Samyutta Nikaya
Samyutta Nikaya
Samyutta Nikaya
O Samyutta Nikaya (SN) é a terceira grande coleção de discursos do Buda que faz
parte do Sutta Pitaka do Cânone em Pali, a compilação dos textos autorizados como
a Palavra do Buda pela escola Theravada de Budismo. No Sutta Pitaka o SN vem
depois do Digha Nikaya e do Majjhima Nikaya e precede o Anguttara Nikaya. Como
os demais Nikayas em Pali, o SN possui correspondentes nas coleções canônicas das
primeiras escolas de Budismo e uma dessas versões foi preservada no Tipitaka em
Chinês onde é conhecido como Tsa-a-han-ching. Esta versão foi traduzida para o
Sânscrito com o título de Samyuktagama e as evidências indicam ter este pertencido
à escola Sarvastivada. Portanto, apesar do Samyutta Nikaya ter o seu lugar dentro do
Cânone Theravada, não deveríamos nos esquecer que ele faz parte de um conjunto
de textos denominados Nikayas na tradição em Pali, que predomina no sul da Ásia, e
Agamas na tradição Budista do norte da Ásia – e se situam na origem de toda a
herança literária Budista. Foi com base nesses textos que as primeiras escolas do
Budismo estabeleceram os seus sistemas de doutrina e prática, e mais uma vez, foi
para esses textos que as escolas posteriores de Budismo apelaram ao formular as
suas novas visões do caminho Budista.
Como fonte da doutrina Budista o SN é particularmente rico, pois nesta coleção são
precisamente os sistemas de classificação doutrinários que servem como base
principal para classificar os discursos do Buda. A palavra samyutta significa
literalmente “jungir,” yutta, possuindo a mesma raiz etimológica que a palavra
“jugo” em Português e, sam, um prefixo que significa “juntos.” Esse prefixo também
aparece nos próprios suttas com o significado doutrinário de “agrilhoado” ou
“atado”. Com esse sentido é um particípio passado relacionado ao termo técnico
samyojana, “grilhão,” sendo que há dez grilhões que atam os seres vivos ao samsara,
o ciclo de renascimentos. Mas a palavra samyutta também é usada num sentido mais
comum significando simplesmente coisas que estão juntas ou “unidas”, como
quando é dito, “Suponham, amigos, um boi negro e um boi branco que estão unidos
por um único arreio ou canga” (SN XXV.232). E esse é o significado relevante para
esta coleção de textos. Estes são suttas, (discursos), atribuídos ao Buda ou a
discípulos eminentes, que estão unidos ou conectados. E aquilo que os conecta, o
“arreio ou canga”, (damena va yottena va), são os tópicos que dão os títulos a cada
capítulo individual, os samyuttas, nos quais os suttas estão agrupados.
Apesar das dimensões imensas desta obra, o plano de acordo com o qual ela foi
construída é bastante simples e objetivo. O SN que foi preservado na tradição em
Pali consta de cinco principais Vaggas, partes ou “livros.” Esses cinco volumes
contêm cinqüenta e seis samyuttas ou capítulos, cada um se baseando num tema
comum. Os samyuttas mais longos por seu turno estão divididos em sub-capítulos,
também chamados vaggas, enquanto os samyuttas menores pode-se dizer que
consistem de um vagga só idêntico ao próprio samyutta. Cada vagga, idealmente,
contém dez suttas, embora na realidade o número de suttas em cada vagga possa
variar de cinco até sessenta. Portanto, encontramos que a palavra vagga,
literalmente “grupo”, é usada para designar tanto as cinco principais partes da
coleção completa (com letra maiúscula, Vagga), como também os sub-capítulos
dentro de cada samyutta, (com letra minúscula, vagga).
Ao abordar essa questão deveríamos primeiro observar que os suttas desses dois
Nikayas proporcionam apenas um mínimo de informação circunstancial. Com raras
exceções, na verdade, um ambiente está totalmente ausente com o cenário
indicando simplesmente que o sutta foi proferido pelo Abençoado em tal e qual
lugar. Deste modo, enquanto o DN e o MN estão repletos de drama, debate e
narrativa, especialmente o DN, com uma abundância de excursões imaginativas,
aqui, o entorno decorativo está totalmente ausente. No SN todo o entorno é
reduzido a uma única sentença, em geral abreviada para “Em Savathi, no Bosque de
Jeta”, e no quarto livro até mesmo isso desaparece. Exceto o Sagathavagga, que se
situa numa categoria à parte, os outros quatro livros do SN possuem pouca
ornamentação. Os suttas em si, em geral, são formulados como proclamações
doutrinárias pelo próprio Buda; algumas vezes eles assumem a forma de uma
consulta com o Mestre por um único bhikkhu ou um grupo de bhikkhus; outras vezes
estão formulados como uma discussão entre dois monges eminentes. Muitos suttas
consistem em um pouco mais do que algumas poucas sentenças e não é incomum
eles elaborarem permutações sobre um único tema. Quando chegamos na Parte V,
cadeias completas de suttas são reduzidas a meras palavras em versos mnemônicos,
ficando por conta do recitador (ou do mestre contemporâneo) a tarefa de expandir o
esboço e completar o conteúdo. Isso indica que os suttas do SN (tal qual o AN) não
seriam, como regra geral, destinados às pessoas de fora ou mesmo àqueles recém-
conversos, mas direcionados àqueles que já haviam buscado refúgio no Dhamma e
se encontravam profundamente imersos no seu estudo e prática.
Com base no seu arranjo temático, podemos postular que, por suas características
mais distintivas como uma coleção, (embora, com certeza não em todos os
particulares), o SN foi compilado para servir como o repositório dos suttas muito
curtos e concisos que revelam os insights radicais do Buda quanto à natureza da
realidade e o seu caminho único para a emancipação espiritual. Esta coleção teria
atendido às necessidades de dois tipos de discípulos dentro da comunidade
monástica. Os especialistas doutrinários, aqueles monges e monjas que eram
capazes de compreender as dimensões mais profundas da sabedoria e que tomaram
para si a tarefa de esclarecer para os outros os muitos suttas com nuances abstrusas,
profundas e delicadas, relacionados a tópicos de peso como a origem dependente, os
cinco agregados, as seis bases sensuais, os fatores do caminho e as Quatro Nobres
Verdades. Esta coleção seria perfeitamente adequada para aqueles discípulos com
inclinação intelectual, que se deliciariam com a exploração das profundas
implicações do Dhamma e com o trabalho de explicá-las para os companheiros no
caminho espiritual. O segundo tipo de discípulos, aos quais o SN parece ter sido
designado, eram aqueles monges e monjas que já haviam realizado os estágios
preliminares do treinamento meditativo e que tinham a intenção de aperfeiçoar os
seus esforços com a realização direta da verdade suprema. Como os suttas nesta
coleção têm uma importância vital para os meditadores inclinados a realizar o
“conhecimento das coisas como elas na verdade são,” eles poderiam muito bem ter
constituído o corpo principal de um currículo de estudo compilado para guiar os
meditadores na prática do insight.
Nota: Este símbolo indica um link que se encontra fora do eBook, para visualizá-
lo é necessário uma conexão ativa com a internet.
“Eu cruzei a torrente sem me impulsionar para frente, sem ficar parado no mesmo
lugar.”iv
“Mas como, estimado senhor, sem se impulsionar para frente, sem ficar parado no
mesmo lugar, você cruzou a torrente ?"
[A devata:]
Isso foi o que a devata disse. O Mestre aprovou. Então aquela devata pensando, "O
Mestre me aprovou," homenageou o Abençoado, e mantendo-o à sua direita,
desapareceu.
[O Abençoado:]
[O Abençoado:]
[O Abençoado:]
[O Abençoado:]
[O Abençoado:]
[Uma devata:]
[O Abençoado:]
[Devata:]
[O Abençoado:]
Então uma outra devata disse para o Abençoado: "Quem falou bem, Abençoado?"
"Todas falaram bem no seu modo. Mas ouçam o que tenho a dizer:
[Uma devata:]
[O Buda:]
[Uma devata:]
[Uma devata:]
[O Abençoado:]
[Uma devata:]
[O Abençoado:]
[Uma devata:]
[O Abençoado:]
[Uma devata:]
[O Abençoado:]
[Uma devata:]
[O Abençoado:]
“A fé é aqui o melhor tesouro;
o Dhamma bem praticado traz a felicidade;
a verdade de fato tem o sabor mais doce;
quem vive com sabedoria, dizem, vive melhor.”
Em Savatthi. Então, quando a noite estava bem avançada, o jovem deva Damali, com
belíssima aparência, que iluminou todo o Bosque de Jeta, se aproximou do
Abençoado. Ao se aproximar ele homenageou o Abençoado e ficando em pé a um
lado recitou este verso na presença do Abençoado:
Em Savatthi. Então, quando a noite estava bem avançada, o jovem deva Tayana, que
no passado foi o fundador de uma ordem religiosa, possuidor de tão bela aparência
que iluminou todo o Bosque de Jeta, se aproximou do Abençoado. Ao se aproximar
ele homenageou o Abençoado e ficando em pé a um lado recitou este verso na
presença do Abençoado:
Isso foi o que o jovem deva Tayana disse. Dito isso, ele homenageou o Abençoado e
mantendo-o à sua direita, em seguida desapareceu.
Então, quando a noite havia terminado, o Abençoado se dirigiu aos bhikkhus desta
forma: “Bhikkhus, na noite passada, quando a noite estava bem avançada, o jovem
deva Tayana, que no passado foi o fundador de uma ordem religiosa ... se aproximou
de mim .. e na minha presença recitou este verso:
“Isso foi o que o jovem deva Tayana disse. Dito isso, ele me homenageou e
mantendo-me à sua direita, em seguida desapareceu. Bhikkhus, aprendam os versos
de Tayana. Bhikkhus, obtenham proficiência nos versos de Tayana. Bhikkhus,
lembrem-se dos versos de Tayana. Bhikkhus, os versos de Tayana trazem benefício,
fazem parte dos fundamentos da vida santa.”
Em Savatthi. Agora, naquela ocasião o jovem deva Candima havia sido seqüestrado
por Rahu, o senhor dos asuras. xxiv Então, recordando-se do Abençoado, o jovem
deva Candima recitou o seguinte verso:
Então Rahu, o senhor dos asuras, libertou o jovem deva Candima e apressado foi até
Vepacitti, o senhor dos asuras. xxv Ao chegar, chocado e aterrorizado, ele ficou em pé
a um lado. Então, como ele ali permanecesse, Vepacitti, o senhor dos asuras, se
dirigiu a ele em versos:
Em Savatthi. Agora, naquela ocasião o jovem deva Suriya havia sido seqüestrado por
Rahu, o senhor dos asuras. xxvi Então, recordando-se do Abençoado, o jovem deva
Suriya recitou o seguinte verso:
Então Rahu, o senhor dos asuras, libertou o jovem deva Suriya e apressado foi até
Vepacitti, o senhor dos asuras. Ao chegar, chocado e aterrorizado, ele ficou em pé a
um lado. Então, como ele ali permanecesse, Vepacitti, o senhor dos asuras, se dirigiu
a ele em versos:
O Abençoado:
“Isso foi o que o Abençoado disse. Dito isso, o jovem deva homenageou o Abençoado
e mantendo-o à sua direita, em seguida desapareceu.
Khema Sutta (SN II.22) - Khema
O Abençoado:
“Quanto a esse fim do mundo, amigo, onde a pessoa não nasce, não envelhece, não
morre, não falece e não renasce – eu digo que não pode ser conhecido ou visto
viajando."xxviii
“É maravilhoso, Venerável senhor! É admirável, Venerável senhor! Quão bem isso foi
afirmado pelo Abençoado: ‘Quanto a esse fim do mundo, amigo, ... eu digo que não
pode ser conhecido ou visto viajando.’
“Uma vez no passado, Venerável senhor, eu fui um vidente chamado Rohitassa, filho
de Bhoja, possuindo poderes supra-humanos, capaz de viajar através do céu. Minha
velocidade era tal, Venerável senhor, que eu podia me mover tão rápido quanto uma
flecha de luz que atravessasse a sombra de uma palmeira atirada por um arqueiro
bem treinado, habilidoso, experimentado. Meu passo era tal, Venerável senhor, que
parecia alcançar do oceano do leste ao oceano do oeste. Então, Venerável senhor, o
desejo surgiu em mim: ‘Eu alcançarei o fim do mundo viajando.’ Possuindo tamanha
velocidade e tamanho passo, e tendo um tempo de vida de cem anos, vivendo por
cem anos, eu viajei por cem anos, sem pausa exceto para comer, beber, defecar,
urinar e dissipar a fadiga; no entanto, eu morri no meio do caminho sem ter chegado
ao fim do mundo.
“É maravilhoso, Venerável senhor! É admirável, Venerável senhor! Quão bem isso foi
afirmado pelo Abençoado: ‘Quanto a esse fim do mundo, amigo, onde a pessoa não
nasce, não envelhece, não morre, não falece e não renasce – eu digo que não pode
ser conhecido ou visto viajando.’”
“No entanto, amigo, eu digo que sem ter alcançado o fim do mundo não há como dar
um fim ao sofrimento. Amigo, é exatamente nesta carcaça com uma braça de
comprimento, dotada de percepção e mente, que eu revelo o mundo, a origem do
mundo, a cessação do mundo e o caminho que conduz à cessação do mundo. xxix
“Se, grande rei, falando corretamente, alguém dissesse que, ‘Ele despertou para a
insuperável perfeita iluminação,’ é de mim verdadeiramente que, falando o que é
certo, isso deveria ser dito. Pois eu, grande rei, despertei para a insuperável perfeita
iluminação.”
“Há quatro coisas, grande rei, que não devem ser depreciadas e desprezadas como
‘jovens.’ Quais quatro? Um Khattiya, grande rei, não deve ser depreciado e
desprezado como ‘jovem’; uma cobra não deve ser depreciada e desprezada como
‘jovem’; um fogo não deve ser depreciado e desprezado como ‘jovem’; e um bhikkhu
não deve ser depreciado e desprezado como ‘jovem.’ Essas são as quatro coisas.”
Isso foi o que o Abençoado disse. Dito isso, o Iluminado, o Mestre, disse mais:
Quando isso foi dito, o Rei Pasenadi de Kosala disse para o Abençoado: “Magnífico,
Venerável Senhor! Magnífico, Venerável Senhor! O Abençoado esclareceu o Dhamma
de várias formas, como se tivesse colocado em pé o que estava de cabeça para baixo,
revelasse o que estava escondido, mostrasse o caminho para alguém que estivesse
perdido ou segurasse uma lâmpada no escuro para aqueles que possuem visão
pudessem ver as formas. Eu busco refúgio no Abençoado, no Dhamma e na Sangha
dos bhikkhus. Que o Abençoado se recorde de mim como um discípulo leigo que nele
buscou refúgio para o resto da sua vida.”
"Venerável senhor, quantas coisas há que quando surgem numa pessoa surgem para
o seu dano, sofrimento e desconforto?"
"Grande rei, há três coisas que quando surgem numa pessoa surgem para o seu
dano, sofrimento e desconforto. Quais três? A cobiça, a raiva, e a delusão. Essas são
as três coisas que quando surgem numa pessoa surgem para o seu dano, sofrimento
e desconforto.
Isso foi o que o Abençoado disse. Dito isso, o Iluminado, o Mestre, disse mais:
Em Savatthi. Agora, naquela ocasião o Rei Pasenadi de Kosala junto com a Rainha
Mallika haviam subido até o terraço no topo do palácio. Então o Rei Pasenadi de
Kosala disse para a Rainha Mallika:
“Não há ninguém, grande rei, que eu queira mais do que a mim mesma. Mas há
alguém, grande rei, que você queira mais do que a você mesmo?" xxxiv
“Para mim também, Mallika, não há ninguém que eu queira mais do que a mim
mesmo.” Então o Rei Pasenadi de Kosala desceu do palácio e foi até o Abençoado.
Depois de cumprimentá-lo ele sentou a um lado e relatou a conversa com a Rainha
Mallika.
Então, não muito tempo depois dos sete jatilas ... e sete errantes terem partido, o Rei
Pasenadi de Kosala foi até o Abençoado e depois de cumprimentá-lo sentou a um
lado e disse: “Aqueles, Venerável senhor, devem ser incluídos entre os homens no
mundo que são arahants ou que entraram no caminho para o estado de arahant.”
“Grande rei, sendo um leigo que desfruta dos prazeres sensuais, que vive numa casa
cheia de crianças, gozando do sândalo de Benares, usando grinaldas, perfumes e
ungüentos, recebendo ouro e prata, é difícil que você saiba: ‘Eles são arahants ou
entraram no caminho para o estado de arahant.’
“É vivendo junto com uma pessoa que a sua virtude pode ser conhecida e somente
após um longo período de tempo, não um período curto; por alguém que seja atento,
não por alguém que seja desatento; por alguém que tenha sabedoria, não por
alguém que não tenha sabedoria.
“É lidando com uma pessoa que a sua pureza pode ser conhecida e somente após um
longo período de tempo, não um período curto; por alguém que seja atento, não por
alguém que seja desatento; por alguém que tenha sabedoria, não por alguém que
não tenha sabedoria.
“É maravilhoso, Venerável senhor! É admirável, Venerável senhor! Quão bem isso foi
dito pelo Abençoado: ‘Grande rei, sendo um leigo ... é difícil que você saiba ... (igual
acima) ... por alguém que tenha sabedoria, não por alguém que não tenha sabedoria.’
“Esses, Venerável senhor, eram os meus espiões, meus agentes secretos,
regressando depois de espionarem no interior do país. Primeiro a informação é
coletada por eles e depois eles a revelam para mim. Agora, Venerável senhor, depois
deles lavarem a sujeira e poeira e estarem banhados e asseados, com o cabelo e
barba aparados, vestidos de branco, eles irão gozar providos e dotados dos cinco
elementos dos prazeres sensuais.”
“Existe uma qualidade, grande rei, que assegura ambos os tipos de benefício –
benefícios nesta vida e benefícios nas vidas futuras.”
“Diligência, grande rei. Tal como as pegadas de todos os seres vivos com patas
podem ser abarcadas pela pegada do elefante e a pegada do elefante ser declarada
como suprema entre todas devido ao seu grande tamanho; assim também, a
diligência é a única qualidade que assegura ambos os tipos de benefício – benefícios
nesta vida e nas vidas futuras.” xxxviii
Isso foi o que o Abençoado disse. Dito isso, o Iluminado, o Mestre disse ainda mais:
"Assim é, grande rei, assim é grande rei. Uma vez no passado um banqueiro ofereceu
comida esmolada para um paccekabuddha chamado Tagarasikhi. Tendo dito, 'Dê
comida para o contemplativo,' ele levantou do seu assento e partiu. Mas depois de
ter dado ele se arrependeu, pensando: 'Teria sido melhor se os escravos ou
trabalhadores tivessem comido aquilo!' Além disso ele matou o único filho do seu
irmão para herdar a sua fortuna.
"O antigo mérito desse banqueiro está completamente exaurido e ele não acumulou
novos méritos. Assim hoje, grande rei, esse banqueiro está sendo assado no grande
inferno Roruva."
“Grande Rei, existem quatro tipos de pessoas que podem ser encontradas no mundo.
Quais quatro? Aquela que se dirige das trevas para as trevas, aquela que se dirige
das trevas para a luz, aquela que se dirige da luz para as trevas, aquela que se dirige
da luz para a luz.
“E como, grande rei, uma pessoa se dirige das trevas para as trevas? Aqui uma
pessoa renasceu numa família inferior – uma família de sudras, de cesteiros de
bambu, de caçadores, de consertadores de carruagens ou de lixeiros – numa família
em que há pouco para comer e beber e que sobrevive com dificuldades, onde comida
e roupas são obtidas com dificuldades; e ele é feio, antiestético, deformado, doente
crônico - peticego ou com as mãos deformadas ou coxo, ou paralítico. Ele não é um
daqueles que ganham comida, bebida, roupas e veículos; grinaldas, perfumes e
ungüentos; cama, moradia e lamparinas. Ele se dedica à conduta imprópria com o
corpo, linguagem e mente. Tendo feito isso, com a dissolução do corpo, após a
morte, ele renasce num estado de privação, num destino infeliz, nos reinos
inferiores, até mesmo no inferno.
“Suponha, grande rei, que um homem fosse da escuridão para a escuridão ou das
trevas para as trevas, ou do maculado para o maculado: essa pessoa, eu digo, é
exatamente igual. É dessa forma, grande rei, que uma pessoa se dirige das trevas
para as trevas.
“E como, grande rei, uma pessoa se dirige das trevas para a luz? Aqui uma pessoa
renasceu numa família inferior ... onde comida e roupas são obtidas com
dificuldades; e ele é feio ... ou paralítico. Ele não é um daqueles que ganham comida
... e lamparinas. Ele se dedica à conduta apropriada com o corpo, linguagem e mente.
Tendo feito isso, com a dissolução do corpo, após a morte, ele renasce num destino
feliz, até mesmo no paraíso.
“Suponha, grande rei, que um homem subisse do chão para um tablado ou de um
tablado para um cavalo, ou de um cavalo para um elefante, ou de um elefante para
um palácio: essa pessoa, eu digo, é exatamente igual. É dessa forma, grande rei, que
uma pessoa se dirige das trevas para a luz.
“E como, grande rei, uma pessoa se dirige da luz para as trevas? Aqui uma pessoa
renasceu numa família superior – uma família Khattiya afluente, uma família
Brâmane afluente, ou uma família de um chefe de família afluente – uma família que
é rica, com grande riqueza e posses, com ouro e prata em abundância, com tesouros
e mercadorias em abundância, com riqueza e grãos em abundância; e ele é belo,
atraente, possuindo beleza e complexão supremas. Ele é um daqueles que ganham
comida, bebida, roupas e veículos; grinaldas, perfumes e ungüentos; cama, moradia
e lamparinas. Ele se dedica à conduta imprópria com o corpo, linguagem e mente.
Tendo feito isso, com a dissolução do corpo, após a morte, ele renasce num estado
de privação, num destino infeliz, nos reinos inferiores, até mesmo no inferno.
“E como, grande rei, uma pessoa se dirige da luz para a luz? Aqui uma pessoa
renasceu numa família superior ... com riqueza e grãos em abundância; e ele é belo,
atraente, possuindo beleza e complexão supremas. Ele é um daqueles que ganham
comida ... e lamparinas. Ele se dedica à conduta apropriada com o corpo, linguagem
e mente. Tendo feito isso, com a dissolução do corpo, após a morte, ele renasce num
destino feliz, até mesmo no paraíso.
“Essas, grande rei, são os quatro tipos de pessoas que podem ser encontradas no
mundo.
(I)
(II)
(III)
(IV)
“Esta [questão] é uma coisa, grande rei - ‘Onde deve uma oferenda ser dada?’ -
enquanto essa - ‘Onde é que uma oferenda dada resulta em grandes frutos’ - é algo
totalmente diferente. O que é dado a uma pessoa virtuosa - ao invés de a uma pessoa
não virtuosa - resulta em grandes frutos.” Neste caso, grande rei, eu lhe farei uma
contra pergunta. Responda como quiser.
“O que você pensa, grande rei? Suponha que você estivesse em guerra e uma batalha
fosse iminente. E um jovem Khattiya se aproximasse – sem treinamento, sem
prática, indisciplinado, temeroso, aterrorizado, covarde, rápido na fuga. Você o
aceitaria? Você teria como aproveitar um homem como esse?”
“Não, Venerável senhor, eu não o aceitaria. Eu não teria como aproveitar um homem
como esse.”
“Não, Venerável senhor, eu não o aceitaria. Eu não teria como aproveitar um homem
como esse.”
“Agora, o que você pensa, grande rei? Suponha que você estivesse em guerra e uma
batalha fosse iminente. Um jovem Khattiya se aproximasse – treinado, com prática,
disciplinado, destemido, corajoso, pronto para defender seu posto. Você o aceitaria?
Você teria como aproveitar um homem como esse?”
“Sim, Venerável senhor, eu o aceitaria. Eu teria como aproveitar um homem como
esse.”
“Da mesma forma, grande rei. Quando alguém abandonou a vida em família e seguiu
a vida santa – não importando o seu clã – e ele abandonou cinco fatores e está
dotado de cinco fatores, aquilo que lhe é dado resulta em grandes frutos.
“E quais são os cinco fatores que ele abandonou? Ele abandonou o desejo sensual ...
má vontade ... preguiça e torpor ... inquietação e ansiedade ... e dúvida. Esses são os
cinco fatores que ele abandonou. E quais são os cinco fatores dos quais ele está
dotado? Ele está dotado do agregado da virtude de alguém que está mais além do
treinamento ... do agregado da concentração de alguém que está mais além do
treinamento ... do agregado da sabedoria de alguém que está mais além do
treinamento ... do agregado da libertação de alguém que está mais além do
treinamento ... do agregado do conhecimento e visão da libertação de alguém que
está mais além do treinamento. Esses são os cinco fatores dos quais ele está dotado.
“Aquilo que é dado para aquele que abandonou cinco fatores e está dotado de cinco
fatores resulta em grandes frutos.”
Isso foi o que o Abençoado disse. Dito isso, o Iluminado, o Mestre disse ainda mais:
Através do desenvolvimento do
caminho para a iluminação -
virtude, concentração e sabedoria -
eu alcancei a pureza suprema:
você está derrotado, Senhor da Morte!” xlii
Então, Mara o Senhor do Mal, compreendendo que, “O Abençoado sabe quem sou, O
Iluminado sabe quem sou” triste e desapontado, desapareceu no mesmo instante.
Então Mara, o Senhor do Mal, foi até o Abençoado e se dirigiu a ele em versos:
[O Abençoado:]
Então Mara, o Senhor do Mal, foi até o Abençoado e se dirigiu a ele em versos:
“Não é apropriado,
que você ensine os outros.
Quando assim tão ocupado, não vá se deixar aprisionar
pela atração e repulsão.” xliv
[O Abençoado:]
Então, Mara, o Senhor do Mal, compreendendo que, “O Abençoado sabe quem sou, O
Iluminado sabe quem sou” triste e desapontado, desapareceu no mesmo instante.
Então, Mara, o Senhor do Mal, compreendendo que, “O Abençoado sabe quem sou, O
Iluminado sabe quem sou” triste e desapontado, desapareceu no mesmo instante.
“Mas o que você vê, Senhor do Mal, para falar comigo dessa forma?”
[O Abençoado:]
Então, Mara, o Senhor do Mal, compreendendo que, “O Abençoado sabe quem sou, O
Iluminado sabe quem sou” triste e desapontado, desapareceu no mesmo instante.
Então, o Venerável Godhika pensou: “Eu já decaí sete vezes dessa libertação
temporária da mente. Vou usar a faca.” xlviii
Agora, naquela ocasião o Venerável Godhika havia acabado de usar a faca. l Então, o
Abençoado, tendo compreendido, “Este é Mara, o Senhor do Mal,” respondeu em
forma de versos:
Nessa ocasião, o Abençoado se dirigiu aos bhikkhus: “Venham, bhikkhus, vamos até a
Rocha Negra na encosta do Isigili, onde Godhika usou a faca.”
[O Abençoado:]
Ele ficou tão triste pela decepção que o alaúde caiu do seu braço. Como resultado,
aquele espírito desapontado desapareceu no mesmo instante.
Então, as filhas de Mara - Tanha, Arati e Raga - foram até Mara, o Senhor do Mal, e se
dirigiram a ele em versos: liii
[Mara:]
Então, as filhas de Mara - Tanha, Arati e Raga - foram até o Abençoado e disseram:
“Nós o servimos aos seus pés, contemplativo.” Mas o Abençoado não lhes deu
atenção, visto que ele estava libertado na insuperável extinção das aquisições. lv
Então, as filhas de Mara - Tanha, Arati e Raga – foram para um lado para se
aconselharem: “Os gostos dos homens são variados. E se cada uma de nós nos
manifestássemos sob a forma de cem virgens.” Então as filhas de Mara, cada uma se
manifestando sob a forma de cem virgens, foram até o Abençoado e disseram: “Nós
o servimos aos seus pés, contemplativo.” Mas o Abençoado não lhes deu atenção,
visto que ele estava libertado na insuperável extinção das aquisições.
Então, as filhas de Mara foram para um lado para novamente se aconselharem: “Os
gostos dos homens são variados. E se cada uma de nós nos manifestássemos sob a
forma de cem mulheres que nunca deram à luz.” Então as filhas de Mara, cada uma
se manifestando sob a forma de cem mulheres que nunca deram à luz ... sob a forma
de cem mulheres que deram à luz uma vez ... sob a forma de cem mulheres que
deram à luz duas vezes ... sob a forma de cem mulheres maduras .... sob a forma de
cem mulheres velhas, foram até o Abençoado e disseram: “Nós o servimos aos seus
pés, contemplativo.” Mas o Abençoado não lhes deu atenção, visto que ele estava
libertado na insuperável extinção das aquisições.
Então, as filhas de Mara - Tanha, Arati e Raga – foram para um lado e disseram:
“Aquilo que o nosso pai nos disse é verdade:
“Se, com tais táticas, tivéssemos assaltado qualquer contemplativo ou Brâmane que
não estivesse desprovido de cobiça, ou o coração dele teria explodido, ou ele teria
vomitado sangue quente pela boca, ou teria ficado maluco ou mentalmente
perturbado; ou então, ele teria secado e murchado e teria ficado todo enrugado, tal
qual um capim verde que, quando cortado, seca e murcha e fica todo enrugado.”
Então, as filhas de Mara - Tanha, Arati e Raga - foram até o Abençoado e ficaram em
pé a um lado e se dirigiram ao Abençoado em versos:
[O Abençoado:]
[O Abençoado:]
[O Abençoado:]
Elas vieram até ele com a beleza deslumbrante - Tanha, Arati e Raga - mas o Mestre
as varreu ali mesmo, tal qual o vento varre um tufo de algodão caído.
Foi então que a bhikkhuni Alavika pensou: “Agora, quem será que recitou esses
versos – um ser humano ou um ser não humano?” Então lhe ocorreu: “Foi Mara, o
Senhor do Mal, quem recitou esses versos desejando despertar medo, trepidação e
terror em mim, desejando que eu abandone a minha concentração.”
Então, Mara, o Senhor do Mal, compreendendo que, “A bhikkhuni Alavika sabe quem
sou,” triste e desapontado, desapareceu no mesmo instante.
Foi então que a bhikkhuni Soma pensou: “Agora, quem será que recitou esses versos
– um ser humano ou um ser não humano?” Então lhe ocorreu: “Foi Mara, o Senhor
do Mal, quem recitou esses versos desejando despertar medo, trepidação e terror
em mim, desejando que eu abandone a minha concentração.”
Então, Mara, o Senhor do Mal, compreendendo que, “A bhikkhuni Soma sabe quem
sou,” triste e desapontado, desapareceu no mesmo instante.
Foi então que a bhikkhuni Kisagotami pensou: “Agora, quem será que recitou esses
versos – um ser humano ou um ser não humano?” Então lhe ocorreu: “Foi Mara, o
Senhor do Mal, quem recitou esses versos desejando despertar medo, trepidação e
terror em mim, desejando que eu abandone a minha concentração.”
Foi então que a bhikkhuni Vijaya pensou: “Agora, quem será que recitou esses versos
– um ser humano ou um ser não humano?” Então lhe ocorreu: “Foi Mara, o Senhor
do Mal, quem recitou esses versos desejando despertar medo, trepidação e terror
em mim, desejando que eu abandone a minha concentração.”
Foi então que a bhikkhuni Uppalavanna pensou: “Agora, quem será que recitou esses
versos – um ser humano ou um ser não humano?” Então lhe ocorreu: “Foi Mara, o
Senhor do Mal, quem recitou esses versos desejando despertar medo, trepidação e
terror em mim, desejando que eu abandone a minha concentração.”
Posso desaparecer
ou posso penetrar dentro da sua barriga.
Posso me colocar entre as suas sobrancelhas
e apesar disso, você não me veria nem de relance.
[bhikkhuni Cala:]
Então, Mara, o Senhor do Mal, compreendendo que, “A bhikkhuni Cala sabe quem
sou,” triste e desapontado, desapareceu no mesmo instante.
Upacala Sutta (SN V.7) - Monja Upacala
[bhikkhuni Upacala:]
Então, Mara, o Senhor do Mal, compreendendo que, “A bhikkhuni Upacala sabe quem
sou,” triste e desapontado, desapareceu no mesmo instante.
[bhikkhuni Sisupacala:]
Foi então que a bhikkhuni Sela pensou: “Agora, quem será que recitou esses versos –
um ser humano ou um ser não humano?” Então lhe ocorreu: “Foi Mara, o Senhor do
Mal, quem recitou esses versos desejando despertar medo, trepidação e terror em
mim, desejando que eu abandone a minha concentração.”
Então, Mara, o Senhor do Mal, compreendendo que, “A bhikkhuni Sela sabe quem
sou,” triste e desapontado, desapareceu no mesmo instante.
Foi então que a bhikkhuni Vajira pensou: “Agora, quem será que recitou esses versos
– um ser humano ou um ser não humano?” Então lhe ocorreu: “Foi Mara, o Senhor
do Mal, quem recitou esses versos desejando despertar medo, trepidação e terror
em mim, desejando que eu abandone a minha concentração.”
Então, Mara, o Senhor do Mal, compreendendo que, “A bhikkhuni Vajira sabe quem
sou,” triste e desapontado, desapareceu no mesmo instante.
Então o Abençoado, tendo ouvido o pedido de Brahma e por compaixão pelos seres,
inspecionou o mundo com o olho de um Buda. Inspecionando o mundo com o olho
de um Buda, ele viu seres com pouca poeira sobre os olhos e com muita poeira sobre
os olhos, com faculdades aguçadas e com faculdades embotadas, com boas
qualidades e com más qualidades, fáceis de serem ensinados e difíceis de serem
ensinados e alguns que permaneciam sentindo medo e responsabilidade pelo outro
mundo. Tal como num lago com flores de lótus azuis ou vermelhas ou brancas,
algumas flores de lótus nascem e crescem na água e prosperam imersas na água sem
sair fora da água, enquanto que algumas outras flores de lótus nascem e crescem na
água e pousam sobre a superfície da água, e ainda, algumas outras flores de lótus
nascem e crescem na água e sobem acima do nível da água permanecendo sem
serem molhadas pela água; assim também, inspecionando o mundo com o olho de
um Buda, ele viu seres com pouca poeira sobre os olhos e com muita poeira sobre os
olhos, com faculdades aguçadas e com faculdades embotadas, com boas qualidades e
com más qualidades, fáceis de serem ensinados e difíceis de serem ensinados e
alguns que permaneciam sentindo medo e responsabilidade pelo outro mundo.
Então ele respondeu ao Brahma Sahampati em versos:
Então o Brahma Sahampati pensou: ‘Eu criei a oportunidade para que o Abençoado
ensine o Dhamma.’ E depois de homenageá-lo, mantendo-o à sua direita, ele então
desapareceu.
Garava Sutta (SN VI.2) – Reverência
Isso foi o que Brahma Sahampati disse. Tendo dito isso, ele disse ainda mais:
“Budas do passado,
Budas do futuro,
e ele que agora é o Buda,
removendo o sofrimento de muitos -
Em Savatthi. Agora, naquela ocasião, o Abençoado havia ido para o retiro do dia e
estava em isolamento. Então, os Brahmas independentes Subrahma e Suddhavasa
foram até o Abençoado e ficaram cada um no umbral da porta. E referindo-se ao
bhikkhu Kokalika, o Brahma independente Subrahma , recitou este verso na
presença do Abençoado:
Isso foi o que o Brahma Sanankumara disse. O Mestre aprovou. Então, o Brahma
Sanankumara pensando, "O Mestre me aprovou," homenageou o Abençoado e
mantendo-o à sua direita, desapareceu.
Quando ele terminou de falar, o Abençoado lhe disse: “O que você pensa, Brâmane?
Os seus amigos e colegas, pares e parentes, bem como convidados vêm visitá-lo?”
“Se eles não aceitarem aquilo de mim, então a comida ainda nos pertence.”
“Da mesma forma, Brâmane, nós – que não abusamos de ninguém, que não
berramos com ninguém, que não censuramos ninguém com grosserias – recusamo-
nos a aceitar de você o abuso e insulto e censura que você fez desencadear sobre
nós. Isso ainda lhe pertence, Brâmane! Isso ainda lhe pertence, Brâmane!
“Brâmane, aquele que abusa quem o abusa, que insulta quem o insulta, que censura
com grosserias quem o censura com grosserias – diz-se que ele comparte da
refeição, realizou uma permuta. Mas nós não compartimos da sua refeição; nós não
realizamos uma permuta. Isso ainda lhe pertence, Brâmane! Isso ainda lhe pertence,
Brâmane!”
[O Abençoado:]
Quando isso foi dito, o Brâmane Akkosaka Bharadvaja disse para o Abençoado:
“Magnífico, Mestre Gotama! Magnífico, Mestre Gotama! Mestre Gotama esclareceu o
Dhamma de várias formas, como se tivesse colocado em pé o que estava de cabeça
para baixo, revelasse o que estava escondido, mostrasse o caminho para alguém que
estivesse perdido ou segurasse uma lâmpada no escuro para aqueles que possuem
visão pudessem ver as formas. Nós buscamos refúgio no Mestre Gotama, no
Dhamma e na Sangha dos bhikkhus. Que eu possa receber a admissão na vida santa
sob o Mestre Gotama, que eu possa receber a admissão completa”
Então, o Brâmane do clã Bharadvaja recebeu a admissão na vida santa sob o Mestre
Gotama, e ele recebeu a admissão completa. Permanecendo só, isolado, diligente,
ardente e decidido, em pouco tempo, ele alcançou e permaneceu no objetivo
supremo da vida santa pelo qual membros de um clã deixam a vida em família pela
vida santa, tendo conhecido e realizado por si mesmo no aqui e agora, ele soube: “O
nascimento foi destruído, a vida santa foi vivida, o que deveria ser feito foi feito, não
há mais vir a ser a nenhum estado.” E assim o Venerável Bharadvaja tornou-se mais
um dos arahants.
Kasibharadvaja Sutta (SN VII.11) - Kasi Bharadvaja
“Mas nós não vemos a canga ou o arado ou a aguilhada ou os bois do Mestre Gotama;
e no entanto o Mestre Gotama diz, ‘Eu também, Brâmane, lavro e semeio e depois de
lavrar e semear, eu como.’”
[O Abençoado:]
“Que o Mestre Gotama coma! Esse nobre é um lavrador, visto que o Mestre Gotama
lavra tendo até mesmo o Imortal como fruto.”
Quando isso foi dito, o Brâmane Kasi Bharadvaja disse para o Abençoado:
“Magnífico, Mestre Gotama! Magnífico, Mestre Gotama! Mestre Gotama esclareceu o
Dhamma de várias formas, como se tivesse colocado em pé o que estava de cabeça
para baixo, revelasse o que estava escondido, mostrasse o caminho para alguém que
estivesse perdido ou segurasse uma lâmpada no escuro para aqueles que possuem
visão pudessem ver as formas. Nós buscamos refúgio no Mestre Gotama, no
Dhamma e na Sangha dos bhikkhus. Que o Mestre Gotama me aceite como o
discípulo leigo que buscou refúgio para o resto da vida.”
Em Savatthi. Então, um certo Brâmane afluente, andrajoso, vestido com uma capa
surrada foi até o Abençoado e ambos se cumprimentaram. Quando a conversa cortês
e amigável havia terminado, ele sentou a um lado e o Abençoado disse:
“Por que agora, Brâmane, você está assim andrajoso, vestido com uma capa
surrada?”
“Veja, Mestre Gotama, meus quatro filhos, instigados pelas esposas, me expulsaram
de casa.”
“Bem, então, Brâmane, aprenda estes versos e recite-os quando a multidão estiver
reunida no salão de assembléias com os seus filhos sentados juntos:
Então, os filhos conduziram aquele Brâmane afluente para a casa deles, banharam-
no e cada um lhe deu um par de roupas. Então, aquele Brâmane afluente, tomando
um par de roupas, foi até o Abençoado e ambos se cumprimentaram. Ele então
sentou a um lado e disse para o Abençoado: “Mestre Gotama, nós Brâmanes
buscamos uma retribuição para o nosso mestre. Que o Mestre Gotama aceite a nossa
retribuição.” O Abençoado aceitou por compaixão.
[O Abençoado:]
Quando isso foi dito, o Brâmane Paccanikasata disse para o Abençoado: “Magnífico,
Mestre Gotama! Magnífico, Mestre Gotama! Mestre Gotama esclareceu o Dhamma de
várias formas, como se tivesse colocado em pé o que estava de cabeça para baixo,
revelasse o que estava escondido, mostrasse o caminho para alguém que estivesse
perdido ou segurasse uma lâmpada no escuro para aqueles que possuem visão
pudessem ver as formas. Nós buscamos refúgio no Mestre Gotama, no Dhamma e na
Sangha dos bhikkhus. Que o Mestre Gotama me aceite como o discípulo leigo que
buscou refúgio para o resto da vida.”
Bhikkhaka Sutta (SN VII.20) - O Mendigo
Em Savatthi. Então, um Brâmane mendicante foi até o Abençoado ... e lhe disse:
“Mestre Gotama, eu sou um mendicante e você é um mendicante. Qual é a diferença
entre nós com relação a isso?” lxviii
[O Abençoado:]
Quando isso foi dito o Brâmane mendicante disse para o Abençoado: “Magnífico,
Mestre Gotama! Magnífico, Mestre Gotama! Mestre Gotama esclareceu o Dhamma de
várias formas, como se tivesse colocado em pé o que estava de cabeça para baixo,
revelasse o que estava escondido, mostrasse o caminho para alguém que estivesse
perdido ou segurasse uma lâmpada no escuro para aqueles que possuem visão
pudessem ver as formas. Nós buscamos refúgio no Mestre Gotama, no Dhamma e na
Sangha dos bhikkhus. Que o Mestre Gotama me aceite como o discípulo leigo que
buscou refúgio para o resto da vida.”
[O Venerável Ananda:]
Assim ouvi. Em certa ocasião, um certo bhikkhu estava entre os Kosalas numa certa
floresta. Agora, naquela ocasião, enquanto aquele bhikkhu estava no seu retiro
diário, ele não conseguia deixar de pensar pensamentos inábeis conectados com a
vida em família.
Então, uma devata que habitava aquela floresta, sentindo compaixão por aquele
bhikkhu, desejando o bem dele, desejando estimular nele um senso de urgência, foi
até onde ele estava e recitou os seguintes versos:
Em certa ocasião, um certo bhikkhu estava entre os Kosalas numa certa floresta.
Agora, naquela ocasião, enquanto aquele bhikkhu estava no seu retiro diário, ele não
conseguia deixar de pensar pensamentos inábeis, isto é, pensamentos de
sensualidade, de má vontade e de crueldade.
Então, uma devata que habitava aquela floresta, sentindo compaixão por aquele
bhikkhu, desejando o bem dele, desejando estimular nele um senso de urgência, foi
até onde ele estava e recitou os seguintes versos:
[O Abençoado:]
“Eu lhe farei uma pergunta, contemplativo. Se você não me responder, eu farei com
que você fique louco ou partirei seu coração ou agarrarei os seus pés e o
arremessarei do outro lado do rio Ganges.”
“Eu não vejo ninguém neste mundo, amigo, com os seus devas, Maras e Brahmas,
esta população com os seus contemplativos e Brâmanes, seus príncipes e povo, que
pudessem fazer com que eu ficasse louco ou pudesse partir o meu coração ou
agarrar os meus pés e arremessar-me do outro lado do rio Ganges. Mas pergunte o
que quiser, amigo.”
[O Abençoado:]
[O Abençoado:]
“’Se vocês não puderem olhar para cima, para o topo do meu estandarte, então,
deveriam olhar para cima, para o topo do estandarte do rei dos devas Pajapati. Pois,
ao olharem para cima, para o topo do estandarte do rei dos devas Pajapati, qualquer
medo, terror ou trepidação que vocês sentirem será abandonado.
“’Se vocês não puderem olhar para cima, para o topo do estandarte do rei dos devas
Pajapati, então, deveriam olhar para cima, para o topo do estandarte do rei dos
devas Varuna. Pois, ao olharem para cima, para o topo do estandarte do rei dos devas
Varuna, qualquer medo, terror ou trepidação que vocês sentirem será abandonado.
“’Se vocês não puderem olhar para cima, para o topo do estandarte do rei dos devas
Varuna, então, deveriam olhar para cima, para o topo do estandarte do rei dos devas
Isana. Pois, ao olharem para cima, para o topo do estandarte do rei dos devas Isana,
qualquer medo, terror ou trepidação que vocês sentirem será abandonado.
“Bhikkhus, aqueles que olharem para cima, para o topo do estandarte de Sakka, o
senhor dos devas; aqueles que olharem para cima, para o topo do estandarte do rei
dos devas Pajapati; aqueles que olharem para cima, para o topo do estandarte do rei
dos devas Varuna; ou aqueles que olharem para cima, para o topo do estandarte do
rei dos devas Isana, qualquer medo, terror ou trepidação que eles sentirem poderá
ser abandonado ou poderá não ser abandonado. Por que isso? Porque Sakka, o
senhor dos devas, não está livre da cobiça, não está livre da aversão, não está livre da
delusão. Ele pode se intimidar, atemorizar, aterrorizar e fugir com rapidez.
“Mas, bhikkhus, eu lhes digo isto: Se, quando forem para a floresta, para o pé de uma
árvore, ou para uma cabana vazia, o medo, terror ou a trepidação surgirem, então
nessa ocasião, vocês deveriam se recordar de mim assim: ‘De fato, o Abençoado é
um arahant, perfeitamente iluminado, consumado no verdadeiro conhecimento e
conduta, bem-aventurado, conhecedor dos mundos, um líder insuperável de pessoas
preparadas para serem treinadas, mestre de devas e humanos, desperto, sublime.’
Pois, ao se recordarem de mim, bhikkhus, qualquer medo, terror ou trepidação que
vocês sentirem será abandonado.
“Se vocês não puderem se recordar de mim, vocês então deveriam se recordar do
Dhamma assim: ‘O Dhamma é bem proclamado pelo Abençoado, visível no aqui e
agora, com efeito imediato, que convida ao exame, que conduz para adiante, para ser
experimentado pelos sábios por eles mesmos.’ Pois, ao se recordarem do Dhamma,
bhikkhus, qualquer medo, terror ou trepidação que vocês sentirem será
abandonado.
“Se vocês não puderem se recordar do Dhamma, vocês então deveriam se recordar
da Sangha assim: ‘A Sangha dos discípulos do Abençoado pratica o bom caminho,
pratica o caminho reto, pratica o caminho verdadeiro, pratica o caminho adequado,
isto é, os quatro pares de pessoas, os oito tipos de indivíduos; esta Sangha dos
discípulos do Abençoado é merecedora de dádivas, merecedora de hospitalidade,
merecedora de oferendas, merecedora de saudações com reverência, um campo
inigualável de mérito para o mundo.’ Pois, ao se recordarem da Sangha, bhikkhus,
qualquer medo, terror ou trepidação que vocês sentirem será abandonado.
“Por que isso? Porque o Tathagata, um arahant, perfeitamente iluminado, está livre
da cobiça, livre da aversão, livre da delusão. Ele é valente, destemido, corajoso, não
foge com rapidez.”
Isso foi o que o Abençoado disse. Tendo dito isso, o Mestre disse mais:
“Então Vepacitti, o senhor dos asuras, disse para Sakka, o senhor dos devas: ‘Recite
um verso, senhor dos devas.’ Quando isso foi dito, Sakka disse para Vepacitti: ‘Você,
Vepacitti, sendo o deva sênior aqui, recite um verso.’ lxxxiii Quando isso foi dito,
Vepacitti, o senhor dos asuras, recitou este verso:
“Quando, bhikkhus, Vepacitti, o senhor dos asuras, disse esses versos, os asuras
aplaudiram, mas os devas ficaram em silêncio. Então, Vepacitti disse para Sakka:
‘Diga um verso, senhor dos devas.’ Quando isso foi dito, Sakka, o senhor dos devas,
recitou este verso:
“Quando, bhikkhus, Vepacitti, o senhor dos asuras, disse esses versos, os asuras
aplaudiram, mas os devas ficaram em silêncio. Então Vepacitti disse para Sakka:
‘Diga um verso, senhor dos devas.’ Quando isso foi dito, Sakka, o senhor dos devas,
recitou estes versos:
“Quando, bhikkhus, Sakka, o senhor dos devas, disse esses versos, os devas
aplaudiram, mas os asuras ficaram em silêncio. Então, o painel de juízes nomeado
pelos devas e pelos asuras disse o seguinte: ‘Os versos ditos por Vepacitti, senhor
dos asuras, fazem parte da esfera da punição e da violência; por conseguinte [eles
envolvem] conflito, disputa e hostilidade. Mas os versos ditos por Sakka, o senhor
dos devas, fazem parte da esfera da não punição e da não violência; por conseguinte
[eles envolvem] a emancipação do conflito, a emancipação da disputa e a
emancipação da hostilidade. Sakka, o senhor dos devas, conquistou a vitória com o
bom conselho.’
“Dessa forma, bhikkhus, Sakka, o senhor dos devas, conquistou a vitória com o bom
conselho.”
Em Savatthi, no Bosque de Jeta. Agora, naquela ocasião, o Abençoado havia ido para
o seu retiro diário e estava em isolamento. Então, Sakka, o senhor dos devas, e
Verocana, o senhor dos asuras, foram até o Abençoado e ficaram parados no umbral
da porta. Então, Verocana, o senhor dos asuras, recitou este verso na presença do
Abençoado:
[Sakka:]
[Verocana:]
"Então, bhikkhus, com a mesma rapidez com a qual um homem forte pode estender o
braço flexionado ou flexionar o braço estendido, aqueles videntes virtuosos e com
bom caráter desapareceram das suas cabanas numa praia à beira do oceano e
reapareceram na presença de Sambara, o senhor dos asuras. Então aqueles videntes
se dirigiram a Sambara em versos:
[Sambara:]
[Os videntes:]
Em Savatthi. “Bhikkhus, no passado, quando Sakka, o senhor dos devas, era um ser
humano, ele adotou e se impôs sete votos através de cuja prática ele alcançou o
status de Sakka. Quais eram os sete votos?
(5) “’Enquanto eu viver, que eu possa permanecer em casa com a mente desprovida
da mácula da avareza, espontaneamente generoso, mão aberta, que se delicia com a
renúncia, devotado à caridade, que se delicia em dar e compartir.’
(7) “’Enquanto eu viver, que eu possa estar livre da raiva, e se a raiva surgir em mim
que eu possa dissipá-la com rapidez.’
“No passado, quando Sakka, o senhor dos devas, era um ser humano, ele adotou e se
impôs sete votos através de cuja prática ele alcançou o status de Sakka.
Em Savatthi no Bosque de Jeta. Agora, naquela ocasião o Abençoado havia ido para o
seu retiro diário e estava em isolamento. Então, Sakka, o senhor dos devas, e Brahma
Sahampati, foram até o Abençoado e ficaram parados no umbral da porta. Então,
Sakka, o senhor dos devas, recitou este verso na presença do Abençoado:
[Brahma Sahampati:] “Não é desse modo que os Tathagatas devem ser venerados,
senhor dos devas. Os Tathagatas devem ser venerados assim:
‘Arreie a carruagem com os mil puros-sangues, amigo Matali. Vamos para o parque
para desfrutar de uma bela paisagem.’ – ‘Sim, senhor,’ Matali o cocheiro respondeu.
Então, ele arreou a carruagem com os mil puros-sangues e anunciou para Sakka, o
senhor dos devas: ‘A carruagem foi arreada, estimado senhor. Você poderá vir
quando for conveniente.’
[Matali:]
[O Abençoado:]
“Bhikkhus, há dois tipos de tolos: um que não enxerga uma transgressão como uma
transgressão; e um que, quando um outro está confessando uma transgressão, não o
perdoa de acordo com o Dhamma. Esses são os dois tipos de tolos.
“Bhikkhus, há dois tipos de pessoas sábias: uma que enxerga uma transgressão como
uma transgressão; e uma que, quando um outro está confessando uma transgressão,
o perdoa de acordo com o Dhamma. Esses são os dois tipos de pessoas sábias.
“Certa vez no passado, bhikkhus, Sakka, o senhor dos devas, instruindo os devas do
Tavatimsa no salão de assembléias Sudhamma, recitou este verso:
Isso foi o que o Abençoado disse, os bhikkhus ficaram contentes e satisfeitos com as
palavras do Abençoado.
"O que é nascimento? O nascimento dos seres nas várias classes de seres, o próximo
nascimento, a precipitação [em um ventre], a geração, a manifestação dos
agregados, a obtenção das bases para contato - a isto se denomina nascimento.
"O que é ser/existir? Existem esses três tipos de seres: seres do reino sensual, seres
do reino da matéria sutil, (ou com forma), e seres do reino imaterial, (ou sem forma)
- a isto se denomina ser/existir.
"O que é apego? Existem esses quatro tipos de apego: apego a prazeres sensuais,
apego a idéias, apego a preceitos e rituais e apego à idéia da existência de um eu - a
isto se denomina apego.
"O que é desejo? Existem essas seis classes de desejo: desejo por formas, desejo por
sons, desejo por aromas, desejo por sabores, desejo por tangíveis, desejo por objetos
mentais - a isto se denomina desejo.
"O que é sensação? Existem essas seis classes de sensações: sensações que surgem
do contato no olho, sensações que surgem do contato no ouvido, sensações que
surgem do contato no nariz, sensações que surgem do contato na língua, sensações
que surgem do contato no corpo, sensações que surgem do contato na mente - a isto
se denomina sensação.
"O que é contato? Existem essas seis classes de contato: contato no olho, contato no
ouvido, contato no nariz, contato na língua, contato no corpo, contato na mente - a
isto se denomina contato.
"O que são as seis bases dos sentidos? Existem essas seis bases: a base do olho, a
base do ouvido, a base do nariz, a base da língua, a base do corpo, a base da mente -
a isto se denomina seis bases dos sentidos.
"O que é consciência? Existem essas seis classes de consciência: consciência no olho,
consciência no ouvido, consciência no nariz, consciência na língua, consciência no
corpo, consciência na mente - a isto se denomina consciência.
"O que são formações volitivas? Existem esses três tipos de formações: a formação
corporal, a formação verbal e a formação mental - a isto se denomina formações
volitivas.
"O que é ignorância? Não ter o conhecimento do sofrimento, não ter o conhecimento
da origem do sofrimento, não ter o conhecimento da cessação do sofrimento, não ter
o conhecimento do caminho que conduz à cessação do sofrimento - a isto se
denomina ignorância.
Em Savatthi.
(Originação)
"Bhikkhus, antes da sua iluminação, quando ele ainda era apenas um Bhodisatta não
iluminado, Vipassi pensou: lxxxix 'Ah! Este mundo enfrenta dificuldades visto que
nasce, envelhece, morre, falece e renasce, no entanto, não compreende a escapatória
desse sofrimento [encabeçado] pelo envelhecimento e morte. Quando afinal será
discernida a escapatória desse sofrimento [encabeçado] pelo envelhecimento e
morte?'
Em Savatthi.
(Originação)
"Bhikkhus, antes da sua iluminação, quando ele ainda era apenas um Bhodisatta não
iluminado, Sikkhi pensou: 'Ah! Este mundo enfrenta dificuldades visto que nasce,
envelhece, morre, falece e renasce, no entanto, não compreende a escapatória desse
sofrimento [encabeçado] pelo envelhecimento e morte. Quando afinal será
discernida a escapatória desse sofrimento [encabeçado] pelo envelhecimento e
morte?'
Em Savatthi.
(Originação)
"Bhikkhus, antes da sua iluminação, quando ele ainda era apenas um Bhodisatta não
iluminado, Vessabhu pensou: 'Ah! Este mundo enfrenta dificuldades visto que nasce,
envelhece, morre, falece e renasce, no entanto, não compreende a escapatória desse
sofrimento [encabeçado] pelo envelhecimento e morte. Quando afinal será
discernida a escapatória desse sofrimento [encabeçado] pelo envelhecimento e
morte?'
Kakusandha Sutta (SN XII.7) - Kakusandha
Em Savatthi.
(Originação)
"Bhikkhus, antes da sua iluminação, quando ele ainda era apenas um Bhodisatta não
iluminado, Kakusandha pensou: 'Ah! Este mundo enfrenta dificuldades visto que
nasce, envelhece, morre, falece e renasce, no entanto, não compreende a escapatória
desse sofrimento [encabeçado] pelo envelhecimento e morte. Quando afinal será
discernida a escapatória desse sofrimento [encabeçado] pelo envelhecimento e
morte?'
Em Savatthi.
(Originação)
"Bhikkhus, antes da sua iluminação, quando ele ainda era apenas um Bhodisatta não
iluminado, Konagamana pensou: 'Ah! Este mundo enfrenta dificuldades visto que
nasce, envelhece, morre, falece e renasce, no entanto, não compreende a escapatória
desse sofrimento [encabeçado] pelo envelhecimento e morte. Quando afinal será
discernida a escapatória desse sofrimento [encabeçado] pelo envelhecimento e
morte?'
Em Savatthi.
(Originação)
"Bhikkhus, antes da sua iluminação, quando ele ainda era apenas um Bhodisatta não
iluminado, Kassapa pensou: 'Ah! Este mundo enfrenta dificuldades visto que nasce,
envelhece, morre, falece e renasce, no entanto, não compreende a escapatória desse
sofrimento [encabeçado] pelo envelhecimento e morte. Quando afinal será
discernida a escapatória desse sofrimento [encabeçado] pelo envelhecimento e
morte?'
Em Savatthi.
(Originação)
"Bhikkhus, antes da minha iluminação, quando eu ainda era apenas um Bhodisatta
não iluminado, eu pensei: 'Ah! Este mundo enfrenta dificuldades visto que nasce,
envelhece, morre, falece e renasce, no entanto, não compreende a escapatória desse
sofrimento [encabeçado] pelo envelhecimento e morte. Quando afinal será
discernida a escapatória desse sofrimento [encabeçado] pelo envelhecimento e
morte?'
"Então, bhikkhus eu pensei: 'Quando existe o quê surge o apego? Qual a condição
para o apego?' Então, bhikkhus, empregando a atenção com sabedoria ocorreu a
realização através da sabedoria: 'Quando há o desejo, o apego surge; o apego tem o
desejo como condição.'
"Então, bhikkhus eu pensei: 'Quando existe o quê surge o desejo? Qual a condição
para o desejo?' Então, bhikkhus, empregando a atenção com sabedoria ocorreu a
realização através da sabedoria: 'Quando há a sensação, o desejo surge; o desejo tem
a sensação como condição.'
"Então, bhikkhus eu pensei: 'Quando existe o quê surge a sensação? Qual a condição
para a sensação?' Então, bhikkhus, empregando a atenção com sabedoria ocorreu a
realização através da sabedoria: 'Quando há o contato, a sensação surge; a sensação
tem o contato como condição.'
"Então, bhikkhus eu pensei: 'Quando existe o quê surge o contato? Qual a condição
para o contato?' Então, bhikkhus, empregando a atenção com sabedoria ocorreu a
realização através da sabedoria: 'Quando há as seis bases dos sentidos, o contato
surge; o contato tem as seis bases dos sentidos como condição.'
"Então, bhikkhus eu pensei: 'Quando existe o quê surgem as seis bases dos sentidos?
Qual a condição para as seis bases dos sentidos?' Então, bhikkhus, empregando a
atenção com sabedoria ocorreu a realização através da sabedoria: 'Quando há a
mentalidade-materialidade (nome e forma), as seis bases dos sentidos surgem; as
seis bases dos sentidos têm a mentalidade-materialidade (nome e forma) como
condição.'
"Originação, originação' - assim, bhikkhus, com relação a coisas não ouvidas antes,
surgiram em mim a visão, a compreensão, a sabedoria, o verdadeiro conhecimento e
a iluminação.
(Cessação)
"Então, bhikkhus eu pensei: 'Quando não existe o quê não surge o envelhecimento e
morte? Com a cessação do quê cessa o envelhecimento e morte?' Então, bhikkhus,
empregando a atenção com sabedoria ocorreu a realização através da sabedoria:
'Quando não há o nascimento, o envelhecimento e morte não surgem; com a
cessação do nascimento ocorre a cessação do envelhecimento e morte.'
"Então, bhikkhus eu pensei: 'Quando não existe o quê não surge o nascimento? Com
a cessação do quê cessa o nascimento?' Então, bhikkhus, empregando a atenção com
sabedoria ocorreu a realização através da sabedoria: 'Quando não há o ser/existir, o
nascimento não surge; com a cessação do ser/existir ocorre a cessação do
nascimento.'
"Então, bhikkhus eu pensei: 'Quando não existe o quê não surge o ser/existir? Com a
cessação do quê cessa o ser/existir?' Então, bhikkhus, empregando a atenção com
sabedoria ocorreu a realização através da sabedoria: 'Quando não há o apego, o
ser/existir não surge; com a cessação do apego ocorre a cessação do ser/existir.'
"Então, bhikkhus eu pensei: 'Quando não existe o quê não surge o apego? Com a
cessação do quê cessa o apego?' Então, bhikkhus, empregando a atenção com
sabedoria ocorreu a realização através da sabedoria: 'Quando não há o desejo, o
apego não surge; com a cessação do desejo ocorre a cessação do apego.'
"Então, bhikkhus eu pensei: 'Quando não existe o quê não surge o desejo? Com a
cessação do quê cessa o desejo?' Então, bhikkhus, empregando a atenção com
sabedoria ocorreu a realização através da sabedoria: 'Quando não há a sensação, o
desejo não surge; com a cessação da sensação ocorre a cessação do desejo.'
"Então, bhikkhus eu pensei: 'Quando não existe o quê não surge a sensação? Com a
cessação do quê cessa a sensação?' Então, bhikkhus, empregando a atenção com
sabedoria ocorreu a realização através da sabedoria: 'Quando não há o contato, a
sensação não surge; com a cessação do contato ocorre a cessação da sensação.'
"Então, bhikkhus eu pensei: 'Quando não existe o quê não surge o contato? Com a
cessação do quê cessa o contato?' Então, bhikkhus, empregando a atenção com
sabedoria ocorreu a realização através da sabedoria: 'Quando não há as seis bases
dos sentidos, o contato não surge; com a cessação das seis bases dos sentidos ocorre
a cessação do contato.'
"Então, bhikkhus eu pensei: 'Quando não existe o quê não surgem as seis bases dos
sentidos? Com a cessação do quê cessam as seis bases dos sentidos?' Então,
bhikkhus, empregando a atenção com sabedoria ocorreu a realização através da
sabedoria: 'Quando não há a mentalidade-materialidade (nome e forma), as seis
bases dos sentidos não surgem; com a cessação da mentalidade-materialidade
(nome e forma) ocorre a cessação das seis bases dos sentidos.'
"Então, bhikkhus eu pensei: 'Quando não existe o quê não surge a mentalidade-
materialidade (nome e forma)? Com a cessação do quê cessa a mentalidade-
materialidade (nome e forma)?' Então, bhikkhus, empregando a atenção com
sabedoria ocorreu a realização através da sabedoria: 'Quando não há a consciência,
a mentalidade-materialidade (nome e forma) não surge; com a cessação da
consciência ocorre a cessação da mentalidade-materialidade (nome e forma).'
"Então, bhikkhus eu pensei: 'Quando não existe o quê não surge a consciência? Com
a cessação do quê cessa a consciência?' Então, bhikkhus, empregando a atenção com
sabedoria ocorreu a realização através da sabedoria: 'Quando não há as formações
volitivas, a consciência não surge; com a cessação das formações volitivas ocorre a
cessação da consciência.'
"Então, bhikkhus eu pensei: 'Quando não existe o quê não surgem as formações
volitivas? Com a cessação do quê cessam as formações volitivas?' Então, bhikkhus,
empregando a atenção com sabedoria ocorreu a realização através da sabedoria:
'Quando não há a ignorância, as formações volitivas não surgem; com a cessação da
ignorância ocorre a cessação das formações volitivas.'
"Cessação, cessação - assim, bhikkhus, com relação a coisas não ouvidas antes,
surgiram em mim a visão, a compreensão, a sabedoria, o verdadeiro conhecimento e
a iluminação.
"Bhikkhus, existem esses quatro tipos de alimentos para a manutenção dos seres
que já nasceram e para o sustento daqueles que estão em busca de um nascimento.
Quais quatro? O alimento comida, grosseira ou sutil, o contato como o segundo, a
volição mental como o terceiro e a consciência como o quarto. Estes são os quatro
tipos de alimento para a manutenção dos seres que já nasceram e para o sustento
daqueles que estão buscando o nascimento. xc
“Agora, bhikkhus, o que esses quatro tipos de alimento possuem como origem, qual é
o seu princípio, do que eles nascem e são produzidos? Esses quatro tipos de
alimento possuem o desejo como origem, desejo como o seu princípio; eles nascem e
são produzidos pelo desejo.
“E esse desejo possui o que como origem, qual é o seu princípio, do que ele nasce e é
produzido? O desejo possui a sensação como origem, sensação como o seu princípio;
ele nasce e é produzido pela sensação.
“E essa sensação possui o que como origem ...? A sensação possui o contato como
origem ... E esse contato possui o que como origem ...? O contato possui as seis bases
como origem ... E essas seis bases possuem o que como origem? As seis bases
possuem a mentalidade-materialidade (nome e forma) como origem ... E essa
mentalidade-materialidade (nome e forma) possui o que como origem ...? A
mentalidade-materialidade (nome e forma) possui a consciência como origem ... E
essa consciência possui o que como origem...? A consciência possui as formações
volitivas como origem ... E essas formações volitivas possuem o que como origem,
qual é o seu princípio, do que elas nascem e são produzidas? As formações volitivas
possuem a ignorância como sua origem, ignorância como o seu princípio; elas
nascem e são produzidas pela ignorância.
“Essa não é uma pergunta válida,” o Abençoado respondeu. “Eu não digo ‘alguém
consome.’ Se eu dissesse ‘alguém consome,’ então nesse caso esta seria uma
pergunta válida: ‘Venerável senhor, quem consome?’ Mas eu não falo dessa forma.
Visto que não falo dessa forma, se alguém me perguntar, ‘Venerável senhor, para
que o alimento consciência [é uma condição]?’ essa seria uma pergunta válida. A
resposta válida a essa pergunta é: ‘O alimento consciência é uma condição para a
produção de uma renovada existência futura. Quando há aquilo que foi gerado, as
seis bases dos sentidos são geradas; com as seis bases dos sentidos como condição,
surge o contato.’”
“Essa não é uma pergunta válida,” o Abençoado respondeu. “Eu não digo ‘alguém
realiza o contato.’ Se eu dissesse ‘alguém realiza o contato,’ então nesse caso esta
seria uma pergunta válida: ‘Venerável senhor, quem realiza o contato?’ Mas eu não
falo dessa forma. Visto que não falo dessa forma, se alguém me perguntar,
‘Venerável senhor, com o que como condição o contato [surge]?’ essa seria uma
pergunta válida. A resposta válida a essa pergunta é: ‘Com as seis bases como
condição, o contato [surge]; com o contato como condição, a sensação.’”
“Essa não é uma pergunta válida,” o Abençoado respondeu. “Eu não digo ‘alguém
sente.’ Se eu dissesse ‘alguém sente,’ então nesse caso esta seria uma pergunta
válida: ‘Venerável senhor, quem sente?’ Mas eu não falo dessa forma. Visto que não
falo dessa forma, se alguém me perguntar, ‘Venerável senhor, com o que como
condição a sensação [surge]?’ essa seria uma pergunta válida. A resposta válida a
essa pergunta é: ‘Com o contato como condição, a sensação [surge]; com a sensação
como condição, o desejo.’”
“Essa não é uma pergunta válida,” o Abençoado respondeu. “Eu não digo ‘alguém
deseja.’ Se eu dissesse ‘alguém deseja,’ então nesse caso esta seria uma pergunta
válida: ‘Venerável senhor, quem deseja?’ Mas eu não falo dessa forma. Visto que não
falo dessa forma, se alguém me perguntar, ‘Venerável senhor, com o que como
condição o desejo [surge]?’ essa seria uma pergunta válida. A resposta válida a essa
pergunta é: ‘Com a sensação como condição, o desejo [surge]; com o desejo como
condição, o apego; com o apego como condição, o ser/existir. Essa é a origem de
toda essa massa de sofrimento.’”
“’Tudo existe’: Kaccayana, esse é um extremo. ‘Tudo não existe’: esse é o outro
extremo. Evitando esses dois extremos, o Tathagata ensina o Dhamma pelo meio:
Da ignorância como condição, as formações volitivas [surgem]. Das formações
volitivas como condição, a consciência. Da consciência como condição, a
mentalidade-materialidade (nome e forma). Da mentalidade-materialidade (nome e
forma) como condição, as seis bases dos sentidos. Das seis bases dos sentidos como
condição, o contato. Do contato como condição, a sensação. Da sensação como
condição, o desejo. Do desejo como condição, o apego. Do apego como condição, o
ser/existir. Do ser/existir como condição, o nascimento. Do nascimento como
condição, então o envelhecimento e morte, tristeza, lamentação, dor, angústia e
desespero surgem. Essa é a origem de toda essa massa de sofrimento.
“Como é então, Mestre Gotama: o sofrimento é criado ambos pela própria pessoa e
pelos outros?”
“Então, Mestre Gotama, o sofrimento surge ao acaso, sem ser criado pela própria
pessoa e tampouco pelos outros?”
"Ao ser perguntado: ‘Como é então, Mestre Gotama: não existe o sofrimento?’ você
diz: ‘Não é que não existe o sofrimento, Kassapa; o sofrimento existe.’ Ao ser
perguntado: ‘Então é que o Mestre Gotama não conhece e não vê o sofrimento?’ você
diz: ‘Não é que eu não conheço e não vejo o sofrimento, Kassapa. Eu conheço o
sofrimento, eu vejo o sofrimento.’ Venerável senhor, que o Abençoado me explique o
sofrimento. Que o Abençoado me ensine acerca do sofrimento.”
“Kassapa, [se alguém pensa,] ‘Aquele que age é o mesmo que experimenta o
resultado,’ [então ele afirma] a respeito de alguém que existe desde o princípio: ‘O
sofrimento é criado pela própria pessoa.’ Quando alguém diz isso, isso é
eternalismo. Mas Kassapa, [se alguém pensa,] ‘Aquele que age é um e aquele que
experimenta o resultado é outro,’ [então ele afirma] a respeito de alguém afligido
pela sensação: ‘O sofrimento é criado pelos outros.’ Quando alguém diz isso, isso é
aniquilação. Evitando esses dois extremos o Tathagata ensina o Dhamma pelo meio:
Da ignorância como condição, as formações volitivas [surgem]. Das formações
volitivas como condição, a consciência. Da consciência como condição, a
mentalidade-materialidade (nome e forma). Da mentalidade-materialidade (nome e
forma) como condição, as seis bases dos sentidos. Das seis bases dos sentidos como
condição, o contato. Do contato como condição, a sensação. Da sensação como
condição, o desejo. Do desejo como condição, o apego. Do apego como condição, o
ser/existir. Do ser/existir como condição, o nascimento. Do nascimento como
condição, então o envelhecimento e morte, tristeza, lamentação, dor, angústia e
desespero surgem. Essa é a origem de toda essa massa de sofrimento. Mas com o
desaparecimento e cessação sem deixar vestígios dessa mesma ignorância cessam
as formações volitivas. Da cessação das formações volitivas cessa a consciência. Da
cessação da consciência cessa a mentalidade-materialidade (nome e forma). Da
cessação da mentalidade-materialidade (nome e forma) cessam as seis bases dos
sentidos. Da cessação das seis bases dos sentidos cessa o contato. Da cessação do
contato cessa a sensação. Da cessação da sensação cessa o desejo. Da cessação do
desejo cessa o apego. Da cessação do apego cessa o ser/existir. Da cessação do
ser/existir cessa o nascimento. Da cessação do nascimento, então o envelhecimento
e morte, tristeza, lamentação, dor, angústia e desespero, tudo cessa. Essa é a
cessação de toda essa massa de sofrimento.’”
Quando isso foi dito, o errante Kassapa disse para o Abençoado: “Magnífico, Mestre
Gotama! Magnífico, Mestre Gotama! Mestre Gotama esclareceu o Dhamma de várias
formas, como se tivesse colocado em pé o que estava de cabeça para baixo, revelasse
o que estava escondido, mostrasse o caminho para alguém que estivesse perdido ou
segurasse uma lâmpada no escuro para aqueles que possuem visão pudessem ver as
formas. Eu busco refúgio no Mestre Gotama, no Dhamma e na Sangha dos bhikkhus.
Que o Mestre Gotama me aceite como discípulo leigo que buscou refúgio para o
resto da vida.”
Timbaruka Sutta (SN XII.18) – Timbaruka
“Como é, Mestre Gotama: o prazer e a dor são criados pela própria pessoa?”
“Como é então, Mestre Gotama: o prazer e a dor são criados ambos pela própria
pessoa e pelos outros?”
“Então, Mestre Gotama, o prazer e a dor surgem ao acaso, sem serem criados pela
própria pessoa e tampouco pelos outros?”
“Não é que não existe o prazer e a dor, Timbaruka; o prazer e a dor existem.”
“Não é que eu não conheço e não vejo o prazer e a dor, Timbaruka. Eu conheço o
prazer e a dor, eu vejo o prazer e a dor.”
“Ao ser perguntado: ‘Como é, Mestre Gotama: o prazer e a dor são criados pela
própria pessoa?’ ou ‘Eles são criados pelos outros?’ ou ‘Eles são criados por ambos?’
ou ‘Eles não são criados por nenhum desses’ em cada caso você diz: ‘Não é assim,
Timbaruka.’
Ao ser perguntado: ‘Como é então, Mestre Gotama: não existe o prazer e a dor?’ você
diz: ‘Não é que não existe o prazer e a dor, Timbaruka; o prazer e a dor existem.’ Ao
ser perguntado: ‘Então é que o Mestre Gotama não conhece e não vê o prazer e a
dor?’ você diz: ‘Não é que eu não conheço e não vejo o prazer e a dor, Timbaruka. Eu
conheço o prazer e a dor, eu vejo o prazer e a dor.’ Venerável senhor, que o
Abençoado me explique o prazer e a dor. Que o Abençoado me ensine acerca do
prazer e da dor.”
“Timbaruka, [se alguém pensa,] ‘A sensação e aquele que sente são idênticos,’ [então
ele afirma] a respeito de alguém que existe desde o princípio: ‘O prazer e a dor são
criados pela própria pessoa.’ Eu não digo isso. xci Mas Timbaruka, [se alguém pensa,]
‘A sensação é uma coisa, aquele que sente é outra,’ [então ele afirma] a respeito de
alguém afligido pela sensação: ‘O prazer e a dor são criados pelos outros.’ Eu
também não digo isso. xcii Evitando esses dois extremos o Tathagata ensina o
Dhamma pelo meio: Da ignorância como condição, as formações volitivas [surgem].
Das formações volitivas como condição, a consciência. Da consciência como
condição, a mentalidade-materialidade (nome e forma). Da mentalidade-
materialidade (nome e forma) como condição, as seis bases dos sentidos. Das seis
bases dos sentidos como condição, o contato. Do contato como condição, a sensação.
Da sensação como condição, o desejo. Do desejo como condição, o apego. Do apego
como condição, o ser/existir. Do ser/existir como condição, o nascimento. Do
nascimento como condição, então o envelhecimento e morte, tristeza, lamentação,
dor, angústia e desespero surgem. Essa é a origem de toda essa massa de
sofrimento. Mas com o desaparecimento e cessação sem deixar vestígios dessa
mesma ignorância cessam as formações volitivas. Da cessação das formações
volitivas cessa a consciência. Da cessação da consciência cessa a mentalidade-
materialidade (nome e forma). Da cessação da mentalidade-materialidade (nome e
forma) cessam as seis bases dos sentidos. Da cessação das seis bases dos sentidos
cessa o contato. Da cessação do contato cessa a sensação. Da cessação da sensação
cessa o desejo. Da cessação do desejo cessa o apego. Da cessação do apego cessa o
ser/existir. Da cessação do ser/existir cessa o nascimento. Da cessação do
nascimento, então o envelhecimento e morte, tristeza, lamentação, dor, angústia e
desespero, tudo cessa. Essa é a cessação de toda essa massa de sofrimento.’”
Quando isso foi dito, o errante Timbaruka disse para o Abençoado: “Magnífico,
Mestre Gotama! Magnífico, Mestre Gotama! Mestre Gotama esclareceu o Dhamma de
várias formas, como se tivesse colocado em pé o que estava de cabeça para baixo,
revelasse o que estava escondido, mostrasse o caminho para alguém que estivesse
perdido ou segurasse uma lâmpada no escuro para aqueles que possuem visão
pudessem ver as formas. Eu busco refúgio no Mestre Gotama, no Dhamma e na
Sangha dos bhikkhus. Que o Mestre Gotama me aceite como discípulo leigo que
buscou refúgio para o resto da vida.”
“Bhikkhus, para o sábio, obstruído pela ignorância e aprisionado pelo desejo, este
corpo surgiu. Agora, existem ambos, este corpo e a mentalidade-materialidade
(nome e forma) externa. Aqui, na dependência dessa dualidade, existe o contato nas
seis bases. Há apenas seis bases, através das quais pelo contato o sábio se torna
sensível ao prazer e à dor. Então, bhikkhus, qual a diferença, qual a distinção, qual o
fator que distingue a pessoa sábia do tolo?”
“Nesse caso, bhikkhus, ouçam e prestem muita atenção àquilo que eu vou dizer.” –
“Sim, Venerável senhor,” os bhikkhus responderam. O Abençoado disse o seguinte:
“Bhikkhus, para o tolo, obstruído pela ignorância e aprisionado pelo desejo, este
corpo surgiu. Essa ignorância não foi abandonada pelo tolo; esse desejo não foi
destruído. Por que isso? O tolo não viveu a vida santa para a completa destruição do
sofrimento. Assim, na dissolução do corpo, ele estará destinado a um (novo) corpo.
Destinado a um corpo, ele não estará completamente livre do nascimento,
envelhecimento, morte, tristeza, lamentação, dor, angústia e desespero. Eu lhes digo,
ele não estará completamente livre do sofrimento.
“Bhikkhus, para o sábio, obstruído pela ignorância e aprisionado pelo desejo, este
corpo surgiu. Essa ignorância foi abandonada pelo sábio; esse desejo foi destruído.
Por que isso? O sábio viveu a vida santa para a completa destruição do sofrimento.
Assim, na dissolução do corpo, ele não estará destinado a um (novo) corpo. Não
destinado a um corpo, ele estará completamente livre do nascimento,
envelhecimento, morte, tristeza, lamentação, dor, angústia e desespero. Eu lhes digo,
ele estará completamente livre do sofrimento."
“Quando um nobre discípulo viu bem, com correta sabedoria, essa origem
dependente e esses fenômenos com origem dependente, da forma como eles na
verdade são, não é possível que ele regresse ao passado, pensando, ‘Eu existi no
passado? Não existi no passado? O que fui no passado? Como eu era no passado?
Tendo sido que, no que me tornei no passado? Existirei no futuro? Não existirei no
futuro? O que serei no futuro? Como serei no futuro? Tendo sido que, no que me
tornarei no futuro?’ ou que ele esteja no seu íntimo perplexo acerca do presente: ‘Eu
sou? Eu não sou? O que sou? Como sou? De onde veio este ser? Para onde irá?’ Isso
não é possível. Por que isso? Porque um nobre discípulo viu bem, com correta
sabedoria, essa origem dependente e esses fenômenos com origem dependente, da
forma como eles na verdade são.
"Assim é a forma, essa é a sua origem, essa é a sua cessação; assim é a sensação, essa
é a sua origem, essa é a sua cessação; assim é a percepção, essa é a sua origem, essa
é a sua cessação; assim são as formações volitivas, essa é a sua origem, essa é a sua
cessação; assim é a consciência, essa é a sua origem, essa é a sua cessação.
"Portanto, quando existe isso, aquilo existe; com o surgimento disso, aquilo surge.
Quando não existe isso, aquilo também não existe; com a cessação disto, aquilo
cessa.
"Isto é, da ignorância como condição, as formações volitivas [surgem]. Das
formações volitivas como condição, a consciência. Da consciência como condição, a
mentalidade-materialidade (nome e forma). Da mentalidade-materialidade (nome e
forma) como condição, as seis bases dos sentidos. Das seis bases dos sentidos como
condição, o contato. Do contato como condição, a sensação. Da sensação como
condição, o desejo. Do desejo como condição, o apego. Do apego como condição, o
ser/existir. Do ser/existir como condição, o nascimento. Do nascimento como
condição, então o envelhecimento e morte, tristeza, lamentação, dor, angústia e
desespero surgem. Essa é a origem de toda essa massa de sofrimento.
"Assim é a forma, essa é a sua origem, essa é a sua cessação; assim é a sensação, essa
é a sua origem, essa é a sua cessação; assim é a percepção, essa é a sua origem, essa
é a sua cessação; assim são as formações volitivas, essa é a sua origem, essa é a sua
cessação; assim é a consciência, essa é a sua origem, essa é a sua cessação.
"Portanto, quando existe isso, aquilo existe; com o surgimento disso, aquilo surge.
Quando não existe isso, aquilo também não existe; com a cessação disto, aquilo
cessa.
“Bhikkhus, o Dhamma foi assim bem exposto por mim, elucidado, anunciado,
revelado, despido de remendos. Quando, bhikkhus, o Dhamma foi assim bem exposto
por mim, elucidado, anunciado, revelado, despido de remendos, isso é o suficiente
para que o membro de um clã que seguiu a vida santa com base na fé desperte a sua
energia da seguinte forma: ‘Com satisfação eu deixaria a carne e o sangue do meu
corpo secar, deixando só pele, tendões e ossos, se eu não tiver atingido o que pode
ser atingido através da firmeza humana, da energia humana e do esforço humano,
não haverá nenhum relaxamento na minha energia.'
“A libertação possui a sua condição, eu lhes digo. A esta não lhe falta uma condição.
E qual é a sua condição? Desapego deveria ser a resposta.
“O desapego possui a sua condição, eu lhes digo. A este não lhe falta uma condição. E
qual é a sua condição? Desencantamento deveria ser a resposta.
“O desencantamento possui a sua condição, eu lhes digo. A este não lhe falta uma
condição. E qual é a sua condição? Conhecimento e visão das coisas como na
verdade elas são deveria ser a resposta.
“O conhecimento e visão das coisas como na verdade elas são possui a sua condição,
eu lhes digo. A este não lhe falta uma condição. E qual é a sua condição?
Concentração deveria ser a resposta.
“A concentração possui a sua condição, eu lhes digo. A esta não lhe falta uma
condição. E qual é a sua condição? Felicidade deveria ser a resposta.
“A felicidade possui a sua condição, eu lhes digo. A esta não lhe falta uma condição. E
qual é a sua condição? Calma deveria ser a resposta.
“A calma possui a sua condição, eu lhes digo. A esta não lhe falta uma condição. E
qual é a sua condição? Êxtase deveria ser a resposta.
“O êxtase possui a sua condição, eu lhes digo. A este não lhe falta uma condição. E
qual é a sua condição? Satisfação deveria ser a resposta.
“A satisfação possui a sua condição, eu lhes digo. A esta não lhe falta uma condição. E
qual é a sua condição? Convicção deveria ser a resposta.
“A convicção possui a sua condição, eu lhes digo. A esta não lhe falta uma condição. E
qual é a sua condição? Sofrimento deveria ser a resposta.
“O sofrimento possui a sua condição, eu lhes digo. A este não lhe falta uma condição.
E qual é a sua condição? Nascimento deveria ser a resposta.
“O nascimento possui a sua condição, eu lhes digo. A este não lhe falta uma condição.
E qual é a sua condição? Ser/existir deveria ser a resposta.
“O ser/existir possui a sua condição, eu lhes digo. A este não lhe falta uma condição.
E qual é a sua condição? Apego deveria ser a resposta.
“O apego possui a sua condição, eu lhes digo. A este não lhe falta uma condição. E
qual é a sua condição? Desejo deveria ser a resposta.
“O desejo possui a sua condição, eu lhes digo. A este não lhe falta uma condição. E
qual é a sua condição? Sensação deveria ser a resposta.
“A sensação possui a sua condição, eu lhes digo. A esta não lhe falta uma condição. E
qual é a sua condição? Contato deveria ser a resposta.
“O contato possui a sua condição, eu lhes digo. A este não lhe falta uma condição. E
qual é a sua condição? As seis bases dos sentidos deveria ser a resposta.
“As seis bases dos sentidos possuem a sua condição, eu lhes digo. A estas não lhes
falta uma condição. E qual é a sua condição? Mentalidade-materialidade (nome e
forma) deveria ser a resposta.
“A consciência possui a sua condição, eu lhes digo. A esta não lhe falta uma condição.
E qual é a sua condição? Formações volitivas deveria ser a resposta.
“As formações volitivas possuem a sua condição, eu lhes digo. A estas não lhes falta
uma condição. E qual é a sua condição? Ignorância deveria ser a resposta.
o conhecimento e visão das coisas como na verdade elas são possui a concentração
como sua condição,
“Tal qual quando os devas trovejam e vertem gotas pesadas de chuva no alto das
montanhas: A água flui pelas encostas, enchendo as fissuras, rachaduras e valas.
Quando as fissuras, rachaduras e valas estão preenchidas, as gotas pesadas de chuva
enchem as pequenas lagoas. Quando as pequenas lagoas estão preenchidas, elas
enchem os grandes lagos. Quando os grandes lagos estão preenchidos, elas enchem
os pequenos rios. Quando os pequenos rios estão preenchidos, elas enchem os
grandes rios. Quando os grandes rios estão preenchidos, elas enchem o grande
oceano; assim também, tendo a ignorância como condição, as formações volitivas
[surgem]; tendo as formações volitivas como condição, a consciência; tendo a
consciência como condição, a mentalidade-materialidade (nome e forma); tendo a
mentalidade-materialidade (nome e forma) como condição, as seis bases dos
sentidos; tendo as seis bases dos sentidos como condição, o contato; tendo o contato
como condição, a sensação; tendo a sensação como condição, o desejo; tendo o
desejo como condição, o apego; tendo o apego como condição, o ser/existir; tendo o
ser/existir como condição, o nascimento; tendo o nascimento como condição, o
sofrimento; tendo o sofrimento como condição, a convicção; tendo a convicção como
condição, a satisfação; tendo a satisfação como condição, o êxtase; tendo o êxtase
como condição, a calma; tendo a calma como condição, a felicidade; tendo a
felicidade como condição, a concentração; tendo a concentração como condição, o
conhecimento e visão das coisas como na verdade elas são; tendo o conhecimento e
visão das coisas como na verdade elas são como condição, o desencantamento;
tendo o desencantamento como condição, o desapego; tendo o desapego como
condição, a libertação; tendo a libertação como condição, o conhecimento da
destruição das impurezas.”
“O Abençoado, meu amigo, disse que o prazer e a dor possuem origem dependente.
Dependente de que? Dependente do contato. Se alguém dissesse isso estaria falando
o que foi dito pelo Abençoado e não o estaria deturpando com algo contrário aos
fatos; estaria explicando de acordo com o Dhamma, de tal modo que nada que dê
margem à censura possa com legitimidade ser deduzido da sua declaração.
“No caso dos Brâmanes e contemplativos que ensinem sobre o kamma e declarem
que o prazer e a dor são produzidos pela própria pessoa; no caso dos Brâmanes e
contemplativos que ensinem sobre o kamma e declarem que o prazer e a dor são
produzidos pelos outros; no caso dos Brâmanes e contemplativos que ensinem
sobre o kamma e declarem que o prazer e a dor são produzidos tanto pela própria
pessoa como pelos outros; no caso dos Brâmanes e contemplativos que ensinem
sobre o kamma e declarem que o prazer e a dor surgem ao acaso sem serem criados
pela própria pessoa e tampouco pelos outros - em cada um desses casos, o prazer e a
dor estão condicionados pelo contato”.
Agora, ocorre que o Venerável Ananda ouviu a conversa entre o Venerável Sariputta
e os errantes de outras seitas. Então ele foi até o Abençoado e ao chegar, depois de
cumprimentá-lo, sentou a um lado e relatou toda a conversa para o Abençoado.
(O Abençoado disse:) “Muito bem, Ananda. Alguém que responda da forma correta
responderia como o Venerável Sariputta respondeu.
“Eu disse, Ananda, que o prazer e a dor possuem origem dependente. Dependente de
que? Dependente do contato. Se alguém dissesse isso estaria falando o que foi dito
por mim e não estaria me deturpando com algo contrário aos fatos; estaria
explicando de acordo com o Dhamma, de tal modo que nada que dê margem à
censura possa com legitimidade ser deduzido da sua declaração.
“No caso dos Brâmanes e contemplativos que ensinam sobre o kamma e declaram
que o prazer e a dor são produzidos pela própria pessoa; no caso dos Brâmanes e
contemplativos que ensinam sobre o kamma e declaram que o prazer e a dor são
produzidos pelos outros; no caso dos Brâmanes e contemplativos que ensinam
sobre o kamma e declaram que o prazer e a dor são produzidos tanto pela própria
pessoa como pelos outros; no caso dos Brâmanes e contemplativos que ensinam
sobre o kamma e declaram que o prazer e a dor surgem ao acaso sem serem criados
pela própria pessoa e tampouco pelos outros, em cada um desses casos, o prazer e a
dor estão condicionados pelo contato”.
“O Abençoado, meu amigo, disse que o prazer e a dor possuem origem dependente.
Dependente de que? Dependente do contato. Se alguém dissesse isso estaria falando
o que foi dito pelo Abençoado e não o estaria deturpando com algo contrário aos
fatos; estaria explicando de acordo com o Dhamma, de tal modo que nada que dê
margem à censura possa com legitimidade ser deduzido da sua declaração.
“No caso dos Brâmanes e contemplativos que ensinem sobre o kamma e declarem
que o prazer e a dor são produzidos pela própria pessoa; no caso dos Brâmanes e
contemplativos que ensinem sobre o kamma e declarem que o prazer e a dor são
produzidos pelos outros; no caso dos Brâmanes e contemplativos que ensinem
sobre o kamma e declarem que o prazer e a dor são produzidos tanto pela própria
pessoa como pelos outros; no caso dos Brâmanes e contemplativos que ensinem
sobre o kamma e declarem que o prazer e a dor surgem ao acaso sem serem criados
pela própria pessoa e tampouco pelos outros - em cada um desses casos, o prazer e a
dor estão condicionados pelo contato”.
Agora, ocorre que o Venerável Ananda ouviu a conversa entre o Venerável Sariputta
e o Venerável Bhumija. Então ele foi até o Abençoado e ao chegar, depois de
cumprimentá-lo, sentou a um lado e relatou toda a conversa para o Abençoado.
(O Abençoado disse:) “Muito bem, Ananda. Alguém que responda da forma correta
responderia como o Venerável Sariputta respondeu.
“Eu disse, Ananda, que o prazer e a dor possuem origem dependente. Dependente de
que? Dependente do contato. Se alguém dissesse isso estaria falando o que foi dito
por mim e não estaria me deturpando com algo contrário aos fatos; estaria
explicando de acordo com o Dhamma, de tal modo que nada que dê margem à
censura possa com legitimidade ser deduzido da sua declaração.
“No caso dos Brâmanes e contemplativos que ensinam sobre o kamma e declaram
que o prazer e a dor são produzidos pela própria pessoa; no caso dos Brâmanes e
contemplativos que ensinam sobre o kamma e declaram que o prazer e a dor são
produzidos pelos outros; no caso dos Brâmanes e contemplativos que ensinam
sobre o kamma e declaram que o prazer e a dor são produzidos tanto pela própria
pessoa como pelos outros; no caso dos Brâmanes e contemplativos que ensinam
sobre o kamma e declaram que o prazer e a dor surgem ao acaso sem serem criados
pela própria pessoa e tampouco pelos outros, em cada um desses casos, o prazer e a
dor estão condicionados pelo contato”.
“Seja com base na própria iniciativa, a pessoa produz a formação volitiva corporal
condicionada através da qual o prazer e a dor surgem no interior; ou estimulada por
outros, a pessoa produz a formação volitiva corporal condicionada através da qual o
prazer e a dor surgem no interior. (Da mesma forma com as formações verbais e
mentais).
“Nesse sentido, Upavana, no caso dos contemplativos e Brâmanes que afirmam que o
sofrimento é criado pela própria pessoa, e aqueles que afirmam que o sofrimento é
criado pelos outros, e aqueles que afirmam que o sofrimento é criado tanto pela
própria pessoa como pelos outros, e aqueles que afirmam que o sofrimento surge ao
acaso sem ser criado pela própria pessoa e tampouco pelos outros – em cada um
desses casos, o sofrimento é condicionado pelo contato.
“Nesse sentido, Upavana, no caso dos contemplativos e Brâmanes que afirmam que o
sofrimento é criado pela própria pessoa, e aqueles que afirmam que o sofrimento é
criado pelos outros, e aqueles que afirmam que o sofrimento é criado tanto pela
própria pessoa como pelos outros, e aqueles que afirmam que o sofrimento surge ao
acaso sem ser criado pela própria pessoa e tampouco pelos outros – em cada um
desses casos, é impossível que eles experimentem [qualquer coisa] sem o contato.”
"O que, bhikkhus, é nascimento? O nascimento dos seres nas várias classes de seres,
o próximo nascimento, a precipitação [em um ventre], a geração, a manifestação dos
agregados, a obtenção das bases para contato - a isto se denomina nascimento. Com
o surgimento do ser/existir surge o nascimento; com a cessação do ser/existir cessa
o nascimento. Justamente este nobre caminho óctuplo é o caminho que conduz à
cessação do nascimento: isto é, entendimento correto, pensamento correto,
linguagem correta, ação correta, modo de vida correto, esforço correto, atenção
plena correta, concentração correta.
"E o que é ser/existir? Existem esses três tipos de seres: seres do reino sensual,
seres do reino da matéria sutil, (ou com forma), e seres do reino imaterial, (ou sem
forma) - a isto se denomina ser/existir. Com o surgimento do ser/existir surge o
nascimento; com a cessação do ser/existir cessa o nascimento. Justamente este
nobre caminho óctuplo é o caminho que conduz à cessação do ser/existir: isto é,
entendimento correto, pensamento correto, linguagem correta, ação correta, modo
de vida correto, esforço correto, atenção plena correta, concentração correta.
"O que é apego? Existem esses quatro tipos de apego: apego a prazeres sensuais,
apego a idéias, apego a preceitos e rituais e apego à idéia da existência de um eu - a
isto se denomina apego. Com o surgimento do apego surge o ser/existir; com a
cessação do apego cessa o ser/existir. Justamente este nobre caminho óctuplo é o
caminho que conduz à cessação do apego: isto é, entendimento correto, pensamento
correto, linguagem correta, ação correta, modo de vida correto, esforço correto,
atenção plena correta, concentração correta.
"O que é desejo? Existem essas seis classes de desejo: desejo por formas, desejo por
sons, desejo por aromas, desejo por sabores, desejo por tangíveis, desejo por objetos
mentais - a isto se denomina desejo. Com o surgimento do desejo surge o apego;
com a cessação do desejo cessa o apego. Justamente este nobre caminho óctuplo é o
caminho que conduz à cessação do desejo: isto é, entendimento correto,
pensamento correto, linguagem correta, ação correta, modo de vida correto, esforço
correto, atenção plena correta, concentração correta.
"O que é sensação? Existem essas seis classes de sensações: sensações que surgem
do contato no olho, sensações que surgem do contato no ouvido, sensações que
surgem do contato no nariz, sensações que surgem do contato na língua, sensações
que surgem do contato no corpo, sensações que surgem do contato na mente - a isto
se denomina sensação. Com o surgimento da sensação surge o desejo; com a
cessação da sensação cessa o desejo. Justamente este nobre caminho óctuplo é o
caminho que conduz à cessação da sensação: isto é, entendimento correto,
pensamento correto, linguagem correta, ação correta, modo de vida correto, esforço
correto, atenção plena correta, concentração correta.
"O que é contato? Existem essas seis classes de contato: contato no olho, contato no
ouvido, contato no nariz, contato na língua, contato no corpo, contato na mente - a
isto se denomina contato. Com o surgimento do contato surge a sensação; com a
cessação do contato cessa a sensação. Justamente este nobre caminho óctuplo é o
caminho que conduz à cessação do contato: isto é, entendimento correto,
pensamento correto, linguagem correta, ação correta, modo de vida correto, esforço
correto, atenção plena correta, concentração correta.
"O que são as seis bases dos sentidos? Existem essas seis bases: a base do olho, a
base do ouvido, a base do nariz, a base da língua, a base do corpo, a base da mente -
a isto se denomina seis bases dos sentidos. Com o surgimento das seis bases dos
sentidos surge o contato; com a cessação das seis bases dos sentidos cessa o contato.
Justamente este nobre caminho óctuplo é o caminho que conduz à cessação das seis
bases dos sentidos: isto é, entendimento correto, pensamento correto, linguagem
correta, ação correta, modo de vida correto, esforço correto, atenção plena correta,
concentração correta.
"O que é consciência? Existem essas seis classes de consciência: consciência no olho,
consciência no ouvido, consciência no nariz, consciência na língua, consciência no
corpo, consciência na mente - a isto se denomina consciência. Com o surgimento da
consciência surge a mentalidade-materialidade (nome e forma); com a cessação da
consciência cessa a mentalidade-materialidade (nome e forma). Justamente este
nobre caminho óctuplo é o caminho que conduz à cessação da consciência: isto é,
entendimento correto, pensamento correto, linguagem correta, ação correta, modo
de vida correto, esforço correto, atenção plena correta, concentração correta.
"O que são formações volitivas? Existem esses três tipos de formações: a formação
corporal, a formação verbal e a formação mental - a isto se denomina formações
volitivas. Com o surgimento das formações volitivas surge a consciência; com a
cessação das formações volitivas cessa a consciência. Justamente este nobre
caminho óctuplo é o caminho que conduz à cessação das formações volitivas: isto é,
entendimento correto, pensamento correto, linguagem correta, ação correta, modo
de vida correto, esforço correto, atenção plena correta, concentração correta.
"O que é ignorância? Não ter o conhecimento do sofrimento, não ter o conhecimento
da origem do sofrimento, não ter o conhecimento da cessação do sofrimento, não ter
o conhecimento do caminho que conduz à cessação do sofrimento - a isto se
denomina ignorância. Com o surgimento da ignorância surgem as formações
volitivas; com a cessação da ignorância cessam as formações volitivas. Justamente
este nobre caminho óctuplo é o caminho que conduz à cessação da ignorância: isto é,
entendimento correto, pensamento correto, linguagem correta, ação correta, modo
de vida correto, esforço correto, atenção plena correta, concentração correta.
"O que, bhikkhus, é nascimento? O nascimento dos seres nas várias classes de seres,
o próximo nascimento, a precipitação [em um ventre], a geração, a manifestação dos
agregados, a obtenção das bases para contato - a isto se denomina nascimento. Com
o surgimento do ser/existir surge o nascimento; com a cessação do ser/existir cessa
o nascimento. Justamente este nobre caminho óctuplo é o caminho que conduz à
cessação do nascimento: isto é, entendimento correto, pensamento correto,
linguagem correta, ação correta, modo de vida correto, esforço correto, atenção
plena correta, concentração correta.
"E o que é ser/existir? Existem esses três tipos de seres: seres do reino sensual,
seres do reino da matéria sutil, (ou com forma), e seres do reino imaterial, (ou sem
forma) - a isto se denomina ser/existir. Com o surgimento do ser/existir surge o
nascimento; com a cessação do ser/existir cessa o nascimento. Justamente este
nobre caminho óctuplo é o caminho que conduz à cessação do ser/existir: isto é,
entendimento correto, pensamento correto, linguagem correta, ação correta, modo
de vida correto, esforço correto, atenção plena correta, concentração correta.
"O que é apego? Existem esses quatro tipos de apego: apego a prazeres sensuais,
apego a idéias, apego a preceitos e rituais e apego à idéia da existência de um eu - a
isto se denomina apego. Com o surgimento do apego surge o ser/existir; com a
cessação do apego cessa o ser/existir. Justamente este nobre caminho óctuplo é o
caminho que conduz à cessação do apego: isto é, entendimento correto, pensamento
correto, linguagem correta, ação correta, modo de vida correto, esforço correto,
atenção plena correta, concentração correta.
"O que é desejo? Existem essas seis classes de desejo: desejo por formas, desejo por
sons, desejo por aromas, desejo por sabores, desejo por tangíveis, desejo por objetos
mentais - a isto se denomina desejo. Com o surgimento do desejo surge o apego;
com a cessação do desejo cessa o apego. Justamente este nobre caminho óctuplo é o
caminho que conduz à cessação do desejo: isto é, entendimento correto,
pensamento correto, linguagem correta, ação correta, modo de vida correto, esforço
correto, atenção plena correta, concentração correta.
"O que é sensação? Existem essas seis classes de sensações: sensações que surgem
do contato no olho, sensações que surgem do contato no ouvido, sensações que
surgem do contato no nariz, sensações que surgem do contato na língua, sensações
que surgem do contato no corpo, sensações que surgem do contato na mente - a isto
se denomina sensação. Com o surgimento da sensação surge o desejo; com a
cessação da sensação cessa o desejo. Justamente este nobre caminho óctuplo é o
caminho que conduz à cessação da sensação: isto é, entendimento correto,
pensamento correto, linguagem correta, ação correta, modo de vida correto, esforço
correto, atenção plena correta, concentração correta.
"O que é contato? Existem essas seis classes de contato: contato no olho, contato no
ouvido, contato no nariz, contato na língua, contato no corpo, contato na mente - a
isto se denomina contato. Com o surgimento do contato surge a sensação; com a
cessação do contato cessa a sensação. Justamente este nobre caminho óctuplo é o
caminho que conduz à cessação do contato: isto é, entendimento correto,
pensamento correto, linguagem correta, ação correta, modo de vida correto, esforço
correto, atenção plena correta, concentração correta.
"O que são as seis bases dos sentidos? Existem essas seis bases: a base do olho, a
base do ouvido, a base do nariz, a base da língua, a base do corpo, a base da mente -
a isto se denomina seis bases dos sentidos. Com o surgimento das seis bases dos
sentidos surge o contato; com a cessação das seis bases dos sentidos cessa o contato.
Justamente este nobre caminho óctuplo é o caminho que conduz à cessação das seis
bases dos sentidos: isto é, entendimento correto, pensamento correto, linguagem
correta, ação correta, modo de vida correto, esforço correto, atenção plena correta,
concentração correta.
"O que é mentalidade-materialidade (nome e forma)? Sensação, percepção, volição,
contato e atenção - esses são chamados de mentalidade (nome). Os quatro grandes
elementos e a forma material derivada dos quatro grandes elementos - esses são
chamados de materialidade (forma) - a isto se denomina mentalidade-materialidade
(nome e forma). Com o surgimento da mentalidade-materialidade (nome e forma)
surgem as seis bases dos sentidos; com a cessação da mentalidade-materialidade
(nome e forma) cessam as seis bases dos sentidos. Justamente este nobre caminho
óctuplo é o caminho que conduz à cessação da mentalidade-materialidade (nome e
forma): isto é, entendimento correto, pensamento correto, linguagem correta, ação
correta, modo de vida correto, esforço correto, atenção plena correta, concentração
correta.
"O que é consciência? Existem essas seis classes de consciência: consciência no olho,
consciência no ouvido, consciência no nariz, consciência na língua, consciência no
corpo, consciência na mente - a isto se denomina consciência. Com o surgimento da
consciência surge a mentalidade-materialidade (nome e forma); com a cessação da
consciência cessa a mentalidade-materialidade (nome e forma). Justamente este
nobre caminho óctuplo é o caminho que conduz à cessação da consciência: isto é,
entendimento correto, pensamento correto, linguagem correta, ação correta, modo
de vida correto, esforço correto, atenção plena correta, concentração correta.
"O que são formações volitivas? Existem esses três tipos de formações: a formação
corporal, a formação verbal e a formação mental - a isto se denomina formações
volitivas. Com o surgimento das formações volitivas surge a consciência; com a
cessação das formações volitivas cessa a consciência. Justamente este nobre
caminho óctuplo é o caminho que conduz à cessação das formações volitivas: isto é,
entendimento correto, pensamento correto, linguagem correta, ação correta, modo
de vida correto, esforço correto, atenção plena correta, concentração correta.
"O que é ignorância? Não ter o conhecimento do sofrimento, não ter o conhecimento
da origem do sofrimento, não ter o conhecimento da cessação do sofrimento, não ter
o conhecimento do caminho que conduz à cessação do sofrimento - a isto se
denomina ignorância. Com o surgimento da ignorância surgem as formações
volitivas; com a cessação da ignorância cessam as formações volitivas. Justamente
este nobre caminho óctuplo é o caminho que conduz à cessação da ignorância: isto é,
entendimento correto, pensamento correto, linguagem correta, ação correta, modo
de vida correto, esforço correto, atenção plena correta, concentração correta.
Quando isso foi dito o Venerável Sariputta permaneceu em silêncio. Uma segunda
vez e uma terceira vez o Abençoado se dirigiu ao Venerável Sariputta assim:
"Sariputta, nas Perguntas de Ajita no Parayana ... Como deve ser esse breve
enunciado ser entendido em detalhe?" Uma segunda e uma terceira vez o Venerável
Sariputta permaneceu em silêncio.
"Sariputta, você vê: 'Isto veio a ser'? Sariputta, você vê: 'Isto veio a ser'?"
"Venerável senhor, alguém vê com correta sabedoria como na verdade veio a ser xcv:
'Isto veio a ser'. Tendo visto com correta sabedoria: 'Isto veio a ser', ele pratica para
o desencantamento daquilo que veio a ser, para o desapego, e para a cessação. Ele vê
com correta sabedoria: 'A sua originação ocorre com aquilo como alimento.' Tendo
visto com correta sabedoria: 'A sua originação ocorre com aquilo como alimento',
ele pratica para o desencantamento da sua originação daquilo como alimento, para o
desapego, e para a cessação. Ele vê com correta sabedoria: 'Com a cessação daquele
alimento, aquilo que veio a ser está sujeito à cessação.' Tendo visto com correta
sabedoria: 'Com a cessação daquele alimento, aquilo que veio a ser está sujeito à
cessação', ele pratica para o desencantamento daquilo que está sujeito à cessação,
para o desapego, e para a cessação.xcvi
"Venerável senhor, portanto quando foi dito nas Perguntas de Ajita no Parayana:
"Muito bem, muito bem Sariputta! ... (o Buda repete tudo que foi dito pelo Venerável
Sariputta) ... é dessa maneira que deve ser compreendido em detalhe esse breve
enunciado."
Em Savatthi.
"Então com certeza esse Venerável não encontrou consolo neste Dhamma e
Disciplina."
Então o Abençoado se dirigiu a um certo bhikkhu desta forma: “Venha, bhikkhu, diga
a Sariputta em meu nome que o Mestre o chama.” “Sim, Venerável senhor,” ele
respondeu e foi até o Venerável Sariputta e lhe disse: “O Mestre o chama, amigo
Sariputta.”
"Sariputta, se alguém lhe perguntasse: 'Amigo Sariputta, como foi que você
compreendeu, como você viu, para declarar o conhecimento supremo assim: 'Eu
compreendo: O nascimento foi destruído, a vida santa foi vivida, o que devia ser
feito foi feito, não há mais vir a ser a nenhum estado?' - sendo assim perguntado,
como você responderia?"
"Mas, Sariputta, se lhe perguntassem: 'Mas, amigo Sariputta, qual é a fonte do apego,
...? qual é a fonte do desejo, qual é a sua origem, do que ele nasce e é produzido?' -
sendo assim perguntado, como você responderia?"
"Se fosse assim perguntado, Venerável senhor, eu responderia assim: Desejo amigos,
tem a sensação como fonte, sensação como origem, é criado e produzido pela
sensação' - sendo assim perguntado, eu responderia dessa forma."
"Mas, Sariputta, se lhe perguntassem: 'Mas, amigo Sariputta, como você sabe, como
você vê, que o deleite com as sensações não está mais presente em você? - sendo
assim perguntado, como você responderia?"
"Muito bem, Sariputta, muito bem! Esta é uma outra forma de explicar o mesmo
ponto em resumo: 'Tudo aquilo que é sentido faz parte do sofrimento.' xcviii Mas,
Sariputta, se lhe perguntassem: 'Mas, amigo Sariputta, através de qual libertação
você declarou o conhecimento supremo assim: "Eu compreendo: o nascimento foi
destruído, a vida santa foi vivida, o que devia ser feito foi feito, não há mais vir a ser
a nenhum estado"?' - sendo assim perguntado, como você responderia?"
"Muito bem, Sariputta, muito bem! Esta é uma outra forma de explicar o mesmo
ponto em resumo: 'Eu não tenho incertezas com relação às impurezas explicadas
pelo Contemplativo; eu não tenho dúvidas que elas foram abandonadas por mim.'"
Isso foi o que o Abençoado disse. Tendo dito isso ele levantou do seu assento e foi
para a sua moradia.
