Introducao - Hidraulica Dos Condutos Forcados
Introducao - Hidraulica Dos Condutos Forcados
Introducao - Hidraulica Dos Condutos Forcados
ENGENHARIA CIVIL
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Hidráulica dos Condutos Forçados
Profa. Ms. Cristina das Graças Fassina
1. INTRODUÇÃO
A Hidráulica é o ramo das ciências físicas que tem por objetivo estudar os líquidos em movimento.
Se um líquido escoa em contato com a atmosfera diz-se que ele está em escoamento livre e
quando escoa confinado em um conduto de seção fechada com pressão diferente da atmosférica,
então tem-se um escoamento forçado ou sob pressão.
Quando o movimento desenvolve-se de tal maneira que as partículas traçam trajetórias bem
definidas no sentido do escoamento, define-se um movimento laminar ou viscoso e quando não há
definição das trajetórias das partículas, embora com certeza haja escoamento, tem-se o
movimento turbulento ou hidráulico, que é a situação mais natural.
Quando as características variarem ponto a ponto, instante a instante, o escoamento é dito variado,
ou seja, a vazão variando no tempo e no espaço. Este é o escoamento típico de um curso d’água
natural. No variado, conforme a oscilação da velocidade de escoamento ao longo do conduto e
com o tempo, pode ainda ser classificado como acelerado, quando a velocidade aumenta com o
tempo (rio em cheia crescente), ou retardado, quando em ritmo contrário (canal baixando
continuamente de nível).
2. EQUAÇÃO DA CONTINUIDADE
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3. EQUAÇÃO DA ENERGIA
A energia presente em um fluido em escoamento pode ser separada em quatro parcelas, a saber,
energia de pressão (piezocarga), energia cinética (taquicarga), energia de posição (hipsocarga) e
energia térmica. Partindo do princípio da conservação de energia, para duas seções transversais
em dois pontos distintos, 1 e 2 do escoamento (Fig. 1), estas parcelas podem ser agrupadas da
seguinte forma:
Cota
Piezométrica
Pressão
disponível
V1 = V2 D é constante
hf ou H = et1 – et2
et1 = z1 + P1/ + V12/2g
et2 = z2 + P2/ + V22/2g
(Eq. 2)
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A soma das parcelas z + (p/) + (. v2/2g) é denominada de energia mecânica do líquido por
unidade de peso. Portanto, a energia mecânica de um líquido sempre estará sob uma ou mais das
três formas citadas.
Obs.: A velocidade média de escoamento na maioria das instalações hidráulicas, não ultrapassa a
1 m/s. Dessa forma, pode-se desprezar o termo cinético V 2/2g. Portanto, para efeitos práticos,
considera-se a linha piezométrica coincidente com a linha de carga total.
4. PERDA DE CARGA - H
Devido à própria viscosidade e ao atrito da corrente líquida com as rugosidades das paredes do
conduto, há a degradação da energia mecânica pela transformação em calor. A energia consumida
neste processo não pode ser desprezada no estudo dos movimentos dos líquidos e é denominada
de perda de carga, normalmente simbolizada por hf ou H. A diferença hf é, sem dúvida, a de maior
complexidade para determinação. Inúmeras são as expressões encontradas na literatura técnica
sobre o assunto. No caso específico de seções circulares cheias, todas podem ser apresentadas
da seguinte forma:
H = J . L com J = k. Qm / Dn , Eq. 3
em que:
J = perda unitária, em m/m;
L = distância pelo eixo do conduto entre as duas seções, em m;
Q = vazão no conduto, em m³/s;
D = diâmetro da seção circular, em m (no caso de secção diferente da circular substituir "D" por
"4.R"); R = raio hidráulico;
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Daniel Bernoulli, 1700-1782, cientista suíço de Gröningen, criador da Física Matemática juntamente com o alemão
Leonard Euler, 1707-1783, e os franceses Alexis Claude Clairaut, 1713-1765, e Jean le Rond d'Alembert, 1717-1783.
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O fator foi introduzido na hidráulica pelo professor francês, nascido em Paris, Gaspard Gustave de Coriolis (1792 -
1843) e é, por esta razão, denominado de coeficiente de Coriolis. Um compatriota e contemporâneo de Coriolis, Pierre
Vautier (1784 - 1847), professor e engenheiro naval nascido em Bolongne, dirimindo dúvidas do próprio Coriolis, concluiu
que não era uma constante, decrescendo com o crescimento da velocidade média, sendo igual a 2,0 no fluxo laminar
e 1,10 a 1,01 no hidráulico ou turbulento, embora nesta situação, na prática, se possa trabalhar com igual a 1,00,
segundo o mesmo Vautier.
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Jf V
2
Q 8f
Eq. 4
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2gD g π D
Nos raros casos de tubos lisos com escoamento laminar, NR 2000 (normalmente só obtidos em
laboratório) a rugosidade não interfere no valor de f que é calculado pela expressão:
f = 64/NR
em que NR é o Número de Reynolds, definido em 1883 por Osborne Reynolds 4. Igual, por exemplo,
a V.D/ para seções circulares de diâmetro D.
