Atitude Empreendedora e Suas Dimensoes PDF
Atitude Empreendedora e Suas Dimensoes PDF
Atitude Empreendedora e Suas Dimensoes PDF
Braslia
2008
UNIVERSIDADE DE BRASLIA - UnB
FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAO, CONTABILIDADE
E CINCIA DA INFORMAO E DOCUMENTAO - FACE
PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ADMINISTRAO PPGA
Braslia
2008
UNIVERSIDADE DE BRASLIA - UnB
FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAO, CONTABILIDADE
E CINCIA DA INFORMAO E DOCUMENTAO - FACE
PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ADMINISTRAO PPGA
BANCA EXAMINADORA
___________________________________________________________________________
Braslia, 2008.
Aos meus pais e irm pelo amor, carinho e
incentivo que contriburam de uma forma muito
especial para execuo deste trabalho.
AGRADECIMENTOS
minha famlia pelo apoio compreenso, amor, pacincia e incentivo que me proporcionou
condies favorveis para a realizao deste trabalho.
professora, Doutora Eda Castro Lucas de Souza, que atravs de seus conhecimentos me
ensinou e despertou o interesse pelo assunto abordado neste trabalho.
Ao meu namorado Rafael, que alm de ter contribudo para a elaborao deste trabalho, foi
muito compreensivo, e um grande amigo.
professora Cristina Castro Lucas de Souza Depieri, pelo carinho, dedicao, sabedoria e
orientao, que me estimulou e me deu condies de para ampliar meus conhecimentos.
professora Doutora Ftima Bruno, que sempre esteve presente nos momentos em que mais
precisei, contribuindo de forma significativa para este estudo.
1- INTRODUO
A escolha dessas empresas se deu pelo fato das micro e pequenas empresas, em
conjunto, representarem em 2002, 99,2% do nmero total das empresas formais no Brasil,
57,2% dos empregos totais e 26,0% da massa salarial (SEBRAE,2005).Essas empresas so
importantes na reduo da desigualdade regional, gerao de emprego e renda,
desenvolvimento de inovaes tecnolgicas e, alm disso, apresentam significativos impactos
no desenvolvimento econmico e social do Brasil. (CNI, 2006).
Se por um lado elas so tidas como fonte de oportunidades para criao de um nmero
crescente de novos negcios, por outro, vivenciam dificuldades relacionadas manuteno e
sobrevivncia de seus negcios, que vem sendo constantemente obrigados a inovar para
manterem-se no mercado. Porm, sem condies suficientes para faz-lo, pois, alm de faltar
recursos financeiros e preparo de seu criador, muitas vezes, apresentam concorrncia desleal
por parte das grandes empresas.
Enquanto as grandes empresas utilizam, constantemente, inovaes tecnolgicas, seja
atravs de uma estrutura prpria de pesquisa, desenvolvimento ou da aquisio de tecnologia
desenvolvida por outras empresas; as micro e pequenas empresas apresentam restries
financeiras para arcar com os custos da inovao. Muitas dessas empresas optam por se unir e
promover parcerias para ter acesso inovao e fazer frente ao mercado global, procurando
manter-se competitiva ou mesmo sobreviver ao mercado.
Diante destes fatores, verifica-se que importante que micro e pequenas empresas
busquem alternativas capazes de sustent-las no mercado. Uma alternativa capacit-las para
um comportamento inovador e empreendedor.
No caso das micro e pequenas empresas, o empreendedor visto como o indivduo
tomador das decises em relao inovao e assume a responsabilidade pelos resultados
alcanados. Sendo assim, necessrio conhecer as caractersticas pessoas do indivduo capaz
de levar a companhia a sustentabilidade e ao desenvolvimento.
A partir da, as questes que surgem so: o que so atitudes empreendedoras? Micro e
pequenas empresas, hoje, preocupam-se em desenvolver tais atitudes?
Diante dessas questes tem-se que o objetivo geral deste trabalho identificar a
atitude empreendedora do micro e pequeno empresrio do ramo de alimentao, do Distrito
Federal, frente ao seu negcio, e como objetivos especficos:
Compreender o conceito de empreendedorismo e sua evoluo conceitual;
Identificar as principais caractersticas do empreendedor;
Descrever as micro e pequenas empresas.
