Competitividade
Competitividade
Competitividade
AULA
consumidor no mercado
Cleber Ferrer Barbosa
Meta da aula
Apresentar como a Microeconomia fundamenta
o comportamento do consumidor em torno das
escolhas dos bens adquiridos no mercado.
objetivos
Pré-requisitos
Esta aula utiliza representações gráficas dentro
do primeiro quadrante do plano cartesiano (cons-
trução de gráficos estudados no Ensino Médio).
Também são abordados conceitos básicos de
funções e derivadas, além de se utilizar um pouco
de manipulações algébricas no tratamento de
equações. São, portanto, questões da Matemática
utilizadas nas Aulas 10, 11 e 12 da disciplina
Métodos Determinísticos II, estudadas por você.
Análise Microeconômica | O comportamento do consumidor no mercado
David Lebrero
144 CEDERJ
PREFERÊNCIAS DO CONSUMIDOR
5
AULA
Os bens e serviços no mercado são assim chamados, porque têm
utilidades para as pessoas. Os indivíduos se interessam em adquirir bens
levando em conta a sua utilidade, ou seja, quanto mais útil maior será
a preferência pelo bem. Desta forma, podemos verificar que os bens
sinalizam utilidades e satisfação, o que justifica a procura por eles.
Por exemplo:
Suponha que existam à disposição dos consumidores vários
bens que denominamos por n bens de mercado. Cada tipo de bem será
denominado por um subscrito i, que terá uma variação de 1 a n bens
do mercado.
CEDERJ 145
Análise Microeconômica | O comportamento do consumidor no mercado
Vamos utilizar o sinal > para designar o termo ‘é preferível a’, isto
é: quando escrevermos X > Y, estamos dizendo que a cesta X é preferí-
vel à cesta Y. Se isto ocorrer, é porque na cesta X há um nível maior de
utilidade do que na cesta Y.
De forma semelhante, podemos utilizar o sinal ~ para designar o
termo “é indiferente a”. Assim: quando escrevermos X ~ Y é o mesmo
que dizer que a cesta X tem a mesma preferência que a cesta Y, isto é ,
o consumidor está indiferente entre optar por X ou Y.
Assim, podemos supor que o consumidor é consistente ou racional
em suas escolhas se, dadas três cestas quaisquer – A, B, C – estiverem
presentes os pressupostos:
a) Da transitividade: Se A > B e B > C, então A > C. Isto é, se a
cesta A é preferível a B e B preferível a C, então ele preferirá A a C.
b) Da reflexividade: A ~ A, isto é, cestas idênticas são tão desejadas
quanto qualquer uma delas.
c) Das preferências completas: Para quaisquer duas cestas, A e B, ou
A > B ou A < B ou A ~ B, como já dito anteriormente.
Vamos supor que o consumidor sempre está motivado a optar pela
cesta que mais utilidade lhe proporcionar. Admitindo que, em geral, os
bens sempre trazem utilidades, quanto mais bens uma cesta tiver, maior
será o número de interessados por ela. Assim, pressupomos o consumidor
como insaciável na aquisição de bens.
A consequência é que “mais bens é sempre preferível a menos
bens”; isto é chamado de princípio da não saciedade. No entanto, sabe-
mos que nem sempre isso se verifica na vida real. Afinal, os bens, depois
de certa quantidade, podem enjoar o consumidor ou trazer problemas
de armazenamento, entre outros problemas. Não obstante, podemos
considerar como caso geral observável para grande parte da população
que quanto mais bens, maior será a utilidade para o indivíduo.
A seguir, vamos construir uma função para expressar a utilidade
dos bens.
