Análise de Performance Desportiva
Análise de Performance Desportiva
Análise de Performance Desportiva
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ANÁLISE DA
IPDJ_2017_V1.0
MANUAL DE CURSO DE TREINADORES DE DESPORTO //
GRAU III
Índice
INSTITUTO DO DESPORTO DE PORTUGAL //
PROGRAMA NACIONAL DE FORMAÇÃO DE TREINADORES
CAPÍTULO I.
1. ANÁLISE DA PERFORMANCE DESPORTIVA 3
1.1 CONHECER A ATIVIDADE E O DESPORTISTA 6
1.2 AVALIAÇÃO TÉCNICA 6
1.3 AVALIAÇÃO TÁTICA 7
1.4 CONTEXTUALIZAÇÃO DA ANÁLISE DA PERFORMANCE DESPORTIVA NO PROCESSO DE TREINO 14
CONCLUSÕES 63
AUTOAVALIAÇÃO 68
GLOSSÁRIO 70
BIBLIOGRAFIA 71
2
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
n Descrever o modelo de organização do processo de
análise da Performance Desportiva.
n Conhecer a sua modalidade desportiva do ponto de
vista da identificação e descrição dos indicadores da
performance e dos efeitos dos fatores situacionais na
performance desportiva.
A ANÁLISE DA
1.
PERFORMANCE DESPORTIVA
O desporto de alto rendimento é um fenómeno de expressão mundial com
acentuada importância económica e social, que atualmente se equipara às maiores
organizações mundiais, e que se encontra sustentado por desportistas capazes de
desafiar os limites da performance humana. Neste domínio, as diversas ciências
do desporto (e.g., biomecânica, fisiologia, medicina, pedagogia, psicologia) têm
identificado e interpretado o perfil de exigências específicas de cada modalidade
desportiva, bem como os fatores que constituem a estrutura multidimensional des-
ANÁLISE DA
tas performances, contribuindo para a crescente qualidade dos processos de seleção PERFORMANCE
e uma minuciosa preparação das competições. Nos tempos mais atuais, verifica-se
uma tendência para utilizar modelos de investigação centrados numa compreensão
integrada e contextualizada das variáveis presentes em situação de treino e de com-
petição, que corporizam uma área emergente das ciências do desporto, designada
de Análise da performance desportiva (O’Donoghue, 2010).
O processo de análise da performance desportiva constitui-se como um fator
de grande importância para regular o treino e as competições. Na realidade, trata-
-se de recolher informação relevante nestes dois contextos (treino e competição),
no sentido de ser utilizada para melhorar a performance desportiva individual ou
coletiva a vários níveis, e permitir configurar modelos da atividade dos desportis-
tas, identificar os traços da atividade que se associem à eficácia de processos e à
obtenção de resultados positivos; promover o desenvolvimento de métodos de
treino que garantam uma maior especificidade e indiciar tendências evolutivas das
diferentes modalidades desportivas (Garganta, 2001).
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GRAU III
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Análise da performance desportiva
ANÁLISE DA
PERFORMANCE
DESPORTIVA
EVOLUÇÃO DA ANÁLISE DA PERFORMANCE DESPORTIVA
Os métodos de observação direta foram gradualmente substituídos por sistemas informáticos capazes de recolher e
tratar os dados em tempo real. A evolução deste processo decorreu em várias fases:
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GRAU III
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mais poderosos e acessíveis. As recolhas de dados são quais vai sendo possível combinar vários tipos de meios
cada vez mais exaustivas, todavia, estes sistemas são (registo em vídeo, variáveis quantitativas,...).
ineficazes pelo facto de faltarem referenciais concetuais
delimitadores das categorias e indicadores a selecionar 5ª fase - o futuro...
(Garganta, 1996). A opinião dos treinadores deixou de O desenvolvimento do desporto depende do rápido
ser utilizada como elemento referencial para passar a acesso a todo o tipo de informação existente sobre uma
elemento complementar conjugando as objetividades imensidão de variáveis relacionadas, direta ou indireta-
da informação com a subjetividade. mente, com a sua prática, no sentido de se registarem e
contextualizarem todos os comportamentos passíveis
4ª fase - o presente... de quantificação e se relacionarem variáveis de todas
Todo o processo de recolha e tratamento de dados as dimensões da performance (físicas, técnicas, táticas,
passou a ser dominado pelos meios informáticos, com psicológicas). Esta evolução irá permitir que os treina-
possibilidade dos treinadores poderem intervir no treino dores tenham acesso em tempo real à performance dos
e competição em tempo real. A qualidade e a quanti- desportistas no treino e na competição e que a possam
dade de informação gerada permite a construção de comparar com todos os registos passados.
bancos de dados cada vez mais poderosos, a partir dos
6
Análise da performance desportiva
LOCAL DO JOGO
O local do jogo é um dos fatores que mais influencia o desfecho final das com-
petições desportivas, particularmente se o contexto social específico de cada local
apresentar grande tradição, identificação local e orgulho e se o recinto desportivo
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tiver uma localização central nessa comunidade (Mizruchi, 1985). A sua importân-
cia e consistência popularizaram-se de tal forma que os jornalistas realizam mais
referências à dificuldade em vencer os desportistas que competem em casa do que
a qualquer outro fator (Edwards e Archambault ,1989).
