Relatorio Cidades Inteligentes
Relatorio Cidades Inteligentes
Relatorio Cidades Inteligentes
E RELAÇÕES INTERNACIONAIS
Ministério do Ambiente, do Ordenamento do Território
e do Desenvolvimento Regional
Lisboa
Setembro de 2007
FICHA TÉCNICA
Relatório correspondente ao Work Package 3 da parceria para o projecto Intelligent Cities, cofinanciado pelo
Programa de Iniciativa Comunitária INTERREG IIIC
SUMÁRIO EXECUTIVO 1
I
4. ORIENTAÇÕES DE POLÍTICA DE REVITALIZAÇÃO URBANA GERADORA DE
CIDADES INTELIGENTES 61
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 91
SIGLAS 95
II
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1.1. Partindo dos Anos 80: Três Forças de Transformação da Dinâmica
das Cidades 11
ÍNDICE DE QUADROS
ÍNDICE DE CAIXAS
III
DEPARTAMENTO DE
PROSPECTIVA E PLANEAMENTO
E RELAÇÕES INTERNACIONAIS
SUMÁRIO EXECUTIVO
1
DEPARTAMENTO DE
PROSPECTIVA E PLANEAMENTO
E RELAÇÕES INTERNACIONAIS
F. A cidade digital define-se como “espaço comunitário digital que é usado para
facilitar e aumentar as actividades e funções que ocorrem no espaço físico da
cidade” (Komninos, 2006).
2
DEPARTAMENTO DE
PROSPECTIVA E PLANEAMENTO
E RELAÇÕES INTERNACIONAIS
3
DEPARTAMENTO DE
PROSPECTIVA E PLANEAMENTO
E RELAÇÕES INTERNACIONAIS
IV. O conceito de Innovation Hub (iHub) como instrumento de integração das políticas
de inovação tecnológica e produtiva e de revitalização urbana.
4
DEPARTAMENTO DE
PROSPECTIVA E PLANEAMENTO
E RELAÇÕES INTERNACIONAIS
D. O iHub surge assim como um espaço de inovação nas soluções urbanas e nas
actividades produtivas e de lazer, compacto e multifuncional, atractivo de
talentos e socialmente integrador, o que lhe confere uma dimensão de
sustentabilidade ambiental, económica e social, contagiante do conjunto da
cidade e da cidade-região.
5
DEPARTAMENTO DE
PROSPECTIVA E PLANEAMENTO
E RELAÇÕES INTERNACIONAIS
F. As zonas ribeirinhas:
1. Distinguem-se pela sua beleza paisagística mas também pela sua maior
vulnerabilidade ambiental e sísmica;
6
DEPARTAMENTO DE
PROSPECTIVA E PLANEAMENTO
E RELAÇÕES INTERNACIONAIS
7
DEPARTAMENTO DE
PROSPECTIVA E PLANEAMENTO
E RELAÇÕES INTERNACIONAIS
8
DEPARTAMENTO DE
PROSPECTIVA E PLANEAMENTO
E RELAÇÕES INTERNACIONAIS
9
DEPARTAMENTO DE
PROSPECTIVA E PLANEAMENTO
E RELAÇÕES INTERNACIONAIS
Muitas das cidades de maior dimensão dos países desenvolvidos foram ao longo das
décadas de 60 e 70 duramente atingidas por um processo de reestruturação sectorial
marcado pela crise das actividades industriais e dos modos de organização que haviam
constituído motores de crescimento nas décadas anteriores. Esta crise resultou de uma
queda pronunciada nos ritmos de crescimento, por saturação de mercados, em sectores
de bens de consumo como o automóvel, os electrodomésticos, a primeira vaga de
produtos da electrónica de consumo (centrados na TV), ou os artigos em plástico, bem
como em sectores de bens de equipamento para a electricidade e para as comunicações
telefónicas e respectivas indústrias fornecedoras (siderurgias, metalúrgicas,
petroquímicas e químicas derivadas).
Figura 1.1. Partindo dos Anos 80: Três Forças de Transformação da Dinâmica das Cidades
Mudança
Tecnológica
Mudança
Demográfica &
Societal
Mudança
Geoeconómica
11
DEPARTAMENTO DE
PROSPECTIVA E PLANEAMENTO
E RELAÇÕES INTERNACIONAIS
O fim dos êxodos de população rural para os centros urbanos dos países
desenvolvidos;
1
Ratcliffe, www.chforum.org
12
DEPARTAMENTO DE
PROSPECTIVA E PLANEAMENTO
E RELAÇÕES INTERNACIONAIS
2
Para cujo crescimento tem contribuído o up-grading de qualificação escolar e profissional da população.
13
DEPARTAMENTO DE
PROSPECTIVA E PLANEAMENTO
E RELAÇÕES INTERNACIONAIS
Se onde está “rede”, colocarmos “cidade”, na medida em que cada cidade pode
configurar em si diversas redes, e entre as cidades várias redes se estabelecem, então
podemos encontrar nesta mudança de paradigma alguns dos elementos chave para a
3
Numa identificação de três grandes eras da actividade económica: a agrícola, a industrial e a informacional, a
que o Instituto Nomura do Japão acrescentou a criativa. Estaríamos já na era da criatividade no sentido em
que o que interessa já não é tanto a informação em si, mas o “novo” que pode surgir, de forma inesperada e
imprevisível, das combinações de informação. De modo similar, considera-se também que um “meio criativo”
reúne transmissão de informação, acumulação de conhecimento e competências em certas actividades, mas
como jogo de soma positiva (Wu, 2004).
14
DEPARTAMENTO DE
PROSPECTIVA E PLANEAMENTO
E RELAÇÕES INTERNACIONAIS
A esses factores pode ainda acrescentar-se que as cidades mais relevantes são apelativas
à fixação dos consumidores de maior poder de compra e sofisticação, atraindo também
as actividades criativas ligadas à geração desses produtos (Hall, 1999). As cidades que
beneficiam daquelas dinâmicas poderão não ser as mesmas. Novas oportunidades se
abrem para as cidades que conseguem inserir-se na fronteira da inovação, mas a
deslocalização das actividades mais banais pode gerar graves problemas de polarização –
“ilhas de prosperidade podem ver-se rodeadas de mares de pobreza e mal-estar social
persistentes” (Hall, 1999, pág. 56).
4
As possibilidades de conhecimento virtual de outros espaços e pessoas estimulam o interesse pelo contacto
geográfico. A própria conjugação de factores de interesse num local, gera uma atmosfera não substituível
pelo contacto virtual.
5
OCDE, 2007.
15
DEPARTAMENTO DE
PROSPECTIVA E PLANEAMENTO
E RELAÇÕES INTERNACIONAIS
Numa segunda fase, que correspondeu no essencial aos anos 70 e parte dos anos 80
do século XX, vários factores levaram a uma crise do paradigma anterior de planeamento
urbano:
Nesta fase começa a surgir uma nova visão do planeamento urbano, centrada em
grandes operações de requalificação de espaços urbanos mais atingidos pela conjugação
de alguns daqueles factores. A renovação de zonas portuárias em declínio ou de
quarteirões industriais abandonados, na década de 80 com continuidade na de 90,
ganhou visibilidade e envolveu os poderes públicos e o sector privado, quebrando a
separação típica dos anos anteriores. Projectos como os de Baltimore, Boston,
Manchester ou Bilbao foram pioneiros nesta nova abordagem, em que as referidas áreas
são renovadas, segundo uma filosofia de “aburguesamento” / nobilitação, para habitação,
comércio e cultura / lazer. Tratou-se de processos de renovação com orientação cultural,
assentes na disponibilização de equipamentos culturais e de recreio (centros de
congressos, aquários, etc.). A EXPO98 de Lisboa insere-se nesta perspectiva de
renovação urbana assente em actividades culturais e de consumo.
Finalmente, numa terceira fase, que é a actual, o planeamento urbano passa a ser
dominado por preocupações de sustentabilidade ambiental e de inserção das cidades e
metrópoles na economia global sob o lema da competitividade das cidades e com a
preocupação de atrair actividades em crescimento a nível mundial, centros de
conhecimento, talentos e eventos mobilizadores de interesse em espaços de dimensões
muito superiores às das próprias cidades. É um período em que as cidades se concebem
como actores na globalização e desta procuram tirar partido, inspirando-se mais na
gestão empresarial e concebendo-se menos como destinatárias da intervenção
determinante dos Estados. Nesta fase:
16
DEPARTAMENTO DE
PROSPECTIVA E PLANEAMENTO
E RELAÇÕES INTERNACIONAIS
Ainda nesta fase multiplicam-se algumas operações estilizadas com impacto espacial
urbano relevante:
17
DEPARTAMENTO DE
PROSPECTIVA E PLANEAMENTO
E RELAÇÕES INTERNACIONAIS
O presente estudo tem como objectivo propor orientações de política urbana que visem o
desenvolvimento das cidades em bases competitivas e sustentáveis na economia global e
do conhecimento.
