Aula 06
Aula 06
AULA 06
ARGUMENTOS
Bem, um Argumento é uma declaração de um dado conjunto de proposições P1, ..., Pn,
chamadas premissas, que conduz a uma outra proposição final Q, chamada conclusão. De
outra maneira, um argumento trata-se de uma seqüência determinada (finita) de
proposições que gera uma proposição final. Podemos escrever a representação geral de um
argumento:
VALIDADE DE UM ARGUMENTO
Por ser uma proposição, um Argumento tem um valor lógico. Se este valor for
verdadeiro, tem-se um Argumento válido. Caso contrário, se falso, tem-se uma falácia, ou um
Argumento não-válido, ou um sofisma
Vale ressaltar que a Lógica Matemática só se preocupa com a validade (V) ou não (F)
do argumento, não importando os valores lógicos (V ou F) das premissas e da conclusão.
34
Lógica Matemática para concursos – Dudu cearense
ARGUMENTOS E PROPOSIÇÕES
(MPOG-2003) Ana é artista ou Carlos é carioca. Se Jorge é juiz, então Breno não é bonito. Se
Carlos é carioca, então Breno é bonito. Ora, Jorge é juiz. Logo:
p: Ana é artista
q: Carlos é carioca
r: Jorge é juiz
t: Breno é bonito
pvq
r ~t
q t
(p v q) ^ (r ~t) ^ (q
t) ^ r
Veja que existe todo um enunciado, e uma resposta: “Ana é artista e Carlos não é
carioca” (p ^ ~q). Podemos representar assim:
(p v q) ^ (r ~t) ^ (q t) ^ r (p ^ ~q)
35
Lógica Matemática para concursos – Dudu cearense
(p ^ ~q) (conclusão)
todas com valores lógicos verdadeiros. Aliás, é única linha onde isso se verifica.
Linha p q r t
12) V F V F
todas as vezes que as premissas tiverem valor lógico V. É o que vemos na linha 12 da
tabela.
Ademais, o argumento válido nos leva a afirmar que, quando as premissas são
verdadeiras, a conclusão não pode ser falsa.
Com o exposto, pode-se dizer que um argumento P1, P2, P3 ,P4, ...., Pn | Q só é
válido se e somente se a condicional é tautológica. Temos:
Recorde-se que, na Aula anterior, foi dito que uma proposição p implica logicamente
numa proposição q (p q) se forem atendidas uma das seguintes condições:
I) p q é uma tautologia.
II) p ^ ~q é uma contradição
III) ~p v q é uma tautologia
É por isso que se disse lá no início que Argumento e a Condicional são irmãs siamesas.
Sem esquecer que as condições II e III podem ser usadas para verificar se um argumento é
válido ou não, pois, se você prestar atenção, as proposições I, II e III são equivalentes entre si.
p q p q
Argumento válido
V V V
Argumento não-válido
V F F
Argumento válido
F V V
Argumento válido
F F V
37
Lógica Matemática para concursos – Dudu cearense
Bem, escrevi, reescrevi, disse uma vez, e outra vez, os conceitos relacionados à
Argumento, assunto esse muito importante dentro da Lógica. Fiz isso de propósito porque o
Cespe vai lhe cobrar em algum concurso, e resolver as questões da Esaf e FCC requer
conhecimentos prévios desse assunto. Vamos resolver alguns exercícios...
(AFC/TCU-1999) Se Beraldo briga com Beatriz, então Beatriz briga com Bia. Se Beatriz
briga com Bia, então Bia vai ao bar. Se Bia vai ao bar, então Beto briga com Bia. Ora, Beto
não briga com Bia. Logo,
p q
q r
r t
~t
(p q) ^ (q r) ^ (r t) ^ ~t
38
Lógica Matemática para concursos – Dudu cearense
Ora, amigos, sabemos que, para se encontrar uma conclusão válida para o argumento,
admitimos que o conjunto de premissas implicam na conclusão. Assim, tanto as premissas
quanto a conclusão devem ter valores lógico verdadeiro para a condicional ser tautológica.
(p q) ^ (q r) ^ (r
t) ^ V
(p q) ^ (q r) ^ (r
F) ^ V (admitindo que “t” tem valor falso, r será falso)
(p q) ^ (q F) ^ (F F) ^ V (se r é falso, q é falso)
(F F) ^ (F F) ^ (F F) ^ V
c) Beatriz não briga com Bia e Beraldo não briga com Beatriz
~q ^ ~p = ~F ^ ~F = V ^ V = VERDADEIRO
(AFC-2002) Se Iara não fala italiano, então Ana fala alemão. Se Iara fala italiano, então ou
Ching fala chinês ou Débora fala dinamarquês. Se Débora fala dinamarquês, Elton fala
espanhol. Mas Elton fala espanhol se e somente se não for verdade que Francisco não
fala francês. Ora, Francisco não fala francês e Ching não fala chinês. Logo,
39
Lógica Matemática para concursos – Dudu cearense
~p q
p (r v t)
t y
y ~(~z)
(~z ^ ~r)
Vamos por etapas, pegando as premissas de trás pra frente. Primeiro, se (~z ^ ~r) é verdadeira,
pela conjunção, ~z e ~r devem ser obrigatoriamente verdadeiras. Se ~z e ~r são ambas
verdadeiras, então z e r, ambas, tem valor lógico falso.