As teorias que procuram dar o melhor enquadramento a este fenómeno
baseiam-se em explicações do tipo biológico (e.g., teorias da territorialidade),
psicológico-social (e.g., teoria da facilitação social) e cognitivo-social (e.g., teoria da
perceção do apoio social). A ideia subjacente à teoria da territorialidade é a de que os
indivíduos se identificam com determinados locais protegendo-os contra qualquer
intrusão (Altman, 1975). É neste sentido que se considera que a vantagem em casa
pode ser um reflexo de defesa de um território muito particular e esta ideia é susten-
tada pelos valores de testosterona mais elevados nos jogos em casa e particularmen-
te contra adversários de maior qualidade (Neave e Wolfson, 2003). Neste sentido, é
também expetável que os desportistas mostrem mais comportamentos associados
a níveis elevados de assertividade nos jogos em casa (Varca, 1980). A teoria da facili-
tação social estuda as alterações de comportamento nas tarefas que são provocadas
pela presença de observadores (Zajonc, 1965). Nesta situação particular, pretende-se
explicar a vantagem em casa pelos efeitos provocados pela presença e participação
do público no jogo. A teoria da perceção do apoio social aborda este fenómeno a
partir das perceções generalizadas de apoio dos indivíduos (Dunkel-Schetter e Ben-
nett, 1990). Ou seja, o facto das equipas disputarem os jogos em casa provoca nos
indivíduos (jogadores, treinadores,...) uma perceção de apoio social extremamente
positiva. Existe também um modelo explicativo dos efeitos do local do jogo (Carron
et al., 2005), que coloca em evidência os efeitos do público, da familiaridade com
todo o ambiente da competição e das viagens em determinar diferentes estados
psicológicos, fisiológicos e comportamentais dos jogadores e treinadores.
O contributo do apoio do público no aumento da vantagem em casa é tão im-
portante que muitas vezes nos jogos desportivos coletivos é designado como mais
um “jogador em campo”. O apoio do público afeto à equipa da casa é um fator que
influencia positivamente a performance destas equipas (Agnew e Carron, 1994) e o
inverso é igualmente verdadeiro, ou seja, as manifestações do público contra a equi-
pa visitante influenciam negativamente a sua performance (Bray e Widmeyer, 2000).
Estes efeitos são mais pronunciados em recintos fechados (Zeller e Jurkovac,) e, mais
importante que o número, é a densidade de espetadores no recinto desportivo
(Schwartz e Barsky, 1977). Foram também identificadas mais infrações (e.g., faltas e
perdas de bola em jogos de basquetebol) nas equipas visitadas durante os períodos
de comportamentos antissociais (Thirer e Rampey, 1979), pelo que se sugeriu que
estes comportamentos têm efeitos negativos nas performances.
A familiaridade com as instalações desportivas parece contribuir para
aumentar os efeitos do local da competição. O tamanho dos campos, a
distância entre os limites do campo e o público, a iluminação do campo, as
condições gerais dos balneários são as variáveis tidas como mais importan-
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Análise da performance desportiva
ANÁLISE DA
PERFORMANCE
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QUALIDADE DA OPOSIÇÃO
A qualidade da oposição determina fortemente o contexto em que decor-
rem os comportamentos observados. Lago e Martín (2007) verificaram que a
posse de bola no futebol sofre modificações em função do adversário defron-
tado. Identificou-se também que cada posição de diferença na classificação
do campeonato espanhol fez variar a posse da bola em 0,2%, com valores
superiores para as equipas melhor classificadas (Lago, 2009).
OUTROS FATORES
A investigação científica nestes domínios tem permitido contrastar as
variáveis técnicas e táticas em função de outros fatores, que permitem traçar
perfis de contraste capazes de ajudar a descrever modelos de performance.
Estão nestes casos, por exemplo, os contrastes entre diferentes desfechos das
competições (Figura 2) ou os contrastes entre diferentes desportistas (Figura
3). As caixas de texto seguintes apresentam também resultados de investiga-
ção aplicada onde foram considerados outros fatores para contraste.
Legenda:
%LL percentagem de eficácia nos
lances-livres;
%L2 percentagem de eficácia nos
lançamentos de dois pontos;
FC faltas cometidas;
%L3 percentagem de eficácia nos
lançamentos de três pontos;
RD Ressaltos defensivos.
10
Análise da performance desportiva
FIGURA 3 - Representação gráfica da performance normativa de duas jogadoras de ténis (Adaptado de O’Donoghue, 2005).
Legenda:
V1 Média de velocidade do primeiro serviço; DF percentagem de serviços com dupla falta;
V2 Média de velocidade do segundo serviço; BP_Per_Set média de pontos de break por set;
%1stIn Percentagem de primeiros serviços jogados; %BPW percentagem de pontos de break convertidos;
%1stWon percentagem de pontos ganhos quando o primeiro %NetPts percentagem de pontos em que o jogador atacou a rede;
serviço entrou; %NetWon percentagem de pontos ganhos em situação de ataque
%2ndWon percentagem de pontos ganhos depois do segundo serviço; à rede;
%Ace percentagem de ases; % %Winners percentagem de winners.
de variáveis que pode diferir quando se perspetiva a curto ou a longo prazo. No DESPORTIVA
caso do basquetebol, pode-se verificar que o sucesso a curto prazo está mais
dependente de variáveis associadas à performance ofensiva, enquanto que o
sucesso a longo prazo está mais associado à performance defensiva das equi-
pas (Ibáñez et al., 2008), facto que parece confirmar uma expressão frequente-
mente utilizada pelos treinadores que “o ataque vence os jogos e a defesa vence
os campeonatos”.
SEXO
O contraste entre ambos os sexos tem permitido perceber que, por exemplo
no Voleibol, o sucesso nas equipas masculinas está dependente da performan-
ce nas ações terminais, enquanto que nas femininas está mais dependente
das ações de continuidade (João et al., 2010), facto que expressa bem o efeito
que têm as diferenças nas variáveis antropométricas e fisiológicas no perfil de
performance no jogo.
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ESCALÃO COMPETITIVO
Aos desportistas é requerido que recolham informações sobre o contexto (e.g.,
a bola, companheiros e adversários) e decidam por uma resposta apropriada
com pressão de tempo e de espaço (Williams, 2000). Provavelmente, os senio-
res são mais rápidos e precisos a reconhecer padrões da comportamento, an-
tecipam melhor as ações dos adversários, possuem mecanismos de reconheci-
mento visual mais rápidos e eficientes e são mais realistas nas suas expetativas
relativamente ao desfecho de determinadas situações (Helsen & Starkes, 1999;
Williams, 2000). É neste sentido que, por exemplo no Basquetebol, são as ações
de passe e as perdas de bola que melhor discriminam jogadores seniores de
jogadores juniores (Sampaio et al., 2004).
