
no qual foram capturados.
Os ostreiros colocam o esforo excessivo na pesca de ostras como um fator de diminuio dos
estoques e prejuzo atividade, juntamente com a poluio e a aqicultura, obrigando estes
catadores de ostras a sair para o litoral do Rio Grande do Norte, Paraba e Alagoas, para
assim, conseguir, na maioria, receber no mximo um salrio mnimo por ms.
129
contemplados pelo Programa Bolsa Famlia, sendo adquirido por 51% dos entrevistados, uma
vez que recebem menos de um salrio
mnimo (Figura 97).
A comunidade se situa nas margens do Rio das Cobras que desgua no Canal de Santa Cruz,
tratando-se de uma rea de Preservao Permanente (APP) que foi invadida ferindo a Lei
Federal n 9.985/2000, que oficializa o Sistema Nacional de Unidades de Conservao
(SNUC).
Devido a sobre-explorao que vem ocorrendo nesse esturio, as ostras vem sendo coletadas
ainda em estgio de crescimento, o que tem diminudo estes organismos filtradores no Canal
de Santa Cruz. O mercado de ostras cruas, que so consumidas principalmente nas praias
urbanas, exige um tamanho de 8 a 11 cm de dimetro, o que tem provocado o deslocamento
dos ostreiros para regies ainda pouco exploradas, mais afastadas, como os Estados de
Alagoas, Paraba e Rio Grande do Norte.
130
pertinente dizer que todos os pescadores entrevistados tm documentao formal sendo
somente um registrado na Colnia Z-10 em Itapissuma, onde mais de 80% dos entrevistados
ganha menos de salrio mnimo.
Nesta comunidade a equipe foi tambm impedida de tirar fotos, decorrente a violncia local.
Tal obstculo dificultou a observao de detalhes sobre o ambiente.
No Grmio foram realizadas 130 entrevistas, sendo mais uma comunidade considerada
violenta pela populao, composta basicamente de pescadores, cortadores de cana,
catadores de lixo e um pequeno percentual de funcionrios pblicos.
Segundo o Sr. Paulo Roberto, da Associao de moradores Petronila Carneiro Barreto, 70%
da comunidade formada por pescadores (as), principalmente as mulheres, sendo comum,
como alternativa de renda, a comercializao da Caldeirada (prato tpico da culinria
regional), na praia. Estas, coletam parte dos frutos do mar no mangue e compram o que no
conseguem capturar (peixe, camaro).
131
Associao de moradores Petronila Carneiro Barreto
A comunidade bem assistida pelo poder pblico em termos de sade e educao utilizando o
posto de sade do PSF, com bom atendimento, e conta com 2 escolas estaduais, 1 creche da
Prefeitura e 2 escolas municipais (Zlia e Joo Bento). Ainda foi citado que a maioria das
famlias recebe o Programa Bolsa Famlia e essa renda muito importante para a comunidade.
132
Itamarac (Figura 98). Nesta localidade, os ostreiros se queixam da violncia, necessitando de
providencias efetivas do Estado.
Todas as residncias esto situadas prximas as margens do esturio do Canal de Santa Cruz,
prximas ao esturio, agravando a poluio oriunda por descarga de esgotamento sanitrio,
pois o lenol fretico muito superficial dificultando a construo de fossas spticas na
localidade.
Alternativas de renda precisam surgir para que esta populao tenha uma melhora na sua
qualidade de vida, alm, de solues de mdio e longo prazo que recuperem o estoque,
diminuam a poluio, e proporcionem um ambiente sadio para que haja Canal de Santa Cruz
recuperem seu tamanho de comercializao. Quando questionados, os pescadores citam a
133
poluio como um dos problemas na pesca, por outro lado a pesca excessiva, compromete
este recurso pesqueiro, como tambm a falta de saneamento bsico, a Carcinicultura, o lixo e
a pesca predatria.
Estudos sobre as ostras e o meio ambiente local, so muito importantes, visto a necessidade de
se acompanhar os estoques nativos e possveis cultivos que venham a surgir.
Nas outras comunidades aqui referidas, a maioria das residncias so prprias, servidas dos
servios bsicos como energia, gua, coleta de lixo, no entanto, existindo ainda, um
percentual de 6,1% de residncias feitas de taipa.
Atividades de capacitao devem ser incentivadas como um todo visto a maioria dos
pescadores demonstrarem interesse em fazer capacitaes, sendo a maior parte em outras
atividades, parecendo demonstrar que os catadores de ostras no esto satisfeitos com a sua
atividade. O retorno financeiro e a complexidade deste tipo de pesca um dos principais
fatores para a insatisfao, levando ao pescador alcanar no mximo uma renda de at um
salrio mnimo com sua atividade.
134
O crdito financeiro no obtido pela a grande maioria dos entrevistados nas comunidades de
Nossa Senhora da Conceio, Grmio, Cajueiro, Beira Mangue e Vrzea. importante
mostrar que uma comunidade onde a pesca realizada em sua maioria atravs de coleta
manual, o crdito para a obteno de artes de pesca no prioridade, sendo at mesmo
desnecessrio para parte dos pescadores. A maioria tambm no utiliza embarcao, o que
no explicaria, investimentos para financiamento de barcos.
Nas comunidades acima referidas, o percentual de pessoas que conhecem aes de ordem
ambiental em prol do meio ambiente e da pesca um dos menores de Itapissuma. Aes de
educao ambiental e um trabalho conjunto com rgos de meio ambiente necessrio.
Quando questionados sobre o conhecimento de instituies que trabalham com meio ambiente
e pesca, o IBAMA foi o mais citado com apenas 7,8% de respostas, seguido pelo CIPOMA e
SEAP, ambos com 1,8% das citaes.
Diante do exposto, algumas medidas e aes encontram-se descritas, a fim de contribuir com
a melhoria da comunidade:
135
importante referir que as pontuaes sobre as indicaes supracitadas, so fruto da pesquisa
de campo, do tratamento dos dados estatsticos e do envolvimento ativo dos pescadores, quer
nos seus ambientes de trabalho, quer na Oficina: Diagnstico da Pesca Artesanal de
Pernambuco, realizada na Universidade Federal Rural de Pernambuco, no dia 18 de junho de
2009.
Figura 99. Localizao da Comunidade de Botafogo. Os rios, esturios e manguezais que garantem o trabalho
dos pescadores.
136
2.3.1 Anlise Estatstica
Ao descrever o perfil familiar e domiciliar os (as) pescadores (as) entrevistados (as), nota-se
que, o nmero mdio de moradores nas residncias de 5,13 e de famlias por residncias
1,13. As pessoas possuem em mdia 4 filhos, sendo 2,27 a mdia dos filhos que dependem
financeiramente do entrevistado.
Os resultados, referentes questo sobre remunerao, mostram que 62,5% dos entrevistados
tem, em sua residncia, pelo menos um familiar com 10 anos ou mais trabalhando de forma
remunerada. Desses, 53,1% trabalham de forma remunerada na pesca.
137
b) Bens materiais: transporte, utenslios domsticos e telefonia
Dos bens materiais relacionados ao transporte, o mais utilizado a bicicleta com 46,9%. Com
relao aos eletrodomsticos, destacam-se: o fogo (75%), a geladeira (50%), freezer (9,4%),
ventilador (3,1%), a TV (81,3%), o liquidificador (31,3%), o aparelho de som (46,9%) e o
vdeo/DVD (31,3%). Na telefonia, os aparelhos mveis (celulares) representaram 43,8% das
respostas, enquanto que o telefone fixo apenas 3,1%.
c) Escolaridade
Segundo o grau de escolaridade, verifica-se que o maior valor entre os entrevistados (37,5%),
bem como os chefes de famlia (43,8%), apenas escrevem os nomes (Figura 100).
Escolaridade
3,10% 3,10%
3,10%
Escreve o nome
3,10%
Fundamental I incompleto
37,50%
Fundamental I completo
Fundamental II incompleto
25%
Fundamental II completo
Mdio completo
Outros
NS/NR
9,40% 15,60% Figura 100. Nvel de escolaridade
dos pescadores.
d) Sade
O histrico de doenas mostra que, 50% do total de pessoas entrevistadas declararam ter
algum tipo de doena. Dentre os problemas de sade de interesse deste estudo, os mais
representativos so: problemas de coluna (21,9%), doenas nos olhos (12,5%), hipertenso
(9,4%), artrose (3,1%), diabetes (3,1%), doenas de pele (12,5%), doenas nos rins (3,1%), e
apresentam outras doenas que no foram citadas acima (18,8%).
138
2.3.1.2- Atividade Econmica
Uma vez sabendo quais as embarcaes e os aparelhos de pesca mais utilizados, foram
realizados cruzamentos no intuito de investigar com detalhe qual a relao que possuam.
Verificou-se que os 17 (53,1%) pescadores que utilizam baitera, 6 (35,3%) tem a coleta
manual como principal tcnica para captura do pescado, seguida pelas pescas com 5 (29,4%)
mangote e com as redes de emalhar/espera/caoeira/ malhadeira, 2 (11,8%) mangoto e
tarrafa, 6 (35,3%) utilizam outros apetrechos de pesca e J os 5 (15,6%) pescadores que usam
canoa, 3 (60%) utilizam para prtica da coleta manual, seguida da pesca com 2 (40%)
mangote, 1 (20%) tarrafa e com as redes de emalhar/espera/caoeira/malhadeira, e 3 (60%)
com outros apetrechos de pesca. O nico bote motorizado citado utiliza o covo/lagosta e as
redes de emalhar/espera/caoeira/malhadeira.
139
c) Comercializao do Pescado
Segundo os (as) pescadores (as), 15,6% da produo do pescado para consumo para
consumo prprio, o restante vendido diretamente, para: o consumidor 65,5% e o
peixeiro/atravessador (40,6%).
f) Capacitao
Dos que afirmaram ter feito algum tipo de capacitao, 2% tiveram capacitao
gerencial/administrativa/comercializao, 1% tcnica-produo (pesca/cultivo/turismo/
artesanato), 12,5% em outros tipos. Contudo, 84,4% no participaram de nenhuma
capacitao (Figura 101).
140
100% Cursos de Capacitao
80%
60%
40%
20%
0%
no fez capacitao capacitao meio outros
Figura 101. Entrevistados que gerencial tcnica ambiente
participaram de cursos de
capacitao. Sim No No se aplica
40,60%
Figura 102. Pescadores oferta de
capacitao.
141
h) Renda Familiar
A renda salarial para 87,5% dos pescadores que vivem em famlia, no ultrapassa
mensalmente24 dois salrios mnimos. O maior valor, 37,5%, so paras os que recebem entre
a menos de 1 salrio mnimo (Figura
103). possvel observar que 96,9% Renda Familiar
3,1%
das rendas individuais, tambm so 9,4%
28,1%
inferiores a dois salrios mnimos,
quando relacionadas com a atividade 21,9%
37,5%
Menos de s.m. De a menos de 1 s.m.
De 1 a menos de 2 s.m. De 2 a menos de 5 s.m.
Figura 103. Renda familiar total por NS/NR
ms.
i) Programas Sociais
As informaes referentes aos benefcios recebidos por algum programa social esto
40%
contemplados pelo o programa
No se aplica
20%
Sim Bolsa Famlia.
No
0%
PETI
Bolsa Famlia
BPS/LOAS
nenhum
desemprego
Outros
Seguro
defeso
24
Considera-se o total de rendimentos da famlia, provenientes de todas as fontes, no apenas aquela que advm
da atividade da pesca.
142
j) Organizao Social
Sobre o associativismo 9,4% dos pescadores encontram-se associados Colnia de
Pescadores, 6,3% Associao de moradores, 3,1% outra organizao representativa e
81,3% no participam de
Filiao Associao
nenhuma organizao (Figura 100%
esturio/manguezal. 40%
No se aplica
20% No
0% Sim
Nenhuma
Outra
Colnia
Cooperativa
moradores
Produtores
Pescadores
Pesca
Figura 105. Pescadores filiados
Associao/Colnia.
m) Documentao do pescador
Com relao documentao do pescador, 81,3% possuem a carteira de trabalho (CTPS) e
9,4% a da Colnia de pescadores.
A pesca constitui uma atividade secundria no distrito de Botafogo sendo o trabalho na cana-
de-acar a principal atividade. A maioria da comunidade pesqueira reside na rua S, ltima
rua do distrito que faz fronteira com uma rea de agricultura de subsistncia (banana,
macaxeira, frutas sazonais), distante aproximadamente 300m do leito de um pequeno afluente
que desgua no rio Burro Velho, integrante da bacia GL1 (Figura 106).
143
Figura 106. Vista da
comunidade de Botafogo nas
margens da BR 101 Sul e detalhe
da rua S.
A comunidade utiliza canoas, bicicletas e mesmo caminhadas que podem durar at duas horas
para chegar aos manguezais onde realizam a coleta de ostras, caranguejos e outros moluscos.
A lder Dona Cosma, indicada por moradores locais, tambm a atravessadora e comercializa
parte da produo local. Segundo seu relato ela a nica marisqueira filiada colnia de
Itapissuma.
A gerao de emprego e renda uma demanda dos entrevistados, pois a maioria respondeu
que existe algum em sua residncia sem remunerao. Ressalta-se ainda que nesta
comunidade as pessoas da famlia tambm so envolvidas na pesca, de forma que a maioria
dos entrevistados tem algum na famlia que trabalha na pesca. importante destacar aqui
que as entrevistas foram realizadas diretamente com os pescadores, no refletindo, portanto, a
totalidade da localidade, sabendo-se que Botafogo tem a predominncia de trabalhadores da
cana-de-acar e no de pescadores.
A presena da atividade canavieira na vida dessas pessoas mostra uma caracterstica peculiar
desses pescadores e marisqueiras que os difere das outras comunidades analisadas em
144
Itapissuma. De um total de 32 entrevistados, 15,6% alm de trabalharem na pesca tambm
trabalham na cana-de-acar. Alm disso, 28,1% dos entrevistados j trabalharam na
atividade antes de ir para a pesca. Interessante que este percentual diminui para 3,1%
quando questionados se eles gostariam de realizar outras atividades. A liberdade da atividade
pesqueira explica esse comportamento: 84,4% das pessoas entrevistadas so pescadores
autnomos, 65,6% declararam vender seu produto a consumidores finais, o tempo mdio de
dias trabalhados na semana foi 3,74, alm do que 81,3% trabalham entre quatro e oito horas
dirias, mostrando que a pesca deixa as decises nas mos dos pescadores, diferentemente do
trabalho canavieiro.
A bicicleta, como meio de transporte, recebe uma importncia especial nesta comunidade,
pelo fato dos bancos de pesca se situarem distantes do local de moradia dos pescadores,
deslocando-se tambm com baitera, canoa ou a p (duas horas de caminhada). Projetos que
beneficiem pescadores com bicicletas iriam ter uma boa aceitao da comunidade.
A contribuio para o INSS alcana apenas 9,4% do total, sendo 87,5% os no contribuintes,
apenas 9,4% dos entrevistados declararam-se scios da Colnia de pescadores, e 6,3% so
scios da associao de moradores local. A Colnia tem o poder junto ao Ministrio do
Trabalho e maior transito na SEAP para resolver os problemas do pescador como segurado
especial, podendo assim ajudar os trabalhadores da pesca. Um trabalho de informao sobre o
papel da Colnia e do associativismo tambm deve ser realizado em Itapissuma com vistas a
agregar mais pescadores na Colnia, principalmente em relao queles que realizam a coleta
manual.
145
Atividades de capacitao devem ser incentivadas como um todo. A grande maioria dos
pescadores nunca participou de treinamentos e cursos e apesar de muitos no demandarem
capacitao, aqueles que disseram querer cursos na rea pesqueira so quase o dobro dos que
querem em outras reas.
Ao falar de financiamento importante dizer que a anlise da renda obtida com a pesca
mostra que metade dos pescadores obtm menos de salrio mnimo mensal, sendo que a
maioria atinge at um salrio mnimo com a atividade pesqueira, permitindo afirmar que no
existe renda na comunidade suficiente para que essas pessoas assumam o pagamento mensal
de um financiamento. Este fato se repete em praticamente todas as comunidades analisadas.
Diante do exposto, algumas medidas e aes encontram-se descritas, a fim de contribuir com
a melhoria da comunidade:
146
- Exigncia dos rgos competentes na fiscalizao e no controle sobre a extrao de areia;
147
2.4.1 Anlise Estatstica
Ao descrever o perfil familiar e domiciliar os (as) pescadores (as) entrevistados (as), nota-se
que, o nmero mdio de moradores nas residncias de 4,24 e de famlias por residncias
1,1. As pessoas possuem em mdia 2,49 filhos, sendo 1,81 a mdia dos filhos que dependem
financeiramente do entrevistado.
Os resultados, referentes questo sobre remunerao, mostram que 58,6% dos entrevistados
tem, em sua residncia, pelo menos um familiar com 10 anos ou mais trabalhando de forma
remunerada. Desses, 41,4% trabalham de forma remunerada na pesca.
148
b) Bens materiais: transporte, utenslios domsticos e telefonia
Dos bens materiais relacionados ao transporte, o mais utilizado a bicicleta com 55,2%,
seguida pela motocicleta (1,1%). Com relao aos eletrodomsticos, destacam-se: o fogo
(81,6%), a geladeira (65,5%), freezer (1,1%), a TV (87,4%), ventilador (29,9%), o
liquidificador (49,4%), o aparelho de som (5%) e o vdeo/DVD (48,3%). Na telefonia, os
aparelhos mveis (celulares) representaram 57,5% das respostas, enquanto que o telefone fixo
apenas 2,3%.
c) Escolaridade
Segundo o grau de escolaridade, verifica-se que o maior valor entre os entrevistados (29,9%),
bem como os chefes de famlia
(29,9%), representa o Ensino Escolaridade
Fundamental II incompleto. O
2,3% 1,1%2,3%
total correspondente para os 14,9% Escreve o nome
5,7%
Fundamental I incompleto
que escrevem o nome de Fundamental I completo
9,2%
Fundamental II incompleto
14,9% para os pescadores
Fundamental II completo
21,8%
(Figura 108). Mdio incompleto
Mdio completo
29,9% Outros
Figura 108. Nvel de escolaridade
dos pescadores. 12,6% NS/NR
d) Sade
O histrico de doenas mostra que, 56,3% do total de pessoas entrevistadas declararam ter
algum tipo de doena. Dentre os problemas de sade de interesse deste estudo, os mais
representativos so: problemas de coluna (25,3%), doenas nos olhos (11,5%), hipertenso
(9,2%), artrose (10,3%), diabetes (4,1%), doenas de pele (4,6%), doenas nos rins (2,3%),
reumatismo (3,4%) e apresentam outras doenas que no foram citadas acima (32,2%).
149
Segundo os pescadores, 97,7% costumam utilizar servios de posto de sade ou hospital.
Considerando esta afirmao, observa-se que, 56,3% utilizam os servios mdico-hospitalares
encontrados na vizinhana e 44,8% no prprio municpio.
Uma vez sabendo quais as embarcaes e os aparelhos de pesca mais utilizados, foram
realizados cruzamentos no intuito de investigar com detalhe qual a relao que possuam.
Verificou-se que os 11 (12,6%) pescadores que utilizam baitera, 96 (45,5%) tem a coleta
manual como principal tcnica para captura do pescado, seguida pelas pescas com 3 (27,3%)
linha de mo e com as redes de emalhar/espera/caoeira/malhadeira, 2 (18,2%) com
linha/vara de pescar siri, 1 (9,1%) mangote e 4 (36,4%) utilizam outros apetrechos de pesca.
J os 4 (4,6%) pescadores que usam canoa, 3 (75%) utilizam para prtica da pesca a coleta
150
manual e as redes de emalhar/espera/caoeira/malhadeira, e 2 (50%) utilizam outros
apetrechos de pesca. O nico (1,1%) pescador que utiliza bote motorizado pesca com rede de
emalhar/espera/caoeira/malhadeira.
c) Comercializao do Pescado
Segundo os (as) pescadores (as), 27,6% da produo do pescado para consumo para
consumo prprio, o restante vendido diretamente para o consumidor (85,1%).
151
f) Capacitao
Dos que afirmaram ter feito algum tipo de capacitao, 2,3% tiveram capacitao
gerencial/administrativa/comercializao e 12,6% em outros tipos. Contudo, 85,1% no
participaram de nenhuma capacitao (Figura 109).
100%
Cursos de Capacitao
80%
60%
40%
20%
0%
no fez capacitao capacitao meio outros
gerencial tcnica ambiente
Figura 109. Entrevistados que
Sim No No se aplica participaram de cursos de capacitao.
152
h) Renda Familiar
A renda salarial para 86,2% dos pescadores que vivem em famlia, no ultrapassa
mensalmente25 dois salrios mnimos. O maior valor, 51,7%, so paras os que recebem entre
a menos de 1 salrio mnimo
Renda Familiar
(Figura 111). possvel observar que
10,3%
18,4%
95,4% das rendas individuais, tambm 3,4%
51,7%
i) Programas Sociais
As informaes referentes aos benefcios recebidos por algum programa social esto
apresentadas na figura 112. De todos os entrevistados, 46,1% afirmaram receber algum
benefcio, sendo os mais citados: o programa Bolsa Famlia (42,5%), o Benefcio Assistncia
Benefcios Sociais do Governo Federal de Prestao Continuada
100%
BPS/LOAS (2,3%) e o
80%
Seguro Desemprego (2,3%).
60%
40% No se aplica
Sim
20% No
0%
Seguro
desemprego
BPS/LOAS
nenhum
defeso
Outros
Famlia
PETI
Bolsa
pescadores/famlia contemplados
por benefcios sociais.
25
Considera-se o total de rendimentos da famlia, provenientes de todas as fontes, no apenas aquela que advm
da atividade da pesca.
153
A distribuio de entrevistados contemplados segundo a renda familiar mensal revela que, o
Bolsa Famlia o programa mais citado nas classes com renda entre a menos de 1 salrio
mnimo (43,2%). Para os 50% com renda familiar entre 1 a menos de 2 salrios mnimos e os
50% com renda entre 2 a menos de 5 salrios mnimos, o programa mais citado foi o
Benefcio Assistncia de Prestao Continuada BPS/LOAS. Observa-se tambm, que dos
entrevistados assistidos pelo Seguro Desemprego, 100% tem renda familiar entre a menos
de 1 salrio mnimo.
j) Organizao Social
Sobre o associativismo 13,8% dos pescadores encontram-se associados Associao de
moradores, 6,9% Colnia de pescadores, 3,4% outra organizao representativa e 77% no
participam de nenhuma organizao (Figura 113). Daqueles vinculados a Associao de
moradores, 12 (100%) pescam
Filiao Associao
no esturio/manguezal e dos
100%
que so associados Colnia
80%
Outra
Colnia
Cooperativa
moradores
Produtores
Pescadores
Pesca
m) Documentao do pescador
Com relao documentao do pescador, 87,4% possuem a carteira de trabalho (CTPS),
5,7% a da Colnia de pescadores, 1,1% a do IBAMA e 1,1% a da SEAP.
154
2.4.2 Perfil Socioambiental
Existem vrias fbricas na regio da comunidade (Frigomalta, Pincol, Mveis Sim), porm, os
entrevistados informaram que as mesmas no utilizam a mo-de-obra local, trazendo
funcionrios de fora porque os moradores no esto qualificados em funo de 80% dos
entrevistados no chegaram nem a concluir o ensino fundamental.
