Manual Saúde Da Pessoa Idosa - UFCD 3538.
Manual Saúde Da Pessoa Idosa - UFCD 3538.
Manual Saúde Da Pessoa Idosa - UFCD 3538.
Manual
Área: 3538
Índice
Introdução ..................................................................................................................................... 1
Capítulo 1 - Prestação de cuidados básicos .................................................................................. 1
- Envelhecimento da população ................................................................................. 1
- Jogos e simulações…............................................................................................... 24
- Camas… .................................................................................................................. 33
Introdução
ENVELHECIMENTO DA POPULAÇÃO
O envelhecimento da população é um dos principais problemas do século XXI
(Cabral et al., 2013). As alterações demográficas e o aumento da esperança média
de vida da população impõem vários desafios aos indivíduos e à sociedade,
conduzindo, a nível individual, ao aumento da longevidade, e a nível coletivo, a
mudanças e deficiências das relações sociais e familiares, assim como implicações
económicas (Pocinho, 2014).
O envelhecimento é um fenómeno que desperta interesse há vários séculos,
tendo o conceito de envelhecimento sofrido diversas alterações ao longo dos
tempos, evoluindo consoante as atitudes, crenças, cultura, conhecimentos e
Formador: Miguel Rodrigues
A mudança dos hábitos, mesmo nas idades mais avançadas, traz sempre
benefícios para a saúde. Pertencer ao grupo da Terceira Idade não significa ser
incapacitado para desempenhar atividades que requerem esforço físico ou mental.
As pessoas idosas que estão na fase inicial (média idade) da Terceira Idade
apresentam melhores condições de saúde, quer física, quer mental e menores
alterações naturais do envelhecimento do que as outras. No entanto, é a partir dos
80 anos que a necessidade de auxílio para a realização de algumas atividades
4
quotidianas acaba por ser importante, por exemplo, para se alimentarem, vestirem,
tomarem banho, sentarem e levantarem, andarem, fazerem compras, preparem as
refeições, e muitas outras atividades. Apesar de isto não ser uma regra, existem
idosos de 80 anos que são mais saudáveis do que outros com 60 anos, o que
mostra a importância do ritmo de envelhecimento, tendo em conta patologias
(doenças); condições económicas; herança genética; cuidados primários de saúde;
estilo de vida, alimentação, atividade ou exercício físico, ansiedade e stress,
integração e aceitação social; entre outros, de cada indivíduo.
A classificação da pessoa pela idade engloba quatro idades:
Idade Cronológica – é definida como a idade que a pessoa tem, ou seja, a
idade em anos. Esta forma numérica de idade nem sempre corresponde à
idade biológica.
Idade Biológica – indica as condições de saúde, física e psicológica da
pessoa. Esta idade carateriza os ritmos diferentes do envelhecimento.
Idade Psicológica – relacionada com as competências comportamentais que
a pessoa pode mobilizar, incluindo a inteligência, memória e motivação.
Idade Social – refere-se ao papel e aos hábitos da pessoa, relativamente aos
outros membros da sociedade e é muito influenciada pela cultura e pela
história de um país.
Envelhecimento Físico
A nível biológico (senescência), ocorrem um conjunto de alterações orgânicas,
morfológicas e funcionais (Sequeira, 2010), que resultam na perda gradativa da
capacidade de funcionamento dos órgãos e sistemas, e na consequente alteração
progressiva das capacidades de adaptação do corpo, verificando-se um aumento
Formador: Miguel Rodrigues
Visão
Entre os 40 e os 50 anos de idade, a maioria das pessoas nota que é difícil ver
objetos a uma distância inferior a 60cm, pois os olhos, já não conseguem focar com
facilidade os objetos próximos.
Com o envelhecimento, torna-se, também, difícil ver em condições de pouca
iluminação, pois ocorre entrada de menor quantidade de luz no olho. Em média, as
pessoas de 60 anos necessitam de três vezes mais de luz do que as de 20 anos (ex:
para ler).
Com o avançar da idade, a pupila reage mais lentamente às alterações da luz. Por
conseguinte, os idosos podem ter dificuldade em adaptarem-se, quer ao escuro
quer ao excesso de luminosidade.
Audição
A nível do ouvido, com a idade, a capacidade auditiva pode diminuir, tornando
o equilíbrio, ligeiramente, mais difícil de manter, devido à deterioração de algumas
estruturas.