18
DEPARTAMENTO DE
PROSPECTIVA E PLANEAMENTO
E RELAÇÕES INTERNACIONAIS
Para abarcar essas dinâmicas o conceito de cidade deve ser simultaneamente contraído e
expandido. Deve ser contraído, de modo abarcar a diversidade intra-urbana e diversificar
os objectivos e instrumentos de política, nomeadamente os da participação cívica, e aí
surge o bairro. Deve ser expandido, de modo a abarcar um espaço, mais amplo, de
8
natureza funcional económica (a cidade económica), envolvendo a “cidade construída”
(espaço construído mais ou menos contínuo, dedicado a usos urbanos, tais como
habitação, actividades produtivas, transportes e espaços públicos, com uma dimensão
populacional mínima a nível de cidade média e podendo envolver mais do que uma
9
cidade municipal) e pequenos centros urbanos, espaços rurbanos e rurais de influência.
Trata-se, neste caso, da cidade-região que envolve os espaços de continuidade com os
quais a cidade estabelece “um complexo e inter-relacionado conjunto de interacções
10
económicas e sociais” , formando uma unidade económica, não apenas dos pontos de
6
Friedmann, 2007.
7
Jones et al, 2006b.
8
Parr, 2005.
9
Espaços de habitação e de actividades produtivas, próprias da cidade, mas com características que os
colocam entre o espaço rural e o espaço sub-urbano. Cavaco e Moreno, 2006.
10
Parr, 2005.
19
DEPARTAMENTO DE
PROSPECTIVA E PLANEAMENTO
E RELAÇÕES INTERNACIONAIS
Todavia, na medida em que a “cidade construída” nem sempre se contém dentro dos
limites de uma autoridade municipal única, a par da cidade municipal, devem considerar-
se outros tipos de cidade envolvendo várias municipalidades e processos de cooperação
inter-municipal ou mesmo níveis de poder supra-municipal. Estaremos assim perante:
11
A cidade metropolitana (ou área metropolitana) , comportando uma cidade núcleo
e um conjunto de cidades vizinhas e subúrbios, resultantes em grande medida da
expansão do núcleo inicial de uma cidade, em sucessivas coroas de espaço
construído, para dimensões com relevância económica nacional e internacional; ou,
12
A conurbação , resultante de uma continuidade geográfica de cidades e outros
tipos de centros urbanos, gerada pelo seu crescimento, assumindo uma estrutura
do tipo policêntrico, isto é, sem a predominância clara de um centro polarizador.
Trata-se de conceitos em que a cidade pode assumir uma dimensão espacial difusa, mas
que se tornam relevantes para se perceber como é que a cidade funciona e como é que
as políticas respondem às suas necessidades de desenvolvimento. Por isso, no contexto
deste relatório, assumimos que todos os citados níveis de intervenção urbana são
relevantes para a prossecução dos objectivos de competitividade e sustentabilidade
urbanas, embora seja dado relevo particular à dimensão intra-urbana, como veremos
adiante.
Economicamente as cidades são muito relevantes pelos benefícios que trazem, quer para
os produtores quer para os consumidores, e que se traduzem em elementos de eficiência
e de eficácia. De forma que, à primeira vista, poderia parecer paradoxal, as cidades
ganharam novas dinâmicas ao longo do tempo com a introdução de novos elementos de
mobilidade das pessoas, dos bens e da informação, que aparentemente reduziriam a
necessidade de aglomeração de actividades e de pessoas. Concretamente as cidades
geram economias de aglomeração que estão na origem dos tais benefícios para
produtores e consumidores, embora do crescimento das cidades resultem também
externalidades negativas associadas às pressões nos usos do espaço e no ambiente.
As cidades têm sustentado a urbanização da população, processo que, desde 1800, não
tem parado de ganhar importância, situando-se hoje a população urbana, pela primeira
13
vez, acima dos 50% a nível mundial , embora com níveis de incidência geograficamente
muito diferenciados (as macro-regiões mais urbanizadas são em geral as
11
Parr, 2005, e Jones et al, 2006b.
12
Geddes, 1915, referido por Parr, 2005.
13
Num processo de crescimento da população urbana que deve prolongar-se até final deste século e em que,
parte significativa dos 20% de população que permanecerá rural, assumirá modos de vida ligados à cultura e
práticas urbanas (Friedmann, 2007).
20
DEPARTAMENTO DE
PROSPECTIVA E PLANEAMENTO
E RELAÇÕES INTERNACIONAIS
Cidades Cidades
competitivas sustentáveis
21
DEPARTAMENTO DE
PROSPECTIVA E PLANEAMENTO
E RELAÇÕES INTERNACIONAIS
As cidades serão tanto mais competitivas quanto mais forem capazes de atrair / gerar e
fixar actividades competitivas (sustentabilidade económica), cujo dinamismo assenta em
factores de inovação susceptíveis de produzir elevados níveis de rendimento e de nível de
vida para os seus habitantes. A competitividade das cidades passa assim pela
competitividade das suas actividades, mas não se esgota aí, já que na sua
competitividade joga cada uma das suas empresas e instituições, mas jogam também as
externalidades que a cidade deve propiciar e que a tornam atractiva. Na caixa seguinte
estabelece-se a ponte entre a competitividade das empresas e a atractividade das
cidades.
22
DEPARTAMENTO DE
PROSPECTIVA E PLANEAMENTO
E RELAÇÕES INTERNACIONAIS
Numa visão mais ampla da sustentabilidade urbana, Rogers, 1997, define a cidade
sustentável como um “organismo dinâmico tão complexo quanto a própria sociedade e
suficientemente ágil para reagir rapidamente às mudanças”, explicitando a
sustentabilidade na combinação de sete facetas da cidade:
7. Diversificada por uma gama de actividades que gerem vitalidade e vida pública.
23
DEPARTAMENTO DE
PROSPECTIVA E PLANEAMENTO
E RELAÇÕES INTERNACIONAIS
Economic performance
Feedback effects
Key drivers
Innovation & Industrial Business Human Connectivity
creativity structure ownership & capital
management
www.citiesandregions.com Pre-conditions
Mas entre a existência destas pré condições e o desempenho económico final das cidades
intervém um conjunto de factores chave, ou drivers, do bom desempenho económico,
que são aqueles que mais estreitamente determinam o desempenho urbano na economia
global e do conhecimento:
24
DEPARTAMENTO DE
PROSPECTIVA E PLANEAMENTO
E RELAÇÕES INTERNACIONAIS
25
DEPARTAMENTO DE
PROSPECTIVA E PLANEAMENTO
E RELAÇÕES INTERNACIONAIS
Para aquele autor, aquele grupo de actividades incluía a indústria altamente intensiva em
tecnologia (de que se podem dar como exemplo as actividades associadas à informação e
à biomedicina e biotecnologia), alguns serviços (nomeadamente os serviços financeiros,
os serviços às empresas e os serviços pessoais), bem como indústrias de produtos
culturais (tais como as indústrias dos media, do cinema, da música e do turismo cultural)
e ainda novas formas artesanais de produção com forte componente de moda e design
(em áreas como o vestuário, a joalharia ou mesmo o mobiliário).
26
DEPARTAMENTO DE
PROSPECTIVA E PLANEAMENTO
E RELAÇÕES INTERNACIONAIS
As economias dos países mais desenvolvidos têm vindo a experimentar ao longo das
últimas décadas um processo de crescimento em que se destacam duas tendências
pesadas:
Na economia global, na qual as empresas têm cada vez mais acesso a matérias-primas
baratas e a baixos salários, a criação de alto valor acrescentado depende cada vez mais
dos processos de inovação que têm o conhecimento como principal input. O conceito de
“Economia baseada no conhecimento” emergiu do crescente reconhecimento da
necessidade de produção, distribuição e utilização do conhecimento nas economias
modernas. Segundo a Nova Teoria do Crescimento, (Romer, 1990 e Romer, 1996), o
conhecimento é o 3º factor de produção, ao lado do trabalho e do capital. Por outras
palavras, o conhecimento é o “ingrediente” subjacente à competitividade das nações,
regiões e empresas.