Ñanavatthu (pathama) Sutta (SN XII.33) -
Tipos de Conhecimento (1)
"O que, bhikkhus, é nascimento? ... (igual o SN XII.2 ... "O que são formações
volitivas?) ... Este nobre caminho óctuplo é o caminho que conduz à cessação das
formações volitivas; isto é, entendimento correto ... concentração correta.
"Não é uma pergunta válida," o Abençoado respondeu. Dizer um dos dois, ‘O que é o
envelhecimento e morte, a quem eles pertencem,’ ou ‘envelhecimento e morte são
uma coisa, quem experimenta isso é outra,’ ambas afirmações são idênticas no
significado; elas diferem apenas no fraseado. Quando existe o entendimento, ‘a alma
e o corpo são a mesma coisa,’ não pode haver a vida santa; e quando existe o
entendimento, ‘a alma e o corpo são duas coisas distintas,’ não pode haver a vida
santa. Evitando esses dois extremos o Tathagata ensina o Dhamma pelo meio: ‘Do
nascimento como condição, o envelhecimento e a morte.’"
"Não é uma pergunta válida," o Abençoado respondeu. Dizer um dos dois, ‘O que são
as formações volitivas, a quem elas pertencem,’ ou ‘as formações volitivas são uma
coisa, quem experimenta isso é outra,’ ambas afirmações são idênticas no
significado; elas diferem apenas no fraseado. Quando existe o entendimento, ‘a alma
e o corpo são a mesma coisa,’ não pode haver a vida santa; e quando existe o
entendimento, ‘a alma e o corpo são duas coisas distintas,’ não pode haver a vida
santa. Evitando esses dois extremos o Tathagata ensina o Dhamma pelo meio: ‘Da
ignorância como condição, as formações volitivas.’
"Dizer um dos dois, ‘O que são as formações volitivas, a quem elas pertencem,’ ou ‘as
formações volitivas são uma coisa, quem experimenta isso é outra,’ ambas
afirmações são idênticas no significado; elas diferem apenas no fraseado. Quando
existe o entendimento, ‘a alma e o corpo são a mesma coisa,’ não pode haver a vida
santa; e quando existe o entendimento, ‘a alma e o corpo são duas coisas distintas,’
não pode haver a vida santa. Evitando esses dois extremos o Tathagata ensina o
Dhamma pelo meio: ‘Da ignorância como condição, as formações volitivas.’
"Mas com o desaparecimento e cessação sem deixar vestígios dessa mesma
ignorância, qualquer tipo de contorção, manobra, vacilação que possa haver - ‘O que
é o envelhecimento e morte, a quem eles pertencem,’ ou ‘envelhecimento e morte
são uma coisa, quem experimenta isso é outra,’ ou ‘a alma e o corpo são a mesma
coisa,’ ou ‘a alma e o corpo são duas coisas distintas,’ - tudo isso é abandonado,
cortado pela raiz, feito como com um tronco de palmeira, eliminado de modo que
não estará sujeito a um futuro surgimento.
Em Savatthi. “Bhikkhus, este corpo não lhes pertence, nem pertence aos outros.
Vocês devem vê-lo como kamma passado, formado por condições, nascido das
volições, a base para as sensações.”
Em Savatthi. “Bhikkhus, aquilo que alguém intenciona, aquilo que alguém planeja e
qualquer coisa pela qual alguém tenha preferência: isto se torna uma base para a
manutenção da consciência. Quando há uma base, haverá um suporte para o
estabelecimento da consciência. Quando a consciência se estabelece e cresce, há a
produção de um renovado ser/existir futuro. Quando há a produção de um
renovado ser/existir futuro, o futuro nascimento e morte, lamentação, dor, angústia
e desespero surgem. Essa é a origem de toda essa massa de sofrimento.
“Se, bhikkhus, alguém não intenciona, alguém não planeja, mas ainda tem
preferência por algo, isto se torna uma base para a manutenção da consciência.
Quando há uma base, haverá um suporte para o estabelecimento da consciência ...
Essa é a origem de toda essa massa de sofrimento.
“Mas, bhikkhus, quando alguém não intenciona, alguém não planeja e não tem
preferência por algo, nenhuma base existe para a manutenção da consciência.
Quando não há uma base, não haverá suporte para o estabelecimento da
consciência. Quando a consciência não se estabelece e não cresce, não há a produção
de um renovado ser/existir futuro. Quando não há a produção de um renovado
ser/existir futuro, o futuro nascimento e morte, lamentação, dor, angústia e
desespero cessam. Essa é a cessação de toda essa massa de sofrimento.
Em Savatthi. “Bhikkhus, aquilo que alguém intenciona, aquilo que alguém planeja e
qualquer coisa pela qual alguém tenha preferência: isto se torna uma base para a
manutenção da consciência. Quando há uma base, haverá um suporte para o
estabelecimento da consciência. Quando a consciência se estabelece e cresce, a
mentalidade-materialidade (nome e forma) é estabelecida. Com a mentalidade-
materialidade (nome e forma) como condição, as seis bases dos sentidos surgem;
com as seis bases dos sentidos como condição, o contato surge; com o contato como
condição, a sensação ... desejo ... apego ... ser/existir ... nascimento; com o
nascimento como condição, o envelhecimento e morte, lamentação, dor, angústia e
desespero surgem. Essa é a origem de toda essa massa de sofrimento.
“Se, bhikkhus, alguém não intenciona, alguém não planeja, mas ainda tem
preferência por algo, isto se torna uma base para a manutenção da consciência.
Quando há uma base, haverá um suporte para o estabelecimento da consciência ...
Essa é a origem de toda essa massa de sofrimento.
“Mas, bhikkhus, quando alguém não intenciona, alguém não planeja e não tem
preferência por algo, nenhuma base existe para a manutenção da consciência.
Quando não há uma base, não haverá suporte para o estabelecimento da
consciência. Quando a consciência não se estabelece e não cresce, não há o
estabelecimento da mentalidade-materialidade (nome e forma). Com a cessação da
mentalidade-materialidade (nome e forma) ocorre a cessação das seis bases dos
sentidos ... Essa é a cessação de toda essa massa de sofrimento."
Em Savatthi. “Bhikkhus, aquilo que alguém intenciona, aquilo que alguém planeja e
qualquer coisa pela qual alguém tenha preferência: isto se torna uma base para a
manutenção da consciência. Quando há uma base, haverá um suporte para o
estabelecimento da consciência. Quando a consciência se estabelece e cresce, há
preferência. Quando há preferência, há ir e vir. Quando há ir e vir, há falecimento e
renascimento. Quando há falecimento e renascimento, o futuro nascimento e morte,
lamentação, dor, angústia e desespero surgem. Essa é a origem de toda essa massa
de sofrimento.
“Se, bhikkhus, alguém não intenciona, alguém não planeja, mas ainda assim tem
preferência por algo, isto se torna uma base para a manutenção da consciência.
Quando houver uma base, haverá um suporte para o estabelecimento da consciência
... Essa é a origem de toda essa massa de sofrimento.
“Mas, bhikkhus, quando alguém não intenciona, alguém não planeja e não tem
preferência por algo, nenhuma base existe para a manutenção da consciência.
Quando não houver uma base, não haverá suporte para o estabelecimento da
consciência. Quando a consciência não se estabelece e não cresce, não há
preferência. Quando não há preferência, não há ir e vir. Quando não há ir e vir, não
há falecimento e renascimento. Quando não há falecimento e renascimento, o futuro
nascimento e morte, lamentação, dor, angústia e desespero cessam. Essa é a
cessação de toda essa massa de sofrimento.
“Agora, quais são as cinco formas de medo e animosidade que são silenciadas?
“Quando alguém tira a vida, então, tendo o tirar a vida como condição, ele produz
medo e animosidade no aqui e agora, produz medo e animosidade em vidas futuras,
experimenta concomitantes mentais de dor e tristeza; mas ao abster-se de tirar a
vida, ele nem produz medo e animosidade no aqui e agora, nem produz medo e
animosidade em vidas futuras, nem experimenta concomitantes mentais de dor e
tristeza: pois naquele que se abstém de tirar a vida, aquele medo e animosidade é
dessa forma silenciado.
“Quando alguém bebe vinho, álcool e outros embriagantes que causam a negligência,
então, tendo o beber vinho, álcool e outros embriagantes que causam a negligência
como condição, ele produz medo e animosidade no aqui e agora, produz medo e
animosidade em vidas futuras, experimenta concomitantes mentais de dor e tristeza
mas ao abster-se de beber vinho, álcool e outros embriagantes que causam a
negligência, ele nem produz medo e animosidade no aqui e agora, nem produz medo
e animosidade em vidas futuras, nem experimenta concomitantes mentais de dor e
tristeza: pois naquele que se abstém de beber vinho, álcool e outros embriagantes
que causam a negligência, aquele medo e animosidade é dessa forma silenciado.
“E quais são os quatro fatores para entrar na correnteza que ele possui?
“Esses são os quatro fatores para entrar na correnteza que ele possui.
"E qual é o nobre método que ele viu claramente e penetrou completamente através
da sabedoria? É o caso em que um nobre discípulo observa:
"Esse é o nobre método que ele viu claramente e penetrou completamente através
da sabedoria.”
“Agora, quais são as cinco formas de medo e animosidade que são silenciadas?
“Quando alguém tira a vida, então, tendo o tirar a vida como condição, ele produz
medo e animosidade no aqui e agora, produz medo e animosidade em vidas futuras,
experimenta concomitantes mentais de dor e tristeza; mas ao abster-se de tirar a
vida, ele nem produz medo e animosidade no aqui e agora, nem produz medo e
animosidade em vidas futuras, nem experimenta concomitantes mentais de dor e
tristeza: pois naquele que se abstém de tirar a vida, aquele medo e animosidade é
dessa forma silenciado.
“Quando alguém bebe vinho, álcool e outros embriagantes que causam a negligência,
então, tendo o beber vinho, álcool e outros embriagantes que causam a negligência
como condição, ele produz medo e animosidade no aqui e agora, produz medo e
animosidade em vidas futuras, experimenta concomitantes mentais de dor e tristeza
mas ao abster-se de beber vinho, álcool e outros embriagantes que causam a
negligência, ele nem produz medo e animosidade no aqui e agora, nem produz medo
e animosidade em vidas futuras, nem experimenta concomitantes mentais de dor e
tristeza: pois naquele que se abstém de beber vinho, álcool e outros embriagantes
que causam a negligência, aquele medo e animosidade é dessa forma silenciado.
“E quais são os quatro fatores para entrar na correnteza que ele possui?
“Esses são os quatro fatores para entrar na correnteza que ele possui.
"E qual é o nobre método que ele viu claramente e penetrou completamente através
da sabedoria? É o caso em que um nobre discípulo observa:
"Esse é o nobre método que ele viu claramente e penetrou completamente através
da sabedoria.”
“Na dependência do ouvido e dos sons ... na dependência do nariz e dos aromas ... na
dependência da língua e dos sabores ... na dependência do corpo e dos tangíveis ....
na dependência da mente e dos objetos mentais, a consciência na mente surge. O
encontro dos três é o contato. Com o contato como condição, a sensação [surge];
com a sensação como condição, o desejo. Essa é a origem do sofrimento.
“Na dependência do ouvido e dos sons ... na dependência do nariz e dos aromas ... na
dependência da língua e dos sabores ... na dependência do corpo e dos tangíveis ....
na dependência da mente e dos objetos mentais, a consciência na mente surge. O
encontro dos três é o contato. Com o contato como condição, a sensação [surge];
com a sensação como condição, o desejo. Mas com o desaparecimento e cessação
sem deixar vestígios desse mesmo desejo, cessa do apego; com a cessação do apego,
a cessação do ser/existir; com a cessação do ser/existir, a cessação do nascimento;
com a cessação do nascimento, envelhecimento e morte, lamentação, dor, angústia e
desespero, tudo cessa. Essa é a cessação de toda essa massa de sofrimento. Essa é a
cessação do sofrimento.”
Loka Sutta (SN XII.44) – O Mundo
"Na dependência do olho e das formas, a consciência no olho surge. O encontro dos
três é o contato. Com o contato como condição, a sensação [surge]; com a sensação
como condição, o desejo; com o desejo como condição, o apego ... Essa é a origem de
toda essa massa de sofrimento.
“Na dependência do ouvido e dos sons ... na dependência da mente e dos objetos
mentais, a consciência na mente surge. O encontro dos três é o contato. Com o
contato como condição, a sensação [surge]; com a sensação como condição, o desejo;
com o desejo como condição, o apego ... Essa é a origem de toda essa massa de
sofrimento.
"Na dependência do olho e das formas, a consciência no olho surge. O encontro dos
três é o contato. Com o contato como condição, a sensação [surge]; com a sensação
como condição, o desejo. Mas com o desaparecimento e cessação sem deixar
vestígios desse mesmo desejo, cessa o apego; com a cessação do apego, cessa o
ser/existir ... Essa é a cessação de toda essa massa de sofrimento.
“Na dependência do ouvido e dos sons ... na dependência da mente e dos objetos
mentais, a consciência na mente surge. O encontro dos três é o contato. Com o
contato como condição, a sensação [surge]; com a sensação como condição, o desejo.
Mas com o desaparecimento e cessação sem deixar vestígios desse mesmo desejo,
cessa do apego; com a cessação do apego, a cessação do ser/existir ... Essa é a
cessação de toda essa massa de sofrimento.”
“Como é isso, Mestre Gotama: aquele que age é o mesmo que experimenta (os
resultados da ação)?”
(O Brâmane:) “Então, Mestre Gotama, aquele que age é alguém diferente daquele
que experimenta?”
(O Buda:) “(Dizer,) ‘Aquele que age é alguém diferente daquele que experimenta,’ é
um outro extremo. Evitando esses dois extremos, o Tathagata ensina o Dhamma
pelo meio: Da ignorância como condição, as formações volitivas [surgem]. Das
formações volitivas como condição, a consciência. Da consciência como condição, a
mentalidade-materialidade (nome e forma). Da mentalidade-materialidade (nome e
forma) como condição, as seis bases dos sentidos. Das seis bases dos sentidos como
condição, o contato. Do contato como condição, a sensação. Da sensação como
condição, o desejo. Do desejo como condição, o apego. Do apego como condição, o
ser/existir. Do ser/existir como condição, o nascimento. Do nascimento como
condição, então o envelhecimento e morte, tristeza, lamentação, dor, angústia e
desespero surgem. Essa é a origem de toda essa massa de sofrimento.
Quando isso foi dito, o Brâmane disse para o Abençoado: “Magnífico, Mestre
Gotama! Magnífico, Mestre Gotama! Mestre Gotama esclareceu o Dhamma de várias
formas, como se tivesse colocado em pé o que estava de cabeça para baixo, revelasse
o que estava escondido, mostrasse o caminho para alguém que estivesse perdido ou
segurasse uma lâmpada no escuro para aqueles que possuem visão pudessem ver as
formas. Eu busco refúgio no Mestre Gotama, no Dhamma e na Sangha dos bhikkhus.
Que o Mestre Gotama se recorde de mim como um discípulo leigo que nele buscou
refúgio deste dia em diante, pelo resto da sua vida.”
"A idéia de que 'todas as coisas não existem' é o segundo extremo. Evitando esses
dois extremos, o Tathagata ensina o Dhamma pelo meio, da ignorância como
condição, as formações volitivas [surgem]. Das formações volitivas como condição, a
consciência. Da consciência como condição, a mentalidade-materialidade (nome e
forma). Da mentalidade-materialidade (nome e forma) como condição, as seis bases
dos sentidos. Das seis bases dos sentidos como condição, o contato. Do contato como
condição, a sensação. Da sensação como condição, o desejo. Do desejo como
condição, o apego. Do apego como condição, o ser/existir. Do ser/existir como
condição, o nascimento. Do nascimento como condição, então o envelhecimento e
morte, tristeza, lamentação, dor, angústia e desespero surgem."
"A idéia de que 'todas as coisas existem', Brâmane, é a cosmologia mais antiga."
Em Savatthi. “Bhikkhus, um nobre discípulo bem instruído não pensa: ‘Quando existe
o quê, o quê vem a ser? Com o surgimento do quê, o quê surge? Quando existe o quê,
as formações volitivas vêm a ser? Quando existe o quê, a consciência vem a ser?
Quando existe o quê, a mentalidade-materialidade (nome e forma) vem a ser? ...
Quando existe o quê, o envelhecimento e morte vêm a ser?’”
“Ao invés disso, bhikkhus, o nobre discípulo bem instruído tem conhecimento disso
que é independente dos outros: ‘Quando existe isso, aquilo existe; com o surgimento
disso, aquilo surge. Quando há ignorância, as formações volitivas surgem. Quando há
formações volitivas, a consciência surge. Quando há consciência, a mentalidade-
materialidade (nome e forma) surge. Quando há nascimento, o envelhecimento e
morte surgem.’ Ele compreende assim : ‘Desse modo o mundo tem origem.’”
“Bhikkhus, um nobre discípulo bem instruído não pensa: ‘Quando não existe o quê, o
quê não vem a ser? Com a cessação do quê, o quê cessa? Quando não existe o quê, as
formações volitivas não vêm a ser? Quando não existe o quê, a consciência não vem
a ser? Quando não existe o quê, a mentalidade-materialidade (nome e forma) não
vem a ser? ... Quando não existe o quê, o envelhecimento e morte não vêm a ser?’”
“Ao invés disso, bhikkhus, o nobre discípulo bem instruído tem conhecimento disso
que é independente dos outros: ‘Quando não existe isso, aquilo não existe; com a
cessação disso, aquilo cessa. Quando não há ignorância, as formações volitivas não
surgem. Quando não há formações volitivas, a consciência não surge. Quando não há
consciência, a mentalidade-materialidade (nome e forma) não surge. Quando não há
nascimento, o envelhecimento e morte não surgem.’ Ele compreende assim : ‘Desse
modo o mundo cessa.’”
Em Savatthi. “Bhikkhus, um nobre discípulo bem instruído não pensa: ‘Quando existe
o quê, o quê vem a ser? Com o surgimento do quê, o quê surge? Quando existe o quê,
as formações volitivas vêm a ser? Quando existe o quê, a consciência vem a ser?
Quando existe o quê, a mentalidade-materialidade (nome e forma) vem a ser? ...
Quando existe o quê, o envelhecimento e morte vêm a ser?’”
“Ao invés disso, bhikkhus, o nobre discípulo bem instruído tem conhecimento disso
que é independente dos outros: ‘Quando existe isso, aquilo existe; com o surgimento
disso, aquilo surge. Quando há ignorância, as formações volitivas surgem. Quando há
formações volitivas, a consciência surge. Quando há consciência, a mentalidade-
materialidade (nome e forma) surge. Quando há nascimento, o envelhecimento e
morte surgem.’ Ele compreende assim: ‘Desse modo o mundo tem origem.’”
“Bhikkhus, um nobre discípulo bem instruído não pensa: ‘Quando não existe o quê, o
quê não vem a ser? Com a cessação do quê, o quê cessa? Quando não existe o quê, as
formações volitivas não vêm a ser? Quando não existe o quê, a consciência não vem
a ser? Quando não existe o quê, a mentalidade-materialidade (nome e forma) não
vem a ser? ... Quando não existe o quê, o envelhecimento e morte não vêm a ser?’”
“Ao invés disso, bhikkhus, o nobre discípulo bem instruído tem conhecimento disso
que é independente dos outros: ‘Quando não existe isso, aquilo não existe; com a
cessação disso, aquilo cessa. Quando não há ignorância, as formações volitivas não
surgem. Quando não há formações volitivas, a consciência não surge. Quando não há
consciência, a mentalidade-materialidade (nome e forma) não surge. Quando não há
nascimento, o envelhecimento e morte não surgem.’ Ele compreende assim: ‘Desse
modo o mundo cessa.’”
“Então ouçam e prestem muita atenção àquilo que eu vou dizer.” – “Sim, Venerável
senhor,” os bhikkhus responderam. O Abençoado disse o seguinte:
“Ao investigar profundamente ele compreende que: ‘Os muitos e variados tipos de
sofrimento que surgem no mundo [encabeçados pelo] envelhecimento e morte: esse
sofrimento tem o nascimento como fonte, nascimento como origem; ele nasce e é
produzido do nascimento. Quando há o nascimento, o envelhecimento e morte
surgem, quando não há o nascimento, o envelhecimento e morte não surgem.’
“Então, investigando mais, ele investiga assim: ‘Qual é a fonte desse nascimento,
qual é a sua origem, do que este nasce e é produzido? ... Qual é a fonte desse
ser/existir, qual é a sua origem, do que ele nasce e é produzido? ... desse apego? ...
desse desejo? ... dessa sensação? ... desse contato? ... dessas seis bases dos sentidos?
... dessa mentalidade-materialidade (nome e forma)? ... dessa consciência? ... Qual é a
fonte dessas formações volitivas, qual é a sua origem, do que elas nascem e são
produzidas? O que existindo faz com que as formações volitivas surjam? O que não
existindo faz com que as formações volitivas não surjam?'
“Ao investigar profundamente ele compreende que: ‘As formações volitivas têm a
ignorância como fonte, a ignorância como origem; elas nascem e são produzidas da
ignorância. Quando há ignorância, as formações volitivas surgem, quando não há
ignorância, as formações volitivas não surgem.’
“Se ele sentir uma sensação prazerosa, ele compreende: ‘Ela é impermanente’; ele
compreende: ‘Não é para se apegar’; ele compreende: ‘Não é para se deleitar.’ Se ele
sentir uma sensação dolorosa, ele compreende: ‘Ela é impermanente’; ele
compreende: ‘Não é para se apegar’; ele compreende: ‘Não é para se deleitar.’ Se ele
sentir uma sensação nem prazerosa, nem dolorosa, ele compreende: ‘Ela é
impermanente’; ele compreende: ‘Não é para se apegar’; ele compreende: ‘Não é
para se deleitar.’
“Se ele sentir uma sensação prazerosa, ele a sente desapegado; se ele sentir uma
sensação dolorosa, ele a sente desapegado; Se ele sentir uma sensação nem
prazerosa, nem dolorosa, ele a sente desapegado.
“Quando ele sente uma sensação que dá um fim ao corpo, ele compreende: ‘Eu sinto
uma sensação que dá um fim ao corpo.’ Quando ele sente uma sensação que dá um
fim à vida, ele compreende: ‘Eu sinto uma sensação que dá um fim à vida.’ Ele
compreende: ‘Com a dissolução do corpo, depois da morte, tudo que é sentido sem
deleite, irá esfriar aqui mesmo, apenas resíduos corporais restarão.’
“Quando não há, em absoluto, formações volitivas, com a cessação das formações
volitivas, a consciência seria discernida?”
“Muito bem, bhikkhus! É exatamente assim e não de outra forma! Tenham fé em mim
com respeito a isso, bhikkhus, tenham certeza disso. Livrem-se da dúvida e
perplexidade com respeito a isso. Simplesmente, isso é o fim do sofrimento.”
“Como se uma grande massa de dez ... vinte ... trinta ou quarenta carregamentos de
madeira estivesse queimando, e nessa fogueira um homem jogasse de tempos em
tempos um tanto de capim seco, estrume seco de vaca e madeira seca, de tal forma
que a grande fogueira, dessa forma alimentada e sustentada, queimaria por um
longo, longo tempo. Da mesma maneira, quando alguém permanece contemplando a
gratificação nas coisas passíveis de apego, o desejo aumenta. Do desejo como
condição, o apego [surge]. Do apego como condição, o ser/existir. Do ser/existir
como condição, o nascimento. Do nascimento como condição, então o
envelhecimento e morte, tristeza, lamentação, dor, angústia e desespero surgem.
Essa é a origem de toda essa massa de sofrimento.
“Como se uma grande massa de dez ... vinte ... trinta ou quarenta carregamentos de
madeira estivesse queimando, e nessa fogueira um homem não jogasse de tempos
em tempos um tanto de capim seco, estrume seco de vaca e madeira seca, de tal
forma que a grande fogueira, tendo consumido o seu combustível original, sem
sustentação, sem alimento, se extinguiria. Da mesma maneira, quando alguém
permanece contemplando o perigo nas coisas passíveis de apego, o desejo cessa. Da
cessação do desejo cessa o apego. Da cessação do apego cessa o ser/existir. Da
cessação do ser/existir cessa o nascimento. Da cessação do nascimento, então o
envelhecimento e morte, tristeza, lamentação, dor, angústia e desespero, tudo cessa.
Essa é a cessação de toda essa massa de sofrimento."
"Com o desejo como condição, o apego surge; com o apego como condição, o
ser/existir surge; com o ser/existir como condição, o nascimento surge; com o
nascimento como condição, o envelhecimento e morte, lamentação, dor, angústia e
desespero surgem. Essa é a origem de toda essa massa de sofrimento.
"Bhikkhus, quando alguém permanece contemplando o perigo nas coisas que podem
ser apegadas, o desejo cessa. Com a cessação do desejo, o apego cessa; com a
cessação do apego, o ser/existir cessa; com a cessação do ser/existir, o nascimento
cessa; com a cessação do nascimento, o envelhecimento e morte, lamentação, dor,
angústia e desespero cessam. Essa é a cessação de toda essa massa de sofrimento.
"Suponham, bhikkhus, que houvesse uma grande árvore. Então um homem viesse
trazendo uma pá e um cesto. Ele cortaria a árvore pela raiz, cavaria e arrancaria
todas as raízes, até mesmo as mais delgadas. Ele cortaria a árvore em pedaços,
partiria os pedaços em pedaços menores e os reduziria a lascas. Depois ele secaria
as lascas ao vento e ao sol, queimaria essas lascas no fogo e recolheria as cinzas.
Tendo feito isso, ele deixaria as cinzas serem levadas pelo vento ou as jogaria na
correnteza de um rio. Assim, aquela grande árvore teria sido cortada pela raiz, feita
como um tronco de palmeira, eliminada de tal forma que não estará mais sujeita a
um a um futuro surgimento. Do mesmo modo, quando alguém permanece
contemplando o perigo nas coisas que podem ser apegadas, o desejo cessa ... Essa é a
cessação de toda essa massa de sofrimento."
"Com o desejo como condição, o apego surge; com o apego como condição, o
ser/existir surge; com o ser/existir como condição, o nascimento surge; com o
nascimento como condição, o envelhecimento e morte, lamentação, dor, angústia e
desespero surgem. Essa é a origem de toda essa massa de sofrimento.
"Suponham, bhikkhus, que houvesse uma grande árvore. Então um homem viesse
trazendo uma pá e um cesto. Ele cortaria a árvore pela raiz, cavaria e arrancaria
todas as raízes, até mesmo as mais delgadas. Ele cortaria a árvore em pedaços,
partiria os pedaços em pedaços menores e os reduziria a lascas. Depois ele secaria
as lascas ao vento e ao sol, queimaria essas lascas no fogo e recolheria as cinzas.
Tendo feito isso, ele deixaria as cinzas serem levadas pelo vento ou as jogaria na
correnteza de um rio. Assim, aquela grande árvore teria sido cortada pela raiz, feita
como um tronco de palmeira, eliminada de tal forma que não estará mais sujeita a
um a um futuro surgimento. Do mesmo modo, quando alguém permanece
contemplando o perigo nas coisas que podem ser apegadas, o desejo cessa.
"Suponham, bhikkhus, que houvesse uma muda. Então um homem viesse trazendo
uma pá e um cesto. Ele cortaria a muda pela raiz, cavaria e arrancaria todas as
raízes, até mesmo as mais delgadas. Ele cortaria a muda em pedaços, partiria os
pedaços em pedaços menores e os reduziria a lascas. Depois ele secaria as lascas ao
vento e ao sol, queimaria essas lascas no fogo e recolheria as cinzas. Tendo feito isso,
ele deixaria as cinzas serem levadas pelo vento ou as jogaria na correnteza de um
rio. Assim, aquela muda teria sido cortada pela raiz, feita como um tronco de
palmeira, eliminada de tal forma que não estará mais sujeita a um a um futuro
surgimento. Do mesmo modo quando alguém permanece contemplando o perigo
nas coisas que agrilhoam, o desejo cessa ... Essa é a cessação de toda essa massa de
sofrimento."
dos sentidos surgem ... Essa é a origem de toda essa massa de sofrimento.
"Suponham, bhikkhus, que houvesse uma grande árvore e todas as suas raízes
espalhadas pela terra enviassem a seiva para cima. Sustentada por essa seiva,
alimentada por ela, essa grande árvore se manteria em pé por muito tempo. Do
mesmo modo, quando alguém permanece contemplando a gratificação nas coisas
que agrilhoam, a mentalidade-materialidade (nome e forma) é estabelecida. Com a
mentalidade-materialidade (nome e forma) como condição, as seis bases dos
sentidos surgem ... Essa é a origem de toda essa massa de sofrimento.
"Suponham, bhikkhus, que houvesse uma grande árvore. Então um homem viesse
trazendo uma pá e um cesto. Ele cortaria a árvore pela raiz, cavaria e arrancaria
todas as raízes, até mesmo as mais delgadas. Ele cortaria a árvore em pedaços,
partiria os pedaços em pedaços menores e os reduziria a lascas. Depois ele secaria
as lascas ao vento e ao sol, queimaria essas lascas no fogo e recolheria as cinzas.
Tendo feito isso, ele deixaria as cinzas serem levadas pelo vento ou as jogaria na
correnteza de um rio. Assim, aquela grande árvore teria sido cortada pela raiz, feita
como um tronco de palmeira, eliminada de tal forma que não estará mais sujeita a
um a um futuro surgimento. Do mesmo modo, quando alguém permanece
contemplando o perigo nas coisas que agrilhoam, a mentalidade-materialidade
(nome e forma) não é estabelecida. Com a cessação da mentalidade-materialidade
(nome e forma), as seis bases dos sentidos cessam; com a cessação das seis bases
dos sentidos ... Essa é a cessação de toda essa massa de sofrimento."
“Suponham, bhikkhus, que houvesse uma grande árvore e todas as suas raízes
espalhadas pela terra enviassem a seiva para cima. Sustentada por essa seiva,
alimentada por ela, essa grande árvore se manteria em pé por muito tempo. Da
mesma forma, quando alguém permanece contemplando a gratificação nas coisas
que agrilhoam, há o estabelecimento da consciência ... Essa é a origem de toda essa
massa de sofrimento.
“Suponham, bhikkhus, que houvesse uma grande árvore. Então um homem viesse
trazendo uma pá e um cesto. Ele cortaria a árvore pela raiz, cavaria e arrancaria
todas as raízes, até mesmo as mais delgadas. Ele cortaria a árvore em pedaços,
partiria os pedaços em pedaços menores e os reduziria a lascas. Depois ele secaria
as lascas ao vento e ao sol, queimaria essas lascas no fogo e recolheria as cinzas.
Tendo feito isso, ele deixaria as cinzas serem levadas pelo vento ou as jogaria na
correnteza de um rio. Assim, aquela grande árvore teria sido cortada pela raiz, feita
como um tronco de palmeira, eliminada de tal forma que não estará mais sujeita a
um a um futuro surgimento.
“Da mesma forma, bhikkhus, quando alguém permanece contemplando o perigo nas
coisas que agrilhoam, não há o estabelecimento da consciência ... Essa é a cessação
de toda essa massa de sofrimento.”
Nidana Sutta (SN XII.60) - Origem Dependente
“É maravilhoso e admirável, Venerável senhor, que essa origem dependente seja tão
profunda e difícil de ser vista, no entanto para mim ela parece tão simples, clara
como a luz do dia.”
“Não diga isso, Ananda! Não diga isso, Ananda! Esta origem dependente é um
ensinamento profundo, difícil de ser visto. É por não entender, não compreender e
não penetrar de forma completa este ensinamento que os seres ficam confusos
como um novelo embaraçado, como uma corda embolada cheia de nós, como juncos
enredados, e não conseguem escapar da transmigração, dos planos de miséria, dos
destinos ruins, dos mundos inferiores.
"Suponha, Ananda, que houvesse uma grande árvore e todas as suas raízes
espalhadas pela terra enviassem a seiva para cima. Sustentada por essa seiva,
alimentada por ela, essa grande árvore se manteria em pé por muito tempo. Do
mesmo modo, quando alguém permanece contemplando a gratificação nas coisas
que podem ser apegadas, o desejo aumenta ... Essa é a origem de toda essa massa de
sofrimento.
"Ananda, quando alguém permanece contemplando o perigo nas coisas que podem
ser apegadas, o desejo cessa. Com a cessação do desejo, o apego cessa; com a
cessação do apego, o ser/existir cessa; com a cessação do ser/existir, o nascimento
cessa; com a cessação do nascimento, o envelhecimento e morte, lamentação, dor,
angústia e desespero cessam. Essa é a cessação de toda essa massa de sofrimento.
"Suponha, Ananda, que houvesse uma grande árvore. Então um homem viesse
trazendo uma pá e um cesto. Ele cortaria a árvore pela raiz, cavaria e arrancaria
todas as raízes, até mesmo as mais delgadas. Ele cortaria a árvore em pedaços,
partiria os pedaços em pedaços menores e os reduziria a lascas. Depois ele secaria
as lascas ao vento e ao sol, queimaria essas lascas no fogo e recolheria as cinzas.
Tendo feito isso, ele deixaria as cinzas serem levadas pelo vento ou as jogaria na
correnteza de um rio. Assim, aquela grande árvore teria sido cortada pela raiz, feita
como um tronco de palmeira, eliminada de tal forma que não estará mais sujeita a
um a um futuro surgimento. Do mesmo modo, quando alguém permanece
contemplando o perigo nas coisas que podem ser apegadas, o desejo cessa ... Essa é a
cessação de toda essa massa de sofrimento."
“Seria melhor, bhikkhus, que uma pessoa comum sem instrução tomasse como o eu
este corpo composto dos quatro grandes elementos ao invés da mente. Por que
razão? Porque este corpo composto dos quatro grandes elementos é visto durando
um ano, dois anos, três, quatro, cinco ou dez anos, vinte, trinta, quarenta, cinqüenta
ou sessenta anos, cem anos ou até mais.c Mas aquilo que é chamado ‘mente’ ou
‘mentalidade’ ou ‘consciência’ surge como uma coisa e cessa como outra de dia e de
noite. Como um macaco que, vagando pela floresta, agarra um galho, solta deste e
agarra outro, solta deste e agarra um outro mais, da mesma forma aquilo que é
chamado ‘mente’ ou ‘mentalidade’ ou ‘consciência’ surge como uma coisa e cessa
como outra, seja de dia ou de noite.ci
“Nesse sentido, bhikkhus, o nobre discípulo bem instruído observa com cuidado e
atenção a origem dependente da seguinte forma: Quando existe isso, aquilo existe;
Com o surgimento disso, aquilo surge. Quando não existe isso, aquilo também não
existe; Com a cessação disto, aquilo cessa. Isto é, com a ignorância como condição, as
formações volitivas [surgem]; com as formações volitivas como condição, a
consciência .... Essa é a origem de toda essa massa de sofrimento. Com o
desaparecimento e cessação sem deixar vestígios da ignorância, cessam as
formações volitivas; com a cessação das formações volitivas, cessa a consciência.
Essa é a cessação de toda essa massa de sofrimento.
“Seria melhor, bhikkhus, que uma pessoa comum sem instrução tomasse como o eu
este corpo composto dos quatro grandes elementos ao invés da mente. Por que
razão? Porque este corpo composto dos quatro grandes elementos é visto durando
um ano, dois anos, três, quatro, cinco ou dez anos, vinte, trinta, quarenta, cinqüenta
ou sessenta anos, cem anos ou até mais. Mas aquilo que é chamado ‘mente’ ou
‘mentalidade’ ou ‘consciência’ surge como uma coisa e cessa como outra de dia e de
noite.
“Nesse sentido, bhikkhus, o nobre discípulo bem instruído observa com cuidado e
atenção a origem dependente da seguinte forma: 'Quando existe isso, aquilo existe;
Com o surgimento disso, aquilo surge. Quando não existe isso, aquilo também não
existe; Com a cessação disto, aquilo cessa.' Bhikkhus, na dependência de um contato
para ser experimentado como prazeroso, bhikkhus, surge uma sensação prazerosa.
Com a cessação daquele contato para ser experimentado como prazeroso, a
correspondente sensação - a sensação prazerosa que surgiu na dependência daquele
contato para ser experimentado como prazeroso – também cessa e é aplacada.
“Na dependência de um contato para ser experimentado como nem doloroso, nem
prazeroso, bhikkhus, surge uma sensação nem dolorosa, nem prazerosa. Com a
cessação daquele contato para ser experimentado como nem doloroso, nem
prazeroso, a correspondente sensação - a sensação nem dolorosa, nem prazerosa
que surgiu na dependência daquele contato para ser experimentado como nem
doloroso, nem prazeroso – também cessa e é aplacada.
“Bhikkhus, assim como o calor e o fogo são produzidos pela junção e fricção de dois
gravetos de madeira, mas quando os gravetos são separados e postos de lado o calor
resultante cessa e é aplacado, da mesma maneira na dependência de um contato
para ser experimentado como prazeroso ... na dependência de um contato para ser
experimentado como doloroso ... na dependência de um contato para ser
experimentado como nem doloroso, nem prazeroso ... a sensação nem dolorosa, nem
prazerosa que surgiu na dependência daquele contato para ser experimentado como
nem doloroso, nem prazeroso – também cessa e é aplacada.
"E como deve ser encarado o alimento comida? Suponham que um casal, marido e
esposa, carregando consigo parcas provisões, saíssem em viagem pelo deserto. Com
eles estaria o seu único filho, um bebê, querido e encantador. Então, as parcas
provisões do casal, nessa viagem, seriam consumidas e esgotadas e ainda haveria
uma extensão do deserto por ser atravessada. Este pensamento lhes ocorreria, 'As
nossas parcas provisões foram consumidas e estão esgotadas e ainda falta uma
extensão do deserto por atravessar. E se nós matássemos esse nosso filho, bebê,
querido e encantador, e secássemos a sua carne. Assim - mastigando a carne do
nosso filho - pelo menos nós dois sobreviveríamos no deserto. De outra forma, nós
três pereceríamos'. Assim eles mataram o seu único filho, bebê, querido e
encantador, e secaram a sua carne. Mastigando a carne do seu filho, eles
conseguiram atravessar o deserto. Enquanto comiam a carne do seu único filho, eles
batiam no peito, (chorando), 'Para onde você foi, nosso único filho? 'Para onde você
foi, nosso único filho?' Agora o que vocês pensam, bhikkhus: Aquele casal comeria
aquela comida por prazer ou por diversão ou para ganhar peso ou para se
embelezar?"
"Não, senhor."
"Sim, senhor."
"Da mesma forma, eu lhes digo, o alimento comida deve ser considerado. Quando o
alimento comida é compreendido, a cobiça pelos cinco elementos do prazer sensual
é compreendida . Quando a cobiça pelos cinco elementos do prazer sensual é
compreendida, não existe grilhão pelo qual um nobre discípulo retornaria
novamente a este mundo.
"E como deve ser encarado o alimento contato? Suponham que uma vaca esfolada
estivesse apoiada contra uma parede. As criaturas que vivem na parede a
mordiscariam. Se ela se apoiasse contra uma árvore, as criaturas que vivem na
árvore a mordiscariam. Se ela ficasse exposta à água, as criaturas que vivem na água
a mordiscariam. Se ela ficasse exposta ao ar, as criaturas que vivem no ar a
mordiscariam. Pois em qualquer lugar que a vaca ficasse exposta, as criaturas que
ali vivem a mordiscariam. Do mesmo modo, eu lhes digo, deve ser encarado o
alimento contato. Quando o alimento contato é compreendido, os três tipos de
sensação (prazer, dor e neutra) são compreendidas. Quando os três tipos de
sensação são compreendidas, eu lhes digo, não existe nada mais a ser feito por um
nobre discípulo.
"E como deve ser encarado o alimento volição mental? Suponham que houvesse
uma cova com carvão em brasa, mais profunda que a altura de um homem, repleta
de carvão em brasas sem arder e fumegar, e surgisse um homem que valoriza a vida
e teme a morte, que deseja o prazer e abomina a dor, e dois homens fortes,
agarrando-o pelos braços, o arrastassem até a cova cheia de carvão em brasas. A
intenção do homem seria distanciar-se, o desejo dele seria distanciar-se, a aspiração
dele seria distanciar-se. Por que isso? Porque ele compreenderia, 'Se eu cair nessa
cova cheia de carvão em brasas, isso fará com que eu morra, ou que eu sinta dores
mortíferas'. Do mesmo modo, eu lhes digo, deve ser encarado o alimento volição
mental. Quando o alimento volição mental é compreendido, as três formas de desejo
(pela sensualidade, por ser/existir e por não ser/existir) são compreendidas.
Quando as três formas do desejo são compreendidas, eu lhes digo, não existe nada
mais a ser feito por um nobre discípulo.
"E como deve ser encarado o alimento consciência? Suponham que tendo prendido
um ladrão, um criminoso, eles o mostrassem ao rei: ‘Este é um ladrão, um criminoso,
vossa majestade. Imponha-lhe a pena que desejar’. Então o rei diria: ‘Vão homens, e,
pela manhã, atirem nele cem lanças.’ Assim, pela manhã, eles atirariam nele cem
lanças. Ao meio dia o rei diria, ‘Homens, como está aquele prisioneiro?’ – ‘Ele ainda
está vivo majestade.’ Então o rei diria, ‘Vão homens, e atirem nele mais cem lanças.’
Assim, eles atirariam nele mais cem lanças, ao meio dia. Ao anoitecer o rei diria,
‘Homens, como está aquele prisioneiro?’ – ‘Ele ainda está vivo majestade.’ Então o
rei diria, ‘Vão homens, e atirem nele mais cem lanças, ao anoitecer.’ Assim, ao
anoitecer, eles atirariam nele mais cem lanças. Agora o que vocês pensam, bhikkhus:
aquele homem, tendo sido atingido por trezentas lanças ao longo do dia,
experimentaria dor e desprazer devido a isso?”
"Mesmo se ele fosse atingido por apenas uma lança, senhor, ele experimentaria dor
e desprazer devido a isso, o que não dizer de trezentas lanças."
"Do mesmo modo`, eu lhes digo, bhikkhus, deve ser encarado o alimento consciência.
Quando o alimento consciência é compreendido, a mentalidade-materialidade
(nome e forma) é compreendida. Quando a mentalidade-materialidade (nome e
forma) é compreendida, eu lhes digo, não existe nada mais a ser feito por um nobre
discípulo."
Em Savathi. "Existem esses quatro tipos de alimentos para a manutenção dos seres
que já nasceram e para o sustento daqueles que estão em busca de um nascimento.
Quais quatro? O alimento comida, grosseira ou sutil, o contato como o segundo, a
volição mental como o terceiro e a consciência como o quarto. Esses são os quatro
tipos de alimentos para a manutenção dos seres que já nasceram e para o sustento
daqueles que estão buscando o nascimento.
“Quando existe cobiça, prazer e desejo pelo alimento comida, a consciência ali se
estabelece e expande. Quando a consciência se estabelece e expande, a mentalidade-
materialidade (nome e forma) é estabelecida. Quando a mentalidade-materialidade
(nome e forma) é estabelecida, ocorre o crescimento das formações volitivas.
Quando ocorre o crescimento das formações volitivas, ocorre a produção de um
renovado ser/existir no futuro, há um futuro nascimento, envelhecimento e morte,
juntamente, eu lhes digo, com tristeza, angústia e desespero.
“Quando existe cobiça, prazer e desejo pelo alimento consciência, a consciência ali se
estabelece e expande. Quando a consciência se estabelece e expande, a mentalidade-
materialidade (nome e forma) é estabelecida. Quando a mentalidade-materialidade
(nome e forma) é estabelecida, ocorre o crescimento das formações volitivas.
Quando ocorre o crescimento das formações volitivas, ocorre a produção de um
renovado ser/existir no futuro, há um futuro nascimento, envelhecimento e morte,
juntamente, eu lhes digo, com tristeza, angústia e desespero.
“Quando não existe cobiça, prazer e desejo pelo alimento comida, então a
consciência ali não se estabelece ou expande. Quando a consciência não se
estabelece ou expande, a mentalidade-materialidade (nome e forma) não é
estabelecida. Quando a mentalidade-materialidade (nome e forma) não é
estabelecida, não ocorre o crescimento das formações volitivas. Quando não ocorre
o crescimento das formações volitivas, não ocorre a produção de um renovado
ser/existir no futuro. Quando não ocorre a produção de um renovado ser/existir no
futuro, não há um futuro nascimento, envelhecimento e morte. Assim, eu lhes digo,
não há tristeza, angústia e desespero.
“Quando não existe cobiça, prazer e desejo pelo alimento contato...
“Quando não existe cobiça, prazer e desejo pelo alimento volição mental...
“Quando não existe cobiça, prazer e desejo pelo alimento consciência, então a
consciência ali não se estabelece ou expande. Quando a consciência não se
estabelece ou expande, a mentalidade-materialidade (nome e forma) não é
estabelecida. Quando a mentalidade-materialidade (nome e forma) não é
estabelecida, não ocorre o crescimento das formações volitivas. Quando não ocorre
o crescimento das formações volitivas, não ocorre a produção de um renovado
ser/existir no futuro. Quando não ocorre a produção de um renovado ser/existir no
futuro, não há um futuro nascimento, envelhecimento e morte. Assim, eu lhes digo,
não há tristeza, angústia e desespero.
“Como se houvesse uma casa coberta por um telhado, ou um salão coberto por um
telhado com janelas na face norte, sul ou no leste. Quando o sol nascesse e um raio
entrasse pela janela onde ele pousaria?”
“Da mesma forma, quando não existe cobiça, prazer e desejo pelo alimento comida ...
contato ... volição mental ... consciência, então a consciência ali não se estabelece ou
expande. Quando a consciência não se estabelece ou expande, a mentalidade-
materialidade (nome e forma) não é estabelecida. Quando a mentalidade-
materialidade (nome e forma) não é estabelecida, não ocorre o crescimento das
formações volitivas. Quando não ocorre o crescimento das formações volitivas, não
ocorre a produção de um renovado ser/existir no futuro. Quando não ocorre a
produção de um renovado ser/existir no futuro, não há um futuro nascimento,
envelhecimento e morte. Assim, eu lhes digo, não há tristeza, angústia e desespero."
‘Envelhecimento e morte surgem quando o que mais surge? Sob qual condição surge
o envelhecimento e a morte?’ Aplicando a atenção com sabedoria compreendi:
‘Envelhecimento e morte surgem quando o nascimento surge. Do nascimento como
condição surgem o envelhecimento e a morte.’
‘Nascimento surge quando o que mais surge? Sob qual condição surge o
nascimento?’ Aplicando a atenção com sabedoria compreendi: ‘Nascimento surge
quando surge o ser/existir. Do ser/existir como condição surge o nascimento.’
‘O ser/existir surge quando o que mais surge? Sob qual condição surge o
ser/existir?’ Aplicando a atenção com sabedoria compreendi: ‘O ser/existir surge
quando surge a mentalidade-materialidade (nome e forma). Da mentalidade-
materialidade (nome e forma) como condição surge o ser/existir.’
‘A consciência surge quando o que mais surge? Sob qual condição surge a
consciência?’ Aplicando a atenção com sabedoria compreendi: ‘A consciência surge
quando surge a mentalidade-materialidade (nome e forma). Da mentalidade-
materialidade (nome e forma) como condição surge a consciência.’
‘Envelhecimento e morte não surge quando o que mais não surge? O que cessando,
cessará o envelhecimento e a morte ?’ Aplicando a atenção com sabedoria
compreendi: ‘Envelhecimento e morte não surge quando o nascimento não surge.
Cessando o nascimento cessa o envelhecimento e a morte.’
‘Nascimento não surge ... ser/existir ... apego ... desejo ... sensação ... contato ... seis
bases dos sentidos ... Cessando a mentalidade-materialidade (nome e forma) cessam
as seis bases dos sentidos’.
‘Consciência não surge quando o que mais não surge? O que cessando, cessa a
consciência?’ Aplicando a atenção com sabedoria compreendi: ‘Consciência não
surge quando a mentalidade-materialidade (nome e forma) não surge. Cessando a
mentalidade-materialidade (nome e forma) cessa a consciência.’
Assim ouvi. Certa ocasião, o Abençoado estava entre os Kurus numa cidade
denominada Kammasadhamma. Lá ele se dirigiu aos monges desta forma:
"Bhikkhus." – "Venerável Senhor," eles responderam. O Abençoado disse o seguinte:
Quando isso foi dito, um bhikkhu disse para o Abençoado: "Venerável senhor, eu me
dedico à exploração interna."
O bhikkhu então explicou mas a sua explicação não satisfez o Abençoado. Então o
Venerável Ananda disse: "Agora é o momento, Abençoado, agora é o momento,
Iluminado, para que o Abençoado ensine a exploração interna. Tendo ouvido do
Abençoado os bhikkhus o recordarão."
"Ao explorar ele compreende assim: 'Os muitos e variados tipos de sofrimento que
surgem no mundo [encabeçados pelo] envelhecimento e morte: esse sofrimento tem
as aquisições como fonte, as aquisições como origem; ele nasce e é produzido das
aquisições. Quando há as aquisições, o envelhecimento e morte surgem, quando não
há as aquisições, o envelhecimento e morte não surgem.’ cii
“Então, ele se dedica mais à exploração interna, ele explora assim: ‘Qual é a fonte
dessas aquisições, qual é a sua origem, do que estas nascem e são produzidas? O que
existindo faz com que as aquisições surjam? O que não existindo faz com que as
aquisições não surjam?’
"Ao explorar ele compreende assim: 'As aquisições têm o desejo como fonte, o
desejo como origem, elas nascem e são produzidas do desejo. Quando há o desejo as
aquisições surgem; quando não há o desejo as aquisições não surgem.
“Ele compreende as aquisições, a sua origem, a sua cessação e o caminho que está
em conformidade com a sua cessação. Ele pratica esse caminho e se comporta de
acordo. Esse é um bhikkhu que está praticando para a completa e absoluta
destruição do sofrimento, para a cessação das aquisições.
“Então, ele se dedica mais à exploração interna, ele explora assim: 'Quando esse
desejo surge, onde ele surge? Quando ele se estabelece, sobre o quê ele se
estabelece?'
"Ao explorar ele compreende assim: 'Qualquer coisa no mundo que tenha uma
natureza prazerosa e agradável: é nisso que surge o desejo, quando ele surge; é
nisso que o desejo se estabelece, quando ele se estabelece.' O que no mundo tem
uma natureza prazerosa e agradável? O olho tem uma natureza prazerosa e
agradável: é nisso que surge o desejo, quando ele surge; é nisso que o desejo se
estabelece, quando ele se estabelece. Assim também o ouvido, o nariz, a língua, o
corpo, e a mente tem uma natureza prazerosa e agradável: é nisso que surge o
desejo, quando ele surge; é nisso que o desejo se estabelece, quando ele se
estabelece.
“Suponham que houvesse uma taça de bronze com uma bebida com boa cor, cheiro e
sabor, mas estivesse misturada com veneno. Então viesse um homem oprimido e
aflito com o calor, cansado, desidratado, sedento. Eles lhe diriam: 'Bom homem, esta
taça de bronze contém uma bebida com boa cor, cheiro e sabor, mas está misturada
com veneno. Beba se quiser; ao bebê-la, a cor, o cheiro e o sabor lhe cairão bem, mas
depois de bebê-la você morrerá ou terá um sofrimento igual à morte.’ De repente,
sem refletir, ele toma a bebida, e assim irá morrer ou terá um sofrimento igual à
morte.
"Assim também, todos contemplativos e Brâmanes que no passado ... no futuro ... no
presente consideram que o mundo com uma natureza prazerosa e agradável como
permanente, como felicidade, como eu, como saudável, como seguro: eles alimentam
o desejo. Ao alimentar o desejo ... eu digo que eles não estão livres do sofrimento.
“Suponham que houvesse uma taça de bronze com uma bebida com boa cor, cheiro e
sabor, mas estivesse misturada com veneno. Então viesse um homem oprimido e
aflito com o calor, cansado, desidratado, sedento. Eles lhe diriam: 'Bom homem, esta
taça de bronze contém uma bebida com boa cor, cheiro e sabor, mas está misturada
com veneno. Beba se quiser; ao bebê-la, a cor, o cheiro e o sabor lhe cairão bem, mas
depois de bebê-la você morrerá ou terá um sofrimento igual à morte.’ O homem
então pensaria: 'Eu posso matar a minha sede com água, soro de leite, mingau ou
sopa, mas não devo tomar essa bebida, visto que se assim fizer isso irá conduzir ao
meu dano e sofrimento por muito tempo.' Tendo assim refletido, ele não toma a
bebida mas a rejeita, e assim não morre ou tem um sofrimento igual à morte.
"Assim também, todos contemplativos e Brâmanes que no passado ... no futuro ... no
presente consideram que o mundo com uma natureza prazerosa e agradável como
impermanente, como sofrimento, como não-eu, como uma enfermidade, como
inseguro: eles abandonam o desejo. Ao abandonar o desejo ... eu digo que eles estão
livres do sofrimento."
“Não é o caso, meu amigo Kotthita, que o envelhecimento e morte são produzidos
pela própria pessoa, ou são produzidos pelos outros, ou tanto pela própria pessoa
como pelos outros, ou surgem ao acaso sem serem criados pela própria pessoa e
tampouco pelos outros. No entanto, do nascimento como condição, surge o
envelhecimento e morte.”
“Agora diga-me, amigo Sariputta: O nascimento ... ser/existir .... apego ... desejo ...
sensação ... contato ... as seis bases dos sentidos são produzidas pela própria pessoa,
ou são produzidas pelos outros, ou tanto pela própria pessoa como pelos outros, ou
surgem ao acaso sem serem criadas pela própria pessoa e tampouco pelos outros?”
“Não é o caso, meu amigo Kotthita, que as seis bases dos sentidos são produzidas
pela própria pessoa, ou são produzidas pelos outros, ou tanto pela própria pessoa
como pelos outros, ou surgem ao acaso sem serem criadas pela própria pessoa e
tampouco pelos outros. No entanto, da mentalidade-materialidade (nome e forma)
como condição, surgem as seis bases dos sentidos.”
“Não é o caso, meu amigo Kotthita, que a consciência é produzida pela própria
pessoa, ou é produzida pelos outros, ou tanto pela própria pessoa como pelos
outros, ou surge ao acaso sem ser criada pela própria pessoa e tampouco pelos
outros. No entanto, da mentalidade-materialidade (nome e forma) como condição
surge a consciência.”
“Agora mesmo, amigo Sariputta, entendi a sua afirmação como, ‘Não é o caso, meu
amigo Kotthita, que a mentalidade-materialidade (nome e forma) é produzida pela
própria pessoa, ou é produzida pelos outros, ou tanto pela própria pessoa como
pelos outros, ou surge ao acaso sem ser criada pela própria pessoa e tampouco pelos
outros. No entanto, da consciência como condição surge a mentalidade-
materialidade (nome e forma).’ Mas em seguida entendi a sua afirmação como, ‘Não
é o caso, meu amigo Kotthita, que a consciência é produzida pela própria pessoa, ou
é produzida pelos outros, ou tanto pela própria pessoa como pelos outros, ou surge
ao acaso sem ser criada pela própria pessoa e tampouco pelos outros. No entanto, da
mentalidade-materialidade (nome e forma) como condição surge a consciência.’
Agora, como deve ser entendido o significado dessas afirmações?”
“Muito bem então, meu amigo Kotthita, eu explicarei com um símile pois alguns
sábios compreendem o significado de um enunciado através de um símile. É como se
dois feixes de junco estivessem em pé se apoiando um no outro. Da mesma maneira,
da mentalidade-materialidade (nome e forma) como condição, a consciência [surge],
da consciência como condição, a mentalidade-materialidade (nome e forma) [surge].
Da mentalidade-materialidade (nome e forma) como condição, as seis bases dos
sentidos. Das seis bases dos sentidos como condição, o contato. Do contato como
condição, a sensação. Da sensação como condição, o desejo. Do desejo como
condição, o apego. Do apego como condição, o ser/existir. Do ser/existir como
condição, o nascimento. Do nascimento como condição, então o envelhecimento e
morte, tristeza, lamentação, dor, angústia e desespero surgem. Essa é a origem de
toda essa massa de sofrimento.
“Se alguém tirasse um dos feixes de junco, o outro cairia. Se alguém tirasse o outro, o
primeiro cairia. Da mesma maneira, da cessação da mentalidade-materialidade
(nome e forma), cessa a consciência. Da cessação da consciência, cessa a
mentalidade-materialidade (nome e forma). Da cessação da mentalidade-
materialidade (nome e forma), cessam as seis bases dos sentidos. Da cessação das
seis bases dos sentidos, cessa o contato. Da cessação do contato, cessa a sensação.
Da cessação da sensação, cessa o desejo. Da cessação do desejo, cessa o apego. Da
cessação do apego, cessa o ser/existir. Da cessação do ser/existir, cessa o
nascimento. Da cessação do nascimento, então o envelhecimento e morte, tristeza,
lamentação, dor, angústia e desespero, tudo cessa. Essa é a cessação de toda essa
massa de sofrimento.
(Da mesma forma com ser/existir, apego, desejo, sensação, contato, seis bases dos
sentidos, mentalidade-materialidade (nome e forma) e consciência.)
“Se um bhikkhu ensina o Dhamma com o propósito do desencantamento, desapego e
cessação com respeito às formações volitivas ele merece ser chamado de um
bhikkhu que é um orador do Dhamma. Se um bhikkhu pratica o Dhamma com o
propósito do desencantamento, desapego e cessação com respeito às formações
volitivas, ele merece ser chamado de um bhikkhu que pratica de acordo com o
Dhamma. Se, através do desencantamento, desapego e cessação com respeito às
formações volitivas, ele é libertado, então ele merece ser chamado de um bhikkhu
que realizou nibbana aqui e agora.
Então o Venerável Pavittha disse para o Venerável Musila: “Musila, meu amigo,
colocando de lado a fé, colocando de lado a preferência, colocando de lado a
tradição, colocando de lado a razão, colocando de lado as idéias, você
verdadeiramente possui conhecimento pessoal assim: ‘Do nascimento como
condição, o envelhecimento e morte [surge]’?”
“Sim, Pavittha, meu amigo. Colocando de lado a fé ... preferência ... tradição ... razão ...
as idéias, eu verdadeiramente possuo conhecimento pessoal assim: ‘Do nascimento
como condição, o envelhecimento e morte.’”
(Do mesmo modo com, ‘Do ser/existir como condição, o nascimento’...’Do apego
como condição, o ser/existir’ ... ’Do desejo como condição, o apego’ ... ’Da sensação
como condição, o desejo’ ... ’Do contato como condição, a sensação’ ... ’Das seis bases
dos sentidos como condição, o contato’ ... ’Da mentalidade-materialidade (nome e
forma) como condição, as seis bases dos sentidos’ ... ’Da consciência como condição,
a mentalidade-materialidade (nome e forma)’ ... ’Das formações volitivas como
condição, a consciência.’)
“Sim, Pavittha, meu amigo. Colocando de lado a fé, colocando de lado a preferência,
colocando de lado a tradição, colocando de lado a razão, colocando de lado as idéias,
eu verdadeiramente possuo conhecimento pessoal assim: ‘Da cessação do
nascimento, cessa o envelhecimento e morte.’”
(Do mesmo modo com ‘Da cessação do ser/existir, cessa o nascimento’ ... ’Da
cessação do apego, cessa o ser/existir’ ... ’Da cessação do desejo, cessa o apego’ ... ’Da
cessação da sensação, cessa o desejo’ ... ’Da cessação do contato, cessa a sensação’ ...
’Da cessação das seis bases dos sentidos, cessa o contato’ ... ’Da cessação da
mentalidade-materialidade (nome e forma), cessam as seis bases dos sentidos’ ... ’Da
cessação da consciência, cessa a mentalidade-materialidade (nome e forma)’ ... ’Da
cessação das formações volitivas, cessa a consciência.’)
“Sim, Pavittha, meu amigo. Colocando de lado a fé ... preferência ... tradição ... razão ...
as idéias, eu verdadeiramente possuo conhecimento pessoal assim: ‘Da cessação da
ignorância, cessam as formações volitivas.’”
“Sim, Pavittha, meu amigo. Colocando de lado a fé ... preferência ... tradição ... razão ...
as idéias, eu verdadeiramente possuo conhecimento pessoal assim: ‘A cessação do
ser/existir é a libertação.’”
“Meu amigo, embora eu tenha visto da forma apropriada, com correta sabedoria, da
maneira como na verdade é, que ‘A cessação do ser/existir é a libertação,’ ainda não
sou um arahant cujas impurezas foram destruídas. cv É como se houvesse um poço,
sem uma corda e sem um balde, numa estrada no deserto. Um homem surgiria
subjugado pelo calor, oprimido pelo calor, exausto, desidratado e com sede. Ele
olharia dentro do poço e se daria conta da ‘água’, mas ele não seria capaz de tocá-la
com o seu corpo. Da mesma maneira, embora eu tenha visto da forma apropriada,
com correta sabedoria, da maneira como na verdade é, que ‘A cessação do
ser/existir é a libertação,’ ainda não sou um arahant cujas impurezas foram
destruídas.”
Quando isso foi dito, o Venerável Ananda disse para o Venerável Pavittha, “Ao falar
dessa forma, amigo Pavittha, o que você tem a dizer sobre o Venerável Narada?”
“Quando o Venerável Narada fala desse modo, amigo Ananda, eu não tenho nada a
dizer sobre o Venerável Narada, exceto que ele é habilidoso e admirável.”
“Bhikkhus, o inchaço do oceano faz os rios incharem; o inchaço dos rios faz os
riachos incharem; o inchaço dos riachos faz os lagos incharem; o inchaço dos lagos
faz as lagoas incharem. Do mesmo modo, o inchaço da ignorância faz as formações
volitivas incharem; o inchaço das formações volitivas faz a consciência inchar; o
inchaço da consciência faz a mentalidade-materialidade (nome e forma) inchar; o
inchaço da mentalidade-materialidade (nome e forma) faz as seis bases incharem; o
inchaço das seis bases faz o contato inchar; o inchaço do contato faz a sensação
inchar; o inchaço da sensação faz o desejo inchar; o inchaço do desejo faz o apego
inchar; o inchaço do apego faz o ser/existir inchar; o inchaço do ser/existir faz a o
nascimento inchar; o inchaço do nascimento faz o envelhecimento e morte inchar.
“Bhikkhus, o esvaziamento do oceano faz os rios esvaziarem; o esvaziamento dos
rios faz os riachos esvaziarem; o esvaziamento dos riachos faz os lagos esvaziarem;
o esvaziamento dos lagos faz as lagoas esvaziarem. Do mesmo modo, o
esvaziamento da ignorância faz as formações volitivas esvaziarem; o esvaziamento
das formações volitivas faz a consciência esvaziar ... o esvaziamento do nascimento
faz o envelhecimento e morte esvaziar."
Agora naquela ocasião o errante Susima estava em Rajagaha junto com um grande
grupo de errantes. Então aquele grupo disse para o errante Susima: “Venha, amigo
Susima, viva a vida santa sob o contemplativo Gotama. Obtenha proficiência no
Dhamma dele e ensine-o para nós. Nós obteremos proficiência no Dhamma dele e o
pregaremos para os leigos. Assim nós também seremos honrados, respeitados,
reverenciados e venerados e obteremos mantos, comida esmolada, moradias e
medicamentos.”
“Muito bem, amigos,” o errante Susima respondeu. Ele então foi até o Venerável
Ananda e ambos se cumprimentaram. Depois da troca de saudações corteses e
amigáveis ele sentou a um lado e disse: “Amigo Ananda, eu desejo viver a vida santa
neste Dhamma e Disciplina.”
“Muito bem, Ananda, então lhe dê a admissão.” Então o errante Susima recebeu a
admissão na vida santa e também a admissão completa como bhikkhu sob o
Abençoado.cvi
“Sim, amigo.”
“Não, amigo.”
“Não, amigo.”
“Não, amigo.”
“Então sabendo e vendo dessa forma, os Veneráveis se recordam das suas muitas
vidas passadas, isto é, um nascimento, dois nascimentos, três nascimentos, quatro,
cinco, dez, vinte, trinta, quarenta, cinqüenta, cem, mil, cem mil, muitos ciclos
cósmicos de contração, muitos ciclos cósmicos de expansão, muitos ciclos cósmicos
de contração e expansão, ‘Lá eu tinha tal nome, pertencia a tal clã, tinha tal
aparência. Assim era o meu alimento, assim era a minha experiência de prazer e dor,
assim foi o fim da minha vida. Falecendo daquele estado, eu ressurgi ali. Ali eu
também tinha tal nome, pertencia a tal clã, tinha tal aparência. Assim era o meu
alimento, assim era a minha experiência de prazer e dor, assim foi o fim da minha
vida. Falecendo daquele estado, eu ressurgi aqui.’ Assim vocês se recordam das suas
muitas vidas passadas nos seus modos e detalhes?”
“Não, amigo.”
“Então sabendo e vendo dessa forma, os Veneráveis, por meio do olho divino, que é
purificado e ultrapassa o humano, vêem seres falecendo e renascendo, inferiores e
superiores, bonitos e feios, afortunados e desafortunados. Compreendem como os
seres prosseguem de acordo com as suas ações desta forma: ‘Esses seres – dotados
de má conduta com o corpo, linguagem e mente, que insultam os nobres, com o
entendimento incorreto e realizando ações sob a influência do entendimento
incorreto – com a dissolução do corpo, após a morte, renasceram no plano de
privação, um destino ruim, os planos inferiores, no inferno. Porém estes seres -
dotados de boa conduta com o corpo, linguagem e mente, que não insultam os
nobres, com o entendimento correto e realizando ações sob a influência do
entendimento correto – com a dissolução do corpo, após a morte, renasceram num
destino feliz, no paraíso.’ Dessa forma - por meio do olho divino, que é purificado e
ultrapassa o humano, vocês vêem seres falecendo e renascendo, inferiores e
superiores, bonitos e feios, afortunados e desafortunados, e vocês compreendem
como os seres prosseguem de acordo com as suas ações?”
“Não, amigo.”
“Não, amigo.”
“Mas, Veneráveis: a primeira resposta e a não realização desses estados, como pode
ser isso, amigos?”
Então o Venerável Susima levantou do seu assento e foi até o Abençoado e depois de
cumprimentá-lo ele sentou a um lado e relatou toda a conversa com aqueles
bhikkhus.
“Portanto, Susima, qualquer forma, quer seja do passado, futuro ou presente, interna
ou externa; grosseira ou sutil; inferior ou superior, próxima ou distante: toda forma
deve ser vista como na verdade é, com correta sabedoria: ‘Isso não é meu, isso não
sou eu, isso não é o meu eu.’”
“Vendo dessa forma, o nobre discípulo bem instruído se desencanta com a forma, se
desencanta com a sensação, se desencanta com a percepção, se desencanta com as
formações, se desencanta com a consciência. Desencantado ele se torna desapegado.
Através do desapego a sua mente é libertada. Quando ela está libertada surge o
conhecimento: ‘Libertada.’ Ele compreende que: ‘O nascimento foi destruído, a vida
santa foi vivida, o que deveria ser feito foi feito, não há mais vir a ser a nenhum
estado.’”
“Você vê, Susima: ‘Do ser/existir como condição, o nascimento’? ... ‘Do apego como
condição, o ser/existir’? ... ‘Do desejo como condição, o apego’? … ‘Da sensação como
condição, o desejo’? ... ‘Do contato como condição, a sensação’? ... ‘Das seis bases
como condição, o contato’? ... ‘Com a mentalidade-materialidade (nome e forma)
como condição, as seis bases’? … ‘Da consciência como condição, a mentalidade-
materialidade (nome e forma)’? ... ‘Com as formações volitivas como condição, a
consciência’? ... ‘Com a ignorância como condição, as formações volitivas’?”
“Sim, Venerável senhor.”
“Você vê, Susima: ‘Com a cessação do ser/existir, cessa o nascimento’? ... ‘Com a
cessação do apego, cessa o ser/existir’? ... ‘Com a cessação da ignorância, cessam as
formações volitivas’?”
“Sabendo e vendo dessa forma, Susima, você exerce os vários tipos de poderes
supra-humanos ... você exerce poderes corporais até mesmo nos distantes mundos
de Brahma?”
“Então sabendo e vendo dessa forma, Susima, com o elemento do ouvido divino, que
é purificado e ultrapassa o humano, você ambos tipos de sons, os divinos e os
humanos, aqueles distantes bem como os próximos?”
“Então sabendo e vendo dessa forma, Susima, você compreende as mentes de outros
seres, de outras pessoas, abarcando-as com a sua própria mente?”
“Então sabendo e vendo dessa forma, Susima, você se recorda das suas muitas vidas
passadas nos seus modos e detalhes?”
“Então sabendo e vendo dessa forma, Susima, por meio do olho divino, que é
purificado e ultrapassa o humano, você vê seres falecendo e renascendo ... e você
compreende como os seres prosseguem de acordo com as suas ações?”
“Então sabendo e vendo dessa forma, Susima, você permanece naquelas libertações
que são pacíficas e imateriais que transcendem as formas, tocando-as com o corpo?”
“Bhikkhus, alguém que não saiba e veja como na verdade é o nascimento ...
ser/existir ... apego ... desejo ... sensação ... contato ... seis bases dos sentidos ...
mentalidade-materialidade (nome e forma) ... consciência ... formações volitivas, a
sua origem, a sua cessação e o caminho que conduz à sua cessação, deveria ir em
busca de um mestre para saber e ver como na verdade são as formações volitivas, a
sua origem, a sua cessação e o caminho que conduz à sua cessação."
“Bhikkhus, alguém que não saiba e veja como na verdade é o nascimento ...
ser/existir ... apego ... desejo ... sensação ... contato ... seis bases dos sentidos ...
mentalidade-materialidade ... consciência ... formações volitivas, a sua origem, a sua
cessação e o caminho que conduz à sua cessação, deveria praticar o treinamento
para saber e ver como na verdade são as formações volitivas, a sua origem, a sua
cessação e o caminho que conduz à sua cessação.”
Em Savatthi. “Bhikkhus, alguém que não saiba e não veja como na verdade é o
envelhecimento e morte, a sua origem, a sua cessação e o caminho que conduz à sua
cessação, deve fazer esforço ... despertar a aspiração ... despertar o entusiasmo ...
despertar a persistência... despertar a ardência ... despertar a energia ... despertar a
perseverança ... despertar a atenção plena ... despertar a plena consciência ...
despertar a diligência para saber e para ver como na verdade é o envelhecimento e
morte, a sua origem, a sua cessação e o caminho que conduz à sua cessação, deveria
ir em busca de um mestre para saber e ver como na verdade é o envelhecimento e
morte, a sua origem, a sua cessação e o caminho que conduz à sua cessação.
“Bhikkhus, alguém que não saiba e não veja como na verdade é o nascimento ...
ser/existir ... apego ... desejo ... sensação ... contato ... seis bases dos sentidos ...
mentalidade-materialidade (nome e forma) ... consciência ... formações volitivas, a
sua origem, a sua cessação e o caminho que conduz à sua cessação, deve fazer
esforço ... despertar a aspiração ... despertar o entusiasmo ... despertar a
persistência... despertar a ardência ... despertar a energia ... despertar a
perseverança ... despertar a atenção plena ... despertar a plena consciência ...
despertar a diligência para saber e para ver como na verdade são as formações
volitivas, a sua origem, a sua cessação e o caminho que conduz à sua cessação.”
“O prazer e a alegria que surgem na dependência do elemento água ... elemento fogo
... elemento ar: essa é a gratificação do elemento ar. Que o elemento ar seja
impermanente, insatisfatório e sujeito à mudança: esse é o perigo no elemento ar. A
remoção e o abandono do desejo e cobiça pelo elemento ar: essa é a escapatória do
elemento ar.
XV (15). Anamatagga-samyutta -
Inimaginável Princípio do Samsara
Este samyutta contém 20 suttas dos quais 10 foram traduzidos para o Português.
Leia sobre o conteúdo do Anamatagga-samyuttacxii
Em Savatthi. “Bhikkhus, esse samsara não possui um início que possa ser
descoberto. Um ponto inicial não é discernido para os seres que seguem vagando e
perambulando, obstruídos pela ignorância e aprisionados pelo desejo. O que vocês
pensam, bhikkhus: O que é maior, as lágrimas que vocês derramaram transmigrando
e perambulando por este longo, longo tempo - chorando e derramando lágrimas por
estarem unidos ao que é desagradável, separados do que é agradável - ou a água
contida nos quatro grandes oceanos?"
"A maneira pela qual entendemos o Dhamma, que nos ensinou o Abençoado, isto é
maior: as lágrimas que derramamos transmigrando e perambulando por este longo,
longo tempo - chorando e derramando lágrimas por estarmos unidos ao que é
desagradável, separados do que é agradável - não a água contida nos quatro grandes
oceanos."
"Por que ocorre isso? Esse samsara não possui um início que possa ser descoberto.
Um ponto inicial não é discernido para os seres que seguem vagando e
perambulando, obstruídos pela ignorância e aprisionados pelo desejo. Há muito
tempo vocês experimentaram o sofrimento, experimentaram a dor, experimentaram
a perda, inchando os cemitérios - o suficiente para se desencantarem com todas as
coisas condicionadas, o suficiente para se tornarem desapegados, o suficiente para
se libertarem."
Em Savatthi. “Bhikkhus, esse samsara não possui um início que possa ser descoberto.
Um ponto inicial não é discernido para os seres que seguem vagando e
perambulando, obstruídos pela ignorância e aprisionados pelo desejo. Tal qual uma
vareta que ao ser jogada no ar algumas vezes cai sobre a sua base, algumas vezes cai
de lado, algumas vezes cai sobre a sua ponta; do mesmo modo, seres obstruídos pela
ignorância e aprisionados pelo desejo seguem transmigrando e perambulando,
algumas vezes eles vão deste mundo para um outro mundo, algumas vezes eles vêm
de outro mundo para este.
"Por que ocorre isso? Esse samsara não possui um início que possa ser descoberto.
Um ponto inicial não é discernido para os seres que seguem vagando e
perambulando, obstruídos pela ignorância e aprisionados pelo desejo. Há muito
tempo vocês experimentaram o sofrimento, experimentaram a dor, experimentaram
a perda, inchando os cemitérios - o suficiente para se desencantarem com todas as
coisas condicionadas, o suficiente para se tornarem desapegados, o suficiente para
se libertarem."
Duggata Sutta (SN XV.11) - Miséria
Em Savatthi. “Bhikkhus, esse samsara não possui um início que possa ser descoberto.
Um ponto inicial não é discernido para os seres que seguem vagando e
perambulando, obstruídos pela ignorância e aprisionados pelo desejo. Ao verem
alguém que se encontra na miséria, subjugado pela miséria, vocês deveriam pensar:
‘Nós também já experimentamos esse tipo de coisa no curso deste longo, longo
tempo.’
"Por que ocorre isso? Esse samsara não possui um início que possa ser descoberto.
Um ponto inicial não é discernido para os seres que seguem vagando e
perambulando, obstruídos pela ignorância e aprisionados pelo desejo. Há muito
tempo vocês experimentaram o sofrimento, experimentaram a dor, experimentaram
a perda, inchando os cemitérios - o suficiente para se desencantarem com todas as
coisas condicionadas, o suficiente para se tornarem desapegados, o suficiente para
se libertarem."
Em Savatthi. “Bhikkhus, esse samsara não possui um início que possa ser descoberto.
Um ponto inicial não é discernido para os seres que seguem vagando e
perambulando, obstruídos pela ignorância e aprisionados pelo desejo. Ao verem
alguém que esteja feliz e tenha tudo na vida, vocês deveriam pensar: ‘Nós também já
experimentamos esse tipo de coisa no curso deste longo, longo tempo.’
"Por que ocorre isso? Esse samsara não possui um início que possa ser descoberto.
Um ponto inicial não é discernido para os seres que seguem vagando e
perambulando, obstruídos pela ignorância e aprisionados pelo desejo. Há muito
tempo vocês experimentaram o sofrimento, experimentaram a dor, experimentaram
a perda, inchando os cemitérios - o suficiente para se desencantarem com todas as
coisas condicionadas, o suficiente para se tornarem desapegados, o suficiente para
se libertarem."
Em Savatthi. “Bhikkhus, esse samsara não possui um início que possa ser descoberto.
Um ponto inicial não é discernido para os seres que seguem vagando e
perambulando, obstruídos pela ignorância e aprisionados pelo desejo. Não é fácil
encontrar um ser que não tenha sido em algum momento no passado a sua mãe ... o
seu pai ... o seu irmão ... a sua irmã ... o seu filho ... a sua filha.
"Por que ocorre isso? Esse samsara não possui um início que possa ser descoberto.
Um ponto inicial não é discernido para os seres que seguem vagando e
perambulando, obstruídos pela ignorância e aprisionados pelo desejo. Há muito
tempo vocês experimentaram o sofrimento, experimentaram a dor, experimentaram
a perda, inchando os cemitérios - o suficiente para se desencantarem com todas as
coisas condicionadas, o suficiente para se tornarem desapegados, o suficiente para
se libertarem."
“Bhikkhus, Kassapa está satisfeito com qualquer tipo de comida esmolada ...
qualquer tipo de moradia ... qualquer tipo de medicamentos, e se ele os obtém, ele os
usa sem ficar apegado a isso, sem ficar apaixonado por isso, sem ficar cegamente
absorto nisso, vendo o perigo nisso, compreendendo a escapatória.
“Portanto, bhikkhus, vocês deveriam treinar assim: ‘Nós estaremos satisfeitos com
qualquer tipo de manto, nós falaremos elogiando a satisfação com qualquer tipo de
manto, e não nos dedicaremos a uma busca errônea naquilo que não é apropriado,
devido a um manto. Se não obtivermos um manto não ficaremos agitados, e se o
obtivermos, o usaremos sem ficarmos apegados a isso, sem ficarmos apaixonados
por isso, sem ficarmos cegamente absortos nisso, vendo o perigo nisso,
compreendendo a escapatória.
“’Nós estaremos satisfeitos com qualquer tipo de comida esmolada ... qualquer tipo
de moradia ... qualquer tipo de medicamentos ... e se os obtivermos, deles faremos
uso sem ficarmos apegados a isso, sem ficarmos apaixonados por isso, sem ficarmos
cegamente absortos nisso, vendo o perigo nisso, compreendendo a escapatória.
“Amigo, diz-se que aquele que não é ardente e que não teme a transgressão é
incapaz de se iluminar, incapaz de alcançar nibbana, incapaz de alcançar a
insuperável segurança contra o cativeiro; mas aquele que é ardente e que teme a
transgressão é capaz de se iluminar, capaz de alcançar nibbana, capaz de alcançar a
insuperável segurança contra o cativeiro. cxiv Qual o significado disso, amigo?”
“E como, amigo, ele não teme a transgressão? Aqui, amigo, um bhikkhu não teme o
pensamento: ‘Se os estados ruins e prejudiciais que ainda não surgiram surgirem em
mim, isso poderá resultar em meu prejuízo’ ... nem ao pensamento: ‘Se os estados
benéficos que já surgiram em mim cessarem, isso poderá resultar em meu prejuízo.’
Assim, ele não não teme a transgressão.
“É dessa forma, amigo, que aquele que não é ardente e que não teme a transgressão
é incapaz de se iluminar, incapaz de alcançar nibbana, incapaz de alcançar a
insuperável segurança contra o cativeiro.
“É dessa forma, amigo, que aquele que é ardente e que teme a transgressão é capaz
de se iluminar, capaz de alcançar nibbana, capaz de alcançar a insuperável
segurança contra o cativeiro.”
Então o Abençoado moveu a mão no espaço e disse: “Bhikkhus, assim como esta mão
não é capturada pelo espaço, não é aprisionada por ele, não é atada por ele, da
mesma forma quando um bhikkhu se aproxima das famílias a sua mente não é
capturada, não é aprisionada e atada entre as famílias, pensando: ‘Que aqueles que
desejem ganhos obtenham ganhos, que aqueles que desejem méritos realizem
méritos!’ Ele fica feliz e contente com os ganhos dos outros, do mesmo modo que
com os seus ganhos. Esse bhikkhu é digno de se aproximar de famílias.
“Um bhikkhu ensina o Dhamma aos outros com o pensamento: ‘Oh, que eles ouçam o
Dhamma de mim! Tendo ouvido, que eles ganhem confiança no Dhamma! Tendo
confiança, que eles demonstrem essa confiança para mim!’ O ensinamento do
Dhamma por esse bhikkhu é impuro.
“Durante muito tempo, Venerável senhor, eu vivi nas florestas e falei enaltecendo a
vida nas florestas; me alimentei de comida esmolada e falei enaltecendo o
alimentar-se de comida esmolada; vesti mantos feitos de trapos e falei enaltecendo o
vestir-se com mantos feitos de trapos; vesti três mantos e falei enaltecendo o vestir-
se com três mantos; possuí poucos desejos e falei enaltecendo a escassez de desejos;
estive satisfeito e falei enaltecendo a satisfação; vivi isolado e falei enaltecendo o
isolamento; permaneci afastado da sociedade e falei enaltecendo o afastamento da
sociedade; fui energético e falei enaltecendo a estimulação da energia.”
“Considerando qual benefício, Kassapa, você durante muito tempo viveu nas
florestas ... falou enaltecendo a estimulação da energia?”
“Considerando dois benefícios, Venerável senhor. Vejo para mim mesmo uma
permanência agradável nesta mesma vida e tenho compaixão pelas gerações
futuras, pensando: ‘Que as futuras gerações sigam o meu exemplo!’ Pois quando eles
ouvirem que, ‘Os discípulos iluminados do Buda durante muito tempo viveram nas
florestas e falaram enaltecendo a vida nas florestas ... eram energéticos e falavam
enaltecendo a estimulação da energia,’ eles então irão praticar da forma adequada e
isso será para o bem estar e felicidade deles por muito tempo. Considerando esses
dois benefícios, Venerável senhor, durante muito tempo vivi nas florestas ... e falei
enaltecendo a estimulação da energia.”
“Muito bem, Kassapa! Você pratica para o bem-estar e benefício de muitos, por
compaixão pelo mundo, pelo bem, bem-estar e felicidade de devas e humanos.
Portanto, Kassapa, vista mantos feitos com trapos de cânhamo, esmole alimentos e
viva na floresta.”
“Então, quando um bhikkhu vivia nas florestas e falava enaltecendo a vida nas
florestas ... quando ele era energético e falava enaltecendo a estimulação da energia,
os bhikkhus seniores o convidavam a sentar, dizendo: ‘Venha, bhikkhu. Qual é o seu
nome? Esse bhikkhu é excelente. Esse bhikkhu tem interesse no treinamento. Venha,
bhikkhu, aqui está um assento, sente-se.’ Então os bhikkhus recém-ordenados
pensavam: ‘Parece que quando um bhikkhu vive nas florestas e fala enaltecendo o
viver nas florestas ... quando ele é energético e fala enaltecendo a estimulação da
energia, os bhikkhus seniores o convidam a sentar.’ Eles praticavam dessa forma e
isso conduzia ao bem-estar e felicidade deles por muito tempo.
“Mas agora, Kassapa, os bhikkhus seniores não vivem mais nas florestas e não falam
enaltecendo a vida nas florestas ... eles não são energéticos e não falam enaltecendo
a estimulação da energia. Agora são os bhikkhus conhecidos e famosos, aqueles que
ganham mantos, comida, moradia e medicamentos, que os bhikkhu seniores
convidam a sentar, dizendo: Venha, bhikkhu. Qual é o seu nome? Esse bhikkhu é
excelente. Esse bhikkhu tem interesse em estar na companhia dos seus irmãos na
vida santa. Venha, bhikkhu, aqui está um assento, sente-se.’ Então os bhikkhus
recém-ordenados pensam: ‘Parece que quando um bhikkhu é bem conhecido e
famoso, alguém que ganha mantos, comida, moradia e medicamentos, os bhikkhus
seniores o convidam a sentar.’ Eles praticam dessa forma e isso será para o dano e
sofrimento deles por muito tempo.
“Kassapa, alguém falando corretamente poderia dizer: ‘Aqueles que vivem a vida
santa foram arruinados pela ruína daqueles que lideram a vida santa; aqueles que
vivem a vida santa foram derrotados pela derrota daqueles que lideram a vida
santa,’ é unicamente desse modo que alguém poderia corretamente dizer isso.”
“Venerável senhor, qual é a razão, qual é a causa, porque antes havia menos regras
de treinamento e mais bhikkhus realizavam o conhecimento supremo, enquanto que
agora há mais regras de treinamento e menos bhikkhus realizam o conhecimento
supremo?”
“O verdadeiro Dhamma não desaparece todo de uma vez como um navio que
afunda. Há, Kassapa, cinco coisas danosas que conduzem ao declínio e
desaparecimento do verdadeiro Dhamma. Quais são as cinco? Aqui os bhikkhus, as
bhikkhunis, os discípulos leigos e as discípulas leigas permanecem sem reverência e
deferência para com o Mestre; eles permanecem sem reverência e deferência para
com o Dhamma; eles permanecem sem reverência e deferência para com a Sangha;
eles permanecem sem reverência e deferência para com o treinamento; eles
permanecem sem reverência e deferência para com a concentração. Essas, Kassapa,
são as cinco coisas danosas que conduzem ao declínio e desaparecimento do
verdadeiro Dhamma.
“’Pescador,’ bhikkhus, é uma designação para Mara, o Senhor do Mal. ‘Anzol com
isca’, é uma designação para o ganho, honraria e fama. Qualquer bhikkhu que
saboreie e desfrute do ganho, honraria e fama é chamado o bhikkhu que engoliu o
anzol com a isca, que deu de encontro com a calamidade e o desastre, e o Senhor do
Mal poderá fazer o que quiser com ele. Tão terríveis, bhikkhus, são o ganho, a
honraria e fama, amargos, vis, obstruem a realização da insuperável segurança
contra o cativeiro. Portanto, bhikkhus, vocês devem praticar da seguinte forma: ‘Nós
abandonaremos o ganho, a honraria e fama que já surgiram e não permitiremos que
o ganho, a honraria e fama que já surgiram persistam obcecando as nossas mentes.’
Assim vocês deveriam praticar.”
“Eu não digo, Ananda, que o ganho, a honraria e fama são um obstáculo para a
libertação inabalável da mente dele. Mas eu digo que eles são um obstáculo para que
ele alcance aquelas permanências prazerosas nesta mesma vida que são alcançadas
por aquele que permanece diligente, ardente e decidido. cxix Tão terríveis, Ananda,
são o ganho, a honraria e fama, amargos, vis, obstruem a realização da insuperável
segurança contra o cativeiro. Portanto, Ananda, você deve praticar da seguinte
forma: ‘Eu abandonarei o ganho, a honraria e fama que já surgiram e não permitirei
que o ganho, a honraria e fama que já surgiram persistam obcecando a minha
mente.’ Assim você deveria praticar.”
“O ouvido ... o nariz .... a língua ... o corpo ... a mente é permanente ou
impermanente?” – “Impermanente, Venerável senhor.” – “Aquilo que é
impermanente é sofrimento ou felicidade?” – “Sofrimento, Venerável senhor.” –
“Aquilo que é impermanente, sofrimento e sujeito à mudança é adequado que se
considere assim: “Isso é meu, isso eu sou, isso é o meu eu?” – “Não, Venerável
senhor.”
“Os sons ... aromas .... sabores ... tangíveis ... objetos mentais são permanentes ou
impermanentes?” – “Impermanentes, Venerável senhor.” – “Aquilo que é
impermanente é sofrimento ou felicidade?” – “Sofrimento, Venerável senhor.” –
“Aquilo que é impermanente, sofrimento e sujeito à mudança é adequado que se
considere assim: “Isso é meu, isso eu sou, isso é o meu eu?” – “Não, Venerável
senhor.”
“Venerável senhor, como alguém pode saber, como alguém pode ver, para que em
relação a este corpo com a sua consciência e todos os sinais externos, não exista a
fabricação de um eu, a fabricação do meu e a tendência subjacente à presunção?”
“Qualquer tipo de sensação ... Qualquer tipo de percepção ... Qualquer tipo de
formação ... Qualquer tipo de consciência ... a pessoa vê toda consciência tal qual na
verdade ela é, com correta sabedoria, desta forma: ‘Isso não é meu, isso não sou eu,
isso não é o meu eu’”.
“É quando alguém sabe e vê dessa forma, Rahula, que em relação a este corpo com a
sua consciência e todos os sinais externos, não existe a fabricação de um eu, a
fabricação do meu e a tendência subjacente à presunção.”
XIX (19). Lakkhana-samyutta - Lakkhana
Este samyutta contém 21 suttas dos quais 1 foi traduzido para o Português. Leia
sobre o conteúdo do Lakkhana-samyuttacxxi
“Este não é o momento para esse tipo de pergunta, amigo Lakkhana. Pergunte-me
isso quando estivermos na presença do Abençoado.”
Em Savatthi. “Bhikkhus, se alguém desse cem panelas com comida por caridade pela
manhã, cem panelas com comida por caridade no almoço e cem panelas com comida
por caridade à noite, e se outro alguém desenvolvesse o amor bondade na mente,
mesmo que fosse pelo tempo que tarda para puxar o ubre de uma vaca, quer seja
pela manhã, ao meio dia, ou à noite, isto seria mais benéfico que o primeiro.
Em Savatthi. "Bhikkhus, suponham que houvesse uma lança com a lâmina bem
afiada e um homem chegasse pensando, 'Com a mão ou o punho eu entortarei essa
lâmina afiada da lança, irei dobrá-la em dois e enrolá-la.'
"O que vocês pensam? Com a mão ou o punho seria esse homem capaz de entortar
essa lâmina afiada da lança, dobrá-la e enrolá-la?
"Não, senhor. Por que isso? Porque uma lâmina afiada de uma lança não é fácil de
ser entortada, dobrada, ou enrolada. O homem simplesmente experimentaria
irritação e cansaço."
“Portanto, bhikkhus, assim vocês deveriam praticar: ‘Quando aqueles discursos que
são as palavras do Tathagata – profundos, profundos no seu significado,
transcendentes, que tratam do vazio – forem recitados, nós daremos ouvidos,
empenharemos as nossas mentes no seu aprendizado, consideraremos que o
entendimento e o conhecimento a fundo desses ensinamentos valem a pena. Assim é
como vocês devem praticar.”
“Então, amigos, o Abençoado veio até mim por meio dos poderes supra-humanos e
disse: ‘Moggallana, Moggallana, não seja negligente com relação ao nobre silêncio,
Brâmane. Estabilize a sua mente no nobre silêncio, unifique a sua mente no nobre
silêncio, concentre a sua mente no nobre silêncio.’ Então, amigos, mais tarde, numa
outra ocasião, silenciando o pensamento aplicado e sustentado, eu entrei e
permaneci no segundo jhana, que é acompanhado pela auto-confiança e unicidade
da mente sem o pensamento aplicado e sustentado, com o êxtase e felicidade
nascidos da concentração.
“Se, amigos, falando corretamente, fosse para dizer de alguém que: ‘Ele é um
discípulo que alcançou a grandeza do conhecimento direto com o auxílio do Mestre,’
é de mim verdadeiramente que, falando o que é certo, isso deveria ser dito.”
“Nanda, não é correto que você, membro de um clã que deixou a vida em família e
seguiu a vida santa com base na fé, vista mantos bem passados e alinhados, pinte os
olhos, carregue uma tigela laqueada. Isto é correto, Nanda, que você viva nas
florestas, se alimente com comida esmolada, vista mantos feitos com trapos e que
permaneça indiferente aos prazeres sensuais.”
Isso foi o que disse o Abençoado. Tendo dito isso, o Mestre disse mais:
Então, depois de algum tempo, o Venerável Nanda passou a viver nas florestas, se
alimentar com comida esmolada, vestir mantos feitos de trapos, permanecendo
indiferente aos prazeres sensuais.
“Aqui, Venerável senhor, há um certo bhikkhu chamado Ancião que vive sozinho e
que fala elogiando o viver sozinho.”
Então o Abençoado se dirigiu a um certo bhikkhu desta forma: “Venha, bhikkhu, diga
em meu nome ao bhikkhu Ancião que o Mestre o chama.”
“Sim, Venerável senhor”, ele respondeu e foi até o bhikkhu Ancião e lhe disse: “O
Mestre o chama, amigo Ancião.”
“Mas como, Ancião, você vive sozinho e como você fala elogiando o viver sozinho?”
“Aqui, Venerável senhor, eu entro sozinho nos vilarejos para esmolar alimentos,
regresso sozinho, sento sozinho na intimidade, pratico sozinho a meditação
andando. É dessa forma que vivo sozinho e falo elogiando o viver sozinho.”
“Essa é uma forma de viver sozinho, Ancião, eu não nego isso. Mas quanto a como o
viver sozinho é realizado em todos os detalhes, ouça e preste muita atenção àquilo
que eu vou dizer.”
Isso foi o que disse o Abençoado. Tendo dito isso, o Mestre disse mais:
“Suas faculdades estão serenas, chefe de família, sua complexão está pura e
brilhante. Você teve a oportunidade de ouvir hoje um discurso do Dhamma na
presença do Abençoado?”
“Quando isto foi dito, o Abençoado disse: ‘Assim é, chefe de família. Assim é. O corpo
é sofrimento, fraco e atormentado. Se qualquer um que com esse corpo declarasse,
por um momento que seja, ter verdadeira saúde, a que outra razão deveríamos
atribuir isso, senão à tolice? Portanto, chefe de família, assim você deve praticar:
“Mesmo que eu sofra no meu corpo, minha mente não sofrerá.” Assim é como você
deve praticar. Assim é como recebi do Abençoado a ambrosia de um discurso do
Dhamma.’”
Mas, porque não lhe ocorreu questionar mais o Abençoado: ‘De que forma alguém
sofre no corpo e sofre na mente? E de que forma alguém sofre no corpo, porém não
sofre na mente?’
“Eu viria de uma grande distância para ouvir a explicação dessas palavras na
presença do Venerável Sariputta. Seria bom se o próprio Venerável Sariputta me
esclarecesse isso.”
"Então, nesse caso, chefe de família, ouça e preste muita atenção àquilo que eu vou
dizer.” - “Sim, Venerável senhor,” o chefe de família Nakulapita respondeu. O
Venerável Sariputta disse o seguinte:
“Como, chefe de família, alguém sofre no corpo e sofre na mente? É o caso em que
uma pessoa comum sem instrução que não respeita os nobres, que não é proficiente
nem disciplinada no Dhamma deles, que não respeita os homens verdadeiros, que
não é proficiente nem disciplinada no Dhamma deles, supõe que a forma é o eu, ou o
eu é possuído de forma, ou a forma como estando no eu, ou o eu como estando na
forma. Ela está obcecada com a idéia de que ‘Eu sou a forma’ ou ‘A forma é minha.’
Enquanto ela está obcecada com essas idéias, sua forma muda e se altera. Com a
mudança e alteração da forma, surgem nela a tristeza, lamentação, dor, angústia e
desespero.
“E como que alguém sofre no corpo, porém não sofre na mente? É o caso em que um
nobre discípulo bem instruído que respeita os nobres, que é proficiente e
disciplinado no Dhamma deles, que respeita os homens verdadeiros, que é
proficiente e disciplinado no Dhamma deles não supõe que forma é o eu, ou o eu é
possuído de forma, ou a forma como estando no eu, ou o eu como estando na forma.
Ele não está obcecado com a idéia de que ‘Eu sou a forma’ ou ‘A forma é minha.’
Enquanto ele não está obcecado com essas idéias, sua forma muda e se altera. Com a
mudança e alteração da forma não surgem nele a tristeza, lamentação, dor, angústia
e desespero.
“Assim, chefe de família, é como alguém sofre no corpo, porém não sofre na mente.”
Isso foi o que o disse o Venerável Sariputta. O chefe de família Nakulapita ficou
satisfeito e contente com as palavras do Venerável Sariputta.
Ouvi que em certa ocasião o Abençoado estava entre os Sakyas em uma cidade
Sakya denominada Devadaha. Então, um grande grupo de bhikkhus, que iam na
direção de regiões distantes, foram até o Abençoado e ao chegarem o
cumprimentaram, sentaram a um lado e disseram:
Nessa ocasião, o Venerável Sariputta estava sentado sob uma acácia não muito
distante do Abençoado. Então os bhikkhus, satisfeitos e contentes com as palavras
do Abençoado, levantaram dos seus assentos, e depois de homenagear o Abençoado,
mantendo-o à sua direita, dirigiram-se ao Venerável Sariputta. Chegando, eles o
cumprimentaram. Quando a conversa cortês e amigável havia terminado, eles
sentaram a um lado e disseram:
“Nós viríamos de uma grande distância para ouvir a explicação dessas palavras do
Venerável Sariputta. Seria realmente bom se o Venerável Sariputta nos esclarecesse
isso.”
"Então, nesse caso, amigos, ouçam e prestem muita atenção àquilo que eu vou
dizer.” - “Sim, Venerável senhor,” os bhikkhus responderam. O Venerável Sariputta
disse o seguinte:
“Tendo respondido dessa forma, pode haver nobres e Brâmanes, chefes de família e
contemplativos … que questionarão mais, ‘E o seu mestre ensina a remoção do
desejo e cobiça pelo que?’
“Assim perguntados vocês devem responder, ‘Nosso mestre ensina a remoção do
desejo e cobiça pela forma ... pelas sensações ... pelas percepções ... pelas formações
volitivas. Nosso mestre ensina a remoção do desejo e cobiça pela consciência.’
“Tendo respondido dessa forma, pode haver nobres e Brâmanes, chefes de família e
contemplativos … que questionarão mais, ‘Mas que tipo de perigo o seu mestre vê
para ensinar a remoção do desejo e cobiça pela forma ... pelas sensações ... pelas
percepções ... pelas formações volitivas. Que tipo de perigo o seu mestre vê para
ensinar a remoção do desejo e cobiça pela consciência?’
“Assim perguntados vocês devem responder, ‘Quando alguém não está livre da
paixão, desejo, afeição, sede, cobiça e ambição pela forma, então, por qualquer
mudança e alteração nessa forma, surge a tristeza, lamentação, dor, angústia e
desespero. Quando alguém não está livre da paixão … pelas sensações … pelas
percepções … pelas formações volitivas ... Quando alguém não está livre da paixão,
desejo, afeição, sede, cobiça e ambição pela consciência, então, por qualquer
mudança e alteração nessa consciência, surge a tristeza, lamentação, dor, angústia e
desespero. Vendo esse perigo, nosso mestre ensina a remoção do desejo e cobiça
pela forma ... pelas sensações ... pelas percepções ... pelas fabricações. Vendo esse
perigo, nosso mestre ensina a remoção do desejo e cobiça pela consciência.’
“Tendo respondido dessa forma, pode haver nobres e Brâmanes, chefes de família e
contemplativos … que questionarão mais, ‘Que beneficio o seu mestre vê para
ensinar a remoção do desejo e cobiça pela forma ... pelas sensações ... pelas
percepções ... pelas formações volitivas. Que benefício o seu mestre vê para ensinar
a remoção do desejo e cobiça pela consciência?’
“Assim perguntados vocês devem responder, ‘Quando alguém está livre da paixão,
desejo, afeição, sede, cobiça e ambição pela forma, então, com qualquer mudança e
alteração nessa forma, não surge nenhuma tristeza, lamentação, dor, angústia, ou
desespero. Quando alguém está livre da paixão ... por sensações ... por percepções …
por formações volitivas … Quando alguém está livre da paixão, desejo, afeição, sede,
cobiça e ambição pela consciência, então com qualquer mudança e alteração nessa
consciência, não surge nenhuma tristeza, lamentação, dor, angústia, ou desespero.
Vendo esse beneficio, nosso mestre ensina a remoção do desejo e cobiça pela forma
... pelas sensações ... pelas percepções ... pelas formações volitivas. Vendo esse
beneficio, nosso mestre ensina a remoção do desejo e cobiça pela consciência.’
“Amigos, se alguém que entra e permanece nos estados mentais benéficos tivesse
uma permanência desagradável no aqui e agora, com aflições, desespero e febre, e
na desintegração do corpo, após a morte, pudesse esperar uma destinação ruim,
então o Abençoado não enalteceria o abandono dos estados mentais prejudiciais.
Porém, porque alguém que entra e permanece nos estados mentais benéficos, tem
uma permanência agradável no aqui e agora, sem aflições, desespero e febre, e na
dissolução do corpo, após a morte, pode esperar uma boa destinação, é que o
Abençoado enaltece o abandono dos estados mentais prejudiciais.
“Venerável senhor, isto foi dito pelo Abençoado no Sutta ‘Perguntas de Magandiya’
(do Atthaka Vagga): cxxvii
“E como não se vive numa casa? Todos os desejos, paixões, deleites, cobiças, apegos,
ligações, idéias, preconceitos ou obsessões em relação ao elemento forma: isso foi
abandonado pelo Tathagata, cortado pela raiz, feito como com um tronco de
palmeira, eliminado de modo que não estará mais sujeito a um futuro surgimento.
Por conseguinte, diz-se que o Tathagata não habita uma casa. Todos os desejos,
paixões, deleites, cobiças, apegos, ligações, idéias, preconceitos ou obsessões em
relação ao elemento sensação ... percepção ... formações volitivas ... consciência: isso
foi abandonado pelo Tathagata, cortado pela raiz, feito como com um tronco de
palmeira, eliminado de modo que não estará mais sujeito a um futuro surgimento.
Por conseguinte, diz-se que o Tathagata não habita uma casa.
“E como alguém perambula sem morada? Aquele que está aprisionado às distrações
dos sinais e detalhes da forma, diz-se que ele perambula com uma morada. Aquele
que está aprisionado às distrações dos sinais e detalhes dos sons ... dos aromas ...
dos sabores ... dos tangíveis ... dos objetos mentais, diz-se que ele perambula com
uma morada. Assim é como alguém perambula com uma morada. E como alguém
perambula sem morada? O Tathagata abandonou a prisão da distração dos sinais e
detalhes da forma, cortou-a pela raiz, feito como com um tronco de palmeira,
eliminada de modo que não estará mais sujeita a um futuro surgimento. Por
conseguinte, diz-se que o Tathagata perambula sem morada. O Tathagata
abandonou a prisão da distração dos sinais e detalhes dos sons ... dos aromas ... dos
sabores ... dos tangíveis ... dos objetos mentais, cortou-os pela raiz, feitos como com
um tronco de palmeira, eliminados de modo que não estarão mais sujeitos a um
futuro surgimento. Por conseguinte, diz-se que o Tathagata perambula sem morada.
“E como alguém tem intimidade no vilarejo? É o caso em que alguém vive enredado
com os chefes de família. Deliciando-se junto deles, entristecendo-se junto deles,
feliz quando eles estão felizes, sentindo dor quando eles sentem dor, ele assume
qualquer assunto de negócios deles como se fosse sua tarefa. Assim é como alguém
tem intimidade no vilarejo. E como alguém não tem intimidade nos vilarejos? É o
caso em que o bhikkhu não vive enredado com os chefes de família. Ele não se delicia
junto deles, não se entristece junto deles, não está feliz quando eles estão felizes,
nem sente dor quando eles sentem dor, ele não assume qualquer assunto de
negócios deles como se fosse sua tarefa. Assim é como alguém não tem intimidade
nos vilarejos.
“E como alguém não está livre dos prazeres sensuais? É o caso em que alguém não
está livre da paixão, desejo, afeição, sede, cobiça e ambição pelos prazeres sensuais.
Assim é como alguém não está livre dos prazeres sensuais. E como alguém está livre
dos prazeres sensuais? É o caso em que alguém está livre da paixão, desejo, afeição,
sede, cobiça e ambição pelos prazeres sensuais. Assim é como alguém está livre dos
prazeres sensuais.
“E como alguém tem preferências? É o caso em que alguém pensa, ‘Que a forma seja
assim no futuro. Que a sensação ... percepção ... formações volitivas ... consciência
seja assim no futuro.’ Assim é como alguém tem preferências.
“E como alguém está livre de preferências? É o caso em que alguém não pensa, ‘Que
a forma seja assim no futuro. Que a sensação ... percepção ... formações volitivas ...
consciência seja assim no futuro.’ Assim é como alguém está livre de preferências.
“E como alguém se envolve em disputas com pessoas? É o caso em que alguém
fomenta este tipo de debate: ‘Você entende esta doutrina e disciplina? Eu sou aquele
que entende esta doutrina e disciplina. Como poderia você entender esta doutrina e
disciplina? Você está praticando da forma errada. Eu estou praticando da forma
correta. O que deveria ser dito por último você disse primeiro. O que deveria ser
dito primeiro você disse por último. Eu sou consistente. Você não é. Aquilo que lhe
custou tanto tempo para pensar foi refutado. A sua doutrina foi derrubada. Você
está derrotado. Vá e tente resgatar a sua doutrina, ou liberte-se se puder!’ Assim é
como alguém se envolve em disputas acaloradas com pessoas.
“E como alguém não se envolve em disputas com pessoas? É o caso em que alguém
não fomenta este tipo de debate: ‘Você entende esta doutrina e disciplina? Eu sou
aquele que entende esta doutrina e disciplina. Como poderia você entender esta
doutrina e disciplina? Você está praticando da forma errada. Eu estou praticando da
forma correta. O que deveria ser dito por último você disse primeiro. O que deveria
ser dito primeiro você disse por último. Eu sou consistente. Você não é. Aquilo que
lhe custou tanto tempo para pensar foi refutado. A sua doutrina foi derrubada. Você
está derrotado. Vá e tente resgatar a sua doutrina ou liberte-se se puder!’ Assim é
como alguém não se envolve em discussões acaloradas com pessoas.
“Portanto, chefe de família, aquilo que foi dito pelo Abençoado nas ‘Perguntas de
Magandiya’ no Atthaka Vagga:
“Venerável senhor, isto foi dito pelo Abençoado no sutta As Perguntas de Sakka: cxxviii
'Os contemplativos e Brâmanes que estão libertados através da destruição do desejo
possuem o conhecimento supremo, estão libertados dos grilhões, perfeitos na vida
santa e realizaram o verdadeiro objetivo.' Como, Venerável senhor, deve ser
entendido em detalhe o significado deste breve enunciado do Abençoado?"
"Chefe de família, através da destruição, desapego, cessação, abrir mão, descartar,
libertar-se, despegar-se do desejo, da cobiça, do deleite, da adesão, do apego, das
fixações mentais, das inclinações ou das obsessões em relação ao elemento forma, é
dito que a mente está bem libertada.
"Chefe de família, portanto, quando foi dito pelo Abençoado no sutta As Perguntas
de Sakka: 'Os contemplativos e Brâmanes que estão libertados através da destruição
do desejo possuem o conhecimento supremo, estão libertados dos grilhões,
perfeitos na vida santa e realizaram o verdadeiro objetivo,' é desse modo que deve
ser entendido em detalhe o significado deste breve enunciado do Abençoado."
“Aqui, bhikkhus, alguém busca o prazer, alguém acolhe, alguém agarra. E no que é
que alguém busca o prazer, o que é que alguém acolhe e o que é que alguém agarra?
Alguém busca o prazer na forma, acolhe-a e agarra-a. Como conseqüência disso, o
prazer surge. O prazer pela forma é o apego. Tendo o apego como condição, o
ser/existir [surge]; com o ser/existir como condição, o nascimento; com o
nascimento como condição, envelhecimento e morte, tristeza, lamentação, dor,
angústia e desespero surgem. Essa é a origem de toda essa massa de sofrimento.
“Alguém busca o prazer na sensação ... na percepção ... nas formações volitivas ... na
consciência, acolhe-a e agarra-a. Como conseqüência disso, o prazer surge ... Essa é a
origem de toda essa massa de sofrimento.
“Essa, bhikkhus, é a origem da forma; essa é a origem da sensação; essa é a origem
da percepção; essa é a origem das formações volitivas; essa é a origem da
consciência.
“Aqui, bhikkhus, alguém não busca o prazer, alguém não acolhe e alguém não agarra.
E no que é que alguém não busca o prazer? O que alguém não acolhe? O que alguém
não agarra? Alguém não busca o prazer na forma, não a acolhe e não a agarra. Como
conseqüência disso, o prazer pela forma cessa. Com a cessação do prazer, cessa o
apego; com a cessação do apego, cessa o ser/existir ... Essa é a cessação de toda essa
massa de sofrimento.
“Alguém não busca o prazer na sensação ... na percepção ... nas formações volitivas ...
na consciência, não a acolhe e não a agarra. Como conseqüência disso, o prazer pela
consciência cessa ... Essa é a cessação de toda essa massa de sofrimento.
“Aqui, bhikkhus, alguém busca o prazer, alguém acolhe, alguém agarra. E no que é
que alguém busca o prazer, o que é que alguém acolhe e o que é que alguém agarra?
Alguém busca o prazer na forma, acolhe-a e agarra-a. Como conseqüência disso, o
prazer surge. O prazer pela forma é o apego. Tendo o apego como condição, o
ser/existir [surge]; com o ser/existir como condição, o nascimento; com o
nascimento como condição, envelhecimento e morte, tristeza, lamentação, dor,
angústia e desespero surgem. Essa é a origem de toda essa massa de sofrimento.
“Alguém busca o prazer na sensação ... na percepção ... nas formações volitivas ... na
consciência, acolhe-a e agarra-a. Como conseqüência disso, o prazer surge ... Essa é a
origem de toda essa massa de sofrimento.