Os idosos podem apresentar uma determinada dificuldade em ouvir sons de tons
agudos. Podem ter problemas em entender o que dizem as mulheres e as crianças,
Formador: Miguel Rodrigues
dado que a maioria das mulheres e crianças tem vozes com tons mais agudos que
os homens. No entanto, falar em voz alta não é útil dado que se tende a acentuar
mais as vogais (sons agudos) do que as consoantes (sons graves). Por exemplo, a
frase “Diz-me exatamente o que queres tomar” soa como “iz exaee o e e soar”. A
frase soa como se a pessoa que está a falar não pronunciasse claramente as
palavras e o sentido perde-se.
Paladar
6
Após os 50 anos, o paladar começa a diminuir gradualmente, pois o número e a
sensibilidade dos recetores do paladar. Estas modificações tendem a reduzir a
capacidade de reconhecer os sabores doces e salgados mais do que os amargos ou
ácidos.
Olfato
O olfato só diminui ligeiramente. Os odores fortes continuam a ser fáceis de
cheirar, mas os mais subtis tornam-se mais difíceis de reconhecer e de identificar.
Pele
A pele tende a tornar-se mais fina, menos elástica, mais seca e finamente
enrugada. A camada de gordura que se encontra debaixo da pele diminui. Esta
camada de gordura atua como uma almofada para a pele, protegendo-a e também
conserva o calor corporal. À medida que esta camada se reduz, a pele é lesada mais
facilmente, sendo mais provável o aparecimento de rugas e diminuindo a
tolerância ao frio. Também o número de células sensitivas (terminações nervosas)
da pele diminui, reduzindo a sensibilidade à dor, aumentando a probabilidade de
lesões.
O número de glândulas sudoríparas (glândulas que produzem o suor) e de
vasos sanguíneos também se reduz. Por isso, os idosos têm mais probabilidade de
sofrer perturbações devido ao excesso de calor (insolações), assim como ao
excesso de frio, como a hipotermia. Também a pele tende a cicatrizar mais
lentamente quando o fluxo sanguíneo é reduzido.
Ossos e Músculos
Formador: Miguel Rodrigues
Cérebro
Com a idade, o número de células nervosas (neurónios) do cérebro só se reduz
levemente. Vários fatores ajudam a compensar essa diminuição. Ao perderem-se
células, estabelecem-se novas ligações entre os neurónios restantes. Podem,
também, formar-se novos neurónios em algumas áreas do cérebro, inclusive
durante a velhice. Além disso, o cérebro possui mais neurónios do que necessita
para levar a cabo a maioria das atividades. Contudo, as substâncias e as estruturas
implicadas no envio de mensagens do cérebro para o resto do corpo e vice-versa
alteram-se. Os níveis de alguns mensageiros químicos (neurotransmissores), bem
como os seus recetores sofrem alterações. Devido a estas alterações, o cérebro
pode funcionar, ligeiramente, pior. As pessoas idosas reagem e executam tarefas
mais lentamente. Algumas funções mentais podem estar um pouco reduzidas.
Entre elas incluem-se o vocabulário, a memória a curto prazo, a capacidade de
Formador: Miguel Rodrigues
Coração
As paredes do coração tornam-se mais rígidas, dificultando o enchimento do
coração com sangue. As paredes das artérias ficam, igualmente, mais rígidas e mais
grossas e menos elásticas, não respondendo, devidamente, às variações da
8
quantidade de sangue que passa por elas. Por isso, a pressão arterial é mais alta
nas pessoas idosas. Apesar destas modificações, um coração idoso saudável
funciona bem. Apenas não pode aumentar tanto a frequência dos batimentos nem
tão rapidamente como um coração jovem. O exercício físico regular reduz muitos
dos efeitos do envelhecimento sobre o coração e sobre os vasos sanguíneos.
Pulmões
Os músculos utilizados na respiração (como diafragma) tendem a debilitar-se.
Além disso, absorve-se um pouco menos de oxigénio do ar respirado. As pessoas
idosas podem, também, ter dificuldade em respirar a elevadas altitudes. Os
pulmões tornam-se menos aptos para combater as infeções, pois as células que
eliminam os produtos tóxicos da respiração são menos capazes de o fazer. A tosse,
que também ajuda a limpar os pulmões, costuma ser mais fraca.