RITMO DA COMPETIÇÃO
As competições em que o desfecho se traduz na conquista de pontos a
acumular (e.g., campeonatos regulares ao longo de uma época desportiva)
apresentam caraterísticas diferenciadas no que à performance desportiva diz
respeito, relativamente às competições cujo desfecho final implica a passagem
para uma fase seguinte ou uma eliminação definitiva. Nestes últimos casos,
por exemplo no Basquetebol, têm sido identificados ritmos de jogo mais
lentos (menores valores de posses de bola e de pontos marcados), associados
a comportamentos táticos ofensivos e defensivos de menor risco. Verificou-se
também que, sempre que os jogadores são ultrapassados na defesa, recorrem
mais sistematicamente às faltas (Malarranha e Sampaio, 2007).
12
Análise da performance desportiva
OS JOGADORES
A construção de equipas de sucesso está também dependente da eficácia do
processo de recrutamento de jogadores, pelo que é essencial que se formule
uma estratégia na procura de candidatos possuidores de atributos comple-
mentares, capazes de produzir de acordo com as exigências das suas posições
específicas. Estes contrastes entre jogadores de diferentes posições específicas
são bem evidentes nos valores do somatótipo, composição corporal e respostas
fisiológicas e têm repercussões claras na performance desportiva. Por exemplo,
no basquetebol, as solicitações variam em consequência da distância a que os
jogadores jogam do cesto. Verifica-se que nas equipas de nível superior, os joga-
dores postes e bases são mais discriminados pelas tarefas ofensivas, enquanto
que nas equipas de nível inferior, os jogadores postes e bases são mais discrimi-
nados pelas tarefas defensivas (Sampaio et al., 2006a).
A escolha dos jogadores que vão constituir a equipa no início dos jogos é constituir a equipa no DESPORTIVA
um processo orientado e pode ser decisivo para o sucesso das equipas. Estas
decisões são normalmente tomadas pelo recurso à observação de caraterísti-
início dos jogos é um
cas motoras e psicológicas, interações sociais e sua relação com a expetativa processo orientado e
global da equipa (Case, 1998). Os jogadores titulares estão mais satisfeitos e
pode ser decisivo para o
confiantes com a sua performance, são mais conscientes das tarefas a realizar
e valorizam mais o facto de pertencerem à equipa (Petlichkoff, 1993). Este sucesso das equipas.
conjunto de diferenças reflete-se na performance e verifica-se que as ações
defensivas discriminam melhor os jogadores titulares dos jogadores suplen-
tes. Por outro lado, as melhores equipas parecem perder mais jogos quando
a performance dos jogadores suplentes é pior, ao passo que as piores equipas
parecem perder mais jogos quando a performance dos jogadores titulares é
pior (Sampaio et al., 2006b).
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GRAU III
ETAPA APRENDER A TREINAR TREINAR A TREINAR TREINAR PARA COMPETIR TREINAR PARA GANHAR
IDADES M 9-12 // F 8-11 M 12-16 // F 11-15 M 16 - 23+- // F 15-21+- M +-19 F // +-18
TREINO: COMPETIÇÃO 70%:30% 60%:40% 40% : 60% 25% : 75%
Aprender a lidar com as
CARATERÍSTICAS
Coordenação motora solicitações competitivas Performance no treino Performance em competição
MAIS DETERMINANTES
do treino
Técnica 3 (4) 3 (4) 2 (3) 1 (2)
14
Índice
CAPÍTULO II.
2. MODELOS DE ANÁLISE DA PERFORMANCE DESPORTIVA 16
2.1 ANÁLISE QUANTITATIVA 16
2.1.1 Validade, fiabilidade e objetividade 16
2.1.2 Procedimentos, seleção e construção de testes 18
2.1.3 Avaliação dos resultados 21
2.2 ANÁLISE QUALITATIVA 23
2.2.1 O papel da análise qualitativa no estudo da performance desportiva 23
2.2.2 Tipos e meios de análise qualitativa da performance desportiva 26
2.2.2.1 Análise qualitativa da performance a partir da observação: fases e procedimentos 26
2.2.2.2 Análise da performance desportiva numa perspetiva holística 32
2.2.2.3 Fatores que interferem na capacidade de análise da performance desportiva 34
2.2.3 Validade e fiabilidade na análise qualitativa da performance desportiva 36
CONCLUSÕES 63
AUTOAVALIAÇÃO 68
GLOSSÁRIO 70
BIBLIOGRAFIA 71
ANÁLISE DA
PERFORMANCE
DESPORTIVA
15
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
ANÁLISE QUANTITATIVA ANÁLISE QUALITATIVA
• Ter uma perspetiva holística e heurística relativa ao fun- • Reconhecer o papel da análise qualitativa da performance
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cionamento dos modelos de performance desportiva que desportiva na otimização da intervenção do treinador no
lhe permite identificar e utilizar, transversal e longitudi- treino e na competição.
nalmente, a informação proveniente dos indicadores da • Identificar os tipos e meios de análise qualitativa da
performance nas sessões de treino e nas competições. performance desportiva, reconhecendo a importância da
• Construir ou selecionar testes de medição, de acordo pluralidade de procedimentos na otimização de recursos.
com procedimentos que assegurem maior validade, • Identificar e selecionar os métodos de análise qualitativa
fiabilidade e objetividade nos resultados. Interpretar os da performance desportiva que se apresentam mais ade-
resultados de acordo com procedimentos de avaliação quados às necessidades das particularidades situacionais,
normativa ou criterial. correntes no treino e competição.
• Estruturar o processo de análise da performance ao longo
da época desportiva, considerando ainda os princípios de
um modelo de preparação desportiva a longo prazo.