27
DEPARTAMENTO DE
PROSPECTIVA E PLANEAMENTO
E RELAÇÕES INTERNACIONAIS
mas também o uso e valorização do conhecimento nos processos económicos, bem como
a aquisição de novas competências pelos indivíduos.
Winden e Berg (2004), focam também a sua atenção no que consideram ser os processos
chave que se desenvolvem nas Cidades do Conhecimento e as fundações que viabilizam a
sua concretização, que hierarquizam em dois níveis, conforme se ilustra na figura
seguinte.
Figura 2.3. As Cidades na Economia do Conhecimento
28
DEPARTAMENTO DE
PROSPECTIVA E PLANEAMENTO
E RELAÇÕES INTERNACIONAIS
14
Florida (2002), referido por Windem e Berg (2004).
29
DEPARTAMENTO DE
PROSPECTIVA E PLANEAMENTO
E RELAÇÕES INTERNACIONAIS
30
DEPARTAMENTO DE
PROSPECTIVA E PLANEAMENTO
E RELAÇÕES INTERNACIONAIS
Nesta acepção mais restrita, as cidades em que se concentram indústrias criativas são
aquelas que fazem amplo uso da criatividade dos seus recursos humanos, quer seja
directamente em actividades culturais e artísticas, quer no cruzamento da criação
artística com a competência tecnológica, quer na capacidade de exploração das novas
formas de comunicação digital e interactiva, quer ainda na funções de concepção de
novos produtos e serviços ou de integração de sistemas.
Os espaços onde as artes florescem, com eventos vibrantes de música, literatura, teatro
e artes, acolhem tradições culturais de todo o mundo, recebendo de “mãos abertas”
várias etnias e origens, propiciando oportunidades de integração social e económica.
Muitas cidades no mundo reconhecem os benefícios económicos e sociais da economia
criativa, e estão a implementar políticas agressivas de promoção das indústrias criativas.
Nova Iorque, Berlim ou Barcelona são símbolos deste conceito, tal como centros urbanos
mais pequenos como Austin e Newcastle, em que o desenvolvimento da economia
criativa se tornou uma prioridade estratégica. As actividades criativas reforçam a
qualidade de vida das cidades, facilitando a revitalização do espaço urbano e a
modelação da identidade da cidade em termos de competição pelos talentos e
investimentos.
15
Creative Industries Mapping Document, Department for Culture, Media and Sports of British Government,
www.culture.gov.uk/
31
DEPARTAMENTO DE
PROSPECTIVA E PLANEAMENTO
E RELAÇÕES INTERNACIONAIS
Por sua vez a criatividade é favorecida por contextos territoriais específicos, que
consubstanciam o chamado genius loci (espírito do lugar) que constitui a “atmosfera”
que gera a atractividade dos lugares sobre os indivíduos que incorporam as comunidades
criativas locais. Para essa atmosfera contribui a presença de trabalhadores e instituições
do conhecimento impondo-se uma organização do espaço, propiciadora do
estabelecimento de redes sociais e de conhecimento. Exige-se também um clima
atractivo de talentos, que não se mede pelos indicadores tradicionais (por ex., níveis de
escolaridade), mas por um “ambiente aberto e experimental: no clima académico, na
cultura urbana, e na forma e uso do tecido da cidade” (Modder, J., Saris, J., 2005, pág.
60).
A dimensão e localização das cidades não são, todavia, critérios suficientes para lhes
conferir a qualidade de Cidade do Conhecimento, mas pesam fortemente na confeição
dessa qualidade. Na figura 2.4 sintetizamos os quatro fundamentos das cidades do
conhecimento, referidos anteriormente, que se nos afiguram mais sensíveis à dimensão
da cidade – a excelência e a diversidade das bases económica e do conhecimento, as
acessibilidades e a diversidade. A insuficiência de escala urbana impõe às não metrópoles
uma maior dependência do estabelecimento de redes, mas a articulação em rede
também se pode colocar em relação às metrópoles.
32
DEPARTAMENTO DE
PROSPECTIVA E PLANEAMENTO
E RELAÇÕES INTERNACIONAIS
Escala urbana
Não metrópole
Metrópole
Redes
GLOBAL CITIES
KNOWLEDGE STARS
16
“Globalization and World Cities – Study Group and Network“, www.lboro.ac.uk/gawc
33
DEPARTAMENTO DE
PROSPECTIVA E PLANEAMENTO
E RELAÇÕES INTERNACIONAIS
METROPOLES IN TRANSITION
Estas cidades têm a sua imagem tradicional intimamente associada a funções industriais
ou logísticas e apresentam uma base económica mais problemática devido à presença de
sectores fortemente atingidos pela quebra de dinamismo e pela forte competição
internacional. Apresentam problemas de desemprego estrutural e de exclusão social e os
níveis educacionais são, no conjunto, relativamente baixos. Apresentam também
problemas de qualidade do stock habitacional, e em geral de qualidade de vida, mas têm
boa conectividade internacional. Dispõe de uma base de conhecimentos importante,
materializada em universidades, tendo no entanto mais dificuldades do que as anteriores
em atrair talentos. Realizaram esforços significativos nos últimos anos no sentido de
diversificarem as suas bases económicas “reinventando” a sua base industrial para
sectores ou segmentos com maior potencial de crescimento, reforçando o peso dos
serviços e das indústrias criativas e, nalguns casos, procurando atrair eventos culturais
ou desportivos mundiais. Procederam a grandes operações de renovação e qualificação o
tecido urbano. A sua evolução para cidades do conhecimento pode ser fortemente
dualizadora da sociedade, dada a existência de largos estratos da população sem
qualificação para aceder às necessidades das empresas.
KNOWLEDGE PEARLS
34
DEPARTAMENTO DE
PROSPECTIVA E PLANEAMENTO
E RELAÇÕES INTERNACIONAIS
Estas cidades de dimensão média apresentam uma estrutura económica marcada pela
tradição em sectores industriais em declínio, com os problemas sociais associados, bem
como uma herança urbana que introduz limitações em termos de qualidade de vida e de
imagem da cidade. O seu tecido económico é dominado por PME, não contando com
grandes empresas âncora em sectores tecnologicamente intensivos. Dispõem, no
entanto, de bases de conhecimento especializadas em certas áreas tecnologicamente
35
DEPARTAMENTO DE
PROSPECTIVA E PLANEAMENTO
E RELAÇÕES INTERNACIONAIS
São cidades médias e pequenas em que existe uma grande Universidade “generalista”,
com elevado peso da população estudantil 17 , mas sem que possam contar com grandes
empresas para dinamizar a economia e estimular inovação a partir da base de
conhecimentos existente, pelo que têm dificuldade de fixação dos estudantes após a
graduação. A base económica caracteriza-se pela fraca dinâmica industrial e limitada
presença de empresas em sectores tecnologicamente intensivos, o que limita as
oportunidades de colaboração universidades/empresas. A qualidade de vida é
frequentemente elevada − disponibilidade de espaços verdes, ausência de
congestionamento, estilo de vida mais “calmo” que resulta em parte do seu relativo
afastamento de grandes metrópoles. Dispõe de fraca conectividade internacional, quando
comparadas com as primeiros tipos de cidades. São capazes de atrair talentos na área
universitária, mas são prejudicadas pela falta de escala − Os seus centros de I&D de
maior qualidade podem ser encarados como factores de atracção de actividades de I&D
de empresas de outras regiões. A inserção em redes de cidades pode também contribuir
para entrarem em novas actividades.
Na figura 2.5 procura-se situar os sete tipos de cidades referidas face a quatro tipos de
actividades, embora se reconheça que a arrumação é muito simplificada.
17
Embora com baixa percentagem de estudantes estrangeiros.
36
DEPARTAMENTO DE
PROSPECTIVA E PLANEAMENTO
E RELAÇÕES INTERNACIONAIS
Technotowns in Indústria
Transition
Star Metropoles
Technotown in Transition
Actividades Culturais
Knowledge Pearls & Indústrias Criativas
Metropolitanas
Serviços Globais
Não Metropolitanas
Legenda:
Indústria – Sectores de forte ou média intensidade tecnológica
Actividades culturais & indústrias criativas – Artes, Espectáculo, Museus, Edição, Design,
Publicidade, Audiovisual, Jogos de computador, Multimedia, Media
Serviços Globais – Serviços financeiros, Serviços de consultoria, Engenharia, Auditoria, Serviços
jurídicos, Serviços de telecomunicações globais,
Ensino & Investigação – Universidades, Hospitais universitários, Centros de I&D Universitários,
Laboratórios de Big Science; Laboratórios de I&D de grandes empresas
37
DEPARTAMENTO DE
PROSPECTIVA E PLANEAMENTO
E RELAÇÕES INTERNACIONAIS
Glaeser e Saiz (2003) concordam que “durante mais de um século, as cidades com alto
nível de educação cresceram mais depressa que outras em situação comparável por
terem maior capital humano”. Simplesmente, tal justifica-se por se terem tornado
cidades mais produtivas e não necessariamente por serem mais atractivas para viver.
