Caracterização Microestrutural e Comportamento Mecânico Da Liga Inconel 718

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RELATÓRIO FINAL

Período: fevereiro/2010 a janeiro/2011

CARACTERIZAÇÃO MICROESTRUTURAL E
COMPORTAMENTO MECÂNICO DA LIGA INCONEL 718
APLICADA EM TEMPERATURAS ELEVADAS

PESQUISADOR LIDER: ANTONIO AUGUSTO COUTO

EQUIPE:
JAN VATAVUK
GISELE SZILAGYI
ABNER CABRAL NETO
VALTER BARRAGAN NETO
CLOVIS DE OLIVEIRA JUNIOR
BRUNNO LAZZARINI FREDERICO
SÉRGIO CIAMPOLINI NOGUEIRA DE LIMA
NELSON BATISTA DE LIMA
MARIANO CASTAGNET
CARACTERIZAÇÃO MICROESTRUTURAL E COMPORTAMENTO
MECÂNICO DA LIGA INCONEL 718 APLICADA EM TEMPERATURAS
ELEVADAS

1 INTRODUÇÃO

As superligas à base de níquel apresentam, em geral, excelente resistência mecânica e


tenacidade em temperaturas elevadas [1,2]. Inconel 718 é uma superliga à base de níquel
endurecida principalmente pela precipitação do Ni 3 Nb (γ”) e parcialmente pelo Ni 3 Al (γ’,).
Desde a sua invenção nos anos 1960s, o Inconel 718 tem sido amplamente utilizado em
aplicações em temperaturas elevadas devido às suas boas propriedades mecânicas e
trababilidade. O Inconel 718 é frequentemente encontrado em ambientes agressivos. É
comumente utilizado nas palhetas de turbinas a gás, nos rotores de turboalimentadores, em
reatores nucleares de água pressurizada, em sistemas de exaustão, em caldeiras de
resíduos incinerados, entre outros. O Inconel 718 é ainda hoje a superliga mais amplamente
utilizada no mundo [3-7].

O Inconel 718 é resistente à oxidação e à corrosão tornando-o adequado para a


utilização em ambientes agressivos. Quando aquecido, o Inconel 718 forma uma camada
espessa e estável de óxido na superfície que protege contra ataques químicos. O Inconel
718 mantém uma alta resistência mecânica mesmo em temperaturas elevadas. A alta
resistência mecânica do Inconel 718 em temperaturas elevadas é decorrente do
endurecimento por precipitação da fase γ”.

O Inconel 718 normalmente exibe 3 fases intermetálicas precipitadas, denominadas: (i)


γ’ com composição Ni 3 (Al,Ti) e estrutura cristalina cúbica L1 2 ; (ii) γ” com composição Ni 3 Nb
e estrutura cristalina tetragonal de corpo centrado D0 22 e (iii) δ com composição Ni 3 Nb e
estrutura cristalina ortorrômbica D0 a . As fases γ’ e γ” precipitam entre 600 e 900°C na forma
de partículas pequenas uniformemente distribuídas e induzem um endurecimento por
precipitação da liga [1-7]. Para tempos de envelhecimento de menos de 100 h, a fase δ
precipita entre aproximadamente 700°C e sua temperatura solvus (≈1.000°C). A maior taxa
de precipitação ocorre ao redor de 900°C [10-12]. O precipitado γ” (Ni 3 Nb) inibe o
escorregamento de discordâncias em temperaturas elevadas, aumentando as propriedades
em fluência do material [8,9].
Fluência é a deformação lenta e contínua de um sólido com o tempo. Tipicamente, a
resistência à fluência de um sólido é estimada pelo cálculo da taxa de deformação
secundária e avaliada como função da carga ou tensão aplicada. Para tanto é aplicada uma
carga estática sobre uma amostra em temperaturas elevadas, medindo-se a deformação
como função do tempo. A deformação resultante é plotada versus tempo, onde três regiões
são tipicamente observadas. Na primeira região existe uma resposta quase instantânea,
seguida de uma diminuição da taxa de deformação com o tempo. A segunda região é onde
a deformação aumenta linearmente com o tempo. Esta região é chamada de estado
estacionário ou estágio de fluência secundária e do ponto de vista prático, é a mais
importante. Já a terceira região é chamada de estágio de fluência terciária, onde a taxa de
deformação aumenta rapidamente com o tempo, até a ocorrência da falha catastrófica. O
aumento da temperatura e/ou tensão resulta no aumento da deformação instantânea e nas
taxas de fluência no estado estacionário, e uma diminuição no tempo para falha [13].
A importância técnica do fenômeno de fratura por fluência tornou-se evidente a partir da
metade do século XX, sendo reconhecida como um dos maiores problemas da área
industrial, devido ao crescente nível de exigência das condições de operação empregadas
em usinas de geração de energia, instalações químicas e em componentes estruturais
desenvolvidos junto às indústrias aeroespaciais. Desta maneira, os estudos dos materiais
usados nestes componentes exigem, cada vez mais, sofisticações tecnológicas,
aprimoramentos nos ensaios experimentais (destrutivos e não destrutivos), e uma constante
busca de uma vasta base de dados. Tais bases, associadas a métodos matemáticos e
computacionais, podem conduzir a um melhor entendimento de todos os fenômenos
estruturais que podem ocorrer nos materiais, quando, por exemplo, submetidos a tensões
em regimes de temperaturas elevadas [14].
Em condições reais de serviço, os componentes de uma forma geral operam em regime
complexo de tensão e temperatura, sendo projetados para tempos de serviços da ordem de
10.000 a 250.000 horas. Entretanto, ao nível laboratorial, os ensaios de fluência são
realizados por períodos mais curtos de tempo, surgindo, portanto a necessidade de técnicas
de extrapolação dos resultados obtidos para situações reais de trabalho [2,10]. No caso
específico dos metais, a complexidade metalúrgica de muitas ligas comerciais exige um
conhecimento exato dos micromecanismos que controlam o processo de fluência, tanto para
a elaboração de equações constitutivas, quanto para as técnicas de extrapolação
atualmente utilizadas [15].
Os métodos mais comuns de avaliação de comportamento de um sólido cristalino em
alta temperatura envolvem, geralmente, procedimentos gráficos e analíticos, através de
análises estatísticas ou pela elaboração de equações empíricas que relacionam a
deformação ou a taxa de fluência à tensão e temperatura constante. Através destes
procedimentos e pela forma como os dados geralmente são apresentados, é comum a
perda de uma gama de informações sobre o fenômeno, resumindo-se aos valores de taxa
mínima, tempo de ruptura e deformação correspondente a fratura final. Isto de forma
preponderante resulta na perda de informações relativas às regiões primária e terciária, as
quais dominam o comportamento em muitas ligas metálicas em engenharia [13].
Em muitos projetos, a taxa mínima de fluência é encarada como o parâmetro mais
representativo do comportamento. Entretanto, quando determinado percentual de
deformação torna-se um fator que limita a vida em determinadas condições, a fluência
primária normalmente negligenciada, passa a exercer um papel fundamental. Da mesma
forma, no caso de parâmetros como a deformação ou o tempo correspondentes à fratura
sejam fortes limitantes da vida, o estágio terciário, que prevalece em muitas ligas de
aplicação em engenharia, deve ser considerado devido a sua relevante importância [13].

2. OBJETIVO

Diante do citado anteriormente, este estudo pretende investigar as melhores condições


de tratamento térmico de solubilização e envelhecimento da superliga de níquel Inconel 718.
Uma vez determinada as melhores condições de solubilização e envelhecimento do Inconel
718, pretende-se fazer uma extensa análise microestrutural do Inconel 718 nas várias
condições de tratamento térmico. As técnicas utilizadas serão as microscopias óptica,
eletrônica de varredura e de transmissão e a difratometria de raios-X. Além disto, serão
feitos ensaios de fluência e de tração a quente nas temperaturas de trabalho do Inconel 718.
A liga será fornecida pela Multialloy que também dará todo o apoio à execução do trabalho.
Todos os tratamentos térmicos (solubilização e envelhecimento), a caracterização por
microscopia óptica, as medidas de dureza e os ensaios de tração à temperatura ambiente
serão feitos nos Laboratórios da Escola de Engenharia da Universidade Presbiteriana
Mackenzie. As análises não disponíveis na Universidade Presbiteriana Mackenzie e os
ensaios de tração a quente serão executadas em colaboração no Instituto de Pesquisas
Energéticas e Nucleares (IPEN). Os ensaios de fluência serão executados no Instituto
Tecnológico da Aeronáutica (ITA).

