A Era Do S Jazz - Uma Historia Da Musica PDF
A Era Do S Jazz - Uma Historia Da Musica PDF
A Era Do S Jazz - Uma Historia Da Musica PDF
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Julio de Castilhos: Família, Pátria e Humanidade.
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Borges de Medeiros e os bigodes da austeridade.
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Um tango argentino de... Roberto Eggers.
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Rua da Praia, cerca de 1900. Foto do lendário Calegari
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passou pelas melhores sinfônicas da Argentina. A conclusão do texto
é um primor: “Infelizmente dava-se o distincto músico ao uso do
álcool, que o arrastou a um quarto da Santa Casa de Misericórdia
onde morreu, há poucos annos”.
Mais um esquecido é J. Bicudo, autor do maxixe Berimbau Não
É Gaita, composto em 1922 ou 23. Título, aliás, que hoje é uma
expressão popular – até Renato Borghetti tem um disco
chamado Pensa Que Berimbau é Gaita? Resta saber se à época a
frase já existia, ou se ela popularizou-se em função dessa pequena
joia instrumental.
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Seria o primeiro café-cantante da cidade, nos melhores moldes
parisienses e cariocas. Uma novidade palpitante…
…que não dura dois meses.
A literatura porto-alegrense também fervia, com a geração de
Eduardo Guimaraens (autor do clássico local A Divina Quimera, de
1916), Felippe d’Oliveira, Alceu Wamosy, Álvaro Moreyra e Marcelo
Gama. Todos com os pés fincados no simbolismo, ainda que com
pitadas de niilismo e até de sua variante mais, digamos assim…
gótica: o penumbrismo. Logo começará a aparecer outra geração de
respeito, que terá seus pontos altos no pelotense Simões Lopes Neto,
Alcides Maya, Augusto Meyer e o Antônio Chimango, de Amaro
Juvenal. Alguns dos mais velhos, como Maya, Moreyra e Gama,
convivendo diariamente com uma gurizada que daria muito o que falar
(Dyonélio Machado e Eduardo Guimaraens, entre outros) no “ponto de
encontro” obrigatório da turma: a Praça da Harmonia, no comecinho
da Rua da Praia. Não por acaso, apelidada então de “Praça dos
Poetas”.
Enquanto isso, as possibilidades de formação para um aspirante
a musicista nascido na capital multiplicavam-se. No mesmo 1908 em
que a Carris substitui os burros que puxavam os bondes pela
revolucionária tração elétrica, inaugura-se o Conservatório de
Música do Instituto Livre de Belas Artes (já não era sem tempo o caso
dos bondes. Como conta Achylles Porto Alegre, nos últimos anos da
tração animal, só um santo podia andar de bonde sem perder a
paciência. Mas em compensação o primeiro automóvel da cidade
chega em 1906.).
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Esquina da Rua da Praia com a Senhor dos Passos, na virada do
século
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não tinha um Leonetti pra fazer uma fábrica de receptores bons e
baratos.
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com casaco virado do avesso e pedaços de pelego nos rostos; tudo
isso ao ruído de uma canglorosa corneta, um bombo com a pele
frouxa, uma caixa de rufo no mesmo estado, pandeiros, violas,
violões, chocalhos, etc.
Um, talvez o mais abastado do grupo, trajava calça e jaqueta de
Zuavo, feitas de belbutina e já muito rafadas; completava-lhe a toillete
um chapéu de papelão „a Directorilo‟. A „riqueza‟ do vestuário conferiu-
lhe a honra de levar a bandeira: um pedaço de morim com letreiro
ilegível, escrito com pó de sapatos.
E lá se foram eles, todos muito suados, muito ruidosos, muito
sujos e sobre tudo… sem nenhum espírito.