Na comunidade existe um posto de sade, mas a maioria da populao utiliza o hospital Joo
Ribeiro localizado no Centro de Itapissuma, como tambm duas associaes: A Associao
Cultural Estrela da Noite e a Associao de Moradores, porm, nenhuma dessas fornece
cursos profissionalizantes. Nas entrevistas foi recorrente a demanda por uma Colnia de
pescadores e alguns ainda citaram que gostariam que Joana, a ex presidente da Colnia de
Itapissuma, fosse a presidente dessa nova colnia sugerida.
Essa ltima demanda merece um comentrio, pois Joana Mousinho uma figura histrica na
luta das marisqueiras em Itapissuma, tendo sido presidente da Colnia Z-10 por muito tempo.
Hoje a presidncia est nas mos de sua irm (Miriam Mouzinho), mas, Joana permanece
155
participando ativamente na colnia. Apesar de parecer que os pescadores de Mangabeira so
desassistidos por uma forma de organizao direcionada aos pescadores, esta comunidade faz
parte da rea de abrangncia da colnia Z-10.
Segundo relato de alguns pescadores, na rea, algumas atividades desenvolvidas tem agravado
o quadro de poluio j existente no
esturio. Desmatamento do manguezal,
carcinicultura, e a mais citada, a atuao
de indstrias que esto instaladas na
localidade sobre o aqfero Beberibe (gua
subterrnea) e no fazem tratamento dos
seus resduos (Figura 115).
Tambm foram observados problemas com eroso, ocasionados pela freqente extrao de
areia e barro. Em algumas ruas o acesso com um veculo no possvel. Alm de uma grande
rea de Mata Atlntica ter sido desmatada para criao de loteamento, em frente a Indstria
Alcoa.
Os entrevistados que contribuem para o INSS so apenas 2,3% do total, sendo 93,1% os no
contribuintes, mostrando ser essa uma das principais necessidades. A divulgao e informao
sobre a seguridade especial para o pescador artesanal praticamente uma necessidade comum
a todas as comunidades. Parece haver em Itapissuma uma segregao onde os ostreiros no
156
procuram se cadastrar na colnia de pescadores, explicando esse nmero baixo de
contribuintes com o INSS.
Apenas 6,9% dos entrevistados declararam-se scio da colnia de pescadores, porm 13,8%
so scios da associao de moradores local, instituio que se mostra mais atuante em
relao ao associativismo. A colnia, porem, tem o poder junto ao Ministrio do Trabalho e
maior transito na SEAP para resolver os problemas do pescador como segurado especial.
Sendo assim, junto a seguridade social, apenas a colnia pode ajudar os pescadores. Um
trabalho de informao sobre o papel desta instituio e do associativismo tambm deve ser
realizado com vistas a agregar mais pescadores, principalmente em relao aos ostreiros.
A gerao de emprego e renda uma necessidade premente visto 63,2% dos entrevistados
terem respondido que existe algum em sua residncia sem remunerao, como tambm
ressalte-se ainda que as pessoas da famlia tambm sejam envolvidas na pesca. As
comunidades de pescadores estuarinos e marisqueiras possuem caractersticas prprias: so
autnomos e comercializam diretamente moluscos e crustceos para os consumidores.
Capacitao na rea de sanidade e conservao so importantes para essa comunidade.
Atividades de capacitao devem ser incentivadas como um todo. Apesar de a maioria dos
entrevistados nunca terem participado de treinamentos e cursos, apenas 16,1% no gostariam
de ter atividades desse tipo, 29,9% gostariam de ser capacitados na prpria atividade de pesca
e outros 51,7% em outras atividades, demonstrando que os entrevistados no esto satisfeitos
com a sua atividade.
157
nenhuma instituio. Aes de educao ambiental e um trabalho conjunto com rgos de
meio ambiente necessrio. Quando questionados sobre o conhecimento de instituies que
trabalham com meio ambiente e pesca, o IBAMA foi o mais citado com apenas 6,9% de
respostas, seguido pelo CIPOMA (2,3%).
Diante do exposto, algumas medidas e aes encontram-se descritas, a fim de contribuir com
a melhoria da comunidade:
158
Municpios: Igarassu e Abreu e Lima
3- Municpios de Igarassu e Abreu e Lima
Igarassu
O municpio de Igarassu possui limites ao norte com Goiana, ao sul com Paulista e Abreu e
Lima, ao leste com Itamarac, Itapissuma e o Oceano Atlntico, e a oeste com Tracunham e
Araoiaba. A rea que ocupa equivale a 302,9 km2 e representa 0,33% do Estado de
Pernambuco. A sede do municpio tem altitude aproximada de 19 m e coordenadas
geogrficas de 07o5000 de latitude sul e 34o5430 de longitude oeste, distando 32,3 km da
cidade do Recife, cujo acesso feito pela BR-101 e PE-035.
De acordo com o censo 2000 do IBGE, a populao residente total foi de 88.227 habitantes,
sendo 75.739 (92,1%) na zona urbana e 6.536 (7,9%) na zona rural. Os habitantes do sexo
masculino totalizaram 40.230 (48,9%), enquanto que do feminino totalizaram 42.047(51,1%),
resultando numa densidade demogrfica de 271,6 hab/km2. A contagem da populao do
IBGE resultou num crescimento de 93.748 habitantes para o ano de 2007.
Apesar de Igarassu ter tido o stimo PIB (Produto Interno Bruto) dos municpios litorneos de
Pernambuco, em 2006 com R$664.465.000,00 e o stimo PIB per capita (R$7.187,00),
localiza-se no bolso de pobreza que envolve outros municpios (Itapissuma e Itamarac). De
acordo com o ndice de incidncia de pobreza acaba ocupando o terceiro maior do ranking do
litoral com 69,32%, das pessoas vivendo abaixo deste ndice.
Os aspectos fisiogrficos ressaltam que o relevo deste municpio faz parte da unidade dos
Tabuleiros Costeiros que acompanha o litoral de todo o nordeste, com altitude mdia de 50 a
100 m. Compreende plats de origem sedimentar, que apresentam grau de entalhamento
varivel, ora, com vales estreitos e encostas abruptas, ora, abertos com encostas suaves e
fundos com amplas vrzeas. De modo geral, os solos so profundos e de baixa fertilidade
natural.
O clima do tipo Tropical Chuvoso, com vero seco. O perodo chuvoso comea no outono
tendo incio em fevereiro e trmino em outubro. A precipitao mdia de 1.634.2mm ao
ano.
160
Geologicamente, encontra-se constitudo por sedimentos das formaes Beberibe, Gramame,
do Grupo Barreiras e dos Depsitos Flvio-marinhos e Aluvionares.
Em relao s guas superficiais, est inserido nos domnios do Grupo de Bacias de Pequenos
Rios Litorneos. Os principais tributrios so os rios: Botafogo, Arataca, Tabatinga e das
Pacas. No existem audes com capacidade de acumulao igual ou superior a 100.000 m3. O
padro da drenagem do tipo dendrtico e os cursos d gua tm extenso reduzida e regime
de fluxo perene.
500
26
Projeto de Monitoramento da Atividade Pesqueira no Litoral Nordestino, desenvolvido pela Fundao de
Amparo Pesquisa de Recursos Vivos na Zona Econmica Exclusiva (Fundao PROZEE), pela Secretaria
Especial de Pesca e Aquicultura da Presidncia da Repblica (MPA/PR) e pelo Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis (IBAMA).
161
Abreu e Lima
De acordo com o censo 2000 do IBGE, a populao residente total de 89.039 habitantes,
sendo 77.696 (87,3%) na zona urbana e 11.343 (12,7%) na zona rural. Os habitantes do sexo
masculino totalizam 43.105 (48,4%), enquanto que do feminino totalizam 45.934 (51,6%),
resultando numa densidade demogrfica de 692,9 hab/km2.
Abreu e Lima possui um menor ndice de pobreza (62,48%) em relao ao seu vizinho
Igarassu, colocando-o na stima posio perante os municpios. Com PIB de R$
548.084.000,00 e o PIB per capita de R$ 5.598,00, em 2006, foi possvel ter uma menor
concentrao de renda, ndice de Gini 0,41 27.
O ndice de Excluso Social, que construdo por 07 (sete) indicadores (pobreza, emprego
formal, desigualdade, alfabetizao, anos de estudo, concentrao de jovens e violncia) de
0,443, ocupando a 8 colocao no ranking estadual e a 2.660a no nacional.
27
ndice de Gini o coeficiente expresso em pontos percentuais utilizado para calcular a desigualdade de
distribuio de renda.
162
Os aspectos fisiogrficos ressaltam que o municpio de Abreu e Lima est inserido na Mata
Norte do Estado de Pernambuco. O relevo deste municpio faz parte predominantemente da
unidade dos Tabuleiros Costeiros. Cabe frisar que esta forma geomorfolgica acontece no
litoral de todo o nordeste, cuja altitude mdia de 50 100 m. Os tabuleiros formam plats de
origem sedimentar, que apresentam grau e entalhamento varivel, ora com vales estreitos e
encostas abruptas. Ocorrem tambm encostas suaves e fundas, onde se destacam vrzeas.
O clima do tipo Tropical Chuvoso, com vero seco e precipitao mdia de 1.634 mm ao
ano.
Em relao s guas superficiais, est inserido nos domnios das Sub-Bacias Hidrogrficas
dos Rios Catuc, Pilo, Bonana, Utinga e do Barro Branco. Seus principais tributrios so os
riachos: Sete Crregos, Pau-Amarelo, Barrocas, Lagoa Dgua e os Arroios Caet e Desterro.
Esta drenagem do tipo dendrtica e a maioria dos cursos dgua so perenes, mas, de
pequeno porte. Os audes no acumulam gua acima de 100.000 m.
1500
00
01
02
03
04
05
06
19
20
20
20
20
20
20
20
163
Por serem municpios vizinhos e suas comunidades praticarem as atividades pesqueiras no
mesmo local, seus dados estatsticos foram interpretados conjuntamente no relatrio. A
pesquisa visualizou 10 comunidades somando os dois municpios, que se autodenominam
comunidades de pescadores: Mangue Seco, Nova Cruz I, Nova Cruz II, Beira Mar, Beira Mar
I, Beira Mar II, Escorregou ta Dentro, Cuieiras, Stio Inham e Jatob (Figura 118). Essas
comunidades com suas respectivas localizaes geogrficas encontram-se citadas na tabela 3.
164
3.1 Comunidade de Mangue Seco
O Mangue Seco um ecossistema aqutico que se situa entre a zona sul do canal de Santa
Cruz nas proximidades da Coroa do Avio e a desembocadura do esturio do Rio Timb. O
acesso feito seguindo a BR 101 Norte (Municpio de Abreu e Lima), entra a leste na Estrada
de Nova Cruz at ao encontro da praia (Figura 119).
A estatstica foi calculada com o nmero total de 132 pescadores (as) correspondendo ao
percentual de 100%. Em algumas questes presentes no questionrio do Anexo I, o
entrevistado poderia marcar vrias opes, o clculo do percentual, neste caso, precisou ser
realizado em cima dos 100% (132) para cada mltipla escolha, assim no excedendo o
nmero total de questionrios aplicados.
165
3.1.1.1 - Perfil Socioeconmico
Em Mangue Seco as 132 entrevistas realizadas contemplaram 65 homens e 67 mulheres.
Desses entrevistados, 72 (54,5%), representados por 39 homens e 33 mulheres, so chefes de
famlia. Quanto ao estado civil, 9,1% so casados, 56,1% moram juntos, 22,7% esto
solteiros, 8,3% so separados/divorciados e 3,8% so vivos.
Ao descrever o perfil familiar e domiciliar os (as) pescadores (as) entrevistados (as), nota-se
que, o nmero mdio de moradores nas residncias de 4,86 e de famlias por residncias
1,24. As pessoas possuem em mdia 2,79 filhos, sendo 1,68 a mdia dos filhos que dependem
financeiramente do entrevistado.
Os resultados, referentes questo sobre remunerao, mostram que 76,5% dos entrevistados
tem, em sua residncia, pelo menos um familiar com 10 anos ou mais trabalhando de forma
remunerada. Desses, 53% trabalham de forma remunerada na pesca.
166
c) Escolaridade
Segundo o grau de escolaridade, verifica-se que o maior valor entre os entrevistados (30,3%),
bem como os chefes de
famlia (28%), representa o Escolaridade
d) Sade
O histrico de doenas mostra que, 75% do total de pessoas entrevistadas declararam ter
algum tipo de doena. Dentre os problemas de sade de interesse deste estudo, os mais
representativos so: problemas de coluna (50%), catarata (1,5%), outras doenas nos olhos
(14,4%), hipertenso (20,5%), artrose (22,7%), diabetes (0,8%), doenas de pele (5,3%),
doenas nos rins (3,8%), e apresentam outras doenas que no foram citadas acima (19,7%).
167
3.1.1.2 Atividade Econmica
Das 132 entrevistas realizadas em Mangue Seco, 65 homens (49,2%) e 67 mulheres (50,8%),
so pescadores (as), onde a pesca de marisco prevalece. A principal atividade exercida por
eles a pesca estuarina/manguezal (74,2%). A relao trabalhista dos (as) pescadores (as)
mostra que 91.7% so autnomos.
168
c) Comercializao do Pescado
Segundo os (as) pescadores (as), 14,4% da produo do pescado para consumo para
consumo prprio, o restante vendido diretamente, para: o consumidor (60,6%) e o
peixeiro/atravessador (34,8%).
f) Capacitao
Dos que afirmaram ter feito algum tipo de capacitao, 3% tcnica-produo
(pesca/cultivo/turismo/ artesanato) e 13,6% em outros tipos. Contudo, 83,3% no
participaram de nenhuma capacitao (Figura 121).
169
Cursos de Capacitao
100%
80%
60%
40%
20%
0%
no fez capacitao capacitao meio ambiente outros
Figura 121. Entrevistados que gerencial tcnica
participaram de cursos de
capacitao. Sim No No se aplica
h) Renda Familiar
A renda salarial para 90,2% dos pescadores que vivem em famlia, no ultrapassa
mensalmente28 dois salrios mnimos. O maior valor, 39,4%, so paras os que recebem entre
a menos de 1 salrio mnimo (Figura 123). possvel observar que 97,1% das rendas
28
Considera-se o total de rendimentos da famlia, provenientes de todas as fontes, no apenas aquela que advm
da atividade da pesca.
170
individuais, tambm so inferiores a dois Renda Familiar
salrios mnimos, quando relacionadas com
7,6% 2,3% 12,9%
a atividade principal de cada entrevistado.
37,9%
39,4%
i) Programas Sociais
As informaes referentes aos benefcios recebidos por algum programa social esto
apresentadas na figura 124. De todos os entrevistados, 49,2% afirmaram receber algum
benefcio, sendo os mais
Benefcios Sociais do Governo Federal
citados: o programa Bolsa
80%
Assistncia de Prestao
60%
Continuada BPS/LOAS
40%
No se aplica (2,3%) e por outros benefcios
Sim
20%
No (0,8%).
0%
Seguro
desemprego
BPS/LOAS
nenhum
defeso
Outros
Famlia
PETI
Bolsa
Seguro
171
j) Organizao Social
Sobre o associativismo 24,2% dos pescadores encontram-se associados Colnia de
pescadores, 12,9% Associao de pescadores, 1,5% Associao de moradores, 0,8%
Associao de produtores/servios e 64,4% no participam de nenhuma organizao (Figura
125). Daqueles vinculados a Colnia de pescadores, 75% pescam no esturio/manguezal,
12,5% exercem outra
Filio Associao
atividade, 6,3% pescam no
100%
mar de dentro, 3,1%
80%
trabalham no comrcio e 3,1% 60%
so aposentados/ benefcio. 40%
No se aplica
20% No
Sim
0%
moradores
Nenhuma
Produtores
Pescadores
Outra
Colnia
Cooperativa
Pesca
Figura 125. Pescadores filiados
Associao/ Colnia.
m) Documentao do pescador
Com relao documentao do pescador, 81,8% possuem a carteira de trabalho (CTPS),
28,8% a da Colnia de pescadores, 10,6% a da SEAP, 6,8% a da Associao de pescadores,
1,5% a da Capitania dos Portos e 0,8% a do IBAMA.
172
3.1.2 Anlise Socioambiental
O banco arenoso de Mangue Seco foco de pescadores de vrias comunidades tais como:
Porto Jatob, Nova Cruz I, Nova Cruz II e de comunidades dos municpios de Igarassu e
Itapissuma. Esta jazida de marisco considerada a mais expressiva fonte desses moluscos
do litoral pernambucano (Figura 126).
Coroa do Avio
Apesar de ser um grande banco natural e atrair uma quantidade expressiva de homens e
mulheres para a atividade, o marisco um pescado de rendimento muito baixo. Para se ter
uma idia, um pescador revelou que 20 kg de marisco bruto rende 6Kg de marisco cozido e o
quilo vendido por R$ 2,00 (dois reais) no vero e R$ 1,50 (um real e cinqenta centavos) no
inverno (Figura 127).
a
b
Figura 127. Entrevistas, no momento de coleta (a) e no aguardo do transporte (b).
173
Do ponto de vista ambiental o ecossistema aqutico no revela impacto expressivo, onde a
gua se mostra transparente, indicando que as guas do esturio do Rio Timb
preferencialmente seguem para o mar ao largo, alm de uma linha de recife que ocorre
paralela a costa.
Em relao aos resduos, esta mais uma comunidade com problemas para o descarte das
conchas dos mariscos. Todas as localidades extratoras esto apresentando problemas com esse
rejeito. Em Mangue Seco o marisco
vem se acumulando a beira mar e,
importante frisar que as conchas
deixam um passivo ambiental no s
para os pescadores com tambm para o
poder pblico local (Figura 128).
Mangue Seco mais uma localidade onde existe um alto percentual de entrevistados com
pessoas desempregadas em casa, precisando de atividades de capacitao e gerao de
emprego e renda.
174
Os servios pblicos parecem atingir a quase totalidade dos entrevistados: energia e coleta de
lixo, porm, apenas 19,7% das pessoas declararam ter gua encanada, problema comum no
Estado de Pernambuco. A gua dessas residncias importante no s para a higiene e
consumo das pessoas residentes, como tambm o marisco coletado passa por um processo de
beneficiamento que tem inicio ainda na praia, e muitas vezes, termina nas residncias e a gua
um insumo indispensvel para a boa conservao desse produto. O alto percentual de
freezers (22%) tambm corrobora com o beneficiamento e armazenamento do produto nas
residncias.
O ndice de pescadores (as) que contribuem com a previdncia muito baixo (13,6%)
precisando de um trabalho de informao sobre seus direitos na previdncia. Mais importante
ainda se torna esse trabalho informativo, pois a comunidade tem muitas mulheres trabalhando
na pesca e estas poderiam estar gozando do salrio maternidade se fossem contribuintes.
Apenas 24,2% declararam-se scio da Colnia de Pescadores, instituio que realiza todos os
tramite para o cadastramento de pescadores no INSS. Um trabalho de informao sobre o
papel da colnia e do associativismo tambm deve ser realizado em Mangue Seco.
interessante citar que metade dos entrevistados declarou ter problemas de coluna, explicado
pela atividade de mariscagem, por ser realizada em posio abaixada, com a exigncia de
carregamento de peso por um longo tempo. Solues que diminuam o peso carregado por
essas pessoas podem minimizar esse problema.
Sobre financiamento para a atividade pesqueira, importante mostrar que uma comunidade
onde a pesca realizada pela coleta manual, o crdito para a obteno de artes de pesca no
prioridade, sendo at mesmo desnecessrio para grande parte dos pescadores. A maioria
tambm no utiliza embarcao, o que no explica tambm esforos para financiamento de
barcos.
Atividades de capacitao devem ser incentivadas como um todo. Apesar de a maioria dos
entrevistados nunca terem participado de treinamentos e cursos, 31,8% no desejam ser
treinados, nmero mais alto se comparado as outras comunidades. Fato estranho tambm o
baixo nmero de entrevistados que querem se capacitar em pesca (18,9%), enquanto 49,2%
175
requerem outras atividades. Seria interessante uma maior investigao nessa comunidade
antes de qualquer ao de capacitao. Uma especulao que explicaria essa situao seria o
baixo tempo dessas pessoas dedicadas a pesca (12,38 anos), mostrando que so pessoas que
desejariam estar em outra atividade.
Quando questionados sobre o conhecimento de instituies que trabalham com meio ambiente
e pesca, 86,4% no reconhece nenhum rgo, o IBAMA foi o mais citado com apenas 3,8%
de respostas, ficando o CIPOMA em segundo lugar com 2,3% das citaes. Aes de
educao ambiental e um trabalho conjunto com rgos de meio ambiente necessrio.
Diante do exposto, algumas medidas e aes encontram-se descritas, a fim de contribuir com
a melhoria da comunidade:
- Cursos profissionalizantes;
176
dados estatsticos foram interpretados conjuntamente no relatrio, precisando assim, referir-se
a estas, como Comunidade de Nova Cruz (Figura 129).
Figura 129. Localizao das comunidades de Nova Cruz I e Nova Cruz II.
A estatstica foi calculada com o nmero total de 119 pescadores (as) correspondendo ao
percentual de 100%. Em algumas questes presentes no questionrio do Anexo I, o
entrevistado poderia marcar vrias opes, o clculo do percentual, neste caso, precisou ser
realizado em cima dos 100% (119) para cada mltipla escolha, assim no excedendo o
nmero total de questionrios aplicados.
Ao descrever o perfil familiar e domiciliar os (as) pescadores (as) entrevistados (as), nota-se
que, o nmero mdio de moradores nas residncias de 5,49 e de famlias por residncias
1,24. As pessoas possuem em mdia 2,93 filhos, sendo 1,75 a mdia dos filhos que dependem
financeiramente do entrevistado.
177
Os resultados, referentes questo sobre remunerao, mostram que 84,9% dos entrevistados
tem, em sua residncia, pelo menos um familiar com 10 anos ou mais trabalhando de forma
remunerada. Desses, 74,8% trabalham de forma remunerada na pesca.
c) Escolaridade
Segundo o grau de escolaridade,
Escolaridade
verifica-se que o maior valor entre
os entrevistados (31,9%), possui o 7,6%
16,8%
5,9%
Ensino Fundamental II
5,0% Escreve o nome
incompleto, e os chefes de famlia Fundamental I incompleto
13,4% Fundamental I completo
(17,6%), apenas escrevem os
Fundamental II incompleto
nomes (Figura 130). Fundamental II completo
Mdio incompleto
31,9%
15,1% Mdio completo
Figura 130. Nvel de escolaridade
dos pescadores.
178
d) Sade
O histrico de doenas mostra que, 63,9% do total de pessoas entrevistadas declararam ter
algum tipo de doena. Dentre os problemas de sade de interesse deste estudo, os mais
representativos so: problemas de coluna (31,9%), catarata (3,4%), outras doenas nos olhos
(14,3%), hipertenso (10,9%), artrose (19,3%), diabetes (0,8%), doenas de pele (3,4%),
doenas nos rins (6,7%), reumatismo (0,8%) e apresentam outras doenas que no foram
citadas acima (22,7%).
Das 119 entrevistas realizadas em Nova Cruz, 60 homens (51,7%) e 56 mulheres (48,3%), so
pescadores (as) e 3 no se identificam como pescadores, mas fazem parte da cadeia produtiva
da pesca. A principal atividade exercida por eles a pesca estuarina/manguezal (51,3%),
seguida pela pesca do mar de dentro (25,2%). A relao trabalhista dos (as) pescadores (as)
mostra que 60,5% so autnomos e 27,7% so empregados/parceiros.
179
coleta manual encontra-se entre as mais citadas, acompanhadas da linha/vara de pescar siri
(31,1%), das redes de emalhar/espera/ caoeira/malhadeira (29,4%) e o mangote (21,9%).
