A Teologia Do Espírito Santo PDF
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Novas Perspectivas
Prof. Dr. Francisco Catão
RESUMO ABSTACT
A necessidade de se repensar a The necessity of rethinking the
teologia do Espírito Santo, tanto do Holy Spirit theology, as the view point
ponto de vista da evolução cultural of the humanity cultural evolution, as
da humanidade, como pelos diversos by many appeals from the Church
apelos provenientes da renovação da renewal in frank progress since last
Igreja francamente em curso desde o century, it makes us to renew the
século passado, nos obriga a renovar own theology. In the specific case,
a própria teologia. No caso específico, however, the theology of the Spirit,
porém, da teologia do Espírito, somos we are taken to consider that many
levados a nos dar conta de que, por reasons has came worked out since
fatores diversos, se veio a elaborá-la Agostinho time, from the Third person,
desde o tempo de Agostinho, a partir neglecting in such way, what was fol-
da Terceira Pessoa, abandonando de lowed in century IV that has turned
certo modo, o caminho seguido no out the formula of Constantinople I.
século IV, que resultou na fórmula In according to Priest Congar, we
de Constantinopla I. Em continuidade proposed to go back to the perspec-
com o Pe. Congar, propomos voltar tive of origins that allows us, by one
à perspectiva das origens, que nos side, to avoid putting out the Spirit,
permite, por um lado, evitar o apaga- and the other side, to conceive the
mento do Espírito por outro, conceber Spirit action, as giving origins to a new
a ação do Espírito como dando ori- kind of Charismatic or Pentecostal of
gem a um tipo novo, carismático ou Christianity.
pentecostal de cristianismo.
Key-words: Pneumatology,
Palavras chave: Pneumatologia, Church renewal, and Holly Spirit.
renovação da Igreja, Espírito Santo.
INTRODUÇÃO
O Espírito Santo está na ordem do dia. Não apenas nas igrejas cristãs
que nesses últimos cem anos, passaram por transformações profundas atri-
buídas ao Espírito, mas em todo o universo/mundo, com o interesse cres-
cente por uma espiritualidade viva, com a consciência não menos intensa
da necessidade que temos de nos reconciliar uns com os outros e com o
planeta, em torno dos valores que dão sentido à vida.
Os desafios antropológicos e ecológicos são de tal ordem que os cristãos
só estarão preparados para enfrentá-los se tiverem a capacidade de articular
com o reconhecimento de Deus e a fidelidade ao Senhor Jesus, uma verda-
deira transformação espiritual. Deus não poderá ter lugar em nosso mundo
se não for reconhecido como Espírito da mesma forma que Jesus só estará
presente na vida das pessoas e comunidades, por seu Espírito, tão radical
é a crítica que sofrem hoje todas as instituições e práticas estereotipadas,
a começar pelas religiosas.
1. Novas perspectivas
A história porém, nos ensina que não era assim que se pensava no
primeiro milênio e, de certo modo, até o ápice da Idade Média, como não
é assim que se pensa no Oriente Cristão. Entendia-se então a Teologia não
como um saber produzido, mas recebido. Aliás, o termo teologia designava
um conhecimento de Deus, baseado na Palavra de Deus, acolhida na fé, que
atingira uma qualidade superior de excelência, uma verdadeira sabedoria. O
humilde labor de quem hoje denominamos, com certa desenvoltura, o teólogo
era considerado um serviço prestado ao ensinamento divino, a sacra doctrina,
como se dizia no século XIII, ou à Palavra, como hoje se diz. Ensinamento
contido de maneira excelente nas Escrituras e no testemunho dos cristãos.
Tal ensinamento não é estático, pura letra como os fundamentalismos de
todos os tempos o pretenderam, mas é chamado a ir se renovando com o
tempo, acompanhando a evolução da humanidade, da cultura e da história.
Há um condicionamento histórico de toda teologia que explica sua constante
renovação, sem que se altere sua natureza de conhecimento recebido.
Sob esse aspecto, também à teologia se aplica o que o papa João
XXIII dizia em seu famoso discurso, Gaudet Mater Ecclesiae, na abertura
do Vaticano II, no dia 11 de outubro de 1962: a história é a mestra da vida
e por isso, como cristãos, devemos estar atentos aos sinais do tempo.
As mudanças na Igreja
Em 1950, uns dez anos antes do Vaticano II, o dominicano Yves Con-
gar, que mantinha em Paris, um relacionamento pessoal com o núncio na
época, o Cardeal Ângelo Rocalli, que se tornaria o papa João XXIII, publicou
nas Éditions du Cerf, um livro de grande importância sobre a teologia da
mudança na Igreja: Vraie et fausse reforme dans l’Église. O exemplar que
foi então oferecido ao núncio e se encontra no legado do papa, foi abun-
dantemente riscado, demonstrando a importância que suas idéias tiveram na
decisão tomada pelo pontífice recém eleito, no dia 25 de janeiro de 1959,
quando anunciou pela primeira vez e com surpresa geral dos cardeais e da
O Logos
O Pneuma
como fonte de todo ser e de toda graça, o Filho, como operador da obra
do Pai e o Espírito como fonte imanente dessa mesma obra que consiste
na comunicação da vida divina. Dizemos por isso que a ação do Verbo
encarnado redentor, se entende na linha da causa eficiente, e que a ação
do Espírito santificador, na linha da causa formal, extrínseca, naturalmente
para que se evite todo laivo de panteísmo.
A tendência a elaborar a teologia do Espírito a partir de seu caráter
pessoal deu origem a mais célebre controvérsia, a respeito do Espírito na
história bi-secular do cristianismo, que acabou dividindo a cristandade entre
Oriente e Ocidente, no cisma de 1054, no início do segundo milênio, e que
deixou importantes seqüelas até os nossos dias. Se o Filho se nos dá a
conhecer pela sua origem, por ser gerado pelo Pai como Verbo, o Espírito
paralelamente se deveria também ser-nos dado a conhecer pela sua origem,
como procedente do Pai. Processão misteriosa, sobretudo porque deixa aberta
a questão de como entender então sua relação com o Filho?
Para salvaguardar a unidade de Deus fundada no Pai, autores gregos
da época, tenderam a conceber o Espírito diretamente procedente do Pai em
paralelo com a geração do Verbo, com o objetivo explícito de se contraporem
aos latinos que reconheciam ao Filho um papel decisivo na processão do
Espírito e o invocavam como procedente do Pai e do Filho. A discordância
teológica foi envenenada por muitas razões de política eclesiástica, misturadas,
como sempre então acontecia, com os interesses imperiais. Chegou-se até
à mútua acusação de heresia e aos recíprocos anátemas, hoje felizmente
suspensos, por ocasião do Vaticano II.
Na verdade, como está amplamente demonstrado, a necessidade de en-
tender a relação do Espírito com o Verbo nos obriga a conceber a processão
do Espírito do Pai como implicando de certo modo o Verbo, em virtude do
que devemos dizer que se faz pelo Verbo ou com o Verbo, sendo legítimo
dizer, nos limites de nossa linguagem que o Espírito procede do Pai ou pelo
Filho, ou e do Filho. Voltando aos autores antigos, quer gregos, quer latinos,
os teólogos atuais têm por evidente de que não é esse o problema maior
que hoje se coloca para a teologia do Espírito Santo.
No entanto, a grande controvérsia do Filioque, como é chamada, nos
fez tocar o limite da teologia da Trindade, quando feita em si mesma, a partir
das três Pessoas como pessoas. O que se descobriu em nosso tempo foi
que, voltando às perspectivas do século IV, nosso discurso sobre a Trindade
O Verbo e o Espírito
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