Ano Da Morte de Ricardo Reis - Resumos
Ano Da Morte de Ricardo Reis - Resumos
Ano Da Morte de Ricardo Reis - Resumos
Apanha um táxi para o Rossio e almoça tardiamente nos Irmãos Unidos. Segues a
pé por Lisboa: Praça da Figueira, Rua dos Douradores, Rua da Conceição e encaminha-
se para o hotel. No quarto, abre uma janela, senta-se na poltrona e toma consciência
de que só naquela altura a sua viagem terminara realmente. A chuva recomeça e a
água alastra no chão encerado do quarto. Ricardo Reis pede ajuda. A criada- Lídia –
sobe e limpa a água do pavimento. Ricardo Reis escreve. Adormece no sofá. Acorda,
aborrecido por se ter deixado adormecer vestido. Desce. Consulta os jornais
novamente: demissão do governo espanhol, ataque da Itália à Etiópia. Às oito, Ricardo
Reis janta, contando voltar a observar o casal que vira na véspera. Fica pesaroso por
não o ver e fica a saber pelo gerente que são pai e filha, de Coimbra, indo a Lisboa
mensalmente para que Marcenda – é esse o nome da rapariga – possa ser observada
MF
por um médico, por causa da paralisia da mão. Ricardo Reis sobe ao quarto e relê os
seus versos antes de se deitar.
Lídia chega com o pequeno-almoço às nove e meia e faz alusão à cheia no Cais do
Sodré. O narrador reflecte sobre a simbologia do último dia do ano. Ricardo Reis
resolve passear antes do almoço. Um breve aguaceiro surpreende os transeuntes. A
cidade parece deserta de tão sossegada. Subitamente uma multidão enche a rua: é o
bodo de O Século. Cada pobre – mais de mil - recebe dez escudos. Ricardo Reis
regressa à estátua de Camões, sentindo-se num “labirinto” que o conduz “sempre ao
mesmo lugar”. Depois do almoço, regressa ao hotel de táxi. Janta mais tarde, sozinho,
apenas com o criado, Ramón.
Ricardo Reis põe a mão no braço da Lídia pela primeira vez e ambos ficam
nervosos. Sai para um passeio e sente que está numa teia, numa encruzilhada por
entre as ruas da cidade. Ricardo Reis reflecte sobre a abertura de consultório.
Subitamente vê Fernando Pessoa. Seguem ambos para o Terreiro do Paço, enquanto
começa a chover. Dias depois, quando Lídia leva o pequeno-almoço ao quarto de
Ricardo Reis, este declara-se a ela “Acho-a muito bonita”. Passou o dia fora,
envergonhado, regressou para jantar e voltou a sair. Ao regressar ao quarto, repara nas
duas almofadas, na cama. Lídia entra no quarto, “treme, só sabe dizer, Tenho frio”.
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Capítulo 5 (páginas 111- 134)
“O doutor Sampaio e a filha chegam hoje”.
Lídia entra no quarto de Ricardo Reis e promete-lhe que irá nessa noite, mas
Ricardo Reis deseja interiormente que não o faça, depois de “três noites ativas”. Às oito
e meia desce para jantar. Entretanto, em prolepse, Lídia, enquanto passa a ferro o fato
que Ricardo Reis levará ao teatro, desejar ir com ele, embora saiba que tal nunca possa
acontecer. Ao jantar, Ricardo Reis mostra-se vivamente interessado em Marcenda.
No dia seguinte desce ao Chiado para comprar o bilhete para o teatro. Passa a
tarde nos cafés. Depois de voltar ao hotel para se vestir, janta pelo Rossio e assiste ao
teatro. No intervalo, procura “fazer-se encontrado” do pai de Marcenda, o Doutor
Sampaio. Apresenta-se, conversam um pouco no átrio. No segundo intervalo,
encontram-se os três. No final, pai e filha seguem de táxi para o hotel e Ricardo Reis
decide observar o rio, no Terreiro do Paço, reparando nos contratorpedeiros. Regressa
ao hotel, oferece uma nota de vinte escudos ao Pimenta, o empregado, receando que
ele saiba da sua relação com Lídia. Fernando Pessoa visita Ricardo Reis, no quarto,
nessa noite. Critica-o por se envolver com uma criada, sentindo-se “despeitado”. Mais
tarde, nessa noite, Lídia visita Ricardo Reis no quarto e “enfiou-se na cama”.