A segunda premissa é (p (r v t)) . Sabemos que o valores de r e t são, ambos, falso. Assim,
condicional, p é falso.
- Se as metas de inflação não são reais, então a crise econômica não demorará a ser
superada.
- Se as metas de inflação são reais, então os superávits primários não serão fantasiosos.
- Os superávits serão fantasiosos
40
Lógica Matemática para concursos – Dudu cearense
Escrevendo as premissas:
O que se quer é uma possível conclusão para o referido argumento, arroladas nos itens de a) a
e). Uma observação: SEJA ESPERTO! A FCC fez um grande favor nesta questão. Qual?
Observe os itens b), c) e d). Todos eles estão tratando de outras proposições não ditas no
enunciado! Dê uma conferida logo abaixo nos comentários sobre estes respectivos itens e volte
para este mesmo ponto do texto!
Viu?! Então, meu amigo, você só iria ter o trabalho de conferir os itens a) e e). Continuando...
Sabemos que cada uma dessas premissas deve ter valor verdadeiro. Ora, assim vemos de cara
que r é verdadeiro:
41
Lógica Matemática para concursos – Dudu cearense
As metas de inflação são irreais (não são reais) ou os superávits (?) são fantasiosos.
~p v t
A premissa fala apenas de superávits, que não é necessariamente o primário. Ou seja, trata-se
de uma outra proposição, a qual podemos chamá-la de t, que não foi definida no enunciado.
Errada.
É o mesmo problema do item anterior, com a diferença de ser uma conjunção ao invés de
disjunção.
Errada
e) As metas de inflação não são irreais e a crise econômica não demorará a ser superada.
~(~p) ^ ~q
Temos um enunciado dizendo ~(~p). Pela álgebra das proposições, isto é igual a simplesmente
p.
p ^ ~q
Para o item está correto, teríamos que encontrar um valor verdadeiro para esta conclusão, logo
o item está...
Errado.
42
Lógica Matemática para concursos – Dudu cearense
Estaremos, pois, diante dos denominados predicados (ou sentenças abertas) que é
uma expressão P(x) tal que p(a) é verdadeira (V) ou falsa (F) para todo elemento a pertencente
ao conjunto A, ou seja, para todo a pertencente ao conjunto A.
Sendo essa a nossa opção, nos resta elucidar sua aplicação através de alguns
exemplos.
Responsável Trabalhador
Responsável
Filósofo Poeta
43
Lógica Matemática para concursos – Dudu cearense
Responsável
Artista
(AFC/TCU-1999) Se é verdade que "Alguns escritores são poetas" e que "Nenhum músico
é poeta", então, também é necessariamente verdade que:
44
Lógica Matemática para concursos – Dudu cearense
Poetas Escritores
45
Lógica Matemática para concursos – Dudu cearense
VERDADES E MENTIRAS
Uma forma particular de argumento que é bastante cobrada em certames públicos são
os problemas que envolvem Verdades e Mentiras. São geralmente declarações, que podem ser
verdadeiras ou falsas, atribuídas a determinadas pessoas, onde podemos deduzir uma
conclusão válida de quem está mentindo ou não.
Aqui, não se tem nada a acrescentar no tocante a conteúdo de Lógica. Será necessário
apenas o conhecimento de alguns conceitos já estudados em aulas anteriores, como as
operações lógicas fundamentais e o princípio da Não-contradição, por exemplo.
Cabe só destacar que todas as três principais bancas examinadoras do país (Esaf,
Cespe e FCC) adotam como objeto de avaliação esse tipo de problema.
Vamos ver duas questões e tentar entender como se operacionaliza suas resoluções:
(AFC/CGU-2003) Três homens são levados à presença de um jovem lógico. Sabe-se que
um deles é um honesto marceneiro, que sempre diz a verdade. Sabe-se, também, que um
outro é um pedreiro, igualmente honesto e trabalhador, mas que tem o estranho costume
de sempre mentir, de jamais dizer a verdade. Sabe-se, ainda, que o restante é um vulgar
ladrão que ora mente, ora diz a verdade. O problema é que não se sabe quem, entre eles,
é quem. À frente do jovem lógico, esses três homens fazem, ordenadamente, as
seguintes declarações:
Bem, a primeira pergunta que se faz é: quem diz a verdade? Pelo o enunciado da questão,
temos que o marceneiro sempre diz a verdade. Então, vamos analisar se ele foi a primeira,
segunda ou terceira pessoa a fazer a declaração.
Ora, se ele sempre diz a verdade, o marceneiro não pode ser a primeira nem muito menos o
segunda pessoa, pois teríamos uma contradição. Logo, o marceneiro é a segunda pessoa.
46
Lógica Matemática para concursos – Dudu cearense
E só sobraria a terceira afirmação, que é o pedreiro quem diz. Analisando os itens, conclui-se
que O ladrão é o primeiro e o marceneiro é o segundo. Resposta letra B.
