Do RIO, João - Momento Literário Completo
Do RIO, João - Momento Literário Completo
Do RIO, João - Momento Literário Completo
JOAO DO RIO
/V
MOMENTO
LITERARIO
QUARENTA RESPOSTAS
H. GARNIER, LIVREIRO-EDITOR
71, BUA DO OUVIDOB, 71 6, RUE DES SAINT 8-PÌBBS, 6
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DO MESMO AUCTOR
Ao religiões no Rio. 7a edição.
A ALMA ENCANTADORA DAS R uAS.
Jornal de V erão (Chronica clc Pctropolis).
D entro da N oite (contos) a apparecer.
E ra uma vez ... (contos para crança de collaho-
ração com Viriato Correia).
TRADUÇÕES
THEATRO
H. GARNIER, LIVREIRO-EDITOR
RUA DO OUVIDOR, 71 6, RUE DES SAINTS-PERES, (>
RIO DE JANEIRO PARIS
JOAO DO RIO
QUARENTA RESPOSTAS
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MEDEIROS E ALBUQUERQUE.
9
ANTES
—Aínda ha disso?
— Ha, ha de tudo. Cada um desses homens
dirá o que foi, o que é, o que pensa do futuro.
Cada um desses homens julgará os outros, e,
de súbito, mergulhado no circulo das vaidades,
ouvirá você os bons, os coléricos, os indiffe-
rentes, os irónicos, os altivos, os vagos, os
mysticos, debatendo-se no turbilhão das theo-
rias d’arte.
Eu seguia fascinado o mysterio visionador
do conselho. O meu amigo parou.
— Talvez exaggere. Em todo o caso ha um
resultado pratico: o Brasil saberá emfim quaes
as tendencias actuaes da sua mentalidade e o
publico ouvirá a curiosa historia das formações
+
literarias, tão cheias sempre de nostalgias e
de encantos.
/
— Qual!E impossivel! Não tenho forças e
tenho medo. Até agora convivi apenas com os
crentes, que são simples e querem convencer.
Os literatos, ao contrario, são scepticos e
superiores. Que me dirão elles?
Mephistophelicamente o meu amigo esticou
o dedo:
—Sei lá ! Talvez alguns desaforos. Quando,
entretanto, encontrares a má vontade na pelle
de um grande homem, corre ao mais novo dos
novos e indaga a sua opinião. Ficas compensado
AN T E S XVII
I
UM LAR DE ARTISTAS
quiridas.
O Lagarto, n’aquelle periodo, era uma terra
onde os festejos populares, reisados, cheganças,
bailes pastoris, tayêras, meu boi... im
peravam ao lado das magnificas Festividades da
igreja.
Saturei-me d’esse brasileirismo, d’esse
lorismo nortista. Não devo occultar certa acção
de dous livros que foram, nos últimos tempos
de escola primaria, a base do ensino do meu
derradeiro mestre de primeiras lettras.
Um—o Epithome da Historia do , de
J. P. Xavier Pinheiro, por causa da descri-
pção de nossa terra—de Rocha Pitta, que occorre
logo nas primeiras paginas : « O Brasil, vastís
sima região, felicissimo terreno, em cuja super
ficie tudo são fructos... »
Outro, os Luziadas, por muitos trechos que
me encantavam.
O Brasil da descripção de Pitta ficou sendo
o meu Brasil dephantasia e sentimento; a poesia
de Camões ainda hoje é uma das mais elevadas
manifestações da arte no meu ver e sentir, e,
O # W
44 O MOMENTO LITERARIO
—Pode-se falar ?
O artista levanta acabeca.
£
— Oh! tu? entra... Aproveito e descanço um
pouco. Estou a escrever agora uma peça para
a companhia Lucinda e Christiano. A principio
foi um prazer. Mas eu tenho um juiz, o meu
primeiro publico, minha mulher. Outro dia
sentei-a naquella cadeira e fil-a ouvir um acto.
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MEDEIROS
E ALBUQUERQUE
I
AFFONSO CELSO
II
III
I
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92 O MOMENTO LITERARIO
IV
LUIZ EDMUNDO 97
Desdobrei a primeira.
