Diretrizes FWD DNIT
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698/2013-81
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Processo nº 50600.052.698/2013-81
3. Metodologia de Avaliação
Os processos tradicionais de caracterização do comportamento de pavimentos de
concreto estabelecem diretrizes e critérios de manutenção e recuperação para os
mesmos a partir da inspeção visual criteriosa da rodovia e conjugação das informações
obtidas com dados documentais.
De fato, tais aspectos devem ser contemplados em estudos de pavimentos de concreto,
entretanto, a determinação de seu comportamento “in situ” é de fundamental
importância para a definição de suas reais características.
Sob esse aspecto, os ensaios não destrutivos para a avaliação estrutural de pavimentos
possibilitam a caracterização das propriedades elásticas das camadas que o constituem.
As informações obtidas por ensaios deflectométricos (não-destrutivos) aplicadas aos
métodos e modelos matemáticos existentes permitem a caracterização do pavimento de
forma rápida e com relativa precisão.
O presente escopo de trabalho contempla,como metodologia executiva, os benefícios da
avaliação não-destrutiva realizada com o emprego do Falling Weight Deflectometer.
4. Levantamento Estrutural
4.1 - Descrição
A avaliação do comportamento estrutural de um pavimento consiste da determinação de
características que estejam relacionadas à capacidade de suporte e resistência da
estrutura às ações do tráfego.
Assim, o comportamento estrutural pode ser avaliado através da resposta que uma dada
estrutura de pavimento apresenta, quando solicitada por uma carga aplicada em sua
superfície. Essa resposta é analisada através de parâmetros referenciais que auxiliam no
diagnóstico desse comportamento.
A deflexão é um parâmetro de fácil medição em campo e representa, de maneira eficaz
e precisa, o estado de tensões e deformações a que um pavimento está sujeito quando
solicitado por uma carga transitando em sua superfície. Devido à rapidez na obtenção
dos resultados e no elevado nível de confiabilidade de sua medida, a avaliação
deflectométrica é largamente utilizada em estudos e diagnósticos de pavimentos,
possibilitando caracterizar o comportamento resiliente da estrutura através da
retroanálise dos módulos das camadas que as constituem.
4.2 - Equipamento
O equipamento a ser utilizado é o Falling Weight Deflectometer – FWD, que é um
deflectômetro de impacto, desenvolvido na Dinamarca e aperfeiçoado nos Estados
Unidos da América, projetado para simular o efeito da passagem da carga de um veículo
nas condições de tráfego reais. O aparelho é montado sob um trailer que é conduzido
durante a realização dos ensaios por um automóvel com capacidade média de carga.
O ensaio consiste na queda de um conjunto de massas, a partir de uma altura pré-fixada,
sobre um sistema de amortecedores de borracha que transmite a força aplicada a uma
placa circular apoiada no pavimento. A carga do impulso pode ser variada, pela
modificação da altura de queda ou da configuração de massas utilizada. Na placa
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circular existe uma célula de carga que mede a carga do impacto proveniente da queda
do conjunto de massas; a duração do pulso de carga varia de 0,25 a 0,30s, o que
equivale aproximadamente a um veículo em movimento a 70 Km/h.
Os deslocamentos recuperáveis gerados na superfície do pavimento (bacia de deflexões)
são medidos por geofones (transdutores de velocidade) instalados na placa de carga e ao
longo de uma barra metálica. Em cada estação de ensaio, é possível obter a variação ao
longo do tempo das deflexões lidas em cada geofone, a forma do pulso de carga
aplicado na placa e a temperatura ambiente e na superfície do pavimento.
O Deflectômetro de Impacto Falling Weight Deflectometer
O sistema do FWD permite a medida de 7 deflexões por ensaio. Um dos geofones mede
a deflexão no centro da placa de carga, e os seis restantes são montados em posições
deslocáveis ao longo de uma barra com 2,25 m de comprimento, a qual é abaixada
automaticamente com a placa de carga. A operação de elevação e queda do conjunto de
massas sobre os amortecedores de borracha é controlada por um sistema eletro-
hidráulico (bomba hidráulica controlada por um sistema eletrônico).