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 Superligas à base de níquel

A teoria mecânica necessária para projetar turbinas de aviões a jato já era conhecida
desde o início do século XX; porém, àquela época, ainda não se conheciam materiais que
pudessem preencher todos os requisitos de resistência à corrosão e ao amolecimento,
causados por condições muito agressivas de operação, em altas temperaturas, associadas
a esse tipo de aplicação [16].
O desenvolvimento das chamadas superligas de níquel, de cobalto e de ferro começou
nos Estados Unidos da América nos anos 30. Porém, ao longo dos anos as superligas de
níquel tornaram-se as mais utilizadas. Além das turbinas de jatos, as superligas de níquel
encontram aplicações variadas em altas temperaturas, como em motores de foguetes e
veículos espaciais em geral, reatores nucleares, submarinos, usinas termoelétricas e
equipamentos petroquímicos. Entretanto, a principal aplicação dessas ligas continua sendo
seu uso em turbinas aeronáuticas [16].
Outros materiais como ligas de cromo e de outros metais de mais alto ponto de fusão e
cerâmicos refratários tem sido estudados como possíveis alternativas ao uso das superligas
de níquel. Porém, até o momento, não foi encontrada nesses materiais uma melhor
combinação de propriedades requeridas para esse tipo de aplicação do que aquela que é
atualmente obtida com as superligas à base de níquel [17]. As propriedades mecânicas
importantes no desenvolvimento e caracterização de superligas são: resistência à fluência,
resistência às fadigas térmica e mecânica, estabilidade estrutural, e resistência à corrosão e
de oxidação a quente [18]. As superligas à base de Ni, como já mencionado anteriormente,
são empregadas principalmente em serviços submetidos a altas temperaturas e à corrosão,
sendo sua rigidez próxima a do aço, além de sua altíssima resistência mecânica sob altas
temperaturas [19].
A principal exigência mecânica para tal serviço é a alta resistência à fluência. O
mecanismo da fluência está relacionado ao movimento termicamente ativado das
discordâncias (defeitos cristalinos lineares) através da rede cristalina. Os principais
requisitos para alta resistência à fluência são: (i) uma matriz que possua um alto valor de
módulo de elasticidade e (ii) uma baixa taxa de difusão em temperaturas elevadas. As
superligas de níquel normalmente contêm elementos como cromo, cobalto, ferro,
molibdênio, tungstênio e nióbio. O efeito destes elementos solutos é o fortalecimento da
matriz que depende da diferença de tamanho do níquel e do soluto com a finalidade de
conter o movimento das discordâncias. Geralmente, as superligas apresentam grande
variedade de elementos químicos, podendo chegar a ter até 12 elementos químicos na sua
composição. Esses elementos exercem funções quase que específicas no material. Por
isso, as superligas estão entre os materiais de engenharia mais complexos já desenvolvidos
e estudados pelo homem [20].
O endurecimento destas ligas pode ser aumentado pela formação de carbetos e
também pela dissolução de alguns elementos na matriz (endurecimento por solução sólida).
A capacidade de endurecimento dessas ligas austeníticas de níquel, de cobalto e de ferro as
tornam adequadas para aplicações em turbinas aeronáuticas e motores de foguetes, que
exigem alta resistência mecânica em médias e altas temperaturas. As fases indesejáveis
podem ser observadas devido à variação na composição, processamento ou exposição à
alta temperatura. Incluída neste grupo estão às fases delta (δ), fase sigma (σ), fase Laves,
fase eta (η). Nitretos e boretos podem estar presentes em algumas ligas [21].
A estrutura cristalina da matriz austenítica das superligas de níquel é a cúbica de faces
centradas CFC (γ). Como já foi comprovado, apresenta grande capacidade de manter
resistência à tração, à ruptura e boas propriedades de fluência em temperaturas muito mais
altas do que as ligas de matriz cúbica de corpo centrado (CCC). Isso se deve a vários
fatores, incluindo o excelente módulo de elasticidade e a alta difusividade que os elementos
secundários possuem nesse tipo de matriz. É de grande importância à alta solubilidade de
muitos elementos de liga na matriz austenítica e a capacidade de controle da precipitação
de fases intermetálicas, como a gama linha (conhecida como: γ’ - (Ni 3 (Al, Ti)), distribuídos
uniformemente no material, que lhes conferem alta resistência mecânica. Os átomos de
alumínio ou titânio ocupam os vértices do cubo enquanto que os átomos de níquel ocupam o
centro das faces (figura 1). Os teores de (Al + Ti) são geralmente elevados nas superligas à
base de níquel, pois esses elementos ao se combinarem com o níquel formam a fase γ’ [16].

fase γ fase γ’

Figura 1: Estrutura cristalina da superliga à base de níquel. Nos vértices situam-se os


átomos de alumínio ou titânio e, no centro das faces, situa-se o níquel [22].

Trata-se de uma fase intermetálica ordenada CFC (cúbica de faces centradas) do tipo
L1 2 de composição Ni 3 (Al, Ti) (figuras 2 e 3), responsável pela elevada resistência mecânica
das superligas em altas temperaturas [23]. A fase γ’ geralmente ocupa em torno de 60% do
volume da matriz, ou seja, dependendo da temperatura, é a fase majoritária em termos de
volume nas superligas. As propriedades mecânicas das superligas estão intrinsecamente
ligadas ao tamanho, morfologia e distribuição de γ’ ao longo da matriz Por isso, muitos
estudos foram desenvolvidos visando entender a relação entre a precipitação de γ’ e as
propriedades mecânicas das superligas [23].

Figura 2: Diagrama de equilíbrio de fases Titânio / Níquel, evidenciando a fase Ni 3 Ti (fase γ’)
[24].

Figura 3: Diagrama de equilíbrio de fases Alumínio / Níquel, evidenciando a fase Ni 3 Al (fase


γ’) [24].
A evolução microestrutural das superligas à base de níquel depende do tratamento
térmico na superliga. Com a realização de experimentos em diferentes superligas a uma
temperatura de 1300oC, com taxas de resfriamento de 150oC/s, foram verificados
precipitados de γ’ na forma esférica e de tamanhos similares. Em taxas de resfriamento de
100oC/s os precipitados de γ’ apresentam morfologia mais cúbica. Para baixas taxas de
resfriamento, os precipitados são grosseiros e heterogêneos em tamanho. As formas dos
precipitados de γ’ transformam-se inicialmente de esféricas para cúbicas, que passam em
seguida para octocúbica através da rachadura dos precipitados; depois, passam para
octodendrítica, e finalmente para dendritas. Os três primeiros tipos de morfologia ocorrem
rapidamente, enquanto que os dois últimos tipos tomam tempos mais longos para se
formarem (figura 4). Outra importante observação refere-se à precipitação secundária de γ’,
que ocorre dentro dos “corredores” da matriz γ (figura 5) [25].

Figura 4: Nucleação e mudanças no tamanho e na morfologia da fase γ’ durante o


envelhecimento [25].

γ’ primário

γ’ secundário

Figura 5: Nucleação da fase γ’ nos “corredores” da matriz γ [22].


