Henrique Cantarino - Direito Administrativo - Controle Da Administração - PF Agente Escrivão PDF
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- Controle da Administração
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Aulas de Direito Administrativo Henrique Cantarino
CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO
Conceito
No exercício de suas funções, a Administração Pública sujeita-se a controle por parte dos Poderes
Legislativo e Judiciário, além de exercer, ela mesma, o controle sobre seus próprios atos. Esse controle
abrange não só os órgãos do Poder Executivo, mas também os dos demais Poderes, quando exerçam
função tipicamente administrativa. Em outras palavras, abrange a Administração Pública considerada em
sentido amplo.
O controle constitui poder-dever dos órgãos a que a lei atribui essa função, precisamente pela sua
finalidade corretiva: ele não pode ser renunciado nem retardado, sob pena de responsabilidade de quem se
omitiu. Abrange a fiscalização e a correção dos atos ilegais e, em certa medida, dos inconvenientes ou
inoportunos.
Nas palavras de Hely Lopes Meirelles, “Controle, em administração pública, é a faculdade de
vigilância, orientação e correção que um Poder, órgão ou autoridade exerce sobre a conduta funcional de
outro”. Já segundo Maria Sylvia Di Pietro, “... pode-se definir o controle da Administração Pública como o
poder de fiscalização e correção que sobre ela exercem os órgãos do poder Judiciário, Legislativo e
Executivo, com o objetivo de garantir a conformidade de sua atuação com os princípios que lhe são
impostos pelo ordenamento jurídico”.
Espécies e Características
Vários critérios existem para classificar as modalidades de controle. Assim, os tipos e formas de
controle da atividade administrativa podem ser classificados:
a)quanto ao órgão que o exerce: controle administrativo, legislativo ou judicial;
b)quanto ao momento em que se efetua: controle prévio, concomitante ou posterior;
c)quanto ao seu fundamento: controle hierárquico ou finalístico;
d)quanto à localização do órgão que o realiza: controle interno ou externo;
e)quanto ao aspecto controlado: controle de mérito ou de legalidade
a) Quanto ao órgão:
a.1- Controle Administrativo
Nas palavras de Hely Lopes Meirelles, “Controle administrativo é todo aquele que o Executivo e os
órgãos de administração dos demais Poderes exercem sobre suas próprias atividades, visando a mantê-las
dentro da lei, segundo as necessidades do serviço e as exigências técnicas e econômicas de sua
realização, pelo que é um controle de legalidade e de mérito”.
O controle administrativo deriva do poder-dever de autotutela que a Administração tem sobre seus
próprios atos e agentes. Vale aqui mencionar a súmula 473 do STF, segundo a qual “A Administração pode
anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornem ilegais, porque deles não se originam
direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e
ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial”.
Conforme o órgão que realize o controle administrativo, podemos ter:
Controle hierárquico próprio: realizado pelos órgãos superiores, sobre os órgãos
inferiores, pelas chefias, sobre os atos de seus subordinados, e pelas corregedorias, sobre
os órgãos e agentes sujeitos à sua correição.
Controle hierárquico impróprio: realizado por órgãos estranhos à repartição que expediu o
ato recorrido, mas com competência julgadora expressa como, por exemplo, as Delegacias
de Julgamento da Receita Federal e os Conselhos de Contribuintes do Ministério da
Fazenda.
Controle finalístico: realizado pela Administração Direta sobre as entidades da
Administração Indireta. Esse controle é principalmente realizado pelos ministérios sobre as
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sujeito à apreciação judicial; apenas em relação a dois de seus elementos – motivo e objeto - não há, em
princípio, essa possibilidade.
- atos legislativos: a lei, propriamente dita. Não ficam sujeitos a anulação judicial pelos meios processuais
comuns, e sim pela via especial da Ação direta de Inconstitucionalidade (Lei 9868/99), tanto para a lei em
tese como para os demais atos normativos (art. 102 e 103 da CF/88).
- atos interna corporis: não é tudo que provém do seio da Câmara ou de suas deliberações internas. São
só aquelas questões ou assuntos que entendem direta e imediatamente com a economia interna da
corporação legislativa, com seus privilégios e com formação ideológica da lei, que, por sua própria natureza,
são reservados à exclusiva apreciação e deliberação do Plenário da Câmara. Também são vedados à
revisão judicial.
- mandado de segurança individual: destina-se a coibir atos ilegais da autoridade que lesem direito
subjetivo, líquido e certo do impetrante, não amparado por habeas corpus ou habeas data. O prazo para
impetração é de 120 dias do conhecimento oficial do ato a ser impugnado (Lei 12.016/09; CF, art. 5º, LXIX).
- mandado de segurança coletivo: seus pressupostos são os mesmos do individual, inclusive quanto ao
direito líquido e certo, só que a tutela não é individual, mas coletiva (Lei 12.016/09; CF, art. 5º, LXX).
- ação popular: é um instrumento de defesa dos interesses da coletividade, utilizável por qualquer cidadão,
no gozo de seus direitos cívicos e políticos. O beneficiário direto e imediato é o povo (Lei 4717/65; CF, art.
5º, LXXIII).
- ação civil pública: ampara os direitos difusos e coletivos, não se prestando para direitos individuais, nem
se destinando à reparação de prejuízos (Lei nº 7347/85; CF art. 129, III).