14
Assim, este trabalho foi desenvolvido com o intuito de medir a atitude empreendedora,
por acreditar que, a partir dessa anlise, ser possvel avaliar quo empreendedor o
empresrio de hoje. Verificando dentre as quatro caractersticas utilizadas na elaborao deste
trabalho: Planejamento, Poder, Inovao e Realizao, quais quelas que o empresrio
empreendedor desenvolve com maior ou menor intensidade.
Visto que, cada indivduo possui meios e caractersticas singulares capazes de conduzir
suas empresas ao sucesso, este estudo procura identificar quais so as caractersticas,
freqentemente, apresentadas por aqueles indivduos capazes de desenvolver suas
organizaes e conduzi-las ao sucesso.
Para Filion (1998, p.9 apud FILION, 1991) a pesquisa sobre empreendedores bem-
sucedidos permite aos empreendedores em potencial e aos empreendedores de fato identificar
as caractersticas que devem ser aperfeioadas para obterem sucesso.
A escolha das micro e pequenas empresas se deu pelo fato de estarem ocupando um papel
cada vez mais importante no Brasil. Como fora mencionado, essas empresas corresponderam,
em 2002, a 99,2% do nmero total das empresas, e so responsveis por uma parcela
significativa da mo de obra empregada no Brasil.
15
2- Referencial Terico
2.1- Empreendedorismo
2.1.1- Origem e evoluo do termo empreendedorismo
A origem do termo empreendedorismo est ligada ao desenvolvimento da palavra
francesa entre-preneur, que data da Idade Mdia e referia-se pessoa que detinha a
responsabilidade de coordenao de uma operao militar (VERIN, 1982 apud FILION,
1999).
O termo empreendedorismo foi citado pela primeira vez em 1734, pelo escritor e
economista Cantillon, que procurava diferenciar o empreendedor, ou seja, aquele cidado que
assume o risco, do capitalista, indivduo que fornecia o capital.
Em seu livro Pionner of Economic Theory, Cantillon (1734) explicava que em um
sistema de mercado, para que algo fosse vendido, era necessrio, primeiramente, que o
produto fosse fabricado, transportado e estocado; e para isso, era necessrio, que algum
assumisse os riscos destas operaes (apud SOARES, D.J et. Al, 2007).
Nascia assim, o comrcio. O tradicional sistema econmico rural e corporativo dava
lugar a um novo tipo de regime, onde se tornava necessrio a figura de um intermediador
entre as relaes de compra e venda de mercadorias (SOUZA, 2006).
Com o passar dos anos, o termo empreendedorismo ganhou novos significados para o
campo econmico. No sculo XVIII, o Capitalista e o Empreendedor foram finalmente
diferenciados, certamente em funo do incio da Industrializao, atravs da Revoluo
Industrial. A nova concepo compreendia o indivduo assumindo riscos, planejando,
supervisionando e organizando (FILION, 1998).
Em 1803, o economista francs Say descreveu o empreendedor como sendo um
cidado que transfere recursos econmicos de um setor de produtividade mais baixa para um
setor de produtividade mais elevada e de maior rendimento, uma pessoa de viso, capaz de
obter lucro a partir das oportunidades vislumbradas e assumindo os riscos do negcio.(apud
SOARES, D.J et. al, 2007).
A partir do sculo XX estabeleceu-se um importante marco conceitual para o
empreendedorismo, atravs das obras do economista Schumpeter (1883-1950), que concebe o
empreendedor como sendo um agente de mudanas, adotando o termo de destruio
criadora e diferenciando os conceitos de empresrio do empreendedor.
16
2.1.3 O empreendedor
Autores
Logenecker et al.
R.E.McDonald
Barros e Prates
D.Mc.Clelland
J.Schumpeter
Carland et al.
Caractersticas
H.Mintzberg
Frese et al.