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Capítulo 7 (páginas 159 – 188)
Ricardo Reis dedica-se à leitura da Conspiração. Lê o livro no quarto enquanto, no
exterior, chove. Carlos, um universitário, foi preso no Aljube por andar metido em
greves académicas, e Marília, filha do senador, vai mover influências para que ele saia.
Conclui-se que na “actual solução corporativa” tudo se resolve e que greves e revoltas
nada trazem de bom.
MF
Capítulo 8 (páginas 189 – 214)
Ricardo Reis passa mal a noite. Estava febril. Sonha com planícies, barcos e ele
multiplicado em cada um deles. Tenta ler mais um pouco do The God of The Labyrinth.
De manhã, Lídia toma conta do médico. Mima-o e dá-lhe atenções. “Nesse dia e no
seguinte, Ricardo Reis não saiu do quarto”. Lídia assume o papel de responsável pela
sua convalescença.
Marcenda surge ao encontro de Ricardo Reis. Fica combinado que Ricardo Reis se
corresponderá com a jovem, escrevendo para um apartado postal. Dois velhos
comentam o encontro. Ricardo Reis parte, depois de Marcenda, e observa uns escritos
no segundo andar de uma casa.
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A chuva continua. No final da tarde, Ricardo Reis desce ao primeiro andar e conta a
Salvador as novidades do interrogatório. Por indicação de Victor a Salvador, todos no
hotel são alertados para vigiarem Ricardo Reis. Este passa algum tempo com Lídia,
confessando-lhe a admiração que sente por ela.
Nos dias seguintes, Ricardo Reis procura casa. Lídia promete-lhe que não o
abandonaria. No hotel, a vigilância aperta. Encontra no jornal o anúncio do segundo
andar na Rua de Santa Catarina, o mesmo prédio que vira ao Alto de Santa Catarina,
quando se encontrara com Marcenda. Lá chegando, estão os mesmos dois velhos no
banco a olhar para o rio. Já no apartamento, com a chave na mão, observa o rio, os
barcos, a estátua do Adamastor e os velhos no banco.
No hotel, anuncia a Salvador que sairá do hotel no sábado seguinte. Este insiste
em saber a morada da residência nova. Depois de acompanhar dois carregadores até
ao apartamento, Reis observa a casa com detalhe. Da janela, vê as nuvens de chumbo,
a estátua do Adamastor e os dois “arranjos domésticos”. Sente necessidade de
organizar a sua vida. Deita-se pouco antes das dez. Batem à porta. Fernando Pessoa
chega da rua, sem estar molhado. Falam sobre a solidão. Ricardo Reis adormece com
Fernando Pessoa sentado, a observá-lo.
Lídia visita-o. Na sexta-feira seguinte regressará, na sua folga, para fazer a limpeza
da casa, que bem necessitada está. Ricardo Reis beija Lídia que, entretanto, o informa
da chegada de Marcenda no dia seguinte. Pergunta-lhe se quer que lhe dê a sua
morada. Ricardo Reis responde negativamente, ciente de que lhe escrevera dando-lhe
essa indicação. À saída, Lídia é observada pelas vizinhas do prédio.
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Ricardo Reis não saiu para jantar. Recomeçou a leitura do The God of the
Labyrinth, na primeira página. Adormece.
Lídia traz uma bata e faz grandes limpezas no apartamento. Entretanto, Ricardo
Reis vai almoçar sozinho, pois não ficaria bem ser visto com uma criada. Lídia toma
banho e Ricardo Reis entra, observa-a. Deitam-se nus na cama.
“Lídia vem quase todos os seus dias de folga”. Começa a primavera e os dias ficam
melhores. O narrador reflecte sobre os povos alemão e italiano, comparando-os aos
portugueses.
Ricardo Reis senta-se à luz do sol para ler os jornais. No outro banco, os velhos
conversam, à espera que o jornal seja abandonado, para o lerem.
Ao entrar em casa, Ricardo Reis abre uma carta que acabara de receber de
Marcenda. Esta pede-lhe a sua amizade, apenas. Ricardo Reis trabalha um pouco no
seu escritório e sai para jantar. Atravessa Lisboa de eléctrico e vai ao cemitério.