“Aqui, bhikkhus, alguém não busca o prazer, alguém não acolhe e alguém não agarra.
E no que é que alguém não busca o prazer? O que alguém não acolhe? O que alguém
não agarra? Alguém não busca o prazer na forma, não a acolhe e não a agarra. Como
conseqüência disso, o prazer pela forma cessa. Com a cessação do prazer, cessa o
apego; com a cessação do apego, cessa o ser/existir ... Essa é a cessação de toda essa
massa de sofrimento.
“Alguém não busca o prazer na sensação ... na percepção ... nas formações volitivas ...
na consciência, não a acolhe e não a agarra. Como conseqüência disso, o prazer pela
consciência cessa ... Essa é a cessação de toda essa massa de sofrimento.
“Porque, amigos, existe agitação devido ao apego? Neste caso, uma pessoa comum
sem instrução que não respeita os nobres, que não é proficiente nem treinada no
Dhamma deles, que não respeita os homens verdadeiros, que não é proficiente nem
treinada no Dhamma deles, considera a forma material como sendo o eu, ou o eu
possuído de forma material, ou a forma material como estando no eu, ou o eu como
estando na forma material. Essa forma material muda e se altera. Com a forma
material mudando e se alterando, a sua consciência se preocupa com essa mudança.
Estados mentais agitados nascidos da preocupação com a mudança da forma
material surgem ao mesmo tempo e permanecem obcecando a mente. Como a
mente dele está obcecada, ele fica ansioso, angustiado e preocupado e devido ao
apego ele se torna agitado.
“Ele considera a sensação como sendo o eu … Ele considera a percepção como sendo
o eu ... Ele considera as formações volitivas como sendo o eu … Ele considera a
consciência como sendo o eu, ou o eu possuído de consciência, ou a consciência
como estando no eu, ou o eu como estando na consciência. Essa consciência muda e
se altera. Com a consciência mudando e se alterando, a sua consciência se preocupa
com essa mudança. Estados mentais agitados nascidos da preocupação com a
mudança da consciência surgem ao mesmo tempo e permanecem obcecando a
mente. Como a mente dele está obcecada, ele fica ansioso, angustiado e preocupado
e devido ao apego ele se torna agitado. Assim é como existe agitação devido ao
apego.
“E porque, amigos, existe a não agitação devido ao não apego? Neste caso um nobre
discípulo bem instruído, que respeita os nobres, que é proficiente e treinado no
Dhamma deles, que respeita os homens verdadeiros, que é proficiente e treinado no
Dhamma deles, não considera a forma material como sendo o eu, ou o eu possuído
de forma material, ou a forma material como estando no eu, ou o eu como estando
na forma material. Essa forma material muda e se altera. Com a forma material
mudando e se alterando, a sua consciência não se preocupa com essa mudança.
Estados mentais agitados nascidos da preocupação com a mudança da forma
material não surgem ao mesmo tempo e não permanecem obcecando a mente. Como
a mente dele não está obcecada, ele não fica ansioso, angustiado e preocupado e
devido ao não apego ele não se torna agitado.
“Ele não considera a sensação como sendo o eu ... Ele não considera a percepção
como sendo o eu … Ele não considera as formações volitivas como sendo o eu … Ele
não considera a consciência como sendo o eu, ou o eu possuído de consciência, ou a
consciência como estando no eu, ou o eu como estando na consciência. Essa
consciência muda e se altera. Com a consciência mudando e se alterando, a sua
consciência não se preocupa com essa mudança. Estados mentais agitados nascidos
da preocupação com a mudança da consciência não surgem ao mesmo tempo e não
permanecem obcecando a mente. Como a mente dele não está obcecada, ele não fica
ansioso, angustiado e preocupado e devido ao não apego ele não se torna agitado.
Assim é como existe a não agitação devido ao não apego.”
“E porque, amigos, existe a não agitação devido ao não apego? Neste caso um nobre
discípulo bem instruído, que respeita os nobres, que é proficiente e treinado no
Dhamma deles, que respeita os homens verdadeiros, que é proficiente e treinado no
Dhamma deles, não considera a forma material assim: 'Isso é meu, isso sou eu, isso é
o meu eu' Essa forma material muda e se altera. Com a forma material mudando e se
alterando, a tristeza, lamentação, dor, angústia e desespero não surgem nele.
“Ele não considera a sensação assim … não considera a percepção assim ... não
considera as formações volitivas assim … não considera a consciência assim: 'Isso é
meu, isso sou eu, isso é o meu eu' Essa consciência muda e se altera. Com a
consciência mudando e se alterando, a tristeza, lamentação, dor, angústia e
desespero não surgem nele."
“A sensação é não-eu ... A percepção é não-eu ... As formações volitivas são não-eu ...
A consciência é não-eu, ambos do passado e do futuro, sem falar no presente. Vendo
desse modo, bhikkhus, o nobre discípulo bem instruído é indiferente em relação à
consciência do passado; ele não busca o prazer na consciência do futuro; e ele
pratica para o desencantamento em relação à consciência no presente, pelo seu
desaparecimento e cessação.”
“Vendo dessa forma, bhikkhus, um nobre discípulo bem instruído se desencanta com
a forma, se desencanta com a sensação, se desencanta com a percepção, se
desencanta com as formações volitivas, se desencanta com a consciência.
Desencantado, ele se torna desapegado. Através do desapego a sua mente é
libertada. Quando ela está libertada surge o conhecimento: ‘Libertada.’ Ele
compreende que: ‘O nascimento foi destruído, a vida santa foi vivida, o que deveria
ser feito foi feito, não há mais vir a ser a nenhum estado.’”
"A sensação é sofrimento ... A percepção é sofrimento ... As formações volitivas são
sofrimento ... A consciência é sofrimento. O que é sofrimento é não-eu. O que é não-
eu deveria ser visto como na verdade é, com correta sabedoria assim: ‘Isso não é
meu, isso não sou eu, isso não é o meu eu.’
"Vendo dessa forma, bhikkhus, um nobre discípulo bem instruído se desencanta com
a forma, se desencanta com a sensação, se desencanta com a percepção, se
desencanta com as formações volitivas, se desencanta com a consciência.
Desencantado, ele se torna desapegado. Através do desapego a sua mente é
libertada. Quando ela está libertada surge o conhecimento: ‘Libertada.’ Ele
compreende que: ‘O nascimento foi destruído, a vida santa foi vivida, o que deveria
ser feito foi feito, não há mais vir a ser a nenhum estado.’”
Em Savatthi. “Bhikkhus, a forma é não-eu. O que é não-eu deveria ser visto como na
verdade é, com correta sabedoria assim: ‘Isso não é meu, isso não sou eu, isso não é
o meu eu.’
"A sensação é não-eu ... A percepção é não-eu ... As formações volitivas são não-eu ...
A consciência é não-eu. O que é não-eu deveria ser visto como na verdade é, com
correta sabedoria assim: ‘Isso não é meu, isso não sou eu, isso não é o meu eu.’
"Vendo dessa forma, bhikkhus, um nobre discípulo bem instruído se desencanta com
a forma, se desencanta com a sensação, se desencanta com a percepção, se
desencanta com as formações volitivas, se desencanta com a consciência.
Desencantado, ele se torna desapegado. Através do desapego a sua mente é
libertada. Quando ela está libertada surge o conhecimento: ‘Libertada.’ Ele
compreende que: ‘O nascimento foi destruído, a vida santa foi vivida, o que deveria
ser feito foi feito, não há mais vir a ser a nenhum estado.’”
“Vendo dessa forma, bhikkhus, um nobre discípulo bem instruído se desencanta com
a forma, se desencanta com a sensação, se desencanta com a percepção, se
desencanta com as formações volitivas, se desencanta com a consciência.
Desencantado, ele se torna desapegado. Através do desapego a sua mente é
libertada. Quando ela está libertada surge o conhecimento: ‘Libertada.’ Ele
compreende que: ‘O nascimento foi destruído, a vida santa foi vivida, o que deveria
ser feito foi feito, não há mais vir a ser a nenhum estado.’”
“Vendo dessa forma, bhikkhus, um nobre discípulo bem instruído se desencanta com
a forma, se desencanta com a sensação, se desencanta com a percepção, se
desencanta com as formações volitivas, se desencanta com a consciência.
Desencantado, ele se torna desapegado. Através do desapego a sua mente é
libertada. Quando ela está libertada surge o conhecimento: ‘Liberta.’ Ele
compreende que: ‘O nascimento foi destruído, a vida santa foi vivida, o que deveria
ser feito foi feito, não há mais vir a ser a nenhum estado.’”
“A sensação é não-eu ... A percepção é não-eu ... As formações volitivas são não-eu ...
A consciência é não-eu. A causa e condição para o surgimento da consciência
também é não-eu. Como a consciência se origina daquilo que é não-eu, como poderia
ela ser o eu?
“Vendo dessa forma, bhikkhus, um nobre discípulo bem instruído se desencanta com
a forma, se desencanta com a sensação, se desencanta com a percepção, se
desencanta com as formações volitivas, se desencanta com a consciência.
Desencantado, ele se torna desapegado. Através do desapego a sua mente é
libertada. Quando ela está liberada surge o conhecimento: ‘Libertada.’ Ele
compreende que: ‘O nascimento foi destruído, a vida santa foi vivida, o que deveria
ser feito foi feito, não há mais vir a ser a nenhum estado.’”
Em Savatthi. “Bhikkhus, eu ensinarei para vocês sobre o fardo, sobre aquele que
carrega o fardo, sobre o levantamento do fardo e a sobre a deposição do fardo.
Ouçam e prestem muita atenção àquilo que eu vou dizer.” – “Sim, Venerável senhor,”
os bhikkhus responderam. O Abençoado disse o seguinte:
“E qual é o fardo? ‘Os cinco agregados influenciados pelo apego,’ deveria ser dito.
Quais cinco? A forma como um agregado influenciado pelo apego, a sensação como
um agregado influenciado pelo apego, a percepção como um agregado influenciado
pelo apego, as formações volitivas como um agregado influenciado pelo apego, a
consciência como um agregado influenciado pelo apego. A isto, bhikkhus se
denomina o fardo.
“E quem é aquele que carrega o fardo? ‘A pessoa,’ deveria ser dito. Este Venerável
com tal e qual nome. Ele é chamado o carregador do fardo.
Isso foi o que o Abençoado disse. Tendo dito isso, o Mestre disse mais:
“Abandonem o desejo e a cobiça pela sensação ... pela percepção ... pelas formações
volitivas ... pela consciência. Assim, aquela consciência será abandonada, cortada
pela raiz, feita como com um tronco de palmeira, eliminada de tal forma que não
estará mais sujeita a um futuro surgimento.”
"Bhikkhus, eu busquei o perigo na forma. Qualquer perigo que possa haver na forma
- isso eu descobri. Eu vi claramente através da sabedoria até onde se estende o
perigo na forma.
"Quem não busca o deleite na forma ... na sensação ... na percepção ... nas formações
volitivas ... na consciência não busca o deleite no sofrimento. Quem não busca
deleite no sofrimento, eu digo, está livre do sofrimento."
"Qual, bhikkhus, é a raiz do sofrimento? É este desejo que conduz a uma renovada
existência, acompanhado pela cobiça e pelo prazer, buscando o prazer aqui e ali; isto
é, o desejo pelos prazeres sensuais, o desejo por ser/existir, o desejo por não
ser/existir. Isso é chamado raiz do sofrimento."
“Bhikkhu, qualquer coisa com a qual alguém permaneça obcecado, com base nisso
ele será avaliado. Qualquer coisa com a qual alguém não permaneça obcecado, ele
não será avaliado com base nisso.”
“Se alguém permanecer obcecado com a forma, senhor, é com base nisso que ele
será avaliado.
“Se alguém permanecer obcecado com a consciência, senhor, é com base nisso que
ele será avaliado.
“Mas, se alguém não permanecer obcecado com a forma, senhor, ele não será
avaliado com base nisso.
“Muito bem, bhikkhu. É bom que seja assim que você tenha entendido o significado
em detalhe do que eu disse de forma resumida.
“Se alguém permanecer obcecado com a forma, bhikkhu, é com base nisso que ele
será avaliado.
“Se alguém permanecer obcecado com a consciência, bhikkhu, é com base nisso que
ele será avaliado.
“Mas se alguém não permanecer obcecado com a forma, bhikkhu, ele não será
avaliado com base nisso.
“Se alguém não permanecer obcecado com a consciência, bhikkhu, ele não será
avaliado com base nisso.
“Assim é como o significado em detalhe do que eu disse de forma resumida deve ser
entendido.”
“Bhikkhu, qualquer coisa com a qual alguém permaneça obcecado, com base nisso
ele será medido. Se alguém é medido com base em algo, então, com base nisso ele
será avaliado. Qualquer coisa com a qual alguém não permaneça obcecado, ele não
será medido com base nisso. Não sendo medido com base em algo, então ele não
será avaliado com base nisso.”
“Se alguém permanecer obcecado com a forma, senhor, é com base nisso que ele
será medido. Se alguém é medido com base em algo, então, com base nisso ele será
avaliado.
“Se alguém permanecer obcecado com a consciência, senhor, é com base nisso que
ele será medido. Se alguém é medido com base em algo, então, com base nisso ele
será avaliado.
“Mas, se alguém não permanecer obcecado com a forma, senhor, ele não será
medido com base nisso. Não sendo medido com base em algo, então, ele não será
avaliado com base nisso.
“Muito bem, bhikkhu. É bom que seja assim que você tenha entendido o significado
em detalhe do que eu disse de forma resumida.
“Se alguém permanecer obcecado com a forma, bhikkhu, é com base nisso que ele
será medido. Se alguém é medido com base em algo, então, com base nisso ele será
avaliado.
“Se alguém permanecer obcecado com a consciência, bhikkhu, é com base nisso que
ele será medido. Se alguém é medido com base em algo, então, com base nisso ele
será avaliado.
“Mas se alguém não permanecer obcecado com a forma, bhikkhu, ele não será
medido com base nisso. Não sendo medido com base em algo, então ele não será
avaliado com base nisso.
“Se alguém não permanecer obcecado com a consciência, bhikkhu, ele não será
medido com base nisso. Não sendo medido com base em algo, então ele não será
avaliado com base nisso.
“Assim é como o significado em detalhe do que eu disse de forma resumida deve ser
entendido.”
“Se, Ananda, alguém lhe perguntasse: ‘Amigo Ananda, quais são as coisas em relação
às quais a origem é discernida, a cessação é discernida, a alteração daquilo que está
presente é discernida?’ – sendo assim perguntado, como você responderia?”
"Amigos, com a forma que não nasceu, não se tornou manifesta, a origem será
discernida, a cessação será discernida, e uma alteração daquilo que está presente
será discernida. Com a sensação ... percepção ... formações volitivas ... consciência
que não nasceu, não se tornou manifesta, a origem será discernida, a cessação será
discernida, e uma alteração daquilo que está presente será discernida. É com relação
a essas coisas, amigos, que a origem será discernida, a cessação será discernida, e
uma alteração daquilo que está presente será discernida.
"Amigos, com a forma que nasceu, que se tornou manifesta, a origem é discernida, a
cessação é discernida, e uma alteração daquilo que está presente é discernida. Com a
sensação ... percepção ... formações volitivas ... consciência que nasceu, que se tornou
manifesta, a origem é discernida, a cessação é discernida, e uma alteração daquilo
que está presente é discernida. É com relação a essas coisas, amigos, que a origem é
discernida, a cessação é discernida, e uma alteração daquilo que está presente é
discernida.
Em Savatthi.
"Bhikkhus, sejam ilhas para vocês mesmos, refúgios para vocês mesmos, não
buscando nenhum refúgio externo; com o Dhamma como a sua ilha, o Dhamma
como refúgio, buscando nenhum outro refúgio, assim deve ser investigado: 'Do que
nascem a tristeza, lamentação, dor, angústia e desespero? Como são produzidos?'
"Ele considera que a sensação é o eu ... considera que a percepção é o eu ... considera
que as formações volitivas são o eu ... considera que a consciência é o eu, considera o
eu como possuído de consciência, considera a consciência como estando no eu,
consciência o eu como estando na consciência. Essa consciência muda e se altera.
Com a consciência mudando e se alterando a tristeza, lamentação, dor, angústia e
desespero surgem nele.
“Por estar libertada, ela fica estável; estando estável, ela fica satisfeita; estando
satisfeita, ele não fica agitado. Não estando agitado, ele realiza nibbana. Ele
compreende que: ‘O nascimento foi destruído, a vida santa foi vivida, o que deveria
ser feito foi feito, não há mais vir a ser a nenhum estado.’”
Em Savatthi.
"Quando alguém vê assim como na verdade é com correta sabedoria, ele não mais
possui idéias acerca do passado. Quando alguém não mais possui idéias acerca do
passado, ele não mais possui idéias acerca do futuro. Quando alguém não mais
possui idéias acerca do futuro, ele não mais possui apego obstinado. Quando alguém
não mais possui apego obstinado, a mente se desapega da forma, da sensação, da
percepção, das formações volitivas, da consciência, e é libertada das impurezas
através do não apego.
“Por estar libertado, ele fica estável; estando estável, ele fica satisfeito; estando
satisfeito, ele não fica agitado. Não estando agitado, ele realiza nibbana. Ele
compreende que: ‘O nascimento foi destruído, a vida santa foi vivida, o que deveria
ser feito foi feito, não há mais vir a ser a nenhum estado.’”
“Portanto, esse modo de considerar as coisas e a noção ‘eu sou’ não desapareceram
nela. Como ‘eu sou’ não desapareceu, ocorre o pouso das cinco faculdades – olho,
ouvido, nariz, língua e corpo. Há, bhikkhus, mente, há fenômenos mentais e o
elemento ignorância. Quando uma pessoa comum, sem instrução, tem contato com
uma sensação nascida da ignorância, ocorrem os pensamentos: ‘Eu sou,’ ‘Eu sou
assim,’ ‘Eu serei,’ ‘Eu não serei,’ ‘Eu possuirei forma,’ ‘Eu serei desprovido de forma,’
‘Eu serei perceptivo,’ ‘Eu não serei perceptivo,’ ‘Eu serei nem perceptivo, nem não
perceptivo.’
“As cinco faculdades, bhikkhus, ali permanecem. E com relação a elas, um discípulo
dos nobres, bem instruído, abandona a ignorância e faz surgir o verdadeiro
conhecimento. Com o desaparecimento da ignorância e o surgimento do verdadeiro
conhecimento, os pensamentos - ‘Eu sou,’ ‘Eu sou assim,’ ‘Eu serei,’ ‘Eu não serei,’
‘Eu possuirei forma,’ ‘Eu serei desprovido de forma,’ ‘Eu serei perceptivo,’ ‘Eu não
serei perceptivo,’ ‘Eu serei nem perceptivo, nem não perceptivo.’ – não lhe ocorrem.”
"Quando qualquer contemplativo ou Brâmane, com base na sensação ... percepção ...
formações volitivas ... consciência - que é impermanente, sofrimento, e sujeita à
mudança - considera a si mesmo como: 'Eu sou superior,' ou 'Eu sou igual,' ou 'Eu
sou inferior,' a que se deve isso exceto por não ver as coisas como elas na verdade
são?
"Quando qualquer contemplativo ou Brâmane, com base na sensação ... percepção ...
formações volitivas ... consciência - que é impermanente, sofrimento, e sujeita à
mudança - não considera a si mesmo como: 'Eu sou superior,' ou 'Eu sou igual,' ou
'Eu sou inferior,' a que se deve isso exceto por ver as coisas como elas na verdade
são?
“Portanto, Sona, qualquer forma, quer seja do passado, futuro ou presente, interna
ou externa; grosseira ou sutil; inferior ou superior, próxima ou distante: toda forma
deve ser vista como na verdade é, com correta sabedoria: ‘Isso não é meu, isso não
sou eu, isso não é o meu eu.’
“Qualquer sensação...
“Qualquer percepção...
Em Savathi. “Quem está apegado não está libertado; quem não está apegado está
libertado. A consciência, bhikkhus, enquanto se mantém, poderá ser mantida
apegada à forma, suportada pela forma, fundamentada na forma e com um pouco de
prazer, ela poderá exibir crescimento, incremento e expansão. Ou a consciência,
enquanto se mantém poderá ser mantida apegada à sensação ... apegada à
percepção ... apegada às formações volitivas, suportada pelas formações volitivas,
fundamentada nas formações volitivas e com um pouco de prazer, ela poderá exibir
crescimento, incremento e expansão.
“Quando esta consciência não se estabelece, não cresce, não gera, ela se liberta.
Estando libertada, ela fica estável; estando estável, ela fica satisfeita; estando
satisfeita, ela não se agita. Sem agitação, ele realiza nibbana. Ele compreende que ‘O
nascimento foi destruído, a vida santa foi vivida, o que deveria ser feito foi feito, não
há mais vir a ser a nenhum estado.’”
“Não, senhor.”
“Não, senhor.”
“Quando esta consciência não se estabelece, não cresce, não gera, ela se liberta.
Estando libertada, ela fica estável; estando estável, ela fica satisfeita; estando
satisfeita, ela não se agita. Sem agitação, ele realiza nibbana. Ele compreende que ‘O
nascimento foi destruído, a vida santa foi vivida, o que deveria ser feito foi feito, não
há mais vir a ser a nenhum estado.’”
Em Savatthi. Lá o Abençoado disse esta exposição inspirada: ‘Isso poderá não ser;
isso poderá não ser meu. Isso não será; isso não será meu': assim determinado, um
bhikkhu poderá remover os cinco primeiros grilhões.'"
Quando isso foi dito, um certo bhikkhu disse para o Abençoado: "Mas como,
Venerável senhor, um bhikkhu poderá assim determinado: ‘Isso poderá não ser; isso
poderá não ser meu. Isso não será; isso não será meu', remover os cinco primeiros
grilhões?"
"Aqui, bhikkhu, a pessoa comum sem instrução, que não respeita os nobres ...
considera a forma como sendo o eu ... ou o eu na consciência.
"Ela não compreende como na verdade é a forma dolorosa como 'forma dolorosa' ...
sensação dolorosa como 'sensação dolorosa' ... percepção dolorosa como 'percepção
dolorosa' ... formações volitivas dolorosas como 'formações volitivas dolorosas' ...
consciência dolorosa como 'consciência dolorosa'.
"Ela não compreende como na verdade é a forma como não-eu como 'forma como
não-eu' ... sensação como não-eu como 'sensação como não-eu' ... percepção como
não-eu como 'percepção como não-eu' ... formações volitivas como não-eus como
'formações volitivas como não-eus' ... consciência como não-eu como 'consciência
como não-eu'.
"Ela não compreende como na verdade é a forma será exterminada como 'forma
será exterminada' ... sensação será exterminada como 'sensação será exterminada' ...
percepção será exterminada como 'percepção será exterminada' ... formações
volitivas serão exterminadas como 'formações volitivas serão exterminadas' ...
consciência será exterminada como 'consciência será exterminada'.
"O nobre discípulo bem instruído, bhikkhu, que respeita os nobres ... não considera a
forma como sendo o eu ... ou o eu na consciência.
"Ele compreende como na verdade é a forma como não-eu como 'forma como não-
eu' ... sensação como não-eu como 'sensação como não-eu' ... percepção como não-eu
como 'percepção como não-eu' ... formações volitivas como não-eus como
'formações volitivas como não-eus' ... consciência como não-eu como 'consciência
como não-eu'.
"Ele compreende como na verdade é a forma será exterminada como 'forma será
exterminada' ... sensação será exterminada como 'sensação será exterminada' ...
percepção será exterminada como 'percepção será exterminada' ... formações
volitivas serão exterminadas como 'formações volitivas serão exterminadas' ...
consciência será exterminada como 'consciência será exterminada'.
"Agora, enquanto eu não obtive o conhecimento direto das fases desses cinco
agregados influenciados pelo apego, eu não reivindiquei ter despertado para a
insuperável perfeita iluminação neste mundo com os seus devas, Maras e Brahmas,
esta população com seus contemplativos e Brâmanes, seus príncipes e povo. Mas,
quando obtive o conhecimento direto de como na verdade são, então reivindiquei
ter despertado para a insuperável perfeita iluminação neste mundo com ... seus
príncipes e povo.
“E como, bhikkhus, são as quatro fases? Eu obtive o conhecimento direto da forma ...
da origem da forma ... da cessação da forma ... do caminho da prática que conduz à
cessação da forma.
“E o que, bhikkhus, são as formações volitivas? Esses seis grupos de volições (ou
intenções) – volições relacionadas às formas, volições relacionadas aos sons,
volições relacionadas aos aromas, volições relacionadas aos sabores, volições
relacionadas aos tangíveis, volições relacionadas aos objetos mentais: a isso se
denomina formações volitivas. Com o surgimento do contato, surgem as formações
volitivas. Cessando o contato, cessam as formações volitivas. E exatamente este
nobre caminho óctuplo é o caminho da prática que conduz à cessação das formações
volitivas ...
“Ele compreende a sensação ... Ele compreende a percepção ... Ele compreende as
formações volitivas ...
“E o que, bhikkhus, são as formações volitivas? Esses seis grupos de volições (ou
intenções) – volições relacionadas às formas, volições relacionadas aos sons,
volições relacionadas aos aromas, volições relacionadas aos sabores, volições
relacionadas aos tangíveis, volições relacionadas aos objetos mentais: a isso se
denomina formações volitivas. Com o surgimento do contato, surgem as formações
volitivas. Cessando o contato, cessam as formações volitivas. E exatamente este
nobre caminho óctuplo é o caminho da prática que conduz à cessação das formações
volitivas ... O prazer e a alegria que surgem na dependência das formações volitivas:
essa é a gratificação das formações volitivas. As formações volitivas são
impermanentes, sofrimento e sujeitas à mudança: esse é o perigo nas formações
volitivas. A remoção e o abandono do desejo e cobiça pelas formações volitivas: essa
é a escapatória das formações volitivas.
“Um bhikkhu que tenha habilidade nos sete casos e seja um investigador tríplice, é
chamado neste Dhamma e Disciplina, aquele que é consumado, aquele que viveu a
vida santa completamente, um tipo de pessoa suprema.”
“Então, ouçam e prestem muita atenção àquilo que eu vou dizer.” – “Sim, Venerável
senhor,” os bhikkhus responderam. O Abençoado disse o seguinte:
“A forma, bhikkhus, é não-eu. Pois, bhikkhus, se a forma fosse o eu, essa forma não
conduziria ao sofrimento e seria possível obter da forma: ‘Que a minha forma seja
assim; que a minha forma não seja assim.’ Mas porque a forma é não-eu, a forma
conduz ao sofrimento e não é possível obter da forma: ‘Que a minha forma seja
assim; que a minha forma não seja assim.’
“A sensação é não-eu...
“A percepção é não-eu...
“Impermanente, senhor.
“Sofrimento, senhor.
“Não, senhor.
“Impermanente, senhor.
“Impermanente, senhor.
“Impermanentes, senhor.
“Impermanente, senhor.
“Sofrimento, senhor.
“Não, senhor.
“Portanto, bhikkhus, qualquer forma, quer seja do passado, futuro ou presente,
interna ou externa; grosseira ou sutil; inferior ou superior, próxima ou distante:
toda forma deve ser vista como na verdade é, com correta sabedoria: ‘Isso não é
meu, isso não sou eu, isso não é o meu eu.’
“Vendo dessa forma, o nobre discípulo bem instruído se desencanta com a forma, se
desencanta com a sensação, se desencanta com a percepção, se desencanta com as
formações volitivas, se desencanta com a consciência. Desencantado ele se torna
desapegado. Através do desapego a sua mente é libertada. Quando ela está libertada
surge o conhecimento: ‘Libertada.’ Ele compreende que: ‘O nascimento foi destruído,
a vida santa foi vivida, o que deveria ser feito foi feito, não há mais vir a ser a
nenhum estado.’”
Isso foi o que o Abençoado disse. Os bhikkhus ficaram satisfeitos e contentes com as
palavras do Abençoado. E enquanto essa explanação estava sendo dada, as mentes
do grupo de cinco bhikkhus, foram libertadas das impurezas através do desapego.
"Mahali, se esta sensação ... percepção ... formações volitivas ... consciência fosse
exclusivamente sofrimento, imersa no sofrimento, impregnada de sofrimento, e se
ela não estivesse também imersa no prazer, os seres não se enamorariam da
consciência. Mas porque a consciência é prazerosa, impregnada de prazer, imersa no
prazer, e não está apenas imersa no sofrimento, os seres se enamoram da
consciência. Enamorando-se da consciência, os seres são cativados pela consciência,
e sendo cativados pela consciência eles são contaminados. Mahali, essa é a causa ou
condição para a contaminação dos seres; é assim que os seres são contaminados
com causas ou condições.
"Mas, Venerável senhor, qual é a causa ou condição para a purificação dos seres?
Como os seres são purificados com causas ou condições?"
"Mahali, se esta sensação ... percepção ... formações volitivas ... consciência fosse
exclusivamente prazer, imersa no prazer, impregnada de prazer, e se ela não
estivesse também imersa no sofrimento, os seres não experimentariam o
desencantamento da consciência. Mas porque a consciência é sofrimento,
impregnada de sofrimento, imersa no sofrimento, e não está apenas imersa no
prazer, os seres experimentam o desencantamento da consciência. Experimentando
o desencantamento da consciência, os seres se desapegam da consciência, e
desapegados da consciência eles são purificados. Mahali, essa é a causa ou condição
para a purificação dos seres; é assim que os seres são purificados com causas ou
condições."
Aditta Sutta (SN XXII.61) - Em Chamas
"Qualquer forma, bhikkhus, que tenha passado, cessado, mudado: o termo, rótulo e
descrição 'foi' é aplicado, não o termo 'é' ou o termo 'será'.
"Qualquer forma, bhikkhus, que não tenha nascido, não tenha se manifestado: o
termo, rótulo e descrição 'será' é aplicado, não o termo 'é' ou o termo 'foi'.
"Qualquer forma, bhikkhus, que tenha nascido, tenha se manifestado: o termo, rótulo
e descrição 'é' é aplicado, não o termo 'será' ou o termo 'foi'.
“Bhikkhu, com apego alguém está atado por Mara; sem apego ele estará libertado do
Senhor do Mal.”
“Com apego à forma, Venerável senhor, alguém está atado por Mara; sem apego à
forma ele estará libertado do Senhor do Mal. Com apego à sensação ... à percepção ...
às formações volitivas ... à consciência ... alguém está atado por Mara; sem apego à
consciência ele estará libertado do Senhor do Mal.
“Muito bem, bhikkhu. É bom que seja assim que você tenha entendido o significado
em detalhe do que eu disse de forma resumida. Com apego à forma, alguém está
atado por Mara ... sem apego à consciência ele estará libertado do Senhor do Mal.
Assim é como o significado em detalhe do que eu disse de forma resumida deve ser
entendido.”
“Bhikkhu, com presunção alguém está atado por Mara; sem presunção ele estará
libertado do Senhor do Mal.”
“Com presunção em relação à forma, Venerável senhor, alguém está atado por Mara;
sem presunção em relação à forma ele estará libertado do Senhor do Mal. Com
presunção em relação à sensação ... à percepção ... às formações volitivas ... à
consciência ... alguém está atado por Mara; sem presunção em relação à consciência
ele estará libertado do Senhor do Mal.
“Muito bem, bhikkhu. É bom que seja assim que você tenha entendido o significado
em detalhe do que eu disse de forma resumida. Com presunção em relação à forma,
alguém está atado por Mara ... sem presunção em relação à consciência ele estará
libertado do Senhor do Mal. Assim é como o significado em detalhe do que eu disse
de forma resumida deve ser entendido.”
“Bhikkhu, buscando o prazer, alguém está atado por Mara; não buscando o prazer,
ele estará liberto do Senhor do Mal.”
“Buscando o prazer em relação à forma, Venerável senhor, alguém está atado por
Mara; não buscando o prazer em relação à forma ele estará liberto do Senhor do
Mal. Buscando o prazer em relação à sensação ... à percepção ... às formações
volitivas ... à consciência ... alguém está atado por Mara; não buscando o prazer em
relação à consciência ele estará liberto do Senhor do Mal
“Muito bem, bhikkhu. É bom que seja assim, que você tenha entendido o significado
em detalhe do que eu disse de forma resumida. Buscando o prazer em relação à
forma, alguém está atado por Mara ... não buscando o prazer em relação à
consciência ele estará liberto do Senhor do Mal. Assim é como o significado em
detalhe do que eu disse de forma resumida deve ser entendido.”
“Muito bem, bhikkhu. É bom que seja assim que você tenha entendido o significado
em detalhe do que eu disse de forma resumida. A forma é impermanente ... a
consciência é impermanente; você deve abandonar o desejo por ela. Assim é como o
significado em detalhe do que eu disse de forma resumida deve ser entendido.”
“Muito bem, bhikkhu. É bom que seja assim que você tenha entendido o significado
em detalhe do que eu disse de forma resumida. A forma é sofrimento ... a consciência
é sofrimento; você deve abandonar o desejo por ela. Assim é como o significado em
detalhe do que eu disse de forma resumida deve ser entendido.”
“Muito bem, bhikkhu. É bom que seja assim que você tenha entendido o significado
em detalhe do que eu disse de forma resumida. A forma é não-eu ... a consciência é
não-eu; você deve abandonar o desejo por ela. Assim é como o significado em
detalhe do que eu disse de forma resumida deve ser entendido.”
“Bhikkhu, você deve abandonar o desejo por tudo que não pertence ao eu.”
“Muito bem, bhikkhu. É bom que seja assim que você tenha entendido o significado
em detalhe do que eu disse de forma resumida. A forma que não pertence ao eu ... a
consciência que não pertence ao eu; você deve abandonar o desejo por ela. Assim é
como o significado em detalhe do que eu disse de forma resumida deve ser
entendido.”
“Muito bem, bhikkhu. É bom que seja assim que você tenha entendido o significado
em detalhe do que eu disse de forma resumida. A forma é sedutora ... a consciência é
sedutora; você deve abandonar o desejo por ela. Assim é como o significado em
detalhe do que eu disse de forma resumida deve ser entendido.”
“Venerável senhor, como é que alguém deve compreender, como é que alguém deve
ver para que, em relação a este corpo com a consciência e em relação a todos os
sinais externos, não exista a fabricação de um eu, a fabricação do meu e a tendência
subjacente à presunção?”
“Qualquer sensação ... Qualquer percepção ... Quaisquer formações volitivas ...
Qualquer consciência, quer seja do passado, do futuro ou do presente, interna ou
externa; grosseira ou sutil; inferior ou superior; próxima ou distante: toda
consciência deve ser vista como na verdade é, com correta sabedoria: ‘Isso não é
meu, isso não sou eu, isso não é o meu eu.’
“Quando alguém sabe e vê assim, Radha, então, em relação a este corpo com a
consciência e em relação a todos os sinais externos, não existe a fabricação de um
eu, a fabricação do meu e a tendência subjacente à presunção.”
“Venerável senhor, como é que alguém deve compreender, como é que alguém deve
ver para que, em relação a este corpo com a consciência e em relação a todos os
sinais externos, a mente esteja livre da fabricação do eu, da fabricação do meu e da
presunção, e para que ela transcenda a dualidade e esteja em paz e bem libertada?”
“Qualquer sensação ... Qualquer percepção ... Quaisquer formações volitivas ...
Qualquer consciência, quer seja do passado, do futuro ou do presente, interna ou
externa; grosseira ou sutil; inferior ou superior; próxima ou distante: toda
consciência deve ser vista como na verdade é, com correta sabedoria: ‘Isso não é
meu, isso não sou eu, isso não é o meu eu.’
“Quando alguém sabe e vê assim, Suradha, então, em relação a este corpo com a
consciência e em relação a todos os sinais externos, a mente estará livre da
fabricação do eu, da fabricação do meu e da presunção, terá transcendido a
dualidade e estará em paz e bem libertada.”
“Bhikkhus, qualquer que seja a extensão dos planos de ser/existir, até o pináculo do
ser/existir, cxxxiv estes são os supremos no mundo, estes são os melhores, isto é, os
arahants.’
“Vendo dessa forma, o nobre discípulo bem instruído se desencanta com a forma, se
desencanta com a sensação, se desencanta com a percepção, se desencanta com as
formações volitivas, se desencanta com a consciência. Desencantado ele se torna
desapegado. Através do desapego a sua mente é libertada. Quando ela está libertada
surge o conhecimento: ‘Libertada.’ Ele compreende que: ‘O nascimento foi destruído,
a vida santa foi vivida, o que deveria ser feito foi feito, não há mais vir a ser a
nenhum estado.’”
“Bhikkhus, qualquer que seja a extensão dos planos de ser/existir, até o pináculo do
ser/existir, estes são os supremos no mundo, estes são os melhores, isto é, os
arahants."
“Bhikkhus, o leão, o rei dos animais, ao anoitecer sai do seu covil. Ele se espreguiça,
inspeciona os quatro quadrantes, ruge o seu rugido de leão três vezes e depois ele
vai em busca da caça.
“Agora, quaisquer animais que ouçam o rugido do leão, a maioria são agarrados pelo
medo, agitação e terror. Aqueles animais que vivem nos buracos, se escondem nos
buracos; aqueles que vivem nas florestas se refugiam nas florestas; e os pássaros se
elevam no céu. Todos os elefantes reais que vivem nos vilarejos, cidades ou capitais,
amarrados com fortes correias de couro, arrebentam e rompem essas correias e
passando urina e excremento, correm em todas as direções apavorados. Tanto
poder, bhikkhus, tem o leão, o rei dos animais, sobre os outros animais, tão poderosa
é a sua influência e majestade.
“Então, bhikkhus, quaisquer devas que existam – com vida longa, belos, cheios de
felicidade, vivendo por muito tempo nos seus paraísos celestiais – eles também, ao
ouvirem o Dhamma ensinado pelo Tathagata, a maioria são agarrados pelo medo,
agitação e terror, e exclamam: ‘Oh, nós que pensávamos sermos permanentes somos
na verdade impermanentes. Nós que pensávamos estarmos seguros estamos na
verdade inseguros. Nós que pensávamos sermos eternos somos na verdade não-
eternos. Portanto de fato somos impermanentes, inseguros e não-eternos e estamos
dentro da esfera da identidade.’”
"Tanto poder, bhikkhus, tem o Tathagata sobre o mundo com os seus devas, tão
poderosa é a sua influência e majestade."
Isso foi o que o Abençoado disse. Tendo dito isso o Mestre disse ainda mais:
“E assim, um nobre discípulo bem instruído reflete desta maneira: ‘Eu agora estou
sendo transtornado pela forma. E no passado, eu também fui transtornado pela
forma da mesma maneira que agora estou sendo transtornado pela presente forma.
E se eu buscar o prazer na forma futura, então no futuro, eu também serei
transtornado pela forma da mesma maneira como agora estou sendo transtornado
pela presente forma.’ Depois de refletir dessa maneira, ele se torna indiferente em
relação à forma passada, não busca o prazer na forma futura e a sua prática visa o
desencantamento, desapego e cessação em relação à forma presente.
“[Ele reflete:] ‘Eu agora estou sendo transtornado pela sensação ... percepção ...
formações volitivas ... consciência. Mas no passado, eu também fui transtornado pela
consciência da mesma maneira que agora estou sendo transtornado pela presente
consciência. E se eu buscar o prazer na consciência futura, então no futuro também
serei transtornado pela consciência da mesma maneira como agora estou sendo
transtornado pela presente consciência.’ Depois de refletir dessa maneira, ele se
torna indiferente em relação à consciência passada, não busca o prazer na
consciência futura, e a sua prática visa o desencantamento, desapego e cessação em
relação à presente consciência.
“Impermanente, senhor.
“Sofrimento, senhor.
“Não, senhor.
“Impermanente, senhor.
“Impermanente, senhor.
“Impermanentes, senhor.
“Impermanente, senhor.
“Sofrimento, senhor.
“E é adequado considerar o que é impermanente, sofrimento, sujeito a mudanças
como: 'Isso é meu. Isso sou eu. Isso é o meu eu’?
“Não, senhor.
“Qualquer sensação...
“Qualquer percepção...
“Esse, bhikkhus, é chamado um nobre discípulo, que desmonta e não monta; que
abandona e não se apega; que dispersa e não ajunta; que extingue e não acende.
“E o que, bhikkhus, ele desmonta e não monta? Ele desmonta a forma e não a monta.
Ele desmonta a sensação … percepção … formações volitivas … consciência e não a
monta.
“E o que, bhikkhus, ele abandona e não se apega? Ele abandona a forma e a ela não se
apega. Ele abandona a sensação … percepção … formações volitivas … consciência e
a ela não se apega.
“E o que, bhikkhus, ele dispersa e não ajunta? Ele dispersa a forma e não a ajunta. Ele
dispersa a sensação … percepção … formações volitivas … consciência e não a ajunta.
“E o que, bhikkhus ele extingue e não acende? Ele extingue a forma e não a acende.
Ele extingue a sensação … percepção … formações volitivas … consciência e não a
acende.
“Vendo dessa forma, o nobre discípulo bem instruído se desencanta com a forma, se
desencanta com a sensação, se desencanta com a percepção, se desencanta com as
formações volitivas, se desencanta com a consciência. Desencantado, ele se torna
desapegado. Através do desapego a sua mente é libertada. Quando ela está libertada
surge o conhecimento: ‘Libertada.’ Ele compreende que: ‘O nascimento foi destruído,
a vida santa foi vivida, o que deveria ser feito foi feito, não há mais vir a ser a
nenhum estado.’
“E o que, bhikkhus, ele nem monta e tampouco desmonta, mas que assim permanece
ao ter desmontado? Ele nem monta e tampouco desmonta a forma, mas assim
permanece ao ter desmontado a forma. Ele nem monta e tampouco desmonta a
sensação … percepção … formações volitivas … consciência, mas assim permanece
ao ter desmontado a consciência.
“E o que, bhikkhus, ele nem abandona e tampouco se apega, mas que assim
permanece ao ter abandonado? Ele nem abandona e tampouco se apega à forma,
mas assim permanece ao ao ter abandonado a forma. Ele nem abandona e tampouco
se apega à sensação … percepção … formações volitivas … consciência, mas assim
permanece ao ter abandonado a consciência.
“E o que, bhikkhus, ele não dispersa e tampouco junta, mas que assim permanece ao
ter dispersado? Ele não dispersa e tampouco junta a forma, mas assim permanece ao
ter dispersado a forma. Ele não dispersa e tampouco junta a sensação … percepção
… formações volitivas … consciência, mas assim permanece ao ter dispersado a
consciência.
“E o que, bhikkhus ele nem extingue e tampouco acende, mas que assim permanece
ao ter extinto? Ele nem extingue e tampouco acende a forma, mas assim permanece
ao ter extinto a forma. Ele nem extingue e tampouco acende a sensação … percepção
… formações volitivas … consciência, mas assim permanece ao ter extinto a
consciência.
“E para o bhikkhu, cuja mente estiver assim libertada, os devas, junto com Indra, os
Brahmas e Pajapati, prestam homenagem mesmo estando muito distantes:
Então depois de anoitecer o Abençoado saiu do seu isolamento e foi até o Parque de
Nigrodha. Ele sentou num assento que havia sido preparado e realizou tamanha
façanha de modo que os bhikkhus viessem tímidos, sós e em pares. cxl Então aqueles
bhikkhus foram até o Abençoado, tímidos, sós e em pares, e depois de cumprimentá-
lo sentaram a um lado. O Abençoado disse:
“Bhikkhus, este é o modo de vida mais baixo, isto é, esmolar comida. No mundo esse
é um termo ofensivo: ‘Você é um pedinte de comida, você anda por aí com uma
tigela de mendicante nas mãos!’ E no entanto, bhikkhus, membros de um clã que
intencionam o bem, adotam esse modo de vida com base num motivo justo. Não é
porque eles foram forçados por reis que eles fazem isso, nem porque foram forçados
por ladrões, nem porque têm dívidas, ou por medo, e tampouco para obter sustento.
Mas eles assim fazem com o pensamento: ‘Eu sou uma vítima do nascimento,
envelhecimento e morte, da tristeza, lamentação, dor, angústia e desespero; eu sou
uma vítima do sofrimento, uma presa do sofrimento. Com certeza, um fim a toda
essa massa de sofrimento pode ser apreendido.’
“É desse modo, bhikkhus, que um membro de um clã segue a vida santa. No entanto,
ele é cobiçoso, inflamado pela cobiça pelos prazeres sensuais, com a mente cheia de
má vontade, com as intenções corrompidas pela raiva, com a mente confusa, sem
plena consciência, desconcentrado, com a mente dispersa, com as faculdades dos
sentidos descontroladas. Tal como um pedaço de lenha de uma pira funerária,
ardendo em ambas pontas e suja de excremento no meio, não pode ser usado como
madeira no vilarejo ou na floresta, da mesma forma eu falo dessa pessoa: ele perdeu
os prazeres de um chefe de família sem no entanto preencher os requisitos do
ascetismo.
“Vendo dessa forma, o nobre discípulo bem instruído se desencanta com a forma, se
desencanta com a sensação, se desencanta com a percepção, se desencanta com as
formações volitivas, se desencanta com a consciência. Desencantado ele se torna
desapegado. Através do desapego a sua mente é libertada. Quando ela está libertada
surge o conhecimento: ‘Libertada.’ Ele compreende que: ‘O nascimento foi destruído,
a vida santa foi vivida, o que deveria ser feito foi feito, não há mais vir a ser a
nenhum estado.’”
Então, não muito tempo depois que o Abençoado havia saído, um certo bhikkhu foi
até o Venerável Ananda e ao chegar disse, “Agora mesmo, Ananda, o Abençoado
arrumou a sua habitação e – sem chamar o seu acompanhante ou avisar a
comunidade de bhikkhus – saiu caminhando só e sem companhia.”
Então, o Venerável Ananda foi com aqueles bhikkhus até onde estava o Abençoado
em Palileyyaka, ao pé da auspiciosa árvore Sal e ao chegar, depois de cumprimentá-
lo, sentaram a um lado e o Abençoado os instruiu, motivou, estimulou e encorajou
com um discurso do Dhamma.
“Bhikkhus, este Dhamma foi ensinado por mim com base na investigação profunda.
Os quatro fundamentos da atenção plena foram ensinados com base na investigação
profunda. Os quatro esforços corretos ... As quatro bases do poder ... As cinco
faculdades ... Os cinco poderes ... Os sete fatores da iluminação ... O nobre caminho
óctuplo foi ensinado por mim com base na investigação profunda. Bhikkhus, com
respeito ao Dhamma ensinado por mim com base na investigação profunda, um
pensamento surgiu na mente de um dos bhikkhus: ‘Como alguém deve compreender,
como alguém deve ver, para que ocorra a imediata destruição das impurezas?’
“E como, bhikkhus, alguém deve compreender, como alguém deve ver, para que
ocorra a imediata destruição das impurezas? É o caso em que uma pessoa comum
sem instrução, que não respeita os nobres, que não é proficiente nem treinada no
Dhamma deles, que não respeita os homens verdadeiros, que não é proficiente nem
treinada no Dhamma deles, considera que a forma é o eu. Essa consideração é uma
formação. Agora, qual é a causa, qual é a origem e do que essa formação nasce e é
produzida? Para uma pessoa comum sem instrução, tocada pela sensação que nasce
do contato e da ignorância, o desejo surge: assim nasce essa formação.
“Ela pode não considerar que a forma é o eu, mas ela considera o eu possuído de
forma, ... a forma como estando no eu, ... o eu como estando na forma. Ou pode não
considerar que a sensação seja o eu, mas ela considera o eu possuído de sensação, ...
a sensação como estando no eu, ... o eu como estando na sensação. Ou pode não
considerar que a percepção seja o eu, mas ela considera o eu possuído de percepção,
... a percepção como estando no eu, ... o eu como estando na percepção. Ou pode não
considerar que as formações volitivas sejam o eu, mas ela considera o eu possuído
de formações volitivas, ... as formações volitivas como estando no eu, ... o eu como
estando nas formações volitivas. Ou pode não considerar que a consciência seja o eu,
mas ela considera o eu possuído de consciência, ... a consciência como estando no eu,
... o eu como estando na consciência. Essa consideração é uma formação. Agora, qual
é a causa, qual é a origem e do que essa formação nasce e é produzida? Para uma
pessoa comum sem instrução, tocada pela sensação que nasce do contato e da
ignorância, o desejo surge: assim nasce essa formação.
“Ele pode não considerar que a forma é o eu ... o eu como estando na consciência,
mas ele poderá ter uma idéia como esta: ‘Aquilo que é o eu é o mundo; depois de
falecer, assim serei: permanente, estável, eterno, não sujeito a mudanças.’ Essa idéia
da eternidade é uma formação. Agora, qual é a causa, qual é a origem e do que essa
formação nasce e é produzida? Para uma pessoa comum sem instrução, tocada pela
sensação que nasce do contato e da ignorância, o desejo surge: assim nasce essa
formação.
“Ele pode não considerar que a forma é o eu ... ou ter essa idéia da eternidade, mas
ele poderá ter uma idéia como esta: ‘Eu poderei não ser; isso poderá não ser para
mim; eu não serei; isso não será para mim.’ Essa idéia de aniquilação é uma
formação. Agora, qual é a causa, qual é a origem e do que essa formação nasce e é
produzida? Para uma pessoa comum sem instrução, tocada pela sensação que nasce
do contato e da ignorância, o desejo surge: assim nasce essa formação.
“Ele pode não considerar que a forma é o eu ... ou ter essa idéia de aniquilação, mas
ele está perplexo, com dúvidas e incertezas em relação ao verdadeiro Dhamma. Essa
perplexidade, dúvida e incerteza em relação ao verdadeiro Dhamma é uma
formação. Agora, qual é a causa, qual é a origem e do que essa formação nasce e é
produzida? Para uma pessoa sem instrução, tocada pela sensação que nasce do
contato e da ignorância, o desejo surge: assim nasce essa formação.
3. Então um certo bhikkhu levantou do seu assento, arrumou o seu manto superior
sobre um ombro e juntando as mãos em uma saudação respeitosa disse para o
Abençoado:
4. “Não são estes, Venerável senhor, os cinco agregados influenciados pelo apego;
isto é, o agregado da forma material influenciado pelo apego, o agregado da
sensação influenciado pelo apego, o agregado da percepção influenciado pelo apego,
o agregado das formações volitivas influenciado pelo apego, o agregado da
consciência influenciado pelo apego?”
“Esses, bhikkhus, são os cinco agregados influenciados pelo apego; isto é, o agregado
da forma material influenciado pelo apego ... e o agregado da consciência
influenciado pelo apego.”
Dizendo, “Muito bem, Venerável senhor”, o bhikkhu ficou contente e satisfeito com
as palavras do Abençoado. Então ele lhe fez outra pergunta:
5. “Mas, Venerável senhor, esses cinco agregados influenciados pelo apego estão
enraizados no que?”
“Esses cinco agregados influenciados pelo apego estão enraizados no desejo,
bhikkhu.”
“Bhikkhu, esse apego não é nem a mesma coisa que os cinco agregados influenciados
pelo apego, nem esse apego é algo separado dos cinco agregados influenciados pelo
apego. Qualquer desejo e cobiça que exista, esse é o apego.
7. “Mas, Venerável senhor, pode haver variedade no desejo e cobiça em relação aos
cinco agregados influenciados pelo apego?”
“Pode haver, bhikkhu,” o Abençoado disse. “Nesse caso, bhikkhu, alguém pensa o
seguinte: ‘Que a minha forma material seja assim no futuro; que a minha sensação
seja assim no futuro; que a minha percepção seja assim no futuro; que as minhas
formações volitivas sejam assim no futuro; que a minha consciência seja assim no
futuro.’ Dessa forma, existe variedade no desejo e cobiça em relação aos cinco
agregados influenciados pelo apego.”
“Os quatro grandes elementos, bhikkhu, são a causa e condição para a manifestação
do agregado da forma material. Contato é a causa e condição para a manifestação do
agregado da sensação. Contato é a causa e condição para a manifestação do
agregado da percepção. Contato é a causa e condição para a manifestação do
agregado das formações volitivas. Mentalidade-materialidade (nome e forma) é a
causa e condição para a manifestação do agregado da consciência.”
10. “Venerável senhor, como que surge a idéia da identidade?”
“ Nesse caso, bhikkhu, uma pessoa comum sem instrução que não respeita os nobres,
que não é proficiente nem treinada no Dhamma deles, que não respeita os homens
verdadeiros, que não é proficiente nem treinada no Dhamma deles, considera a
forma material como sendo o eu, ou o eu como possuído de forma material, ou a
forma material como estando no eu, ou o eu como estando na forma material. Ela
considera a sensação como sendo o eu ... percepção como sendo o eu ... formações
volitivas como sendo o eu ... consciência como sendo o eu, ou o eu como possuído de
consciência, ou a consciência como estando no eu, ou o eu como estando na
consciência. Assim é como surge a idéia da identidade.”
11. “Mas, Venerável senhor, como que não surge a idéia da identidade?”
“Neste caso, bhikkhu, um nobre discípulo bem instruído, que é proficiente e treinado
no Dhamma deles, que respeita os homens verdadeiros, que é proficiente e treinado
no Dhamma deles, não considera a forma material como sendo o eu, ou o eu como
possuído de forma material, ou a forma material como estando no eu, ou o eu como
estando na forma material. Ela não considera a sensação como sendo o eu ... não
considera a percepção como sendo o eu ... não considera as formações volitivas
como sendo o eu ... não considera a consciência como sendo o eu, ou o eu como
possuído de consciência, ou a consciência como estando no eu, ou o eu como
estando na consciência.. Assim é como não surge a idéia da identidade”.
13. “Venerável senhor, como alguém pode saber, como alguém pode ver, de modo
que em relação a este corpo com a sua consciência e todos os sinais externos, não
exista a fabricação de um eu, a fabricação de um meu e a tendência subjacente à
presunção?”
“Bhikkhu, qualquer tipo de forma material, quer seja do passado, do futuro ou do
presente, interna ou externa, grosseira ou sutil, inferior ou superior, próxima ou
distante – a pessoa vê toda forma material como na verdade ela é, com correta
sabedoria, deste modo: ‘Isso não é meu, isso não sou eu, isso não é o meu eu.’
Qualquer tipo de sensação ... Qualquer tipo de percepção ... Qualquer tipo de
formações volitivas ... Qualquer tipo de consciência ... a pessoa vê toda consciência
tal como na verdade ela é, com correta sabedoria, deste modo: ‘Isso não é meu, isso
não sou eu, isso não é o meu eu.’ É quando alguém sabe e vê desse modo que, em
relação a este corpo com a sua consciência e todos os sinais externos, não existe a
fabricação de um eu, a fabricação de um meu e a tendência subjacente à presunção.”
14. Então, na mente de um certo bhikkhu surgiu este pensamento: “Portanto, parece
que, a forma material não é o eu, a sensação não é o eu, a percepção não é o eu, as
formações volitivas não são o eu, a consciência não é o eu. Qual o eu então, que é
afetado por ações praticadas pelo não-eu?”
“Bhikkhus, o que vocês pensam: A sensação ... percepção ... formações volitivas ...
consciência são permanentes ou impermanentes?” – “Impermanentes Venerável
senhor.” - “Aquilo que é impermanente é sofrimento ou felicidade?” – “Sofrimento,
Venerável senhor.” – “É adequado que aquilo que é impermanente, sofrimento e está
sujeito à mudança, seja considerado desta forma: ‘Isso é meu, isso sou eu, isso é o
meu eu’?” – “Não Venerável senhor.”
16. Portanto, bhikkhus, qualquer tipo de forma material, quer seja do passado, do
futuro ou do presente ... toda forma material deve ser vista como na verdade ela é,
com correta sabedoria, deste modo: ‘Isso não é meu, isso não sou eu, isso não é o
meu eu’. Qualquer tipo de sensação ... Qualquer tipo de percepção ... Qualquer tipo
de formações volitivas ... Qualquer tipo de consciência ... toda consciência deve ser
vista como na verdade ela é, com correta sabedoria, deste modo: ‘Isso não é meu,
isso não sou eu, isso não é o meu eu.’
17. “Vendo desse modo um nobre discípulo bem instruído se desencanta com a
forma material, se desencanta com a sensação, se desencanta com a percepção, se
desencanta com as formações volitivas, se desencanta com a consciência.
Isso foi o que disse o Abençoado. Os bhikkhus ficaram satisfeitos e contentes com as
palavras do Abençoado. Agora, enquanto este discurso estava sendo dito, através do
desapego, as mentes de sessenta bhikkhus foram libertadas das impurezas.
"É através do apego, Ananda, que [a noção] 'Eu sou' ocorre, não sem apego. E com
apego em relação a que ocorre 'eu sou'? É através do apego à forma que 'eu sou'
ocorre, não sem apego. É através do apego à sensação ... percepção ... formações
volitivas ... consciência que 'eu sou' ocorre, não sem apego.
"Suponha, Ananda, que uma jovem mulher - ou homem - vigorosos, que apreciam
ornamentos, examinariam a própria face num espelho ou numa tigela com água
limpa, pura, cristalina: ela olharia com apego, não sem apego. Da mesma forma, é
através do apego que [a noção] 'Eu sou' ocorre, não sem apego. É através do apego à
forma que 'eu sou' ocorre, não sem apego. É através do apego à sensação ...
percepção ... formações volitivas ... consciência que 'eu sou' ocorre, não sem apego.
“Ananda, o que você pensa: A sensação ... percepção ... formações volitivas ...
consciência são permanentes ou impermanentes?” – “Impermanentes Venerável
senhor.” - “Aquilo que é impermanente é sofrimento ou felicidade?” – “Sofrimento,
Venerável senhor.” – “É adequado que aquilo que é impermanente, sofrimento e
sujeito à mudança, seja considerado desta forma: ‘Isso é meu, isso sou eu, isso é o
meu eu’?” – “Não Venerável senhor.”
Portanto, Ananda, qualquer tipo de forma material, quer seja do passado, do futuro
ou do presente ... toda forma material deve ser vista como na verdade ela é, com
correta sabedoria, deste modo: ‘Isso não é meu, isso não sou eu, isso não é o meu eu’.
Qualquer tipo de sensação ... Qualquer tipo de percepção ... Qualquer tipo de
formações volitivas ... Qualquer tipo de consciência ... toda consciência deve ser vista
como na verdade ela é, com correta sabedoria, deste modo: ‘Isso não é meu, isso não
sou eu, isso não é o meu eu.’
“Vendo desse modo um nobre discípulo bem instruído se desencanta com a forma
material, se desencanta com a sensação, se desencanta com a percepção, se
desencanta com as formações volitivas, se desencanta com a consciência.
“Sim, Venerável senhor,” esse bhikkhu respondeu e foi até o Venerável Tissa e disse:
“O Mestre o chama, amigo Tissa.”
“O que você pensa, Tissa, se alguém não estiver destituído de cobiça pela forma, não
estiver destituído de paixão, desejo, afeição, sede e ambição pela forma, então, com a
mudança e alteração daquela forma, a tristeza, lamentação, dor, angústia e
desespero surgirão?”
“Muito bem, Tissa! Assim ocorre, Tissa, com alguém que não esteja destituído de
cobiça pela forma. Se alguém não estiver destituído de cobiça pela sensação ... pela
percepção ... pelas formações volitivas ... pela consciência, não estiver destituído de
paixão, desejo, afeição, sede e ambição pela consciência, então, com a mudança e
alteração daquela consciência, a tristeza, lamentação, dor, angústia e desespero
surgirão?”
“Muito bem, Tissa! Assim ocorre, Tissa, com alguém que não esteja destituído de
cobiça pela consciência. Se alguém estiver destituído de cobiça pela forma, estiver
destituído de paixão, desejo, afeição, sede e ambição pela forma, então, com a
mudança e alteração daquela forma, a tristeza, lamentação, dor, angústia e
desespero surgirão?”
“Muito bem, Tissa! Assim ocorre, Tissa, com alguém que esteja destituído de cobiça
pela forma. Se alguém estiver destituído de cobiça pela sensação ... pela percepção ...
pelas formações volitivas ... pela consciência, estiver destituído de paixão, desejo,
afeição, sede e ambição pela consciência, então com a mudança e alteração daquela
consciência, a tristeza, lamentação, dor, angústia e desespero surgirão?”
“Muito bem, Tissa! Assim ocorre, Tissa, com alguém que esteja destituído de cobiça
pela consciência.
“Impermanente, senhor.
“Não, senhor.
“Impermanente, senhor.
“Impermanente, senhor.
“Impermanentes, senhor.
“Impermanente, senhor.
“Sofrimento, senhor.
“Não, senhor.
“Vendo dessa forma, o nobre discípulo bem instruído se desencanta com a forma,
desencanta com a sensação, desencanta com a percepção, desencanta com as
formações volitivas, desencanta com a consciência. Desencantado ele se torna
desapegado. Através do desapego a sua mente é libertada. Quando ela está libertada
surge o conhecimento: ‘Libertada.’ Ele compreende que: ‘O nascimento foi destruído,
a vida santa foi vivida, o que deveria ser feito foi feito, não há mais vir a ser a
nenhum estado.’”
“Suponha, Tissa, que houvesse dois homens: um sem habilidade no caminho, o outro
com habilidade no caminho. Aquele sem habilidade no caminho faria ao outro uma
pergunta acerca do caminho, e outro responderia: ‘Venha, bom homem, este é o
caminho. Siga por este caminho durante algum tempo e você irá encontrar uma
bifurcação. Evite o ramo da esquerda e tome o ramo da direita. Siga um pouco mais
adiante e você verá um bosque cerrado. Siga um pouco mais adiante e você verá um
vasto pantanal. Siga um pouco mais adiante e você verá um precipício escarpado.
Siga um pouco mais adiante e você verá uma encantadora extensão de terreno
plano.’
“Eu citei esse símile, Tissa, de forma a transmitir uma idéia. A idéia é a seguinte: ‘O
homem sem habilidade no caminho’: esta é uma designação para uma pessoa
comum. ‘O homem com habilidade no caminho’: esta é uma designação para o
Tathagata, o arahant, Perfeitamente Iluminado. ‘A bifurcação no caminho’: esta é
uma designação para a dúvida. ‘O ramo esquerdo’: esta é uma designação para o
caminho óctuplo falso; isto é, entendimento incorreto ... concentração incorreta. ‘O
ramo direito’: esta é uma designação para o Nobre Caminho Óctuplo; isto é,
entendimento correto ... concentração correta. ‘O bosque cerrado’: esta é uma
designação para a ignorância. ‘O vasto pantanal’: esta é uma designação para os
prazeres sensuais. ‘O precipício escarpado’: esta é uma designação para a
desesperança e a raiva. ‘A encantadora extensão de terreno plano’: esta é uma
designação para nibbana.
“Alegre-se, Tissa! Alegre-se, Tissa! Eu estou aqui para exortar, eu estou aqui para
ajudar, eu estou aqui para instruir!”
Isso foi o que disse o Abençoado. O Venerável Tissa ficou satisfeito e contente com
as palavras do Abençoado.
"Da forma como eu entendo o Dhamma ensinado pelo Abençoado, um bhikkhu que
não possui mais impurezas, na dissolução do corpo, é aniquilado, extinto e não
existe após a morte." Um grande número de bhikkhus ouviu, "Eles dizem que esta
idéia perniciosa surgiu na mente na mente do Venerável Yamaka: 'Da forma como
eu entendo o Dhamma ensinado pelo Abençoado, um bhikkhu que não possui mais
impurezas, na dissolução do corpo, é aniquilado, extinto e não existe após a morte.'"
"Não diga isso, amigo Yamaka. Não deturpe o Abençoado; não é bom deturpar o
Abençoado. O Abençoado não falaria dessa forma: 'Um bhikkhu que não possui mais
impurezas, na dissolução do corpo, é aniquilado, extinto e não existe após a morte.'"
Apesar disso, mesmo tendo sido pressionado, questionado e examinado por eles
desta forma, o Venerável Yamaka, ainda assim, obstinadamente manteve a sua idéia
perniciosa e continuou insistindo nela: 'Da forma como entendo o Dhamma
ensinado pelo Abençoado, um bhikkhu que não possui mais impurezas, na
dissolução do corpo, é aniquilado, extinto e não existe após a morte.'
Visto que os bhikkhus foram incapazes de fazer com que ele se separasse dessa idéia
perniciosa, eles se dirigiram até o Venerável Sariputta e depois de cumprimentá-lo
sentaram a um lado e disseram: "Amigo Sariputta, esta idéia perniciosa surgiu na
mente do Venerável Yamaka: 'Da forma como entendo o Dhamma ensinado pelo
Abençoado, um bhikkhu que não possui mais impurezas, na dissolução do corpo, é
aniquilado, extinto e não existe após a morte.' Seria bom se o amigo fosse até o
Venerável Yamaka por compaixão pelo seu bem-estar.
Então, naquela noite o Venerável Sariputta deixou o seu isolamento e foi até o
Venerável Yamaka e ao chegar ambos se cumprimentaram. Quando a conversa
amigável e cortês havia terminado, ele sentou a um lado e disse: "É verdade, meu
amigo Yamaka, que essa idéia perniciosa surgiu na sua mente: 'Da forma como
entendo o Dhamma ensinado pelo Abençoado, um bhikkhu que não possui mais
impurezas, na dissolução do corpo, é aniquilado, extinto e não existe após a morte.'
"Sim, meu amigo Sariputta. Da forma como entendo o Dhamma ensinado pelo
Abençoado, um bhikkhu que não possui mais impurezas, na dissolução do corpo, é
aniquilado, extinto e não existe após a morte."
“Impermanente, amigo.
“Sofrimento, amigo.
“Impermanente, amigo.
“Impermanente, amigo.
“Impermanentes, amigo.
“Impermanente, amigo.
“Sofrimento, amigo.
“Não, amigo.
“Você considera que o Tathagata não tem forma, não tem sensação, não tem
percepção, não tem formações volitivas, não tem consciência?
“Mas, amigo, quando você não consegue determinar o Tathagata como real e
presente nesta mesma vida, é apropriado que você declare, 'Da forma como entendo
o Dhamma ensinado pelo Abençoado, um bhikkhu que não possui mais impurezas,
na dissolução do corpo, é aniquilado, extinto e não existe após a morte'?
"Então amigo Yamaka, como você responderia se fosse perguntado desta forma: Um
bhikkhu, um nobre, sem impurezas mentais: o que acontecerá com ele na dissolução
do corpo após a morte?
"Muito bem, meu amigo Yamaka. Muito bem. Nesse caso eu lhe contarei um símile
para ampliar ainda mais o seu entendimento desse ponto. Suponha que houvesse
um chefe de família ou o filho de um chefe de família, rico, próspero, com muitas
posses, protegido por um guarda-costas. Então suponha que um homem aparecesse,
desejando arruiná-lo, desejando causar-lhe dano, colocá-lo em perigo, matá-lo. O
pensamento ocorreria a esse homem: 'Esse chefe de família, ou o filho de um chefe
de família, rico, próspero, com muitas posses, protegido por um guarda-costas, não
será fácil matá-lo pela força. E se eu me aproximasse dele e o matasse?"
"Assim ele iria até o chefe de família, ou o seu filho, e diria, 'Por favor me aceite
como um empregado, senhor.' Com isso o chefe de família, ou seu filho, tomariam o
homem como um empregado.
"Tendo sido aceito como um empregado, o homem levantaria pela manhã antes do
seu patrão, iria para a cama à noite somente depois do seu patrão, fazendo tudo
aquilo que o seu patrão ordenasse, sempre agindo para agradá-lo, dirigindo-se a ele
de forma cortês. Então o chefe de família, ou seu filho, passariam a considerá-lo
como um amigo e companheiro e depositariam confiança nele. Quando o homem se
desse conta, 'Esse chefe de família, ou o seu filho, confiam em mim,' então,
encontrando-o num lugar solitário, ele o mataria com uma faca afiada.
"Agora, o que você pensa meu amigo Yamaka? Quando o homem se dirigiu ao chefe
de família, ou seu filho, e lhe disse, 'Por favor me aceite como um empregado,
senhor': ele já não era então um assassino? E embora ele fosse um assassino, o chefe
de família ou seu filho não o reconheceram como sendo 'meu assassino.' E quando,
aceito como um empregado, ele se levantou pela manhã antes do seu patrão, foi para
a cama à noite somente após o seu patrão, fez tudo aquilo que o seu patrão ordenou,
sempre agindo para agradá-lo, dirigindo-se a ele de forma cortês: ele já não era
então um assassino? E embora ele fosse um assassino, o chefe de família, ou seu
filho, não o reconheceram como sendo 'meu assassino.' E quando ele o encontrou
num lugar solitário e o matou com uma faca afiada: ele já não era então um
assassino? E embora ele fosse um assassino, o chefe de família, ou seu filho, não o
reconheceram como sendo 'meu assassino.'"
"Da mesma forma, uma pessoa comum sem instrução que não respeita os nobres,
que não é proficiente nem treinada no Dhamma deles, que não respeita os homens
verdadeiros, que não é proficiente nem treinada no Dhamma deles supõem que a
forma é o eu, ou o eu possuído de forma, ou a forma como estando no eu, ou o eu
como estando na forma.
“Ela não compreende como na verdade é, a forma dolorosa como ‘forma dolorosa,’ ...
sensação dolorosa como ‘sensação dolorosa,’ ... percepção dolorosa como ‘percepção
dolorosa,’ ... formações volitivas dolorosas como ‘formações volitivas dolorosas,’ ...
consciência dolorosa como ‘consciência dolorosa.’
“Ela não compreende como na verdade é, a forma assassina como ‘forma assassina,’
... sensação assassina como ‘sensação assassina,’ ... percepção assassina como
‘percepção assassina,’ ... formações volitivas assassinas como ‘formações volitivas
assassinas,’ ... consciência assassina como ‘consciência assassina.’
"Ela se apega à forma, se agarra à forma e determina que ela é o seu 'eu.' Ela se
apega à sensação ... Ela se apega à percepção .... Ela se apega às formações volitivas ...
Ela se apega à consciência, se agarra à consciência e determina que ela é o seu 'eu.'
Esses cinco agregados influenciados pelo apego - aos quais ela se apega, se agarra -
conduzem ao sofrimento e aflição por muito tempo.
"Mas, amigo, o nobre discípulo bem instruído que respeita os nobres, que é
proficiente e treinado no Dhamma deles, que respeita os homens verdadeiros, que é
proficiente e treinado no Dhamma deles não supõe que a forma é o eu, ou o eu
possuído de forma, ou a forma como estando no eu, ou o eu como estando na forma.
“Ele compreende como na verdade é, a forma dolorosa como ‘forma dolorosa,’ ...
sensação dolorosa como ‘sensação dolorosa,’ ... percepção dolorosa como ‘percepção
dolorosa,’ ... formações volitivas dolorosas como ‘formações volitivas dolorosas,’ ...
consciência dolorosa como ‘consciência dolorosa.’
“Ele compreende como na verdade é, a forma assassina como ‘forma assassina,’ ...
sensação assassina como ‘sensação assassina,’ ... percepção assassina como
‘percepção assassina,’ ... formações volitivas assassinas como ‘formações volitivas
assassinas,’ ... consciência assassina como ‘consciência assassina.’
"Ele não se apega à forma, não se agarra à forma e não determina que ela é o seu
'eu'. Ele não se apega à sensação ... Ele não se apega à percepção .... Ele não se apega
às formações volitivas ... Ele não se apega à consciência, não se agarra à consciência
e não determina que ela é o seu 'eu'. Esses cinco agregados influenciados pelo apego
- aos quais ele não se apega, não se agarra - conduzem à felicidade e bem-estar por
muito tempo.
"Assim é, meu amigo Sariputta, para aqueles que têm pessoas como você como seus
companheiros na vida santa, ensinando-os, advertindo-os por compaixão, desejando
o seu bem-estar. Pois agora que ouvi essa sua explicação do Dhamma, minha mente,
através do desapego foi libertada das impurezas."
Isso foi o que disse o Venerável Sariputta. O Venerável Yamaka ficou satisfeito e
contente com as palavras do Venerável Sariputta.
Anuradha Sutta (SN XXII.86) - Para Anuradha
Ouvi que em certa ocasião o Abençoado estava próximo a Vesali, na Grande Floresta,
no Salão com um pico na cumeeira. Naquela ocasião, o Venerável Anuradha estava
não muito distante do Abençoado numa cabana na floresta.
Quando isso foi dito, o Venerável Anuradha disse para os errantes membros de
outra seita, “Amigos, o Tathagata – o homem supremo, o homem superlativo, que
realizou a realização superlativa – ao ser descrito, ele é descrito de uma maneira
distinta dessas quatro: o Tathagata existe após a morte; não existe após a morte;
ambos, existe e não existe após a morte; nem existe, nem não existe após a morte.”
Quando isso foi dito, os errantes membros de outra seita disseram para o Venerável
Anuradha, “Este bhikkhu é um novato, que não está na vida santa faz muito tempo;
ou se for um bhikkhu sênior, ele deve ser tolo e incompetente.” Assim, os errantes de
outra seita, tratando o Venerável Anuradha como se ele fosse um novato ou um tolo,
levantaram dos seus assentos e partiram.
Então, não muito tempo depois que os errantes de outra seita haviam partido, o
seguinte pensamento ocorreu ao Venerável Anuradha: “Se eu for novamente
questionado por esses errantes de outra seita, como responderei de modo que fale
de acordo com aquilo que foi dito pelo Abençoado, sem deturpá-lo com algo
contrário aos fatos, explicando de acordo com o Dhamma, de tal modo que nada que
dê margem à censura possa de forma legítima ser deduzido da minha declaração?”
“Quando isso foi dito, eu disse, ‘Amigos, o Tathagata – o homem supremo, o homem
superlativo, que realizou a realização superlativa – ao ser descrito, é descrito de
uma maneira distinta dessas quatro: o Tathagata existe após a morte; não existe
após a morte; ambos, existe e não existe após a morte; nem existe, nem não existe
após a morte.’
“Quando isso foi dito, os errantes de outra seita me disseram, ‘Este bhikkhu é um
novato, que não está na vida santa faz muito tempo; ou se for um bhikkhu sênior, ele
deve ser tolo e incompetente.” Assim, tratando-me como se eu fosse um novato ou
um tolo, eles se levantaram dos seus assentos e partiram.
Então, não muito tempo depois que os errantes de outra seita haviam partido, o
seguinte pensamento me ocorreu: “Se eu for novamente questionado por esses
errantes de outra seita, como responderei de modo que fale de acordo com aquilo
que foi dito pelo Abençoado, sem deturpá-lo com algo contrário aos fatos,
explicando de acordo com o Dhamma, de tal modo que nada que dê margem à
censura possa de forma legítima ser deduzido da minha declaração?”
“Impermanente, senhor.
“Sofrimento, senhor.
“Não, senhor.
“Impermanente, senhor.
“Impermanente, senhor.
“Impermanentes, senhor.
“Impermanente, senhor.
“Não, senhor.
“Não, senhor.
“Não, senhor.
“Não, senhor.
“Não, senhor.
“Não, senhor.
“O que você pensa, você considera que o Tathagata está na forma? ... Separado da
forma? ... Na sensação? ... Separado da sensação? ... Na percepção? ... Separado da
percepção? ... Nas formações volitivas? ... Separado das formações volitivas? ... Na
consciência? ... Separado da consciência?"
“Não, senhor.
“Não, senhor.
“Você considera que o Tathagata não tem forma, não tem sensação, não tem
percepção, não tem formações volitivas, não tem consciência?
“Não, senhor.
“Mas, Anuradha, quando você não consegue determinar o Tathagata como real e
presente nesta mesma vida, é apropriado que você declare, ‘Amigos, o Tathagata – o
homem supremo, o homem superlativo, que realizou a realização superlativa – ao
ser descrito, é descrito de uma maneira distinta dessas quatro: o Tathagata existe
após a morte; não existe após a morte; ambos, existe e não existe após a morte; nem
existe, nem não existe após a morte’?”
“Não, senhor.”
“Muito bem, Anuradha. Tanto antes, como agora, eu declaro somente o sofrimento e
a cessação do sofrimento.”
"Sim amigo," os bhikkhus responderam, e foram até onde estava o Abençoado, após
homenageá-lo, eles sentaram a um lado e relataram a sua mensagem. O Abençoado
consentiu em silêncio.
O Abençoado sentou no assento que havia sido preparado e disse para o Venerável
Vakkali: "Eu espero que você esteja melhorando, espero que você esteja confortável,
espero que as suas sensações de dor estejam diminuindo e não aumentando e que a
sua diminuição, não o seu aumento, seja evidente."
"Eu espero, Vakkali, que você não tenha nada que se repreender com relação à
virtude."
"Venerável senhor, eu não tenho nada que me repreender com relação à virtude."
"Então, Vakkali, se você não tem nada que se repreender com relação à virtude, por
que você está atormentado pelo remorso e arrependimento?"
"Por muito tempo, Venerável senhor, eu queria ter vindo ver o Abençoado, mas não
estive em condições de fazer isso."
"Já basta, Vakkali! Por que você quer ver este corpo asqueroso? Quem vê o Dhamma
vê a mim; quem me vê, vê o Dhamma. Pois ao ver o Dhamma, Vakkali, a pessoa vê a
mim; e vendo a mim, ela vê o Dhamma.
“Vakkali, o que você pensa: A sensação ... percepção ... formações volitivas ...
consciência são permanentes ou impermanentes?” – “Impermanentes Venerável
senhor.” - “Aquilo que é impermanente é sofrimento ou felicidade?” – “Sofrimento,
Venerável senhor.” – “É adequado que aquilo que é impermanente, sofrimento e está
sujeito à mudança, seja considerado desta forma: ‘Isso é meu, isso sou eu, isso é o
meu eu’?” – “Não Venerável senhor.”
Portanto, Vakkali, qualquer tipo de forma material, quer seja do passado, do futuro
ou do presente ... toda forma material deve ser vista como na verdade ela é, com
correta sabedoria, deste modo: ‘Isso não é meu, isso não sou eu, isso não é o meu eu’.
Qualquer tipo de sensação ... Qualquer tipo de percepção ... Qualquer tipo de
formações volitivas ... Qualquer tipo de consciência ... toda consciência deve ser vista
como na verdade ela é, com correta sabedoria, deste modo: ‘Isso não é meu, isso não
sou eu, isso não é o meu eu.’
“Vendo desse modo um nobre discípulo bem instruído se desencanta com a forma
material, se desencanta com a sensação, se desencanta com a percepção, se
desencanta com as formações volitivas, se desencanta com a consciência.
“Desencantado, ele se torna desapegado. Através do desapego a sua mente é
libertada. Quando ela está libertada surge o conhecimento: ‘Libertada.’ Ele
compreende que: ‘O nascimento foi destruído, a vida santa foi vivida, o que deveria
ser feito foi feito, não há mais vir a ser a nenhum estado’.
Então, não muito tempo depois do Abençoado ter partido, o Venerável Vakkali se
dirigiu aos seus assistentes assim: "Venham amigos, levantem a minha cama e me
carreguem até a Rocha Negra na encosta do Isigili. Como pode alguém como eu
pensar em morrer no meio das casas?"
Então quando a noite havia terminado, o Abençoado se dirigiu aos bhikkhus assim:
"Venham, bhikkhus, vão até o bhikkhu Vakkali e digam: 'Amigo Vakkali, ouça as
palavras do Abençoado e de duas devatas. Na noite passada, amigo, duas devatas
com belíssima aparência se aproximaram do Abençoado. Uma devata disse:
"Venerável senhor, o bhikkhu Vakkali intenciona pela libertação." A outra devata
disse: "Com certeza, Venerável senhor, ele será libertado como alguém bem
libertado." E o Abençoado lhe diz, amigo Vakkali: "Não tenha medo, Vakkali, não
tenha medo! A sua morte não será ruim. O seu falecimento não será ruim."'"
Então o Venerável Vakkali disse para os seus assistentes: "Venham, amigos, ajudem-
me a descer da cama. Como pode alguém como eu pensar em ouvir o ensinamento
do Abençoado sentado sobre um assento elevado."
"Muito bem, então amigos homenageiem o Abençoado em meu nome com a sua
cabeça aos pés dele e digam: 'Venerável senhor, o Venerável Vakkali está
atormentado, sofrendo e gravemente enfermo; ele homenageia o Abençoado com a
cabeça aos seus pés.' Depois digam: 'A forma é impermanente: eu não tenho
perplexidade com relação a isso, Venerável senhor, eu não tenho dúvida que tudo
que é impermanente é sofrimento. Eu não tenho dúvida que eu não tenho mais
desejo, cobiça, ou afeição em relação ao que é impermanente, sofrimento, e sujeito à
mudança. A sensação é impermanente ... a percepção é impermanente ... as
formações volitivas são impermanentes ... a consciência é impermanente: eu não
tenho perplexidade com relação a isso, Venerável senhor, eu não tenho dúvida que
tudo que é impermanente é sofrimento. Eu não tenho dúvida que eu não tenho mais
desejo, cobiça, ou afeição em relação ao que é impermanente, sofrimento, e sujeito à
mudança.'"
"Sim, amigo," aqueles bhikkhus responderam e então partiram. Então não muito
tempo depois de haverem partido, o Venerável Vakkali usou a faca.
"Sim amigo," os bhikkhus responderam, e foram até onde estava o Abençoado, após
homenageá-lo, eles sentaram a um lado e relataram a sua mensagem. O Abençoado
consentiu em silêncio.
O Abençoado sentou no assento que havia sido preparado e disse para o Venerável
Assaji: "Eu espero que você esteja melhorando, espero que você esteja confortável,
espero que as suas sensações de dor estejam diminuindo e não aumentando e que a
sua diminuição, não o seu aumento, seja evidente."
"Eu espero então, Assaji, que você não esteja atormentado pelo remorso e pelo
arrependimento."
"Eu espero, Assaji, que você não tenha nada que se repreender com relação à
virtude."
"Venerável senhor, eu não tenho nada que me repreender com relação à virtude."
"Então, Assaji, se você não tem nada que se repreender com relação à virtude,
porque você está atormentado pelo remorso e arrependimento?"
"Antes, Venerável senhor, enquanto estava enfermo permanecia tranquilizando as
formações corporais, cxliii mas agora não obtenho a concentração. Como não obtenho
a concentração, eu penso: 'Que eu não decaia!'"
“Assaji, o que você pensa: A sensação ... percepção ... formações volitivas ...
consciência são permanentes ou impermanentes?” – “Impermanentes Venerável
senhor.” - “Aquilo que é impermanente é sofrimento ou felicidade?” – “Sofrimento,
Venerável senhor.” – “É adequado que aquilo que é impermanente, sofrimento e está
sujeito à mudança, seja considerado desta forma: ‘Isso é meu, isso sou eu, isso é o
meu eu’?” – “Não Venerável senhor.”
Portanto, Assaji, qualquer tipo de forma material, quer seja do passado, do futuro ou
do presente ... toda forma material deve ser vista como na verdade ela é, com correta
sabedoria, deste modo: ‘Isso não é meu, isso não sou eu, isso não é o meu eu’.
Qualquer tipo de sensação ... Qualquer tipo de percepção ... Qualquer tipo de
formações volitivas ... Qualquer tipo de consciência ... toda consciência deve ser vista
como na verdade ela é, com correta sabedoria, deste modo: ‘Isso não é meu, isso não
sou eu, isso não é o meu eu.’
“Vendo desse modo um nobre discípulo bem instruído se desencanta com a forma
material, se desencanta com a sensação, se desencanta com a percepção, se
desencanta com as formações volitivas, se desencanta com a consciência.
“Se ele sentir uma sensação prazerosa, ele compreende: ‘Ela é impermanente’; ele
compreende: ‘Não é para se apegar’; ele compreende: ‘Não é para se deleitar.’ Se ele
sentir uma sensação dolorosa, ele compreende: ‘Ela é impermanente’; ele
compreende: ‘Não é para se apegar’; ele compreende: ‘Não é para se deleitar.’ Se ele
sentir uma sensação nem prazerosa, nem dolorosa, ele compreende: ‘Ela é
impermanente’; ele compreende: ‘Não é para se apegar’; ele compreende: ‘Não é
para se deleitar.’
“Se ele sentir uma sensação prazerosa, ele a sente desapegado; se ele sentir uma
sensação dolorosa, ele a sente desapegado; Se ele sentir uma sensação nem
prazerosa, nem dolorosa, ele a sente desapegado.
“Quando ele sente uma sensação que dá um fim ao corpo, ele compreende: ‘Eu sinto
uma sensação que dá um fim ao corpo.’ Quando ele sente uma sensação que dá um
fim à vida, ele compreende: ‘Eu sinto uma sensação que dá um fim à vida.’ Ele
compreende: ‘Com a dissolução do corpo, depois da morte, tudo que é sentido sem
deleite, irá esfriar aqui mesmo, apenas resíduos corporais restarão.’
“Eu não estou melhorando, meu amigo. Eu não me sinto confortável. Minhas dores
extremas estão aumentando, não diminuindo. Existem sinais do seu aumento e não
de diminuição.”
Então o Venerável Dasaka foi até os bhikkhus seniores e, ao chegar, disse, “O bhikkhu
Khemaka disse: ‘Eu não estou melhorando, meu amigo. Eu não me sinto confortável.
Minhas dores extremas estão aumentando, não diminuindo. Existem sinais do seu
aumento e não de diminuição.’
“Venha, amigo Dasaka, vá até o bhikkhu Khemaka e ao chegar diga: ‘Os bhikkhus
seniores, amigo Khemaka, lhe dizem: “Com respeito aos cinco agregados
influenciados pelo apego descritos pelo Abençoado, isto é, a forma como um
agregado influenciado pelo apego, a sensação como um agregado influenciado pelo
apego, a percepção como um agregado influenciado pelo apego, as formações
volitivas como um agregado influenciado pelo apego, a consciência como um
agregado influenciado pelo apego; você supõe que alguma coisa relacionada com
esses cinco agregados influenciado pelo apego sejam o eu, ou pertençam ao eu?””
Respondendo, “Assim seja, amigos,” aos bhikkhus seniores, o Venerável Dasaka foi
até o Venerável Khemaka e ao chegar disse: “Os bhikkhus seniores, amigo Khemaka,
lhe dizem: ‘Com respeito aos cinco agregados influenciados pelo apego descritos
pelo Abençoado, isto é, a forma como um agregado influenciado pelo apego, a
sensação como um agregado influenciado pelo apego, a percepção como um
agregado influenciado pelo apego, as formações volitivas como um agregado
influenciado pelo apego, a consciência como um agregado influenciado pelo apego;
você supõe que alguma coisa relacionada com esses cinco agregados influenciado
pelo apego sejam o eu, ou pertençam ao eu?”’
“Amigo, com respeito aos cinco agregados influenciados pelo apego descritos pelo
Abençoado, isto é, a forma como um agregado influenciado pelo apego, a sensação
como um agregado influenciado pelo apego, a percepção como um agregado
influenciado pelo apego, as formações volitivas como um agregado influenciado pelo
apego, a consciência como um agregado influenciado pelo apego; não há nada que
eu suponha ser o eu ou pertencer ao eu.”
Então o Venerável Dasaka foi até os bhikkhus seniores e ao chegar disse: “O bhikkhu
Khemaka me disse: ‘Amigo, com respeito aos cinco agregados influenciados pelo
apego descritos pelo Abençoado, isto é, a forma como um agregado influenciado
pelo apego, a sensação como um agregado influenciado pelo apego, a percepção
como um agregado influenciado pelo apego, as formações volitivas como um
agregado influenciado pelo apego, a consciência como um agregado influenciado
pelo apego; não há nada que eu suponha ser o eu, ou pertencer ao eu.’”
“Venha, amigo Dasaka, vá até o bhikkhu Khemaka e ao chegar diga: ‘Com respeito
aos cinco agregados influenciados pelo apego descritos pelo Abençoado, isto é, a
forma como um agregado influenciado pelo apego, a sensação como um agregado
influenciado pelo apego, a percepção como um agregado influenciado pelo apego, as
formações volitivas como um agregado influenciado pelo apego, a consciência como
um agregado influenciado pelo apego: se, com respeito a esses cinco agregados do
apego, o Venerável Khemaka supõe que nada seja o eu, ou que pertença ao eu, então
o Venerável Khemaka é um arahant, desprovido de impurezas.’”
“Amigo, com respeito aos cinco agregados influenciados pelo apego descritos pelo
Abençoado, isto é, a forma como um agregado influenciado pelo apego, a sensação
como um agregado influenciado pelo apego, a percepção como um agregado
influenciado pelo apego, as formações volitivas como um agregado influenciado pelo
apego, a consciência como um agregado influenciado pelo apego: com respeito a
esses cinco agregados influenciado pelo apego, não há nada que eu suponha ser o eu,
ou que pertença ao eu, mas no entanto eu não sou um arahant. Com relação a esses
cinco agregados influenciado pelo apego, ‘Eu sou’ ainda não foi subjugado, embora
eu não suponha que ‘eu sou isso.’
Então o Venerável Dasaka foi até os bhikkhus seniores e, ao chegar, disse: “O bhikkhu
Khemaka disse: ‘Amigo, com respeito aos cinco agregados influenciados pelo apego
descritos pelo Abençoado, isto é, a forma como um agregado influenciado pelo
apego, a sensação como um agregado influenciado pelo apego, a percepção como um
agregado influenciado pelo apego, as formações volitivas como um agregado
influenciado pelo apego, a consciência como um agregado influenciado pelo apego:
com respeito a esses cinco agregados influenciado pelo apego, não há nada que eu
suponha ser o eu, ou que pertença ao eu, mas no entanto eu não sou um arahant.
Com relação a esses cinco agregados influenciado pelo apego, ‘Eu sou’ ainda não foi
subjugado, embora eu não suponha que ‘eu sou isso’.
“Venha, amigo Dasaka, vá até o bhikkhu Khemaka e ao chegar diga: ‘Os bhikkhus
seniores, amigo Khemaka, lhe dizem: “Amigo Khemaka, esse ‘eu sou’ do qual você
fala: o que você diz que ‘eu sou’? Você diz, ‘Eu sou a forma,’ ou você diz, ‘Eu sou outra
coisa distinta da forma’? Você diz, ‘Eu sou a sensação ... percepção ... formações
volitivas ... consciência,’ ou você diz, ‘Eu sou outra coisa distinta da consciência’?
Esse ‘Eu sou’ do qual você fala: o que você diz que ‘eu sou’?”
Respondendo, “Assim seja, amigos,” aos bhikkhus seniores, o Venerável Dasaka foi
até o Venerável Khemaka e ao chegar disse: “Os seniores, amigo Khemaka, lhe
dizem: ‘Amigo Khemaka, esse “eu sou” do qual você fala: o que você diz que “eu
sou”? Você diz, “Eu sou a forma,” ou você diz, “Eu sou outra coisa distinta da forma”?
Você diz, “Eu sou a sensação ... percepção ... formações volitivas ... consciência,” ou
você diz, “Eu sou outra coisa distinta da consciência”? Esse “Eu sou” do qual você
fala: o que você diz que “eu sou”?”
“Já basta, amigo Dasaka. O que é que se consegue com esse correr para cá e para lá?
Pegue a minha bengala. Eu mesmo irei até os bhikkhus seniores.”
“Amigos, não é que eu diga ‘Eu sou a forma,’ nem digo ‘Eu sou outra coisa distinta da
forma.’ Não é que eu diga, ‘Eu sou a sensação... percepção... formações volitivas...
consciência,’ nem digo ‘Eu sou outra coisa distinta da consciência.’ Com relação a
esses cinco agregados influenciados pelo apego, ‘Eu sou’ ainda não foi subjugado,
embora eu não suponha que ‘Eu sou isso.’
“Não, amigo.”
“Da mesma forma, amigos, não é que eu diga ‘eu sou a forma,’ nem digo ‘Eu sou
outra coisa distinta da forma.’ Não é que eu diga, ‘Eu sou a sensação... percepção...
formações volitivas... consciência,’ nem digo ‘Eu sou outra coisa distinta da
consciência.’ Com relação a esses cinco agregados influenciados pelo apego, ‘Eu sou’
ainda não foi subjugado, embora eu não suponha que ‘Eu sou isso.’
“Como com um pano sujo e manchado: o seu dono o entrega a uma lavadeira, que o
esfrega com o sal da terra, ou alvejante, ou esterco de vaca, e depois o enxágua com
água limpa. Agora, embora o pano esteja limpo e sem manchas, ele ainda possui um
odor residual remanescente de sal da terra, ou alvejante, ou esterco de vaca. A
lavadeira o retorna ao dono e ele coloca o pano num cesto de vime infundido com
aromas, o odor residual remanescente de sal da terra, ou alvejante, ou esterco de
vaca é totalmente destruído.
“Da mesma forma, amigos, embora um nobre discípulo tenha abandonado os cinco
primeiros grilhões, ele ainda possui em relação aos cinco agregados influenciados
pelo apego a presunção residual remanescente ‘Eu sou,’ o desejo ‘Eu sou,’ a obsessão
‘Eu sou.’ Mas em outra ocasião, mais tarde, ele permanece contemplando o
fenômeno da origem e da cessação em relação aos cinco agregados: ‘Assim é a
forma, essa é a sua origem, essa é a sua cessação. Assim é a sensação ... Assim é a
percepção ... Assim são as formações volitivas ... Assim é a consciência, essa é a sua
origem, essa é a sua cessação.’ Ao contemplar a origem e a cessação desses cinco
agregados, a presunção residual remanescente ‘Eu sou,’ o desejo ‘Eu sou,’ a obsessão
‘Eu sou,’ é totalmente destruída.”
Quando isso foi dito, os bhikkhus seniores disseram ao Venerável Khemaka, “Nós
não o interrogamos, Venerável Khemaka, com o propósito de criar-lhe problemas,
apenas pensamos que o Venerável Khemaka é capaz de declarar a mensagem do
Abençoado, ensiná-la, descrevê-la, expô-la, revelá-la, explicá-la, torná-la simples –
tal como ele de fato declarou, ensinou, descreveu, expôs, revelou, explicou e tornou-
a simples.”
Isso foi o que o Venerável Khemaka disse. Os bhikkhus seniores ficaram satisfeitos e
contentes com as palavras do Venerável Khemaka. E enquanto essa explicação
estava sendo dada, as mentes de cerca de sessenta bhikkhus, através do desapego,
libertaram-se totalmente das impurezas – bem como a mente do Venerável
Khemaka.
Quando isso foi dito, os bhikkhus seniores disseram para o Venerável Channa: “A
forma, amigo Channa, é impermanente. A sensação é impermanente. A percepção é
impermanente. As formações volitivas são impermanentes. A consciência é
impermanente. A forma é não-eu. A sensação é não-eu. A percepção é não-eu. As
formações volitivas são não-eu. A consciência é não-eu. Todas formações volitivas
são impermanentes. Todos fenômenos são não-eu.”
Então, o pensamento ocorreu ao Venerável Channa: “Eu, também, penso que a forma
é impermanente, a sensação é impermanente, a percepção é impermanente, as
formações volitivas são impermanentes, a consciência é impermanente; a forma é
não-eu, a sensação é não-eu, a percepção é não-eu, as formações volitivas são não-
eu, a consciência é não-eu; todas as formações volitivas são impermanentes; todos
os fenômenos são não-eu. Mas, ainda assim a minha mente não salta, ganha
confiança, firmeza e libertação com o silenciar de todas as formações, o abandono de
todas as aquisições, a destruição do desejo, desapego, cessação, nibbana. Ao invés
disso, a agitação e o apego surgem e a minha mente se retrai, pensando, ‘Mas quem,
então, é o meu eu?’ No entanto, esse pensamento não ocorre naquele que vê o
Dhamma. Portanto, quem me poderia ensinar o Dhamma de forma que eu pudesse
ver o Dhamma?”
“Só com isso estou satisfeito com o Venerável Channa, por ele se abrir e deixar de
lado a sua teimosia. Portanto, ouça bem, amigo Channa. Você é capaz de
compreender o Dhamma.”
“Em geral, Kaccayana, este mundo depende de uma dualidade, a noção da existência
e a noção da não existência ... [SN XII.15] ... Essa é a cessação de toda essa massa de
sofrimento.”
“Assim é como são as coisas, amigo Ananda, para aqueles que possuem amigos na
vida santa como o Venerável Ananda – compassivo, que ajuda, encoraja e ensina.
Precisamente agora, ouvindo o ensinamento do Dhamma do Venerável Ananda, eu
consegui penetrar o Dhamma .”
“Venerável senhor, como alguém pode saber, como alguém pode ver, para que em
relação a este corpo com a sua consciência e todos os sinais externos, não exista a
fabricação de um eu, a fabricação de um meu e a tendência subjacente à presunção?”
“Qualquer tipo de sensação ... Qualquer tipo de percepção ... Qualquer tipo de
formações volitivas ... Qualquer tipo de consciência ... a pessoa vê toda consciência
tal qual na verdade ela é, com correta sabedoria, desta forma: ‘Isso não é meu, isso
não sou eu, isso não é o meu eu’”.
“É quando alguém sabe e vê dessa forma, Rahula, que em relação a este corpo com a
sua consciência e todos os sinais externos, não existe a fabricação de um eu, a
fabricação de um meu e a tendência subjacente à presunção.”
“Venerável senhor, como alguém pode saber, como alguém pode ver, para que em
relação a este corpo com a sua consciência e todos os sinais externos, não exista a
fabricação de um eu, a fabricação de um meu e a tendência subjacente à presunção,
ele tenha transcendido a discriminação, e esteja em paz e bem libertado?”
“Qualquer tipo de sensação ... Qualquer tipo de percepção ... Qualquer tipo de
formações volitivas ... Qualquer tipo de consciência ... a pessoa vê toda consciência
tal qual na verdade ela é, com correta sabedoria, desta forma: ‘Isso não é meu, isso
não sou eu, isso não é o meu eu’”.
“É quando alguém sabe e vê dessa forma, Rahula, que em relação a este corpo com a
sua consciência e todos os sinais externos, não existe a fabricação de um eu, a
fabricação de um meu e a tendência subjacente à presunção, ele transcendeu a
discriminação e está em paz e bem libertado.”
“Assim também, bhikkhus, uma pessoa comum sem instrução que não respeita os
nobres, que não é proficiente nem treinada no Dhamma deles, que não respeita os
homens verdadeiros, que não é proficiente nem treinada no Dhamma deles – supõe
que a forma seja o eu, ou o eu possuído de forma, ou a forma como estando no eu, ou
o eu como estando na forma. Essa forma se desintegra e assim ela daria de encontro
com a calamidade e o desastre.
“Ela supõe que a sensação seja o eu, ... a percepção seja o eu, ... as formações volitivas
sejam o eu, ... a consciência seja o eu, ou o eu possuído de consciência, ou a
consciência como estando no eu, ou o eu como estando na consciência. Essa
consciência se desintegra e assim ela daria de encontro com a calamidade e o
desastre.
“Impermanente, senhor.
“Sofrimento, senhor.
“Não, senhor.
“Impermanente, senhor.
“Impermanentes, senhor.
“Impermanente, senhor.
“Sofrimento, senhor.
“Não, senhor.
“Qualquer sensação...
“Qualquer percepção...
“Vendo dessa maneira, o nobre discípulo bem instruído se desencanta com a forma,
desencanta com a sensação, desencanta com a percepção, desencanta com as
formações volitivas, desencanta com a consciência. Desencantado ele se torna
desapegado. Através do desapego a sua mente é libertada. Quando ela está libertada
surge o conhecimento: ‘Libertada.’ Ele compreende que: ‘O nascimento foi destruído,
a vida santa foi vivida, o que deveria ser feito foi feito, não há mais vir a ser a
nenhum estado.’”
Puppha Sutta (SN XXII.94) – Flores
“E o que é, bhikkhus, que os sábios no mundo concordam que não existe, e que eu
também digo não existe? Forma que seja permanente, estável, eterna, não sujeita a
mudanças: isso os sábios no mundo concordam que não existe, e eu também digo
que não existe. Sensação ... Percepção ... Formações volitivas ... Consciência que seja
permanente, estável, eterna, não sujeita a mudanças: isso os sábios no mundo
concordam que não existe e eu também digo que não existe.
“Isso, bhikkhus, é aquilo que os sábios no mundo concordam que não existe e eu
também digo que isso não existe.
“Isso, bhikkhus, é aquilo que os sábios no mundo concordam que existe e eu também
digo que isso existe.
“Bhikkhus, tal como uma flor de lótus azul, vermelha, ou branca, nasce na água e
cresce na água, mas depois de se elevar acima da água, ela permanece sem ser
maculada pela água, do mesmo modo, o Tathagata nasceu no mundo e cresceu no
mundo, mas depois de superar o mundo, ele permanece sem ser maculado pelo
mundo.” cxlvi
“Bhikkhus, suponham que uma grande massa de espuma estivesse flutuando nesse
rio Ganges e um homem com boa visão a visse, observasse e investigasse com
cuidado, e esta lhe pareceria vazia, oca, sem substância. Pois qual substância poderia
ser encontrada numa massa de espuma? Do mesmo modo, bhikkhus, toda e qualquer
forma, quer seja do passado, futuro ou presente; interna ou externa; grosseira ou
sutil; comum ou sublime; próxima ou distante: um bhikkhu a vê, observa e investiga
com cuidado, e ela lhe parece vazia, oca, sem substância. Pois qual substância
poderia ser encontrada na forma?
“Bhikkhus, suponham que é o o último mês do verão, ao meio dia, e surgisse uma
trêmula miragem. Um homem com boa visão a visse, observasse e investigasse com
cuidado, e esta lhe pareceria vazia, oca, sem substância. Pois qual substância poderia
ser encontrada numa miragem? Do mesmo modo, bhikkhus, toda e qualquer
percepção, quer seja do passado, futuro ou presente; interna ou externa; grosseira
ou sutil; comum ou sublime; próxima ou distante: um bhikkhu a vê, observa e
investiga com cuidado, e ela lhe parece vazia, oca, sem substância. Pois qual
substância poderia ser encontrada na percepção?
“Vendo dessa maneira, o nobre discípulo bem instruído se desencanta com a forma,
se desencanta com a sensação, se desencanta com a percepção, se desencanta com
as formações volitivas, se desencanta com a consciência. Desencantado ele se torna
desapegado. Através do desapego a sua mente é libertada. Quando ela está libertada
surge o conhecimento: ‘Libertada.’ Ele compreende que: ‘O nascimento foi destruído,
a vida santa foi vivida, o que deveria ser feito foi feito, não há mais vir a ser a
nenhum estado.’”
Isso foi o que o Abençoado disse. Tendo dito isso o Mestre disse mais:
“Não, bhikkhu, não há forma ... não há sensação ... não há percepção ... não há
formação ... não há consciência que seja permanente, estável, eterna, não sujeita à
mudança e que permanecerá tal como é por tanto tempo quanto a eternidade.”
Então o Abençoado tomando uma pequeno torrão de esterco de vaca, disse para o
bhikkhu, “Não existe nem este tanto de individualidade que seja permanente,
estável, eterna, não sujeita à mudança, que irá permanecer tal como é por tanto
tempo quanto a eternidade. Se houvesse nem que fosse este tanto de
individualidade que fosse permanente, estável, eterna, não sujeita à mudança, que
permanecesse tal como é por tanto tempo quanto a eternidade, então viver esta vida
santa para a completa destruição do sofrimento não seria discernido. Mas como não
existe nem esse tanto de individualidade que seja permanente, estável, eterna, não
sujeita à mudança, que permaneça tal como é por tanto tempo quanto a eternidade,
viver esta vida santa para o correto fim do sofrimento é discernido.
"No passado, bhikkhu, eu fui um rei khaittiya ungido. Eu tinha 84.000 cidades, a
principal das quais era Kusavati. Eu tinha 84.000 palácios, o principal dos quais era
o palácio [chamado] Dhamma. Eu tinha 84.000 salões com cumeeira, o principal dos
quais era o grande salão. Eu tinha 84.000 sofás feitos de marfim, sândalo, de ouro e
prata, cobertos com colchas felpudas, coberta com colchas de lã branca, colchas
bordadas, peles de antílope e gamo, coberta com um baldaquino e com almofadas
vermelhas para a cabeça e os pés.
"Eu tinha 84.000 elefantes adornados com ornamentos de ouro, com estandartes de
ouro e cobertos com redes de ouro, o principal dos quais era o elefante real
Uposatha; eu tinha 84.000 carruagens cobertas com peles de leão, peles de tigre,
peles de leopardos ou com tecidos alaranjados adornados com ornamentos de ouro,
com estandartes de ouro e cobertas com redes de ouro, das quais a principal era a
carruagem [chamada] Vejayanta.
"Eu tinha 84.000 jóias sendo que a principal era a jóia preciosa; eu tinha 84.000
esposas sendo que a principal era a Rainha Subhadda; eu tinha 84.000 chefes de
família sendo que o principal era o chefe de família precioso; eu tinha 84.000
empregados khaittiya sendo que o principal era conselheiro precioso; eu tinha
84.000 vacas com ubres como fina juta e baldes de prata; eu tinha 84.000 fardos de
roupas feitas do mais fino linho, algodão, seda e lã; eu tinha 84.000 oferendas de
arroz que ali estavam para alimentar os necessitados, noite e dia.
"Dessas 84.000 cidades, bhikkhu, naquela época havia apenas uma cidade na qual eu
residia: a capital Kusavati. Daqueles 84.000 palácios, naquela época havia apenas
um palácio no qual eu residia: o palácio [chamado] Dhamma. Daqueles 84.000
salões com cumeeira, naquela época havia apenas um salão com cumeeira no qual
eu residia: o grande salão. Daqueles 84.000 sofás, naquela época havia apenas um
sofá que eu usava: o sofá feito de marfim, de sândalo, de ouro ou de prata.
"Daquelas 84.000 mulheres, naquela época havia apenas uma mulher na minha
companhia, uma donzela khaittiya ou uma donzela velamika. Daqueles 84.000
fardos de roupas finas, naquela época havia apenas um par de roupas que eu vestia,
feito de linho, ou de fina seda, ou de fina lã, ou de fino algodão. Daquelas 84.000
oferendas de arroz, naquela época havia apenas uma que eu comia com uma medida
de arroz e caril.
"Portanto, bhikkhu, todas essas formações deixaram de ser, cessaram, mudaram.
Assim impermanentes são as formações, bhikkhu, tão instáveis, pouco confiáveis.
Isso é o suficiente, bhikkhu, para o desencantamento das formações, suficiente para
o desapego das formações, suficiente para se libertar das formações."
“Não, bhikkhu, não há forma ... não há sensação ... não há percepção ... não há
formação ... não há consciência que seja permanente, estável, eterna, não sujeita à
mudança e que permanecerá tal como é por tanto tempo quanto a eternidade.”
Então o Abençoado tomando uma mínima quantidade de terra com a ponta da unha,
disse para o bhikkhu, “Não existe nem este tanto de forma que seja permanente,
estável, eterna, não sujeita à mudança, que irá permanecer tal como é por tanto
tempo quanto a eternidade. Se houvesse nem que fosse este tanto de forma que
fosse permanente, estável, eterna, não sujeita à mudança, que permanecesse tal
como é por tanto tempo quanto a eternidade, então viver esta vida santa para a
completa destruição do sofrimento não seria discernido. Mas como não existe nem
esse tanto de forma que seja permanente, estável, eterna, não sujeita à mudança,
que permaneça tal como é por tanto tempo quanto a eternidade, viver esta vida
santa para o correto fim do sofrimento é discernido.
“Não existe nem este tanto de consciência que seja permanente, estável, eterna, não
sujeita à mudança, que permanecerá tal como é por tanto tempo quanto a
eternidade. Se houvesse nem que fosse este tanto de consciência que fosse
permanente, estável, eterna, não sujeita à mudança, que permanecesse tal como é
por tanto tempo quanto a eternidade, então viver esta vida santa para o correto fim
do sofrimento não seria discernido. Mas como não existe nem esse tanto de
consciência que seja permanente, estável, eterna, não sujeita à mudança, que
permaneça tal como é por tanto tempo quanto a eternidade, viver esta vida santa
para o correto fim do sofrimento é discernido.
“O que vocês pensam, bhikkhus, a forma é permanente ou impermanente?
“Impermanente, senhor.
“Sofrimento, senhor.
“Não, senhor.
“Impermanente, senhor.
“Impermanente, senhor.
“Impermanentes, senhor.
“Impermanente, senhor.
“Sofrimento, senhor.
“Não, senhor.
“Qualquer sensação...
“Qualquer percepção...
“Vendo dessa forma, o nobre discípulo bem instruído se desencanta com a forma,
desencanta com a sensação, desencanta com a percepção, desencanta com as
formações, desencanta com a consciência. Desencantado ele se torna desapegado.
Através do desapego a sua mente é libertada. Quando ela está libertada surge o
conhecimento: ‘Libertada.’ Ele compreende que: ‘O nascimento foi destruído, a vida
santa foi vivida, o que deveria ser feito foi feito, não há mais vir a ser a nenhum
estado.’”
“Não, bhikkhu, não há forma ... não há sensação ... não há percepção ... não há
formação volitiva ... não há consciência que seja permanente, estável, eterna, não
sujeita à mudança e que permanecerá tal como é por tanto tempo quanto a
eternidade.”
Em Savathi. ‘Bhikkhus, esse samsara não possui um início que possa ser descoberto.
Um ponto inicial não é discernido para os seres que seguem vagando e
perambulando, obstaculizados pela ignorância e agrilhoados pelo desejo.
