A Educação Não Formal Como Espaço de Atuação Da Prática Do Pedagogo
A Educação Não Formal Como Espaço de Atuação Da Prática Do Pedagogo
A Educação Não Formal Como Espaço de Atuação Da Prática Do Pedagogo
RESUMO
Este artigo trata de um estudo teórico-empírico acerca dos processos educativos não-
escolares, enquanto espaço de atuação do pedagogo. Destacamos o argumento de que as
atividades educativas intencionais ultrapassam os domínios da instituição formal do saber,
evidenciando que a educação acontece também em espaços que não a escola. Porquanto, o
artigo ora apresentado, sustenta-se nas vertentes: a) aproximação teórica da temática e, b)
estudo empírico na organização não governamental (ONG) Projeto Porta Aberta. Tal
reflexão nos permite inferir que: se a educação não está circunscrita apenas na escola, a
atuação do pedagogo, enquanto profissional especialista em educação, também se expande,
ou seja, a presença do pedagogo extrapola os muros do ensino formal. Essa discussão se
constitui imprescindível ao passo que se reconhece que o ensino não-formal, além de ter
crescido muito, no Brasil especialmente, nas últimas décadas; tem ainda um enorme
potencial a ser explorado. Entendendo a Academia como um espaço amplo e democrático
no que tange, principalmente, a reflexão de temáticas incipientes, frisamos que é salutar
aprofundarmos o estudo acerca dessa „nova‟ área de atuação do pedagogo.
Atuação do pedagogo
1. Considerações Iniciais
Este artigo é fruto dos subsídios teóricos oriundos das discussões tecidas ao longo
da disciplina Organização e Gestão dos Processos Educativos oferecida no curso de
Pedagogia desta Universidade, que trata dos princípios e mecanismos da gestão educacional
em todos os níveis das relações escola-comunidade, bem como dos sistemas de ensino e da
organização dos processos educativos escolares e não escolares. Nessa perspectiva,
partimos da seguinte problemática: não seriam as ONG’s um ‘novo’ agente educacional
e, portanto, um ‘novo’ espaço de atuação do pedagogo? Sendo assim, neste ensaio a
ênfase será dada aos processos educativos de caráter não-formal, isto é, assumidos pelo
terceiro setor, formado por fundações, entidades beneficentes, fundos comunitários,
entidades sem fins lucrativos, empresas com responsabilidade social, enfim, as
denominadas Organizações Não Governamentais (ONGS).
Nessa perspectiva, as ONGS se sobressaem como ambientes alternativos de
educação, os quais constituem uma área diferente da atuação do pedagogo. O objetivo deste
artigo é, além de desmistificar a concepção de que a educação ocorre unicamente dentro do
espaço escolar, é principalmente, refletir a expansão da práxis educativa que o pedagogo
vem passando nos últimos anos no que tange a sua atuação. É válido e pertinente
(re)lembrar que, de uma forma ou de outra todo sujeito é agente de um ato educativo que
independe de tempo e espaço:
Mais que reconhecer que „ninguém escapa da educação‟, Brandão (1981), também
aponta que esta ação não se limita à escola: ela se estende à família, à igreja e, mais
atualmente, a outras tantas associações, ONGS e entidades que vêm desenvolvendo um
trabalho de extrema relevância no atendimento de serviços decorrentes da descentralização
3
do Estado, e que por isso, podem ser consideradas Instituições atuantes no cenário
educacional contribuindo significativamente para espaço de atuação do pedagogo.
Assim, é nítido que a educação escolar requer seqüência das atividades, tempo e
espaço. Além disso, na educação escolar o resultado esperado além da aprendizagem é a
certificação de grau. Os conteúdos são estabelecidos a priori, a escola deve ter normas e
regras de padrão comportamental. E além de estabelecer as regras do espaço escolar, essas
instituições são organizadas segundo diretrizes nacionais e regulamentadas por lei,
constituindo assim um ambiente de educação formal.
Para Gohn (2006) a educação formal é aquela realizada diretamente nas escolas,
com conteúdos previamente estabelecidos, na qual são os professores que ministram as
aulas cujos espaços utilizados são os do território das escolas. Em relação a sua finalidade
destacam-se os relativos ao ensino e aprendizagem de conteúdos historicamente
sistematizados, normatizados por leis, dentre os quais se sobressai o de formar o indivíduo
como um cidadão ativo, desenvolver as várias habilidades e competências.
Em contrapartida, à medida que a sociedade elegeu a escola como espaço de
construção e transmissão de conhecimentos e, conseqüentemente, de atuação do pedagogo,
para entender os processos de organização e gestão da educação atual, bem como seus
espaços de ação concreta, é preciso ultrapassar esse julgamento, pois:
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[...] a educação existe onde não há escola e por toda a parte pode haver redes e
estruturas sociais de transferência de saber de uma geração a outra, onde ainda
não foi sequer criado a sombra de algum modelo de ensino formal e centralizado.
(BRANDÃO, 2007, p. 13)
A expressão ONG foi criada pela ONU na década de 1940 para designar
entidades não-oficiais que recebiam ajuda financeira de órgãos públicos para
executar projetos de interesse social, dentro de uma filosofia de trabalho
denominada “desenvolvimento de comunidade”.
(GONH, 1997, p.54)
3
Do total das ONGs existentes no Brasil, 40% são chamadas de organizações ecológicas. (CAMBA, 2009,
p.30)
6
O Projeto Porta Aberta é uma associação civil beneficente, filantrópica e sem fins
lucrativos, localizada no município de Cajueiro – AL. Tem por finalidade apoiar e
desenvolver ações para a defesa, elevação, manutenção, promoção, recuperação e formação
da cidadania, da qualidade de vida da criança e do adolescente, defesa do meio ambiente,
desenvolvimento das atividades relativas à saúde, cultura, lazer, educação e
profissionalização.
Com relação à atuação da pedagoga na ONG Projeto Porta Aberta as ações
executadas por esta são bem amplas. Começando por desenvolvimento de atividades
4
Sendo 2001 o ano do voluntariado, no Brasil 22,6% dos adultos (isto é, 19.748.388 pessoas) “doam alguma
parte de seu tempo para ações de ajuda a alguma entidade ou pessoa física...” (In Ladim e Scalon, 2000,
p.52).
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5. Considerações
Referências bibliográficas
BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é educação. São Paulo: Brasiliense, 2007. (Coleção
Primeiros Passos).
CAMBA, Salete Valesan. ONGs e escolas públicas: uma relação em construção. São
Paulo: Editora e livraria Instituto Paulo Freire, 2009.
LADIM & SCALON, Maria Celi. Doações e trabalho voluntário no Brasil. Uma pesquisa.
Rio de Janeiro, 7 letras, 2000.