P.Drucker
R.Lalkala
L.J.Filion
E.Angelo
M.Weber
R.Degen
TOTAL
E. Leite
I.Dutra
Buscar Oportunidades X X X X X X X X X X X 11
Conhecimento de Mercado X X X X X 5
Conhecimento de Produto X X X X X 5
Correr Riscos X X X X X X X X X X 10
Criatividade X X X X X X X X X 9
Iniciativa X X X X X X 6
Inovao X X X X X X X X X X X X X X X X 16
Liderana X X X X X X X 7
Necessidade de Realizao X X X X X 5
Proatividade X X X X X 5
Visionariedade X X X X X 5
Quadro 1: Matriz de Caractersticas de empreendedor e empreendedorismo
Fonte: Souza (2006)
Atravs desta matriz, Souza (2006) procurou demonstrar que dentre as vrias
caractersticas estudadas pelos autores, a nica que aparece em 100% dos trabalhos dos 16
autores estudados a competncia Inovao. Percebe-se, assim, que essa uma caracterstica
muito importante para o empreendedor.
Para Heilbroboner (1996) s haver inovao se existir um inovador, ou seja, algum
capaz de introduzir inovaes tecnolgicas ou organizacionais, caracterizando-se como
modos novos ou formas mais baratas de produzir coisas ou maneiras de fabricar
completamente diferentes.
Em seu livro Heilbroboner (1996, p.273) procura explicar o significado do processo de
inovar:
Um novo processo permite que um capitalista inovador produza as mesmas
mercadorias que seus competidores, porm, a um custo mais baixo, exatamente
como as terras mais frteis, mais produtivas permitem que seu proprietrio produza
colheitas melhores e, portanto mais barata do que as de outros proprietrios que
possuem terras menos generosas. Mais uma vez, exatamente como o proprietrio
afortunado, o capitalista inovador recebe um rendimento pelo diferencial em seu
custo. Mas este rendimento no deriva de vantagens dadas por Deus em localizao
ou fertilidade. Vem da vontade e inteligncia do inovador e desaparecer assim que
outros capitalistas aprenderem os truques do pioneiro.
20
- O Empreendedorismo no Brasil
45%
40%
35%
30%
25%
20%
15%
10%
5%
0%
Jamaica-(JN)
Colombia-(CO)
Japao-(JP)
Italia-(IT)
Russia-(RU)
Finlandia-(FI)
Dinamarca-(DK)
Reino Unido-(UK)
Hungria-(HU)
Turquia-(TR)
Irlanda-(IE)
Republica Tcheca(CZ)
Grecia(GR)
Croacia(HR)
Noruega-(NO)
Estados Unidos(US)
India(IN)
Tailandia-(TH)
China-(CN)
Indonesia-(ID)
Filipinas-(PH)
Peru-(PE)
Alemanha-(DE)
Eslovenia-(SI)
Cingapura-(SG)
Mexico-(MX)
Holanda-(NL)
Espanha-(ES)
Chile-(CL)
Islandia-(IS)
Belgica-(BE)
Suecia-(SE)
Emirados Arabes-(AE)
frana-(FR)
Canadar-(CA)
Malasia-(MY)
Brasil-(BR)
Uruguai-(UY)
Letoania-(LV)
Argentina(AR)
Australia-(AU)
Africa do Sul-(SA)
Apesar de ocupar uma posio favorvel em relao aos demais pases, percebe-se que
no Brasil, muitos indivduos abrem negcios por necessidade, e no por oportunidade.
Atravs do Grfico 2, verifica-se que em 2006, o Brasil apresentou uma taxa de 6% de
empreendedores por oportunidade, enquanto que esse valor foi de 5,6% em
empreendedorismo por necessidade.
25%
20%
15%
10% 8,5%
7,5%
6,8% 7,0%
6,0% 6,0%
5% 6,2%
5,7% 5,8% 5,5% 5,3% 5,6%
0%
2001 2002 2003 2004 2005 2006
Necessidade
Oportunidade
De acordo com a GEM (2007, p.5) a motivao para empreender o fato que melhor
distingue a dinmica empreendedora em pases de renda mdia, dos pases considerados
ricos. No ano de 2006, enquanto os pases de renda mdia apresentaram 3,3 empreendedores
por oportunidades para cada empreendedor um por necessidade, nos pases ricos esses ndices
foram de 8,9. Percebe-se assim, que em pases de renda mdia, h mais empreendedores por
necessidade do que por oportunidade.
Nesta pesquisa, verificou-se, que a maioria das atividades empreendedoras estavam
relacionadas ao comercio varejista, tais como: comerciantes ambulantes de bebidas e
alimentos, vendedores de bebidas, artigos de vesturio, cosmticos e produtos de beleza.