As informações dos 7 geofones, da célula de carga e os sinais de controle são enviadas
ao processador que grava informações obtidas e controla toda operação do ensaio. Pela
tela do computador pode-se observar a variação ao longo do tempo das deflexões lidas
nos 7 geofones além da forma do pulso de carga aplicado. O conjunto de dados medidos
(valores de pico das respostas) é mostrado no vídeo para inspeção sendo em seguida
armazenado em disquete e/ou enviado para impressora com as identificações
necessárias.
As distâncias dos geofones ao centro da placa de carga são fixadas visando maximizar a
acurácia em função da estrutura do pavimento ensaiado, procurando-se posicioná-los de
forma que as deflexões neles registradas reflitam a contribuição das diversas camadas
na deformabilidade total do pavimento e defina completamente a geometria da bacia.
Neste estudo devem ser empregados os seguintes espaçamentos para os geofones: 20,
30, 45, 65, 90 e 120 cm em relação ao pondo de aplicação da carga.
4.3 - Metodologia de Execução do Ensaio Dinâmico “In Situ”
Os ensaios devem ser realizados nas placas de concreto de forma a se caracterizar as
distintas situações existentes no trecho.
Em cada placa são definidas 4 estações de ensaio, denominadas como A, B, C e D, nas
quais serão aplicadas duas cargas distintas de aproximadamente 4,1 e 8,2 toneladas.
Apresenta-se a seguir o esquema das estações de ensaio selecionadas.
Observa-se que as estações A e B estão na linha central do eixo da placa, ao passo que
as estações C e D são justapostas ao bordo central da placa. Nos ensaios A e C a carga é
aplicada na posição média longitudinal da placa, enquanto os ensaios B e D são
realizados nas juntas, posicionando-se os geofones 2 e 3 em placas consecutivas, ou
seja, o geofone 2 na placa de ensaio e o geofone 3 na placa seguinte, de forma a
verificar a transferência de cargas entre essas placas.
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4.4 - Avaliações
4.4.1 - Retroanálise
O FWD aplica um impacto na superfície do pavimento, gerando e medindo uma bacia
de deflexão, com a qual é possível retro-calcular os parâmetros resistentes do solo de
fundação e das camadas estruturais, segundo os métodos descritos no guia da AASHTO
de 1993. Os parâmetros do pavimento de concreto que devem ser retro-calculados são:
I. eficiente de reação da fundação (K) e do sistema da infra-estrutura;
II. módulo elástico da fundação (Es);
III. módulo resiliente do solo de fundação (Mr);
IV. módulo elástico do concreto.
4.4.2 - Metodologia de Cálculo
Em 1981 Hoffman e Thompson propuseram uma aproximação de dois parâmetros para
a retroanálise de pavimentos rígidos, onde a bacia de deflexão se caracteriza pela
deflexão máxima e o parâmetro AREA (Hall, K.T., 1991). Hall K. e Mohseni A. (1991)
baseados nesse modelo desenvolveram uma solução fechada para o módulo elástico da
camada de concreto, o módulo de reação do subleito e o módulo elástico do subleito a
partir dos resultados do FWD.
Para isto as deflexões devem ser medidas a 0, 30, 65 e 90 cm a partir do ponto de
aplicação da carga. A opção pelo método das soluções fechadas é por ser um dos mais
difundidos internacionalmente e pelas vantagens práticas na realização dos cálculos e
informes, entre as quais como o conhecimento claro da seqüência de cálculos a ser
realizada e da teoria envolvida, bem como as facilidades para se trabalhar com os dados.
O método em questão é proposto pela AASTHO (1993).