Uma vez sabendo quais as embarcaes e os aparelhos de pesca mais utilizados, foram
realizados cruzamentos no intuito de investigar com detalhe qual a relao que possuam.
Verificou-se que os 37 pescadores que utilizam baitera, 25 (67,6%) tem a pesca com as redes
de emalhar/espera/caoeira/malhadeira como principal tcnica para captura do pescado,
seguida pela 10 (27%) coleta manual, 5 (13,5%) com linha/vara de pescar siri, 4 (10,8%) linha
de mo, 3 (8,1%) mangote, 2 (5,4%) rede de arrasto, tarrafa e de mergulho e 9 (24,3%)
utilizam outros apetrechos de pesca. J os 8 pescadores que usam canoa, 4 (50%) utilizam a
prtica da coleta manual e redes de emalhar/espera/caoeira/malhadeira, seguida 1 (12,5%) de
mergulho e 3 (37,5%) utilizam outros apetrechos de pesca.
c) Comercializao do Pescado
Segundo os (as) pescadores (as), 19,3% da produo do pescado para consumo para
consumo prprio, o restante vendido diretamente, para: o consumidor (50,4%) e o
peixeiro/atravessador (47,1%).
180
gerais (8,4%), construo civil (5,9%), indstria (3,4%) e em outra atividade (25%). Para os
pescadores que j tiveram outras experincias de trabalho, exerceram: na atividade de
caseiro/servio domstico (21%), nos servios gerais (10,1%), na construo civil (10,1%), no
comrcio (8,4%), na indstria (2,5%) e em outra atividade (23,5%).
f) Capacitao
Dos que afirmaram ter feito algum tipo de capacitao, 2,5% tcnica-produo (pesca/cultivo/
turismo/ artesanato), 7,6% em
Cursos de Capacitao
outros tipos. Contudo, 89,9%
100%
no participaram de nenhuma
80%
capacitao (Figura 131). 60%
40%
20%
0%
no fez capacitao capacitao meio ambiente outros
Figura 131. Entrevistados que gerencial tcnica
participaram de cursos de
capacitao. Sim No No se aplica
181
pessoas receberam algum crdito, sendo que 5% foram atravs do Banco do Nordeste, 0,8%
por meio da Colnia de pescadores e 5% no souberam/no responderam.
h) Renda Familiar
A renda salarial para 83,1% dos pescadores que vivem em famlia, no ultrapassa
mensalmente29 dois salrios mnimos. O maior valor, 33,6%, so paras os que recebem entre 1
e menos do que 2 salrios (Figura 133). Renda Familiar
i) Programas Sociais
As informaes referentes aos benefcios recebidos por algum programa social esto
apresentadas na figura 134. De todos os entrevistados, 57,1% afirmaram receber algum
benefcio, sendo os mais
Benefcios Sociais do Governo Federal
citados: o programa Bolsa
100%
Famlia (52,9%) e o Benefcio
80%
Assistncia de Prestao
60%
Continuada BPS/LOAS (5%).
No se aplica
40%
Sim
20% No
0%
Seguro
desemprego
BPS/LOAS
nenhum
defeso
Outros
Famlia
Seguro
29
Considera-se o total de rendimentos da famlia, provenientes de todas as fontes, no apenas aquela que advm
da atividade da pesca.
182
A distribuio de entrevistados contemplados segundo a renda familiar mensal revela que, o
Bolsa Famlia o programa mais citado nas classes com renda entre 1 e 2 salrios mnimos
(36,5%). Daqueles beneficiados pelo programa Benefcio Assistncia de Prestao
Continuada BPS/LOAS, o maior percentual (66,7%) encontra-se na classe com renda
familiar entre 1 a menos de 2 salrios mnimos.
j) Organizao Social
Sobre o associativismo 23,5% dos pescadores encontram-se associados Colnia de
pescadores, 1,7% Associao de moradores, 0,8% Associao de pescadores e 74,8% no
participam de nenhuma organizao (Figura 135). Daqueles vinculados a Colnia, 50%
pescam no esturio/ manguezal,
Filio Associao
28,6% no mar de dentro, 7,1%
100%
no mar de fora, 7,1% exercem
80%
outra atividade, 3,6% so 60%
Produtores
Pescadores
Outra
Colnia
Cooperativa
Pesca
m) Documentao do pescador
183
3.2.2 Anlise Socioambiental
Na comunidade de Nova Cruz I os pescadores e marisqueiras vivem em situao de risco
social, onde famlias inteiras no tm registro de nascimento, ou seja, no so cidados em
sua legitimidade. As crianas perdem a
oportunidade de receber educao
formal, assistncia mdica e outros
benefcios de programas de assistncia
social (Figura 136).
A coleta de lixo no atinge a todos e esses resduos so jogados nos barrancos ou empilhados
em terreno baldio, espalhados por toda parte, alm de muita concha de marisco, ostra e sururu
(Figura 138).
184
Figura 138. Terreno baldio com lixo nas
proximidades das residncias.
Em Nova Cruz II a comunidade exerce seu trabalho como pescadores nas mesmas reas da
comunidade Nova Cruz I, ou seja, o esturio do Rio Timb e no ecossistema de Mangue Seco.
Esta localidade tem um histrico tradicional na atividade pesqueira, tanto na utilizao das
tcnicas de captura, como no embate poltico em prol da pesca. Os pescadores afirmam que a
organizao da Colnia de Igarassu iniciou em Nova Cruz II.
Esta comunidade tem problemas com o abastecimento dgua. Existe um poo que abastece
uma nica caixa dgua. No momento das entrevistas foi relatado que a bomba estava
quebrada a mais de trs meses. Os moradores caminham longos percursos para abastecer suas
residncias.
185
mnimo e poucos recebem acima de dois salrios. O Programa Bolsa Famlia recebido por
52,9% das pessoas, ajudando como renda extra, ou mesmo como sendo a nica renda.
A grande queixa em relao ao meio ambiente a poluio industrial sobre as guas do Rio
Timb e o esforo excessivo da pesca. Foi pontuado por pessoas que o turismo tem tambm
sua parcela de degradao deste ecossistema.
Aes emergenciais e de longo prazo com relao a poluio precisam ser tomadas, visto a
grande parcela da populao que depende desse ecossistema. A poluio foi o fator que mais
prejudica a atividade pesqueira citado por 49,6% dos entrevistados, seguido da pesca
excessiva (16%) e lixo cm 10,1% de citaes.
Um programa habitacional prioridade, visto 33,6% morar em casas de taipa, apenas 70%
possuir banheiro, 75% gua encanada e 58% atendidos por coleta de lixo so necessrias.
Projetos que melhorem a qualidade de vida dessas pessoas so prioridade nessas
comunidades.
interessante notar que apesar de moradias de to baixa, qualidade 21% dos entrevistados
declararam possuir freezer, mostrando sua importncia para a atividade pesqueira. Projetos
visando o correto beneficiamento e conservao do marisco, so importantes para essas
comunidades.
O desemprego, como em todas as outras comunidades analisadas tambm alto (54,6%) tem
algum sem renda dentro de casa. Capacitao e emprego e renda so necessidades dessas
comunidades tambm.
186
O nmero de analfabetos alto (16,8%) mostrando que aes de alfabetizao de adultos so
importantes nesses locais.
Em Nova Cruz o ndice de pescadores que contribuem com a previdncia muito baixo,
precisando de um trabalho de informao sobre seus direitos na previdncia. Mais importante
ainda se torna esse trabalho informativo, pois a comunidade tem muitas mulheres trabalhando
na pesca e estas poderiam estar gozando do salrio maternidade se fossem contribuintes.
Apenas 23,5% declararam-se scio da colnia de pescadores, instituio que realiza todos os
tramites para o cadastramento de pescadores no INSS. Um trabalho de informao sobre o
papel da colnia e do associativismo tambm deve ser realizado.
A aquisio de financiamento muito baixa, mostrando que uma comunidade onde a pesca
realizada pela coleta manual, o crdito para a obteno de artes de pesca no prioridade,
sendo at mesmo desnecessrio para grande parte dos pescadores. A maioria tambm no
utiliza embarcao, o que no explica tambm, esforos para crdito de barcos.
Atividades de capacitao devem ser incentivadas como um todo. Apesar da maioria dos
entrevistados nunca ter participado de treinamentos e cursos, 34,5% no desejam capacitao,
nmero mais alto se comparado as outras comunidades. Fato estranho tambm o baixo
nmero de entrevistados que querem se capacitar em pesca (21%), enquanto 42,9% requerem
outras atividades. Seria interessante uma maior investigao nessa comunidade antes de
qualquer ao de capacitao.
Diante do exposto, algumas medidas e aes encontram-se descritas, a fim de contribuir com
a melhoria da comunidade:
- Cursos profissionalizantes;
187
- Programa habitacional para pescadores em situao de risco;
- Construo de uma rea onde os pescadores possam armazenar e realizar pequenos reparos
nos apetrechos de pesca e meios flutuantes;
- Programa de Ao e Cidadania.
3.3 Comunidades de Beira Mar, Beira Mar I, Beira Mar II, e Escorregou
ta Dentro
Estas comunidades esto assentadas nas margens de num complexo hdrico que desgua no
Rio Igarassu e sofrem a ao da salinidade que entra pela Barra de Orange situada no limite
sul da Ilha de Itamarac. Esta incurso salina alimenta um frtil manguezal juntamente com o
aporte de gua doce de montante (Figura 139).
188
Figura 139. Localizao das comunidades Beira Mar no complexo hdrico salgado.
A estatstica foi calculada com o nmero total de 108 pescadores (as) correspondendo ao
percentual de 100%. Em algumas questes presentes no questionrio do Anexo I, o
entrevistado poderia marcar vrias opes, o clculo do percentual, neste caso, precisou ser
realizado em cima dos 100% (108) para cada mltipla escolha, assim no excedendo o
nmero total de questionrios aplicados.
189
Quanto ao estado civil, 8,3% so casados, 61,1% moram juntos, 23,1% esto solteiros, 4,6%
so separados/divorciados e 2,8% so vivos.
Ao descrever o perfil familiar e domiciliar os (as) pescadores (as) entrevistados (as), nota-se
que, o nmero mdio de moradores nas residncias de 5,22 e de famlias por residncias
1,18. As pessoas possuem em mdia 2,41 filhos, sendo 1,7 a mdia dos filhos que dependem
financeiramente do entrevistado.
Os resultados, referentes questo sobre remunerao, mostram que 73,2% dos entrevistados
tem, em sua residncia, pelo menos um familiar com 10 anos ou mais trabalhando de forma
remunerada. Desses, 55,6% trabalham de forma remunerada na pesca.
c) Escolaridade
Segundo o grau de escolaridade, verifica-se que o maior valor entre os entrevistados (36,1%),
para os que possuem o Ensino Fundamental II incompleto. O total correspondente para os que
escrevem o nome de 7,4% para os pescadores (Figura 140).
190
Escolaridade
0,9% 0,9%0,9%
7,4%
5,6%
7,4%
Escreve o nome
24,1% Fundamental I incompleto
6,5%
Fundamental I completo
Fundamental II incompleto
Fundamental II completo
Mdio incompleto
Mdio completo
Curso tcnico
10,2%
Outros
36,1%
NS/NR
Figura 140. Nvel de escolaridade
dos pescadores.
d) Sade
O histrico de doenas mostra que, 57,4% do total de pessoas entrevistadas declararam ter
algum tipo de doena. Dentre os problemas de sade de interesse deste estudo, os mais
representativos so: problemas de coluna (25%), catarata (0,9%), outras doenas nos olhos
(13,9%), hipertenso (9,3%), artrose (16,7%), diabetes (0,9%), doenas de pele (5,6%),
doenas nos rins (1,9%), reumatismo (1,9%) e apresentam outras doenas que no foram
citadas acima (25,9%).
Das 108 entrevistas realizadas em Beira Mar, 46 homens (43,8%) e 59 mulheres (56,2%), so
pescadores (as), 3 no se identificam como pesadores, porm fazem parte da cadeia produtiva
da pesca. A principal atividade exercida por eles a pesca estuarina/manguezal (61,1%),
seguida pelas pescas do mar de dentro (26,9%). A relao trabalhista dos (as) pescadores (as)
mostra que 71,3% so autnomos e 25,9% so empregados/parceiros.
191
a) Jornada de Trabalho na Pesca
O tempo mdio que trabalham na atividade pesqueira de 12,69 anos, a mdia de dias
trabalhados por semana de 4,08. Os maiores ndices encontrados para a mdia de horas
trabalhadas por dia estiveram entre 4 e 8 horas ou mais de 8 horas, correspondendo a 63,9% e
35,2%, respectivamente.
Uma vez sabendo quais as embarcaes e os aparelhos de pesca mais utilizados, foram
realizados cruzamentos no intuito de investigar com detalhe qual a relao que possuam.
Verificou-se que os 64 (59,3%) pescadores que utilizam baitera, 50 (78,1%) tem a coleta
manual como principal tcnica para captura do pescado, seguida pelas pescas com 11 (17,2%)
as redes de emalhar/espera/caoeira/malhadeira, 3 (4,7%) linha de mo, 2 (3,1%) rede de
arrasto e com linha/vara de pescar siri, 1 (1,6%) mangote e 15 (23,4%) utilizam outros
apetrechos de pesca. J os 18 (16,7%) pescadores que usam canoa, 10 (55,6%) utilizam para
prtica da pesca a coleta manual, seguido das 3 (16,7%) as redes de
emalhar/espera/caoeira/malhadeira, 1 (5,60) linha de mo e 5 (27,8%) utilizam outros
apetrechos de pesca. Apenas 1 (0,9%) pescador usa o bote motorizado e utiliza a rede de
arrasto, linha de mo, espinhel e as redes de emalhar/espera/caoeira/malhadeira. Da mesma
forma, apenas 1 (0,9%) usa jangada utilizando a rede de arrasto, a linha de mo, o espinhel e
as redes.
c) Comercializao do Pescado
Segundo os (as) pescadores (as), 25,9% da produo do pescado para consumo para
consumo prprio, o restante vendido diretamente, para: o consumidor (56,5%) e o
peixeiro/atravessador (47,2%).
192
d) Impactos na Atividade Pesqueira
Para os pescadores, vrios fatores tem prejudicado a atividade pesqueira. Entre eles, os que
mais merecem destaque so: a poluio da gua (30,6%), a pesca excessiva (14,8%), a falta de
saneamento bsico (12%), a pesca predatria (12%), a falta de organizao do setor (12%) e o
lixo (11,1%).
f) Capacitao
Dos que afirmaram ter feito algum tipo de capacitao, 0,9% tiveram capacitao
gerencial/administrativa/comercializao, 1,9% tcnica-produo (pesca/cultivo/turismo
/artesanato), 13% em outros
Cursos de Capacitao
tipos. Contudo, 69,4% no
100%
participaram de nenhuma 80%
40%
20%
193
Capacitao Atualmente, 84,3% tem vontade de
se capacitar, sendo 34,3% na
1,7%
atividade pesqueira e 46,3% em
34,5% outras atividades. Para os 19,4%
No gostaria restantes, qualquer capacitao ou
42,9% Pesca
Outra atividade treinamento est rejeitado (Figura
NS/NR
142).
Figura 142. Pescadores oferta de
capacitao.
21,0%
h) Renda Familiar
A renda salarial para 82,4% dos pescadores que vivem em famlia, no ultrapassa
mensalmente30 dois salrios mnimos. O maior valor, 29,6%, so paras os que recebem entre
a menos de 1 salrio mnimo (Figura
Renda Familiar
143). possvel observar que 95,3% das
7,4%
rendas individuais, tambm so 10,2% 25,0%
29,6%
30
Considera-se o total de rendimentos da famlia, provenientes de todas as fontes, no apenas aquela que advm
da atividade da pesca.
194
i) Programas Sociais
As informaes referentes aos benefcios recebidos por algum programa social esto
apresentadas na figura 144. De todos os entrevistados, 50% afirmaram receber algum
benefcio, sendo os mais
Benefcios Sociais do Governo Federal
citados: o programa Bolsa
100% Famlia (46,3%) e o
80% Benefcio Assistncia de
60% Prestao Continuada
No se aplica
40%
Sim
BPS/ LOAS (4,6%).
No
20%
BPS/LOAS
nenhum
defeso
Outros
Famlia
PETI
Bolsa
Seguro
j) Organizao Social
Sobre o associativismo 20,4% dos pescadores encontram-se associados Colnia de
pescadores, 9,3% Associao de pescadores, 2,8% Associao de moradores e 69,4% no
participam de nenhuma organizao (Figura 145). Daqueles vinculados a Colnia, 50%
pescam no esturio/
Filio Associao
manguezal, 40,9% mar de
100%
dentro e 9,1% exercem outras 80%
atividades. 60%
40%
No se aplica
20% No
Sim
0%
Nenhuma
Outra
Colnia
Cooperativa
moradores
Produtores
Pescadores
Pesca
195
l) Aes de Instituies Ligadas ao Meio Ambiente
Sobre o conhecimento de instituies que realizem algum tipo de ao na rea ambiental em
seu municpio, os entrevistados identificaram: o IBAMA (8,3%), o rgo Ambiental do
municpio (Secretaria, diretoria, chefia) (0,9%), outros rgos (12%) e 78,7% no
identificaram nenhum rgo.
m) Documentao do pescador
196
Figura 146. Conchas de marisco
cobrindo o mangue.
O Ministrio Pblico foi acionado pela comunidade porque os pescadores no podem sair
com suas baiteras para a pesca. O processo jurdico est em andamento. Diversas reunies
foram realizadas, acionando a Prefeitura e rgos do governo para que eles resolvam a
situao das conchas de marisco.
197
O rio Igarassu vem recebendo despejo
de resduos qumicos proveniente de
indstrias que o margeia, conforme
relato de pescadores (Figura 147).
Entre os pescadores (as) entrevistados destaca-se a Dona Maria do Peixe (Figura 148), como
uma lder preocupada com a atual situao do pescador e com o meio ambiente, pelo seu
envolvimento e preocupao sobre a fonte de alimentos que so os afluentes e o rio Igarassu.
Ela em momento de reflexo disse:
Dona Maria luta pela criao e construo de um centro para as crianas e adolescentes filhos
de pescadores, com a inteno de que saiam das ruas e no entrem no mundo da violncia
(Figura 148).
198
Figura 148. Dona Maria do Peixe sendo
entrevistada.
A comunidade de Beira Mar I caracteriza-se pela extrao de marisco. Foi registrado que um
nmero expressivo de crianas e adolescentes trabalham no ensacamento e no transporte dos
mariscos dentro do ambiente familiar.
A pesca feita de coleta manual e para chegar at a rea de trabalho, que fica em Mangue
Seco, os pescadores utilizam baiteras ou caminhada. Esta coleta proporciona aos
pescadores/marisqueiras menos de um salrio mnimo/ms. A maioria das residncias tem o
quintal voltado para o rio, local onde trabalham no beneficiamento do marisco no ambiente
familiar.
A rea mais impactada com o depsito das conchas est com verdadeiros morros de
conchas sendo depositadas as margens do
Rio So Domingos, um dos afluentes do
Canal de Santa Cruz. Este fato esta
acarretando o assoreamento do rio e
reduo do fluxo e refluxo da mar
(Figura 149).
199
Os fundos das casas so locais de atracao
das embarcaes (baitera) e do
beneficiamento do marisco no cozimento,
batimento e ensacamento (Figura 150).
A degradao e poluio fluvial ainda a grande queixa dos pescadores, seguido de local para
depositar as conchas dos mariscos e o uso desse material. Foram citadas tambm a pesca
excessiva, o lixo, falta de saneamento bsico, falta de organizao no setor, diminuio dos
recursos pesqueiros, a carcinicultura, os resduos industriais, a movimentao das lanchas dos
turistas que no respeitam a pesca e a falta de polticas pblicas voltadas para pesca.
O trabalho com o marisco nessas comunidades realizado sem condies de segurana dos
pescadores (as) e sem a garantia de obter o produto necessrio. Os pescadores e marisqueiras
aps extrarem o marisco, realizam o batimento do mesmo, que consiste na separao da
carne e da concha. O produto embalado em sacos plsticos padro (aproximadamente 1 kg)
e entregue ao atravessador da rea.
200
A comunidade - Escorregou ta Dentro - constituda por pessoas de baixa renda, com um
alto ndice de violncia, relacionada ao trfico de drogas. As casas so predominantes de
taipa, ruas em terra batida, muito lixo depositado no fundo das residncias, que ficam as
margens do rio Tabatinga. A energia eltrica instalada irregularmente. Os entrevistados
pedem emprego, pavimentao, solicitam a criao de uma cooperativa e cursos
profissionalizante.
A grande demanda dessas comunidades a soluo para o rejeito das conchas do marisco. De
todas as comunidades que extraem marisco no litoral Norte, esta a que tem condies mais
precrias.
importante citar que os prprios pescadores juntaram esses rejeitos nos fundos das casas
durante anos e agora esto dispostos a procurar ajuda, visto estarem impedidos de sair para a
pesca com suas baiteras, na mar baixa, devido ao assoreamento do rio.
Aes emergenciais e de longo prazo com relao poluio tambm precisam ser tomadas,
visto a grande parcela da populao que depende desse ecossistema. A poluio foi o fator
que mais est prejudica a atividade pesqueira, citado por 30,6% dos entrevistados, seguido da
pesca excessiva, da falta de saneamento, pesca predatria e lixo.
201
Os servios pblicos so bem avaliados aqui: 95,4% possuem gua encanada, 9,3 % esgoto,
43,5% fossa, 88% banheiro, quase 100% dos entrevistados so servidos por energia eltrica e
70,4% so atendidos pela coleta de lixo. A educao formal tambm parece ser bem
oferecida, o nmero de analfabetos de apenas 7,4%.
Em Beira Mar o ndice de pescadores que contribuem com a previdncia muito baixo
(7,4%), precisando de um trabalho de informao sobre seus direitos na previdncia. Mais
importante ainda se torna esse trabalho informativo, pois a comunidade tem muitas mulheres
trabalhando na pesca e estas poderiam estar gozando do salrio maternidade se fossem
contribuintes. Apenas 20,4% declararam-se scio da colnia de pescadores, instituio que
realiza todos os tramites para o cadastramento de pescadores no INSS. Um trabalho de
informao sobre o papel da colnia e do associativismo tambm deve ser realizado em Beira
Mar.
O crdito atingiu menos de 15% dos entrevistados. importante mostrar que uma
comunidade onde a pesca realizada pela coleta manual, o crdito para a obteno de artes de
pesca no prioridade, sendo at mesmo desnecessrio para grande parte dos pescadores.
Esta comunidade utiliza embarcaes em sua maioria, sendo 59,3% de baiteras e 16,7% de
canoa, o que pode ser motivo para projetos de conserto ou mesmo crdito para a compra de
material para o conserto dessas embarcaes. Capacitao em conserto de barcos tambm
pode ser realizada em Beira Mar.
Atividades de capacitao devem ser incentivadas como um todo. Apesar da maioria dos
entrevistados nunca terem participado de treinamentos e cursos, apenas 19,4% no
capacitao, 34,3% querem treinamento na pesca e 46,3% em outras atividades.
202
Diante do exposto, algumas medidas e aes encontram-se descritas, a fim de contribuir com
a melhoria da comunidade:
- Cursos profissionalizantes;
203
conjuntamente, precisando assim, referirem-se a aqui como Comunidade de Porto Jatob,
abrangendo 279 entrevistas no total (Figura 151).