Sabemos, pelo que foi dado, que apenas um assecla matou o líder e somente um falou a
verdade. Então, temos que ter três declarações falsas e uma verdadeira. Se admitirmos que D
matou o líder, então a afirmação de A, B e C são falsas. Logo, a única afirmação que deve ser
verdadeira é a do indivíduo D, que diz que C não matou o líder, pois quem matou foi ele
mesmo. Item CORRETO.
Bem gente, por hoje é só. Ficará só faltando vermos Associações Lógicas. Colocarei
logo abaixo o gabarito dos exercícios da Aula 05, e, em seguida, uma bateria de exercícios para
vocês resolverem. No próximo encontro, tirarei as dúvidas da Aula 05 e 06.
47
Lógica Matemática para concursos – Dudu cearense
Exercícios
(AFC-1997) Ou Celso compra um carro, ou Ana vai à África, ou Rui vai a Roma. Se Ana vai à
África, então Luís compra um livro. Se Luís compra um livro, então Rui vai a Roma. Ora, Rui
não vai a Roma, logo:
(AFC/TCU-1999) Se Flávia é filha de Fernanda, então Ana não é filha de Alice. Ou Ana é filha
de Alice, ou Ênia é filha de Elisa. Se Paula não é filha de Paulete, então Flávia é filha de
Fernanda. Ora, nem Ênia é filha de Elisa nem Inês é filha de Isa.
(AFT-2003) Investigando uma fraude bancária, um famoso detetive colheu evidências que o
convenceram da verdade das seguintes afirmações:
(ESAF AFC-STN/2005) Se Pedro não bebe, ele visita Ana. Se Pedro bebe, ele lê poesias. Se
Pedro não visita Ana, ele não lê poesias. Se Pedro lê poesias, ele não visita Ana. Segue-se,
portanto que, Pedro:
48
Lógica Matemática para concursos – Dudu cearense
(AFC/CGU-2003) Homero não é honesto, ou Júlio é justo. Homero é honesto, ou Júlio é justo,
ou Beto é bondoso. Beto é bondoso, ou Júlio não é justo. Beto não é bondoso, ou Homero é
honesto. Logo,
(AFC-1997) Dizer que é verdade que "para todo x, se x é uma rã e se x é verde, então x está
saltando" é logicamente equivalente a dizer que não é verdade que
(AFC-2002) Ou Lógica é fácil, ou Artur não gosta de Lógica. Por outro lado, se Geografia não é
difícil, então Lógica é difícil. Daí segue-se que, se Artur gosta de Lógica, então:
(AFC-2002) Se Carina é amiga de Carol, então Carmem é cunhada de Carol. Carmem não é
cunhada de Carol. Se Carina não é cunhada de Carol, então Carina é amiga de Carol. Logo,
49
Lógica Matemática para concursos – Dudu cearense
(AFC/STN/MF-2000) Uma escola de arte oferece aulas de canto, dança, teatro, violão e piano.
Todos os professores de canto são, também, professores de dança, mas nenhum professor de
dança é professor de teatro. Todos os professores de violão são, também, professores de
piano, e alguns professores de piano são, também, professores de teatro. Sabe-se que nenhum
professor de piano é professor de dança, e como as aulas de piano, violão e teatro não têm
nenhum professor em comum, então:
50
Lógica Matemática para concursos – Dudu cearense
a) AeB
b) não A ou não C
c) A ou B
d) A e não B
e) não A e não B
(AFT-2003) Se não durmo, bebo. Se estou furioso, durmo. Se durmo, não estou furioso. Se não
estou furioso, não bebo. Logo,
a) todo C é B
b) todo C é A
c) algum A é C
d) nada que não seja C é A
e) algum A não é C
a) Y está contido em Z
b) X está contido em Z
c) Y está contido em Z ou em P
d) X não está contido nem em P nem em Y
e) X não está contido nem em Y e nem em Z
51
Lógica Matemática para concursos – Dudu cearense
(Engenheiro do Trabalho-1998) Ou A=B, ou B=C, mas não ambos. Se B=D, então A=D. Ora,
B=D. Logo:
a) B≠C
b) B≠A
c) C=A
d) C=D
e) D≠A
(FCC BANCEN -2005) Aldo, Benê e Caio receberam uma proposta para executar um projeto. A
seguir são registradas as declarações dadas pelos três, após a execução do projeto:
Se somente a afirmação de Benê é falsa, então o projeto foi executado APENAS por
a) Aldo
b) Benê
c) Caio
d) Aldo e Benê
e) Aldo e Caio
(FCC BANCEN-2005) No Japão, muitas empresas dispõem de lugares para que seus
funcionários se exercitem durante os intervalos de sua jornada de trabalho. No Brasil, poucas
empresas têm esse tipo de programa. Estudos têm revelado que os trabalhadores japoneses
são mais produtivos que os brasileiros. Logo, deve-se concluir que a produtividade dos
empregados brasileiros será menor que a dos japoneses enquanto as empresas brasileiras não
aderirem a programas que obriguem seus funcionários à prática de exercícios.
52
Lógica Matemática para concursos – Dudu cearense
53