“Uma época virá em que o grande oceano evaporará, secará e não existirá mais. Mas
para os seres – enquanto eles estiverem obstaculizados pela ignorância e
agrilhoados pelo desejo, transmigrando e perambulando – eu não digo que o
sofrimento terá um fim.
“Uma época virá em que Sineru, o rei das montanhas, será consumido pelas chamas,
será destruído e não existirá mais. Mas para os seres – enquanto eles estiverem
obstaculizados pela ignorância e agrilhoados pelo desejo, transmigrando e
perambulando – eu não digo que o sofrimento terá um fim.
“Uma época virá em que a grande terra será consumida pelas chamas, será destruída
e não existirá mais. Mas para os seres – enquanto eles estiverem obstaculizados pela
ignorância e agrilhoados pelo desejo, transmigrando e perambulando – eu não digo
que o sofrimento terá um fim.
“Como um cachorro, preso por uma correia a um poste ou estaca, fica correndo em
círculos em volta daquele mesmo poste ou estaca; da mesma maneira, uma pessoa
comum sem instrução que não respeita os nobres, que não é proficiente nem
treinada no Dhamma deles, que não respeita os homens verdadeiros, que não é
proficiente nem treinada no Dhamma deles – supõe que a forma seja o eu, ou o eu
possuído de forma, ou a forma como estando no eu, ou o eu como estando na forma.
“Ela fica correndo em círculos, em volta dessa mesma forma ... dessa mesma
sensação ... dessa mesma percepção ... dessas mesmas formações volitivas ... dessa
mesma consciência. Ela não se liberta da forma, ela não se liberta da sensação ... da
percepção ... das formações volitivas ... não se liberta da consciência. Ela não se
liberta do nascimento, envelhecimento e morte; da tristeza, lamentação, dor,
angústia e desespero. Ela não se liberta, eu lhes digo, do sofrimento.
“Mas um nobre discípulo bem instruído que respeita os nobres, que é proficiente e
treinado no Dhamma deles; que respeita os homens verdadeiros, que é proficiente e
treinado no Dhamma deles - não supõe que a forma seja o eu, ou o eu possuído de
forma, ou a forma como estando no eu, ou o eu como estando na forma.
“Ele não fica correndo em círculos, em volta dessa mesma forma ... dessa mesma
sensação ... dessa mesma percepção ... dessas mesmas formações volitivas ... dessa
mesma consciência. Ele se liberta da forma, ele se liberta da sensação ... da
percepção ... das formações volitivas ... se liberta da consciência. Ele se liberta do
nascimento, envelhecimento e morte; da tristeza, lamentação, dor, angústia e
desespero. Ele se liberta, eu lhes digo, do sofrimento."
Em Savathi. ‘Bhikkhus, esse samsara não possui um início que possa ser descoberto.
Um ponto inicial não é discernido para os seres que seguem vagando e
perambulando, obstaculizados pela ignorância e agrilhoados pelo desejo.
“Como um cachorro preso por uma correia a um poste ou estaca: se ele caminhar,
irá caminhar em torno daquele poste ou estaca. Se ele ficar parado, ficará parado ao
lado daquele poste ou estaca. Se ele sentar, ficará sentado ao lado daquele poste ou
estaca. Se ele deitar, ficará deitado ao lado daquele poste ou estaca.
“Do mesmo modo, uma pessoa comum sem instrução considera a forma como: ‘Isso
é meu, isso sou eu, isso é o meu eu.’ Ela considera a sensação ... a percepção ... as
formações volitivas ... a consciência como: ‘Isso é meu, isso sou eu, isso é o meu eu.’
Se ela caminhar, caminhará em torno desses cinco agregados influenciados pelo
apego. Se ela ficar parada, ficará parada ao lado desses cinco agregados
influenciados pelo apego. Se ela sentar, ficará sentada ao lado desses cinco
agregados influenciados pelo apego. Se ela deitar, ficará deitada ao lado desses cinco
agregados influenciados pelo apego. Portanto, cada um deve refletir a cada
momento sobre a sua própria mente: ‘Por um longo tempo esta mente tem sido
contaminada pela cobiça, aversão e delusão.’ Pela contaminação da mente os seres
são impuros. Pela purificação da mente os seres são purificados.
“Sim, senhor.”
um deve refletir a cada momento sobre a sua própria mente: ‘Por um longo tempo
esta mente tem sido contaminada pela cobiça, aversão e delusão.’ Pela contaminação
da mente os seres são impuros. Pela purificação da mente os seres são purificados.
“Impermanente, senhor.
“Sofrimento, senhor.
“Não, senhor.
“Impermanente, senhor.
“Impermanente, senhor.
“Impermanentes, senhor.
“Impermanente, senhor.
“Sofrimento, senhor.
“E é adequado considerar o que é impermanente, sofrimento, sujeito a mudanças
como: 'Isso é meu. Isso sou eu. Isso é o meu eu’?
“Não, senhor.
“Qualquer sensação...
“Qualquer percepção...
“Vendo dessa forma, o nobre discípulo bem instruído se desencanta com a forma,
desencanta com a sensação, desencanta com a percepção, desencanta com as
formações volitivas, desencanta com a consciência. Desencantado ele se torna
desapegado. Através do desapego a sua mente é libertada. Quando ela está libertada
surge o conhecimento: ‘Libertada.’ Ele compreende que: ‘O nascimento foi destruído,
a vida santa foi vivida, o que deveria ser feito foi feito, não há mais vir a ser a
nenhum estado.’”
“Mesmo que um bhikkhu tenha este desejo, ‘Que a minha mente se liberte das
impurezas através da ausência de apego!’ mas se ele permanecer sem se dedicar à
prática, ainda assim sua mente não ficará liberta das impurezas através da ausência
de apego. Por que ocorre isso? Por falta de prática, deve ser dito. Por falta de
praticar o que? Os quatro fundamentos da atenção plena, os quatro esforços
corretos, as quatro bases de poder, as cinco faculdades, os cinco poderes, os sete
fatores da iluminação, o nobre caminho óctuplo.
“Suponham que uma galinha tenha oito, dez ou doze ovos. Se ela não cobri-los
corretamente, aquecê-los corretamente ou incubá-los corretamente, então mesmo
que ela tenha o desejo, ‘Que as minhas crias rompam as cascas dos ovos com suas
garras afiadas ou bicos e saiam dos ovos com segurança!’ ainda assim não será
possível que os pintos rompam as cascas dos ovos com suas garras afiadas ou bicos
e saiam dos ovos com segurança. Por que ocorre isto? Porque a galinha não cobriu-
os corretamente, aqueceu-os corretamente, incubou-os corretamente. Da mesma
maneira, mesmo que este desejo ocorra a um bhikkhu que permanece sem se
dedicar à prática, ‘Que a minha mente se liberte das impurezas através da ausência
de apego!’ ainda assim sua mente não estará liberta das impurezas através da
ausência de apego. Por que ocorre isso? Por falta de prática, deve ser dito. Por falta
de praticar o que? Os quatro fundamentos da atenção plena, os quatro esforços
corretos, as quatro bases de poder, as cinco faculdades, os cinco poderes, os sete
fatores da iluminação, o nobre caminho óctuplo.
“Mesmo que um bhikkhu não tenha este desejo, ‘Que a minha mente se liberte das
impurezas através da ausência de apego!’ mas se ele permanecer dedicado à prática,
ainda assim a sua mente será libertada das impurezas através da ausência de apego.
Por que ocorre isso? Pela prática, deve ser dito. Por praticar o que? Os quatro
fundamentos da atenção plena, os quatro esforços corretos, as quatro bases de
poder, as cinco faculdades, os cinco poderes, os sete fatores da iluminação, o nobre
caminho óctuplo.
“Suponham que uma galinha tenha oito, dez ou doze ovos que ela cobriu
corretamente, aqueceu corretamente ou incubou corretamente. Mesmo que este
desejo não lhe ocorra, ‘Que as minhas crias rompam as cascas dos ovos com suas
garras afiadas ou bicos e saiam dos ovos com segurança!’ ainda assim será possível
que os pintos rompam as cascas dos ovos com suas garras afiadas ou bicos e saiam
dos ovos com segurança. Por que ocorre isto? Porque a galinha cobriu-os
corretamente, aqueceu-os corretamente, incubou-os corretamente. Da mesma
maneira, mesmo que este desejo não ocorra a um bhikkhu que permanece se
dedicando à prática, ‘Que a minha mente se liberte das impurezas através da
ausência de apego!’, ainda assim a sua mente será libertada das impurezas através
da ausência de apego. Por que ocorre isso? Pela prática, deve ser dito. Por praticar o
que? Os quatro fundamentos da atenção plena, os quatro esforços corretos, as
quatro bases de poder, as cinco faculdades, os cinco poderes, os sete fatores de
iluminação, o nobre caminho óctuplo.
"Tal como um cortador de junco depois de cortar o caule o agarra pelo topo e o agita
e bate, assim também, quando a percepção da impermanência é desenvolvida e
cultivada esta elimina toda cobiça sensual, elimina toda cobiça por ser/existir,
elimina toda ignorância, elimina toda presunção 'eu sou'.
"Tal como quando um galho de uma mangueira é cortado todas as mangas presas ao
galho seguem com o galho, assim também, quando a percepção da impermanência é
desenvolvida e cultivada esta elimina toda cobiça sensual, elimina toda cobiça por
ser/existir, elimina toda ignorância, elimina toda presunção 'eu sou'.
“Tal como os caibros de uma casa com cumeeira se dirigem todos para a cumeeira,
se inclinam para a cumeeira, convergem na cumeeira e a cumeeira é considerada
como a melhor entre todos eles, assim também, quando a percepção da
impermanência é desenvolvida e cultivada esta elimina toda cobiça sensual, elimina
toda cobiça por ser/existir, elimina toda ignorância, elimina toda presunção 'eu sou'.
“Tal como entre todas as raízes perfumadas, a raiz da íris negra é considerada como
contendo o melhor perfume entre as raízes, assim também, quando a percepção da
impermanência é desenvolvida e cultivada esta elimina toda cobiça sensual, elimina
toda cobiça por ser/existir, elimina toda ignorância, elimina toda presunção 'eu sou'.
“Tal como todos os príncipes menores se tornam vassalos de um monarca que gira a
roda e o monarca que gira a roda é considerado como o melhor entre todos eles,
assim também, quando a percepção da impermanência é desenvolvida e cultivada
esta elimina toda cobiça sensual, elimina toda cobiça por ser/existir, elimina toda
ignorância, elimina toda presunção 'eu sou'.
“Tal como no outono, no último mês da estação das chuvas, quando o céu está limpo
e sem nuvens, o sol surge na terra dissipando toda a escuridão do espaço com a sua
luminosidade brilhante e radiante, quando a percepção da impermanência é
desenvolvida e cultivada esta elimina toda cobiça sensual, elimina toda cobiça por
ser/existir, elimina toda ignorância, elimina toda presunção 'eu sou'.
Em Savatthi. “Bhikkhus, qualquer desejo pela forma, qualquer paixão, deleite, cobiça
- abandone isso. Assim aquela forma será abandonada, cortada pela raiz, feita como
com um tronco de palmeira, eliminada de tal forma que não mais estará sujeita a um
futuro surgimento. Assim também no caso da sensação, percepção, formações
volitivas, e consciência."
Em Savatthi. “Bhikkhus, qualquer desejo pela forma, qualquer paixão, deleite, cobiça,
qualquer atração e apego, pontos de vistas, adesões e tendências subjacentes -
abandone isso. Assim aquela forma será abandonada, cortada pela raiz, feita como
com um tronco de palmeira, eliminada de tal forma que não mais estará sujeita a um
futuro surgimento. Assim também no caso da sensação, percepção, formações
volitivas, e consciência."
“Aqui, bhikkhu, a pessoa comum sem instrução não compreende a forma, a sua
origem, a sua cessação e o caminho que conduz à sua cessação. Ela não compreende
a sensação ... percepção ... formações volitivas ... consciência, a sua origem, a sua
cessação e o caminho que conduz à sua cessação. Isso é chamado ignorância e desse
modo uma pessoa está imersa na ignorância.”
“Aqui, bhikkhu, o nobre discípulo bem instruído compreende a forma, a sua origem,
a sua cessação e o caminho que conduz à sua cessação. Ele compreende a sensação ...
percepção ... formações volitivas ... consciência, a sua origem, a sua cessação e o
caminho que conduz à sua cessação. Isso é chamado verdadeiro conhecimento e
desse modo uma pessoa alcança o verdadeiro conhecimento.”
"Ele não considera a sensação como o eu ... a percepção como o eu ... as formações
volitivas como o eu ... a consciência como o eu, ou o eu como possuído de
consciência; ou a consciência como estando no eu; ou o eu como estando na
consciência. Isso é chamado, bhikkhus, um nobre discípulo bem instruído que não
está atado pela sujeição à consciência, que não está atado por uma sujeição interior
e exterior, que vê a margem mais próxima e a margem mais distante. Que está livre
do sofrimento, eu digo."
Em Savatthi. “Bhikkhus, o que vocês pensam, vocês consideram a forma assim: ‘Isso
é meu, isso sou eu, isso é o meu eu’?”
“Muito bem, bhikkhus! A forma deve ser vista como na verdade é, com correta
sabedoria assim: ‘Isso não é meu, isso não sou eu, isso não é o meu eu’
“Vocês consideram a sensação ... percepção ... formações volitivas ... consciência
assim: ‘Isso é meu, isso sou eu, isso é o meu eu’?”
“Muito bem, bhikkhus! A sensação ... consciência deve ser vista como na verdade é,
com correta sabedoria assim: ‘Isso não é meu, isso não sou eu, isso não é o meu eu’
“Vendo dessa maneira, o nobre discípulo bem instruído se desencanta com a forma,
desencanta com a sensação, desencanta com a percepção, desencanta com as
formações volitivas, desencanta com a consciência. Desencantado ele se torna
desapegado. Através do desapego a sua mente é libertada. Quando ela está libertada
surge o conhecimento: ‘Libertada.’ Ele compreende que: ‘O nascimento foi destruído,
a vida santa foi vivida, o que deveria ser feito foi feito, não há mais vir a ser a
nenhum estado.’”
Paripucchita (dutiya) Sutta (SN XXII.119) –
Interrogação (2)
Em Savatthi. “Bhikkhus, o que vocês pensam, vocês consideram a forma assim: ‘Isso
não é meu, isso não sou eu, isso não é o meu eu’?”
“Muito bem, bhikkhus! A forma deve ser vista como na verdade é, com correta
sabedoria assim: ‘Isso não é meu, isso não sou eu, isso não é o meu eu’
“Vocês consideram a sensação ... percepção ... formações volitivas ... consciência
assim: ‘Isso não é meu, isso não sou eu, isso não é o meu eu’?”
“Muito bem, bhikkhus! A sensação ... consciência deve ser vista como na verdade é,
com correta sabedoria assim: ‘Isso não é meu, isso não sou eu, isso não é o meu eu’
“Vendo dessa maneira, o nobre discípulo bem instruído se desencanta com a forma,
desencanta com a sensação, desencanta com a percepção, desencanta com as
formações volitivas, desencanta com a consciência. Desencantado ele se torna
desapegado. Através do desapego a sua mente é libertada. Quando ela está libertada
surge o conhecimento: ‘Libertada.’ Ele compreende que: ‘O nascimento foi destruído,
a vida santa foi vivida, o que deveria ser feito foi feito, não há mais vir a ser a
nenhum estado.’”
“A forma é uma coisa que agrilhoa. Todo desejo ou cobiça, a ela relacionado, é o
grilhão em relação a ela.
“A sensação é uma coisa que agrilhoa. Todo desejo ou cobiça, a ela relacionado, é o
grilhão em relação a ela.
“A percepção é uma coisa que agrilhoa. Todo desejo ou cobiça, a ela relacionado, é o
grilhão em relação a ela.
“As formações volitivas são uma coisa que agrilhoa. Todo desejo ou cobiça, a elas
relacionado, é o grilhão em relação a elas.
“A consciência é uma coisa que agrilhoa. Todo desejo ou cobiça, a ela relacionado, é
o grilhão em relação a ela.
Em Savathi. ‘Bhikkhus, eu ensinarei para vocês as coisas que são passíveis de apego e
sobre o apego. Ouçam e prestem muita atenção àquilo que eu vou dizer.” – “Sim,
Venerável senhor,” os bhikkhus responderam. O Abençoado disse o seguinte:.
“A forma é uma coisa passível de apego. Todo desejo ou cobiça, a ela relacionado, é o
apego em relação a ela.
“A sensação é uma coisa passível de apego. Todo desejo ou cobiça, a ela relacionado,
é o apego em relação a ela.
“As formações volitivas são uma coisa passível de apego. Todo desejo ou cobiça, a
elas relacionado, é o apego em relação a elas.
“Então, quais coisas deveria um bhikkhu, que ‘entrou na correnteza’, observar com
atenção com sabedoria?”
“Um bhikkhu, que ‘entrou na correnteza,’ deveria observar com atenção com
sabedoria os cinco agregados influenciados pelo apego como impermanentes,
sofrimento, uma enfermidade, um câncer, uma flecha, dolorosos, uma aflição,
estranhos, uma dissolução, um vazio, não-eu. Pois, é possível que um bhikkhu, que
‘entrou na correnteza,’ que observe com atenção com sabedoria esses cinco
agregados como impermanentes ... não-eu, possa alcançar o fruto de ‘retornar
apenas uma vez’”
“Então quais coisas deveria um bhikkhu, que ‘retorna apenas uma vez’, observar com
atenção com sabedoria?”
“Um bhikkhu, que ‘retorna apenas uma vez’, deveria observar com atenção com
sabedoria os cinco agregados influenciados pelo apego como impermanentes,
sofrimento, uma enfermidade, um câncer, uma flecha, dolorosos, uma aflição,
estranhos, uma dissolução, um vazio, não-eu. Pois, é possível que um bhikkhu, que
‘retorna apenas uma vez,’ que observe com atenção com sabedoria esses cinco
agregados como impermanentes ... não-eu, possa alcançar o fruto de ‘não retorno’”
“Então quais coisas deveria um bhikkhu, que ‘não retorna’, observar com atenção
com sabedoria?”
“Um bhikkhu, que ‘não retorna’, deveria observar com atenção com sabedoria os
cinco agregados influenciados pelo apego como impermanentes, sofrimento, uma
enfermidade, um câncer, uma flecha, dolorosos, uma aflição, estranhos, uma
dissolução, um vazio, não-eu. Pois, é possível que um bhikkhu, que ‘não retorna,’que
observe com atenção com sabedoria esses cinco agregados como impermanentes ...
não-eu, possa alcançar o fruto de ‘arahant’”
“Então quais coisas um arahant deveria observar com atenção com sabedoria?”
“Um arahant deveria observar com atenção com sabedoria os cinco agregados
influenciados pelo apego como impermanentes, sofrimento, uma enfermidade, um
câncer, uma flecha, dolorosos, uma aflição, estranhos, uma dissolução, um vazio,
não-eu. Apesar de não existir nada mais a ser feito e nada a acrescentar àquilo que já
foi feito por um arahant, ainda assim, quando essas coisas são desenvolvidas e
cultivadas, elas conduzem a um estado prazeroso no aqui e agora, à atenção plena e
à completa compreensão."
“Um bhikkhu estudado, meu amigo Kotthita, deveria observar com atenção com
sabedoria os cinco agregados influenciados pelo apego como impermanentes,
sofrimento, uma enfermidade, um câncer, uma flecha, dolorosos, uma aflição,
estranhos, uma dissolução, um vazio, não-eu. Quais cinco? A forma como um
agregado influenciado pelo apego, a sensação ... a percepção ... as formações volitivas
... a consciência como um agregado influenciado pelo apego. Um bhikkhu estudado
deveria observar com atenção com sabedoria esses cinco agregados influenciados
pelo apego como impermanentes, sofrimento, uma enfermidade, um câncer, uma
flecha, dolorosos, uma aflição, estranhos, uma dissolução, um vazio, não-eu. Pois, é
possível que, um bhikkhu estudado, que observe com atenção com sabedoria esses
cinco agregados como impermanentes ... não-eu, possa alcançar o fruto de ‘entrar na
correnteza’”.
“Então, quais coisas deveria um bhikkhu, que ‘entrou na correnteza’, observar com
atenção com sabedoria?”
“Um bhikkhu, que ‘entrou na correnteza,’ deveria observar com atenção com
sabedoria os cinco agregados influenciados pelo apego como impermanentes,
sofrimento, uma enfermidade, um câncer, uma flecha, dolorosos, uma aflição,
estranhos, uma dissolução, um vazio, não-eu. Pois, é possível que um bhikkhu, que
‘entrou na correnteza,’ que observe com atenção com sabedoria esses cinco
agregados como impermanentes ... não-eu, possa alcançar o fruto de ‘retornar
apenas uma vez’”.
“Então quais coisas deveria um bhikkhu, que ‘retorna apenas uma vez’, observar com
atenção com sabedoria?”
“Um bhikkhu, que ‘retorna apenas uma vez’, deveria observar com atenção com
sabedoria os cinco agregados influenciados pelo apego como impermanentes,
sofrimento, uma enfermidade, um câncer, uma flecha, dolorosos, uma aflição,
estranhos, uma dissolução, um vazio, não-eu. Pois, é possível que um bhikkhu, que
‘retorna apenas uma vez,’ que observe com atenção com sabedoria esses cinco
agregados como impermanentes ... não-eu, possa alcançar o fruto de ‘não retorno’”.
“Então quais coisas deveria um bhikkhu, que ‘não retorna’, observar com atenção
com sabedoria?”
“Um bhikkhu, que ‘não retorna’, deveria observar com atenção com sabedoria os
cinco agregados influenciados pelo apego como impermanentes, sofrimento, uma
enfermidade, um câncer, uma flecha, dolorosos, uma aflição, estranhos, uma
dissolução, um vazio, não-eu. Pois, é possível que um bhikkhu, que ‘não retorna,’que
observe com atenção com sabedoria esses cinco agregados como impermanentes ...
não-eu, possa alcançar o fruto de ‘arahant’”.
“Então quais coisas um arahant deveria observar com atenção com sabedoria?”
“Um arahant deveria observar com atenção com sabedoria os cinco agregados
influenciados pelo apego como impermanentes, sofrimento, uma enfermidade, um
câncer, uma flecha, dolorosos, uma aflição, estranhos, uma dissolução, um vazio,
não-eu. Apesar de não existir nada mais a ser feito e nada a acrescentar àquilo que já
foi feito por um arahant, ainda assim, quando essas coisas são desenvolvidas e
cultivadas, elas conduzem a um estado prazeroso no aqui e agora, à atenção plena e
à completa compreensão."
“Venerável senhor, como alguém deve compreender, como alguém deve ver para
que, em relação a este corpo com a consciência e em relação a todos os sinais
externos, a mente esteja livre da fabricação do eu, da fabricação do meu e da
presunção?"
“Muito bem, bhikkhu. É bom que seja assim que você tenha entendido o significado
em detalhe do que eu disse de forma resumida. A forma é sedutora ... a consciência é
sedutora; você deve abandonar o desejo por ela. Assim é como o significado em
detalhe do que eu disse de forma resumida deve ser entendido.”
“Venerável senhor, como é que alguém deve compreender, como é que alguém deve
ver para que, em relação a este corpo com a consciência e em relação a todos os
sinais externos, a mente esteja livre da fabricação do eu, da fabricação do meu e da
presunção, e para que ela transcenda a dualidade e esteja em paz e bem libertada?”
“Qualquer sensação ... Qualquer percepção ... Quaisquer formações volitivas ...
Qualquer consciência, quer seja do passado, do futuro ou do presente, interna ou
externa; grosseira ou sutil; inferior ou superior; próxima ou distante: toda
consciência deve ser vista como na verdade é, com correta sabedoria: ‘Isso não é
meu, isso não sou eu, isso não é o meu eu.’
“Quando alguém sabe e vê assim, Kappa, então, em relação a este corpo com a
consciência e em relação a todos os sinais externos, a mente estará livre da
fabricação do eu, da fabricação do meu e da presunção, terá transcendido a
dualidade e estará em paz e bem libertada.”
“Aqui, bhikkhu, a pessoa comum sem instrução não compreende a forma sujeita ao
surgimento tal qual na verdade ela é: ‘A forma está sujeita ao surgimento.’ Ele não
compreende a forma sujeita à cessação tal qual na verdade ela é: ‘A forma está
sujeita à cessação.’ Ele não compreende a forma sujeita ao surgimento e cessação tal
qual na verdade ela é: ‘A forma está sujeita ao surgimento e cessação.’ Ele não
compreende a sensação ... percepção ... formações volitivas ... consciência sujeita ao
surgimento ... sujeita à cessação ... sujeita ao surgimento e cessação tal qual na
verdade ela é: ‘A consciência está sujeita ao surgimento e cessação.’
Quando isso foi dito, aquele bhikkhu disse para o Abençoado: “Venerável senhor,
dizem, ‘verdadeiro conhecimento, verdadeiro conhecimento. O que então, Venerável
senhor, é o verdadeiro conhecimento e de que modo alguém alcança o verdadeiro
conhecimento?”
“Aqui, amigo, a pessoa comum sem instrução não compreende como na verdade é a
gratificação, o perigo e a escapatória no caso da forma, sensação, percepção,
formações volitivas e consciência. Isso, amigo, é chamado ignorância e dessa
maneira alguém está imerso na ignorância."
“Aqui, amigo, a pessoa comum sem instrução não compreende como na verdade é a
origem e a cessação, a gratificação, o perigo e a escapatória no caso da forma,
sensação, percepção, formações volitivas e consciência. Isso, amigo, é chamado
ignorância e dessa maneira alguém está imerso na ignorância.”
“Aqui, amigo, a pessoa comum sem instrução não compreende como na verdade é a
gratificação, o perigo e a escapatória no caso da forma, sensação, percepção,
formações volitivas e consciência. Isso, amigo, é chamado ignorância e dessa
maneira alguém está imerso na ignorância.
“Aqui, amigo, a pessoa comum sem instrução não compreende como na verdade é a
origem e a cessação, a gratificação, o perigo e a escapatória no caso da forma,
sensação, percepção, formações volitivas e consciência. Isso, amigo, é chamado
ignorância e dessa maneira alguém está imerso na ignorância.
“Aqui, amigo, a pessoa comum sem instrução não compreende como na verdade é a
origem, a cessação, e o caminho que conduz à cessação no caso da forma, sensação,
percepção, formações volitivas e consciência. Isso, amigo, é chamado ignorância e
dessa maneira alguém está imerso na ignorância.
Em Savatthi. “Bhikkhus, vocês devem abandonar o desejo por tudo aquilo que é
impermanente. E o que é impermanente? A forma é impermanente; vocês devem
abandonar o desejo por ela. A sensação ... percepção ... formações volitivas ... a
consciência é impermanente; vocês devem abandonar o desejo por ela. Bhikkhus,
vocês devem abandonar o desejo por tudo aquilo que é impermanente.”
Em Savatthi. “Bhikkhus, vocês devem abandonar a cobiça por tudo aquilo que é
impermanente. E o que é impermanente? A forma é impermanente; vocês devem
abandonar a cobiça por ela. A sensação ... percepção ... formações volitivas ... a
consciência é impermanente; vocês devem abandonar a cobiça por ela. Bhikkhus,
vocês devem abandonar a cobiça por tudo aquilo que é impermanente.”
Em Savatthi. “Bhikkhus, vocês devem abandonar o desejo por tudo aquilo que é
sofrimento. E o que é sofrimento? A forma é sofrimento; vocês devem abandonar o
desejo por ela. A sensação ... percepção ... formações volitivas ... a consciência é
sofrimento; vocês devem abandonar o desejo por ela. Bhikkhus, vocês devem
abandonar o desejo por tudo aquilo que é sofrimento.”
Em Savatthi. “Bhikkhus, vocês devem abandonar a cobiça por tudo aquilo que é
sofrimento. E o que é sofrimento? A forma é sofrimento; vocês devem abandonar a
cobiça por ela. A sensação ... percepção ... formações volitivas ... a consciência é
sofrimento; vocês devem abandonar a cobiça por ela. Bhikkhus, vocês devem
abandonar a cobiça por tudo aquilo que é sofrimento.”
Em Savatthi. “Bhikkhus, vocês devem abandonar o desejo e a cobiça por tudo aquilo
que é sofrimento. E o que é sofrimento? A forma é sofrimento; vocês devem
abandonar o desejo e a cobiça por ela. A sensação ... percepção ... formações volitivas
... a consciência é sofrimento; vocês devem abandonar o desejo e a cobiça por ela.
Bhikkhus, vocês devem abandonar o desejo e a cobiça por tudo aquilo que é
sofrimento.”
Em Savatthi. “Bhikkhus, vocês devem abandonar o desejo por tudo aquilo que é não-
eu. E o que é não-eu? A forma é não-eu; vocês devem abandonar o desejo por ela. A
sensação ... percepção ... formações volitivas ... a consciência é não-eu; vocês devem
abandonar o desejo por ela. Bhikkhus, vocês devem abandonar o desejo por tudo
aquilo que é não-eu.”
Anatta (dutiya) Sutta (SN XXII.144) – Não–eu (2)
Em Savatthi. “Bhikkhus, vocês devem abandonar a cobiça por tudo aquilo que é não-
eu. E o que é não-eu? A forma é não-eu; vocês devem abandonar a cobiça por ela. A
sensação ... percepção ... formações volitivas ... a consciência é não-eu; vocês devem
abandonar a cobiça por ela. Bhikkhus, vocês devem abandonar a cobiça por tudo
aquilo que é não-eu.”
Em Savatthi. “Bhikkhus, vocês devem abandonar o desejo e a cobiça por tudo aquilo
que é não-eu. E o que é não-eu? A forma é não-eu; vocês devem abandonar o desejo
e a cobiça por ela. A sensação ... percepção ... formações volitivas ... a consciência é
não-eu; vocês devem abandonar o desejo e a cobiça por ela. Bhikkhus, vocês devem
abandonar o desejo e a cobiça por tudo aquilo que é não-eu.”
Em Savatthi. “Bhikkhus, para o membro de um clã que seguiu a vida santa com base
na fé, isto está de acordo com o Dhamma: ele deve permanecer dedicado ao
desencantamento em relação à forma, sensação, percepção, formações volitivas, e
consciência. Aquele que permanece dedicado ao desencantamento em relação à
forma ... consciência, compreende completamente a forma, sensação, percepção,
formações volitivas, e consciência. Aquele que compreende completamente a forma
... consciência, está livre da forma, sensação, percepção, formações volitivas, e
consciência. Ele está livre do nascimento, envelhecimento, e morte; livre da tristeza,
lamentação, dor, angústia e desespero; livre do sofrimento."
Em Savatthi. “Bhikkhus, para o membro de um clã que seguiu a vida santa com base
na fé, isto está de acordo com o Dhamma: ele deve permanecer contemplando a
impermanência em relação à forma, sensação, percepção, formações volitivas, e
consciência. Aquele que permanece contemplando a impermanência em relação à
forma ... consciência, compreende completamente a forma, sensação, percepção,
formações volitivas, e consciência. Aquele que compreende completamente a forma
... consciência, está livre da forma, sensação, percepção, formações volitivas, e
consciência. Ele está livre do nascimento, envelhecimento, e morte; livre da tristeza,
lamentação, dor, angústia e desespero; livre do sofrimento."
Em Savatthi. “Bhikkhus, para o membro de um clã que seguiu a vida santa com base
na fé, isto está de acordo com o Dhamma: ele deve permanecer contemplando o
sofrimento em relação à forma, sensação, percepção, formações volitivas, e
consciência. Aquele que permanece contemplando o sofrimento em relação à forma
... consciência, compreende completamente a forma, sensação, percepção, formações
volitivas, e consciência. Aquele que compreende completamente a forma ...
consciência, está livre da forma, sensação, percepção, formações volitivas, e
consciência. Ele está livre do nascimento, envelhecimento, e morte; livre da tristeza,
lamentação, dor, angústia e desespero; livre do sofrimento."
Em Savatthi. “Bhikkhus, para o membro de um clã que seguiu a vida santa com base
na fé, isto está de acordo com o Dhamma: ele deve permanecer contemplando não-
eu em relação à forma, sensação, percepção, formações volitivas, e consciência.
Aquele que permanece contemplando não-eu em relação à forma ... consciência,
compreende completamente a forma, sensação, percepção, formações volitivas, e
consciência. Aquele que compreende completamente a forma ... consciência, está
livre da forma, sensação, percepção, formações volitivas, e consciência. Ele está livre
do nascimento, envelhecimento, e morte; livre da tristeza, lamentação, dor, angústia
e desespero; livre do sofrimento."
“Impermanente, senhor.”
“Sofrimento, senhor.”
“Impermanente, senhor.”
“Sofrimento, senhor.”
“Vendo dessa forma, o nobre discípulo bem instruído se desencanta com a forma,
desencanta com a sensação, desencanta com a percepção, desencanta com as
formações volitivas, desencanta com a consciência. Desencantado ele se torna
desapegado. Através do desapego a sua mente é libertada. Quando ela está libertada
surge o conhecimento: ‘Libertada.’ Ele compreende que: ‘O nascimento foi destruído,
a vida santa foi vivida, o que deveria ser feito foi feito, não há mais vir a ser a
nenhum estado.’”
“Impermanente, senhor.”
“Sofrimento, senhor.”
“Impermanente, senhor.”
“Sofrimento, senhor.”
“Vendo dessa forma, o nobre discípulo bem instruído se desencanta com a forma,
desencanta com a sensação, desencanta com a percepção, desencanta com as
formações volitivas, desencanta com a consciência. Desencantado ele se torna
desapegado. Através do desapego a sua mente é libertada. Quando ela está libertada
surge o conhecimento: ‘Libertada.’ Ele compreende que: ‘O nascimento foi destruído,
a vida santa foi vivida, o que deveria ser feito foi feito, não há mais vir a ser a
nenhum estado.’”
“Impermanente, senhor.”
“Sofrimento, senhor.”
“Impermanente, senhor.”
“Sofrimento, senhor.”
“Mas sem o apego àquilo que é impermanente, sofrimento e sujeito a mudanças,
uma idéia como esta poderia surgir?”
“Vendo dessa maneira, o nobre discípulo bem instruído se desencanta com a forma,
desencanta com a sensação, desencanta com a percepção, desencanta com as
formações volitivas, desencanta com a consciência. Desencantado ele se torna
desapegado. Através do desapego a sua mente é libertada. Quando ela está libertada
surge o conhecimento: ‘Libertada.’ Ele compreende que: ‘O nascimento foi destruído,
a vida santa foi vivida, o que deveria ser feito foi feito, não há mais vir a ser a
nenhum estado.’”
“Impermanente, senhor.”
“Vendo dessa maneira, o nobre discípulo bem instruído se desencanta com a forma,
desencanta com a sensação, desencanta com a percepção, desencanta com as
formações volitivas, desencanta com a consciência. Desencantado ele se torna
desapegado. Através do desapego a sua mente é libertada. Quando ela está libertada
surge o conhecimento: ‘Libertada.’ Ele compreende que: ‘O nascimento foi destruído,
a vida santa foi vivida, o que deveria ser feito foi feito, não há mais vir a ser a
nenhum estado.’”
“Impermanente, senhor.”
“Sofrimento, senhor.”
“Impermanente, senhor.”
“Sofrimento, senhor.”
“Vendo dessa maneira, o nobre discípulo bem instruído se desencanta com a forma,
desencanta com a sensação, desencanta com a percepção, desencanta com as
formações volitivas, desencanta com a consciência. Desencantado ele se torna
desapegado. Através do desapego a sua mente é libertada. Quando ela está libertada
surge o conhecimento: ‘Libertada.’ Ele compreende que: ‘O nascimento foi destruído,
a vida santa foi vivida, o que deveria ser feito foi feito, não há mais vir a ser a
nenhum estado.’”
“Impermanente, senhor.”
“Vendo dessa maneira, o nobre discípulo bem instruído se desencanta com a forma,
desencanta com a sensação, desencanta com a percepção, desencanta com as
formações volitivas, desencanta com a consciência. Desencantado ele se torna
desapegado. Através do desapego a sua mente é libertada. Quando ela está libertada
surge o conhecimento: ‘Libertada.’ Ele compreende que: ‘O nascimento foi destruído,
a vida santa foi vivida, o que deveria ser feito foi feito, não há mais vir a ser a
nenhum estado.’”
Attanuditthi Sutta (SN XXII.156) - Idéia do Eu
“Impermanente, senhor.”
“Vendo dessa maneira, o nobre discípulo bem instruído se desencanta com a forma,
desencanta com a sensação, desencanta com a percepção, desencanta com as
formações volitivas, desencanta com a consciência. Desencantado ele se torna
desapegado. Através do desapego a sua mente é libertada. Quando ela está libertada
surge o conhecimento: ‘Libertada.’ Ele compreende que: ‘O nascimento foi destruído,
a vida santa foi vivida, o que deveria ser feito foi feito, não há mais vir a ser a
nenhum estado.’”
“Impermanente, senhor.”
“Sofrimento, senhor.”
“Impermanente, senhor.”
“Sofrimento, senhor.”
“Vendo dessa maneira, o nobre discípulo bem instruído se desencanta com a forma,
desencanta com a sensação, desencanta com a percepção, desencanta com as
formações volitivas, desencanta com a consciência. Desencantado ele se torna
desapegado. Através do desapego a sua mente é libertada. Quando ela está libertada
surge o conhecimento: ‘Libertada.’ Ele compreende que: ‘O nascimento foi destruído,
a vida santa foi vivida, o que deveria ser feito foi feito, não há mais vir a ser a
nenhum estado.’”
“Impermanente, senhor.”
“Sofrimento, senhor.”
“Impermanente, senhor.”
“Sofrimento, senhor.”
“Vendo dessa maneira, o nobre discípulo bem instruído se desencanta com a forma,
desencanta com a sensação, desencanta com a percepção, desencanta com as
formações volitivas, desencanta com a consciência. Desencantado ele se torna
desapegado. Através do desapego a sua mente é libertada. Quando ela está libertada
surge o conhecimento: ‘Libertada.’ Ele compreende que: ‘O nascimento foi destruído,
a vida santa foi vivida, o que deveria ser feito foi feito, não há mais vir a ser a
nenhum estado.’”
Ananda Sutta (SN XXII.159) - Ananda
“Qualquer sensação...
“Qualquer percepção...
“Vendo dessa forma, o nobre discípulo bem instruído se desencanta com a forma,
desencanta com a sensação, desencanta com a percepção, desencanta com as
formações volitivas, desencanta com a consciência. Desencantado ele se torna
desapegado. Através do desapego a sua mente é libertada. Quando ela está libertada
surge o conhecimento: ‘Libertada.’ Ele compreende que: ‘O nascimento foi destruído,
a vida santa foi vivida, o que deveria ser feito foi feito, não há mais vir a ser a
nenhum estado.’”
“Alguém está grudado, Radha, grudado com firmeza, ao desejo, cobiça, deleite e
paixão pela forma; assim alguém é chamado um ser. Alguém está grudado, grudado
com firmeza, ao desejo, cobiça, deleite e paixão pela sensação ... pela percepção ...
pelas formações ... pela consciência, assim alguém é chamado um ser.
“Suponha, Radha, que alguns meninos ou meninas estejam brincando com castelos
de areia. Enquanto eles não estiverem desprovidos de paixão, desejo, afeição, sede,
cobiça e ambição por esses castelos de areia, eles irão amá-los, irão brincar com eles
e apreciá-los, e irão tratá-los de modo possessivo. Mas quando aqueles meninos ou
meninas perderem a paixão, desejo, afeição, sede, cobiça e ambição por aqueles
castelos de areia, então eles irão esparramá-los com as mãos e os pés, irão demoli-
los, destruí-los e deixarão de brincar com eles.
“Do mesmo modo, Radha, esparrame, demola, destrua a forma e deixe de brincar
com ela; pratique a destruição do desejo. Esparrame .... a sensação, esparrame ... a
percepção, esparrame ... as formações, esparrame, demola, destrua a consciência e
deixe de brincar com ela; pratique a destruição do desejo. Pois a destruição do
desejo, Radha, é nibbana.”cli
“Aquele que sabe e vê estes ensinamentos dessa forma é chamado um que entrou na
correnteza, não mais destinado aos mundos inferiores, com o destino fixo, tendo a
iluminação como destino.”
“Aquele que sabe e vê estes ensinamentos dessa maneira é chamado um que entrou
na correnteza, não mais destinado aos mundos inferiores, com o destino fixo, ele
tem a iluminação como destino.”
“Aquele que sabe e vê estes ensinamentos dessa maneira é chamado um que entrou
na correnteza, não mais destinado aos mundos inferiores, com o destino fixo, tendo
a iluminação como destino.”
“Aquele, que sabe e vê estes ensinamentos desse modo, é chamado aquele que
entrou na correnteza, não mais destinado aos mundos inferiores, com o destino fixo,
ele tem a iluminação como destino.”
Em Savatthi. “Bhikkhus, paixão e cobiça pelo desejo por formas é uma corrupção da
mente. Cobiça e paixão pelo desejo por sons ... por aromas ... por sabores ... por
tangíveis ... por objetos mentais é uma corrupção da mente. Quando um bhikkhu
abandonou a corrupção da mente nesses seis casos, a sua mente se inclina pela
renúncia. Uma mente fortificada pela renúncia se torna maleável em relação àquelas
coisas que devem ser realizadas através do conhecimento direto.”
Dhatu Sutta (SN XXVII.9) – Elementos
Em Savatthi. “Bhikkhus, cobiça e paixão pelo elemento terra ... pelo elemento água ...
pelo elemento fogo ... pelo elemento ar ... pelo elemento espaço ... pelo elemento
consciência é uma corrupção da mente. Quando um bhikkhu abandonou a corrupção
da mente nesses seis casos, a sua mente se inclina pela renúncia. Uma mente
fortificada pela renúncia se torna maleável em relação àquelas coisas que devem ser
realizadas através do conhecimento direto.”
Em Savatthi. “Bhikkhus, cobiça e paixão pela forma ... pela sensação ... pela percepção
... pelas formações ... pela consciência, é uma corrupção da mente. Quando um
bhikkhu abandonou a corrupção da mente nesses seis casos, a sua mente se inclina
pela renúncia. Uma mente fortificada pela renúncia se torna maleável em relação
àquelas coisas que devem ser realizadas através do conhecimento direto.”
“Aqui, bhikkhu, alguém age de forma ambivalente com o corpo, linguagem e mente.
Ele ouviu: ‘Os nagas nascidos de ovos vivem por muito tempo, são belos e abundam
em felicidade.’ Ele pensa: ‘Oh, que com a dissolução do corpo, após a morte, eu possa
renascer na companhia dos nagas que nascem dos ovos!’ Então, com a dissolução do
corpo, após a morte, ele renasce na companhia dos nagas que nascem dos ovos.”
“Essa, bhikkhu, é a causa e a razão porque alguém, aqui, com a dissolução do corpo,
após a morte, renasce na companhia dos nagas que nascem de ovos.”
Sentado a um lado, aquele bhikkhu disse para o Abençoado: “Venerável senhor, qual
é a causa e a razão porque alguém, aqui, com a dissolução do corpo, após a morte,
renasce na companhia dos nagas que nascem de ovos?”
“Aqui, bhikkhu, alguém age de forma ambivalente com o corpo, linguagem e mente.
Ele ouviu: ‘Os nagas nascidos de ovos vivem por muito tempo, são belos e abundam
em felicidade.’ Ele pensa: ‘Oh, que com a dissolução do corpo, após a morte, eu possa
renascer na companhia dos nagas que nascem dos ovos!’ Ele dá alimentos ... Ele dá
de beber ... Ele dá roupas ... Ele dá um veículo ... Ele dá uma grinalda ... Ele dá um
perfume ... Ele dá um ungüento ... Ele dá uma moradia ... Ele dá uma lamparina.
Então, com a dissolução do corpo, após a morte, ele renasce na companhia dos nagas
que nascem dos ovos.”
“Essa, bhikkhu, é a causa e a razão porque alguém, aqui, com a dissolução do corpo,
após a morte, renasce na companhia dos nagas que nascem de ovos.”
“Aqui, bhikkhu, alguém age de forma ambivalente com o corpo, linguagem e mente.
Ele ouviu: ‘Os supannas nascidos de ovos vivem por muito tempo, são belos e
abundam em felicidade.’ Ele pensa: ‘Oh, que com a dissolução do corpo, após a
morte, eu possa renascer na companhia dos supannas que nascem dos ovos!’ Então,
com a dissolução do corpo, após a morte, ele renasce na companhia dos supannas
que nascem dos ovos.”
“Essa, bhikkhu, é a causa e a razão porque alguém aqui, com a dissolução do corpo,
após a morte, renasce na companhia dos supannas que nascem de ovos.”
Andajadanupakara Sutta (SN XXX.7-16) -
Com o Suporte da Generosidade
Sentado a um lado, aquele bhikkhu disse para o Abençoado: “Venerável senhor, qual
é a causa e a razão porque alguém, aqui, com a dissolução do corpo, após a morte,
renasce na companhia dos supannas que nascem de ovos?”
“Aqui, bhikkhu, alguém age de forma ambivalente com o corpo, linguagem e mente.
Ele ouviu: ‘Os supannas nascidos de ovos vivem por muito tempo, são belos e
abundam em felicidade.’ Ele pensa: ‘Oh, que com a dissolução do corpo, após a
morte, eu possa renascer na companhia dos supannas que nascem dos ovos!’ Ele dá
alimentos ... Ele dá de beber ... Ele dá roupas ... Ele dá um veículo ... Ele dá uma
grinalda ... Ele dá um perfume ... Ele dá um ungüento ... Ele dá uma moradia ... Ele dá
uma lamparina. Então, com a dissolução do corpo, após a morte, ele renasce na
companhia dos supannas que nascem dos ovos.”
“Essa, bhikkhu, é a causa e a razão porque alguém aqui, com a dissolução do corpo,
após a morte, renasce na companhia dos supannas que nascem de ovos.”
“E quais, bhikkhus, são os devas da ordem dos gandhabbas? Há, bhikkhus, devas que
habitam raízes perfumadas, devas que habitam cernes perfumados, devas que
habitam alburnos perfumados, devas que habitam cascas perfumadas de árvores,
devas que habitam folhas perfumadas, devas que habitam flores perfumadas, devas
que habitam frutos perfumados, devas que habitam a seiva perfumada e devas que
habitam o aroma perfumado.
“Aqui, bhikkhu, alguém pratica a boa conduta com o corpo, linguagem e mente. clxiii
Ele ouviu: ‘Os devas da ordem dos gandhabbas vivem por muito tempo, são belos e
abundam em felicidade.’ Ele pensa: ‘Oh, que com a dissolução do corpo, após a
morte, eu possa renascer na companhia dos devas da ordem dos gandhabbas!’ Então,
com a dissolução do corpo, após a morte, ele renasce na companhia dos devas da
ordem dos gandhabbas.”
“Essa, bhikkhu, é a causa e a razão porque alguém, aqui, com a dissolução do corpo,
após a morte, renasce na companhia dos devas da ordem dos gandhabbas.”
Sentado a um lado, aquele bhikkhu disse para o Abençoado: “Venerável senhor, qual
é a causa e a razão porque alguém, aqui, com a dissolução do corpo, após a morte,
renasce na companhia dos devas que habitam as raízes perfumadas?”
“Aqui, bhikkhu, alguém pratica a boa conduta com o corpo, linguagem e mente. Ele
ouviu: ‘Os devas que habitam as raízes perfumadas vivem por muito tempo, são
belos e abundam em felicidade.’ Ele pensa: ‘Oh, que com a dissolução do corpo, após
a morte, eu possa renascer na companhia dos devas que habitam as raízes
perfumadas!’ Ele dá alimentos ... Ele dá de beber ... Ele dá roupas ... Ele dá um veículo
... Ele dá uma grinalda ... Ele dá um perfume ... Ele dá um ungüento ... Ele dá uma
moradia ... Ele dá uma lamparina. Então, com a dissolução do corpo, após a morte,
ele renasce na companhia dos devas que habitam as raízes perfumadas.”
“Essa, bhikkhu, é a causa e a razão porque alguém, aqui, com a dissolução do corpo,
após a morte, renasce na companhia dos devas que habitam as raízes perfumadas.”
“E quais, bhikkhus, são os devas que habitam as nuvens? Há, bhikkhus, devas que
habitam nuvens frias, devas que habitam nuvens quentes, devas que habitam nuvens
tempestuosas, devas que habitam nuvens ventosas, devas que habitam nuvens
chuvosas.
“Aqui, bhikkhu, alguém pratica a boa conduta com o corpo, linguagem e mente. clxv
Ele ouviu: ‘Os devas que habitam as nuvens vivem por muito tempo, são belos e
abundam em felicidade.’ Ele pensa: ‘Oh, que com a dissolução do corpo, após a
morte, eu possa renascer na companhia dos devas que habitam as nuvens!’ Então,
com a dissolução do corpo, após a morte, ele renasce na companhia dos devas que
habitam as nuvens.”
“Essa, bhikkhu, é a causa e a razão porque alguém aqui, com a dissolução do corpo,
após a morte, renasce na companhia dos devas que habitam as nuvens.”
Sentado a um lado, aquele bhikkhu disse para o Abençoado: “Venerável senhor, qual
é a causa e a razão porque alguém, aqui, com a dissolução do corpo, após a morte,
renasce na companhia dos devas que habitam nuvens frias?”
“Aqui, bhikkhu, alguém pratica a boa conduta com o corpo, linguagem e mente. Ele
ouviu: ‘Os devas que habitam as nuvens frias vivem por muito tempo, são belos e
abundam em felicidade.’ Ele pensa: ‘Oh, que com a dissolução do corpo, após a
morte, eu possa renascer na companhia dos devas que habitam as nuvens frias!’ Ele
dá alimentos ... Ele dá de beber ... Ele dá roupas ... Ele dá um veículo ... Ele dá uma
grinalda ... Ele dá um perfume ... Ele dá um ungüento ... Ele dá uma moradia ... Ele dá
uma lamparina. Então, com a dissolução do corpo, após a morte, ele renasce na
companhia dos devas que habitam nuvens frias.”
“Essa, bhikkhu, é a causa e a razão porque alguém, aqui, com a dissolução do corpo,
após a morte, renasce na companhia dos devas que habitam nuvens frias.”
“Mestre Gotama, qual é a causa e a razão porque estas várias idéias especulativas
surgem no mundo: ‘O mundo é eterno’ ou ‘O mundo não é eterno’; ou ‘O mundo é
finito,’ ou ‘O mundo é infinito’; ou ‘A alma e o corpo são a mesma coisa,’ ou ‘A alma é
uma coisa e o corpo outra’; ou ‘O Tathagata existe depois da morte,’ ou ‘O Tathagata
não existe depois da morte,’ ou ‘O Tathagata tanto existe como não existe após a
morte,’ ou ‘O Tathagata nem existe, nem não existe depois da morte’?”
“Vaccha, é por não conhecer a forma, a sua origem, a sua cessação e o caminho que
conduz à sua cessação que essas várias idéias especulativas surgem no mundo: ‘O
mundo é eterno’ ... ou ‘O Tathagata nem existe, nem não existe depois da morte’
Essa, Vaccha, é a causa e a razão porque essas várias idéias especulativas surgem no
mundo."
“Mestre Gotama, qual é a causa e a razão porque estas várias idéias especulativas
surgem no mundo: ‘O mundo é eterno’ ou ‘O mundo não é eterno’; ou ‘O mundo é
finito,’ ou ‘O mundo é infinito’; ou ‘A alma e o corpo são a mesma coisa,’ ou ‘A alma é
uma coisa e o corpo outra’; ou ‘O Tathagata existe depois da morte,’ ou ‘O Tathagata
não existe depois da morte,’ ou ‘O Tathagata tanto existe como não existe após a
morte,’ ou ‘O Tathagata nem existe, nem não existe depois da morte’?”
“Vaccha, é por não conhecer a sensação, a sua origem, a sua cessação e o caminho
que conduz à sua cessação que essas várias idéias especulativas surgem no mundo:
‘O mundo é eterno’ ... ou ‘O Tathagata nem existe, nem não existe depois da morte’
Essa, Vaccha, é a causa e a razão porque essas várias idéias especulativas surgem no
mundo."
“Mestre Gotama, qual é a causa e a razão porque estas várias idéias especulativas
surgem no mundo: ‘O mundo é eterno’ ou ‘O mundo não é eterno’; ou ‘O mundo é
finito’ ou ‘O mundo é infinito’; ou ‘A alma e o corpo são a mesma coisa,’ ou ‘A alma é
uma coisa e o corpo outra’; ou ‘O Tathagata existe depois da morte,’ ou ‘O Tathagata
não existe depois da morte,’ ou ‘O Tathagata tanto existe como não existe após a
morte,’ ou ‘O Tathagata nem existe, nem não existe depois da morte’?”
“Vaccha, é por não conhecer a percepção, a sua origem, a sua cessação e o caminho
que conduz à sua cessação que essas várias idéias especulativas surgem no mundo:
‘O mundo é eterno’ ... ou ‘O Tathagata nem existe, nem não existe depois da morte’
Essa, Vaccha, é a causa e a razão porque essas várias idéias especulativas surgem no
mundo."
“Mestre Gotama, qual é a causa e a razão porque estas várias idéias especulativas
surgem no mundo: ‘O mundo é eterno’ ou ‘O mundo não é eterno’; ou ‘O mundo é
finito,’ ou ‘O mundo é infinito’; ou ‘A alma e o corpo são a mesma coisa,’ ou ‘A alma é
uma coisa e o corpo outra’; ou ‘O Tathagata existe depois da morte,’ ou ‘O Tathagata
não existe depois da morte,’ ou ‘O Tathagata tanto existe como não existe após a
morte,’ ou ‘O Tathagata nem existe, nem não existe depois da morte’?”
“Vaccha, é por não conhecer as formações, a sua origem, a sua cessação e o caminho
que conduz à sua cessação que essas várias idéias especulativas surgem no mundo:
‘O mundo é eterno’ ... ou ‘O Tathagata nem existe, nem não existe depois da morte’
Essa, Vaccha, é a causa e a razão porque essas várias idéias especulativas surgem no
mundo."
“Mestre Gotama, qual é a causa e a razão porque estas várias idéias especulativas
surgem no mundo: ‘O mundo é eterno’ ou ‘O mundo não é eterno’; ou ‘O mundo é
finito’ ou ‘O mundo é infinito’; ou ‘A alma e o corpo são a mesma coisa’ ou ‘A alma é
uma coisa e o corpo outra’; ou ‘O Tathagata existe depois da morte’ ou ‘O Tathagata
não existe depois da morte,’ ou ‘O Tathagata tanto existe como não existe após a
morte,’ ou ‘O Tathagata nem existe, nem não existe depois da morte’?”
“Vaccha, é por não conhecer a consciência, a sua origem, a sua cessação e o caminho
que conduz à sua cessação que essas várias idéias especulativas surgem no mundo:
‘O mundo é eterno’ ... ou ‘O Tathagata nem existe, nem não existe depois da morte’
Essa, Vaccha, é a causa e a razão porque essas várias idéias especulativas surgem no
mundo."
“Da mesma forma, bhikkhus, como da vaca se obtém o leite, do leite o creme de leite,
do creme de leite a manteiga, da manteiga a manteiga líquida e da manteiga líquida
o creme da manteiga líquida, que é considerado o melhor dentre todos esses, assim
também, o meditador que tem habilidade, tanto na concentração com relação à
concentração como na realização da concentração, é o cabeça, o melhor, o principal,
o supremo, o mais excelente de todos esses quatro tipos de meditadores.”
“Aqui, um meditador tem habilidade para emergir da concentração mas não tem
habilidade na concentração com relação à concentração.
“Da mesma forma, bhikkhus, como da vaca se obtém o leite, do leite o creme de leite,
do creme de leite a manteiga, da manteiga a manteiga líquida e da manteiga líquida
o creme da manteiga líquida, que é considerado o melhor dentre todos esses, assim
também, o meditador que tem habilidade, tanto na concentração com relação à
concentração como para emergir da concentração, é o cabeça, o melhor, o principal,
o supremo, o mais excelente de todos esses quatro tipos de meditadores.”
“Da mesma forma, bhikkhus, como da vaca se obtém o leite, do leite o creme de leite,
do creme de leite a manteiga, da manteiga a manteiga líquida e da manteiga líquida
o creme da manteiga líquida, que é considerado o melhor dentre todos esses, assim
também, o meditador que tem habilidade, tanto na concentração com relação à
concentração como na maleabilidade com relação à concentração, é o cabeça, o
melhor, o principal, o supremo, o mais excelente de todos esses quatro tipos de
meditadores.”
“Aqui, um meditador tem habilidade no objeto relativo à concentração, mas não tem
habilidade na concentração com relação à concentração.
“Da mesma forma, bhikkhus, como da vaca se obtém o leite, do leite o creme de leite,
do creme de leite a manteiga, da manteiga a manteiga líquida e da manteiga líquida
o creme da manteiga líquida, que é considerado o melhor dentre todos esses, assim
também, o meditador que tem habilidade, tanto na concentração com relação à
concentração como no objeto relativo à concentração, é o cabeça, o melhor, o
principal, o supremo, o mais excelente de todos esses quatro tipos de meditadores.”
“Da mesma forma, bhikkhus, como da vaca se obtém o leite, do leite o creme de leite,
do creme de leite a manteiga, da manteiga a manteiga líquida e da manteiga líquida
o creme da manteiga líquida, que é considerado o melhor dentre todos esses, assim
também, o meditador que tem habilidade, tanto na concentração com relação à
concentração como na extensão com relação à concentração, é o cabeça, o melhor, o
principal, o supremo, o mais excelente de todos esses quatro tipos de meditadores.”
Samadhimula-abhinihara Sutta (SN XXXIV.7) -
Determinação com Relação à Concentração
“Da mesma forma, bhikkhus, como da vaca se obtém o leite, do leite o creme de leite,
do creme de leite a manteiga, da manteiga a manteiga líquida e da manteiga líquida
o creme da manteiga líquida, que é considerado o melhor dentre todos esses, assim
também, o meditador que tem habilidade em ambos, na concentração com relação à
concentração e na determinação com relação à concentração, é o cabeça, o melhor, o
principal, o supremo, o mais excelente de todos esses quatro tipos de meditadores.”
“Da mesma forma, bhikkhus, como da vaca se obtém o leite, do leite o creme de leite,
do creme de leite a manteiga, da manteiga a manteiga líquida e da manteiga líquida
o creme da manteiga líquida, que é considerado o melhor dentre todos esses, assim
também, o meditador que tem habilidade, tanto na concentração com relação à
concentração como na determinação com relação à concentração, é o cabeça, o
melhor, o principal, o supremo, o mais excelente de todos esses quatro tipos de
meditadores.”
“Da mesma forma, bhikkhus, como da vaca se obtém o leite, do leite o creme de leite,
do creme de leite a manteiga, da manteiga a manteiga líquida e da manteiga líquida
o creme da manteiga líquida, que é considerado o melhor dentre todos esses, assim
também, o meditador que tem habilidade em ambos, na concentração com relação à
concentração e na determinação com relação à concentração, é o cabeça, o melhor, o
principal, o supremo, o mais excelente de todos esses quatro tipos de meditadores.”
“Aqui, um meditador faz aquilo que é adequado relativo à concentração, mas não
tem habilidade na concentração com relação à concentração.
“Da mesma forma, bhikkhus, como da vaca se obtém o leite, do leite o creme de leite,
do creme de leite a manteiga, da manteiga a manteiga líquida e da manteiga líquida
o creme da manteiga líquida, que é considerado o melhor dentre todos esses, assim
também, o meditador que tem habilidade em ambos, na concentração com relação à
concentração e em fazer aquilo que é adequado relativo à concentração, é o cabeça,
o melhor, o principal, o supremo, o mais excelente de todos esses quatro tipos de
meditadores.”
Salayatana Vagga
[samyuttas XXXV (35) - XLIV (44)]
O Salayatana Vagga contém 434 suttas dos quais 298 foram traduzidos para o
Português
XXXV (35). Salayatana-samyutta - Seis bases
Este samyutta contém 248 suttas sendo que todos foram traduzidos para o
Português. Leia sobre o conteúdo do Salayatana-samyutta clxxvii
Um apanhado geral dos ensinamentos do Salayatana-samyutta também está
disponível em áudio
"O ouvido é impermanente ... o nariz é impermanente ... a língua é impermanente ... o
corpo é impermanente ... a mente é impermanente. Aquilo que é impermanente é
sofrimento. Aquilo que é sofrimento é não-eu. Aquilo que é não-eu deve ser visto
com clareza como na verdade é, com correta sabedoria, assim: 'Isso não é meu, isso
não sou eu, isso não é o meu eu.'
"O ouvido é sofrimento ... o nariz é sofrimento ... a língua é sofrimento ... o corpo é
sofrimento ... a mente é sofrimento. Aquilo que é sofrimento é não-eu. Aquilo que é
não-eu deve ser visto com clareza como na verdade é, com correta sabedoria, assim:
'Isso não é meu, isso não sou eu, isso não é o meu eu.'
“Bhikkhus, o olho é não-eu. Aquilo que é não-eu deve ser visto com clareza como na
verdade é, com correta sabedoria, assim: 'Isso não é meu, isso não sou eu, isso não é
o meu eu.'
"O ouvido é não-eu ... o nariz é não-eu ... a língua é não-eu ... o corpo é não-eu ... a
mente é não-eu. Aquilo que é não-eu deve ser visto com clareza como na verdade é,
com correta sabedoria, assim: 'Isso não é meu, isso não sou eu, isso não é o meu eu.'
"Os sons são impermanentes ... os aromas são impermanentes ... os sabores são
impermanentes ... os tangíveis são impermanentes ... os objetos mentais são
impermanentes. Aquilo que é impermanente é sofrimento. Aquilo que é sofrimento
é não-eu. Aquilo que é não-eu deve ser visto com clareza como na verdade é, com
correta sabedoria, assim: 'Isso não é meu, isso não sou eu, isso não é o meu eu.'
“Bhikkhus, as formas são sofrimento. Aquilo que é sofrimento é não-eu. Aquilo que é
não-eu deve ser visto com clareza como na verdade é, com correta sabedoria, assim:
'Isso não é meu, isso não sou eu, isso não é o meu eu.'
"Os sons são sofrimento... os aromas são sofrimento... os sabores são sofrimento... os
tangíveis são sofrimento... os objetos mentais são sofrimento. Aquilo que é
sofrimento é não-eu. Aquilo que é não-eu deve ser visto com clareza como na
verdade é, com correta sabedoria, assim: 'Isso não é meu, isso não sou eu, isso não é
o meu eu.'
"Vendo assim, bhikkhus, o nobre discípulo bem instruído experimenta o
desencantamento em relação às formas, o desencantamento em relação aos aromas,
o desencantamento em relação aos sabores, o desencantamento em relação aos
tangíveis, o desencantamento em relação aos objetos mentais. Experimentando o
desencantamento ele se torna desapegado. Através do desapego a sua mente está
libertada. Quando está libertada, surge o conhecimento, ‘Libertada.’ Ele compreende
que ‘O nascimento foi destruído, a vida santa foi vivida, o que devia ser feito foi feito,
não há mais vir a ser a nenhum estado.'"
“Bhikkhus, as formas são não-eu. Aquilo que é não-eu deve ser visto com clareza
como na verdade é, com correta sabedoria, assim: 'Isso não é meu, isso não sou eu,
isso não é o meu eu.'
"Os sons são não-eu... os aromas são não-eu... os sabores são não-eu... os tangíveis
são não-eu... os objetos mentais são não-eu. Aquilo que é não-eu deve ser visto com
clareza como na verdade é, com correta sabedoria, assim: 'Isso não é meu, isso não
sou eu, isso não é o meu eu.'
Em Savatthi.
"O ouvido é impermanente ... o nariz é impermanente ... a língua é impermanente ... o
corpo é impermanente ... a mente é impermanente, ambos no passado e no futuro,
sem falar no presente. Vendo assim, bhikkhus, o nobre discípulo bem instruído é
indiferente com relação à mente do passado; ele não busca o prazer na mente no
futuro; e ele pratica pelo desencantamento com relação à mente no presente, pelo
desaparecimento e cessação."
Em Savatthi.
"O ouvido é sofrimento ... o nariz é sofrimento ... a língua é sofrimento ... o corpo é
sofrimento ... a mente é sofrimento, ambos no passado e no futuro, sem falar no
presente. Vendo assim, bhikkhus, o nobre discípulo bem instruído é indiferente com
relação à mente do passado; ele não busca o prazer na mente no futuro; e ele pratica
pelo desencantamento com relação à mente no presente, pelo desaparecimento e
cessação."
Em Savatthi.
"O ouvido é não-eu ... o nariz é não-eu ... a língua é não-eu ... o corpo é não-eu ... a
mente é não-eu, ambos no passado e no futuro, sem falar no presente. Vendo assim,
bhikkhus, o nobre discípulo bem instruído é indiferente com relação à mente do
passado; ele não busca o deleite na mente no futuro; e ele pratica pelo
desencantamento com relação à mente no presente, pelo desaparecimento e
cessação."
Em Savatthi.
"Os sons são impermanentes ... os aromas são impermanentes ... os sabores são
impermanentes ... os tangíveis são impermanentes ... os objetos mentais são
impermanentes, ambos no passado e no futuro, sem falar no presente. Vendo assim,
bhikkhus, o nobre discípulo bem instruído é indiferente com relação aos objetos
mentais do passado; ele não busca o prazer nos objetos mentais no futuro; e ele
pratica pelo desencantamento com relação aos objetos mentais no presente, pelo
desaparecimento e cessação."
Em Savatthi.
"Os sons são sofrimento ... os aromas são sofrimento ... os sabores são sofrimento ...
os tangíveis são sofrimento ... os objetos mentais são sofrimento, ambos no passado
e no futuro, sem falar no presente. Vendo assim, bhikkhus, o nobre discípulo bem
instruído é indiferente com relação aos objetos mentais do passado; ele não busca o
prazer nos objetos mentais no futuro; e ele pratica pelo desencantamento com
relação aos objetos mentais no presente, pelo desaparecimento e cessação."
Bahiranattatitanagata Sutta (SN XXXV.12) -
Externo como Não-eu nos Três Tempos
Em Savatthi.
"Os sons são não-eu ... os aromas são não-eu ... os sabores são não-eu ... os tangíveis
são não-eu ... os objetos mentais são não-eu, ambos no passado e no futuro, sem
falar no presente. Vendo assim, bhikkhus, o nobre discípulo bem instruído é
indiferente com relação aos objetos mentais do passado; ele não busca o prazer nos
objetos mentais no futuro; e ele pratica pelo desencantamento com relação aos
objetos mentais no presente, pelo desaparecimento e cessação."
Em Savatthi.
"O prazer e a alegria que surgem na dependência do ouvido ... do nariz ... da língua ...
do corpo ... da mente: essa é a gratificação da mente. A mente é impermanente,
sofrimento e sujeita à mudança: esse é o perigo da mente. A remoção e o abandono
do desejo e cobiça pela mente: essa é a escapatória da mente.
Em Savatthi.
"Então, bhikkhus, me ocorreu: 'O prazer e a alegria que surgem na dependência das
formas: essa é a gratificação das formas. As formas são impermanentes, sofrimento
e sujeitas à mudança: esse é o perigo das formas. A remoção e o abandono do desejo
e cobiça pelas formas: essa é a escapatória das formas.
"O prazer e a alegria que surgem na dependência dos sons ... dos aromas ... dos
sabores ... dos tangíveis ... dos objetos mentais: essa é a gratificação dos objetos
mentais. Os objetos mentais são impermanentes, sofrimento e sujeitos à mudança:
esse é o perigo dos objetos mentais. A remoção e o abandono do desejo e cobiça pela
mente: essa é a escapatória dos objetos mentais.
“Bhikkhus, eu busquei o perigo no olho. Qualquer tipo de perigo que possa haver no
olho - isso eu descobri. Eu vi com clara sabedoria até onde pode chegar o perigo no
olho.
“Bhikkhus, eu busquei a gratificação ... o perigo ... a escapatória do ouvido ... do nariz
... da língua ... do corpo ... da mente. Qualquer tipo de escapatória da mente que possa
haver - isso eu descobri. Eu vi com clara sabedoria até onde pode chegar a
escapatória da mente.
“Bhikkhus, eu busquei o perigo nas formas. Qualquer tipo de perigo que possa haver
nas formas - isso eu descobri. Eu vi com clara sabedoria até onde pode chegar o
perigo nas formas.
“Bhikkhus, eu busquei a escapatória das formas. Qualquer tipo de escapatória das
formas que possa haver - isso eu descobri. Eu vi com clara sabedoria até onde pode
chegar a escapatória das formas.
“Bhikkhus, eu busquei a gratificação ... o perigo ... a escapatória dos sons ... dos
aromas ... dos sabores ... dos tangíveis ... dos objetos mentais. Qualquer tipo de
escapatória dos objetos mentais que possa haver - isso eu descobri. Eu vi com clara
sabedoria até onde pode chegar a escapatória dos objetos mentais.
“Bhikkhus, se não houvesse gratificação no ouvido ... no nariz ... na língua ... no corpo
... na mente os seres se enamoram da mente ... mas porque há escapatória da mente,
os seres escapam da mente.
“Bhikkhus, se não houvesse gratificação nos sons ... nos aromas ... nos sabores ... nos
tangíveis ... nos objetos mentais os seres se enamoram dos objetos mentais ... mas
porque há escapatória da mente, os seres escapam dos objetos mentais.
“Bhikkhus, aquele que busca deleite no olho busca deleite no sofrimento. Aquele que
busca deleite no sofrimento, eu digo, não está livre do sofrimento. Aquele que busca
deleite no ouvido ... no nariz ... na língua ... no corpo ... na mente busca deleite no
sofrimento. Aquele que busca deleite no sofrimento, eu digo, não está livre do
sofrimento.
"Aquele que não busca deleite no olho ... na mente, não busca deleite no sofrimento.
Aquele que não busca deleite no sofrimento, eu digo, está livre do sofrimento."
Abhinanda (dutiya) Sutta (SN XXXV.20) - Deleite (2)
“Bhikkhus, aquele que busca deleite nas formas busca deleite no sofrimento. Aquele
que busca deleite no sofrimento, eu digo, não está livre do sofrimento. Aquele que
busca deleite nos sons ... nos aromas ... nos sabores ... nos tangíveis ... nos objetos
mentais busca deleite no sofrimento. Aquele que busca deleite no sofrimento, eu
digo, não está livre do sofrimento.
"Aquele que não busca deleite nas formas ... nos objetos mentais, não busca deleite
no sofrimento. Aquele que não busca deleite no sofrimento, eu digo, está livre do
sofrimento."
"A cessação, o alívio e o desaparecimento das formas ... dos objetos mentais é a
cessação do sofrimento, o alívio da enfermidades, o desaparecimento do
envelhecimento e morte."
Sabba Sutta (SN XXXV.23) – O Todo
“Bhikkhus, eu ensinarei para vocês o todo. Ouçam e prestem muita atenção àquilo
que eu vou dizer.” – “Sim, Venerável senhor,” os bhikkhus responderam. O
Abençoado disse o seguinte:
“E qual, bhikkhus, é o Dhamma para abandonar o todo? O olho deve ser abandonado,
clxxix as formas devem ser abandonadas, a consciência deve ser abandonada, o
contato no olho deve ser abandonado e qualquer sensação que surja tendo o contato
no olho como condição – quer seja prazerosa, dolorosa ou nem prazererosa, nem
dolorosa – isso também deve ser abandonado.
“E qual, bhikkhus, é esse todo que sem o seu conhecimento direto e completa
compreensão, que sem desenvolver o desapego em relação a ele, abandonando-o,
uma pessoa é incapaz de destruir o sofrimento?
“E qual, bhikkhus, é esse todo que, com o seu conhecimento direto e completa
compreensão, com o desenvolvimento do desapego em relação a ele, abandonando-
o, uma pessoa é capaz de destruir o sofrimento?
Em Savatthi.
“E qual, bhikkhus, é esse todo que sem o seu conhecimento direto e completa
compreensão, que sem desenvolver o desapego em relação a ele, abandonando-o,
uma pessoa é incapaz de destruir o sofrimento?
“E qual, bhikkhus, é esse todo que, com o seu conhecimento direto e completa
compreensão, com o desenvolvimento do desapego em relação a ele, abandonando-
o, uma pessoa é capaz de destruir o sofrimento?
"Bhikkhus, o todo está em chamas. E qual é esse todo que está em chamas? O olho
está em chamas, as formas estão em chamas, a consciência no olho está em chamas,
o contato no olho está em chamas, e qualquer sensação que surja tendo o contato no
olho como condição – quer seja prazerosa, dolorosa ou nem prazerosa, nem
dolorosa - isso também está em chamas. Em chamas com o que? Em chamas com o
fogo da cobiça, o fogo da aversão, o fogo da delusão. Em chamas, eu lhes digo, com o
nascimento, envelhecimento e morte, com a tristeza, lamentação, dor, angústia e
desespero.
"Vendo desse modo, o nobre discípulo se desencanta com o olho, desencanta com as
formas, desencanta com a consciência no olho, desencanta com o contato no olho,
desencanta com qualquer sensação que surja na dependência do contato no olho –
quer seja prazerosa, dolorosa ou nem prazerosa, nem dolorosa.
Isso foi o que o Abençoado disse. Os bhikkhus ficaram satisfeitos e contentes com as
palavras do Abençoado. E enquanto o discurso estava sendo proferido, os 1.000
bhikkhus, através do desapego, foram completamente libertados das impurezas.
"Bhikkhus, o todo está oprimido. Qual, bhikkhus, é o todo que está oprimido? O olho
está oprimido, as formas estão oprimidas, a consciência no olho está oprimida, o
contato no olho está oprimido, e qualquer sensação que surja tendo o contato no
olho como condição – quer seja prazerosa, dolorosa ou nem prazerosa, nem
dolorosa - isso também está oprimido. Oprimido pelo quê? Oprimido pelo
nascimento, envelhecimento, e morte; pela tristeza, lamentação, dor, angústia e
desespero, eu digo.
"O ouvido está oprimido ... a mente está oprimida ... Oprimida pelo quê? Oprimida
pelo nascimento, envelhecimento, e morte; pela tristeza, lamentação, dor, angústia e
desespero, eu digo.
concebe [a si mesmo] no olho, ele não concebe [a si mesmo separado] do olho, ele
não concebe, ‘O olho é meu.’ Ele não concebe [a si mesmo como] as formas ... a
consciência no olho ... o contato no olho ... e qualquer sensação que surja tendo o
contato no olho como condição – quer seja prazerosa, dolorosa ou nem prazerosa,
nem dolorosa – ele não concebe [a si mesmo como] isso, ele não concebe [a si
mesmo] nisso, ele não concebe [a si mesmo separado] disso, ele não concebe, ‘Isso é
meu.’
“Ele não concebe o ouvido ... Ele não concebe a mente ... os objetos mentais ... a
consciência na mente ... o contato na mente ... e qualquer sensação que surja tendo o
contato na mente como condição – quer seja prazerosa, dolorosa ou nem prazerosa,
nem dolorosa – ele não concebe [a si mesmo como ] isso, ele não concebe [a si
mesmo] nisso, ele não concebe [a si mesmo separado] disso, ele não concebe, ‘Isso é
meu.’
“Ele não concebe [a si mesmo como ] o todo, ele não concebe [a si mesmo] no todo,
ele não concebe [a si mesmo separado] do todo, ele não concebe, ‘O todo é meu.’
“Visto que ele nada concebe, ele não se apega a nada no mundo. Não se apegando,
ele não fica agitado. Sem estar agitado, ele realiza nibbana. Ele compreende que: ‘O
nascimento foi destruído, a vida santa foi vivida, o que deveria ser feito foi feito, não
há mais vir a ser a nenhum estado.’”
“Ele não concebe o ouvido ... Ele não concebe a mente ... os objetos mentais ... a
consciência na mente ... o contato na mente ... e qualquer sensação que surja tendo o
contato na mente como condição ... ele não concebe [a si mesmo como] isso, ele não
concebe [a si mesmo] nisso, ele não concebe [a si mesmo separado] disso, ele não
concebe, ‘Isso é meu.’ Pois, bhikkhus, qualquer coisa que alguém conceba, qualquer
coisa na qual alguém conceba, qualquer coisa da qual alguém conceba, qualquer
coisa que alguém conceba como ‘meu’ – é diferente do concebido. O mundo,
tornando-se diferente, apegado a esse tornar-se, busca o deleite apenas nesse
tornar-se.
“Qualquer que seja, bhikkhus, a extensão dos agregados, dos elementos e das bases
dos sentidos, ele não concebe [a si mesmo como] isso, ele não concebe [a si mesmo]
nisso, ele não concebe [a si mesmo separado] disso, ele não concebe, ‘Isso é meu.’”
“Visto que, ele nada concebe desse modo, ele não se apega a nada no mundo. Não se
apegando, ele não fica agitado. Sem estar agitado, ele realiza nibbana. Ele
compreende que: ‘O nascimento foi destruído, a vida santa foi vivida, o que deveria
ser feito foi feito, não há mais vir a ser a nenhum estado.’”
“Vendo desse modo, o nobre discípulo bem instruído se desencanta com o olho, com
as formas, com a consciência no olho, com o contato no olho, com qualquer sensação
que surja tendo o contato no olho como condição – quer seja prazerosa, dolorosa ou
nem prazerosa, nem dolorosa. Ele se desencanta como o ouvido ... com a mente ...
com qualquer sensação que surja tendo o contato na mente como condição ...
Desencantado ele se torna desapegado. Através do desapego a sua mente é
libertada. Quando ela está libertada surge o conhecimento: ‘Libertada.’ Ele
compreende que: ‘O nascimento foi destruído, a vida santa foi vivida, o que deveria
ser feito foi feito, não há mais vir a ser a nenhum estado.’”
“O ouvido ... A língua ... O corpo ... A mente está sujeita ao nascimento. Os objetos
mentais ... A consciência na mente ... O contato na mente ... Qualquer sensação que
surja tendo o contato no olho como condição - experimentada como prazer, dor ou
nem prazer, nem dor - isso também está sujeito ao nascimento.
“Vendo desse modo, o nobre discípulo bem instruído se desencanta com o olho, com
as formas, com a consciência no olho, com o contato no olho, com qualquer sensação
que surja tendo o contato no olho como condição - experimentada como prazer, dor
ou nem prazer, nem dor. Ele se desencanta com o ouvido ... Ele se desencanta com a
mente, com os objetos mentais, com a consciência na mente, com o contato na
mente, com qualquer sensação que surja tendo o contato na mente como condição -
experimentada como prazer, dor ou nem prazer, nem dor. Desencantado ele se
torna desapegado. Através do desapego a sua mente é libertada. Quando ela está
libertada surge o conhecimento: ‘Libertada.’ Ele compreende que: ‘O nascimento foi
destruído, a vida santa foi vivida, o que deveria ser feito foi feito, não há mais vir a
ser a nenhum estado.’”
Em Savatthi. “Bhikkhus, o todo está sujeito ao envelhecimento ... o todo está sujeito à
enfermidade ... o todo está sujeito à morte ... o todo está sujeito à tristeza ... o todo
está sujeito à contaminação ... o todo está sujeito à destruição ... o todo está sujeito
ao desaparecimento ... o todo está sujeito ao surgimento ... o todo está sujeito à
cessação. E qual, bhikkhus, é o todo que está sujeito ao envelhecimento ... cessação?
O olho está sujeito ao envelhecimento ... cessação. As formas ... A consciência no olho
... O contato no olho ... Qualquer sensação que surja tendo o contato no olho como
condição - experimentada como prazer, dor ou nem prazer, nem dor - isso também
está sujeito ao envelhecimento ... cessação.
“O ouvido ... O nariz ... A língua ... O corpo ... A mente ... Os objetos mentais ... A
consciência na mente ... O contato na mente ... Qualquer sensação que surja tendo o
contato na mente como condição - experimentada como prazer, dor ou nem prazer,
nem dor - isso também está sujeito ao envelhecimento ... cessação.
“Vendo desse modo, o nobre discípulo bem instruído se desencanta com o olho, com
as formas, com a consciência no olho, com o contato no olho, com qualquer sensação
que surja tendo o contato no olho como condição ... Ele se desencanta com o ouvido
... com a mente, com os objetos mentais, com a consciência na mente, com o contato
na mente, com qualquer sensação que surja tendo o contato na mente como
condição - experimentada como prazer, dor ou nem prazer, nem dor. Desencantado
ele se torna desapegado. Através do desapego a sua mente é libertada. Quando ela
está libertada surge o conhecimento: ‘Libertada.’ Ele compreende que: ‘O
nascimento foi destruído, a vida santa foi vivida, o que deveria ser feito foi feito, não
há mais vir a ser a nenhum estado.’”
Em Savatthi.
“Bhikkhus, o todo é impermanente ... o todo é sofrimento ... o todo é não-eu ... o todo
é para ser conhecido diretamente ... o todo é para ser completamente compreendido
... o todo é para ser abandonado ... o todo é para ser realizado ... o todo é para ser
completamente compreendido através do conhecimento direto ... o todo é
problemático ... o todo é aflição ..."
“O olho ... As formas ... A consciência no olho ... O contato no olho ... Qualquer
sensação que surja tendo o contato no olho como condição - experimentada como
prazer, dor ou nem prazer, nem dor - isso também é impermanente ... é aflição. O
ouvido ... O nariz ... A língua ... O corpo ... A mente ... Os objetos mentais ... A
consciência na mente ... O contato na mente ... Qualquer sensação que surja tendo o
contato na mente como condição - experimentada como prazer, dor ou nem prazer,
nem dor - isso também é impermanente ... é aflição.
“Vendo desse modo, o nobre discípulo bem instruído se desencanta com o olho, com
as formas, com a consciência no olho, com o contato no olho, com qualquer sensação
que surja tendo o contato no olho como condição - experimentada como prazer, dor
ou nem prazer, nem dor. Ele se desencanta com o nariz ... com o ouvido ... com a
língua ... com o corpo ...... com a mente, com os objetos mentais, com a consciência na
mente, com o contato na mente, com qualquer sensação que surja tendo o contato
na mente como condição - experimentada como prazer, dor ou nem prazer, nem dor.
Desencantado ele se torna desapegado. Através do desapego a sua mente é
libertada. Quando ela está libertada surge o conhecimento: ‘Libertada.’ Ele
compreende que: ‘O nascimento foi destruído, a vida santa foi vivida, o que deveria
ser feito foi feito, não há mais vir a ser a nenhum estado.’”
"Venerável senhor, como alguém deve compreender, como alguém deve ver, para
que a ignorância seja abandonada e o verdadeiro conhecimento surja?"
"Venerável senhor, como alguém deve compreender, como alguém deve ver, para
que os grilhões sejam abandonados e o verdadeiro conhecimento surja?"
"Venerável senhor, como alguém deve compreender, como alguém deve ver, para
que os grilhões sejam desenraizados?"
"Qual, bhikkhus, é o Dhamma para a exaustão de todo o apego? O que vocês pensam,
bhikkhus, o olho é permanente ou impermanente?” – “Impermanente, Venerável
senhor.” – “E aquilo que é impermanente é sofrimento ou felicidade?” – “Sofrimento,
Venerável senhor.” – “E é adequado considerar o que é impermanente, sofrimento,
sujeito a mudanças como: ‘Isso é meu. Isso sou eu. Isso é o meu eu’?” – “Não,
Venerável senhor.”
“As formas são permanentes ou impermanentes? ... A consciência no olho ... O
contato no olho ... Qualquer sensação que surja tendo o contato no olho como
condição – quer seja prazerosa, dolorosa ou nem prazerosa, nem dolorosa – é
permanente ou impermanente? ...
“Migajala, mesmo que um bhikkhu que viva dessa forma, freqüente locais isolados na
floresta e nos bosques, locais remotos onde há poucos sons e ruídos, deserto,
afastado das pessoas, adequado para o isolamento, ainda assim, diz-se que ele vive
com um companheiro. Por que isso? Porque a cobiça é a sua companheira e ele não a
abandonou e assim, esse bhikkhu é chamado aquele que vive com um companheiro.
“Migajala, mesmo que um bhikkhu que viva dessa forma, viva próximo de um
vilarejo, se associe com bhikkhus e bhikkhunis, com discípulos leigos, com o rei e
ministros reais, com membros de outras seitas e seus discípulos, ainda assim, ele é
chamado aquele que vive só. Por que isso? Porque a cobiça era a sua companheira e
ele a abandonou e assim, ele é chamado aquele que vive só.”
"Onde há o olho, Samiddhi, onde há formas, consciência no olho, coisas para serem
conscientizadas pela consciência no olho, nisso existe Mara ou a designação Mara.
"Onde há o ouvido ... a mente, onde há objetos mentais, consciência na mente, coisas
para serem conscientizadas pela consciência na mente, nisso existe Mara ou a
designação Mara.
"Onde não há o olho, Samiddhi, onde não há formas, consciência no olho, não há
coisas para serem conscientizadas pela consciência no olho, nisso não existe Mara
nem a designação Mara.
"Onde não há o ouvido ... não há a mente, onde não há objetos mentais, consciência
na mente, não há coisas para serem conscientizadas pela consciência na mente,
nisso não existe Mara nem a designação Mara."
"Venerável senhor, é dito, 'um ser, um ser.' De que modo Venerável senhor pode
haver um ser ou a designação um ser?"
"Onde há o olho, Samiddhi, onde há formas, consciência no olho, coisas para serem
conscientizadas pela consciência no olho, nisso existe um ser ou a designação um
ser.
"Onde há o ouvido ... a mente, onde há objetos mentais, consciência na mente, coisas
para serem conscientizadas pela consciência na mente, nisso existe um ser ou a
designação um ser.
"Onde não há o olho, Samiddhi, onde não há formas, consciência no olho, não há
coisas para serem conscientizadas pela consciência no olho, nisso não existe um ser
nem a designação um ser.
"Onde não há o ouvido ... não há a mente, onde não há objetos mentais, consciência
na mente, não há coisas para serem conscientizadas pela consciência na mente,
nisso não existe um ser nem a designação um ser."
Samiddhidukkhapanha Sutta (SN XXXV.67) - Samiddhi
"Onde há o olho, Samiddhi, onde há formas, consciência no olho, coisas para serem
conscientizadas pela consciência no olho, nisso há sofrimento ou a designação
sofrimento.
"Onde há o ouvido ... a mente, onde há objetos mentais, consciência na mente, coisas
para serem conscientizadas pela consciência na mente, nisso há sofrimento ou a
designação sofrimento.
"Onde não há o olho, Samiddhi, onde não há formas, consciência no olho, não há
coisas para serem conscientizadas pela consciência no olho, nisso não há sofrimento
nem a designação sofrimento.
"Onde não há o ouvido ... não há a mente, onde não há objetos mentais, consciência
na mente, não há coisas para serem conscientizadas pela consciência na mente,
nisso não há sofrimento nem a designação sofrimento."
"Venerável senhor, é dito, 'mundo, mundo.' De que modo Venerável senhor pode
haver mundo ou a designação mundo?"
"Onde há o olho, Samiddhi, onde há formas, consciência no olho, coisas para serem
conscientizadas pela consciência no olho, nisso existe mundo ou a designação
mundo.
"Onde há o ouvido ... a mente, onde há objetos mentais, consciência na mente, coisas
para serem conscientizadas pela consciência na mente, nisso existe mundo ou a
designação mundo.
"Onde não há o olho, Samiddhi, onde não há formas, consciência no olho, não há
coisas para serem conscientizadas pela consciência no olho, nisso não existe mundo
nem a designação mundo.
"Onde não há o ouvido ... não há a mente, onde não há objetos mentais, consciência
na mente, não há coisas para serem conscientizadas pela consciência na mente,
nisso não existe mundo nem a designação mundo."
Quando isso foi dito, o Venerável Sariputta disse para o Venerável Upasena: “Mas
nós não vemos nenhuma alteração no seu corpo ou mudança nas suas faculdades;
no entanto, o Venerável Upasena disse, ‘Venham, amigos, levantem este meu corpo e
coloquem-no sobre um estrado e levem-no para fora antes que ele se disperse aqui
mesmo como um punhado de refugo!”
“Amigo Sariputta, naquele que pensa, ‘Eu sou o olho’ ou ‘O olho é meu’; ‘Eu sou o
ouvido’ ou ‘O ouvido é meu’; ‘Eu sou o nariz’ ou ‘O nariz é meu’; ‘Eu sou a língua’ ou
‘A língua é minha’; ‘Eu sou o corpo’ ou ‘O corpo é meu’; ‘Eu sou a mente’ ou ‘A mente
é minha,’ poderia haver uma alteração no corpo ou uma mudança nas faculdades.
Mas, amigo Sariputta, não me ocorre que ‘Eu sou o olho’ ou ‘O olho é meu’;.... ‘Eu sou
a mente ou ‘A mente é minha,’ então, porque haveria alguma alteração no meu
corpo, ou alguma mudança nas minhas faculdades?”
“Aqui, Upavana, tendo visto uma forma com o olho, um bhikkhu experimenta a
forma bem como a cobiça pela forma. Ele compreende que a cobiça pela forma
existe internamente assim: ‘Há em mim internamente a cobiça pela forma.’ Visto que
assim é, Upavana, o Dhamma é visível no aqui e agora, com efeito imediato, que
convida ao exame, que conduz para adiante, para ser experimentado pelos sábios
por eles mesmos.
“Além disso, Upavana, tendo ouvido um som com o ouvido ... tendo conscientizado
um objeto mental com a mente, um bhikkhu experimenta o objeto mental bem como
a cobiça pelo objeto mental. Ele compreende que a cobiça pelo objeto mental existe
internamente assim: ‘Há em mim internamente a cobiça pelo objeto mental.’ Visto
que assim é, Upavana, o Dhamma é visível no aqui e agora, com efeito imediato, que
convida ao exame, que conduz para adiante, para ser experimentado pelos sábios
por eles mesmos.
“Mas aqui, Upavana, tendo visto uma forma com o olho, um bhikkhu experimenta a
forma sem experimentar a cobiça pela forma. Ele compreende que a cobiça pela
forma não existe internamente assim: ‘Não há em mim internamente a cobiça pela
forma.’ Visto que assim é, Upavana, o Dhamma é visível no aqui e agora, com efeito
imediato, que convida ao exame, que conduz para adiante, para ser experimentado
pelos sábios por eles mesmos.
“Além disso, Upavana, tendo ouvido um som com o ouvido ... tendo conscientizado
um objeto mental com a mente, um bhikkhu experimenta o objeto mental sem
experimentar a cobiça pelo objeto mental. Ele compreende que a cobiça pelo objeto
mental não existe internamente assim: ‘Não há em mim internamente a cobiça pelo
objeto mental.’ Visto que assim é, Upavana, o Dhamma é visível no aqui e agora, com
efeito imediato, que convida ao exame, que conduz para adiante, para ser
experimentado pelos sábios por eles mesmos.”
“O que você pensa, bhikkhu, você considera o olho assim: ‘Isso é meu, isso sou eu,
isso é o meu eu?’”
“Muito bem, bhikkhu! E aqui, bhikkhu, você deve ver com clareza o olho como na
verdade ele é, com correta sabedoria, assim: ‘Isso não é meu, isso não sou eu, isso
não é o meu eu.’ Isso em si mesmo é o fim do sofrimento.
“Você considera o ouvido assim ...? Você considera a mente assim: ‘Isso é meu, isso
sou eu, isso é o meu eu?’”
“Muito bem, bhikkhu! E aqui, bhikkhu, você deve ver com clareza a mente como na
verdade ela é, com correta sabedoria, assim: ‘Isso não é meu, isso não sou eu, isso
não é o meu eu.’ Isso em si mesmo é o fim do sofrimento."
Quando isso foi dito, um certo bhikkhu disse para o Abençoado: “Nesse caso,
Venerável senhor, eu estou perdido, pois não compreendo como na verdade é a
origem e a cessação, a gratificação, o perigo e a escapatória no caso dessas seis bases
para contato.”
“O que você pensa, bhikkhu, você considera o olho assim: ‘Isso não é meu, isso não
sou eu, isso não é o meu eu?’”
“Muito bem, bhikkhu! E aqui, bhikkhu, você deve ver com clareza o olho como na
verdade ele é, com correta sabedoria, assim: ‘Isso não é meu, isso não sou eu, isso
não é o meu eu.’ Assim essa primeira base para o contato será abandonada para que
não exista uma futura renovada existência.
“Você considera o ouvido assim ...? Você considera a mente assim: ‘Isso não é meu,
isso não sou eu, isso não é o meu eu?’”
“Muito bem, bhikkhu! E aqui, bhikkhu, você deve ver com clareza a mente como na
verdade ela é, com correta sabedoria, assim: ‘Isso não é meu, isso não sou eu, isso
não é o meu eu.’ Assim essa sexta base para o contato será abandonada para que não
exista uma futura renovada existência."
Quando isso foi dito, um certo bhikkhu disse para o Abençoado: “Nesse caso,
Venerável senhor, eu estou perdido, pois não compreendo como na verdade é a
origem e a cessação, a gratificação, o perigo e a escapatória no caso dessas seis bases
para contato.”
O Abençoado então, sentou no assento que estava preparado e disse para aquele
bhikkhu: “Eu espero que você esteja melhorando, bhikkhu, espero que você esteja
confortável, espero que as suas sensações de dor estejam diminuindo e não
aumentando e que a sua diminuição, não o seu aumento, seja evidente.”
“Eu espero então, bhikkhu, que você não esteja atormentado pelo remorso e
arrependimento.”
“Eu espero, bhikkhu, que você não tenha nenhuma razão para se censurar com
relação à virtude.”
“Eu não tenho nenhuma razão, Venerável senhor, para censurar-me com relação à
virtude.”
“Então, bhikkhu, se você não tem nenhuma razão para se censurar com relação à
virtude, porque você está atormentado pelo remorso e arrependimento?”
“Eu entendo, Venerável senhor, que não é com o propósito de purificar a virtude que
o Dhamma tem sido ensinado pelo Abençoado.”
“Se, bhikkhu, você entende que o Dhamma não tem sido ensinado por mim com o
propósito de purificar a virtude, então por qual propósito você entende ter sido o
Dhamma ensinado por mim?”
“Venerável senhor, eu entendo que o Dhamma tem sido ensinado pelo Abençoado
com o propósito do desaparecimento da cobiça.”
“Muito bem, bhikkhu! É bom que você entenda que o Dhamma tenha sido ensinado
por mim com o propósito do desaparecimento da cobiça. Pois o Dhamma é ensinado
por mim com o propósito do desaparecimento da cobiça.
“Vendo dessa forma, o nobre discípulo bem instruído se desencanta com o olho ...
desencanta com a mente. Desencantado ele se torna desapegado. Através do
desapego a sua mente é libertada. Quando ela está libertada surge o conhecimento:
‘Libertada.’ Ele compreende que: ‘O nascimento foi destruído, a vida santa foi vivida,
o que deveria ser feito foi feito, não há mais vir a ser a nenhum estado.’”
Isso foi o que o Abençoado disse. O bhikkhu ficou satisfeito e contente com as
palavras do Abençoado. E enquanto essa explanação estava sendo dada o olho
imaculado do Dhamma surgiu naquele bhikkhu: “Tudo que está sujeito ao
surgimento está sujeito à cessação.”
O Abençoado então, sentou no assento que estava preparado e disse para aquele
bhikkhu: “Eu espero que você esteja melhorando, bhikkhu, espero que você esteja
confortável, espero que as suas sensações de dor estejam diminuindo e não
aumentando e que a sua diminuição, não o seu aumento, seja evidente.”
“Eu espero então, bhikkhu, que você não esteja atormentado pelo remorso e
arrependimento.”
“Eu espero, bhikkhu, que você não tenha nenhuma razão para se censurar com
relação à virtude.”
“Eu não tenho nenhuma razão, Venerável senhor, para censurar-me com relação à
virtude.”
“Então, bhikkhu, se você não tem nenhuma razão para se censurar com relação à
virtude, porque você está atormentado pelo remorso e arrependimento?”
“Eu entendo, Venerável senhor, que não é com o propósito de purificar a virtude que
o Dhamma tem sido ensinado pelo Abençoado.”
“Se, bhikkhu, você entende que o Dhamma não tem sido ensinado por mim com o
propósito de purificar a virtude, então por qual propósito você entende ter sido o
Dhamma ensinado por mim?”
“Venerável senhor, eu entendo que o Dhamma tem sido ensinado pelo Abençoado
com o propósito de nibbana final sem apego.”
“Muito bem, bhikkhu! É bom que você entenda que o Dhamma tenha sido ensinado
por mim com o propósito de nibbana final sem apego. Pois o Dhamma é ensinado
por mim com o propósito de nibbana final sem apego.
“Vendo dessa forma, o nobre discípulo bem instruído se desencanta com o olho ...
desencanta com a mente. Desencantado ele se torna desapegado. Através do
desapego a sua mente é libertada. Quando ela está libertada surge o conhecimento:
‘Libertada.’ Ele compreende que: ‘O nascimento foi destruído, a vida santa foi vivida,
o que deveria ser feito foi feito, não há mais vir a ser a nenhum estado.’”
Isso foi o que o Abençoado disse. O bhikkhu ficou satisfeito e contente com as
palavras do Abençoado. E enquanto essa explanação estava sendo dada a mente
daquele bhikkhu foi libertada das impurezas através do desapego."
“Radha, você deve abandonar o desejo por qualquer coisa que seja impermanente. O
que é impermanente? O olho é impermanente; você deve abandonar o desejo por
isso. As formas são impermanentes ... A consciência no olho é impermanente ... O
contato no olho é impermanente ... Qualquer sensação que surja tendo o contato no
olho como condição - quer seja prazerosa, dolorosa ou nem prazerosa nem dolorosa
- isso também é impermanente; você deve abandonar o desejo por isso.
"O ouvido ... a mente é impermanente ... Qualquer sensação que surja tendo o
contato na mente como condição - quer seja prazerosa, dolorosa ou nem prazerosa
nem dolorosa - isso também é impermanente; você deve abandonar o desejo por
isso."
"O ouvido ... a mente é sofrimento ... Qualquer sensação que surja tendo o contato na
mente como condição - quer seja prazerosa, dolorosa ou nem prazerosa nem
dolorosa - isso também é sofrimento; você deve abandonar o desejo por isso."
“Radha, você deve abandonar o desejo por qualquer coisa que seja não-eu. O que é
não-eu? O olho é não-eu; você deve abandonar o desejo por isso. As formas são não-
eu ... A consciência no olho é não-eu ... O contato no olho é não-eu ... Qualquer
sensação que surja tendo o contato no olho como condição - quer seja prazerosa,
dolorosa ou nem prazerosa nem dolorosa - isso também é não-eu; você deve
abandonar o desejo por isso.
"O ouvido ... a mente é não-eu ... Qualquer sensação que surja tendo o contato na
mente como condição - quer seja prazerosa, dolorosa ou nem prazerosa nem
dolorosa - isso também é não-eu; você deve abandonar o desejo por isso."
"Há uma coisa, bhikkhu, que quando abandonada, a ignorância é abandonada por um
bhikkhu e o verdadeiro conhecimento surge."
"Mas, Venerável senhor, como deve um bhikkhu compreender, como ele deve ver,
para que a ignorância seja abandonada e surja o verdadeiro conhecimento?"
"Há uma coisa, bhikkhu, que quando abandonada, a ignorância é abandonada por um
bhikkhu e o verdadeiro conhecimento surge."
"Mas, Venerável senhor, como deve um bhikkhu compreender, como ele deve ver,
para que a ignorância seja abandonada e surja o verdadeiro conhecimento?"
"Aqui, bhikkhu, um bhikkhu ouviu, 'Nada vale a pena se apegar.' Quando um bhikkhu
ouviu, 'Nada vale a pena se apegar', ele compreende tudo de modo direto. Tendo
compreendido tudo de modo direto, ele compreende tudo completamente. Tendo
compreendido tudo completamente, ele vê todos os sinais de modo diferente. Ele vê
o olho de modo diferente, ele vê as formas de modo diferente ... qualquer sensação
que surja tendo o contato na mente como condição ... isso também ele vê de modo
diferente.
“Com certeza, bhikkhus, ao responderem dessa forma, vocês dizem aquilo que foi
dito por mim e não me deturpam com algo contrário aos fatos; vocês explicam de
acordo com o Dhamma, e não há nada que possa de forma legítima ser deduzido da
sua declaração que dê margem à censura. Pois, bhikkhus, é para a completa
compreensão do sofrimento que a vida santa é vivida sob mim.
“Vendo desse modo, o nobre discípulo bem instruído se desencanta com o olho, com
as formas, com a consciência no olho, com o contato no olho, com qualquer sensação
que surja tendo o contato no olho como condição – quer seja prazerosa, dolorosa ou
nem prazerosa, nem dolorosa. Ele se desencanta como o ouvido ... com a mente ...
com qualquer sensação que surja tendo o contato na mente como condição ...
Desencantado ele se torna desapegado. Através do desapego a sua mente é
libertada. Quando ela está libertada surge o conhecimento: ‘Libertada.’ Ele
compreende que: ‘O nascimento foi destruído, a vida santa foi vivida, o que deveria
ser feito foi feito, não há mais vir a ser a nenhum estado.’”
“Que o Venerável Channa não use a faca. Que o Venerável Channa viva. Nós
queremos que o Venerável Channa viva. Se lhe falta comida adequada, eu irei em
busca de comida adequada. Se lhe faltam medicamentos adequados, eu irei em
busca de medicamentos adequados. Se lhe falta um assistente, eu o assistirei. Que o
Venerável Channa não use a faca. Que o Venerável Channa viva. Nós queremos que o
Venerável Channa viva.”
“Nós gostaríamos de fazer algumas perguntas ao Venerável Channa, se esta for uma
ocasião oportuna.” – “Pergunte, amigo Sariputta, ao ouvir, eu saberei.”
“Amigo Channa, o que você viu, o que você compreendeu diretamente no olho, na
consciência no olho e nas coisas conscientizadas pela da consciência no olho, para
considerá-los assim: ‘Isso não é meu, isso não sou eu, isso não é o meu eu’? O que
você viu, o que você compreendeu diretamente no ouvido ... no nariz ... na língua ...
no corpo ... na mente, na consciência na mente e nas coisas conscientizadas pela
consciência na mente, para considerá-los assim: ‘Isso não é meu, isso não sou eu,
isso não é o meu eu’?”
Quando isso foi dito, o Venerável Maha Cunda disse para o Venerável Channa:
“Conseqüentemente, amigo Channa, esta instrução do Abençoado deve receber
atenção constante: ‘Há vacilação naquele que é dependente, não há vacilação
naquele que é independente; onde não há vacilação, há tranqüilidade; onde há
tranqüilidade, não há preferências; onde não há preferências, não há ir e vir; quando
não há ir e vir, não há falecimento e renascimento; quando não há falecimento e
renascimento, não há o aqui nem o além, nem o que está entre os dois. Esse é o fim
do sofrimento.’”
Isso foi o que disse o Abençoado. O Venerável Sariputta ficou satisfeito e contente
com as palavras do Abençoado.
"Muito bem então Punna, ouça e preste muita atenção àquilo que eu vou dizer."
"Agora que lhe dei esse breve conselho, Punna, em que país você irá viver?"
"Venerável senhor, agora que o Abençoado me deu esse breve conselho, irei viver no
país chamado Sunaparanta."
"Mas, Punna, se as pessoas de Sunaparanta lhe golpearem com pedras, o que você
irá pensar então?"
"Mas, Punna, se as pessoas de Sunaparanta lhe golpearem com paus, o que você irá
pensar então?"
"Mas, Punna, se as pessoas de Sunaparanta lhe golpearem com facas, o que você irá
pensar então?"
"Mas, Punna, se as pessoas de Sunaparanta lhe matarem com facas afiadas, o que
você irá pensar então?"
"Venerável senhor, se as pessoas em Sunaparanta me matarem com facas afiadas, eu
pensarei que: 'Houveram discípulos do Abençoado que sentindo horror, humilhação
e repulsa pelo corpo e pela vida, buscaram um assassino. Mas eu obtive esse
assassino mesmo sem uma busca.' Assim é como pensarei, Abençoado; assim é como
pensarei, Iluminado."
“Muito bem, Punna! Possuindo tal autocontrole e serenidade, você será capaz de
viver em Sunaparanta. Agora Punna, é o momento de fazer o que você considera
deva ser feito."
"Bhikkhus, o membro de um clã Punna era sábio. Ele praticava de acordo com o
Dhamma e não me causou problemas na interpretação do Dhamma. O membro de
um clã Punna realizou o parinibbana."
Isso foi o que disse o Abençoado. Os bhikkhus ficaram satisfeitos e contentes com as
palavras do Abençoado.
“Vendo desse modo, o nobre discípulo bem instruído se desencanta com o olho, com
as formas, com a consciência no olho, com o contato no olho, com qualquer sensação
que surja tendo o contato no olho como condição – quer seja prazerosa, dolorosa ou
nem prazerosa, nem dolorosa. Ele se desencanta como o ouvido ... com a mente ...
com qualquer sensação que surja tendo o contato na mente como condição ...
Desencantado ele se torna desapegado. Através do desapego a sua mente é
libertada. Quando ela está libertada surge o conhecimento: ‘Libertada.’ Ele
compreende que: ‘O nascimento foi destruído, a vida santa foi vivida, o que deveria
ser feito foi feito, não há mais vir a ser a nenhum estado.’”
“Bhikkhus, estar agitado é uma enfermidade, estar agitado é um tumor, estar agitado
é uma flecha. Por conseguinte, bhikkhus, o Tathagata permanece sem agitação, com
a flecha removida. Então, bhikkhus, se um bhikkhu desejar, ‘Que eu permaneça sem
agitação, com a flecha removida!’ ele não deveria conceber [a si mesmo como] o
olho, não deveria conceber [a si mesmo como] no olho, não deveria conceber [a si
mesmo separado] do olho, não deveria conceber, ‘O olho é meu.’
“Ele não deveria conceber [a si mesmo como] as formas ... a consciência no olho ... o
contato no olho ... e qualquer sensação que surja tendo o contato no olho como
condição - experimentada como prazer, dor ou nem prazer, nem dor - ele não
deveria conceber [a si mesmo como] isso, ele não deveria conceber [a si mesmo
como ] nisso, ele não deveria conceber [a si mesmo separado] disso, ele não deveria
conceber, ‘Isso é meu.’
“Ele não deveria conceber [a si mesmo como] o ouvido ... Ele não deveria conceber
[a si mesmo como] a mente ... os objetos mentais ... a consciência na mente ... o
contato na mente ... e qualquer sensação que surja tendo o contato na mente como
condição - experimentada como prazer, dor ou nem prazer, nem dor - ele não
deveria conceber [a si mesmo como] isso, ele não deveria conceber [a si mesmo
como] nisso, ele não deveria conceber [a si mesmo separado] disso, ele não deveria
conceber, ‘Isso é meu.’
“Ele não deveria conceber [a si mesmo como] o todo, ele não deveria conceber [a si
mesmo como] no todo, ele não deveria conceber [a si mesmo separado] do todo, ele
não deveria conceber, ‘O todo é meu.’
“Visto que assim ele nada concebe, ele não se apega a nada no mundo. Não se
apegando, ele não fica agitado. Sem estar agitado, ele realiza nibbana. Ele
compreende que: ‘O nascimento foi destruído, a vida santa foi vivida, o que deveria
ser feito foi feito, não há mais vir a ser a nenhum estado.’”
“Bhikkhus, estar agitado é uma enfermidade, estar agitado é um tumor, estar agitado
é uma flecha. Por conseguinte, bhikkhus, o Tathagata permanece sem agitação, com
a flecha removida. Então, bhikkhus, se um bhikkhu desejar, ‘Que eu permaneça sem
agitação, com a flecha removida!’ ele não deveria conceber [a si mesmo como] o olho
... as formas ... a consciência no olho ... o contato no olho ... e qualquer sensação que
surja tendo o contato no olho como condição - experimentada como prazer, dor ou
nem prazer, nem dor - ele não deveria conceber [a si mesmo como] isso, ele não
deveria conceber [a si mesmo como] nisso, ele não deveria conceber [a si mesmo
separado] disso, ele não deveria conceber, ‘Isso é meu.’ Pois, bhikkhus, qualquer
coisa que alguém conceba [a si mesmo], qualquer coisa na qual alguém conceba [a si
mesmo], qualquer coisa da qual alguém conceba [a si mesmo separado], qualquer
coisa que alguém conceba como ‘meu’ – é distinto do concebido. O mundo,
tornando-se diferente, apegado ao ser/existir, busca o deleite apenas no ser/existir.
“Ele não deveria conceber [a si mesmo como] o ouvido ... Ele não deveria conceber
[a si mesmo como] a mente ... os objetos mentais ... a consciência na mente ... o
contato na mente ... e qualquer sensação que surja tendo o contato na mente como
condição - experimentada como prazer, dor ou nem prazer, nem dor - ele não
deveria conceber [a si mesmo como] isso, ele não deveria conceber [a si mesmo
como] nisso, ele não deveria conceber [a si mesmo separado] disso, ele não deveria
conceber, ‘Isso é meu.’ Pois, bhikkhus, qualquer coisa que alguém conceba [a si
mesmo], qualquer coisa na qual alguém conceba [a si mesmo], qualquer coisa da
qual alguém conceba [a si mesmo separado], qualquer coisa que alguém conceba
como ‘meu’ – é distinto do concebido. O mundo, tornando-se diferente, apegado ao
ser/existir, busca o deleite apenas no ser/existir.