A fase γ’’ é um precipitado do tipo ordenado TCC, com estrutura de composição do tipo
Ni 3 Nb, encontrado em ligas a base de Fe-Ni contendo Nb. Ganhou bastante proeminência
como a fase endurecedora com a introdução do Inconel 718. O Fe atua principalmente como
um catalisador para a formação da fase γ’’ que é uma fase metaestável [26]. Embora as
fases γ’ e γ’’ estejam presentes no Inconel após o envelhecimento, a quantidade de γ’ é
muito menor, desta forma γ’’ é o principal agente endurecedor. Outras ligas endurecidas pela
fase γ’’ são Inconel 706 e Udimet 630 [26]. Como a fase γ’ não é estável, a aplicação da liga
718 é restrita até 700oC. A partir desta temperatura temos uma perda de resistência devido
ao crescimento da fase γ’’, solubilização de γ’ e γ’’ a formação de uma fase estável
ortorrômbica na forma de Ni 3 Nb, que é acicular, com forma de placas. A definição da fase γ
é difícil, pois a difração de raio-X com extração de precipitado não detecta a fase γ’’.
Técnicas especiais devem ser utilizadas para a detecção das fases γ’ e γ’’ tais como
utilização do MET com campo escuro [26].
A fase eta η possui uma estrutura cristalina hexagonal com composição Ni 3 Ti. Esta fase
pode se formar em ligas a base de Fe-Ni, Ni e Co, especialmente em alta razão Ti/Al e que
tenham sido expostas a alta temperatura. A fase η não solubiliza outros elementos e cresce
rapidamente, formando grandes partículas, maiores do que γ’, embora sua precipitação seja
lenta. O crescimento da fase η pode ser observado utilizando a microscopia ótica [26]. Duas
formas da fase η podem ser encontradas: a primeira surge em torno de grão como um
constituinte celular similar à perlita, alternando lamelas de γ e η. A segunda, surge
intergranularmente e é parecida com placas na forma de agulhas de Widmanstätten. A
forma celular prejudica a tenacidade e a ductilidade em altas temperaturas, já o padrão tipo
Widmanstatten afeta a tenacidade, mas não a ductilidade em alta temperatura.
A fase delta (δ) é ortorrômbica, com composição Ni 3 Nb, formada a partir da fase instável
γ’’ quando submetida a altas temperaturas, acima de 700oC [16]. A fase delta possui forma
acicular quando formada na faixa de temperatura de 815 a 980oC, forma-se por reação
celular em baixa temperatura de envelhecimento e por precipitação intergranular em alta
temperatura [26].
Os carbonetos formam-se no interior do grão e no contorno de grão. Os carbonetos são
duros e mais frágeis que a matriz, sua distribuição ao longo do contorno de grão afetará a
resistência à alta temperatura, ductilidade e propriedades de fluência. Mas há uma ótima
proporção entre o número de carbonetos e a distribuição ao longo do contorno de grão [27].
Se os carbonetos estão finamente dispersos na matriz, haverá endurecimento. Esse
endurecimento é importante nas ligas de cobalto que não são endurecidas pela fase gama
linha [26].
Os carbonetos mais comuns nas superligas à base de níquel são o MC, M 23 C 6 , M 6 C. O
carboneto MC possui uma estrutura do tipo CFC e é usualmente formado durante o
resfriamento. Ele é distribuído heterogeneamente na matriz, tanto transgranular como
integranularmente e, frequentemente, na forma de dendritas. Os carbonetos MC são a maior
fonte de carbono para a reação de formação de fases subsequentes, durante o tratamento
térmico ou em serviço. Em algumas ligas, como Incoloy 901 e A286, o filme de MC pode
formar-se ao longo do contorno de grão e reduzir a ductilidade. Os carbonetos dos tipos TiC
e HfC estão entre os mais estáveis [27].
O carboneto M 23 C 6 forma-se prontamente em ligas com moderado e alto teor de Cr.
Eles formam durante tratamento térmico ou em serviço na faixa de temperatura de 760 –
980oC, a partir da degeneração de MC e do carbono residual na matriz. Embora usualmente
visto em contorno de grão, eles ocasionalmente ocorrem ao longo de bandas de maclas,
falhas de empilhamento e na extremidade de maclas. O caboneto M 23 C 6 possui uma
estrutura cúbica complexa. Contudo, se os átomos de carbono forem removidos, poderia
certamente aproximar-se de uma estrutura do tipo topologicamente fechada (fase sigma).
De fato, placas de sigma frequentemente nucleiam sob partículas M 23 C 6 [16].
As partículas de M 23 C 6 influenciam fortemente as propriedades das ligas de Ni. A
resistência a ruptura é aumentada pela presença de partículas discretas, aparentemente
pela inibição de escorregamento em contornos de grão. Eventualmente, falhas poderiam se
iniciar tanto pela fratura da partícula como pela não coesão da interface carbono/matriz. Em
algumas ligas, estrutura celular de M 23 C 6 tem sido notada. Esta estrutura poderia causar
falha prematura, mas pode ser evitada por um processamento apropriado ou tratamento
térmico [27].
O carboneto do tipo M 6 C tem uma estrutura cúbica complexa, forma-se quando o
conteúdo de Mo e W é maior do que 6 – 8% (peso), na faixa de temperatura de 815 –
980oC. A formula típica para o M 6 C é (NiCo) 3 Mo 3 C e (Ni, Co) 2 W 4 C, embora uma grande
faixa de composições tinha sido apresentada para Hastelloy X. Carbonetos M 6 C são
formados quando o Mo ou W atuam como substitutos do Cr em outros carbonetos.
Diferentemente do M 23 C 6 , a composição do M 6 C pode variar grandemente [27]. O carboneto
M 6 C é mais estável do que o carboneto M 23 C 6 . O M 6 C é importante como precipitado em
contorno de grão para controlar o tamanho do grão durante o processamento de ligas
trabalhadas [16].
Dependendo da liga, por exemplo, René 41 e M252, as ligas podem sofrer tratamentos
térmicos para formarem inicialmente MC e M 6 C. Após longo tempo de exposição pode-se
ter a conversão M 6 C para M 23 C 6 . Esta reação permite a precipitação de carbonetos em
vários locais, mas tipicamente no contorno de grão. A reação mais benéfica para a aplicação
de resistência a fluência é a formação do M 23 C 6 [16].
As fases TCP são conhecidas como fase de arranjo topologicamente fechado. Estas
fases ocorrem em superligas à base de níquel, que possuem uma composição química não
apropriadamente controlada. As fases TCP podem formar durante o tratamento térmico ou
durante serviço. As fases TCP mais importantes são σ, μ, Laves. Essas fases usualmente
formam placas finas paralelas a {111} γ’ podendo diminuir a resistência mecânica e a
ductilidade. Outro efeito indesejável da formação das fases TPC é a mudança da
composição química da matriz da liga pela remoção de elementos de liga, como Cr, Mo,W,
diminuindo o endurecimento por solução sólida [27]. Os precipitados TCP podem quebrar e
abrir e, em altas temperaturas, levam frequentemente à formação de vazios que são
potenciais sítios iniciadores de fratura [27]. Usualmente, as fases TPC aparecem na forma
de placas longas ou agulhas, geralmente nucleando sob contorno de grão de carbonetos
[26]. A figura 6 apresenta um diagrama da evolução microestrutural das superligas de níquel
ao longo dos anos. As fases desejáveis estão acima do diagrama e as indesejáveis,
identificadas abaixo do diagrama. Pode-se observar que a maioria é as fases TCP [28].

Figura 6: Evolução microestrutural ao longo dos anos [28].

A fase σ é uma fase tetragonal intermetálica, do tipo TCP, dura, que se forma com uma
composição variada. Várias morfologias podem ser encontradas, algumas das quais são
bastante prejudiciais para as propriedades das ligas de Ni, por exemplo, na forma de placas
ou em contornos de grão. Na forma de placas pode levar à formação de trincas. Quando
assume a forma de precipitados globulares intragranulares, aumenta a resistência à fluência
[27]. Em decorrência de sua grande diversidade de composição química e da natureza da
composição, às vezes se torna difícil sua identificação por ataque. A técnica que melhor a
identificaria seria a difração de raios-X de extração de resíduos [26].
Em baixas temperaturas, o material com presença de fase sigma pode fraturar
fragilmente, embora o escoamento não seja afetado. Em temperaturas elevadas, a formação
da fase sigma é prejudicial pela perda de elementos de liga da matriz, provocando uma
diminuição da resistência do material, além da possibilidade de uma fratura preferencial ao
longo das placas de fase sigma, resultando em redução prematura da vida do material [16].
A fase de Laves é uma fase TCP, com estrutura cristalina do tipo MgZn 2 intermetálica
com composição tipo A 2 B. Exemplos típicos de fase Laves incluem Fe 2 Ti, Fe 2 Nb e Fe 2 Mo,
mas sua fórmula geral é (Fe,Cr,Mn,Si) 2 (Mo,Ti,Nb) [26]. São mais comuns em ligas à base
de Fe-Ni como partículas grosseiras intergranulares. Contudo, também podem ocorrer
precipitados intergranulares. O Si e o Nb promovem a formação de fases de Laves no
Inconel 718. Uma quantidade excessiva de fases de Laves prejudica a ductilidade em baixa
temperatura. Contudo as propriedades de fluência não são afetadas [26].
A fase μ é uma fase romboédrica (trigonal) intermetálica, TCP com estrutura do tipo
W 6 Fe 7 . Em geral, tem pouca influência sobre as propriedades. A fase μ precipita-se de
forma grosseira e irregularmente na forma de placas de Widmanstätten. Sua fórmula geral é
(Fe, Co)(MoW) 6 . O Ni pode substituir parte do Fe ou do Co [26]. Entretanto, não apenas a
resistência mecânica/dureza é importante em aplicações em turbinas. A ductilidade nas
condições de serviço também é importante, e a maioria das superligas apresenta boa
ductilidade. As superligas em geral apresentam também boa resistência ao impacto, à
fadiga de alto e de baixo ciclo e à fadiga térmica [29].
A superliga à base de níquel (Inconel 718) é uma das mais importantes superligas de
níquel, sendo utilizada com muita frequência em projetos que requerem materiais com
elevada resistência mecânica, boa resistência à fadiga e à fluência, boa resistência à
corrosão e capacidade de operar continuamente em elevadas temperaturas. O Inconel 718,
à base de níquel, geralmente contém de 5,3 a 5,5%Nb, que é responsável pela formação da
fase intermetálica γ'’ (Ni 3 Nb) garantindo a estabilidade microestrutural e elevada resistência
à fluência [30].
Trabalhos de Chen, Kawagoisihi e Nisitani estudam a taxa de crescimento da corrosão
por fadiga e vida útil do Inconel 718 em diversas temperaturas, enfatizando aplicações
industriais Os autores mencionam que, mesmo que o Inconel seja considerado resistente
em altas temperaturas, para tensões repetidas em condições ambientais específicas pode
causar outros comportamentos no crescimento de trincas e que esses problemas deveriam
ser estudados futuramente [31].
3.2 Ensaio de Fluência

Fluência é a deformação lenta e contínua de um sólido com o tempo. Tipicamente, a


resistência à fluência de um sólido é estimada pelo cálculo da taxa de deformação
secundária e avaliada como função da carga ou tensão aplicada. Portanto, é aplicada uma
carga estática sobre uma amostra em temperaturas elevadas, medindo-se a deformação
como função do tempo. A deformação resultante é plotada versus tempo, onde três regiões
são tipicamente observadas (figura 7). Na primeira região existe uma resposta quase
instantânea, seguida de uma diminuição da taxa de deformação com o tempo. A segunda
região é onde a deformação aumenta linearmente com o tempo. Esta região é chamada de
estado estacionário ou estágio de fluência secundária e, do ponto de vista prático, é a mais
importante. Já a terceira região é chamada de estágio de fluência terciária, em que a taxa de
deformação aumenta rapidamente com o tempo, até a ocorrência da falha catastrófica. O
aumento da temperatura e/ou tensão resulta no aumento da deformação instantânea e nas
taxas de fluência no estado estacionário, e uma diminuição no tempo para falha [32].