- mandado de injunção: ampara quem se considerar prejudicado pela falta de norma regulamentadora que
torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes a direitos e
liberdades constitucionais e à nacionalidade, à soberania e à cidadania (CF, art. 5º. LXXI).
- ação direta de inconstitucionalidade: é usada para atacar a lei em tese ou qualquer outro ato normativo
antes mesmo de produzir efeitos concretos (CF, art. 102, I e 103).
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- medida cautelar: feito pelo argüente de inconstitucionalidade, será julgado pelo STF; exige os
pressupostos das cautelares comuns. A liminar suspende a execução da lei, mas não o que se aperfeiçoou
durante sua vigência. Produz efeitos ex nunc.
- ação de inconstitucionalidade por omissão: objetiva e expedição de ato normativo necessário para o
cumprimento de preceito constitucional que, sem ele, não poderia ser aplicado.
- ação declaratória de constitucionalidade: de lei ou ato normativo, será apreciada pelo STF, a decisão
definitiva de mérito tem efeito erga omnes.
b) Quanto ao momento:
b.1) Controle Prévio (preventivo; a priori)
Diz-se prévio o controle quando exercido antes do início da prática ou antes da conclusão do ato
administrativo, constituindo-se em requisito para a validade ou para a produção de efeitos do ato controlado.
Exemplo de controle prévio é a autorização do Senado Federal necessária para que a União, os Estados, o
DF ou os Municípios possam contrair empréstimos externos.
É também exemplo a aprovação, pelo Senado Federal, da escolha de ministros dos tribunais
superiores, do Procurador-Geral da República, do presidente do Banco Central etc., conforme previsto no
art. 52 da CF. A aprovação ali referida é um ato de controle prévio, pois precede a nomeação dos citados
agentes públicos, conforme se depreende da leitura do art. 84, XIV, da CF.
c) Quanto ao fundamento:
c.1) Controle Hierárquico
É aquele resultante do escalonamento vertical dos órgãos da Administração Direta ou das entidades
da Administração Indireta, em que os órgãos inferiores são subordinados aos órgãos superiores. Desse
escalonamento decorre que os órgãos de cúpula exercem o controle pleno dos órgãos subalternos. Essa
espécie de controle pressupõe as faculdades de supervisão, coordenação, orientação, fiscalização,
aprovação, revisão e avocação das atividades controladas, assim como os meios corretivos dos agentes
responsáveis.
O controle hierárquico é típico do Poder Executivo, sendo, sempre, um controle interno. Assim, na
Administração Direta Federal, os ministérios exercem controle hierárquico sobre suas secretarias, as quais,
por sua vez, controlam hierarquicamente suas superintendências, que exercem controle hierárquico sobre
suas delegacias, e assim por diante.
Em razão de sua natureza, o controle hierárquico é pleno (irrestrito), permanente e automático (não
depende de norma específica que o estabeleça ou autorize). Por meio do controle hierárquico podem ser
verificados todos os aspectos concernentes à legalidade e ao mérito de todos os atos praticados pelos
agentes ou órgãos subalternos a determinado agente ou órgão.
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O controle finalístico é aquele exercido pela Administração Direta sobre as pessoas jurídicas
integrantes da Administração Indireta. É estabelecido pela norma legal para as entidades autônomas,
indicando a autoridade controladora, as faculdades a serem exercitadas e as finalidades objetivadas. È um
controle limitado e externo, visando a verificação do enquadramento da entidade no programa de governo,
bem como a verificação dos atos de seus dirigentes no desempenho de suas funções.
Em resumo, o controle finalístico, uma vez que fundamentado numa relação de vinculação entre
pessoas (e não em subordinação entre órgãos ou agentes), é um controle limitado e teleológico, ou seja,
restringe-se à verificação do enquadramento da entidade controlada no programa geral do governo e à
avaliação objetiva do atingimento, pela entidade, de suas finalidades estatutárias.
QUESTÃO 12
Provas Anteriores
1)(ESAF/COMEX/98) - São interesses da comunidade protegidos por meio de ação popular, no controle da
Administração Pública, exceto:
a) patrimônio público
b) meio ambiente
c) patrimônio histórico e cultural
d) direitos do consumidor
e) moralidade administrativa
b) interno
c) administrativo
d) externo
e) político
9)(UFSC/Fiscal de Tributos – SC/1998) O controle que a Secretaria de Estado exerce sobre uma autarquia
a ela vinculada é:
a) Interno
b) Hierárquico
c) Pleno e ilimitado
d) Judicial
e) Finalístico
10)(NCE/Delegado Polícia Civil - RJ/2002) Com relação ao controle da Administração Pública, analise as
afirmativas:
I-O exercício do direito de petição, previsto no art. 5º, XXXIV, a da Constituição reflete o exercício do
controle judicial da atividade administrativa do Estado.
II-O controle de mérito e de legalidade exercido pela Administração Pública sobre sua própria atividade
independe de provocação da parte interessada.
III-Os atos interna corporis praticados pelas casas legislativas não se submetem ao controle judicial em
nenhuma hipótese.
A(s) afirmativa(s) verdadeira(s) é/são somente:
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a) I
b) II
c) III
d) I e II
e) II e III
GABARITO
Controle da Administração
1-D ; 2-D ; 3-CCC anulada E ; 4-D ; 5-D ; 6-E ; 7-A ; 8-A ; 9-E ; 10-B ; 11-D ; 12-E ; 13-A