146 CEDERJ
A FUNÇÃO UTILIDADE
5
AULA
Diremos a função U (xi) como a expressão que confere aos bens
xi um certo grau de utilidade. Esta função é chamada F U N Ç Ã O UTILIDADE FUNÇÃO UTILIDADE
T O TA Lrepresenta o
T O TA L . A utilidade é uma medida que tem por objetivo representar o nível de utilidade ou
satisfação gerada a
nível de satisfação em hipótese de aquisição de produtos.
partir da quantidade
As primeiras construções teóricas sobre a função utilidade trata- de bens disponibili-
zada ao consumidor.
vam de atribuir números às satisfações do consumidor com os diversos
bens do mercado. Cada cesta de bens era avaliada com base numa certa
medida de utilidades, denominada artificialmente como utis. Por exem-
plo, um bem proporcionava 5 utis ao consumidor, outro bem digamos
que proporcionava 12 utis. Assim, a função utilidade identificava as
cestas de consumo por quantidade de utis. As que tinham mais utis eram
as mais preferíveis.
CEDERJ 147
Análise Microeconômica | O comportamento do consumidor no mercado
Tabela 5.1: Utilidade total e utilidade marginal da função utilidade U(x1) = 2x1
148 CEDERJ
Tabela 5.2: Utilidade marginal de x2 da função utilidade U (x1, x2) = 2x10,5x2
5
Quantidade de x1 Quantidade de x2 Utilidade total Utilidade marginal de x2
AULA
4 2 8 -
4 3 12 4
! No cálculo da
utilidade marginal,
apenas a quantidade do
bem que estamos querendo
examinar deve sofrer
alteração.
U
UMg1 = (1);
x1
CEDERJ 149
Análise Microeconômica | O comportamento do consumidor no mercado
U 83 80
UMg1 = 3
x1 1
U
UMg 2 = (2)
x2
150 CEDERJ
Isto exemplifica a utilidade marginal como positiva, porém
5
decrescente. Estamos supondo que os indivíduos, em geral, tenham esta
AULA
característica como consumidores.
Atividade 1
Um consumidor tem satisfação em adquirir dois produtos no mercado: x1 e x2. 1
Uma aproximação desta situação é dada pela formulação de uma equação que
represente a forma pela qual estes bens fornecem uma escala de utilidades. Digamos,
a função utilidade: U (x1, x2) = 2x10,5x2
Resposta Comentada
Para obter os valores das utilidades marginais requeridas, basta substituir os valores
para cada variável na função utilidade.
CEDERJ 151
Análise Microeconômica | O comportamento do consumidor no mercado
152 CEDERJ
CURVAS DE INDIFERENÇA
5
AULA
As pessoas têm as suas preferências pelos vários bens postos à
venda. Há também os casos em que uma determinada combinação de
bens (ou seja, a cesta de bens) possa ser igualmente preferível a uma ou
mesmo a diversas outras combinações de bens.
Por exemplo:
Um indivíduo afirma que teria a mesma satisfação em ser presen-
teado com doze ingressos de futebol e quatro diárias de um hotel (uma
cesta de bens), comparado a dez ingressos de futebol com cinco diárias.
Poderia ser indiferente, também, a uma terceira opção: cinco ingressos
de futebol associados a dez diárias.
Ilustramos, com a Tabela 5.3, hipotéticas possibilidades do tipo
"tanto faz", ou seja, situações em que o consumidor estaria indiferente
quanto às cestas de ingressos para futebol (x2) e diárias de hotel (x1), ou
seja, cestas Xi(x1, x2) ~ Xj(x1, x2), sendo Xi e Xj as diversas possibilidades
de cestas de bens.
CEDERJ 153
Análise Microeconômica | O comportamento do consumidor no mercado
154 CEDERJ
tencente a uma curva de indiferença, então, aquela cesta (F) será também
5
preferível a todas as cestas da mesma curva de indiferença (A, B, C, D),
AULA
pois estas últimas são igualmente preferíveis entre si.
De maneira análoga, analisamos os pontos abaixo da curva de
indiferença, como exemplifica a cesta E. Comparando-a com a cesta C,
vemos que há a mesma quantidade de x2, porém menos unidades de x1;
logo, a cesta C é preferível à cesta E. Se esta cesta é menos preferível à
cesta C, que está numa curva de indiferença, então, nada mais consistente
do que admitir que E será preterida a qualquer das cestas pertencentes
à curva de indiferença que contém C.