Esta diferença de concepção envolve um trade-off entre crescimento, impulsionado pela
inovação e organização da base económica, e oferta de amenidades enquanto factor de
atracção de talentos. Nesta última perspectiva, Florida (2002) enfatiza os efeitos
variáveis do pilar “tolerância” na dimensão da cidade criativa edificada com base na
convergência da tecnologia e talentos.
Como referimos já, os factores motrizes para o desempenho económico e social bem
sucedido das cidades, envolvem a inovação e criatividade, a estrutura industrial, o capital
humano e a conectividade, os quais, gerando externalidades, positivas e negativas,
inerentes à forte aglutinação de pessoas, obrigam a encontrar soluções que respondam
aos desafios da sustentabilidade e da coesão, o que implica uma sólida governança do
espaço urbano.
O termo “cidade inteligente” tem assim sido utilizado com múltiplos significados
(Komninos, 2006):
38
DEPARTAMENTO DE
PROSPECTIVA E PLANEAMENTO
E RELAÇÕES INTERNACIONAIS
3. Como ambientes que aproveitam as TIC para criar espaços interactivos que
“trazem” a computação para o mundo físico – perspectiva em que as cidades
inteligentes se referem a ambientes físicos nos quais as TIC se diluem nos
objectos físicos que fazem parte do quotidiano; e,
Komninos (2006, pág. 1) define as cidades inteligentes como “territórios com elevada
capacidade de aprendizagem e inovação, que é construída pela criatividade da sua
população, pelas suas instituições de criação de conhecimento e pela sua infra-estrutura
digital de comunicação e de gestão do conhecimento” e entende que as cidades
inteligentes surgem quando as ilhas de inovação encontram o mundo digital.
Processos chave:
Virtual Space
Espaço Virtual
Desmaterialização das
infraestruturas
Aprendizagem e gestão
tecnológica em tempo real Transferência
De Tecnologia
TT
Tecnologia virtual R&D
I&D
Comunidades virtuais FIN
Financiamento
Promoção digital da
inovação Redes
NET
Physical Space
Espaço Real
Desenvolvimento
PD
de produto
39
DEPARTAMENTO DE
PROSPECTIVA E PLANEAMENTO
E RELAÇÕES INTERNACIONAIS
Tendo em conta estes factores, Komminos (2006, pág. 5), considera que as cidades
inteligentes surgem de um processo de “fusão de clusters de inovação e cidades digitais,
visando o reforço da base de conhecimento e de inovação”. Essa fusão é desencadeada e
alimentada por redes de conhecimento cooperantes e processos reguladores dos sistemas
de conhecimento e de inovação.
O nível básico de uma cidade inteligente são os seus clusters produtivos, na indústria e
serviços. Associa a classe criativa, composta de pessoas talentosas, cientistas, artistas,
empresários, determinando como é organizado o mundo do trabalho e como se
desenvolve a cidade. A proximidade geográfica facilita a cooperação e troca de
conhecimento entre produtores, fornecedores, serviços e trabalhadores do conhecimento.
18
Referidos em Komninos, 2006.
40
DEPARTAMENTO DE
PROSPECTIVA E PLANEAMENTO
E RELAÇÕES INTERNACIONAIS
Com a integração destes três níveis a cidade inteligente (figura 2.7) beneficia de um
conjunto de processos e de atributos: a existência de uma inteligência colectiva
estratégica, a transferência de tecnologia, a inovação em cooperação, a promoção dos
clusters e lugares.
Entre as funções principais da cidade digital, contam-se a promoção territorial, que visa
a disseminação da imagem da cidade (marketing territorial), a atracção de pessoas e
41
DEPARTAMENTO DE
PROSPECTIVA E PLANEAMENTO
E RELAÇÕES INTERNACIONAIS
Universidades
Centros de
Transferência
de Tecnologia I&D pública
Parques, Redes,
Consultores
Clusters I&D privada
Financiamento da Inovação
Banca, Capital de risco, Sistema Tecnológico
incentivos regionais Patentes, Padrões, Publicações Técnicas
Mercados Emergentes. Foresight
Refira-se que esta definição de Cidade Inteligente permite abranger um leque muito
mais vasto de cidades do que as que referimos anteriormente como Cidades do
Conhecimento. Permite, por exemplo, integrar cidades de tradição industrial em
indústrias maduras, que são capazes de redefinir o seu core de competências
competitivas não ficando prisioneiras do declínio das indústrias tradicionais. Nalguns
casos podem reconfigurar-se em torno de indústrias criativas – associadas ou não à
produção do capital imaterial das indústrias tradicionais – ou desenvolver conhecimentos
e competências em áreas tecnológicas de maior potencial, às quais possam mais
facilmente aceder a partir de relações dessas áreas com as indústrias tradicionais (ex.,
dos têxteis à nanotecnologia).
42
DEPARTAMENTO DE
PROSPECTIVA E PLANEAMENTO
E RELAÇÕES INTERNACIONAIS
43
DEPARTAMENTO DE
PROSPECTIVA E PLANEAMENTO
E RELAÇÕES INTERNACIONAIS
Vimos assim que o sucesso das cidades na economia do conhecimento passava pela sua
capacidade de atrair trabalhadores do conhecimento, para criar e aplicar conhecimento
no desenvolvimento de clusters de actividades inovadoras e competitivas na economia
global. Para tal torna-se necessária uma capacidade organizadora e um conjunto de
fundamentos, a saber, uma base económica e uma base de conhecimento diversificadas e
de excelência, elementos de qualidade urbana, tais como a sua conectividade e
acessibilidade, a diversidade do meio físico, social e cultural, a qualidade de vida
proporcionada pela cidade e a equidade social. Àqueles fundamentos acrescentava-se
ainda a própria escala urbana (dimensão da cidade) no sentido em que influencia os
outros fundamentos e as diferenças de dimensão implicam também diferenças nos modos
como as cidades se podem integrar na economia do conhecimento, nomeadamente os
tipos de redes colaborativas que necessitam de desenvolver.
A equacionação das políticas urbanas para o século XXI passa assim pelas opções
políticas, pelos instrumentos a utilizar, pelas escalas territoriais a que devem ser
implementadas as políticas e pelos actores a envolver e as modalidades desse
envolvimento. Em cada caso, a equacionação das políticas deverá ser efectuada
tendo em conta a dimensão e a posição geográfica da cidade, bem como os seus
activos e a sua experiência histórica.
45
DEPARTAMENTO DE
PROSPECTIVA E PLANEAMENTO
E RELAÇÕES INTERNACIONAIS
A outra, que preconiza o investimento nos activos tangíveis das cidades mais
necessários ao desenvolvimento de longo prazo, retomando a tese do
desenvolvimento “a partir de dentro”.
A coesão social que apela a uma redução das disparidades económicas, com
acesso espacial equitativo a amenidades e atenuação das tensões sociais, culturais
e / ou étnicas; e,
A orientação das políticas urbanas por aqueles imperativos deve ser vista de forma
dinâmica devido à “instabilidade intrínseca” que caracteriza a hierarquia urbana
internacional. Criticando o excessivo recurso à atracção de empresas móveis
internacionais com o argumento da elevada mobilidade do capital internacional,
Friedmann defende que “Construir activos, neles investindo solidamente, fará mais pelo
desenvolvimento urbano e regional de longo prazo, do que captar investimentos de
46
DEPARTAMENTO DE
PROSPECTIVA E PLANEAMENTO
E RELAÇÕES INTERNACIONAIS
O argumento aduzido tem pertinência, uma vez que a evidência tem mostrado como o
capital móvel tende a retirar-se quando as condições que determinaram a sua localização
deixam de ser atractivas 20 , mas isso sucede particularmente nos investimentos
orientados pelos custos e / ou pelo aproveitamento de recursos naturais. Para além disso,
em particular no contexto da economia do conhecimento, a oferta dos activos referidos
pode constituir em si um factor de atracção de investimentos móveis baseados em
factores mais tangíveis e distintivos de cada lugar e, por isso, capazes de gerar maiores
enraizamentos locais e maior durabilidade.
