Instrumentais Tecnico-Operativos No Servico Social PDF
Instrumentais Tecnico-Operativos No Servico Social PDF
Instrumentais Tecnico-Operativos No Servico Social PDF
ab tr
or abalh se acio
CL
da o c r v nam
EI
D
E
en vi g om a e
t si ç n
ta em gru ã to LA
VO
p re d p o os RA
er om TT
íc Ie
ic D
vi
ia O
ili RI
a VA
st
L
re so a r
ci CO
ST
a
un
A
iã l (O
rg
o .)
série referência
TÉCNICO-OPERATIVOS
Um debate necessário
NO SERVIÇO SOCIAL
INSTRUMENTAIS
EDITORA ESTÚDIO TEXTO Conselho Editorial
Dra. Anelize Manuela Bahniuk Rumbelsperger (UFPR)
Diretora Ms. Antonio José dos Santos (IST/SOCIESC)
Josiane Blonski Esp. Carlos Mendes Fontes Neto (UEPG)
Dr. Cezar Augusto Carneiro Benevides (UFMS)
Editora-chefe Dr. Edson Armando Silva (UEPG)
Ana Caroline Machado Dr. Erivan Cassiano Karvat (UEPG)
Dra. Jussara Ayres Bourguignon (UEPG)
Dra. Lucia Helena Barros do Valle (UEPG)
Dra. Luísa Cristina dos Santos Fontes (UEPG)
Dr. Marcelo Chemin (UFPR)
Dr. Marcelo Engel Bronosky (UEPG)
Dra. Marcia Regina Carletto (UTFPR)
Dra. Maria Antonia de Souza (UTP/UEPG)
Dra. Marilisa do Rocio Oliveira (UEPG)
Dr. Niltonci Batista Chaves (UEPG)
.)
rg
(O
A
ST
CO
L
VA
RI
O
D
Ie
TT
INSTRUMENTAIS
RA
VO
LA
TÉCNICO-OPERATIVOS
E
D
EI
NO SERVIÇO SOCIAL
CL
Um debate necessário
série referência
© Cleide Lavoratti e Dorival Costa
Coordenação editorial
Editora Estúdio Texto
Diagramação
Sidnei Blonski
Supervisão
Josiane Blonski
ISBN: 978-85-67798-58-5
CDD: 361
Rua Augusto Severo, 1174, Nova Rússia – Ponta Grossa – Paraná – 84070-340
(42) 3027-3021
www.estudiotexto.com.br
IO
ÁR
M
SU
PREFÁCIO.................................................................................................................07
Jussara Ayres Bourguignon
APRESENTAÇÃO....................................................................................................09
Cleide Lavoratti
ANEXOS
SOBRE OS AUTORES.........................................................................................253
IO
ÁC
EF
PR
PREFÁCIO 7
res, perícia social e os instrumentais de trabalho com grupos
e coletividade, demonstra a maturidade intelectual da profissão em
relação ao acúmulo de conhecimento já trilhado sobre o processo de
trabalho do Assistente Social e neste sentido avança, pois reforça o
comprometimento com um projeto societário pautado na democra-
cia e garantia dos direitos sociais. E os instrumentais técnico-operati-
vos cumprem papel essencial de mediação entre as demandas sociais
do cidadão e as potencialidades de materialização do projeto ético-
-político do Serviço Social.
Enfrentado o desafio de pesquisar e produzir conhecimento
sobre um dos aspectos da prática profissional, esta obra cumpre
fundamental papel de socializar reflexões que são fruto da rica
trajetória dos autores (basta olhar o currículo de cada um, ao fi-
nal do livro). Trajetória consolidada, que demonstra vinculação
e comprometimento com as dimensões investigativa, formativa
e interventiva da profissão. Portanto, fruto de trabalho critico e
criativo e de processo de amadurecimento acadêmico. É preciso
reforçar que as contribuições de cada capítulo proposto neste livro
trazem, com ênfase, o debate sobre a intencionalidade, ineren-
te aos instrumentais técnico-operativos do Serviço Social, ou seja,
aponta para uma clara direção ideo-política, destinada a constru-
ção de práticas e espaços de defesa radical dos direitos sociais e
de consolidação do exercício da cidadania.
Excelente leitura a todos e todas que apreciarem esta
obra, sobretudo que ela inspire novas práticas e novas leituras
sobre a desafiadora prática profissional do Assistente Social.
APRESENTAÇÃO 9
Visando reafirmar a compreensão sobre a complexidade do fazer
profissional, partiu-se de uma discussão sobre a instrumentalidade do
Serviço Social enfatizando a indissociabilidade entre as diferentes di-
mensões da prática profissional. O texto de Odete Fernandes fornece
as bases teóricas para se pensar posteriormente a operacionalidade
dos instrumentais técnico-operativos da profissão como mediação à
construção do projeto ético-político defendido pela categoria profis-
sional.
Na sequência são apresentados os instrumentais técnico-opera-
tivos mais utilizados pelos assistentes sociais: relacionamento, obser-
vação, abordagem, entrevista, visita domiciliar e os instrumentais de
trabalho com a coletividade (pequenos e grandes grupos).
Para nos ajudar a refletir sobre o relacionamento enquanto ins-
trumental fundamental do Serviço Social que perpassa toda a prática
profissional, Helder Boska de Moraes Sarmento nos leva a compreen-
der a importância da dimensão afetiva aliada às dimensões cognitiva
e política do relacionamento. As relações de poder, autoritarismo, su-
bordinação, emancipação e libertação, presentes no relacionamento
do assistente social com os usuários ou com outros profissionais apa-
recem neste debate de forma consistente e coerente.
No texto sobre observação e abordagem, as autoras Lorena
Ferreira Portes e Melissa Ferreira Portes apresentam a observação en-
quanto possibilidade de compreensão da realidade social. Também
discutem o instrumental abordagem como um processo de aproxi-
mação mediado pelos princípios ético-políticos do Serviço Social que
pode viabilizar futuras ações profissionais.
O texto sobre entrevista aborda a sua operacionalidade na
prática profissional do assistente social, apresentando as principais
modalidades de entrevista e discutindo as etapas para sua realização.
A visita domiciliar é trabalhada pelas professoras de Serviço
Social Maria Salete da Silva e Reidy Rolim de Moura. As autoras ver-
sam sobre as diferentes possibilidades de utilização do instrumental
e ressaltam a importância de aliar a visita domiciliar a outros instru-
mentais técnico-operativos do Serviço Social como a observação e a
documentação.
Em relação aos instrumentais de trabalho com grupos, co-
munidades e outras coletividades, temos dois importantes textos. O
primeiro, de Reginaldo Miguel de Lima Vileirine, aborda a dinâmica
e as características de pequenos grupos e do processo de assessoria
10 CLEIDE LAVORATTI
realizado pelo assistente social. O segundo, das autoras Adriana Ac-
cioly Gomes Massa e Ana Maria Coelho Pereira Mendes, discute os
instrumentais sócio jurídicos (referendos, plebiscitos, ação civil públi-
ca, etc.) e as possibilidades de trabalho com grandes grupos, visando
propiciar a participação popular nas sociedades democráticas.
Temos ainda a discussão sobre os instrumentais e os limites e
possibilidades do plantão social enquanto espaço de atuação pro-
fissional, em que as autoras Jussara Marques de Medeiros Dias e Ma-
ria Aparecida Martins Camatari levantam as particularidades do aten-
dimento social realizado pelos assistentes sociais e as recomendações
da Norma Operacional Básica do Sistema Único de Assistência Social.
O texto de Dorival Costa e Márcia Terezinha de Oliveira discute
o processo da perícia social, os elementos que a compõem (estudo,
parecer e laudo social) e as questões éticas que envolvem a sua ope-
racionalização, como o sigilo profissional e a forma do registro dos
dados para as instituições demandatárias da perícia.
Para o fechamento da obra, sem a intenção de fechar a discus-
são sobre os instrumentais, temos uma reflexão ética sobre a utili-
zação dos instrumentais pelos assistentes sociais, trazida por Marco
Antônio Rocha.
Também anexamos algumas resoluções do Conselho Federal de
Serviço Social que tratam de questões referentes à prática profissio-
nal, como as condições éticas e técnicas do exercício profissional do
assistente social; os procedimentos para a lacração do material téc-
nico-sigiloso do Serviço Social; as condições para a emissão de pa-
receres, laudos, opiniões técnicas conjuntos entre o assistente social
e outros profissionais; e atuação do Assistente Social na qualidade
de perito judicial ou assistente técnico, quando convocado a prestar
depoimento como testemunha pela autoridade competente.
Por fim, apesar do desafio que foi escrever coletivamente sobre
a dimensão interventiva do Serviço Social e das importantes contri-
buições que os autores deram à profissão, sabemos que esta discus-
são não esgota o tema, sendo necessária a contínua sistematização
de conhecimentos metodológicos advindos da prática profissional
dos assistentes sociais.
A partir da compreensão dos elementos históricos e contraditó-
rios que constituem a realidade social e da valorização das estratégias
teórico-metodológicas, ético-políticas e técnico-operacionais cons-
truídas pelos profissionais no embate cotidiano com as demandas do
APRESENTAÇÃO 11
Serviço Social, é que poderemos avançar na consolidação do projeto
societário que defendemos: uma sociedade justa e igualitária, sem
descriminação, opressão ou dominação de qualquer ordem (classe,
gênero, etnia, geração).
12 CLEIDE LAVORATTI
CATEGORIAS
FUNDAMENTAIS PARA A
COMPREENSÃO DA
INSTRUMENTALIDADE
NO TRABALHO DO
ASSISTENTE SOCIAL
Odete Fernandes
tr ob re
la
ab ab
or se io al c
ho
da c r v nam
en vi g om a e
t tsi e g r
ç nt
pe re a d m upo o
ã o
rí o s m
ic
ci vi
a st ili
re so a ar
un ci
al
iã
o
CATEGORIAS FUNDAMENTAIS
PARA A COMPREENSÃO DA
INSTRUMENTALIDADE NO
TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL
Odete Fernandes1
16 ODETE FERNANDES
(...) só há oposição quando a relação teoria/prática sustenta-se
numa concepção de senso comum e/ou utilitarista, que con-
cebe a prática como suficiente e eficaz para atender as neces-
sidades humanas. A relação teoria e prática é muito complexa.
Assim, tem-se que há uma particularidade que caracteriza cada
uma destas atividades, porém para manter tal particularidade
nutrem-se uma da outra.
18 ODETE FERNANDES
realidade para o concreto pensado, ou possibilidades de aproximação
do real, processo que nos evidencia o método dialético de compre-
ensão da realidade.
Para Pontes (1995), a singularidade pode ser compreendida a
partir de fatos isolados, individuais, familiares, grupais e/ou comuni-
tários, já a particularidade possui em si uma característica ampliada,
pois se refere à síntese de determinações sociais. Nos meandros desta
síntese estão configuradas as relações sociais, o processo sócio pro-
dutivo e, consequentemente, a relação indivíduo e sociedade. É na
particularidade que se situa o campo de mediações do Serviço Social.
Muitos de nós podemos questionar: não seria na universali-
dade o campo de mediações do Serviço Social? Não seria este o
sentido maior de nossa instrumentalidade? Ou o objetivo pelo qual
se aplicam os instrumentais sem um fim específico, mas como meio
para se chegar à universalidade? Para todas estas perguntas existe
apenas uma resposta.
20 ODETE FERNANDES
Antes de qualquer avaliação equivocada de que existe um “sec-
tarismo” imposto no Serviço Social que valoriza apenas a teoria social
crítica, é preciso compreender a existência de outras dimensões que
não podem ser observadas de maneira estanque/isolada, uma delas é
a dimensão teórico-metodológica que reserva no seu âmbito a con-
dição do pluralismo evidenciado como um dos princípios que regem
a profissão.
Esse pluralismo deve ser fundamentado na correlação entre as
teorias social critica marxista e as teorias que Battini (2004, p.4) deno-
mina de “intermediárias”, inclusive indicando tais teorias da seguin-
te forma: “Teoria do Cotidiano de Agnes Heller; Teoria do Poder de
Foucault; Teoria do Interacionismo Simbólico de Habermas; Teoria da
Complexidade Social de Edgar Morin; Teoria da Comunicação Huma-
na de Alain Touraine”.
As teorias intermediárias são também denominadas de teorias
auxiliares, regionais ou parciais por Munhoz (1997, p.3), contudo, a
autora adverte para que não façamos a substituição da teoria princi-
pal, ou seja, da teoria social crítica, pelas teorias auxiliares3. A adver-
tência da autora se refere ao equívoco ainda existente na profissão
quanto às diferenças entre pluralismo e ecletismo.
Ser pluralista, conforme Munhoz, não significa navegar na hetero-
geneidade desconexa, mas navegar num veio explicativo para analisar
(dar conta do real). É necessário que o profissional, pesquisador, perce-
ba a diferença entre pluralismo, que requer consciência epistemológica
e teleológica, e ecletismo, que requer o “uso anárquico de recursos
explicativos diversos inconciliáveis entre si” (MUNHOZ, 1997, p. 11).
Netto (apud MUNHOZ, 1997) destaca a necessidade das teorias
setoriais estarem subordinadas a uma matriz teórica, de perspectiva
macroscópica. A autora lembra também que muitas vezes os profis-
sionais supervalorizam algumas teorias auxiliares mesmo que estas
representem um conteúdo sem reflexão crítica, somente por tratar-se
de modismo, o que ela denomina de “up to date”.4
3 Por exemplo, admitir que a teoria social de Marx e a teoria de Freud podem ser
utilizadas juntas é um erro, mas admitir que a teoria freudiana da neurose e a Etiolo-
gia sexual (origem dos desejos sexuais), servem de base para compreensão, isso está
correto. (Marx e Freud percebem aspectos diferentes) isto não é ecletismo, porque
estamos falando de áreas diferentes. (MUNHOZ, 1997. Texto-aula)
4 Teoria da moda (Id, ibid)
22 ODETE FERNANDES
A INTER-RELAÇÃO NECESSÁRIA DOS INSTRUMENTAIS
TÉCNICOS NO SERVIÇO SOCIAL.
24 ODETE FERNANDES
que se inter-relacionam. De igual modo, trabalhos com grupos ou
individual, plantão social, reuniões, palestras, seminários, elaboração
de projetos, planos, programas, estudos, pareceres, relatórios, laudos,
perícias, visita domiciliar ou institucional, entrevista e outros instru-
mentais, não podem estar isolados, pois concomitante a eles com-
parecem outros instrumentais, tais como: pesquisa investigativa, ob-
servação, escuta qualificada, linguagem, abordagem, sistematização,
avaliação e outros.
Desta maneira, são diversificadas as formas, as técnicas, ou me-
lhor explicitando, “o que e quando fazer”, mas o “como fazer” de-
pende da qualificação que buscamos, do compromisso ético-ideo-
-político que temos, e consequentemente de nossa compreensão do
universo que representa a instrumentalidade do Serviço Social.
REFERÊNCIAS:
26 ODETE FERNANDES
O INSTRUMENTAL
TÉCNICO EM SERVIÇO
SOCIAL: alguns
apontamentos sobre o
relacionamento
Helder Boska de Moraes Sarmento
tr ob re
la
ab ab
or se io al c
ho
da c r v nam
en vi g om a e
t tsi e g r
ç nt
pe re a d m upo o
ã o
rí o s m
ic
ci vi
a st ili
re so a ar
un ci
al
iã
o
O INSTRUMENTAL TÉCNICO EM SERVIÇO
SOCIAL: alguns apontamentos sobre o
relacionamento
2 As reflexões que se seguem têm como base o texto de Karl Marx, O Capital: crítica
da economia política. Livro l, parte III, Cap. 5, 10º ed. São Paulo: Difel, 1985.
3 “O valor natural de qualquer coisa consiste em sua capacidade de prover as ne-
cessidades ou de servir às comodidades da vida humana. A utilidade de uma coisa
faz dela um valor de uso. Mas, essa utilidade não é algo aéreo. Determinada pelas
propriedades materialmente inerentes à mercadoria, só existe através delas” (MARX,
1985, p.42).
A QUESTÃO DA TÉCNICA
6 Nos estudos realizados sobre esta autora, cuja trajetória confunde-se com a cons-
trução da própria profissão nos EUA, é difícil um enquadramento teórico de suas
ideias, na maioria das vezes reproduzimos afirmações inconsistentes e simplificado-
ras de suas formulações. Em nosso entendimento, desponta em sua visão o estilo de
pensamento norte-americano fundado no protestantismo, no pragmatismo de Jonh
Dewey e no interacionismo simbólico de Georg Mead. No entanto, o que mais chama
atenção, além do desconhecimento de sua trajetória, é a forma desrespeitosa e pre-
conceituosa com que tem sido tratada pelos próprios profissionais, até mesmo pelo
seu intencional “esquecimento”.
7 Com a intenção de manter coerência com a ideia dos autores optamos por não
alterar a formulação original apresentada nos textos aqui utilizados, por este motivo,
e exclusivamente por este, foi mantida a expressão “cliente”.
deve ser uma pessoa de natureza agradável com jeito para fa-
zer amizades, deve estar disposta a entrar em contato com a
experiência emotiva de outrem, a ouvir o ponto de vista que
tem a respeito dos seus problemas e de palmilhar paciente-
mente com ele o caminho para a solução de suas dificuldades
(HAMILTON, 1958, p.45)
FORMULAÇÕES CRÍTICAS
REFERÊNCIAS
7 Ver NETTO, José Paulo. Ditadura e Serviço Social: uma análise do Serviço Social no
Brasil pós-64. 7. ed. São Paulo: Cortez, 2004.
8 Palestra realizada por Yolanda Guerra na disciplina de “Serviço social: movimento his-
tórico e tendências teórico-metodológicas”, ministrada pela Professora Vera Suguihiro,
no dia 24 de outubro de 2013, na Universidade Estadual de Londrina – UEL – Pr.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
Cleide Lavoratti 1
ASPECTOS CONCEITUAIS
3 Ver discussão trazida por Helder Boska de Moraes Sarmento no II capítulo desta
obra.
4 “O Instrumental-técnico é um complexo de conhecimento teórico-metodológico
que o profissional dispõe para sua atividade profissional. Ele é criado e recriado no
espaço das relações sociais.” (LUIZ et al, 1992, p.10 ).
5 Para um aprofundamento das técnicas de entrevista, ver: LEWGOY . A. M. B.; SILVEI-
RA E. C. A entrevista nos processos de trabalho do assistente social. Revista Virtual
Textos & Contextos Porto Alegre, v. 6 n 2 p. 233-251. jul./dez. 2007
82 CLEIDE LAVORATTI
do seu sentido, compreender as experiências e os significados a elas
dados...” (LEWGOY e SILVEIRA, 2007, p.249).
Tão importante quanto o domínio das técnicas é a competência
teórico-metodológica e ético-política do assistente social na operacio-
nalização deste instrumental. “A competência ético-política dos Assis-
tentes Sociais não fica restrita apenas à vontade política e à adesão a
valores, mas se refere à capacidade desses profissionais de torná-los
concretos através da apreensão, como uma unidade, das dimensões
éticas, políticas, intelectuais e práticas” (MIOTO e LIMA, 2009, p.35).
A entrevista no Serviço Social constitui-se então como um pro-
cesso de diálogo entre o assistente social e os seus usuários, com
o objetivo de intervir na realidade social. Sua finalidade deve estar
articulada às diferentes dimensões que constituem a competência
profissional, sendo elas: teórico-metodológica, ético-política e técni-
co-operativa.
Segundo Battini (2001), essas dimensões podem ser compreen-
didas da seguinte forma:
84 CLEIDE LAVORATTI
décadas e colocava o profissional em uma posição hierarquicamen-
te superior aos seus usuários, sendo considerado o único responsá-
vel por seu desenvolvimento.
OBJETIVOS DA ENTREVISTA
86 CLEIDE LAVORATTI
Dessa forma, a partir de um conhecimento ampliado das de-
mandas dos usuários, o assistente social poderá ampliar sua margem
de intervenção no contexto institucional e construir estratégias que
criem e/ou fortaleçam relações interdisciplinares e interinstitucionais
para garantir a consolidação dos direitos sociais da população.
2 - Socializar informações
1 – Entrevista estruturada
88 CLEIDE LAVORATTI
ções, sentimentos, expectativas, dentre outros elementos importantes
para o trabalho do Serviço Social.
Este tipo de entrevista é muito empregado em instituições que
têm por objetivo traçar o perfil socioeconômico dos usuários, além de
outras características exigidas como critérios de inclusão em progra-
mas sociais. Também pode ser empregada em pesquisas de avaliação
da qualidade dos serviços prestados aos usuários do Serviço Social.
90 CLEIDE LAVORATTI
ETAPAS DA ENTREVISTA
1 - Planejamento
2 - Operacionalização
92 CLEIDE LAVORATTI
b) compreender as representações, ou seja, como são as coisas
na “cabeça” do cliente, como ele coloca, expressa as questões
do seu dia-a-dia, como o cotidiano está representado, como se
dão as relações sociais, as relações de classe, etc...
c) e os valores e significados que a população tem destes, e não
reforçar os nossos... (COSTA e SARMENTO, 1989, p. 5)
94 CLEIDE LAVORATTI
frente a ele. O autor aponta alguns tipos de silêncio e suas principais
características:
14 “Do pouco que se pode saber sobre a dor, sabemos que nela se revela, simulta-
neamente, a singularidade do sujeito, sua dor, a particularidade da cultura, na qual
se manifesta, e a universalidade da condição humana, impossibilitada de fugir de sua
realidade implacável.” (SARTI, 2001, p. 12).
96 CLEIDE LAVORATTI
tantos “não” no decorrer de sua trajetória de vida, ou ainda por medo
de serem “julgados” pelas situações de vulnerabilidades vivenciadas.
Na medida em que o assistente social começa a estabelecer uma
comunicação ética e respeitosa, é possível que os usuários comecem
a perceber que a intenção da entrevista não é avaliar sua situação
como responsabilidade individual, mas compreender15 as possibilida-
des de inseri-los em programas, projetos, ações e serviços que garan-
tam seus direitos fundamentais.
“A avaliação da(s) entrevista(s) é o momento de retomar os ob-
jetivos e as expectativas do usuário, revisão dos diferentes momentos
e de planejamento conjunto de novas estratégias.” (LEWGOY e SILVEI-
RA, 2007, p. 238).
Ao término da entrevista é importante construir uma proposta
de ação, priorizando entre as alternativas possíveis a questão deman-
dada pelo usuário, aquela considerada a mais adequada em relação
ao impacto da mesma sobre a problemática geral, o tempo previsto
para a sua execução, a probabilidade de sucesso e os recursos dispo-
níveis.
Trata-se de um planejamento das providências concretas a se-
rem realizadas pelo usuário e pelo assistente social após a entrevista
para alcançar os fins desejados por ambos. Na possibilidade de ou-
tras entrevistas ou visitas domiciliares de acompanhamento, o plane-
jamento deve ser avaliado, permitindo ajustes necessários e a formu-
lação de novos objetivos, estratégias e ações.
“É preciso permitir que o entrevistado se sinta à vontade, inda-
gue, reflita sobre o tema que está sendo focalizado, para que possa
elaborar o seu projeto, suas alternativas de ação. [ ] O projeto não é
jamais a doação do assistente social ao entrevistado.” (KISNERMAN,
1978, p. 23).
A definição dos compromissos assumidos (pelo usuário e pelo
assistente social) e os prazos de realização devem compor o proje-
15 Como Bourdieu ressalta na obra A Miséria do Mundo sobre a conduta dos pes-
quisadores na condução de entrevistas com sujeitos vulneráveis: “Essa compreensão
não se reduz a um estado de alma benevolente. Ela é exercida de maneira ao mesmo
tempo inteligível, tranquilizador e atraente de apresentar a pesquisa e de conduzi-
-la, de fazer de tal modo que a interrogação e a própria situação tenham sentido
para o pesquisado e também, e sobretudo, na problemática proposta: esta como as
respostas prováveis que ela própria provoca, será deduzida de uma representação
verificada das condições nas quais o pesquisado está colocado e daquelas das quais
ele é produto.” (BOURDIEU, 1999, p. 700).
3 - Registro
98 CLEIDE LAVORATTI
de Serviço Social, bem como transformar-se em material de pesquisa
subsidiando a prática investigativa do Serviço Social.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
PRESSUPOSTOS
3 Penso que todos os meios de comunicação podem e devem ser utilizados para
a capacitação do assistente social, sobretudo quando pensamos no conhecimento
profissional necessário para intervir junto ao grupo.
5 Carlos Nelson Coutinho nos fala que no conceito gramsciano, o intelectual orgânico
é aquele que está em sintonia com a emergência de uma classe social determinante
no modo de produção econômico, procura dar coesão e consciência a essa classe,
também nos planos político e social. Para saber mais sobre o pensamento de Grams-
ci, leia: Carlos Nelson Coutinho. Gramsci. Porto Alegre: L&PM, 1981 ou Antonio
Gramsci. Obras escolhidas. São Paulo: Martins Fontes, 1978.
6 Não é objeto deste artigo, mas estou convencido que estes referidos cursos não
têm nada de profissionalizante, visto que não garantem profissão e nem emprego.
É uma perversidade manter pessoas nestes cursos, produzindo pequenos trabalhos
manuais que esporadicamente servirão de sobrevivência, quando sabemos que oca-
sionalmente vendem algumas peças por dois ou três reais no mercado informal. O
problema não está somente no mérito da atividade manual ou dita profissionalizante,
mas sobretudo no processo de manutenção alienada do status de uma sociedade
que não oferece direito ao trabalho digno, gerador de renda suficiente para suprir as
necessidades básicas das pessoas.
a) Identidade grupal
b) Comunicação
c) Regras e contrato
d) Sigilo
e) Definição de papéis
f) Liderança
Reunião
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
BAPTISTA, Naidison Q. Metodologia do trabalho social com famílias. In: ACOSTA, Ana
R.; VITALE, M. Amália F. (Orgs.). Família, Redes, Laços e Políticas Públicas. 2. ed. S.
Paulo: IEE/ PUCSP, Cortez, 2005.
CÓDIGO DE ÉTICA DO ASSISTENTE SOCIAL. Disponível em: <http://www.cfess.org.
br/>. Acesso em: 23 jan. 2010.
GADOTTI, Moacir. Educação Popular Comunitária. Notas para um debate. Seminá-
rio “Preparacton de la VI Conferência Mundial de ICEA" ICEA-Brasil. São Paulo, 28 de
abril a 04 de maio de 1991.
GUIMARÃES, Chica H. O Grupo socioeducativo com familias. In: Trabalho com Famí-
lias, v. 2 - textos de apoio. São Paulo: IEE/PUC-SP, Unicsul, Unisa, SAS/SP.
FREIRE, Paulo. A pedagogia do Oprimido. 39. ed. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1987
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. 25. ed. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1996.
GUIMARÃES, Chica Hatakeyama . O grupo socioeducativo com famílias. In: WANDER-
LEY, Mariangela Belfiore; OLIVEIRA, Isaura I. de M. C. e. (Org.). Trabalho com famílias.
São Paulo: IEE-PUCSP-SP, 2004.
GUIMARÃES, Rosamélia F.; ALMEIDA, Silvana C. Reflexões sobre o trabalho social com
famílias. In: ACOSTA, Ana R.; VITALE, M. Amália F. (Orgs.). Família, Redes, Laços e
Políticas Públicas. 2. ed. S. Paulo, IEE/ PUCSP, Cortez, 2005.
LANE, Silvia T. M.; CODO, Wanderley. Psicologia Social – O Homem em Movimento.
São Paulo. Brasiliense, 1984.
MILITÃO, Albijenor; MILITÃO, Rose. S.O.S. Dinâmica de Grupo. Rio de Janeiro: Qua-
litymark, 1999.
PMC - Prefeitura Municipal de Curitiba. Modelo Colaborativo: experiência e apren-
dizados de desenvolvimento comunitário em Curitiba. Curitiba, 2004.
REIS, Jose R. T. Família, emoção e ideologia. In: LANE, Silvia T. M.; CODO, Wanderley.
Psicologia Social – O Homem em Movimento. São Paulo. Brasiliense, 1984.
SOUZA, Maria Luiza de. Desenvolvimento de Comunidade e Participação. São
Paulo, Cortez, 1991.
152 ADRIANA ACCIOLY GOMES MASSA E ANA MARIA COELHO PEREIRA MENDES
Ao tratar da democracia é fundamental tratar dos direitos dos
homens. Pois, conforme Bobbio (2004, p.21), “sem direitos do homem
reconhecidos e protegidos, não há democracia; sem democracia, não
existem as condições mínimas para a solução pacífica dos conflitos”.
Essa correlação entre o direito e a democracia tem como base
os princípios da Revolução Francesa e a vinculação entre o direito e o
poder político, em que “o controle e a hierarquia foram revestidos até
mesmo com uma aura democrática graças à axiomática identificação
(ou se preferir, à suprema ficção) da lei como expressão da vontade
geral” (GROSSI, 2006, p, 50).
A sociedade é a base do direito e é somente ela, porém há de se
perceber a sociedade a partir da sua realidade complexa e articulada,
e é nas suas articulações que se deve ser produzido o direito, respei-
tando as realidades e diversidades locais. Essa percepção do direito
para Grossi (2006, p. 11) “não é um esclarecimento banal; ao contrá-
rio, ele subtrai o direito da sombra condicionante e mortificante do
poder e o restitui ao seio materno da sociedade, que o direito é então
chamado a exprimir.”
Dessa forma, para Grossi (2006, p. 13), o direito como um orde-
namento significa respeitar a complexidade social, e, ainda, em uma
dimensão objetiva, produzir um resultado benéfico a todos os indiví-
duos de uma comunidade organizada. O ordenamento está relacio-
nado ao significado de “superação de posições singulares em seus
isolamentos para obter o resultado substancial de ordem, substancial
para a própria vida da comunidade.”
Nesse sentido a participação popular para o direito, na sua es-
sência, é fundamental para sua sustentabilidade, pois ele não pode
descambar do alto, nem se impor de forma coativa, ao contrário, ele
"é quase uma pretensão que vem de baixo, é a salvação de uma co-
munidade que somente com o direito e no direito, somente trans-
formando-se num ordenamento jurídico, pode vencer o seu jogo na
história.” (GROSSI, 2006, p.13).
Entretanto, o direito emanado pela lógica jurídica contemporâ-
nea está muito distante da sociedade, pois é um
154 ADRIANA ACCIOLY GOMES MASSA E ANA MARIA COELHO PEREIRA MENDES
Porém, essa autonomia do direito dentro do Estado o reduziu
para sua especificidade operacional de instrumento da intervenção
do Estado.
Entretanto, a divisão entre o direito público e o direito privado
estabelece uma distinção entre o direito que vincula o cidadão ao Es-
tado e o direito que está à disposição dos cidadãos, ou seja, das rela-
ções sociais de produção, resultando em uma ilusão de que o direito
privado não é um direito estatal (SANTOS, 2002).
No segundo período, com um pouco mais de lucidez, após um
período de cegueira em busca de uma verdade indubitável e de um
direito extremamente estatal, começa-se então, no século XX, a per-
ceber a complexidade da dimensão jurídica e, decursivamente, a crise
do Estado Moderno, ora liberal. Dessa crise, surge uma nova fonte
jurídica, a Constituição, considerada sua origem emanada do povo
constituinte e que, conforme Grossi (2006, p. 60), “é a imagem da
sociedade que se auto-ordena com base em determinados valores
metajurídicos e do Estado/aparato que é chamada a submeter-se a
eles. A Constituição realiza, em outras palavras, o primado da socie-
dade sobre o Estado.”
DEMOCRACIA E SOCIEDADE
156 ADRIANA ACCIOLY GOMES MASSA E ANA MARIA COELHO PEREIRA MENDES
ticas dominantes, pelo aumento da cidadania e pela inserção política
de atores sociais excluídos.” (SANTOS, 2005, p. 53).
E, ao inserir esses atores sociais na dimensão política instau-
rou-se uma disputa pelo significado da democracia e de uma nova
gramática social. Essas discussões concernentes a democracia, que
iniciou nos anos 70 na Europa e 80 na América Latina, recolocou em
debate a democracia.
Segundo Santos (2005), esse debate consistiu, principalmente,
em três questões:
a) na discussão democrática sobre a relação entre procedimento
e participação social decorrente, especialmente, da representativida-
de dos movimentos sociais na América Latina, que elucidou
158 ADRIANA ACCIOLY GOMES MASSA E ANA MARIA COELHO PEREIRA MENDES
Para Franco (2008), o hodierno momento político, principalmen-
te na América Latina, caracterizado pelo fenômeno do populismo, é
uma perversão política e uma ameaça séria à democracia, principal-
mente por aquela democracia denominada por Dewey como radical,
ou seja, uma democracia que cria raízes para a autocracia.
O enfraquecimento na articulação das redes sociais no seio da
sociedade civil resulta em uma pequena ou mesmo inexistente parti-
cipação política.
Cabe elucidar que a democracia construída no século XX ficou
restrita à forma hegemônica, e, segundo Santos (2005), houve duas
formas hegemônicas presentes nesse século, a primeira teria sido
o abandono da mobilização social e da ação coletiva na constru-
ção da democracia, no período entre guerras; e a segunda é a que
propunha uma solução elitista para a democracia, com a supervalo-
rização do papel dos mecanismos de representação, sem que estes
precisassem estar combinados com a participação popular, poden-
do ser hegemônica. Essa democracia representativa elitista, oriunda
das sociedades do hemisfério norte, propõe estender-se ao resto do
mundo, em um modelo de democracia liberal-representativa, igno-
rando as experiências e discussões acerca da democracia dos países
do Sul.
A necessidade de uma democracia radical ou uma democracia
“forte” ainda não é bem compreendida, especialmente pelos liberais,
pois ainda creem que
160 ADRIANA ACCIOLY GOMES MASSA E ANA MARIA COELHO PEREIRA MENDES
ciar-se ao outro, explicitando, dessa forma, a conexão entre democra-
cia, cooperação e liberdade.
Esse exercício democrático, no sentido “forte”, necessita de um
espaço aberto para que a sociedade possa tentar, experimentalmen-
te, resolver seus problemas, se organizar e estruturar socialmente, e
esse espaço que possibilita a descoberta do elo existente entre a de-
mocracia e o desenvolvimento, no conceito deweyano, é chamado de
esfera pública.
A partir da democracia “forte”, podemos vislumbrar uma nova
democracia, o que nos leva a acreditar que não estamos fadados a
viver eternamente esse modelo de democracia representativa. Para
essa nova democracia é essencial, conforme Franco (2007, p. 13), “a
aceitação da legitimidade do outro, a liberdade e a valorização da
opinião e o exercício da conversação no espaço público.”
Segundo Franco (2008), em um esforço para buscar uma nova
concepção de público, Dewey acabou desembocando no comunitá-
rio, longe de uma visão particularmente hodierna, centrada na legi-
timação ou na negação dos sistemas representativos monopolizados
pelo Estado, da grande comunidade, mas de uma pequena comuni-
dade mesmo, em termos socioterritoriais e não necessariamente ge-
ográfico-populacionais, mas a comunidade local. Assim,
162 ADRIANA ACCIOLY GOMES MASSA E ANA MARIA COELHO PEREIRA MENDES
Conforme Couto (2008, p.54), ”ao serem aprisionados pelo sis-
tema jurídico formal, só resta aos direitos o seu submetimento aos
ditames econômicos.” Ou seja, o papel da juridificação dos direitos
acaba reforçando o papel de controle do Estado, de proteger a hege-
monia do capital.
E, finalmente, conforme ressalta Lessa (2007), não devemos nos
iludir, pois o Estado “Político” é o terreno mais fértil para a destruição
dos direitos democráticos. Assim, cabe ao assistente social e a outros
profissionais investirem na emancipação política e humana, especial-
mente, a humana, pois precisamos pensar
7 Consignado nos artigos 10, 187, 194, 194, VII, 198, III, 204, II, 206, VI e 216,§1º, e
seus instrumentos de controle, entre outros, como pontificado no art. 5º, XXXIII, LXXI
e LXXIII, e no art. 74, §2º.
164 ADRIANA ACCIOLY GOMES MASSA E ANA MARIA COELHO PEREIRA MENDES
mentação de "disque-denúncia", a organização de audiências públi-
cas e consultas públicas.
A consulta pública de interesse da Administração Pública arregi-
menta a opinião pública por meio de manifestação firmada em peças
formais escritas, que devem ser juntadas ao processo administrativo
em tela.
A Lei nº 9.784/1999, no artigo 33, faculta aos órgãos e entidades
administrativas, nas matérias relevantes, a adoção de outros meios
de participação popular, a exemplo de reuniões, convocações e troca
de correspondências, além da consulta e audiência públicas. Ela tem
o objetivo de franquear as formas necessárias e suficientes de par-
ticipação pública, reprimindo assim o autoritarismo e viabilizando o
exercício da cidadania.
A Constituição de 1988 postula o referendo, plebiscito e inicia-
tiva popular (art. 14) como mecanismos de democracia semidireta8.
Juntamente com a audiência pública, estas figuras se situam no cam-
po da participação política e formam o binômio representação-parti-
cipação. É o princípio democrático constitucional que “todo o poder
emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos, ou
diretamente, nos termos da Constituição9”.
Audiências públicas, plebiscito, referendos e iniciativas popu-
lares têm dinâmicas próprias, e seus resultados são eficientes para
a gestão social do processo decisório. A organização, operacionali-
zação e coordenação destes instrumentos requer planejamento com
estratégias bem definidas, que garanta o direito de se fazer presente
neste processo decisório.
Todas têm o mesmo princípio, que é o de decidir se uma situ-
ação vai ser aceita ou refutada, se uma proposta é melhor que outra
proposta diferente, para levantar e encaminhar prioridades de uma
coletividade, para reivindicações populares, entre outras possibili-
dades. Quer dizer, tais ferramentas prestam-se tanto à participação,
quanto ao controle popular da atividade da Administração Pública,
como previsto na Carta Magna. São estas ações que devem legitimar
o Estado Democrático de Direito.
8 Fornecem os meios para ampliar a participação popular, nos quais o Estado atua
sob a vigilância da coletividade.
9 Artigo 1°, parágrafo único da Constituição Federal.
166 ADRIANA ACCIOLY GOMES MASSA E ANA MARIA COELHO PEREIRA MENDES
se dá pela própria participação processual e a abertura a todos os
segmentos sociais. E justamente por causa disso, o que a qualifica
é a participação oral e efetiva do público em todo o procedimento
ordenado, como parte integrante e interessada, no sentido jurídico, e
não apenas como espectador.
Para a efetiva participação alguns procedimentos mínimos são
recomendados por Gordillo (2006), desde cuidados com regras exa-
geradas, até o estabelecimento prévio do roteiro da audiência pe-
los dirigentes. Esta pauta deve organizar e ordenar o cronograma de
assuntos e pessoas responsáveis, assim como o tempo de réplicas,
apartes, as providências de divulgação ao maior número de público
da convocação. Uma pré-audiência deve ser organizada para a orde-
nação ou simplificação da pauta, antecipando informações ou apro-
ximações com vistas a um acordo de partes, sem afetar o interesse
público, considerando-se o princípio da economia processual com
instrução mediante depoimentos e interrogatórios dos interessados e
testemunhas, recebimento de documentos, laudos periciais, etc., do-
cumentação dos atos devidamente registrada por gravação em áudio
e vídeo, lavratura da ata da audiência e recebimento e registro de
alegações orais.
2. Plebiscito
3. Referendos
4. Iniciativas populares
168 ADRIANA ACCIOLY GOMES MASSA E ANA MARIA COELHO PEREIRA MENDES
cional de Habitação, porém tramitou como um projeto de iniciativa
parlamentar e levou mais de treze anos para ser aprovado.
A participação popular tem processo complexo de efetivação,
pois engloba redação do texto para uma moção, projeto de lei ou
emenda constitucional, a coleta de assinaturas, o controle de cons-
titucionalidade e a aprovação da matéria. O desempenho deste pro-
cesso é variado como consequência da materialidade de determinan-
tes que incidem sobre ele, tais como questões culturais e nível de
democratização da informação (cf. BENEVIDES, 1996,).
A autorização brasileira para apresentação à Câmara dos Depu-
tados de projeto de iniciativa popular não alcança matéria constitu-
cional, apenas legislação ordinária e complementar.
Luciana Botelho Pacheco e Paula Ramos Mendes (1998, p. 145-
146) consideram o processo todo como um amontoado de rubricas
que “deve passar, internamente, após ordenação por Município, Esta-
do, Território e Distrito Federal, pelo crivo da conferência, uma a uma,
com legibilidade e registro de identificadores eleitorais confirmados”.
Dado tamanha exigência é difícil apresentar projetos de lei de inicia-
tiva popular, porém possível.
Já os municípios e a União diferem da instância estadual. Todo o
processo da iniciativa popular não está subordinado à norma regula-
mentadora, pois para municípios e União as limitações formais e ma-
teriais já estão especificadas na regulamentação. Para os municípios,
a regulamentação diz que os populares podem apresentar proposi-
ções às Câmaras de Vereadores sobre assuntos locais, acompanhadas
das assinaturas de cinco por cento dos eleitores.
A exigência do processo da iniciativa popular no âmbito da
União traz no artigo autorizador os requisitos necessários quanto ao
texto do dispositivo de iniciativa, e uma extenuante obrigação for-
mal para sua consecução: a assinatura de um por cento do eleitorado
nacional, de pelo menos cinco Estados, relativos a três décimos de
eleitores em cada um deles.
Passados pouco mais de 20 anos da promulgação da Carta, esse
mecanismo se transformou em um “instituto decorativo”, posto que
limitado, porque apenas uma proposição oriunda da Comissão de
Justiça e Paz a Confederação Nacional dos Bispos Brasileiros, referen-
te ao apenamento para compra de votos, foi aprovada.
A estratégia encontrada para sumariar o ritual, mesmo com
agente direto diferente, foi não requerer assinaturas de um número
170 ADRIANA ACCIOLY GOMES MASSA E ANA MARIA COELHO PEREIRA MENDES
Esses instrumentos grupais disponíveis para a prática do Serviço
Social requerem uma finalidade e uma vinculação com a demanda
dos usuários. No que se refere à sua finalidade, deve estar vinculada
ao projeto ético-político profissional.
1. Palestras
2. Dinâmicas Grupais
172 ADRIANA ACCIOLY GOMES MASSA E ANA MARIA COELHO PEREIRA MENDES
çou.” E não fala mais nada, mesmo que o grupo pergunte. É comum
nessa dinâmica que um ou mais participantes tente estourar a bexiga
do outro, protegendo a sua. Em um determinado momento, quando
quase todos estiverem com a bexiga vazia, pede-se para finalizar. E
coloca para o grupo a seguinte pergunta: foi falado que apenas um
participante iria ganhar ou que precisaria estourar a bexiga dos ou-
tros? Todos não poderiam ter ganhado a brincadeira? A partir daí
pode-se trabalhar tanto a comunicação como também as relações
ganha-ganha e ganha-perde. Ou seja, que para um ganhar não pre-
cisa necessariamente o outro perder. E ainda, que para se fortalecer
enquanto coletividade é importante trabalhar em uma relação ga-
nha-ganha. Abre-se essa discussão para o grupo e, posteriormente,
pode-se trabalhar outras temáticas relacionadas a questão do fortale-
cimento comunitário, conforme o exemplo aqui trazido.
Assim, percebe-se que as dinâmicas de grupo podem ser de
grande valia para o assistente social, porém, se não utilizada adequa-
damente, elas podem trazer grandes problemas.
É questionável a utilização de dinâmicas sem a adequada con-
textualização, ou seja, extrair de um manual de dinâmicas de grupo
determinada atividade e aplicá-la em um grupo sem compreender
sua finalidade, apenas com o objetivo de distrair o grupo.
Cabe ainda elucidar que algumas dinâmicas podem favorecer a
participação coletiva para discussão de diversos assuntos de interesse
comum. O segundo exemplo denomina-se painel integrado, é uma
dinâmica que se presta a disseminar informações e reflexões sobre
diversos temas. Uma alternativa de aplicação é a discussão de temas
relacionados às políticas públicas de segurança pública, saúde e edu-
cação em uma determinada comunidade. Dividem-se os participantes
em subgrupos, com tamanho igual, e propõe a cada grupo analisar os
temas propostos, sendo que cada grupo irá analisar um tema distinto.
Após a discussão nos subgrupos, é feita uma segunda rodada de dis-
cussão com um representante de cada grupo, formando assim novos
subgrupos. Cada participante leva o debate do seu primeiro subgru-
po e se inteira do debate dos demais. A partir daí as conclusões são
apresentadas no grande grupo. Essa dinâmica possibilita uma visão
mais ampla da realidade social e do pensamento coletivo.
A dinâmica de grupo é um instrumento que deve contribuir para
a prática do Serviço Social e, para tanto, antes de aplicá-la é impor-
tante definir a finalidade e, após sua conclusão, discutir com grupo
– finalizando a atividade.
Continua
174 ADRIANA ACCIOLY GOMES MASSA E ANA MARIA COELHO PEREIRA MENDES
Exposição, discussão e considerações
finais de um determinado tema, des-
tinado a um público específico. Pode
ser realizado por um especialista ou Geralmente tem um
coordenador. Após as exposições, caráter científico.
Seminário
divide-se em grupos de discussões Utilizado no meio
para elaboração das considerações acadêmico.
finais. Essas considerações finais são
resumidas pelo coordenador e apre-
sentadas.
Geralmente tem um
Composto por conferências, reuniões,
caráter científico.
Congresso simpósios, tudo ao mesmo tempo e
Utilizado no meio
direcionado a um público específico.
acadêmico.
Chamado também de “temporal de
ideias”, tem a finalidade de reunir os
participantes para que estes possam
emitir livremente suas ideias para so-
lucionar uma questão ou problema. Pode ser utilizada em
Brainstorming
Caracteriza-se, geralmente, por duas qualquer espaço.
etapas: a criativa - que consiste na
exposição do tema ou problema, e
a avaliativa - que consiste nas ideias
lançadas e ulterior síntese.
FONTE: as autoras
CONSIDERAÇÕES FINAIS
176 ADRIANA ACCIOLY GOMES MASSA E ANA MARIA COELHO PEREIRA MENDES
do Serviço Social que compreende também um projeto social eman-
cipatório, cuja garantia dos direitos sociais e coletivos sejam garanti-
dos visando a justiça social, tornam-se iminentemente necessárias as
discussões acerca da instrumentalidade como sustentáculo às práti-
cas voltadas à participação popular.
A intenção deste trabalho não é expor modelos instrumentais
prontos com o objetivo de aplicá-los tecnicamente, mas de trazer al-
guns instrumentos e técnicas que possibilitem a construção de prá-
ticas voltadas à coletividade, visando a autonomia, a ampliação da
cidadania e a emancipação.
Apesar das restrições à implementação de instrumentos partici-
pativos, tais mecanismos apresentam vantagens. Eles criam a possi-
bilidade efetiva de legitimação processual de tomada de decisões de
assuntos relevantes para a coletividade em um regime democrático.
Também permitem que o cidadão intervenha nos assuntos de seu
interesse. Mas, indiscutivelmente, a maior vantagem destes mecanis-
mos é o combate intransigente à apatia e alienação políticas que o
profissional de Serviço Social deve promover.
Os adversários dessas iniciativas ou mesmo pessoas indiferen-
tes a elas, acusam que o povo no Brasil ainda não está preparado
para participar do processo de tomada de decisões. Lembram que
a tradição política brasileira sugere que tais iniciativas não terão o
apoio popular para melhorar o sistema político com estes instru-
mentos legais, que podem enfraquecer os princípios representativos.
Daí o papel do Serviço Social de contribuir para o desenvolvimento
de consciências críticas a fim de efetivar esta forma democrática de
participação.
Considera-se este trabalho uma sistematização das experiências
das autoras com a categoria profissional e com a coletividade. Esta
é a oportunidade para construir ou reconstruir um direcionamento
acerca da instrumentalidade do Serviço Social, avaliando que as mu-
danças ocorridas no âmbito do Serviço Social, decorrentes da ruptura
com o conservadorismo, são historicamente novas. Tal fato eviden-
cia a necessidade de ampliação de estudos, pesquisas e discussões
acerca dos instrumentos técnico-operativos do Serviço Social em uma
perspectiva crítica. Precisamos sair do discurso meramente teórico,
compreendendo a dimensão técnico-operativa na realidade social em
sua complexidade, e aceitar o desafio de apresentar o que se faz efe-
tivamente na prática, ampliando, assim, o horizonte do saber.
AZAMBUJA, Darcy. Teoria geral do Estado. 27. ed. Rio de Janeiro : Globo, 1988.
BERLINGUER, Giovanni. Bioética cotidiana. Brasília: Editora UnB, 2004.
BENEVIDES, Maria Victoria. A cidadania ativa: referendo, plebiscito e iniciativa popu-
lar. 2. ed. São Paulo: Ática, 1996.
BONAVIDES, Paulo. Ciência Política. 10. ed. São Paulo: Malheiros, 2003.
BOBBIO, Norberto. A era dos direitos. Rio de Janeiro: Campus, 2004.
_____. Estado, governo, sociedade: para uma teoria geral da política. 13. ed. Tradu-
ção de Marco Aurélio Nogueira. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2007.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Texto
constitucional de 5 de outubro de 1988. Brasília: Câmara dos Deputados, Coordena-
ção de Publicações, 1998.
COUTO, Berenice Rojas. O Direito Social e a Assistência Social na Sociedade Brasi-
leira: uma equação possível? 3. ed. São Paulo: Cortez Editora, 2008. v. 1. 198 p.
DAL BOSCO, Maria Goretti. Audiência pública como direito de participação. Revis-
ta Jurídica UNIGRAN. Dourados, 2002. Disponível em: <http://www.unigran.br/ revis-
tas/juridica/ed_anteriores/08/artigos/10.pdf>. Acesso em: 1 fev. 2010.
FRANCO, Augusto de; POGREBINSCHI, Thamy. Democracia cooperativa: escritos
políticos de John Dewey (1927-1939). Rio de Janeiro: EDIPUCRS, 2008.
GORDILLO, AGUSTÍN. Tratado de derecho administrativo, El procedimiento admi-
nistrativo. 9. ed. Buenos Aires, F.D.A., 2006.
GROSSI, Paolo. Primeira lição sobre direito. Rio de Janeiro: Forense, 2006.
LESSA, Sérgio. A emancipação política e a defesa de direitos. Revista Serviço Social
& Sociedade. São Paulo: Cortez, n. 90, p. 35-57, jun. 2007. (1)
MATOS, Olgária C. F. A escola de Frankfurt: luzes e sombras do Iluminismo. 2. ed.
São Paulo: Moderna, 2005.
PEREIRA, Luís Fernando Lopes. Razão (crítica) moderna e direito: por uma menta-
lidade jurídica emancipatória. In: XV CONGRESSO NACIONAL DO CONPEDI - MA-
NAUS:, 15, 16, 17, 18 nov. 2006.
PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA. Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999. Disponível
em: <http://www.planalto.gov.br/CCIVIL/LEIS/L9784.htm>. Acesso em: 24 fev. 2010.
SANTOS, Boaventura de Sousa. A crítica da razão indolente: contra o desperdício da
experiência. 4. ed. São Paulo: Cortez, 2002. (Para um novo senso comum: a ciência, o
direito e a política na transição paradigmática, v. 1).
_____. Reconhecer para libertar: os caminhos do cosmopolitismo multicultural. Rio
de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003. (Reinventar a emancipação social: para novos
manifestos, v. 3).
178 ADRIANA ACCIOLY GOMES MASSA E ANA MARIA COELHO PEREIRA MENDES
_____. Conhecimento prudente para uma vida decente: um discurso sobre as ciên-
cias - revisitado. São Paulo: Cortez, 2004.
_____. Democratizar a democracia: os caminhos da democracia participativa. 3. ed.
Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005. (Reinventar a emancipação social: para
novos manifestos, v. 1).
_____. A gramática do tempo: para uma nova cultura política. São Paulo: Cortez,
2006. (Para um novo senso comum: a ciência, o direito e a política na transição pa-
radigmática, v. 4).
_____. Para uma revolução democrática da justiça. São Paulo: Cortez, 2007. (Cole-
ção questões da nossa época, v. 134).
_____. Renovar a teoria crítica e reinventar a emancipação social. São Paulo: Boi-
tempo, 2007.
SOUZA, Maria do Carmo Campello. Estado e partidos políticos no Brasil (1930 a
1964). São Paulo: Editora Alfa-Ômega, 1976.
ZOLO, Danilo; COSTA, Pietro. O estado de direito: história, teoria, crítica. Martins
Fontes, 2007.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
Dorival da Costa1
Márcia Terezinha de Oliveira2
1 Possui graduação em Serviço Social pela Faculdades Integradas Espírita (2001), gra-
duação em Teologia pelo Seminário Presbiteriano do Sul (1983), graduação em Ba-
charelado em Psicologia pela Universidade Estadual de Maringá (1994), Mestrado em
Tecnologia pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (2005) e aperfeiçoamento
em Pedagogia Religiosa pelo Centro de Treinamento do Magistério (1993). Sócio Ge-
rente do Centro de Estudos e Projetos em Educação, Cidadania e Desenvolvimento
Profissional. Coordenador do curso de Graduação em Serviço Social pela UNINTER.
2 Possui graduação em Serviço Social pela Faculdade de Ciências Humanas e Sociais
de Curitiba (1986), Especialização em Políticas Sociais pela Universidade Nacional de
Brasília e mestrado em Serviço Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
(2002). Atualmente é professora adjunta da Pontifícia Universidade Católica do Paraná.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS:
BARROCO, M. L. Bases filosóficas para uma reflexão ética e Serviço Social. In: Serviço
Social e Sociedade. n. 39. São Paulo: Cortez, 1992.
BATTINI, Odária. A pesquisa nas ciências sociais: desafios e perspectivas. II Jornada
Científica de Pesquisa Social. UEPG. Ponta Grossa. 2002.
BATTINI, Odária. Atitude investigativa e formação profissional. Serviço Social e So-
ciedade n. 45. Ano XV. Cortez. São Paulo. 1994. p. 142-146.
BATTINI, Odária. A questão da Instrumentalidade. Texto de apoio para discussão na
disciplina de Metodologia de Serviço Social, 2001. Mimeo.
CONSELHO FEDERAL DE SERVÇO SOCIAL. Código de Ética do Assistente Social, Lei
n. 273/93. Brasília, 1993.
CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL. Lei que Regulamenta a Profissão de
Serviço Social. Lei n. 8662/93. Brasília, 1993.
CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL (Org.). Estudo social em perícias, laudos
e pareceres técnicos: contribuição ao debate no judiciário, no penitenciário e na
previdência social. São Paulo: Cortez, 2003.
REFERÊNCIAS
ANEXOS 237
RESOLVE:
238 ANEXOS
Art. 7º - O assistente social deve informar por escrito à entidade,
instituição ou órgão que trabalha ou presta serviços, sob qualquer
modalidade, acerca das inadequações constatadas por este, quanto
as condições éticas, físicas e técnicas do exercício profissional, suge-
rindo alternativas para melhoria dos serviços prestados.
Parágrafo Primeiro - Esgotados os recursos especificados no
“caput” do presente artigo e deixando a entidade, instituição ou ór-
gão de tomar qualquer providência ou as medidas necessárias para
sanar as inadequações, o assistente social deverá informar ao CRESS
do âmbito de sua jurisdição, por escrito, para intervir na situação.
Parágrafo Segundo - Caso o assistente social não cumpra as exi-
gências previstas pelo “caput” e/ou pelo parágrafo primeiro do pre-
sente artigo, se omitindo ou sendo conivente com as inadequações
existentes no âmbito da pessoa jurídica, será notificado a tomar as
medidas cabíveis, sob pena de apuração de sua responsabilidade tica.
ANEXOS 239
da, em respeito aos usuários e aos princípios éticos que norteiam a
profissão.
Art. 11- Os casos omissos e aqueles concernentes a interpreta-
ção abstrata geral da norma, serão resolvidos e dirimidos pelo Con-
selho Pleno do CFESS.
Elisabete Borgianni
Presidente do CFESS
240 ANEXOS
RESOLUÇÃO CFESS Nº 556/2009 de 15 de
setembro de 2009
ANEXOS 241
que sua revisão foi aprovada em reunião do Conselho Pleno do CFESS
em 05 de setembro de 2009;
RESOLVE:
242 ANEXOS
Art. 5º – Na impossibilidade de fazê-lo, o material deverá ser
lacrado na presença de um representante ou fiscal do CRESS, para
somente vir a ser utilizado pelo assistente social substituto, quando
será rompido o lacre, também na presença de um representante do
CRESS.
Parágrafo Único – No caso da impossibilidade do compareci-
mento de um fiscal ou representante do CRESS, o material será desla-
crado pelo assistente social que vier a assumir o setor de Serviço So-
cial, que remeterá, logo em seguida, relatório circunstanciado do ato
do rompimento do lacre, declarando que passará a se responsabilizar
pela guarda e sigilo do material.
ANEXOS 243
Art. 10 – A presente Resolução será publicada integralmente no
Diário Oficial da União, para que passe a surtir seus regulares efeitos
de Direito.
244 ANEXOS
RESOLUÇÃO CFESS Nº 557/2009
de 15 de setembro de 2009
ANEXOS 245
técnico em matéria de Serviço Social, mesmo considerando a atuação
destes em equipe multiprofissional;
Considerando, a necessidade de regulamentar a matéria em
âmbito nacional, para orientar a prática profissional do assistente so-
cial, na sua atuação em equipes multiprofissionais;
Considerando as normas previstas no Código de Ética do Assis-
tente Social, regulamentado pela Resolução CFESS nº 273/93 de 13
de março de 1993;
Considerando que é função privativa do assistente social a re-
alização de vistorias, perícias técnicas, laudos periciais, informações,
pareceres, ou seja, qualquer manifestação técnica, sobre matéria de
Serviço Social, em conformidade com o inciso IV do artigo 5º da Lei
8662 de 07 de junho de 1993;
Considerando ser de competência exclusiva do CFESS a regu-
lamentação da presente matéria, conforme previsão do “caput” e de
seu inciso I do artigo 8º da Lei 8662/93;
RESOLVE:
246 ANEXOS
Art. 3º. O assistente social deve, sempre que possível, integrar
equipes multiprofissionais, bem como incentivar e estimular o traba-
lho interdisciplinar.
ANEXOS 247
Art. 7º. Os casos omissos serão resolvidos pelo Conselho Pleno
do CFESS.
248 ANEXOS
RESOLUÇÃO CFESS N° 559,
de 16 de setembro de 2009.
ANEXOS 249
Considerando o artigo 433 do Código de Processo Civil/ CPC,
que prevê que somente os peritos apresentam o laudo perante o car-
tório competente, sendo que os assistentes técnicos apresentam seus
pareceres no prazo comum de dez dias, após intimadas as partes da
apresentação do laudo;
Considerando que a prova pericial e a prova testemunhal não
se confundem, possuindo, cada uma delas, seus pressupostos jurídi-
cos próprios, bem como finalidade específica;
Considerando que a testemunha só depõe sobre fatos e, nes-
ta medida, qualquer avaliação técnica não pode ser feita através da
oitiva de testemunha e sim através de prova pericial, que deve ser
requerida e determinada pelo Juízo competente;
Considerando que o Conselho Federal de Serviço Social, usan-
do das atribuições que lhe confere o artigo 8º. da Lei 8.662/93 e a
partir dos pressupostos dos artigos 4º. e 5º é o órgão competente
para expedir norma para regulamentar o exercício profissional do as-
sistente social;
Considerando que o profissional assistente social, devidamen-
te inscrito no Conselho Regional de Serviço Social de sua área de atu-
ação, está devidamente habilitado para exercer as atividades que lhes
são privativas e as de sua competência, nos termos previstos pela Lei
8.662/93, em qualquer campo, ou em qualquer área;
Considerando que a presente Resolução traduz os pressupostos
do direito administrativo, que dizem respeito aos interesses públicos
e coletivos, tendo como objetivo tutelar os interesses da sociedade,
constituída por sujeitos de direito;
Considerando que a presente norma está em conformidade
com as normas e princípios do Direito Administrativo e com o interes-
se público, que exige que os serviços prestados pelo assistente social,
ao usuário sejam efetivados com absoluta qualidade e competência
ética e técnica e nos limites de sua atribuição profissional;
Considerando a aprovação da presente Resolução pelo Conse-
lho Pleno do CFESS, reunido em Campo Grande/MS, em 05 e 06 de
setembro de 2009;
RESOLVE:
250 ANEXOS
ência, por determinação ou solicitação do Juiz, Curador, Promotor de
Justiça ou das partes se restringirá a prestar esclarecimentos, formu-
lar sua avaliação, emitir suas conclusões sempre de natureza técnica,
sendo vedado, nestas circunstâncias, prestar informações sobre fatos,
principalmente em relação aqueles presenciados ou que tomou co-
nhecimento em decorrência de seu exercício profissional.
ANEXOS 251
Art. 7º. A publicação da presente Resolução surtirá os efeitos
legais da Notificação, prevista pela alínea “b” do artigo 22 do Código
de Ética do Assistente Social.
252 ANEXOS
SOBRE OS AUTORES
tr ob re
la
ab ab
or se io al c
ho
da c r v nam
en vi g om a e
t tsi e g r
ç nt
pe re a d m upo o
ã o
rí o s m
ic
ci vi
a st ili
re so a ar
un ci
al
iã
o
SOBRE OS AUTORES
ISBN: 978-85-67798-58-5
série
referência