Artigo - Resolução de Problemas: Um Estudo de Caso Clinico Na Abordagem Da Terapia Cognitiva Comportamental
Artigo - Resolução de Problemas: Um Estudo de Caso Clinico Na Abordagem Da Terapia Cognitiva Comportamental
Artigo - Resolução de Problemas: Um Estudo de Caso Clinico Na Abordagem Da Terapia Cognitiva Comportamental
Cognitiva-Comportamental
Problem Solving: A clinical case study in the approach of Cognitive-Behavioral
Therapy
RESUMO
ABSTRACT
It has been found in the literature that emotions are very important tools in the process of
Cognitive-Behavioral therapy, it interferes in the thoughts and behaviors of the patients. But when
these emotions are negative and painful, they can activate dysfunctional thoughts and beliefs. In
this sense, the article aims to describe a case report with problem solving interventions in a 12-
year-old patient. The therapy was structured with 6 individual sessions, with a treatment plan
involving CBT techniques in problem solving. As a result, improvement in behavior, identification
of dysfunctional thoughts, and self-defense were observed. Aiming to be effective in the
treatment of patients with problem solving problems.
Key-words: Cognitive-Behavioral Therapy; Troubleshooting; aggressiveness
1
Graduanda em Psicologia. Universidade Salvador- UNIFACS. Email: [email protected]
2
Doutora em Psicologia. Universidade Federal da Bahia -UFBA. Professora e orientadora (UNIFACS)
1
Cognitiva-Comportamental, pois uma
INTRODUÇÃO
emoção quando ela é negativa e
disfuncional “interfere na capacidade do
Segundo Knapp e Beck (2008), o
paciente de pensar claramente e resolver
termo Cognitivo-Comportamental (TCC), é
problemas [...]”. (BECK, 1997, p.105).
utilizado para designar um conjunto de
Muito dos comportamentos e pensamentos
técnicas cognitivas com os procedimentos
automáticos são direcionados pelas
comportamentais.
emoções do paciente, o terapeuta, no
A terapia cognitiva originou através
entanto, ajuda o paciente a identificar essas
das pesquisas de Aaron Beck sobre a
emoções, avaliando os pensamentos e
depressão. Durante suas pesquisas com
crenças disfuncionais para minimizar o
pacientes deprimidos, observou
problema (BECK, 1997).
representações negativas de si mesmo ao
De acordo com Wright, Basco e
invés de hostilidade e raiva. No entanto, ele
Thase (2008, p. 115), “minimizar a
propôs uma tríade cognitiva (visão de si
intensidade da emoção também pode
mesmo, visão do mundo e visão do futuro)
facilitar a solução de problemas”. Para os
para explicar os processos cognitivos dos
autores, existem obstáculos que interferem
pacientes deprimidos (KNAPP; BECK,
na solução de problemas, como as
2008).
distorções cognitivas (pensamentos
“A TCC, é uma abordagem
negativos e crenças disfuncionais), fatores
estruturada, de curta duração, voltada para
sociais (críticas, falta de apoio) e fatores
o presente, direcionada para resolução de
estratégicos (tentar encontrar uma solução
problemas atuais, modificações de
geral e certa para resolver os problemas).
pensamentos e comportamentos
Quando o paciente tem experiências
disfuncionais” (1964, BECK apud BECK,
dolorosas e/ou ausência de apoio durante a
2013, p.22). Além disso, a terapia requer
infância, pode gerar déficits nas habilidades
uma aliança terapêutica, colaboração e
de resolução de problemas. Nesse sentido, a
participação ativa do paciente, utilizando a
TCC auxilia os pacientes a encontrar
psicoeducação para que o paciente seja seu
estratégias para enfrentar/lidar com os
próprio terapeuta para ajudar na
problemas de uma forma mais eficaz,
identificação dos pensamentos e na
ajudando a organizar seus pensamentos,
prevenção de recaídas (BECK, 2013).
identificando suas emoções negativas e
As emoções são ferramentas muito
problemas, gerando soluções mais viável e
importante no processo da terapia
2
assim executar o plano de tratamento Victor já foi submetido a tratamento
(WRIGHT; BASCO; THASE, 2008). psicoterapêutico anteriormente, com a
Diante do que foi apresentado, o mesma queixa sobre o seu comportamento
artigo teve por objetivo mostrar o agressivo.