Trata-se, no entanto, de activos com efeitos a mais longo prazo, que exigem massas
críticas de externalidades para tornarem as cidades suficientemente competitivas do
ponto de vista da atracção e fixação de investimento inovador e criativo, sendo que a
fixação desses investimentos se torna, em si, um factor de atracção de novos
investimentos. Alguns autores (Eger, 2003) defendem que as empresas que buscam
ambientes criativos não são sensíveis aos vectores de custo, nomeadamente os fiscais,
salariais e imobiliários. Todavia, nas cidades com menor capacidade de competição
internacional na oferta dos activos tangíveis, a que alude Friedmann, e em que os níveis
19
Friedmann, 2007, pág. 12.
20
E, nesse sentido, as ajudas estatais, na medida em que ajudam a reduzir o período de amortização do
investimento, acentuam essa mobilidade.
47
DEPARTAMENTO DE
PROSPECTIVA E PLANEAMENTO
E RELAÇÕES INTERNACIONAIS
48
DEPARTAMENTO DE
PROSPECTIVA E PLANEAMENTO
E RELAÇÕES INTERNACIONAIS
No que à qualidade física das cidades diz respeito, para além das infra-estruturas e
amenidades urbanas clássicas (saneamento, água, energia, etc.) torna-se cada vez mais
premente o desenho urbano e a qualidade e funcionalidade dos edifícios, incluindo os
elementos de património com simbolismo histórico, que possam tornar a cidade
acolhedora e distintiva, e contribuir para o uso social do espaço público. Para além da
promoção da qualidade física das cidades, as políticas urbanas tendem também a apostar
crescentemente no fomento de eventos que animem o espaço público, ajudando a criar
uma imagem atractiva da cidade e uma vivência social que estimule a criatividade.
21
Hall apresenta vários exemplos na Europa: Part-Dieu em Lyon, Quartier Lu em Nantes, Reading perto de
Heathrow e inserida no M4 Corridor e Bristol Parkway.
22
Certamente que outras políticas, que não as políticas urbanas, podem contribuir também para a
sustentabilidade das cidades, nomeadamente as políticas de fomento do teletrabalho (tirando partido da
infra-estrutura digital) que permitem reduzir as necessidades de comutação e de transportes em geral.
49
DEPARTAMENTO DE
PROSPECTIVA E PLANEAMENTO
E RELAÇÕES INTERNACIONAIS
Para fazermos a abordagem aos instrumentos de política orientados para o reforço das
capacidades de iniciativa e de organização das cidades, baseamo-nos em Hutton (2007)
que, na base da sua experiência no projecto Ideopolis, enuncia uma conjunto de quatro
grandes vectores de instrumentos soft:
50
DEPARTAMENTO DE
PROSPECTIVA E PLANEAMENTO
E RELAÇÕES INTERNACIONAIS
Hard Knowledge
Ciência
Tecnologia
Qualificações
do conhecimento
Liderança
Globalização
Competências Distinção
Economia
Colaboração
Soft Knowledge
Liderança
Comunicação
Inovação
Capital
Cidade
51
DEPARTAMENTO DE
PROSPECTIVA E PLANEAMENTO
E RELAÇÕES INTERNACIONAIS
52
DEPARTAMENTO DE
PROSPECTIVA E PLANEAMENTO
E RELAÇÕES INTERNACIONAIS
Ter visão a longo prazo e supra-urbana, que lhes permita tomar decisões difíceis
do ponto de vista das opções de implantação geográfica das iniciativas, o que
impõe estruturas de governança que assegurem a afectação mais reprodutiva de
recursos, a transparência das decisões e o reconhecimento das interdependências
entre as cidades colaborantes e das vantagens mútuas da colaboração.
23
Citado em Hutton, 2007, pág. 25.
24
Path dependency, que todavia não deve agrilhoar a iniciativa, mas apenas servir de base para a avaliação da
exequibilidade dos objectivos pretendidos.
53
DEPARTAMENTO DE
PROSPECTIVA E PLANEAMENTO
E RELAÇÕES INTERNACIONAIS
Certamente que a colaboração não se estabelece apenas entre cidades, mas também
entre as cidades e as administrações públicas nacionais, e dentro da própria cidade e da
cidade região, tendo implicações nas formas de conceber o ordenamento do território.
Trata-se de um processo que Friedmann (2007, pág. 17) exprime como de “planeamento
pelo diálogo” 25 do tipo modelo de geração empírica 26 , em que o sucesso de ordenamento
do território surge mais como processo em tempo real do que como acto de elaboração
de planos de zonamento urbano (lógica dos planos directores). Segundo esta concepção,
o ordenamento do território deve ser visto como:
25
Planning by conversation, no original.
26
Homespun model, no original.
54
DEPARTAMENTO DE
PROSPECTIVA E PLANEAMENTO
E RELAÇÕES INTERNACIONAIS
Desse modo, interessa neste relatório, dar algum espaço à chamada Carta de Leipizg,
onde se estabelece um acordo, a nível dos governos da UE, para darem maior
importância às políticas de revitalização e de compacidade urbanas, como forma de se
obter maior sustentabilidade das cidades, e ao mesmo tempo se procura que os Fundos
Comunitários possam vir a ter maior aplicação nesse domínio, dando mesmo lugar a um
documento da Comissão Europeia para apoio aos Estados Membros, o chamado “Guide;
The urban dimension in Community policies for the period 2007-2013”. A possibilidade de
mobilização de recursos financeiros substanciais para os objectivos de política urbana
acordados a nível europeu, é fundamental para se conseguir maior empenho dos
governos nacionais na realização desses objectivos.
27
European Comission, 2006.
55
DEPARTAMENTO DE
PROSPECTIVA E PLANEAMENTO
E RELAÇÕES INTERNACIONAIS
urbano, que combine todas as políticas relevantes da UE e que envolva os actores a todos
os níveis – local, regional, nacional e comunitário.
A Carta sugere que as cidades devem estar no núcleo das políticas de financiamento. Mas
a Carta de Leipzig recomenda que os governos utilizem mais frequentemente a figura da
parceria público-privada para aumentar os investimentos na infra-estrutura urbana. A
Comissão Europeia é instada a coordenar legislação e directivas ao nível europeu
estabelecendo os caminhos para a aplicação das orientações no terreno, de forma mais
efectiva do que no passado, e a dar maior atenção aos problemas urbanos na aplicação
dos Fundos Comunitários.
56
DEPARTAMENTO DE
PROSPECTIVA E PLANEAMENTO
E RELAÇÕES INTERNACIONAIS
Para além disso, o contrat-ville compreende programas temáticos para escalas territoriais
previamente definidas, abrangendo:
A inserção social; e,
28
ISCTE/CET, 2005.
57
DEPARTAMENTO DE
PROSPECTIVA E PLANEAMENTO
E RELAÇÕES INTERNACIONAIS
natureza e incidências das dificuldades observadas, e que por esse motivo beneficiam
também de um determinado conjunto de benefícios fiscais:
Zonas Francas Urbanas (ZFU), que são seleccionadas entre as ZRU e beneficiam
igualmente de um apoio previamente contratualizado com o Estado que suporta
financeiramente as isenções concedidas (imposto sobre as empresas, contribuições
para a segurança social, etc.).
A participação cívica das populações continua a registar imensas dificuldades, até porque
a margem de manobra dos habitantes continua a ser muito limitada. Existem, contudo,
fundos de participação destinados às associações cívicas de bairro, para que estas
estruturem projectos associativos de modo a estimular o exercício de uma cidadania
30
activa dos habitantes .
29
Para obter informação mais detalhada sobre a política de cidades em França, consultar o site
www.ville.gouv.fr
30
BACQUÉ et al., 2003.
58
DEPARTAMENTO DE
PROSPECTIVA E PLANEAMENTO
E RELAÇÕES INTERNACIONAIS
Sob esta perspectiva, a política de renovação urbana deveria contribuir para uma
melhoria significativa da qualidade de vida nas cidades (sob o lema places to people),
estimulando um desenho urbano mais atractivo e funcional (por ex., através do programa
de demonstração Millenium Communities), favorecendo a participação cívica e a criação
de parcerias no contexto do planeamento urbano, procurando incentivar a melhoria dos
serviços públicos e privados nos espaços urbanos intervencionados (ex. Business
Improvement Districts), e estimular o próprio desenvolvimento económico daqueles
territórios através de programas específicos que visam facilitar a atracção de empresas
para os bairros mais problemáticos.