Observe que a cesta F também pode pertencer a um conjunto de
cestas alternativas, todas indiferentes ao consumidor. Por este modo, a
cesta F continua sendo preferível à curva de indiferença I0, mas também
é ponto de outra curva de indiferença, digamos I1. Esta é composta por
todas as combinações de x1 e x2 que estejam na mesma ordem de prefe-
rência à cesta F. A Figura 5.3 mostra a curva de indiferença I1 estando
acima da curva de indiferença I0.
CEDERJ 155
Análise Microeconômica | O comportamento do consumidor no mercado
156 CEDERJ
5
AULA
Figura 5.5: As curvas de indiferenças não se interceptam.
Fonte: Cleber Barbosa.
CEDERJ 157
Análise Microeconômica | O comportamento do consumidor no mercado
158 CEDERJ
A taxa marginal de substituição (TMS) é uma taxa decrescente.
5
Suponha uma pessoa que adora beber refrigerante saboreando porções
AULA
de azeitonas. Por ser seu aniversário, um amigo a convida a um boteco.
Primeiro, oferece-lhe 10 latas de refrigerantes com uma porção de azei-
tonas. Uma razoável taxa marginal de substituição entre estes dois bens
seria que na primeira troca o aniversariante fique indiferente na opção
de 7 refrigerantes, se ganhar uma porção a mais de azeitonas. Afinal,
está com muito refrigerante e poucas azeitonas. Neste caso, a TMS é –3.
Nessa cesta, ele teria 7 refrigerantes e 2 porções de azeitonas. Se o
garçom lhe falasse que pelo mesmo preço poderia dar-lhe mais azeitonas,
mas com menos refrigerantes e lhe perguntasse quantos refrigerantes
trocaria para ganhar outra porção de azeitonas, certamente ele diria que
seria menos de 3, suponha dois refrigerantes. Assim, a TMS passou para
– 2, pois abrindo mão de duas latas de refrigerantes (alteração de 7 para
5 refrigerantes) para receber uma porção de azeitonas, o aniversariante
fica com o mesmo índice de satisfação (curva de indiferença).
Azeitonas (x1) Porções Refrigerantes (x2) Latas Cesta (x1, x2) TMS
1 10 (1, 10) –
2 07 (2, 7) –3
3 05 (3, 5) –2
CEDERJ 159
Análise Microeconômica | O comportamento do consumidor no mercado
x2 (3);
TMS = –
x1
Atividade 2
Da tabela abaixo, contendo os bens x1 e x2, construa uma coluna adicional, atri- 2
buindo os valores da TMS na passagem de cada uma das cestas para a seguinte.
X1 X2 Cesta
2 18 A
3 12 B
4 10 C
5 09 D
Resposta Comentada
Aplicando a equação (3), que define a taxa marginal de substituição (TMS), basta
medir quanto se deixa de x2 para adquirir uma unidade de x1, para cada mudança
de cesta. Assim de A para B, abre-se mão de 6 unidades de x2; de B para C, 2;
e de C para D, 1 unidade de X2.
160 CEDERJ
5
A tabela a seguir apresenta a coluna da TMS, mostrando que é decrescente.
AULA
Cestas de bens (x1, x2) indiferentes a um indivíduo.
X1 X2 Cesta TMS
2 18 A –
3 12 B –6
4 10 C –2
5 09 D –1
?
As preferências que produzem mapas de cur-
vas de indiferenças são exercidas com base na fun-
ção utilidade para os consumidores. Vejamos um exemplo
para demonstrar esta relação.
Suponha um consumidor em escolha sob bens de alimentação A
e bens de vestuário V. Assim, podemos considerar A como a variável
quantidade de bens de alimentação, em quilos; V representa a variável
q
quantidade de roupas, em unidades.
A fu
função utilidade para este consumidor é supostamente dada pela função
especificada:
u (A, V) = AV.