Ocarinas da época
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Assim devia ser um carnaval que agradasse A Federação: as
classes mais altas dançando nos bailes e desfilando em carros
alegóricos pelas ruas centrais. O povo assistindo, jogando confete e
serpentina e brincando com lança-perfumes. E é assim que estava
sendo: neste 1912, 30 mil pessoas comemoraram deste jeito a festa,
na Rua da Praia. Animação total ao som de… valsas, polcas, tangos e
schottischs! Nesse formato, a festa durou até 1928, quando houve o
último desfile com carros alegóricos.
Só que também havia os blocos. Desde os rivais Chorando na
Esquina e Chorando no Meio da Quadra até o refinado Leopoldina
Juvenil. Além, claro, da turma (já então) animada da Cidade Baixa.
Um povo de bairro – negro em sua maioria – que pulava e dançava
sem divisões.
Concertina
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Carnaval... futebol! Pelo menos já estavam em atividade o
Grêmio Foot-Ball Porto-Alegrense (fundado em 15 de setembro de
1903 por uma turma de descendentes alemães) e o Sport Club
Internacional (de 4 de abril de 1909, idéia de três irmãos paulistas).
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os autores brigaram às vésperas da estreia, e proibiram a execução
da partitura.
Três anos mais tarde, Pery reescreveu todo o libreto. Agora mais
pra opereta do que pra revista, A Flor do Pampa estreia em 1921,
numa montagem da Companhia Zaparolli, no Theatro Guarany. A
música era a original de Edu, exceto por uma canção: justamente
a Canção do Gaúcho, para a qual agora havia outra letra, escrita pelo
poeta (e coronel) Faria Corrêa. Foi essa que emplacou, gravada por
Francisco Pezzi para a Odeon em 1928 sob o título de Canto de
Gaúcho e cantada até hoje. Ainda que mais conhecida pelo seu
primeiro verso: Gaúcho eu Sou…
Vim lá de fora,
Sou laçador.
Só não pude laçar até agora
O meu amor.
Gaúcho forte,
À querência voltarei:
Do potreiro dos teus olhos
Nunca mais me apartarei.
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disfarçava o preconceito. Está lá no jornal O Independente, de 20 de
março de 1910: Vagabundos e meretrizes estão pedindo um freio: o
Acre está despovoado; ali faltam mulheres; meretrizes descaradas
para lá, onde talvez se corrijam. Matto Grosso precisa de homens;
vagabundos exportados!
Quem vem bem a calhar com essa nova Porto Alegre é o
arquiteto alemão Theodor Wiederspahn. Tão inseparável hoje da cara
da cidade que é tratado na intimidade como Theo, o cara assinou
nada menos que os prédios do Hotel Majestic (hoje Casa de Cultura
Mário Quintana), a Cervejaria Bopp (Shopping Total), os Correios e
Telégrafos (Memorial do Rio Grande do Sul), a Secretaria da
Fazenda, o Edifício Ely (Tumelero), a Faculdade de Medicina e por aí
vamos. Nasceu em Wiesbaden em 1878, chegou na cidade aos 30
anos, e morreu amargurado em 1952, depois de, a partir da Segunda
Guerra Mundial, ser perseguido pelo simples fato de ser alemão.
A Casa Mariante foi a primeira a publicar partituras de
compositores locais. Entre 1919 e 1927, trabalhou adoidado,
imprimindo em São Paulo. Já pela parte do registro fonográfico, vivia-
se a já citada utopia da Casa A Electrica e seus Discos Gaúcho.
Efervescência, portanto.
A Pathé Baby
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instrumentistas que acompanhavam com música as projeções, que
eram ainda mudas, e sem contar com as orquestrinhas que tocavam
nos saguões, entre um programa e outro. Graças ao cinema, trabalho
para músicos era o que não faltava na Porto Alegre dos primeiros
anos do século XX. Nem em lugar nenhum do Brasil.
E a cidade estava tomada pela febre cinematográfica. Achylles
Porto Alegre, em 1920: (...) a “arte do silencio” é hoje a “cachaça” de
toda a gente, e a loucura do bello sexo.