2. MODELOS DE ANÁLISE
DA PERFORMANCE
DESPORTIVA
2.1 Análise quantitativa
16
Modelos de análise da performance desportiva
EXEMPLO
VALIDADE DE CONTEÚDO
Um teste de 30 m de corrida é um teste obviamente válido para a medição da velocidade dos desportistas.
VALIDADE CONCORRENTE
Os resultados do teste de corrida intermitente yo-yo apresentam grande relação com os resultados do consu-
mo máximo de oxigénio medido em laboratório.
VALIDADE PREDITIVA
Os resultados de uma medição das pregas de adiposidade subcutânea podem ser utilizados para prever a
percentagem de gordura corporal.
VALIDADE DE CONSTRUCTO
A bateria de testes de AAHPERD para o basquetebol pode ser utilizada para medir a performance técnica (que
neste caso é o constructo), através de testes de drible, deslizamento defensivo, passe e lançamento.
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EXEMPLO
TESTE-TESTE DE REPETIÇÃO
Realizar duas repetições, em dias diferentes, de um teste de corrida intermitente ioiô.
CONSISTÊNCIA INTERNA
Realizar duas repetições, no mesmo dia, de um teste de 30 m de corrida.
OBJETIVIDADE
Comparar os resultados de dois avaliadores que estão a recolher dados através de observação da mesma situa-
ção desportiva, tendo segurança que um deles produz resultados válidos.
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Modelos de análise da performance desportiva
EXEMPLO
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Modelos de análise da performance desportiva
LEGENDA:
Percentil – é calculado pela fórmula P(A)=((x+0,5y)/n)×100, onde x é igual ao número de
resultados abaixo de A, y é igual ao numero de resultados iguais a A e n é igual ao número
de resultados.
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EXEMPLO
T-Scores, o desportista número 2 foi o que conseguiu mais pontos (245), no entanto necessita melhorar as
pontuações mais baixas (testes 3 e 4). O desportista número 3 foi o que teve pontuações mais baixas, particu-
larmente nos testes 1 e 4.
Desportista T1 t T2 t T3 t T4 t T5 t Total
(cm) (kg) (kg) (s) (kg)
Número 1 64 45 160 38 280 47 12,80 40 80 56 226
Número 2 66 48 200 45 270 44 11,29 64 60 44 245
Número 3 56 32 245 53 300 53 13,12 34 60 44 216
Número 4 64 45 220 49 270 44 12,54 44 60 44 226
Número 5 65 46 195 44 260 41 12,80 40 90 62 233
… … … … … … … … … … … ...
LEGENDA:
T1 - Teste de impulsão vertical; T2 - Teste de 1/2 agachamento; T3 - Teste de força (gémeos); T4 - Teste de agilidade (5 x 18 m); T5 - Teste de força
supino); t – é calculado pela fórmula t-score = 50 + 10(x-y)/z, onde x é o resultado do teste, y é o valor médio do grupo e z o desvio padrão.
EXEMPLO
22
Modelos de análise da performance desportiva
das ciências ditas exatas, persiste, ainda hoje, uma ênfase na abordagem
PERFORMANCE
DESPORTIVA
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Modelos de análise da performance desportiva
Interessa assim que os treinadores sejam capazes de aceder a essa infor- DESPORTIVA
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Modelos de análise da performance desportiva
ANÁLISE DA
PERFORMANCE
1º
PREPARAÇÃO Na fase de PREPARAÇÃO, importa construir um profundo conhecimen- DESPORTIVA
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a) por fase do movimento (preparação, ação, continui- b) por equilíbrio do movimento, associado ao binómio
dade ou follow-through; ou, alternativamente, pré-con- economia de esforço/rentabilização da performance;
tacto, contacto e pós-contacto, na definição de Kluka c) por importância dos indicadores analisados;
(1997); d) e tendo em consideração os aspetos gerais e específicos.
28
Modelos de análise da performance desportiva
ANÁLISE DA
A utilização do PERFORMANCE
DESPORTIVA
video promove um
aumento do poder
observacional.
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30
Modelos de análise da performance desportiva
a) estabelecer a relação do erro com ações prévias e, d) corrigir em sequência (respeitando a sequência do
dessa forma, intervir nas ações iniciais; movimento);
b) selecionar a intervenção que mais poderá aportar e) corrigir primeiro a base de suporte do movimento e
benefícios à performance – maximizar a melhoria; só depois os aspetos que dela dependem;
c) intervir por ordem crescente de dificuldade; f) corrigir primeiro os aspetos críticos, depois os secundários.
ANÁLISE DA
PERFORMANCE
DESPORTIVA
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Modelos de análise da performance desportiva
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A análise da
performance desportiva,
por mais objetiva que
seja, constitui sempre
um ato impregnado de
subjetividade, envol-
vendo crenças, expetati-
vas e juízos de valor (...)
34
Modelos de análise da performance desportiva
Existe uma relação entre este último tipo de conhecimento (i.e. proce- DESPORTIVA
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GRAU III
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Por validade
entende-se a capacida-
de que um sistema de
análise possui para medir
aquilo que efetivamente
pretende medir, garanti-
da pela adequação entre
os dados recolhidos e as
valorizações ou interpre-
tações produzidas.
36
Modelos de análise da performance desportiva
Existem, ainda, outras fontes de erro, como sejam a tendência central, a bran-
dura ou generosidade e o efeito das impressões iniciais ou mais recentes. O
treinador deve estar ciente da possível interferência destes aspetos na análise da
performance desportiva, principalmente do foro qualitativo, onde a interferência
da sua impressão subjetiva é superior em todas as partes do processo.
A validade pode ser ainda referida à norma ou ao critério, como anterior-
mente foi definido no capítulo de análise quantitativa; no primeiro caso, sujeita-
-se a comparação do indivíduo com um padrão e, no segundo, os requisitos de
realização são equacionados tendo em conta um nível de domínio desejável.