Figura 151. Localizao das comunidades de Cuieiras, Stio Inham e Porto de Jatob.
A estatstica foi calculada com o nmero total de 313 pescadores (as) correspondendo ao
percentual de 100%. Em algumas questes presentes no questionrio do Anexo I, o
entrevistado poderia marcar vrias opes, o clculo do percentual, neste caso, precisou ser
realizado em cima dos 100% (313) para cada mltipla escolha, assim no excedendo o
nmero total de questionrios aplicados.
204
Ao descrever o perfil familiar e domiciliar os (as) pescadores (as) entrevistados (as), nota-se
que, o nmero mdio de moradores nas residncias de 4,16 e de famlias por residncias
1,15. As pessoas possuem em mdia 2,88 filhos, sendo 1,83 a mdia dos filhos que dependem
financeiramente do entrevistado.
Os resultados, referentes questo sobre remunerao, mostram que 57,8% dos entrevistados
tem, em sua residncia, pelo menos um familiar com 10 anos ou mais trabalhando de forma
remunerada. Desses, 48,2% trabalham de forma remunerada na pesca.
c) Escolaridade
Segundo o grau de escolaridade, verifica-se que o maior valor entre os entrevistados (19,8%)
possui o Ensino Fundamental I incompleto e para os chefes de famlia (24,6%), apenas
escreve o nome. O total correspondente para os que escrevem o nome de 19,8% para os
pescadores (Figura 152).
205
Escolaridade
0,3% 1,0%1,9%
6,4% 19,8%
5,1%
Escreve o nome
4,2% Fundamental I incompleto
Fundamental I completo
Fundamental II incompleto
Fundamental II completo
Mdio incompleto
21,7% 23,6% Mdio completo
Curso tcnico
Outros
16,0% NS/NR Figura 152. Nvel de escolaridade dos
pescadores.
d) Sade
O histrico de doenas mostra que, 70,3% do total de pessoas entrevistadas declararam ter
algum tipo de doena. Dentre os problemas de sade de interesse deste estudo, os mais
representativos so: problemas de coluna (41,9%), catarata (4,5%), outras doenas nos olhos
(22%), hipertenso (12,1%), artrose (17,6%), diabetes (2,9%), doenas de pele (6,1%),
doenas nos rins (4,8%), reumatismo (3,8%) e apresentam outras doenas que no foram
citadas acima (17,3%).
206
a) Jornada de Trabalho na Pesca
O tempo mdio que trabalham na atividade pesqueira de 21,7 anos, a mdia de dias
trabalhados por semana de 4,7. Os maiores ndices encontrados para a mdia de horas
trabalhadas por dia estiveram entre 4 e 8 horas ou mais de 8 horas, correspondendo a 73,8% e
20,1%, respectivamente.
Uma vez sabendo quais as embarcaes e os aparelhos de pesca mais utilizados, foram
realizados cruzamentos no intuito de investigar com detalhe qual a relao que possuam.
Verificou-se que os 77 (24,6%) pescadores que utilizam baitera, 24 (31,2%) tem a coleta
manual como principal tcnica para captura do pescado, seguida pelas pescas com 20 (26%)
rede de arrasto, 19 (24,7%) mangote, 18 (23,4%) redes de emalhar/ espera/
caoeira/malhadeira, 9 (11,7%) mangoto, 5 (6,5%) linha/vara de pescar siri, 3 (3,9%) linha
de mo, 2 (2,6%) tarrafa, 1 (1,3%) covo/peixe e covo/ lagosta e 8 (10,40%) utilizam outros
apetrechos de pesca. J os 64(20,4%) pescadores que usam canoa, 35 (54,7%) utilizam para
prtica da coleta manual, seguida de 17 (26,6%) rede de arrasto, 12 (18,8%) as redes de
emalhar/espera/caoeira/malhadeira, 9 (14,10%) linha/vara de pescar siri, 3 (4,7%) mangote,
2 (3,1%) mangoto e tarrafa, 1 (1,6%) linha de mo e apenas 1 (1,6%) utiliza outros aparelhos
de pesca. Dos 2 (0,6%) que utilizam botes motorizados, ambos pescam com rede de arrasto e
as redes de emalhar/espera/caoeira/malhadeira. Dos 25 (8%) que utilizam jangada, 80%
realizam coleta manual, 28% pescam com linha/vara de pescar siri, 4% com mangote e redes.
207
c) Comercializao do Pescado
Segundo os (as) pescadores (as), 16,3% da produo do pescado para consumo para
consumo prprio, o restante vendido diretamente, para: o consumidor (36,4%) e o
peixeiro/atravessador (60,7%).
f) Capacitao
Dos que afirmaram ter feito algum tipo de capacitao, 0,6% tiveram capacitao
gerencial/administrativa/comercializao, 2,6% tcnica-produo (pesca/cultivo/
turismo/artesanato), 2,9% em outros tipos. Contudo, 93,9% no participaram de nenhuma
capacitao (Figura 153).
208
Cursos de Capacitao
100%
80%
60%
40%
20%
0%
no fez capacitao capacitao meio outros
gerencial tcnica ambiente
Figura 153. Entrevistados que
Sim No No se aplica participaram de cursos de
capacitao.
209
h) Renda Familiar
A renda salarial para 92,1% dos pescadores que vivem em famlia, no ultrapassa
mensalmente31 dois salrios mnimos. O maior valor, 45,4%, so para os que recebem menos
de salrio mnimo (Figura 155).
Renda Familiar
possvel observar que 97,7% das
4,5% 0,3%
3,2%
rendas individuais, tambm so
22,4% inferiores a dois salrios mnimos,
45,4%
quando relacionadas com a atividade
principal de cada entrevistado.
24,3%
i) Programas Sociais
As informaes referentes aos benefcios recebidos por algum programa social esto
apresentadas na figura 156. De
Benefcios Sociais do Governo Federal
todos os entrevistados, 37.2%
100%
afirmaram receber algum
80%
benefcio, sendo o mais citado:
60% o programa Bolsa-famlia
No se aplica
40%
Sim
(43,5%).
20% No
0%
Seguro
desemprego
BPS/LOAS
nenhum
defeso
Outros
Famlia
PETI
Bolsa
31
Considera-se o total de rendimentos da famlia, provenientes de todas as fontes, no apenas aquela que advm
da atividade da pesca.
210
mais citado foi o Benefcio Assistncia de Prestao Continuada BPS/LOAS. Apenas 1
pescador assistido pelo PETI Programa de Erradicao do Trabalho Infantil e possui a
renda familiar de 1 a menos de 2 salrios mnimos. O nico beneficiado pelo seguro defeso
possui a renda familiar de 1 a menos de 2 salrios mnimos.
j) Organizao Social
Sobre o associativismo 36,4% dos pescadores encontram-se associados Associao de
pescadores, 13,4% Colnia de pescadores, 11,5% Associao de moradores, 0,6%
Associao de produtores/servios, 0,6% outra organizao representativa e 47,9% no
participam de nenhuma organizao (Figura 157). Desses vinculados a Associao de
pescadores, 43,6% pescam no mar de fora, 33,3% no mar de dentro, 10,3% no
esturio/manguezal, 7,7% so aposentados e 5,1% trabalham com turismo. Dos que esto
associados Colnia de pescadores, 88,6% pescam no esturio/manguezal, 6,1% no mar de
dentro, 1,8% no mar de fora,
Filiao Associao
1,8% trabalham na construo
100%
civil, 0,9% trabalham com 80%
20% No
Sim
0%
moradores
Nenhuma
Produtores
Pescadores
Outra
Colnia
Cooperativa
Pesca
211
m) Documentao do pescador
32 - CPRH monitora poluio na Bacia do Rio Timb. Jornal do Comrcio, 12/07/2007; Pescadores: Compesa
polui rios. Folha de Pernambuco, 18/07/2008.
212
Figura 159. Marisqueira sendo entrevistada
em plena atividade.
Alm da pesca essa comunidade se caracteriza pela cultura agrcola: a) Frutas: Banana, caju,
coco, manga, caj, jenipapo, rom, azeitona e pitomba, b) cultivo de tubrculos: macaxeira,
213
mandioca (farinheira), inhame e batata doce, c) hortalias: jerimum e maxixe, alm da criao
de galinhas. A comunidade conta com um cocho para ruminantes (bovinos e eqinos)
desativado, adquirido por projetos anteriores (Figura 161)
Figura 161. Diversidade de cultura agrcola. Destacando-se o cocho para ruminantes na ltima foto.
214
comercializada para atravessadores, o que justificado pela distncia da comunidade aos
centros urbanos.
A ausncia de uma estrutura de apoio para a recepo e beneficiamento do pescado foi uma
das principais demandas dos pescadores neste local.
O Stio Cuieiras, no passado, era um povoado usado pelos operadores da antiga fbrica de
cimento Poty. Com o fechamento desta fbrica, os operrios migraram para a pesca de peixes,
crustceos e moluscos. Atualmente a atividade principal a coleta de sururu, mariscos e siri,
facilmente observado nas entrevistas em campo.
215
Figura 162. Ubirat, ex- pescador de Cuieiras.
A comunidade afastada dos centros urbanos, onde no h registro de violncia, com acesso
dificultado por no haver transporte pblico. As casas so de taipa e geraes de famlias
sobrevivem historicamente da pesca e necessidades bsicas como esgotamento sanitrio,
iluminao pblica e gua encanada so raras. Mas, a maioria das casas possui energia
eltrica e utenslios domsticos.
216
Alm do entrevistado, quase metade das residncias tem mais algum trabalhando na pesca,
mostrando que a pesca familiar. Apesar disso ainda temos a declarao de que 47,9% das
residncias possuem algum sem remunerao. Atividades de gerao de renda devem ser
incentivadas nessas comunidades.
No de se estranhar que com essas condies de moradia o ndice de escolaridade seja muito
baixo, onde quase 20% dos entrevistados so analfabetos. Um projeto de alfabetizao de
adultos importante na regio.
Apesar de outras comunidades analisadas no terem chamado ateno para os dados de sade,
aqui apenas 30% dos entrevistados declararam no possuir doena alguma (a mdia de 50%
em outras comunidades). Problemas de coluna, doena nos olhos e artrose so as maiores
queixas.
A contribuio para o INSS tambm muito baixa, abrindo espao para um amplo trabalho de
divulgao e conscientizao dos direitos previdencirios do segurado especial.
Uma grande parte dos entrevistados no utiliza embarcao para trabalhar, de forma que a
bicicleta um importante meio de transporte que diminui o tempo de caminhada entre a
residncia e o local de trabalho. Projetos de financiamento de bicicletas tambm podem trazer
uma melhoria da qualidade de vida para essa populao.
Apesar de todas essas necessidades ficou constatado que o maior problema a poluio do
esturio, alm disso, as indstrias ficaram em segundo lugar e a falta de saneamento bsico
em terceiro. Providncias urgentes precisam ser tomadas, como fiscalizao efetiva, educao
ambiental e projetos de saneamento bsico. Alm disso, pontuou-se a importncia da
qualidade ambiental nos manguezais, no s para a populao local, mas tambm para toda a
sociedade e como ecossistema na funo de berrio natural.
217
O crdito nessa comunidade atingiu menos de 15% dos entrevistados. necessrio mostrar
que uma comunidade onde a pesca realizada pela coleta manual e sem o uso intensivo de
embarcao, o crdito para a atividade produtiva no prioridade, sendo at mesmo
desnecessrio para grande parte dos pescadores. Aliado a aparente falta de necessidade
citamos a baixa renda como outro fator que impede a aquisio de qualquer financiamento,
63,9% dos pescadores recebem menos de salrio mnimo mensalmente, sendo que 84%
atingem at um salrio mnimo com a atividade pesqueira.
Atividades de capacitao devem ser incentivadas como um todo. Apesar de 93,9% dos
entrevistados nunca terem participado de treinamentos e cursos, apenas 22,4% no desejam
capacitar-se, 34,2% querem treinamento na pesca e 43,5% em outras atividades.
Diante do exposto, algumas medidas e aes encontram-se descritas, a fim de contribuir com
a melhoria da comunidade:
- Cursos profissionalizantes;
218
- Construo de uma rea onde os pescadores possam armazenar e realizar pequenos reparos
nos apetrechos de pesca e meios flutuantes;
- Programa de Ao e Cidadania.
219
Municpio: Itamarac
4- Municpio de Itamarac
Itamarac geograficamente uma ilha, com rea 65,1 km que delimitada pelo Canal de Santa
Cruz possui limites ao norte com o municpio de Goiana, ao sul com Igarassu e a oeste com
Itapissuma e a Leste com o Oceano Atlntico. Representa 0,33 % do Estado de Pernambuco e
sua sede tem altitude aproximada de 3 m, alm de coordenadas grficas de 07o4500 de
latitude sul e 34o4930 de longitude oeste. Distando 47,5 km da cidade do Recife, o acesso a
tal municpio feito pela BR-101 e PE-035.
De acordo com o censo 2000 do IBGE, a populao residente total foi de 15.858 habitantes,
sendo 12.930 (81,5%) da zona urbana e 2.928 (18,5%) da zona rural. Os habitantes do sexo
masculino totalizaram 8.617 (54,3%), enquanto que os do feminino totalizaram 7.241
(45,7%), resultando numa densidade demogrfica de 243,6 hab/km. A contagem da
populao do IBGE resultou num crescimento no ano de 2007 em 17.573 habitantes.
Em 2006 o municpio de Itamarac teve um dos menores PIBs entre os municpios costeiros,
assumindo o 15 lugar, tanto para o PIB anual (R$ 75.925.000,00), quanto para o PIB per
capita (R$ 3.996,00). Isso faz com que Itamarac ocupe o segundo lugar no ranking dos
municpios mais pobres (70,69%), perdendo apenas para Itapissuma.
O ndice de Excluso Social, que construdo por 07 (sete) indicadores (pobreza, emprego
formal, desigualdade, alfabetizao, anos de estudo, concentrao de jovens e violncia) de
0,397 ocupando a 20a colocao no ranking estadual e a 3.250a no nacional.
221
O Canal de Santa Cruz, associado aos mangues e esturios que l desguam, fertiliza as
guas marinhas costeiras criando no entorno da Ilha uma atividade pesqueira distinguida pelos
diferentes ecossistemas. Nos esturios e mangues associados, a pesca ocorre nos sedimentos
arenolamosos e no mar de fora, notadamente na borda da plataforma continental.
1500
(10,2 t), visvel na figura 163.
Produo (t)
1000
500
0
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
Figura 163. Produo pesqueira
Fonte: ESTATPESCA 2006
do Municpio de Itamarac.
33
Projeto de Monitoramento da Atividade Pesqueira no Litoral Nordestino, desenvolvido pela Fundao de
Amparo Pesquisa de Recursos Vivos na Zona Econmica Exclusiva (Fundao PROZEE), pela Secretaria
Especial de Pesca e Aquicultura da Presidncia da Repblica (SEAP/PR) e pelo Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis (IBAMA).
222
Figura 164. Comunidades presentes no Municpio de Itamarac.
223
4.1.1 Anlise Estatstica
Ao descrever o perfil familiar e domiciliar os (as) pescadores (as) entrevistados (as), nota-se
que, o nmero mdio de moradores nas residncias de 3,99 e de famlias por residncias
1,09. As pessoas possuem em mdia 2,62 filhos, sendo 1,99 a mdia dos filhos que dependem
financeiramente do entrevistado.
Os resultados, referentes questo sobre remunerao, mostram que 51% dos entrevistados
tem, em sua residncia, pelo menos um familiar com 10 anos ou mais trabalhando de forma
remunerada. Desses, 19,4% trabalham de forma remunerada na pesca.
224
b) Bens materiais: transporte, utenslios domsticos e telefonia
Dos bens materiais relacionados ao transporte, o mais utilizado a bicicleta com 73,5%,
seguida de motocicleta (3,1%). Com relao aos eletrodomsticos, destacam-se: o fogo
(98%), a geladeira (86,7%), freezer (13,3%), ventilador (51%), a TV (95,9%), o liquidificador
(82,7%), o aparelho de som (66,3%), computador (1%) e o vdeo/DVD (68,4%). Na telefonia,
os aparelhos mveis (celulares) representaram 75,5% das respostas, enquanto que o telefone
fixo apenas 6,1%.
c) Escolaridade
Segundo o grau de escolaridade, verifica-se que o maior valor entre os entrevistados (29,6%),
bem como os chefes de famlia (28,6%), representa o Ensino Fundamental II incompleto. O
Escolaridade
total correspondente para os que
escrevem o nome de 1% para
3,1% 1,0% 1,0%
1,0% os pescadores (Figura 166).
14,3% Escreve o nome
15,3% Fundamental I incompleto
Fundamental I completo
Fundamental II incompleto
6,1% 16,3%
Fundamental II completo
Mdio incompleto
Mdio completo
12,2%
3 grau (graduao)
Outros
29,6% NS/NR
Figura 166. Nvel de escolaridade dos
pescadores.
d) Sade
O histrico de doenas mostra que, 76,5% do total de pessoas entrevistadas declararam ter
algum tipo de doena. Dentre os problemas de sade de interesse deste estudo, os mais
representativos so: problemas de coluna (45,9%), catarata (3,1%), outras doenas nos olhos
(35,7%), hipertenso (10,2%), artrose (20,4%), diabetes (1%), doenas de pele (6,1%),
doenas nos rins (1%), reumatismo (1%) e apresentam outras doenas que no foram citadas
acima (13,3%).
225
encontrados na vizinhana, 54,1% no prprio municpio, 2% nos municpios prximos e 3,1%
nas capitais.
Uma vez sabendo quais as embarcaes e os aparelhos de pesca mais utilizados, foram
realizados cruzamentos no intuito de investigar com detalhe qual a relao que possuam.
Verificou-se que os 49 (50%) pescadores que utilizam bote motorizado, 42 (85,7%) tem a
pesca com covo/lagosta como principal tcnica para captura do pescado, seguida pelas pescas
com 33 (67,3%) as redes de emalhar/espera/caoeira/malhadeira, 31 (63,6%) linha de mo, 29
(59,2%) covo/peixe, 4 (8,4%) de mergulho, 2 (4,1%) mangote e utilizam o curral, 1 (2%) rede
de arrasto, linha/ vara de pescar siri e com tarrafa. J os 20 (20,4%) pescadores que usam
226
baitera, 18 (90%) utilizam para prtica da pesca as redes de
emalhar/espera/caoeira/malhadeira, seguida de 12 (60,0%) covo/lagosta, 11 (55%) linha de
mo, 10 (50%) covo/peixe, 3 (15%) linha/vara de pescar siri e de mergulho, 2 (10%) rede de
arrasto, tarrafa e utilizam o curral, 1 (5%) mangote e coleta manual e 1 (5%) utiliza outros
apetrechos de pesca. J os 25 (25,5%) entrevistados que utilizam a embarcao do tipo
jangada, 21 (84%) pescam com as redes de emalhar/espera/caoeira/malhadeira, 19 (76%)
linha de mo, 18 (72%) covo/peixe e covo/lagosta, 5 (20%) de mergulho, 2 (8%) o curral, 1
(4%) rede de arrasto, mangote, linha/vara de pescar siri, coleta manual e com tarrafa e 1 (4%)
utiliza outros apetrechos de pesca.
c) Comercializao do Pescado
Segundo os (as) pescadores (as), 28,6% da produo do pescado para consumo para
consumo prprio, o restante vendido diretamente, para: o consumidor (23,5%), a
colnia/associao/cooperativa (45,5%), e no possui produo prpria (19,4%).
227
atividade de caseiro/servio domstico, ambos com 4,1%, como funcionrio pblico (2%) e
em outra atividade (20,4%).
f) Capacitao
Dos que afirmaram ter feito algum tipo de capacitao, 7,1% tiveram capacitao
gerencial/administrativa/comercializao, 15,3% tcnica-produo (pesca/cultivo/ turismo/
artesanato), 14,3% em outros
Cursos de Capacitao
tipos. Contudo, 66,3% no
100%
participaram de nenhuma
80%
60%
capacitao (Figura 167).
40%
20%
0%
no fez capacitao capacitao meio outros
gerencial tcnica ambiente
Figura 167. Entrevistados que
participaram de cursos de
Sim No No se aplica capacitao.
228
g) Financiamento na Atividade Pesqueira
A caracterizao dos entrevistados em relao ao recebimento individual ou coletivo de
crdito/financiamento, projeto produtivo ou assistncia tcnica, revelou que 44,9% das
pessoas receberam algum crdito, sendo que 29,6% foram atravs do Banco do Nordeste, 1%
por meio de outros bancos, 1% pela Colnia de pescadores, 5,1% por outras linhas de
financiamento e 8,2% no souberam/no responderam.
h) Renda Familiar
A renda salarial para 69,4% dos pescadores que vivem em famlia, no ultrapassa
mensalmente34 dois salrios mnimos. O maior valor, 32,7%, so paras os que recebem entre 1
e menos do que 2 salrios (Figura 169). Renda Familiar
possvel observar que 81,6% das rendas 5,1% 5,1%
2,0%
individuais, tambm so inferiores a dois
23,5%
salrios mnimos, quando relacionadas 31,6%
i) Programas Sociais
As informaes referentes aos benefcios recebidos por algum programa social esto
apresentadas na figura 170. De todos os entrevistados, 66,3% afirmaram receber algum
benefcio, sendo os mais citados: o programa Bolsa Famlia (43,9%), o Benefcio Assistncia
de Prestao Continuada BPS/LOAS (2%), o Seguro Desemprego (11,2%) e o Seguro
Defeso (27,6%).
34
Considera-se o total de rendimentos da famlia, provenientes de todas as fontes, no apenas aquela que advm
da atividade da pesca.
229
Benefcios Sociais do Governo Federal
100%
80%
60%
40% No se aplica
Sim
20% No
0%
Figura 170. Pescadores/ famlia
Seguro
desemprego
BPS/LOAS
nenhum
defeso
Outros
Famlia
PETI
Bolsa
Seguro
j) Organizao Social
Sobre o associativismo 91,8%
Filio Associao
dos pescadores encontram-se
100%
associados Colnia de 80%
40% No se aplica
No
20%
Sim
0%
moradores
Nenhuma
Produtores
Pescadores
Outra
Colnia
Cooperativa
Pesca
Desses, 74,4% pescam no mar de fora, 22,2% pescam no mar de dentro, 2,2% pescam no
esturio/ manguezal e 1,1% no informou a atividade principal (Figura 172).
230
Figura 172. Assemblia da Colnia de
Pescadores Z-11.
m) Documentao do pescador
Com relao documentao do pescador, 87,8% possuem a carteira de trabalho (CTPS),
86,7% a da Colnia de pescadores, 77,6% a da SEAP, 36,7% a da Capitania dos Portos,
34,7% a do IBAMA e 1% a da Associao de pescadores.
Uma questo de ordem ambiental foi relatada pelos pescadores que alegaram o desmatamento
da selva submersa do Capim Agulha (Halodule), utilizado na alimentao diria do peixe-
boi, pelo Projeto Peixe Boi. Este impacto vem prejudicando indiretamente o desenvolvimento
da lagosta, uma vez que este crustceo em fase larval utilizam o capim agulha como habitat
temporal no seu desenvolvimento biolgico. Em entrevista realizada no Centro Peixe Boi foi
231
informado que o manejo dessas plantas foi alterado de forma a uma maior conservao das
mesmas. Ento, atualmente, a retirada realizada no centro dos bosques (anexo II).