Figura 7: Curva típica de fluência com a designação dos estágios [33].


Efeitos da Tensão e da Temperatura

Tanto a temperatura quanto a tensão aplicadas influenciam o comportamento do


material em fluência (figura 8). Em uma temperatura inferior a 0,4 Tf, e após a deformação
inicial, a deformação é virtualmente independente do tempo. Seja pelo aumento da tensão
ou da temperatura, são observados os seguintes pontos: (1) a deformação instantânea no
momento da aplicação da tensão aumenta, (2) a taxa de fluência em regime estacionário é
aumentada e (3) o tempo de vida até a ruptura é diminuído. Os resultados de ensaios de
ruptura por fluência são geralmente apresentados na forma do logaritmo da tensão em
função do logaritmo do tempo de vida até a ruptura. Um desses gráficos é mostrado na
figura 9, para uma liga de níquel, em que pode ser vista uma relação linear para cada
temperatura. Para algumas ligas, a não linearidade dessas curvas é observada ao longo de
faixas de tensão relativamente extensas [33].

Figura 8: Influência da tensão s e da temperatura T no comportamento em fluência de


materiais [33].
Figura 9: Tensão em função do tempo de vida até a ruptura para uma liga Ni-C para três
temperaturas diferentes [33].

Estágios de Fluência

Estágio I
Ocorre um encruamento que diminui a velocidade de fluência no material. O
escorregamento das discordâncias (deformação plástica) é impedido por barreiras
(empilhamento de discordâncias, precipitados, etc.) que surgem no decorrer do tempo.
Portanto, quando se aplica uma tensão no metal em uma dada temperatura, as
discordâncias são primeiramente impedidas de escorregar por pequenas barreiras. Depois,
por ativação térmica, elas conseguem vencer as barreiras, porém encontram novas
barreiras maiores que só serão vencidas após tempos mais longos. Além disso, ainda
ocorrem processos de recuperação devido à escalagem de discordâncias e alguns
escorregamentos com desvio, principalmente quando a temperatura for suficientemente alta.
A recuperação, neste estágio, é pequena, uma vez que o fator controlador deste estágio é o
mecanismo de interseção das discordâncias com as barreiras [34, 35].

Estágio II
O processo de recuperação é suficientemente rápido para contrabalançar o
encruamento. A recuperação significa a libertação de discordâncias dos obstáculos ou
barreiras (empilhamento de discordâncias, precipitados, etc.), por meio de escalagem ou
escorregamento com desvio. A escalagem de discordâncias requer uma maior energia de
ativação, e é o processo controlador da velocidade de fluência e depende da temperatura;
quanto maior for a temperatura, maior será a recuperação e, portanto, mais curto será o
estágio II. Em temperaturas muito altas, o estágio II é mais curto, atingindo mais rápido o
estágio III. A escalagem de discordâncias é feita por absorção e emissão de lacunas. A
energia de ativação para esse processo é, portanto, a de difusão de lacunas. Dessa forma,
quanto maior for a energia de ativação, mais resistente o material será à fluência, pois para
haver a escalagem será necessário vencer uma barreira energética maior. Finalmente, tem-
se outra contribuição importante, porém não predominante, para os processos de
deformação, que é o escorregamento de contornos de grão. Esse escorregamento também
pode criar lacunas que facilitam a escalagem de discordâncias. O escorregamento é um
processo de cisalhamento que ocorre na direção dos contornos de grão, sendo que está
relacionado com o aumento da temperatura e com tensões baixas. O fenômeno acontece
intermitentemente com o tempo, fazendo com que a deformação não seja uniforme ao longo
do contorno. A precipitação de partículas duras nos contornos de grão e a acomodação
desses contornos em novas posições diminuem a velocidade de escorregamento. Quanto
menor for o tamanho do grão de um metal ou liga, maior será a área dos contornos.
Portanto, um refino dos grãos pode ser prejudicial à resistência à fluência, ou seja, o inverso
observado na resistência à temperatura ambiente [34, 35].

Estágio III
Este estágio é caracterizado por uma grande movimentação das discordâncias,
ocorrendo mais acentuadamente a estricção do corpo de prova ensaiado em tração. Ocorre
também a nítida formação contínua de microtrincas no material. Essas microtrincas provêm
de fenômenos de deformação localizados nos contornos de grão, ocasionando fratura
intergranular. Em situações de altas tensões e temperaturas mais baixas, ocorrem pontos
triplos formados onde três contornos de grão se encontram. O escorregamento dos
contornos de grão resulta em tensões diversas suficientemente altas, que provocam o início
de trincas. No caso de tensões baixas e temperaturas altas, formam-se pequenas
microcavidades (orifícios) nos contornos de grão na direção normal à tensão externa
aplicada, que crescem e coalescem devido à concentração de lacunas. Quando em altas
temperaturas ou se ocorrer a migração de contornos de grãos para alívio de tensões,
também pode ocorrer o aparecimento de fraturas transgranular (no interior dos grãos). Em
certos casos, também pode ocorrer fratura transgranular em temperaturas relativamente
baixas e em velocidades de fluência altas, analogamente às fraturas dúcteis comuns [34,
35].
A importância técnica do fenômeno de fratura por fluência tornou-se evidente a partir da
metade do século XX, sendo reconhecida como um dos maiores problemas da área
industrial devido ao crescente nível de exigência das condições de operação empregadas
em usinas de geração de energia, instalações químicas e em componentes estruturais
desenvolvidos junto às indústrias aeroespaciais. Dessa maneira, os estudos dos materiais
usados nesses componentes exigem, cada vez mais, sofisticações tecnológicas,
aprimoramentos nos ensaios experimentais (destrutivos e não-destrutivos), e uma constante
busca de uma vasta base de dados. Tais bases, associadas a métodos matemáticos e
computacionais, podem conduzir a um melhor entendimento de todos os fenômenos
estruturais que podem ocorrer nos materiais, quando, por exemplo, submetidos a tensões
em regimes de temperaturas elevadas [34, 35].
Em condições reais de serviço, os componentes de uma forma geral operam em regime
complexo de tensão e temperatura, sendo projetados para tempos de serviços da ordem de
10.000 a 250.000 horas. Entretanto, para estudos laboratoriais, os ensaios de fluência são
realizados por períodos mais curtos de tempo. Surge, portanto, a necessidade de emprego
de técnicas de extrapolação dos resultados obtidos para situações reais de [34, 35]. No caso
específico dos metais, a complexidade metalúrgica de muitas ligas comerciais exige um
conhecimento exato dos micromecanismos que controlam o processo de fluência, tanto para
a elaboração de equações constitutivas, quanto para as técnicas de extrapolação
atualmente utilizadas [33].
Os métodos mais comuns de avaliação de comportamento de um sólido cristalino em
altas temperaturas envolvem, geralmente, procedimentos gráficos e analíticos, por meio de
análises estatísticas ou pela elaboração de equações empíricas simples que relacionam a
deformação ou a taxa de fluência em tensão e temperatura constantes. Por esses
procedimentos, e pela forma como os dados geralmente são apresentados, é comum a
perda de uma gama de informações sobre o fenômeno, resumindo-se aos valores de taxa
mínima, tempo de ruptura e deformação correspondente à fratura final. De forma
preponderante, isso resulta na perda de informações relativas às regiões primária e terciária,
que dominam o comportamento em muitas ligas metálicas em engenharia (REIS, 2005).
Em muitos projetos, a taxa mínima de fluência é encarada como o parâmetro mais
representativo do comportamento. Entretanto, quando determinado percentual de
deformação torna-se um fator que limita a vida em determinadas condições, a fluência
primária, normalmente negligenciada, passa a exercer um papel fundamental. Da mesma
forma, no caso de parâmetros como deformação ou tempo correspondentes à fratura sejam
fortes limitantes da vida, o estágio terciário, que prevalece em muitas ligas de aplicação em
engenharia, deve ser considerado devido a sua relevante importância [34, 35]. Os critérios
de seleção, especificamente para componentes estruturais aeronáuticos, envolvem a
relação custo/benefício e a eficiência estrutural, que requerem estruturas mais leves,
geralmente abrangendo um grupo de ligas à base de titânio, alumínio e magnésio [34, 35].
O comportamento dos materiais metálicos em altas temperaturas está intimamente
relacionado com a presença de imperfeições cristalinas, devido à maior mobilidade atômica
e, consequentemente, aos processos que envolvem fenômenos de difusão. Temperaturas
elevadas aumentam a capacidade de movimentação de discordâncias e podem ativar outros
mecanismos responsáveis pelo processo de deformação, como a possibilidade de operação
de novos sistemas de escorregamento e a deformação localizada ao longo dos contornos
granulares. As condições ambientais, a exemplo dos meios agressivos, exercem uma forte
influência na grande maioria das ligas, principalmente quando conjugadas com processos
que envolvem a instabilidade metalúrgica, conduzindo um componente estrutural a uma
possível falha de forma prematura [34, 35].
A natureza da oxidação pode exercer uma influência importante sobre as propriedades
em temperaturas elevadas. Uma camada fina de óxido normalmente conduzirá a um
aumento na resistência mecânica, mas a penetração intergranular do óxido geralmente
implica em um decréscimo no tempo de ruptura por fluência e fratura intergranular. A vida
em serviço de um material é bastante reduzida quando este deve operar em atmosfera de
combustão de gases quentes ou em meios corrosivos [35]. Mecanismos associados a
desgastes e erosão contribuem fortemente para a aceleração dos processos de fluência.
Neste contexto, os tratamentos superficiais previsto têm como objetivo otimizar a resistência
superficial e, conseqüentemente, aumentar a vida em fluência [36].