Por seu turno, a validade interna representa a coerência interna do sistema/
protocolo ou do instrumento de análise/avaliação, o que significa afirmar que o
treinador deverá garantir que os resultados encontrados não são afetados por
variáveis estranhas à própria recolha de dados, constituindo-se fonte de distor-
ção interna. A validade externa representa a concordância com outras realida-
des similares, permitindo a representatividade e generalização dos dados.
Ora, no contexto da análise qualitativa da performance desportiva levada
a cabo pelo treinador, a validade referenciada ao critério e a validade interna
devem ser as mais consideradas, porquanto as análises são sobretudo realizadas
em meio natural (isto é, durante o treino e competição) e onde as idiossincrasias
do envolvimento, da tarefa e do sujeito coexistem e interagem, conferindo às
observações validade ecológica. No âmbito da análise qualitativa da perfor-
mance desportiva, este conceito assume suma importância, ao considerar na
conceção dos sistemas de análise e na interpretação dos dados a natureza do
contexto, a complexidade das interações, a pluralidade e diversidade de culturas
e necessidades, as representações, a imprevisibilidade de acontecimentos e a
dinâmica dos processos e da sua influência (Rosado, 1998).
ANÁLISE DA
O treino dos observadores é uma forma de minimizar as fontes de erro que PERFORMANCE
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GRAU III
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Pelo referido anteriormente, torna-se inequívoco que análise qualitativa não é sinónimo de desorganização ou
arbitrariedade, de falta de validade ou fiabilidade (Knudson & Morrison, 1997). Como referem os autores, o concei-
to de validade refere-se, geralmente, à habilidade do analista em identificar corretamente forças e fraquezas numa
performance, enquanto a fiabilidade se reporta à consistência dessas avaliações com elevado grau de subjetivida-
de, ficando, por isso, dependente da sua sensibilidade, conhecimento e experiência.
38
Índice
CAPÍTULO III.
3. EFICÁCIA INSTRUCIONAL NA ANÁLISE DA PERFORMANCE DESPORTIVA 40
3.1 DAS ESTRATÉGIAS INSTRUCIONAIS EXPLÍCITAS ÀS IMPLÍCITAS 40
3.2 DEMONSTRAÇÃO: CARATERÍSTICAS, CONSTRANGIMENTOS E ESTRATÉGIAS 42
3.3 FEEDBACK PEDAGÓGICO: CARATERÍSTICAS, CONSTRANGIMENTOS E ESTRATÉGIAS 47
3.4 O RECURSO ÀS TECNOLOGIAS RELACIONADAS COM O FEEDBACK 58
3.4.1 O vídeo como fonte de feedback 58
3.4.2 O recurso a tecnologias sofisticadas de feedback 60
CONCLUSÕES 63
AUTOAVALIAÇÃO 68
GLOSSÁRIO 70
BIBLIOGRAFIA 71
ANÁLISE DA
PERFORMANCE
DESPORTIVA
39
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
n Compreender a natureza idiossincrática, circunstancial e adaptativa da instrução emitida pelo treinador nos diferentes
momentos do processo de treino (como seja, na apresentação das tarefas, na reinstrução, no feedback) e na competição.
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n Reconhecer a apropriação do nível de explicitação da instrução (estratégias implícitas versus explícitas) emitida pelo
treinador em função de fatores de diferente índole como seja a natureza, complexidade e propósitos das tarefas e o nível
de habilidade dos praticantes.
n No recurso à demonstração e feedback, considerar as suas caraterísticas, constrangimentos e estratégias de utilização,
procedimento concorrente da otimização da eficácia pedagógica.
n Reconhecer tecnologias relacionadas com o feedback, sendo capaz de distinguir a sua apropriação de acordo com o
problema específico em análise.
3. EFICÁCIA INSTRUCIONAL NA
ANÁLISE DA PERFORMANCE
DESPORTIVA
3.1 Das estratégias instrucionais explícitas
às implícitas
A instrução relaciona-se com a informação emitida pelo treinador, referen-
ciada especificamente ao conteúdo de treino, o que significa que os aspetos,
mormente de âmbito organizativo, não fazem parte desta categoria (Mesquita,
2005). A sua importância reside no facto da informação fornecida aos atletas/
jogadores acerca do desempenho motor, constituir uma das variáveis que
mais afeta, embora indiretamente, a aprendizagem e performance das habili-
dades desportivas (Franks, 2004). Assim, a instrução, por ser o principal meio
externo através do qual os atletas/jogadores recebem indicações acerca da sua
performance é uma ferramenta pedagógica a ser constantemente melhorada;
para isso contribuem os resultados da investigação bem como as reflexões
constantes do treinador, acerca da própria experiência e de outros.
Por sua vez, a instrução pode ocorrer em diferentes momentos do
treino, como sendo na apresentação das tarefas (ou exercícios), durante os
mesmos (para reforçar a instrução ou para emitir feedback) ou, ainda, após o
ser término ao longo do treino e no seu final. A instrução situada em dife-
rentes momentos do treino induz, no praticante, uma ideia simultaneamente
global (pelo acrescentar de informação recebida) e específica (referenciada a
contextos situados) da ação pretendida (Hodges & Franks, 2004).
40
Eficácia instrucional na análise
da performance desportiva
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3.2 Demonstração:
caraterísticas, constrangimentos e estratégias
Parte-se, não raramente, da assunção de que a demonstração é sempre
efetiva para transmitir informação ao atleta/jogador. Com efeito, a demons-
tração tem revelado ser vantajosa para o processo de aprendizagem (Hayes
et al., 2006), sobretudo se acompanhada de informação (McMorris & Hale,
2006). Uma vez que as pessoas podem aprender pela observação de outras
pessoas, a demonstração assume um papel pertinente, operando como re-
ferencial para a intencionalidade da ação e meios de alcançar esse propósito
(Hodges et al., 2007).