O cinema pode dizer-se acabou de matar a “vida em família”,
que há muito tempo já vinha perdendo o seu encanto e
desapparecendo. Isso, em 1920! E segue: À hora em que escrevo,
muitos lares estão desertos, porque as salas dos cinemas estão
replectas.
Também, pudera: olha a qualidade da turma que ali ganhava a
vida. No Cine Colombo, Radamés Gnattali, os irmãos Júlio e Sotero
Cosme, Júlio Grau, etc. Já no Avenida, o pianista da casa era o
futuro compositor erudito Armando Albuquerque - que inclusive,
anos mais tarde, comporia uma peça em homenagem aos projetores
usados: Pathé-Baby.
(E não só se passavam fitas, também havia já quem as fizesse:
em 1909 o alemão Eduardo Hirtz, que havia vindo para o Brasil ainda
criança e comandava uma rede de cinemas na capital e interior,
filmara O Ranchinho do Sertão, primeira ficção cinematográfica local.)
O som só chegaria às telas em 1927, e, mesmo assim, primeiro
nos Estados Unidos. No Brasil, a novidade só seria conhecida dois
anos depois e, em Porto Alegre, na virada de 1930, quando estreia na
cidade O Cantor de Jazz, com Al Johnson. Era o filme sonoro, falado e
cantado. Os pianeiros das salas de cinema perderiam seus empregos
quase instantaneamente. As orquestrinhas de saguão ainda duraram
mais um pouco, mas também partiriam sem deixar vestígios.
Restavam apenas os shows curtos, em frente à tela, entre um film e
outro. Foi um momento de desemprego em massa de músicos que só
se repetiria com a chegada do video-tape, 30 anos mais tarde.
Pra completar os divertimentos sadios da classe média e da
burguesia, havia ainda os footings nas praças, os corsos de
automóveis, as tardes nos cafés. E as noites nos theatros, cassinos e
cabarés – nestes últimos, claro, mulheres, só a trabalho.
Pra fechar, confirmando seu pioneirismo telefônico, em 1922, a
primeira central telefônica automática do país é instalada. Em Porto
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Alegre. Era a terceira do mundo, antecedida pelas de Chicago e Nova
York.
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Primeiras baterias
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A banda de Gordon Stretton foi o primeiro grupo de jazz a apresentar-
se na cidade
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Arthur comporia também muita música – tanto erudita quanto popular
–, mas também quase tudo se perdeu. O que não foi por água abaixo
na enchente de 1941, virou fumaça quando incendiaram a Rádio
Farroupilha, em protesto contra o suicídio de Getúlio Vargas, em
1954.
Mas o que mais importa com relação a Elsner é seu talento
como um dos (multi-)instrumentistas mais solicitados de seu tempo.
Tocou com os maiores músicos e as melhores orquestras da cidade.
Num ano podia ser pianista de uma típica de tango, no outro atacar de
acordeonista e percussionista da Jazz-Band de Paulo Coelho e, logo
ali, gaiteiro de algum regional ou piano solo como titular de um
programa na Rádio Gaúcha ou na Farroupilha. Isso quando não
fazia tudo isso ao mesmo tempo.
Nunca deu a menor pelota pra sua cegueira. Afinal, ela nem ao
menos o impedia de andar sozinho pela cidade, subindo e descendo
dos bondes na parada certa, e sem jamais macular seus impecáveis
ternos de linho branco. Já entradíssimo na terceira idade, Arthur
assume o cargo de diretor da Banda Municipal de Porto Alegre.
Mais tarde ainda, chegaria a ser percussionista da Orquestra
Sinfônica de Porto Alegre, a OSPA. Só não pergunte como é que ele
se entendia com o maestro…
Provavelmente graças ao seu lendário ouvido, que lhe permitia
hábitos curiosos e feitos que viraram lenda.