Diante desses dados, nota-se a necessidade de aumentar o nmero de empreendedores
capazes de gerar valor economia, atravs de novos produtos, novos processos, que ao invs
de utilizarem-se da tecnologia desenvolvida por outros pases comecem a desenvolver sua
prpria tecnologia, aumentando assim, o nmero de empregos mais duradouros e empresas
mais empreendedoras.
22
Segundo Fillion (2000, p.2) os gerentes perseguem os objetivos fazendo uso efetivo e
eficiente dos recursos. Eles, normalmente, trabalham dentro de uma estrutura previamente
definida por outras pessoas. De acordo com Rodrigues (1998, p.19) gerentes podem ser
empreendedores, tambm, mas essa possibilidade torna-se mais remota se a organizao em
23
que trabalham no lhes outorga o poder necessrio para isso, percebe-se que a estrutura
organizacional, composta de regras, processos, polticas, diretrizes e estrutura, pode contribuir
ou no para o surgimento da ao gerencial inovativa.
Rodrigues (1998, p.19) vai alm e afirma que o gerente inovador para se sentir
motivado a realizar mudanas precisa de Poder para fazer aquilo que almeja, necessita de
informaes, suporte e recursos para viabilizar seu projeto,valoriza mais os dados do que os
recursos financeiros, propriamente ditos, vai alm das expectativas. E risco para ele torna-se
um estmulo.
Em 2000, Fillion desenvolveu um quadro (Quadro2) demonstrando uma anlise do
sistema de atividades dos gerentes e dos empreendedores, ressaltando que os primeiros esto
associados razo, enquanto os empreendedores utilizam-se mais de sua intuio.
GERENTES EMPREENDEDORES
* Trabalham com a eficincia e o uso efetivo dos *Estabelecem uma viso e objetivos e
recursos para atingir metas e objetivos identificam os recursos para torn-los realidade.
* A chave adaptar-se s mudanas * A chave iniciar as mudanas.
MITOS REALIDADES
*O indivduo empreendedor nasce *Apesar da vontade de criar e a energia para
com o perfil empreendedor, no se trabalhar, a capacidade criativa de identificar e
pode ensinar algum a ser aproveitar as oportunidades do empreendedor
empreendedor. aparecem, somente, aps alguns anos de experincia,
dependendo das habilidades adquiridas, tais como:
Know- how, experincias e contatos.
*Qualquer cidado pode comear um * Pode, porm, manter-se no mercado competitivo,
empreendimento. atualmente, difcil. Empreendedores que
compreendem a diferena entre idia e oportunidade
e so capazes de enxergar alm tm maiores chances
de sucesso.
*Empreendedores so jogadores. * Empreendedores de sucesso assumem riscos
calculados, procuram minimizar os riscos e tentam
influenciar a sorte.
25
- Classificao
A classificao das empresas quanto s categorias de micro, pequeno, mdio e grande
porte, pode se dar de acordo com vrios critrios, os quais so arbitrrios e variam de acordo
26
com a finalidade e os objetivos das instituies que promovem seu enquadramento. No Brasil,
em geral, adota-se o critrio do valor do faturamento bruto ou do nmero de funcionrios.
(PINTO, 2007).
O estatuto da Micro e Pequena empresa, de 1999, utiliza o critrio de classificao
segundo a receita bruta anual. O regime simplificado de tributao SIMPLES utiliza os
limites previstos na Medida Provisria 275/05 (RECEITA FEDERAL, 2007). Por sua vez, o
SEBRAE, classifica o porte das empresas segundo o nmero de funcionrios que compem
sua estrutura, conforme apresentada na Tabela1 (SEBRAE, 2008).
Diante dessas informaes, optou-se por realizar um trabalho onde a micro e pequena
empresa classificada de acordo com os critrios estabelecidos pelo Sebrae, ou seja, quanto
ao nmero de funcionrios, pois tal informao mais fcil de ser obtida uma vez comparada
ao critrio da receita bruta.