Eis o que dizia :
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í>8 O MOMENTO LITERÁRIO
II
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110 O MOMENTO LITERARIO
III
IV
ços intellectuaes.
Bom seria que a minha franqueza actuasse de
algum modo em muitos dos nossos contempo
râneos que a ignorancia própria e de seus iguaes
arvora em esthetas e mesmo em ‘ mestres. De
mestres só têm a catadura e a empafia, porque
lettras e sciencias, sobretudo estas, andam delles
tão afastadas como nós do Sol.
126 O MOMENTO LITERÁRIO
gamente :
I
Este primeiro quesito reporta-me a um tempo
já afastado, longínquo, impalpável, de que me
resta boje apenas urna consciencia nebulosa,
mas ainda assim carissima ao meu espirito.
Evoca-me a bucólica vida provinciana, os nobres
esforços de um pai amante das letras, grande
espirito de phiiosopho, tolhido em meio de sua
carreira scientifica pelas necessidades da vida
material.
Eis ahí o vago e indeterminado theatro em
que se me descerraram os horizontes intelle-
ctuaes. Em casa faziamos todos os irmãos os pri
meiros tirocinios de estudo. Era uma escola
viva e espontanea, onde os nossos mestres liam
comnosco os livros didácticos, os romances e
as revistas. Os v
iserá
M
, de Hugo, e os Mys
teriös cio Povo, de Eugenio Sue, lembram-me
ir>2 O MOMENTO LITERARIO
II
III
IV
—Nossa Senhora!
—Qual Nossa Senhora! Medeiros e Albuquer
que, que é director da instrucção, faria uma
obra de caridade sí olhasse um pouco para a
pobresita. Porque com o Zé-Verissimo, positi
vamente a coisa não vae lá das pernas!
—Mas o Dr. José Veríssimo...
—O homem é dos taes que não enchergam
uma pollegada adeante do nariz. Dahi talvez
seja preferível : é o caso do « quanto peior,
melhor ». Os immortaes já tiveram casa e fran
quia postal...
Interrompo o poeta de súbito :
—Quaes foram os auctores que mais contri
buiram para a sua formação literaria?
O Sr. Félix Pacheco pára; um leve sorriso põe-
lhe no labio o amargor da ironia. Que pensará
elle?É lá possível saber o que pensa um homem
por mais que o interroguemos ?
Entretanto, a sua voz rouca perde os tons de
colera, e elle começa num ar de narrador, o ar
que teria o eminente membro da Academia,
Sr. Silva Ramos.
— Sí não fôra o receio de que me tomasse
por vaidoso, dir-lhe-ia que só dous auctores con
correram para a minha formação literaria : o
Amor, que é a razão de tudo, e o Tempo, que é o
melhor mestre, o único talvez capaz de ensinar
como havemos de dizer o nosso segredo á vida.
10
170 O ¡MOMENTO LITERARIO
Outro vòo!
—Traduzi as homilias de piedade, de Bossuet;
atamanquei uma versão da Verdade, de Zola;
escrevi o Périplo de para a edição
especial que o Jornal deu no dia do Centenario.
Mas tudo isso precisa de largas emendas e cor-
recções... Em 1901 publiquei Via Crucis, que
não é positivamente uma obra.
O meu romantismo ficara na collecção do
Debate, sepultado juntamente com um amor que
era feito de mel rosado e borboletas. A critica
applaudiu o volume, mas, em meio desse coro
de bênçãos, houve um berro que me descon
certou um pouco. Com uma ingenuidade de
Calino meditei na razão do necrologio e vi que
o homem não deixava de ter razão : o contra
peso do assobio é necessário para que as palmas
não embriaguem...
O facto é que ViaCrucis não era sem fa
e tanto assim que depois de publicado ainda
emendei muita coisa, como terá occasião de ver
na edição definitiva.
é
12
#
FABIO LUZ
/
FABIO LUZ 207
Luz e o C
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na
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de Graça Aranha, que o sr.
Felix Pacheco tanto admira; poesia de acção,
não creio que haja, felizmente. Depois, o periodo
das escolas passou com as revistas de titulo
grego. Hoje, cada um faz o que póde, livre
mente, por si — o que me parece muito mellioi.