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A expressão universal é creditada ao engenheiro francês, de Dijon, Henry Philibert Gaspard Darcy (1803-1858) e ao
professor de matemática saxônico Julius Weisback (1806-1871).
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Osborne Reynolds (1842-1912), matemático e engenheiro irlandês de Belfast.
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4.3.1. Origem
De um modo geral as fórmulas empíricas têm sua origem a partir de experiências, sob certas
condições e limitadas por condições específicas. O pesquisador analisa os resultados encontrados
e conclui por uma expressão que relaciona os valores medidos. Por não terem origem em
fundamentos analíticos, seus resultados são limitados e só devem ser utilizadas em condições que
se assimilem as de sua origem. Para cálculo de sistemas de abastecimento de água em
escoamento são freqüentemente empregadas as expressões de Hazen-Williams (1902) para
escoamentos sob pressão e de Chézy (1775) para escoamentos livres.
Desenvolvida pelo Engenheiro Civil e Sanitarista Allen Hazen e pelo Professor de Hidráulica
Garden Williams, entre 1902 e 1905, é, sem dúvida, a fórmula prática mais empregada pelos
calculistas para condutos sob pressão, desde 1920. Com resultados bastante razoáveis para
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Em que:
Esta expressão tem como grande limitação teórica o fato de não considerar a influência da
rugosidade relativa no escoamento, podendo gerar resultados inferiores à realidade durante o
funcionamento, na perda calculada para pequenos diâmetros e valores muito altos para maiores,
caso não haja uma correção no coeficiente C usualmente tabelado.
Observações:
Utilizada para grandes instalações, com linha de grandes comprimentos, nas quais se
podem desprezar perdas localizadas. Exemplos: instalações de recalque e redes de
distribuição de água.
1,85
J 10,65
Q Q 0,2785 C J
0,54
D
2,63
1,85 4,87
C D
0,38
D 1,652
Q
0,38 0,2053
C J
Em que:
ΔH
J = perda de carga unitária (m/m) J
L
Q = vazão (m3/s)
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LISTA DE EXERCÍCIOS 1:
1. Uma adutora de água deve conduzir por gravidade 68 l/s, com uma perda de carga de 10,2m e
com um comprimento de 2km. Qual deve ser o diâmetro da adutora para tubos de ferro fundido
e cimento amianto, C = 100 e C = 140, respectivamente? R.: D100=12”; D140=11”.
2. Que vazão poderá transportar uma adutora de 12” de diâmetro, de tubos de aço (C=120) sendo
a perda de carga total de 38,4m e o comprimento da tubulação 4,8km? R.: Q = 104 l/s
3. Uma adutora aduz 52 l/s de água de um ponto a outro, com uma tubulação de cimento amianto
de diâmetro igual a 10”. Calcular a perda de carga total entre os dois pontos sabendo que a
adutora tem 2,7 km de comprimento. R.: H = 11m
4. O reservatório (1) abastece os reservatórios B e C com uma vazão de 25 l/s. No ponto A existe
uma bifurcação com duas tubulações horizontais de diâmetros iguais a 6” e comprimentos
iguais a 100 m e 400 m. As alturas d’água nos reservatórios B e C são iguais a 2 m. Com os
dados da figura, determinar as vazões nas tubulações AB e AC, bem como o diâmetro da
tubulação AO. Todas as tubulações têm C = 90. R.: QAB= 17 l/s; QAC= 8 l/s; DOA = 8”.
(1)
7,4m 0 L=600m 2m
B
L1=100m
Q=25 l/s
A 2m
L2=400m
C
D2=6”
5. A vazão a ser transferida do reservatório (1) para o reservatório (2) é 40 l/s. Dimensionar a
adutora de aço rebitado, usando os dados da figura. Verificar que a pressão disponível no ponto
B deve ser positiva. R.: DAB=12”; DBC=8” para PB=1mH2O.
229,00
(R1)
224,50
A
B
216,20
LAB=2,1km
(R2)
LBC=0,8km
C
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7. Em uma tubulação horizontal de diâmetro igual a 150mm, de ferro fundido em uso com cimento
centrifugado, foi instalada em uma seção A, uma mangueira plástica (piezômetro) e o nível
d’água na mangueira alcançou a altura de 4,20m. Em uma seção B, 120m à jusante de A, o
nível d’água em outro piezômetro alcançou a altura de 2,40m. Determine a vazão. R.: Q=26,51
l/s.
8. Determinar a relação entre a vazão máxima e a vazão mínima que pode ser retirada na
derivação B, impondo que o reservatório 2 nunca seja abastecido pelo reservatório 1 e que a
mínima pressão disponível na linha seja igual a 1,0 m.c.a. Despreze as perdas localizadas. R.:
Qmáx/Qmín=1,89.
554,00
(R1)
552,00
C=110 12”
850m C=100 8”
450m (R2)
549,00