4.4.3 - Parâmetros para as “Soluções Fechadas”
O método de retro-análise de soluções fechadas baseia-se, fundamentalmente, em dois
parâmetros, a deflexão máxima e a AREA.
a) Deflexão máxima = d0
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Na análise fechada, a retro-análise se realiza segundo a teoria das placas. O uso desta
teoria permite caracterizar o subleito como um meio liquido denso ou sólido elástico
(vide figura acima).
Destaca-se que o modelo líquido denso representa um dos extremos do espectro da
resposta real de um solo.
Modelagens para o subleito
c.1) Modelo Líquido Denso
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O modelo conceitual de uma placa apoiada sobre uma fundação líquida densa é
atribuída a Winkler. Nele, uma fundação apresenta deflexões proporcionais à carga
aplicada, sem que se produzam esforços de corte nas áreas adjacentes.
A constante de proporcionalidade entre a deflexão e a força aplicada é o valor K. Esse
modelo pode ser interpretado como uma fundação que atua de forma similar a um
colchão de molas ou como um líquido denso com uma densidade igual a K vezes a
deflexão gerada por uma carga.
Tem-se então que:
A deflexão abaixo do prato de carga é igual a pressão aplicada dividida pelo
valor do coeficiente de recalque K;
A deflexão é nula fora do prato de carga;
Para uma pressão e deflexão dada, K é independente do tamanho do prato.
c.2) Modelo sólido elástico
Neste modelo assume-se que é produzida uma deflexão contínua e infinita de acordo
com a carga aplicada na superfície de fundação, sendo dependente do módulo elástico
do subleito, do tamanho do prato e da distância desde o centro da carga. Tem-se por
esse modelo a bacia de deflexões contínua e infinita, além da obtenção de resultados
diferentes para pratos rígidos e flexíveis.
c.3) Solo Real
Ambos os modelos descritos são idealizações do comportamento do solo. O modelo
líquido denso representa melhor materiais de baixa resistência ao corte, enquanto o
modelo sólido elástico assemelha-se aos materiais de alta resistência ao corte. Como
pode ser visto, a resposta elástica de um solo real se encontra entre os dois modelos
anteriores, apresentando as seguintes características:
O prato desloca-se produzindo uma bacia de deflexões descontínua;
A deflexão é igual a zero a uma distância finita;
Para uma deflexão e pressão definidas, o valor de K varia de acordo com o raio
do prato de carga.
Sucintamente, o modelo líquido denso deve ser utilizado para se obter o módulo de
reação do subleito (K), ao passo que o modelo elástico será utilizado para se obter o
módulo elástico do subleito (Es).
d) Linearidade do Pavimento
O grau de linearidade de um pavimento como um todo é um indicador do
comportamento estrutural face ao incremento significativo de carga. Tal efeito é tão
mais prejudicial quanto maior for o grau de linearidade, ou seja, quanto maior for a
relação entre as deformadas medidas com diferentes cargas, maior é a “resiliência” ou o
“risco” de ruptura em relação ao acréscimo considerado.
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Neste escopo de trabalho devem ser feitas medidas para se avaliar o fator de linearidade
(FL) de cada estação ensaiada, tomando-se por referência o incremento das deflexões
face ao incremento da carga aplicada, conforme apresentado a seguir:
(D8t /D4t)
FL = --------------------------
(P8t /P4t)
Onde:
D8t - deflexão sob a ação de uma carga de aproximadamente 8 toneladas;
D4t - deflexão sob a ação de uma carga de aproximadamente 4 toneladas;
P8t - carga máxima aplicada na estação de ensaio (aproximadamente 8 toneladas);
P4t - menor carga aplicada na estação de ensaio (aproximadamente 4 toneladas).
Os valores de FL permitem avaliar o comportamento estrutural das estruturas de
pavimento rígido de acordo com o critério a seguir:
FL Comportamento Estrutural
e) Transferência de Carga
A avaliação da transferência de cargas nas juntas de placas de concreto adjacentes é
avaliada nos ensaios deflectométricos através da relação entre as leituras de deflexões
realizadas a 30 e 20 cm da ação da carga (Df3/Df2).