Por exemplo: contra a canalha que, nos cabarés, aproveitando-
se de sua cegueira, roubava sua cerveja enquanto ele tocava. O
meliante só não contava com um detalhe: sempre que largava uma
garrafa pela metade, Arthur estalava o dedo contra o gargalo e
conferia o tom da nota emitida. Na volta, repetia o processo. Se ele
tinha largado a garrafa em lá, e ela agora se encontrava em fá, é
porque algum esperto havia tomado uma terça maior do seu precioso
líquido…
(outra história que ficou famosa foi sua tentativa de identificar
um carro que o atropelara pelo tom da buzina. Não deu, claro. Mas
aumentou a lenda).
E não se pode fechar o assunto “Arthur” sem lembrar que ele foi
também um pioneiro na publicidade. Nos anos de 1950, montou um
estúdio caseiro com um gravador que só ele – evidentemente – sabia
operar. E ali gravava jingles e comerciais de rádio.
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Arthur Elsner: figurinha tão carimbada da boemia porto-
alegrense que recebeu de presente até um poema de outro boêmio
notório, Mario Quintana:
“Bem sei que, para vocês eu, teoricamente, estou nas trevas.”
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Santos. E não se limita a estudar: logo é também professor de música
de seus colegas cegos.
Volta a Porto Alegre e passa alguns anos no estado, deixando a
comunidade musical boquiaberta. Tocava na capital e por todo o
interior, fazendo imenso sucesso entre plateias frequentadíssimas por
músicos. Todos estavam lá pra ver de perto suas interpretações muito
pessoais de páginas eruditas adaptadas, como A Cavalaria Rusticana,
ou os dificílimos tanguinhos e choros que compunha. Peças que, já
pelo título, avisavam o que vinha pela frente: Marciano no Choro, Não
Combina, Não Salta José ou Há Quem Resista? Como quase todos
os grandes músicos de sua geração, logo entrou pra turma
de Octavio Dutra.
Octavio Dutra
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os palcos de todo o Brasil, sempre achando um tempo pra fundar
escolas de música para cegos (com apoio do Instituto Benjamin
Constant) e dar aulas para futuros virtuoses. Como Dilermando Reis,
que começou sua carreira ainda garoto acompanhando o mestre.
Para lembrar o amor que sempre teve à terra que primeiro o
reconheceu à grande (ou, talvez, o tenha parido), compôs peças
como Canção Gaúcha ou Saudades do Rio Grande. No fim da vida,
foi morar em Cuiabá. Onde, segundo alguns, morreu em algum ponto
dos anos de 1950. Mas outros afirmam – apostaria nessa – que sua
morte foi em Niterói, no Rio, dia 19 de fevereiro de 1955.
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típica de tango ou ambos. Cenário brilhantemente retratado in
loco pelo cronista Achylles Porto Alegre, em 1920:
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diga – se tocava e dançava o ritmo portenho. Octavio Dutra – sempre
ele – chegou a escrever arranjos para tangos de Gardel, para serem
tocados com seu regional. E compôs também mais de um tango
argentino.
O surto era tão generalizado que, por toda a década de 1920, as
grandes atrações dos cabarés gaúchos eram típicas de tango, e não a
música brasileira, cubana ou americana tocada por orquestras, jazz-
bands ou seja-lá-o-que-for. Sim: muitas casas noturnas, confeitarias e
cafés tinham duas bandas contratadas, uma delas só para tangos e
milongas.
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principal compositor dessa cena. Das 482 músicas que compôs entre
1900 e 1937, míseras 16 eram sambas e outras duas, sambas-
canções. Um retrato do contexto muito peculiar em que viviam os
gaúchos, desde então se sentindo diferentes do resto do seu próprio
país. Maxixes, lundus e, logo depois, os primeiros sambas, eram coisa
de negros e pronto. Quem comprava discos não comprava esses
discos. Muitos deles, as fábricas nem mandavam pras lojas do sul.