31
A título ilustrativo consulte-se http://www.bristol.gov.uk
59
DEPARTAMENTO DE
PROSPECTIVA E PLANEAMENTO
E RELAÇÕES INTERNACIONAIS
Em síntese, a NRS visa essencialmente criar as condições para uma mobilização colectiva
dos territórios urbanos mais desfavorecidos no sentido de combater a sua exclusão
económica e social, permitindo assim atingir níveis superiores de coesão territorial. Deste
ponto de vista, a escolha dos meios obedece a uma abordagem pragmática em que a
experimentação local constitui, sem dúvida, um elemento de fundamental importância
para incentivar a aprendizagem colectiva e contribuir para o sucesso do próprio programa
32
de regeneração urbana .
Nesse sentido, mais recentemente, algumas das políticas de revitalização urbana têm
procurado focalizar-se mais expressivamente na definição de objectivos e na aplicação de
instrumentos para o desenvolvimento sustentável das cidades, tendo por base a
integração de várias componentes (residencial, ambiente urbano, integração social,
comércio, equipamentos colectivos, nomeadamente os culturais, acolhimento de
empresas, instituições de ensino e de investigação, etc.) na perspectiva de reconstruir
centralidades urbanas baseadas no conceito de Innovation Hub. É disso que nos
ocuparemos na secção seguinte.
32
BACQUÉ et al., 2003.
60
DEPARTAMENTO DE
PROSPECTIVA E PLANEAMENTO
E RELAÇÕES INTERNACIONAIS
O iHub pode, assim, ser entendido como um conceito que alia soluções de revitalização
urbana dinamizadoras de espaços da cidade desvitalizados de fluxos de pessoas e de
actividades a iniciativas associadas à promoção da inovação através de diferentes meios
(Centros de transferência de tecnologia, fornecimento de serviços de consultoria a start-
ups, incubadoras de empresas de base tecnológica, etc.). Trata-se de um instrumento
que acompanha a fase de passagem da urbanização extensiva para a recuperação de
áreas anteriormente urbanizadas e que visa responder à necessidade de renovar a base
económica das cidades.
33
www.helsinkivirtualvillage.fi/Resource.phx/adc/inenglish/
61
DEPARTAMENTO DE
PROSPECTIVA E PLANEAMENTO
E RELAÇÕES INTERNACIONAIS
Dublin (Gleeson e Conway, 2005) localiza-se na antiga zona industrial das Liberties, a 10
minutos a pé do centro de Dublin (Temple Bar) e do Trinity College, nas instalações da
Guiness, próximo do Guiness Storehouse (centro interpretativo de artes, importante
destino turístico) e do Ireland’s National College of Art and Design, e o 22@bcn de
Barcelona localiza-se na antiga zona industrial de Poblenou, entre o centro da cidade e
parte da sua frente marítima, e próxima das infra-estruturas dos jogos olímpicos
(Barceló, 2005).
Deste modo, o iHub não é apenas uma operação de revitalização urbana, nem é uma
qualquer operação de revitalização urbana. Ao contrário do que frequentemente tem
sucedido, enquanto operação de revitalização urbana o iHub não se cinge à criação de
condições físicas de maior bem-estar dentro da cidade, o que o levaria a centrar-se na
habitação de qualidade, na localização de serviços culturais e de lazer e nos serviços
pessoais (que corresponderia a uma revitalização de base predominante no consumo,
mais característica da segunda das fases de planeamento urbano a que aludimos na
Introdução), mas de a isso adicionar a fixação de novas actividades produtivas que
possam constituir base económica. Enquanto operação, que pretende atrair para dentro
da cidade essas novas actividades produtivas, o iHub não visa quaisquer actividades, mas
sim actividades inseridas na economia do conhecimento, incluindo as indústrias criativas,
compatíveis com as funções de habitação e lazer, e com a alta densidade de ocupação do
espaço e respectivos custos imobiliários. Trata-se de uma revitalização de base
predominantemente produtiva, que visa restituir à cidade as suas funções de centro de
inovação e de produção com projecção externa.
62
DEPARTAMENTO DE
PROSPECTIVA E PLANEAMENTO
E RELAÇÕES INTERNACIONAIS
Como se pode ver pela figura seguinte, a atractividade de talentos (inserindo-se aqui os
trabalhadores do conhecimento e os criativos), a multifuncionalidade do espaço
(exercício conjunto de diferentes tipos de actividades, contrário do zonamento euclidiano,
que pode envolver também espaços específicos com essa característica) e a sua
compacidade, são características determinantes do iHub. Mas a essas características
deve-se também adicionar o seu carácter socialmente integrador e a existência de uma
liderança, por se tratar de um espaço que se pretende activo e dinamizador de
transformações económicas e sociais dentro da cidade, mas com projecção para o
exterior.
63
DEPARTAMENTO DE
PROSPECTIVA E PLANEAMENTO
E RELAÇÕES INTERNACIONAIS
Espaço de Espaço
participação e socialmente
liderança integrador
Como espaço atractivo de talentos, é necessário que o iHub e a cidade em que se insere,
ofereçam amenidades urbanas em diversidade e com qualidade, mas é preciso também
64
DEPARTAMENTO DE
PROSPECTIVA E PLANEAMENTO
E RELAÇÕES INTERNACIONAIS
65
DEPARTAMENTO DE
PROSPECTIVA E PLANEAMENTO
E RELAÇÕES INTERNACIONAIS
Tendo em conta que o projecto se enquadra em, e visa responder a, uma estratégia da
política pública para a(s) cidade(s), na fase inicial do projecto é particularmente
importante o papel de dinamização pelas instituições públicas locais. Todavia, deste
facto não decorre que actores privados ou públicos veiculados a políticas sectoriais não se
possam assumir como parceiros essenciais para a sustentabilidade do projecto.
34
Jones et al, 2006a.
66
DEPARTAMENTO DE
PROSPECTIVA E PLANEAMENTO
E RELAÇÕES INTERNACIONAIS
Por outro lado, assiste-se a uma crescente incorporação de inovações tecnológicas nas
actividades do entretenimento, tornando-as uma das áreas de maior aplicação de
“produtos” interactivos. Muitas das indústrias do entretenimento passaram, assim, a
enquadrar-se nas actividades intensivas em conhecimento, de elevado conteúdo
tecnológico, mas reunindo simultaneamente características indispensáveis a um
ambiente vibrante e estimulante.
A natureza das actividades que se pretende que integram o iHub − actividades inseridas
na economia do conhecimento e potencialmente geradoras de produtos e serviços
transaccionáveis − torna pertinente e necessário que estabelecimentos de ensino superior
estejam envolvidas no projecto desde a sua fase de concepção. O funcionamento, na área
de intervenção, de escolas superiores, centros de I&D ou de transferência de tecnologia,
associados ao foco temático do projecto, propicia melhores condições de articulação com
o sector empresarial, favorecendo um melhor conhecimento das respectivas necessidades
em termos de competências e, simultaneamente, gera uma procura adicional de serviços
por parte de estudantes e profissionais. A instalação destes serviços, por seu turno,
influencia a configuração ou reconfiguração do lugar, adensando a respectiva utilização e
vivências. Tendo em conta os benefícios mútuos do estabelecimento de parcerias entre
instituições de ensino superior e as entidades locais, torna-se necessário acautelar níveis
de articulação entre os decisores políticos ao nível local e os decisores políticos do
36
sistema de ensino a nível nacional .
35
Ferreira, 2003
36
Hutton (2007)
67
DEPARTAMENTO DE
PROSPECTIVA E PLANEAMENTO
E RELAÇÕES INTERNACIONAIS
• O turismo urbano é muito incentivado por cidades que acolham eventos significativos
ou disponham de instalações culturais de elevada qualidade;
68
DEPARTAMENTO DE
PROSPECTIVA E PLANEAMENTO
E RELAÇÕES INTERNACIONAIS
A escolha desse espaço por talentos ou seja, por pessoas que se destacam pela sua
criatividade e inovação, tanto quanto mais variadas forem as suas origens
culturais, competências e abordagens;
Um Innovation Hub não pode ser concebido nem como um gueto onde se “refugiariam”
actividades sem influência na vida do conjunto da cidade, nem como um microcosmo que
integraria o conjunto de funções que existem na cidade, desde a residência, ao comércio
e a diversas outras actividades. Deve ser concebido como um factor de enriquecimento
da cidade em que se integra, realizando-se nele as funções que forem mais relevantes
para gerar diferença e induzir mudança no espaço urbano em que se insere.