Estudos realizados pelo Sebrae (2005) revelaram que, entre os anos de 1996 e 2002, a
quantidade de micro e pequenas empresas no Brasil cresceram. As micro empresas
apresentaram um crescimento acumulado de 55,8%, passando de 2.956.749 para 4.605.607
de empresas; enquanto que, as pequenas empresas obtiveram um crescimento de 51,3%,
passando de 181.115 para 274.009 de empresas.
Em 2002, as micro e pequenas empresas representavam 99,2 % do nmero total de
empresas formais, 57,2% dos empregos totais e 26,0 % da massa salarial.
27
De acordo com as pesquisas apresentadas pelo BNDES (2005) 60% dos empregos
gerados e mantidos no Brasil so fruto dos esforos das micro e pequenas empresas, alm
disso, a presena desse tipo de empresa auxilia o equilbrio da economia de mercado,
dificultando a penetrao de cartis, monoplios e oligoplios, melhorando e inovando
produtos e processos.
- Mortalidade
Pesquisas realizadas pelo Sebrae (2004) revelaram que apesar do crescente nmero de
novos negcios no Brasil, mant-los continua sendo uma rdua tarefa.
A partir dos dados cadastrais obtidos por meio das Juntas Comerciais Estaduais, o
Sebrae coletou informaes sobre micro e pequenas empresas constitudas e registradas nos
anos de 2000, 2001 e 2002. Atravs desses dados, procurou avaliar a taxa de mortalidade
dessas empresas, e concluiu que em micro e pequenas empresas com at 2 anos de existncia
a taxa de mortalidade era de 49,4% (2002); em empresas com at 3 anos de existncia (2001)
essa taxa aumentou para 56,4%, e em empresas com at 4 anos de existncia essa
percentagem era de 59,9% (2000). (Tabela 2)
2.2- Atitude
Para ser empreendedor deve-se conhecer bem a atividade em que atua, introduzindo
inovaes em uma organizao, provocando o surgimento de valores adicionais e buscando
traduzir seus pensamentos em aes. tido como aquele que faz as coisas acontecerem,
antecipa-se aos fatos e apresenta uma viso futura da organizao, seja na forma de
administrar, vender, fabricar, distribuir ou, ainda, na maneira de fazer propaganda, agregando
novos valores aos produtos ou servios prestados.
Segundo Peacock (2000, p. 3 apud SOUZA-DEPIERI, 2005, p. 25) no h um
conjunto de caractersticas corretas ou imprescindveis que possa predizer se uma pessoa ou
no empreendedora, porm, pode-se verificar que pessoas empreendedoras apresentam
algumas caractersticas similares.
McClelland (1972, apud LOPEZ, 2005) concentrou seus estudos na tentativa de
identificar quais caractersticas do comportamento empreendedor so, freqentemente,
apresentadas em indivduos com elevado desempenho profissional e alto grau de realizao.
Em seus estudos, ele identificou algumas das principais caractersticas e as agrupou em trs
dimenses: Realizao, Planejamento e Poder.
Essas trs dimenses, aliadas inovao sero as caractersticas da atitude
empreendedora utilizadas na elaborao deste trabalho. Sendo assim, faz-se necessrio
analisar cada uma dessas caractersticas de modo a dar maior credibilidade realizao deste
estudo.
30
- Realizao
O campo da Realizao compe-se da busca de oportunidades e iniciativas;
persistncia; assumir riscos calculados; exigncias de qualidade e eficincia; e
comprometimento.
Essa dimenso est relacionada disposio do indivduo na realizao das tarefas, s
novas formas encontradas de fazer as coisas - de forma mais rpida e com um menor custo, a
busca por novos produtos e expanso dos negcios. Refere-se a preocupao, constante, com
a alta qualidade e eficincia. Analisa os riscos envolvidos nos negcios, calculando os
resultados esperados, buscando as melhores as alternativas para alcanar os objetivos
desejados. (LOPEZ, 2005).
- Planejamento
A dimenso Planejamento engloba o estabelecimento de metas, a busca de
informao, o planejamento e o monitoramento sistemtico. (SOUZA-DEPIERI, 2005).
Essa dimenso busca organizar e gerenciar os negcios, definindo objetivos e metas,
buscando informaes de clientes, concorrentes e fornecedores (LOPEZ, 2005, p.30). Dessa
forma, o conhecimento do indivduo a cerca do empreendimento aumenta, contribuindo para
que a empresa consiga se manter mais tempo no mercado.