“Qualquer que seja, bhikkhus, a extensão dos agregados, dos elementos e das bases
dos sentidos, ele não concebe [a si mesmo como] isso, ele não concebe [a si mesmo
como] nisso, ele não concebe [a si mesmo separado] disso, ele não concebe, ‘Isso é
meu.’”
“Visto que, assim, ele nada concebe, ele não se apega a nada no mundo. Não se
apegando, ele não fica agitado. Sem estar agitado, ele realiza nibbana. Ele
compreende que: ‘O nascimento foi destruído, a vida santa foi vivida, o que deveria
ser feito foi feito, não há mais vir a ser a nenhum estado.’”
"Qualquer um que assim diga: 'Tendo rejeitado essa díade eu revelarei uma outra
díade' - ele com certeza pode possuir a sua própria teoria. Mas ao ser questionado,
ele seria incapaz de responder e além disso estaria sujeito à vexação. Por que?
Porque, bhikkhus, isso não estaria dentro do âmbito da experiência dele.”
“Com o contato, bhikkhus, a pessoa sente, com o contato a pessoa intenciona, com o
contato a pessoa percebe. Portanto, essas coisas também estão se movendo,
incertas, impermanentes, sujeitas à mudança, tornando-se diferentes.
“Com o contato, bhikkhus, alguém sente, com o contato alguém intenciona, com o
contato alguém percebe. Portanto, essas coisas também estão se movendo, incertas,
impermanentes, sujeitas à mudança, tornando-se diferentes.
“Bhikkhus essas seis bases para o contato – se estiverem treinadas, bem guardadas,
bem protegidas, bem controladas – trazem a felicidade. Quais seis?
“O olho, bhikkhus, como base para o contato – se estiver treinado, bem guardado,
bem protegido, bem controlado – traz a felicidade. O ouvido como base para o
contato ... O nariz como base para o contato ... A língua como base para o contato ... O
corpo como base para o contato ... A mente como base para o contato se estiver
treinada, bem guardada, bem protegida, bem controlada – traz a felicidade. Essas
seis bases para o contato – se estiverem treinadas, bem guardadas, bem protegidas,
bem controladas – trazem a felicidade.
Isso foi o que o Abençoado disse. Tendo dito isso, o Iluminado, o Mestre, disse ainda
mais:
“E agora, Malunkyaputta, o que devo dizer aos bhikkhus mais jovens quando um
bhikkhu como você, envelhecido, idoso, pressionado pelos anos, com a idade
avançada, chegando ao último estágio da vida – me pede uma exortação resumida?”
“O que você pensa, Malunkyaputta, você tem algum desejo, cobiça ou afeição por
aquelas formas perceptíveis pelo olho que não são vistas por você – que você nunca
viu antes, que você não vê, que você não pensaria poderem ser vistas?”
“Você tem algum desejo, cobiça ou afeição por aqueles sons perceptíveis pelo ouvido
... por aqueles aromas perceptíveis pelo nariz ... por aqueles sabores perceptíveis
pela língua ... por aqueles tangíveis perceptíveis pelo corpo ... por aqueles objetos
mentais perceptíveis pela mente que não são conscientizados por você – que você
nunca conscientizou antes, que você não conscientiza, que você não pensaria
poderem ser conscientizados?”
“Não, Venerável senhor.”
“Eu entendo em detalhe, Venerável senhor, o significado daquilo que foi dito pelo
Abençoado de forma resumida:
“É dessa forma, Venerável senhor, que entendo em detalhe o significado daquilo que
foi dito pelo Abençoado de forma resumida.”
“É dessa forma, Malunkyaputta, que o significado daquilo que foi dito por mim de
forma resumida deve ser entendido em detalhe.”
“Bhikkhus, eu ensinarei para vocês acerca daquele que está sujeito ao declínio,
acerca daquele que não está sujeito ao declínio e acerca das seis bases dominadas.
Ouçam e prestem muita atenção àquilo que eu vou dizer.” – “Sim, Venerável senhor,”
os bhikkhus responderam. O Abençoado disse o seguinte:
“Além disso, bhikkhus, quando um bhikkhu ouviu um som com o ouvido ... percebeu
objetos mentais com a mente, surgem nele estados ruins e prejudiciais, memórias e
intenções conectadas com os grilhões. Se um bhikkhu tolerá-los e não os abandonar,
não os remover, não os eliminar e não os aniquilar, ele deve entender isso da
seguinte forma: ‘Eu estou declinando dos estados benéficos. Pois isto foi chamado de
declínio pelo Abençoado.’
“E como, bhikkhus, alguém não está sujeito ao declínio? Aqui, bhikkhus, quando um
bhikkhu viu uma forma com o olho, surgem nele estados ruins e prejudiciais,
memórias e intenções conectadas com os grilhões. Se um bhikkhu não os tolerar,
mas abandoná-los, removê-los, eliminá-los e aniquilá-los, ele deve entender isso da
seguinte maneira: ‘Eu não estou declinando dos estados benéficos. Pois isto foi
chamado de não declínio pelo Abençoado.’
“Além disso, bhikkhus, quando um bhikkhu ouviu um som com o ouvido ... percebeu
objetos mentais com a mente, surgem nele estados ruins e prejudiciais, memórias e
intenções conectadas com os grilhões. Se um bhikkhu não os tolerar, mas abandoná-
los, removê-los, eliminá-los e aniquilá-los, ele deve entender isso da seguinte forma:
‘Eu não estou declinando dos estados benéficos. Pois isto foi chamado de não
declínio pelo Abençoado.’
“E o que, bhikkhus, são as seis bases dominadas? Aqui, bhikkhus, quando um bhikkhu
viu uma forma com o olho, não surgem nele estados ruins e prejudiciais, nem
quaisquer memórias e intenções conectadas com os grilhões. O bhikkhu deve
entender isso da seguinte maneira: ‘Essa base foi dominada. Pois isso foi chamado
de base dominada pelo Abençoado.’
“Além disso, bhikkhus, quando um bhikkhu ouviu um som com o ouvido ... percebeu
objetos mentais com a mente, não surgem nele estados ruins e prejudiciais, nem
quaisquer memórias e intenções conectadas com os grilhões. O bhikkhu deve
entender isso da seguinte maneira: ‘Essa base foi dominada. Pois isso foi chamado
de base dominada pelo Abençoado.’ Essas, bhikkhus, são chamadas as seis bases
dominadas.”
“Se ele permanece sem conter a faculdade do ouvido, a mente é maculada dentre os
sons percebidos pelo ouvido ... Se ele permanece sem conter a faculdade da mente, a
mente é maculada dentre os objetos mentais percebidos pela mente. Se a mente
estiver maculada, não há satisfação. Quando não há satisfação, não há êxtase.
Quando não há êxtase, o corpo não fica calmo. Quando não há calma, ele permanece
no sofrimento. A mente daquele que sofre não se torna concentrada. Quando a
mente não está concentrada, os fenômenos não se manifestam. E porque os
fenômenos não se manifestam, se considera que ele é ‘alguém que permanece na
negligência.’
“Se ele permanece contendo a faculdade do ouvido, a mente não é maculada dentre
os sons percebidos pelo ouvido ... Se ele permanece contendo a faculdade da mente,
a mente não é maculada dentre os objetos mentais percebidos pela mente. Se a
mente não estiver maculada, a satisfação surge. Quando há satisfação, o êxtase
surge. Quando a mente é alçada pelo êxtase, o corpo fica calmo. Com o corpo calmo,
ele experimenta a felicidade. A mente daquele que sente felicidade, se torna
concentrada. Quando a mente está concentrada, os fenômenos se manifestam. E
porque os fenômenos se manifestam, considera- se que ele é ‘alguém que
permanece na diligência.’
“Bhikkhus, tudo aquilo que não é seu, abandonem-no. Ao abandoná-lo, isso irá
conduzir ao seu bem-estar e felicidade por muito tempo. E o que, bhikkhus, não é
seu? O olho não é seu, abandonem-no. Ao abandoná-lo, isso irá conduzir ao seu bem-
estar e felicidade por muito tempo. As formas não são suas ... A consciência no olho
não é sua ... O contato no olho não é seu ... Qualquer sensação que surja, tendo o
contato no olho como condição - experimentada como prazer, dor ou nem prazer,
nem dor, também não é sua, abandonem-na. Ao abandoná-la, isso irá conduzir ao
seu bem-estar e felicidade por muito tempo.
“O ouvido não é seu ... A mente não é sua ... Os objetos mentais não são seus ... A
consciência na mente não é sua ... O contato na mente não é seu ... Qualquer sensação
que surja, tendo o contato na mente como condição - experimentada como prazer,
dor ou nem prazer, nem dor, também não é sua, abandonem-na. Ao abandoná-la,
isso irá conduzir ao seu bem-estar e felicidade por muito tempo.
“Não, Venerável senhor. Por que não? Porque isso não é nem nosso eu, nem
pertence ao nosso eu.”
“Da mesma forma, bhikkhus, O olho não é seu, abandonem-no ... Qualquer sensação
que surja, tendo o contato na mente como condição - experimentada como prazer,
dor ou nem prazer, nem dor, também não é sua, abandonem-na. Ao abandoná-la,
isso irá conduzir ao seu bem-estar e felicidade por muito tempo.”
Natumhakam (dutiya) Sutta (SN XXXV.102) -
Não é Seu (2)
“Bhikkhus, tudo aquilo que não é seu, abandonem-no. Ao abandoná-lo, isso irá
conduzir ao seu bem-estar e felicidade por muito tempo. E o que, bhikkhus, não é
seu? O olho não é seu, abandonem-no. Ao abandoná-lo, isso irá conduzir ao seu bem-
estar e felicidade por muito tempo. As formas não são suas ... A consciência no olho
não é sua ... O contato no olho não é seu ... Qualquer sensação que surja, tendo o
contato no olho como condição - experimentada como prazer, dor ou nem prazer,
nem dor, também não é sua, abandonem-na. Ao abandoná-la, isso irá conduzir ao
seu bem-estar e felicidade por muito tempo.
“O ouvido não é seu ... A mente não é sua ... Os objetos mentais não são seus ... A
consciência na mente não é sua ... O contato na mente não é seu ... Qualquer sensação
que surja, tendo o contato na mente como condição - experimentada como prazer,
dor ou nem prazer, nem dor, também não é sua, abandonem-na. Ao abandoná-la,
isso irá conduzir ao seu bem-estar e felicidade por muito tempo."
"Como, bhikkhus, alguém remove a raiz do tumor que não foi antes removida?
'Tumor', bhikkhus, é uma designação para este corpo - consistindo dos quatro
grandes elementos - procriado por uma mãe e um pai, construído com arroz cozido
e mingau, sujeito à impermanência, a ser gasto e pulverizado, à dissolução e
desintegração. A 'raiz do tumor' é uma designação para o desejo. Quando o desejo
foi abandonado por um bhikkhu, feito como com um tronco de palmeira, eliminado
de modo que não estará mais sujeito a um futuro surgimento, nesse caso o bhikkhu
removeu a raiz que não foi antes removida.
Em Savatthi. “Bhikkhus, eu farei para vocês uma exposição do Dhamma sobre aquele
que declara o esforço para se tornar seguro contra o cativeiro. Ouçam e prestem
muita atenção àquilo que eu vou dizer.” – “Sim, Venerável senhor,” os bhikkhus
responderam. O Abençoado disse o seguinte:
“E qual, bhikkhus, é a exposição do Dhamma sobre aquele que declara o esforço para
se tornar seguro contra o cativeiro? Existem, bhikkhus, formas conscientizadas
através do olho que são desejáveis, agradáveis e fáceis de serem gostadas,
conectadas com o desejo sensual e que provocam a cobiça. Elas foram abandonadas
pelo Tathagata, cortadas pela raiz, feitas como com um tronco de palmeira,
eliminando-as de tal forma que não estarão mais sujeitas a um futuro surgimento.
Ele declara que o esforço [deve ser feito] para o seu abandono. Portanto, o
Tathagata é chamado aquele que declara o esforço para se tornar seguro contra o
cativeiro.
“Essa, bhikkhus, é a exposição do Dhamma sobre aquele que declara o esforço para
se tornar seguro contra o cativeiro.”
“Bhikkhus, quando existe o quê, através do apego a quê, surgem o prazer e a dor no
nosso íntimo?”
“Quando existe o olho, bhikkhus, através do apego ao olho, o prazer e a dor surgem
no nosso íntimo.
“Impermanente, senhor.”
“Sofrimento, senhor.”
“Impermanente, senhor.”
“Sofrimento, senhor.”
“Vendo dessa forma, o nobre discípulo bem instruído se desencanta com o olho ...
com a mente. Desencantado ele se torna desapegado. Através do desapego a sua
mente é libertada. Quando ela está libertada surge o conhecimento: ‘Libertada.’ Ele
compreende que: ‘O nascimento foi destruído, a vida santa foi vivida, o que deveria
ser feito foi feito, não há mais vir a ser a nenhum estado.’”
“Na dependência do ouvido e dos sons ... na dependência do nariz e dos aromas ... na
dependência da língua e dos sabores ... na dependência do corpo e dos tangíveis ....
na dependência da mente e dos objetos mentais, a consciência na mente surge. O
encontro dos três é o contato. Com o contato como condição, a sensação [surge];
com a sensação como condição, o desejo. Essa é a origem do sofrimento.
“Na dependência do ouvido e dos sons ... na dependência do nariz e dos aromas ... na
dependência da língua e dos sabores ... na dependência do corpo e dos tangíveis ....
na dependência da mente e dos objetos mentais, a consciência na mente surge. O
encontro dos três é o contato. Com o contato como condição, a sensação [surge];
com a sensação como condição, o desejo. Mas com o desaparecimento e cessação
sem deixar vestígios desse mesmo desejo, cessa do apego; com a cessação do apego,
a cessação do ser/existir; com a cessação do ser/existir, a cessação do nascimento;
com a cessação do nascimento, envelhecimento e morte, lamentação, dor, angústia e
desespero, tudo cessa. Essa é a cessação de toda essa massa de sofrimento. Essa é a
cessação do sofrimento.”
“Bhikkhus, quando existe o quê, através do apego a quê, devido à adesão a quê,
ocorre o pensamento: 'Eu sou superior,' ou 'Eu sou igual,' ou 'eu sou inferior'?"
“Quando existe o olho, bhikkhus, através do apego ao olho, devido à adesão ao olho,
ocorre o pensamento: 'Eu sou superior,' ou 'Eu sou igual,' ou 'eu sou inferior'.
Quando existe o ouvido ... Quando existe a mente, através do apego à mente, devido
à adesão à mente, ocorre o pensamento: 'Eu sou superior,' ou 'Eu sou igual,' ou 'eu
sou inferior'.
“Impermanente, senhor.”
“Sofrimento, senhor.”
“Impermanente, senhor.”
“Sofrimento, senhor.”
“Mas sem o apego àquilo que é impermanente, sofrimento e sujeito a mudanças,
ocorreria o pensamento: 'Eu sou superior,' ou 'Eu sou igual,' ou 'eu sou inferior'?”
“Vendo dessa forma, o nobre discípulo bem instruído se desencanta com o olho ...
com a mente. Desencantado ele se torna desapegado. Através do desapego a sua
mente é libertada. Quando ela está libertada surge o conhecimento: ‘Libertada.’ Ele
compreende que: ‘O nascimento foi destruído, a vida santa foi vivida, o que deveria
ser feito foi feito, não há mais vir a ser a nenhum estado.’”
“O olho é uma coisa que agrilhoa. Todo desejo ou cobiça, a ele relacionado, é o
grilhão em relação a ele. O ouvido é uma coisa que agrilhoa. Todo desejo ou cobiça, a
ele relacionado, é o grilhão em relação a ele ... A mente é uma coisa que agrilhoa.
Todo desejo ou cobiça, a ela relacionado, é o grilhão em relação a ela. Essas são
coisas que agrilhoam e esse é o grilhão."
Em Savatthi. ‘Bhikkhus, eu ensinarei para vocês as coisas que são passíveis de apego
e sobre o apego. Ouçam e prestem muita atenção àquilo que eu vou dizer.” – “Sim,
Venerável senhor,” os bhikkhus responderam. O Abençoado disse o seguinte:
“O olho é uma coisa passível de apego. Todo desejo ou cobiça, a ele relacionado, é o
apego em relação a ele. O ouvido é uma coisa passível de apego. Todo desejo ou
cobiça, a ele relacionado, é o apego em relação a ele ... A mente é uma coisa passível
de apego. Todo desejo ou cobiça, a ela relacionado, é o apego em relação a ela. Essas
são coisas passíveis de apego e esse é o apego."
Ajjhattikayatanaparijana Sutta (SN XXXV.111) -
Completa Compreensão
"Na dependência do olho e das formas, a consciência no olho surge. O encontro dos
três é o contato. Com o contato como condição, a sensação [surge]; com a sensação
como condição, o desejo; com o desejo como condição, o apego ... Essa é a origem de
toda essa massa de sofrimento.
“Na dependência do ouvido e dos sons ... na dependência da mente e dos objetos
mentais, a consciência na mente surge. O encontro dos três é o contato. Com o
contato como condição, a sensação [surge]; com a sensação como condição, o desejo;
com o desejo como condição, o apego ... Essa é a origem de toda essa massa de
sofrimento.
"Na dependência do olho e das formas, a consciência no olho surge. O encontro dos
três é o contato. Com o contato como condição, a sensação [surge]; com a sensação
como condição, o desejo. Mas com o desaparecimento e cessação sem deixar
vestígios desse mesmo desejo, cessa o apego; com a cessação do apego, cessa o
ser/existir ... Essa é a cessação de toda essa massa de sofrimento.
“Na dependência do ouvido e dos sons ... na dependência da mente e dos objetos
mentais, a consciência na mente surge. O encontro dos três é o contato. Com o
contato como condição, a sensação [surge]; com a sensação como condição, o desejo.
Mas com o desaparecimento e cessação sem deixar vestígios desse mesmo desejo,
cessa do apego; com a cessação do apego, a cessação do ser/existir ... Essa é a
cessação de toda essa massa de sofrimento.”
“Bhikkhus, eu digo que o fim do mundo não pode ser conhecido, visto ou alcançado
viajando. No entanto, bhikkhus, eu também digo que sem alcançar o fim do mundo
não há como realizar o fim do sofrimento.”
Tendo dito isso, o Abençoado se levantou do seu assento e foi para a sua moradia.
Então, pouco tempo depois do Abençoado haver partido, os bhikkhus consideraram:
“Agora, amigos, o Abençoado levantou-se do seu assento e foi para a sua moradia
depois de expor um resumo sem explicar o seu significado em detalhe. Agora, quem
irá explicar o significado em detalhe?” Então eles consideraram: “O Venerável
Ananda é elogiado pelo Mestre e estimado pelos seus sábios companheiros da vida
santa. Ele é capaz de explicar o significado em detalhe. E se fôssemos até ele e
pedíssemos a explicação do significado disso.”
“Certamente, amigo Ananda, conhecer, o Abençoado conhece; ver, ele vê; ele é visão
… o Tathagata. Aquele foi o momento em que deveríamos ter perguntado ao
Abençoado o significado. O que ele nos dissesse nós deveríamos nos lembrar. No
entanto, o Venerável Ananda é elogiado pelo Mestre e estimado pelos seus sábios
companheiros da vida santa. O Venerável Ananda é capaz de expor o significado, em
detalhe, desse resumo dito pelo Abençoado. Que o Venerável Ananda possa expor
isso, sem que isso seja um problema.”
“Então, amigos, ouçam e prestem muita atenção àquilo que eu vou dizer." - "Sim,
amigo," os bhikkhus responderam. O Venerável Ananda disse o seguinte:
“Amigos, quando o Abençoado se levantou do seu assento e foi para a sua moradia
depois de expor um resumo sem explicar o seu significado em detalhe, isto é:
‘Bhikkhus, eu digo que o fim do mundo não pode ser conhecido, visto ou alcançado
viajando. No entanto, bhikkhus, eu também digo que sem alcançar o fim do mundo
não há como realizar o fim do sofrimento,’ eu entendo que o significado em detalhe
é o seguinte: Aquilo no mundo através do qual alguém percebe o mundo, concebe o
mundo – isso é chamado de mundo na Disciplina dos Nobres. E o que, amigos, é
aquilo no mundo através do qual alguém percebe o mundo, concebe o mundo? O
olho é aquilo no mundo através do qual alguém percebe o mundo, concebe o mundo.
O ouvido ... O nariz ... A língua ... O corpo ... A mente é aquilo no mundo através do
qual alguém percebe o mundo, concebe o mundo. Aquilo no mundo através do qual
alguém percebe o mundo, concebe o mundo – isso é chamado de mundo na
Disciplina dos Nobres.
“Amigos, quando o Abençoado se levantou do seu assento e foi para a sua moradia
depois de expor um resumo sem explicar o seu significado em detalhe, isto é:
‘Bhikkhus, eu digo que o fim do mundo não pode ser conhecido, visto ou alcançado
viajando. No entanto, bhikkhus, eu também digo que sem alcançar o fim do mundo
não há como realizar o fim do sofrimento,’ é assim como eu entendo o significado
em detalhe. Agora, amigos, se vocês quiserem, podem ir até o Abençoado perguntar-
lhe qual o significado disso. Exatamente aquilo que o Abençoado explicar é o que
vocês deverão se lembrar.”
"Portanto, bhikkhus, no seu caso também, as suas mentes podem com freqüência ir
na direção desses cinco elementos do prazer sensual que deixaram a sua impressão
no coração mas que se foram, cessaram e mudaram, ou na direção daqueles que
estão presentes ou ligeiramente na direção daqueles no futuro.' Assim, bhikkhus,
determinados pelo seu próprio bem-estar, vocês deveriam praticar diligentes, com
atenção plena, protegendo a mente desses cinco elementos do prazer sensual que já
deixaram a sua impressão no coração mas que se foram, cessaram e mudaram.
"Portanto, bhikkhus, essa base deve ser compreendida, na qual o olho cessa e a
percepção das formas cessa. Essa base deve ser compreendida, na qual o ouvido
cessa e a percepção dos sons cessa ... Essa base deve ser compreendida, na qual a
mente cessa e a percepção dos objetos mentais cessa. Essa base deve ser
compreendida."
Tendo dito isso, o Abençoado se levantou do seu assento e foi para a sua moradia.
Então, pouco tempo depois do Abençoado haver partido, os bhikkhus consideraram:
“Agora, amigos, o Abençoado levantou-se do seu assento e foi para a sua moradia
depois de expor um resumo sem explicar o seu significado em detalhe. Agora, quem
irá explicar o significado em detalhe?” Então eles consideraram: “O Venerável
Ananda é elogiado pelo Mestre e estimado pelos seus sábios companheiros da vida
santa. Ele é capaz de explicar o significado em detalhe. E se fôssemos até ele e
pedíssemos a explicação do significado disso.”
“Certamente, amigo Ananda, conhecer, o Abençoado conhece; ver, ele vê; ele é visão
… o Tathagata. Aquele foi o momento em que deveríamos ter perguntado ao
Abençoado o significado. O que ele nos dissesse nós deveríamos nos lembrar. No
entanto, o Venerável Ananda é elogiado pelo Mestre e estimado pelos seus sábios
companheiros da vida santa. O Venerável Ananda é capaz de expor o significado, em
detalhe, desse resumo dito pelo Abençoado. Que o Venerável Ananda possa expor
isso, sem que isso seja um problema.”
“Então, amigos, ouçam e prestem muita atenção àquilo que eu vou dizer." - "Sim,
amigo," os bhikkhus responderam. O Venerável Ananda disse o seguinte:
“Amigos, quando o Abençoado se levantou do seu assento e foi para a sua moradia
depois de expor um resumo sem explicar o seu significado em detalhe, isto é:
'Portanto, bhikkhus, essa base deve ser compreendida, na qual o olho cessa e a
percepção das formas cessa. Essa base deve ser compreendida, na qual o ouvido
cessa e a percepção dos sons cessa ... Essa base deve ser compreendida, na qual a
mente cessa e a percepção dos objetos mentais cessa. Essa base deve ser
compreendida,' eu entendo que o significado em detalhe é o seguinte: Isso foi dito
pelo Abençoado, amigos, com referências à cessação das seis bases.
“Amigos, quando o Abençoado se levantou do seu assento e foi para a sua moradia
depois de expor um resumo sem explicar o seu significado em detalhe, ... é assim
como eu entendo o significado em detalhe. Agora, amigos, se vocês quiserem, podem
ir até o Abençoado perguntar-lhe qual o significado disso. Exatamente aquilo que o
Abençoado explicar é o que vocês deverão se lembrar.”
“Venerável senhor, qual é a causa e razão porque alguns seres aqui não realizam
nibbana nesta mesma vida? E qual é a causa e razão porque alguns seres aqui
realizam nibbana nesta mesma vida?”
“Há, senhor dos devas, formas conscientizadas através do olho que são desejáveis,
agradáveis e fáceis de serem gostadas, conectadas com o desejo sensual e que
provocam a cobiça. Se um bhikkhu sente prazer com elas, acolhe-as e permanece
atado a elas, a consciência dele se torna dependente delas e se apega a elas. Um
bhikkhu com apego não realiza nibbana.
“Há, senhor dos devas, sons conscientizados pelo ouvido ... aromas conscientizados
pelo nariz ... sabores conscientizados pela língua ... tangíveis conscientizados pelo
corpo ... objetos mentais conscientizados pela mente que são desejáveis, agradáveis
e fáceis de serem gostados, conectados com o desejo sensual e que provocam a
cobiça. Se um bhikkhu sente prazer com eles, acolhe- os e permanece atado a eles, a
consciência dele se torna dependente deles e se apega a eles.Um bhikkhu com apego
não realiza nibbana.
“Essa é a causa e razão, senhor dos devas, porque alguns seres aqui não realizam
nibbana nesta mesma vida.
“Há, senhor dos devas, formas conscientizadas através do olho ... aromas
conscientizados pelo nariz ... sabores conscientizados pela língua ... tangíveis
conscientizados pelo corpo ... objetos mentais conscientizados pela mente que são
desejáveis, agradáveis e fáceis de serem gostados, conectados com o desejo sensual
e que provocam a cobiça. Se um bhikkhu não sente prazer com eles, não os acolhe e
não permanece atado a eles, a consciência dele não se torna dependente deles e não
se apega a eles. Um bhikkhu sem apego realiza nibbana.
“Essa é a causa e razão, senhor dos devas, porque alguns seres aqui realizam
nibbana nesta mesma vida."
“Venerável senhor, qual é a causa e razão porque alguns seres aqui não realizam
nibbana nesta mesma vida? E qual é a causa e razão porque alguns seres aqui
realizam nibbana nesta mesma vida?”
“Há, filho dos gandhabbas, formas conscientizadas através do olho que são
desejáveis, agradáveis e fáceis de serem gostadas, conectadas com o desejo sensual
e que provocam a cobiça. Se um bhikkhu sente prazer com elas, acolhe-as e
permanece atado a elas, a consciência dele se torna dependente delas e se apega a
elas. Um bhikkhu com apego não realiza nibbana.
“Há, filho dos gandhabbas, sons conscientizados pelo ouvido ... aromas
conscientizados pelo nariz ... sabores conscientizados pela língua ... tangíveis
conscientizados pelo corpo ... objetos mentais conscientizados pela mente que são
desejáveis, agradáveis e fáceis de serem gostados, conectados com o desejo sensual
e que provocam a cobiça. Se um bhikkhu sente prazer com eles, acolhe- os e
permanece atado a eles, a consciência dele se torna dependente deles e se apega a
eles. Um bhikkhu com apego não realiza nibbana.
“Essa é a causa e razão, filho dos gandhabbas, porque alguns seres aqui não realizam
nibbana nesta mesma vida.
“Há, filho dos gandhabbas, formas conscientizadas através do olho ... aromas
conscientizados pelo nariz ... sabores conscientizados pela língua ... tangíveis
conscientizados pelo corpo ... objetos mentais conscientizados pela mente que são
desejáveis, agradáveis e fáceis de serem gostados, conectados com o desejo sensual
e que provocam a cobiça. Se um bhikkhu não sente prazer com eles, não os acolhe e
não permanece atado a eles, a consciência dele não se torna dependente deles e não
se apega a eles. Um bhikkhu sem apego realiza nibbana.
“Essa é a causa e razão, filho dos gandhabbas, porque alguns seres aqui realizam
nibbana nesta mesma vida."
“Assim é, amigo, quando uma pessoa não guarda as portas dos meios dos sentidos,
não é moderada na alimentação e não é dedicada à vigilância. Que um bhikkhu que
não guarde as portas das faculdades dos sentidos, que não tenha moderação na
alimentação e que não seja dedicado à vigilância possa manter durante toda a sua
vida esta vida santa completamente perfeita e imaculada – isso é impossível. Mas,
amigo, que um bhikkhu que guarde as portas das faculdades dos sentidos, que tenha
moderação na alimentação e que seja dedicado à vigilância possa manter durante
toda a sua vida esta vida santa completamente perfeita e imaculada – isso é possível.
“E como, amigo, ele guarda as portas dos meios dos sentidos? Neste caso, ao ver uma
forma com o olho, um bhikkhu não se agarra aos seus sinais ou detalhes. Visto que,
se permanecer com a faculdade do olho descuidada, ele será tomado pelos estados
ruins e prejudiciais de cobiça e tristeza. Ele pratica a contenção, ele protege a
faculdade do olho, ele se empenha na contenção da faculdade do olho. Ao ouvir um
som com o ouvido ... Ao cheirar um aroma com o nariz … Ao saborear um sabor com
a língua … Ao tocar um tangível com o corpo … Ao conscientizar um objeto mental
com a mente, ele não se agarra aos seus sinais ou detalhes. Visto que, se permanecer
com a faculdade da mente descuidada, ele será tomado pelos estados ruins e
prejudiciais de cobiça e tristeza. Ele pratica a contenção, ele protege a faculdade da
mente, ele se empenha na contenção da faculdade da mente. É dessa forma, amigo,
que ele guarda as portas dos meios dos sentidos.
“E como, amigo, ele é dedicado à vigilância? Neste caso, durante o dia, enquanto
caminha para lá e para cá ou sentado, um bhikkhu purifica a mente dele dos estados
obstrutivos. Na primeira vigília da noite, enquanto estiver caminhando para lá e
para cá ou sentado, ele purifica a mente dele dos estados obstrutivos. Na segunda
vigília da noite ele deita para dormir, no lado direito, na postura do leão com um pé
sobre o outro, atento e plenamente consciente, após anotar na mente o horário para
levantar. Após levantar, na terceira vigília da noite, enquanto estiver caminhando
para cá e para lá ou sentado, ele purifica a mente dele dos estados obstrutivos.’ É
dessa forma, amigo, que ele é dedicado à vigilância
“Portanto, amigo, assim é como você deve praticar: ‘Guardaremos as portas das
faculdades dos sentidos; teremos moderação na alimentação; seremos dedicados à
vigilância.’ Assim, amigo, você deveria praticar.”
“Leve com você o seu pano para sentar, Rahula; vamos até o Bosque dos Cegos para
passar o dia.”
“Sim, Venerável senhor,” o Venerável Rahula respondeu, e tomando o seu pano para
sentar seguiu de perto atrás do Abençoado.
Então, o Abençoado foi até o Bosque dos Cegos e sentou à sombra de uma certa
árvore num assento que havia sido preparado. E o Venerável Rahula homenageou o
Abençoado e sentou-se a um lado. O Abençoado disse para o Venerável Rahula:
“Ele se desencanta do ouvido ... Ele se desencanta do nariz ... Ele se desencanta da
língua ... Ele se desencanta do corpo ... Ele se desencanta da mente, se desencanta
dos objetos mentais, se desencanta da consciência na mente, se desencanta do
contato na mente e se desencanta de qualquer sensação, qualquer percepção,
quaisquer formações volitivas, qualquer consciência que surja do contato na mente
como condição.
Isso foi o que disse o Abençoado. O Venerável Rahula ficou satisfeito e contente com
as palavras do Abençoado. Agora, enquanto este discurso estava sendo proferido,
através do desapego a mente do Venerável Rahula se libertou das impurezas. E
naqueles milhares de devas surgiu a imaculada visão do Dhamma: “Tudo que está
sujeito ao surgimento está sujeito à cessação.”
“A forma é uma coisa que agrilhoa. Todo desejo ou cobiça, a ela relacionada, é o
grilhão em relação a ela. O som é uma coisa que agrilhoa. Todo desejo ou cobiça, a
ele relacionado, é o grilhão em relação a ele ... O objeto mental é uma coisa que
agrilhoa. Todo desejo ou cobiça, a ele relacionado, é o grilhão em relação a ele. Essas
são coisas que agrilhoam e esse é o grilhão."
Em Savatthi. ‘Bhikkhus, eu ensinarei para vocês as coisas que são passíveis de apego
e sobre o apego. Ouçam e prestem muita atenção àquilo que eu vou dizer.” – “Sim,
Venerável senhor,” os bhikkhus responderam. O Abençoado disse o seguinte:
“E o que, bhikkhus, são coisas passíveis de apego? O que é o apego?
“A forma é uma coisa passível de apego. Todo desejo ou cobiça, a ela relacionada, é o
apego em relação a ela. O som é uma coisa passível de apego. Todo desejo ou cobiça,
a ele relacionado, é o apego em relação a ele ... O objeto mental é uma coisa passível
de apego. Todo desejo ou cobiça, a ele relacionado, é o apego em relação a ele. Essas
são coisas passíveis de apego e esse é o apego."
“Venerável senhor, qual é a causa e razão porque alguns seres aqui não realizam
nibbana nesta mesma vida? E qual é a causa e razão porque alguns seres aqui
realizam nibbana nesta mesma vida?”
“Há, chefe de família, formas conscientizadas através do olho que são desejáveis,
agradáveis e fáceis de serem gostadas, conectadas com o desejo sensual e que
provocam a cobiça. Se um bhikkhu sente prazer com elas, acolhe-as e permanece
atado a elas, a consciência dele se torna dependente delas e se apega a elas. Um
bhikkhu com apego não realiza nibbana.
“Há, chefe de família, sons conscientizados pelo ouvido ... aromas conscientizados
pelo nariz ... sabores conscientizados pela língua ... tangíveis conscientizados pelo
corpo ... objetos mentais conscientizados pela mente que são desejáveis, agradáveis
e fáceis de serem gostados, conectados com o desejo sensual e que provocam a
cobiça. Se um bhikkhu sente prazer com eles, acolhe- os e permanece atado a eles, a
consciência dele se torna dependente deles e se apega a eles. Um bhikkhu com apego
não realiza nibbana.
“Essa é a causa e razão, chefe de família, porque alguns seres aqui não realizam
nibbana nesta mesma vida.
“Venerável senhor, qual é a causa e razão porque alguns seres aqui não realizam
nibbana nesta mesma vida? E qual é a causa e razão porque alguns seres aqui
realizam nibbana nesta mesma vida?”
“Há, chefe de família, formas conscientizadas através do olho que são desejáveis,
agradáveis e fáceis de serem gostadas, conectadas com o desejo sensual e que
provocam a cobiça. Se um bhikkhu sente prazer com elas, acolhe-as e permanece
atado a elas, a consciência dele se torna dependente delas e se apega a elas. Um
bhikkhu com apego não realiza nibbana.
“Há, chefe de família, sons conscientizados pelo ouvido ... aromas conscientizados
pelo nariz ... sabores conscientizados pela língua ... tangíveis conscientizados pelo
corpo ... objetos mentais conscientizados pela mente que são desejáveis, agradáveis
e fáceis de serem gostados, conectados com o desejo sensual e que provocam a
cobiça. Se um bhikkhu sente prazer com eles, acolhe- os e permanece atado a eles, a
consciência dele se torna dependente deles e se apega a eles. Um bhikkhu com apego
não realiza nibbana.
“Essa é a causa e razão, chefe de família, porque alguns seres aqui não realizam
nibbana nesta mesma vida.
“Essa é a causa e razão, chefe de família, porque alguns seres aqui realizam nibbana
nesta mesma vida."
“Venerável senhor, qual é a causa e razão porque alguns seres aqui não realizam
nibbana nesta mesma vida? E qual é a causa e razão porque alguns seres aqui
realizam nibbana nesta mesma vida?”
“Há, chefe de família, formas conscientizadas através do olho que são desejáveis,
agradáveis e fáceis de serem gostadas, conectadas com o desejo sensual e que
provocam a cobiça. Se um bhikkhu sente prazer com elas, acolhe-as e permanece
atado a elas, a consciência dele se torna dependente delas e se apega a elas. Um
bhikkhu com apego não realiza nibbana.
“Há, chefe de família, sons conscientizados pelo ouvido ... aromas conscientizados
pelo nariz ... sabores conscientizados pela língua ... tangíveis conscientizados pelo
corpo ... objetos mentais conscientizados pela mente que são desejáveis, agradáveis
e fáceis de serem gostados, conectados com o desejo sensual e que provocam a
cobiça. Se um bhikkhu sente prazer com eles, acolhe- os e permanece atado a eles, a
consciência dele se torna dependente deles e se apega a eles. Um bhikkhu com apego
não realiza nibbana.
“Essa é a causa e razão, chefe de família, porque alguns seres aqui não realizam
nibbana nesta mesma vida.
“Essa é a causa e razão, chefe de família, porque alguns seres aqui realizam nibbana
nesta mesma vida."
“Grande rei, isto foi dito pelo Abençoado que sabe e vê, um arahant, perfeitamente
iluminado: ‘Venham agora, bhikkhus: com relação às mulheres que possuem idade
suficiente para ser a sua mãe, estabeleçam a idéia de que elas são a sua mãe. Com
relação às mulheres com idade suficiente para ser a sua irmã, estabeleçam a idéia de
que elas são a sua irmã. Com relação às mulheres que são jovens o suficiente para
ser a sua filha, estabeleçam a idéia de que elas são a sua filha.’ Essa é uma razão, essa
é uma causa, grande rei, pela qual bhikkhus jovens ... adotam a vida santa
completamente perfeita e imaculada por toda a vida e mantêm-na por muito
tempo.”
“Grande rei, isto foi dito pelo Abençoado que sabe e vê, um arahant, perfeitamente
iluminado: ‘Venham agora, bhikkhus: reflitam sobre este mesmo corpo, da sola dos
pés para cima, do topo da cabeça para baixo, envolto pela pele, cheio de todo tipo de
coisas impuras: ‘Neste corpo existem cabelos, pêlos do corpo, unhas, dentes, pele,
carne, tendões, ossos, tutano, rins, coração, fígado, diafragma, baço, pulmões,
intestino grosso, intestino delgado, conteúdo do estômago, fezes, bílis, fleuma, pus,
sangue, suor, gordura, lágrimas, saliva, muco, líquido sinovial e urina.’ Essa também
é uma razão, essa também é uma causa, grande rei, pela qual bhikkhus jovens ...
adotam a vida santa completamente perfeita e imaculada por toda a vida e mantêm-
na por muito tempo.”
“Isso é fácil, mestre Bharadvaja, para aqueles bhikkhus que são desenvolvidos em
relação ao corpo, desenvolvidos em relação à virtude, desenvolvidos em relação à
mente, desenvolvidos em relação à sabedoria. Mas é difícil para aqueles bhikkhus
que não são desenvolvidos em relação ao corpo, não são desenvolvidos em relação à
virtude, não são desenvolvidos em relação à mente, não são desenvolvidos em
relação à sabedoria. Algumas vezes, embora alguém pense, ‘Vou considerar isso
como pouco atrativo,’ aquilo passa a ser atrativo. Existe alguma outra razão, outra
causa, pela qual bhikkhus jovens … adotam a vida santa completamente perfeita e
imaculada por toda a vida e mantêm-na por muito tempo?”
“Grande rei, isto foi dito pelo Abençoado que sabe e vê, um arahant, perfeitamente
iluminado: ‘Venham agora, bhikkhus: Guardem as portas dos meios dos sentidos. Ao
ver uma forma com o olho, não se agarrem aos seus sinais ou detalhes, pelo qual
estados prejudiciais de cobiça e tristeza poderiam tomá-los se vocês
permanecessem com a faculdade do olho descuidada. Pratiquem a contenção,
protejam a faculdade do olho, se empenhem na contenção da faculdade do olho.
“’Ao conscientizar um objeto mental com a mente, não se agarrem aos seus sinais ou
detalhes, pelo qual estados prejudiciais de cobiça e tristeza poderiam tomá-los se
vocês permanecessem com a faculdade da mente descuidada. Pratiquem a
contenção, protejam a faculdade da mente, se empenhem na contenção da faculdade
da mente.’
“Essa também é uma razão, essa também é uma causa, grande rei, pela qual bhikkhus
jovens ... adotam a vida santa completamente perfeita e imaculada por toda a vida e
mantêm-na por muito tempo.”
“Venerável senhor, qual é a causa e razão porque alguns seres aqui não realizam
nibbana nesta mesma vida? E qual é a causa e razão porque alguns seres aqui
realizam nibbana nesta mesma vida?”
“Há, chefe de família, formas conscientizadas através do olho que são desejáveis,
agradáveis e fáceis de serem gostadas, conectadas com o desejo sensual e que
provocam a cobiça. Se um bhikkhu sente prazer com elas, acolhe-as e permanece
atado a elas, a consciência dele se torna dependente delas e se apega a elas. Um
bhikkhu com apego não realiza nibbana.
“Há, chefe de família, sons conscientizados pelo ouvido ... aromas conscientizados
pelo nariz ... sabores conscientizados pela língua ... tangíveis conscientizados pelo
corpo ... objetos mentais conscientizados pela mente que são desejáveis, agradáveis
e fáceis de serem gostados, conectados com o desejo sensual e que provocam a
cobiça. Se um bhikkhu sente prazer com eles, acolhe- os e permanece atado a eles, a
consciência dele se torna dependente deles e se apega a eles. Um bhikkhu com apego
não realiza nibbana.
“Essa é a causa e razão, chefe de família, porque alguns seres aqui não realizam
nibbana nesta mesma vida.
“Essa é a causa e razão, chefe de família, porque alguns seres aqui realizam nibbana
nesta mesma vida."
"Aqui, chefe de família, tendo visto uma forma com o olho, um bhikkhu compreende
uma forma agradável assim: 'Assim é!' Há a consciência no olho e na dependência do
contato para ser experimentado como prazeroso surge uma sensação prazerosa.
Depois, tendo visto uma forma com o olho, um bhikkhu compreende uma forma
desagradável assim: 'Assim é!' Há a consciência no olho e na dependência do contato
para ser experimentado como desprazeroso surge uma sensação desprazerosa.
Depois, tendo visto uma forma com o olho, um bhikkhu compreende uma forma que
é a base para a equanimidade assim: 'Assim é!' Há a consciência no olho e na
dependência do contato para ser experimentado como nem prazeroso nem
desprazeroso surge uma sensação nem prazerosa nem desprazerosa.
"Além disso, chefe de família, tendo ouvido um som com o ouvido ... tendo
conscientizado um objeto mental com a mente, um bhikkhu compreende um objeto
mental agradável assim ... um objeto mental desagradável assim ... um objeto mental
que é a base para a equanimidade assim: 'Assim é!' Há a consciência no olho e na
dependência do contato para ser experimentado como nem prazeroso nem
desprazeroso surge uma sensação nem prazerosa nem desprazerosa.
“Venerável senhor, qual é a causa e razão porque alguns seres aqui não realizam
nibbana nesta mesma vida? E qual é a causa e razão porque alguns seres aqui
realizam nibbana nesta mesma vida?”
“Há, chefe de família, formas conscientizadas através do olho que são desejáveis,
agradáveis e fáceis de serem gostadas, conectadas com o desejo sensual e que
provocam a cobiça. Se um bhikkhu sente prazer com elas, acolhe-as e permanece
atado a elas, a consciência dele se torna dependente delas e se apega a elas. Um
bhikkhu com apego não realiza nibbana.
“Há, chefe de família, sons conscientizados pelo ouvido ... aromas conscientizados
pelo nariz ... sabores conscientizados pela língua ... tangíveis conscientizados pelo
corpo ... objetos mentais conscientizados pela mente que são desejáveis, agradáveis
e fáceis de serem gostados, conectados com o desejo sensual e que provocam a
cobiça. Se um bhikkhu sente prazer com eles, acolhe- os e permanece atado a eles, a
consciência dele se torna dependente deles e se apega a eles. Um bhikkhu com apego
não realiza nibbana.
“Essa é a causa e razão, chefe de família, porque alguns seres aqui não realizam
nibbana nesta mesma vida.
“Essa é a causa e razão, chefe de família, porque alguns seres aqui realizam nibbana
nesta mesma vida."
Certa ocasião, o Venerável Mahakaccana estava entre o povo de Avanti numa cabana
na floresta em Makkarakata. Então, um grande número de Brâmanes jovens,
discípulos do Brâmane Lohicca, enquanto juntavam lenha, se aproximaram da
cabana do Venerável Mahakaccana. Ao se aproximarem, eles pisotearam
ruidosamente ao redor da cabana, e de um modo buliçoso e ruidoso eles fizeram
muitas travessuras, dizendo: “Esses contemplativos carecas, lacaios, escuros,
descendentes dos pés do Ancestral, são honrados, respeitados, estimados, adorados
e venerados pelos seus devotos servis.”
Então, o Venerável Mahakaccana saiu da sua moradia e disse para aqueles jovens
Brâmanes: “Não façam barulho, meninos. Eu falarei com vocês sobre o Dhamma.”
Quando isso foi dito, aqueles jovens ficaram em silêncio. Então, o Venerável
Mahakaccana se dirigiu aos jovens em versos:
Quando isso foi dito, o Brâmane Lohicca ficou furioso e desgostoso. Mas então lhe
ocorreu que: “Não é apropriado que eu abuse e insulte o contemplativo
Mahakaccana apenas com base naquilo que ouvi desses jovens. Devo ir até ele e
averiguar.”
Então, o Brâmane Lohicca, junto com aqueles jovens Brâmanes, foram até o
Venerável Mahakaccana e eles se cumprimentaram. Quando a conversa cortês e
amigável havia terminado, ele sentou a um lado e disse: “Mestre Kaccana, um grande
número de jovens Brâmanes, meus discípulos, vieram até aqui enquanto juntavam
lenha?”
“O Mestre Kaccana disse ‘com as portas dos sentidos desguardadas.’ De que modo,
Mestre Kaccana, alguém está ‘com as portas dos sentidos desguardadas’?”
“Aqui, Brâmane, ao ver uma forma com o olho, uma pessoa se empenha pela forma
prazerosa e repele a forma desprazerosa. Ela permanece sem estabelecer a atenção
plena no corpo, com a mente limitada, e não compreende como na verdade é a
libertação da mente, a libertação através da sabedoria, na qual aqueles estados ruins
e prejudiciais cessam sem deixar vestígio. Ao ouvir um som com o ouvido ... Ao
cheirar um aroma com o nariz ... Ao saborear um sabor com a língua ... Ao tocar um
tangível com o corpo ... Ao conscientizar um objeto mental com a mente, uma pessoa
se empenha pelo objeto mental prazeroso e repele o objeto mental desprazeroso.
Ela permanece sem estabelecer a atenção plena no corpo, com a mente limitada, e
não compreende como na verdade é a libertação da mente, a libertação através da
sabedoria, na qual aqueles estados ruins e prejudiciais cessam sem deixar vestígio.
“Aqui, Brâmane, ao ver uma forma com o olho, uma pessoa não se empenha pela
forma prazerosa e não repele a forma desprazerosa. Ela permanece com a atenção
plena no corpo estabelecida, com a mente ilimitada, e compreende como na verdade
é a libertação da mente, a libertação através da sabedoria, na qual aqueles estados
ruins e prejudiciais cessam sem deixar vestígio. Ao ouvir um som com o ouvido ... Ao
cheirar um aroma com o nariz ... Ao saborear um sabor com a língua ... Ao tocar um
tangível com o corpo ... Ao conscientizar um objeto mental com a mente, a pessoa
não se empenha pelo objeto mental prazeroso e não repele o objeto mental
desprazeroso. Ela permanece com a atenção plena no corpo estabelecida, com a
mente ilimitada, e compreende como na verdade é a libertação da mente, a
libertação através da sabedoria, na qual aqueles estados ruins e prejudiciais cessam
sem deixar vestígio.
“Que o Mestre Kaccana se acerque da família Lohicca como ele se acerca das famílias
dos discípulos leigos em Makkarakata. Lá, os jovens Brâmanes e as donzelas
homenagearão o Mestre Kaccana, eles ficarão em pé por respeito, eles oferecerão
para o Mestre Kaccana um assento e água, e isso será para o bem estar e felicidade
deles por muito tempo.”
“Senhora, você deveria saber que o contemplativo Udayi ensina o Dhamma, com o
significado e fraseado corretos, que é admirável no início, admirável no meio,
admirável no final; e ele revela uma vida santa que é completamente perfeita e
imaculada."
"Nesse caso, meu jovem, convide o contemplativo Udayi em meu nome para a
refeição de amanhã."
"Sim senhora", o jovem respondeu e foi até o Venerável Udayi e lhe disse: "Que o
mestre Udayi concorde em aceitar a refeição de amanhã oferecida pelo nosso
reverenciado mestre, a senhora Brâmane do clã Verahaccani."
Uma segunda vez o jovem Brâmane foi até o Venerável Udayi ... (igual ao primeiro
parágrafo até:) ... “Senhora, você deveria saber que o contemplativo Udayi ensina o
Dhamma, com o significado e fraseado corretos, que é admirável no início,
admirável no meio, admirável no final; e ele revela uma vida santa que é
completamente perfeita e imaculada."
"Meu jovem, você continua elogiando o contemplativo Udayi, mas quando eu lhe
disse: 'Contemplativo, ensine o Dhamma.' Ele disse: 'Haverá uma outra ocasião para
isso, irmã,' e levantou do seu assento e partiu."
"Senhora, isso aconteceu porque você calçou as sandálias, sentou num assento
elevado, cobriu a cabeça e lhe disse: 'Contemplativo, ensine o Dhamma.' Pois esses
nobres respeitam e reverenciam o Dhamma."
"Nesse caso, meu jovem, convide o contemplativo Udayi em meu nome para a
refeição de amanhã."
"Sim senhora", o jovem respondeu e foi até o Venerável Udayi ... (igual acima até:) ...
quando o Venerável Udayi havia terminado de comer e retirado a mão da sua tigela,
a senhora Brâmane tirou as suas sandálias, sentou num assento mais baixo,
descobriu a cabeça e disse: "Venerável senhor, o que os arahants afirmam deve
existir para que ocorra o prazer e a dor? E o que os arahants afirmam deve não
existir para que não ocorra o prazer e a dor?"
"Irmã, os arahants afirmam que quando o olho existe ocorre o prazer e a dor, e
quando o olho não existe não ocorre o prazer e a dor. Os arahants afirmam que
quando o ouvido existe ocorre o prazer e a dor, e quando o ouvido não existe não
ocorre o prazer e a dor ... Os arahants afirmam que quando a mente existe ocorre o
prazer e a dor, e quando a mente não existe não ocorre o prazer e a dor."
Quando isso foi dito a senhora Brâmane do clã Verahaccani disse para o Venerável
Udayi: "Magnífico, Venerável senhor! Magnífico, Venerável senhor! O Venerável
Udayi esclareceu o Dhamma de várias formas, como se tivesse colocado em pé o que
estava de cabeça para baixo, revelasse o que estava escondido, mostrasse o caminho
para alguém que estivesse perdido ou segurasse uma lâmpada no escuro para
aqueles que possuem visão pudessem ver as formas. Eu busco refúgio no
Abençoado, no Dhamma e na Sangha dos bhikkhus. Que o Mestre Udayi se lembre de
mim como a discípula leiga que buscou refúgio para o resto da vida.”
Em certa ocasião, o Abençoado estava entre os Sakyas numa cidade Sakya chamada
Devadaha. Lá ele se dirigiu aos bhikkhus:
“Bhikkhus, eu não digo que todos os bhikkhus ainda têm trabalho a ser feito com
diligência com relação às seis bases para o contato; nem eu digo que todos os
bhikkhus não têm mais trabalho a ser feito com diligência com relação às seis bases
para o contato.
"Eu não digo que aqueles bhikkhus que são arahants, com as impurezas destruídas,
que viveram a vida santa, fizeram o que devia ser feito, depuseram o fardo,
alcançaram o verdadeiro objetivo, destruíram os grilhões da existência e estão
completamente libertados através do conhecimento supremo, ainda tenham
trabalho a ser feito com diligência em relação às seis bases para o contato. Por que
isso? Eles fizeram o seu trabalho com diligência; eles são incapazes de serem
negligentes.
"Mas eu digo que aqueles bhikkhus que são treinandos, que ainda não alcançaram o
ideal, que permanecem aspirando pela suprema libertação do cativeiro, ainda têm
trabalho a ser feito com diligência em relação às seis bases para o contato. Por que
isso? Porque, bhikkhus, existem formas conscientizadas através do olho, que são
agradáveis e aquelas que são desagradáveis. Ele deveria treinar de modo que estas
não persistam obcecando a mente mesmo quando sejam experienciadas
repetidamente. Quando a mente não está obcecada, a energia incansável é desperta,
a atenção plena sem confusão é estabelecida, o corpo fica tranquilo e a mente se
torna concentrada e unificada. Vendo esse fruto da diligência, bhikkhus, eu digo que
esses bhikkhus ainda têm trabalho a ser feito com diligência em relação às seis bases
para o contato.
“Bhikkhus, é um ganho para vocês, um grande ganho para vocês, que vocês tenham
a oportunidade de viver a vida santa. Eu vi, bhikkhus, o inferno chamado 'Base
Sêxtupla do Contato.' Ali, qualquer forma vista através do olho é indesejável, nunca
desejada; não amada, nunca amada; desagradável, nunca agradável. Qualquer som
ouvido através do ouvido ... Qualquer objeto mental conscientizado pela mente é
indesejável, nunca desejável; não amado, nunca amado; desagradável, nunca
agradável.
“Bhikkhus, é um ganho para vocês, um grande ganho para vocês, que vocês tenham a
oportunidade de viver a vida santa. Eu vi, bhikkhus, o paraíso chamado 'Base
Sêxtupla do Contato.' Ali, qualquer forma vista através do olho é desejável, nunca
indesejável; é amada, nunca não amada; agradável, nunca desagradável. Qualquer
som ouvido através do ouvido ... Qualquer objeto mental conscientizado pela mente
é desejável, nunca indesejável; amado, nunca não amado; agradável, nunca
desagradável.
“Bhikkhus, é um ganho para vocês, um grande ganho para vocês, que vocês tenham a
oportunidade de viver a vida santa."
Isso foi o que o Abençoado disse. Tendo disto isso, o Mestre, disse mais:
“Bhikkhus, tudo aquilo que não é seu, abandonem-no. Ao abandoná-lo, isso irá
conduzir ao seu bem-estar e felicidade. E o que, bhikkhus, não é seu? O olho não é
seu, abandonem-no. Ao abandoná-lo, isso irá conduzir ao seu bem-estar e felicidade.
O ouvido não é seu, ... a mente não é sua, abandonem-na. Ao abandoná-la, isso irá
conduzir ao seu bem-estar e felicidade.
“Bhikkhus, tudo aquilo que não é seu, abandonem-no. Ao abandoná-lo, isso irá
conduzir ao seu bem-estar e felicidade. E o que, bhikkhus, não é seu? As formas não
são suas, abandonem-nas. Ao abandoná-las, isso irá conduzir ao seu bem-estar e
felicidade. Os sons não são seus, ... os objetos mentais não são seus, abandonem-nos.
Ao abandoná-los, isso irá conduzir ao seu bem-estar e felicidade.
“Vendo dessa forma, bhikkhus, um nobre discípulo bem instruído se desencanta com
a forma, se desencanta com o ouvido, ... se desencanta com a mente. Desencantado,
ele se torna desapegado. Através do desapego a sua mente é libertada. Quando ela
está libertada surge o conhecimento: ‘Libertada.’ Ele compreende que: ‘O
nascimento foi destruído, a vida santa foi vivida, o que deveria ser feito foi feito, não
há mais vir a ser a nenhum estado.’”
“Vendo dessa forma, bhikkhus, um nobre discípulo bem instruído se desencanta com
a forma, se desencanta com o ouvido, ... se desencanta com a mente. Desencantado,
ele se torna desapegado. Através do desapego a sua mente é libertada. Quando ela
está libertada surge o conhecimento: ‘Libertada.’ Ele compreende que: ‘O
nascimento foi destruído, a vida santa foi vivida, o que deveria ser feito foi feito, não
há mais vir a ser a nenhum estado.’”
Sahetu-anatta Sutta (SN XXXV.142) -
Não-eu com Causa
“Vendo dessa forma, bhikkhus, um nobre discípulo bem instruído se desencanta com
a forma, se desencanta com o ouvido, ... se desencanta com a mente. Desencantado,
ele se torna desapegado. Através do desapego a sua mente é libertada. Quando ela
está libertada surge o conhecimento: ‘Libertada.’ Ele compreende que: ‘O
nascimento foi destruído, a vida santa foi vivida, o que deveria ser feito foi feito, não
há mais vir a ser a nenhum estado.’”
“Os sons são impermanentes ... Os objetos mentais são impermanentes. A causa e
condição para o surgimento dos objetos mentais também são impermanentes. Como
a consciência se origina daquilo que é impermanente, como poderia ela ser
permanente?
“Vendo dessa forma, bhikkhus, um nobre discípulo bem instruído se desencanta com
a forma, se desencanta com o ouvido, ... se desencanta com a mente. Desencantado,
ele se torna desapegado. Através do desapego a sua mente é libertada. Quando ela
está libertada surge o conhecimento: ‘Libertada.’ Ele compreende que: ‘O
nascimento foi destruído, a vida santa foi vivida, o que deveria ser feito foi feito, não
há mais vir a ser a nenhum estado.’”
“Os sons são sofrimento ... Os objetos mentais são sofrimento. A causa e condição
para o surgimento dos objetos mentais também são sofrimento. Como a consciência
se origina daquilo que é sofrimento, como poderia ela ser felicidade?
“Vendo dessa forma, bhikkhus, um nobre discípulo bem instruído se desencanta com
a forma, se desencanta com o ouvido, ... se desencanta com a mente. Desencantado,
ele se torna desapegado. Através do desapego a sua mente é libertada. Quando ela
está libertada surge o conhecimento: ‘Libertada.’ Ele compreende que: ‘O
nascimento foi destruído, a vida santa foi vivida, o que deveria ser feito foi feito, não
há mais vir a ser a nenhum estado.’”
“Bhikkhus, as formas são não-eu. A causa e condição para o surgimento das formas
também é não-eu. Como as formas se originam daquilo que é não-eu, como
poderiam elas serem eu?
“Os sons são não-eu ... Os objetos mentais são não-eu. A causa e condição para o
surgimento dos objetos mentais também são não-eu. Como a consciência se origina
daquilo que é não-eu, como poderia ela ser eu?
“Vendo dessa forma, bhikkhus, um nobre discípulo bem instruído se desencanta com
a forma, se desencanta com o ouvido, ... se desencanta com a mente. Desencantado,
ele se torna desapegado. Através do desapego a sua mente é libertada. Quando ela
está libertada surge o conhecimento: ‘Libertada.’ Ele compreende que: ‘O
nascimento foi destruído, a vida santa foi vivida, o que deveria ser feito foi feito, não
há mais vir a ser a nenhum estado.’”
"Bhikkhus, eu lhes ensinarei a prática que é adequada para realizar nibbana. Ouçam
e prestem muita atenção ...
"Ele vê o ouvido como impermanente ... Ele vê a mente como impermanente, ele vê
os objetos mentais como impermanentes, ele vê a consciência na mente como
impermanente, ele vê o contato na mente como impermanente, ele vê como
impermanente qualquer sensação que surja tendo o contato na mente como
condição, quer seja prazerosa, dolorosa, ou nem prazerosa bem dolorosa.
"Bhikkhus, eu lhes ensinarei a prática que é adequada para realizar nibbana. Ouçam
e prestem muita atenção ...
"Ele vê o ouvido como sofrimento ... Ele vê a mente como sofrimento, ele vê os
objetos mentais como sofrimento, ele vê a consciência na mente como sofrimento,
ele vê o contato na mente como sofrimento, ele vê como sofrimento qualquer
sensação que surja tendo o contato na mente como condição, quer seja prazerosa,
dolorosa, ou nem prazerosa bem dolorosa.
"Bhikkhus, eu lhes ensinarei a prática que é adequada para realizar nibbana. Ouçam
e prestem muita atenção ...
"Ele vê o ouvido como não-eu ... Ele vê a mente como não-eu, ele vê os objetos
mentais como não-eu, ele vê a consciência na mente como não-eu, ele vê o contato
na mente como não-eu, ele vê como não-eu qualquer sensação que surja tendo o
contato na mente como condição, quer seja prazerosa, dolorosa, ou nem prazerosa
bem dolorosa.
"Bhikkhus, eu lhes ensinarei a prática que é adequada para realizar nibbana. Ouçam
e prestem muita atenção ...
“Vendo desse modo, o nobre discípulo bem instruído se desencanta com o olho, com
as formas, com a consciência no olho, com o contato no olho, com qualquer sensação
que surja tendo o contato no olho como condição – quer seja prazerosa, dolorosa ou
nem prazerosa, nem dolorosa. Ele se desencanta como o ouvido ... com a mente ...
com qualquer sensação que surja tendo o contato na mente como condição ...
Desencantado ele se torna desapegado. Através do desapego a sua mente é
libertada. Quando ela está libertada surge o conhecimento: ‘Libertada.’ Ele
compreende que: ‘O nascimento foi destruído, a vida santa foi vivida, o que deveria
ser feito foi feito, não há mais vir a ser a nenhum estado.’
"Bhikkhus, esta vida santa é vivida sem discípulos e sem um mestre. Um bhikkhu que
tem discípulos e um mestre permanece no sofrimento, não em conforto. Um bhikkhu
que não tem discípulos e não tem um mestre permanece feliz, em conforto.
"Bhikkhus, como um bhikkhu que tem discípulos e um mestre permanece no
sofrimento, não em conforto? Aqui, bhikkhus, quando um bhikkhu viu uma forma
com o olho, surgem nele estados ruins e prejudiciais, memórias e intenções
conectadas com os grilhões. Isso permanece no seu interior. Visto que esses estados
ruins e prejudiciais permanecem no seu interior, ele é chamado aquele 'que tem
discípulos'. Eles o atacam. Visto que esses estados ruins e prejudiciais o atacam, ele
é chamado aquele 'que tem um mestre'.
"Além disso, quando um bhikkhu ouve um som com o ouvido ... conscientiza um
objeto mental com a mente ... ele é chamado aquele 'que tem um mestre'. "Dessa
forma um bhikkhu que tem discípulos e um mestre permanece no sofrimento, não
em conforto.
"Bhikkhus, como um bhikkhu não tem discípulos e não tem um mestre permanece
feliz, em conforto? Aqui, bhikkhus, quando um bhikkhu viu uma forma com o olho,
não surgem nele estados ruins e prejudiciais, memórias e intenções conectadas com
os grilhões. Isso não permanece no seu interior. Visto que esses estados ruins e
prejudiciais não permanecem no seu interior, ele é chamado aquele 'que não tem
discípulos'. Eles não o atacam. Visto que esses estados ruins e prejudiciais não o
atacam, ele é chamado aquele 'que não tem um mestre'.
"Além disso, quando um bhikkhu ouve um som com o ouvido ... conscientiza um
objeto mental com a mente ... ele é chamado aquele 'que não tem um mestre'.
"Dessa forma um bhikkhu que não tem discípulos e não tem um mestre permanece
feliz, em conforto.
"Bhikkhus, esta vida santa é vivida sem discípulos e sem um mestre. Um bhikkhu que
tem discípulos e um mestre permanece no sofrimento, não em conforto. Um bhikkhu
que não tem discípulos e não tem um mestre permanece feliz, em conforto."
“Então, bhikkhus, ouçam e prestem muita atenção àquilo que eu vou dizer.” – “Sim,
Venerável senhor,” os bhikkhus responderam. O Abençoado disse o seguinte:
“Há um método através do qual um bhikkhu, além da fé, além da preferência, além
da tradição, além da razão e além das idéias, é capaz de declarar o conhecimento
supremo assim: ‘O nascimento foi destruído, a vida santa foi vivida, o que deveria
ser feito foi feito, não há mais vir a ser a nenhum estado.’ E qual é esse método?
Aqui, bhikkhus, tendo visto uma forma com o olho, se houver cobiça, raiva ou
delusão internamente, um bhikkhu compreende: ‘Há raiva, cobiça ou delusão
internamente’; ou, se não há cobiça, raiva ou delusão internamente, ele compreende:
‘Não há cobiça, raiva ou delusão internamente.’ Em sendo assim, essas coisas devem
ser compreendidas através da fé ou através da preferência, ou através da tradição,
ou através da razão, ou através das idéias?”
“Além disso, bhikkhus, tendo ouvido um som com o ouvido ... tendo conscientizado
um objeto mental com a mente, se houver cobiça, raiva ou delusão internamente, um
bhikkhu compreende: ‘Há raiva, cobiça ou delusão internamente’; ou, se não há
cobiça, raiva ou delusão internamente, ele compreende: ‘Não há cobiça, raiva ou
delusão internamente.’ Em sendo assim, essas coisas devem ser compreendidas
através da fé ou através da preferência, ou através da tradição, ou através da razão,
ou através das idéias?”
“Um bhikkhu vê como impermanente os sons que na verdade são impermanentes ...
os objetos mentais que na verdade são impermanentes: esse é o seu entendimento
correto. Vendo corretamente, ele experimenta o desencantamento. Com a
destruição do prazer ocorre a destruição da cobiça; com a destruição da cobiça
ocorre a destruição do prazer. Com a destruição do prazer e cobiça a mente é
libertada e diz- se que ela está bem libertada."
"Bhikkhus apliquem nos sons a atenção com sabedoria ... apliquem nos objetos
mentais a atenção com sabedoria. Reconheçam a impermanência dos objetos
mentais tal como ela na verdade é. Quando um bhikkhu aplica na mente a atenção
com sabedoria e reconhece a impermanência tal como ela na verdade é, ele
experimenta o desencantamento. Com a destruição do prazer ocorre a destruição da
cobiça; com a destruição da cobiça ocorre a destruição do prazer. Com a destruição
do prazer e cobiça a mente é libertada e diz- se que ela está bem libertada."
"Kotthita, você deve abandonar o desejo por tudo aquilo que é impermanente. O que
é impermanente? O olho é impermanente; você deve abandonar o desejo por isso.
As formas são impermanentes ... a consciência no olho é impermanente ... o contato
no olho é impermanente ... qualquer sensação que surja tendo o contato no olho
como condição isso também é impermanente; você deve abandonar o desejo por
isso.
"O ouvido é impermanente ... a mente é impermanente ... qualquer sensação que
surja tendo o contato na mente como condição isso também é impermanente; você
deve abandonar o desejo por isso.
"Kotthita, você deve abandonar o desejo por tudo aquilo que é impermanente."
Kotthita (dutiya) Sutta (SN XXXV.163) - Kotthita (2)
"Kotthita, você deve abandonar o desejo por tudo aquilo que é sofrimento. O que é
sofrimento? O olho é sofrimento; você deve abandonar o desejo por isso. As formas
são sofrimento ... a consciência no olho é sofrimento ... o contato no olho é
sofrimento ... qualquer sensação que surja tendo o contato no olho como condição
isso também é sofrimento; você deve abandonar o desejo por isso.
"O ouvido é sofrimento ... a mente é sofrimento ... qualquer sensação que surja tendo
o contato na mente como condição isso também é sofrimento; você deve abandonar
o desejo por isso.
"Kotthita, você deve abandonar o desejo por tudo aquilo que é sofrimento."
"Kotthita, você deve abandonar o desejo por tudo aquilo que é não-eu. O que é não-
eu? O olho é não-eu; você deve abandonar o desejo por isso. As formas são não-eu ...
a consciência no olho é não-eu ... o contato no olho é não-eu ... qualquer sensação
que surja tendo o contato no olho como condição isso também é não-eu; você deve
abandonar o desejo por isso.
"O ouvido é não-eu ... a mente é não-eu ... qualquer sensação que surja tendo o
contato na mente como condição isso também é não-eu; você deve abandonar o
desejo por isso.
"Kotthita, você deve abandonar o desejo por tudo aquilo que é não-eu."
Micchaditthipahana Sutta (SN XXXV.165) -
Abandonando o Entendimento Incorreto
"Bhikkhus, vocês devem abandonar o desejo por tudo que é impermanente. O que é
impermanente? O olho é impermanente ... a mente é impermanente; vocês devem
abandonar o desejo por isso. Bhikkhus, vocês devem abandonar o desejo por tudo
que é impermanente."
"Bhikkhus, vocês devem abandonar a cobiça por tudo que é impermanente. O que é
impermanente? O olho é impermanente ... a mente é impermanente; vocês devem
abandonar a cobiça por isso. Bhikkhus, vocês devem abandonar a cobiça por tudo
que é impermanente."
Aniccachandaraga Sutta (SN XXXV.170) -
Desejo e Cobiça pelo Impermanente
"Bhikkhus, vocês devem abandonar o desejo por tudo que é sofrimento ... vocês
devem abandonar a cobiça por tudo que é sofrimento ... vocês devem abandonar o
desejo e a cobiça por tudo que é sofrimento. O que é sofrimento? O olho é
sofrimento ... a mente é sofrimento; vocês devem abandonar o desejo e a cobiça por
isso. Bhikkhus, vocês devem abandonar o desejo e a cobiça por tudo que é
sofrimento."
"Bhikkhus, vocês devem abandonar o desejo por tudo que é não-eu ... vocês devem
abandonar a cobiça por tudo que é não-eu ... vocês devem abandonar o desejo e a
cobiça por tudo que é não-eu. O que é não-eu? O olho é não-eu ... a mente é não-eu;
vocês devem abandonar o desejo e a cobiça por isso. Bhikkhus, vocês devem
abandonar o desejo e a cobiça por tudo que é não-eu."
"Bhikkhus, vocês devem abandonar o desejo por tudo que é impermanente ... vocês
devem abandonar a cobiça por tudo que é impermanente ... vocês devem abandonar
o desejo e a cobiça por tudo que é impermanente. O que é impermanente? As formas
são impermanentes ... os objetos mentais são impermanentes; vocês devem
abandonar o desejo e a cobiça por isso. Bhikkhus, vocês devem abandonar o desejo e
a cobiça por tudo que é impermanente."
Dukkhachanda Sutta (SN XXXV.180-182) -
Desejo pelo Sofrimento
"Bhikkhus, vocês devem abandonar o desejo por tudo que é sofrimento ... vocês
devem abandonar a cobiça por tudo que é sofrimento ... vocês devem abandonar o
desejo e a cobiça por tudo que é sofrimento. O que é sofrimento? As formas são
sofrimento ... os objetos mentais são sofrimento; vocês devem abandonar o desejo e
a cobiça por isso. Bhikkhus, vocês devem abandonar o desejo e a cobiça por tudo que
é sofrimento."
"Bhikkhus, vocês devem abandonar o desejo por tudo que é não-eu ... vocês devem
abandonar a cobiça por tudo que é não-eu ... vocês devem abandonar o desejo e a
cobiça por tudo que é não-eu. O que é não-eu? As formas são não-eu ... os objetos
mentais são não-eu; vocês devem abandonar o desejo e a cobiça por isso. Bhikkhus,
vocês devem abandonar o desejo e a cobiça por tudo que é não-eu."
"Bhikkhus, o olho ... a mente do passado foi impermanente. Vendo assim o nobre
discípulo bem instruído experimenta o desencantamento com relação ao olho.
Experimentando o desencantamento ele se desapega. Através do desapego a sua
mente é libertada. Quando ela está libertada surge o conhecimento: ‘Libertada.’ Ele
compreende que: ‘O nascimento foi destruído, a vida santa foi vivida, o que deveria
ser feito foi feito, não há mais vir ser em nenhum estado.’”
"Bhikkhus, o olho ... a mente no futuro será impermanente. Vendo assim o nobre
discípulo bem instruído experimenta o desencantamento com relação ao olho.
Experimentando o desencantamento ele se desapega. Através do desapego a sua
mente é libertada. Quando ela está libertada surge o conhecimento: ‘Libertada.’ Ele
compreende que: ‘O nascimento foi destruído, a vida santa foi vivida, o que deveria
ser feito foi feito, não há mais vir ser em nenhum estado.’”
Anicca (tatiya) Sutta (SN XXXV.188) -
Impermanente (3)
"Bhikkhus, o olho ... a mente no passado ... no futuro ... no presente é sofrimento.
Vendo assim o nobre discípulo bem instruído experimenta o desencantamento com
relação ao olho. Experimentando o desencantamento ele se desapega. Através do
desapego a sua mente é libertada. Quando ela está libertada surge o conhecimento:
‘Libertada.’ Ele compreende que: ‘O nascimento foi destruído, a vida santa foi vivida,
o que deveria ser feito foi feito, não há mais vir ser em nenhum estado.’”
"Bhikkhus, o olho ... a mente no passado ... no futuro ... no presente é não-eu. Vendo
assim o nobre discípulo bem instruído experimenta o desencantamento com relação
ao olho. Experimentando o desencantamento ele se desapega. Através do desapego
a sua mente é libertada. Quando ela está libertada surge o conhecimento:
‘Libertada.’ Ele compreende que: ‘O nascimento foi destruído, a vida santa foi vivida,
o que deveria ser feito foi feito, não há mais vir ser em nenhum estado.’”
"Bhikkhus, as formas ... os objetos mentais no passado ... no futuro ... no presente é
impermanente. Vendo assim o nobre discípulo bem instruído experimenta o
desencantamento com relação ao olho. Experimentando o desencantamento ele se
desapega. Através do desapego a sua mente é libertada. Quando ela está libertada
surge o conhecimento: ‘Libertada.’ Ele compreende que: ‘O nascimento foi destruído,
a vida santa foi vivida, o que deveria ser feito foi feito, não há mais vir ser em
nenhum estado.’”
Dukkha Sutta (SN XXXV.198-200) - Sofrimento
"Bhikkhus, as formas ... os objetos mentais no passado ... no futuro ... no presente é
sofrimento. Vendo assim o nobre discípulo bem instruído experimenta o
desencantamento com relação ao olho. Experimentando o desencantamento ele se
desapega. Através do desapego a sua mente é libertada. Quando ela está libertada
surge o conhecimento: ‘Libertada.’ Ele compreende que: ‘O nascimento foi destruído,
a vida santa foi vivida, o que deveria ser feito foi feito, não há mais vir ser em
nenhum estado.’”
"Bhikkhus, as formas ... os objetos mentais no passado ... no futuro ... no presente é
não-eu. Vendo assim o nobre discípulo bem instruído experimenta o
desencantamento com relação ao olho. Experimentando o desencantamento ele se
desapega. Através do desapego a sua mente é libertada. Quando ela está libertada
surge o conhecimento: ‘Libertada.’ Ele compreende que: ‘O nascimento foi destruído,
a vida santa foi vivida, o que deveria ser feito foi feito, não há mais vir ser em
nenhum estado.’”
"Bhikkhus, o olho ... a mente no passado ... no futuro ... no presente é sofrimento.
Aquilo que é sofrimento é não-eu. Aquilo que é não-eu deve ser visto como na
verdade é com correta sabedoria assim: 'Isso não é meu, isso não sou eu, isso não é o
meu eu.' Vendo isso, o nobre discípulo bem instruído experimenta o
desencantamento com relação ao olho. Experimentando o desencantamento ele se
desapega. Através do desapego a sua mente é libertada. Quando ela está libertada
surge o conhecimento: ‘Libertada.’ Ele compreende que: ‘O nascimento foi destruído,
a vida santa foi vivida, o que deveria ser feito foi feito, não há mais vir ser em
nenhum estado.’”
"Bhikkhus, o olho ... a mente no passado ... no futuro ... no presente é não-eu. Aquilo
que é não-eu deve ser visto como na verdade é com correta sabedoria assim: 'Isso
não é meu, isso não sou eu, isso não é o meu eu.' Vendo isso, o nobre discípulo bem
instruído experimenta o desencantamento com relação ao olho. Experimentando o
desencantamento ele se desapega. Através do desapego a sua mente é libertada.
Quando ela está libertada surge o conhecimento: ‘Libertada.’ Ele compreende que:
‘O nascimento foi destruído, a vida santa foi vivida, o que deveria ser feito foi feito,
não há mais vir ser em nenhum estado.’”
Anicca Sutta (SN XXXV.213-215) - Impermanente
"Bhikkhus, as formas ... os objetos mentais no passado ... no futuro ... no presente são
impermanentes. Aquilo que é impermanente é sofrimento. Aquilo que é sofrimento
é não-eu Aquilo que é não-eu deve ser visto como na verdade é com correta
sabedoria assim: 'Isso não é meu, isso não sou eu, isso não é o meu eu.' Vendo isso, o
nobre discípulo bem instruído experimenta o desencantamento com relação ao olho.
Experimentando o desencantamento ele se desapega. Através do desapego a sua
mente é libertada. Quando ela está libertada surge o conhecimento: ‘Libertada.’ Ele
compreende que: ‘O nascimento foi destruído, a vida santa foi vivida, o que deveria
ser feito foi feito, não há mais vir ser em nenhum estado.’”
"Bhikkhus, as formas ... os objetos mentais no passado ... no futuro ... no presente são
sofrimento. Aquilo que é sofrimento é não-eu. Aquilo que é não-eu deve ser visto
como na verdade é com correta sabedoria assim: 'Isso não é meu, isso não sou eu,
isso não é o meu eu.' Vendo isso, o nobre discípulo bem instruído experimenta o
desencantamento com relação ao olho. Experimentando o desencantamento ele se
desapega. Através do desapego a sua mente é libertada. Quando ela está libertada
surge o conhecimento: ‘Libertada.’ Ele compreende que: ‘O nascimento foi destruído,
a vida santa foi vivida, o que deveria ser feito foi feito, não há mais vir ser em
nenhum estado.’”
"Bhikkhus, as formas ... os objetos mentais no passado ... no futuro ... no presente são
não-eu. Aquilo que é não-eu deve ser visto como na verdade é com correta
sabedoria assim: 'Isso não é meu, isso não sou eu, isso não é o meu eu.' Vendo isso, o
nobre discípulo bem instruído experimenta o desencantamento com relação ao olho.
Experimentando o desencantamento ele se desapega. Através do desapego a sua
mente é libertada. Quando ela está libertada surge o conhecimento: ‘Libertada.’ Ele
compreende que: ‘O nascimento foi destruído, a vida santa foi vivida, o que deveria
ser feito foi feito, não há mais vir ser em nenhum estado.’”
"Bhikkhus, o olho é não-eu... a mente é não-eu ... Ele compreende que: ‘O nascimento
foi destruído, a vida santa foi vivida, o que deveria ser feito foi feito, não há mais vir
ser em nenhum estado.’”
"Bhikkhus, as formas são não-eu... os objetos mentais são não-eu... Ele compreende
que: ‘O nascimento foi destruído, a vida santa foi vivida, o que deveria ser feito foi
feito, não há mais vir ser em nenhum estado.’”
Samudda (pathama) Sutta (SN XXXV.228) -
O Oceano (1)
“Bhikkhus, a pessoa comum sem instrução fala ‘o oceano, o oceano.’ Mas isso não é o
oceano na Disciplina dos Nobres: isso é apenas uma grande massa de água, uma
grande extensão de água.
“O ouvido, bhikkhus, é o oceano para uma pessoa ... A mente é o oceano para uma
pessoa; as suas correntezas consistem de objetos mentais. Daquele que se mantém
firme contra as correntezas que consistem de objetos mentais, diz-se que ele cruzou
o oceano da mente com as suas ondas, redemoinhos, tubarões e demônios. Ele
cruzou para a outra margem, foi mais além, o Brâmane está em terra firme.”
Isso foi o que o Abençoado disse. Tendo dito isso, o Iluminado, o Mestre, disse mais:
“Bhikkhus, a pessoa comum sem instrução fala ‘o oceano, o oceano.’ Mas isso não é o
oceano na Disciplina dos Nobres: isso é apenas uma grande massa de água, uma
grande extensão de água.
Isso foi o que o Abençoado disse. Tendo dito isso, o Iluminado, o Mestre, disse mais:
“Bhikkhus, suponham que um pescador lançasse um anzol com uma isca num lago
profundo e um peixe em busca de comida engolisse o anzol com a isca. Aquele peixe,
ao engolir o anzol do pescador deu de encontro com a calamidade e o desastre e o
pescador poderá fazer o que quiser com ele. Do mesmo modo, bhikkhus, há esses
seis anzóis no mundo para a calamidade e desastre dos seres, para o massacre dos
seres vivos.
“Há, bhikkhus, sons conscientizados pelo ouvido ... objetos mentais conscientizados
pela mente que são desejáveis ... provocam a cobiça. Se um bhikkhu sente prazer
com eles ... o Senhor do Mal poderá fazer o que quiser com ele.
“Há, bhikkhus, formas conscientizadas através do olho que são desejáveis,
agradáveis e fáceis de serem gostadas, conectadas com o desejo sensual e que
provocam a cobiça. Se um bhikkhu não sente prazer com elas, não as acolhe e não
permanece atado a elas, ele é chamado um bhikkhu que não engoliu o anzol de Mara,
que quebrou o anzol, destruiu o anzol. Ele não deu de encontro com a calamidade e
o desastre e o Senhor do Mal não poderá fazer o que quiser com ele.
“Há, bhikkhus, sons conscientizados pelo ouvido ... objetos mentais conscientizados
pela mente que são desejáveis ... provocam a cobiça. Se um bhikkhu não sente prazer
com eles ... o Senhor do Mal não poderá fazer o que quiser com ele.”
"Do mesmo modo, bhikkhus, com relação a formas conscientizadas através do olho ...
mesmo formas insignificantes que entrem no campo de visão obcecam a mente, o
que dizer então daquelas formas que são proeminentes. Por qual razão? Porque a
cobiça ainda está presente e não foi abandonada, a raiva ainda está presente e não
foi abandonada, a delusão ainda está presente e não foi abandonada. O mesmo em
relação aos sons conscientizados através do ouvido ... objetos mentais
conscientizados através da mente.
"Não, Venerável senhor. Por qual razão? Porque não há leite na árvore."
"Do mesmo modo, bhikkhus, com relação a formas conscientizadas através do olho ...
mesmo formas proeminentes que entrem no campo de visão não obcecam a mente,
o que dizer então daquelas formas que são insignificantes. Por qual razão? Porque a
cobiça não está presente e foi abandonada, a raiva não está presente e foi
abandonada, a delusão não está presente e foi abandonada. O mesmo em relação aos
sons conscientizados através do ouvido ... objetos mentais conscientizados através
da mente."
“Como é, amigo Sariputta, o olho é o grilhão das formas ou são as formas o grilhão
do olho? O ouvido ... O nariz ... A língua ... O corpo ... A mente é o grilhão dos objetos
mentais ou são os objetos mentais o grilhão da mente?”
“Amigo Kotthita, o olho não é o grilhão das formas nem são as formas o grilhão do
olho, mas melhor dito, o desejo e a cobiça que surge na dependência de ambos: esse
é o grilhão. O ouvido não é o grilhão dos sons ... O nariz não é o grilhão dos aromas ...
A língua não é o grilhão dos sabores ... O corpo não é o grilhão das sensações
tangíveis ... A mente não é o grilhão dos objetos mentais, nem os objetos mentais são
o grilhão da mente, mas melhor dito, o desejo e a cobiça que surge na dependência
de ambos: esse é o grilhão.
“Suponha. amigo, que um boi preto e um boi branco fossem unidos por um único
arreio ou canga. Alguém falaria corretamente se dissesse: ‘O boi preto é o grilhão do
boi branco, o boi branco é o grilhão do boi preto’?”
“Não, amigo. O boi preto não é o grilhão do boi branco, nem o boi branco é o grilhão
do preto, mas melhor dito, o arreio ou canga pelo qual eles estão unidos: esse é o
grilhão."
“Da mesma forma, amigo, o olho não é o grilhão das formas, nem são as formas o
grilhão do olho, mas melhor dito, o desejo e a cobiça que surge na dependência de
ambos: esse é o grilhão. O ouvido não é o grilhão dos sons ... O nariz não é o grilhão
dos aromas ... A língua não é o grilhão dos sabores ... O corpo não é o grilhão das
sensações tangíveis ... A mente não é o grilhão dos objetos mentais, nem os objetos
mentais são o grilhão da mente, mas melhor dito, o desejo e a cobiça que surge na
dependência de ambos: esse é o grilhão.
“Se, amigo, o olho fosse o grilhão das formas ou se as formas fossem o grilhão do
olho, então esta vida santa para o correto fim do sofrimento não poderia ser
discernida. Mas visto que o olho não é o grilhão das formas, nem as formas são o
grilhão do olho, mas melhor dito, o desejo e a cobiça que surge na dependência de
ambos é o grilhão, então a vida santa para o correto fim do sofrimento é discernida.
"Se, amigo, o ouvido fosse o grilhão dos sons ou se os sons fossem o grilhão do
ouvido ... Se a mente fosse o grilhão dos objetos mentais ou se os objetos mentais
fossem o grilhão da mente, então esta vida santa para o correto fim do sofrimento
não poderia ser discernida. Mas visto que a mente não é o grilhão dos objetos
mentais, nem os objetos mentais são o grilhão da mente, mas melhor dito, o desejo e
a cobiça que surge na dependência de ambos é o grilhão, então a vida santa para o
correto fim do sofrimento é discernida..
“Desse modo também, amigo, pode ser compreendido como isto assim é: há no
Abençoado o olho, o Abençoado vê a forma com o olho, no entanto não há desejo e
cobiça na mente do Abençoado; o Abençoado está com a mente bem libertada. Há no
Abençoado o ouvido, o Abençoado ouve um som com o ouvido ... Há no Abençoado a
mente, o Abençoado percebe um objeto mental com a mente, no entanto não há
desejo e cobiça na mente do Abençoado; o Abençoado está com a mente bem
libertada.
“É desse modo, amigo, que pode ser compreendido como o olho não é o grilhão das
formas, nem as formas são o grilhão do olho, mas melhor dito, o desejo e a cobiça
que surge na dependência de ambos: esse é o grilhão. O ouvido não é o grilhão dos
sons ... A mente não é o grilhão dos objetos mentais, nem os objetos mentais são o
grilhão da mente, mas melhor dito, o desejo e a cobiça que surge na dependência de
ambos: esse é o grilhão.”
“Amigo Kamabhu, o olho não é o grilhão das formas nem são as formas o grilhão do
olho, mas melhor dito, o desejo e a cobiça que surge na dependência de ambos: esse
é o grilhão. O ouvido não é o grilhão dos sons ... O nariz não é o grilhão dos aromas ...
A língua não é o grilhão dos sabores ... O corpo não é o grilhão das sensações
tangíveis ... A mente não é o grilhão dos objetos mentais, nem os objetos mentais são
o grilhão da mente, mas melhor dito, o desejo e a cobiça que surge na dependência
de ambos: esse é o grilhão.
“Suponha. amigo, que um boi preto e um boi branco fossem unidos por um único
arreio ou canga. Alguém falaria corretamente se dissesse: ‘O boi preto é o grilhão do
boi branco, o boi branco é o grilhão do boi preto’?”
“Não, amigo. O boi preto não é o grilhão do boi branco, nem o boi branco é o grilhão
do preto, mas melhor dito, o arreio ou canga pelo qual eles estão unidos: esse é o
grilhão."
“Da mesma forma, amigo, o olho não é o grilhão das formas, nem são as formas o
grilhão do olho, mas melhor dito, o desejo e a cobiça que surge na dependência de
ambos: esse é o grilhão. O ouvido não é o grilhão dos sons ... O nariz não é o grilhão
dos aromas ... A língua não é o grilhão dos sabores ... O corpo não é o grilhão das
sensações tangíveis ... A mente não é o grilhão dos objetos mentais, nem os objetos
mentais são o grilhão da mente, mas melhor dito, o desejo e a cobiça que surge na
dependência de ambos: esse é o grilhão."
"Amigo Ananda, de várias forma a natureza deste corpo tem sido declarada,
mostrada, e revelada pelo Abençoado assim: 'Por essa razão o corpo é não-eu.' É
possível explicar a natureza dessa consciência de um modo semelhante - ensinar,
proclamar, estabelecer, revelar, analisar, e elucidar assim: 'Por essa razão esta
consciência é não-eu'?"
"É possível, amigo Udayi, a consciência no olho não surge na dependência do olho e
das formas?"
"Sim, amigo."
"Não, amigo."
"Desse modo, amigo, isso foi declarado, mostrado, e revelado pelo Abençoado assim:
'Por essa razão essa consciência é não-eu.'
"A consciência no ouvido não surge na dependência do ouvido e dos sons? ... a
consciência na mente não surge na dependência da mente e dos objetos mentais?"
"Sim, amigo."
"Não, amigo."
"Desse modo, amigo, isso foi declarado, mostrado, e revelado pelo Abençoado assim:
'Por essa razão essa consciência é não-eu.'
“Seria melhor, bhikkhus, a faculdade do ouvido ser lacerada com uma haste de ferro
incandescente, inflamada e brilhante, do que uma pessoa se apegar aos sinais ou
detalhes de um som percebido pelo ouvido. Pois, se a consciência estiver atada à
gratificação dos sinais ou dos detalhes, e se naquela ocasião ela morrer, é possível
que ela tenha um destes dois destinos: o inferno ou o reino animal. Ao ver esse
perigo, eu digo isso.
Seria melhor, bhikkhus, a faculdade do nariz ser lacerada com uma tesoura afiada
incandescente, inflamada e brilhante, do que uma pessoa se apegar aos sinais ou
detalhes de um aroma percebido pelo nariz. Pois, se a consciência estiver atada à
gratificação dos sinais ou dos detalhes, e se naquela ocasião ela morrer, é possível
que ela tenha um destes dois destinos: o inferno ou o reino animal. Ao ver esse
perigo, eu digo isso.
Seria melhor, bhikkhus, a faculdade da língua ser lacerada com uma navalha afiada
incandescente, inflamada e brilhante, do que uma pessoa se apegar aos sinais ou
detalhes de um sabor percebido pela língua. Pois se a consciência estiver atada à
gratificação dos sinais ou dos detalhes, e se naquela ocasião ela morrer, é possível
que ela tenha um destes dois destinos: o inferno ou o reino animal. Ao ver esse
perigo, eu digo isso.
Seria melhor, bhikkhus, a faculdade do corpo ser lacerada com uma lança afiada
incandescente, inflamada e brilhante, do que uma pessoa se apegar aos sinais ou
detalhes de um tangível percebido pelo corpo. Pois se a consciência estiver atada à
gratificação dos sinais ou dos detalhes, e se naquela ocasião ela morrer, é possível
que ela tenha um destes dois destinos: o inferno ou o reino animal. Ao ver esse
perigo, eu digo isso.
Seria melhor, bhikkhus, dormir, pois o sono, eu digo, é estéril para os seres vivos,
infrutífero para os seres vivos, insensitivo para os seres vivos, do que pensar
pensamentos que poderiam induzir uma pessoa a cometer um cisma na Sangha. Ao
ver esse perigo, eu digo isso.
“Com respeito a isso, bhikkhus, o nobre discípulo bem instruído reflete da seguinte
forma: ‘Deixemos de lado a laceração da faculdade do olho com um prego de ferro
incandescente, inflamado e brilhante. Que eu dê atenção apenas a isto: então, o olho
é impermanente, as formas são impermanentes, a consciência no olho é
impermanente, o contato no olho é impermanente, qualquer sensação que surja
tendo o contato no olho como condição, quer seja prazerosa, dolorosa, ou nem
prazerosa, nem dolorosa, isso também é impermanente.
“Vendo dessa forma, bhikkhus, o nobre discípulo bem instruído se desencanta com o
olho, formas, consciência no olho, contato no olho e qualquer sensação que surja
tendo o contato no olho como condição, quer seja prazerosa, dolorosa, ou nem
prazerosa, nem dolorosa ... com a mente, objetos mentais, consciência na mente,
contato na mente, qualquer sensação que surja tendo o contato na mente como
condição ... Desencantado, ele se torna desapegado. Através do desapego a sua
mente é libertada. Quando ela está libertada surge o conhecimento: ‘Libertada.’ Ele
compreende que: ‘O nascimento foi destruído, a vida santa foi vivida, o que deveria
ser feito foi feito, não há mais vir a ser a nenhum estado.’
"Bhikkhus, quando há mãos, o pegar e largar são discernidos. Quando há pés, o vir e
ir são discernidos. Quando há membros, dobrar e esticar são discernidos. Quando há
barriga, a fome e a sede são discernidos.
"Bhikkhus, quando não há mãos, o pegar e largar não são discernidos. Quando não
há pés, o vir e ir não são discernidos. Quando não há membros, dobrar e esticar não
são discernidos. Quando não há barriga, a fome e a sede não são discernidos.
"Do mesmo modo, bhikkhus, quando não há o olho, o prazer e a dor não surgem
internamente tendo o contato no olho como condição. Quando não há o ouvido, o
prazer e a dor não surgem internamente tendo o contato no ouvido como condição
... Quando não há a mente, o prazer e a dor não surgem internamente tendo o
contato na mente como condição."
"Bhikkhus, quando há mãos, o pegar e largar são discernidos. Quando há pés, o vir e
ir são discernidos. Quando há membros, dobrar e esticar são discernidos. Quando há
barriga, a fome e a sede são discernidos.
"Bhikkhus, quando não há mãos, o pegar e largar não são discernidos. Quando não
há pés, o vir e ir não são discernidos. Quando não há membros, dobrar e esticar não
são discernidos. Quando não há barriga, a fome e a sede não são discernidos.
"Do mesmo modo, bhikkhus, quando não há o olho, o prazer e a dor não surgem
internamente tendo o contato no olho como condição. Quando não há o ouvido, o
prazer e a dor não surgem internamente tendo o contato no ouvido como condição
... Quando não há a mente, o prazer e a dor não surgem internamente tendo o
contato na mente como condição."
“Então, bhikkhus, com medo daquelas quatro cobras venenosas, aquele homem
fugiria numa ou noutra direção. Eles dir-lhe-iam ‘Bom homem, cinco inimigos
assassinos perseguem-no, pensando, “Onde quer que o vejamos, naquele instante o
mataremos.” Faça o que deve ser feito, bom homem!’
“Então, bhikkhus, com medo daquelas quatro cobras venenosas e daqueles cinco
inimigos assassinos, aquele homem fugiria numa ou noutra direção. Eles dir-lhe-iam
‘Bom homem, um sexto assassino, um companheiro íntimo seu persegue-o com a
espada na mão, pensando, “Onde quer que eu o veja, naquele instante cortarei sua
cabeça.” Faça o que deve ser feito, bom homem!’
“Então, bhikkhus, com medo daquelas quatro cobras venenosas, daqueles cinco
inimigos assassinos e do sexto assassino, um companheiro íntimo dele que o
perseguia com a espada na mão, aquele homem fugiria numa ou noutra direção. Ele
veria um vilarejo despovoado. Qualquer casa que ele entrasse estava vazia,
desocupada. Qualquer pote que ele pegasse estava vazio, oco. Eles dir-lhe-iam ‘Bom
homem, a qualquer momento uma gangue de malfeitores irá atacar este vilarejo
despovoado. Faça o que deve ser feito, bom homem!’
“Então, bhikkhus, com medo daquelas quatro cobras venenosas, daqueles cinco
inimigos assassinos, do sexto assassino, um companheiro íntimo dele que o
perseguia com a espada na mão e da gangue de malfeitores, aquele homem fugiria
numa ou noutra direção. Ele veria uma grande extensão d’água, cuja margem mais
próxima fosse perigosa e aterrorizante e cuja margem mais distante fosse segura e
livre de terror, mas que não houvesse uma balsa ou ponte que levasse até a margem
mais distante.
“Então, o homem pensaria: ‘Ali está essa grande extensão de água, cuja margem
mais próxima é perigosa e aterrorizante e cuja margem mais distante é segura e
livre de terror, mas não há uma balsa ou ponte que leve até a margem mais distante.
E se eu juntasse capim, gravetos, galhos e folhas e os amarrasse juntos para fazer
uma balsa e suportado pela balsa, fazendo um esforço com as minhas mãos e pés, eu
atravessasse com segurança até a margem mais distante.’
“Então o homem juntou capim, gravetos, galhos e folhas e os amarrou juntos para
fazer uma balsa e suportado pela balsa, fazendo um esforço com as mãos e pés,
atravessou com segurança até a margem mais distante. Ele cruzou para a outra
margem, foi mais além, o Brâmane está em terra firme.”
“Eu citei esse símile, bhikkhus, para transmitir uma idéia. A idéia é a seguinte: ‘As
quatro cobras venenosas: esse é um termo para os quatro grandes elementos – o
elemento terra, o elemento água, o elemento fogo, o elemento ar.
“’O sexto assassino, o companheiro íntimo com a espada na mão’: esse é um termo
para a cobiça e prazer.
“’O vilarejo despovoado’: esse é um termo para as seis bases dos sentidos internas.
Se, bhikkhus, uma pessoa competente, inteligente e sábia examiná-las através do
olho, elas mostram-se vazias e ocas. Se ela examiná-las através do ouvido ... através
da mente, estas mostram-se vazias e ocas.
“’Gangue de malfeitores’: esse é um termo para as seis bases dos sentidos externas.
O olho, bhikkhus, é atacado por formas agradáveis e desagradáveis. O ouvido ... O
nariz ... A língua ... O corpo ... A mente é atacada por objetos mentais agradáveis e
desagradáveis.
“’A grande extensão de água’: esse é um termo para as quatro impurezas: os desejos
sensuais, o ser/existir, as idéias e a ignorância.
“’A margem mais próxima, que é perigosa e aterrorizante’: esse é um termo para a
identidade.
“’A margem mais distante, que é segura e livre de terror’: esse é um termo para
nibbana.
“’A balsa’: esse é um termo para o Nobre Caminho Óctuplo; isto é, entendimento
correto ... concentração correta.
“’Fazer esforço com as mãos e pés’: esse é um termo para a estimulação da energia.
“’Ele cruzou para a outra margem, foi mais além, o Brâmane está em terra firme’:
esse é um termo para o arahant.”
“E como, bhikkhus, um bhikkhu é aquele que guarda as portas dos meios dos
sentidos? Neste caso, ao ver uma forma com o olho, ele não se agarra aos seus sinais
ou detalhes. Visto que, se permanecer com a faculdade do olho descuidada, ele será
tomado pelos estados ruins e prejudiciais de cobiça e tristeza. Ele pratica a
contenção, ele protege a faculdade do olho, ele se empenha na contenção da
faculdade do olho. Ao ouvir um som com o ouvido ... Ao cheirar um aroma com o
nariz ... Ao saborear um sabor com a língua ... Ao tocar um tangível com o corpo ... Ao
conscientizar um objeto mental com a mente, ele não se agarra aos seus sinais ou
detalhes. Visto que, se permanecer com a faculdade da mente descuidada, ele será
tomado pelos estados ruins e prejudiciais de cobiça e tristeza. Ele pratica a
contenção, ele protege a faculdade da mente, ele se empenha na contenção da
faculdade da mente.
“Suponham, bhikkhus, que houvesse uma carruagem num terreno plano numa
encruzilhada, com puros-sangues arreados e a aguilhada preparada, de forma que
um adestrador habilidoso, um cocheiro domador de cavalos pudesse montar nela e,
tomando as rédeas na mão esquerda e a aguilhada na mão direita, pudesse ir e
regressar por qualquer caminho quando ele quisesse. Assim também, um bhikkhu
treina para proteger essas seis faculdades dos sentidos, treina para controlá-las,
treina para domesticá-las, treina para pacificá-las. É desse modo, bhikkhus, que um
bhikkhu guarda as portas dos meios dos sentidos.
“Bhikkhus, é possuindo essas três qualidades que um bhikkhu vive pleno de alegria e
felicidade nesta mesma vida e terá assentado a fundação para a destruição das
impurezas.”
“Ao ver uma forma com o olho, não se agarrem aos seus sinais ou detalhes. Visto
que, se permanecerem com a faculdade do olho descuidada, vocês serão tomados
pelos estados ruins e prejudiciais de cobiça e tristeza. Pratiquem a contenção,
protejam a faculdade do olho, empenhem-se na contenção da faculdade do olho. Ao
ouvir um som com o ouvido ... Ao cheirar um aroma com o nariz ... Ao saborear um
sabor com a língua ... Ao tocar um tangível com o corpo ... Ao conscientizar um
objeto mental com a mente, não se agarrem aos seus sinais ou detalhes. Visto que, se
permanecerem com a faculdade da mente descuidada, vocês serão tomados pelos
estados ruins e prejudiciais de cobiça e tristeza. Pratiquem a contenção, protejam a
faculdade da mente, empenhem-se na contenção da faculdade do mente.
“Quando, bhikkhus, vocês permanecerem com as portas dos meios dos sentidos bem
guardadas, Mara não terá nenhuma oportunidade e assim perderá o interesse e
partirá, tal como o chacal com o jabuti.”
"Bhikkhus, se aquele tronco não se desviar para a margem mais próxima, nem se
desviar para a margem mais distante, não afundar no meio da correnteza, nem for
levado até terra firme, nem for pego por seres humanos, não for pego por seres não
humanos, não for pego num redemoinho, e não apodrecer internamente, então irá
declivar, tender e se inclinar na direção do oceano. Por qual razão? Porque a
correnteza do rio Ganges decliva, tende e se inclina ha direção do oceano.
"Do mesmo modo, bhikkhus, se vocês não se desviarem para a margem mais
próxima, nem se desviarem para a margem mais distante, não afundarem no meio
da correnteza, nem forem jogados na terra firme, nem forem pegos por seres
humanos, não forem pegos por seres não humanos, não forem pegos num
redemoinho, e não apodrecerem internamente, então irá declivar, tender e se
inclinar na direção de nibbana. Por qual razão? Porque o entendimento correto
decliva, tende e se inclina ha direção de nibbana."
Quando isso foi dito um certo bhikkhu perguntou ao Abençoado: "O que, Venerável
senhor, é a margem mais próxima? O que é a margem mais distante? O que é
afundar no meio da correnteza? O que é ser jogado na terra firme? O que é ser pego
por seres humanos? O que é ser pego por seres não humanos? O que é ser pego num
redemoinho? O que é apodrecer internamente?"
"'A margem mais próxima' é uma designação para as seis bases internas. 'A margem
mais distante' é uma designação para as seis bases externas. 'Afundar no meio da
correnteza' é uma designação para o deleite e cobiça. 'Ser jogado na terra firme' é
uma designação para a presunção 'eu sou'.
"O que, bhikkhus, é ser pego por seres humanos? Aqui alguém vive em companhia de
pessoas leigas; ele se alegra com elas e se entristece com elas, ele está feliz quando
elas estão felizes e triste quando elas estão tristes, ele se envolve nas suas tarefas e
responsabilidades. Isso é chamado ser pego por seres humanos.
"O que, bhikkhus, é ser pego por seres não humanos? Aqui alguém vive a vida santa
aspirando pelo renascimento numa certa ordem de devas, pensando: 'Através desta
virtude, ou voto, ou austeridade, ou vida santa, eu me tornarei um deva.' Isso é
chamado ser pego por seres não humanos.
"'Ser pego num redemoinho', essa bhikkhus é uma designação para os cinco
elementos do prazer sensual.
"O que, bhikkhus, é 'apodrecer internamente'? Aqui alguém é imoral, com o caráter
ruim, com comportamento impuro ou suspeito, que age secretamente, não é um
asceta embora reivindique ser, não é celibatário embora reivindique ser, podre no
íntimo, corrupto, depravado. Isso é chamado apodrecer internamente.
"As vacas retornarão por si mesmas, Venerável senhor, pelo apego que têm aos
bezerros."
Então o vaqueiro Nanda retornou as vacas para os seus donos, voltou até o
Abençoado, e disse: "As vacas já foram retornadas para os seus donos, Venerável
senhor. Poderei receber a admissão na vida santa sob o Abençoado e a admissão
completa?"
"Bhikkhus, se aquele tronco não se desviar para a margem mais próxima, nem se
desviar para a margem mais distante, não afundar no meio da correnteza, nem for
levado até terra firme, nem for pego por seres humanos, não for pego por seres não
humanos, não for pego num redemoinho, e não apodrecer internamente, então irá
declivar, tender e se inclinar na direção do oceano. Por qual razão? Porque a
correnteza do rio Ganges decliva, tende e se inclina ha direção do oceano.
"Do mesmo modo, bhikkhus, se vocês não se desviarem para a margem mais
próxima, nem se desviarem para a margem mais distante, não afundarem no meio
da correnteza, nem forem jogados na terra firme, nem forem pegos por seres
humanos, não forem pegos por seres não humanos, não forem pegos num
redemoinho, e não apodrecerem internamente, então irá declivar, tender e se
inclinar na direção de nibbana. Por qual razão? Porque o entendimento correto
decliva, tende e se inclina ha direção de nibbana."
Quando isso foi dito um certo bhikkhu perguntou ao Abençoado: "O que, Venerável
senhor, é a margem mais próxima? O que é a margem mais distante? O que é
afundar no meio da correnteza? O que é ser jogado na terra firme? O que é ser pego
por seres humanos? O que é ser pego por seres não humanos? O que é ser pego num
redemoinho? O que é apodrecer internamente?"
"'A margem mais próxima' é uma designação para as seis bases internas. 'A margem
mais distante' é uma designação para as seis bases externas. 'Afundar no meio da
correnteza' é uma designação para o deleite e cobiça. 'Ser jogado na terra firme' é
uma designação para a presunção 'eu sou'.
"O que, bhikkhus, é ser pego por seres humanos? Aqui alguém vive em companhia de
pessoas leigas; ele se alegra com elas e se entristece com elas, ele está feliz quando
elas estão felizes e triste quando elas estão tristes, ele se envolve nas suas tarefas e
responsabilidades. Isso é chamado ser pego por seres humanos.
"O que, bhikkhus, é ser pego por seres não humanos? Aqui alguém vive a vida santa
aspirando pelo renascimento numa certa ordem de devas, pensando: 'Através desta
virtude, ou voto, ou austeridade, ou vida santa, eu me tornarei um deva.' Isso é
chamado ser pego por seres não humanos.
"'Ser pego num redemoinho', essa bhikkhus é uma designação para os cinco
elementos do prazer sensual.
"O que, Kimbila, é 'apodrecer internamente'? Aqui Kimbila, um bhikkhu comete uma
certa ofensa, uma ofensa para a qual não há reabilitação. Isso é chamado apodrecer
internamente."
O Abençoado concordou em silêncio. Então, quando eles viram que ele havia
concordado, eles levantaram dos seus assentos e depois de homenagear o
Abençoado, mantendo-o à sua direita, foram até o salão de assembléias. Eles
cobriram o salão completamente com coberturas e prepararam assentos, e eles
arranjaram um grande jarro com água e penduraram uma lamparina de azeite.
Então eles foram até o Abençoado e depois de cumprimentá-lo, ficaram em pé a um
lado e disseram: “Que o Abençoado venha quando lhe for conveniente.”
Então o Abençoado se vestiu e tomando a sua tigela e o manto externo, foi com a
Sangha dos bhikkhus até o salão de assembléias. Ao chegar, ele lavou os pés e depois
entrou no salão e sentou próximo à coluna central olhando para o leste. E os
bhikkhus lavaram os pés e depois entraram no salão e sentaram na parede do lado
oeste olhando para o leste, com o Abençoado à sua frente. E os Sakyas de
Kapilavatthu lavaram os pés e entraram no salão e sentaram na parede do lado leste
olhando para o oeste, com o Abençoado à sua frente.
“Sim, Venerável senhor,” eles responderam. Então eles levantaram dos seus
assentos e depois de homenagear o Abençoado, mantendo-o à sua direita, partiram.
Então, não muito tempo depois que os Sakyas de Kapilavatthu haviam partido, o
Abençoado se dirigiu ao Venerável Mahamoggallana do seguinte modo: “A Sangha
dos bhikkhus está livre da preguiça e do torpor, Moggallana. Faça um discurso do
Dhamma para os bhikkhus. As minhas costas estão me incomodando. Eu irei
descansá-las.”
Então, o Abençoado dobrou em quatro o seu manto feito de retalhos e deitou no seu
lado direito, na postura do leão, com um pé sobre o outro, atento e plenamente
consciente, após anotar na mente o horário para levantar. Em seguida o Venerável
Mahamoggallana se dirigiu aos bhikkhus do seguinte modo: “Amigos, bhikkhus!”
“Como, amigos, alguém é corrompido? Aqui, ao ver uma forma com o olho, ele se
empenha pela forma prazerosa e repele a forma desprazerosa. Ele permanece sem
estabelecer a atenção plena no corpo, com a mente limitada, e não compreende
como na verdade é a libertação da mente, a libertação através da sabedoria, na qual
aqueles estados ruins e prejudiciais cessam sem deixar vestígio. Ao ouvir um som
com o ouvido ... Ao conscientizar um objeto mental com a mente, ele se empenha
pelo objeto mental prazeroso e repele o objeto mental desprazeroso. Ele permanece
sem estabelecer a atenção plena no corpo, com a mente limitada, e não compreende
como na verdade é a libertação da mente, a libertação através da sabedoria, na qual
aqueles estados ruins e prejudiciais cessam sem deixar vestígio.