—Não ha lutas ?
—A literatura actual é essencialmente pacifica.
—E talvez passiva...
João Luso sorriu vagamente, aconchegando a
gola do pyjama ao seu pescoço côr de araçá. Irra
diava sympathia. As suas mãos admiráveis de
principe do Renascimento, mãos magras c
212 O MOMENTO LITERAHIO
a desenvolver.
/
deiros artistas.
RODRIGO OCTAVIO
I
/
II
Dou preferencia ao capitulo segundo do livro
intitulado—Sylvio Roméro;ao estudo s
titulo de um critico, do livro— Um Critico e um
p oeta ; e os ensaios—Intuição Scientifica da
Historia.
III
Quanto á prosa no Brasil, é assignalavel não
pequeno progresso nos últimos annos. Observa-
se presentemente bem pronunciada tendencia
para o apuro da lingua, salientando-se nessa
propaganda os nomes de Ruy Barbosa, Heraclito
Graça, João Ribeiro, Cândido de Figueiredo e
outros.
240 O MOMENTO LITERARIO
IV
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246 O MOMENTO LITERARIO
i
RIACNUS SONDHAL 253
I
Não sei, na verdade, como contestar vossa
primeira pergunta. Não me será fácil assignalar
quaes os auctores que mais influiram na formação
da minha mentalidade, porque, no começo da
minha carreira literaria, li muito, mas muito,
e lia tudo quanto vinha da Europa, Paris, e
sobretudo os novos. Era um desespero.Conta-nos
ELYSIO DE CARVALHO
257
III
Não varillo em aílirmar, pois que é de evi
dencia incontestável, que as lettras nacionaes
atravessam presentemente um periodo estacio
nario. Explical-o não seria fácil em poucas li
nhas, visto como devem ser muito complexos
os factores de tal situação. Mal se mepermittirá
que entre esses factores assignale de passagem,
como dos mais eííicientes, o estado político em
que se encontra a Republica.
Nao passa de uma pura fantasia o proposito
de lobrigar no meio dos nossos labores intellec-
tuaes qualquer cousa a que se possa attribuir a
2G8 O MOMENTO LITERARIO
IV
Não acredito que a obra literaria que se faz
nos Estados venha a crear literatura á parte.
Emquasi todas as capitaes de ordem secundaria,
o trabalho intellectual é ainda mais escasso do
ELYSIO DE CA11VALHO 273
\
SOUZA BANDEIRA 287
FIM
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INDICE
A n te s.................................................................... xi
Olavo B i l a c ........................................................ 1
João R ibeiro......................................................... 13
Um lar de a rtista s............................................. 23
S y lv ioR om ero.................................................... 35
Coelho Netto........................................................ 50
Medeiros e Albuqueque...................................... 62
Lima C a m p o s ..................................................... 81
AíFonso C e l s o ..................................................... 89
Luiz Edmundo..................................................... 96
Clovis B evilacqu a,.................................................. 104
Nestor V i c t o r .......................................................... 113
Pedro do C o u to ...................................... * . . 124
Arthur Orlando.........................................................132
Padre Severiano de R ezende............................... 139
Guimarães Passos.....................................................148
Curvello de Mendonça.......................................... 151
Felix P a c h e c o ......................................................... 166
Silva R a m os............................................................. 176
Garcia Redondo. .................................................. 181
Frota P e s s o a .......................................................... 189
Osorio Duque Estrada.............................................. 202
Fabio Luz................................................................. 206
334 INDICE
João Luso...........................................................209
Mario Pederneiras............................................. 214
Rodrigo Octavio. ............................................. 227
ínglez de Souza............................................ 234
Rocha P om b o............................................ 230
Laudelino Freire................................................ 238
Magnus Sondhal................................................ 244
Elysio de Carvalho.............................................256
Souza Bandeira................................................... 274
Gustavo Santiago. . . . 289
Julio Afranio.......................................................299
Augusto Franco................................................ 303
Alberto Ramos................. 310
Raymundo Correia............................................. 316
Os que não responderam...................................320
Depois......................................................... 324
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