Sistema Digestivo
O envelhecimento afeta o sistema digestivo de diferentes modos. Os músculos do
esófago contraem-se com menor força, contudo não é afetado o movimento da
comida no esófago. Os alimentos são eliminados mais lentamente pelo estômago
que, para além disso, não pode reter grandes quantidades de comida, uma vez que
é menos elástico. No entanto, na maioria das pessoas estas modificações são tão
leves que passam despercebidas. Porém, em alguns indivíduos, a diminuição do
tempo de esvaziamento do estômago pode, inclusivamente, contribuir para a
obstipação. O sistema digestivo produz menor quantidade de lactase, uma enzima
necessária para a digestão do leite. Como resultado é mais frequente que os idosos
desenvolvam uma intolerância aos produtos lácteos (intolerância à lactose). O
Formador: Miguel Rodrigues
fígado também muda, é irrigado por menor quantidade de sangue e tende a tornar-
se mais pequeno. Como as enzimas do fígado trabalham menos, o idoso pode ter
mais dificuldade em eliminar do corpo os medicamentos (os efeitos destes duram
mais tempo) e outras substâncias tóxicas.
Sistema Urinário
Os rins tornam-se mais pequenos (uma vez que o número das células dos rins
9
diminui) e circula menos sangue. A partir dos 30 anos, os rins começam a filtrar o
sangue com menor eficácia. Com a passagem dos anos, não eliminam tão bem os
produtos do metabolismo do nosso corpo (desperdício). Podem também eliminar
demasiada água, pelo que a desidratação se torna mais provável. No entanto,
quase sempre funcionam suficientemente bem para cobrir as necessidades do
organismo. O sistema urinário modifica-se de diversas formas que podem tornar
mais difícil o controlo da micção (urina). O máximo volume de urina que a bexiga
pode reter diminui. As pessoas idosas possuem uma capacidade menor de reter a
micção depois de terem notado o primeiro estímulo para urinar. Os músculos da
bexiga podem também contrair-se de forma esporádica, independentemente da
necessidade de urinar. Os músculos da bexiga debilitam-se. Em consequência, fica
uma maior quantidade de urina retida na bexiga. Estas modificações explicam, pelo
menos em parte, por que razão a incontinência urinária (perda de urina
incontrolável) se torna mais comum com a idade. Nas mulheres idosas, a uretra
(que transporta a urina para fora do corpo) torna-se mais curta e mais fina. O
músculo que controla o peso da urina pela uretra (esfíncter urinário) é menos
capaz de se fechar de modo adequado e prevenir as perdas de urina. Estas
modificações podem ser o resultado da diminuição dos níveis de estrogénios que
se verifica na menopausa. Nos homens, ao envelhecer, a próstata tende a aumentar
de volume. Por vezes, ao ponto de bloquear parcialmente a passagem da urina.
Sistema Reprodutor
Os efeitos do envelhecimento no sistema reprodutor são mais óbvios nas
mulheres que nos homens. Nas mulheres, a maior parte destes efeitos estão
relacionados com a menopausa, quando os níveis das hormonas femininas
Formador: Miguel Rodrigues
10
Sistema Endócrino
O sistema endócrino é formando por numerosas glândulas e órgãos que produzem
hormonas. As hormonas comportam-se como mensageiros para ajudar na
regulação e na coordenação das atividades de todo o organismo. Com a idade, os
níveis e a atividade de algumas hormonas (para além das hormonas sexuais)
reduzem-se. A maioria das modificações hormonais não tem um efeito sobre as
funções do organismo. No entanto, em algumas circunstâncias, as funções do corpo
podem ser afetadas. Por exemplo, depois da ingestão de uma comida forte, a
insulina libertada pelo pâncreas pode não ser utilizada de modo tão eficaz como
era habitualmente. A insulina ajuda a controlar o nível de açúcar (glicose) no
sangue. Se a função da insulina for menos eficaz, o nível de açúcar no sangue pode
ser mais elevado do que o normal e demorar muito mais tempo a voltar aos valores
normais. Esta modificação pode ter efeitos não evidentes. No entanto, em algumas
pessoas, pode ser um sinal precoce de diabetes.