Nesta comunidade foi citado que alm da pesca, as atividades tursticas so uma alternativa de
renda, notadamente no vero. Foi citado tambm como o aluguel de embarcaes,
comandadas pelos prprios pescadores, para eventos religiosos martimo-fluviais nas
localidades de Itapissuma Buscada
de So Gonalo e Ilha de Itamarac
Buscada de N. Sra. Do Pilar, Bom
Jesus dos Passos e So Benedito
(Figura 173).
232
A preservao do mar de dentro e do fora pode ser realizada atravs do saneamento e
Educao Ambiental junto aos habitantes do Pilar e seus arredores. O turismo comunitrio
requer praias limpas e deve incluir a rica cultura popular das comunidades pesqueiras (Figura
175).
A comunidade do Pilar tem uma melhor situao entre os pescadores se compararmos com as
outras comunidades do litoral Norte. Geralmente so pescadores de mar de fora que realizam
a pesca da lagosta, pesca de melhor renda. Alm disso, residem no Centro de Itamarac
dispondo de melhores equipamentos pblicos. importante ressaltar que nos locais onde
existem atividades de turismo e veraneio, como o caso do Pilar, a estrutura pblica
proporciona uma melhor qualidade de vida a populao local.
233
conhecimentos sobre a atividade pesqueira vm sendo passada de gerao em gerao.
Estmulos e capacitao so necessrios para atrair os jovens para a pesca.
No Pilar, assim como em Atapuz e Itapissuma, foi detectado resistncia dos pescadores em
relao ao Centro Mamferos Aquticos, localizado na Ilha de Itamarac, em funo da
retirada do capim agulha. importante que essa Instituio realize aes de educao
ambiental, para estreitar os laos e a troca de informaes com essas pessoas. Uma maior
fiscalizao em torno da retirada do capim agulha tambm se faz necessrio, bem como o
acompanhamento dessa atividade atravs de pesquisas cientficas objetivando a
sustentabilidade.
A viso dos pescadores sobre os fatores que prejudicam a pesca diferente das comunidades
de pesca estuarina, que dependem diretamente do manguezal. Aqui os fatores diretos que
comprometem a atividade so: a pesca predatria, a diminuio dos recursos naturais e a
pesca excessiva.
Diferente tambm a jornada de trabalho dessas pessoas, visto que quase 70% dos
entrevistados citaram que trabalham mais de oito horas dirias. fcil notar que a pesca de
mar de fora exige longas jornadas no mar (de at 8 dias).
A comunidade difere completamente na hora de contribuir para a previdncia, pois 85,5% dos
pescadores so contribuintes. A colnia de pescadores parece ter papel preponderante visto
que 91,8% so scios dela. Alguns fatos explicam tambm essa diferena. Primeiro preciso
mencionar que esses pescadores realizam a pesca de mar de fora voltada principalmente para
captura da lagosta, com isso acabam tendo direito ao seguro defeso, o qual s acontece aos
que contribuem com a previdncia. Segundo, mais da metade dos entrevistados so
empregados ou parceiros.
Quase metade dos entrevistados tiveram financiamentos para melhorar seus meios flutuantes e
apetrechos de pesca. O Banco do Nordeste foi citado como principal agente financiador com
quase 30% nas respostas dos entrevistados.
234
Atividades de capacitao devem ser incentivadas como um todo em funo da maioria dos
pescadores nunca terem participado de treinamentos ou cursos. O percentual mais alto est
naqueles que querem se capacitar na pesca.
Diante do exposto, algumas medidas e aes encontram-se descritas, a fim de contribuir com
a melhoria da comunidade:
235
Figura 176. Comunidade de Vila Velha.
O povoado de Vila Velha, anteriormente conhecido por Vila de Nossa Senhora da Conceio,
foi a primeira feitoria instalada oficialmente no Brasil, onde em 1526 era sede da capitania de
Itamarac e a vila, construda no stio
de um fortim e fundada em 1534 por
Joo Gonalves, s margens do Canal
de Santa Cruz, foi tombada desde
1985 (Figura 177).
236
4.2.1.1 - Perfil Socioeconmico
Ao descrever o perfil familiar e domiciliar os (as) pescadores (as) entrevistados (as), nota-se
que, o nmero mdio de moradores nas residncias de 4,35 e de famlias por residncias
1,04. As pessoas possuem em mdia 1,88 filhos, sendo 0,81 a mdia dos filhos que dependem
financeiramente do entrevistado.
Os resultados, referentes questo sobre remunerao, mostram que 81,4% dos entrevistados
tem, em sua residncia, pelo menos um familiar com 10 anos ou mais trabalhando de forma
remunerada. Desses, 48,1% trabalham de forma remunerada na pesca.
237
c) Escolaridade
Segundo o grau de escolaridade, verifica-se que o maior valor entre os entrevistados (50%),
bem como os chefes de famlia
Escolaridade
(29,6%), representa o Ensino
3,7% 7,4%
3,7%
Fundamental I completo. O total
correspondente para os que 18,5% 18,5% Escreve o nome
Fundamental I incompleto
escrevem o nome de 7,4% para Fundamental I completo
Fundamental II incompleto
os pescadores (Figura 178).
Fundamental II completo
Mdio incompleto
22,2% 3 grau (graduao)
25,9%
Figura 178. Nvel de escolaridade
dos pescadores.
d) Sade
O histrico de doenas mostra que, 59,3% do total de pessoas entrevistadas declararam ter
algum tipo de doena. Dentre os problemas de sade de interesse deste estudo, os mais
representativos so: problemas de coluna (14,8%), doenas nos olhos (35,7%), hipertenso
(14,8%), artrose (11,1%), diabetes (4,1%), doenas de pele (7,4%), doenas nos rins (3,7%),
doenas relacionadas ao mergulho (7,4%) e apresentam outras doenas que no foram citadas
acima (14,8%).
238
a) Jornada de Trabalho na Pesca
O tempo mdio que trabalham na atividade pesqueira de 16,69 anos, a mdia de dias
trabalhados por semana de 3,63. Os maiores ndices encontrados para a mdia de horas
trabalhadas por dia estiveram entre 4 e 8 horas ou mais de 8 horas, correspondendo a 59,3% e
33,3%, respectivamente.
Uma vez sabendo quais as embarcaes e os aparelhos de pesca mais utilizados, foram
realizados cruzamentos no intuito de investigar com detalhe qual a relao que possuam.
Verificou-se que os 11 (40,7%) pescadores que utilizam baitera, 7 (63,6%) tem a pesca com
as redes de emalhar/espera/caoeira/malhadeira como principal tcnica para captura do
pescado, seguida pelas pescas com 4 (36,4%) linha/vara de pescar siri e tarrafa, 3 (27,3%)
linha de mo, 2 (18,2%) mergulho, 1 (9,10%) mangote e coleta manual, e 1 (9,1%) utiliza
outros apetrechos de pesca.
c) Comercializao do Pescado
Segundo os (as) pescadores (as), 55,6% da produo do pescado para consumo para
consumo prprio, o restante vendido diretamente para o consumidor (59%). Onde o mesmo
pescador pode tanto consumir o pescado, quanto comercializar.
239
e) Alternativas da Fonte de Renda
Verificando a estatstica voltada para esta questo, possvel perceber que alguns pescadores,
no intuito de aumentar sua renda, acabam desenvolvendo atividades extras no relacionadas
pesca. Ainda no questionrio, existem os que almejam outra fonte de renda e os que j
experienciaram outros trabalhos. Para os que disseram possuir rendas extras, as mais citadas
foram: no comrcio (11,1%), na pesca estuarina (7,4%), na pesca do mar de dentro (7,4%),
em servios gerais (3,7%), na pesca no mar de fora (3,7%) e na indstria (3,7%). Por outro
lado, dos que gostariam de ter um rendimento alternativo, os mais almejados so: comrcio
(11,1%), atividade de caseiro (7,4%), servios gerais (7,4%), construo civil (7,4%) e em
outra atividade (41%). Para os pescadores que j tiveram outras experincias de trabalho,
exerceram: na construo civil (18,5%), na agricultura, exceto a cana-de-acar (11,1%), no
comrcio (7,4%), nos servios gerais (7,4%), na atividade de caseiro/servio domstico
(3,7%), na indstria (3,7%) e em outra atividade (18,5%).
f) Capacitao
Dos que afirmaram ter feito algum tipo de capacitao, 3,7% tiveram capacitao
gerencial/administrativa/comercializao, 3,7% tcnica-produo (pesca/ cultivo/
turismo/artesanato), 3,7% em
Cursos de Capacitao
capacitao em meio ambiente,
100%
7,4% em outros tipos. Contudo, 80%
40%
nenhuma capacitao (Figura
20%
179).
0%
no fez capacitao capacitao meio ambiente outros
gerencial tcnica
Figura 179. Entrevistados que
participaram de cursos de Sim No No se aplica
capacitao.
Atualmente, 81,5% tem vontade de se capacitar, sendo 48,1% na atividade pesqueira e 33,3%
em outras atividades. Para os 18,5% restantes, qualquer capacitao ou treinamento est
rejeitado (Figura 180).
240
Capacitao
18,5%
33,3%
No gostaria
Pesca
Outra atividade
h) Renda Familiar
A renda salarial para 74% dos pescadores que vivem em famlia, no ultrapassa
mensalmente35 dois salrios mnimos. O maior valor, 33,3%, so paras os que recebem entre 1
e menos do que 2 salrios (Figura 181).
Renda Familiar
possvel observar que 88,9% das
14,8%
rendas individuais, tambm so 25,9%
33,3%
35
Considera-se o total de rendimentos da famlia, provenientes de todas as fontes, no apenas aquela que advm
da atividade da pesca.
241
i) Programas Sociais
As informaes referentes aos benefcios recebidos por algum programa social esto
apresentadas na figura 182. De todos os entrevistados, 37.2% afirmaram receber algum
benefcio, sendo os mais citados: o programa Bolsa Famlia (51,9%), o Benefcio Assistncia
de Prestao Continuada
Benefcios Sociais do Governo Federal BPS/LOAS (3,7%) e no so
100% assistidos por nenhum
80% programa social (44,4%).
60%
No se aplica
40%
Sim
20% No
0%
Seguro
desemprego
BPS/LOAS
nenhum
defeso
Outros
Famlia
PETI
Bolsa
j) Organizao Social
Sobre o associativismo 7,4% dos pescadores encontram-se associados Colnia de
pescadores, 7,4% Associao de
Filio Associao
moradores, 3,7% Associao de 100%
40%
Daqueles vinculados a Colnia, 100% No se aplica
20% No
pescam no esturio/manguezal. Sim
0%
moradores
Nenhuma
Produtores
Pescadores
Outra
Colnia
Cooperativa
Pesca
242
l) Aes de Instituies Ligadas ao Meio Ambiente
Sobre o conhecimento de instituies que realizem algum tipo de ao na rea ambiental em
seu municpio, os entrevistados identificaram: o IBAMA (14,8%), a SEAP (7,4%), o
CIPOMA (7,4%), as ONGs (3,7%), outros rgos (25,9%) e 44,4% no identificaram nenhum
rgo.
m) Documentao do pescador
Com relao documentao do pescador, 70,4% possuem a carteira de trabalho (CTPS) e
7,4% a da Colnia de pescadores. Esta comunidade foi a que apresentou menor nmero de
pescadores com documentao da regio norte.
A comunidade em seus relatos diz que a rea pacata e que no existe violncia, roubos,
assaltos e, ainda um bom lugar para morar. Verbalizam ainda que seja fato deixarem as
portas das casas abertas e que a comunidade respeitadora e caridosa, sendo fcil a percepo
de que os pescadores realmente gostam de viver em Vila Velha, provida de extrema beleza e
riqueza de recursos naturais.
243
Figura 184. Diversificao de artesanato em Vila Velha.
A atividade pesqueira se caracteriza por ser prioritariamente estuarina, uma vez que Vila
Velha est prxima do esturio do Rio Paripe, Canal de Santa Cruz e o esturio do Rio
Igarassu, alm da proximidade com a praia de Mangue Seco.
244
4.2.3 Consideraes Finais
Em relao aos servios pblicos, apenas a coleta de lixo chama ateno, pois apenas 26%
dos entrevistados so atendidos pelo servio. importante chamar ateno para o apelo
turstico que essa comunidade tem, justificando mais ainda um maior investimento.
Outra estatstica chama ateno, mesmo quase metade dos pescadores se apresentando como
saudveis, alto o nmero de pessoas que relatam sentir problemas nos olhos, merecendo
uma anlise mais detalhada sobre o problema.
O ndice de pescadores que contribuem com a previdncia muito baixo, assim precisando de
um trabalho de informao sobre seus direitos na previdncia. Mais importante ainda se torna
esse trabalho informativo, pois a comunidade tem mulheres trabalhando na pesca e estas
poderiam estar gozando do salrio maternidade se fossem contribuintes.
Apenas 7,4% declararam-se scio da Colnia de pescadores, instituio que realiza todos os
tramites para o cadastramento de pescadores no INSS. Um trabalho de informao sobre o
papel da mesma e do associativismo tambm deve ser realizado em Vila Velha. Interessante
comparar com a comunidade de Pilar onde quase todos so filiados instituio. A colnia de
Itamarac abrange toda a regio da ilha, inclusive Vila Velha, no entanto so associados
aqueles pescadores que se localizam geograficamente mais perto desta instituio pesqueira.
245
pescadores. A maioria tambm no utiliza embarcao, o que no explica tambm, esforos
para financiamento de barcos.
Atividades de capacitao devem ser incentivadas como um todo. Apesar da maioria dos
entrevistados nunca terem participado de treinamentos e cursos, apenas 18,5% no desejam
capacitar-se, nmero mais baixo se comparado as outras comunidades. Quase metade
gostariam de ser capacitados na prpria atividade de pesca e outros 33,3% em outras
atividades.
No passado (ltimo governo Arraes) essa comunidade foi beneficiada com uma unidade de
fabricao de doces que atualmente no funciona. As doceiras tambm podem ser consultadas
sobre sua experincia. O artesanato, os doces e outros produtos, que relacionados com o
turismo comunitrio, podem trazer benefcios para os habitantes de Vila Velha. Entretanto, se
faz necessrio que a primeira feitoria instalada oficialmente no Brasil requeira que os
ecossistemas aquticos e a cobertura vegetal estejam preservados (Figura 186).
246
Figura 186. Os ecossistemas aquticos e a cobertura vegetal favorecem a pesca e o turismo comunitrio.
Diante do exposto, algumas medidas e aes encontram-se descritas, a fim de contribuir com
a melhoria da comunidade:
- Exigncia dos rgos competentes de fiscalizao no controle sobre a pesca predatria com
o uso de bomba;
247
- Incentivar a atuao da Colnia na rea;
- Cursos de artesanato;
248
As atividades pesqueiras so executadas preferencialmente por mulheres, que trabalham no
extrativismo de marisco, sururu e ostra, como tambm na prtica da carcinicultura de pequeno
porte.
Ao descrever o perfil familiar e domiciliar os (as) pescadores (as) entrevistados (as), nota-se
que, o nmero mdio de moradores nas residncias de 3,86 e de famlias por residncias
1,21. As pessoas possuem em mdia 2,61 filhos, sendo 1,71 a mdia dos filhos que dependem
financeiramente do entrevistado.
Os resultados, referentes questo sobre remunerao, mostram que 71,5% dos entrevistados
tem, em sua residncia, pelo menos um familiar com 10 anos ou mais trabalhando de forma
remunerada. Desses, 42,9% trabalham de forma remunerada na pesca.
249
(96,4%) tem banheiro, 12 (42,9%) rede de esgoto e 60,7% coleta de lixo. Os que possuem
energia eltrica totalizam 100%.
c) Escolaridade
Segundo o grau de escolaridade, verifica-se que o maior valor entre os entrevistados (53,6%),
bem como os chefes de famlia
Escolaridade
(50%), representa o Ensino
3,6%
3,6% Fundamental II incompleto
25,0%
(Figura 188).
Fundamental I incompleto
Fundamental I completo
Fundamental II incompleto
14,3% Fundamental II completo
53,6%
Outros
Figura 188. Nvel de escolaridade
dos pescadores.
d) Sade
O histrico de doenas mostra que, 64,3% do total de pessoas entrevistadas declararam ter
algum tipo de doena. Dentre os problemas de sade de interesse deste estudo, os mais
representativos so: problemas de coluna (39,3%), doenas nos olhos (21,4%), hipertenso
(14,3%), artrose (35,7%), diabetes (3,6%), doenas de pele (7,1%), doenas nos rins (10,7%),
reumatismo (3,6%) e apresentam outras doenas que no foram citadas acima (14,3%).
250
Segundo os pescadores, 96,4% costumam utilizar servios de posto de sade ou hospital.
Considerando esta afirmao, observa-se que, 39,3% utilizam os servios mdico-hospitalares
encontrados na vizinhana e 57,1% no prprio municpio.
Uma vez sabendo quais as embarcaes e os aparelhos de pesca mais utilizados, foram
realizados cruzamentos no intuito de investigar com detalhe qual a relao que possuam.
Verificou-se que os 2 (7,1%) pescadores que utilizam baitera, 1 (50%) tem a pesca com linha
de mo e covo/lagosta, de mergulho, com as redes de emalhar/espera/caoeira/malhadeira,
realiza coleta manual e ainda utiliza outros apetrechos de pesca. J os 3 (7,7%) pescadores
que usam bote motorizado, 1 (50%) utiliza para prtica da pesca o 1 (50%) mangote, tarrafa,
redes de emalhar/espera/caoeira/malhadeira e realiza coleta manual. Dos 10 (35,7%) que
utilizam jangada, 7 (70%) realizam coleta manual, 3 (30%) pescam com as redes de
emalhar/espera/caoeira/malhadeira, 2 (20%) com linha de mo e pescam de mergulho, 1
251
(10%) com mangote, com covo/peixe, com covo/lagosta e utiliza o curral e apenas 2 (20%)
utilizam outros apetrechos de pesca.
c) Comercializao do Pescado
Segundo os (as) pescadores (as), 50% da produo do pescado para consumo para consumo
prprio, o restante vendido diretamente, para: o consumidor (64,3%) e o
peixeiro/atravessador (39,3%).
f) Capacitao
Dos que afirmaram ter feito algum tipo de capacitao, 3,6% tiveram capacitao
gerencial/administrativa/comercializao, 7,1% tcnica-produo (pesca /cultivo
252
/turismo/artesanato), 17,9% em outros tipos. Contudo, 71,4% no participaram de nenhuma
capacitao (Figura 189).
Cursos de Capacitao
100%
80%
60%
40%
20%
0%
no fez capacitao capacitao meio ambiente outros
gerencial tcnica
Figura 189. Entrevistados que
Sim No No se aplica participaram de cursos de capacitao.
h) Renda Familiar
A renda salarial para 75% dos pescadores que vivem em famlia, no ultrapassa
253
mensalmente36 dois salrios mnimos. O maior valor, 32,1%, so paras os que recebem entre
a menos de 1 salrio mnimo (Figura
Renda Familiar
191). possvel observar que 92,9% das
3,6%
rendas individuais, tambm so inferiores a 17,9%
28,6%
32,1%
Figura 191. Renda familiar total por Menos de s.m. De a menos de 1 s.m.
i) Programas Sociais
As informaes referentes aos benefcios recebidos por algum programa social esto
apresentadas na figura 192. De todos os entrevistados, 46,4% afirmaram receber algum
benefcio, sendo os mais citados: o programa Bolsa Famlia (46,4%), o Benefcio Assistncia
de Prestao Continuada
Benefcios Sociais do Governo Federal
BPS/LOAS (3,6%) e o Seguro
100%
Desemprego (3,6%), por
80%
outros (3,6%) e no so
60%
assistidos por nenhum
No se aplica
40%
Sim
programa social (46,4%).
20% No
BPS/LOAS
nenhum
defeso
Outros
Famlia
PETI
Bolsa
sociais.
36
Considera-se o total de rendimentos da famlia, provenientes de todas as fontes, no apenas aquela que advm
da atividade da pesca.
254
de 1 a menos de 2 salrios mnimos e o nico assistido pelo Benefcio Assistncia de
Prestao Continuada BPS/LOAS (aposentado deficiente/idoso) possui a renda familiar de
a menos de 1 salrio mnimo.
j) Organizao Social
Sobre o associativismo 35,7% dos pescadores encontram-se associados Colnia de
pescadores e 64,3% no participam de nenhuma organizao (Figura 193). Desses vinculados
a Colnia, 60% pescam no
Filio Associao
esturio/manguezal, 20% no
100%
mar de fora e 20% exercem 80%
0%
moradores
Nenhuma
Produtores
Pescadores
Outra
Colnia
Cooperativa
Pesca
Figura 193. Pescadores filiados
Associao/ Colnia.
m) Documentao do pescador
255
4.3.2 Anlise Socioambiental
Nesta comunidade existe uma estrutura urbana, se comparada com outras localidades. As ruas
de acesso so caladas, as casas em sua maioria so de alvenaria com banheiros e fossa
sptica. Existe uma escola municipal e uma sede de associao e a maioria tem carteira de
pescador como outros documentos que permitem trabalhar no mercado formal. Dos
entrevistados, metade consegue alcanar menos de um salrio mnimo.
Observa-se ento, que a carcinicultura se faz presente em quase toda a extenso da rea e
esses viveiros chegam a atingir as margens do rio Jaguaribe (Figura 194).
Figura 194. Dona Maria Rosa, representante feminina de atividade pesqueira da comunidade de Chi, onde
administra uma carcinicultura de pequeno porte.
O maior problema detectado nessa comunidade foi de ordem de gerao de emprego e renda.
Apesar de o nvel educacional ser maior que a mdia encontrada em outras comunidades,
ainda assim o percentual de 53,3% de entrevistados com pelo menos uma pessoa na famlia
procurando emprego considervel.
A comunidade bem assistida em relao a servios pblicos como gua encanada, energia
eltrica e coleta de lixo. Alm disso, as condies de moradia so boas, onde a maioria mora
256
em casa prpria construda em alvenaria, possuindo fossa e banheiro, no existindo
necessidade de maiores esforos em relao habitao.
O nvel de escolaridade um dos melhores do litoral, nico lugar onde no houve citao para
pessoas que apenas escreve o nome e 70% terminou o ensino fundamental I.
O percentual de pescadores associados na Colnia alcana 35,7%, instituio esta que realiza
todos os trmites para o cadastramento de pescadores no INSS. Um trabalho de informao
sobre o papel desta instituio e do associativismo tambm deve ser intensificado no Chi.
Interessante comparar com a comunidade de Pilar e Vila Velha, onde na primeira, todos so
filiados na Colnia e na ultima menos de 8%, configurando que o Chi se encontra
intermedirio entre as duas.
Atividades de capacitao devem ser incentivadas como um todo. Apesar de 71,4% dos
entrevistados nunca terem participado de treinamentos e cursos, apenas 21,4% no desejam
capacitar-se, nmero mais baixo se comparado as outras comunidades. Mais da metade
gostaria de ser capacitados na prpria atividade de pesca e outros 21,4% em outras atividades.
257
Diante do exposto, algumas medidas e aes encontram-se descritas, a fim de contribuir com
a melhoria da comunidade:
258
Figura 195. Localizao da comunidade de Jaguaribe. Pesca no mar de dentro e mar de fora.
Ao descrever o perfil familiar e domiciliar os (as) pescadores (as) entrevistados (as), nota-se
que, o nmero mdio de moradores nas residncias de 4,15 e de famlias por residncias
1,1. As pessoas possuem em mdia 2 filhos, sendo 1,72 a mdia dos filhos que dependem
financeiramente do entrevistado.