Ninguém vem ao seu encontro.
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“Fernando Pessoa apareceu duas noites depois”. Encontram-se junto ao
Adamastor. Conversam sobre os amores de Ricardo Reis e sobre a morte. Como
habitualmente, Fernando Pessoa é sarcástico. Vão para o apartamento de Ricardo Reis
e pelo caminho encontram o agente Victor. No apartamento, conversam sobre Salazar,
“o ditador português, o protector, o pai, o professor, o poder manso”. Ricardo Reis vai
buscar os jornais para que Fernando Pessoa se actualize. Conversa-se sobre política.
Fernando Pessoa sai e Ricardo Reis deita-se. Lídia vai ao apartamento de Ricardo Reis:
“Bom dia, senhor doutor” – nunca o tratará por Ricardo. Toma o pequeno-almoço na
cama e lê o jornal: eleições em França, ataque a Addis-Abeba, o dirigível Graf Zeppelin
que sobrevoara Lisboa, com a sua cruz “gamada, uma suástica”. Ricardo Reis convida
Lídia a deitar-se mas apercebe-se de uma inesperada e súbita impotência da sua parte.
Em pânico, decide tomar banho. Lídia não se apercebe e culpabiliza-se.
Terminou a guerra na Etiópia, anuncia Mussolini. Ricardo Reis tem uma visão de
mulheres violadas, crianças trespassadas de lanças e perturba-se, por não ter lido estes
horrores no Diário de Notícias.
Vai buscar o The God of The Labyrinth, ainda na primeira página. Depois, decide ler
as suas odes.
Lídia sente-se feliz, a sua cabeça repousando no braço direito de Ricardo Reis,
ambos nus e suados. As vizinhas das varandas das traseiras comentam. Ricardo Reis
anuncia que vai a Fátima, por curiosidade, e Lídia sugere que poderá encontrar a
menina Marcenda. Depois de Lídia se ter levantado para passar a ferro, Ricardo Reis vai
ter com ela e beija-a.
No dia seguinte, Ricardo reis parte para Fátima. Segue em primeira classe, de
madrugada. Na viagem adormece e sonha que faz um milagre a Marcenda,
recuperando-lhe a mobilidade do seu braço esquerdo, e toda a multidão rodeia Ricardo
Reis em transe. Em Fátima, oferecem-lhe comida e parte de camioneta para a Cova da
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Iria. O percurso é “um formigueiro de gente”. Numa curva da estrada, um peregrino
morre. Ricardo Reis procura, em vão, Marcenda. “Tudo parece absurdo a Ricardo Reis”.
A meio da manhã do dia seguinte, decide partir.
Lídia não tem aparecido. “Ricardo Reis anda a pensar em regressar ao Brasil”. Não
se revê no país em que Portugal se tornou. Lídia chega, um pouco retraída. Ricardo Reis
conta-lhe a ida a Fátima. Não houve milagre nem viu Marcenda. Lídia faz a lida da casa
e depois Ricardo Reis sedu-la.
“Alguns dias depois foi a vez de Fernando Pessoa vir visitar Ricardo Reis”. Vem com
cuidados, depois de se aperceber que algumas pessoas eram capazes de o ver. Ricardo
Reis mostra uns versos a Fernando Pessoa. Fala-lhe de Carlos Queirós, vencedor do
prémio literário desse ano, de quem Ricardo Reis lera O Desaparecido. Era sobrinho de
Ofélia, ex-namorada de Fernando Pessoa. Conversam sobre os amores que ambos têm
ou tiveram.
No 10 de junho, Ricardo Reis ouve uma salva de vinte e um tiros dos navios de
guerra. Nos degraus da estátua de Camões há flores. Fernando Pessoa, sentado num
banco da Praça de Luís de Camões, apercebe-se de que não há nenhum poema na
Mensagem dedicado a Camões. “Foi inveja, meu querido Pessoa”.
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Lídia informa Ricardo reis de que está grávida. Ricardo Reis mostra-se alheado,
indiferente. “Pensas em deixar vir a criança, […] Vou deixar vir o menino”. Ricardo Reis
emociona-se. Lídia acalma a ansiedade de Ricardo Reis: “Se não quiser perfilar o
menino, não faz mal”.