4 MATERIAIS E MÉTODOS

Inicialmente foi determinada a microdureza após tratamentos térmicos de solubilização


e envelhecimento. A liga Inconel 718 no estado como recebido encontra-se no formato de
barras laminadas de ½” de diâmetro fornecidos pela Multialloy. A composição química
nominal da liga Inconel 718 é apresentada na tabela 1. As barras de Inconel 718 no estado
como recebido foram cortadas com cortadora da Panambra (cut-off) com disco abrasivo de
carbeto de silício em pedaços de 2 cm de comprimento. A quantidade de amostras cortadas
foi definida de acordo com as variações dos tratamentos térmicos de solubilização e
envelhecimento. A seguir, estes pedaços (amostras) foram tratados termicamente para obter
diferentes condições de solubilização e envelhecimento. Após o corte das amostras, foi feito
a análise química da liga Inconel 718, a caracterização da microestrutura por microscopia
óptica e a determinação da microdureza Vickers na condição como recebida.

Tabela 1: Composição química nominal da liga Inconel 718.


Elemento Cr Ni Mo Nb Ti Al Fe C Cu
[%] [%] [%] [%] [%] [%] [%] [%] [%]
Inconel 718 19,0 52,5 3,0 5,1 0,9 0,5 18,5 0,08 0,15
máx. máx.
A preparação das amostras metalográficas para observação por microscopia óptica foi
executada por meio de técnicas convencionais de embutimento, lixamento, polimento e
ataque químico. A microestrutura foi observada em microscópio óptico Olympus acoplado a
um sistema de digitalização e análise de imagens da Arotec. O embutimento a quente foi
executado em embutidora metalográfica Panambra, utilizando baquelite. O lixamento foi
executado com lixas utilizando carbeto de silício como abrasivo em granulações
decrescentes (180, 320, 400 e 600 mesh). O polimento foi feito em politrizes, marca
Panambra-Struers, com pasta de diamante como abrasivo de granulometrias 6, 3 e 1 µm. O
polimento final foi feito com uma suspensão de sílica coloidal. O ataque químico foi feito
utilizando-se a seguinte solução: 2 partes de glicerina, 3 partes de HCl e 1 parte de HNO3.
Alternativamente, nas últimas semanas do projeto foram desenvolvidos polimento e ataque
eletrolítico num equipamento da Buehler adquirido com verba do projeto. O eletrólito
utilizado no polimento eletrolítico foi 25 mL H 3 PO 4 , 25 mL HNO 3 , 50 mL H 2 O e densidade
de corrente de 17,8 A/cm2. O eletrólito utilizado no ataque eletrolítico foi 12 mL H 3 PO 4 , 47
mL H 2 SO 4 , 41 mL HNO 3 e densidade de corrente de 0,15 A/cm2. O polimento e o ataque
eletrolíticos foram feito num equipamento da Buehler adquirido com verba do
MackPesquisa. Em conjunto com esta caracterização microestrutural, foi determinada a
microdureza Vickers utilizando-se um equipamento semiautomático digital da Buehler recém
adquirido em projeto do MackPesquisa. Para cada amostra foram feitas cinco medidas de
microdureza, visando averiguar a uniformidade da dureza do material.
Os tratamentos térmicos da liga Inconel 718 foram executados visando comparar as
durezas obtidas nas diversas condições de solubilização e precipitação (envelhecimento).
Os valores foram comparados com a condição como recebida. Os tratamentos térmicos
foram executados em fornos pertencentes aos laboratórios ao Curso de Engenharia de
Materiais da Escola de Engenharia da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM) e
seguirão as seguintes etapas:
• Tratamento térmico de solubilização das amostras de Inconel 718 a 1095°C por 1
hora e resfriamento em água. O forno utilizado foi do tipo mufla com atmosfera de
argônio pertencente ao Laboratório de Fundição.

• Tratamento térmico de envelhecimento a 620°C por 1, 2, 4, 6, 8, 10, 12, 16, 20 e 24


horas das amostras previamente solubilizadas. O forno utilizado foi do tipo tubular
horizontal com atmosfera de argônio pertencente ao Laboratório de Metalurgia.

• Tratamentos térmicos de envelhecimento a 720°C por 1, 2, 4, 6, 8, 10, 12, 16, 20 e


24 horas das amostras previamente solubilizadas. O forno utilizado foi do tipo tubular
horizontal com atmosfera de argônio pertencente ao Laboratório de Metalurgia.

• Tratamentos térmicos de duplo envelhecimento a 750°C/8h+650°C/8h e


720°C/8h+650°C/8h das amostras previamente solubilizadas a 900 e 1000°C por 1 h
e resfriada em água. O forno utilizado foi do tipo tubular horizontal com atmosfera de
argônio pertencente ao Laboratório de Metalurgia.

Após cada um dos tratamentos térmicos (solubilização e envelhecimentos), as amostras


da liga Inconel 718 tiveram a dureza Vickers determinada, conforme descrito acima para a
liga na condição como recebida. Com os valores de dureza Vickers nas diversas condições
de solubilização e envelhecimento foram obtidas as curvas de dureza Vickers X tempo de
envelhecimento para cada uma das temperaturas de envelhecimento. Foram usinados
corpos-de-prova para ensaios de tração à temperatura ambiente e em temperaturas
elevadas para diferentes velocidades de deformação e para ensaios de fluência (figura 10).
Os ensaios de tração a temperatura ambiente foram executados numa máquina universal de
ensaios mecânicos Q-Test da MTS. Os ensaios de tração em temperaturas elevadas foram
executados numa máquina universal de ensaios mecânicos Instron 4400 com um forno
tubular acoplado, pertencente ao Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN).
Os ensaios de fluência foram feitos com carga e temperatura constantes em
equipamentos de fluência com controle informatizado dos parâmetros de ensaio e dos
resultados. Para realização dos ensaios de fluência foram utilizados os fornos pertencentes
ao Instituto Tecnológico de Aeronáutica - ITA/DCTA, da marca MAYES. Nos fornos foram
adaptados sistemas elétricos e controladores, desenvolvidos pela BSW Tecnologia,
Indústria e Comércio Ltda., segundo as exigências da norma (ASTM E139/83, 1990). O
forno de fluência é apresentado na figura 11. Foi utilizado o Software Antares desenvolvido
em conjunto com a BSW Tecnologia, Indústria e Comércio Ltda., visando a coleta de dados
relativos ao alongamento dos corpos-de-prova e as medidas de temperatura em períodos de
tempo pré-determinados.
Para a obtenção das medidas de alongamento, foi utilizado um transdutor do tipo LVDT
Schlumberger D 6,50. Para o controle de temperatura foi utilizado um termopar tipo Cromel-
Alumel AWG24. O forno foi instalado em uma posição adequada, de forma que o corpo-de-
prova se mantivesse localizado na parte central de aquecimento. Acoplado ao controlador e
a um indicador digital de temperatura instalado próximo à máquina de ensaio, foi utilizado
um termopar numa posição próxima ao corpo-de-prova. O sinal do termopar era coletado
por uma unidade de processamento pelo Software Antares, com os dados de temperatura e
alongamento armazenados simultaneamente durante o ensaio de fluência.
O sinal de saída do LVDT era enviado a uma unidade de processamento, desenvolvida
pela BSW Tecnologia, Indústria e Comércio Ltda, que convertia os sinais em medidas de
alongamento por períodos de tempo pré-definidos pelo operador e alimentava o Software
Antares. Para a alimentação do software, foi utilizada a curva de calibração obtida por um
calibrador de extensômetros de alta resolução, para um transdutor do tipo LVDT
Schlumberger D 6,50, à temperatura de aproximadamente 35°C.
A realização dos ensaios de fluência foi seguiu os procedimentos da norma (ASTM
E139-06, 1990). O forno de fluência foi desmontado peça por peça, as roscas
principalmente as mais oxidadas foram lixadas e engraxadas, a estrutura foi remontada com
o corpo-de-prova, encaixado na estrutura conectado ao extensômetro e com os termopares
fixados próximos ao corpo-de-prova. O LVDT foi conectado ao extensômetro. Ajustou-se o
centro do corpo-de-prova com o centro do forno, quando necessário o nível do forno foi
ajustado, os tijolos refratários e manta de fibra de vidro foram colocados nas extremidades
superiores e inferiores do forno para impedir perda de calor. Com o software inicializado o
LVDT foi ajustado de maneira a registrar no software a deformação inicial desejada o início
da faixa linear do LVDT. No braço do forno foi colocada 10% da carga total pretendida no
ensaio, para ajuste do sistema, e após 1 hora foi colocada a carga total.