Mais um dado para defender a tese: nas pioneiras gravações
dos Discos Rio-grandenses, em 1913, as 102 músicas registradas em
Porto Alegre são 16 polcas, 15 valsas, 14 schottischs, 11 modinhas,
11 dobrados e nenhum samba ou maxixe. Por essas e outras, depois
de conquistarem os cabarés e dancings, as típicas permaneceriam em
seus palcos pelos 50 anos seguintes.
Por mais de meio século, umas épocas mais, outras menos,
todo mundo em Porto Alegre sabia ao menos os passos básicos do
tango. Como prova definitiva de que desde a década de 1910 o ritmo
já era incorporadamente gaúcho, há uma notícia publicada no Correio
do Povo, em 1914. Nela, um jornalista não identificado fala com
curiosidade e espanto sobre a polêmica que o excesso de
voluptuosidade nas coreografias do ritmo estava despertando na
Europa. O texto se espantava justamente com o choque dos europeus
perante algo que para os leitores gaúchos já era tão corriqueiro. E
dançado até no carnaval.
Se o samba custou a emplacar – e o maxixe só o faria no final
da década de 1920 – a avassaladora febre nordestina que se
espalhou pelo Brasil nos primeiros anos do século XX pegou forte na
gauchada. O micróbio da tal enfermidade se chamava Turunas
Pernambucanos, grupo que havia descido do Recife para encantar o
público gaúcho em 1924. Até o convicto chorão Octavio Dutra compôs
uma canção sertaneja chamada justamente… Sertaneja, que foi
sucesso num carnaval. E não foi só: aproveitou a passagem dos
Turunas para compor umas coisinhas em parceria com o saxofonista
Ratinho, uma das estrelas do grupo (o qual tinha também o violonista
Jararaca, com quem Ratinho formaria depois a dupla Jararaca &
Ratinho).
Mas não é espantoso que os chorões daqui se deixassem
influenciar pelos pernambucanos. Afinal, no Rio, três anos depois, um
novo grupo nos mesmos moldes, os Turunas da Mauriceia, motivaria o
surgimento de discípulos como o Bando de Tangarás – que reunia,
entre outros, Noel Rosa, Almirante e João de Barro. E o curioso é que
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eles já eram produto da influência dos citados Turunas
Pernambucanos. Que, por sua vez, tinham nascido totalmente
influenciados por um grupo… carioca! Os Oito Batutas, de Donga e
Pixinguinha, que havia passado por Pernambuco em 1922. Oito
Batutas que, por sua vez, fora criado por inspiração no Grupo de
Caxangá, liderado pelo violonista pernambucano João Pernambuco.
Isso é que é globalização…
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Bandolim e Bandola
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cais do porto. Os caras navegavam pelos mares do mundo, portanto,
sempre tinham novidades. Como, por exemplo, a mudança acontecida
com os Oito Batutas: a banda liderada por Pixinguinha nascera grupo
de música nordestina, depois virara regional de choro e samba e
agora era… jazz-band. A novidade estava ligada à sua estada na
Europa, no começo de 1922: eles agora tinham dois saxofones,
trombone, trompete (ou, como se dizia então, pistão), banjo, piano,
bateria e dois percussionistas!
E, na sua esteira, estavam pipocando no Rio de Janeiro grupos
como a pioneira Jazz Band Brasil-America (que leva a expressão jazz-
band pela primeira vez a um disco, com o fox-trot Vênus). A qual se
segue a Brazilian Jazz ou a Jazz-Band Beira-Mar Cassino – em
ambas, tocava o já citado Augusto Vasseur.
Tudo parecia muito interessante, mas ainda distante da
realidade local. E o Espia Só seguia regional, defendendo uns cobres
em serestas e ensaios de sociedades carnavalescas.
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–, fizeram mais 20 apresentações na Exposição do Parque do Menino
Deus.
Turunas da Mauriceia
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tocava música arranjada. O lance era cada um por si e Deus que não
se metesse (tanto que as edições de músicas em partitura não tinham
nem ao menos os acordes do acompanhamento. Era a melodia, a
eventual letra e só. Cada um fazia o seu). Arranjos escritos de música
popular eram coisa de bandas, militares ou não, como as que
gravavam suas polcas e valsas nos Discos Gaúcho, na década
anterior.