Fernando Pessoa visita Ricardo Reis. Perde-se cada vez mais facilmente e orienta-
se pela estátua de Camões. Falam sobre estátuas retiradas e Fernando Pessoa relembra
que passaram já sete meses. Ricardo Reis anuncia que vai ser pai. Continuam o diálogo
repleto de sarcasmo. Mas ele não está melhor: sem trabalho e sem vontade de o
procurar, a sua vida “passa-se entre a casa, o restaurante e um banco de jardim”.
Ricardo Reis refere os versos que escrevera sobre Marcenda, mas Fernando Pessoa já
os conhece: “Como vê, sabemos tudo um do outro”.
Conversam novamente sobre a decisão de “deixar vir a criança”. Ricardo Reis pede
a Lídia que pense bem, ao que ela lhe responde: “Eu, se calhar, não penso” e dá uma
risada. Depois desta conversa, acabam por ter relações.
O calor assola Lisboa. Ricardo Reis espera conversar com Fernando Pessoa sobre a
guerra civil espanhola, que se aproxima do fim. Volta ao Cemitério dos Prazeres, à
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procura de Fernando Pessoa. Este surge ao seu lado, invisível. Conversam sobre o golpe
em Espanha.
Badajoz rende-se. Ricardo Reis sabe através dos jornais e confirmou com Lídia,
através do seu irmão, do fuzilamento de milicianos presos, na praça de touros de
Badajoz. “Foram mortos dois mil”. Lídia chora na cozinha, questiona-se sobre o que vai
fazer a casa de Ricardo Reis: “ser a criada do senhor doutor, a mulher-a-dias, nem
sequer a amante porque há igualdade nesta palavra […] e então já não sabe se chora
pelos mortos de Badajoz, se por esta morte sua que é sentir-se nada.”
Ricardo Reis tenta novamente reler o The God of the Labyrinth. Adormece com o
livro fechado nos joelhos, no escritório. Lídia “olhou-o como se fosse um estranho,
depois, sem rumor, saiu. Vai a pensar, Não volto mais”.
“Lídia não tem aparecido, a roupa suja acumula-se, o pó cai sobre os móveis.”
“Ricardo Reis nunca se sentiu tão só. Dorme quase todo o dia”. Escreve uma carta a
Marcenda, mas rasga-a em pedacinhos pequenos que lança por cima das grades do
jardim, a altas horas da noite.
Copia para “uma folha de papel o seu poema, Saudoso já deste verão que vejo” e
envia os versos a Marcenda, sem remetente.
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Lídia regressa a casa de Ricardo Reis, mas bate à porta, não fazendo uso da chave.
Desculpou-se por não ter aparecido. Observa Ricardo Reis e acha-o com um ar
envelhecido. “Lídia começa a chorar baixinho”. Daniel participará numa revolta, em
que os navios de guerra Afonso de Albuquerque, Dão e Bartolomeu Dias partirão para
o mar. “A ideia é irem para Angra do Heroísmo, libertar os presos políticos, tomar posse
da ilha” e esperar levantamentos no continente.
No dia seguinte, Ricardo Reis vai observar os navios de guerra, a partir do jardim
em frente do seu apartamento. Da Outra Banda surge “um enorme dirigível, devia ser
o Graf Zeppellin ou o Hindemburgo”.
Ricardo Reis desce para o Chiado para ver os barcos de perto. Aparece o Victor e
Ricardo Reis fica sobressaltado. Regressa a casa e janta dois ovos rapidamente. De
manhã, ouve o primeiro tiro de peça. Chega ao jardim e observa o forte de Almada a
disparar contra os navios de guerra. Às nove horas tudo termina. Entra Ricardo Reis em
casa e atira-se para cima da cama desfeita e chora. Vai ao Hotel Bragança, Lídia não se
encontra lá. Saíra e ainda não voltara. Assim foi durante toda a tarde.
Fernando Pessoa visita Ricardo Reis. Anuncia que não o tornará a ver, pois o seu
tempo chegara ao fim. Pegando no The God of the Labyrinth”, Reis decide acompanhar
Fernando Pessoa. Não poderá valer a Lídia. Nem poderá ler. “A leitura é a primeira
virtude que se perde”.
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