Figura 10: Corpo-de-prova utilizado nos ensaios de fluência.

Figura 11: Forno de fluência utilizado nos ensaios do Inconel 718.


Análises complementares de caracterização microestrutural para determinação das
fases presentes nas amostras do Inconel 718 nas diversas condições de tratamento térmico
foram feitas por microscopia eletrônica de varredura e por difratometria de raios-X. As
mesmas amostras utilizadas nas observações por microscopia óptica foram utilizadas nas
análises por microscopia eletrônica de varredura (MEV). As superfícies de fratura dos
corpos-de-prova ensaiados em fluência foram observadas também por MEV. Nas análises
por difratometria de raios-X foram utilizadas as mesmas amostras utilizadas nas
observações por microscopia óptica. O difratômetro utilizado foi da Rigaku utilizando
radiação kα do cobre. As análises por microscopia eletrônica e difratometria de raios-X
foram realizadas em colaboração no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN).

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nas figuras de 12 a 29 são apresentadas as micrografias do Inconel 718 solubilizado e


envelhecido em diversas condições. Todas estas micrografias foram preparadas por meio
de técnicas convencionais de lixamento, polimento e ataque químico, conforme descrito no
capítulo Materiais e Métodos. Nota-se que a qualidade das micrografias, em geral, não é
boa, devido às dificuldades em atacar quimicamente esta liga. Detalhes dos precipitados
não foram analisados porque não foi possível utilizar a microscopia eletrônica de
transmissão do IPEN por problemas de manutenção e falta de equipamento para
preparação de amostras. Nas figuras 30 a 35 são apresentadas algumas micrografias
solubilizadas e envelhecidas polidas e atacadas eletroliticamente com o equipamento de
polimento e ataque eletrolíticos da Buheler. Nota-se que o ataque revelou a microestrutura
de grãos, mas apareceram alguns “pites” indesejados. O refinamento das condições de
polimento e ataque eletrolíticos permitirá no futuro obter melhores micrografias.
Nas figuras 36 e 37 são apresentadas as curvas de dureza Vickers em função do tempo
de envelhecimento nas temperaturas de 620 e 720°C, respectivamente. Em ambas as
temperaturas de envelhecimento o tempo para atingir o máximo valor de dureza é
aproximadamente 6 h.. O valor de dureza do pico de dureza da amostra envelhecida a
620°C (≈250 HV) está abaixo do máximo obtido no Inconel 718 envelhecido a 720°C
(≈400HV). Isto ocorre porque o precipitado predominante no envelhecimento a 720°C é o γ”,
enquanto que no envelhecimento a 620°C ocorre a formação do precipitado γ’. O efeito
endurecedor do precipitado γ” é superior ao precipitado γ’.
Nas figuras 38 a 49 são apresentadas micrografias das amostras solubilizadas e
submetidas a duplo envelhecimento. As micrografias também foram preparadas com
polimento e ataque eletrolíticos. Porém, a qualidade das micrografias é superior às
observadas nas micrografias de 30 a 35. As micrografias 38 e 39 representam as amostras
somente solubilizadas a 1000°C/1h. As micrografias 40 e 41 representam as amostras
solubilizadas a 1000°C/1h e submetidas a duplo envelhecimento a 750°C/8h+650°C/8h. As
micrografias 42 e 43 representam as amostras solubilizadas a 1000°C/1h e submetidas a
duplo envelhecimento a 720°C/8h+650°C/8h. As micrografias 44 e 45 representam as
amostras somente solubilizadas a 900°C/1h. As micrografias 46 e 47 representam as
amostras solubilizadas a 900°C/1h e submetidas a duplo envelhecimento a
750°C/8h+650°C/8h. As micrografias 48 e 49 representam as amostras solubilizadas a
1000°C/1h e submetidas a duplo envelhecimento a 720°C/8h+650°C/8h.
Nota-se nestas micrografias que as amostras solubilizadas a 1000°C apresentaram
microestruturas similares às obtidas nas amostras solubilizadas a 1095°C. Isto também vale
para os duplos envelhecimentos a partir da solubilização a 1000°C, pelo menos na
observação por microscopia óptica. Contudo, as amostras somente solubilizadas a 900°C e
posteriormente submetidas a duplos envelhecimentos apresentaram microestruturas
completamente diferentes. Nestas micrografias em que a solubilização foi executada em
temperatura mais baixa (900°C) há evidências que a solubilização não ocorreu
completamente. Nota-se principalmente nas micrografias de mais alto aumento uma grande
quantidade de precipitados não dissolvidos, provavelmente da fase δ, devido ao formato
achatado desta fase (disco).
Os resultados de dureza das amostras submetidas à solubilização e duplo
envelhecimento são apresentados na tabela 2. O observado na análise por microscopia
óptica foi confirmado nos resultados de dureza. A amostra solubilizada a 1000°C/1h
apresentou um valor de dureza (215,3 HV) menor do que a amostra solubilizada a 900°C/1h
(298,0 HV), significando que a amostra solubilizada a 900°C não solubilizou completamente,
mostrando um maior endurecimento decorrente de precipitados remanescentes. A dureza
da amostra com duplo envelhecimento a partir da solubilização completa (1000°C)
apresentou dureza mais elevada devido à formação de precipitados mais finos. O duplo
envelhecimento mostrou durezas mais elevadas que o envelhecimento simples devido à
formação dos precipitados γ’ e γ” no envelhecimento duplo.

Tabela 2: Dureza das amostras submetidas à solubilização e duplo envelhecimento.


CONDIÇÃO DUREZA VICKERS [HV]
Solubilizado a 900°C/1h 298,0
Solubilizado a 900°C/1h e 750°C/8h+650°C/8h 436,6
Solubilizado a 900°C/1h e 720°C/8h+650°C/8h 422,2
Solubilizado a 1000°C/1h 215,3
Solubilizado a 1000°C/1h e 750°C/8h+650°C/8h 463,0
Solubilizado a 1000°C/1h e 720°C/8h+650°C/8h 460,5
Figura 12: Microestrutura da liga de Inconel 718 solubilizado a 1095°C/1 hora.

Figura 13: Microestrutura da liga de Inconel 718 solubilizado a 1095°C/1 hora.


Figura 14: Microestrutura da liga de Inconel 718 solubilizado a 1095°C/1 hora e envelhecido
a 620°C/8 horas.

Figura 15: Microestrutura da liga de Inconel 718 solubilizado a 1095°C/1 hora e envelhecido
a 620°C/8 horas.
Figura 16: Microestrutura da liga de Inconel 718 solubilizado a 1095°C/1 hora e envelhecido
a 620°C/20 horas.

Figura 17: Microestrutura da liga de Inconel 718 solubilizado a 1095°C/1 hora e envelhecido
a 620°C/20 horas.
Figura 18: Microestrutura da liga de Inconel 718 solubilizado a 1095°C/1 hora e envelhecido
a 620°C/24 horas.

Figura 19: Microestrutura da liga de Inconel 718 solubilizado a 1095°C/1 hora e envelhecido
a 620°C/24 horas.
Figura 20: Microestrutura da liga de Inconel 718 solubilizado a 1095°C/1 hora e envelhecido
a 620°C/48 horas.

Figura 21: Microestrutura da liga de Inconel 718 solubilizado a 1095°C/1 hora e envelhecido
a 620°C/48 horas.
Figura 22: Microestrutura da liga de Inconel 718 solubilizado a 1095°C/1 hora e envelhecido
a 720°C/10 horas.