Embora esta técnica instrucional se apresente como uma ferramenta
pedagógica de elevado relevo pode, contudo, nem sempre ser apropriada.
A principal razão para se utilizar a demonstração é proporcionar ao atleta/jo-
gador um modelo visual em relação aos movimentos desejados (Williams &
Hodges, 2005). Todavia, a sua efetividade parece ser superior quando a estra-
tégia definida para alcançar o propósito da ação é passível de ser claramente
delineada (abordagem algorítmica) e, claro, o praticante está motivado e
tem capacidade para a realizar. Contrariamente, quando o objetivo é auxiliar
o praticante a realizar uma ação que não está diretamente relacionada com
a utilização de uma técnica específica (abordagem heurística), a demonstra-
ção pode não ser efetiva (Williams & Hodges, 2005). Tal acontece porque a
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Eficácia instrucional na análise
da performance desportiva
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1. escolher quem faz a demons- 2. libertar o treinador para desta- 3. apresentar em vídeo quando se
tração em função da sua capacidade car informação acerca da demons- pretende focar aspetos específicos e
para replicar o modelo desejado tração se isso é importante, sendo críticos que importa analisar várias
(seja para salientar erros ou executar esta realizada por um atleta desde vezes, manipulando a velocidade de
corretamente); que este replique o desejado; análise.
44
Eficácia instrucional na análise
da performance desportiva
pois é esta que contem mais informação acerca do efeito e, por isso, é a que
vai condicionar mais fortemente a prestação dos praticantes e a forma como
irão organizar a sua ação (Hodges et al., 2007; Reid et al., 2007); todavia, em
etapas inicias da aprendizagem e/ou em situação de refinamento, a demons-
tração deve realçar aspetos de todo o curso do movimento. Por sua vez, a
demonstração parcial pode ser benéfica na fase em que é necessário atender
a aspetos críticos e particulares de execução, depois da compreensão do
movimento global estar adquirida.
ANÁLISE DA
PERFORMANCE
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SUGESTÕES
DE ATIVIDADES
n Peça a um colega mais experiente O timing da demonstração é um outro aspeto variável, de acordo com
para observar os seus momentos de
instrução e de demonstração, para o a situação. Em determinadas situações de aprendizagem, pode ser impor-
poder ajudar a melhorar neste âmbito. tante colocar, desde logo, os praticantes nas suas posições, fornecendo-lhes
as instruções em simultâneo com a demonstração; esta estratégia é parti-
n Discuta em grupo (com outros treina-
dores) dilemas que possui em relação
cularmente ajustada quando o exercício apresenta elevada dinâmica com
ao recurso desta técnica, contextuali- variações de posições e funções no seu decurso. Esta conjugação permite,
zando-os, o mais possível, em situações- nestes casos, uma melhor compreensão da situação de aprendizagem, além
-problema.
de possibilitar poupança do tempo consumido na explicação do exercício.
n Observe outros treinadores no recurso Contudo, perante uma nova habilidade técnica ou conteúdo tático,
a esta técnica instrucional no sentido exigindo a focalização em componentes críticas de execução, é preferível
de obter um referencial de aplicação
realizar a demonstração antes da explicação funcional do exercício, com o in-
mais vasto que lhe permite refletir a sua
prática e a de outros. tuito de otimizar a atenção dos praticantes e consequentemente a retenção
da informação.
n Filme episódios de instrução e/ou
demonstração, tentando perceber se
todos os atletas tiveram bom acesso a
ângulos relevantes de observação, bem
como se a atenção destes foi captada
de forma eficaz, para além de outros as-
petos pertinentes que apenas a análise
em deferido, por vídeo, permite.
46
Eficácia instrucional na análise
da performance desportiva
ORIENTAÇÃO
↘ ↘ REFORÇO ↘MOTIVAÇÃO
ANÁLISE DA
Mostra possuir elevada influência na aquisição e aperfeiçoamento das PERFORMANCE
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Eficácia instrucional na análise
da performance desportiva
No caso de praticantes iniciantes, acresce que estes são incapazes de lidar com
muita informação, pelo que será melhor fornecer-lhes pequenas quantidades de
ANÁLISE DA
feedback (Khasawneh et al., 2008). Neste âmbito, é importante construir situações PERFORMANCE
de prática que apresentem ajustadas interações entre indivíduo, tarefa e envol- DESPORTIVA
vimento; com isto, o treinador dará menos feedbacks, na medida em que a própria
situação irá apelar à emergência de determinados comportamentos por parte
dos praticantes (Mesquita, 2005). Deste modo, o praticante aprenderá a melhor
‘escutar’ e interpretar o seu feedback intrínseco (Reid et al., 2007). Apesar destes
considerandos, importa salvaguardar que a quantidade de informação aportada
dependerá sempre, e em última análise, das caraterísticas do praticante, da natu-
reza da tarefa e dos seus propósitos (Hodges & Franks, 2004).
Outra questão emergente prende-se com o timing de emissão de feedbacks.
Ao emitir o feedback concorrentemente com a tarefa ou imediatamente após
a conclusão desta, o treinador atua prontamente e o praticante pode, sem de-
mora, corrigir o erro em causa. Porém, isto acarreta os mesmos riscos colocados
pelo excesso de feedback – ausência de tempo de reflexão (autocorreção) e de-
pendência do treinador (Mesquita, 1997; Hodges & Franks, 2004). Recentemente,
tem vindo a revelar-se vantajosa a emissão de feedback retardado (dando algum
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Eficácia instrucional na análise
da performance desportiva
“Construo situações
de treino para os levar
por um determinado
caminho. Eles começam
a sentir isso, falamos,
discutimos e chegamos
a conclusões.“
Um excerto do livro escrito por Luís Lourenço (2005, pp. 24) sobre a atividade
profissional de José Mourinho, é elucidativo desta abordagem através de um
exemplo concreto do futebol:
“…O trabalho tático que promovo não é um trabalho em próprias. Muitas vezes parava o treino e perguntava-lhes o que
que de um lado está o emissor e do outro o recetor. Eu chamo- eles sentiam em determinado momento. Respondiam-me, por
-lhe a ‘descoberta guiada’, ou seja, eles descobrem segundo exemplo, que sentiam o defesa direito muito longe do defesa
ANÁLISE DA
as minhas pistas. Construo situações de treino para os levar central. OK, vamos então aproximar os dois defesas e ver como PERFORMANCE
por um determinado caminho. Eles começam a sentir isso, funciona. E experimentávamos uma e duas, três vezes até lhes DESPORTIVA
falamos, discutimos e chegamos a conclusões. Mas para tal voltar a perguntar como se sentiam. Era assim até todos em
é preciso que os futebolistas que treinamos tenham opiniões conjunto chegarmos a conclusões.”
