O Lado Negro Do Chocolate

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ANLISE DO DOCUMENTRIO THE DARK SIDE OF CHOCOLATE (O LADO

NEGRO DO CHOCOLATE)
No mundo moderno, o capitalismo se expressa territorialmente. Com ele,
revela-se a dominao do homem sobre o homem, motivando as desigualdades
sociais, redefinindo modelos de trabalho e de produo.

Neste contexto, importante analisar um documentrio, realizado por um


jornalista dinamarqus, Miki Mistrati, intitulado por O lado negro do Chocolate, o
qual instigado por boatos, decidiu investigar sobre a indstria do chocolate, bem
como a mo de obra para produo de sua matria prima, o cacau.

Apesar das propagandas, de ser to consumido mundialmente, tal


documentrio reflete o pior paladar que o chocolate desenvolveu em regies da
frica, especificamente na Costa do Marfim. O que se constatou foi o trabalho e o
trfico infantil, tudo em funo da produtividade hegemnica choclatra.

No documentrio, h uma breve entrevista com um dos vendedores de


matria prima para as grandes empresas de chocolate como a Nestl (por
exemplo), e tambm de um representante do governo. So incisivos, de que no
h crianas sendo traficadas, tampouco trabalhando naquelas regies de
plantaes cacaueiras.

O jornalismo investigativo insistente, e assim Miki Mistrati, decidiu


visitar fazendas de cacaus pessoalmente. Com uma cmera oculta possvel
verificar crianas vivendo em condies sub-humanas, retratando uma vida
penosa, rdua, de crianas amedrontadas que so forados a colher e grandes
produes de cacau, tudo, para garantir a sua sobrevivncia.

Tal pratica, conforme as leis nacionais, e internacionais, ilegal.


Segundo um site de notcia, em 2001 o governo dos EUA formulou o Protocolo
Harkin-Engel, ou o Protocolo do Cacau, um acordo internacional que visava acabar
com "as piores formas de trabalho infantil" e o trabalho forado, de acordo com as
convenes da Organizao Internacional do Trabalho
(http://www.tatianelira.com/2015/03/chocolate-com-gosto-amargo-de.html). Na ocasio, assinaram o
acordo os grupos envolvidos no escndalo: Guittard, Mars, Worlds Finest
Chocolate, Archer Daniels Midland Company, Nestl US, Blommer Chocolate,
Hershey Food Corporation e Barry Callebaut.

Como observamos atravs do documentrio, realizado no ano de 2010,


o acordo no saiu do papel. E, ao que pareceu, as autoridades permanecem
inertes, vendadas ao problema. As empresas signatrias do protocolo tambm, pois
o lucro certamente o objetivo primordial de multinacionais, pouco importando a
origem, a raiz, do produto industrializado.

Ao assistir o documentrio refleti certamente nas palavras do Bispo


Pedro Casaldliga, que assim entoou o lucro, em todos os tempos e em todos os
povos, quando se constitui em critrio e justificativa, se alimenta sempre de sangue
humano. A escravido uma decorrncia da insacivel e inescrupulosa hegemonia
do lucro. Ontem e hoje. Na escravido clssica, na escravido africana, nesta atual
diluda escravido, que pode ser o trabalho infantil degradante, ou as maquiladoras
nos pores das cidades, ou a peonagem flutuante nas fazendas latifundirias.
Comprar, vender, roubar vidas humanas um comrcio conatural para quem faz
da ganncia razo da prpria vida desumana. (Pedro Casaldliga, Bispo em So
Flix do Araguaia, Mato Grosso MT, 2003).

Restou a minha conscincia ainda uma reflexo: O que poderemos fazer


para mudar um cenrio como este? O que, enquanto, seres humanos estamos
fazendo? possvel mudar essa histria?

Certo que, aes na educao e proteo social podem auxiliar na


diminuio da problemtica. Tal tarefa deve ser distribuda entre famlia, sociedade
e governo. Alm disso, deve haver fomentao (por parte do governo) atravs de
incentivos (fiscais, financeiros) ao trabalho decente, dando oportunidade de
crianas e adolescentes estudarem, reduzindo assim explorao de mo de obra
infantil.

uma tarefa diria, necessria, uma vez que se trata de homens com
deveres e direitos, sendo os pilares fundamentais para a construo de um Estado
justo, democrtico e solidrio: o direito vida, a liberdade, trabalho, e, sobretudo
dignidade.

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