Figura 23: Microestrutura da liga de Inconel 718 solubilizado a 1095°C/1 hora e envelhecido
a 720°C/10 horas.
Figura 24: Microestrutura da liga de Inconel 718 solubilizado a 1095°C/1 hora e envelhecido
a 720°C/16 horas.

Figura 25: Microestrutura da liga de Inconel 718 solubilizado a 1095°C/1 hora e envelhecido
a 720°C/16 horas.
Figura 26: Microestrutura da liga de Inconel 718 solubilizado a 1095°C/1 hora e envelhecido
a 720°C/24 horas.

Figura 27: Microestrutura da liga de Inconel 718 solubilizado a 1095°C/1 hora e envelhecido
a 720°C/24 horas.
Figura 28: Microestrutura da liga de Inconel 718 solubilizado a 1095°C/1 hora e envelhecido
a 720°C/48 horas.

Figura 29: Microestrutura da liga de Inconel 718 solubilizado a 1095°C/1 hora e envelhecido
a 720°C/48 horas.
Figura 30: Microestrutura da liga de Inconel 718 solubilizado a 1095°C/1 hora.

Figura 31: Microestrutura da liga de Inconel 718 solubilizado a 1095°C/1 hora.


Figura 32: Microestrutura da liga de Inconel 718 solubilizado a 1095°C/1 hora e envelhecido
a 720°C/48 horas.

Figura 33: Microestrutura da liga de Inconel 718 solubilizado a 1095°C/1 hora e envelhecido
a 720°C/48 horas.
Figura 34: Microestrutura da liga de Inconel 718 solubilizado a 1095°C/1 hora e envelhecido
a 620°C/48 horas.

Figura 35: Microestrutura da liga de Inconel 718 solubilizado a 1095°C/1 hora e envelhecido
a 620°C/48 horas.
400

350

300
Dureza Vickers [HV]
250

200

150

100

50

0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26
Tempo de Envelhecimento [h]

Figura 36: Valores de dureza Vickers em função do tempo de envelhecimento na


temperatura de 620°C.

450

400

350

300
Dureza Vickers [HV]

250

200

150

100

50

0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30
Tempo de Envelhecimento [h]

Figura 37: Valores de dureza Vickers em função do tempo de envelhecimento na


temperatura de 720°C.
Figura 38: Microestrutura da liga de Inconel 718 solubilizado a 1000°C/1 hora.

Figura 39: Microestrutura da liga de Inconel 718 solubilizado a 1000°C/1 hora.


Figura 40: Microestrutura da liga de Inconel 718 solubilizado a 1000°C/1 hora e submetido a
duplo envelhecimento a 750°C/8h+650°C/8h.

Figura 41: Microestrutura da liga de Inconel 718 solubilizado a 1000°C/1 hora e submetido a
duplo envelhecimento a 750°C/8h+650°C/8h.
Figura 42: Microestrutura da liga de Inconel 718 solubilizado a 1000°C/1 hora e submetido a
duplo envelhecimento a 720°C/8h+650°C/8h.

Figura 43: Microestrutura da liga de Inconel 718 solubilizado a 1000°C/1 hora e submetido a
duplo envelhecimento a 720°C/8h+650°C/8h.
Figura 44: Microestrutura da liga de Inconel 718 solubilizado a 900°C/1 hora.

Figura 45: Microestrutura da liga de Inconel 718 solubilizado a 900°C/1 hora.


Figura 46: Microestrutura da liga de Inconel 718 solubilizado a 900°C/1 hora e submetido a
duplo envelhecimento a 750°C/8h+650°C/8h.

Figura 47: Microestrutura da liga de Inconel 718 solubilizado a 900°C/1 hora e submetido a
duplo envelhecimento a 750°C/8h+650°C/8h.
Figura 48: Microestrutura da liga de Inconel 718 solubilizado a 900°C/1 hora e submetido a
duplo envelhecimento a 720°C/8h+650°C/8h.

Figura 49: Microestrutura da liga de Inconel 718 solubilizado a 900°C/1 hora e submetido a
duplo envelhecimento a 720°C/8h+650°C/8h.
Nas figuras 50 a 54 são apresentadas as curvas tensão-deformação obtidas em ensaios
de tração em temperaturas de 600 a 850°C e velocidades de deformação de 2,2x105s-1 (0,1
mm/min) a 2,2x10-3s-1 (5 mm/min). As curvas foram dispostas em vários gráficos visando
facilitar o entendimento do comportamento mecânico do Inconel 718, na condição como
recebido, submetido a ensaios de tração em diferentes condições de temperatura e
velocidade de deformação. Na figura 50 são mostradas as curvas tensão-deformação
obtidas em ensaios de tração nas temperaturas de 600, 650, 700, 750, 800 e 850°C e
velocidade de deformação de 2,2x10-4s-1 (0,5 mm/min). Nota-se nesta figura que os gráficos
apresentam um comportamento elástico similar. O início da deformação plástica apresenta
uma variação pequena na faixa de temperaturas de ensaio de 600 a 800°C. Somente a
850°C nota-se uma queda acentuada na tensão de início da deformação plástica.
A tabela 3 apresenta os valores relativos ao limite de escoamento (σ ε ), limite de
resistência (σ máx ), alongamento percentual (A) em função da temperatura de ensaio. Pode
ser observado que o limite de resistência diminui com o aumento da temperatura, este
comportamento é esperado na liga de Inconel 718, devido à degradação dos carbonetos a
temperaturas acima de 650ºC. Os valores de limite de escoamento apresentam os maiores
valores nos ensaios de tração a 700 e 750ºC. Este fato pode ser decorrente de nesta faixa
de temperaturas ocorrer a precipitação da fase γ”, principal responsável pelo endurecimento
desta liga. Nota-se também que a 600 ºC a região de deformação plástica da curva tensão-
deformação apresenta uma significativa oscilação, provavelmente decorrente da interação
entre as discordâncias e os precipitados γ’ em formação em temperaturas próximas a esta.

1200

1000

800 Temperatura
de Ensaio
Tensão [MPa]

600 C
600 650 C
700 C
750 C
400 800 C
850 C

200

0
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35 0,40
Deformação [mm/mm]

Figura 50: Curvas tensão-deformação obtidas em ensaios de tração utilizando velocidade de


deformação de 2,2x10-4 s-1 (0,5 mm/min) em diversas temperaturas.
Tabela 3: Propriedades mecânicas obtidas nos ensaios de tração a quente do Inconel 718
na condição como recebido com velocidade de deformação de 2,2x10-4 s-1 (0,5 mm/min).

Temperatura (OC) σ ε (MPa) σ máx (MPa) A (%)


600 750 1020 35
650 700 950 27,5
700 800 900 12,5
750 800 820 13
800 680 680 8,5
850 430 430 33

Nas figuras 51 a 54 são apresentadas as curvas tensão-deformação para as


temperaturas de ensaio de 600, 750, 800 e 850°C, respectivamente, e em várias
velocidades de deformação. Nota-se que a 600°C (figura 51) as curvas pouco se modificam
devido à alteração da velocidade de deformação. Nos ensaios a 750°C (figura 52) ocorre
uma pequena alteração na inclinação da reta elástica e nos valores de limite de
escoamento. Ainda na figura 52 observa-se que a curva do material ensaiado em velocidade
de deformação maior (5 mm/min) apresentou um aspecto diferente na região de deformação
plástica quando comparado com o material ensaiados em velocidades menores. As curvas
dos materiais ensaiados a 800°C (figura 53) apresentam o mesmo aspecto nas duas
velocidades de deformação empregadas. Pequenas diferenças devido à variação da
velocidade de deformação são observadas na reta elástica e no limite de escoamento do
material ensaiado a 800°C. Contudo, diferenças significativas são observadas no regime
plástico do material ensaiado a 800°C devido à velocidade de deformação. Com relação às
curvas tensão-deformação do material ensaiado a 850°C nas velocidades de 2,2x10-4s-1 e
2,2x10-3s-1 (figura 54), nota-se um mesmo formato das curvas e praticamente a mesma
inclinação da reta elástica. Entretanto, o valor de limite de escoamento é significativamente
superior no material ensaiado com velocidade de deformação maior.
A figura 55 apresenta as curvas de fluência obtidas para a liga de Inconel 718 sem
tratamento nas condições de 650oC, para cargas de 700, 750 e 814 MPa. A Figura 56
apresenta as curvas de fluência obtidas para a liga de Inconel 718 sem tratamento nas
condições de 700 oC, para cargas de 625, 700 e 750 MPa. Como já esperado, pode-se
observar um aumento significativo da resistência do material na vida em fluência com a
diminuição da tensão.
As tabelas 4 e 5 apresentam a relação dos principais parâmetros experimentais obtidos
a 650 e 700°C, respectivamente, a partir das curvas experimentais, em que σ é a tensão
aplicada, ε· s corresponde à taxa de fluência estacionária, obtida a partir da inclinação da
região linear na curva de fluência (estágio secundário). O valor de t p corresponde à
constante tempo relativo ao tempo primário, e é obtido no final do estágio primário e/ou
início do estágio secundário. O valor t f é o tempo final de fratura, ε f corresponde à
deformação de fratura e RA à redução percentual em área na fratura.
1200

1000

800
Tensão [MPa]

Velocidade de Deformação
-5 -1
600 4,4x10 s (0,1 mm/min)
-4 -1
2,2x10 s (0,5 mm/min)
-3 -1
2,2x10 s (5 mm/min)
400

200

0
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35 0,40
Deformação [mm/mm]

Figura 51: Curvas tensão-deformação obtidas em ensaios de tração na temperatura de


600°C em diversas velocidades de deformação.