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Eficácia instrucional na análise
da performance desportiva
performance e sobre a aprendizagem (Memmert & Furley, 2007). A título de exem- feedback do que outras DESPORTIVA
plo, sabe-se que o servidor, no voleibol, deve restringir o seu foco de atenção de
mas, em todo o caso,
modo a excluir estímulos irrelevantes para o jogo (p.e.: claque); porém, se restringir
demasiado o seu foco, perderá o acesso a informações potencialmente relevantes excesso de precisão na
para a execução da sua ação (por exemplo: não detetar uma zona desprotegida emissão de feedback
pelo sistema de receção do adversário).
A carga emocional associada ao feedback é um aspeto que nunca pode ser poderá prejudicar a
descurado, porquanto razão e emoção misturam-se, sendo que os processos performance (Hodges &
cognitivos estão associados a emoções (Damásio, 1995). As emoções podem,
então, adulterar a forma como os feedbacks são interpretados e mesmo a alocação
Franks, 2004).
da atenção (Rosado, 1998; Pijpers et al., 2006). Por este motivo, o praticante tenderá
a reagir ao conteúdo do feedback não apenas na sua componente de conteú-
do, mas igualmente na sua componente motivacional (Hodges & Franks, 2004).
Regra geral, o feedback positivo gera efeitos mais poderosos do que o feedback
negativo, uma vez que faz emergir estados emocionais positivos, promotores da
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Eficácia instrucional na análise
da performance desportiva
poderá induzir ainda maior perda de confiança ou sensação de não estar a cumprir DESPORTIVA
com a performance esperada. Nestes casos, uma palavra de estímulo pode ser mais
importante e ajustada. Esta modificação dos estilos atencionais, em situações de
pressão, está bem descrita na literatura (Janelle, Singer & Williams, 1999).
A clareza do feedback tem sido desde sempre um dos aspetos consi-
derados como mais importantes, partindo-se da premissa de que “quanto
mais claro e concreto for maior a probabilidade de ser eficaz”. Embora esta
assunção não deixe de ser verdadeira, por vezes é necessário utilizar algumas
estratégias que consigam aumentar a clareza da informação, mesmo que
esta não veicule o que literalmente se pretende. É o caso do feedback por
exagero e o recurso a metáforas. No feedback por exagero, o treinador
dá informação antagónica ao erro, exagerando no que pretende que seja
consumado, no sentido de se obter uma resposta que está entre o erro e a
informação fornecida (ex: no voleibol, na execução da manchete quando
os praticantes não unem as mãos, o treinador pode referir: “separa as mãos
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Eficácia instrucional na análise
da performance desportiva
de um atleta. Ao corrigirmos um atleta que tem sucesso nas suas ações, a cessidades, desta forma poderá ajustar
melhor o feedback a cada praticante.
tendência será este resistir às mesmas, questionando a necessidade da mu-
n Reflita sobre a sua intervenção após o
dança do seu movimento; ou ainda, na possível comparação com um atleta
treino ou mesmo no seu decurso com
campeão, servindo-se o praticante da desculpa ‘mas o campeão faz assim’. um sentido de autoanálise, equacio-
Ora, é sabido que a forma utilizada pelo campeão pode não se ajustar ao nando a sua perceção em relação aos
erros cometidos pelos praticantes, à
jovem praticante. Mais ainda, o campeão pode sê-lo apesar dessa forma de
natureza da sua intervenção pelo feed-
execução do movimento, e não por causa dela. Assim, a consciencialização back e ao desempenho subsequente
por parte do praticante dos motivos que justificam a mudança é essencial e, do atleta/jogador.
sobretudo, a compreensão dos benefícios da mudança; implicar o prati- n Observe outros treinadores, em espe-
cial os mais experientes, focalizando
cante no seu próprio processo de formação irá permitir-lhe gradualmente
a sua atenção nas caraterísticas do
aprender a “tomar conta de si” e, concomitantemente, a prospetar planos feedback que emitem atendendo aos
de ação e a monitorizar a própria aprendizagem, em suma, em ser mais constrangimentos situacionais (de
todo o âmbito) onde se inserem.
autónomo pessoal e funcionalmente.
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Eficácia instrucional na análise
da performance desportiva
jogadores, calcular ângulos e distâncias e, assim, tornar possível a quantifica- duas gravações (do DESPORTIVA
ção da qualidade.
inglês, split-screens): a
execução do praticante
e a de um praticante-
SUGESTÕES modelo (Liebermann &
DE ATIVIDADES Franks, 2004).
n Filme regularmente treinos e com- Peça a profissionais de outras áreas para
n
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60
Eficácia instrucional na análise
da performance desportiva
Este tipo de dados sugere tipologias de ação e/ou dos praticantes, auxilian-
do o treinador na construção de um programa de treino adequado. De igual
modo, análises biomecânicas poderão mostrar oscilações excessivas em certos
movimentos articulares, facilitando a deteção de potenciais indicadores de lesão
(o FMS visa, justamente, esta questão).