CEDERJ 161
Análise Microeconômica | O comportamento do consumidor no mercado
162 CEDERJ
quantidade de alimentos por uma certa quantidade de roupa, quando
5
tivermos em um nível razoável de alimentos e pouca quantidade de
AULA
roupa. Mas esta troca vai diminuindo, à medida que vamos ficando sem
alimentos (ponto extremo da curva de indiferença). Dizemos, portanto,
que há uma substituição, mas não perfeita, entre estes bens.
Dois produtos são
Há o caso especial de bens S U B S T I T U T O S PERFEITOS entre si. São SUBSTITUTOS PER-
F E I T O S quando o
aqueles que podem ser trocados até o limite de se ter apenas um deles, consumidor pode
sem que haja perda de satisfação (mesma curva de indiferença). São casos aceitar, sem perda de
satisfação, a substi-
excepcionais, mas possíveis. O consumidor pode ser indiferente entre ter tuição entre eles até
o ponto em que nada
canetas azuis ou canetas pretas, até o limite em que tenha apenas uma se consuma de um,
delas. Outros exemplos de bens: margarina e manteiga, ou guaraná da isto é, a curva de
indiferença toca os
marca A ou da marca B. Tudo vai depender da escala de preferências do eixos do gráfico.
CEDERJ 163
Análise Microeconômica | O comportamento do consumidor no mercado
!
Uma pequena consideração
deve ser tomada para adequar o exem-
plo à figura gráfica. Suponha que as cores da
caneta possam ser adquiridas, também, em propor-
ções diferentes dentro de uma mesma caneta. Assim,
o indivíduo pode comprar uma única caneta com
diferentes proporções de carga azul ou preta, de
maneira a permitir quantidades fraciona-
das de cores azuis ou pretas.
As cestas u(5, 0); u(4, 2); u(3, 4); u(0, 10) são algumas das cestas
pertencentes à mesma curva de indiferença.
164 CEDERJ
dx2
5
agora, derivando x2 em relação a x1, , observando que u (x1, x2) é uma
dx1
AULA
constante (pois está em uma mesma curva de indiferença), temos:
dx2
2,
dx1
onde essa equação é lida como a utilidade gerada aos bens como asso-
ciada a um mínimo de quantidades dadas entre as disponibilidades ax1
e bx2. As letras a e b nesta função são representações genéricas para os
números positivos que darão a dimensão de proporcionalidade entre
os bens.
CEDERJ 165
Análise Microeconômica | O comportamento do consumidor no mercado
166 CEDERJ
Atividade 3
5
AULA
Um exemplo clássico de bens complementares perfeitos é o que considera os 3
pares de sapato. Para o consumidor, só faz sentido adquirir os sapatos com o
lado direito (x1) e esquerdo (x2); portanto, os pares, pé direito e esquerdo, são os que
auferem utilidades. Neste caso:
a) apresente a expressão da função utilidade que represente os pares de sapatos (x1
e x2) como complementares perfeitos;
b) ilustre graficamente o mapa de curvas de indiferença.
Resposta Comentada
a) O número de pares de sapatos que gera utilidade ao consumidor é o mínimo
de sapatos direitos e esquerdos na escala 1 lado direito para 1 lado esquerdo,
ou seja, 1:1. Assim, a função utilidade terá a forma:
U (x1, x2) = min (x1, x2);
onde x1 e x2 são os lados direitos e esquerdos, respectivamente, dos sapatos.
CEDERJ 167
Análise Microeconômica | O comportamento do consumidor no mercado
A RESTRIÇÃO ORÇAMENTÁRIA – RO
168 CEDERJ
5
AULA
v
ko
bya
Ko
la
ae
ich
M
Sendo uma reta, sabemos que são suficientes dois pontos de pares
ordenados (x1, x2) para determiná-la.