900

800

700

600
Tensão [MPa]

500

400 Velocidade de Deformação


-5 -1
4,4x10 s (0,1 mm/min)
300 -4 -1
2,2x10 s (0,5 mm/min)
-3 -1
2,2x10 s (5 mm/min)
200

100

0
0,00 0,02 0,04 0,06 0,08 0,10 0,12 0,14 0,16
Deformação [mm/mm]

Figura 52: Curvas tensão-deformação obtidas em ensaios de tração na temperatura de


750°C em diversas velocidades de deformação.
Velocidade de Deformação
-4 -1
2,2x10 s (0,5 mm/min)
-3 -1
800 2,2x10 s (5 mm/min)

700

600
Tensão [MPa]

500

400

300

200

100

0
0,00 0,02 0,04 0,06 0,08 0,10 0,12 0,14
Deformação [mm/mm]

Figura 53: Curvas tensão-deformação obtidas em ensaios de tração na temperatura de


800°C em diversas velocidades de deformação.

600
Velocidade de Deformação
-4 -1
2,2x10 s (0,5 mm/min)
-3 -1
500 2,2x10 s (5 mm/min)

400
Tensão [MPa]

300

200

100

0
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35
Deformação [mm/mm]

Figura 54: Curvas tensão-deformação obtidas em ensaios de tração na temperatura de


850°C em diversas velocidades de deformação.
Figura 55: Curvas de fluência obtidas para a liga Inconel 718 em temperaturas de 650oC, e
cargas de 700, 750 e 814 MPa (material como recebido).

0,08

625 MPa
700 MPa
0,06 750 MPa
deformação [mm/mm]

0,04

0,02

0,00

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18

tempo [h]
Figura 56: Curvas de fluência obtidas para a liga Inconel 718 em temperaturas de 700oC, e
cargas de 625, 700 e 750 MPa (material como recebido).
Tabela 4: Dados de fluência a 650°C.
σ tp ε· s tf εf RA
(MPa) (h) (1/h) (h) (mm/mm) (%)
700 16 0,00013 ------- ---------- -----
750 6 0,00032 92,7 0,06036 5,57
814 0,25 0,00616 4 0,06120 6,23

Tabela 5: Dados de fluência a 700°C.


σ tp ε· s tf εf RA
(MPa) (h) (1/h) (h) (mm/mm) (%)
625 1,50 0,0002 15,0 0,0511 7,23
700 0,33 0,0009 5,1 0,0314 3,80
750 0,05 0,0016 1,7 0,0258 4,23

A complementação da parte experimental compreende o estudo das principais


características das superfícies de fratura. Nas figuras de 57 a 66 são observadas as
superfícies de fratura de corpos-de-prova representativos dos testes de fluência a 650oC,
com as tensões de 700, 750, 814 MPa e 700oC com as tensões de 625, 700, 750 MPa. Para
cada condição é apresentado um fractografia em baixo aumento e uma em mais alto
aumento. As análises fractográficas revelam uma fratura com característica dúctil para todas
as temperaturas e tensões, com a presença de microcavidades. Em algumas das
microcavidades podem ser observados alguns precipitados.

Figura 57: Aspecto geral da superfície de fratura a 650oC, 750MPa.


Figura 58: Região central da superfície de fratura a 650oC, 750MPa.

Figura 59: Aspecto geral da superfície de fratura a 650oC, 814MPa.


Figura 60: Região central da superfície de fratura a 650oC, 814MPa.

Figura 61: Aspecto geral da superfície de fratura a 700oC, 625MPa.


Figura 62: Região central da superfície de fratura a 700oC, 625MPa.

Figura 63: Aspecto geral da superfície de fratura a 700oC, 700MPa.


Figura 64: Região central da superfície de fratura a 700oC, 700MPa.

Figura 65: Aspecto geral da superfície de fratura a 700oC, 750MPa.


Figura 66: Região central da superfície de fratura a 700oC, 750MPa.

As figuras 67 e 68 mostram os difratogramas de raios-X obtidos antes e após a


implantação iônica de nitrogênio (“Plasma Immersion Ion Implantation - PIII”) para o Inconel
718, respectivamente. O difratograma de raios-X, mostrado na figura 68, foi feito no Inconel
718 após três horas de implantação. Picos de nitreto de cromo (CrN), a 37,5° e 42,5°, não
puderam ser observados nesta figura. Estes picos poderiam ser evidenciados pelo uso de
um difratômetro de raios-X de baixo angulo. Na figura 68 pode ser notada a presença de
picos da estrutura cúbica de faces centradas (cfc) expandida (fase-m) em ângulos próximos
a 39° e 45°. O tempo de implantação de uma hora não foi suficiente para que os picos da
fase-m fossem observados por difratometria de raios-X.
A figura 68 permite concluir que a implantação do Inconel 718 desloca o pico (111) de
43,5° para 39° e o pico (200) de 50,7° para 45,2°. A diferença no deslocamento das
posições dos picos (111) e (200) é atribuída à menor densidade atômica do plano (200),
resultando uma expansão maior do reticulado. A mudança relativa no parâmetro de rede
(∆A/A 0 ) ao longo da direção [111] é 11% (a 111 =4,000 Ǻ) e ao longo da direção [200] é 11,4%
(a 200 =4,012 Ǻ). A expansão do reticulado cfc devido à implantação foi aproximadamente
11%. Isto significa que o reticulado permanece cfc.
1000

(111) fcc

Intensidade de Raios-X [cps] 800

600

(220) fcc
400 (200) fcc

200

0
0 20 40 60 80 100
2 Teta [graus]

Figura 67: Difratogramas de raios-X do Inconel 718 sem tratamento de implantação PIII.

1600
(111) fcc
Intensidade de Raios-X [cps]

1400

1200

1000

800

600

(200) fcc
400
(111) m-phase
(200) m-phase
200 (220) fcc

0
0 20 40 60 80 100
2 Teta [graus]

(b)
Figura 68: Difratogramas de raios-X do Inconel 718 submetido a implantação por três horas.
5. CONCLUSÕES

O estudo da microestrutura e das propriedades mecânicas do Inconel 718 permitiu


concluir que:

- O tempo para atingir o máximo valor de dureza no envelhecimento a 620 e 720°C foi
aproximadamente 6 h. O valor de dureza do pico de dureza da amostra envelhecida a 620°C
(≈250 HV) está abaixo do máximo obtido no Inconel 718 envelhecido a 720°C (≈400HV),
devido provavelmente ao precipitado formado (620°C-γ’ e 720°C-γ”).

- As micrografias das amostras solubilizadas a 1000°C apresentaram microestruturas


similares às obtidas nas amostras solubilizadas a 1095°C. Contudo, as amostras
solubilizadas a 900°C e posteriormente submetidas a duplos envelhecimentos apresentaram
microestruturas completamente diferentes. Nestas micrografias há evidências que a
solubilização não ocorreu completamente.

- Os valores de limite de escoamento apresentam os maiores valores nos ensaios de tração


a 700 e 750ºC. Este fato pode ser decorrente de nesta faixa de temperaturas ocorrer a
precipitação da fase γ”, principal responsável pelo endurecimento desta liga.

- Os ensaios de tração a 600 e a 850°C as curvas pouco se modificam devido à alteração da


velocidade de deformação. Nos ensaios a 750°C ocorre uma pequena alteração na
inclinação da reta elástica e nos valores de limite de escoamento. Pequenas diferenças
devido à variação da velocidade de deformação são observadas na reta elástica e no limite
de escoamento do material ensaiado a 800°C.

- Como já esperado, pode-se observar um aumento significativo da resistência do material


na vida em fluência com a diminuição da tensão. As análises fractográficas revelam uma
fratura com característica dúctil para todas as temperaturas e tensões, com a presença de
microcavidades. Em algumas das microcavidades podem ser observados alguns
precipitados.

- A implantação do Inconel 718 desloca o pico (111) de 43,5° para 39° e o pico (200) de
50,7° para 45,2°. A diferença no deslocamento das posições dos picos (111) e (200) é
atribuída à menor densidade atômica do plano (200), resultando uma expansão maior do
reticulado. A expansão do reticulado cfc devido à implantação foi aproximadamente 11%.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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