Sistema Imunológico
Ao envelhecer, o sistema imunológico sofre alterações ligeiras que a maioria das
pessoas idosas não se apercebem deste se tornar menos eficaz. Muitos indivíduos
só notam que o corpo é menos capaz de se defender das infeções quando estas
persistem ou se tornam graves. Os indivíduos que foram infetados pela
tuberculose no início da idade adulta podem não apresentar sintomas até à velhice.
Desenvolvem-se, então os sintomas porque o sistema imunitário está mais frágil. O
sistema imunitário pode ser menos capaz de distinguir as células do corpo das
substâncias estranhas que invadem o organismo. Por conseguinte, tornam-se mais
frequentes as perturbações cujo sistema imunitário ataca as células do próprio
Formador: Miguel Rodrigues
Envelhecimento Psicológico
O envelhecimento psicológico resulta das repercussões psicológicas das
alterações corporais, que se traduzem numa mudança de atitudes. Nesta dimensão,
podem verificar-se perdas de memória ou maior dificuldade no raciocínio. Por
outro lado, as pessoas mais idosas estão também sujeitas a determinantes externos
que podem desencadear algumas perturbações mentais ou comportamentais
(Squire, 2002; Serviço de Estudos sobre a População do Departamento Estatísticas
Censitárias População, 2002).
Erikson (1983), defendia que a velhice se enquadra no oitavo e último
estádio da sua teoria de desenvolvimento pessoal: Integridade pessoal versus
desespero – permanece o desejo de sentir prazer em viver e envelhecer com
dignidade e a ansiedade associada à antecipação da idade avançada, da perda de
autonomia e da morte. Inicia-se, em média, a partir dos 65 anos.
Segundo a teoria do desligamento de Cumming, os idosos mostram uma
inclinação natural para diminuir o seu envolvimento afetivo com o meio
circundante, estreitando o seu espaço de vida e preocupando-se cada vez mais
consigo próprios. Trata-se de um mecanismo natural influenciado pela redução da
energia mental e física ligada à idade. Contudo, estudos atuais mostram que o
envelhecimento não corresponde à fatalidade de um caminhar sombrio e
confinado. Os acontecimentos são analisados numa perspetiva diferente e mais
equilibrada. A forma como cada um vê e se sente inserido, com as suas
características peculiares é fulcral na sua interação com o meio e,
Formador: Miguel Rodrigues
Envelhecimento Social
As redes sociais alteram-se de acordo com o contexto familiar, laboral,
participação na comunidade, entre outros. As redes de apoio fundamentais para a
saúde mental, satisfação com a vida e para um bom envelhecimento, pelo que, de
forma a manter a independência e a participação social, é necessário reorganizar
as redes de apoio informal, tentando combater a falta de pessoas significativas que
vão desaparecendo (amigos, família, etc.).
15
Atualmente verificam-se diversas alterações sociais em comparação com o
passado:
diminuição das famílias alargadas que cuidam de todos os seus membros;
predominância de famílias nucleares com diminuição da estabilidade
familiar (incremento do número de divórcios e novos casamentos que criam
instabilidade e dificuldade nos processos de cuidar);
existência de vários tipos de família (monoparentais, uniões de facto, etc.);
dificuldade e competitividade no trabalho (maior mobilidade geográfica dos
elementos familiares, fragilizando a solidariedade familiar);
reduzida dimensão das habitações (dificulta a coabitação de vários
membros a família);
entre outros.
O envelhecer é definitivamente real, mas não existe apenas uma forma correta
de ocorrer. Assim, não se poderá respeitar a pessoa idosa, sem ter em conta a sua
personalidade, a sua experiência, condição social e valores culturais. Cada idoso é
dotado de uma entidade própria que deve ser respeitada.
A apresentação pessoal correta e adequada bem como o uso de uma farda limpa
18
para além de prevenir infeções são o espelho do nosso asseio e a imagem que
transparecemos da instituição onde trabalhamos.
Atitude: o profissional de saúde deve ter uma atitude positiva, pois deste
modo vai-se sentir entusiasmado, criativo, vai contagiar os outros com a sua
boa disposição e isso vai-se refletir na qualidade do seu trabalho.
Não são as palavras utilizadas que nos ferem, mas antes as atitudes com que são
pronunciadas, as emoções que as subentendem e que nos fazem reagir.
Existe algo que pode facilitar ou dificultar a nossa comunicação com as pessoas,
que é o nosso estilo de comunicação. Os estilos de comunicação são quatro:
Passivo - evita os conflitos; espera que as pessoas compreendam o que
deseja; muito preocupado com a opinião dos outros a seu respeito; culpa-se
de tudo; não é capaz de se defender; justifica-se excessivamente; tem
dificuldade em dizer que não.
Formador: Miguel Rodrigues
Emoções na comunicação
Podemos então perceber que numa mesma situação podemos agir de duas
formas muito diferentes que provocam, em nós e nos outros, emoções muito
diferentes. (emoções negativas: tristeza, zanga, raiva, inveja, frustração, entre
22
outras ou emoções positivas: felicidade, amor, alegria, entusiasmo, entre outras).
As emoções são contagiosas. Um estudo realizado na Escola de Gestão da
Universidade de Yale, chegou à conclusão que a alegria e o amor são as emoções
que se espalham mais facilmente, enquanto a irritabilidade é menos contagiosa e a
depressão quase não se espalha. Esta maior taxa de difusão dos estados de espírito
favoráveis tem implicações diretas para os resultados nas empresas.
Em sentido neurológico, o riso é a distância mais curta entre duas pessoas,
porque liga instantaneamente os seus sistemas límbicos (corrente límbica). Uma
boa gargalhada (riso como reação a observações vulgares e não como reação a
gracejos) transmite uma mensagem amistosa que dá segurança: estamos na
mesma onda, entendemo-nos bem. Indica confiança, bem-estar mútuo,
sentimentos comuns sobre o mundo. Tal como o ritmo de uma conversa, rir é um
sinal de que, de momento, está tudo bem.
PRINCÍPIOS DA OBSERVAÇÃO
A observação é o ato ou efeito de observar. Exame. Análise. Acompanhar a
evolução, o comportamento ou o funcionamento. Observar é examinar
atentamente os indivíduos e ou o ambiente que os rodeiam. Instrumento de coleta
de dados que subsidia o processo de cuidar. Elemento fundamental no trabalho
científico e em toda a ação inteligente. Baseia-se no conhecimento, interesse e
atenção do observador, dentro deste método de reunião de informações. A
observação é a primeira etapa ou passo que conduz à ação do agente em geriatria,
ou seja, a execução de todos os cuidados necessários na assistência ao cliente.
Devemos compreender que observar é perceber com todos os órgãos dos sentidos
o mundo que nos rodeia. No entanto, as nossas perceções podem sofrer influências
de experiências anteriores, expectativas, motivações e emoções, podendo alterar o
resultado de nossas observações.
Existem dois tipos de observação:
Observação Assistemática: também designada de não estruturadas são
aquelas que realizamos espontaneamente, sem utilizarmos meios técnicos
especiais, roteiros ou perguntas específicas. Ocorre em uma experiência
casual, sem que se tenha determinado de antemão quais os aspetos
relevantes a serem observados e que meios utilizar para observá-los;
Observação Sistemática: também chamada de estruturada ou planeada, é
aquela que fazemos para responder a propósitos preestabelecidos, ou seja,
sabemos de antemão o quê, como e quando vamos observar. A grande
vantagem da observação sistematizada é que os dados já são colhidos de
Formador: Miguel Rodrigues
forma organizada, além do que, o mesmo roteiro pode ser utilizado por
diversos observadores.
Desde que eles compreendam as situações e os detalhes da mesma forma. A
escolha do tipo de observação utilizada ficará na dependência do fenômeno ou
situação que queremos estudar.
JOGOS E SIMULAÇÕES
24
O jogo tem um papel essencial na educação e na animação e também no
processo de socialização e de desenvolvimento intelectual, social e motor. A
realização de jogos com grupos de crianças, adultos ou idosos é das melhores
formas de transmissão de mensagens, de aprender e de diversão.
Com o jogo consegue-se: aumentar o grau cultural e o compromisso coletivo;
aumentar o número de amizades e relacionamentos; canalizar a criatividade;
divertir; libertar tensões e emoções; obter integração intergeracional; orientar
positivamente as angústias quotidianas; refletir; ter predisposição para realizar
outros trabalhos.
Jogos e Paródias
Os jogos de mesa e as paródias são um excelente promotor de
entretenimento e lazer entre os idosos, estabelecendo o convívio e a interação
entre eles. Alguns jogos que podem ser desenvolvidos são as Damas, o Pictionary
(jogo em que é necessário adivinhar uma palavra através de desenhos), o Dominó,
o Xadrez, o Monopólio (jogo em que o objetivo é ganhar dinheiro com a venda e
compra de imóveis), Trivial pursuit (jogo de cultura geral), o Scrable (jogo de
construção de palavras), Jogo do galo, entre outros. Nas paródias estão incluídas as
anedotas, histórias, pequenos atos teatrais, mímica, provérbios, entre outras.
Os jogos de magia não são utilizados com frequência na animação, mas podem
proporcionar bons momentos de entretenimento. Existem truques simples de
cartas, cordas ou moedas, que qualquer idoso pode aprender para depois
apresentar aos colegas numa festa ou passeio.
Desporto e Recreio
Formador: Miguel Rodrigues
SONO E REPOUSO
O sono é uma necessidade básica dos seres humanos e, portanto, tem influência na
nossa qualidade de vida. Sabe-se que a experiência de um sono insatisfatório ou
insuficiente é muito desagradável, refletindo no desempenho da pessoa em suas
atividades diárias, comportamento e bem-estar. Particularmente para os idosos, as
perturbações do sono também representam fatores de risco ligados à
institucionalização e à mortalidade.
As consequências da privação de sono são diversas:
Sonolência;
Fadiga e falta de vigor;
Ansiedade e irritabilidade;
Falta de concentração;
Confusão;
Alucinações;
Distorções de perceção;
Lapsos e acidentes;
Formador: Miguel Rodrigues
Fases do sono
O sono é constituído por diferentes estágios, de acordo com a frequência e a
amplitude típicas das ondas elétricas cerebrais geradas durante o fenômeno. A
organização e a proporção que ocupam os vários estágios são conhecidas como o
padrão do sono, que se modifica com o envelhecimento:
Sono NREM (N1, N2 e N3) – Sono lento, sincronizado. Não há movimento
rápido dos olhos. Caracterizado por um EEG (eletroencefalograma) em que
dominam as frequências baixas; ativação parassimpática é dominante;
temperatura central decresce ligeiramente; a atividade cognitiva persiste,
embora os sonhos sejam facilmente esquecidos; Possuí três níveis, N1, N2 e
N3. A qualidade do sono da fase N1 à fase N3 torna-se sucessivamente
profunda, à à medida que as ondas cerebrais se tornam progressivamente
mais lentas e é mais difícil acordar uma pessoa.
Sono REM (Rapid Eyes Movement) – paradoxal. Existência de movimentos
rápidos dos olhos; ocorre 90 minutos após início do sono; sonhos
predominantemente emocionais, vividos e mais facilmente retidos se
acordar nesta fase.
Uma noite de sono é constituída por ciclos com duração média de 70 a 100
minutos, que se repetem de 4 a 5 vezes, sendo que um ciclo típico é constituído das
fases N1, N2 e N3 do NREM seguidos por um período de sono REM.
Formador: Miguel Rodrigues
Funções do sono
A principal função do sono é manter-nos acordados, pois tem um efeito
reparador. O ser humano é o único ser vivo capaz de adiar propositadamente o
27
sono, contudo esta capacidade não excede os dez dias.
Durante o sono ocorrem diversos processos:
São segregadas todas as hormonas anabolizantes, que permitem o
crescimento e a duplicação celular;
São estabilizados processos imunológicos (por isso, a redução do sono
aumenta a probabilidade de ter doenças infeciosas).
São estabelecidos e sedimentados diversos processos cognitivos, sobretudo
os que têm a ver com a memória, com o encontrar soluções e com a
aprendizagem, entre outros;
Através dos sonhos é restabelecido o equilíbrio emocional e são reforçados
os comportamentos próprios da espécie.
Os efeitos fisiológicos dos exercícios sobre o sono ainda não são bem
conhecidos, porém os efeitos psicológicos são positivos e devem ser valorizados. A
atividade física tem de ser adequada às condições de saúde do idoso e
desenvolvida com regularidade e critério. Embora o período da manhã seja
tradicionalmente recomendado para sua prática, vários estudos têm evidenciado
Formador: Miguel Rodrigues
CAMAS
As camas articuladas são camas especiais que foram desenhadas com o
intuito de auxiliar todas as pessoas com mobilidade reduzida, como no caso de um
idoso ou de um acamado. As camas articuladas são uma ferramenta muito útil
para as pessoas que cuidam de um idoso ou de um acamado pois com o mínimo de
esforço conseguem mudar a sua posição e, ao mesmo tempo, para o próprio idoso
ou acamado é sinónimo de um maior conforto, segurança e descanso. As camas
articuladas começaram a ser utilizadas nos hospitais, pois prestavam um melhor
auxílio às pessoas que apresentavam um determinado problema de saúde, aos
idosos e a todos os acamados. Porém, graças à sua versatilidade e comodidade,
uma vez que um idoso ou um acamado precisa de apoio e cuidados constantes, as
camas articuladas depressa se estenderam a todos os lares em geral.
As camas articuladas são compostas por secções articuladas que podem ser
levantadas através da utilização de manivelas ou motores elétricos específicos que
possibilitam a colocação de um idoso ou de um acamado em várias posições
diferentes. Esta garantia de mobilidade é excelente para um idoso ou acamado na
medida em que as tarefas mais básicas do dia-a-dia como dar banho, comer,
sentar-se e levantar-se de uma cama estarão salvaguardadas. Existem vários tipos
de camas articuladas que podem ser adquiridas – as camas articuladas
manuais, elétricas e rotacionais.
Formador: Miguel Rodrigues
Capítulo 5 - BIBLIOGRAFIA
Agência Nacional para a Qualificação e o Ensino Profissional, I.P. (2008).
Perfil Profissional Agente em Geriatria. Disponível em
35
http://www.catalogo.anqep.gov.pt/PDF/QualificacaoPerfilPDF/200/76219
1_Perfil. Consultado a 10 de Janeiro de 2017.
Barreto, J. (2006). Relação terapêutica com o paciente idoso. In Firmino H.;
Pinto, L.C.; Leuschner A.; Barreto J. Psicogeriatria (pp.113-122). Coimbra:
Psiquiatria Clínica; Barreto, J. (2006). Tratamento actual da depressão no
idoso. In Firmino H.; Pinto, L.C.; Leuschner A.; Barreto J. Psicogeriatria
(pp.245 -258). Coimbra: Psiquiatria Clínica.
Beers et al. (2004). Manual Merck Geriatria. (s.l.):Oceano.
Berger, L. & Mailloux-Poirier, D. (1995). Pessoas idosas - uma abordagem
global. Lisboa: Lusodidacta.
Blazer, D. & Busse, E. (1999). Psiquiatria Geriátrica (2ª.ed). Porto Alegre:
Artemed.
Caneiro, R .; et al.(2012). O Envelhecimento da População: Dependência,
Ativação e Qualidade. Relatório Final. Faculdade de Ciências Humanas –
UniversidadeCatólicaPortuguesa.Disponívelemhttp://www.qren.pt/np4/n
p4/?newsId=1334&fileName=envelhecimento_populacao.pdf. Consultado a
10 de Janeiro de 2018.
Erikson, E. (1983). Oito Idades do Homem. In E. Erikson, Infância e
Sociedade. (pp.227 -253). Rio de Janeiro: S.n.
Fernandes, A. (2010). Tenho 60, Pareço 40, Sinto 20. Alfragide: Academia do
Livro.
GOLEMAN, BOYATSIS, MCKEE (2002). Os Novos Líderes: A Inteligência
Emocional nas Organizações. Lisboa: Gradiva.
Formador: Miguel Rodrigues
Idosas. Futuridade, Plano Estadual para a Pessoa Idosa. São Paulo, Brasil.
Disponívelemhttp://www.saude.sp.gov.br/resources/ses/perfil/profission
al-da-saude/grupo-tecnico-deacoes-estrategicas-gtae/saude-da-pessoa-
idosa/futuridade/volume_10.pdf. Consultado a 10 de Janeiro de 2018.
Serra, A. V. (2006). Que significa envelhecer? In Firmino H.; Pinto, L.C.;
Leuschner A.; Barreto J. Psicogeriatria (pp.21-33). Coimbra: Psiquiatria
Clínica.
37
Sequeira, C. (2010). Cuidar de idosos com dependência física e mental.
Lisboa: Lidel.