A Figura 4.3 procura ilustrar um conjunto de actividades que poderão constituir focos de
atracção de instituições, talentos e visitantes, sendo que cada uma dessas actividades
está mais vocacionada para um destes focos, mas todas devem reforçar a capacidade
de atracção das restantes. Nela destacam-se:
69
DEPARTAMENTO DE
PROSPECTIVA E PLANEAMENTO
E RELAÇÕES INTERNACIONAIS
A conectividade digital significa que o Innovation Hub tem que estar dotado das
melhores condições em termos de serviços digitais acessíveis aos seus utilizadores;
Software &
Serviços Produção
Centros de
Ensino & Audiovisual
Formação &Digital
Contínua Media
Centros de
Design &
I&D
Ensino de Moda
de Empresas
Artes,
Arquitectura e
Design
Museus &
Outras Serviços
Instituições Pessoais
Culturais
Galerias & Comércio & Saúde
Antiguidades Eventos, Premium
Música &
Espectáculos
Uso
Mobilidade Estética Eficiente
Sustentável Urbana Água
&Energia
Conectividade
Digital
70
DEPARTAMENTO DE
PROSPECTIVA E PLANEAMENTO
E RELAÇÕES INTERNACIONAIS
Centros históricos;
Salienta-se que se trata de áreas-tipo para revitalização, que se distinguem entre si pelas
funções anteriormente exercidas e pelas densidades e tipos de ocupações actuais do
espaço, mas que não esgotam todas as possibilidades de espaços susceptíveis de
albergar iHubs. Particularmente nas cidades de menor dimensão e nos casos em que as
exigências de espaço do iHub são menores, o recurso a espaços livres dispersos (infills)
pode constituir uma solução, ainda que salvaguardando proximidades mínimas entre
actividades, que facilitem a interacção. De qualquer modo, nos quadros seguintes
procurou-se exemplificar diferentes vocações para os Innovation Hubs em cada um
daqueles três tipos de espaços.
71
DEPARTAMENTO DE
PROSPECTIVA E PLANEAMENTO
E RELAÇÕES INTERNACIONAIS
FACTORES
CONCEPÇÃO DAS
ÂMBITO DISTINTIVOS A ACTIVIDADES A
INTERVENÇÕES
TERRITORIAL DETERMINAR AS PRIVILEGIAR
URBANAS
ESCOLHAS
72
DEPARTAMENTO DE
PROSPECTIVA E PLANEAMENTO
E RELAÇÕES INTERNACIONAIS
FACTORES
CONCEPÇÃO DAS
ÂMBITO DISTINTIVOS A ACTIVIDADES A
INTERVENÇÕES
TERRITORIAL DETERMINAR PRIVILEGIAR
URBANAS
ESCOLHAS
Alguns dos factores a privilegiar são comuns, quer ao centro histórico, quer às zonas
industriais e às ribeirinhas, nomeadamente a inovação na estética urbana – arquitectura,
restauro e design, embora nestes casos possa haver diferentes graduações na
preservação patrimonial, dependendo das circunstâncias específicas, podendo ir desde a
preservação de alguns edifícios, ou parte de edifícios, com grande valia arquitectónica e /
ou histórica, à preservação de conjuntos mais amplos de edificado incluindo edifícios e
espaço público portadores de singularidade. Um espaço público com soluções inovadoras
transporta para estas zonas elementos fundamentais de criatividade que favorecem a sua
fruição, atraindo habitantes, visitantes e investidores.
73
DEPARTAMENTO DE
PROSPECTIVA E PLANEAMENTO
E RELAÇÕES INTERNACIONAIS
O cruzamento das disciplinas artísticas com outras áreas do saber (por exemplo, a saúde
e o ambiente), poderá produzir novos conhecimentos. De realçar as actividades que têm
a ver com a produção de conteúdos digitais para espaços museológicos, nomeadamente
na sua componente mais lúdica, e aquelas que privilegiam a recuperação de antigo
património industrial, onde a mistura tradição / novidade é extremamente produtiva.
74
DEPARTAMENTO DE
PROSPECTIVA E PLANEAMENTO
E RELAÇÕES INTERNACIONAIS
75
DEPARTAMENTO DE
PROSPECTIVA E PLANEAMENTO
E RELAÇÕES INTERNACIONAIS
DOMÍNIOS DE
INSTRUMENTOS DE POLÍTICA
INTERVENÇÃO
76
DEPARTAMENTO DE
PROSPECTIVA E PLANEAMENTO
E RELAÇÕES INTERNACIONAIS
Conectividade digital • Serviços on line: portal com serviços orientados para a gestão
participada, nomeadamente a captação de ideias dos cidadãos para a
cidade, e para a interacção social, bem como com links seleccionados
para facilitar a inserção e o estabelecimento de redes sociais e de
conhecimento em áreas temáticas do interesse específico do iHub.
77
DEPARTAMENTO DE
PROSPECTIVA E PLANEAMENTO
E RELAÇÕES INTERNACIONAIS
78
DEPARTAMENTO DE
PROSPECTIVA E PLANEAMENTO
E RELAÇÕES INTERNACIONAIS
Fundos comunitários e créditos BEI: dentro dos limites impostos pelas regras
de elegibilidade, para o cofinanciamento de infra-estruturas urbanas (da
mobilidade e gerais incluindo as da sustentabilidade no uso de recursos), de
arranjos no espaço público urbano, e dos incentivos à localização no espaço do
iHub; e,
Nesta secção aborda-se um conjunto de linhas gerais de orientação que devem ser
acolhidas nos processos de concepção e implementação de projectos de revitalização
urbana, tendo em conta que a natureza transversal destas iniciativas torna os aspectos
organizacionais e de participação cruciais para a prossecução dos respectivos objectivos.
Estrutura-se a apresentação das referidas linhas de orientação em cinco pontos, sendo os
dois primeiros de ordem mais geral (uma abordagem na perspectiva da governança e
princípios gerais sobre as estruturas organizacionais e de participação), e os três últimos
de maior nível de concretização de alguns dos princípios gerais (o mandato da entidade
responsável; modelos de parceria e de participação e aspectos a reter no processo de
planeamento).
37
Friedmann, 2007.
79
DEPARTAMENTO DE
PROSPECTIVA E PLANEAMENTO
E RELAÇÕES INTERNACIONAIS
Não
universalidade
Comunicação Autonomia
Princípios
organizacionais e
de participação em
revitalização
urbana
Sustentabilidade
Competências
financeira
38
Veja-se a sistematização apresentada por Jacquier (2006).
80
DEPARTAMENTO DE
PROSPECTIVA E PLANEAMENTO
E RELAÇÕES INTERNACIONAIS
39
Friedmann, 2007.
81
DEPARTAMENTO DE
PROSPECTIVA E PLANEAMENTO
E RELAÇÕES INTERNACIONAIS
82
DEPARTAMENTO DE
PROSPECTIVA E PLANEAMENTO
E RELAÇÕES INTERNACIONAIS
Quando a parceria não está directamente representada nos órgãos de gestão, a estrutura
não executiva integra necessariamente os intervenientes-chave no projecto. Numa
tipologia de projecto próxima das boas práticas para a revitalização competitiva, estão
nestas condições o município, a agência nacional para a atracção do IDE, a agência
responsável pela gestão dos incentivos às empresas, o(s) estabelecimento(s) de ensino
superior ou centros de investigação com maior grau de articulação com o foco do
projecto, e representantes do sector empresarial (empresa(s) mais empenhada(s) no
projecto e envolvida(s) no patrocínio; representantes de outras empresas locais). Podem,
igualmente, integrar a parceria operadores culturais relevantes na zona de intervenção,
uma vez que deles depende uma das funções – o lazer – que se pretende esteja presente
no espaço a revitalizar. Nas situações em que o foco temático está mais associado a
áreas culturais, a preponderância destes operadores na parceria será reforçada.
Numa estrutura não executiva a participação será tanto mais qualificada quanto mais
efectiva for a disponibilidade de serviços de consultoria independentes nas áreas de
planeamento e arquitectura, que possam contribuir para fundamentar tecnicamente as
posições dos diferentes parceiros.
83
DEPARTAMENTO DE
PROSPECTIVA E PLANEAMENTO
E RELAÇÕES INTERNACIONAIS
Por último, o processo de participação não se pode considerar concluído se não incorporar
o feed-back das várias diligências de auscultação e concertação junto da população e
diferentes actores intervenientes, apresentando os diferentes pontos de vista em cada
fase do projecto e em que aspectos o projecto tomou em consideração os pontos de vista
expressos.