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Microfones de 1927
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prender os boêmios seresteiros. Maldição: em seus tempos áureos,
o regional Espia Só chegou a tocar quatro serenatas por semana.
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gaúchos entre os anos 1930 e 50, famosos e respeitados. E Albino
ainda completa as novidades mandando trazer um exemplar do rei
dos saxes: o portentoso sax tenor. Hoje os naipes são
parlamentaristas, mas, na época, Marino, que já tocava alto e
soprano, ficou doido. Queria de qualquer jeito ter a honra de ser o
primeiro tenorista do Estado. Imagina: aquele era o saxofone que o
Pixinguinha tocava!!! Mas a coisa não ia sair barato. Afinal, tinha mais
gente de olho no bicho.
Até decidir quem o tocaria, Albino trancou o dito cujo num
armário. O que ele não imaginava é que toda noite Paulino
Mathias roubava a chave, pegava o sax e o levava pra casa, pra
estudar. Quando, 15 dias depois, o chefe avisou que ia fazer um teste
pra ver quem estrearia a novidade, o resultado foi um variado festival
de guinchos. O troço tava empatado, com todos em segundo lugar,
quando Paulino pediu licença. Será que ele podia tentar?
Assombro total: o cara não tocava nenhum sax até então. E
tirava um som melhor até que Marino e Albino! Foi aclamação: esse
nasceu pra tocar sax tenor…
Voltando aos bailes, a sistemática de então era a seguinte,
bastante rígida e minuciosamente disciplinada: fosse quem fosse a
atração, tocava uma música… e parava. Aí o pessoal aplaudia. Os
músicos então bebiam uma coisinha e tocavam mais umas três ou
quatro. Nova pausa. Novos aplausos. Então, mais uma
descansadinha pra molhar o bico. Tocavam outras três. Nova parada.
Comiam uma coisinha, que ninguém é de ferro, rebatiam com uma
dosezinha pro santo e atacavam de novo. E assim a noite ia
esquentando. Aos trancos e barrancos.
No meio da semana ainda havia festivais benemerentes,
promovidos pelas moçoilas e rapazes da alta sociedade, em cinemas
e bailantes. E os membros do Espia Só seguiam se destacando na
enxurrada de grupos que vinham em sua cola, tanto pela música
quanto pela elegância: vestidos com impecáveis smokings ou,
conforme a situação, casacos azul-marinho com botões de
madrepérola, gravata borboleta, calças creme de boca meio-sino e
uma chinfra sensacional: um imenso lenço creme caindo do bolso do
paletó até quase a cintura.
Famosos, doutores em champanhota e acontecendo no Café
Society, o grupo vai indo bem até que, em 1928, acontece a primeira
baixa. E, putz, logo de sua maior estrela: Marino dos Santos.
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Mas seguiram bem arrumados e felizes até 1932, quando
cometem um erro clássico: o velho truque da conversa furada de
empresário. Um sujeito os contrata para uma excursão nacional,
prometendo mundos e fundos… e desaparece no começinho da tour,
ainda em Santa Catarina.
Era o fim da primeira jazz band gaúcha.
(Na verdade, parte do grupo já havia desertado, ao não topar a
aventura. Pra compensar, agregaram duas cantoras iniciantes e um
sapateador cubano (?!?). Conseguem se virar um tempo como o Trio
Espia Só, que seguiria, capengueando, Brasil acima: Paulino de volta
ao violão, Albino na flauta e o tal sapateador cubano, que teve de virar
cantor na marra. Vão pra Santos, tocam em puteiros do porto, passam
uns tempos contratados por uma rádio paulista, tentam o Rio, não
conseguem nada, embarcam pra Belém do Pará. Lá, ficam uns
tempos, e voltam para Porto Alegre, com o rabo entre as pernas.)
A partir daí, vários dos ex-integrantes do Espia Só montariam
seus próprios conjuntos. Albino é que nunca mais teria ânimo pra
encarar uma liderança e seguiria como um modesto saxofonista
tocando pelos dancings e boates da cidade até o final dos anos de
1960, quando se aposenta. Morre, bem velhinho, em 1982.
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o Espia Só foi o primeiro a mudar de regional para jazz, em… 1927.
Aí, você decide. De qualquer forma, a Royal Jazz Band teria uma
vida muito mais longa que sua predecessora: só encerraria as
atividades em 1968, depois de 44 anos de carreira. E também seria a
pioneira em abrasileirar o nome, já que desde o final dos anos 1930
atendia pela simpatissícima alcunha de Orquestra Rojabá (RO-
yal JA-az BA-nd, pegou?). Fundada pelo baterista Alvino Beroldt e
pelo pianista e arranjador Helmut Grünewald, o grupo sempre teve
Helmut à frente, marcando de cima, com seu punho forjado em puro
aço alemão.
Espia Só Jazz
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tipo o violinofone -, tocado pelo Espíndola. Era o pessoal se virando
pra se fazer ouvir.
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principalmente, mais comportada. Ernani topa e, dois anos depois,
recebe com honras o saxofonista Marino dos Santos, que voltava de
uma longa temporada fora do estado. Juntos, rebatizam o grupo de 15
músicos como Orquestra de Ernani & Marino, com feras como o
guitarrista Raul Lima- ainda na ativa! -, o pianista Suingue e o
baterista Natalício. Seria a formação mais prestigiada de seu tempo.
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Orquestra Ernani & Marino em 1950
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política de entretenimento dos funcionários da firma de transporte
fundada na década de 1880 – Carris que segue em atividade até hoje,
há tempos como empresa pública. Nestes anos, era da iniciativa
privada, e tinha, além da orquestra, seu próprio cine-teatro.
Pelo Jazz Carris passariam os já citados Pedro Raymundo,
Marino dos Santos e Breno Baldo, mais uma seleção de outros
craques. Todos contratados como funcionários da empresa e tendo de
trabalhar também em alguma atividade não-musical: motorneiros,
cobradores…
Enfim.
A partir dos anos 1940 os jazz sumiriam lentamente de cena,
suplantados pelos novos formatos das big-bands e das orquestras
(não sem antes ver florescer o Jazz Futurista, Jazz Baby, Jazz
Pampeiro – do 3º Batalhão da Brigada Militar –, Jazz Indiano, Jazz
Venezianos, Jazz Rio…).
O imenso poder de fogo das big-bands substituiria, inflando, as
formações por vezes quase aleatórias dos jazz, em favor do novo
conceito americano dos naipes: três ou mais trompetes, três ou mais
trombones, três a cinco saxofones, mais uma cozinha rítmica de
piano, contrabaixo, bateria e guitarra (com o Rio Grande se permitindo
a licença poética de incluir violino e bandoneon para um set de tangos
e milongas).
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valsas e pot-pourris de operetas. Como isso soava ou era arranjado, é
um mistério. Ninguém ali lia ou escrevia música.
Hardy Vedana
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certa capacidade de improvisação foram as armas usadas pra
enfrentar, no Jazz Espia Só, seu vasto repertório de… cinco músicas.
Qual das duas versões é a exata? Vai saber…
Voltando a Paulino Mô Nêgo Mathias: ele tinha nascido em
Santo Antônio da Patrulha (73 km a leste de Porto Alegre), dia 10 de
janeiro de 1910, e era outro que, aos 15 anos, já era profissional da
música. Tocava bandolim no grupo Os Boêmios – cujo violonista e
cantor era Zé Bernardes, da futura dupla regionalista Oswaldinho &
Zé Bernardes – que era então um dos conjuntos musicais mais
requisitados para animar… piqueniques! (sempre lembrando que não
havia rádio, gramofones não eram nem portáteis nem baratos, e a
música ao vivo era a única opção).