259
Os resultados, referentes questo sobre remunerao, mostram que 41% dos entrevistados
tm, em sua residncia, pelo menos um familiar com 10 anos ou mais trabalhando de forma
remunerada. Desses, 7,7% trabalham de forma remunerada na pesca.
c) Escolaridade
Segundo o grau de escolaridade,
Escolaridade
verifica-se que o maior valor entre os
5,1% 2,6%
12,8%
entrevistados (35,9%), representa o 2,6%
5,1%
Fundamental I incompleto
Ensino Fundamental II incompleto 7,7%
Fundamental I completo
Fundamental II incompleto
(Figura 196). 15,4% Fundamental II completo
Mdio incompleto
Mdio completo
Curso tcnico
5,1% 3 grau (graduao)
35,9% Outros
Figura 196. Nvel de escolaridade 7,7%
NS/NR
dos pescadores.
260
d) Sade
O histrico de doenas mostra que, 65,3% do total de pessoas entrevistadas declararam ter
algum tipo de doena. Dentre os problemas de sade de interesse deste estudo, os mais
representativos so: problemas de coluna (25,6%), doenas nos olhos (10,3%), artrose (7,7%),
diabetes (4,1%), doenas de pele (2,6%), doenas nos rins (2,6%), e apresentam outras
doenas que no foram citadas acima (12,8%).
261
Uma vez sabendo quais as embarcaes e os aparelhos de pesca mais utilizados, foram
realizados cruzamentos no intuito de investigar com detalhe qual a relao que possuam.
Verificou-se que os 18 (46,2%) pescadores que utilizam baitera, 11 (61,1%) tem a pesca em
curral como principal tcnica para captura do pescado, seguida pelas pescas com 9 (50%) as
redes de emalhar/espera/caoeira/malhadeira, 4 (22,2%) mergulho, 3 (16,7%) linha de mo, 2
(11,1%) mangote, 1 (5,6%) rede de arrasto, linha/vara de pescar siri, tarrafa e realizam coleta
manual. J os 11 (28,2%) pescadores que usam jangada, 8 (72,7%) utilizam para prtica da
pesca, as de emalhar/espera/caoeira/malhadeira, 7 (63,6%) linha de mo, 2 (18,2%)
mergulho, com tarrafa e covo/lagosta, 1 (9,1%) covo/peixe, linha/vara de pescar siri e
realizam coleta manual. Aqueles 3 (7,7%) que utilizam bote motorizado, pescam com
covo/peixe, covo/lagosta, redes de emalhar/espera/caoeira/malhadeira e linha de mo.
Apenas 1 (2,6%) utiliza a embarcao do tipo canoa e realiza a pesca com mangote, linha de
mo, o curral e as redes de emalhar/espera/caoeira/malhadeira.
c) Comercializao do Pescado
Segundo os (as) pescadores (as), 23,1% da produo do pescado para consumo para
consumo prprio, o restante vendido diretamente, para: o consumidor (59,2%), o
peixeiro/atravessador (17,9%), a colnia/associao/cooperativa (23,1%)e peixaria (12%).
262
aposentadoria/benefcio (5,1%), na pesca no mar de dentro (2,6%) e na pesca estuarina
(2,6%). Para os pescadores que j tiveram outras experincias de trabalho, exerceram: na
construo civil (33,3%), no comrcio (5,1%), como funcionrio pblico (2,6%), na atividade
de caseiro/servio domstico (2,6%) e em outra atividade (20,5%).
f) Capacitao
Dos que afirmaram ter feito algum tipo de capacitao, 10,3% tcnica-produo (pesca/
cultivo/turismo/artesanato), 15,4% em outros tipos. Contudo, 74,4% no participaram de
nenhuma capacitao (Figura
Cursos de Capacitao
197).
100%
80%
60%
40%
20%
0%
no fez capacitao capacitao meio outros Figura 197. Entrevistados que
gerencial tcnica ambiente participaram de cursos de
capacitao.
Sim No No se aplica
263
g) Financiamento na Atividade Pesqueira
A caracterizao dos entrevistados em relao ao recebimento individual ou coletivo de
crdito/financiamento, projeto produtivo ou assistncia tcnica, revelou que 10,3% das
pessoas receberam algum crdito, sendo que 7,7% foram atravs do Banco do Nordeste, 2%
por meio de outros bancos e 2,6% no souberam/no responderam.
h) Renda Familiar
A renda salarial para 77,5% dos pescadores que vivem em famlia, no ultrapassa
mensalmente37 dois salrios mnimos Renda Familiar
i) Programas Sociais
As informaes referentes aos benefcios recebidos por algum programa social esto
apresentadas na figura 200. De todos os entrevistados, 48,7% afirmaram receber algum
benefcio, sendo os mais citados: o
Benefcios Sociais do Governo Federal
programa Bolsa-famlia (38,5%), o
100%
Benefcio Assistncia de Prestao
80%
Continuada BPS/LOAS (7,7%) e
60%
o Seguro Desemprego (2,6%).
No se aplica
40%
Sim
20% No
BPS/LOAS
nenhum
defeso
Outros
Famlia
PETI
Bolsa
Seguro
37
Considera-se o total de rendimentos da famlia, provenientes de todas as fontes, no apenas aquela que advm
da atividade da pesca.
264
A distribuio de entrevistados contemplados segundo a renda familiar mensal revela que, o
Bolsa Famlia o programa mais citado nas classes com renda entre a menos de 1 salrio
mnimo (33,3%). Para os 7,7% com renda familiar entre 2 a 5 ou mais salrios mnimos, o
programa mais citado foi o Benefcio Assistncia de Prestao Continuada BPS/LOAS. O
nico entrevistado assistido pelo Seguro Desemprego possui a renda familiar de 1 a menos de
2 salrios mnimos.
j) Organizao Social
Sobre o associativismo 48,7% dos pescadores encontram-se associados Colnia de
pescadores, 10,3% outra organizao representativa, 2,6% Associao de moradores
(Figura 201). Daqueles vinculados
Filio Associao
a Colnia, 57,9% pescam no mar
100%
de fora, 36,8% no mar de dentro e 80%
40% No se aplica
20% No
Sim
0%
moradores
Nenhuma
Produtores
Pescadores
Outra
Colnia
Cooperativa
Pesca
265
m) Documentao do pescador
Com relao documentao do pescador, 87,2% possuem a carteira de trabalho (CTPS),
53,8% a da Colnia de pescadores, 23,1% a da Capitania dos Portos, 20,5% a da SEAP, 7,7%
a do IBAMA e 2,6% a da Associao de pescadores.
Os que contribuem para a previdncia social so 38,5% e 61,5% os que no contribuem.
Outro grande problema na orla a ocupao desordenada de casas para moradia. Onde antes
eram construdas caiaras de palha (Figura 202) para armazenamento do material de pesca,
hoje foram construdas em alvenaria e servem de moradia.
266
a b
Figura 202. Educadores/entrevistadores ainda em perodo de pr-teste na comunidade de Jaguaribe (a). Caiaras
onde residem os pescadores e trabalham no conserto dos apetrechos de pesca (b).
O maior problema detectado nessa comunidade foi de ordem de gerao de emprego e renda.
Apesar de o nvel educacional ser maior que a mdia encontrada em outras comunidades
citamos o percentual de 66,7% de entrevistados com pelo menos uma pessoa na famlia
procurando emprego.
Na comunidade de Jaguaribe encontramos uma melhor situao entre os pescadores, tal como
no Pilar, praticando a pesca de mar de dentro e de fora, possibilitando uma melhor renda. Por
ser uma comunidade de pesca martima predominantemente masculina (97,4% dos
entrevistados).
267
Em Jaguaribe, assim como no Pilar, a viso dos pescadores sobre os fatores que prejudicam a
pesca diferente das comunidades de pesca estuarina, que dependem diretamente do
manguezal. Aqui a poluio no figura em primeiro lugar, sendo citada em segundo lugar
com apenas 7,7% das respostas. Os fatores diretos, como pesca predatria e pesca excessiva,
foram prioritrios para os entrevistados. A educao ambiental e o ordenamento pesqueiro so
importantes.
Aqui a comunidade se difere completamente das comunidades que pescam nos esturios,
referente contribuio para a previdncia; pois 61,5% dos pescadores contribuem para
INSS, semelhante ao Pilar. A Colnia dos Pescadores aqui no parece ter papel to
importante, visto que o nmero de associados menor que a metade (48,7%) dos pescadores
que atuam na pesca. Diferentemente da comunidade do Pilar, aqui encontramos um nmero
considervel de pessoas que realizam outras atividades alm da pesca: turismo (15,4%) e
construo civil (12,8%), explicando o vnculo com o INSS.
A maioria dos pescadores de Jaguaribe no tem acesso ao crdito, apesar de realizarem pesca
de mar de dentro e de mar de fora.
Atividades de capacitao devem ser incentivadas como um todo. Apesar de a maioria dos
pescadores nunca terem participado de treinamentos e cursos, um percentual de 25,6% no
desejam capacitar-se, mesmo assim, 51,3% querem se capacitar na pesca e apenas 23,1%
gostariam de se capacitar em outra atividade.
Diante do exposto, algumas medidas e aes encontram-se descritas, a fim de contribuir com
a melhoria da comunidade:
268
- Capacitao na rea de pesca;
269
CONCLUSES
O Diagnstico revela que os 5.077 pescadores entrevistados somados, aos 28.177 dependentes
familiares, vivem da Pesca Artesanal. Entretanto, se for considerado o dado oficial do
Ministrio da Pesca e Aqicultura de Pernambuco em que 8.517 pescadores litorneos esto
cadastrados, esta projeo atinge cerca de no mnimo 47.269 dependentes, sabendo-se ainda,
que estes dados so subestimados, pois no atinge a totalidade dos pescadores
pernambucanos.
No litoral norte se destaca o Canal de Santa Cruz e os cursos dgua que l desguam. Este
ecossistema faz a separao da Ilha de Itamarac com o continente. Tem ele duas
comunicaes com o mar: a do norte, conhecida por Barra de Catuama e a de sul, denominada
Barra de Orange.
O Canal de Santa Cruz sofre controle tanto marinha como flvio-continental, fornecendo
influncias nas solues no corpo aqutico em partculas em suspenso e como descarga de
fundo de material arenoso.
O Rio Goiana outro ecossistema que poderia ser uma indstria natural de alimentos, estando
hoje impactado por indstrias, ocupao de suas margens e degradao da cobertura vegetal,
que alimenta o manguezal. A ausncia de saneamento bsico tem sido um dos maiores
problemas.
270
Enfocando alguns problemas locais, a exemplo da comunidade de Atapuz, cita-se a extrao
de areia (areia de fingi) para a construo civil, que sem qualquer fiscalizao vem agravando
o processo de eroso marinha em praias ao norte. Foram constatados impactos ambientais
gerados pela fbrica de cimento e resduos do plantio da cana de acar, alm das fazendas de
criao de camaro. A pesca predatria utilizada por pescadores que usam tecnologia de
lanar bomba no Canal de Santa Cruz tambm um problema srio na regio norte. A invaso
do espao nas margens dos rios e esturios pelo plantio da cana de acar e atravs da
ocupao ilegal de pessoas de baixa renda outra questo que deve ser enfocada. Esta
histrica ocupao catica revela que a fiscalizao pelos rgos oficiais e responsveis tm
se mostrado ineficazes ao longo do tempo.
A cadeia produtiva da pesca complexa. Por ser um produto perecvel e sua explorao no
ser concentrada geograficamente, a pesca necessita de uma melhor logstica para que os
produtos deixem o produtor primrio e cheguem ao consumidor final. O investimento em
projetos que facilitem o beneficiamento e escoamento desses produtos necessrio e
importante para Pernambuco.
INTERVENES NECESSRIAS
- Implantao de um Estaleiro Escola na regio norte, visto a grande quantidade pescadores
que utilizam meios flutuantes para trabalharem nos esturios, no mar de dentro e de fora;
271
- Elaborao de um Projeto Piloto em um esturio na regio norte, que seja um modelo de
recuperao atravs de saneamento bsico, de fiscalizao permanente, e de educao
ambiental para todos que degradam o esturio;
- Dar nfase a interao entre as esferas Federal, Estadual e Municipal para as polticas na
rea de pesca.
- Considerar a pesca artesanal levando em considerao uma srie de fatores como: trfico,
insegurana, desemprego, perda de territrios, entre outros.
272
ANEXOS
269
Anexo I
Modelo do Questionrio
274
Instituto
o
QUESTIONRIO n
Se c re ta ria Espe c ia l de Juve ntude e Em pre g o
10. Nmero de moradores na sua casa: _________ 11. Nmero de famlias na sua casa:
____________
14. Possui filhos(as)? (filhos(as) legtimos nascidos vivos e agregados, morando ou no com ele/ela) _______ [0] Nenhum
16. Quanto aos seus filhos (indicar a quantidade/ marcar mais de um opo se for o caso):
[1] Nenhum [2] _____tm idade <16 anos [3] _____tm entre 16-24 anos [4] _____tm>24 anos [5] No sabe
17. Qual (is) a(s) atividade(s) do(s) seu(s) filho(a)(s)? (se for pesca, entrevista-los (as)) [0] Nenhum [99] No sabe
___________________________________________________________________________________________________________
_____________________________
18. Se tiver filhos e agregados, quantos esto na escola? (Pode marcar mais de uma opo)
[1] Nenhum [2] _____tm entre 6-11 anos [3] _____tm entre 12-16 anos
[4] _____tm entre 16-24 anos [5] _____tm>24 anos [6] No sabe
19. Em sua casa, quantas pessoas com 10 ou mais anos de idade trabalham de forma remunerada, excluindo o sr/sra?
___________ [0] Nenhum [99] No sabe
20. Destes(as) que trabalham de forma remunerada quantos trabalham na atividade da pesca? __________[0] Nenhum [99]
No sabe
21. Em sua casa, quantas pessoas com 10 ou mais anos de idade esto sem remunerao__________ [0] Nenhum [99]
No sabe
275
25. Quais e quantos itens da tabela abaixo voc possui em casa? (indicar a quantidade de cada item)
27. Qual o nvel de escolaridade do(a) chefe da famlia? (caso o(a) entrevistado(a) no seja o(a) chefe)
[1] Escreve o nome [6] Ensino Mdio incompleto (1 a 2 ano)
[2] Ensino Fundamental I incompleto (1 a 3) [7] Ensino Mdio completo (3 ano)
[3] Ensino Fundamental I completo (4) [8] Curso tcnico
[4] Ensino Fundamental II incompleto (5 a 7) [9] 3 grau (graduao)
_______________________________________
[5] Ensino Fundamental II completo (8) [10] Outros____________________________________
[11] No sabe
28. Quando voc fica doente qual o posto de sade ou hospital voc utiliza?
_______________________________________________________
[1] Vizinhana [2] Municpio [3] Municpios prximos [4] Capitais
29. Voc contribui com a previdncia social (paga)? [1] Sim, R$ ___________ [2] No [3] No sabe
30. Quais dessas doenas e problemas de sade voc tem ou j teve? (Pode marcar mais de uma opo)
[1] Nenhuma [2] Catarata [3] Outras doenas de olhos [4] Problemas de coluna
[5] Doenas de pele [6] Doena de rins [7] Artrose/Doenas de junta [8] Reumatismo
[9] Diabetes [10] Doenas pelo mergulho (descompressiva, embolias, outras) [11] Hipertenso
[12] Outras: _________________________________________________________________________________________________
32. H quanto tempo trabalha na atividade pesqueira? _________ anos [88] No se aplica
35. Quais os tipos de aparelho de pesca que voc utiliza? (Pode marcar mais de uma opo)
[1] Rede de Arrasto [2] Mangote [3] Mangoto [4] Linha de Mo
[5] Covo/Peixe [6] Covo/Lagosta [7] Espinhel [8] Linha/Vara de Pescar Siri
[9] Coleta Manual [10] Tarrafa [11] Mergulho [12] Curral
[13] Rede de emalhar/espera/caoeira/malhadeira [14] Outros_______________________________ [88] No se aplica
37. Voc comercializa sua produo para: (Pode marcar mais de uma opo)
[1] No possui produo prpria [2] pesca para subsistncia/consumo prprio [3] Peixeiro/pombeiro
[4] Empresas de beneficiamento [5] Venda direta ao consumidor [6] Colnia/associao/cooperativa
[7] Atacadistas [8] Peixaria [9] Bar e restaurantes [10] No se aplica
38. Que fatores prejudicam na sua atividade pesqueira? (Pode marcar mais de uma opo)
[1] Nenhum [2] Pesca excessiva/ muita pesca/ muita gente na pesca [3] Lixo
[4] Poluio da gua (rios, mares) [5] Falta de saneamento bsico/ esgoto [6] Uso de agrotxicos
[7] Diminuio dos recursos naturais [8] Falta de polticas pblicas direcionadas ao setor [9] Turismo
[10] Falta de organizao do setor [11] Monocultura da cana-de-acar [12] Aquicultura
[13] Falta de fiscalizao na pesca [14] Pesca predatria (bomba/malha fina/veneno) [15] Indstria
[16] Barcos/pescadores de outros locais [17] Outros____________________________________ [88] No se aplica
39. Possui outra fonte de renda/atividade? (Pode marcar mais de uma opo)
[1] Nenhuma [2] Pesca de mar de fora [3] Pesca de mar de dentro [4] Turismo
[5] Pesca estuarina/manguezal [6] Aqicultura [7] Funcionrio pblico [8] Comrcio
[9] Caseiro/servios domsticos [10] Agricultura (Cana) [11] Agricultura (Outros) [12] Artesanato
[13] Servios gerais [14] Aposentado/benefcio [15] Indstria [16] Construo
civil
[17] Outros __________________________________________________________________________________________________
40. Gostaria de ter outra fonte de renda/atividade? (Pode marcar mais de uma opo)
[1] Nenhuma [2] Pesca de mar de fora [3] Pesca de mar de dentro [4] Turismo
[5] Pesca estuarina/manguezal [6] Aqicultura [7] Funcionrio pblico [8] Comrcio
[9] Caseiro/servios domsticos [10] Agricultura (Cana) [11] Agricultura (Outros) [12] Artesanato
[13] Servios gerais [14] Aposentado/benefcio [15] Indstria [16] Construo
civil
[17] Outros __________________________________________________________________________________________________
41. J trabalhou em outra fonte de renda/atividade? (Pode marcar mais de uma opo)
[1] Nenhuma [2] Pesca de mar de fora [3] Pesca de mar de dentro [4] Turismo
[5] Pesca estuarina/manguezal [6] Aqicultura [7] Funcionrio pblico [8] Comrcio
[9] Caseiro/servios domsticos [10] Agricultura (Cana) [11] Agricultura (Outros) [12] Artesanato
[13] Servios gerais [14] Aposentado/benefcio [15] Indstria [16] Construo
civil
[17] Outros __________________________________________________________________________________________________
42. J fez algum tipo de treinamento/capacitao em sua atividade? Qual? (Pode marcar mais de uma opo)
[1] No fez [2] Capacitao gerencial/administrativa/comercializao
[3] Capacitao tcnica-produo (pesca/cultivo/turismo/artesanato) [5] Capacitao em Meio ambiente
[6] Outro: ________________________________
45. J recebeu algum crdito/financiamento, projeto produtivo ou assistncia tcnica para a sua atividade?
[1] No recebeu [2] Sim Individual ____________________________ [3] Sim
Coletivo___________________________________________________
47. Qual a renda total da sua atividade principal por ms (ou semana X 4)?
[1] Menos de s.m. (<R$206,00) [2] De a menos de 1 s.m. (de R$ 206,00 a R$ 411,99)
[3] De 1 a menos de 2 s.m. (de R$ 412,00 a R$ 823,99) [4] De 2 a menos de 5 s.m. (de R$ 824,00 a R$ 2.059,99)
[5] 5 ou mais s.m. (? R$ 2.060,00) [6] No sabe
48. Voc (ou algum em sua casa) assistido por algum programa social? (Pode marcar mais de uma opo)
[1] Nenhum [2] Bolsa Famlia [3] Seguro desemprego [4] Seguro defeso
[5] Benefcio Assistncia de Prestao Continuada BPS/LOAS (aposentado deficiente/idoso)
GRUPO IV Associativismo
49. Voc participa de algum tipo de organizao representativa? (Pode marcar mais de uma opo)
[1] Nenhuma [2] Associao de moradores [3] Associao de produtores/servios
[4] Associao de pescadores [5] Colnia de pescadores [6] Cooperativa de produtores
[7] Outra: ____________________________
GRUPO VI Comunidade
51. Quais outras atividades geradoras de renda voc identifica na sua comunidade? O que mais expressivo na sua
comunidade? Colocar em tpicos.
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
52. Voc tem sugesto de alguma outra atividade geradora de renda para ser implementada na sua comunidade? Colocar em
tpicos.
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
Fim! Muito obrigado(a)! Voc contribuiu favoravelmente para a sua classe de trabalhadores!
Instituto
Instituto Oceanrio/UFRPE Proibida
Oceanrio/UFRPE - Proibida reproduo
Reproduo 1
278
Anexo II
Entrevista com o Sr. Magnus Machado Severo (Coordenador do Centro de
Mamferos Aquticos/ Projeto Peixe-Boi/ Itamarac) e Joo Carlos Borges
(veterinrio do Projeto)
279
Entrevistas com:
Sr. Magnus Machado Severo, Coordenador do Centro de Mamferos Aquticos/ Projeto
Peixe-Boi/ Itamarac
Joo Carlos Borges, veterinrio do Projeto
1. O capim agulha um dos alimentos da dieta do peixe boi. Ele essencial para sua
alimentao
Magnus:
O Capim dos itens da dieta do peixe- boi. Ns coletamos capim agulha,
principalmente aqui na regio de Itamarac, mas no s capim agulha, como macro algas.
um item importante e hoje a gente v que a pequena populao nativa que resta de peixe-boi,
so aproximadamente 500 indivduos em toda regio nordeste e norte do Brasil.
Ns estamos com um patrimnio gentico extremamente pequeno por isso que animal
est criticamente ameaado de extino.
Na rea que h peixe-boi a gente registra bancos de capim agulha que um dos itens
alimentares do peixe boi, no o nico e o que a gente d de alimento natural para os peixes-
boi, principalmente para os animais que sero reintroduzidos no ambiente natural, para eles se
acostumarem com a alimentao natural e para quando a gente devolver esses animais eles j
tenham o hbito, toda a flora intestinal capaz de digerir esse alimento.
Os animais de visitao tambm ganham o capim agulha e algas.
Magnus:
retirado daqui da frente do Projeto aqui em Itamarac. A estratgia retirar capim
agulha de uma rea onde no tem peixe-boi nativo, se no a gente vai tirar o capim do animal
que est na natureza. Como infelizmente aqui no tem mais peixe-boi, a gente tira capim para
dar para os animais que a gente mantm aqui, tanto na rea de visitao quanto na rea de
reabilitao de animais para ser reintroduzidos.
280
3. Qual a quantidade retirada diariamente?
Magnus:
Como eu tinha falado antes, eu sou o Coordenador do Projeto e quem est diretamente
lidando na parte de manejo de peixe-boi o Joo( veterinrio) que vai estar aqui daqui a
pouco e a ele vai poder responder a quantidade, mas eu adianto que 8% do peso vivo dos
animais.
Magnus:
Esse conflito j tem h bastante tempo. Uma das coisas que os pescadores levantaram
na poca que o capim agulha estaria diminuindo devido a coleta de capim e a a gente
pegou, a equipe da poca, comeou a tratar a questo da seguinte forma: se a gente consegue
coletar capim fazendo rodzios de rea para no intensificar a coleta na mesma rea, porque
realmente poderia acabar com o capim e a forma de coletar o capim.