tratamento feito em um paciente Em relação a área familiar, Victor
adolescente com dificuldades em resolver relatou ter uma boa relação com sua mãe e
problemas. sua avó, mas em relação ao seu avô, dizia
que não gostava muito do seu avô, porque
DESENVOLVIMENTO
apanhava muito dele, afirmando ainda que
Relato de caso o seu avô também não gostava dele. A mãe
relatou que Victor não tinha
A prática clínica foi realizada em
comportamento agressivo dentro de casa,
uma clínica-escola de uma universidade de
era um adolescente carinhoso, porém
Salvador-Ba. A responsável legal do
mentia muito. Afirmava que ele não tinha
paciente foi assegurada do sigilo
malícia e não deixava ficar sozinho na rua.
profissional, assinando um termo de
Victor não via seu pai há mais de 6 anos. A
consentimento livre e esclarecido.
mãe ainda relatou que, quando ele era
Victor (nome fictício), era um
pequeno, seu pai entregou um presente
adolescente de 12 anos, filho único, morava
usado e quebrado, Victor ficou muito triste
com sua mãe e os avós. Há um ano, mudou-
e decepcionado, desde então, dizia que o seu
se para uma escola pública. A mãe
pai estava morto.
trabalhava a maior parte do dia, deixando
Em relação à escola, Victor
Victor aos cuidados dos avós. Durante a
apresentou um baixo desempenho, tinha
gestação, a mãe alegou ter tido anemia,
perdido em muitas matérias. Quando
porém não teve nenhum problema após o
estudava em sua antiga escola, Victor tinha
parto. Victor gostava de jogar videogames
um bom rendimento escolar (tirava boas
no tempo livre e não gostava de estudar ao
notas) mas, com a mudança para a nova
chegar em casa, pois sentia muito sono,
escola, estava tendo muitas dificuldades
normalmente ele estudava nos intervalos
para estudar e de se concentrar durante as
das aulas.
aulas, queixava-se do barulho e das
Procuraram a terapia a pedido da
provocações dos colegas. Victor não tinha
coordenação da escola, alegando
muitos amigos e não gostava da nova
comportamentos agressivos com seus
escola.
colegas, professores e funcionários.
3
apresentava comportamento agressivo,
sendo sua queixa principal na busca por
Formulação do caso
terapia.
Com a descrição do caso, Victor Na figura 1, está representado o
mostra-se resistente a mudança para a nova diagrama de conceituação cognitiva do
escola. Desde a sua antiga escola, já paciente:
RESULTADOS
7
setting terapêutico. Em seguida, Wright, socialização do paciente (GIVIGI;
Basco e Thase (2008), destacam a SANTOS; RAMOS, 2011).
importância do terapeuta em utilizar
CONCLUSÃO
técnicas criativas para ajudar o paciente a
identificar ou buscar soluções viáveis para A técnica de Resolução de
os seus problemas. Problemas foi um grande aliado no
A técnica de Role-Play, é também tratamento com o paciente, pois tiveram
um método comportamental essencial para impactos positivos como na identificação
a modificação de pensamentos automáticos dos pensamentos e crenças disfuncionais,
(WRIGHT; BASCO; THASE, 2008). Para na capacidade de perceber novas formas de
Souza, Orti e Silva (2012), a técnica é soluções, nas possibilidades de lidar com a
sugerida como uma forma de encenação da nova escola e também a lidar com as
situação-problema. Na resolução de emoções intensas.
problema, sua eficácia está em perceber os Nesse sentido, o fator crucial no
seus pensamentos e comportamentos diante sucesso da terapia na abordagem da TCC é
as situações estressoras. a aliança terapêutica. Para que aja impactos
Nesse sentido, a roda de escolha positivos é preciso que o terapeuta tenha a
como um instrumento para ajudar na capacidade de gerar confiança e empatia
resolução de problema, foi de grande com o paciente.
importância para o processo da terapia. Logo, entende-se que a eficácia nos
Nela, o paciente tem a possibilidade de resultados das técnicas da TCC envolve
escolher a solução que ele acredita ser mais grandes pesquisas. Portanto, é necessário
viável para ele. Utilizando outros recursos buscar outros métodos e ferramentas de
para resolução de problemas, o desenho da Resolução de Problemas para ajudar os
mão que ajuda o paciente a lembrar dos 5 pacientes com dificuldades em resolver os
passos para manejar suas emoções intensas problemas.
e ajuda na prevenção de recaídas.
REFERÊNCIAS
É importante ressaltar o papel da
BECK, J. Terapia Cognitiva: Teoria e
família e da escola no processo terapêutico,
Prática. Porto Alegre: Artmed, 1997.
pois a família e a escola são as primeiras
redes que interferem diretamente no BECK, J. Terapia Cognitiva: Teoria e
Prática. Porto Alegre: Artmed, 2013.
desenvolvimento da identidade e na
DOBSON, Deborah; DOBSON, Keith S. A
terapia cognitivo-comportamental
8
baseada em evidências. Porto Alegre:
Artmed, 2011.