“Suponham, amigos, que houvesse uma cabana feita de junco ou de palha, seca,
dessecada, envelhecida. Se um homem viesse do leste com uma tocha de capim em
chamas, ou do oeste, ou do norte, ou do sul, ou por baixo, ou por cima, de qualquer
modo que ele se aproximasse o fogo teria acesso à cabana, o fogo tomaria posse da
cabana. Da mesma forma, amigos, quando um bhikkhu assim permanece, se Mara se
aproximar dele através do olho ... através da mente, Mara terá acesso a ele, Mara
tomará posse dele.
“E como, amigos, alguém é incorrompido? Aqui, ao ver uma forma com o olho, ele
não se empenha pela forma prazerosa e não repele a forma desprazerosa. Ele
permanece com a atenção plena no corpo estabelecida, com a mente ilimitada, e
compreende como na verdade é a libertação da mente, a libertação através da
sabedoria, na qual aqueles estados ruins e prejudiciais cessam sem deixar vestígio.
Ao ouvir um som com o ouvido ... Ao conscientizar um objeto mental com a mente,
ele não se empenha pelo objeto mental prazeroso e não repele o objeto mental
desprazeroso. Ele permanece com a atenção plena no corpo estabelecida, com a
mente ilimitada, e compreende como na verdade é a libertação da mente, a
libertação através da sabedoria, na qual aqueles estados ruins e prejudiciais cessam
sem deixar vestígio.
“Suponham, amigos, que houvesse uma casa ou salão com uma cumeeira no telhado,
construído com argila compacta e com as paredes recém revestidas. Se um homem
viesse do leste com uma tocha de capim em chamas, ou do oeste, ou do norte, ou do
sul, ou de abaixo, ou de acima, de qualquer modo que ele se aproximasse o fogo
falharia em ter acesso à casa ou salão, o fogo falharia em tomar posse da casa ou
salão. Da mesma forma, amigos, quando um bhikkhu assim permanece, se Mara se
aproximar dele através do olho ... através da mente, Mara irá falhar em ter acesso a
ele, Mara irá falhar em tomar posse dele.
“E como, bhikkhus, os prazeres sensuais foram vistos por ele de tal maneira que ao
vê-los, o desejo sensual, a afeição sensual, a obsessão sensual, a paixão sensual
relacionada aos prazeres sensuais, não se encontram latentes nele? Suponham que
houvesse uma cova com carvão em brasa, mais profunda que a altura de um homem,
repleta de carvão em brasas sem arder e fumegar, e surgisse um homem que
valoriza a vida e teme a morte, que deseja o prazer e abomina a dor. Então dois
homens fortes, agarrando-o pelos braços, o arrastassem até a cova cheia de carvão
em brasas. O homem contorceria o seu corpo nesta e naquela direção. Por que isso?
Porque ele sabe que: ‘Eu cairei nessa cova cheia de carvão em brasas e assim
morrerei ou sofrerei dores mortíferas.’ Da mesma forma, bhikkhus, quando um
bhikkhu viu os prazeres sensuais como semelhantes a uma cova com carvão em
brasa, o desejo sensual, a afeição sensual, a obsessão sensual, a paixão sensual
relacionada aos prazeres sensuais, não se encontram latentes nele.
“E como, bhikkhus, ocorre a não contenção? Neste caso, ao ver uma forma com o
olho, um bhikkhu se empenha pela forma prazerosa e repele a forma desprazerosa.
Ele permanece sem estabelecer a atenção plena no corpo, com a mente limitada, e
não compreende como na verdade é a libertação da mente, a libertação através da
sabedoria, na qual aqueles estados ruins e prejudiciais cessam sem deixar vestígio.
Ao ouvir um som com o ouvido ... Ao conscientizar um objeto mental com a mente,
ele se empenha pelo objeto mental prazeroso e repele o objeto mental desprazeroso.
Elea permanece sem estabelecer a atenção plena no corpo, com a mente limitada, e
não compreende como na verdade é a libertação da mente, a libertação através da
sabedoria, na qual aqueles estados ruins e prejudiciais cessam sem deixar vestígio. É
desse modo que ocorre a não contenção.
“E como, bhikkhus, ocorre a contenção? Neste caso, ao ver uma forma com o olho,
um bhikkhu não se empenha pela forma prazerosa e não repele a forma
desprazerosa. Ele permanece com a atenção plena no corpo estabelecida, com a
mente ilimitada, e compreende como na verdade é a libertação da mente, a
libertação através da sabedoria, na qual aqueles estados ruins e prejudiciais cessam
sem deixar vestígio. Ao ouvir um som com o ouvido ... Ao conscientizar um objeto
mental com a mente, ele não se empenha pelo objeto mental prazeroso e não repele
o objeto mental desprazeroso. Ele permanece com a atenção plena no corpo
estabelecida, com a mente ilimitada, e compreende como na verdade é a libertação
da mente, a libertação através da sabedoria, na qual aqueles estados ruins e
prejudiciais cessam sem deixar vestígio. É desse modo que ocorre a contenção.
“Quando um bhikkhu tem essa conduta e permanência, pode ser que reis ou
ministros reais, amigos ou colegas, parentes ou pares, o convidem a aceitar riquezas,
dizendo: ‘Venha, bom homem, por que permitir que esses mantos de cor ocre o
sobrecarreguem? Por que perambular com a cabeça raspada e uma tigela para
esmolar? Venha, ao regressar para a vida comum, desfrute da riqueza e de ações
meritórias.’ De fato, bhikkhus, quando aquele bhikkhu tem essa conduta e
permanência, é impossível que ele abandone o treinamento e regresse para a vida
comum.
“Suponham, bhikkhus, que onde o rio Gânges decliva, tende e se inclina na direção
leste, uma grande multidão de pessoas viesse com pás e cestos, pensando: ‘Faremos
com que este rio Gânges declive, tenda e se incline na direção oeste.’ O que vocês
pensam bhikkhus, aquela multidão de pessoas seria capaz de fazer com que o rio
Gânges declive, tenda e se incline na direção oeste?”
“Não, Venerável senhor. Por qual razão? Porque o rio Gânges decliva, tende e se
inclina na direção leste e não é fácil fazer com que ele declive, tenda e se incline na
direção oeste. Aquela grande multidão de pessoas iria colher apenas cansaço e
aflição.”
“Da mesma maneira, bhikkhus, quando um bhikkhu tem essa conduta e permanência,
pode ser que reis ou ministros reais, amigos ou colegas, parentes ou pares o
convidem a aceitar riquezas ... [mas] é impossível que ele abandone o treinamento e
regresse para a vida comum. Por qual razão? Porque por muito tempo a mente dele
tem declivado, tendido e inclinado na direção do isolamento. Portanto, é impossível
que ele abandone o treinamento e regresse para a vida comum.”
Um certo bhikkhu foi até um outro bhikkhu e ao chegar perguntou-lhe, “Até que
ponto, amigo, diz-se que a visão de um bhikkhu é bem purificada?”
O primeiro bhikkhu, insatisfeito com a resposta desse bhikkhu, foi até um outro
bhikkhu e ao chegar perguntou-lhe, “Até que ponto, amigo, diz-se que a visão de um
bhikkhu é bem purificada?”
O primeiro bhikkhu, insatisfeito com a resposta desse bhikkhu, foi até um outro
bhikkhu e ao chegar perguntou-lhe, “Até que ponto, amigo, diz-se que a visão de um
bhikkhu é bem purificada?”
O primeiro bhikkhu, insatisfeito com a resposta desse bhikkhu, foi até um outro
bhikkhu e ao chegar perguntou-lhe, “Até que ponto, amigo, diz-se que a visão de um
bhikkhu é bem purificada?”
“Quando, amigo, um bhikkhu compreende como na verdade é que tudo que está
sujeito ao surgimento está sujeito à cessação, desse modo se diz que a sua visão é
bem purificada.”
O primeiro bhikkhu, insatisfeito com a resposta desse bhikkhu, foi, então, até o
Abençoado e depois de cumprimentá-lo sentou a um lado e relatou as conversas
com os outros bhikkhus. O Abençoado disse:
“Bhikkhu, é como se houvesse um homem que nunca tivesse visto uma árvore das
charadas. clxxxvi Ele iria até um outro homem que tivesse visto uma e ao chegar diria,
‘Como é, bom homem, uma árvore das charadas?”
“O outro diria, ‘Uma árvore das charadas é negra, meu bom homem, como um tronco
queimado.’ Pois quando ele a viu, assim é como se encontrava a árvore das charadas.
“Então o primeiro homem, insatisfeito com a resposta desse homem, iria até um
outro homem que tivesse visto uma árvore das charadas e ao chegar diria, ‘Como é,
bom homem, uma árvore das charadas?’
“O outro diria, ‘Uma árvore das charadas é vermelha, meu bom homem, como um
pedaço de carne.’ Pois quando ele a viu, assim é como se encontrava a árvore das
charadas.
“Então o primeiro homem, insatisfeito com a resposta desse homem, iria até um
outro homem que tivesse visto uma árvore das charadas e ao chegar diria, ‘Como é,
bom homem, uma árvore das charadas?’
“O outro diria, ‘Uma árvore das charadas está despida da casca, meu bom homem e
possui cápsulas com sementes, como uma acácia.’ Pois quando ele a viu, assim é
como se encontrava a árvore das charadas.
“Então o primeiro homem, insatisfeito com a resposta desse homem, iria até um
outro homem que tivesse visto uma árvore das charadas e ao chegar diria, ‘Como é,
bom homem, uma árvore das charadas?’
“O outro diria, ‘Uma árvore das charadas possui densa folhagem, meu bom homem e
proporciona uma sombra compacta, como uma figueira de bengala.’ Pois quando ele
a viu, assim é como se encontrava a árvore das charadas.
“Do mesmo modo, bhikkhu, aqueles nobres responderam de acordo com a inclinação
deles, exatamente como a visão deles se tornou bem purificada.
“Suponha, bhikkhu, que um rei tivesse uma cidade fronteiriça com sólidas muralhas,
proteções e abóbadas, e com seis portões. O guardião dos portões seria sábio,
competente e inteligente; alguém que não permite a entrada de desconhecidos e
admite que entrem os conhecidos. Um par de mensageiros ágeis, vindos do leste,
diriam ao guardião, ‘Onde, bom homem, está o comandante desta fortaleza?’ Ele
diria, ‘Ali está ele, senhores, sentado na praça central.’ O ágil par de mensageiros
transmitiriam a sua mensagem precisa ao comandante da fortaleza e então
retornariam pelo mesmo caminho pelo qual eles tinham vindo. Então um ágil par de
mensageiros vindos do oeste ... do norte ... do sul, diriam ao guardião, ‘Onde, bom
homem, está o comandante desta fortaleza?’ Ele diria, ‘Ali está ele, senhores, sentado
na praça central.’ O ágil par de mensageiros transmitiriam a sua mensagem precisa
ao comandante da fortaleza e então retornariam pelo mesmo caminho pelo qual
tinham vindo.
“Eu citei este símile, bhikkhu, para transmitir uma idéia. A idéia é a seguinte: a
fortaleza representa este corpo – consistindo dos quatro grandes elementos -
procriado por uma mãe e um pai, construído com arroz cozido e mingau, sujeito à
impermanência, a ser gasto e pulverizado, à dissolução e desintegração. Os seis
portões representam as seis bases sensuais internas. O guardião representa a
atenção plena. O ágil par de mensageiros representam a tranqüilidade, (samatha), e
o insight, (vipassana). O comandante da fortaleza representa a consciência. A praça
central representa os quatro grandes elementos: o elemento terra, o elemento água,
o elemento fogo e o elemento ar. A mensagem precisa representa a Libertação,
(nibbana). O caminho pelo qual eles vieram representa o nobre caminho óctuplo:
entendimento correto, pensamento correto, linguagem correta, ação correta, modo
de vida correto, esforço correto, atenção plena correta, concentração correta.”
“Agora, suponham que a cevada tivesse amadurecido e o vigia fosse zeloso. O boi
que gosta de cevada invadiria a plantação para comê-la, mas então o vigia o
agarraria com firmeza pela focinheira. Tendo agarrado a foçinheira com firmeza, ele
faria com que o boi se abaixasse empurrando os chifres. Tendo abaixado, ele lhe
daria um duro golpe com uma vara. Tendo dado o duro golpe com uma vara, ele o
soltaria. Isso poderia acontecer uma segunda vez ... uma terceira vez, o boi que gosta
de cevada invadiria a plantação para comê-la, mas então o vigia o agarraria com
firmeza pela focinheira. Tendo agarrado a focinheira com firmeza, ele faria com que
o boi se abaixasse empurrando os chifres. Tendo abaixado, ele lhe daria um duro
golpe com uma vara. Tendo dado o duro golpe com uma vara, ele o soltaria. Como
resultado, o boi que gosta de cevada, não importando se ele fosse para o vilarejo ou
para a floresta, se estivesse em pé ou deitado, não invadiria a plantação novamente,
porque ele se lembraria do sabor da vara.
“Ele iria e traria o alaúde dizendo, ‘Aqui, senhor, está o alaúde cujo som é tão
delicioso, tão sedutor, tão embriagador, tão arrebatador, tão cativante.’ O rei diria,
‘Já basta do seu alaúde. Traga-me apenas o som.’ Ele diria, ‘Este alaúde, senhor, é
feito de muitos componentes, uma grande quantidade de componentes. É através da
ação de muitos componentes que ele soa: isto é, na dependência do corpo, da casca,
do pescoço, da armação, das cordas, da ponte e do esforço humano apropriado.
Assim é como este alaúde, feito de muitos componentes, um grande número de
componentes, soa através da ação de muitos componentes.’
“Então, o rei dividiria o alaúde em dez partes, em cem partes. Tendo partido o
alaúde em dez partes, em cem partes, ele o converteria em lascas. Ao convertê-lo em
lascas, ele as queimaria numa fogueira. Depois de queimá-las na fogueira, ele as
reduziria a cinzas. Depois de tê-las reduzido a cinzas, ele as examinaria sob o efeito
de um forte vento ou deixaria que fossem arrastadas por uma forte correnteza.
Então ele diria, ‘Uma coisa triste esse alaúde – seja lá o que for um alaúde – pelo qual
as pessoas têm sido perfeitamente enganadas e fraudadas.’
“Da mesma maneira, bhikkhus, um bhikkhu investiga a forma, até aonde a forma
possa ir. Ele investiga a sensação ... percepção ... formações mentais ... consciência,
até aonde a consciência possa ir. Enquanto ele investiga a forma ... sensação ...
percepção ... formações mentais ... consciência, até aonde a consciência possa ir,
quaisquer pensamentos de ‘eu’ ou ‘meu’ ou ‘eu sou’ que possam ter ocorrido antes,
não mais lhe ocorrem.”
“E como, bhikkhus, ocorre a não contenção? Neste caso, ao ver uma forma com o
olho, um bhikkhu se empenha pela forma prazerosa e repele a forma desprazerosa.
Ele permanece sem estabelecer a atenção plena no corpo, com a mente limitada, e
não compreende como na verdade é a libertação da mente, a libertação através da
sabedoria, na qual aqueles estados ruins e prejudiciais cessam sem deixar vestígio.
Ao ouvir um som com o ouvido ... Ao conscientizar um objeto mental com a mente,
ele se empenha pelo objeto mental prazeroso e repele o objeto mental desprazeroso.
Ele permanece sem estabelecer a atenção plena no corpo, com a mente limitada, e
não compreende como na verdade é a libertação da mente, a libertação através da
sabedoria, na qual aqueles estados ruins e prejudiciais cessam sem deixar vestígio. É
desse modo que ocorre a não contenção.
“E como, bhikkhus, ocorre a contenção? Neste caso, ao ver uma forma com o olho,
um bhikkhu não se empenha pela forma prazerosa e não repele a forma
desprazerosa. Ele permanece com a atenção plena no corpo estabelecida, com a
mente ilimitada, e compreende como na verdade é a libertação da mente, a
libertação através da sabedoria, na qual aqueles estados ruins e prejudiciais cessam
sem deixar vestígio. Ao ouvir um som com o ouvido ... Ao conscientizar um objeto
mental com a mente, ele não se empenha pelo objeto mental prazeroso e não repele
o objeto mental desprazeroso. Ele permanece com a atenção plena no corpo
estabelecida, com a mente ilimitada, e compreende como na verdade é a libertação
da mente, a libertação através da sabedoria, na qual aqueles estados ruins e
prejudiciais cessam sem deixar vestígio. É desse modo que ocorre a contenção.
“O ‘poste sólido’: isto, bhikkhus, é um termo utilizado para descrever a atenção plena
no corpo. Portanto, bhikkhus, desse modo é como vocês devem treinar: ‘Nós
desenvolveremos e cultivaremos a atenção plena no corpo, faremos dela nosso
veículo, faremos dela nossa base, estabilizá-la-emos, nela nos exercitaremos e
aperfeiçoá-la-emos.’ Assim é como vocês devem treinar.”
“Quando Vepacitti pensava: ‘Os devas são justos, os asuras são injustos; agora, aqui
mesmo, eu iria para a cidade dos devas,’ ele então se via livre dos grilhões em volta
dos membros e do pescoço desfrutando dos cinco elementos do prazer sensual
divino. Mas quando ele pensava: ‘Os asuras são justos, os devas são injustos; agora
eu irei para a cidade dos asuras,’ ele então se via atado pelos quatro membros e pelo
pescoço privado dos cinco elementos do prazer sensual divino.
‘Tão sutis, bhikkhus, eram os grilhões de Vepacitti, porém ainda mais sutis que isso
são os grilhões de Mara. Ao conceber, ele estará atado por Mara; ao não conceber,
ele estará libertado do Senhor do Mal.
“Bhikkhus, “Eu sou’ é uma concepção; ‘Eu sou isso’ é uma concepção; ‘Eu serei’ é uma
concepção; ‘Eu não serei’ é uma concepção; ‘Eu consistirei de forma’ é uma
concepção; ‘Eu serei desprovido de forma’ é uma concepção; ‘Eu serei perceptivo’ é
uma concepção; ‘Eu serei não-perceptivo’ é uma concepção; ‘Eu serei nem
perceptivo, nem não-perceptivo’ é uma concepção. A concepção é uma enfermidade,
a concepção é um tumor, a concepção é uma flecha. Portanto, bhikkhus, assim vocês
deveriam treinar: ‘Permaneceremos com uma mente desprovida de concepções.’
“Bhikkhus, “Eu sou’ é uma perturbação; ‘Eu sou isso’ é uma perturbação; ‘Eu serei’ é
uma perturbação ... ‘Eu serei nem perceptivo, nem não-perceptivo’ é uma
perturbação. A perturbação é uma enfermidade, a perturbação é um tumor, a
perturbação é uma flecha. Portanto, bhikkhus, assim vocês deveriam treinar:
‘Permaneceremos com uma mente imperturbável.”
“Bhikkhus, “Eu sou’ é uma vacilação; ‘Eu sou isso’ é uma vacilação; ‘Eu serei’ é uma
vacilação ... ‘Eu serei nem perceptivo, nem não-perceptivo’ é uma vacilação. A
vacilação é uma enfermidade, a vacilação é um tumor, a vacilação é uma flecha.
Portanto, bhikkhus, assim vocês deveriam treinar: ‘Permaneceremos com uma
mente desprovida de vacilações.”
“Bhikkhus, “Eu sou’ é uma proliferação; ‘Eu sou isso’ é uma proliferação; ‘Eu serei’ é
uma proliferação ... ‘Eu serei nem perceptivo, nem não-perceptivo’ é uma
proliferação. A proliferação é uma enfermidade, a proliferação é um tumor, a
proliferação é uma flecha. Portanto, bhikkhus, assim vocês deveriam treinar:
‘Permaneceremos com uma mente desprovida de proliferações.”
“Bhikkhus, “Eu sou’ é uma conexão com a presunção; ‘Eu sou isso’ é uma conexão
com a presunção; ‘Eu serei’ é uma conexão com a presunção; ‘Eu não serei’ é uma
conexão com a presunção; ‘Eu consistirei de forma’ é uma conexão com a presunção;
‘Eu serei desprovido de forma’ é uma conexão com a presunção; ‘Eu serei
perceptivo’ é uma conexão com a presunção; ‘Eu serei não-perceptivo’ é uma
conexão com a presunção; ‘Eu serei nem perceptivo, nem não-perceptivo’ é uma
conexão com a presunção. A presunção é uma enfermidade, a presunção é um
tumor, a presunção é uma flecha. Portanto, bhikkhus, assim vocês deveriam treinar:
‘Permaneceremos com uma mente desprovida de presunção.’ Assim vocês devem
treinar.”
“Bhikkhus, quando uma pessoa comum, sem instrução faz esta afirmação, ‘No grande
oceano há um abismo insondável,’ ela fala de algo que não existe e que é irreal. Essa,
bhikkhus, é na verdade uma designação para as sensações dolorosas no corpo, isto é,
‘o abismo insondável.’
“Quando uma pessoa comum sem instrução é tocada por uma sensação de dor no
corpo, ela fica triste, angustiada e lamenta, ela chora, bate no peito e fica perturbada.
Essa é chamada de uma pessoa comum sem instrução que não se elevou do abismo
insondável, que não conseguiu um ponto de apoio.
“Mas, bhikkhus, quando um nobre discípulo bem instruído é tocado por uma
sensação de dor no corpo, ele não fica triste, angustiado e lamenta, ele não chora,
bate no peito e fica perturbado. Esse é chamado de um nobre discípulo que se
elevou do abismo insondável, que conseguiu um ponto de apoio.”
“Bhikkhus, uma pessoa comum sem instrução sente sensações prazerosas, sente
sensações dolorosas, sente sensações nem dolorosas, nem prazerosas. Um nobre
discípulo bem instruído também sente sensações prazerosas, sente sensações
dolorosas, sente sensações nem dolorosas, nem prazerosas. Então, bhikkhus, qual é a
variação, qual é a distinção, qual é a diferença que distingue o nobre discípulo bem
instruído de uma pessoa comum sem instrução?”
“Venerável senhor, os nossos ensinamentos têm o Abençoado como origem, como
guia e como refúgio. Seria bom se o Abençoado pudesse explicar o significado dessas
palavras. Ao ouvir do Abençoado, os bhikkhus o recordarão.”
“Então ouçam e prestem muita atenção àquilo que eu vou dizer.” – “Sim, Venerável
senhor,” os bhikkhus responderam. O Abençoado disse o seguinte:
“Bhikkhus, quando a pessoa comum sem instrução é tocada por uma sensação
dolorosa, ela fica triste, angustiada e lamenta, bate no peito, chora e fica perturbada.
Dessa maneira, ela sente duas dores, no corpo e na mente. Como se ela fosse
atingida por uma flecha e, logo em seguida, fosse atingida por outra flecha, de modo
que ela sentiria a sensação de dor de duas flechas. Da mesma forma, a pessoa
comum sem instrução é tocada por uma sensação dolorosa, ela fica triste,
angustiada e lamenta, bate no peito, chora e fica perturbada. Dessa maneira ela
sente duas dores, no corpo e na mente.
“Ao ser tocada por essa mesma sensação dolorosa, ela sente aversão pela sensação
de dor. Sentindo aversão pela sensação dolorosa, a tendência subjacente à aversão é
aquilo que está por detrás disso. Ao ser tocada pela sensação dolorosa, ela busca
prazer nos prazeres sensuais. Por qual razão? Porque a pessoa comum sem
instrução não sabe como escapar das sensações dolorosas, exceto através dos
prazeres sensuais. clxxxix Quando ela busca prazer nos prazeres sensuais, a tendência
subjacente ao desejo sensual é aquilo que está por detrás disso. Ela não compreende
como na verdade é a origem e a cessação, a gratificação, o perigo e a escapatória
dessas sensações. Quando ela não compreende essas coisas, a tendência subjacente
à ignorância em relação à sensação nem dolorosa, nem prazerosa é aquilo que está
por detrás disso.
“Se ela sentir uma sensação prazerosa, ela sente isso com apego. Se ela sentir uma
sensação dolorosa, ela sente isso com apego. Se ela sentir uma sensação nem
dolorosa, nem prazerosa, ela sente isso com apego. Essa, bhikkhus, é uma pessoa
comum sem instrução que está apegada ao nascimento, envelhecimento, morte,
tristeza, lamentação, dor, angústia e desespero; ela está apegada ao sofrimento, eu
digo.
“Bhikkhus, quando um nobre discípulo bem instruído é tocado por uma sensação
dolorosa, ele não fica triste, angustiado e lamenta, não bate no peito, chora e fica
perturbado. Ele sente apenas uma sensação - no corpo, não na mente. Como se ele
fosse atingido por uma flecha e, não fosse atingido por outra flecha, de modo que ele
sentiria a sensação de dor de uma flecha só. Da mesma forma, um nobre discípulo
bem instruído é tocado por uma sensação dolorosa, ele não fica triste, angustiado e
lamenta, não bate no peito, chora e fica perturbado. Ele sente apenas uma sensação -
no corpo, não na mente.
“Ao ser tocado por essa mesma sensação dolorosa, ele não sente aversão pela
sensação de dor, a tendência subjacente à aversão não está por detrás disso. Ao ser
tocado pela sensação dolorosa, ele não busca prazer nos prazeres sensuais. Por qual
razão? Porque o nobre discípulo bem instruído sabe como escapar das sensações
dolorosas de outro modo que através dos prazeres sensuais. Visto que ele não busca
prazer nos prazeres sensuais, a tendência subjacente ao desejo sensual não está por
detrás disso. Ele compreende como na verdade é a origem e a cessação, a
gratificação, o perigo e a escapatória dessas sensações. Visto que ele compreende
essas coisas, a tendência subjacente à ignorância em relação à sensação nem
dolorosa, nem prazerosa não está por detrás disso.
“Se ele sentir uma sensação prazerosa, ele sente isso desapegado. Se ele sentir uma
sensação dolorosa, ele sente isso desapegado. Se ele sentir uma sensação nem
dolorosa, nem prazerosa, ele sente isso desapegado. Esse, bhikkhus, é um nobre
discípulo bem instruído que está desapegado do nascimento, envelhecimento,
morte, tristeza, lamentação, dor, angústia e desespero; ele está desapegado do
sofrimento, eu digo.
“Bhikkhus, um bhikkhu deve estar com atenção plena e plena consciência todo o
tempo! Essa é a minha instrução para vocês!
“Se ele sentir uma sensação prazerosa, ele compreende: ‘Ela é impermanente’; ele
compreende: ‘Não é para se apegar’; ele compreende: ‘Não é para se deleitar.’ Se ele
sentir uma sensação dolorosa, ele compreende: ‘Ela é impermanente’; ele
compreende: ‘Não é para se apegar’; ele compreende: ‘Não é para se deleitar.’ Se ele
sentir uma sensação nem prazerosa, nem dolorosa, ele compreende: ‘Ela é
impermanente’; ele compreende: ‘Não é para se apegar’; ele compreende: ‘Não é
para se deleitar.’
“Se ele sentir uma sensação prazerosa, ele a sente desapegado; se ele sentir uma
sensação dolorosa, ele a sente desapegado; Se ele sentir uma sensação nem
prazerosa, nem dolorosa, ele a sente desapegado.
“Quando ele sente uma sensação que dá um fim ao corpo, ele compreende: ‘Eu sinto
uma sensação que dá um fim ao corpo.’ Quando ele sente uma sensação que dá um
fim à vida, ele compreende: ‘Eu sinto uma sensação que dá um fim à vida.’ Ele
compreende: ‘Com a dissolução do corpo, depois da morte, tudo que é sentido sem
deleite, irá esfriar aqui mesmo, apenas resíduos corporais restarão.’
“Bhikkhus, um bhikkhu deve estar com atenção plena e plena consciência todo o
tempo! Essa é a minha instrução para vocês!
“Bhikkhus, um bhikkhu deve estar com atenção plena e plena consciência todo o
tempo! Essa é a minha instrução para vocês!
“Se ele sentir uma sensação prazerosa, ele compreende: ‘Ela é impermanente’; ele
compreende: ‘Não é para se apegar’; ele compreende: ‘Não é para se deleitar.’ Se ele
sentir uma sensação dolorosa, ele compreende: ‘Ela é impermanente’; ele
compreende: ‘Não é para se apegar’; ele compreende: ‘Não é para se deleitar.’ Se ele
sentir uma sensação nem prazerosa, nem dolorosa, ele compreende: ‘Ela é
impermanente’; ele compreende: ‘Não é para se apegar’; ele compreende: ‘Não é
para se deleitar.’
“Se ele sentir uma sensação prazerosa, ele a sente desapegado; se ele sentir uma
sensação dolorosa, ele a sente desapegado; Se ele sentir uma sensação nem
prazerosa, nem dolorosa, ele a sente desapegado.
“Quando ele sente uma sensação que dá um fim ao corpo, ele compreende: ‘Eu sinto
uma sensação que dá um fim ao corpo.’ Quando ele sente uma sensação que dá um
fim à vida, ele compreende: ‘Eu sinto uma sensação que dá um fim à vida.’ Ele
compreende: ‘Com a dissolução do corpo, depois da morte, tudo que é sentido sem
deleitação, irá esfriar aqui mesmo, apenas resíduos corporais restarão.’
“Bhikkhus, essas três sensações nascem do contato, estão enraizadas no contato, têm
o contato como sua fonte e condição. Quais três? Sensações prazerosas, sensações
dolorosas, sensações nem dolorosas, nem prazerosas.
“Bhikkhus, assim como o calor e o fogo são produzidos pela junção e fricção de dois
gravetos de madeira, mas quando os gravetos são separados e postos de lado o calor
resultante cessa e é aplacado, da mesma maneira aquelas três sensações nascem do
contato, estão enraizadas no contato, têm o contato como sua fonte e condição. Na
dependência do contato apropriado, a sensação correspondente surge; com a
cessação do contato apropriado, a sensação correspondente cessa.”
“Muito bem, bhikkhu! Essas três sensações foram ensinadas por mim, as sensações
prazerosas, as sensações dolorosas e as sensações nem dolorosas, nem prazerosas.
E eu também disse: ‘Tudo aquilo que é sentido faz parte do sofrimento.’ Isso foi dito
por mim com referência à impermanência de todas as formações. Isso foi dito por
mim com referência às formações estarem sujeitas à destruição ... às formações
estarem sujeitas à dissipação ... às formações estarem sujeitas à cessação ... às
formações estarem sujeitas à mudança.
“Há, bhikkhu, esses seis tipos de tranqüilização. Naquele que alcançou o primeiro
jhana, a linguagem é tranqüilizada. Naquele que alcançou o segundo jhana, o
pensamento aplicado e o pensamento sustentado são tranqüilizados. Naquele que
alcançou o terceiro jhana, o êxtase é tranqüilizado. Naquele que alcançou o quarto
jhana, a inspiração e a expiração são tranqüilizadas. Naquele que alcançou a
cessação da percepção e sensação, a percepção e sensação são tranqüilizadas. No
bhikkhu que está livre das impurezas a cobiça é tranqüilizada, a raiva é
tranqüilizada, a delusão é tranqüilizada.”
“Bhikkhus, assim como vários ventos sopram no céu: ventos do leste, ventos do
oeste, ventos do norte e ventos do sul, ventos com poeira e ventos sem poeira,
ventos quentes e ventos frios, ventos brandos e ventos fortes; da mesma maneira,
várias sensações surgem neste corpo: surgem sensações prazerosas, surgem
sensações dolorosas e surgem sensações nem dolorosas, nem prazerosas.”
“Bhikkhus, suponham que exista uma hospedaria. Pessoas vindas do leste, do oeste,
do norte ou do sul ali se hospedem. Pessoas da casta dos nobres, da casta dos
Brâmanes, da casta dos comerciantes e da casta dos trabalhadores ali se hospedem.
Da mesma maneira, bhikkhus, neste corpo surgem vários tipos de sensações: surgem
sensações prazerosas, surgem sensações dolorosas e surgem sensações nem
dolorosas, nem prazerosas; sensações mundanas que são prazerosas, dolorosas ou
nem dolorosas, nem prazerosas; sensações não mundanas que são prazerosas,
dolorosas ou nem dolorosas, nem prazerosas.” cxc
“Venerável senhor, o que são as sensações? Qual é a origem das sensações? Qual é a
cessação das sensações? Qual é o caminho que conduz à cessação das sensações?
Qual é a gratificação das sensações? Qual é o perigo das sensações? Qual é a
escapatória das sensações?”
“Produzidas por distúrbios da bílis, Sivaka, surgem certos tipos de sensações. Que
isso acontece, pode ser compreendido pela própria pessoa e também no mundo é
aceito como verdadeiro. Produzidas por distúrbios da fleuma … dos ventos … de um
desequilíbrio [dos três] … pela mudança de clima … pelo comportamento
descuidado … pela violência … pelos resultados de kamma – por meio de tudo isso,
Sivaka, surgem certos tipos de sensações. Que isso acontece, pode ser compreendido
pela própria pessoa e também no mundo é aceito como verdadeiro.
Quando isso foi dito, Moliyasivaka disse para o Abençoado: "Magnífico, Mestre
Gotama! Magnífico, Mestre Gotama! Mestre Gotama esclareceu o Dhamma de várias
formas, como se tivesse colocado em pé o que estava de cabeça para baixo, revelasse
o que estava escondido, mostrasse o caminho para alguém que estivesse perdido ou
segurasse uma lâmpada no escuro para aqueles que possuem visão pudessem ver as
formas. Nós buscamos refúgio no Mestre Gotama, no Dhamma e na Sangha dos
bhikkhus. Que o Mestre Gotama me aceite como discípulo leigo que buscou refúgio
para o resto da vida.”
“E quais, bhikkhus, são os seis tipos de sensações? As sensações que nascem por
meio do contato no olho, ouvido, nariz, língua, corpo e mente.
“E quais, bhikkhus, são os trinta e seis tipos de sensações? Existem seis sensações de
alegria baseadas na vida em família e seis sensações de alegria baseadas na
renúncia; seis sensações de tristeza baseadas na vida em família e seis sensações de
tristeza baseadas na renúncia; seis sensações de equanimidade baseadas na vida em
família e seis sensações de equanimidade baseadas na renúncia. cxcii
“E quais, bhikkhus, são os cento e oito tipos de sensações? São as trinta e seis
sensações acima no passado; são as trinta e seis sensações acima no futuro e são as
trinta e seis sensações acima no presente.
“E o que, bhikkhus, é o êxtase não mundano ainda maior? Quando um bhikkhu que se
libertou das impurezas revisa a sua mente livre da cobiça, livre da raiva, livre da
delusão, então surge o êxtase. Isso é chamado de ‘êxtase não mundano ainda maior.’
“Aqui, bhikkhus, mesmo quando jovem, uma mulher vai viver com a família do
esposo e é separada dos seus pais. Esse é o primeiro tipo de sofrimento peculiar às
mulheres ....
“Novamente, uma mulher tem que servir ao homem. Esse é o quinto tipo de
sofrimento peculiar às mulheres ....
“Esses, bhikkhus, são os cinco tipos de sofrimento peculiares às mulheres, que as
mulheres experimentam, mas não os homens.”
“Bhikkhus, quando uma mulher possui três qualidades, com a dissolução do corpo,
depois da morte, ela, em geral, renasce num estado de privação, num destino ruim,
nos mundos inferiores, até mesmo no inferno. Quais são as três? Aqui, bhikkhus, pela
manhã uma mulher permanece em casa com a mente obcecada pela contaminação
do egoísmo; ao meio dia ela permanece em casa com a mente obcecada pela
contaminação da inveja; à noite ela permanece em casa com a mente obcecada pela
contaminação da cobiça sensual. Quando uma mulher possui essas três qualidades ...
ela, em geral, renasce num estado de privação ... até mesmo no inferno.”
“Ela tem fé, tem um senso de vergonha, teme agir de forma incorreta, não tem raiva,
ela é sábia. Quando uma mulher possui essas cinco qualidades ela renasce num
destino feliz, no paraíso.”
“Bhikkhus, há esses cinco poderes de uma mulher. Quais são os cinco? O poder da
beleza, o poder da riqueza, o poder dos parentes, o poder dos filhos, o poder da
virtude.
“E qual, amigo, é esse caminho, qual é esse meio para alcançar esse nibbana?”
“Excelente é o caminho, amigo, excelente é o meio para alcançar esse nibbana. E isso
é o suficiente, amigo Sariputta, para a diligência.”
“E qual, amigo, é esse caminho, qual é esse meio para alcançar esse estado de
arahant?”
“E qual, amigo, é esse caminho, qual é esse meio para o abandono dessa cobiça, para
o abandono dessa raiva, para o abandono dessa delusão?”
“Por qual propósito, amigo Sariputta, a vida santa é vivida sob o contemplativo
Gotama?”
“Amigo, é para a completa compreensão do sofrimento que a vida santa é vivida sob
o Abençoado.”
“E qual, amigo, é esse caminho, qual é esse meio para a completa compreensão do
sofrimento?”
"'Sofrimento, sofrimento’, dizem, meu amigo Sariputta. Que tipo de sofrimento [eles
estão mencionando]?"
"Há essas três formas de sofrimento, meu amigo: o sofrimento da dor, o sofrimento
das formações condicionadas e o sofrimento da mudança. Essas são as três formas
de sofrimento."
"Então, qual é o caminho, qual é o meio para a completa compreensão dessas formas
de sofrimento?"
“E qual, amigo, é esse caminho, qual é o meio para a completa compreensão dessa
identidade?”
“O que, amigo, é difícil de ser feito por aquele que seguiu a vida santa?”
“Ter prazer, amigo, é difícil de ser feito por aquele que seguiu a vida santa.”
“O que, amigo, é difícil de ser feito por aquele que tem prazer?”
“Praticar de acordo com o Dhamma, amigo, é difícil de ser feito por aquele que tem
prazer.”
“Então, amigos, afastado dos prazeres sensuais, afastado das qualidades não hábeis,
eu entrei e permaneci no primeiro jhana ... Enquanto assim permanecia, a atenção e
a percepção acompanhadas pela sensualidade me assediaram.
“Então, amigos, o Abençoado através dos poderes supra-humanos vinha até mim e
dizia: ‘Moggallana, Moggallana, não seja negligente, Brâmane, com relação ao
primeiro jhana. Estabilize a sua mente no primeiro jhana, unifique a sua mente no
primeiro jhana, concentre a sua mente no primeiro jhana.’ Então, amigos, numa
outra ocasião, afastado dos prazeres sensuais, afastado das qualidades não hábeis,
eu entrei e permaneci no primeiro jhana, que é caracterizado pelo pensamento
aplicado e sustentado, com o êxtase e felicidade nascidos do afastamento.
“Então, amigos, o Abençoado através dos poderes supra-humanos vinha até mim e
dizia: ‘Moggallana, Moggallana, não seja negligente, Brâmane, com relação ao
segundo jhana. Estabilize a sua mente no segundo jhana, unifique a sua mente no
segundo jhana, concentre a sua mente no segundo jhana.’ Então, amigos, numa outra
ocasião, abandonando o pensamento aplicado e sustentado, eu entrei e permaneci
no segundo jhana, que é caracterizado pela segurança interna e perfeita unicidade
da mente, sem o pensamento aplicado e sustentado, com o êxtase e felicidade
nascidos da concentração.
“Amigos, falando corretamente, se fosse para dizer de alguém que: ‘Ele é um
discípulo que alcançou a magnitude do conhecimento direto com o auxílio do
Mestre,’ é de mim que, falando o que é certo, isso deveria ser dito.”
Então, com as próprias mãos, o chefe de família Citta serviu e satisfez os bhikkhus
seniores com um delicioso arroz com leite feito com manteiga clarificada. Quando os
bhikkhus seniores haviam terminado de comer e tendo colocado as tigelas de lado,
eles levantaram dos seus assentos e partiram.
Então, Citta, tendo dito, “Dê aquilo que sobrou,” seguiu de perto os bhikkhus
seniores. Agora, naquela ocasião, fazia um calor intenso, e os Veneráveis
caminhavam como se os seus corpos estivessem derretendo devido ao que haviam
comido. Agora, naquela ocasião, o Venerável Mahaka era o bhikkhu mais júnior
daquela Sangha. Então o Venerável Mahaka disse para o mais sênior daqueles
bhikkhus: “Seria bom, Venerável senhor, se um brisa fresca soprasse e uma
cobertura de nuvens se formasse e que do céu caísse uma garoa.”
Assim, o Venerável Mahaka realizou tamanha façanha que uma brisa fresca soprou e
uma cobertura de nuvens se formou e do céu caiu uma garoa.
Então, Citta pensou: “Esse é o poder e a força espiritual que possui o bhikkhu mais
júnior dessa Sangha!”
“Isso é o suficiente, amigo Mahaka. Aquilo que foi feito é o suficiente, amigo Mahaka,
aquilo que foi oferecido é o suficiente.”
Então, os bhikkhus seniores foram para as suas moradias e o Venerável Mahaka foi
para a moradia dele.
“Então, chefe de família, abra a sua capa na varanda e espalhe um punhado de capim
sobre ela.”
“Sim, Venerável senhor,” Citta respondeu e ele abriu a sua capa na varanda e
espalhou um punhado de capim sobre ela.
Então, o Venerável Mahaka saiu da sua moradia e disse para Citta: “Isso foi o
suficiente, chefe de família?”
“Isso é o suficiente, Venerável Mahaka. Aquilo que foi feito é o suficiente, Venerável
Mahaka, aquilo que foi oferecido é o suficiente. Que o Mestre Mahaka desfrute do
prazeroso mangueiral Silvestre em Macchikasanda. Eu serei diligente em prover o
Mestre Mahaka com mantos, comida, moradia e medicamentos.”
“Chefe de família, você tem fé no contemplativo Gotama quando ele diz: ‘Há uma
concentração sem o pensamento aplicado e sustentado, há uma cessação do
pensamento aplicado e sustentado’?”
Quando isso foi dito, o Nigantha Nataputta olhou com orgulho para a sua comitiva e
disse: “Vejam isso, senhores! Quão franco é esse chefe de família, Citta! Quão
honesto e aberto! Quem pensa que o pensamento aplicado e sustentado pode ser
parado imaginaria ser capaz de capturar o vento com uma rede ou interromper a
correnteza do rio Ganges com as próprias mãos.”
“Bem, Venerável senhor, de acordo com a minha vontade, afastado dos prazeres
sensuais, afastado das qualidades não hábeis, eu entro e permaneço no primeiro
jhana, que é caracterizado pelo pensamento aplicado e sustentado, com o êxtase e
felicidade nascidos do afastamento. Depois, de acordo com a minha vontade,
abandonando o pensamento aplicado e sustentado, eu entro e permaneço no
segundo jhana ... Depois, de acordo com a minha vontade, abandonando o êxtase ...
eu entro e permaneço no terceiro jhana ... Depois, de acordo com a minha vontade,
com o completo desaparecimento da felicidade ... eu entro e permaneço no quarto
jhana.
“Posto que eu assim conheço e vejo, Venerável senhor, em qual outro contemplativo
ou Brâmane devo depositar fé com relação à afirmação de que há uma concentração
sem o pensamento aplicado e sustentado, uma cessação do pensamento aplicado e
sustentado?”
Quando isso foi dito, Nigantha Nataputta olhou com desconfiança para a sua
comitiva e disse: “Vejam isso, senhores! Quão desonesto é esse chefe de família,
Citta! Quão fraudulento e enganador!”
“Agora mesmo, Venerável senhor, entendemos que você disse: ‘Vejam isso,
senhores! Quão franco é esse chefe de família, Citta! Quão honesto e aberto!’ – no
entanto, agora entendemos que você diz: ‘Vejam isso, senhores! Quão desonesto é
esse chefe de família, Citta! Quão fraudulento e enganador!’ Se a sua primeira
afirmação é verdadeira, Venerável senhor, então a sua última afirmação é falsa,
enquanto que se a primeira afirmação é falsa, então a sua última afirmação é
verdadeira.
“Além disso, Venerável senhor, estas dez questões lógicas vêm à mente. Quando
você compreender o significado delas então poderá me responder juntamente com a
sua comitiva. Uma questão, um resumo, uma resposta. Duas questões, dois resumos,
duas respostas. Três ... quatro ... cinco .... seis ... sete ... oito ... nove ... dez questões, dez
resumos, dez respostas.”
Então, Citta, o chefe de família, levantou do seu assento e partiu sem ter pedido que
o Nigantha Nataputta respondesse essas dez questões lógicas.
Agora, naquela ocasião o contemplativo nu Kassapa, que na vida laica havia sido um
velho amigo de Citta, o chefe de família, havia chegado em Macchikasanda. Citta, o
chefe de família, ouviu sobre o fato e foi ao encontro do contemplativo nu Kassapa.
Eles se cumprimentaram e quando a conversa cortês e amigável havia terminado ele
sentou a um lado e disse:
“Faz quanto tempo, Venerável Kassapa, que você seguiu a vida santa?”
“Já são trinta anos, chefe de família, desde que segui a vida santa.”
“Nesses trinta anos, Venerável senhor, você alcançou alguma distinção supra-
humana de conhecimento e visão digna dos nobres, e tem uma permanência
confortável?
“Nesses trinta anos desde que segui a vida santa, chefe de família, eu não alcancei
nenhuma distinção supra-humana de conhecimento e visão digna dos nobres, e não
tenho uma permanência confortável, tenho apenas a nudez, a cabeça raspada e a
escova para limpar o meu assento.”
Quando isso foi dito, Citta o chefe de família disse: “É de fato admirável, senhor! É de
fato maravilhoso, senhor! Quão bem exposto é o Dhamma no qual, depois de trinta
anos, você não ainda não alcançou nenhuma distinção supra-humana de
conhecimento e visão digna dos nobres e não tem uma permanência confortável,
mas apenas a nudez, a cabeça raspada e a escova para limpar o seu assento.”
“Mas, chefe de família, quanto tempo faz que você se tornou um discípulo leigo?”
“Nesses trinta anos, chefe de família, você alcançou alguma distinção supra-humana
de conhecimento e visão digna dos nobres, e tem uma permanência confortável?
“Como não alcancei, Venerável senhor? Pois de acordo com a minha vontade,
afastado dos prazeres sensuais, afastado das qualidades não hábeis, eu entro e
permaneço no primeiro jhana, que é caracterizado pelo pensamento aplicado e
sustentado, com o êxtase e felicidade nascidos do afastamento. Depois, de acordo
com a minha vontade, abandonando o pensamento aplicado e sustentado, eu entro e
permaneço no segundo jhana ... Depois, de acordo com a minha vontade,
abandonando o êxtase ... eu entro e permaneço no terceiro jhana ... Depois, de
acordo com a minha vontade, com o completo desaparecimento da felicidade ... eu
entro e permaneço no quarto jhana. Além disso, se eu morrer antes do Abençoado,
não seria surpresa se o Abençoado declarasse a meu respeito: ‘Não há grilhão pelo
qual Citta o chefe de família poderá retornar a este mundo.’”
Em Savatthi. Então, o chefe tribal Canda, o irado, foi até o Abençoado e depois de
cumprimentá-lo sentou a um lado e disse:
“Venerável senhor, qual é a causa e razão porque alguém aqui é considerado irado?
E qual é a causa e razão porque alguém aqui é considerado afável?”
“Aqui, chefe tribal, alguém não abandonou a cobiça. Porque ele não abandonou a
cobiça, outras pessoas o irritam. Sendo irritado pelos outros, ele manifesta irritação:
ele é considerado irado. Ele não abandonou a raiva. Porque ele não abandonou a
raiva, outras pessoas o irritam. Sendo irritado pelos outros, ele manifesta irritação:
ele é considerado irado. Ele não abandonou a delusão. Porque ele não abandonou a
delusão, outras pessoas o irritam. Sendo irritado pelos outros, ele manifesta
irritação: ele é considerado irado.
“Essa, chefe tribal, é a causa e razão porque alguém aqui é considerado irado.”
“Aqui, chefe tribal, alguém abandonou a cobiça. Porque ele abandonou a cobiça,
outras pessoas não o irritam. Não sendo irritado pelos outros, ele não manifesta
irritação: ele é considerado afável. Ele abandonou a raiva. Porque ele abandonou a
raiva, outras pessoas não o irritam. Não sendo irritado pelos outros, ele não
manifesta irritação: ele é considerado afável. Ele abandonou a delusão. Porque ele
abandonou a delusão, outras pessoas não o irritam. Não sendo irritado pelos outros,
ele não manifesta irritação: ele é considerado afável.
“Essa, chefe tribal, é a causa e razão porque alguém aqui é considerado afável.”
Quando isso foi dito, o chefe tribal Canda disse para o Abençoado: “Magnífico,
Venerável senhor! Magnífico, Venerável senhor! O Abençoado esclareceu o Dhamma
de várias formas, como se tivesse colocado em pé o que estava de cabeça para baixo,
revelasse o que estava escondido, mostrasse o caminho para alguém que estivesse
perdido ou segurasse uma lâmpada no escuro para aqueles que possuem visão
pudessem ver as formas. Nós buscamos refúgio no Abençoado, no Dhamma e na
Sangha dos bhikkhus. Que o Abençoado nos aceite como discípulo leigo que nele
buscou refúgio para o resto da vida.”
Yodhajiva Sutta (SN XLII.3) – Guerreiros
“Já basta, chefe tribal, deixe isso de lado! Não me pergunte isso!”
Uma segunda vez e uma terceira vez o chefe tribal Yodhajiva disse: “Venerável
senhor, eu ouvi, dito pelos guerreiros de antigamente da linhagem dos mestres: ... O
que o Abençoado diz disso?”
“Com certeza, chefe tribal, eu não estou conseguindo persuadi-lo quando digo, ‘Já
basta, chefe tribal, deixe isso de lado! Não me pergunte isso!’ Então, eu lhe
responderei. Quando, chefe tribal, um guerreiro é alguém que se esforça e se
empenha na batalha, a mente dele já está baixa, depravada, desencaminhada devido
ao pensamento: ‘Que esses seres sejam mortos, massacrados, aniquilados,
destruídos ou exterminados.’ Se outros então o matarem e acabarem com ele
enquanto ele estiver se esforçando e se empenhando na batalha, então, com a
dissolução do corpo, depois da morte, ele renasce no ‘inferno dos que foram mortos
em batalha’ Mas se ele tiver uma idéia como esta: ‘Quando um guerreiro é alguém
que se esforça e se empenha na batalha, se outros o matarem e acabarem com ele
enquanto ele está se esforçando e se empenhando na batalha, então, com a
dissolução do corpo, depois da morte, ele renasce na companhia dos devas que
foram mortos em batalha’ – isso é um entendimento incorreto da parte dele. Para
uma pessoa com o entendimento incorreto, eu digo, há um entre dois possíveis
destinos: o inferno ou o reino animal.”
Quando isso foi dito o chefe tribal Yodhajiva clamou e se debulhou em prantos. [O
Abençoado disse:] “Pois é, não consegui persuadi-lo quando disse, ‘Já basta, chefe
tribal, deixe isso de lado! Não me pergunte isso!’”
“Não estou chorando, Venerável senhor, pelo que o Abençoado me disse, mas
porque fui enganado, trapaceado e ludibriado durante muito tempo pelos guerreiros
de antigamente da linhagem dos mestres que disseram: ‘Quando um guerreiro é
alguém que se esforça e se empenha na batalha, se outros o matarem e acabarem
com ele enquanto ele está se esforçando e se empenhando na batalha, então, com a
dissolução do corpo, depois da morte, ele renasce na companhia dos devas que
foram mortos em batalha.’
“Magnífico, Venerável senhor! Magnífico, Venerável senhor! O Abençoado esclareceu
o Dhamma de várias formas, como se tivesse colocado em pé o que estava de cabeça
para baixo, revelasse o que estava escondido, mostrasse o caminho para alguém que
estivesse perdido ou segurasse uma lâmpada no escuro para aqueles que possuem
visão pudessem ver as formas. Nós buscamos refúgio no Abençoado, no Dhamma e
na Sangha dos bhikkhus. Que o Abençoado nos aceite como discípulo leigo que nele
buscou refúgio para o resto da vida.”
“Venerável senhor, o Abençoado não permanece com compaixão por todos os seres
sencientes?”
“Sim, chefe tribal, o Tathagata permanece com compaixão por todos os seres
sencientes.’
“Porque então, Venerável senhor, que o Abençoado ensina o Dhamma a fundo para
alguns, mas não tão a fundo para outros?”
“Bem, chefe tribal, então eu lhe farei uma pergunta com relação a isso. Responda
como julgar adequado. O que você pensa, chefe tribal? Suponha que um agricultor
tivesse três campos: um excelente, um com qualidade média e um inferior, com a
terra ruim, irregular, salobre. O que você pensa, chefe tribal? Se aquele agricultor
quiser semear, onde ele semearia primeiro: no campo excelente, no campo com
qualidade média ou no campo inferior, aquele com a terra ruim, irregular, salobre?”
Se, Venerável senhor, aquele agricultor quiser semear, ele semearia no campo
excelente. Depois de ali semear, ele em seguida semearia no campo com qualidade
média. Depois de ali semear, ele poderá semear, ou não, no campo inferior, aquele
com a terra ruim, irregular, salobre. Por qual razão? Porque pelo menos ele poderá
ser usado como alimento para o gado.
“Chefe tribal, como o campo que é excelente são os bhikkhus e as bhikkhunis para
mim. Eu ensino para eles o Dhamma que é admirável no início, admirável no meio, e
admirável no final, com o significado e fraseado corretos; eu revelo a vida santa que
é completamente perfeita e imaculada. Por qual razão? Porque eles permanecem
tendo a mim como sua ilha, tendo a mim como seu abrigo, tendo a mim como seu
protetor, tendo a mim como seu refúgio.
“Então, chefe tribal, tal como o campo com qualidade média tenho discípulos leigos.
Para eles eu também ensino o Dhamma que é admirável no início, admirável no
meio, e admirável no final, com o significado e fraseado corretos; eu revelo a vida
santa que é completamente perfeita e imaculada. Por qual razão? Porque eles
permanecem tendo a mim como sua ilha, tendo a mim como seu abrigo, tendo a mim
como seu protetor, tendo a mim como seu refúgio.
“Então, chefe tribal, tal como o campo inferior, com a terra ruim, irregular, salobre –
há os contemplativos, Brâmanes e errantes de outras seitas. Apesar disso eu
também ensino para eles o Dhamma que é admirável no início, admirável no meio, e
admirável no final, com o significado e fraseado corretos; eu revelo a vida santa que
é completamente perfeita e imaculada. Por qual razão? Porque se eles entenderem
apenas uma única sentença, isso irá conduzir ao seu bem-estar e felicidade por
muito tempo.
“Suponha, chefe tribal, que um homem possuísse três jarros com água: um sem
rachaduras, que não permite que a água vaze e escape; um sem rachaduras, mas que
permite que a água vaze e escape; e um com rachaduras, que permite que a água
vaze e escape. O que você pensa, chefe tribal? Se um homem quiser armazenar água,
onde ele deveria armazenar primeiro: no jarro sem rachaduras, que não permite
que a água vaze e escape; ou no jarro sem rachaduras, mas que permite que a água
vaze e escape; ou no jarro com rachaduras, que permite que a água vaze e escape?”
“Se, Venerável senhor, aquele homem quisesse armazenar água, ele armazenaria no
jarro sem rachaduras, que não permite que a água vaze e escape. Tendo armazenado
nesse, ele em seguida armazenaria no jarro sem rachaduras, mas que permite que a
água vaze e escape. Tendo armazenado nesse, ele poderá armazenar, ou não, no
jarro com rachaduras, que permite que a água vaze e escape. Por qual razão? Porque
pelo menos este poderá ser usado para lavar a louça.”
“Chefe tribal, tal como o jarro sem rachaduras, que não permite que a água vaze e
escape, são para mim os bhikkhus e as bhikkhunis. Eu ensino para eles o Dhamma
que é admirável no início, admirável no meio, e admirável no final, com o significado
e fraseado corretos; eu revelo a vida santa que é completamente perfeita e
imaculada. Por qual razão? Porque eles permanecem tendo a mim como sua ilha,
tendo a mim como seu abrigo, tendo a mim como seu protetor, tendo a mim como
seu refúgio.
“Depois, chefe tribal, tal como o jarro sem rachaduras, mas que permite que a água
vaze e escape, são para mim os discípulos leigos. Para eles eu também ensino o
Dhamma que é admirável no início, admirável no meio, e admirável no final, com o
significado e fraseado corretos; eu revelo a vida santa que é completamente perfeita
e imaculada. Por qual razão? Porque eles permanecem tendo a mim como sua ilha,
tendo a mim como seu abrigo, tendo a mim como seu protetor, tendo a mim como
seu refúgio.
“Depois, chefe tribal, tal como o jarro com rachaduras, que permite que a água vaze
e escape, são para mim os contemplativos, Brâmanes e errantes de outras seitas.
Apesar disso eu também ensino para eles o Dhamma que é admirável no início,
admirável no meio, e admirável no final, com o significado e fraseado corretos; eu
revelo a vida santa que é completamente perfeita e imaculada. Por qual razão?
Porque se eles entenderem apenas uma única sentença, isso irá conduzir ao seu
bem-estar e felicidade por muito tempo.”
Quando isso foi dito o chefe tribal Asibandhakaputta disse para o Abençoado:
“Magnífico, Venerável senhor! Magnífico, Venerável senhor! O Abençoado esclareceu
o Dhamma de várias formas, como se tivesse colocado em pé o que estava de cabeça
para baixo, revelasse o que estava escondido, mostrasse o caminho para alguém que
estivesse perdido ou segurasse uma lâmpada no escuro para aqueles que possuem
visão pudessem ver as formas. Nós buscamos refúgio no Abençoado, no Dhamma e
na Sangha dos bhikkhus. Que o Abençoado nos aceite como discípulo leigo que nele
buscou refúgio para o resto da vida.”
"De que modo, chefe tribal, o Nigantha Nataputta ensina o Dhamma aos seus
discípulos?"
"O que você pensa, chefe tribal? No caso de alguém que toma aquilo que não for
dado ... pratica a conduta sexual imprópria ... fala mentiras, se for comparada uma
ocasião com a outra, durante o dia ou durante a noite, qual é mais frequente: as
ocasiões em que ele fala mentiras ou aquelas em que ele não faz isso?"
"No caso de alguém que fala mentiras, Venerável senhor, se for comparada uma
ocasião com a outra, durante o dia ou durante a noite, as ocasiões em que ele está
falando mentiras são menos frequentes enquanto que aquelas em que ele não faz
isso são mais frequentes."
"Ele pensa: 'Meu mestre tem uma doutrina e entendimento assim: "Qualquer um
que tome aquilo que não for dado ... pratique a conduta sexual imprópria ... fale
mentiras está destinado a um estado de privação, ao inferno." Agora, eu menti, então
eu também estou destinado a um estado de privação, ao inferno.' Assim ele obtém
esse entendimento. Se ele não abandonar essa asserção e esse estado mental, e se
ele não abandonar esse entendimento, então de acordo com o seu merecimento ele
será, como se fosse, soltado no inferno.
"Então um discípulo tem plena convicção naquele mestre. Ele pensa: 'Meu mestre
tem uma doutrina e entendimento assim: De muitas formas o Abençoado critica e
censura matar seres vivos, e ele diz: 'Abstenham-se de matar seres vivos.' Agora, eu
matei seres vivos. Isso não foi apropriado; isso não foi bom. Mas embora eu me
arrependa disso, essa minha ação ruim não pode ser desfeita.' Tendo refletido dessa
forma, ele abandona matar seres vivos e se abstém de matar seres vivos no futuro.
Assim ocorre o abandono daquela ação ruim, assim ocorre a transcendência daquela
ação ruim.
"Ele pensa: 'Meu mestre tem uma doutrina e entendimento assim: "De muitas
formas o Abençoado critica e censura tomar aquilo que não for dado ... praticar a
conduta sexual imprópria ... falar mentiras, e ele diz: 'Abstenham-se de falar
mentiras.' Agora, eu falei mentiras. Isso não foi apropriado; isso não foi bom. Mas
embora eu me arrependa disso, essa minha ação ruim não pode ser desfeita.' Tendo
refletido dessa forma, ele abandona falar mentiras e se abstém falar mentiras no
futuro. Assim ocorre o abandono daquela ação ruim, assim ocorre a transcendência
daquela ação ruim.
"Tendo abandonado matar seres vivos, ele se abstém de matar seres vivos, tendo
abandonado tomar aquilo que não for dado, ele se abstém de tomar aquilo que não
for dado, tendo abandonado a conduta sexual imprópria, ele se abstém da conduta
sexual imprópria, tendo abandonado falar mentiras, ele se abstém de falar mentiras,
tendo abandonado a linguagem maliciosa, ele se abstém da linguagem maliciosa,
tendo abandonado a linguagem grosseira, ele se abstém da linguagem grosseira,
tendo abandonado a linguagem frívola, ele se abstém da linguagem frívola, tendo
abandonado a cobiça, ele não tem cobiça, tendo abandonado a má vontade, ele tem
uma mente sem má vontade, tendo abandonado o entendimento incorreto, ele tem o
entendimento correto.
"Então, chefe tribal, aquele nobre discípulo - que assim está desprovido de cobiça,
desprovido de má vontade, não confuso, com plena consciência, sempre plenamente
atento - permanece permeando o primeiro quadrante com a mente imbuída de amor
bondade, da mesma forma o segundo, da mesma forma o terceiro, da mesma forma
o quarto; assim acima, abaixo, em volta e em todos os lugares, para todos bem como
para si mesmo, ele permanece permeando o mundo todo com a mente imbuída de
amor bondade, abundante, transcendente, imensurável, sem hostilidade e sem má
vontade. Como se um poderoso trompetista fizesse com pouca dificuldade uma
proclamação aos quatro quadrantes, da mesma forma através desta libertação da
mente através do amor bondade, qualquer kamma limitante que tenha sido feito ali
não permanece, não persiste.
"Com o coração pleno de compaixão, ele permanece permeando o primeiro
quadrante com a mente imbuída de compaixão ... Ele permanece permeando o
primeiro quadrante com a mente imbuída de alegria altruísta … Ele permanece
permeando o primeiro quadrante com a mente imbuída de equanimidade …
abundante, transcendente, imensurável, sem hostilidade e sem má vontade. Como se
um poderoso trompetista fizesse com pouca dificuldade uma proclamação aos
quatro quadrantes, da mesma forma através desta libertação da mente através da
equanimidade, qualquer kamma limitante que tenha sido feito ali não permanece,
não persiste."
Quando isso foi dito, o chefe tribal Asibandhakaputta disse para o Abençoado:
Agora naquela ocasião Nalanda estava no meio de uma grande fome, em uma época
de escassez, as lavouras brancas com crestamento e transformadas em palha. E
naquela época Nigantha Nataputta estava em Nalanda juntamente com uma grande
companhia de niganthas. Então o chefe tribal Asibandhakaputta, um discípulo dos
niganthas, foi até Nigantha Nataputta e, ao chegar, depois de cumprimentá-lo,
sentou a um lado e o Nigantha Nataputta disse: “Venha, agora, chefe tribal, refute as
palavras do contemplativo Gotama, e essa maravilhosa notícia se espalhará ao seu
respeito: ‘As palavras do contemplativo Gotama – tão forte tão poderoso – foram
refutadas pelo chefe tribal Asibandhakaputta!’”
“Venha agora, chefe tribal, vá até o contemplativo Gotama e diga isto: ‘Venerável
senhor, o Abençoado em muitos modos não louva a bondade, proteção e simpatia
por famílias?’ Se o contemplativo Gotama, assim questionado, responder, ‘Sim, chefe,
o Tathagata em muitos modos louva a bondade, proteção e simpatia por famílias,’
então você deve dizer, ‘Então porque, Venerável senhor, o Abençoado, juntamente
com uma grande comunidade de bhikkhus, está em Nalanda durante uma época de
fome, uma época de escassez, quando as lavouras estão brancas com crestamento e
transformadas em palha? O Abençoado está praticando para o arruinamento das
famílias. O Abençoado está praticando para o fim das famílias. O Abençoado está
praticando para a queda das famílias.’ Quando essa questão com duas pontas for
colocada para o contemplativo Gotama, ele não terá como engoli-la ou cuspi-la.”
“Sim, chefe, o Tathagata em muitos modos louva a bondade, proteção e simpatia por
famílias.”
“Chefe tribal, há oito causas, oito motivos para a queda das famílias. Famílias vão
para seu fim por causa de reis, ou famílias vão para o seu fim por causa de ladrões,
ou famílias vão para seu fim por causa de fogo, ou famílias vão para seu fim por
causa de enchentes, ou seus tesouros guardados desaparecem, ou seus
empreendimentos são mal administrados, ou na família nasce um vagabundo que
esbanja, espalha e espatifa sua fortuna, e a impermanência é a oitava. Estas são as
oito causas, os oito motivos para a queda das famílias. Agora, quando estas oito
causas, estes oito motivos são encontrados, se alguém disser de mim, ‘O Abençoado
está praticando para o arruinamento das famílias. O Abençoado está praticando
para o fim das famílias. O Abençoado está praticando para a queda de famílias’ – sem
abandonar essa afirmação, sem ter abandonado essa intenção, sem ter descartado
essa opinião – então é como se tendo sido arrastado, ele assim seria lançado no
inferno.”
Quando isso foi dito, o chefe tribal Asibandhakaputta, disse para o Abençoado:
“Magnífico, Venerável senhor! Magnífico, Venerável senhor! O Abençoado esclareceu
o Dhamma de várias formas, como se tivesse colocado em pé o que estava de cabeça
para baixo, revelasse o que estava escondido, mostrasse o caminho para alguém que
estivesse perdido ou segurasse uma lâmpada no escuro para aqueles que possuem
visão pudessem ver as formas. Nós buscamos refúgio no Abençoado, no Dhamma e
na Sangha dos bhikkhus. Que o Abençoado nos aceite como discípulo leigo que nele
buscou refúgio para o resto da vida.”
Certa ocasião o Abençoado estava numa cidade dos Mallas chamada Uruvelakappa.
Então, o chefe tribal Bhadraka foi até o Abençoado e depois de cumprimentá-lo
sentou a um lado e disse:
"O que você pensa, chefe tribal? Há pessoas em Uruvelakappa que se fossem
censuradas, multadas, aprisionadas, ou executadas, por conta disso surgiriam em
você tristeza, lamentação, dor, angústia e desespero?"
"Chefe tribal, por meio desse princípio que é visto, compreendido, realizado de
imediato, entendido, aplique esse método ao passado e ao futuro assim: 'Qualquer
sofrimento que tenha surgido no passado, tudo isso surgiu enraizado no desejo, com
o desejo como fonte; pois o desejo é a raiz do sofrimento. 'Qualquer sofrimento que
venha surgir no futuro, tudo isso surgirá enraizado no desejo, com o desejo como
fonte; pois o desejo é a raiz do sofrimento.'"
"É admirável, Venerável senhor! É maravilhoso, Venerável senhor! Quão bem isso
foi dito pelo Abençoado: 'Qualquer sofrimento que surja, tudo isso surge enraizado
no desejo, com o desejo como fonte; pois o desejo é a raiz do sofrimento.' Venerável
senhor, eu tenho um filho chamado Ciravasi que mora numa outra residência. Eu
levanto cedo e mando alguém dizendo: 'Vá e descubra como está Ciravasi.' Até que
ele retorne eu fico preocupado, pensando: 'Espero que Ciravasi não esteja aflito!'"
"O que você pensa, chefe tribal, se Ciravasi fosse censurado, multado, aprisionado,
ou executado, surgiriam em você a tristeza, lamentação, dor, angústia e desespero?"
"Desse modo também, chefe tribal, pode ser compreendido: 'Qualquer sofrimento
que surja, tudo isso surge enraizado no desejo, com o desejo como fonte; pois o
desejo é a raiz do sofrimento.'
"O que você pensa, chefe tribal? Antes de ter visto ou ouvido a mãe de Ciravasi
houve algum desejo, afeição, ou apego por ela?"
"Então foi por ter visto ou ouvido a mãe de Ciravasi que esse desejo, afeição, ou
apego surgiram em você?"
"O que você pensa, chefe tribal, se a mãe de Ciravasi fosse censurada, multada,
aprisionada, ou executada, surgiriam em você a tristeza, lamentação, dor, angústia e
desespero?"
"Venerável senhor, se a mãe de Ciravasi fosse censurada, multada, aprisionada. ou
executada, até mesmo a minha vida seria transtornada, então como poderiam a
tristeza, lamentação, dor, angústia e desespero não surgir em mim?"
"Desse modo também, chefe tribal, pode ser compreendido: 'Qualquer sofrimento
que surja, tudo isso surge enraizado no desejo, com o desejo como fonte; pois o
desejo é a raiz do sofrimento.'"
“Amigo, o Abençoado não declarou isso: ‘O Tathagata não existe após a morte.’”
“Então, amigo Sariputta, o Tathagata tanto existe como não existe após a morte?”
“Amigo, o Abençoado não declarou isso: ‘O Tathagata tanto existe como não existe
após a morte.’”
“Então, amigo Sariputta, o Tathagata nem existe, nem não existe após a morte?”
“Amigo, o Abençoado não declarou isso: ‘O Tathagata nem existe, nem não existe
após a morte.’”
“Qual, amigo, é a causa e razão porque isso não foi declarado pelo Abençoado?”
“Amigo, é aquele que não compreende e não vê a forma como na verdade ela é, que
não compreende e não vê a sua origem, cessação e o caminho que conduz à sua
cessação, que pensa: ‘O Tathagata existe após a morte,’ ou ‘O Tathagata não existe
após a morte,’ ou ‘O Tathagata tanto existe como não existe após a morte,’ ou ‘O
Tathagata nem existe, nem não existe após a morte.’ É aquele que não compreende e
não vê a sensação como na verdade ela é .... que não compreende e não vê a
percepção como na verdade ela é ... que não compreende e não vê as formações
como na verdade elas são ... que não compreende e não vê a consciência como na
verdade ela é, que não compreende e não vê a sua origem, cessação e o caminho que
conduz à sua cessação, que pensa: ‘O Tathagata existe após a morte,’ ... ou ‘O
Tathagata nem existe, nem não existe após a morte.’
“Mas, amigo, aquele que compreende e vê a forma ... sensação ... percepção ...
formações ... consciência como na verdade ela é, que compreende e vê a sua origem,
cessação e o caminho que conduz à sua cessação, não pensa: ‘O Tathagata existe
após a morte,’ ... ou ‘O Tathagata nem existe, nem não existe após a morte.’
“Essa, amigo, é a causa e razão porque isso não foi declarado pelo Abençoado.”
“Nesse caso, após a morte um Tathagata tanto existe como não existe?”
“Vaccha, eu não declarei isso: após a morte um Tathagata tanto existe como não
existe.”
“Nesse caso, após a morte um Tathagata nem existe nem não existe?”
“Vaccha, eu não declarei isso: após a morte um Tathagata nem existe nem não
existe.”
“Então, Venerável Gotama, existe um eu?” Quando isso foi dito, o Abençoado ficou
em silêncio.
“Então, não existe um eu?” Uma segunda vez o Abençoado ficou em silêncio.
Em seguida, não muito tempo após o errante Vacchagotta ter partido o Venerável
Ananda disse ao Abençoado:
“Porque, senhor, o Abençoado não respondeu quando foi perguntado pelo errante
Vacchagotta?”
“Ananda, se eu, tendo sido perguntado pelo errante Vacchagotta se existe um eu,
tivesse respondido que existe um eu, isso estaria conforme com aqueles Brâmanes e
contemplativos que são os expoentes da doutrina eternalista (isto é, a idéia de que
existe uma alma eterna). E se eu ... tivesse respondido que não existe um eu, isso
estaria conforme com aqueles Brâmanes e contemplativos que são os expoentes do
niilismo (isto é de que a morte é a aniquilação da experiência). Se eu ... tivesse
respondido que existe um eu, isso seria compatível com o surgimento do
conhecimento de que todos os fenômenos são não-eu?”
“Não, Senhor.”
“E se eu ... tivesse respondido que não existe um eu, o confuso Vacchagotta ficaria
ainda mais confuso: ‘Aquele eu que eu costumava ter, agora não existe?’”
Assim ouvi. Em certa ocasião, o Abençoado estava entre os Sakyas numa cidade
denominada Nagaraka. Então, o Venerável Ananda foi até o Abençoado e depois de
cumprimentá-lo sentou a um lado e disse:
“Venerável senhor, isto é metade da vida santa, ter pessoas admiráveis como bons
amigos, companheiros e camaradas.”
“Não diga isso, Ananda. Não diga isso, Ananda. Isso é toda a vida santa, Ananda, isto
é, ter pessoas admiráveis como bons amigos, companheiros e camaradas. Quando
um bhikkhu tem pessoas admiráveis como bons amigos, companheiros e camaradas,
é de se esperar que ele desenvolva e se dedique ao nobre caminho óctuplo.
“E como, Ananda, um bhikkhu, que tem pessoas admiráveis como bons amigos,
companheiros e camaradas, desenvolve e se dedica ao nobre caminho óctuplo? Aqui,
Ananda, um bhikkhu desenvolve o entendimento correto, que tem por base o
afastamento, o desapego e a cessação, que amadurece no abandono. Ele desenvolve
o pensamento correto ... linguagem correta ... ação correta ... modo de vida correto ...
esforço correto ... atenção plena correta ... concentração correta, que tem por base o
afastamento, o desapego, a cessação, que amadurece no abandono. Assim é como
um bhikkhu, que tem pessoas admiráveis como bons amigos, companheiros e
camaradas, desenvolve e se dedica ao nobre caminho óctuplo.
“Aqui, Venerável senhor, errantes de outras seitas nos perguntam: ‘Com qual
propósito, amigos, a vida santa é vivida sob o contemplativo Gotama?’ Quando
somos assim perguntados, Venerável senhor, nós respondemos a esses errantes
desta forma: ‘Amigos, é para a completa compreensão do sofrimento que a vida
santa é vivida sob o Abençoado.’ Venerável senhor, esperamos que ao ter
respondido dessa forma, tenhamos dito aquilo que foi dito pelo Abençoado e que
não o tenhamos deturpado com algo contrário aos fatos. Esperamos que tenhamos
explicado de acordo com o Dhamma, de tal modo que nada que dê margem à
censura possa de forma legítima ser deduzido da nossa declaração.”
“Com certeza, bhikkhus, ao terem respondido dessa forma vocês dizem aquilo que
foi dito por mim e não me deturpam com algo contrário aos fatos; vocês explicam de
acordo com o Dhamma e nada que dê margem à censura pode de forma legítima ser
deduzida da declaração de vocês. Pois, bhikkhus, é para a completa compreensão do
sofrimento que a vida santa é vivida sob mim.
“E qual, bhikkhus, é esse caminho, qual é esse meio para a completa compreensão do
sofrimento? É este Nobre Caminho Óctuplo; isto é, entendimento correto ...
concentração correta. Esse é o caminho, esse é o meio para a completa compreensão
do sofrimento.
Quando isso foi dito, aquele bhikkhu disse para o Abençoado: “Venerável senhor,
dizem, ‘o Imortal, o Imortal.’ Então, Venerável senhor, o que é esse Imortal? Qual o
caminho que conduz ao Imortal?”
"E o que é ação correta? Abster-se de tirar a vida de outros seres, abster-se de tomar
aquilo que não for dado, abster-se da conduta sexual imprópria. A isto se chama de
ação correta."
"E o que é modo de vida correto? Aqui um nobre discípulo, tendo abandonado o
modo de vida incorreto, obtém o seu sustento através do modo de vida correto. A
isto se chama modo de vida correto."
"E o que é esforço correto? (i) Aqui, bhikkhus, um bhikkhu gera desejo para que não
surjam estados ruins e prejudiciais que ainda não surgiram e ele se aplica, estimula
a sua energia, empenha a sua mente e se esforça. (ii) Ele gera desejo em abandonar
estados ruins e prejudiciais que já surgiram e ele se aplica, estimula a sua energia,
empenha a sua mente e se esforça. (iii) Ele gera desejo para que surjam estados
benéficos que ainda não surgiram e ele se aplica, estimula a sua energia, empenha a
sua mente e se esforça. (iv) Ele gera desejo para a continuidade, o não
desaparecimento, o fortalecimento, o incremento e a realização através do
desenvolvimento de estados benéficos que já surgiram e ele se aplica, estimula a sua
energia, empenha a sua mente e se esforça. A isto se denomina esforço correto."
"E o que é atenção plena correta? (i) Aqui, bhikkhus, um bhikkhu permanece
contemplando o corpo como um corpo - ardente, plenamente consciente e com
atenção plena, tendo colocado de lado a cobiça e o desprazer pelo mundo. (ii) Ele
permanece contemplando as sensações como sensações – ardente, plenamente
consciente e com atenção plena, tendo colocado de lado a cobiça e o desprazer pelo
mundo. (iii) Ele permanece contemplando a mente como mente - ardente,
plenamente consciente e com atenção plena, tendo colocado de lado a cobiça e o
desprazer pelo mundo. (iv) Ele permanece contemplando os objetos mentais como
objetos mentais - ardente, plenamente consciente e com atenção plena, tendo
colocado de lado a cobiça e o desprazer pelo mundo. A isto se denomina atenção
plena correta.
"E o que é concentração correta? (i) Aqui, bhikkhus, um bhikkhu afastado dos
prazeres sensuais, afastado das qualidades não hábeis, entra e permanece no
primeiro jhana, que é caracterizado pelo pensamento aplicado e sustentado, com o
êxtase e felicidade nascidos do afastamento. (ii) Abandonando o pensamento
aplicado e sustentado, um bhikkhu entra e permanece no segundo jhana, que é
caracterizado pela segurança interna e perfeita unicidade da mente, sem o
pensamento aplicado e sustentado, com o êxtase e felicidade nascidos da
concentração. (iii) Abandonando o êxtase, um bhikkhu entra e permanece no
terceiro jhana que é caracterizado pela felicidade sem o êxtase, acompanhada pela
atenção plena, plena consciência e equanimidade, acerca do qual os nobres
declaram: ‘Ele permanece numa estada feliz, equânime e plenamente atento.’ (iv)
Com o completo desaparecimento da felicidade, um bhikkhu entra e permanece no
quarto jhana, que possui nem felicidade nem sofrimento, com a atenção plena e a
equanimidade purificadas. A isto se denomina concentração correta."
Quando isso foi dito, o errante Nandiya disse para o Abençoado: “Magnífico, Mestre
Gotama! Magnífico, Mestre Gotama! Mestre Gotama esclareceu o Dhamma de várias
formas, como se tivesse colocado em pé o que estava de cabeça para baixo, revelasse
o que estava escondido, mostrasse o caminho para alguém que estivesse perdido ou
segurasse uma lâmpada no escuro para aqueles que possuem visão pudessem ver as
formas. Eu busco refúgio no Mestre Gotama, no Dhamma e na Sangha dos bhikkhus.
Que o Mestre Gotama me aceite como o discípulo leigo que buscou refúgio para o
resto da vida.”
Vihara Sutta (SN XLV.11) – Permanência
Em Savatthi. “Bhikkhus, eu quero estar em retiro por meio mês. Eu não devo ser
abordado por ninguém exceto aquele que me traz a comida esmolada.”
“Bhikkhus, nesse meio mês eu permaneci no mesmo estado em que permaneci logo
depois de ter alcançado a perfeita iluminação. Eu compreendi desta forma: ‘Há
sensações que têm o entendimento incorreto como condição e também sensações
que têm o entendimento correto como condição. Há sensações que têm a
concentração incorreta como condição e também há sensações que têm a
concentração correta como condição. Há sensações que têm o desejo como condição
e também há sensações que têm o pensamento como condição e também há
sensações que têm a percepção como condição.
“Muito bem, amigo Bhadda! A sua inteligência é excelente, amigo Bhadda, a sua
perspicácia é excelente, a sua pergunta é muito boa. Pois você me perguntou: ‘Amigo
Ananda, dizem “a vida santa, a vida santa.” O que então, amigo, é a vida santa e qual
o objetivo último da vida santa?’”
“Sim, amigo.”
“Este Nobre Caminho Óctuplo, amigo, é a vida santa; isto é, entendimento correto ...
concentração correta. A destruição da cobiça, a destruição da raiva, a destruição da
delusão: isso, amigo, é o objetivo último da vida santa.”
“E quais, bhikkhus, são os estados benéficos? Eles são: entendimento correto ...
concentração correta. Esses são chamados de estados benéficos.”
“Bhikkhus, como um pote sem um suporte ... assim também a mente sem um suporte
é derrubada com facilidade, enquanto que a mente que tem um suporte é difícil de
derrubar.”
“Muito bem, Uttiya! Esses cinco elementos do prazer sensual foram descritos por
mim. Quais cinco? Formas conscientizadas através do olho, que são desejáveis,
agradáveis e fáceis de serem gostadas, conectadas com o desejo sensual e que
provocam a cobiça. Sons conscientizados através do ouvido … Aromas
conscientizados através do nariz … Sabores conscientizados através da língua
…Tangíveis conscientizados através do corpo, que são desejáveis, agradáveis e fáceis
de serem gostados, conectados com o desejo sensual e que provocam a cobiça. Esses
são os cinco elementos do prazer sensual descritos por mim.
“O Nobre Caminho Óctuplo, Uttiya, deve ser desenvolvido para o abandono desses
cinco elementos do prazer sensual. E qual é o Nobre Caminho Óctuplo? É o
entendimento correto ... concentração correta. O Nobre Caminho Óctuplo deve ser
desenvolvido para o abandono desses cinco elementos do prazer sensual.”
“E qual, bhikkhus, é esse caminho, qual é esse meio para alcançar o nibbana final sem
apego? É este Nobre Caminho Óctuplo; isto é, entendimento correto ... concentração
correta. Esse é o caminho, esse é o meio para alcançar o nibbana final sem apego.
“Sendo assim perguntados, bhikkhus, é dessa forma que vocês deveriam responder
aos errantes de outras seitas.”
“E como um bhikkhu que tem pessoas admiráveis como bons amigos desenvolve e
cultiva o Nobre Caminho Óctuplo? Aqui, bhikkhus, um bhikkhu desenvolve o
entendimento correto, que tem como objetivo último a remoção da cobiça, a
remoção da raiva, a remoção da delusão ... Ele desenvolve a concentração correta,
que tem como objetivo último a remoção da cobiça, a remoção da raiva, a remoção
da delusão. É desse modo, bhikkhus, que um bhikkhu que tem pessoas admiráveis
como bons amigos desenvolve e cultiva o Nobre Caminho Óctuplo.”
“Bhikkhus, eu não vejo nenhuma outra coisa por meio da qual surja o Nobre
Caminho Óctuplo que ainda não surgiu, e o Nobre Caminho Óctuplo que já surgiu ser
concretizado através do desenvolvimento de uma maneira tão efetiva quanto por
isto: perfeição da virtude ... perfeição do desejo ... perfeição do eu ... perfeição do
entendimento ... perfeição da diligência ... perfeição da atenção com sabedoria. ccii
Quando um bhikkhu tem a atenção com sabedoria perfeita, é de se esperar que ele
desenvolva e se dedique ao nobre caminho óctuplo.
“E como um bhikkhu que tem a atenção com sabedoria perfeita desenvolve e cultiva
o Nobre Caminho Óctuplo? Aqui, bhikkhus, um bhikkhu desenvolve o entendimento
correto, que tem como objetivo último a remoção da cobiça, a remoção da raiva, a
remoção da delusão ... Ele desenvolve a concentração correta, que tem como
objetivo último a remoção da cobiça, a remoção da raiva, a remoção da delusão. É
dessa forma, bhikkhus, que um bhikkhu que tem a atenção com sabedoria perfeita
desenvolve e cultiva o Nobre Caminho Óctuplo.”
“Bhikkhus, como um pote que foi virado de cabeça para baixo abandona toda a sua
água e não a toma de volta, assim também um bhikkhu que desenvolve e cultiva o
Nobre Caminho Óctuplo abandona todos os estados ruins e prejudiciais e não os
toma de volta.
Em Savatthi.
“Bhikkhus, há essas três buscas. Quais três? A busca pelo prazer sensual, a busca por
ser/existir e a busca por uma vida santa. Essas são as três buscas. O Nobre Caminho
Óctuplo deve ser desenvolvido para o conhecimento direto dessas três buscas.
... “Qual Nobre Caminho Óctuplo? Neste caso, bhikkhus, um bhikkhu desenvolve o
entendimento correto ... concentração correta, que tem como objetivo último a
destruição da cobiça, a destruição da raiva e a destruição da delusão.”
... “Qual Nobre Caminho Óctuplo? Neste caso, bhikkhus, um bhikkhu desenvolve o
entendimento correto ... concentração correta, que tem o Imortal como base, o
Imortal como seu destino, o Imortal como seu objetivo último.”
... “Qual Nobre Caminho Óctuplo? Neste caso, bhikkhus, um bhikkhu desenvolve o
entendimento correto ... concentração correta, que decliva, tende e se inclina na
direção de nibbana. Esse Nobre Caminho Óctuplo deve ser desenvolvido para o
conhecimento direto dessas três buscas.”
Cada uma das seções que seguem (II – IV) devem ser elaboradas de acordo com o
método empregado na seção acima sobre o conhecimento direto.
“Bhikkhus, há essas três buscas. Quais três? A busca pelo prazer sensual, a busca por
ser/existir, a busca por uma vida santa. Essas são as três buscas. O Nobre Caminho
Óctuplo deve ser desenvolvido para a completa compreensão dessas três buscas.”
“Bhikkhus, há essas três buscas. Quais três? A busca pelo prazer sensual, a busca por
ser/existir, a busca por uma vida santa. Essas são as três buscas. O Nobre Caminho
Óctuplo deve ser desenvolvido para a total destruição dessas três buscas.”
(IV. Abandono)
“Bhikkhus, há essas três buscas. Quais três? A busca pelo prazer sensual, a busca por
ser/existir, a busca por uma vida santa. Essas são as três buscas. O Nobre Caminho
Óctuplo deve ser desenvolvido para o abandono dessas três buscas.”
“Bhikkhus, há esses três tipos de sofrimento. Quais três? Sofrimento devido à dor,
sofrimento devido às formações e sofrimento devido à mudança. Esses são os três
tipos de sofrimento. O Nobre Caminho Óctuplo deve ser desenvolvido para o
conhecimento direto desses três tipos de sofrimento, para a sua completa
compreensão, para a sua total destruição e para o seu abandono.”
Em Savatthi. “Bhikkhus, tal como este corpo, sustentado pelo alimento, subsiste na
dependência do alimento e não subsiste sem alimento, assim também os cinco
obstáculos, sustentados pelo alimento, subsistem na dependência do alimento e não
subsistem sem alimento.
“E qual, bhikkhus, é o alimento para o surgimento do desejo sensual que ainda não
surgiu ou para o crescimento e incremento do desejo sensual, uma vez que este
tenha surgido? Há, bhikkhus, o sinal da beleza: dar com freqüência atenção sem
sabedoria para isso, esse é o alimento para o surgimento do desejo sensual que
ainda não surgiu ou para o crescimento e incremento do desejo sensual, uma vez
que este tenha surgido.
“E qual, bhikkhus, é o alimento para o surgimento da dúvida que ainda não surgiu ou
para o crescimento e incremento da dúvida uma vez que esta tenha surgido? Há,
bhikkhus, coisas que são a base da dúvida: dar com freqüência atenção sem
sabedoria para isso, esse é o alimento para o surgimento da dúvida que ainda não
surgiu ou para o crescimento e incremento da dúvida, uma vez que esta tenha
surgido.
“Tal como este corpo, bhikkhus, sustentado pelo alimento, subsiste na dependência
do alimento e não subsiste sem alimento, assim também os cinco obstáculos,
sustentados pelo alimento, subsistem na dependência do alimento e não subsistem
sem alimento..
“Bhikkhus, tal como este corpo, sustentado pelo alimento, subsiste na dependência
do alimento e não subsiste sem alimento, assim também os fatores da iluminação,
sustentados pelo alimento, subsistem na dependência do alimento e não subsistem
sem alimento.
"Tal como este corpo, bhikkhus, sustentado pelo alimento, subsiste na dependência
do alimento e não subsiste sem alimento, assim também os fatores da iluminação,
sustentados pelo alimento, subsistem na dependência do alimento e não subsistem
sem alimento."
“Permanecendo assim com atenção plena, ele investiga aquele Dhamma com
sabedoria, ele o examina, faz uma análise. Sempre, bhikkhus, que um bhikkhu
permanece assim com atenção plena, nessa ocasião o fator da iluminação da
investigação dos fenômenos é estimulado pelo bhikkhu; nessa ocasião o bhikkhu
desenvolve o fator da iluminação da investigação dos fenômenos; nessa ocasião o
fator da iluminação da investigação dos fenômenos alcança a sua plenitude através
do seu desenvolvimento naquele bhikkhu.
“Enquanto ele investiga aquele Dhamma com sabedoria, ele o examina, faz uma
análise, a energia dele é estimulada sem enfraquecimento. Sempre, bhikkhus, que a
energia de um bhikkhu é estimulada sem enfraquecimento, enquanto ele investiga
aquele Dhamma com sabedoria, nessa ocasião o fator da iluminação da energia é
estimulado pelo bhikkhu; nessa ocasião o bhikkhu desenvolve o fator da iluminação
da energia; nessa ocasião o fator da iluminação da energia alcança a sua plenitude
através do seu desenvolvimento naquele bhikkhu.
“Quando a energia dele é estimulada, surge nele o êxtase. Sempre, bhikkhus, que o
êxtase surge num bhikkhu cuja energia é estimulada, nessa ocasião o fator da
iluminação do êxtase é estimulado pelo bhikkhu; nessa ocasião, o bhikkhu
desenvolve o fator da iluminação do êxtase; nessa ocasião o fator da iluminação do
êxtase alcança a sua plenitude através do seu desenvolvimento naquele bhikkhu.
“Naquele cuja mente está elevada pelo êxtase, o corpo fica calmo e a mente fica
tranqüila. Sempre, bhikkhus, que o corpo fica calmo e a mente fica tranqüila num
bhikkhu cuja mente está elevada pelo êxtase, nessa ocasião, o fator da iluminação da
tranqüilidade é estimulado pelo bhikkhu; nessa ocasião, o bhikkhu desenvolve o
fator da iluminação da tranqüilidade; nessa ocasião, o fator da iluminação da
tranqüilidade alcança a sua plenitude através do seu desenvolvimento naquele
bhikkhu.
“Naquele em que o corpo está calmo e que sente felicidade, a mente se torna
concentrada. Sempre, bhikkhus, que a mente fica concentrada num bhikkhu cujo
corpo está calmo e que sente felicidade, nessa ocasião, o fator da iluminação da
concentração é estimulado pelo bhikkhu; nessa ocasião, o bhikkhu desenvolve o fator
da iluminação da concentração; nessa ocasião, o fator da iluminação da
concentração alcança a sua plenitude através do seu desenvolvimento naquele
bhikkhu.
“Ele olha de perto com equanimidade para a mente assim concentrada. Sempre,
bhikkhus, que um bhikkhu olhar de perto para a mente assim concentrada, nessa
ocasião, o fator da iluminação da equanimidade será estimulado pelo bhikkhu; nessa
ocasião, o bhikkhu desenvolverá o fator da iluminação da equanimidade; nessa
ocasião, o fator da iluminação da equanimidade alcançará a sua plenitude através do
seu desenvolvimento naquele bhikkhu.
“Se ele não realizar o conhecimento supremo cedo nesta mesma vida, então ele
realizará o conhecimento supremo ao morrer.
“Se ele não realizar o conhecimento supremo cedo nesta mesma vida ou ao morrer,
então, com a completa destruição dos cinco primeiros grilhões, ele realiza nibbana
no intervalo.ccvi
“Se ele não realizar o conhecimento supremo cedo nesta mesma vida ... ou nibbana
não for realizado no intervalo, então, com a completa destruição dos cinco primeiros
grilhões, nibbana é realizado ao pousar.
“Se ele não realizar o conhecimento supremo cedo nesta mesma vida ... ou nibbana
não for realizado ao pousar, então, com a completa destruição dos cinco primeiros
grilhões, nibbana é realizado sem esforço.
“Se ele não realizar o conhecimento supremo cedo nesta mesma vida ... ou nibbana
não for realizado sem esforço, então, com a completa destruição dos cinco primeiros
grilhões, nibbana é realizado com esforço.
“Se ele não realizar o conhecimento supremo cedo nesta mesma vida ... ou nibbana
não for realizado com esforço, então, com a completa destruição dos cinco primeiros
grilhões, ele estará destinado a um plano superior, o plano Akanittha.
“Se, amigos, me ocorrer, ‘[Que seja] o fator da iluminação da atenção plena,’ então
me ocorre, ‘É imensurável’; então me ocorre, ‘Está completamente aperfeiçoado.’
Enquanto ele persiste, eu compreendo, ‘Ele persiste.’ Se ele diminuir em mim, eu
compreendo, ‘Ele diminuiu em mim por alguma razão em particular.’
...
“Se, amigos, me ocorrer, ‘[Que seja] o fator da iluminação da atenção plena,’ ...(igual
acima) ... eu compreendo, ‘Ele diminuiu em mim por alguma razão em particular.’”
“Além disso, Kundaliya, tendo ouvido um som agradável com o ouvido ... tendo
cheirado um aroma agradável com o nariz ... tendo saboreado um sabor agradável
com a língua ... tendo tocado um tangível agradável com o corpo ... tendo
conscientizado um objeto mental agradável com a mente, um bhikkhu não o deseja,
ou fica excitado com ele ou gera cobiça por ele. O seu corpo permanece firme e a sua
mente permanece firme, tranquilos no interior e bem libertados. E tendo ouvido um
som desagradável com o ouvido ... tendo conscientizado um objeto mental
desagradável com a mente, ele não fica consternado por isso, não fica intimidado,
não fica deprimido, ele permanece sem má vontade. O seu corpo permanece firme e
a sua mente permanece firme, tranquilos no interior e bem libertados.
“Quando, Kundaliya, depois de ter visto uma forma com o olho, o corpo e a mente do
bhikkhu permanecerem firmes, tranquilos no interior e bem libertados em relação a
ambas, as formas agradáveis e as desagradáveis; quando, depois dele ter ouvido um
som com o ouvido ... cheirado um aroma com o nariz ... saboreado um sabor com a
língua ... tocado um tangível com o corpo ... conscientizado um objeto mental com a
mente, o corpo e a mente do bhikkhu permanecerem firmes, tranquilos no interior e
bem libertados em relação a ambos, os objetos mentais agradáveis e os
desagradáveis, então a sua contenção das faculdades dos sentidos terá sido
desenvolvida e cultivada para ele realizar os três tipos de conduta benéfica.
Quando isso foi dito, o errante Kundaliya disse para o Abençoado: “Magnífico,
Mestre Gotama! Magnífico, Mestre Gotama! Mestre Gotama esclareceu o Dhamma de
várias formas, como se tivesse colocado em pé o que estava de cabeça para baixo,
revelasse o que estava escondido, mostrasse o caminho para alguém que estivesse
perdido ou segurasse uma lâmpada no escuro para aqueles que possuem visão
pudessem ver as formas. Eu busco refúgio no Mestre Gotama, no Dhamma e na
Sangha dos bhikkhus. Que o Mestre Gotama me aceite como o discípulo leigo que
buscou refúgio para o resto da vida.”
“Bhikkhus, qualquer ser vivo que existe que adote as quatro posturas – algumas
vezes caminhando, algumas vezes parados em pé, algumas vezes sentados, algumas
vezes deitados – todos adotam as quatro posturas baseados na terra, estabelecidos
na terra. Da mesma maneira, baseado na virtude, estabelecido na virtude, um
bhikkhu desenvolve e cultiva os sete fatores da iluminação.
“E como ele faz isso? Nesse caso, bhikkhus, um bhikkhu desenvolve o fator da
iluminação da atenção plena, que tem como base o afastamento, desapego e
cessação, que amadurece no abandono ... ele desenvolve o fator da iluminação da
equanimidade, que tem como base o afastamento, desapego e cessação, que
amadurece no abandono. É dessa forma, bhikkhus, que um bhikkhu, baseado na
virtude, estabelecido na virtude, desenvolve e cultiva os sete fatores da iluminação.”
“Venerável senhor, eu não estou agüentando bem, eu não estou melhorando. Minhas
sensações de dor estão aumentando, não diminuindo, o seu aumento, não a sua
diminuição é evidente.”
“Esses sete fatores da iluminação, Kassapa, foram bem expostos por mim; quando
desenvolvidos e cultivados, eles conduzem ao conhecimento direto, à iluminação, a
nibbana. Quais sete? O fator da iluminação da atenção plena foi bem exposto por
mim; quando desenvolvido e cultivado, ele conduz ao conhecimento direto, à
iluminação, a nibbana ... o fator da iluminação da equanimidade foi bem exposto por
mim; quando desenvolvido e cultivado, ele conduz ao conhecimento direto, à
iluminação, a nibbana. Esses sete fatores da iluminação, Kassapa, foram bem
expostos por mim; quando desenvolvidos e cultivados, eles conduzem ao
conhecimento direto, à iluminação, a nibbana.”
“Com certeza, Abençoado, esses são fatores da iluminação! Com certeza, Iluminado,
esses são fatores da iluminação!”
Isso foi o que disse o Abençoado. O Venerável Maha Kassapa ficou satisfeito e
contente com as palavras do Abençoado. E o Venerável Maha Kassapa se recuperou
daquela enfermidade. Dessa maneira o Venerável Maha Kassapa foi curado da sua
enfermidade.
“Esses sete fatores da iluminação, Venerável Senhor, foram bem expostos pelo
Abençoado; quando desenvolvidos e cultivados, eles conduzem ao conhecimento
direto, à iluminação, a nibbana. Quais sete? O fator da iluminação da atenção plena
foi bem exposto pelo Abençoado; quando desenvolvido e cultivado, ele conduz ao
conhecimento direto, à iluminação, a nibbana ... o fator da iluminação da
equanimidade foi bem exposto pelo Abençoado; quando desenvolvido e cultivado,
ele conduz ao conhecimento direto, à iluminação, a nibbana. Esses sete fatores da
iluminação foram bem expostos pelo Abençoado; quando desenvolvidos e
cultivados, eles conduzem ao conhecimento direto, à iluminação, a nibbana.”
“Com certeza, Cunda, esses são fatores da iluminação! Com certeza, Cunda, esses são
fatores da iluminação!”
Isso foi o que disse o Venerável Maha Cunda. O Mestre aprovou. E o Abençoado se
recuperou daquela enfermidade. Dessa maneira o Abençoado foi curado da sua
enfermidade.
“Bhikkhus, ao dar atenção, com freqüencia, para coisas que são a base para o desejo
sensual, o desejo sensual que ainda não surgiu, surge, e o desejo sensual que já
surgiu aumenta e expande. Ao dar atenção, com freqüencia, para coisas que são a
base para a má vontade, a má vontade que ainda não surgiu, surge, e a má vontade
que já surgiu aumenta e expande. Ao dar atenção, com freqüencia, para coisas que
são a base para a preguiça e o torpor, a preguiça e o torpor que ainda não surgiram,
surgem, e a preguiça e o torpor que já surgiram aumentam e expandem. Ao dar
atenção, com freqüencia, para coisas que são a base para a inquietação e a
ansiedade, a inquietação e a ansiedade que ainda não surgiram, surgem, e a
inquietação e a ansiedade que já surgiram aumentam e expandem. Ao dar atenção,
com freqüencia, para coisas que são a base para a dúvida, a dúvida que ainda não
surgiu, surge, e a dúvida que já surgiu aumenta e expande.
“Bhikkhus, ao dar atenção, com freqüência, para coisas que são a base para o fator da
iluminação da atenção plena, o fator da iluminação da atenção plena que ainda não
surgiu, surge, e o fator da iluminação da atenção plena que já surgiu é consumado
através do desenvolvimento ... Ao dar atenção, com freqüência, para coisas que são a
base para o fator da iluminação da equanimidade, o fator da iluminação da
equanimidade que ainda não surgiu, surge, e o fator da iluminação da equanimidade
que já surgiu é consumado através do desenvolvimento.”
“Bhikkhus, quando alguém dá atenção sem sabedoria, o desejo sensual que ainda
não surgiu, surge, e o desejo sensual que já surgiu aumenta e expande. Quando
alguém dá atenção sem sabedoria, a má vontade que ainda não surgiu, surge, e a má
vontade que já surgiu aumenta e expande. Quando alguém dá atenção sem
sabedoria, a preguiça e torpor que ainda não surgiram, surgem, e a preguiça e torpor
que já surgiram aumentam e expandem. Quando alguém dá atenção sem sabedoria,
a inquietação e ansiedade que ainda não surgiu, surgem, e a inquietação e ansiedade
que já surgiram aumentam e expandem. Quando alguém dá atenção sem sabedoria,
a dúvida que ainda não surgiu, surge, e a dúvida que já surgiu aumenta e expande.
Além disso, o fator da iluminação da atenção plena que ainda não surgiu, não surge,
e o fator da iluminação da atenção plena que já surgiu cessa ... o fator da iluminação
da equanimidade que ainda não surgiu, não surge, e o fator da iluminação da
equanimidade que já surgiu cessa.
“Quando alguém dá atenção com sabedoria, o desejo sensual que ainda não surgiu,
não surge, e o desejo sensual que já surgiu é abandonado. Quando alguém dá
atenção com sabedoria, a má vontade que ainda não surgiu ... preguiça e torpor ...
inquietação e ansiedade ... dúvida que ainda não surgiu, não surge, e a dúvida que já
surgiu é abandonada. Além disso, o fator da iluminação da atenção plena que ainda
não surgiu, surge, e o fator da iluminação da atenção plena que já surgiu é
consumado através do desenvolvimento ... o fator da iluminação da equanimidade
que ainda não surgiu, surge, e o fator da iluminação da equanimidade que já surgiu é
consumado através do desenvolvimento."
“Bhikkhus, eu ensinarei para vocês o caminho que faz parte da penetração. ccvii
Ouçam e prestem muita atenção àquilo que eu vou dizer.” – “Sim, Venerável senhor,”
os bhikkhus responderam. O Abençoado disse o seguinte:
...
“Ele desenvolve o fator da iluminação da equanimidade, que tem como base o
afastamento, desapego e cessação, que amadurece no abandono; que é vasto,
glorificado, imensurável, sem má vontade. Com uma mente que tenha desenvolvido
o fator da iluminação da equanimidade, ele penetra e parte a massa de cobiça ... a
massa de raiva ... a massa de delusão que ele nunca antes havia penetrado e partido.
“Bhikkhus, eu não vejo nenhuma outra coisa que, quando desenvolvida e cultivada,
conduz ao abandono das coisas que agrilhoam de forma tão eficaz como esta: os sete
fatores da iluminação. Quais sete? O fator da iluminação da atenção plena ... o fator
da iluminação da equanimidade.”
“E quais, bhikkhus, são as coisas que agrilhoam? O olho é uma coisa que agrilhoa; é
aqui que esses grilhões, correntes e algemas surgem. O ouvido é uma coisa que
agrilhoa ... O nariz é uma coisa que agrilhoa ... A língua é uma coisa que agrilhoa ... O
corpo é uma coisa que agrilhoa ... A mente é uma coisa que agrilhoa; é aqui que esses
grilhões, correntes e algemas surgem. Essas são chamadas de coisas que agrilhoam.”
‘Esse, Venerável senhor, é o caminho que obtive que, ... me conduzirá ... a um tal
estado que compreenderei que: ‘O nascimento foi destruído, a vida santa foi vivida,
o que deveria ser feito foi feito, não há mais vir a ser a nenhum estado.’”
“Muito bem, Udayi! De fato, Udayi, esse é o caminho que você obteve, e que quando
você o tiver cultivado e desenvolvido conduzi-lo-á, enquanto você estiver numa
permanência adequada, a um tal estado que você compreenderá que: ‘O nascimento
foi destruído, a vida santa foi vivida, o que deveria ser feito foi feito, não há mais vir
a ser a nenhum estado.’”
“Bhikkhus, todos os estados que existem que são benéficos, que partilham do
benéfico, que pertencem ao que é benéfico, todos eles estão enraizados na
diligência, convergem para a diligência e a diligência é declarada como a principal
dentre eles. Quando um bhikkhu é diligente, é de se esperar que ele desenvolva e
cultive os sete fatores da iluminação.
“E como, bhikkhus, um bhikkhu que é diligente desenvolve e cultiva os sete fatores
da iluminação? Nesse caso, bhikkhus, um bhikkhu desenvolve o fator da iluminação
da atenção plena, que tem como base o afastamento, desapego e cessação, que
amadurece no abandono ... ele desenvolve o fator da iluminação da equanimidade,
que tem como base o afastamento, desapego e cessação, que amadurece no
abandono. É desse modo, bhikkhus, que um bhikkhu que é diligente desenvolve e
cultiva os sete fatores da iluminação."
“Bhikkhus, todos os estados que existem, que são benéficos, que partilham do
benéfico, que pertencem ao que é benéfico, todos eles estão enraizados na atenção
com sabedoria, convergem para a atenção com sabedoria e a atenção com sabedoria
é declarada como a principal dentre eles. Quando um bhikkhu é consumado na
atenção com sabedoria, é de se esperar que ele desenvolva e cultive os sete fatores
da iluminação.
“Bhikkhus, há essas cinco corrupções do ouro, através das quais o ouro nem é
maleável, nem manuseável e tampouco luminoso, mas quebradiço e sem as
condições apropriadas para ser trabalhado. Quais cinco? O ferro é uma corrupção do
ouro, através da qual o ouro nem é maleável, nem manuseável e tampouco
luminoso, mas quebradiço e sem as condições apropriadas para ser trabalhado. O
cobre é uma corrupção do ouro ... O estanho é uma corrupção do ouro ... O chumbo é
uma corrupção do ouro ... A prata é uma corrupção do ouro ... Essas são as cinco
corrupções do ouro, através das quais o ouro nem é maleável, nem manuseável e
tampouco luminoso mas quebradiço e sem as condições apropriadas para ser
trabalhado.
“Do mesmo modo, bhikkhus, há essas cinco corrupções da mente, através das quais a
mente nem é maleável, nem manuseável e tampouco luminosa, mas quebradiça e
desprovida da correta concentração para a destruição das impurezas. Quais cinco? O
desejo sensual é uma corrupção da mente, através da qual a mente nem é maleável,
nem é manuseável e tampouco luminosa, mas quebradiça e desprovida da correta
concentração para a destruição das impurezas. A má vontade é uma corrupção da
mente ... A preguiça e o torpor são uma corrupção da mente ... A inquietação e a
ansiedade são uma corrupção da mente ... A dúvida é uma corrupção da mente.
Essas são as cinco corrupções da mente, através das quais a mente nem é maleável,
nem manuseável e tampouco luminosa, mas quebradiça e desprovida da correta
concentração para a destruição das impurezas.”
“Bhikkhus, quando alguém dá atenção sem sabedoria, o desejo sensual, que ainda
não surgiu, surge e o desejo sensual, que já surgiu, aumenta e expande; a má
vontade, que ainda não surgiu, surge e a má vontade, que já surgiu, aumenta e
expande; a preguiça e o torpor, que ainda não surgiram, surgem e a preguiça e o
torpor, que já surgiram, aumentam e expandem; a inquietação e a ansiedade, que
ainda não surgiram, surgem e a inquietação e a ansiedade, que já surgiram,
aumentam e expandem; a dúvida, que ainda não surgiu, surge e a dúvida, que já
surgiu, aumenta e expande.
“Há, bhikkhus, esses sete fatores da iluminação, que são não-obstruções, não-
obstáculos, não-corrupções da mente; quando desenvolvidos e cultivados eles
conduzem à realização do fruto do verdadeiro conhecimento e libertação. Quais
sete? O fator da iluminação da atenção plena é uma não-obstrução ... O fator da
iluminação da equanimidade é uma não-obstrução. Esses são os sete fatores da
iluminação que são não-obstruções, não-obstáculos, não-corrupções da mente;
quando desenvolvidos e cultivados eles conduzem à realização do fruto do
verdadeiro conhecimento e libertação.”
“E como um bhikkhu que tem pessoas admiráveis como bons amigos desenvolve e
cultiva os sete fatores da iluminação? Nesse caso, bhikkhus, um bhikkhu desenvolve
o fator da iluminação da atenção plena, que tem como base o isolamento, desapego e
cessação, que amadurece na libertação ... ele desenvolve o fator da iluminação da
equanimidade, que tem como base o afastamento, desapego e cessação, que
amadurece no abandono. É dessa forma, bhikkhus, que um bhikkhu que tem pessoas
admiráveis como bons amigos desenvolve e cultiva os sete fatores da iluminação.”
Ajjhattikanga Sutta (SN XLVI.49) - Fator Interno
“Bhikkhus, quanto aos fatores internos, eu não vejo nenhum outro fator que
contribua tanto para o surgimento dos sete fatores da iluminação quanto este:
atenção com sabedoria. Quando um bhikkhu é consumado na atenção com
sabedoria, é de se esperar que ele desenvolva e cultive os sete fatores da
iluminação.”
“Bhikkhus, quanto aos fatores externos, eu não vejo nenhum outro fator que
contribua tanto para o surgimento dos sete fatores da iluminação quanto este: ter
pessoas admiráveis como bons amigos. Quando um bhikkhu tem pessoas admiráveis
como bons amigos, é de se esperar que ele desenvolva e cultive os sete fatores da
iluminação.