Porque muito tempo no Projeto o capim era arrancado com raiz e agora ele cortado,
ento ficam alguns centmetros. Se vocs tiverem interesse podem acompanhar uma sada de
campo para coletar capim, feito todo dia isso, a gente pode agendar, tambm tem o termo de
compromisso porque um rgo governamental, vocs vo ter que entrar num barco
governamental, eu vou ter que pedir autorizao para o chefe do Centro Mamferos
Aquticos, mas se houver interesse eu posso intermediar isso.
Ento ocorreram duas coisas, a forma de coletar capim e a pesquisa que a
Universidade Federal fez, que at posso disponibilizar que informou que a diminuio de
algas e capim agulha principalmente pela poluio do esturio, porque aqui para cima temos
Paulista, Igarassu, um centro urbano enorme aqui para cima e tudo que colocado no esturio
vem para c.
Ento aqui uma bacia de capitao, todo esse poluente vem para c e esse poluente
segundo o pesquisador da universidade poderia estar impactando os bancos de capim agulha e
isso tambm nos preocupa porque daqui a pouco a gente ta pegando capim agulha
contaminado, tambm no sei se chega a tanto, para trazer para os bichos e essa gua que a
gente faz capitao pra botar nos oceanrios e a situao tem mudado desde que o projeto est
aqui at agora, a situao tem mudado bastante e normal porque aumentam as cidades e a
gente sabe que o governo brasileiro como um todo e a sociedade brasileira ainda no aquela
preocupao. Uma sociedade que no tem as necessidades bsicas atendidas difcil que as
pessoas se preocupem com o esgoto da sua casa, com o lixo da sua casa.
Se vocs tiverem oportunidade de andar por aqui, principalmente no primeiro igarap
de mangue que tem perto da marina de Itamarac, vocs vo ver a quantidade de lixo que tem
ali e esse lixo no da comunidade daqui porque muito lixo, isso vem descendo l de cima,
ento claro que sem dvida a nossa coleta impacta o de algas e capim agulha.
281
5. Os pescadores informaram que algumas espcies depositam seus ovos no capim e com
a retirada do mesmo estaria atrapalhando o desenvolvimento de algumas espcies. A
retirada do capim prejudica a produo pesqueira?
Magnus:
Sem dvida, onde h esse capim e essas algas coletas tem uma biodiversidade enorme
de peixe, de lagostim e uma srie de outros animais do estoque pesqueiro de interesse dos
pescadores, o que a gente tem que tentar fazer e a nossa preocupao porque o pescador
hoje, no Projeto Peixe- boi principalmente nas populaes nativas de peixe- boi, a principal
informao que a gente tem dos pescadores, pra conservao do animal. So os pescadores
que informam quando o bicho encalha, nos ajudam a resgatar filhotes
Quando a gente faz campanha antes de reintroduzir os peixes- boi so os pescadores
que a gente procura chamar na campanha SOS Peixe-Boi, que todo feito, mas
principalmente prximo do perodo de reintroduo do peixe- boi, ento temos os pescadores
como parceiros e ns precisamos manter esta comunidade como parceira.
Joo Carlos:
Esse caso do capim agulha reincidente nessa afirmao. A gente est sabendo pouco
do que destruio do capim agulha. Em alguns pontos de Pernambuco a gente sebe que existe
e alguns outros pontos na Paraba. Ele limitado pela distribuio geogrfica desse item
alimentar.
Partindo desta informao dos pescadores, algumas pesquisas j foram feitas no
mbito de avaliar o potencial de biomassa produtiva desse item em termo de sazonalidade no
s aqui, mas em outros pontos. De pesquisadores que so independentes, da universidade, por
iniciativa deles muitas dessas pesquisas foram realizadas e o que percebe que no s o
capim agulha como outras algas marinhas, por exemplo, a Gracilaria que uma alga muito
utilizada para cosmticos e alguns desses itens tm diminudo em termo de abundncia e o
capim agulha um desses pela prpria presso dos esturios, independe a coleta do peixe-boi.
Inclusive em lugares que nunca a gente coletou tambm seguem essa mesma
distribuio.
Tratando do capim agulha especificamente isso vinha a tona principalmente na poca
de chuva, isso aumentava e a teve uma pesquisa mais especfica em Itamarac e se constatou
que como acontece com as algas ele tambm sofre uma sazonalidade. Ento quando a gente
chega no vero coma s guas mais claras e poucos ventos a distribuio e a abundncia dele
aumenta, porque o prprio banco aumenta um pouco e em termos de abundncia tambm
aumenta. Quando chega no inverno a transparncia da gua diminui e sua abundncia cai e
isso em termos de manejo, alm de capim agulha fornecemos outros timos de alimentos para
os animais, em termos de dieta isso importante.
Na poca do inverno ns inclusive no oferecemos capim agulha, no porque o banco
as vezes o banco no tem, mas muito em respostas dessas pesquisas que mostram que nessas
pocas do ano diminui muito, ento no tem porque a gente coletar e quando chegar no vero
no ter e a prpria coleta antigamente ns fazamos de uma maneira e a refletimos de cima de
uma informao tcnica de um pesquisador que fez uma dissertao de mestrado que
constatou isso.
282
A gente j fazia uma coisa muito emprica dos prprios mergulhadores que trabalham
no projeto, que coletvamos em pontos alternados para no ter uma presso s em um local.
Hoje, no coletamos nas bordas do banco, onde favorece o crescimento do banco, a gente
coleta no meio do banco e isso j mudou a nossa postura em termos de coleta do item.
Ento se a gente tivesse um mapa de sensibilidade de capim agulha de 20 anos atrs e
aqui no existisse peixe-boi hoje e trouxesse uma nova imagem e fizesse uma sobreposio,
independente de ter coleta, a gente veria que a tendncia desse banco aqui diminuir porque
existe influncia inclusive de sedimentao e a gente v em algumas pocas, em alguns locais
que era como se banco tivesse submerso.
A gente v, por exemplo, em Porto de Pedras, em Alagoas, um local onde a gente no
coleta capim agulha, dentro do rio, que diferente daqui que o capim est na costa chega a
poca de coleta, desce muita gua do rio e ele queima, desaparece, no tem coleta e ele
desaparece e quando chega no vero ele retorna e isso a sazonalidade que acontece.
Por analogia no s o capim agulha, como outras espcies de algas que a gente
tambm utiliza e que eles no falam, no falam talvez por um desconhecimento emprico ou
por porque no acompanha tanto, mas existem outras que diminuem.
Joo Carlos:
No d pra dizer que no interfere porque um manejo que existe. O que a gente faz
minimizar o mximo possvel essa interferncia e a esse minimizar vem dessas estratgias de
manejo que a gente j vem pondo em prtica. Ento, a alternncia dos bancos, existe pocas
do ano que no oferecemos e isso comprovado pelo prprio registro do que a gente fornece
ao longo do ano, por isso a gente tem um custo alto de alimentao, por isso a gente tem que
incrementar com cenoura, beterraba, com alface e com os outros itens.
Para a gente e para os animais era muito melhor que a gente no fizesse isso e
trabalhar s com itens naturais, mas a gente entende que existe um conjunto de coisas.
Inclusive existem lugares que se a gente coletar aquele item, vamos prejudicar a prpria
comunidade de peixe-boi nativo e por esse motivo a gente no coleta em Porto de Pedras /
Alagoas.
Em um trabalho de pesquisa publicado em 1997 dizia que aqui era uma rea de
vazio populacional, entretanto a populao pode ter tido um pequeno incremento de peixes-
boi e esses animais esto utilizando reas que antes no utilizavam. Existem registros de
populaes nativas utilizando a Ilha de Itamarac. A gente no sabe quantificar quanto isso
representa e em que poca isso ocorre de fato.
Um outro ponto que os animais que ns soltamos em Alagoas e na Paraba, depois
de soltos, esses animais tm liberdade de se deslocar, ento Itamarac j foi em algumas
ocasies rea de uso de alguns animais.
Eles so monitorados.
283
7. Desses animais que foram monitorados existe registro em Goiana?
Joo Carlos:
Sim, inclusive em Atapuz. uma rea que a gente tem registro, inclusive uma equipe
nossa foi para Atapuz para conversar com os pescadores, j presenciei a interao desses
animais com as embarcaes. Esses animais interagem com embarcaes mas virar uma
embarcao, no diria impossvel, mas muito difcil. Existem vria fotos que mostram eles
segurando, mostram uma srie de coisas.
Agora, por diversas vezes a gente presencia aquele pescador que est indo pouco pra o
mar e que a embarcao est deriva para crianas brincarem, para mudanas de vento,
intensidade de chuvas e em vrios pontos vemos embarcaes fundeadas.
Joo Carlos:
Esse um ponto que agente est discutindo no Projeto. Existe um conceito que o
processo de Educao Ambiental contnuo, um processo pedaggico, na verdade. Ento
hoje no Projeto ns no temos uma Educao Ambiental, ns temos na instituio Centro
Mamferos Aquticos uma coordenao de Educao Ambiental que est montando uma
proposta de Educao Ambiental, ento isso uma inteno.
O que o Projeto faz e fez no passado um servio de informao ambiental. Atapuz,
por exemplo, j foi uma comunidade visitada levando a necessidade de se proteger e de
conhecer o peixe-boi. Palestra foram ministradas acerca dos equipamentos que eram ento
tidos naqueles animais, o fato de no tirar o equipamento, de no cortar, que s vezes acontece
numa inteno inicialmente boa do pescador de liberar o animal at pelo desconhecimento do
equipamento, ento nesse sentido atividades de informao ambiental j foram feitas, mas um
programa consistente e contnuo de Ed. Ambiental no existe, existe a proposta.
Magnus:
O peixe-boi est neste estgio de criticamente ameaado no nordeste, principalmente
por causa da morte intencional.
Esse bicho foi caado durante muito tempo. Hoje a principal causa de morte so
acidentes com bichos enrolados em redes, principalmente no Maranho. Morte intencional do
peixe-boi a gente acredita que ocorra ainda na regio norte e no nordeste menos.
Agora, em relao ao comentrio dos pescadores do impacto que o peixe-boi pode
causar nessa biomassa de pesca, eu acho que tem duas questes importantes. Em 1 lugar eu
acho que o Projeto tem que tratar, como o Joo estava falando, essa coordenao de Ed.
Ambiental foi uma coisa criada em 20 dias, no tem 1 ms ainda, ento foi uma coisa que a
gente sempre identificou a necessidade, s que a equipe era pequena e precisa ficar nossos
284
esforos para o manejo dos bichos, para a reintroduo desses animais e a gente fazia
pontualmente campanhas de informao, mas a tem uma questo que a gente precisa
realmente amplificar essas informaes porque h pescadores que nos procuram informando
que o peixe-boi come peixe, a equipe toda j ouviu.
Eu trabalhei numa comunidade de pesca artesanal no Piau e ficava na divisa do estado
do Piau com o Cear e principalmente na parte do Cear eu escutava que o peixe-boi comia
peixe.
Magnus:
Bem, se um peixe-boi espanta um peixe, imagina uma embarcao a motor? Ento ele
some com o peixe da rea. O peixe-boi tem um deslocamento super lento, se alimenta em
torno de 8 a 10 % do seu peso vivo de plantas. As fezes dele fertilizam o ambiente e alimenta
as larvas de peixe. Ento o peixe-boi colabora para o aumento da quantidade de peixe.
As reas que ocorrem peixe-boi, por exemplo, os esturios, principal berrio para os
peixes-boi tambm o principal berrio para essa biomassa pesqueira.
Os esturios hoje esto extremamente impactados por poluio, assoreamento, por
fazendas de camaro, especulao imobiliria por serem reas belssimas e sofrem presso.
Uma grande parte da populao brasileira est vivendo no litoral do Brasil. O que ser
que o peixe- boi tem impactado a atividade do pescador?
A discusso tem que ser nesse sentido. Hoje quando a gente pensa em melhorar a
condio do pescador, a gente v muito pecador solicitando financiamento para comprar rede,
para comprar mais barcos, ou seja, ns vamos aumentar a presso em cima do estoque
pesqueiro que j no suficiente e daqui a pouco se a gente aumentar a intensidade da pesca a
capacidade de captura desses peixes, ser que essa atividade vai ser sustentvel?
Ento, preservando regies, como por exemplo, na APA da Costa dos Corais, onde
vocs j tiveram e entrevistaram, est uma proposta feita pelo Mauro Mayda em que ele
pegou uma rea da Costa dos Corais e fez uma excluso de pesca. O que ocorreu? Nos reas
adjacentes os pescadores esto melhorando o estoque de peixe e est recrutando peixes para
outras reas.
O Japo j fez uma oratria de pesca durante 3, 4 anos a voltou a quantidade que era
pescada, voltou a oferta de peixe.
Hoje o pescador ta indo para o mar para pescar, mas tambm existe peixe que come
peixe.
Um peixe-boi que eventualmente rasga uma rede, ainda bem que rasga, se no o bicho
ia morrer ali dentro. Mas ser que aumentar a quantidade de rede ou uma rede mais resistente,
vai matar o peixe- boi. No s o peixe- boi, mas muitas tartarugas e golfinhos.
Claro que a situao do pescador uma situao crtica, mas a gente precisa de uma
poltica como um todo. A gente precisa preservar esses estoques pesqueiros, porque o estoque
est ameaado no mundo inteiro. Ns estamos com vrias espcies de peixes comeando a
entrar num declnio populacional, a quantidade e o tamanho esto diminuindo.
O pescador ia para o mar e em 1 ou 2 horas voltava com sua canoa cheia, sendo que os
peixes de tamanho mdio e pequeno eram todos para as pessoas que ajudavam tirar o peixe.
Eu vivi numa comunidade chamada Cajueiro da Praia, divisa com o Piau e o Cear,
onde as pessoas em 2 horas voltavam para o continente porque no cabia mais peixe em sua
285
canoa. Hoje, eles passam a mar inteira pescando e voltam com o peixe para a sua
subsistncia e com muita sorte conseguem vender, ou seja, l no existe histrico de peixe-
boi estar atrapalhando a pesca. L inclusive, o movimento contrrio. Existe uma proposta de
criao uma Unidade de Conservao porque se ns preservamos o peixe- boi e para
preservar o bicho temos que preservar a pesca de l que a pesca artesanal, os moradores da
Unidade de Conservao so os pescadores artesanais que no querem que chegue a rede para
eles, no querem que chegue barco a motor e no querem que venham pescadores de outra
regio para intensificar a pesca. Eu presenciei 14 embarcaes com cinco peixes boi em volta
dessas embarcaes e as pessoas pescando, rindo, brincando, interagindo e foi uma cena
marcante para mim porque eu estava em um dos barcos, eu sa com os pescadores para pescar,
para ver onde os bichos estavam, ara saber quais so os hbitos do bicho e observei o que
sempre escutava e que difcil acreditar, peixe- boi e pescador, um do lado do outro.
L houve um acorde de pesca, os pescadores concordaram em a gente limitar o uso de
rede e proibir o uso de rede em uma srie de lugares. Eles tiveram uma relao com o peixe-
boi extremamente benfica. L tem vrios relatos que quando eles passavam a rede na poca e
se tirava o camaro nativo, de vez em quando o peixe- boi se enrolava na rede e eles j tinha
at uma prtica de levantar a rede, os camares eram perdidos e o bicho era salvo, isso eles
contam com orgulho.
Outra coisa que acontece em Cajueiro da Praia so os currais de pesca e eventualmente
entra um peixe- boi e o que os pescadores fazem? Eles arrebentam o curral de pesca, inclusive
temos imagens disso, do filhote dentro do curral de pesca e a sua me fora do curral e a
comunidade ficou no local, chamou nossa equipe do projeto e o curral foi aberto. Ento
perderam o peixe que estava ali, na outra mar tiveram que consertar o curral e ficaram
orgulhosos de terem salvo o filhote. Essa a questo.
O pescador est pressionado e ns lamentamos muito isso. Se no conservarmos o
habitat como um todo... Ns temos que pensar no peixe- boi, na tartaruga e em todos os
peixes. E assim sim, o pescador pode melhorar esse estoque pesqueiro e por consequncia a
sua atividade.
Outra coisa, quantos pescadores existiam a 2, 3 sculos e quantos existem hoje? Ao
mesmo tempo que o estoque pesqueiro diminui, aumenta a presso em cima do peixe. Temos
que discutir, qual o manejo que a gente tem que fazer no habitat como um todo e qual a
capacidade suporte. Se a populao hoje que no tem emprego e a gente escuta muito isso
dentro do projeto, como a gente gasta e os recursos so vultuosos para conservar uma
espcie onde a populao est passando por dificuldade? Mas, o que ns temos que ter? Uma
estratgia de conservao, uma poltica pblica de conservao, por isso a gente gasta
dinheiro para conservar o peixe- boi que um patrimnio nacional. A biodiversidade a gente
precisa conservar e isso inclui a comunidade tambm.
Hoje quando se fala em conservao, se fala em desenvolvimento scio- ambiental. O
que adianta a gente aumentar a capacidade de captura do pescador. Que eventualmente o
peixe- boi rasga uma rede mas ser que este o principal problema na diminuio da
quantidade do estoque pesqueiro?
No tem peixe- boi em alto mar e porque o atum est acabando, a sardinha est
acabando, porque os outros peixes esto acabando? No Rio Grande do Sul, Santa Catarina no
tem peixe- boi, Rio de Janeiro, So Paulo e l est catica a situao do pescador.
Mesmo se passando a informao do pescador, a sua situao no vai mudar. Talvez
mude a viso dele com relao ao peixe- boi, ns temos que pensar em alternativa de renda.
286
O Projeto Peixe-Boi tem turismo de observao em Barra de Mamanguape, onde
temos em torno de 15 a 20 canoeiros, que so pescadores da regio que ganham dinheiro para
levar turista para ver peixe- boi. Tambm temos em Alagoas o peixe- boi de pelcia que
vendido aqui na loja que feito pela comunidade de Barra de Mamanguape, e acredito que
seja a maior parte do emprego formal de l. Ento a senhora que est l costurando, ta levando
renda para sua casa, porque o seu marido que vive de pesca est passando por extremas
dificuldades.
Joo Carlos:
importante destacar que a propostas essas atividades gerar uma alternativa e no
fazer com que eles desaprendam ou seja passado todos esses aspectos tradicionais da pesca, a
pesca no desencorajada, muito pelo contrrio, ela tem sim que ser mantida. Esse turismo de
observao do peixe boi uma alternativa econmica para a renda deles, sobretudo em pocas
que a pesca passa por algumas dificuldades e em funo da sazonalidade que ela apresenta.
Magnus:
O que o Joo comentou extremamente importante porque por exemplo em Alagoas,
surge uma alternativa de renda e as pessoas que vivem da pesca ou outra atividade, tem na
alternativa de renda a sua salvao e todo mundo vai para aquela atividade e sobrecarrega essa
atividade. A impacta o bicho a atividade, o prprio turista est vendo que aquela atividade
no est sendo benfica ao animal e ele comea deixar de fazer essa atividade. Tudo tem que
ser feito com cuidado porque a mesma presso que est sofrendo a pesca o peixe- boi vai
sofrer com o turismo de observao e essa atividade no vai ser sustentvel.
Joo Carlos:
importante destacar que hoje, no diria na sua totalidade, mas 90 % dos animais que
esto aqui, esto aqui hoje porque teve o envolvimento direto com os pescadores. A gente no
tem o entendimento que uma rota de coliso, pelo contrrio, existe uma afinidade muito
grande. Se a gente for olhar o passado, se retrocedermos uns 30 anos, a principal causa de
morte de peixe-boi marinho no nordeste era de pescadores que na mesma prtica que tinham
par pegar tainha e outros peixes, tinha de pegar peixe-boi, inclusive com apetrechos de pesca
especfico para isso. Essa era nossa sociedade daquela poca, hoje a postura mudou, temos
encalhes que so em reas urbanas e que existe uma ajuda coletiva da sociedade.
Joo Carlos:
Na maioria das vezes o prprio pescador que se depara com o filhote que de repente
deixa um familiar cuidando do filhote e vai ao primeiro orelho pblico e liga para a equipe
do projeto.
Magnus:
Isso uma consequncia das campanhas de informao que a gente faz. O pescador
capacitado como tem que fazer, botar o bicho na sombra, manter molhado, no alimentar, isso
o pescador sabe.
A maioria desses bichos que esto aqui, se no fosse o pescador... Existem histrias
belssimas de comunidades que o pescador pegou um filhote, subiu uma falsia e a as
287
mulheres tiraram leite do peito para dar ao filhote enquanto nossa equipe no chegava. Isso
so coisas que emociona qualquer pessoa que poderia estar trabalhando a 50 anos com peixe-
boi.
Claro que isso foi na inteno de ajudar e acabou causando uma disenteria no animal.
Em primeiro lugar a gente agradeceu demais a comunidade, mas pedimos que no alimentem
. Levem, protejam e liguem pra gente. Ns do Projeto Peixe-boi no temos condies de estar
monitorando cada quilmetro de praia para ver se o bicho est encalhando, o pescador
essencial dentro da estratgia de conservao. O pescador o nosso principal parceiro. A
informao chega para a gente atravs dele.
Joo Carlos:
Ns no temos encalhes de filhotes em Pernambuco, mas temos nmeros locais
inclusive em Atapuz, onde ns j tivemos ajuda de pescadores. Existe essa rea de
deslocamento desses animais e por algumas razes nesses animais o equipamento se enrosca,
ou mesmo a mesma informao que o animal est presente no local para a gente j uma
grande ajuda e quem nos trs essas informaes so os pescadores que so parte importante
em todo o processo de conservao.
288
Anexo III
Entrevista com Dr. Cludio Rabelo - Presidente da Comisso de
Carcinicultura de Pernambuco.
289
Entrevista com:
Dr. Cludio Rabelo, Presidente da Comisso de Carcinicultura de Pernambuco.
Entrevistador:
Eng. Pesca, Cezar Leite do Instituto Oceanrio-PE.
Local: FAEPE
DATA: 27/04/2009.
290
Voc conhece esse problema?
Sabe qual o produto utilizado que poderia ocasionar esse problema?
Claudio Rabelo - Pra mim a primeira vez que algum me fala e se isso tem algum problema
ao mangue a primeira vez. O que posso dizer a voc que eu puxo gua do mar na minha
fazendo e que o mangue que no crescia na minha fazenda hoje ta com 8 metros de altura.
Ento a recuperao do meu manguezal, da minha propriedade visvel. Ns j fizemos
reportagens para o jornal do comrcio e outras entidades pra mostrar o quanto o mangue na
minha fazenda bonito, alto, coisa que no era antes. Eu no vejo nada contrrio ao efluente
de camaro at agora e ns fazemos o monitoramento disso com um bilogo j vai completar
3 anos e nada indicativo de precisar de tratamento de efluente, nada. Muito Pelo contrrio,
ns pegamos muitas vezes gua do mar com 2300... de coliformes fecais e na hora da
despesca est com zero, com 10, com 5. Ento ns funcionamos como uma bacia de
tratamento de esgotos que so jogados no mar, nos rios. E eu tenho esses dados cientficos
que mostram que o efluentes de camaro no causam mal a coisssima alguma. Ento,
defronte da minha fazenda so os bancos de espcies de mariscos e cada ano tem mariscos e
atribuo gua rica que ns podemos jogar no mar. Ento a ttulo dessas coisas j tem produtor
de camaro fazendo recirculao de gua para no perder a gua rica que colocada para fora
sem a menor necessidade. A gente podendo usufruir da fertilizao do prximo viveiro re-
circulando a gua. Ento esse o futuro. O futuro que vamos fazer re-circulao das guas e
no mais tendo que responder que so mais coisas ideolgicas que coisas cientficas.