Além dos aspetos cinemáticos do movimento, as análises biomecânicas
oferecem a possibilidade de analisar a cinética do movimento, percebendo-
-se melhor o jogo de forças e, no caso da análise qualitativa, se os timings de
aplicação de maiores potências se adequam às exigências do gesto desportivo.
Existem sistemas de análise do movimento baseados em vídeo que permitem
realizar este tipo de análises (p.e.: APAS, da Ariel Inc., e Vicon, da Oxford Metrics).
EXEMPLO
Por exemplo, no andebol, para que a inércia. Contudo, alguns atletas não
ANÁLISE DA
um remate seja potente, importa aplicam acelerações eficientes nesta
PERFORMANCE
aplicar grande quantidade de força na fase do gesto, comprometendo a sua DESPORTIVA
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Análise da performance desportiva
Conclusões
O processo de análise da performance desportiva é um fator de grande
importância para regular o treino e as competições, ao nível da recolha
de informação e da sua transformação em conhecimentos e compe-
tências. Nos desportos individuais, a análise incide nos aspetos técnicos
da execução dos movimentos, pelo que as análises biomecânicas e
fisiológicas são utilizadas prioritariamente para descrever a atividade
e o comportamento dos desportistas. Nos jogos desportivos coleti-
vos, o comportamento adaptativo é especificado pela informação do
ambiente e esta relação complementar entre ambiente e indivíduos
pode determinar as várias oportunidades de ação. É neste sentido que
surgem as análises táticas como a melhor forma de caraterizar estes
comportamentos situacionais.
informação de que vai dispor. Os testes a realizar devem ser construídos DESPORTIVA
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Análise da performance desportiva
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66
Análise da performance desportiva
De seguida, é apresentado um referencial sinótico dos principais aspetos a considerar pelo analista (neste caso, o
treinador) no âmbito da análise da performance desportiva.
3. REFINAR AS APRESENTAÇÕES
ANÁLISE DA
A apresentação de um relatório com a informação e o conhecimento devem ser cuidadosamente preparadas. PERFORMANCE
O relatório deverá estar centrado em grandes ideias e factos, evitando o excesso de informação e detalhe. DESPORTIVA
5. INFORMAÇÃO E CONHECIMENTO
Cada recolha de dados produz grande quantidade de informação, que apesar de fazer parte das bases de
dados do analista, tem que ser cuidadosamente filtrada do ponto de vista da sua utilidade no sentido de
contribuir para tomar decisões diferentes.
67
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8. ESTILOS DE APRENDIZAGEM
Os desportistas, os treinadores e os diretores aprendem de forma diferenciada. Na generalidade, a informação
a apresentar deve procurar a forma auditiva, visual e a cinestésica.
Autoavaliação
1. Descreva o modelo de organização do processo de análise da
performance desportiva.
?
lidade desportiva e refira-se aos potenciais efeitos dos fatores situacio-
nais na performance desportiva dessa modalidade desportiva.
68
Análise da performance desportiva
?
interrogativo) justificando a sua pertinência.
69
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GRAU III
GLOSSÁRIO
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A F I
ADAPTAÇÃO FEEDBACK INTRÍNSECO INDICADOR DE PERFORMANCE
Uso oportuno e ajustado duma Deriva do próprio praticante, das É uma ação, ou combinação de
habilidade técnica atendendo aos suas próprias fontes de informação ações, que descrevem total ou par-
constrangimentos situacionais. (visuais, auditivas, cinestésicas, entre cialmente a performance desportiva.
outras). A sua utilidade é medida pela rela-
ção com as performances de sucesso
E
FEEDBACK PEDAGÓGICO OU ou com o desfecho das competições.
EXTRÍNSECO
Fornecido por agentes exteriores ao
praticante, normalmente o treina-
EFICIÊNCIA dor, com o propósito de potenciar os
Realização da técnica de acordo com processos de aprendizagem.
os padrões biomecânicos pré-esta-
belecidos para ação motora.
EFICÁCIA
Resultado obtido através da realiza-
ção de determinada ação.
H
HABILIDADE ABERTA
EYE TRACKING Habilidades abertas são aquelas
Seguimento ocular, nomeadamente que variam em função das exigên-
do ponto de fixação da fóvea, indi- cias situacionais, sendo, por isso,
cativo da visão central. Pretende es- flexíveis, de modo a responderem
tudar os locais, tempos e estratégias a uma diversidade de solicitações
de fixação dos atletas, com recurso a diferenciadas.
tecnologia própria para o efeito.
70
Análise da performance desportiva
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FICHA TÉCNICA
PLANO NACIONAL DE FORMAÇÃO DE TREINADORES
MANUAIS DE FORMAÇÃO - GRAU III
EDIÇÃO
INSTITUTO PORTUGUÊS DO DESPORTO E JUVENTUDE, I.P.
Rua Rodrigo da Fonseca nº55
1250-190 Lisboa
E-mail: [email protected]
AUTORES
AFONSO NEVES, ISABEL MESQUITA e JAIME SAMPAIO
ANÁLISE DA PERFORMANCE DESPORTIVA
ANTÓNIO VASCONCELOS RAPOSO
PLURIDISCIPLINARIDADE E TREINO DESPORTIVO
JOSÉ GOMES PEREIRA
FISIOLOGIA DO TREINO
JOSÉ LOPES
GESTÃO DO DESPORTO
JOSÉ MANUEL BORGES
TEORIA E METODOLOGIA DO TREINO DESPORTIVO - MODALIDADES INDIVIDUAIS
LUÍS HORTA
LUTA CONTRA A DOPAGEM
OLÍMPIO COELHO
PEDAGOGIA DO DESPORTO
PAULO CUNHA
TEORIA E METODOLOGIA DO TREINO DESPORTIVO - MODALIDADES COLETIVAS
SIDÓNIO SERPA
PSICOLOGIA DO DESPORTO
COORDENAÇÃO DA EDIÇÃO
DFQ - Departamento de Formação e Qualificação
DESIGN E PAGINAÇÃO
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