“E como um bhikkhu que tem pessoas admiráveis como bons amigos desenvolve e
cultiva os sete fatores da iluminação? Nesse caso, bhikkhus, um bhikkhu desenvolve
o fator da iluminação da atenção plena, que tem como base o afastamento, desapego
e cessação, que amadurece no abandono ... ele desenvolve o fator da iluminação da
equanimidade, que tem como base o afastamento, desapego e cessação, que
amadurece no abandono. É dessa forma, bhikkhus, que um bhikkhu que tem pessoas
admiráveis como bons amigos desenvolve e cultiva os sete fatores da iluminação.”
(Alimentando os Obstáculos)
“E qual, bhikkhus, é o alimento para o surgimento do desejo sensual que ainda não
surgiu ou para o crescimento e incremento do desejo sensual, uma vez que este
tenha surgido? Há, bhikkhus, o sinal da beleza: dar com freqüência atenção sem
sabedoria para isso, esse é o alimento para o surgimento do desejo sensual que
ainda não surgiu ou para o crescimento e incremento do desejo sensual, uma vez
que este tenha surgido.
“E qual, bhikkhus, é o alimento para o surgimento da dúvida que ainda não surgiu ou
para o crescimento e incremento da dúvida uma vez que esta tenha surgido? Há,
bhikkhus, coisas que são a base da dúvida: dar com freqüência atenção sem
sabedoria para isso, esse é o alimento para o surgimento da dúvida que ainda não
surgiu ou para o crescimento e incremento da dúvida, uma vez que esta tenha
surgido.
(Esfomeando os Obstáculos)
“E qual, bhikkhus, é a esfomeação que previne o surgimento da dúvida que ainda não
surgiu ou o crescimento e incremento da dúvida, uma vez que esta tenha surgido?
Há, bhikkhus, qualidades mentais que são hábeis e inábeis, benéficas e prejudiciais,
superiores e inferiores, claras e escuras com as suas contrapartidas: dar com
freqüência atenção com sabedoria para isso, essa é a esfomeação que previne o
surgimento da dúvida que ainda não surgiu e o crescimento e incremento da dúvida,
uma vez que esta tenha surgido.
“Bhikkhus, os errantes de outras seitas que assim falam devem ser questionados da
seguinte forma: ‘Amigos, há um modo de exposição através do qual os cinco
obstáculos se convertem em dez e os sete fatores da iluminação se convertem em
catorze?’ Sendo questionados dessa forma, os errantes de outras seitas fracassarão
na exposição desse assunto, e mais ainda, eles se meterão em dificuldades. Por que
isso? Porque não é o território deles. Bhikkhus, eu não vejo ninguém no mundo com
os seus devas, Maras e Brahmas, esta população com os seus contemplativos e
Brâmanes, seus príncipes e povo, que pudesse satisfazer a mente com uma resposta
a essas questões, exceto o Tathagata ou os seus discípulos, ou alguém que tenha
aprendido com eles.
“Qualquer desejo sensual pelo interno é um obstáculo; qualquer desejo sensual pelo
externo também é um obstáculo. Assim, aquilo que é dito de forma concisa como o
obstáculo do desejo sensual, através desse modo de exposição se converte em dois.
“Sempre que alguém discerne as coisas internamente com sabedoria, as examina, faz
uma investigação delas, esse é o fator da iluminação da investigação dos fenômenos;
sempre que alguém discerne as coisas externamente com sabedoria, as examina, faz
uma investigação delas, esse é o fator da iluminação da investigação dos fenômenos.
Assim, aquilo que é dito de forma concisa como o fator da iluminação da
investigação dos fenômenos, através desse modo de exposição se converte em dois.
“Bhikkhus, os errantes de outras seitas que assim falam devem ser questionados da
seguinte forma: ‘Amigos, quando a mente se torna letárgica, o desenvolvimento de
quais fatores da iluminação é inoportuno nessa ocasião e o desenvolvimento de
quais fatores é oportuno nessa ocasião? Então, amigos, quando a mente fica
excitada, o desenvolvimento de quais fatores da iluminação é inoportuno nessa
ocasião e o desenvolvimento de quais fatores é oportuno nessa ocasião?’ Sendo
questionados dessa forma, os errantes de outras seitas fracassarão na exposição
desse assunto, e mais ainda, eles se meterão em dificuldades. Por que isso? Porque
não é o território deles. Bhikkhus, eu não vejo ninguém no mundo com os seus devas,
Maras e Brahmas, esta população com os seus contemplativos e Brâmanes, seus
príncipes e povo, que pudesse satisfazer a mente com uma resposta a essas
questões, exceto o Tathagata ou os seus discípulos, ou alguém que tenha aprendido
com eles.
“Suponham, bhikkhus, que um homem queira fazer com que um pequeno fogo se
incendeie. Se ele adicionar capim molhado, estrume de vaca molhado e madeira
molhada naquele fogo, espirrar água e espalhar terra sobre ele, seria esse homem
capaz de fazer com que aquele pequeno fogo se incendeie?”
“Da mesma maneira, bhikkhus, numa ocasião em que a mente ficar letárgica, é
inoportuno desenvolver o fator da iluminação da tranqüilidade, o fator da
iluminação da concentração e o fator da iluminação da equanimidade. Por qual
razão? Porque a mente está letárgica, bhikkhus, e é difícil estimulá-la com essas
coisas.
“Suponham, bhikkhus, que um homem queira fazer com que um pequeno fogo se
incendeie. Se ele adicionar capim seco, estrume de vaca seco e madeira seca naquele
fogo, soprá-lo e não espalhar terra sobre ele, seria esse homem capaz de fazer com
que aquele pequeno fogo se incendeie?”
“Da mesma maneira, bhikkhus, numa ocasião em que a mente ficar letárgica, é
oportuno desenvolver o fator da iluminação da investigação dos fenômenos, o fator
da iluminação da energia e o fator da iluminação do êxtase. Por qual razão? Porque a
mente está letárgica, bhikkhus, e é fácil estimulá-la com essas coisas.
“Suponham, bhikkhus, que um homem queira apagar uma grande fogueira. Se ele
adicionar capim seco, estrume de vaca seco e madeira seca naquele fogo, soprá-lo e
não espalhar terra sobre ele, seria o homem capaz de apagar aquela grande
fogueira?”
“Da mesma maneira, bhikkhus, numa ocasião em que a mente ficar excitada, é
inoportuno desenvolver o fator da iluminação da investigação dos fenômenos, o
fator da iluminação da energia e o fator da iluminação do êxtase. Por qual razão?
Porque a mente está excitada, bhikkhus, e é difícil acalmá-la com essas coisas.
“Suponham, bhikkhus, que um homem queira apagar uma grande fogueira. Se ele
adicionar capim molhado, estrume de vaca molhado e madeira molhada naquela
fogueira, espirrar água, e espalhar terra sobre ela, seria esse homem capaz de
apagar aquela grande fogueira?”
“Da mesma maneira, bhikkhus, numa ocasião em que a mente ficar excitada, é
oportuno desenvolver o fator da iluminação da tranqüilidade, o fator da iluminação
da concentração e o fator da iluminação da equanimidade. Por qual razão? Porque a
mente está excitada, bhikkhus, e é fácil acalmá-la com essas coisas.
“Nós também, amigos, ensinamos aos nossos discípulos desta maneira: ‘Venham,
amigos, abandonem os cinco obstáculos ... (igual acima) ... permaneçam permeando
o mundo todo com a mente imbuída de amor bondade ... compaixão ... alegria
altruísta ... equanimidade ... sem má vontade.’ Qual é então a distinção, amigos, qual
é a variação, qual é a diferença entre o ensinamento do Dhamma do contemplativo
Gotama e o nosso, entre as instruções dele e as nossas?”
"Brâmane, quando alguém permanece com a mente obcecada pelo desejo sensual,
uma presa do desejo sensual e ele não entende como na verdade é a escapatória do
desejo sensual que já surgiu, nessa ocasião ele não compreende e não vê como na
verdade é o seu próprio benefício, ou o benefício dos outros, ou o benefício de
ambos. Então mesmo os mantras que estão sendo recitados há muito tempo não
vêm à mente, sem falar naqueles que não estão sendo recitados.
"Suponha, Brâmane uma tigela com água misturada com tinta vermelha, amarela,
azul ou laranja, se um homem com boa visão examinasse o reflexo da sua face, ele
não a perceberia e não a veria como na verdade ela é. Do mesmo modo, Brâmane,
quando alguém permanece com a mente obcecada pelo desejo sensual ... mesmo os
mantras que estão sendo recitados há muito tempo não vêm à mente, sem falar
naqueles que não estão sendo recitados.
"Outra vez, Brâmane, quando alguém permanece com a mente obcecada pela má
vontade, uma presa da má vontade e ele não entende como na verdade é a
escapatória da má vontade que já surgiu, nessa ocasião ele não compreende e não vê
como na verdade é o seu próprio benefício, ou o benefício dos outros, ou o benefício
de ambos. Então mesmo os mantras que estão sendo recitados há muito tempo não
vêm à mente, sem falar naqueles que não estão sendo recitados.
"Suponha, Brâmane uma tigela com água sendo aquecida ao fogo, com a água
borbulhando, se um homem com boa visão examinasse o reflexo da sua face, ele não
a perceberia e não a veria como na verdade ela é. Do mesmo modo, Brâmane,
quando alguém permanece com a mente obcecada pela má vontade ... mesmo os
mantras que estão sendo recitados há muito tempo não vêm à mente, sem falar
naqueles que não estão sendo recitados.
"Outra vez, Brâmane, quando alguém permanece com a mente obcecada pela
preguiça e torpor, uma presa da preguiça e torpor e ele não entende como na
verdade é a escapatória da preguiça e torpor que já surgiu, nessa ocasião ele não
compreende e não vê como na verdade é o seu próprio benefício, ou o benefício dos
outros, ou o benefício de ambos. Então mesmo os mantras que estão sendo recitados
há muito tempo não vêm à mente, sem falar naqueles que não estão sendo recitados.
"Suponha, Brâmane uma tigela com água coberta por musgo e plantas aquáticas, se
um homem com boa visão examinasse o reflexo da sua face, ele não a perceberia e
não a veria como na verdade ela é. Do mesmo modo, Brâmane, quando alguém
permanece com a mente obcecada pela preguiça e torpor ... mesmo os mantras que
estão sendo recitados há muito tempo não vêm à mente, sem falar naqueles que não
estão sendo recitados.
"Outra vez, Brâmane, quando alguém permanece com a mente obcecada pela
inquietação e ansiedade, uma presa da inquietação e ansiedade e ele não entende
como na verdade é a escapatória da inquietação e ansiedade que já surgiu, nessa
ocasião ele não compreende e não vê como na verdade é o seu próprio benefício, ou
o benefício dos outros, ou o benefício de ambos. Então mesmo os mantras que estão
sendo recitados há muito tempo não vêm à mente, sem falar naqueles que não estão
sendo recitados.
"Suponha, Brâmane uma tigela com água sendo agitada pelo vento, cheia de
ondulações, se um homem com boa visão examinasse o reflexo da sua face, ele não a
perceberia e não a veria como na verdade ela é. Do mesmo modo, Brâmane, quando
alguém permanece com a mente obcecada pela inquietação e ansiedade ... mesmo os
mantras que estão sendo recitados há muito tempo não vêm à mente, sem falar
naqueles que não estão sendo recitados.
"Outra vez, Brâmane, quando alguém permanece com a mente obcecada pela dúvida,
uma presa da dúvida e ele não entende como na verdade é a escapatória da dúvida
que já surgiu, nessa ocasião ele não compreende e não vê como na verdade é o seu
próprio benefício, ou o benefício dos outros, ou o benefício de ambos. Então mesmo
os mantras que estão sendo recitados há muito tempo não vêm à mente, sem falar
naqueles que não estão sendo recitados.
"Suponha, Brâmane uma tigela com água que está túrbida, agitada, com lodo,
colocada num lugar escuro, se um homem com boa visão examinasse o reflexo da
sua face, ele não a perceberia e não a veria como na verdade ela é. Do mesmo modo,
Brâmane, quando alguém permanece com a mente obcecada pela dúvida ... mesmo
os mantras que estão sendo recitados há muito tempo não vêm à mente, sem falar
naqueles que não estão sendo recitados.
"Essas, Brâmane, são as causas e razões porque algumas vezes mesmo os mantras
que estão sendo recitados há muito tempo não vêm à mente, sem falar naqueles que
não estão sendo recitados.
"Brâmane, quando alguém permanece com a mente não obcecada pelo desejo
sensual, não uma presa do desejo sensual e ele entende como na verdade é a
escapatória do desejo sensual que já surgiu, nessa ocasião ele compreende e vê
como na verdade é o seu próprio benefício, ou o benefício dos outros, ou o benefício
de ambos. Então os mantras que não estão sendo recitados há muito tempo vêm à
mente, sem falar naqueles que estão sendo recitados.
"Suponha, Brâmane uma tigela com água não misturada com tinta vermelha,
amarela, azul ou laranja, se um homem com boa visão examinasse o reflexo da sua
face, ele a perceberia e veria como na verdade ela é. Do mesmo modo, Brâmane,
quando alguém permanece com a mente não obcecada pelo desejo sensual ... os
mantras que não estão sendo recitados há muito tempo vêm à mente, sem falar
naqueles que estão sendo recitados.
"Outra vez, Brâmane, quando alguém permanece com a mente não obcecada pela má
vontade, não uma presa da má vontade e ele entende como na verdade é a
escapatória da má vontade que já surgiu, nessa ocasião ele compreende e vê como
na verdade é o seu próprio benefício, ou o benefício dos outros, ou o benefício de
ambos. Então os mantras que não estão sendo recitados há muito tempo vêm à
mente, sem falar naqueles que estão sendo recitados.
"Suponha, Brâmane uma tigela com água não sendo aquecida ao fogo, sem
borbulhar, se um homem com boa visão examinasse o reflexo da sua face, ele a
perceberia e veria como na verdade ela é. Do mesmo modo, Brâmane, quando
alguém permanece com a mente não obcecada pela má vontade ... os mantras que
não estão sendo recitados há muito tempo vêm à mente, sem falar naqueles que
estão sendo recitados.
"Outra vez, Brâmane, quando alguém permanece com a mente não obcecada pela
preguiça e torpor, não uma presa da preguiça e torpor e ele entende como na
verdade é a escapatória da preguiça e torpor que já surgiu, nessa ocasião ele
compreende e vê como na verdade é o seu próprio benefício, ou o benefício dos
outros, ou o benefício de ambos. Então os mantras que não estão sendo recitados há
muito tempo vêm à mente, sem falar naqueles que estão sendo recitados.
"Suponha, Brâmane uma tigela com água não coberta por musgo e plantas aquáticas,
se um homem com boa visão examinasse o reflexo da sua face, ele a perceberia e
veria como na verdade ela é. Do mesmo modo, Brâmane, quando alguém permanece
com a mente não obcecada pela preguiça e torpor ... os mantras que não estão sendo
recitados há muito tempo vêm à mente, sem falar naqueles que estão sendo
recitados.
"Outra vez, Brâmane, quando alguém permanece com a mente não obcecada pela
inquietação e ansiedade, não uma presa da inquietação e ansiedade e ele entende
como na verdade é a escapatória da inquietação e ansiedade que já surgiu, nessa
ocasião ele compreende e vê como na verdade é o seu próprio benefício, ou o
benefício dos outros, ou o benefício de ambos. Então os mantras que não estão
sendo recitados há muito tempo vêm à mente, sem falar naqueles que estão sendo
recitados.
"Suponha, Brâmane uma tigela com água não sendo agitada pelo vento, sem
ondulações, se um homem com boa visão examinasse o reflexo da sua face, ele a
perceberia e veria como na verdade ela é. Do mesmo modo, Brâmane, quando
alguém permanece com a mente não obcecada pela inquietação e ansiedade ... os
mantras que não estão sendo recitados há muito tempo vêm à mente, sem falar
naqueles que estão sendo recitados.
"Outra vez, Brâmane, quando alguém permanece com a mente não obcecada pela
dúvida, não uma presa da dúvida e ele entende como na verdade é a escapatória da
dúvida que já surgiu, nessa ocasião ele compreende e vê como na verdade é o seu
próprio benefício, ou o benefício dos outros, ou o benefício de ambos. Então os
mantras que não estão sendo recitados há muito tempo vêm à mente, sem falar
naqueles que estão sendo recitados.
"Suponha, Brâmane uma tigela com água que não está túrbida, agitada, com lodo,
colocada num lugar escuro, se um homem com boa visão examinasse o reflexo da
sua face, ele a perceberia e veria como na verdade ela é. Do mesmo modo, Brâmane,
quando alguém permanece com a mente não obcecada pela dúvida ... os mantras que
não estão sendo recitados há muito tempo vêm à mente, sem falar naqueles que
estão sendo recitados.
"Essas, Brâmane, são as causas e razões porque os mantras que não estão sendo
recitados há muito tempo vêm à mente, sem falar naqueles que estão sendo
recitados.
Quando isso foi dito, o Brâmane Sangarava disse para o Abençoado: "Magnífico,
Mestre Gotama! Magnífico, Mestre Gotama! Mestre Gotama esclareceu o Dhamma de
várias formas, como se tivesse colocado em pé o que estava de cabeça para baixo,
revelasse o que estava escondido, mostrasse o caminho para alguém que estivesse
perdido ou segurasse uma lâmpada no escuro para aqueles que possuem visão
pudessem ver as formas. Eu busco refúgio no Mestre Gotama, no Dhamma e na
Sangha dos bhikkhus. Que o Mestre Gotama me aceite como discípulo leigo que nele
buscou refúgio para o resto da sua vida."
Abhaya Sutta (SN XLVI.56) – Abhaya
“Venerável senhor, Purana Kassapa diz: ‘Não há causa e condição para a falta de
conhecimento e visão; a falta de conhecimento e visão ocorrem sem causa e
condição. Não há causa e condição para conhecimento e visão; conhecimento e visão
ocorrem sem causa e condição.’ O que o Abençoado diz disso?”
“Numa ocasião, príncipe, em que alguém permanece com a mente obcecada pelo
desejo sensual, subjugada pelo desejo sensual, e ele nem sabe e tampouco vê como
na verdade é a escapatória do desejo sensual que já surgiu: essa é a causa e condição
para a falta de conhecimento e visão; é desse modo que a falta de conhecimento e
visão tem causa e condição.
“Com certeza esses são obstáculos, Abençoado! Com certeza esses são obstáculos,
Iluminado! Alguém subjugado apenas por um único obstáculo seria incapaz de saber
e ver as coisas como elas na verdade são, sem falar daquele subjugado pelos cinco
obstáculos.
...
“Com certeza esses são fatores da iluminação, Abençoado! Com certeza esses são
fatores da iluminação, Iluminado! Alguém que possuísse apenas um único fator da
iluminação saberia e veria as coisas como elas na verdade são, sem falar daquele
que possui os sete fatores da iluminação. A fadiga corporal e a fatiga mental que
experimentei ao subir a Montanha do Pico do Abutre foram apaziguadas. Eu
penetrei o Dhamma.”
“Bhikkhus, como um pote que foi virado de cabeça para baixo abandona toda a sua
água e não a toma de volta, assim também um bhikkhu que desenvolve e cultiva os
sete fatores da iluminação abandona todos os estados ruins e prejudiciais e não os
toma de volta.
“E como um bhikkhu faz isso? Neste caso, bhikkhus, um bhikkhu desenvolve o fator
da iluminação da atenção plena, que tem como base o afastamento, desapego e
cessação, que amadurece no abandono ... Ele desenvolve o fator da iluminação da
equanimidade, que tem como base o afastamento, desapego e cessação, que
amadurece no abandono. É desse modo, bhikkhus, que um bhikkhu desenvolve e
cultiva os sete fatores da iluminação, para ele abandonar todos os estados ruins e
prejudiciais e não os tomar de volta.”
Em Savatthi.
“Bhikkhus, há essas três buscas. Quais três? A busca pelo prazer sensual, a busca por
ser/existir, a busca por uma vida santa. Essas são as três buscas. Os sete fatores da
iluminação devem ser desenvolvidos para o conhecimento direto dessas três buscas.
... “Quais sete fatores da iluminação? Neste caso, bhikkhus, um bhikkhu desenvolve o
fator da iluminação da atenção plena ... o fator da iluminação da equanimidade, que
tem como objetivo último a destruição da cobiça, a destruição da raiva, a destruição
da delusão.” ...
... “Quais sete fatores da iluminação? Neste caso, bhikkhus, um bhikkhu desenvolve o
fator da iluminação da atenção plena ... o fator da iluminação da equanimidade, que
tem o Imortal como base, o Imortal como seu destino, o Imortal como seu objetivo
último.” ...
... “Quais sete fatores da iluminação? Neste caso, bhikkhus, um bhikkhu desenvolve o
fator da iluminação da atenção plena ... o fator da iluminação da equanimidade, que
decliva, tende e se inclina na direção de Nibbana. Esses sete fatores da iluminação
devem ser desenvolvidos para o conhecimento direto dessas três buscas.”
Cada uma das seções que seguem (II – IV) devem ser elaboradas de acordo com o
método empregado na seção acima sobre o conhecimento direto.
“Bhikkhus, há essas três buscas. Quais três? A busca pelo prazer sensual, a busca por
ser/existir, a busca por uma vida santa. Essas são as três buscas. Os sete fatores da
iluminação devem ser desenvolvidos para a completa compreensão dessas três
buscas.”
“Bhikkhus, há essas três buscas. Quais três? A busca pelo prazer sensual, a busca por
ser/existir, a busca por uma vida santa. Essas são as três buscas. Os sete fatores da
iluminação devem ser desenvolvidos para a total destruição dessas três buscas.”
(IV. Abandono)
“Bhikkhus, há essas três buscas. Quais três? A busca pelo prazer sensual, a busca por
ser/existir, a busca por uma vida santa. Essas são as três buscas. Os sete fatores da
iluminação devem ser desenvolvidos para o abandono dessas três buscas.”
“Bhikkhus, há esses três tipos de sofrimento. Quais três? Sofrimento devido à dor,
sofrimento devido às formações, sofrimento devido à mudança. Esses são os três
tipos de sofrimento. Os sete fatores da iluminação devem ser desenvolvidos para o
conhecimento direto desses três tipos de sofrimento, para a sua completa
compreensão, para a sua total destruição e para o seu abandono.”
“Bhikkhus, este é o caminho direto para a purificação dos seres, para superar a
tristeza e a lamentação, para o desaparecimento da dor e da angústia, para alcançar
o caminho verdadeiro, para a realização de nibbana – isto é, os quatro fundamentos
da atenção plena. Quais são os quatro?
Isso foi o que disse o Abençoado. Os bhikkhus ficaram satisfeitos e contentes com as
palavras do Abençoado.
“Bhikkhus, um bhikkhu deve estar com atenção plena e plena consciência todo o
tempo: essa é a nossa instrução para vocês.
“E como, bhikkhus, um bhikkhu tem atenção plena? Neste caso, bhikkhus, um bhikkhu
permanece contemplando o corpo como um corpo, ardente, plenamente consciente
e com atenção plena, tendo colocado de lado a cobiça e o desprazer pelo mundo. Ele
permanece contemplando as sensações como sensações ... mente como mente ...
objetos mentais como objetos mentais, ardente, plenamente consciente e com
atenção plena, tendo colocado de lado a cobiça e o desprazer pelo mundo.
“E como, bhikkhus, um bhikkhu age com plena consciência? Neste caso, bhikkhus, um
bhikkhu age com plena consciência ao ir para a frente e retornar; age com plena
consciência ao olhar para frente e desviar o olhar; age com plena consciência ao
dobrar e estender os membros; age com plena consciência ao carregar o manto
externo, o manto superior, a tigela; age com plena consciência ao comer, beber,
mastigar e saborear; age com plena consciência ao urinar e defecar; age com plena
consciência ao caminhar, ficar em pé, sentar, dormir, acordar, falar e permanecer em
silêncio. É desse modo que um bhikkhu age com plena consciência.
“Bhikkhus, um bhikkhu deve estar com atenção plena e plena consciência todo o
tempo: essa é a nossa instrução para vocês.”
“Mas é justamente dessa maneira que alguns homens tolos fazem um pedido e
então, tendo ouvido o Dhamma, pensam que devem seguir-me aonde quer que eu
vá.”
“Bem então, bhikkhu, purifique o ponto exato do início dos estados benéficos. E qual
é o início dos estados benéficos? A virtude que é bem purificada e o entendimento
que é correto. Então, bhikkhu, quando a sua virtude estiver bem purificada e o seu
entendimento correto, baseado na virtude, estabelecido na virtude, você deve
desenvolver os quatro fundamentos da atenção plena de três modos.
“Bhikkhus, aqueles bhikkhus recém-ordenados, que faz pouco seguiram a vida santa,
que recentemente vieram para este Dhamma e Disciplina, devem ser exortados,
colocados e estabelecidos por vocês no desenvolvimento dos quatro fundamentos
da atenção plena. Quais quatro?
“Bhikkhus, aqueles bhikkhus que estão em treinamento, que ainda não alcançaram o
objetivo, que permanecem aspirando pela suprema segurança contra o cativeiro:
eles também permanecem contemplando o corpo como um corpo, ardente,
plenamente consciente, unificados, com a mente límpida, concentrada, com a mente
unificada em um só ponto, para compreender completamente o corpo como este na
verdade é. Eles também permanecem contemplando as sensações como sensações ...
para compreender completamente as sensações como estas na verdade são. Eles
também permanecem contemplando a mente como mente ... para compreender
completamente a mente como esta na verdade é. Eles também permanecem
contemplando os objetos mentais como objetos mentais ... para compreender
completamente os objetos mentais como estes na verdade são.
“Bhikkhus, aqueles bhikkhus que são arahants, com suas impurezas destruídas, que
viveram a vida santa, fizeram o que devia ser feito, depuseram o seu fardo,
alcançaram o verdadeiro objetivo, destruíram os grilhões da existência e estão
completamente libertados através do conhecimento supremo: eles também
permanecem contemplando o corpo como um corpo, ardente, plenamente
consciente, unificados, com a mente límpida, concentrada, com a mente unificada
em um só ponto, desapegados do corpo. Eles também permanecem contemplando
as sensações como sensações ... desapegados das sensações. Eles também
permanecem contemplando a mente como mente ... desapegados da mente. Eles
também permanecem contemplando os objetos mentais como objetos mentais ...
desapegados dos objetos mentais.
“Bhikkhus, aqueles bhikkhus recém-ordenados, que faz pouco seguiram a vida santa,
que recentemente vieram para este Dhamma e Disciplina, devem ser exortados,
colocados e estabelecidos por vocês no desenvolvimento dos quatro fundamentos
da atenção plena.”
“Bhikkhus, se alguém fosse dizer que alguma coisa é ‘um montão daquilo que é
benéfico,’ é acerca dos quatro fundamentos da atenção plena que, falando o que é
certo, isso deveria ser dito. Pois esse é um montão completo daquilo que é benéfico,
isto é, os quatro fundamentos da atenção plena. Quais quatro? Aqui, bhikkhus, um
bhikkhu permanece contemplando o corpo como um corpo, ardente, plenamente
consciente e com atenção plena, tendo colocado de lado a cobiça e o desprazer pelo
mundo. Ele permanece contemplando as sensações como sensações ... mente como
mente ... objetos mentais como objetos mentais, ardente, plenamente consciente e
com atenção plena, tendo colocado de lado a cobiça e o desprazer pelo mundo. Se
alguém fosse dizer que alguma coisa é ‘um montão daquilo que é benéfico,’ é acerca
dos quatro fundamentos da atenção plena que, falando o que é certo, isso deveria
ser dito. Pois esse é um montão completo daquilo que é benéfico, isto é, os quatro
fundamentos da atenção plena.”
“’Mas qual é o seu domínio?’ perguntou o falcão. ‘Qual é o seu campo ancestral?’
“Assim o falcão, confiando na sua própria força, sem alardear a sua própria força,
soltou a codorna dizendo: ‘Vá, codorna, mas mesmo estando lá você não me
escapará.’
“Então, bhikkhus, a codorna, foi até um campo recém-arado, com a terra toda
remexida e subindo sobre um torrão de terra, ficou zombando do falcão: ‘Venha
agora e me pegue, seu falcão! Venha agora e me pegue, seu falcão! ‘
“Assim, o falcão confiando na sua própria força, sem alardear a sua própria força,
dobrou as asas e subitamente mergulhou em direção à codorna. Mas quando a
codorna se deu conta, ‘O falcão está vindo na minha direção a toda velocidade,’ ela se
escondeu atrás de um torrão de terra e ali mesmo o falcão esmagou o seu próprio
peito.
“Isso é o que acontece, bhikkhus, com qualquer um que vagueie fora do seu domínio,
no campo dos outros.
“Portanto, bhikkhus, não vagueiem fora do seu domínio, no campo dos outros. Mara
ganhará acesso àqueles que vagueiam fora do seu domínio, no campo dos outros.
Mara irá controlá-los.
“E qual não é, para um bhikkhu, o seu domínio mas é o campo dos outros? Os cinco
elementos do prazer sensual. Quais cinco? As formas percebidas pelo olho que são
desejáveis, agradáveis e fáceis de serem gostadas, conectadas com o desejo sensual
e que provocam a cobiça. Sons percebidos pelo ouvido … Aromas percebidos pelo
nariz … Sabores percebidos pela língua …Tangíveis percebidos pelo corpo que são
desejáveis, agradáveis e fáceis de serem gostados, conectados com o desejo sensual
e que provocam a cobiça. Isso, para um bhikkhu, não é o seu domínio, mas o campo
dos outros.
“Movam-se, bhikkhus, dentro do seu domínio, do seu campo ancestral. Mara não terá
acesso àqueles que se movem dentro do seu domínio, do seu campo ancestral, Mara
não irá controlá-los. E qual é, para um bhikkhu, o seu domínio, o seu campo
ancestral? Os quatro fundamentos da atenção plena. Quais quatro? Aqui, bhikkhus,
um bhikkhu permanece contemplando o corpo como um corpo, ardente, plenamente
consciente e com atenção plena, tendo colocado de lado a cobiça e o desprazer pelo
mundo. Ele permanece contemplando as sensações como sensações ... a mente como
mente ... os objetos mentais como objetos mentais, ardente, plenamente consciente e
com atenção plena, tendo colocado de lado a cobiça e o desprazer pelo mundo. Isto
é, para um bhikkhu, o seu domínio, o seu campo ancestral.”
“Aqueles macacos que não são tolos ou descuidados, ao verem uma armadilha, se
mantêm à distância. Mas outros macacos que são tolos e descuidados vão até a
armadilha e a agarram com a mão; assim ele fica preso. Pensando, ‘eu vou libertar a
minha mão,’ ele agarra a armadilha com a outra mão. Essa também fica presa.
Pensando, ‘eu vou libertar ambas as mãos,’ ele agarra a armadilha com o pé. Este
também fica preso. Pensando, ‘eu libertarei ambos, as mãos e o pé,’ ele agarra a
armadilha com o outro pé. E este também fica preso. Pensando, ‘eu libertarei ambos,
as mãos e os pés,’ ele agarra a armadilha com a boca. E esta também fica presa.
“Assim, bhikkhus, aquele macaco, preso por cinco pontos, fica ali deitado
guinchando. Ele deu de encontro com a calamidade e o desastre, e o caçador poderá
fazer o que quiser com ele. O caçador espeta-o, prende-o ao mesmo bloco de
madeira e parte para onde ele quiser.
“Isso é o que acontece com qualquer um que vagueie fora do seu domínio, no
território dos outros.
“Portanto, bhikkhus, não vagueiem fora do seu domínio, no território dos outros.
Mara ganhará acesso àqueles que vagueiam fora do seu domínio, no território dos
outros, Mara irá controlá-los.
“E qual não é, para um bhikkhu, o seu domínio, mas o território dos outros? Os cinco
elementos do prazer sensual. Quais cinco? As formas percebidas pelo olho que são
desejáveis, agradáveis e fáceis de serem gostadas, conectadas com o desejo sensual
e que provocam a cobiça. Sons percebidos pelo ouvido … Aromas percebidos pelo
nariz … Sabores percebidos pela língua …Tangíveis percebidos pelo corpo que são
desejáveis, agradáveis e fáceis de serem gostados, conectados com o desejo sensual
e que provocam a cobiça. Isso, para um bhikkhu, não é o seu domínio, mas o
território dos outros.
“Movam-se, bhikkhus, dentro do seu domínio, do seu território ancestral. Mara não
ganhará acesso àqueles que se movem dentro do seu domínio, do seu território
ancestral, Mara não os controlará. E qual é, para um bhikkhu, o seu domínio, o seu
território ancestral? Os quatro fundamentos da atenção plena. Quais quatro? Aqui,
bhikkhus, um bhikkhu permanece contemplando o corpo como um corpo, ardente,
plenamente consciente e com atenção plena, tendo colocado de lado a cobiça e o
desprazer pelo mundo. Ele permanece contemplando as sensações como sensações
... a mente como mente ... os objetos mentais como objetos mentais, ardente,
plenamente consciente e com atenção plena, tendo colocado de lado a cobiça e o
desprazer pelo mundo. Isto é, para um bhikkhu, o seu domínio, o seu território
ancestral.”
“Aquele cozinheiro tolo, incompetente, inábil, não apanha os sinais das preferências
do seu patrão: ‘Hoje meu patrão prefere este caril ou ele estende a mão para aquele
caril, ou ele pega uma grande porção deste caril, ou ele elogia aquele caril. Hoje o
meu patrão prefere o caril azedo ... Hoje meu patrão prefere o caril amargo ... caril
apimentado ... caril doce ... caril alcalino ... caril não alcalino ... caril salgado ... Hoje o
meu patrão prefere o caril não salgado ou ele estende a mão para o caril não
salgado, ou ele pega uma grande porção do caril não salgado, ou ele elogia o caril
não salgado.’
“Da mesma forma, bhikkhus, aqui algum bhikkhu tolo, incompetente, inábil,
permanece contemplando o corpo como um corpo, ardente, plenamente consciente
e com atenção plena, tendo colocado de lado a cobiça e o desprazer pelo mundo.
Enquanto ele permanece contemplando o corpo como um corpo, a sua mente não
fica concentrada, os obstáculos não são abandonados, ele não apanha aquele sinal.
Ele permanece contemplando as sensações como sensações ... a mente como mente
... os objetos mentais como objetos mentais, ardente, plenamente consciente e com
atenção plena, tendo colocado de lado a cobiça e o desprazer pelo mundo. Enquanto
ele permanece contemplando os objetos mentais como objetos mentais, a sua mente
não fica concentrada, os obstáculos não são abandonados, ele não apanha aquele
sinal.
“Da mesma forma, bhikkhus, aqui algum bhikkhu sábio, competente, hábil,
permanece contemplando o corpo como um corpo, ardente, plenamente consciente
e com atenção plena, tendo colocado de lado a cobiça e o desprazer pelo mundo.
Enquanto ele permanece contemplando o corpo como um corpo, a sua mente fica
concentrada, os obstáculos são abandonados, ele apanha aquele sinal. Ele
permanece contemplando as sensações como sensações ... a mente como mente ... os
objetos mentais como objetos mentais, ardente, plenamente consciente e com
atenção plena, tendo colocado de lado a cobiça e o desprazer pelo mundo. Enquanto
ele permanece contemplando os objetos mentais como objetos mentais, a sua mente
fica concentrada, os obstáculos são abandonados, ele apanha aquele sinal.
“Venham, bhikkhus, entrem no retiro das chuvas onde quer que vocês tenham
amigos, conhecidos e familiares nas proximidades de Vesali. Eu mesmo irei entrar
no retiro das chuvas aqui em Beluvagamaka.”
“Sim, Venerável senhor,” aqueles bhikkhus responderam e eles entraram no retiro
das chuvas onde tinham amigos, conhecidos e familiares nas proximidades de
Vesali, enquanto que o Abençoado entrou no retiro das chuvas ali mesmo em
Beluvagamaka.
Então, quando o Abençoado havia entrado no retiro das chuvas, ele foi acometido
por uma grave enfermidade e dores terríveis próximas da morte o assaltaram. Mas o
Abençoado suportou aquilo, com atenção plena e plena consciência, sem ficar aflito.
Então este pensamento ocorreu ao Abençoado: “Não é apropriado que eu realize o
parinibbana sem ter falado com os meus assistentes e sem ter me despedido da
Sangha dos Bhikkhus. Que eu então suprima esta enfermidade através da energia e
siga vivendo, tendo decidido pela formação vital. Então, o Abençoado suprimiu
aquela enfermidade através da energia e seguiu vivendo, tendo decidido pela
formação vital.
“O que mais, Ananda, espera de mim a Sangha dos bhikkhus? Eu ensinei o Dhamma
sem fazer qualquer distinção entre ensinamentos esotéricos e exotéricos, não há
nada, Ananda, concernente aos ensinamentos que o Tathagata tenha retido até o
final com o punho cerrado de um mestre que não transmite todos os ensinamentos.
Se, Ananda, alguém pensar, ‘Eu assumirei o controle da Sangha dos bhikkhus,’ ou ‘A
Sangha dos bhikkhus está sob o meu comando,’ é ele que deveria fazer um
pronunciamento desses para a Sangha dos bhikkhus. Mas, o Tathagata não pensa
assim, ‘Eu assumirei o controle da Sangha dos bhikkhus,’ ou ‘A Sangha dos bhikkhus
está sob o meu comando,’ então porque deveria o Tathagata fazer algum
pronunciamento desses para a Sangha dos bhikkhus? Eu agora estou velho, Ananda,
com a idade avançada, atribulado pelos anos, avançado na vida, já no último estágio.
Este é o meu octogésimo ano. Assim como uma carroça velha é mantida por meio de
ataduras, da mesma forma o corpo do Tathagata é mantido por meio de uma
combinação de ataduras. Sempre que, Ananda, através da não atenção a todos os
sinais e pela cessação de certas sensações, o Tathagata entra e permanece na
concentração sem sinais da mente, nessa ocasião, Ananda, o corpo do Tathagata fica
mais confortável.
“Portanto, Ananda, sejam ilhas para vocês mesmos, refúgios para vocês mesmos,
buscando nenhum refúgio externo; com o Dhamma como a sua ilha, o Dhamma
como o seu refúgio, buscando nenhum outro refúgio. E como, Ananda, um bhikkhu é
uma ilha para ele mesmo, um refúgio para ele mesmo, buscando nenhum refúgio
externo; com o Dhamma como a sua ilha, o Dhamma como o seu refúgio, buscando
nenhum outro refúgio? Neste caso, Ananda, um bhikkhu permanece contemplando o
corpo como um corpo, ardente, plenamente consciente e com atenção plena, tendo
colocado de lado a cobiça e o desprazer pelo mundo. Ele permanece contemplando
as sensações como sensações ... mente como mente ... objetos mentais como objetos
mentais, ardente, plenamente consciente e com atenção plena, tendo colocado de
lado a cobiça e o desprazer pelo mundo.
“Esses bhikkhus, Ananda, que agora ou depois que eu me for, permanecerem como
uma ilha para eles mesmos, como um refúgio para eles mesmos, sem nada mais
como refúgio, com o Dhamma como uma ilha, o Dhamma como refúgio, sem nada
mais como refúgio, eles serão para mim os bhikkhus mais eminentes dentre aqueles
que têm interesse em aprender.”
“Assim é, irmãs, assim é! É de se esperar que qualquer um, irmãs – quer seja bhikkhu
ou bhikkhuni – que permaneça com a mente bem estabelecida nos quatro
fundamentos da atenção plena, perceba estágios sucessivos de elevada distinção.”
Então, o Venerável Ananda, instruiu, motivou, estimulou e encorajou aquelas
bhikkhunis com um discurso do Dhamma e depois ele se levantou do seu assento e
partiu. Então, o Venerável Ananda foi para Vesali para esmolar alimentos. Depois de
haver esmolado em Vesali e de haver retornado, após a refeição, ele foi até o
Abençoado e depois de cumprimentá-lo sentou a um lado e relatou tudo que havia
ocorrido. [O Abençoado disse:]
“Assim é, Ananda, assim é! É de se esperar que qualquer um, Ananda – quer seja
bhikkhu ou bhikkhuni – que permaneça com a mente bem estabelecida nos quatro
fundamentos da atenção plena, perceba estágios sucessivos de elevada distinção.
Isso foi o que disse o Abençoado. O Venerável Ananda ficou satisfeito e contente com
as palavras do Abençoado.
“Venerável senhor, eu tenho tamanha confiança no Abençoado que acredito que não
existe ou nunca existirá no presente um outro contemplativo ou Brâmane com mais
conhecimento do que o Abençoado com respeito à iluminação.”
“Sublime de fato é essa sua afirmação bramada, Sariputta, você rugiu o definitivo e
categórico rugido do leão: ‘Venerável senhor, eu tenho tamanha confiança no
Abençoado que acredito que não existe ou nunca existirá no presente um outro
contemplativo ou Brâmane com mais conhecimento do que o Abençoado com
respeito à iluminação.’ Você agora, Sariputta, compreendeu com a sua mente as
mentes de todos os arahants, os Perfeitamente Iluminados, que surgiram no
passado e assim compreendeu: ‘Esses Abençoados tinham tal virtude ou tais
qualidades, ou tal sabedoria, ou tal permanência, ou tal libertação’?”
“Então, Sariputta, você compreendeu com a sua mente a minha própria mente – eu
sendo no momento o arahant, o Perfeitamente Iluminado - e assim compreendeu: ‘O
Abençoado tem tal virtude ou tais qualidades, ou tal sabedoria, ou tal permanência,
ou tal libertação’?”
“Muito bem, Sariputta! Portanto, Sariputta, você deve repetir com freqüência esta
explicação do Dhamma para os bhikkhus e bhikkhunis, para os discípulos leigos
homens e mulheres. Muito embora algumas pessoas tolas tenham dúvidas ou
incertezas em relação ao Tathagata, ao ouvirem esta explicação do Dhamma, a
dúvida e a incerteza delas em relação ao Tathagata serão abandonadas.”
O noviço Cunda, tomando a tigela e os mantos do Venerável Sariputta foi até Savathi,
no Bosque de Jeta, no Parque de Anathapindika. Lá ele foi até o Venerável Ananda e
depois de cumprimentá-lo sentou a um lado e disse: "Venerável senhor, o Venerável
Sariputta realizou o parinibbana. Aqui estão a sua tigela e mantos."
"Cunda, meu amigo, essa notícia é motivo para ir ver o Abençoado. Venha, vamos até
o Abençoado para relatar-lhe esse assunto."
"Porque, Ananda, quando Sariputta realizou o parinibbana ele levou com ele o seu
agregado da virtude, ou o seu agregado da concentração, ou o seu agregado da
sabedoria, ou o seu agregado da libertação, ou o seu agregado do conhecimento e
visão da libertação?"
"Não, ele não levou, Venerável senhor. Mas para mim o Venerável Sariputta era um
conselheiro e instrutor, ele me instruía, motivava, estimulava e encorajava. Ele era
incansável no ensinamento do Dhamma; ele era de grande ajuda para os seus
companheiros na vida santa. Nós nos recordamos do alimento do Dhamma, da
riqueza do Dhamma, da ajuda no Dhamma dada pelo Venerável Sariputta.”
"Ananda, eu já não lhe disse antes: todas aquelas coisas que para nós são queridas,
estimadas e prazerosas estão sujeitas à mudança, separação e alteração? Então,
como poderia ser possível que tudo aquilo que nasce, veio a ser, condicionado, que
está sujeito à dissolução, não desapareça – isso é impossível. É como se o maior
galho de uma grande árvore possuidora de cerne caísse: da mesma forma, Ananda,
na grande Sangha dos bhikkhus possuidora de cerne, Sariputta realizou o
parinibbana. Como, Ananda, poderia ser possível: ‘Que aquilo que nasceu, veio a ser,
condicionado, que está sujeito à dissolução, não desapareça? Isso é impossível.’
"Portanto, Ananda, sejam ilhas para vocês mesmos, refúgios para vocês mesmos,
buscando nenhum refúgio externo; com o Dhamma como a sua ilha, o Dhamma
como o seu refúgio, buscando nenhum outro refúgio. E como, Ananda, um bhikkhu é
uma ilha para ele mesmo, um refúgio para ele mesmo, buscando nenhum refúgio
externo; com o Dhamma como a sua ilha, o Dhamma como o seu refúgio, buscando
nenhum outro refúgio? Neste caso, Ananda, um bhikkhu permanece contemplando o
corpo como um corpo, ardente, plenamente consciente e com atenção plena, tendo
colocado de lado a cobiça e o desprazer pelo mundo. Ele permanece contemplando
as sensações como sensações ... mente como mente ... objetos mentais como objetos
mentais, ardente, plenamente consciente e com atenção plena, tendo colocado de
lado a cobiça e o desprazer pelo mundo.
“Esses bhikkhus, Ananda, que agora ou depois que eu me for, permanecerem como
uma ilha para eles mesmos, como um refúgio para eles mesmos, sem nada mais
como refúgio, com o Dhamma como uma ilha, o Dhamma como refúgio, sem nada
mais como refúgio, eles serão para mim os bhikkhus mais eminentes dentre aqueles
que têm interesse em aprender."
“Bhikkhus, esta assembléia aparenta estar vazia agora que Sariputta e Maha
Moggallana realizaram o parinibbana. Esta assembléia não estava vazia antes, e eu
não me preocupava com Sariputta e Maha Moggallana onde quer que estivessem.
“Bhikkhus, eu já não lhe disse antes: todas aquelas coisas que para nós são queridas,
estimadas e prazerosas estão sujeitas à mudança, separação e alteração? Então,
como poderia ser possível que tudo aquilo que nasce, veio a ser, condicionado, que
está sujeito à dissolução, não desapareça – isso é impossível. É como se os maiores
galhos de uma grande árvore possuidora de cerne caíssem: da mesma forma,
bhikkhus, na grande Sangha dos bhikkhus possuidora de cerne, Sariputta e
Moggalana realizaram o parinibbana. Como, bhikkhus, poderia ser possível: ‘Que
aquilo que nasceu, veio a ser, condicionado, que está sujeito à dissolução, não
desapareça? Isso é impossível.’
"Portanto, bhikkhus, sejam ilhas para vocês mesmos, refúgios para vocês mesmos,
buscando nenhum refúgio externo; com o Dhamma como a sua ilha, o Dhamma
como o seu refúgio, buscando nenhum outro refúgio. E como, bhikkhus, um bhikkhu
é uma ilha para ele mesmo, um refúgio para ele mesmo, buscando nenhum refúgio
externo; com o Dhamma como a sua ilha, o Dhamma como o seu refúgio, buscando
nenhum outro refúgio? Neste caso, bhikkhus, um bhikkhu permanece contemplando
o corpo como um corpo, ardente, plenamente consciente e com atenção plena, tendo
colocado de lado a cobiça e o desprazer pelo mundo. Ele permanece contemplando
as sensações como sensações ... mente como mente ... objetos mentais como objetos
mentais, ardente, plenamente consciente e com atenção plena, tendo colocado de
lado a cobiça e o desprazer pelo mundo.
“Esses bhikkhus que agora ou depois que eu me for, permanecerem como uma ilha
para eles mesmos, como um refúgio para eles mesmos, sem nada mais como refúgio,
com o Dhamma como uma ilha, o Dhamma como refúgio, sem nada mais como
refúgio, eles serão para mim os bhikkhus mais eminentes dentre aqueles que têm
interesse em aprender."
“Bem então, Bahiya, purifique o ponto exato de início dos estados benéficos. E qual é
o início dos estados benéficos? A virtude que é bem purificada e o entendimento que
é correto. Então, Bahiya, quando a sua virtude estiver bem purificada e o seu
entendimento correto, baseado na virtude, estabelecido na virtude, você deve
desenvolver os quatro fundamentos da atenção plena de três modos.
“Este é o caminho direto para a purificação dos seres, para superar a tristeza e a
lamentação, para o desaparecimento da dor e da angústia, para alcançar o caminho
verdadeiro, para a realização de nibbana – isto é, os quatro fundamentos da atenção
plena. Quais são os quatro? Aqui, um bhikkhu permanece contemplando o corpo
como um corpo, ardente, plenamente consciente e com atenção plena, tendo
colocado de lado a cobiça e o desprazer pelo mundo. Ele permanece contemplando
as sensações como sensações ... a mente como mente ... os objetos mentais como
objetos mentais, ardente, plenamente consciente e com atenção plena, tendo
colocado de lado a cobiça e o desprazer pelo mundo. Esse é o caminho direto para a
purificação dos seres ... isto é, os quatro fundamentos da atenção plena.”
Então, tendo percebido com a sua mente o pensamento na mente do Abençoado –
com a mesma rapidez com que um homem forte pode estender o seu braço
flexionado ou flexionar o seu braço estendido - o Brahma Sahampati desapareceu do
mundo de Brahma e reapareceu na frente do Abençoado. Arrumando o seu manto
externo sobre o ombro, ele juntou as mãos numa reverenciosa saudação dizendo:
“Assim é, Abençoado! Assim é, Iluminado! Venerável senhor, este é o caminho direto
para a purificação dos seres ... (igual acima) ... isto é, os quatro fundamentos da
atenção plena.”
Isso foi o que Brahma Sahampati disse. Tendo dito isso, ele disse ainda mais:
“Bhikkhus, suponham que ao ouvirem, ‘A moça mais bonita deste país! A moça mais
bonita deste país!’ uma grande grande multidão de pessoas se aglomerasse. Agora,
aquela moça mais bonita do país dançaria com muita graça e cantaria de forma
melodiosa. Ao ouvirem ‘A moça mais bonita deste país está dançando e cantando! A
moça mais bonita deste país está dançando e cantando!’ uma multidão ainda maior
se aglomerasse. Então, surgisse um homem que valoriza a vida e teme a morte, que
deseja o prazer e abomina a dor. E alguém lhe dissesse, ‘Bom homem, você tem de
carregar esta tigela cheia até a borda com óleo por entre essa grande multidão e a
moça mais bonita deste país. Um homem com uma espada levantada irá segui-lo
bem de perto, e se por acaso você derramar uma gota que seja, nesse mesmo
instante, ele cortará a sua cabeça.’
“O que vocês pensam, bhikkhus, aquele homem não irá prestar atenção na tigela com
óleo e irá permitir ser distraído por aquilo que está acontecendo no exterior?”
“Eu citei este símile, bhikkhus, para transmitir uma idéia. A idéia é a seguinte: A
tigela cheia até a borda com óleo representa a atenção plena no corpo. Portanto,
bhikkhus, assim é como vocês deveriam praticar: ‘Nós iremos desenvolver e cultivar
a atenção plena no corpo, fazer dela o nosso veículo, a nossa base, estabilizá-la, nos
exercitarmos nela e aperfeiçoá-la por completo.’ Assim é como vocês deveriam
praticar.”
“Amigo Ananda, qual é a causa e razão porque o verdadeiro Dhamma não perdura
depois que um Tathagata tenha realizado o parinibbana? E qual é a causa e razão
porque o verdadeiro Dhamma perdura depois que um Tathagata tenha realizado o
parinibbana?”
“Sim, amigo.”
“Amigo, é porque esses quatro fundamentos da atenção plena não são desenvolvidos
e cultivados que o verdadeiro Dhamma não perdura depois que um Tathagata tenha
realizado o parinibbana. E é porque esses quatro fundamentos da atenção plena são
desenvolvidos e cultivados que o verdadeiro Dhamma perdura depois que um
Tathagata tenha realizado o parinibbana. Quais quatro? Neste caso, amigo, um
bhikkhu permanece contemplando o corpo como um corpo, ardente, plenamente
consciente e com atenção plena, tendo colocado de lado a cobiça e o desprazer pelo
mundo. Ele permanece contemplando as sensações como sensações ... mente como
mente ... objetos mentais como objetos mentais, ardente, plenamente consciente e
com atenção plena, tendo colocado de lado a cobiça e o desprazer pelo mundo.
“Sim, amigo.”
“Amigo, é porque esses quatro fundamentos da atenção plena não são desenvolvidos
e cultivados que o verdadeiro Dhamma declina. E é porque esses quatro
fundamentos da atenção plena são desenvolvidos e cultivados que o verdadeiro
Dhamma não declina. Quais quatro? Neste caso, amigo, um bhikkhu permanece
contemplando o corpo como um corpo, ardente, plenamente consciente e com
atenção plena, tendo colocado de lado a cobiça e o desprazer pelo mundo. Ele
permanece contemplando as sensações como sensações ... mente como mente ...
objetos mentais como objetos mentais, ardente, plenamente consciente e com
atenção plena, tendo colocado de lado a cobiça e o desprazer pelo mundo.
“Mestre Gotama, qual é a causa e razão porque o verdadeiro Dhamma não perdura
depois que um Tathagata tenha realizado o parinibbana? E qual é a causa e razão
porque o verdadeiro Dhamma perdura depois que um Tathagata tenha realizado o
parinibbana?”
Quando isso foi dito, aquele Brâmane disse para o Abençoado: “Magnífico, Mestre
Gotama! Magnífico, Mestre Gotama! Mestre Gotama esclareceu o Dhamma de várias
formas, como se tivesse colocado em pé o que estava de cabeça para baixo, revelasse
o que estava escondido, mostrasse o caminho para alguém que estivesse perdido ou
segurasse uma lâmpada no escuro para aqueles que possuem visão pudessem ver as
formas. Nós buscamos refúgio no Mestre Gotama, no Dhamma e na Sangha dos
bhikkhus. Que o Mestre Gotama me aceite como o discípulo leigo que buscou refúgio
para o resto da vida.”
“E como, bhikkhus, um bhikkhu tem atenção plena? Neste caso, bhikkhus, um bhikkhu
permanece contemplando o corpo como um corpo, ardente, plenamente consciente
e com atenção plena, tendo colocado de lado a cobiça e o desprazer pelo mundo. Ele
permanece contemplando as sensações como sensações ... mente como mente ...
objetos mentais como objetos mentais, ardente, plenamente consciente e com
atenção plena, tendo colocado de lado a cobiça e o desprazer pelo mundo. É desse
modo, bhikkhus, que um bhikkhu tem atenção plena.
“E como, bhikkhus, um bhikkhu tem plena consciência? Neste caso, bhikkhus, para
um bhikkhu as sensações são compreendidas quando surgem, compreendidas
enquanto estão presentes, compreendidas quando desaparecem. Os objetos mentais
são compreendidos quando surgem, compreendidos enquanto estão presentes,
compreendidos quando desaparecem. As percepções são compreendidas quando
surgem, compreendidas enquanto estão presentes, compreendidas quando
desaparecem. É desse modo bhikkhus, que um bhikkhu exerce a plena consciência.
“Bhikkhus, há esses quatro fundamentos da atenção plena. Quais quatro? Neste caso,
bhikkhus, um bhikkhu permanece contemplando o corpo como um corpo, ardente,
plenamente consciente e com atenção plena, tendo colocado de lado a cobiça e o
desprazer pelo mundo. Enquanto ele assim permanece contemplando o corpo como
um corpo, o corpo é completamente compreendido. Porque o corpo foi
completamente compreendido, o Imortal é realizado.
“Ele permanece contemplando as sensações como sensações ... mente como mente ...
objetos mentais como objetos mentais, ardente, plenamente consciente e com
atenção plena, tendo colocado de lado a cobiça e o desprazer pelo mundo. Enquanto
ele assim permanece contemplando os objetos mentais como objetos mentais, os
objetos mentais são completamente compreendidos. Porque os objetos mentais
foram completamente compreendidos, o Imortal é realizado."
Isso foi o que Brahma Sahampati disse. Tendo dito isso, ele disse ainda mais:
“Bhikkhus, aqueles pelos quais vocês têm compaixão e que pensam que vocês devem
ser ouvidos – quer sejam amigos ou colegas, parentes ou pares – esses vocês
deveriam exortar, firmar e estabelecer no desenvolvimento dos quatro fundamentos
da atenção plena.
“Bhikkhus, aqueles pelos quais vocês têm compaixão ... esses vocês deveriam
exortar, firmar e estabelecer no desenvolvimento dos quatro fundamentos da
atenção plena.”
“Bhikkhus, como um pote que tenha sido virado de cabeça para baixo abandona
toda a sua água e não a toma de volta, assim também um bhikkhu que desenvolve e
cultiva os quatro fundamentos da atenção plena abandona todos os estados ruins e
prejudiciais e não os toma de volta.
Em Savatthi.
“Bhikkhus, há essas três buscas. Quais três? A busca pelo prazer sensual, a busca por
ser/existir, a busca por uma vida santa. Essas são as três buscas. Os quatro
fundamentos da atenção plena devem ser desenvolvidos para o conhecimento
direto dessas três buscas.
“Quais quatro fundamentos da atenção plena? Neste caso, bhikkhus, um bhikkhu
permanece contemplando o corpo como um corpo, ardente, plenamente consciente
e com atenção plena, tendo colocado de lado a cobiça e o desprazer pelo mundo. Ele
permanece contemplando as sensações como sensações ... mente como mente ...
objetos mentais como objetos mentais, ardente, plenamente consciente e com
atenção plena, tendo colocado de lado a cobiça e o desprazer pelo mundo. Esses
quatro fundamentos da atenção plena devem ser desenvolvidos para o
conhecimento direto dessas três buscas.”
... “Quais quatro fundamentos da atenção plena? Neste caso, bhikkhus, um bhikkhu
permanece contemplando o corpo como um corpo ... as sensações como sensações ...
mente como mente ... objetos mentais como objetos mentais, que tem como objetivo
último a destruição da cobiça, a destruição da raiva, a destruição da delusão.” ...
... “Quais quatro fundamentos da atenção plena? Neste caso, bhikkhus, um bhikkhu
permanece contemplando o corpo como um corpo ... as sensações como sensações ...
mente como mente ... objetos mentais como objetos mentais, que tem o Imortal
como base, o Imortal como seu destino, o Imortal como seu objetivo último.” ...
... “Quais quatro fundamentos da atenção plena? Neste caso, bhikkhus, um bhikkhu
permanece contemplando o corpo como um corpo ... as sensações como sensações ...
mente como mente ... objetos mentais como objetos mentais, que decliva, tende e se
inclina na direção de Nibbana. Esses quatro fundamentos da atenção plena devem
ser desenvolvidos para o conhecimento direto dessas três buscas.”
Cada uma das seções que seguem (II – IV) devem ser elaboradas de acordo com o
método empregado na seção acima sobre o conhecimento direto.
“Bhikkhus, há essas três buscas. Quais três? A busca pelo prazer sensual, a busca por
ser/existir, a busca por uma vida santa. Essas são as três buscas. Os quatro
fundamentos da atenção plena devem ser desenvolvidos para a completa
compreensão dessas três buscas.”
“Bhikkhus, há essas três buscas. Quais três? A busca pelo prazer sensual, a busca por
ser/existir, a busca por uma vida santa. Essas são as três buscas. Os quatro
fundamentos da atenção plena devem ser desenvolvidos para a total destruição
dessas três buscas.”
(IV. Abandono)
“Bhikkhus, há essas três buscas. Quais três? A busca pelo prazer sensual, a busca por
ser/existir, a busca por uma vida santa. Essas são as três buscas. Os quatro
fundamentos da atenção plena devem ser desenvolvidos para o abandono dessas
três buscas.”
“Bhikkhus, há esses três tipos de sofrimento. Quais três? Sofrimento devido à dor,
sofrimento devido às formações, sofrimento devido à mudança. Esses são os três
tipos de sofrimento. Os quatro fundamentos da atenção plena devem ser
desenvolvidos para o conhecimento direto desses três tipos de sofrimento, para a
sua completa compreensão, para a sua total destruição e para o seu abandono.”
“E o que, bhikkhus, é a faculdade da energia? A energia que alguém obtém com base
nos quatro tipos de esforço correto. Essa é chamada a faculdade da energia.
“Portanto, bhikkhus, devido a uma diferença nas faculdades há uma diferença nos
frutos; devido a uma diferença nos frutos há um diferença entre as pessoas.”
“Mas, bhikkhus, eu digo que aquele em quem essas cinco faculdades estão
completamente e totalmente ausentes é um forasteiro, alguém que faz parte da
facção dos mundanos.”
Jivitindriya Sutta (SN XLVIII.22) - A Faculdade Vital
“E o que, bhikkhus, é a faculdade da dor? Qualquer dor corporal que exista, qualquer
desconforto corporal, a sensação dolorosa desconfortável que nasce do contato
corporal: isso, bhikkhus, é chamado de faculdade da dor.
“E o que, bhikkhus, é a faculdade da alegria? Qualquer prazer mental que exista,
qualquer conforto mental, a sensação prazerosa confortável que nasce do contato
mental: isso, bhikkhus, é chamado de faculdade da alegria.
“E onde a faculdade da dor que surgiu cessa sem deixar nenhum vestígio? Neste
caso, bhikkhus, um bhikkhu afastado dos prazeres sensuais, afastado das qualidades
não hábeis, entra e permanece no primeiro jhana, que é caracterizado pelo
pensamento aplicado e sustentado, com o êxtase e felicidade nascidos do
afastamento. E é nisso que a faculdade da dor que surgiu cessa sem deixar nenhum
vestígio. ccxiii
“E onde a faculdade da tristeza que surgiu cessa sem deixar nenhum vestígio? Neste
caso, bhikkhus, abandonando o pensamento aplicado e sustentado, um bhikkhu entra
e permanece no segundo jhana, que é caracterizado pela segurança interna e
perfeita unicidade da mente, sem o pensamento aplicado e sustentado, com o êxtase
e felicidade nascidos da concentração. E é nisso que a faculdade da tristeza que
surgiu cessa sem deixar nenhum vestígio. ccxiv
“E onde a faculdade do prazer que surgiu cessa sem deixar nenhum vestígio? Neste
caso, bhikkhus, abandonando o êxtase, um bhikkhu entra e permanece no terceiro
jhana que é caracterizado pela felicidade sem o êxtase, acompanhada pela atenção
plena, plena consciência e equanimidade, acerca do qual os nobres declaram: ‘Ele
permanece numa estada feliz, equânime e plenamente atento.’ E é nisso que a
faculdade do prazer que surgiu cessa sem deixar nenhum vestígio.
“E onde a faculdade da felicidade que surgiu cessa sem deixar nenhum vestígio?
Neste caso, bhikkhus, com o completo desaparecimento da felicidade, um bhikkhu
entra e permanece no quarto jhana, que possui nem felicidade nem sofrimento, com
a atenção plena e a equanimidade purificadas. E é nisso que a faculdade da
felicidade que surgiu cessa sem deixar nenhum vestígio.
“E onde a faculdade da equanimidade que surgiu cessa sem deixar nenhum vestígio?
Neste caso, bhikkhus, tendo completamente transcendido a base da nem percepção,
nem não percepção, um bhikkhu entra e permanece na cessação da percepção e
sensação. E é nisso que a faculdade da equanimidade que surgiu cessa sem deixar
nenhum vestígio.
“Assim é como são as coisas, Ananda! Quando jovem, a pessoa está sujeita ao
envelhecimento; quando saudável, sujeita à enfermidade; quando viva, sujeita à
morte. A complexão já não é mais tão pura e brilhante, os membros flácidos e
enrugados, as costas recurvadas; é possível discernir uma mudança nas faculdades –
a faculdade do olho, a faculdade do ouvido, a faculdade do nariz, a faculdade da
língua, a faculdade do corpo.”
Isso foi o que o Abençoado disse. Tendo dito isso, o Mestre disse ainda mais:
“Mestre Gotama, essas cinco faculdades possuem cada uma um campo separado, um
domínio separado e não experimentam o campo e o domínio das demais. Quais
cinco? A faculdade do olho, a faculdade do ouvido, a faculdade do nariz, a faculdade
da língua, a faculdade do corpo. Agora, Mestre Gotama, essas cinco faculdades, cada
uma possuindo um campo separado, um domínio separado e não experimentando o
campo e o domínio das demais, a que elas recorrem, o que é que experimenta os
seus campos e os seus domínios?”
“Você levou essa série de questões longe demais, Brâmane, você não foi capaz de
compreender o limite para as questões. Pois a vida santa, Brâmane, se unifica em
nibbana, culmina em nibbana, termina em nibbana.”
Então, não muito tempo depois do Brâmane Unnabha haver partido, o Abençoado se
dirigiu aos bhikkhus desta forma:
“Bhikkhus, suponham que numa casa ou salão com uma cumeeira, em frente a uma
janela voltada para o Leste, o sol estivesse nascendo. Quando os seus raios
entrassem pela janela, onde eles pousariam?”
“Suponham, bhikkhus, que há um rio que declive, tenda, se incline na direção leste,
com uma ilha no meio. Há um método de exposição através do qual aquele rio
poderia ser considerado um rio com uma correnteza, mas há um método de
exposição através do qual aquele rio poderia ser considerado um rio com duas
correntezas.
“E qual é o método de exposição através do qual aquele rio poderia ser considerado
um rio com uma correnteza? Tomando em conta a água ao leste da ilha e a água a
oeste da ilha – esse é o método de exposição através do qual aquele rio poderia ser
considerado um rio com uma correnteza.
“E qual é o método de exposição através do qual aquele rio poderia ser considerado
um rio com duas correntezas? Tomando em conta a água ao norte da ilha e a água ao
sul da ilha – esse é o método de exposição através do qual aquele rio poderia ser
considerado um rio com duas correntezas.
“Muito bem, Sariputta! Aqueles que não compreenderam ... têm que tomar por base
a convicção nos outros em relação a isto ... Mas aqueles que compreenderam ... eles
não têm dúvida ou perplexidade em relação a isto: que a faculdade da convicção…
energia … atenção plena … concentração ... sabedoria, quando desenvolvida e
cultivada, possui o Imortal como seu fundamento, possui o Imortal como seu
destino, possui o Imortal como seu objetivo.”
Pubbarama (pathama) Sutta (SN XLVIII.45) -
O Parque do Oriente (1)
“Bhikkhus, porque ele desenvolveu e cultivou uma faculdade é que um bhikkhu que
destruiu as impurezas declara o conhecimento supremo assim. Qual é essa
faculdade? A faculdade da sabedoria. Para um nobre discípulo que possui sabedoria,
a convicção que a segue se torna estabilizada, a energia que a segue se torna
estabilizada, a atenção plena que a segue se torna estabilizada, a concentração que a
segue se torna estabilizada.
“Bhikkhus, é porque ele desenvolveu e cultivou cinco faculdades que um bhikkhu que
destruiu as impurezas declara o conhecimento supremo assim. Quais cinco? A
faculdade da convicção, a faculdade da energia, a faculdade da atenção plena, a
faculdade da concentração, a faculdade da sabedoria.
Assim ouvi. Em certa ocasião o Abençoado estava entre os Angas, numa cidade
denominada Apana. Lá ele se dirigiu ao Venerável Sariputta desta forma:
“Sariputta, o nobre discípulo que tem completa dedicação ao Tathagata e tem plena
convicção nele possui alguma dúvida ou perplexidade em relação ao Tathagata ou
aos seus ensinamentos?”
“É deveras de se esperar, Venerável senhor, que um nobre discípulo, que tem fé, terá
atenção plena, possuindo suprema atenção plena e discriminação, alguém que
lembre e se recorde daquilo que foi feito e dito há muito tempo. Essa atenção plena
que ele possui, Venerável senhor, é a faculdade da atenção plena dele.
“É deveras de se esperar, Venerável senhor, que um nobre discípulo que tem fé, cuja
energia está estimulada e cuja atenção plena está estabelecida, obterá a
concentração, obterá a unicidade da mente, tendo se soltado do objeto. Essa
concentração que ele possui, Venerável senhor, é a faculdade da concentração dele.
“É deveras de se esperar, Venerável senhor, que um nobre discípulo, que tem fé, cuja
energia está estimulada, cuja atenção plena está estabelecida e cuja mente está
concentrada, compreenderá assim: ‘Esse samsara não possui um início que possa
ser descoberto. Um ponto inicial não é discernido para os seres que seguem vagando
e perambulando, obstaculizados pela ignorância e agrilhoados pelo desejo. Mas o
desaparecimento sem deixar qualquer vestígio e cessação da ignorância, essa massa
de obscuridade: esse é o estado pacífico, esse é o estado sublime, isto é, o silenciar
de todas as formações, o abandono de todas as aquisições, a destruição do desejo, o
desapego, a cessação, nibbana.’ Essa sabedoria que ele possui, Venerável senhor, é a
faculdade da sabedoria dele.
“E, Venerável senhor, quando ele se esforçou dessa maneira, repetidas vezes, se
recordou dessa maneira, repetidas vezes, concentrou a mente dessa maneira,
repetidas vezes, compreendeu através da sabedoria dessa maneira, repetidas vezes,
esse nobre discípulo obtém completa convicção desta forma: ‘Quanto àquelas coisas
a respeito das quais eu anteriormente só havia ouvido, eu agora permaneço
contactando-as com o corpo ccxvi e penetrando-as através da sabedoria, eu vejo.’ Essa
convicção que ele possui, Venerável senhor, é a sua faculdade da convicção.”
“Muito bem, Sariputta! Sariputta, o nobre discípulo, que tem completa dedicação ao
Tathagata e tem plena convicção nele, não possui nenhuma dúvida ou perplexidade
em relação ao Tathagata ou aos seus ensinamentos.”
Assim ouvi. Em certa ocasião, o Abençoado estava entre os Kosalas num vilarejo
Brâmane denominado Sala. Lá o Abençoado se dirigiu aos bhikkhus desta forma:
“Bhikkhus, assim como dentre os animais o leão, o rei dos animais, é considerado
como o líder, isto é, em relação à sua força, velocidade e coragem, do mesmo modo,
dentre os estados que conduzem à iluminação, a faculdade da sabedoria é
considerada como a líder, isto é, para alcançar a iluminação.
Assim ouvi. Em certa ocasião, o Abençoado estava entre os Mallikas, numa cidade
denominada Uruvelakappa. Lá o Abençoado se dirigiu aos bhikkhus desta forma:
“Bhikkhus, é como uma casa com um telhado com cumeeira: enquanto a cumeeira
não for colocada no seu lugar, não haverá estabilidade nos caibros, não haverá
firmeza nos caibros; mas quando a cumeeira tiver sido colocada no seu lugar, então
haverá estabilidade nos caibros, então haverá firmeza nos caibros. Da mesma forma,
bhikkhus, enquanto o nobre conhecimento não tiver surgido no nobre discípulo,
ainda não haverá estabilidade nas [outras] quatro faculdades, não haverá firmeza
nas [outras] quatro faculdades. Mas quando o nobre conhecimento surgir no nobre
discípulo, então haverá estabilidade nas [outras] quatro faculdades, haverá firmeza
nas [outras] quatro faculdades.
“Há um método, bhikkhus, através do qual um bhikkhu, que é um treinando ... pode
compreender: ‘Eu sou um treinando,’ enquanto que um bhikkhu, que está além do
treinamento ... pode compreender: ‘Eu estou além do treinamento.’
“Bhikkhus, assim como a pegada de qualquer ser vivo que caminha pode ser
colocada dentro da pegada de um elefante e a pegada do elefante ser considerada a
líder delas devido ao seu grande tamanho; do mesmo modo, entre os passos que
conduzem à iluminação, a faculdade da sabedoria é considerada a líder, isto é, para
alcançar a iluminação.
“Assim como, bhikkhus, a pegada de qualquer ser vivo que caminha pode ser
colocada dentro da pegada de um elefante ... assim também, entre os passos que
conduzem à iluminação, a faculdade da sabedoria é considerada a líder, isto é, para
alcançar a iluminação.”
“Bhikkhus, quando um bhikkhu está estabelecido numa coisa, as cinco faculdades são
desenvolvidas, bem desenvolvidas nele. Em qual coisa? Na diligência.
“É desse modo, bhikkhus, que quando um bhikkhu está estabelecido numa coisa, as
cinco faculdades são desenvolvidas, bem desenvolvidas nele.”
“Bhikkhus, como um pote que tenha sido virado de cabeça para baixo abandona
toda sua água e não a toma de volta, assim também um bhikkhu que desenvolve e
cultiva as cinco faculdades espirituais abandona todos os estados ruins e
prejudiciais e não os toma de volta.
Em Savatthi.
“Bhikkhus, há essas três buscas. Quais três? A busca pelo prazer sensual, a busca por
ser/existir, a busca por uma vida santa. Essas são as três buscas. As cinco faculdades
espirituais devem ser desenvolvidas para o conhecimento direto dessas três buscas.
... “Quais cinco faculdades espirituais? Neste caso, bhikkhus, um bhikkhu desenvolve
a faculdade da convicção ... Ele desenvolve a faculdade da energia ... ele desenvolve a
faculdade da atenção plena ... ele desenvolve a faculdade da concentração ... ele
desenvolve a faculdade da sabedoria, que tem como objetivo último a destruição da
cobiça, a destruição da raiva e a destruição da delusão.” ...
... “Quais cinco faculdades espirituais? Neste caso, bhikkhus, um bhikkhu desenvolve
a faculdade da convicção ... Ele desenvolve a faculdade da energia ... ele desenvolve a
faculdade da atenção plena ... ele desenvolve a faculdade da concentração ... ele
desenvolve a faculdade da sabedoria, que tem o Imortal como base, o Imortal como
seu destino, o Imortal como seu objetivo último.” ...
... “Quais cinco faculdades espirituais? Neste caso, bhikkhus, um bhikkhu desenvolve
a faculdade da convicção ... Ele desenvolve a faculdade da energia ... ele desenvolve a
faculdade da atenção plena ... ele desenvolve a faculdade da concentração ... ele
desenvolve a faculdade da sabedoria, que decliva, tende e se inclina na direção de
Nibbana. Essas cinco faculdades espirituais devem ser desenvolvidas para o
conhecimento direto dessas três buscas.”
Cada uma das seções que seguem (II – IV) devem ser elaboradas de acordo com o
método empregado na seção acima sobre o conhecimento direto.
“Bhikkhus, há essas três buscas. Quais três? A busca pelo prazer sensual, a busca por
ser/existir, a busca por uma vida santa. Essas são as três buscas. As cinco faculdades
espirituais devem ser desenvolvidas para a completa compreensão dessas três
buscas.”
“Bhikkhus, há essas três buscas. Quais três? A busca pelo prazer sensual, a busca por
ser/existir, a busca por uma vida santa. Essas são as três buscas. As cinco faculdades
espirituais devem ser desenvolvidas para a total destruição dessas três buscas.”
(IV. Abandono)
“Bhikkhus, há essas três buscas. Quais três? A busca pelo prazer sensual, a busca por
ser/existir, a busca por uma vida santa. Essas são as três buscas. As cinco faculdades
espirituais devem ser desenvolvidas para o abandono dessas três buscas.”
“Bhikkhus, há esses três tipos de sofrimento. Quais três? Sofrimento devido à dor,
sofrimento devido às formações, sofrimento devido à mudança. Esses são os três
tipos de sofrimento. As cinco faculdades espirituais devem ser desenvolvidas para o
conhecimento direto desses três tipos de sofrimento, para a sua completa
compreensão, para a sua total destruição e para o seu abandono.”
“Bhikkhus, assim como o rio Ganges decliva, tende e se inclina na direção do oceano,
um bhikkhu que desenvolve e cultiva os quatro esforços corretos também decliva,
tende e se inclina na direção de nibbana.
“Bhikkhus, como um pote que tenha sido virado de cabeça para baixo abandona toda
a sua água e não a toma de volta, assim também um bhikkhu que desenvolve e
cultiva os quatro esforços corretos abandona todos os estados ruins e prejudiciais e
não os toma de volta.
“E como um bhikkhu faz isso? Neste caso, bhikkhus, um bhikkhu gera desejo de que
não surjam estados ruins e prejudiciais que ainda não surgiram e ele se aplica,
estimula a sua energia, empenha a sua mente e se esforça. Ele gera desejo de
abandonar estados ruins e prejudiciais que já surgiram ... Ele gera desejo de que
surjam estados benéficos que ainda não surgiram ... Ele gera desejo para a
continuidade, o não desaparecimento, o fortalecimento, o incremento e a realização
através do desenvolvimento de estados benéficos que já surgiram e ele se aplica,
estimula a sua energia, empenha a sua mente e se esforça. É dessa forma, bhikkhus,
que um bhikkhu desenvolve e cultiva os quatro esforços corretos para ele abandonar
todos os estados ruins e prejudiciais e não os tomar de volta.”
Esana Sutta (SN XLIX.35) – Buscas
Em Savatthi.
“Bhikkhus, há essas três buscas. Quais três? A busca pelo prazer sensual, a busca por
ser/existir, a busca por uma vida santa. Essas são as três buscas. Os quatro esforços
corretos devem ser desenvolvidos para o conhecimento direto dessas três buscas.
“Quais quatro esforços corretos? Neste caso, bhikkhus, um bhikkhu gera desejo para
que não surjam estados ruins e prejudiciais que ainda não surgiram e ele se aplica,
estimula a sua energia, empenha a sua mente e se esforça. Ele gera desejo de
abandonar estados ruins e prejudiciais que já surgiram ... Ele gera desejo de que
surjam estados benéficos que ainda não surgiram ... Ele gera desejo para a
continuidade, o não desaparecimento, o fortalecimento, o incremento e a realização
através do desenvolvimento de estados benéficos que já surgiram e ele se aplica,
estimula a sua energia, empenha a sua mente e se esforça. Esses quatro esforços
corretos devem ser desenvolvidos para o conhecimento direto dessas três buscas.”
... “Quais quatro esforços corretos? Neste caso, bhikkhus, um bhikkhu gera desejo
para que não surjam estados ruins e prejudiciais que ainda não surgiram e ele se
aplica, estimula a sua energia, empenha a sua mente e se esforça. Ele gera desejo de
abandonar estados ruins e prejudiciais que já surgiram ... Ele gera desejo de que
surjam estados benéficos que ainda não surgiram ... Ele gera desejo para a
continuidade, o não desaparecimento, o fortalecimento, o incremento e a realização
através do desenvolvimento de estados benéficos que já surgiram e ele se aplica,
estimula a sua energia, empenha a sua mente e se esforça, que tem como objetivo
último a destruição da cobiça, a destruição da raiva, a destruição da delusão.” ...
... “Quais quatro esforços corretos? Neste caso, bhikkhus, um bhikkhu gera desejo de
que não surjam estados ruins e prejudiciais que ainda não surgiram e ele se aplica,
estimula a sua energia, empenha a sua mente e se esforça. Ele gera desejo de
abandonar estados ruins e prejudiciais que já surgiram ... Ele gera desejo de que
surjam estados benéficos que ainda não surgiram ... Ele gera desejo para a
continuidade, o não desaparecimento, o fortalecimento, o incremento e a realização
através do desenvolvimento de estados benéficos que já surgiram e ele se aplica,
estimula a sua energia, empenha a sua mente e se esforça, que tem o Imortal como
base, o Imortal como seu destino, o Imortal como seu objetivo último.” ...
... “Quais quatro esforços corretos? Neste caso, bhikkhus, um bhikkhu gera desejo
para que não surjam estados ruins e prejudiciais que ainda não surgiram e ele se
aplica, estimula a sua energia, empenha a sua mente e se esforça. Ele gera desejo de
abandonar estados ruins e prejudiciais que já surgiram ... Ele gera desejo de que
surjam estados benéficos que ainda não surgiram ... Ele gera desejo para a
continuidade, o não desaparecimento, o fortalecimento, o incremento e a realização
através do desenvolvimento de estados benéficos que já surgiram e ele se aplica,
estimula a sua energia, empenha a sua mente e se esforça, que decliva, tende e se
inclina na direção de Nibbana. Esses quatro esforços corretos devem ser
desenvolvidos para o conhecimento direto dessas três buscas.”
Cada uma das seções que seguem (II – IV) devem ser elaboradas de acordo com o
método empregado na seção acima sobre o conhecimento direto.
“Bhikkhus, há essas três buscas. Quais três? A busca pelo prazer sensual, a busca por
ser/existir, a busca por uma vida santa. Essas são as três buscas. Os quatro esforços
corretos devem ser desenvolvidos para a completa compreensão dessas três
buscas.”
“Bhikkhus, há essas três buscas. Quais três? A busca pelo prazer sensual, a busca por
ser/existir, a busca por uma vida santa. Essas são as três buscas. Os quatro esforços
corretos devem ser desenvolvidos para a total destruição dessas três buscas.”
(IV. Abandono)
“Bhikkhus, há essas três buscas. Quais três? A busca pelo prazer sensual, a busca por
ser/existir, a busca por uma vida santa. Essas são as três buscas. Os quatro esforços
corretos devem ser desenvolvidos para o abandono dessas três buscas.”
“Bhikkhus, há esses três tipos de sofrimento. Quais três? Sofrimento devido à dor,
sofrimento devido às formações, sofrimento devido à mudança. Esses são os três
tipos de sofrimento. Os quatro esforços corretos devem ser desenvolvidos para o
conhecimento direto desses três tipos de sofrimento, para a sua completa
compreensão, para a sua total destruição e para o seu abandono.”
“Bhikkhus, assim como o rio Ganges decliva, tende e se inclina na direção do oceano,
um bhikkhu que desenvolve e cultiva os cinco poderes também decliva, tende e se
inclina na direção de nibbana.
“Bhikkhus, como um pote que tenha sido virado de cabeça para baixo abandona
toda a sua água e não a toma de volta, assim também um bhikkhu que desenvolve e
cultiva os cinco poderes abandona todos os estados ruins e prejudiciais e não os
toma de volta.
“E como um bhikkhu faz isso? Neste caso, bhikkhus, um bhikkhu desenvolve o poder
da convicção, que tem como base o afastamento, desapego e cessação, que
amadurece no abandono ... Ele desenvolve o poder da energia ... ele desenvolve o
poder da atenção plena ... ele desenvolve o poder da concentração ... ele desenvolve
o poder da sabedoria, que tem como base o afastamento, desapego e cessação, que
amadurece no abandono. É dessa forma, bhikkhus, que um bhikkhu desenvolve e
cultiva os cinco poderes para ele abandonar todos os estados ruins e prejudiciais e
não os tomar de volta.”
Em Savatthi.
“Bhikkhus, há essas três buscas. Quais três? A busca pelo prazer sensual, a busca por
ser/existir, a busca por uma vida santa. Essas são as três buscas. Os cinco poderes
devem ser desenvolvidos para o conhecimento direto dessas três buscas.
... “Quais cinco poderes? Neste caso, bhikkhus, um bhikkhu desenvolve o poder da
convicção ... Ele desenvolve o poder da energia ... ele desenvolve o poder da atenção
plena ... ele desenvolve o poder da concentração ... ele desenvolve o poder da
sabedoria, que tem como objetivo último a destruição da cobiça, a destruição da
raiva, a destruição da delusão.”
... “Quais cinco poderes? Neste caso, bhikkhus, um bhikkhu desenvolve o poder da
convicção ... Ele desenvolve o poder da energia ... ele desenvolve o poder da atenção
plena ... ele desenvolve o poder da concentração ... ele desenvolve o poder da
sabedoria, que tem o Imortal como base, o Imortal como seu destino, o Imortal como
seu objetivo último.”
... “Quais cinco poderes? Neste caso, bhikkhus, um bhikkhu desenvolve o poder da
convicção ... Ele desenvolve o poder da energia ... ele desenvolve o poder da atenção
plena ... ele desenvolve o poder da concentração ... ele desenvolve o poder da
sabedoria, que decliva, tende e se inclina na direção de Nibbana. Esses cinco poderes
devem ser desenvolvidos para o conhecimento direto dessas três buscas.”
Cada uma das seções que seguem (II – IV) devem ser elaboradas de acordo com o
método empregado na seção acima sobre o conhecimento direto.
“Bhikkhus, há essas três buscas. Quais três? A busca pelo prazer sensual, a busca por
ser/existir, a busca por uma vida santa. Essas são as três buscas. Os cinco poderes
devem ser desenvolvidos para a completa compreensão dessas três buscas.”
“Bhikkhus, há essas três buscas. Quais três? A busca pelo prazer sensual, a busca por
ser/existir, a busca por uma vida santa. Essas são as três buscas. Os cinco poderes
devem ser desenvolvidos para a total destruição dessas três buscas.”
(IV. Abandono)
“Bhikkhus, há essas três buscas. Quais três? A busca pelo prazer sensual, a busca por
ser/existir, a busca por uma vida santa. Essas são as três buscas. Os cinco poderes
devem ser desenvolvidos para o abandono dessas três buscas.”
“Bhikkhus, há esses três tipos de sofrimento. Quais três? Sofrimento devido à dor,
sofrimento devido às formações, sofrimento devido à mudança. Esses são os três
tipos de sofrimento. Os cinco poderes devem ser desenvolvidos para o
conhecimento direto desses três tipos de sofrimento, para a sua completa
compreensão, para a sua total destruição e para o seu abandono.”
LI (51). Iddhipada-samyutta –
As Quatro Bases do Poder Espiritual
Este samyutta contém 86 suttas dos quais 25 foram traduzidos para o Português.
Leia sobre o conteúdo do Iddhipada-samyuttaccxx
“Bhikkhus, há essas quatro bases do poder espiritual. Quais quatro? Neste caso,
bhikkhus, um bhikkhu desenvolve a base do poder espiritual que possui
concentração devido ao desejo e às formações volitivas do esforço. Ele desenvolve a
base do poder espiritual que possui concentração devido à energia e às formações
volitivas do esforço. Ele desenvolve a base do poder espiritual que possui
concentração devido à mente e às formações volitivas do esforço. Ele desenvolve a
base do poder espiritual que possui concentração devido à investigação e às
formações volitivas do esforço. Essas são as quatro bases do poder espiritual.
Porque ele desenvolveu e cultivou essas quatro bases do poder espiritual é que o
Tathagata é chamado o arahant, o Perfeitamente Iluminado.”
“Sim, Venerável senhor,” o Venerável Ananda respondeu, e tomando o seu pano para
sentar seguiu de perto atrás do Abençoado. O Abençoado foi até o Santuário de
Capala e sentou num assento que havia sido preparado. O Venerável Ananda depois
de homenagear o Abençoado sentou a um lado. O Abençoado então disse para o
Venerável Ananda:
Mas, embora um sinal tão óbvio tenha sido dado ao Venerável Ananda pelo
Abençoado, embora uma insinuação tão óbvia lhe tenha sido feita, ele foi incapaz de
compreendê-la. Ele não implorou ao Abençoado: “Venerável senhor, que o
Abençoado siga vivendo durante este éon! Que o Iluminado siga vivendo durante
este éon, para o bem estar de muitos, para a felicidade de muitos, por compaixão
pelo mundo, pelo bem, bem estar e felicidade de devas e humanos.” Até esse ponto a
mente dele estava obcecada por Mara.
Uma segunda vez ... Uma terceira vez o Abençoado se dirigiu ao Venerável Ananda:
“Encantadora é Vesali, Ananda ... Qualquer um, Ananda, que tenha desenvolvido e
cultivado as quatro bases do poder espiritual ... poderia se ele assim desejasse,
seguir vivendo durante aquele éon ou o tempo que restar de um éon ... Se ele assim
desejasse, o Tathagata poderia seguir vivendo durante este éon ou o tempo que
resta do éon.”
Mas novamente, embora um sinal tão óbvio tenha sido dado ao Venerável Ananda
pelo Abençoado, embora uma insinuação tão óbvia lhe tenha sido feita, ele foi
incapaz de compreendê-la ... Até esse ponto a mente dele estava obcecada por Mara.
Então, o Abençoado se dirigiu ao Venerável Ananda: “Você pode ir, Ananda, quando
lhe for conveniente.”
“E esta afirmação, Venerável senhor, foi feita pelo Abençoado: ‘Eu não realizarei o
parinibbana, Senhor do Mal, até que eu tenha discípulos bhikkhuni ... até que eu
tenha discípulos leigos homens ... até que eu tenha discípulos leigos mulheres que
sejam sábias ... e que sejam capazes de ensinar o Dhamma que é eficaz.’ Mas no
momento, Venerável senhor, o Abençoado tem discípulos leigos mulheres que são
sábias, disciplinadas, confiantes, libertadas do cativeiro, estudadas, defensoras do
Dhamma, praticando de acordo com o Dhamma, praticando do modo correto,
comportando-se de modo apropriado; que aprenderam a doutrina do mestre e que
são capazes de explicá-la, ensiná-la, proclamá-la, estabelecê-la, revelá-la, analisá-la e
elucidá-la; que são capazes de refutar completamente com argumentos as doutrinas
dos outros e que são capazes de ensinar o Dhamma que é eficaz. Venerável senhor,
que o Abençoado agora realize o parinibbana! Que o Iluminado agora realize o
parinibbana! Agora é o momento para o parinibbana do Abençoado!
“E esta afirmação, Venerável senhor, foi feita pelo Abençoado: ‘Eu não realizarei o
parinibbana, Senhor do Mal, até que esta minha vida santa tenha se tornado bem
sucedida e próspera, extensa, popular, expandida, bem proclamada entre os devas e
humanos.’ A vida santa do Abençoado, Venerável senhor, se tornou bem sucedida e
próspera, extensa, popular, expandida, bem proclamada entre os devas e humanos.
Venerável senhor, que o Abençoado agora realize o parinibbana! Que o Iluminado
agora realize o parinibbana! Agora é o momento para o parinibbana do Abençoado!”
Quando isso foi dito, o Abençoado disse para Mara o Senhor do Mal: “Fique
tranqüilo, Senhor do Mal. Não tardará muito até que ocorra o parinibbana do
Tathagata. Daqui a três meses o Tathagata realizará o parinibbana.”
“Comparando o incomparável
com a existência continuada,
o sábio renunciou à formação do ser/existir.
Regozijando-se no íntimo, concentrado,
ele rompeu a continuada existência
tal qual uma armadura.”
“’Ele desenvolve a base do poder espiritual que possui concentração devido à mente
e às formações volitivas do esforço, pensando: “Assim a minha mente não estará
nem demasiado frouxa e nem demasiado tensa; e ela não estará nem contraída
internamente e nem distraída externamente.” E ele permanece percebendo depois e
antes: “Como antes, assim depois; como depois, assim antes; como abaixo, assim
acima; como acima, assim abaixo; como o dia, assim a noite; como a noite, assim o
dia.” Assim, com uma mente aberta e não confinada, ele desenvolve a mente imbuída
de luminosidade.
“’Ele desenvolve a base do poder espiritual que possui concentração devido à
investigação e às formações volitivas do esforço, pensando: “Assim a minha
investigação não estará nem demasiado frouxa e nem demasiado tensa; e ela não
estará nem contraída internamente e nem distraída externamente.” E ele permanece
percebendo depois e antes: “Como antes, assim depois; como depois, assim antes;
como abaixo, assim acima; como acima, assim abaixo; como o dia, assim a noite;
como a noite, assim o dia.” Assim, com uma mente aberta e não confinada, ele
desenvolve a mente imbuída de luminosidade.
"Com qual propósito, Mestre Ananda, a vida santa é vivida sob o contemplativo
Gotama?"
"É com o propósito de abandonar o desejo, Brâmane, que a vida santa é vivida sob o
Abençoado."
"Mas, Mestre Ananda, qual é o caminho, qual é o meio para o abandono desse
desejo?"
"Neste caso, Brâmane, um bhikkhu desenvolve a base do poder espiritual que possui
concentração devido ao desejo e às formações volitivas do esforço. Ele desenvolve a
base do poder espiritual que possui concentração devido à energia ... devido à mente
... devido à investigação e às formações volitivas do esforço. Esse, Brâmane, é o
caminho, esse é o modo para o abandono desse desejo."
"Se é assim, Mestre Ananda, então é um caminho sem fim, e não com um fim. É
impossível que alguém possa abandonar o desejo através do desejo."
"Nesse caso, Brâmane, eu lhe farei uma contra pergunta. Responda como quiser. O
que você pensa: Você antes não teve o desejo, 'Eu irei ao parque,' e depois que você
chegou ao parque, esse desejo em particular não decaiu?"
"Sim, senhor."
"Você antes não despertou a energia, pensando, 'Eu irei ao parque,' e depois que
você chegou ao parque, essa energia não decaiu?"
"Sim, senhor."
"Você antes não teve que tomar uma decisão, 'Eu irei ao parque,' e depois que você
chegou ao parque, essa decisão não decaiu?"
"Sim, senhor."
"Você antes não teve que fazer uma investigação, 'Devo ir ao parque?' e depois que
você chegou ao parque, essa investigação não decaiu?"
"Sim, senhor."
"É exatamente o mesmo, Brâmane, com um bhikkhu que é um arahant, com as
impurezas destruídas, que viveu a vida santa, fez o que devia ser feito, depôs o fardo,
alcançou o verdadeiro objetivo, destruiu os grilhões da existência e está
completamente libertado através do conhecimento supremo. Ele antes tinha o
desejo de alcançar o estado de arahant, e ao ter alcançado o estado de arahant o
desejo correspondente decaiu. Ele antes tinha despertado a energia para alcançar o
estado de arahant, e ao ter alcançado o estado de arahant a energia correspondente
decaiu. Ele antes tinha tomado a decisão de alcançar o estado de arahant, e ao ter
alcançado o estado de arahant a decisão correspondente decaiu. Ele antes tinha feito
uma investigação para alcançar o estado de arahant, e ao ter alcançado o estado de
arahant a investigação correspondente decaiu.
“O que você pensa, Brâmane, sendo esse o caso, este é um caminho sem fim, ou um
caminho com um fim?"
"Com certeza, Mestre Ananda, em sendo esse o caso, este é um caminho com um fim,
e não um caminho sem fim. Magnífico, Mestre Ananda! Magnífico, Mestre Ananda!
Mestre Ananda esclareceu o Dhamma de várias formas, como se tivesse colocado em
pé o que estava de cabeça para baixo, revelasse o que estava escondido, mostrasse o
caminho para alguém que estivesse perdido ou segurasse uma lâmpada no escuro
para aqueles que possuem visão pudessem ver as formas. Eu busco refúgio no
Mestre Gotama, no Dhamma e na Sangha dos bhikkhus. Que o Mestre Ananda me
aceite como o discípulo leigo que buscou refúgio para o resto da vida."
“E como, bhikkhus, um bhikkhu permanece ‘como o dia, assim a noite; como a noite,
assim o dia’? Neste caso, bhikkhus, durante a noite, um bhikkhu desenvolve a base do
poder espiritual que possui concentração devido ao desejo e às formações volitivas
do esforço através das mesmas qualidades, das mesmas características, dos mesmos
aspectos que ele usa para desenvolver aquela base do poder espiritual durante o
dia. Ou então, durante o dia ele desenvolve a base do poder espiritual que possui
concentração devido ao desejo e às formações volitivas do esforço através das
mesmas qualidades, das mesmas características, dos mesmos aspectos que ele usa
para desenvolver aquela base do poder espiritual durante a noite. É dessa forma,
bhikkhus, que um bhikkhu permanece ‘como o dia, assim a noite; como a noite, assim
o dia.’
“E como, bhikkhus, um bhikkhu, com uma mente aberta e não confinada, desenvolve
a mente imbuída de luminosidade? Neste caso, bhikkhus, a percepção da luz é bem
compreendida pelo bhikkhu; a percepção do dia é bem determinada. É dessa forma,
bhikkhus, que um bhikkhu com uma mente aberta e não confinada, desenvolve a
mente imbuída de luminosidade.
“É dessa forma, bhikkhus, que um bhikkhu com uma mente aberta e não confinada,
desenvolve a mente imbuída de luminosidade.
“É dessa forma, bhikkhus, que um bhikkhu com uma mente aberta e não confinada,
desenvolve a mente imbuída de luminosidade.
“É dessa forma, bhikkhus, que um bhikkhu com uma mente aberta e não confinada,
desenvolve a mente imbuída de luminosidade.
“Venerável senhor, o Abençoado se recorda de alguma vez ter ido até o mundo de
Brahma através do poder espiritual com um corpo feito pela mente?”
“Eu me recordo, Ananda, de ter ido até o mundo de Brahma através do poder
espiritual com um corpo feito pela mente.”
“Mas, Venerável senhor, o Abençoado se recorda de alguma vez ter ido até o mundo
de Brahma através do poder espiritual com este corpo composto dos quatro grandes
elementos?”
“Eu me recordo, Ananda, de ter ido até o mundo de Brahma através do poder
espiritual com este corpo composto dos quatro grandes elementos.”
“Assim como uma bola de ferro, Ananda, aquecida durante todo o dia, se torna mais
leve, maleável, flexível e luminosa, quando o Tathagata imerge o corpo na mente e a
mente no corpo, e quando ele permanece, depois de ter entrado, numa percepção
bem-aventurada e numa percepção leve com relação ao corpo, nessa ocasião
também, o corpo do Tathagata se torna mais leve, maleável, flexível e luminoso.
“Como, Ananda, um tufo de algodão, sendo leve e sustentado pelo vento, se eleva
sem dificuldade da terra para o ar, quando o Tathagata imerge o corpo na mente e a
mente no corpo, e quando ele permanece, depois de ter entrado, numa percepção
bem-aventurada e numa percepção leve com relação ao corpo, nessa ocasião
também, o corpo do Tathagata se eleva sem dificuldade da terra para o ar. Ele
exerce os vários tipos de poderes supra-humanos: tendo sido um, ele se torna vários
... ele exerce poderes corporais até mesmo nos distantes mundos de Brahma.”
“Bhikkhus, há essas quatro bases do poder espiritual. Quais quatro? Neste caso,
bhikkhus, um bhikkhu desenvolve a base do poder espiritual que possui
concentração devido ao desejo e às formações volitivas do esforço. Ele desenvolve a
base do poder espiritual que possui concentração devido à energia e às formações
volitivas do esforço. Ele desenvolve a base do poder espiritual que possui
concentração devido à mente e às formações volitivas do esforço. Ele desenvolve a
base do poder espiritual que possui concentração devido à investigação e às
formações volitivas do esforço.
“Bhikkhus, como um pote que tenha sido virado de cabeça para baixo abandona
toda a sua água e não a toma de volta, assim também um bhikkhu que desenvolve e
cultiva as quatro bases do poder espiritual abandona todos os estados ruins e
prejudiciais e não os toma de volta.
“E como um bhikkhu faz isso? Neste caso, bhikkhus, um bhikkhu desenvolve a base
do poder espiritual que possui concentração devido ao desejo e às formações
volitivas do esforço. Ele desenvolve a base do poder espiritual que possui
concentração devido à energia ... devido à mente ... devido à investigação e às
formações volitivas do esforço. É dessa forma, bhikkhus, que um bhikkhu desenvolve
e cultiva as quatro bases do poder espiritual para ele abandonar todos os estados
ruins e prejudiciais e não os tomar de volta.”
Em Savatthi.
“Bhikkhus, há essas três buscas. Quais três? A busca pelo prazer sensual, a busca por
ser/existir, a busca por uma vida santa. Essas são as três buscas. As quatro bases do
poder espiritual devem ser desenvolvidas para o conhecimento direto dessas três
buscas.
... “Quais quatro bases do poder espiritual? Neste caso, bhikkhus, um bhikkhu
desenvolve a base do poder espiritual que possui concentração devido ao desejo e
às formações volitivas do esforço. Ele desenvolve a base do poder espiritual que
possui concentração devido à energia ... devido à mente ... devido à investigação e às
formações volitivas do esforço, que tem como objetivo último a destruição da cobiça,
a destruição da raiva, a destruição da delusão.”
... “Quais quatro bases do poder espiritual? Neste caso, bhikkhus, um bhikkhu
desenvolve a base do poder espiritual que possui concentração devido ao desejo e
às formações volitivas do esforço. Ele desenvolve a base do poder espiritual que
possui concentração devido à energia ... devido à mente ... devido à investigação e às
formações volitivas do esforço, que tem o Imortal como base, o Imortal como seu
destino, o Imortal como seu objetivo último.”
... “Quais quatro bases do poder espiritual? Neste caso, bhikkhus, um bhikkhu
desenvolve a base do poder espiritual que possui concentração devido ao desejo e
às formações volitivas do esforço. Ele desenvolve a base do poder espiritual que
possui concentração devido à energia ... devido à mente ... devido à investigação e às
formações volitivas do esforço, que decliva, tende e se inclina na direção de Nibbana.
Essas quatro bases do poder espiritual devem ser desenvolvidas para o
conhecimento direto dessas três buscas.”
Cada uma das seções que seguem (II – IV) devem ser elaboradas de acordo com o
método empregado na seção acima sobre o conhecimento direto.
“Bhikkhus, há essas três buscas. Quais três? A busca pelo prazer sensual, a busca por
ser/existir, a busca por uma vida santa. Essas são as três buscas. As quatro bases do
poder espiritual devem ser desenvolvidas para a completa compreensão dessas três
buscas.”
“Bhikkhus, há essas três buscas. Quais três? A busca pelo prazer sensual, a busca por
ser/existir, a busca por uma vida santa. Essas são as três buscas. As quatro bases do
poder espiritual devem ser desenvolvidas para a total destruição dessas três
buscas.”
(IV. Abandono)
“Bhikkhus, há essas três buscas. Quais três? A busca pelo prazer sensual, a busca por
ser/existir, a busca por uma vida santa. Essas são as três buscas. As quatro bases do
poder espiritual devem ser desenvolvidas para o abandono dessas três buscas.”
“Bhikkhus, há esses três tipos de sofrimento. Quais três? Sofrimento devido à dor,
sofrimento devido às formações, sofrimento devido à mudança. Esses são os três
tipos de sofrimento. As quatro bases do poder espiritual devem ser desenvolvidas
para o conhecimento direto desses três tipos de sofrimento, para a sua completa
compreensão, para a sua total destruição e para o seu abandono.”
“Até que ponto, amigo Anuruddha, esses quatro fundamentos da atenção plena
foram adotados por um bhikkhu?”
“Se ele desejar: ‘Que eu permaneça percebendo o repulsivo no não repulsivo,’ ele
permanece percebendo o repulsivo naquilo. Se ele desejar: ‘Que eu permaneça
percebendo o não repulsivo no repulsivo,’ ele permanece percebendo o não
repulsivo naquilo. Se ele desejar: ‘Que eu permaneça percebendo o repulsivo no não
repulsivo e no repulsivo,’ ele permanece percebendo o repulsivo naquilo. Se ele
desejar: ‘Que eu permaneça percebendo o não repulsivo no repulsivo e no não
repulsivo,’ ele permanece percebendo o não repulsivo naquilo. Se ele desejar:
‘Evitando ambos, o não repulsivo e o repulsivo, que eu permaneça equânime, com
atenção plena e plena consciência,’ então, ele permanece assim equânime, com
atenção plena e plena consciência.
“Ele permanece contemplando a origem ... a cessação ... a origem e a cessação das
sensações internamente ... das sensações externamente ... das sensações
internamente e externamente, ardente, plenamente consciente e com atenção plena,
tendo colocado de lado a cobiça e o desprazer pelo mundo.
“Se ele desejar: ‘Que eu permaneça percebendo o repulsivo no não repulsivo,’ ele
permanece percebendo o repulsivo naquilo ... Se ele desejar: ‘Evitando ambos, o não
repulsivo e o repulsivo, que eu permaneça equânime, com atenção plena e plena
consciência,’ então ele permanece assim equânime, com atenção plena e plena
consciência.
“Se ele desejar: ‘Que eu permaneça percebendo o repulsivo no não repulsivo,’ ele
permanece percebendo o repulsivo naquilo ... Se ele desejar: ‘Evitando ambos, o não
repulsivo e o repulsivo, que eu permaneça equânime, com atenção plena e plena
consciência,’ então, ele permanece assim equânime, com atenção plena e plena
consciência.
“Ele permanece contemplando a origem ... a cessação ... a origem e a cessação dos
objetos mentais externamente ... dos objetos mentais internamente e externamente,
ardente, plenamente consciente e com atenção plena, tendo colocado de lado a
cobiça e o desprazer pelo mundo.
“Se ele desejar: ‘Que eu permaneça percebendo o repulsivo no não repulsivo,’ ele
permanece percebendo o repulsivo naquilo ... Se ele desejar: ‘Evitando ambos, o não
repulsivo e o repulsivo, que eu permaneça equânime, com atenção plena e plena
consciência,’ então, ele permanece assim equânime, com atenção plena e plena
consciência.
“É desse modo, amigo, que os quatro fundamentos da atenção plena foram adotados
por um bhikkhu."
“Eu permaneci contemplando as sensações como sensações ... mente como mente ...
objetos mentais como objetos mentais, ardente, plenamente consciente e com
atenção plena, tendo colocado de lado a cobiça e o desprazer pelo mundo.
“Amigo Anuruddha, as suas faculdades estão serenas, a sua complexão está pura e
brilhante. Em qual permanência o Venerável Anuruddha em geral permanece?”
“Agora, amigo, em geral permaneço com a mente bem estabelecida nos quatro
fundamentos da atenção plena, Quais quatro? Neste caso, amigo, permaneço
contemplando o corpo como um corpo ... sensações como sensações ... mente como
mente ... objetos mentais como objetos mentais, ardente, plenamente consciente e
com atenção plena, tendo colocado de lado a cobiça e o desprazer pelo mundo.
“O bhikkhu, amigo, que é um arahant, com as impurezas destruídas, que viveu a vida
santa, fez o que devia ser feito, depôs o fardo, alcançou o verdadeiro objetivo,
destruiu os grilhões da existência e está completamente libertado através do
conhecimento supremo, em geral permanece com a mente bem estabelecida nesses
quatro fundamentos da atenção plena.
“É um ganho para nós, amigo, é um grande ganho para nós, amigo, ter estado na
presença do Venerável Anuruddha quando ele fez tal afirmação.”
Iddhividha Sutta (SN LII.12) –
Os Poderes Supra-humanos
“Eu permaneci contemplando as sensações como sensações ... mente como mente ...
objetos mentais como objetos mentais, ardente, plenamente consciente e com
atenção plena, tendo colocado de lado a cobiça e o desprazer pelo mundo.
“Eu permaneci contemplando as sensações como sensações ... mente como mente ...
objetos mentais como objetos mentais, ardente, plenamente consciente e com
atenção plena, tendo colocado de lado a cobiça e o desprazer pelo mundo.
“Eu permaneci contemplando as sensações como sensações ... mente como mente ...
objetos mentais como objetos mentais, ardente, plenamente consciente e com
atenção plena, tendo colocado de lado a cobiça e o desprazer pelo mundo.
“Eu permaneci contemplando as sensações como sensações ... mente como mente ...
objetos mentais como objetos mentais, ardente, plenamente consciente e com
atenção plena, tendo colocado de lado a cobiça e o desprazer pelo mundo.
“Eu permaneci contemplando as sensações como sensações ... mente como mente ...
objetos mentais como objetos mentais, ardente, plenamente consciente e com
atenção plena, tendo colocado de lado a cobiça e o desprazer pelo mundo.
“Eu permaneci contemplando as sensações como sensações ... mente como mente ...
objetos mentais como objetos mentais, ardente, plenamente consciente e com
atenção plena, tendo colocado de lado a cobiça e o desprazer pelo mundo.
“Bhikkhus, há esses quatro jhanas. Quais quatro? Neste caso, bhikkhus, afastado dos
prazeres sensuais, afastado das qualidades não hábeis, um bhikkhu entra e
permanece no primeiro jhana, que é acompanhado pelo pensamento aplicado e
sustentado, com o êxtase e felicidade nascidos do afastamento. Silenciando o
pensamento aplicado e sustentado, um bhikkhu entra e permanece no segundo
jhana, que é acompanhado pela autoconfiança e unicidade da mente sem o
pensamento aplicado e sustentado, com o êxtase e felicidade nascidos da
concentração. Com o desaparecer do êxtase, um bhikkhu permanece com a
equanimidade, plenamente atento e plenamente consciente, ainda sentindo
felicidade no corpo, ele entra e permanece no terceiro jhana, acerca do qual os
nobres declaram: ‘Possui uma estada feliz aquele que é equânime e plenamente
atento.’ Com o abandono da felicidade e do sofrimento, e com o anterior
desaparecimento da alegria e tristeza, um bhikkhu entra e permanece no quarto
jhana, que possui nem felicidade, nem sofrimento e a atenção plena purificada
devido à equanimidade. Esses são os quatro jhanas.
“Bhikkhus, como o rio Ganges decliva, tende e se inclina na direção do oceano, um
bhikkhu que desenvolve e cultiva os quatro jhanas também decliva, tende e se
inclina na direção de nibbana.
“Bhikkhus, como um pote que tenha sido virado de cabeça para baixo abandona
toda a sua água e não a toma de volta, assim também um bhikkhu que desenvolve e
cultiva os quatro jhanas abandona todos os estados ruins e prejudiciais e não os
toma de volta.
“E como um bhikkhu faz isso? Neste caso, bhikkhus, afastado dos prazeres sensuais,
afastado das qualidades não hábeis, um bhikkhu entra e permanece no primeiro
jhana ... no segundo jhana ... no terceiro jhana ... no quarto jhana. É dessa forma,
bhikkhus, que um bhikkhu desenvolve e cultiva os quatro jhanas para ele abandonar
todos os estados ruins e prejudiciais e não os tomar de volta.”
Em Savatthi.
“Bhikkhus, há essas três buscas. Quais três? A busca pelo prazer sensual, a busca por
ser/existir, a busca por uma vida santa. Essas são as três buscas. Os quatro jhanas
devem ser desenvolvidos para o conhecimento direto dessas três buscas.