- Poder
O conjunto Poder compreende a persuaso e redes de contato e a independncia e
autoconfiana. Refere-se a capacidade do empreendedor de influenciar os resultados em
beneficio prprio. (LOPEZ, 2005, p.33).
A autoconfiana, a responsabilidade dos empreendedores diante dos riscos enfrentados
no negcio e a autonomia nas decises so caractersticas que auxiliam o empreendedor a
mobilizar as pessoas em prol da conquista dos objetivos esperados. Segundo David (2004,
p.35) Os empreendedores so otimistas e criativos e, desta forma, obtm a confiana e o
apoio das pessoas com as quais mantm relaes comerciais.
- Inovao
A dimenso Inovao est dividida em criatividade e inovao. Segundo Dornelas
(2003) a inovao refere-se a mudanas, realizar tarefas de forma diferenciada, criando algo
novo, transformando o meio ao seu redor.
31
De acordo com Drucker (1986 apud, OLIVEIRA, 2001, p.7) a inovao deve ser
difundida na organizao como sendo um fator importante sobrevivncia no mercado. Os
integrantes da empresa devem se conscientizar da necessidade da inovao tanto nas
atitudes como nos processos e da importncia do planejamento da inovao nas
organizaes, esclarecendo etapas e objetivos especficos concretizao desse planejamento.
Para Cruz (2005, p.17) :
Inovao pode ser definida como mudanas empreendidas e adotadas pelas
empresas em busca de vantagens que lhes permitam obter maiores retornos
econmicos. Ressalta-se que o conceito aqui aplicado configura a inovao como a
inveno aplicada em algo comercializvel (produto ou servio), ou seja, algo que
permita o estabelecimento de demanda de produtos ou servios que geram ou
ampliam a ao de uma empresa. Tudo isto coloca o empreendedor como mola
propulsora deste novo mercado, desta nova realidade.
3- Mtodo
Populao e amostra
Para o desenvolvimento desta pesquisa, foi considerada uma populao composta por
proprietrios e gerentes de micro e pequenas empresas do ramo de alimentao - restaurante,
ou seja, organizaes comerciais com at 49 funcionrios, localizados em Braslia, Distrito
Federal.
O estudo foi realizado junto a uma amostra de 18 empresas, totalizando 30
empreendedores de micro e pequena empresa. A amostra envolveu empreendedores
selecionados por convenincia, pois sua coleta ocorreu de acordo com a facilidade de contato
da pesquisadora com os voluntrios.
Foram coletadas informaes relativas a sexo, idade, escolaridade, cargo ocupado na
empresa, tempo de servio e se o participante j teve experincia como autnomo.
Nas empresas pesquisadas, 80% dos respondentes so homens, a mdia de idade
encontrada foi de 34,03 anos, dentre eles 36,7% apresentaram grau de instruo como sendo
3 grau completo. Em mdia, os participantes encontram-se trabalhando na empresa atual h
7,32 anos, e 53,3% dos respondentes afirmaram terem tido experincia como autnomo.
34
Instrumento
4- Resultados e Discusso
Tabela 4. Realizao.
Desvio
Mdia Padro Moda
2- Exploro novas
oportunidades de negcio. 8,0667 1,87420 10,00
Tabela 5. Planejamento.
Desvio
Mdia Padro Moda
3- Mudo de estratgia, se
necessrio, para alcanar 8,2333 2,11209 10,00
uma meta.
5- Defino Metas de longo
prazo, claras e especficas. 7,6667 2,38289 9,00
38
6- Adoto procedimentos
para assegurar que o
trabalho atenda padres de 9,0333 0,99943 9,00
qualidade previamente
estipulados.
9- Busco obter informaes
sobre possveis clientes. 7,8667 2,70036 10,00
12- Fao projees claras
para o futuro de meu 7,8333 1,91335 9,00
negcio.
15- Reviso continuamente
objetivos de curto prazo. 8,3000 1,62205 10,00
16- Busco informaes
sobre meu ramo de negcio 9,2333 0,97143 10,00
em diferentes fontes.
19- Consulto meus registros
de controle antes de tomar 7,9000 2,45441 10,00
decises.