CEDERJ 169
Análise Microeconômica | O comportamento do consumidor no mercado
170 CEDERJ
O conjunto de pontos pertencentes à reta representa as cestas de
5
consumo cujas despesas exaurem a renda. Cestas de consumo abaixo
AULA
da curva, como o ponto C, são despesas com valores menores do que a
renda, ou seja, nem toda renda é gasta; pontos acima da reta mostram
que a renda é insuficiente para adquirir os bens dispostos nelas.
Identificada a reta orçamentária, ou seja, a posição pela qual passa
a restrição orçamentária, indagamos sobre o que diz a inclinação desta
reta: ela mede a taxa pela qual o consumidor precisa deixar de comprar
um produto se quiser adquirir, por exemplo, uma unidade do outro,
utilizando todo o seu dinheiro disponível, M.
Como é uma reta, a inclinação é sempre a mesma, o que, por sua
vez, implica dizer que a taxa de troca de um produto por outro, dentro
do mesmo orçamento, é única para qualquer tipo de cesta de bens da reta.
O grau da inclinação da reta pode ser dado pela verificação do
seu ângulo. Para tal, utiliza-se o princípio matemático da derivada, como
instrumento para determinar quanto uma variável se altera mediante a
variação de outra.
Se a reta é dada por x2 = (m/p2) – [(p1/p2) x1], devemos derivar x2
em relação a x1.
Então:
dx2 p1 (6)
dx1 p2
CEDERJ 171
Análise Microeconômica | O comportamento do consumidor no mercado
Podemos extrair a
inclinação da reta orçamen-
tária de outra forma. Da restrição
orçamentária, sabemos que mudanças ao
longo dela ocorrem numa variação ( x) para
cada um dos bens, ou seja, na equação da reta
orçamentária, tem-se:
?
p1(x1 + x1) + p2 (x2 + x2) = m (7)
m = x1 p1 + x2 p2
–
m = p1(x1 + x1) + p2 (x2 + x2)
0 = p1 x1 + p2 x2 (8)
x2 p1
x1 p2 (6’)
172 CEDERJ
O entendimento da expressão dada pela inclinação da reta ou restrição
5
orçamentária tem implicações importantes de natureza econômica. Pri-
AULA
meiro, observe que são P R E Ç O S R E L AT I V O S , isto é, um preço relacionado PREÇOS
R E L AT I V O S
a outro. Assim, destaca-se que a variação de apenas um preço afeta o
São as relações entre
consumo do outro, pois estão dentro de uma estrutura de renda exaurida dois ou mais preços.
no consumo deles. No caso de dois
bens, indica quantos
Podemos deduzir que uma queda de preços amplia a possibilidade bens são necessá-
rios para equivaler
por maior consumo do bem mais barato. Assim, se a queda de preços a outro. A relação
entre dois bens
for do bem x1, a reta orçamentária tende a tocar o respectivo eixo em
(p1/p2) pode ser lida
um ponto mais afastado da origem (Figura 5.10A). Se, ao contrário, for como o preço do
bem 1 em relação ao
uma elevação do preço, a reta orçamentária tende a tocar o respectivo preço do bem 2. Se
esta relação for 4,
eixo em um ponto mais próximo da origem (Figura 5.10B), ou seja, um por exemplo, indica
aumento na inclinação, o que também condiz com a inclinação dada que são necessários
gastos de quatro uni-
pela equação (6’). dades do bem 1 para
equivaler ao preço
do bem 2.
CEDERJ 173
Análise Microeconômica | O comportamento do consumidor no mercado
Atividade 4
Pelo que observamos nas Figuras 5.10 e 5.11, a variação de apenas um preço 4
altera o ângulo da reta orçamentária, mas não a desloca. Responda por que não
há o deslocamento da reta.
Dica: há uma argumentação técnica (em termos do ponto de interseção da reta com
os eixos cartesianos) e uma argumentação de intuição econômica.