“Quais quatro jhanas? Neste caso, bhikkhus, afastado dos prazeres sensuais, afastado
das qualidades não hábeis, um bhikkhu entra e permanece no primeiro jhana ... no
segundo jhana ... no terceiro jhana ... no quarto jhana. Esses quatro jhanas devem ser
desenvolvidos para o conhecimento direto dessas três buscas.”
... “Quais quatro jhanas? Neste caso, bhikkhus, afastado dos prazeres sensuais,
afastado das qualidades não hábeis, um bhikkhu entra e permanece no primeiro
jhana ... no segundo jhana ... no terceiro jhana ... no quarto jhana, que tem como
objetivo último a destruição da cobiça, a destruição da raiva, a destruição da
delusão.”
... “Quais quatro jhanas? Neste caso, bhikkhus, afastado dos prazeres sensuais,
afastado das qualidades não hábeis, um bhikkhu entra e permanece no primeiro
jhana ... no segundo jhana ... no terceiro jhana ... no quarto jhana, que tem o Imortal
como base, o Imortal como seu destino, o Imortal como seu objetivo último.”
... “Quais quatro jhanas? Neste caso, bhikkhus, afastado dos prazeres sensuais,
afastado das qualidades não hábeis, um bhikkhu entra e permanece no primeiro
jhana ... no segundo jhana ... no terceiro jhana ... no quarto jhana, que decliva, tende e
se inclina na direção de Nibbana. Esses quatro jhanas devem ser desenvolvidos para
o conhecimento direto dessas três buscas.”
Cada uma das seções que seguem (II – IV) devem ser elaboradas de acordo com o
método empregado na seção acima sobre o conhecimento direto.
“Bhikkhus, há essas três buscas. Quais três? A busca pelo prazer sensual, a busca por
ser/existir, a busca por uma vida santa. Essas são as três buscas. Os quatro jhanas
devem ser desenvolvidos para a completa compreensão dessas três buscas.”
“Bhikkhus, há essas três buscas. Quais três? A busca pelo prazer sensual, a busca por
ser/existir, a busca por uma vida santa. Essas são as três buscas. Os quatro jhanas
devem ser desenvolvidos para a total destruição dessas três buscas.”
(IV. Abandono)
“Bhikkhus, há essas três buscas. Quais três? A busca pelo prazer sensual, a busca por
ser/existir, a busca por uma vida santa. Essas são as três buscas. Os quatro jhanas
devem ser desenvolvidos para o abandono dessas três buscas.”
“Bhikkhus, há esses três tipos de sofrimento. Quais três? Sofrimento devido à dor,
sofrimento devido às formações, sofrimento devido à mudança. Esses são os três
tipos de sofrimento. Os quatro jhanas devem ser desenvolvidos para o
conhecimento direto desses três tipos de sofrimento, para a sua completa
compreensão, para a sua total destruição e para o seu abandono.”
“Portanto, bhikkhus, se um bhikkhu desejar: ‘Que nem o meu corpo e nem os meus
olhos fiquem fatigados e a minha mente, através do desapego esteja libertada das
impurezas,’ para essa mesma concentração através da atenção plena na respiração é
que ele deveria dar atenção.
“Portanto, bhikkhus, se um bhikkhu desejar: ‘Que eu, afastado dos prazeres sensuais,
afastado das qualidades não hábeis, entre e permaneça no primeiro jhana, que é
caracterizado pelo pensamento aplicado e sustentado, com o êxtase e felicidade
nascidos do afastamento,’ para essa mesma concentração através da atenção plena
na respiração é que ele deveria dar atenção.
“Portanto, bhikkhus, se um bhikkhu desejar: ‘Que eu, com a completa superação das
percepções da forma, com o desaparecimento das percepções do contato sensorial,
sem dar atenção às percepções da diversidade, consciente de que o “espaço é
infinito,” entre e permaneça na base do espaço infinito,’ para essa mesma
concentração através da atenção plena na respiração é que ele deveria dar atenção.
“Quando ele sente uma sensação que dá um fim ao corpo, ele compreende: ‘Eu sinto
uma sensação que dá um fim ao corpo.’ Quando ele sente uma sensação que dá um
fim à vida, ele compreende: ‘Eu sinto uma sensação que dá um fim à vida.’ Ele
compreende: ‘Com a dissolução do corpo, depois da morte, tudo que é sentido sem
deleitação, irá esfriar aqui mesmo, apenas resíduos corporais restarão.’
“Bhikkhus, eu quero estar em retiro por meio mês. Eu não devo ser abordado por
ninguém exceto aquele que me traz a comida esmolada.”
Então, quando havia passado meio mês, o Abençoado emergiu do seu isolamento e
se dirigiu ao Venerável Ananda: “Porque, Ananda, a Sangha dos bhikkhus parece
estar tão diminuída?
“Venerável senhor, é porque o Abençoado discursou sobre vários tipos de coisas
repulsivas, falou em louvor das coisas repulsivas, falou em louvor do
desenvolvimento da meditação das coisas repulsivas e aqueles bhikkhus pensando:
‘O Abençoado discursou sobre vários tipos de coisas repulsivas, falou em louvor das
coisas repulsivas, falou em louvor do desenvolvimento da meditação das coisas
repulsivas,’ permaneceram dedicados ao desenvolvimento da meditação das coisas
repulsivas nos seus muitos aspectos e fatores. Sentindo repulsa, vergonha e nojo
deste corpo, eles foram em busca de um assassino. Num dia, dez bhikkhus usaram a
faca ou num dia, vinte ou trinta bhikkhus usaram a faca. Seria bom, Venerável
senhor, se o Abençoado explicasse um outro método de modo que esta sangha dos
bhikkhus possa se estabelecer no conhecimento supremo.”
“Bem então, Ananda, reúna no salão de assembléias todos os bhikkhus que estão
vivendo em Vesali.”
Então, o Abençoado foi até o salão de assembléias, sentou num assento que havia
sido preparado e se dirigiu aos bhikkhus da seguinte forma:
“Tal como, bhikkhus, no último mês do verão, quando uma massa de poeira se forma
num redemoinho, uma grande nuvem de chuva fora de época a dispersa e extingue
no ato, da mesma forma a concentração através da atenção plena na respiração,
quando desenvolvida e cultivada, é pacífica e sublime, uma permanência
ambrosíaca, prazerosa, e ela dispersa e extingue no ato os estados ruins e
prejudiciais sempre que estes surgirem. E como isso é feito?
Quando isso foi dito, o Venerável Kimbila ficou em silêncio. Uma segunda vez ... uma
terceira vez o Abençoado se dirigiu ao Venerável Kimbila: “Como é, Kimbila, que a
concentração através da atenção plena é desenvolvida e cultivada para que traga
grandes frutos e benefícios?” Uma terceira vez o Venerável Kimbila ficou em
silêncio.
“Bem então, Ananda, ouça e preste muita atenção àquilo que eu vou dizer.” – “Sim,
Venerável senhor,” o Venerável Ananda respondeu. O Abençoado disse o seguinte:
“Sempre, Ananda, que um bhikkhu treina assim: ‘Eu inspiro experienciando êxtase’;
ele treina assim: ‘Eu expiro experienciando êxtase.’ Ele treina assim: ’Eu inspiro
experienciando a felicidade’; ele treina assim: ‘Eu expiro experienciando a
felicidade’. Ele treina assim: ‘Eu inspiro experienciando a formação da mente’; ele
treina assim: ‘Eu expiro experienciando a formação da mente.’ Ele treina assim: ‘Eu
inspiro tranqüilizando a formação da mente’; ele treina assim: 'Eu expiro
tranqüilizando a formação da mente’ - nessa ocasião, o bhikkhu permanece
contemplando as sensações como sensações, ardente, plenamente consciente e com
atenção plena, tendo colocado de lado a cobiça e o desprazer pelo mundo. Por qual
razão? Eu digo que essa é uma certa sensação entre as sensações, Ananda, ou seja, a
cuidadosa atenção à inspiração e à expiração. Portanto, Ananda, nessa ocasião, o
bhikkhu permanece contemplando as sensações como sensações, ardente,
plenamente consciente e com atenção plena, tendo colocado de lado a cobiça e o
desprazer pelo mundo.
“Amigo Mahanama, aqueles bhikkhus que são treinandos, que não alcançaram o
ideal das suas mentes, que permanecem aspirando pela insuperável segurança
contra o cativeiro, permanecem com os cinco obstáculos abandonados. Quais cinco?
O obstáculo do desejo sensual, má vontade, preguiça e torpor, inquietação e
ansiedade, e dúvida. Aqueles bhikkhus que são treinandos ... permanecem com esses
cinco obstáculos abandonados.
“Mas, amigo Mahanama, aqueles bhikkhus que são arahants, com as impurezas
destruídas, que viveram a vida santa, fizeram o que devia ser feito, depuseram o
fardo, alcançaram o verdadeiro objetivo, destruíram os grilhões da existência e
estão completamente libertados através do conhecimento supremo, os cinco
obstáculos foram abandonados, cortados pela raiz, feitos como com um tronco de
palmeira, eliminados de tal forma que não estarão mais sujeitos a um futuro
surgimento. Quais cinco? O obstáculo do desejo sensual, má vontade, preguiça e
torpor, inquietação e ansiedade, e dúvida. Aqueles bhikkhus que são arahants ...
esses cinco obstáculos foram abandonados, cortados pela raiz, feitos como com um
tronco de palmeira, eliminados de tal forma que não estarão mais sujeitos a um
futuro surgimento.
“Através do método que segue também, amigo Mahanama, pode ser compreendido
como a permanência de um treinando é uma coisa e a permanência do Tathagata é
outra.
Então, quando havia passado três meses, o Abençoado emergiu do seu isolamento e
se dirigiu aos bhikkhus desta forma:
“Nesse caso, bhikkhus, eu inspiro com atenção plena, eu expiro com atenção plena.
Inspirando longo, eu compreendo: ‘eu inspiro longo’; ou expirando longo, eu
compreendo: ‘eu expiro longo.’ Inspirando curto, eu compreendo: ‘eu inspiro curto’;
ou expirando curto, eu compreendo: ‘eu expiro curto.’ Eu compreendo: ‘ eu inspiro
experienciando todo o corpo’ ... Eu compreendo: ‘eu expiro contemplando a
renúncia.’
“Há, Ananda, uma coisa que quando desenvolvida e cultivada realiza quatro coisas; e
quatro coisas que, quando desenvolvidas e cultivadas realizam sete coisas; e sete
coisas que quando desenvolvidas e cultivadas realizam duas coisas.”
“Mas, Venerável senhor, qual é essa uma coisa que, quando desenvolvida e cultivada
realiza quatro coisas; e quatro coisas que, quando desenvolvidas e cultivadas
realizam sete coisas; e sete coisas que quando desenvolvidas e cultivadas realizam
duas coisas?”
“Sempre, Ananda, que um bhikkhu treina assim: ‘Eu inspiro experienciando êxtase’;
ele treina assim: ‘Eu expiro experienciando êxtase.’ Ele treina assim: 'Eu inspiro
experienciando a felicidade’; ele treina assim: ‘Eu expiro experienciando a
felicidade’. Ele treina assim: ‘Eu inspiro experienciando a formação da mente’; ele
treina assim: ‘Eu expiro experienciando a formação da mente.’ Ele treina assim: ‘Eu
inspiro tranqüilizando a formação da mente’; ele treina assim: 'Eu expiro
tranqüilizando a formação da mente’ - nessa ocasião, o bhikkhu permanece
contemplando as sensações como sensações, ardente, plenamente consciente e com
atenção plena, tendo colocado de lado a cobiça e o desprazer pelo mundo. Por qual
razão? Eu digo que essa é uma certa sensação entre as sensações, Ananda, ou seja, a
cuidadosa atenção à inspiração e à expiração. Portanto, Ananda, nessa ocasião, o
bhikkhu permanece contemplando as sensações como sensações, ardente,
plenamente consciente e com atenção plena, tendo colocado de lado a cobiça e o
desprazer pelo mundo.
“Permanecendo assim com atenção plena, ele investiga aquele dhamma com
sabedoria, ele o examina, faz uma análise. Sempre, Ananda, que um bhikkhu
permanece assim com atenção plena, nessa ocasião, o fator da iluminação da
investigação dos fenômenos é estimulado pelo bhikkhu; nessa ocasião, o bhikkhu
desenvolve o fator da iluminação da investigação dos fenômenos; nessa ocasião, o
fator da iluminação da investigação dos fenômenos alcança a sua plenitude através
do seu desenvolvimento naquele bhikkhu.
“Enquanto ele investiga aquele dhamma com sabedoria, ele o examina, faz uma
análise, a energia dele é estimulada sem enfraquecimento. Sempre, Ananda, que a
energia de um bhikkhu é estimulada sem enfraquecimento enquanto ele investiga
aquele dhamma com sabedoria, nessa ocasião, o fator da iluminação da energia é
estimulado pelo bhikkhu; nessa ocasião, o bhikkhu desenvolve o fator da iluminação
da energia; nessa ocasião, o fator da iluminação da energia alcança a sua plenitude
através do seu desenvolvimento naquele bhikkhu.
“Quando a energia dele é estimulada, surge nele o êxtase. Sempre, Ananda, que o
êxtase surge num bhikkhu cuja energia é estimulada, nessa ocasião, o fator da
iluminação do êxtase é estimulado pelo bhikkhu; nessa ocasião, o bhikkhu
desenvolve o fator da iluminação do êxtase; nessa ocasião, o fator da iluminação do
êxtase alcança a sua plenitude através do seu desenvolvimento naquele bhikkhu.
“Naquele cuja mente está elevada pelo êxtase, o corpo fica calmo e a mente fica
tranqüila. Sempre, Ananda, que o corpo fica calmo e a mente fica tranqüila num
bhikkhu cuja mente está elevada pelo êxtase, nessa ocasião, o fator da iluminação da
tranqüilidade é estimulado pelo bhikkhu; nessa ocasião, o bhikkhu desenvolve o
fator da iluminação da tranqüilidade; nessa ocasião, o fator da iluminação da
tranqüilidade alcança a sua plenitude através do desenvolvimento naquele bhikkhu.
“Naquele em que o corpo está calmo e que sente felicidade, a mente se torna
concentrada. Sempre, Ananda, que a mente fica concentrada num bhikkhu cujo
corpo está calmo e que sente felicidade, nessa ocasião, o fator da iluminação da
concentração é estimulado pelo bhikkhu; nessa ocasião, o bhikkhu desenvolve o fator
da iluminação da concentração; nessa ocasião, o fator da iluminação da
concentração alcança a sua plenitude através do desenvolvimento naquele bhikkhu.
“Ele olha de perto com equanimidade para a mente assim concentrada. Sempre,
Ananda, que um bhikkhu olha de perto para a mente assim concentrada, nessa
ocasião, o fator da iluminação da equanimidade é estimulado pelo bhikkhu; nessa
ocasião, o bhikkhu desenvolve o fator da iluminação da equanimidade; nessa
ocasião, o fator da iluminação da equanimidade alcança a sua plenitude através do
desenvolvimento naquele bhikkhu.
“Ele olha de perto com equanimidade para a mente assim concentrada. Sempre,
Ananda, que um bhikkhu olha de perto para a mente assim concentrada, nessa
ocasião, o fator da iluminação da equanimidade é estimulado pelo bhikkhu; nessa
ocasião, o bhikkhu desenvolve o fator da iluminação da equanimidade; nessa
ocasião, o fator da iluminação da equanimidade alcança a sua plenitude através do
desenvolvimento naquele bhikkhu.
“Quais são as quatro? Aqui, bhikkhus, o nobre discípulo possui perfeita claridade,
serenidade e confiança no Buda assim: ‘O Abençoado é um arahant, perfeitamente
iluminado, consumado no verdadeiro conhecimento e conduta, bem-aventurado,
conhecedor dos mundos, um líder insuperável de pessoas preparadas para serem
treinadas, mestre de devas e humanos, desperto, sublime.’
“Ele possui essas quatro coisas. E, bhikkhus, entre obter a soberania sobre os quatro
continentes e obter as quatro coisas, a obtenção da soberania sobre os quatro
continentes não vale um dezesseis avos da obtenção das quatro coisas.”
“Bhikkhus, um nobre discípulo que possui quatro coisas entrou na correnteza, não
mais destinado aos mundos inferiores, com o destino fixo, ele tem a iluminação
como destino.
“Um nobre discípulo, bhikkhus, que possui essas quatro coisas entrou na correnteza,
não mais destinado aos mundos inferiores, com o destino fixo, ele tem a iluminação
como destino.”
Isso foi dito pelo Abençoado. Tendo dito isso, o Iluminado, o Mestre, disse mais:
“Sim, meu caro,” o chefe de família Jotika respondeu e foi até o Abençoado e depois
de cumprimentá-lo sentou a um lado e relatou a sua mensagem. O Abençoado
concordou em silêncio.
“Então Dighavu, você deve praticar da seguinte forma: ‘Eu serei um dos que possui
perfeita claridade, serenidade e confiança no Buda assim: “O Abençoado é ... mestre
de devas e humanos, desperto, sublime.” Eu serei um dos que possui perfeita
claridade, serenidade e confiança no Dhamma ... na Sangha ... Eu serei um dos que
possui as virtudes apreciadas pelos nobres – intactas ... que conduzem à
concentração.’ É dessa forma que você deve praticar.”
“Venerável senhor, quanto a esses quatro fatores daquele que entrou na correnteza,
que foram ensinados pelo Abençoado, essas coisas existem em mim e eu vivo em
conformidade com essas coisas. Pois, Venerável senhor, eu tenho perfeita claridade,
serenidade e confiança no Buda ... no Dhamma ... na Sangha ...eu possuo as virtudes
apreciadas pelos nobres – intactas ... que conduzem à concentração.”
“Então, Dighavu, estabelecido nesses fatores daquele que entrou na correnteza, você
além disso deveria desenvolver outras seis coisas que compartilham do verdadeiro
conhecimento. Aqui, Dighavu, permaneça com a percepção da impermanência em
todas as formações condicionadas, permaneça com a percepção do sofrimento
naquilo que é impermanente, permaneça com a percepção do não-eu naquilo que é
sofrimento, permaneça com a percepção do abandono, permaneça com a percepção
do desapego, permaneça com a percepção da cessação. É dessa forma que você deve
praticar.”
“Não se preocupe com isso, estimado Dighavu. Venha agora, estimado Dighavu,
preste muita atenção àquilo que o Abençoado está lhe dizendo.”
“Bhikkhus, o discípulo leigo Dighavu era sábio. Ele praticava de acordo com o
Dhamma e não criava problemas por conta do Dhamma. Bhikkhus, com a destruição
dos primeiros cinco grilhões, o discípulo leigo Dighavu reaparecerá
espontaneamente [nas Moradas Puras] e lá realizará o parinibbana sem nunca mais
retornar daquele mundo.”
“Sariputta, assim é dito: ‘Um fator para entrar na correnteza, um fator para entrar na
correnteza.’ O que então, Sariputta, é um fator para entrar na correnteza?
“Sariputta, assim é dito: ‘Aquele que entrou na correnteza, aquele que entrou na
correnteza.’ O que então, Sariputta, é aquele que entrou na correnteza?”
“Aquele que possui este Nobre Caminho Óctuplo, Venerável senhor é aquele que
entrou na correnteza: este Venerável com tal nome e clã.”
“Muito bem, Sariputta! Aquele que possui este Nobre Caminho Óctuplo é aquele que
entrou na correnteza: este Venerável com tal nome e clã.”
Assim ouvi. Em certa ocasião o Abençoado estava perambulando por Kosala com
uma grande sangha de bhikkhus até que por fim acabou chegando em um vilarejo
Brâmane denominado Portão de Bambu. Então, os Brâmanes chefes de família do
Portão de Bambu ouviram: “Gotama o contemplativo, o filho dos Sakyas, que adotou
a vida santa deixando o clã dos Sakyas, que andava perambulando em Kosala com
um grande número de bhikkhus chegou no Portão de Bambu. E acerca desse mestre
Gotama existe essa boa reputação: ‘Esse Abençoado é um arahant, perfeitamente
iluminado, consumado no verdadeiro conhecimento e conduta, bem-aventurado,
conhecedor dos mundos, um líder insuperável de pessoas preparadas para serem
treinadas, mestre de devas e humanos, desperto, sublime. Ele declara - tendo
realizado por si próprio com o conhecimento direto - este mundo com os seus devas,
Maras e Brahmas, esta população com seus contemplativos e Brâmanes, seus
príncipes e povo. Ele ensina o Dhamma com o significado e fraseado corretos, que é
admirável no início, admirável no meio, admirável no final; e ele revela uma vida
santa que é completamente perfeita e imaculada.’ É bom poder encontrar alguém
tão nobre.”
“Eu ensinarei para vocês, chefes de família, uma exposição do Dhamma aplicável a si
próprio. ccxxviii Ouçam e prestem muita atenção àquilo que eu vou dizer.” – “Sim,
Venerável senhor,” os Brâmanes chefes de família do Portão de Bambu
responderam. O Abençoado disse o seguinte:
“Outra vez, chefes de família, um nobre discípulo reflete assim: ‘Se alguém viesse
tomar de mim aquilo que eu não lhe dei, isto é, cometer um roubo, isso não seria
prazeroso e agradável para mim. Agora, se eu tomasse de outrem aquilo que ele não
me deu, isto é, cometer um roubo, isso tampouco seria prazeroso e agradável para
outrem. Aquilo que é desprazeroso e desagradável para mim também é
desprazeroso e desagradável para outrem. Como posso impor a outrem aquilo que é
desprazeroso e desagradável para mim?’ Tendo refletido dessa forma, ele se abstém
de tomar aquilo que não lhe foi dado, exorta os outros a se absterem de tomar aquilo
que não lhes foi dado e fala elogiando a abstinência de tomar aquilo que não foi
dado. Assim, essa conduta corporal dele é purificada em três aspectos.
“Outra vez, chefes de família, um nobre discípulo reflete assim: ‘Se alguém
cometesse adultério com as minhas esposas, isso não seria prazeroso e agradável
para mim. Agora, se eu cometesse adultério com as esposas de outrem, isso
tampouco seria prazeroso e agradável para outrem. Aquilo que é desprazeroso e
desagradável para mim também é desprazeroso e desagradável para outrem. Como
posso impor a outrem aquilo que é desprazeroso e desagradável para mim?’ Tendo
refletido dessa forma, ele se abstém da conduta sexual imprópria, exorta os outros a
se absterem da conduta sexual imprópria e fala elogiando a abstinência da conduta
sexual imprópria. Assim, essa conduta corporal dele é purificada em três aspectos.
“Outra vez, chefes de família, um nobre discípulo reflete assim: ‘Se alguém
prejudicasse o meu bem-estar com a linguagem mentirosa, isso não seria prazeroso
e agradável para mim. Agora se eu prejudicasse com a linguagem mentirosa o bem-
estar de outrem, isso tampouco seria prazeroso e agradável para outrem. Aquilo que
é desprazeroso e desagradável para mim também é desprazeroso e desagradável
para outrem. Como posso impor a outrem aquilo que é desprazeroso e desagradável
para mim?’ Tendo refletido dessa forma, ele se abstém da linguagem mentirosa,
exorta os outros a se absterem da linguagem mentirosa e fala elogiando a
abstinência da linguagem mentirosa. Assim, essa conduta corporal dele é purificada
em três aspectos.
“Outra vez, chefes de família, um nobre discípulo reflete assim: ‘Se alguém me
separasse dos meus amigos com linguagem maliciosa, isso não seria prazeroso e
agradável para mim. Agora, se eu separasse com linguagem mentirosa os amigos de
outrem, isso tampouco seria prazeroso e agradável para outrem ... Assim, essa
conduta corporal dele é purificada em três aspectos.
“Outra vez, chefes de família, um nobre discípulo reflete assim: ‘Se alguém se
dirigisse a mim com linguagem grosseira, isso não seria prazeroso e agradável para
mim. Agora, se eu me dirigisse com linguagem grosseira a outrem, isso tampouco
seria prazeroso e agradável para outrem ... Assim, essa conduta corporal dele é
purificada em três aspectos.
“Outra vez, chefes de família, um nobre discípulo reflete assim: ‘Se alguém se
dirigisse a mim com linguagem frívola, isso não seria prazeroso e agradável para
mim. Agora, se eu me dirigisse a outrem com linguagem frívola, isso tampouco seria
prazeroso e agradável para outrem. Aquilo que é desprazeroso e desagradável para
mim também é desprazeroso e desagradável para outrem. Como posso impor a
outrem aquilo que é desprazeroso e desagradável para mim?’ Tendo refletido dessa
forma, ele se abstém da linguagem frívola, exorta os outros a se absterem da
linguagem frívola e fala elogiando a abstinência da linguagem frívola. Assim, essa
conduta corporal dele é purificada em três aspectos.
“Quando, chefes de família, o nobre discípulo possui essas sete boas qualidades e
esses quatro estados desejáveis, se ele quiser poderá declarar de si mesmo: ‘Eu sou
um daqueles que deu fim ao inferno, fim ao reino animal, fim ao reino dos
fantasmas, fim aos planos de miséria, fim aos destinos ruins, fim aos mundos
inferiores. Eu entrei na correnteza, não mais destinado aos mundos inferiores, com
o destino fixo, tenho a iluminação como destino.’”
Quando isso foi dito, os Brâmanes chefes de família do Portão de Bambu disseram:
“Magnífico, Mestre Gotama! Magnífico, Mestre Gotama! Mestre Gotama esclareceu o
Dhamma de várias formas, como se tivesse colocado em pé o que estava de cabeça
para baixo, revelasse o que estava escondido, mostrasse o caminho para alguém que
estivesse perdido ou segurasse uma lâmpada no escuro para aqueles que possuem
visão pudessem ver as formas. Nós buscamos refúgio no Mestre Gotama, no
Dhamma e na Sangha dos bhikkhus. Que o Mestre Gotama nos aceite como discípulos
leigos que nele buscaram refúgio para o resto da vida.”
“Venerável senhor, o bhikkhu chamado Salha morreu. Qual é o seu destino, qual é o
seu futuro percurso? A bhikkhuni chamada Nanda morreu. Qual é o seu destino, qual
é o seu futuro percurso? O discípulo leigo chamada Sudatta morreu. Qual é o seu
destino, qual é o seu futuro percurso? O discípulo leigo chamado Sujata morreu.
Qual é o seu destino, qual é o seu futuro percurso?”
“Ananda, o bhikkhu Salha que morreu, com a eliminação das impurezas mentais
permaneceu num estado livre de impurezas com a libertação da mente e a
libertação através da sabedoria, tendo conhecido e manifestado isso para si mesmo
no aqui e agora. A bhikkhuni Nanda que morreu, com a destruição dos primeiros
cinco grilhões, reapareceu espontaneamente [nas Moradas Puras] e lá irá realizar o
parinibbana sem nunca mais retornar daquele mundo. O discípulo leigo Sudatta que
morreu, com a destruição de três grilhões e com a atenuação da cobiça, raiva e
delusão se tornou um que retorna uma vez, retornando uma vez a este mundo para
dar um fim ao sofrimento. O discípulo leigo Sujata, com a destruição de três grilhões,
se tornou uma que entrou na correnteza, não mais destinada aos mundos inferiores,
com o destino fixo, ela tem a iluminação como destino.
“Não é surpreendente, Ananda, que um ser humano morra. Mas se cada vez que
alguém morrer você vier me perguntar, isso criaria problemas para o Tathagata.
Portanto, Ananda, eu ensinarei para você uma exposição do Dhamma chamada o
espelho do Dhamma, através do qual um nobre discípulo, se ele assim desejar,
poderá por si próprio declarar de si mesmo: ‘Eu sou um daqueles que deu fim ao
inferno, fim ao reino animal, fim ao reino dos fantasmas, fim aos planos de miséria,
fim aos destinos ruins, fim aos mundos inferiores. Eu entrei na correnteza, não mais
destinado aos mundos inferiores, com o destino fixo, tenho a iluminação como
destino.’
“Amigo Ananda, por abandonar quantas coisas e possuir quantas coisas as pessoas
são declaradas pelo Abençoado assim: ‘Ele é um que entrou na correnteza, não mais
destinado aos mundos inferiores, com o destino fixo, ele tem a iluminação como
destino’?”
“Amigo, por abandonar quatro coisas e possuir quatro coisas é que as pessoas são
declaradas assim pelo Abençoado. Quais quatro?
“Ele não possui, amigo, aquela desconfiança em relação ao Buda que a pessoa
comum sem instrução possui, devido à qual, com a dissolução do corpo, depois da
morte, ela renasce num plano de miséria, num destino ruim, nos mundos inferiores,
no inferno. E ele possui aquela perfeita claridade, serenidade e confiança em relação
ao Buda que o nobre discípulo bem instruído possui, devido à qual, com a dissolução
do corpo, depois da morte, ele renasce num bom destino, no paraíso: ‘O Abençoado é
um arahant, perfeitamente iluminado, consumado no verdadeiro conhecimento e
conduta, bem-aventurado, conhecedor dos mundos, um líder insuperável de pessoas
preparadas para serem treinadas, mestre de devas e humanos, desperto, sublime.’
“Ele não possui, amigo, aquela desconfiança em relação ao Dhamma que a pessoa
comum sem instrução possui, devido à qual, com a dissolução do corpo, depois da
morte, ela renasce num plano de miséria, num destino ruim, nos mundos inferiores,
no inferno. E ele possui aquela perfeita claridade, serenidade e confiança com
relação ao Dhamma que o nobre discípulo bem instruído possui, devido à qual, com
a dissolução do corpo, depois da morte, ele renasce num bom destino, no paraíso: ‘O
Dhamma é bem proclamado pelo Abençoado, visível no aqui e agora, com efeito
imediato, que convida ao exame, que conduz para adiante, para ser experimentado
pelos sábios por eles mesmos.’
“Ele não possui, amigo, aquela desconfiança em relação à Sangha que a pessoa
comum sem instrução possui, devido à qual, com a dissolução do corpo, depois da
morte, ela renasce num plano de miséria, num destino ruim, nos mundos inferiores,
no inferno. E ele possui aquela perfeita claridade, serenidade e confiança com
relação à Sangha que o nobre discípulo bem instruído possui, devido à qual, com a
dissolução do corpo, depois da morte, ele renasce num bom destino, no paraíso: ‘A
Sangha dos discípulos do Abençoado pratica o bom caminho, pratica o caminho reto,
pratica o caminho verdadeiro, pratica o caminho adequado, isto é, os quatro pares
de pessoas, os oito tipos de indivíduos; esta Sangha dos discípulos do Abençoado é
merecedora de dádivas, merecedora de hospitalidade, merecedora de oferendas,
merecedora de saudações com reverência, um campo inigualável de mérito para o
mundo.’
“Ele não possui, amigo, aquela imoralidade que a pessoa comum sem instrução
possui, devido à qual, com a dissolução do corpo, depois da morte, ela renasce num
plano de miséria, num destino ruim, nos mundos inferiores, no inferno. E ele possui
aquelas virtudes apreciadas pelos nobres que o nobre discípulo bem instruído
possui, devido à qual, com a dissolução do corpo, depois da morte, ele renasce num
bom destino, no paraíso: virtudes apreciadas pelos nobres – intactas, não-laceradas,
imaculadas, não-matizadas, libertadoras, elogiadas pelos sábios, desapegadas, que
conduzem à concentração.
“Amigo, abandonando quatro coisas e possuindo quatro coisas é que as pessoas são
declaradas pelo Abençoado assim: ‘Ele é um que entrou na correnteza, não mais
destinado aos mundos inferiores, com o destino fixo, ele tem a iluminação como
destino’.”
“Bhikkhus, o nobre discípulo, que possuir quatro coisas, superou todo o medo de um
destino ruim, dos mundos inferiores. Quais quatro?”
Aqui, bhikkhus, o nobre discípulo possui perfeita claridade, serenidade e confiança
no Buda assim: ‘O Abençoado é ... mestre de devas e humanos, desperto, sublime.’
Ele possui perfeita claridade, serenidade e confiança no Dhamma ... na Sangha ... Ele
possui as virtudes apreciadas pelos nobres – intactas ... que conduzem à
concentração. O nobre discípulo, que possuir essas quatro coisas, superou todo o
medo de um destino ruim, dos mundos inferiores.”
“Bhikkhus, aqueles pelos quais vocês têm compaixão e que pensam que vocês devem
ser ouvidos – quer sejam amigos ou colegas, parentes ou pares – esses vocês
deveriam exortar, firmar e estabelecer nos quatro fatores daquele que entrou na
correnteza.
“Bhikkhus, aqueles pelos quais vocês têm compaixão ... esses vocês deveriam
exortar, firmar e estabelecer nos quatro fatores daquele que entrou na correnteza.”
“Não tema, Mahanama! Não tema, Mahanama! A sua morte não será ruim, o seu
falecimento não será ruim. Quando a mente de uma pessoa foi fortalecida durante
muito tempo pela convicção, virtude, aprendizado, generosidade, e sabedoria, aqui
mesmo corvos, abutres, falcões, cachorros e chacais, ou várias criaturas devoram
esse corpo, que consiste de forma, que consiste dos quatro grandes elementos,
procriado por uma mãe e um pai, construído com arroz cozido e mingau, sujeito à
impermanência, a ser gasto e pulverizado, à dissolução e desintegração. Mas a sua
mente que foi fortalecida durante muito tempo pela convicção, virtude, aprendizado,
generosidade, e sabedoria - esta vai para cima, vai para a distinção.
“Não “Não tema, Mahanama! Não tema, Mahanama! A sua morte não será ruim, o
seu falecimento não será ruim.”
“Não tema, Mahanama! Não tema, Mahanama! A sua morte não será ruim, o seu
falecimento não será ruim. O nobre discípulo que possui quatro coisas decliva, tende
e se inclina na direção de nibbana. Quais quatro? Aqui Mahanama, o nobre discípulo
possui perfeita claridade, serenidade e confiança no Buda ... no Dhamma ... na
Sangha ... possui as virtudes apreciadas pelos nobres – intactas ... que conduzem à
concentração.
“Suponha, Mahanama, que uma árvore declivasse, tendesse e se inclinasse na
direção leste. Se ela fosse cortada pela raiz, em qual direção ela cairia?”
“Da mesma forma, Mahanama, o nobre discípulo que possui quatro coisas decliva,
tende e se inclina na direção de nibbana.”
[O Abençoado disse:]
“Nandaka, um nobre discípulo, que possui quatro coisas, entrou na correnteza, não
mais destinado aos mundos inferiores, com o destino fixo, ele tem a iluminação
como destino. Quais quatro? Aqui, Nandaka, o nobre discípulo possui perfeita
claridade, serenidade e confiança no Buda assim: ‘O Abençoado é ... mestre de devas
e humanos, iluminado, sublime.’ Ele possui perfeita claridade, serenidade e
confiança no Dhamma ... na Sangha ... Ele possui as virtudes apreciadas pelos nobres
– intactas ... que conduzem à concentração. Um nobre discípulo, que possui essas
quatro coisas, entrou na correnteza, não mais destinado aos mundos inferiores, com
o destino fixo, ele tem a iluminação como destino.
“Além disso, Nandaka, um nobre discípulo que possua essas quatro coisas é
favorecido com uma vida longa, quer seja celestial ou humana; ele é favorecido com
a beleza, quer seja celestial ou humana; ele é favorecido com a felicidade, quer seja
celestial ou humana; ele é favorecido com a fama, quer seja celestial ou humana; ele
é favorecido com a soberania, quer seja celestial ou humana. Agora eu digo isso,
Nandaka, não por ter ouvido isso de algum outro contemplativo ou Brâmane; na
verdade, eu apenas digo aquilo que sei, vi e compreendi por mim mesmo.”
Quando isso foi dito, um homem disse para Nandaka, o ministro dos Licchavis: “É
hora do seu banho, senhor.”
“Já basta agora, eu digo, com esse banho externo. Este banho interno é suficiente,
isto é, a perfeita claridade, serenidade e confiança no Abençoado.”
“Outra vez, bhikkhus, o nobre discípulo possui as virtudes apreciadas pelos nobres –
intactas, não-laceradas, imaculadas, não-matizadas, libertadoras, elogiadas pelos
sábios, desapegadas, que conduzem à concentração. Essa é a quarta fonte de mérito,
fonte daquilo que é benéfico, alimento da felicidade.
“Essas são as quatro fontes de méritos, fontes daquilo que é benéfico, alimento da
felicidade.”
“Outra vez, bhikkhus, o nobre discípulo permanece em casa com uma mente
desprovida da mácula da avareza, espontaneamente generoso, mão aberta, que se
delicia com a renúncia, devotado à caridade, deliciando-se em dar e compartir. Essa
é a quarta fonte de mérito, fonte daquilo que é benéfico, alimento da felicidade.
“Essas são as quatro fontes de méritos, fontes daquilo que é benéfico, alimento da
felicidade.”
“Outra vez, bhikkhus, o nobre discípulo é sábio, ele possui a completa compreensão
da origem e cessação, que é nobre e penetrante, conduzindo à completa destruição
do sofrimento.
“Essas são as quatro fontes de méritos, fontes daquilo que é benéfico, alimento da
felicidade.”
“Aqui, Mahanama, um discípulo leigo é uma pessoa com fé. Ele deposita fé na
iluminação do Tathagata assim: ‘O Abençoado é um arahant, perfeitamente
iluminado, consumado no verdadeiro conhecimento e conduta, bem-aventurado,
conhecedor dos mundos, um líder insuperável de pessoas preparadas para serem
treinadas, mestre de devas e humanos, desperto, sublime.’ Desse modo um discípulo
leigo é consumado na fé.”
“Godha, uma nobre discípula que possui quatro coisas entrou na correnteza, não
mais destinada aos mundos inferiores, com o destino fixo, ela tem a iluminação
como destino. Quais quatro?
"Aqui, Godha, uma nobre discípula possui perfeita claridade, serenidade e confiança
no Buda assim: ‘O Abençoado é um arahant, perfeitamente iluminado, consumado
no verdadeiro conhecimento e conduta, bem-aventurado, conhecedor dos mundos,
um líder insuperável de pessoas preparadas para serem treinadas, mestre de devas
e humanos, desperto, sublime.’
“Uma nobre discípula, Godha, que possui essas quatro coisas entrou na correnteza,
não mais destinada aos mundos inferiores, com o destino fixo, ela tem a iluminação
como destino.”
“Venerável senhor, quanto a esses quatro fatores daquele que entrou na correnteza,
que foram ensinados pelo Abençoado, essas coisas existem em mim e eu vivo em
conformidade com essas coisas. Pois, Venerável senhor, eu tenho perfeita claridade,
serenidade e confiança no Buda ... no Dhamma ... na Sangha. Além disso, qualquer
coisa que minha família tenha, que seja adequado para dar, tudo isso eu comparto
sem reservas entre aqueles que são virtuosos e de bom caráter.”
“É um ganho para você, Godha! Muito bem ganho por você, Godha! Você declarou o
fruto daquele que entra na correnteza.”
“Nandiya, eu digo que uma pessoa, para quem os quatro fatores daquele que entrou
na correnteza estão completamente e totalmente ausentes, é uma forasteira, alguém
que faz parte da facção dos mundanos. Mas, Nandiya, quanto a como um nobre
discípulo é aquele que permanece na negligência e aquele que permanece na
diligência, ouça e preste muita atenção àquilo que vou dizer.”
“Se ele disser: ‘Eu abandonei a minha preocupação com a minha mãe e com o meu
pai,’ ele deve ser perguntado: ‘Você está preocupado com a sua esposa e filhos?’ Se
ele disser: ‘Eu estou,’ deveria ser dito: ‘Mas, estimado senhor, você está sujeito à
morte. Quer você fique preocupado com a sua esposa e filhos ou não, você irá
morrer do mesmo jeito. Portanto, por favor abandone a sua preocupação com a sua
esposa e filhos.”
“Se ele disser: ‘Eu abandonei a minha preocupação com a minha esposa e filhos,’ ele
deve ser perguntado: ‘Você está preocupado com os cinco elementos do prazer
sensual humano?’ Se ele disser: ‘Eu estou,’ deveria ser dito: ‘Prazeres sensuais
divinos, amigos, são mais excelentes e sublimes que os prazeres sensuais humanos.
Portanto, por favor afaste a sua mente dos prazeres sensuais humanos e decida-se
pelos devas do mundo dos Quatro Grandes Reis.’
“Se ele disser: ‘Minha mente foi afastada dos prazeres sensuais humanos e decidiu-
se pelos devas do mundo dos Quatro Grandes Reis,’ deveria ser dito: ‘Os devas do
Tavatimsa, amigo, são mais excelentes e sublimes que os devas do mundo dos
Quatro Grandes Reis. Portanto, por favor afaste a sua mente dos devas do mundo
dos Quatro Grandes Reis e decida-se pelos devas do Tavatimsa.
“Se ele disser: ‘Minha mente foi afastada dos devas do mundo dos Quatro Grandes
Reis e decidiu-se pelos devas do Tavatimsa,’ deveria ser dito: ‘Mais excelente e
sublime, amigo, que os devas do Tavatimsa são os devas do Yama ... os devas do
Tusita ... os devas do Nimmanarati ... os devas do Paranimmitavasavatti ... o mundo
de Brahma, amigo, é mais excelente e sublime que os devas do
Paranimmitavasavatti. Portanto, por favor afaste a sua mente dos devas do
Paranimmitavasavatti e decida-se pelo mundo de Brahma.’
“Se ele disser: ‘Minha mente foi afastada dos devas do Paranimmitavasavatti e
decidiu-se pelo mundo de Brahma,’ deveria ser dito: ‘Mesmo o mundo de Brahma,
amigo, é impermanente, instável, incluído na identidade. Portanto, por favor afaste a
sua mente do mundo de Brahma e dirija-a para a cessação da identidade.’
“Se ele disser: ‘Minha mente foi afastada do mundo de Brahma; eu a dirigi para a
cessação da identidade,’ então, Mahanama, eu digo que não há diferença entre um
discípulo leigo que assim foi libertado e um bhikkhu que foi libertado faz cem anos,
isto é, entre uma libertação e a outra.”
“Portanto, bhikkhus, um esforço deve ser feito para compreender: ‘Isto é sofrimento.’
Um esforço deve ser feito para compreender: ‘Esta é a origem do sofrimento.’ Um
esforço deve ser feito para compreender: ‘Esta é a cessação do sofrimento.’ Um
esforço deve ser feito para compreender: ‘Este é o caminho que conduz à cessação
do sofrimento.’”
“Portanto, bhikkhus, um esforço deve ser feito para compreender: ‘Isto é sofrimento.’
Um esforço deve ser feito para compreender: ‘Esta é a origem do sofrimento.’ Um
esforço deve ser feito para compreender: ‘Esta é a cessação do sofrimento.’ Um
esforço deve ser feito para compreender: ‘Este é o caminho que conduz à cessação
do sofrimento.’”
“Portanto, bhikkhus, um esforço deve ser feito para compreender: ‘Isto é sofrimento.’
Um esforço deve ser feito para compreender: ‘Esta é a origem do sofrimento.’ Um
esforço deve ser feito para compreender: ‘Esta é a cessação do sofrimento.’ Um
esforço deve ser feito para compreender: ‘Este é o caminho que conduz à cessação
do sofrimento.’”
“Portanto, bhikkhus, um esforço deve ser feito para compreender: ‘Isto é sofrimento.’
Um esforço deve ser feito para compreender: ‘Esta é a origem do sofrimento.’ Um
esforço deve ser feito para compreender: ‘Esta é a cessação do sofrimento.’ Um
esforço deve ser feito para compreender: ‘Este é o caminho que conduz à cessação
do sofrimento.’”
“Bhikkhus, não se envolvam em conversas frívolas, isto é, falar sobre reis, ladrões,
ministros de estado, exércitos, perigos e batalhas; comida e bebida, roupas, mobília,
ornamentos e perfumes, parentes; veículos; vilarejos, vilas, cidades, o campo;
mulheres e heróis; as fofocas das ruas e do poço; contos dos mortos; contos da
diversidade, (discussões filosóficas do passado e do futuro), a criação do mundo e do
mar e falar sobre a existência ou não das coisas. Por qual razão? Porque, bhikkhus,
esse tipo de conversa não traz benefícios, não pertence aos fundamentos da vida
santa e não conduz ao desencantamento, ao desapego, à cessação, à paz, ao
conhecimento direto, à iluminação, a nibbana.
“Portanto, bhikkhus, um esforço deve ser feito para compreender: ‘Isto é sofrimento.’
Um esforço deve ser feito para compreender: ‘Esta é a origem do sofrimento.’ Um
esforço deve ser feito para compreender: ‘Esta é a cessação do sofrimento.’ Um
esforço deve ser feito para compreender: ‘Este é o caminho que conduz à cessação
do sofrimento.’”
“Bhikkhus, há esses dois extremos aos quais aquele que abandonou a vida em família
e seguiu a vida santa não deve se entregar. Quais dois? A busca da felicidade nos
prazeres sensuais, que são baixos, vulgares, grosseiros, ignóbeis e que não trazem
benefício; e a busca da mortificação, que é dolorosa, ignóbil e que não traz benefício.
Evitando esses dois extremos o Tathagata despertou para o Caminho do Meio, que
faz surgir a visão, que faz surgir a sabedoria, que conduz à paz, ao conhecimento
direto, à iluminação, a nibbana.
“E qual, bhikkhus, é o caminho do meio para o qual o Tathagata despertou, que faz
surgir a visão ... que conduz a nibbana? É este Nobre Caminho Óctuplo:
entendimento correto, pensamento correto, linguagem correta, ação correta, modo
de vida correto, esforço correto, atenção plena correta, concentração correta. Esse,
bhikkhus, é o caminho do meio para o qual o Tathagata despertou, que faz surgir a
visão, que faz surgir a sabedoria, que conduz à paz, ao conhecimento direto, à
iluminação, a nibbana.
“Agora, bhikkhus, esta é a nobre verdade da origem do sofrimento: é este desejo que
conduz a uma renovada existência, acompanhado pela cobiça e pelo prazer,
buscando o prazer aqui e ali; isto é, o desejo pelos prazeres sensuais, o desejo por
ser/existir, o desejo por não ser/existir.
“’Esta é a nobre verdade do sofrimento’: assim, bhikkhus, com relação a coisas não
ouvidas antes, surgiram em mim a visão, a compreensão, a sabedoria, o verdadeiro
conhecimento e a iluminação.
“’Esta nobre verdade da origem do sofrimento foi abandonada: assim, bhikkhus, com
relação a coisas não ouvidas antes, surgiram em mim a visão, a compreensão, a
sabedoria, o verdadeiro conhecimento e a iluminação.
“’Esta nobre verdade da cessação do sofrimento deve ser realizada: assim, bhikkhus,
com relação a coisas não ouvidas antes, surgiram em mim a visão, a compreensão, a
sabedoria, o verdadeiro conhecimento e a iluminação.
“’Esta nobre verdade da cessação do sofrimento foi realizada: assim, bhikkhus, com
relação a coisas não ouvidas antes, surgiram em mim a visão, a compreensão, a
sabedoria, o verdadeiro conhecimento e a iluminação.
“’Esta nobre verdade do caminho que conduz à cessação do sofrimento deve ser
desenvolvida: assim, bhikkhus, com relação a coisas não ouvidas antes, surgiram em
mim a visão, a compreensão, a sabedoria, o verdadeiro conhecimento e a
iluminação.
Isto foi o que o Abençoado disse. Os cinco bhikkhus ficaram satisfeitos e contentes
com as palavras do Abençoado. E enquanto o Abençoado discursava, o olho
imaculado do Dhamma surgiu no Venerável Kondañña: ‘Tudo que está sujeito ao
surgimento está sujeito à cessação.’
“’Esta é a nobre verdade do sofrimento’: assim, bhikkhus, com relação a coisas não
ouvidas antes surgiram nos Tathagatas a visão, o conhecimento, a sabedoria, o
verdadeiro conhecimento e a iluminação.
“’Esta nobre verdade da origem do sofrimento foi abandonada: assim, bhikkhus, com
relação a coisas não ouvidas antes surgiram nos Tathagatas a visão, o conhecimento,
a sabedoria, o verdadeiro conhecimento e a iluminação.
“’Esta nobre verdade da cessação do sofrimento deve ser realizada: assim, bhikkhus,
com relação a coisas não ouvidas antes surgiram nos Tathagatas a visão, o
conhecimento, a sabedoria, o verdadeiro conhecimento e a iluminação.
“’Esta nobre verdade da cessação do sofrimento foi realizada: assim, bhikkhus, com
relação a coisas não ouvidas antes surgiram nos Tathagatas a visão, o conhecimento,
a sabedoria, o verdadeiro conhecimento e a iluminação.
“’Esta é a nobre verdade do caminho que conduz à cessação do sofrimento: assim,
bhikkhus, com relação a coisas não ouvidas antes surgiram nos Tathagatas a visão, o
conhecimento, a sabedoria, o verdadeiro conhecimento e a iluminação.
“’Esta nobre verdade do caminho que conduz à cessação do sofrimento deve ser
desenvolvida: assim, bhikkhus, com relação a coisas não ouvidas antes surgiram nos
Tathagatas a visão, o conhecimento, a sabedoria, o verdadeiro conhecimento e a
iluminação.
“Portanto, bhikkhus, o esforço deve ser feito para compreender: ‘Isto é sofrimento.’
O esforço deve ser feito para compreender: ‘Esta é a origem do sofrimento.’ O
esforço deve ser feito para compreender: ‘Esta é a cessação do sofrimento.’ O
esforço deve ser feito para compreender: ‘Este é o caminho que conduz à cessação
do sofrimento.’”
“E qual, bhikkhus, é a nobre verdade do sofrimento? Deve ser dito: as seis bases dos
sentidos internas. Quais seis? A base do olho, a base do ouvido, a base do nariz, a
base da língua, a base do corpo, a base da mente. Isso é chamado a nobre verdade do
sofrimento.
“Portanto, bhikkhus, o esforço deve ser feito para compreender: ‘Isto é sofrimento.’
O esforço deve ser feito para compreender: ‘Esta é a origem do sofrimento.’ O
esforço deve ser feito para compreender: ‘Esta é a cessação do sofrimento.’ O
esforço deve ser feito para compreender: ‘Este é o caminho que conduz à cessação
do sofrimento.’”
Avijja Sutta (SN LVI.17) – Ignorância
“Portanto, bhikkhus, um esforço deve ser feito para compreender: ‘Isto é sofrimento.’
Um esforço deve ser feito para compreender: ‘Esta é a origem do sofrimento.’ Um
esforço deve ser feito para compreender: ‘Esta é a cessação do sofrimento.’ Um
esforço deve ser feito para compreender: ‘Este é o caminho que conduz à cessação
do sofrimento.’”
“Portanto, bhikkhus, um esforço deve ser feito para compreender: ‘Isto é sofrimento.’
Um esforço deve ser feito para compreender: ‘Esta é a origem do sofrimento.’ Um
esforço deve ser feito para compreender: ‘Esta é a cessação do sofrimento.’ Um
esforço deve ser feito para compreender: ‘Este é o caminho que conduz à cessação
do sofrimento.’”
Isso foi o que o Abençoado disse. Tendo dito isso, o Iluminado, o Mestre, disse mais:
“Portanto, bhikkhus, um esforço deve ser feito para compreender: ‘Isto é sofrimento.’
Um esforço deve ser feito para compreender: ‘Esta é a origem do sofrimento.’ Um
esforço deve ser feito para compreender: ‘Esta é a cessação do sofrimento.’ Um
esforço deve ser feito para compreender: ‘Este é o caminho que conduz à cessação
do sofrimento.’”
Arahanta Sutta (SN LVI.24)- Arahants
“Portanto, bhikkhus, um esforço deve ser feito para compreender: ‘Isto é sofrimento.’
Um esforço deve ser feito para compreender: ‘Esta é a origem do sofrimento.’ Um
esforço deve ser feito para compreender: ‘Esta é a cessação do sofrimento.’ Um
esforço deve ser feito para compreender: ‘Este é o caminho que conduz à cessação
do sofrimento.’”
"Bhikkhus, eu digo que a destruição das impurezas é realizada por aquele que sabe e
que vê, não por aquele que não sabe e que não vê. Aquele que sabe o que e aquele
que vê o que, realiza a destruição das impurezas? A destruição das impurezas é
realizada por aquele que sabe e que vê: ‘Isto é sofrimento’; por aquele que sabe e
que vê: ‘Essa é a origem do sofrimento’; por aquele que sabe e que vê: ‘Esta é a
cessação do sofrimento’; por aquele que sabe e que vê: ‘Este é o caminho que conduz
à cessação do sofrimento.’ A destruição das impurezas é realizada por aquele que
sabe dessa maneira e que vê dessa maneira.
“Portanto, bhikkhus, um esforço deve ser feito para compreender: ‘Isto é sofrimento.’
Um esforço deve ser feito para compreender: ‘Esta é a origem do sofrimento.’ Um
esforço deve ser feito para compreender: ‘Esta é a cessação do sofrimento.’ Um
esforço deve ser feito para compreender: ‘Este é o caminho que conduz à cessação
do sofrimento.’”
“Bhikkhus, aqueles pelos quais vocês têm compaixão e que pensam que vocês devem
ser ouvidos – quer sejam amigos ou colegas, parentes ou pares – esses vocês
deveriam exortar, firmar e estabelecer para que eles penetrem as Quatro Nobres
Verdades como elas na verdade são.
“Aqueles pelos quais vocês têm compaixão ... esses vocês deveriam exortar, firmar e
estabelecer para que eles penetrem as Quatro Nobres Verdades como elas na
verdade são.
“Portanto, bhikkhus, um esforço deve ser feito para compreender: ‘Isto é sofrimento.’
Um esforço deve ser feito para compreender: ‘Esta é a origem do sofrimento.’ Um
esforço deve ser feito para compreender: ‘Esta é a cessação do sofrimento.’ Um
esforço deve ser feito para compreender: ‘Este é o caminho que conduz à cessação
do sofrimento.’”
“Portanto, bhikkhus, um esforço deve ser feito para compreender: ‘Isto é sofrimento.’
Um esforço deve ser feito para compreender: ‘Esta é a origem do sofrimento.’ Um
esforço deve ser feito para compreender: ‘Esta é a cessação do sofrimento.’ Um
esforço deve ser feito para compreender: ‘Este é o caminho que conduz à cessação
do sofrimento.’”
“Portanto, bhikkhus, um esforço deve ser feito para compreender: ‘Isto é sofrimento.’
Um esforço deve ser feito para compreender: ‘Esta é a origem do sofrimento.’ Um
esforço deve ser feito para compreender: ‘Esta é a cessação do sofrimento.’ Um
esforço deve ser feito para compreender: ‘Este é o caminho que conduz à cessação
do sofrimento.’”
“Dessas Quatro Nobres Verdades, bhikkhus, há uma nobre verdade que deve ser
completamente compreendida; há uma nobre verdade que deve ser abandonada; há
uma nobre verdade que deve ser realizada; há uma nobre verdade que deve ser
desenvolvida.
“Portanto, bhikkhus, um esforço deve ser feito para compreender: ‘Isto é sofrimento.’
Um esforço deve ser feito para compreender: ‘Esta é a origem do sofrimento.’ Um
esforço deve ser feito para compreender: ‘Esta é a cessação do sofrimento.’ Um
esforço deve ser feito para compreender: ‘Este é o caminho que conduz à cessação
do sofrimento.’”
“Venerável senhor, as folhas que o Abençoado pegou com a mão são poucas, mas
aquelas sobre as nossas cabeças na floresta são numerosas.”
“E o que, bhikkhus, eu ensinei? ‘ Isto é sofrimento ... Esta é a origem do sofrimento ...
Esta é a cessação do sofrimento ... Esse é o caminho que conduz à cessação do
sofrimento’: Isso foi o que ensinei. E por que, bhikkhus, ensinei isso? Porque isso traz
benefícios, é relevante para os fundamentos da vida santa e conduz ao
desencantamento, ao desapego, à cessação, à paz, ao conhecimento direto, à
iluminação, a nibbana. Por conseguinte, eu ensinei isso.
“Portanto, bhikkhus, um esforço deve ser feito para compreender: ‘Isto é sofrimento.’
Um esforço deve ser feito para compreender: ‘Esta é a origem do sofrimento.’ Um
esforço deve ser feito para compreender: ‘Esta é a cessação do sofrimento.’ Um
esforço deve ser feito para compreender: ‘Este é o caminho que conduz à cessação
do sofrimento.’”
"Bhikkhus, tal qual uma vareta que ao ser jogada no ar algumas vezes cai sobre a sua
base, algumas vezes cai sobre a sua ponta; do mesmo modo, seres obstaculizados
pela ignorância e aprisionados pelo desejo seguem transmigrando e perambulando,
algumas vezes eles vão deste mundo para um outro mundo, algumas vezes eles vêm
de outro mundo para este. Por que ocorre isso? Porque eles não viram as Quatro
Nobres Verdades. Quais quatro? A nobre verdade do sofrimento, a nobre verdade da
origem do sofrimento, a nobre verdade da cessação do sofrimento, a nobre verdade
do caminho que conduz à cessação do sofrimento.
“Portanto, bhikkhus, um esforço deve ser feito para compreender: ‘Isto é sofrimento.’
Um esforço deve ser feito para compreender: ‘Esta é a origem do sofrimento.’ Um
esforço deve ser feito para compreender: ‘Esta é a cessação do sofrimento.’ Um
esforço deve ser feito para compreender: ‘Este é o caminho que conduz à cessação
do sofrimento.’”
Cela Sutta (SN LVI.34) – Roupas
“Portanto, bhikkhus, um esforço deve ser feito para compreender: ‘Isto é sofrimento.’
Um esforço deve ser feito para compreender: ‘Esta é a origem do sofrimento.’ Um
esforço deve ser feito para compreender: ‘Esta é a cessação do sofrimento.’ Um
esforço deve ser feito para compreender: ‘Este é o caminho que conduz à cessação
do sofrimento.’”
“Portanto, bhikkhus, um esforço deve ser feito para compreender: ‘Isto é sofrimento.’
Um esforço deve ser feito para compreender: ‘Esta é a origem do sofrimento.’ Um
esforço deve ser feito para compreender: ‘Esta é a cessação do sofrimento.’ Um
esforço deve ser feito para compreender: ‘Este é o caminho que conduz à cessação
do sofrimento.’”
Kutagara Sutta (SN LVI.44) - A Casa com Cumeeira
“Como, bhikkhus, se alguém dissesse o seguinte: ‘Sem ter construído o andar térreo
de uma casa com cumeeira, eu irei construir o andar superior,’ isso seria impossível;
da mesma forma, se alguém dissesse o seguinte: ‘Sem ter penetrado a nobre verdade
do sofrimento como ela na verdade é ... eu darei um fim completo ao sofrimento’ –
isso é impossível.
“Portanto, bhikkhus, um esforço deve ser feito para compreender: ‘Isto é sofrimento.’
Um esforço deve ser feito para compreender: ‘Esta é a origem do sofrimento.’ Um
esforço deve ser feito para compreender: ‘Esta é a cessação do sofrimento.’ Um
esforço deve ser feito para compreender: ‘Este é o caminho que conduz à cessação
do sofrimento.’”
[O Abençoado disse:] “O que você pensa, Ananda, o que é mais difícil e desafiador:
atirar flechas a uma certa distância através de um pequeno orifício, com a ponta
através da parte traseira, sem errar, ou perfurar com a ponta da flecha a ponta de
um cabelo partido em sete fios?”
“Mas, Ananda, eles perfuram algo ainda mais difícil de perfurar aqueles que
perfuram como na verdade é : ‘Isto é sofrimento’; aqueles que perfuram como na
verdade é: ‘Esta é a origem do sofrimento’; aqueles que perfuram como na verdade
é: ‘Esta é a cessação do sofrimento’; aqueles que perfuram como na verdade é : ‘Este
é o caminho que conduz à cessação do sofrimento.’
“Portanto, Ananda, um esforço deve ser feito para compreender: ‘Isto é sofrimento.’
Um esforço deve ser feito para compreender: ‘Esta é a origem do sofrimento.’ Um
esforço deve ser feito para compreender: ‘Esta é a cessação do sofrimento.’ Um
esforço deve ser feito para compreender: ‘Este é o caminho que conduz à cessação
do sofrimento.’”
“Seria por mero acaso, Venerável senhor, que a tartaruga cega, vindo para a
superfície uma vez a cada cem anos, colocasse o seu pescoço naquela bóia com um
único furo."
“Assim também, é um mero acaso que alguém obtenha o estado humano. ccxxxvi
Assim também, é um mero acaso que um Tathagata, um arahant, perfeitamente
iluminado, surja no mundo. Do mesmo modo, é um mero acaso que o Dhamma e
Disciplina expostos por um Tathagata brilhe no mundo.
“Portanto, bhikkhus, um esforço deve ser feito para compreender: ‘Isto é sofrimento.’
Um esforço deve ser feito para compreender: ‘Esta é a origem do sofrimento.’ Um
esforço deve ser feito para compreender: ‘Esta é a cessação do sofrimento.’ Um
esforço deve ser feito para compreender: ‘Este é o caminho que conduz à cessação
do sofrimento.’”
Então, o Abençoado, tomando um pouco de terra com a ponta da unha, disse aos
bhikkhus, “O que vocês pensam, bhikkhus? O que é maior: a pequena quantidade de
terra que tomei com a ponta da unha ou o grande planeta terra?”
“Portanto, bhikkhus, um esforço deve ser feito para compreender: ‘Isto é sofrimento.’
Um esforço deve ser feito para compreender: ‘Esta é a origem do sofrimento.’ Um
esforço deve ser feito para compreender: ‘Esta é a cessação do sofrimento.’ Um
esforço deve ser feito para compreender: ‘Este é o caminho que conduz à cessação
do sofrimento.’”
“Venerável senhor, o grande planeta terra é maior. As sete pequenas bolas de argila
do tamanho dos caroços da jujuba não são quase nada. Comparado ao grande
planeta terra, essas sete pequenas bolas de argila do tamanho dos caroços da jujuba
não são calculáveis, não têm comparação, não representam nem uma fração.”
“Portanto, bhikkhus, um esforço deve ser feito para compreender: ‘Isto é sofrimento.’
Um esforço deve ser feito para compreender: ‘Esta é a origem do sofrimento.’ Um
esforço deve ser feito para compreender: ‘Esta é a cessação do sofrimento.’ Um
esforço deve ser feito para compreender: ‘Este é o caminho que conduz à cessação
do sofrimento.’”
“Bhikkhus, suponham que um homem retirasse duas ou três gotas de água do grande
oceano. O que vocês pensam, bhikkhus, qual é maior: aquelas duas ou três gotas de
água que foram retiradas ou a água do grande oceano?”
“Venerável senhor, a água no grande oceano é maior. As duas ou três gotas que
foram retiradas são quase nada. Comparadas ao grande oceano as duas ou três gotas
que foram retiradas não são calculáveis, não têm comparação, não representam nem
uma fração.”
“Portanto, bhikkhus, um esforço deve ser feito para compreender: ‘Isto é sofrimento.’
Um esforço deve ser feito para compreender: ‘Esta é a origem do sofrimento.’ Um
esforço deve ser feito para compreender: ‘Esta é a cessação do sofrimento.’ Um
esforço deve ser feito para compreender: ‘Este é o caminho que conduz à cessação
do sofrimento.’”
Então, o Abençoado, tomando um pouco de terra com a ponta da unha, disse aos
bhikkhus, “O que vocês pensam, bhikkhus? O que é maior: a pequena quantidade de
terra que tomei com a ponta da unha ou o grande planeta terra?”
“Assim também, bhikkhus, aqueles seres que renascem entre os seres humanos são
poucos. Mas, os seres que renascem em outros lugares são mais numerosos do que
os que renascem entre os seres humanos. Por qual razão? Porque, bhikkhus, eles não
viram as Quatro Nobres Verdades. Quais quatro? A nobre verdade do sofrimento, a
nobre verdade da origem do sofrimento, a nobre verdade da cessação do
sofrimento, a nobre verdade do caminho que conduz à cessação do sofrimento.
Então, o Abençoado, tomando um pouco de terra com a ponta da unha, disse aos
bhikkhus, “O que vocês pensam, bhikkhus? O que é maior: a pequena quantidade de
terra que tomei com a ponta da unha ou o grande planeta terra?”
“Assim também, bhikkhus, aqueles seres que possuem o nobre olho da sabedoria são
poucos. Mas aqueles seres que estão imersos na ignorância e confusos são mais
numerosos. Por qual razão? Porque, bhikkhus, eles não viram as Quatro Nobres
Verdades. Quais quatro? A nobre verdade do sofrimento, a nobre verdade da origem
do sofrimento, a nobre verdade da cessação do sofrimento, a nobre verdade do
caminho que conduz à cessação do sofrimento.
“Portanto, bhikkhus, um esforço deve ser feito para compreender: ‘Isto é sofrimento.’
Um esforço deve ser feito para compreender: ‘Esta é a origem do sofrimento.’ Um
esforço deve ser feito para compreender: ‘Esta é a cessação do sofrimento.’ Um
esforço deve ser feito para compreender: ‘Este é o caminho que conduz à cessação
do sofrimento.’”
Então, o Abençoado, tomando um pouco de terra com a ponta da unha, disse aos
bhikkhus, “O que vocês pensam, bhikkhus? O que é maior: a pequena quantidade de
terra que tomei com a ponta da unha ou o grande planeta terra?”
“Assim também, bhikkhus, aqueles seres que quando falecem como seres humanos
renascem como seres humanos são poucos. Mas aqueles seres que quando falecem
como seres humanos renascem no inferno são mais numerosos. Por qual razão?
Porque, bhikkhus, eles não viram as Quatro Nobres Verdades. Quais quatro? A nobre
verdade do sofrimento, a nobre verdade da origem do sofrimento, a nobre verdade
da cessação do sofrimento, a nobre verdade do caminho que conduz à cessação do
sofrimento.
“Portanto, bhikkhus, um esforço deve ser feito para compreender: ‘Isto é sofrimento.’
Um esforço deve ser feito para compreender: ‘Esta é a origem do sofrimento.’ Um
esforço deve ser feito para compreender: ‘Esta é a cessação do sofrimento.’ Um
esforço deve ser feito para compreender: ‘Este é o caminho que conduz à cessação
do sofrimento.’”
Embora este primeiro sutta do Samyutta Nikaya seja bastante curto, o seu conteúdo
é muito rico. Em resposta à devata o Buda indica o caminho do meio como a chave
para alcançar a libertação. Essa resposta toca na essência do Dhamma que é evitar
todos os extremos no que diz respeito a idéias, atitudes e conduta.
iii Marisa, “estimado senhor,” é o termo que em geral as devatas empregam para se
dirigir ao Buda, bem como aos bhikkhus eminentes e aos membros da sua
comunidade. A palavra “torrente”, (ogha), é usada com um sentido metafórico, mas
aqui, de acordo com o comentário, ela tem uma conotação técnica para designar um
conjunto de quatro “torrentes” doutrinárias, assim chamadas “porque mantêm os
seres submersos no ciclo de existências e não permitem que eles se elevem aos
estados superiores e até a nibbana.” As quatro torrentes são: (1) a torrente da
sensualidade – desejo e cobiça pelos cinco elementos do prazer sensual, (formas
agradáveis, sons agradáveis, etc.); (2) a torrente do ser/existir – desejo e cobiça pela
existência nos planos materiais e imateriais e apego a jhana; (3) a torrente das
idéias – os 62 tipos de idéias descritas no Brahmajala Sutta (DN 1); (4) a torrente
da ignorância – desconhecimento das quatro nobres verdades.
iv De acordo com o comentário, o Buda respondeu intencionalmente com um
paradoxo porque a devata estava tomada pela presunção, e sem abandonar essa
presunção ela não seria capaz de entender o ensinamento. Desse modo, a intenção
do Buda foi contundi-la e assim diminuir o seu orgulho. O paradoxo é que
normalmente se cruza uma massa de água parando nos lugares em que há um apoio
e impulsionando para frente nos lugares que devem ser atravessados. O comentário
explica que “não parar” significa não ficar imobilizado devido às contaminações, o
significado é de “não afundar” ou “não se estabelecer” por causa do apego. A
consciência condicionada pelo desejo é “estabelecida” e quando o desejo é removido
ela se torna “não estabelecida, sem suporte.” “Impulsionar para frente” pode ser
interpretado como fazer um grande esforço, estar sujeito a uma grande tensão, e
uma mente tensa não é capaz de alcançar a concentração.
v É varrida na direção do envelhecimento e morte.
vi Ele deve cortar os cinco primeiros grilhões, (idéia de uma identidade, dúvida,
capaz de desenredar o enredo, este verso mostra o arahant, aquele que foi além do
treinamento, que desenredou o enredo.
xiii Este verso mostra em que ponto o enredo pode ser desenredado. Neste caso,
expressões como “eu como, eu sento, meu manto, minha tigela, etc.” Pensando, “Eu
pensei que esses bhikkhus fossem arahants, mas os arahants podem falar de uma
forma que faça supor a idéia da existência de um eu?” O deva foi até o Buda e
formulou a sua pergunta.
xv Veja também o DN 9.53: “Mas, Citta, esses são apenas nomes, expressões,
modos de linguagem, designações de uso corrente no mundo, que o Tathagata usa
sem se agarrar nelas.”
xvi De acordo com o comentário, neste ponto o deva pensou que enquanto que os
arahants não falariam dessa forma devido a uma idéia (de um eu), eles poderiam
assim fazer porque ainda tinham presunção (isto é, asmimana, a presunção “eu
sou”). Por conseguinte ele formula a segunda pergunta e o Buda responde indicando
que os arahants abandonaram por completo a presunção.
xvii Aqueles que estão mortos são os ávaros pois como os mortos eles não dão
oferendas
xviii Os devaputtas, ou “filhos dos devas”, são jovens devas que recentemente
surgiram nos seus respectivos mundos de existência. Alguns suttas são idênticos a
suttas já apresentados no Devata-samyutta. Por outro lado, uma grande parte dos
suttas neste samyutta foca o treinamento monástico e não há qualquer indicação nos
textos para a razão disso. Alguns suttas levantam questões interessantes sob o ponto
de vista doutrinário. Esses suttas receberam prioridade na tradução para o
Português
xix “Brâmane” se refere ao arahant. De acordo com o comentário, este jovem deva
acreditava que não havia um fim à tarefa do arahant e que o arahant deveria
continuar se esforçando mesmo depois de ter alcançado o estado de arahant. A
resposta do Buda é única no Tipitaka, pois em nenhum outro lugar o Buda critica o
esforço ou estimular a energia, mas aqui ele assim fala para mostrar que há uma
conclusão na tarefa do arahant.
xx “Ir mais além” é alcançar nibbana.
xxi O comentário explica que há dois tipos de confinamento, (sambadha):
Outra evidência que suporta o comentário feito por Ajaan Brahm pode ser
encontrada no SN XLI.8, no qual o líder dos Jainistas, Nigantha Nataputta, duvida
que seja possível existir uma concentração sem o pensamento aplicado e
sustentado, demonstrando que os contemporâneos do Buda desconheciam os
verdadeiros jhanas.
xxiii “O Dhamma para realizar nibbana” se pressupõem seja o Nobre Caminho Óctuplo
xxiv Candima é um deva que vive na mansão da Lua, o nome em si significa a Lua. É
óbvio que o seu aprisionamento por Rahu significa o eclipse lunar.
xxv Embora Rahu e Vepacitti sejam descritos como “o senhor dos asuras”, parece que
XXXV.116.
xxx Este samyutta nos apresenta o Rei Pasenadi de Kosala. De acordo com os textos
Budistas, o Rei Pasenadi era um discípulo devoto do Buda e com freqüência buscava
o seu conselho, mas não existe nenhum registro de que ele tenha alcançado algum
estágio de iluminação. Pasenadi foi conduzido ao Buda por sua esposa, a Rainha
Mallika, cuja devoção ao Mestre ele ressentia. O relato sobre como Mallika
convenceu Pasenadi acerca da sabedoria do Buda é encontrado no MN 87. O
MN 89 traz um relato comovente do último encontro do Rei com o Buda, ambos com
oitenta anos de idade.
xxxi Este sutta, ao que parece, registra o primeiro encontro do Rei Pasenadi com o
Buda.
xxxii Esta linha reflete a crença, difundida na mitologia Hindu, de que as cobras são
ele abrigar intenções de vingança, mas como frutos naturais das ações prejudiciais.
O comentário explica que um bhikkhu, que retalie quando provocado, é incapaz de
causar dano a outrem com “o fogo das suas virtudes”; o transgressor só é queimado
quando o bhikkhu agüenta as ofensas com paciência.
xxxiv O Rei fez a pergunta esperando ouvir “Você é o mais querido,” e depois ao ser
Buda sugere que comer em excesso é a causa da obesidade, que acelera o processo
de envelhecimento e coloca em risco a própria vida e que isso só ocorre quando a
atenção plena é fraca ou está ausente. Se comermos lentamente e com grande
atenção, ficará mais facilmente aparente, (se formos honestos conosco), quando
uma quantidade adequada de comida tiver sido consumida. É interessante notar que
o Buda parece indicar que a sabedoria proporcionará o que for necessário para nos
abstermos de comer mais, ao invés da idéia moderna convencional de que isso
requer força de vontade ou autocontrole.
Fazendo uso de um jogo de palavras, o Buda diz que todas as nossas aflições,
(literalmente, todas as nossas sensações desagradáveis), e não apenas os nossos
corpos, irão “emagrecer.” Talvez o Rei Pasenadi esteja se referindo a isso ao dizer
que o ensinamento do Buda não somente o auxiliou a emagrecer o corpo, (o
benefício imediato), mas que o incremento geral da atenção plena e a diminuição da
cobiça irão auxiliar em todos aspectos da vida espiritual (e conseqüentemente no
seu renascimento no futuro).
O comentário deste sutta nos informa que o rei não empregou Sudassana para
recitar o verso durante toda a refeição, mas apenas quando ele começasse a comer.
A idéia não é cultivar a aversão pela comida, pois a comida em si não é ruim. Como
ocorre com muitos outros ensinamentos Budistas, é uma questão de entender o
processo de causa e efeito e de usar a comida com habilidade como uma ferramenta
para o despertar, ao invés de permitir que sejamos capturados pelas obsessões do
apego, aversão e confusão que podem ser despertadas pelo nosso relacionamento
com a comida.
Observe a linguagem da última linha do verso do Buda. A palavra para vida (ayu) é a
mesma da tradição médica Hindu – Ayurveda, (= conhecimento da vida), e é
considerado como algo que pode ser desperdiçado ou guardado com cuidado.
Quando guardado com cuidado a preservação da vida também diminui o processo
de envelhecimento. A imagem não é de alguém conquistando a enfermidade ou a
morte, (pois isto só ocorre com o completo despertar), mas de tratar o recurso
precioso da própria vitalidade com sabedoria.
xxxviii Appamada: aplicação, zelo, diligência, seriedade, é considerado como a base
para todo progresso. O seu oposto é a negligência (pamada). “Dessa forma, bhikkhus,
eu os encorajo: todas as coisas condicionadas estão sujeitas à dissolução. Esforçem-
se pelo objetivo com diligência.” Essas foram as últimas palavras do Tathagata.
xxxix Mara é o Senhor do Mal no Budismo, a Tentação e Senhor da Sensualidade, cujo
poderia viver por tanto tempo quanto um éon ou aquilo que resta de um éon. Mara
fez esse apelo ao Buda, não devido ao respeito pela sua habilidade como líder, mas
por querer tentá-lo com a cobiça pelo poder e dessa forma controlá-lo. É
interessante que este sutta não proporciona uma resposta à questão sobre a
possibilidade de um governo virtuoso, e essa ambigüidade está presente em todo o
Cânone em Pali. Enquanto alguns textos admitem que pode surgir um “monarca que
gire a roda”, (um monarca justo que governa de acordo com o Dhamma), o consenso
geral é que o exercício da autoridade envolve algum tipo de violência e assim se
torna difícil a sua compatibilidade com a perfeita obediência aos preceitos.
xlvii “Libertação temporária da mente” são as realizações meditativas mundanas, isto
faleceu com a consciência de renascimento não estabelecida. Mas com isso não se
deve entender que depois da morte a consciência dele sobreviveu numa condição
“não estabelecida”, pois muitos textos deixam claro que com o falecimento do
arahant a sua consciência também cessa (Veja por exemplo o SN XII.51).
lii Os versos de desapontamento se referem ao encontro de Mara com o Buda no
sutta anterior.
liii Os seus nomes significam Desejo, Descontentamento e Cobiça. Elas viram o pai
quarto jhana. Mente bem libertada: com o fruto do estado de arahant. Não gerando:
não gerando os três tipos de formações volitivas (veja o SN XII.51). Meditando livre
de pensamentos: no quarto jhana. Ele não irrompe ou deriva, ou enrijece: não irrompe
devido à raiva, não deriva devido à cobiça e não enrijece devido à delusão.
lviii Uma compilação de dez suttas breves em que os protagonistas são bhikkhunis,
prata e estavam sentados enquanto a comida lhes era servida. Então, o Buda chegou
e ficou num lugar mais elevado não muito distante do Brâmane de modo que eles
pudessem conversar.
lxvi Porque o Abençoado começou pela fé? De acordo com o comentário, porque esse
inspiradora. Esse título foi conferido por conta da sua habilidade em compor versos
espontâneos.
lxxi Ele se dirige a Ananda como “Gotama” porque Ananda era membro desse clã.
lxxii A inversão da percepção, (saññaya vipariyesa), é de quatro tipos: perceber como
Vangisa era um Brâmane errante que ganhava o seu sustento tocando o crânio de
pessoas mortas e declarando o seu renascimento. Quando ele encontrou o Buda,
este lhe apresentou vários crânios, inclusive um dum arahant. Vangisa foi capaz de
dizer corretamente o renascimento daquelas pessoas mortas, mas quando chegou
no crânio do arahant ele ficou confuso. Ele entrou na Sangha com o propósito de
aprender a determinar o renascimento de um arahant, mas pouco tempo depois ele
abandonou essa idéia ao compreender que a vida santa é vivida por um objetivo
mais elevado.
lxxvi A maioria dos suttas neste samyutta seguem um padrão estereotipado. Um
bhikkhu está só na floresta, onde ele deveria estar meditando ardentemente, mas as
fraquezas humanas acabam fazendo com que ele se desvie da sua tarefa. Então, uma
devata que habita a floresta, por compaixão, o adverte em versos para reconduzí-lo
à sua prática.
lxxvii Os yakkhas são espíritos ferozes que habitam áreas remotas como florestas,
montanhas e cavernas abandonadas. Eles são retratados como seres abomináveis e
com temperamento colérico, mas quando recebem oferendas e demostrações de
respeito, eles se tornam benignos e podem proteger as pessoas ao invés de lhes
causar dano. Os suttas neste samyutta cobrem um amplo espectro de tópicos e o que
os une não é tanto o conteúdo dos versos, mas mostrar o Buda como o sábio
invencível capaz de domesticar e transformar até mesmo os ogros mais fantásticos e
temíveis.
lxxviii O ponto do Buda é que um homem sábio não deve instruir os outros se houver
algum risco dele desenvolver o apego, mas ele pode instruir por compaixão quando
a sua mente estiver purificada e sem estar maculada com a afeição mundana.
lxxix Este ser/existir individual é a sua fonte; desse ser/existir brota o
descontentamento, etc.
lxxx “Com a incapacidade de fazer o mal”, ahimsaya, significa ter compaixão ou estar
Budistas do Norte da Ásia também preservaram versões deste sutta traduzidas para
o Sânscrito e o Chinês.
lxxxiii Vepacitti havia sido um deva antes de Sakka e foi expulso do mundo dos devas
para o mundo dos asuras por Sakka. O comentário e o Dhammapada relatam esses
eventos.
lxxxiv Dhammagutassa, aquele que é protegido pelo Dhamma ou aquele que protege o
do paraíso dos Quatro Grandes Reis; “Os gloriosos trinta” são os devas do paraíso de
Tavatimsa. A palavra “espírito”, yakkha, é usada num sentido geral sem uma
referência específica aos espíritos demoníacos.
lxxxvii De acordo com a disciplina monástica, se um bhikkhu ofender outro bhikkhu, o
alimentos, (ahara), porque elas nutrem (ou produzem) os seus próprios efeitos.
Embora existam outras condições para a existência, apenas estas quatro são
chamadas de alimento porque servem como condições especiais para o contínuo da
vida. O alimento comida é uma condição especial para o corpo físico daqueles seres
que se alimentam de comida. No corpo mental o contato é uma condição especial
para a sensação, a volição mental para a consciência e a consciência para a
mentalidade-materialidade (nome e forma).
xci Se no princípio alguém pensa ‘a sensação e aquele que sente são idênticos’, então
surge a idéia de que o ‘prazer e a dor são criados pela própria pessoa.’ Pois neste
caso a sensação é criada pela própria sensação, e ao afirmar isso está-se admitindo a
existência daquela sensação no passado. A pessoa declara e se apega à idéia do
eternalismo.
xcii Se no princípio alguém pensa ‘a sensação é uma coisa, aquele que sente é outra,’
então surge a idéia que o ‘prazer e a dor são criados pelos outros,’ que é o que crê
aquele que sente a sensação associada à idéia da aniquilação que então surge: ‘a
sensação do agente no passado foi extinta e alguém outro experimenta os resultados
das ações dele.’ Afirmando isso ele declara e se apega à idéia da aniquilação, que o
agente é extinto e que alguém outro renasce.
xciii Veja o MN 12 para uma descrição dos dez poderes e dos quatro tipos de
intrepidez do Tathagata.
xciv Veja o Snp V.1
xcv Bhutamidanti, bhante, yathabhutam sammappaññaya passati: yatha bhuta como
regra geral tanto no português como no inglês tem sido traduzido “como as coisas
na verdade são”. Essa tradução no entanto apresenta algumas limitações no sentido
de dar a impressão que existe algo especial a ser visto “nas coisas” e que a
experiência de insight corresponde a ver esse algo especial, quando na verdade
estamos mais interessados em ver o processo de fabricação que ocorre na mente e
nesse sentido uma tradução mais esclarecedora para yatha butha seria “como as
coisas vêm a ser” (através do processo de fabricação na mente). Essa foi a tradução
empregada neste sutta.
xcvi Veja os quatro tipos de alimento no Ahara Sutta (SN XII.11)
xcvii Os comentários ajudam elucidar este diálogo: "não encontrou consolo" significa
que ele não realizou os três primeiros caminhos supramundanos pois se ele os
tivesse alcançado não reverteria para a vida inferior visto que ele não seria
importunado pelos prazeres sensuais que foi a razão para abandonar o treinamento.
"Quanto ao futuro" se refere a um futuro renascimento; é uma maneira indireta de
perguntar se ele realizou o estado de arahant.
xcviii Veja o SN XXXVI.11
xcix Os comentários não oferecem detalhes sobre este enunciado mas é possível
deduzir que o desejo que dá suporte à "contemplação da gratificação nas coisas que
agrilhoam" é a causa principal que sustenta o processo de renascimento, que tem
início com o estabelecimento da mentalidade-materialidade (nome e forma).
c Por que o Buda diz isso? Não é verdade que a forma física sofre mudanças ao longo
daquela que surge e cessa à noite. “Dia e noite” é mencionado com o sentido de
continuidade, tomando uma continuidade de um período de duração menor do que
o anterior (do corpo). Mas um momento de consciência não dura um dia ou uma
noite toda, num instante uma infinidade de momentos de consciência surgem e
cessam. O símile do macaco não deve ser interpretado como a mente sem
treinamento inquieta a todo momento, mas como a mente sempre dependente de
um objeto. Como o macaco que vagueia pela floresta agarrando de galho em galho, a
mente vagueia pelo mundo dos objetos sempre se agarrando a um deles, quer seja
um objeto visual, um som, qualquer coisa do passado ou do futuro, etc.
cii Upadhi: aquisições, tem o sentido literal de “aquilo sobre o que algo se apóia”, isto
Sariputta com respeito a cada elo na cadeia de nove elos da origem dependente ou,
as três qualidades – ensino, prática e realização – que o Venerável MahaKotthita irá
mencionar a seguir com respeito a cada elo na cadeia de doze elos da origem
dependente.
civ De acordo com o comentário, o silêncio do Venerável Musila significa uma
afirmativa.
cv Em outras palavras, ele havia alcançado um dos níveis preliminares de iluminação
(entrar na correnteza, que retorna uma vez, ou que não retorna) mas não o grau
completo de arahant.
cvi O comentário explica: Susima foi até o Venerável Ananda pensando, “Ele é o
Nota de Ajaan Thanissaro: Este discurso é algumas vezes mencionado como prova
de que um meditador pode realizar a iluminação sem ter praticado os jhanas, mas
uma leitura mais cuidadosa mostra que essa afirmação não é justificada. Os arahants
não negam que tenham alcançado algum dos quatro primeiros jhanas que
constituem a definição da Concentração Correta. Ao invés disso, eles simplesmente
negam que tenham realizado os poderes supra-humanos ou de que permaneçam em
contato com os níveis mais elevados de concentração, os estados “imateriais que
transcendem as formas.” Nisso a sua definição de “libertado através da sabedoria”
não é diferente daquela encontrada no AN IX.44, (compare essa definição com
aquela dada no AN IX.43 e AN IX.45). Colocando no seu devido contexto, com
a quantidade de ensinamentos dados pelo Buda sobre a concentração correta, há
todos motivos para acreditar que os arahants aqui mencionados alcançaram pelo
menos o primeiro jhana antes de realizar a iluminação.
cix Pubbe kho Susima dhammatthitiñanam, paccha nibbane ñanam. Comentário: O
olho do Dhamma, o evento que transforma uma pessoa comum num nobre discípulo
no nível mínimo do ‘entrar na correnteza’, (sotapanna).
cxi Os 39 suttas deste samyutta tratam dos diversos tipos de elementos e entre eles
distância de até 12 léguas, porém no seu estado final não podia ser ouvido nem
detrás de uma cortina.
cxxv Este samyutta contém 12 suttas que tratam de tópicos diversos e foram
de categorias empregado pelo Buda para analisar os seres sencientes. O exame dos
cinco agregados desempenha um papel crítico nos ensinamentos do Buda por pelo
menos quatro razões. Primeiro, porque os cinco agregados são a referência última
para a primeira nobre verdade, a verdade do sofrimento, e visto que todas as quatro
nobres verdades revolvem em torno do sofrimento, a compreensão dos agregados é
essencial para a compreensão das quatro nobres verdades como um todo. Segundo,
porque os cinco agregados são o domínio objetivo do apego e dessa forma
contribuem como condição para o surgimento do sofrimento no futuro. Terceiro,
porque a remoção do apego é necessária para alcançar a libertação e o apego tem
que ser removido daqueles objetos nos quais os seus tentáculos estão enrolados,
isto é, os cinco agregados. Quarto, porque a remoção do apego é obtida através da
sabedoria e o tipo de sabedoria necessária é exatamente o insight relacionado à real
natureza dos agregados.
A análise dos agregados empregada pelo Buda não é empreendida com o objetivo de
alcançar um entendimento objetivo, científico, do que é um ser humano da maneira
como é empreendido pela fisiologia e psicologia. Para o Buda, a investigação da
natureza da existência está sempre subordinada ao poder liberativo do Dhamma e
por essa razão só aqueles aspectos da existência que contribuem para a realização
desse objetivo recebem atenção.
cxxvii Veja o Snp IV.9
cxxviii Veja o DN 21
cxxix "Isso é meu": produzido pelo desejo; "isso sou eu": produzido pela presunção;
LVI.11 mostra que a primeira nobre verdade do sofrimento deve ser compreendida.
Quando a primeira nobre verdade tiver sido compreendida, as tarefas em relação às
demais nobres verdades terão sido completadas também.
cxxxi O conhecimento direto, (abhijanati), se refere ao conhecimento dos fenômenos
do Buda sobre os agregados constituem uma análise sobre o que realmente somos; e
como os agregados são impermanentes e interdependentes, nós possuímos um eu
impermanente e interdependente. Este sutta, no entanto, mostra que podemos ser
analisados de acordo com os agregados só se sentirmos obsessão ou apego por eles.
Se não, não existe como sermos medidos, classificados ou definidos.
cxxxiii Nota de Thanissaro Bhikkhu: o termo “sete casos” neste sutta também pode
veja o SN XLVI.42.
cxxxvii Os dez fatores são o nobre caminho óctuplo acrescido do conhecimento correto
e da libertação correta.
cxxxviii Discriminação se refere a igual, superior, inferior.
cxxxix O comentário informa: Depois de passar o retiro das chuvas em Savatthi, o
Buda foi com uma grande comitiva de bhikkhus para Kapilavatthu. Quando eles
chegaram os Sakyas vieram recebê-los com muitas oferendas para a Sangha. Uma
discussão barulhenta irrompeu entre os bhikkhus por conta da distribuição das
oferendas e foi por essa razão que o Buda os dispensou. Ele queria ensinar-lhes que
‘não foi por conta de oferendas que eles seguiram a vida santa, mas por conta do
estado de arahant.’
cxl O comentário informa: Por que o Buda realizou essa façanha? Pelo bem-estar
deles, pois se eles viessem em grupos eles não teriam demonstrado respeito pelo
Buda e nem estariam numa posição para receber o ensinamento do Dhamma. Mas
vindo tímidos, envergonhados, sós e em pares, eles demonstraram respeito e
estavam preparados para receber o ensinamento do Dhamma.
cxli Veja o SN XII.15.
cxlii O Buda conecta o apego que surge com base nos agregados, que são
Kaccayanagotta Sutta (SN XII.15). Aqui o Buda enfatiza que ele não rejeita todas as
propostas ontológicas, mas apenas aquelas que transcendem as fronteiras daquilo
que pode ser experimentado. A afirmação da existência dos cinco agregados, como
um processo impermanente, serve como resposta às teorias ilusionistas que
afirmam ser o mundo desprovido de existência real.
cxlv Lokadhamma: os cinco agregados.
cxlvi Este sutta faz referência a três mundos. Quando diz “eu não disputo com o
apenas dos agregados, a única diferença aqui é que todos os suttas são dirigidos a
um único bhikkhu chamado Radha. Muitos dos suttas neste samyutta são idênticos,
exceto pelo interlocutor, a suttas encontrados no Khandha-samyutta. De acordo com
os comentários, o Buda apreciava conversar com este bhikkhu sobre temas
profundos e sutis.
cli Um grande número de discursos argumentam que a mente é agrilhoada, não por
coisas como os cinco agregados ou os objetos dos seis sentidos, mas pelo ato de
cobiça por eles e prazer com eles. Há duas formas para romper esse grilhão. Uma é
focar nas desvantagens da cobiça e prazer em si mesmos, vendo com clareza o
sofrimento que estes produzem na mente. A outra é analisar os objetos da cobiça e
do prazer de tal modo que eles não mais pareçam dignos de interesse. Essa segunda
abordagem é aquela recomendada neste discurso: quando o Buda fala em
“esparramar, demolir e destruir a forma, (etc.) e deixar de brincar com ela,” ele se
refere à prática de analisar minuciosamente as partes constituintes da forma até que
esta não mais pareça ser um objeto apropriado para a cobiça e o prazer. Quando
todos os agregados puderem ser tratados desta maneira, a mente ficará sem
nenhum objeto condicionado para servir como ponto focal para a cobiça e assim
estará libertada – no mínimo – até o estágio do não retorno.
clii Este samyutta também é uma extensão do Khandha-samyutta apresentando sob
vários ângulos a maneira pela qual as idéias se originam do apego aos cinco
agregados.
cliii Os comentários não explicam isto, mas parece que os seis casos são os cinco
descritos a seguir, são os dois tipos de discípulos que praticam para a realização do
fruto do entrar na correnteza.
clvi Este samyutta, o anterior e aquele que segue, podem ser tratados em conjunto
visto que todos seguem um mesmo esquema diferindo apenas no modo como o
material é usado para articular os distintos temas. O esquema empregado é a
classificação dos fatores das experiências em dez grupos: seis bases internas; seis
bases externas; seis tipos de consciência, contato, sensação, percepção, volição e
desejo; seis elementos; cinco agregados. Assim, cada samyutta tem dez suttas, cada
um dedicado a um desses grupos.
clvii Este samyutta, e os dois anteriores, podem ser tratados em conjunto visto que
respeito à sabedoria, mas nestes suttas ele é retratado também como um adepto da
meditação de concentração. Cada sutta mostra o Venerável Sariputta explicando
como ele entra e emerge de cada jhana e de cada realização imaterial.
clix A “fabricação do eu” é considerada como função do entendimento incorreto, (a
Os supannas são idênticos aos garudas, aves de rapina ferozes que atacam os nagas
desavisados e os devoram.
clxii Este samyutta trata uma categoria de seres sencientes, que sob a perspectiva
perguntas, quase sempre de cunho filosófico. Tendo sido por fim convencido, ele se
tornou um bhikkhu e alcançou o estado de arahant. (Veja o MN 71, 72, 73). Este
samyutta mostra Vacchagotta na sua fase de inquisidor. O samyutta contém 55
suttas criados através de um processo de permutação. Nos cinco primeiros suttas,
em resposta às perguntas de Vaccha, o Buda explica porque as dez idéias
especulativas surgem no mundo, isto é, pelo desconhecimento dos cinco agregados.
Cada sutta trata de um agregado e assim temos cinco suttas. Os cinqüenta suttas
restantes são criados tomando dez sinônimos para não conhecer (não ver, não
compreender, não discernir, não penetrar, etc.) relacionando-os aos cinco
agregados.
clxvii Apesar do título, este samyutta não trata do resultado da concentração,
os fatores assim, “O primeiro jhana tem cinco fatores, o segundo jhana tem três
fatores,” etc. “Mas não tem habilidade na realização da concentração”: embora ele
faça com que a mente fique maleável através da satisfação e da remoção dos
obstáculos, ele é incapaz de entrar no jhana.
clxix Não tem habilidade na estabilização do jhana, sendo incapaz de manter o jhana
concentração.
clxxvii O Salayatana-samyutta trata das seis bases internas e externas. À primeira vista
pode parecer que as seis bases internas e externas devem ser compreendidas
simplesmente como as seis faculdades sensoriais e os seus objetos, com o termo
ayatana, base, tendo o significado de origem ou fonte. Embora muitos suttas
suportem essa suposição, a exegese Theravada compreende que os seis pares de
bases são um esquema de classificação completo capaz de acomodar todos os
fatores da existência mencionados nos Nikayas. Essa conceituação das seis bases
provavelmente teve origem no Sabba Sutta, no qual o Buda diz que os seis pares de
bases são “o todo” além do qual nada mais existe. Visto por este ângulo, as seis bases
internas e externas oferecem uma alternativa aos cinco agregados como um
esquema de classificação fenomenológica. A relação entre esses dois esquemas em
linhas gerais pode ser vista como semelhante à análise horizontal e vertical de um
órgão, com a análise através dos agregados correspondendo à perspectiva
horizontal e a análise através das seis bases correspondendo à perspectiva vertical.
Por exemplo, na ocasião de uma experiência visual, a consciência no olho surge na
dependência do olho e das formas; o encontro dos três é o contato; e com o contato
como condição surgem a sensação, percepção e formações. Vendo essa experiência
sob a perspectiva vertical através das bases dos sentidos, o olho e as formas visíveis
são cada um uma base separada, respectivamente a base olho e a base forma; a
consciência no olho pertence à base mente; e o contato no olho, sensação, percepção
e formações são todos atribuídos à base objetos mentais. No entanto, embora esse
tratamento das bases encontre respaldo nos Nikayas, estes em geral apresentam os
seis pares de bases não como um esquema fenomenológico completo mas como
ponto de partida para a origem das experiências dos sentidos.
Da mesma forma que com relação aos agregados, a preocupação com a classificação
e interação das bases é governada não pelo interesse em alcançar uma perfeição
teórica, mas para satisfazer as exigências práticas do caminho Budista que tem por
objetivo a libertação do sofrimento. A principal preocupação pragmática com
relação às bases é a erradicação do apego, pois tal como com os agregados, as bases
servem como solo fértil no qual o apego se enraíza e cresce.
clxxviii De acordo com o comentário, o todo, (sabba,) é de quatro tipos: (a) o todo
completo, (sabbasabba), isto é, tudo aquilo que pode ser conhecido, tudo que
compõe o âmbito da onisciência do Buda. (b) o todo das bases dos sentidos,
(ayatanasabba), isto é, os fenômenos dos quatro planos; (c) o todo da
individualidade pessoal, (sakkayasabba), isto é, os fenômenos dos três planos
mundanos; e (d) o todo parcial, (padesabba), isto é, os cinco objetos dos sentidos
físicos. Cada um destes, de (a) até (d), tem um âmbito mais restrito que o anterior.
Neste sutta a referência é feita a (b) o todo das bases dos sentidos. Os quatro planos
correspondem aos três planos mundanos (reino da esfera sensual, reino da matéria
sutil e reino imaterial) mais o plano supramundano (os quatro caminhos, os seus
frutos e nibbana).
Portanto, parece que a abordagem deste discurso sobre o “Todo” tem como
propósito limitar o uso da palavra “todo” em todos os ensinamentos do Buda às seis
bases internas e externas. O SN.XXXV.24 mostra que ele também inclui a
consciência, contato e as sensações conectadas com as bases dos sentidos e os seus
objetos. Nibbana estaria fora dessa palavra, “todo.” Isso também se encaixa com
outro ponto que aparece várias vezes no Cânone: que o desapego é o dhamma mais
elevado ( It 90), enquanto que o arahant superou até mesmo o desapego ( Snp
IV.6; Snp IV.10).
Isso levanta uma questão, se a palavra “todo” não inclui nibbana, isso significa que
poderíamos inferir da afirmativa, “todos os fenômenos são não-eu”, que nibbana é o
eu? A resposta é não. Como mencionado no AN IV.173, até mesmo a pergunta sobre
se algo permanece ou não permanece (ou ambos, ou nenhum dos dois) depois da
cessação das seis bases dos sentidos é diferenciar aquilo que por natureza não é
diferenciado (ou complicar o não complicado – veja o MN 18). A abrangência da
dualidade se estende apenas ao “Todo.” As percepções do eu ou não-eu, que
constituem a dualidade, não se aplicam para além do “Todo.” Quando a cessação do
“Todo” é experimentada, toda dualidade é apaziguada.
clxxix Abandonar o olho, etc., neste caso significa abandonar a cobiça e o desejo por
todos eles.
clxxx “Concepção” (maññana) é o processo de pensamento governado pelo desejo,
da seguinte forma: “Com relação ao que é visto houver apenas o visto” significa que
a consciência no olho vê apenas a forma como forma e não algum outro elemento
como sendo permanente, etc. Da mesma forma com relação aos outros tipos de
consciência. “Apenas” indica o limite, significando que a mente equivale à
consciência no olho sem estar afetada pela cobiça, raiva ou delusão com relação ao
objeto que foi contatado e sem adicionar as próprias idéias, conceitos e
proliferações mentais. “Você não estará ‘com aquilo’”: você não será estimulado
‘com aquela’ cobiça, raiva, ou deludido ‘com aquela’ delusão. “Então você não estará
‘naquilo’”: não sendo estimulado pela cobiça, etc., então você não estará atado,
agrilhoado, estabelecido naquilo que é visto, ouvido, sentido e conscientizado
através das respectivas idéias e proliferações mentais. “Então você não estará aqui,
nem além e tampouco entre os dois”: nem neste mundo e tampouco num mundo
além, isto significa a experiência de nibbana que está além das coisas mundanas.
clxxxiv Ensinar o Dhamma para alguém vestindo sandálias, ou sentado num assento
elevado, ou com a cabeça coberta são trasngressões do Vinaya. São ações que
indicam falta de respeito por parte do ouvinte.
Veja também o Bahiya Sutta.
clxxxv O Buda se refere a eles como Gotamas porque eles faziam parte do clã Gotama
contato nas seis bases dos sentidos nos suttas do Salayatana-samyutta, visto que a
sensação é uma força poderosa na ativação das contaminações, esta recebe um
tratamento especial com um samyutta próprio. A sensação é um elo chave na cadeia
da origem dependente, o precursor imediato do desejo, portanto, para romper essa
cadeia é necessário que superemos as respostas às sensações, que regra geral estão
afetadas pelas contaminações. Essa é a razão porque o Buda estabeleceu a sensação
como um dos quatro fundamentos da atenção plena, (satipatthana). Vários suttas
neste samyutta explicam que os três tipos de sensação servem como estímulo para
as tendências subjacentes ou obsessões, (anusaya). Cada sensação é correlacionada
com uma tendência diferente: a sensação prazerosa com o desejo sensual; a
sensação dolorosa com a aversão; a sensação neutra com a ignorância. O sistema de
treinamento mental do Buda visa controlar as nossas reações a essas sensações no
ponto exato em que elas surgem, sem permitir que proliferem e despertem as
correspondentes tendências. O nobre discípulo, é claro, continua experimentando
sensações enquanto viver, mas ao erradicar as tendências subjacentes ele não é no
íntimo perturbado pelas sensações.
clxxxviii Porque estão sujeitas à mudança.
clxxxix A escapatória é através da concentração, dos caminhos supramundanos e os
seus frutos. Isso a pessoa comum desconhece; a única escapatória que ela conhece
são os prazeres sensuais.
cxc Sensações mundanas, (samisa), são sensações conectadas com os sentidos;
sentidos.
cxciiiEste samyutta trata de temas ligados às mulheres. O Buda explica o que faz uma
mulher ser atraente para um homem, os tipos de sofrimento particulares às
mulheres, as qualidades morais que conduzem uma mulher a um bom renascimento
e a um renascimento ruim. Neste samyutta o Venerável Anurudha desempenha um
papel importante em vista da sua habilidade com o olho divino que o levavam a
questionar o Buda sobre esse tipo de tema.
cxciv Este samyutta e aquele que segue, cada um com dezesseis suttas, possuem
idêntico e apenas diferem com respeito ao interlocutor, dois errantes cujos nomes
dão o título a cada samyutta. Os suttas tratam de questões formuladas pelos errantes
ao Venerável Sariputta.
cxcvi Mahamoggallana era o segundo principal discípulo do Buda. Neste samyutta os
tribais. Na maioria dos casos eles não são discípulos do Buda e em alguns casos até
demonstram certa hostilidade, mas em todos os casos o Buda os convence com
argumentos lógicos e uma cuidadosa análise dos problemas que eles apresentam.
cxcix Este samyutta funciona como um compêndio para as diferentes designações de
conteúdo heterogêneo. Ele trata não só das cinco faculdades espirituais, que formam
um dos conjuntos que fazem parte das “Asas do Despertar”, (bodhi-pakkhiya-
dhamma), mas também de uma série de outros itens unidos sob a rubrica de indriya.
No Abhidhamma são identificadas um total de vinte e duas faculdades divididas em
cinco grupos:
Todas essas faculdades que são tratadas, ainda que de modo breve neste samyutta,
se denominam indriya no sentido de exercer o domínio numa esfera particular de
atividade ou experiência, tal qual Indra, (de onde o nome foi derivado), exerce o
domínio sobre os devas.
Vale a pena também mencionar que entre as faculdades espirituais há uma relação
que não é mencionada nos suttas mas é discutida nos comentários. Trata-se do seu
arranjo em pares mutuamente complementares. A fé faz par com a sabedoria,
assegurando que os aspectos emocionais e intelectuais da vida espiritual sejam
mantidos em equilíbrio; a energia faz par com a concentração, assegurando que a
ativação e a contenção no desenvolvimento mental sejam equilibradas. A atenção
plena desenvolve o papel de supervisora das demais, mantendo-as unidas numa
tensão mútua enriquecedora. A série de repetição de suttas ocorre a partir do SN
XLVIII.76.
também no SN XLVI.3.
ccxiii De acordo com o comentário, a faculdade da dor de fato cessa e é abandonada
jhanas, na qual o primeiro jhana é descrito como livre de todos os estados ruins e
prejudiciais, incluindo a tristeza, domanassa. De acordo com o comentário, a
faculdade da tristeza é abandonada no acesso ao segundo jhana mas pode surgir
novamente quando houver fadiga corporal e tensão mental por conta do
pensamento aplicado e sustentado. Mas no segundo jhana, que está desprovido de
pensamento aplicado e sustentado, ela não surgirá de modo nenhum.
ccxv O comentário reluta em admitir que o corpo do Buda possa mostrar sinais de
Apesar do Budismo ser com freqüência retratado como um sistema ético racional e
um caminho de meditação ascética, os Nikayas estão repletos de textos nos quais o
Buda é mostrado realizando atos supra-humanos e elogiando os discípulos que se
sobressaiam nessas habilidades. O que o Buda rejeitava não era a obtenção desses
poderes em si, mas abuso do seu uso para fins irresponsáveis. Ele proibia aos
monges e monjas a demonstração desse poderes para impressionar os leigos e
converter os céticos, e ele enfatizava que esses poderes por si mesmos não eram
prova de verdadeira sabedoria.
Os quatro iddhipadas são definidos através de uma fórmula citada em quase todos
os suttas desta coleção. A fórmula pode ser analisada em três partes, duas delas
comuns a todas as quatro bases, a terceira diferenciando-as em quatro partes. As
duas partes comuns são a concentração, (samadhi), e as “formações volitivas para o
esforço”, (padhanasankhara). Essas formações volitivas são definidas pela fórmula
dos quatro esforços corretos, (sammappadhana), de forma que os iddhipadas, o
terceiro conjunto de apoios para a iluminação, contêm implicitamente o segundo
conjunto. Os componentes únicos de cada iddhipada são os fatores que assumem a
liderança na geração da concentração: desejo, (chanda), energia, (viriya), mente,
(citta), e investigação, (vimamsa). O comentário interpreta o desejo neste caso como
“vontade de agir” e a investigação como sabedoria. Para energia e mente não é
proporcionada nenhuma definição especial, exceto os sinônimos em geral usados
para esses fatores. É de se supor que apesar de todas as quatro qualidades
coexistirem em cada estado de concentração, numa dada ocasião apenas uma das
quatro irá assumir o papel dominante de gerar a concentração e essa dará o nome
ao iddhipada. É interessante observar que a fórmula para o esforço correto, incluído
na fórmula do iddhipada, conforme mencionado acima, menciona três fatores que
atuam como iddhipadas, isto é, desejo, energia e mente; e visto que o esforço correto
pressupõe o discernimento entre os estados benéficos e os prejudiciais, algum grau
de investigação também estará envolvido. Assim, é possível observar o caráter
entrelaçado dos sete conjuntos de apoios ou “asas para a iluminação”. A série de
repetição de suttas ocorre a partir do SN LI.38.
ccxxi As “formações volitivas do esforço” são uma designação para a energia que
fundamentos da atenção plena, que aparecem em todos os suttas neste capítulo. Este
samyutta pode na sua origem ter sido parte do Satipatthana-samyutta sendo mais
tarde destacado dele. O Satipatthana-samyutta preserva três suttas ditos por
Anurudha (SN XLVII.26, XLVII.27 e XLVII.28) que estão em consonância com o
caráter dos suttas deste samyutta. Não existe uma explicação da razão destes suttas
terem sido mantidos separados daquela coleção.
ccxxiv Este samyutta contém apenas a fórmula tradicional para os quatro jhanas
pedem a um errante que os mate. O comentário adiciona que nenhum dos nobres
matou, ou ordenou que matassem, ou consentiu que matassem; foram apenas os
bhikkhus mundanos que assim fizeram.
ccxxvii Este samyutta trata do grupo específico de fatores que definem uma pessoa que
Sarakani violava um dos preceitos ele estaria carente do quarto fator para entrar na
correnteza, (a virtude), e dessa forma não poderia ser um dos que entrou na
correnteza.
ccxxx Esta é a caracterização de um arahant, que na verdade está livre de qualquer
o discípulo pela fé, (saddhanusari). De acordo com o SN XXV.1, estes dois tipos de
indivíduos alcançaram o plano dos nobres, mas ainda não realizaram o fruto do
entrar na correnteza.
ccxxxii No momento da morte, ele havia realizado os três treinamentos, (virtude,
concentração e sabedoria). Isso indica que, apesar dele haver se entregado antes à
bebida, através do treinamento, antes de morrer, ele entrou na correnteza.
ccxxxiii O último samyutta do Mahavagga está dedicado às verdades descobertas pelo
Buda na noite da sua iluminação e colocadas por ele no núcleo dos seus
ensinamentos. Elas, é claro, são as Quatro Nobres Verdades; e assim este capítulo
sobre as verdades proporciona um fecho adequado para todo o Samyutta Nikaya. O
Sacca-samyutta apresenta as quatro nobres verdades não apenas como meros
pronunciamentos da doutrina, peculiares a um mestre espiritual histórico
conhecido como Buda, mas como o conteúdo da realização de todos aqueles que
conquistam a verdade libertadora, quer seja do passado, presente ou futuro. O
Sacca-samyutta conclui, a partir do sutta número 49, com uma longa série de
repetições de suttas que revelam a natureza perniciosa do samsara e ilustram as
terríveis conseqüências por não enxergarmos as verdades; exprimindo um chamado
urgente para que demos um fim ao sofrimento através da compreensão - obtida por
meio do conhecimento direto - das Quatro Nobres Verdades. Verdades que o
próprio Buda redescobriu na noite da sua iluminação e que nos legou como sua
mensagem para o mundo.
ccxxxiv Em Pali: caga, patinissagga, mutti, analaya. Caga, abrir mão, também ocorre