22- Planejo as atividades do
meu negcio subdividindo
7,8333 1,76329 7,00
tarefas de grande porte em
subtarefas.
29-Defino continuamente
objetivos de curto prazo. 7,1333 1,99540 7,00
32-Ajo antes de ser
pressionado pelas 7,8000 1,80803 9,00
circunstncias.
33- Costumo calcular o risco
envolvido nos negcios que 7,6667 2,18669 8,00
fao.
34- Calculo os riscos antes
de novos investimentos. 8,1333 1,81437 9,00
Resultados Gerais
8,04870 1,90183 9,00
Atravs desta tabela, verifica-se que as melhores avaliaes encontradas foram nas
questes 16, que trata da busca de informaes sobre o ramo de negcios, cujos valores
calculados foram de: mdia (M =9,23) e desvio padro (DP =0,9714) e na questo 6,
relacionada a utilizao de procedimentos que visam melhorar a qualidade do trabalho, cujos
resultados foram de: mdia (M =9,03) e desvio padro (DP =0,99). As avaliaes com
resultados mais desfavorveis foram nas questes 5,19 e 29, cujos valores encontrados foram:
item 5 (M= 7,13) e (DP =2,38), item 19 (M= 7,9) e (DP =2,45) e item 29 (M= 7,66) e (DP
=1,99), ou seja, valores mdios razoveis e desvios-padro elevados.
Diante das demais respostas apresentadas neste trabalho, pode-se concluir que os
indivduos empreendedores apresentaram bons resultados na dimenso planejamento, porm
percebe-se que estes no demonstram tanto empenho em algumas atividades relacionadas ao
planejamento, como nas respostas da questo 5 e 29, cujos resultados demonstram menos
39
Tabela 6. Poder.
Desvio
Mdia Padro Moda
7- Utilizo contatos pessoais
para atingir meus objetivos. 8,3333 1,91785 10,00
10- Confio na minha
capacidade de superar 9,2414 0,91242 10,00
desafios.
14- Utilizo estratgias
deliberadas para influenciar 7,2000 1,93694 7,00
pessoas.
24- Assumo a
responsabilidade pela
resoluo de problemas que
8,3000 2,21515 10,00
possam prejudicar o
desempenho do meu
negcio.
25- Considero-me principal
responsvel pelo
7,5333 2,60944 10,00
desempenho do meu
negcio.
26- Confio na minha
competncia como fonte do 8,6667 1,15470 10,00
sucesso do meu negcio.
35- Estimulo o esprito de
equipe entre meus 9,2333 1,07265 10,00
funcionrios.
36- Estimulo a participao
dos funcionrios na busca
pela soluo de um 9,0000 1,14470 10,00
problema.
Resultados Gerais
8,4385 1,62048 10,00
Tabela 7. Inovao.
Desvio
Mdia Padro Moda
1- Implemento novas idias
com o objetivo de melhorar
a qualidade do meu negcio 8,5000 1,52564 10,00
5- Concluso
influenciar pessoas e crena na idia de que ele o principal responsvel pelo desempenho de
seu negcio.
Na dimenso Poder, a atitudes do empreendedor muito importante. Em um pas
como o Brasil, onde as pesquisas realizadas pelo Sebrae (2004) demonstraram que a taxa de
mortalidade de micro e pequenas empresas nos trs primeiros anos grande, faz-se necessrio
que essas empresas torne-se cada vez mais empreendedoras buscando diferentes alternativas
capazes de mant-las por mais tempo no mercado. Para isso, uma dessas alternativas,
trabalhar o capital intelectual das empresas, no apenas o do seu gestor, mas tambm de sua
mo de obra. Diante deste contexto, o empreendedor assume um papel essencial, pois ele
capaz de influenciar sua equipe, estimulando a participao de seus funcionrios na concluso
de trabalhos, e incentivando o esprito de equipe, atravs da motivao dos empregados e do
apoio de uma rede de contatos influente, a probabilidade de obter resultados favorveis em
seu empreendimento grande.