40
URBACT.
84
DEPARTAMENTO DE
PROSPECTIVA E PLANEAMENTO
E RELAÇÕES INTERNACIONAIS
O projecto deve enquadrar-se numa estratégia mais global definida para a cidade ou
mesmo para a região. Será da implementação de uma estratégia de conjunto que se
pode potenciar um máximo de decisões concordantes e complementares, já que uma
estratégia assumida apenas a uma escala territorial intra-urbana poderá confrontar-se
com incoerências e redundâncias (geradoras de ineficiências) em relação a opções
tomadas em processos de planeamento conduzidos em planos mais abrangentes ou com
problemas de insuficiência de escala, potencialmente superáveis através da participação
em redes.
85
DEPARTAMENTO DE
PROSPECTIVA E PLANEAMENTO
E RELAÇÕES INTERNACIONAIS
Concretizar ideias
Estabelecer redes
Promover ideias e /promover o
projectos marketing de ideias e
de projectos
86
DEPARTAMENTO DE
PROSPECTIVA E PLANEAMENTO
E RELAÇÕES INTERNACIONAIS
A concepção do projecto
Conforme foi já referido, deve existir uma articulação entre o projecto de regeneração
urbana e a estratégia urbana no seu conjunto, para a cidade, no sentido de uma
convergência de interesses. Para Avitabile (2005) o sucesso do projecto depende em
grande parte da articulação entre o processo decisional, que se inscreve numa lógica
política, envolvendo a gestão dos interfaces com a sociedade civil, e o processo técnico,
que se inscreve numa lógica conceptual, bem como da respectiva gestão ao longo da
elaboração do projecto.
87
DEPARTAMENTO DE
PROSPECTIVA E PLANEAMENTO
E RELAÇÕES INTERNACIONAIS
88
DEPARTAMENTO DE
PROSPECTIVA E PLANEAMENTO
E RELAÇÕES INTERNACIONAIS
89
DEPARTAMENTO DE
PROSPECTIVA E PLANEAMENTO
E RELAÇÕES INTERNACIONAIS
90
DEPARTAMENTO DE
PROSPECTIVA E PLANEAMENTO
E RELAÇÕES INTERNACIONAIS
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
22@Barcelona, (2005), Plans for the urban refurbishment of the 22@Barcelona District,
February 2005, [email protected]
Athey G., Nathan M e Webber C. (2007): What Role do Cities Play in Innovation, and to
What Extent do We Need City-Based Innovation Policies and Approaches, NESTA Working
Paper 01/June 2007.
Barceló, M. (2005), “Barcelona; 22@Barcelona: A New District for the Creative Economy”,
in Making Spaces for the Creative Economy, ISOCARP Review, Madrid, ISOCARP, October
2005.
Cavaco, C., Moreno, L. (2006), “Não tem sentido separar o mundo rural do urbano”,
entrevista a Pessoas e Lugares, nº 41, 2006.
Cortright, G. (2006), City Vitals: New Measures of Success for Cities, Impresa Consulting.
Eger, J. (2003), The creative community; Forging the links between art culture commerce
& community, San Diego, California, The California Institute for Smart Communities.
European Commission, (2006), Cohesion Policy and cities: the urban contribution to
growth and jobs in the regions, Communication from the Commission to the Council and
the Parliament, COM (2006) 385 final, Brussels 13.7.2006.
European Commission, The urban dimension in Community policies for the period 2007-
2013, Guide.
91
DEPARTAMENTO DE
PROSPECTIVA E PLANEAMENTO
E RELAÇÕES INTERNACIONAIS
Ferreira, A., (2003), O Turismo como propiciador da regeneração urbana. O caso de Faro,
Tese de Doutoramento, Departamento de Economia, Gestão e Engenharia Industrial,
Universidade de Aveiro, Aveiro.
Florida, R. (2002), The Rise of the Creative Class, and How It's Transforming Work,
Leisure and Everyday Life, New York, Basic Books.
Friedmann, J. (2007), “A Spatial Framework for Urban Policy: New Directions, New
Challenges”, OECD International Conference: What policies for globalising cities?
Rethinking the urban policy agenda, Madrid, 29-30 March 2007. (Mimeo).
Gabble, C. (2006), Bridging the Digital Divide in Public Participation: The Roles of
Infrastructure, Hardware, Software and Social Networks in Helsinki’s Arabianranta and
Maunula, A thesis submitted in partial fulfillment of the requirements for the degree of
Master of Urban Planning, University of Washington, mimeo.
Glaeser, E., Saiz, A. (2003), The Rise of Skilled City, Discussion Paper 2025, Harvard
Institute of Economic Research.
Gleeson, D., Conway, M. (2005), “Dublin Strategies for the Knowledge Economy”, in
Making Spaces for the Creative Economy, ISOCARP Review, Madrid, ISOCARP, October
2005.
Hall, P. (2007), “’Hard’ Policy Instruments and Urban Development”, OECD International
Conference: What policies for globalising cities? Rethinking the urban policy agenda,
Madrid, 29-30 March 2007. (Mimeo).
Hall, P. (1999), “The Creative City in the Third Millenium”, in Verwijnen, J. and
Lehtovuori, P.,(Ed), Creative Cities; Cultural Industries, Urban Development and the
Information Society, Helsinki, University of Art and Design Helsinki.
Hutton, W. (2007), “Building Successful Cities in the Knowledge Economy: The Role os
‘Soft Policy’ Instruments”, OECD International Conference: What policies for globalising
cities? Rethinking the urban policy agenda, Madrid, 29-30 March 2007. (Mimeo).
Isohanni, T. (2002), “Helsinki Arabianranta; Through layers and data into a place of the
arts”, in, Ylimaula, A.-M., Lehtovuori, P., Isohanni, T., Vikberg, J., Urban Adventures,
Helsinki, University of Art and Design Helsinki.
92
DEPARTAMENTO DE
PROSPECTIVA E PLANEAMENTO
E RELAÇÕES INTERNACIONAIS
Jacquier, C. (2006), “Can Distressed Urban Areas Become Growth Poles?”, in OECD
Territorial Reviews, Competitive Cities in the Global Economy, OECD, 2006.
Jones, A. et al (2006b), Enabling Cities in the Knowledge Economy, The Work Foundation,
An independent report prepared for the Department for Communities and Local
Government, October 2006.
Landry, C. (2000), The Creative Cities, London, Sterling, VA, Comedia, Earthscan, 2005.
Modder, J., Saris, J. (2005), “The Netherlands; Creative Environments in Dutch City-
Regions”, in Making Spaces for the Creative Economy, ISOCARP Review, Madrid,
ISOCARP, October 2005.
93
DEPARTAMENTO DE
PROSPECTIVA E PLANEAMENTO
E RELAÇÕES INTERNACIONAIS
Rogers, R. (1997), Cidades para um pequeno planeta, Barcelona, Editorial Gustavo Gili,
AS, 2001.
Romer, P. (1996), "Science, Economic Growth and Public Policy", in B. Smith and C.
Barfield, eds., Technology, R&D, and the Economy, Brookings Institution and American
Enterprise Institute
Sassen, S. (2007), “The Repositioning of Cities and Urban Regions in a Global Economy:
Pushing Policy and Governance Options”, OECD International Conference: What policies
for globalising cities? Rethinking the urban policy agenda, Madrid, 29-30 March 2007.
(Mimeo).
URBACT (2007), Strengthening the Local Economy and the Local Labour Market in
Deprived Urban Areas – Good Practices in Europe, Study completed for the German
Federal Ministry of Transport, Building and Urban Affairs in view of the preparation of the
German Presidency of the UE, March 2007.
Verwijnen, J. (1999), “The Creative City’s New Field Condition, Can Urban Innovation and
Creativity Overcome Bureaucracy and Technocracy?”, in Verwijnen, J. and Lehtovuori, P.,
(Ed), Creative Cities; Cultural Industries, Urban Development and the Information
Society, Helsinki, University of Art and Design Helsinki.
Windem, W. van, Berg, L. van den (2004), Cities in the knowledge economy: New
governance challendges, Discussion paper, EURICUR, Project STRIKE.
Wu, W. (2004), Dynamic Cities and Creative Clusters, Study prepared for the East Asia
Prospect Study, DECRG, World Bank. (Mimeo).
94
DEPARTAMENTO DE
PROSPECTIVA E PLANEAMENTO
E RELAÇÕES INTERNACIONAIS
SIGLAS
TV – Televisão
UE – União Europeia
95