291
Anexo IV
Entrevista com Assis Lacerda (Pesquisador/Tcnico da CPRH)
292
Entrevista com:
Eng. de Pesca, MSc em Oceanografia Assis Lacerda Lins Pesquisador/Tcnico da CPRH
Entrevistadora:
Biloga Amanda Farias
Local: CPRH
Data: 15/04/09
Horrio : 9:00 h.
Barreiros
Em Barreiros alguns pescadores informaram que o curso do rio havia sido obstrudo.
Foram colocados sacos biodegradveis e que isso estar prejudicando o manguezal. Ento
gostaria de saber o histrico do processo. Como isso ocorreu?
Assis - O que aconteceu que a foz do Rio Uma que divide Barreiros e So Jos da Coroa
Grande sempre foi uma foz muito mvel e sempre mudava de posio.
Existem um cordo arenoso na frente e uma pequena baa. Esse cordo sempre rompeu
independente da poca. Eu tenho registro, inclusive de plantas do Exrcito de 1946 at as
imagens atuais. J houve algumas variaes de foz.
O que aconteceu mais srio l foi um conflito de terra porque quando se abriu em 2000, teve
uma grande cheia que iria prejudicar toda a populao de Vrzea do Una, Abreu do Una e
Barreiros. Pra que a cheia escoasse mais rpido a prefeitura abriu um canal neste istmo
arenoso, um canal provisrio perto do canal principal do Rio Una.
S que em 2000/2001, por conta da hidrodinmica diferenciada e em funo dessa abertura,
houve o assoreamento do leito principal do Rio Una. Esse assoreamento estava se consolidado
com o plantio de coqueiros e havia uma disputa de terra.
Como o rio assoreou no canal, na frente da propriedade de certa pessoa ela se achou no direito
de uso. Porm era uma rea do Patrimnio da Unio e isso gerou um conflito com a
comunidade. A comunidade queria que o rio voltasse ao leito principal e o ministrio pblico
entrou com uma Ao Civil Pblica. Criou-se um grupo de trabalho, havendo uma dinmica
de articulao entre rgos. Consegui-se identificar que o cidado no poderia nunca ter
citado aquela rea como sendo de direito de uso dele porque o mesmo no possua
documentao. Ento houve uma campanha e abriu-se novamente o canal onde era o leito
antigo do rio.
A gente conseguiu abrir o canal. A mar e o fluxo estavam ajudando a aumentar a largura
desse canal. O leito do rio estava voltando ao local natural.
S que em maio de 2007 houve outra cheia e essa enchente invadiu algumas casas do
povoado de Vrzea do Una e um vereador com a ajuda de outras pessoas abriu
provisoriamente um canalzinho, justamente onde esto esses sacos de plstico. Nessa poca,
que era a de cheia, abriu um grande canal, erodiu um pedao do coqueiral de uma propriedade
293
Foi um grande estrago e para a correo dessa eroso, uma empresa que estava tratando de um
projeto grande na Praia do Porto, juntos tambm com outro e um EIA/ RIMA. Usaram a
tcnica de barrar essa foz com enormes sacos de areia que se consolidou.
Foi uma coisa bem feita porque no era a foz natural do rio, era uma foz, que foi induzida e
que poderia trazer maiores prejuzos ambientais. Esse fechamento fez com que a presso do
rio voltasse ao canal natural.
Alguns pescadores de l esto com muita distoro na linguagem da histria porque agente
est falando de um esturio dinmico. Um esturio de mltiplos usos. No s para a pesca,
mas tambm a recreao, o turismo, etc. e que a gente precisa equalizar todos esses interesses
dentro do esturio.
O barramento com sacos plsticos foi feito pela Equalta (empresa), com a orientao tcnica e
autorizao da CPRH.
Qual a relao dos pescadores com a CPRH? Existe algum que faz essa intermediao?
Assis - No existe uma pessoa que faa diretamente, exclusivamente com os pescadores. O
papel da CPRH ter uma relao com a sociedade como um todo.
Em cada processo h o envolvimento com todos os interessados, inclusive os pescadores.
Nesse caso de Vrzea e Abreu do Una houve o envolvimento atravs da Ao Civil Pblica
de todos os interessados de fato: Associao de pescadores, Colnia de Pescadores,
Associao de moradores de Vrzea do Una, Museu do Una, Ministrio Pblico, GPRU,
Polcia Federal, Assemblia Legislativa, CPRH e IBAMA.
294
A grande questo da gente como conciliar esses direitos. Fazendo zoneamentos ou
orientando os pescadores para que pelo menos, quando for colocar a rede, deixar uma
passagem, um canal entre as redes, que seja possvel navegar. Porque eles no tm o direito de
impedir a navegao.
Usina Trapiche
Assis - O problema que esto se apoiando muito nessa reivindicao desse grupo de
pescadores atuais, onde a pesca mista.
A pesca um complemento de renda de uma famlia, no a renda nica. So pescadores
parciais, no um pescador tradicional do tempo de Caymmi. Est havendo uma distoro.
No tem mais sentido hoje estar criando reserva extrativista de esturio que no comporta
mais a quantidade de gente que vai pegar um suplemento de alimentao, um complemento de
renda. No a nica renda.
Sobre a RESEX...
Assis - Em cada regio dessa, necessrio saber o histrico de cada conflito porque fica
parecendo que existe realmente a expulso das famlias das ilhas do esturio de Sirinham...
... Existe especulao no s da mdia como da Pastoral dos pescadores e Pastoral da terra.
Eu vejo uma grande distoro nessas informaes atuais que esto sendo colocadas.
Na verdade o conflito fundirio das ilhas passa-se por dcadas. Era uma rea da Unio, existiu
o aforamento por parte da usina, mas eles no se incomodavam com os moradores antigos,
inclusive a maioria trabalhava tambm na usina.
S que houve a mudana de dono e o novo proprietrio comeou a redefinir o uso do solo dos
engenhos, comeando a trazer para os engenhos principais ou para os povoados de Santo
Amaro, Barra de Sirinham e Sirinham. A inteno era de concentrar mais as populaes que
estavam espalhadas pelo engenho. Ele usou a mesma estratgia para as ilhas.
Existe uma constatao da CPRH desde 98 que estavam morando nessas ilhas perto de 57
famlias, mas a maioria no tinha condies de habitao adequada.
As ilhas so estuarinas. Ento a salinidade era mxima. A insalubridade de vida era grande.
No comeo dessa discusso houve uma tendncia a aumentar o conflito atravs de denncias
da usina que essas 57 famlias estavam degradando o meio ambiente.
No atendimento a essa denncia a CPRH foi fazer um relatrio na maioria das ilhas. Depois
do relatrio, a CPRH se posicionou e disse que no eram os moradores das 57 famlias que
estavam degradando o esturio. O impacto ambiental de convivncia deles com o esturio
eram mnimos e que os mesmos poderiam ser mantidos no local.
Agora, considerando as condies de habitao, era melhor que eles sassem dessas ilhas e
fossem para junto da rea urbana e fossem para perto dos servios sociais, se sade, etc.
Ento foi a nova estratgia que a usina utilizou. Negociou com a maioria das famlias, deu
casa ou arrendou.
295
E eles pescavam ?
Assis - Eles pescavam. Era um misto entre agricultura entre agricultura (coletores do
esturio), pesca interna. Ento a pesca, na sua maioria era um complemento. A maioria tinha
uma relao de trabalho com a usina, a prefeitura... Foi um benefcio a retirada do povo
daquelas ilhas.
O que est havendo agora, so grupos de interesse, que no so pescadores que querem criar a
Reserva Extrativista fora. Aquele esturio, hoje, no tem como sustentar a quantidade de
famlias que moram em Barra de Sirinham e Sirinham e que so coletoras...
... Existe o monitoramento do IBAMA, CPRH, como tambm o cidado comum pode fazer
isso...
Os pescadores de Barra de Sirinham que so a comunidade mais forte da rea, vo continuar
sendo monitores ambientais, ento vo denunciar se houver recarga de vinhoto. Agora, o
esturio continua sendo rea de pesca, a usina no pode impedir ningum de pescar.
Assis - Isso desinformao porque se voc abrir qualquer mapa, site de imagem de satlite,
voc vai ver que o manguezal de Sirinham existem vrias reas que pode entrar e sair. Essa
informao no condiz com a realidade.
Tejucupapo
Assis - Eu desconheo. Nunca fui alertado ou houve denncia em funo desse p branco.
a primeira vez que eu ouo falar nesse p branco nas razes.
bom ter muito cuidado porque o esturio do Rio Itapessoca possui alguns projetos de
carcinicultura, mas a indstria de peso da regio uma fbrica de cimento e que um dos
impactos da fbrica de cimento justamente o efeito do p de fuligem.
Tejucupapo no tem uma grande concentrao de projetos como no Rio Itapessoca. Existe no
Rio Siri que um efluente dele. Muito me estranha esse p branco.
bom que houvesse uma denncia oficial para que a gente possa ver e identificar a origem.
No efluente no existe fuligem, fumaa. necessrio investigar, pode ser muita coisa...
Assis - necessrio que haja uma informao mais slida, uma denncia por fatos com
296
constatao para ver a durao desse p, por exemplo. necessrio uma base de informao
para a CPRH ir at o local.
Tejucupapo uma comunidade imprensada entre a cana, o coco e o mangue. Ento muita
coisa que acontece naquela regio j tem um processo histrico de dcadas e o que eu tenho
observado que algumas instituies e pessoas ligadas a pescadores no tem como ter um
projeto que levante a economia dos pescadores e no tm condies de discutir toda a soluo
da questo social do pescador, esto se apoiando em denncias de uma nica atividade e s
vezes sem razo.
A atividade da carcinicultura, teve seu impacto, agora, pode no ser ela que esteja causando o
impacto imediato da pesca.
297
Anexo V
Entrevista com Laurineide Santana (Secretria Executiva da CPP
Nacional) e Severino Antnio dos Santos - Bill (Agente da Pastoral e
Secretrio Geral da Regional Nordeste)
298
Entrevista com:
Sra. Laurineide Santana Secretria Executiva da CPP Nacional
Sr. Severino Antnio dos Santos (Bill) - Agente da Pastoral e Secretrio Geral da Regional
Nordeste
Entrevistadora:
Biloga Amanda Farias
Local : CPP
Data: 22/04/09
Horrio: 14:00
Barreiros
Bill - Barreiros est no cenrio novo da pesca. At 2000 no tinha registro de pesca em
Barreiros. Em 2000 entramos em contato com algumas pessoas, com pescadores que estavam
pescando na rea e as informaes que eles passaram, nessa poca, era que o rio na baixa
vazo (no vero) a foz do Rio Una fechava e um fazendeiro dessa rea plantou coqueiro na
regio. Eu acho que houve 5 reunies pblicas em 2004, 2005 e 2007 com a Assemblia
Legislativa e a Comisso de Meio Ambiente e tinha sido autorizada a abertura da foz do rio.
Em 2007 a Deputada Cea Ribeiro, nos chamou e fomos ao local e as mquinas retro
escavadeiras estavam cavando para abrir de novo o leito do rio.
At aquele momento no foi dito que tinha autorizao da CPRH. Aquela rea est dentro da
APA Costa dos Corais, que uma APA Federal que tem a sede em Tamandar e o pessoal da
APA tambm estava entrando com o fazendeiro que estava tampando a foz do rio. Como era
uma APA Federal tinha que ter a autorizao da Gerncia da APA local.
Bill - J tinham reclamado. A gente j tinha ido l algumas vezes com a Comisso de Meio
Ambiente e a Assemblia Legislativa. Visitamos a rea e constatamos que o fechamento era
artificial e no natural, que o dono da fazendo tinha plantado coqueiros. Em uma das
audincias que eu participei e o dono estava presente, ele colocou que estava preservando o
meio ambiente.
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Ento isso no estava causando nenhum prejuzo aos pescadores ou ao ecossistema?
Bill - Para o dono da fazenda os pescadores no utilizavam aquela rea, quem no tinha
problema ambiental nenhum e que plantar os coqueiros era bom pra evitar a eroso na costa.
Fato que foi desmentido porque os pescadores estavam presentes e que ficou determinada a
abertura da foz.
Bill - Se fizer uma barragem no leito do rio j prejudicial, imagina tapar a foz do rio! No
prejudica s o rio, mas todo o bioma marinho daquela regio. Aquela regio rica nos bancos
de corais, s que os bancos de corais dependem da influncia dos rios. Por isso que to rica
aquela rea.
Bill - Traz porque os pescadores que pescam dentro do rio, eles dependem da subida dos
peixes na poca da desova, no caso, a tainha, o camurim e esses pescadores no estavam
tendo mais esses peixes por causa do fechamento da foz e isso causa um impacto na
reproduo e na economia dos pescadores. Como tambm algumas espcies como ostra,
sururu e o marisco que dependem da influncia da gua salgada dentro do esturio, estavam
diminuindo pelo ndice alto de gua doce.
A Pastoral realiza alguma atividade para evitar o conflito de uso dentro do manguezal?
Existe algum trabalho sendo feito l?
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natureza desmancha e com a interferncia do dono da fazenda gerou um conflito com a
comunidade pesqueira e os pescadores ganharam na justia o direito de reabrir a barra.
Bill - Outro conflito a construo dos Resorts Portugueses e Italianos na rea de Praia do
Porto que at ento uma das nicas praias do litoral no habitada, as fazendas foram
vendidas para esse empreendimento com o aval do Governo do Estado e os pescadores vo
ficar impedidos de ancorar embarcao, de confeccionar as redes na beira da praia, de
consertar as embarcaes. o mesmo que acontece em Porto de Galinhas, na frente dos
Resort que ningum mais toma banho, tem ruas que ningum passa. Imagina uma praia que
era virgem, que no tinha nada e vo ter logo trs Resorts.
Bill - Existe uma legislao que no permite nenhum curso dgua com apetrecho de pesca.
Agora o que est acontecendo em Pernambuco, no se tem uma clareza da realidade de cada
rio, de cada esturio. Por exemplo, no litoral norte em Itapissuma, foi proibida a pesca do
camaro sem nenhuma discusso com a comunidade sobre o tipo rede utilizada, no litoral sul,
no tem nenhum disciplinamento do uso de apetrecho de pesca e tipo de pesca que tem que
ser desenvolvido. No caso, hoje os pescadores colocam as redes que vai de um lado ao outro
do rio. Mas como o rio pequeno, com a chegada de embarcaes eles retiram as redes, no
tem tanto conflito nesse sentido. O problema maior que como no tem um ordenamento na
atividade a ser realizada l, nem com relao ao turismo nem a pesca. As duas APAs (APA
dos Corais e a APA de Guadalupe) no fizeram nenhum ordenamento. O culpado no o
pescador e sim quem no fez o ordenamento. At ano passado a APA de Guadalupe
funcionava com um vigilante e uma coordenadora. No tem um conselho gestor, no tem
plano de uso, s tem o decreto de criao da APA.
Laurineide - Para cobrar do pescador, tem que cobrar do turismo, ordenar o turismo, ordenar
a pesca.
Bill - Outro fato ali que tambm muito comum a retirada de areia. Os rios do litoral sul
sofrem extrao de areia, tanto manual como a com mquina. O rio Una um desses focos e
h retirada de areia quase dentro do esturio e esse extrao autorizada pela CPRH.
Usina Trapiche
Como vocs vem a relao entre a Usina e os pescadores. Qual a posio da Pastoral?
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vinhoto, plantar a cana na margem do mangue e para isso tinham que tirar todos aqueles
pescadores que vivem exclusivamente da pesca, que denunciavam, que tinha uma
organizao.
Bill - Temos relatos de pescadores que a usina tem um convnio com o Departamento de
Botnica da Universidade Federal Rural de Pernambuco, o CIPOMA e a CPRH por causa de
APA do esturio do rio Sirinham, que tem uma APA reeinvindicada pelos pescadores em 98
que foi uma das ltimas aes de Arraes.
A a usina utilizada desse convnio fica ameaando os pescadores com uma pessoa da prpria
usina e os fiscais.
Alguns pescadores relataram, denunciaram que o funcionrio da usina e o CIPOMA tomaram
a produo e os apetrechos de pesca. J foram feitos vrios boletins de ocorrncia na
delegacia, mas no foram tomadas providncias.
Laurineide - O que se sabe que algumas pessoas que esto mais ligadas usina que tm
autorizao de pescar. L uma rea onde a usina a nica fonte de emprego, mas a maioria
no tem autorizao para pescar. Essas pessoas moram distante e muitos vivem hoje de catar
lixo. A usina argumentava que aquilo no eram condies de vida, era insalubre, que era
desumano.
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Bill - Eles no tm o ttulo do terreno, no tm o documento da casa, tudo no nome da usina
e eles tm que sair de l para pescar, para complementar a renda. Sem contar que as famlias
que viviam juntas, foram cada uma para um grupo no municpio e isso os desarticulou.
A usina Trapiche se utiliza dos ttulos ambientais onde faz reflorestamento a 5 metros da
margem do rio de Ing e diz que mata ciliar, com isso ganha ttulo ambiental que para eles
isso pouco porque trabalham com a exportao do acar e do lcool.
Ela tambm barrou o rio Sirinham, tem uma hidreltrica dentro do rio e ningum sabe como
foi aquela concesso, como ela conseguiu, at que em 2002 ela comeou a fornecer energia da
CELPE e a rea de esgotamento, a rea de conteno do esgoto fica menos de 5 metros do
leito do rio.
Laurineide - Eu no entendo como a usina se declara tendo o ttulo que protetora do meio
ambiente e a primeira coisa que os donos fizeram ao chegar em Sirinham foi desmatar todos
os stios da usina. Voc anda hoje dentro do territrio de Sirinham e no existe mais stio
nenhum, so todos desmatados.
Bill - Era onde moravam os trabalhadores mais antigos da usina. Eles moravam dentro do
canavial e ao redor da casa ele tinham o stio onde plantavam, tinha manga, tinha jaqueira.
Todas essas reas a usina solicitou de volta, derrubou as casas e destruram toda a vegetao
que tinha.
Laurineide - Solicitaram foi uma forma delicada de Bill falar. Na verdade, na maioria das
vezes, eles passavam o trator por cima, inclusive de casas com tudo dentro.
Tejucupapapo
Bill - Tejucupapo fica entre dois esturios, o da Mega em Goiana (rea norte) e de Itapessoca
(na rea sul). Nos dois esturios tm a problemtica da carcinicultura. No Maga com a
implantao da Atlantis em 1994, maior carcinicultora em Pernambuco, onde desmatou,
queimou mata atlntica, desmatou manguezal, aterrou camboas e mais recentemente tem os
empreendimentos do chamado plo da carcinicultura de Pernambuco.
At 2000 era o seguinte, todo empreendimento de engorda de camaro era implantado no
litoral norte de PE, entre Itapissuma e Goiana.
Com o conflito em Itapissuma, foi chamado o Conselho Estadual de Meio Ambiente (entre 98
e 2000) para tomar providncias, a eles criaram a resoluo sobre a implantao da
carcinicultura e foi determinado que os empreendimentos de carcinicultura no poderiam ser
dentro do manguezal, teriam que ser em uma rea externa e poderiam utilizar uma rea de 30
a 50 % dos apicuns e salgados.
Os viveiros implantados no esturio de Itapessoca em Porto Ferreiro (Tejucupapo) esto
dentro dessa legislao, s que para esses empreendimentos se implantarem deveriam ter uma
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bacia de decantao dos sedimentos que saem, o que s tem nos grande empreendimentos,
que mesmo assim no tem suporte suficiente para armazenar toda a gua que utilizada
nesses viveiros.
Em 2006 houve um seminrio teve um Seminrio Internacional do Cear sobre a problemtica
da carcinicultura nas comunidades tradicionais e um pesquisador colocou que para cada 1 Kg
de camaro eram utilizados 50.000 litros de gua salgada. Cada viveiro daquele tem 8 ha, 6
ha. e teriam que ter uma bacia de conteno duas vezes maior do que a fazenda de
produo.Ento todo dejeto jogado no esturio.
Na rea de Mega foi diagnosticado a mortalidade de caranguejo, alguns pescadores que
trabalhavam nas fazendas falaram que ao fazer a despesca do viveiro ele colocam meta
dissulfito que em contato com a gua absorve o seu oxignio e essa gua jogada no esturio
e ele passa matando tudo.
A questo do branqueamento com algumas pessoas e fomos informalmente comunicados que
poderia ser o uso de cal virgem nos viveiros, porque depois da despesca eles teriam que ficar
um tempo secos para matar os germes, a para diminuir o tempo que ele passaria seco, os
proprietrios colocam cloro e o cal. Ele colocam e deixam uma parte da manh. Deixam uma
mar entrar e quando a mar sai, leva todo o produto que est dentro do viveiro.
Bill - A gente no tem uma relao com os empresrios da carcinicultura. A relao que a
gente tem de denncia. A gente v um empreendimento que est prejudicando o manguezal,
que est trabalhando de forma inadequada, a gente vai e denuncia. Denunciamos aos rgos
competentes. Ns fizemos uma provocao com a Comisso de Meio Ambiente e eles fizeram
um diagnstico da carcinicultura no estado de Pernambuco.
Foi diagnosticado nessa poca que as empresas que diziam que tinham as bacias de
decantao, essas bacias no funcionavam, no tinham o suporte adequado para funcionar.
A comunidade de Atapuz sitiada pelas fazendas de carcinicultura. Antes sitiada pelos
areeiros. Hoje todos os proprietrios de areeiros esto transferindo a produo de areia para a
produo de camaro.
A so 7 km de estrada at chegar na comunidade em uma estrada de barro.Desses 7 km, 5 km
so rodeados de arame farpado em volta do manguezal, aonde tem viveiro e onde no tem
viveiro j est cercado.
Isso causa um impacto muito grande na comunidade, por exemplo, a comunidade do Gamb,
na entrada de Atapuz eles caminhavam 500 m e estavam no mangue, hoje elas tem que
caminhar os 7 km para chegar na praia de Atapuz e entrar no mangue e pescar. Quando
voltam, vem com balaio de ostra, balaio de sururu na cabea at a comunidade.
J fizemos denncia Tejucupapo e estamos trabalhando mo litoral morte a implantao de
Unidades de Conservao. No esturio de Mega foi implantado em setembro de 2007 a
primeira Reserva Extrativista Interestadual que pega Pernambuco e Paraba e no lado sul de
Tejucupapo, no esturio de Itapessoca, at o canal de Santa Cruz est sendo trabalhado a
implantao de uma RDS nesse esturio.
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E no ano passado o Governo do Estado criou uma APA e est sendo discutido o manejo da
rea. Nas duas reunies que tivemos a Secretaria de Meio Ambiente coordenando um grupo
de trabalho sobre a gesto da rea, colocamos que estava havendo impacto da carcinicultura e
que, antes de mais nada, deveria ser feito o levantamento do impacto da carcinicultura nas
comunidades tradicionais do esturio.
S que na ltima reunio, todo foi repassado para a CPRH e o grupo foi destitudo.
Laurineide - A gente deveria estar motivando para que se fizesse um estudo disse e estar
responsabilizando o Governo do Estado atravs da CPRH pelos danos que a carcinicultura
est fazendo, tanto pelo desmatamento do manguezal, como pela poluio porque a CPRH
licencia e quando no licenciado, ela tem o conhecimento e conivente com o que faz.
Ento dentro da CPRH tem um advogado que defende os empreendimentos da carcinicultura
como se fosse as mil maravilhas, ento o Governo de Pernambuco tem que ser
responsabilizado pelos danos ambientais.
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