174 CEDERJ
5
Resposta Comentada
AULA
Os pontos extremos da reta orçamentária envolvem a renda dividida pelo
preço do bem, isto é, a reta toca o eixo do bem x1 no valor m/px1; e no eixo de
x2, por m/px2. Assim, se apenas o preço de x1 variar, o eixo de x1 irá se alterar,
porém nada acontecerá com o eixo de x2. Por sua vez, se apenas o preço de
x2 variar, o eixo de x2 irá se alterar, porém nada acontecerá com o eixo de x1.
Intuitivamente, uma variação de preço de x1 nada afeta o ponto da reta que
toca o eixo de x2. Este último significa a quantidade de x2 que seria adquirida, se
toda a renda fosse utilizada em seu consumo. Assim, o preço de x1 pode variar
o quanto puder, que a quantidade máxima de adquirir x2 não se altera. Afinal,
nesta posição nada se consome do bem x1. O mesmo raciocínio se faz no caso
do ponto de consumo único de x1 em hipótese de variação de preço de x2.
CEDERJ 175
Análise Microeconômica | O comportamento do consumidor no mercado
Jonathan Werner
Fonte: http://www.sxc.hu/photo/712748/ Fonte: http://www.sxc.hu/photo/1058015/
176 CEDERJ
Atividade 5
5
AULA
5. Um trabalhador recebe o mesmo rendimento, salário nominal, durante três 5
meses. Cada mês, a inflação é de 10%. Ilustre o efeito da inflação sobre a reta
orçamentária deste assalariado.
Obs: Considere que a inflação aumenta os preços dos bens exatamente na mesma taxa.
Resposta Comentada
Se, em cada mês, a inflação reflete um aumento de 10% nos preços de cada
bem (x,y), a RO do consumidor desloca-se para dentro, de forma paralela, pois
ambos os preços têm igual aumento. Representando p1, p2 e p3 como os preços
nos três primeiros meses, temos o gráfico:
CEDERJ 177
Análise Microeconômica | O comportamento do consumidor no mercado
O EQUILÍBRIO DO CONSUMIDOR
178 CEDERJ
5
AULA
Mapa de curvas de indiferença.
CEDERJ 179
Análise Microeconômica | O comportamento do consumidor no mercado
180 CEDERJ
A inclinação da reta orçamentária, como vimos, é a relação de
5
p1
preços com o sinal negativo; a inclinação da reta tangente em um
AULA
p2
p1 x2 (9)
p2 x1
Façamos uso do conceito de Diferenciação total (em termos
discretos) para chegarmos a uma importante implicação econômica na
observação do equilíbrio do consumidor. Pela diferenciação total aplicada
à função utilidade com dois bens, U(x,y):
U U (10)
U x y
x y
Para entender um pouco mais a equação (10), vamos colocá-la
em palavras: a utilidade (ou satisfação) do consumidor com os bens x e
y pode ser alterada ( U), tanto pelo que ele perder ou ganhar de x ou de
y. De x, a parcela seria dada pela multiplicação de quanto o consumidor
sente mais ou menos satisfação cada vez que ele adquire ou perde do
bem x ( U / x) multiplicada por quantos x ele venha a receber ou a
perder. A mesma coisa em relação a y, ou seja, a parcela seria dada pela
multiplicação de quanto o consumidor sente mais ou menos satisfação
cada vez que ele adquire ou perde do bem y ( U / y) multiplicada por
quantos y, ele venha a receber ou a perder.
Por exemplo:
Suponha uma pessoa que toda vez que ganhasse um picolé (x)
ficaria "dois pontos" mais satisfeita ( U / x = 2) e para o caso de jujuba
(y) ficasse meio ponto mais satisfeita ( U / y = 0,5). Assim, pela equação
(10), se, por acaso, ela ganhar cinco picolés e dois sacos de jujuba, a sua
satisfação seria alterada de:
CEDERJ 181
Análise Microeconômica | O comportamento do consumidor no mercado
U = 5 ( 2) + 2 (0,5) = 11
U=0
De 12, temos:
y Umgy = – x UMgx
y UMg x (13)
x UMg y
182 CEDERJ
A equação (13) nos diz que a taxa de troca entre os bens está
5
relacionada às suas respectivas utilidades marginais. Deduzimos que é
AULA
o reconhecimento de que trocamos os bens em correspondência ao que
nos darão de utilidade, dentro da relação entre perda e ganho com eles.