A dimenso Realizao foi avaliada em terceiro lugar. De acordo com os seus
resultados, infere-se que os indivduos avaliados empregam esforos extras para concluso de
tarefas programadas e encontram nos obstculos um desafio que ao ser solucionado gera
grande satisfao, ou seja, o reconhecimento de seu esforo. Entretanto, os mesmos, no
demonstram com tanta freqncia atitudes relacionadas assuno de riscos, seja para
expandir seus negcios ou em prol da superao da concorrncia. Percebe-se, assim, a
necessidade de conscientizar o empreendedor sobre questes relacionadas aos riscos do
negcio. Espera-se que o indivduo seja capaz de avaliar e discutir alternativas, buscando
informaes capazes de auxili-lo na mensurao dos riscos, gerando vantagens competitivas,
reduzindo os riscos, diminuindo, assim, as possibilidades de fracasso.
As questes que receberam as menores notas foram da dimenso Planejamento.
Observou-se que o empreendedor busca informaes sobre seu ramo de negcios e preocupa-
se com a qualidade de seu servio ou produto, porm, percebe-se que existem inmeras
questes relacionadas ao Planejamento que poderiam ser melhor estudadas.
O Planejamento uma rea muito importante dentre de uma empresa, se no houver
um planejamento adequado, dificilmente essas empresas conseguiro manter-se por muito
tempo no mercado. O Sebrae (2004) apontou como uma das principais causas da mortalidade
de micro e pequenas empresas no Brasil, aspectos relacionados falhas gerenciais, por isso,
importante conscientizar o empreendedor da necessidade de dividir tarefas, de rever
resultados, de mensurar riscos, definir metas de curto e longo prazo, buscar informaes sobre
clientes, diviso de tarefas e mensurar os riscos envolvidos no negcio.
44
se existe alguma relao entre essas variveis (sexo, idade, tempo de servio e escolaridade) e
as 4 dimenses da atitude empreendedora estudadas neste trabalho.
46
REFERNCIAS
ANEXO A
51
Prezado colaborador,
O presente questionrio parte integrante de uma pesquisa de ps-graduao da
Universidade de Braslia, cujo interesse identificar a atitude empreendedora de proprietrios
- gerentes de restaurantes.
O instrumento composto por um questionrio contendo 36 questes de fcil resposta,
e com tempo de preenchimento de, aproximadamente 10 minutos.
Destacamos que todas as informaes coletadas sero tratadas estatisticamente e em
conjunto, o que torna impossvel identificao pessoal de qualquer respondente.
Dessa forma, solicitamos a gentileza de responder ao questionrio, em anexo, seguindo as
instrues contidas no mesmo.
Colocamo-nos disposio para dirimir eventuais dvidas ou fornecer informaes
adicionais acerca da presente pesquisa, atravs do e-mail [email protected]
Agradecemos tambm a participao e presteza, contando com o apoio de todos.
Atenciosamente
Nunca Freqentemente
Questes 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
01 Implemento novas idias com o objetivo de 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
melhorar a qualidade do meu negcio.
02 Exploro novas oportunidades de negcio. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
03 Mudo de estratgia, se necessrio, para 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
alcanar uma meta.
04 Assumo riscos para expandir meu negcio. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
05 Defino Metas de longo prazo, claras e 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
especficas.
06 Adoto procedimentos para assegurar que o 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
trabalho atenda padres de qualidade
previamente estipulados.
07 Utilizo contatos pessoais para atingir meus 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
objetivos.
08 Responsabilizo-me pela concluso dos 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
trabalhos nos prazos estipulados.
09 Busco obter informaes sobre possveis 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
clientes.
10 Confio na minha capacidade de superar 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
desafios.
11 Busco novas maneiras de realizar tarefas. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
53
tarefas programadas.
28 Desenvolvo idias novas para a soluo de 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
problemas.
29 Defino continuamente objetivos de curto 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
prazo.
30 Assumo riscos com o intuito de superar a 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
concorrncia.
31 Crio novas rotinas, objetivando a melhoria do 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
desempenho do meu negcio.
32 Ajo antes de ser pressionado pelas 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
circuntancias.
33 Costumo calcular o risco envolvido nos 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
negcios que fao.
34 Calculo os riscos antes de novos 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
investimentos.
35 Estimulo o esprito de equipe entre meus 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
funcionrios.
36 Estimulo a participao dos funcionrios na 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
busca pela soluo de um problema.
Dados pessoais
1)Idade 4) Cargo Ocupado: