Arte Na Educação. Apostila
Arte Na Educação. Apostila
Arte Na Educação. Apostila
Fonte: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/arte.pdf
Leia a poesia abaixo e perceba que, em versos e rimas harmônicas, a autora está
tratando da Arte na construção da história do homem.
O Homem e a Arte
Autora: Clotilde Tavares
Os artistas do desenho
Da pintura e da escultura
Lidam com volume e forma
Dando sentido à figura
A obra assim se completa
Plano, linha, curva e reta
Perspectiva e textura.
Cinema e fotografia
São artes como as demais
A grafitagem, os quadrinhos
E os processos virtuais
Feitos no computador
Possuem grande vigor
Nestes tempos atuais.
A música está nos sons
Que a natureza oferece
Trabalhados pelo artista
Que com eles sonha e tece
O samba, o rock e a sonata
A sinfonia e a cantata
Canções que ninguém esquece.
O teatro é a maravilha
Que junta no mesmo dia
O texto, a luz, os atores
Cenário, som, melodia
Cria do nada uma história
Que fica em nossa memória
Que marca, instiga, extasia.
Fonte: http://revistaescola.abril.com.br/formacao/homem-arte-429578.shtml
Esses e muitos outros lemas foram aplicados mecanicamente nas escolas, gerando
deformações e simplificações na ideia original, o que redundou na banalização do “deixar
fazer” — ou seja, deixar o aluno fazer arte, sem nenhum tipo de intervenção. Ao professor,
destinava-se um papel cada vez mais irrelevante e passivo. A ele não cabia ensinar nada e a
arte adulta deveria ser mantida fora dos muros da escola, pelo perigo da influência que
poderia macular a “genuína e espontânea expressão infantil”. O princípio da livre expressão
enraizou-se e espalhou-se pelas escolas.
Desse modo, entende-se que cumpre à escola assegurar aos seus alunos a afetiva
construção de conhecimento em Arte, o que significa mais do que a mera reprodução de
formas, ou execução de técnicas muitas vezes destruídas de qualquer dissensão estética
efetiva. Significa oportunizar aos alunos o domínio dos elementos das diversas linguagens, de
modo que possam expressar-se com autonomia por meio delas e, ao mesmo tempo, possam
apreciar diferentes fazeres artísticos, reconhecendo seu valor estético e compreendendo suas
relações com o tempo, a história e o ambiente em que foram produzidos.
Fonte: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/arte.pdf
Você sabia que:
É possível mostrar as diferenças e pluralidades de cada indivíduo pela arte, com suas
diversas formas de construir e reconstruir o mundo. Vale dizer que, neste processo, as
identidades estão em constante mutação. É através do imaginário que o ser humano projeta no
tempo a recriação do universo. A arquitetura do porvir, que pode ser projetada através da arte,
nos permite múltiplas invenções, dando sentido a nossa existência e nos levando a agir. Para
Ianni (2001), é “possível dizer que no futuro esconde-se a utopia. Pode ser uma projeção do
presente, aprimorado ou purificado; mas também pode ser uma projeção do passado,
idealizado. Há sempre algo de utopia ou nostalgia, quando se pensa o futuro, enquanto mundo
possível, almejado” (p.21).
No ensino das Artes Visuais, a proposta triangular criada por Ana Mae Barbosa,
caracterizava-se pela entrada da imagem, sua decodificação e interpretações na sala de aula,
junto a já conquistada expressividade. Essa proposta foi pesquisada entre 1987 e 1993 no
MAC-USP. A autora queria:
Ana Mae Barbosa afirma que a arte na educação é uma expressão pessoal e cultural.
Por meio dela é possível desenvolver a percepção e a imaginação, aprender a realidade do
meio ambiente, desenvolver a capacidade crítica, permitindo ao indivíduo analisar a realidade
percebida e desenvolver a criatividade de maneira a mudar a realidade analisada.
ATIVIDADE
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O ensino de Arte foi fortemente influenciado pelo movimento da Escola Nova, que
surgiu na Europa e nos Estados Unidos no século XIX, e foi difundido no Brasil a partir de
1930. Nesse movimento, as atividades voltam-se para o desenvolvimento natural da criança e
as práticas pedagógicas são redimensionadas, dirigindo toda atenção do processo ensino-
aprendizagem, que era centrado no professor, para o desenvolvimento do aluno. Houve uma
mudança brusca da Pedagogia Tradicional para a Pedagogia Nova, o aluno passou a ser
responsável pela busca do seu próprio conhecimento através de experimentos.
O ideal da liberdade de expressão, difundida por esse movimento, contribuiu para que
o momento das aulas de Arte fosse visto como um espaço onde tudo era permitido. Um fato
marcante para o desenvolvimento das atividades artísticas no Brasil foi a “Semana de Arte
Moderna de São Paulo” realizada em 1922, importante para a caracterização do movimento
modernista. Vale salientar que até este momento o trabalho com Arte enfocava muito mais o
ensino do desenho e, deixando para segundo plano, as demais modalidades artísticas.
De acordo com Marques (2001, p. 32) somente no final da década de 1990, entidades,
associações e órgãos governamentais preocuparam-se em incluir outras linguagens artísticas
nas discussões acerca do ensino de Arte. Entre os anos de 1960 e 1970 surge uma nova
tendência pedagógica, a Pedagogia Tecnicista, época em que o Brasil viveu um momento
político conturbado diante da ditadura militar. Nesse contexto, o ensino de Arte passa a ser
centrado no mercado de trabalho, priorizando o ensino de técnicas voltadas para a formação
de mão de obra barata destinada a um mercado tecnológico em expansão.
O século XX foi um período em que se pôde refletir sobre qual o lugar das artes na
educação. Depois de muita discussão, chega-se a conclusão de que a educação em arte é
importante na formação do indivíduo. Em 1971, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional, LDB nº 5.692, que institui o ensino profissionalizante, a Arte é incluída como
Educação Artística no currículo escolar.
A Arte, neste momento, é vista como uma atividade educativa e não como uma
matéria. Mesmo assim, é percebido um avanço considerável, pois parte de pressupostos
inovadores e, principalmente, no que tange à formação do indivíduo, ela ocupa papel
importantíssimo. Contudo, o desenvolvimento efetivo da Educação Artística nas escolas,
deixou muito a desejar, visto que a falta de professores com formação específica em Artes
Plásticas, Educação Musical e Artes Cênicas não era suficiente para atender as necessidades
da época, o que pode ser observado ainda nos nossos dias.
Dentre as habilidades e competências que devem ser observadas pelos professores nos
alunos, estão as de cunho artístico. É pensar em uma educação que dê ao aluno a chance de
poder desenvolver seu potencial de criação, de produção, de execução de suas atividades.
Neste momento, a escola entra como uma espécie de elo entre o que a sociedade propaga e o
desejo do aluno em poder desenvolver atividades que suas vontades e seus sonhos,
representem suas fantasias.
Vale ressaltar que o documento oficial deixa claro que, devido ao fato de o professor
das séries iniciais não ter uma formação específica na área, não se faz diferenciação dos
conteúdos por ciclo, ou série, cabendo ao professor promover uma variação nas modalidades
artísticas que serão trabalhadas.
2-
A linguagem musical está presente na vida dos seres humanos e há muito tempo faz
parte da educação de crianças e adultos. Desde o nascimento, a criança tem necessidade de
desenvolver o senso de ritmo, pois o mundo que a rodeia expressa uma profusão de ritmos
evidenciados por diversos aspectos: no relógio, no andar das pessoas, no voo dos pássaros,
nos pingos de chuva, nas batidas do coração, numa banda, num motor, no piscar de olhos e até
mesmo na voz das pessoas mais próximas.
A música está presente nas tradições e nas culturas dos povos em diferentes épocas.
Sua presença está no dia a dia das pessoas e, pela sua complexidade de conhecimento, torna-
se necessário sua sistematização através da educação formal, como proposta curricular
pedagógica. Portanto, é preciso fazer uma reflexão crítica sobre as várias funções que a
música assume ao longo da história, a fim de construir uma estrutura sólida na prática
pedagógica da educação musical. Música é linguagem, portanto, deve seguir o mesmo
processo de desenvolvimento que se adota quanto à linguagem falada, ou seja, deve-se expor
a criança à linguagem musical e dialogar com ela. O educador consciente deve ter como
objetivo principal o de trabalhar todas as áreas de conhecimento do seu aluno, inclusive a
linguagem musical.
A música representa uma importante fonte de estímulos, equilíbrio e felicidade para a criança.
O ensino da música favorece o gosto estético e a expressão artística, contribui para que a
criança tenha uma cultura musical desde muito cedo, dessa forma, estaremos educando-as
para serem adultos capazes de usufruir a música, de analisá-la e de compreendê-la.
São inúmeros os projetos desenvolvidos nas escolas brasileiras que têm como objetivo
ampliar o conhecimento e a vivência musical dos alunos. Vejam alguns:
De acordo com a proposta curricular para o Ensino de Educação Artística do Estado de
São Paulo (1988:10):
O ser humano tem várias maneiras de responder aos estímulos do meio ambiente – o
movimento é uma delas. O corpo mantém constante relação com o ambiente que o cerca.
Quando a criança respira, corre, fala, cheira, olha, ouve, anda, canta, dança, estabelece uma
relação com o meio através de sua leitura particular do mundo. Muitos pesquisadores afirmam
que utilizamos nosso universo interior perceptivo e cognitivo – ideológico a fim de que se
processe a leitura através do diálogo entre nós e o objeto lido. Sendo assim, o nosso corpo
expressa sensações, emoções, sentimentos e pensamentos.
É importante realizar algumas atividades com as crianças para que elas possam sentir o
som como: bater palmas, espirrar, estalar dos dedos, assobiar. Sons da natureza também são
necessários para o desenvolvimento dos alunos, por exemplo: o som da chuva, vento, animais,
folha seca, cachoeira. Objetos com diferentes sons também são importantes como: relógio,
chocalhos, sinos, apitos.
A vibração de um corpo sonoro produz ondas sonoras percebidas pelo ouvido como
sons. A altura é a qualidade que permite classificar os sons em graves e agudos e está
relacionada com as vibrações do corpo sonoro. Os sons perceptíveis ao ouvido humano são os
que apresentam de 16 a 30 mil vibrações por segundo. Os sons musicais são os que
apresentam de 32 a 40 mil vibrações por segundo.
Fonte: http://epoca.globo.com/ideias/noticia/2016/05/importancia-do-ensino-das-artes-na-escola.html
Acesso: 06 de maio, 2017.
"A arte coloca crianças e adolescentes em contato com suas emoções e também
trabalha o lado racional", diz Ana Mae Barbosa (Foto: Divulgação)
ATIVIDADE
Podemos afirmar que um dos pontos mais discutidos da agenda educacional, nos dias
de hoje, tem sido a formação do professor. Inúmeras são as tentativas de adequação e, no que
tangem aos professores de Arte, essas questões se tornam um pouco mais complexas.
Acredita-se que, para haver uma efetiva atualização na concepção dos currículos, faz-
se necessário não somente um maior comprometimento dos educadores, como também
interesse efetivo das instituições.
Nas primeiras décadas do século XX, o ensino de Arte é identificado pela visão humanista e
cientificista que demarcou as tendências pedagógicas da escola tradicional e nova. Embora ambas se
contraponham em proposições, métodos e entendimento dos papéis do professor e do aluno, as
influências que exerceram nas ações escolares de Arte foram tão marcantes que ainda hoje
permanecem mescladas na prática de professores de Arte.
Na primeira metade do século XX, as disciplinas Desenho, Trabalhos Manuais, Música e Canto
Orfeônico faziam parte dos programas das escolas primárias e secundárias, concentrando o
conhecimento na transmissão de padrões e modelos das classes sociais dominantes. Na escola
tradicional, valorizavam-se principalmente as habilidades manuais, os “dons artísticos”, os hábitos de
organização e precisão, mostrando ao mesmo tempo uma visão utilitarista e imediatista da arte.
instrumentos e a reprodução de clichês; ou seja, era considerada mais por sua função do que uma
experiência artística.
Entre os anos 20 e 70, muitas escolas brasileiras viveram também outras experiências no
âmbito do ensino e aprendizagem de Arte, fortemente sustentadas pela estética modernista e com
base nas tendências pedagógicas e psicológicas que marcaram o período. Contribuíram para essas
influências os estudos de psicologia cognitiva, psicanálise, gestalt, bem como os movimentos
filosóficos que embasaram os princípios da Escola Nova.
O ensino de arte volta-se para o desenvolvimento natural do aluno, centrado no respeito às
suas necessidades e aspirações, valorizando suas formas de expressão e de compreensão do mundo.
As práticas pedagógicas, diretivas, com ênfase na repetição de modelos e no professor, são revistas,
deslocando-se a ênfase para os processos de desenvolvimento do aluno e sua criação.
As aulas de Desenho e Artes Plásticas das Escolas Experimentais e Vocacionais (em São
Paulo), além de outros centros brasileiros, assumem concepções de caráter mais expressivo,
buscando a espontaneidade e valorizando o crescimento ativo e progressivo do aluno. As atividades
de Artes Plásticas mostram-se como espaço de invenção, autonomia e descobertas, baseando-se
principalmente na autoexpressão dos alunos.
Os professores da época estudam as novas teorias sobre o ensino de Arte divulgadas no Brasil
e no exterior, as quais favorecem o rompimento com uma estética direcionada unicamente à
imitação, que demarca a escola tradicional. Com essas novas orientações, observam-se mudanças nas
ações pedagógicas de arte de muitos professores, embora ainda hoje essas tendências façam parte
das escolas brasileiras.
Em 1971, pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a arte é incluída no currículo
escolar com o título de Educação Artística, mas é considerada “atividade educativa” e não disciplina,
tratando de maneira indefinida o conhecimento. A introdução da Educação Artística no currículo
escolar foi um avanço, principalmente pelo aspecto de sustentação legal para essa prática e por
considerar que houve um entendimento em relação à arte na formação dos indivíduos. No entanto, o
resultado dessa proposição foi contraditório e paradoxal. Muitos professores não estavam habilitados
e, menos ainda, preparados para o domínio de várias linguagens, que deveriam ser incluídas no
conjunto das atividades artísticas (Artes Plásticas, Educação Musical, Artes Cênicas).
A implantação da Educação Artística abriu um novo espaço para a arte, mas ao mesmo tempo
percebeu-se que o sistema educacional vinha enfrentando dificuldades de base na relação entre
teoria e prática em arte e no ensino e aprendizagem desse conhecimento.
CONTEÚDOS DE ARTE
Os conteúdos de Arte estão organizados de maneira que possam ser trabalhados ao
longo do ensino fundamental e seguem os critérios para seleção e ordenação propostos pelos
Parâmetros Curriculares Nacionais. A apresentação dos conteúdos gerais tem por finalidade
encaminhar os conteúdos específicos das linguagens artísticas Artes Visuais, Dança, Música e Teatro,
que serão definidos nos ciclos correspondentes. Assim, os conteúdos gerais do ensino de Arte são:
• elementos básicos das linguagens artísticas, modos de articulação formal, técnicas, materiais e
procedimentos na criação em arte;
• diversidade das formas de arte e concepções estéticas da cultura regional, nacional e internacional:
produções e suas histórias;
O mundo atual caracteriza-se entre outros aspectos pelo contato com imagens, cores e luzes
em quantidades inigualáveis na história. A criação e a exposição às múltiplas manifestações visuais
gera a necessidade de uma educação para saber ver e perceber, distinguindo sentimentos, sensações,
ideias e qualidades contidas nas formas e nos ambientes. A aprendizagem de Artes Visuais favorece
as compreensões mais amplas sobre conceitos acerca do mundo e de posicionamentos críticos.
As artes visuais, além das formas tradicionais — pintura, escultura, desenho, gravura,
arquitetura, objetos, cerâmica, cestaria, entalhe —, incluem outras modalidades que resultam dos
avanços tecnológicos e transformações estéticas do século XX: fotografia, moda, artes gráficas,
cinema, televisão, vídeo, computação, performance, holografia, desenho industrial, arte em
computador. Cada uma dessas modalidades artísticas tem a sua particularidade e é utilizada em
várias possibilidades de combinações entre elas, por intermédio das quais os alunos podem
expressar-se e comunicar-se entre si e com outras pessoas de diferentes maneiras. No mundo
contemporâneo as linguagens visuais ampliam-se, fazendo novas combinações e criam novas
modalidades. A multimídia, a performance, o videoclipe e o museu virtual são alguns exemplos em
que a imagem integra-se ao texto, som e espaço.
DESENHO
(Claparède)
O desenho é uma das manifestações semióticas, isto é, uma das formas através das quais a
função de atribuição da significação se expressa e se constrói. Desenvolve-se concomitantemente às
outras manifestações, entre as quais o brinquedo e a linguagem verbal (PIAGET, 1973). A criança,
inicialmente, vê o desenho como simplesmente uma ação sobre uma superfície, sentindo prazer em
“rabiscar”, explorar e descobrir as cores e novas superfícies. Essa é a chamada fase da garatuja.
Com as novas experiências de mundo que a criança adquire, as garatujas vão evoluindo,
ganhando formas definidas com maior ordenação. O papel não é mais apenas uma superfície para os
rabiscos infantis. Ele passa a ser uma superfície na qual a criança expressará o que vive diariamente,
ou seja, expressará a alegria, a tristeza, os passeios que mais interessaram, a dinâmica familiar
(inclusive os conflitos vividos dentro de casa).
Segundo Cunha, “devemos lembrar que os registros resultam de olhares sobre o mundo. Se o
olhar é desinteressado e vago, as representações serão opacas e uniformes. (Referencial Curricular
Nacional, 1999, p. 12)”.
[...] a criança desde bebê mantém contato com as cores visando explorar os
sentidos e a curiosidade dos bebês em relação ao mundo físico, tendo em vista que,
nesse período, descobrem o mundo através do conhecimento do seu próprio corpo
e dos objetos com que eles têm possibilidade de interagir. (CUNHA, 1999, p. 18).
Através dos traços feitos pela criança, até mesmo pelas cores usadas, o professor consegue
perceber o que está acontecendo com ela, e que pode estar levando-a ao fracasso escolar. Com o
avançar do desenho infantil, a criança também desenvolve melhor o seu cognitivo, já que ela,
primeiro, representa o que vê para depois representar o que está gravado (fotografado) na memória,
ou seja, ela aprende a sair do plano palpável para o plano abstrato. O que ajudará muito na iniciação
matemática, futuramente, com as tão “temidas continhas” que são trabalhadas de forma tátil para
depois ser retratadas de forma abstrata. Dessa forma, o desenho passa a ter uma significação muito
mais ampla na educação infantil e, assim, merece ser tratado como mais que simples rabiscos, sendo
valorizado como um auxiliador importante no desenvolvimento da criança.
(Pablo Picasso)
As atividades em artes plásticas que envolvem os mais diferentes tipos de materiais indicam
às crianças as possibilidades de transformação, de (re-) utilização e de construção de novos
elementos, formas, texturas etc.
A relação que a criança pequena estabelece com os diferentes materiais acontece, no início,
por meio da exploração sensorial e da sua utilização em diversas brincadeiras. Representações
bidimensionais e construção de objetos tridimensionais nascem do contato com novos materiais, no
fluir da imaginação e no contato com as obras de arte.
OBJETIVOS:
• utilizar diversos materiais gráficos e plásticos sobre diferentes superfícies para ampliar suas
possibilidades de expressão e comunicação.
Para esta fase, os objetivos estabelecidos para a faixa etária de zero a três anos deverão ser
aprofundados e ampliados, garantindo-se, ainda, oportunidades para que as crianças sejam capazes
de:
• interessar-se pelas próprias produções, pelas de outras crianças e pelas diversas obras artísticas
(regionais, nacionais ou internacionais) com as quais entrem em contato, ampliando seu
conhecimento do mundo e da cultura;
CONTEÚDOS:
• Cuidado com o próprio corpo e dos colegas no contato com os suportes e materiais de artes.
• Exploração e utilização de alguns procedimentos necessários para desenhar, pintar, modelar etc.
• Valorização de suas próprias produções, das de outras crianças e da produção de arte em geral.
• Apreciação das suas produções e das dos outros, por meio da observação e leitura de alguns dos
elementos da linguagem plástica.
• Observação dos elementos constituintes da linguagem visual: ponto, linha, forma, cor, volume,
contrastes, luz, texturas.
Convém ainda lembrar que a necessidade e o interesse também são criados e suscitados na
própria situação de aprendizagem.
Fonte:http://cursodeeducacaoinfantil.blogspot.com.br/2011/01/crianca-e-as-artes-visuais.html
PINTURA
Apreciar a pintura é uma fonte inesgotável de encantamento e alegria. A pintura é o ramo da
arte visual pode ser definida com a arte da cor. Se no desenho o que mais se utiliza é o traço, na
pintura o mais importante é a mancha da cor. Ao pintar, vamos colocando sobre uma superfície, o
papel, a tela ou a parede cores que representam seres e objetos, ou que criam formas. Pode-se dizer
que desde as cavernas o ser humano produz pinturas. Na pré-história a tinta era conseguida a partir
de madeira, ossos queimados, cal, terra, minérios em pó, misturados à água ou à gordura dos
animais.
A pintura trabalhada com as crianças tem objetivos que vão além do simples prazer em
manipular mãos e pincéis. Através do contato com diversos materiais disponíveis para a manipulação
com as tintas, cola, álcool, entre outros, as crianças podem expressar sentimentos diversos na
superfície trabalhada, além de desenvolver, assim como o desenho, sua habilidade motora que,
futuramente, na sua alfabetização, será fundamental no desenvolver das letras.
Pintar é, antes de tudo, uma arte que deve ser usada também na Educação Infantil como
fator de desenvolvimento motor, afetivo e social da criança. Interpretar obras, recriar imagens, pintar
por observação são atividades que mostram possibilidades de transformações, de reconstrução, de
reutilização e de construção de novos elementos, formas, texturas, etc.
A relação que a criança estabelece com os diferentes materiais ocorre, no início, por meio da
exploração sensorial e da utilização em diversas brincadeiras. Tudo isso influenciará na sua
criatividade e imaginação. Uma característica essencial da pintura é o que se pode ou não fazer com
ela através do jogo de cores.
A criança não constitui um conceito de cor olhando simplesmente algo colorido, mas durante
repetidas ações de comparar, nomear, transformar, enfim, falar das relações entre as cores que são
apenas três básicas (azul, vermelho, amarelo), que formam todas as outras. Percebendo isso, o lado
sensível e imaginário da criança pode ser aguçado, ajudando-a a se formar como um ser completo,
criativo, concentrado.
Nas artes visuais a forma em três dimensões tem um espaço muito importante. Há duas
técnicas para realizá-la: a escultura e a modelagem. Ambas consideram a largura, a altura e a
profundidade, ou seja, as três dimensões do objeto. A modelagem trabalha com material flexível:
barro, argila, cera, massa de biscuit caseira, jornal, gesso, pastas plásticas industrializadas.
RECORTE E COLAGEM
O recorte e a colagem são um processo usado há muitos anos para decorar igrejas, praças,
casas, quadros, usando diferentes materiais como, por exemplo, ladrilhos, pedras, papéis e outros. A
junção desses materiais formava uma figura, denominada mosaico.
Com a folha de papel à sua frente, a criança tem condições de explorar vários aspectos dela.
Surgem ideias sobre o que se pode fazer com ela; experimentam-se sensações passando a mão sobre
ela. Toda exploração leva à aquisição de conhecimentos sobre suas características: se a folha é lisa ou
áspera; se pode ser dobrada ou amarrotada; como ela fica quando é amassada, se resiste aos
rasgões, se pode ser picotada; se ela pode ficar de um jeito que expresse alegria ou tristeza...
Os trabalhos de recorte, colagem e aplicação propiciam à criança dos primeiros anos
escolares o aperfeiçoamento de conteúdos de coordenação motora, criatividade e desenvolvimento
da sensibilidade, noções de espaços e superfície. O primeiro interesse da criança, ainda pequena, é
no recorte puro, sem a intenção de formar figuras. À medida que ganha segurança no domínio da
tesoura sobre o papel, surge a ideia de transformar pedaços de papel em figuras significativas e de
utilizá-las a fim de compor cenas. A partir daí, ela vai manifestando preferências dentro da atividade,
distinguindo papéis e possibilidades de recortes, colagens e aplicações. Revistas, jornais, papéis de
diferentes texturas e pequenos objetos passam a ser vistos como fonte de pesquisa.
Toda criança deve ter liberdade para exercer sua criatividade, executando ideias criativas e o
capricho com o acabamento final das produções artísticas. Picando com as mãos, com o auxílio de
uma tesoura ou simplesmente da forma como encontra o material desejado para a colagem, a
criança trabalha o seu cognitivo ao perceber o tamanho, a espessura e o modo como encaixar a
matéria no local desejado.
Expressando-se no papel, com argila, na tela, fazendo colagem, a criança faz arte
naturalmente. A arte proporciona um contato direto com nossos sentimentos, despertando no
indivíduo maior atenção ao seu processo de sentir.
“A arte capacita um homem ou uma mulher a não ser um estranho em seu meio ambiente nem
estrangeiro no seu próprio país. Ela supera o estado de despersonalização, inserindo o indivíduo no
lugar ao qual pertence, reforçando e ampliando seus lugares no mundo.”
(Ana Mae Barbosa)
A arte é uma linguagem especial. É utilizada para que o ser humano possa mergulhar dentro
de si mesmo, trazendo à tona emoções do próprio ser. Por isso, quando um homem quer falar ao
coração dos outros homens, ele o faz pela linguagem da arte. Quando isso acontece, naquele homem
sente e age o ARTISTA.
O grande desafio é caminharmos para uma educação eficaz e de qualidade, que integre todas as
dimensões do ser humano. Para tal, precisamos de pessoas que façam integrações de si mesmas no
que concerne aos aspectos sensorial, intelectual, emocional, ético e tecnológico. Além disso, que
transitem de forma fácil entre o pessoal e o social, que expressem através de palavras e ações que
estão sempre evoluindo, mudando e avançando.
Nas produções artísticas das crianças, são comuns alguns desenhos estereotipados, como a casinha, a
árvore de maçãs, o “homem palito”, pássaros em forma de um “v” e sol com carinha, pois são essas
figuras que as crianças veem espalhadas pelos murais da própria escola, em revistas ou até mesmo na
TV.
(Claparède)
Cabe ao professor pensar na criança em um universo amplo, onde não seja estereotipada;
mas, sim, estimulada a criar e respeitar as suas produções e as dos colegas, enxergar o mundo com
seus olhos, mostrar-lhe vários caminhos que a levará a um aprendizado maior.
Pensar na criança como um ser inocente e sem critérios estéticos é seguramente ignorar e
menosprezar sua capacidade. Devemos percebê-las, sim, como construtoras de seu próprio universo,
onde suas atitudes e observações são parte deste mundo próprio, onde há a concessão de
participarmos dele. É nessa independência e atemporalidade que o universo infantil se baseia, nos
interesses rápidos e vorazes, nas criações e no faz de conta dessas criaturas ávidas de prazer e vida.
Segundo Dewey, enquanto experiência, a arte faz parte das relações que o homem
estabelece com seu entorno, isto é, a arte ganha um caráter prático e articula-se com a vida e a
cultura.
A criança, mesmo antes de aprender a ler e a escrever, reage positivamente aos estímulos
artísticos, pois ela é criadora em potencial. Nessa fase, as atividades de artes fornecerão ricas
oportunidades para o desenvolvimento das crianças, uma vez que põem ao seu alcance os mais
diversos tipos de material para manipulação.
O uso constante do cantinho das artes desenvolverá nas crianças sua imaginação e sua
sociabilidade, além de dominar as angústias e os medos que aparecem mesclados de fantasia e
realidade. Destaco aqui a importância de oferecer os mais diversos materiais a fim de transformar a
sala de aula e seu cantinho num ambiente realmente estimulante e significativo, propício às
descobertas e à construção de conhecimentos.
As artes também comunicam e expressam volume, espaço, cor e luz na pintura, no desenho,
na escultura, na gravura, na arquitetura, nos brinquedos, nas dobraduras, nos bordados, etc.
Encontramo-las em toda a vida infantil cotidiana, ao rabiscar o papel ou desenhar na areia e nas
paredes, utilizar materiais da natureza, pintar o corpo ou os objetos, em tudo que serve para
expressar experiências sensíveis.
Sendo uma forma de linguagem, a arte justifica sua forte presença na Educação Infantil como
importante meio de expressão e comunicação humanas. Assim sendo, as salas de aula devem ser
“laboratórios” para as crianças, pois é o local propício para exploração, reflexão, ação e elaboração
dos verdadeiros sentidos de suas experiências.
Através das diversas manifestações artísticas, as pessoas podem se expressar de uma forma própria e
singular e superar as mais diversas barreiras da comunicação.
O período dos 2 aos 7 anos é de descoberta com relação a como atuar por meio de
representações, no sentido do uso de linguagens. A criança nessa faixa etária se encontra em fase de
pensamento concreto e faz largo uso de seus sentidos para enriquecer suas experiências. Enquanto
seres em processo de humanização, constroem-se como tal nas relações com a natureza, com seus
semelhantes, consigo mesmo e com sua cultura. Nessa fase, as atividades artísticas fornecerão ricas
oportunidades para o seu desenvolvimento, uma vez que põem ao seu alcance os mais diversos tipos
de material para manipulação.
O Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil (RCNEI) trata a arte como uma das
formas de linguagem e de contato com objetos de conhecimento importantes no desenvolvimento
das capacidades de expressão e comunicação das crianças.
Na Educação Infantil, não deve haver a preocupação com a formação de artistas que
dominam com autonomia a sintaxe das linguagens, mas, sim, em favorecer o acesso às linguagens
com o intuito da formação de leitores, usuários do simbolismo presente nas representações de arte.
*Paty Fonte é educadora especialista em Pedagogia de Projetos; Autora dos livros Pedagogia de Projetos – ano
letivo sem mesmice e Projetos Pedagógicos Dinâmicos: a paixão de educar e o desafio de inovar, publicados
pela Wak Editora; e idealizadora e diretora dos sites:
ATIVIDADE
1. Considerando essas informações, comente a afirmação abaixo, ela está correta ou errada?
Justifique sua resposta.
2. Para que a produção artística do aluno ganhe sentido e possa se enriquecer também pela reflexão
sobre a arte como objeto de conhecimento, os Parâmetros Curriculares Nacionais – Arte propõem
que:
“Além do conhecimento artístico como experiência estética direta da obra de arte,
o universo da arte contém também um outro tipo de conhecimento, gerado pela
necessidade de investigar o campo artístico como atividade humana.”
Para tanto, o referido documento delimita o fenômeno artístico não só como estrutura
formal, mas também, como produto das culturas e parte da história. Explique essa afirmativa com
suas próprias palavras e dê exemplos para ilustrar sua resposta.