Em termos desta equação, se uma unidade a mais de x é muito boa para
o consumidor (utilidade marginal de x muito alta), maior será a quan-
tidade de y dada para se obter uma unidade de x. Por outro lado, se a
utilidade de y for muito alta, a quantidade de y dada à troca será menor.
Agora, podemos fazer uma análise, envolvendo o ponto de escolha
ótima do consumidor. Como vimos, no ponto de equilíbrio, a igualda-
de de inclinação entre a RO e a curva de indiferença informa-nos esta
igualdade pela equação (9):
p1 x2
p2 x1
px UMg x
py UMg y
UMg x UMg y
(14)
px py
CEDERJ 183
Análise Microeconômica | O comportamento do consumidor no mercado
184 CEDERJ
No segundo caso, o preço de x2 é menor do que x1. De raciocínio
5
análogo, a preferência será por comprar só do x2, o mais barato. Temos,
AULA
portanto, o equilíbrio com a compra de apenas x2 (Figura 5.14B).
Por fim, se os produtos substitutos tiverem exatamente o mesmo
preço, o consumidor poderá comprar qualquer cesta das mais variadas
quantidades destes bens, incluindo as posições extremas de só um ou só
de outro bem (Figura 5.14C).
CEDERJ 185
Análise Microeconômica | O comportamento do consumidor no mercado
186 CEDERJ
CONCLUSÃO
5
AULA
Nesta aula, um tanto quanto comprida (reconhecemos), você
estudou como a Microeconomia fundamenta o comportamento do
consumidor em torno das escolhas dos bens adquiridos no mercado.
Através de suposições acerca de preferências bem definidas e organizadas,
conhecidos os preços dos bens e a renda disponível para as compras, o
equilíbrio é alcançado quando ocorre uma igualdade entre a relação de
preços e a relação de utilidades dos bens.
Tecnicamente falando, no ponto de equilíbrio verifica-se o ponto
de tangência da restrição orçamentária com a curva de indiferença. Neste
ponto, diz-se que o consumidor está maximizando a sua satisfação com
os bens, considerando os preços de mercado e sua renda monetária.
Atividade Final
Um consumidor tem um conjunto de utilidades com os bens x e y, cujas estimativas apon- 5
tam para a função utilidade U = f(x,y), especificada por 8 = xy. Os preços destes bens,
x e y, no mercado são R$ 10 e R$ 20, respectivamente. Sua renda mensal é R$ 110. Com base
nestes dados, determine:
a) a equação da reta orçamentária;
b) a inclinação da reta orçamentária;
c) a taxa marginal de substituição y por x (quanto se deve abandonar de y para obter uma
unidade adicional de x), no ponto em que se consomem quatro unidades de y;
d) a cesta de consumo de equilíbrio deste consumidor (a cesta ótima);
e) o valor da utilidade no ponto de consumo da cesta ótima;
f) o gráfico que ilustra o equilíbrio do consumidor.
CEDERJ 187
Análise Microeconômica | O comportamento do consumidor no mercado
Resposta Comentada
a) A equação da reta orçamentária (RO) é construída adicionando os preços e a renda
divulgados na questão de acordo com a equação (4). Assim, temos a RO:
10 x + 20 y =110
188 CEDERJ
5
e) O valor da utilidade é facilmente obtido, ao substituir os valores de x e y no ponto
AULA
de equilíbrio do consumidor.
U = xy,
Como a cesta é u(4, 3,5), a utilidade é 14.
f) O gráfi
g co qque ilustra o equilíbrio
q do consumidor é:
RESUMO
CEDERJ 189
Análise Microeconômica | O comportamento do consumidor no mercado
190 CEDERJ