Destaca-se que esses valores não devem ser interpretados isoladamente e sim em
relação a parâmetros de referência que podem variar para cada placa. Dessa forma o
estudo da eficiência das juntas pode ser realizado através do Fator de Transferência
(FT), um parâmetro adimensional que consiste na relação entre os valores de Df3/Df2
medidos nos ensaios das bordas (B e D) e os parâmetros Df3/Df2 de referência (A para
o ensaio B e D para o ensaio C).
Tem-se que quanto maior for o valor dessa relação, melhor é a transmissibilidade de
cargas através da junta, conforme o critério a seguir apresentado.
FT Transferência de Carga
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5. Apresentação de Resultados
A utilização do Falling Weight Deflectometer nas avaliações dos pavimentos rígidos
deve permitir a obtenção dos coeficientes de reação do subleito e do sistema da infra-
estrutura(K), módulo resiliente do subleito (MR),os módulos de elasticidade das
camadas cimentadas a avaliação do grau de linearidade da resposta do pavimento em
relação ao carregamento e a transferência de cargas nas juntas, permitindo um
diagnóstico preciso da qualidade dos pavimentos novos da duplicação.
A) Os valores de FL (Fatores de Linearidade) permitem a identificação de variações na
resposta elástica do pavimento ao aumento de carga, permitindo a determinação da
suscetibilidade do mesmo a distintas solicitações de tráfego. No caso em questão o
comportamento próximo de 1,0 (entre 0,75 e 1,00) indica que a estrutura como um todo
apresenta um grau de resiliência ou de deformação elástica excessivo, ou seja, é uma
estrutura de pavimento com deformações elásticas muito sensíveis à carga atuante e
conseqüentemente, susceptível ao trincamento das placas por ação de tráfego com
excessos de cargas pesadas.
B) Os módulos elásticos das placas de concreto (Epcc) permitem concluir acerca das
boas condições estruturais e de resistência dos materiais constituintes.
C) Os módulos elásticos compostos (Ecomp) da superestrutura (placas de concreto e
estrutura rígida subjacente) devem apresentar valores compatíveis com a espessura
total da camada composta, indicando que essas camadas individuais apresentam um
comportamento estrutural “integrado”, com ausência de
descontinuidades comprometedoras entre as placas e a estrutura subjacente.
D) Os módulos elásticos representativos da fundação (Es), estrutura rígida subjacente
às placas e solo de fundação, devem demonstrar a adequabilidade com relação a
deformabilidade elástica ou a resiliência da estrutura de um todo.
E) Os valores de FT (Fatores de Transferência de Cargas) superiores a 0,90 indicam
a excelente condição funcional das juntas existentes, havendo “completa” transferência
de carga entre placas adjacentes.
F0) Os coeficientes de reação do subleito e da infra-estrutura (K), devem atender os
critérios estabelecidos no projeto executivo dos pavimentos da duplicação.
G) O parâmetro ÁREA deve apresentar valores superiores a 800 mm.
6. Organização dos Trabalhos
6.1 - Estações de Ensaios
As estações de ensaios são definidas considerando-se a realização de 4 testes por placa,
conforme metodologia anteriormente descrita.
6.2 - Realizações dos Ensaios (Rotina)
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Os ensaios serão realizados tão logo o concreto atinja a resistência mínima prevista no
Projeto.
7 - Aceitação
Caso algum resultado apresente não conformidade com os padrões definidos, a
Supervisora deverá comunicar imediatamente o DNIT, sendo indicada a remoção e
reconstrução da placa de concreto ou camadas subjacentes, assim como a paralisação
dos serviços até que sejam promovidos os ajustes necessários para que o problema não
volte a ocorrer na continuidade da execução.
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