Da trajetória de ambos com o Espia Só, já se falou. Sigamos
pois, daí.
Marino sai do grupo em 1928 pra tocar com Paulo Coelho na
Confeitaria Central. E no susto: tava ele, bem tranquilo, tocando um
baile na Colônia Africana quando vê entrar porta adentro o já então
famoso Paulo. Quase tão jovem quanto Marino (tinha míseros 18
anos, contra os 20 do saxofonista), Coelho já era uma estrela, e vinha
fazer um convite irrecusável: queria que ele fosse o principal solista do
jazz que estava montando para tocar na confeitaria. Marino hesitou,
hesitou… e não topou: Eu tinha até vergonha de conversar com ele.
Me sentia inferiorizado em virtude de ele tocar nas melhores casas do
centro da cidade, e eu, na periferia. Não disse pra Paulo, mas também
sabia que não lia música suficientemente bem pra enfrentar um
músico letrado. Mas ficaram de se falar.
A solução encontrada foi a mais óbvia: Marino deu uma intensiva
de estudos em leitura musical. Quando achou que dava pra encarar,
procurou Paulo e assumiu o posto na hora. A partir dali, se Porto
Alegre teve seu Duke Ellington, e ele foi Paulo, Marino foi seu Johnny
Hodges: eu era uma pedra bruta que fui (sic) lapidada por Paulo. Feliz
daquele que foi acompanhado pelo melhor pianista da América Latina,
sem favor nenhum.
O único intervalo na parceria foi quando, em 1930, empolgado
com a Revolução, Marino se alista nas forças getulistas (não que eu
quisesse ser militar, mas sabe como é o entusiasmo cívico! Ainda
mais sendo gaúcho, e naqueles dias!). Foi parar em Passo Fundo,
extremo noroeste do Rio Grande do Sul. Lá, fez exame de música e,
sempre modestíssimo, se surpreendeu quando foi aprovado na parte
teórica. Dali, se mandou para o Rio de Janeiro com o Sétimo Batalhão
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de Combate. Fez um novo concurso, passou em terceiro lugar, e
ganhou o posto de terceiro-sargento-músico. E aí, pombas, estava no
Rio de 1930, e era músico. É absolutamente óbvio que passou a fugir
do quartel para, com seu sax soprano, fazer uma pós-graduação em
choro, ministrada nos piores botecos do Mangue. Quando se sentiu
diplomado honoris causa, voltou pra Porto Alegre, deu baixa, e
reassumiu seu posto com Paulo Coelho, embarcando com ele para
uma gloriosa estada de um ano em Buenos Aires.
A partir daí, Marino também vai também fazendo alguma fama
como compositor. É seu um choro que ficou clássico nas rodas
locais, Saxofonista Triste, além da polca com o bárbaro título de Jair
Furando, e a polca-valsa Silvinha – prova definitiva de que a época
era mesmo de fusões: que diabos é uma polca-valsa?!?
Popularidade e trabalho não faltavam. Em meados dos anos
1930, além de perfilar na orquestra de Coelho, ainda toca no Jazz
Carris. E, como todos ali tinham de trabalhar não só como músico,
virou motorneiro. Ou quase: como eu tocava e compunha
razoavelmente bem, o diretor da Carris seguidamente me dispensava
do serviço de motorneiro. Daí a facilidade de tocar em três lugares (na
rádio e nos cafés – com Paulo –, e na Carris). E também pode ter
pesado o fato do motorneiro Marino ter entrado com tudo em cima de
outro bonde, pelo simples fato de que pegou na firma às cinco da
manhã, virado de um baile terminado às quatro. Dormiu, claro.
Quando Paulo morreu, ele já tinha saído do jazz-band e formado
seus próprios conjuntos. Um deles era um quarteto com o lendário
pianista Swing, pra tocar na Boate Marabá. O outro era a Marino e
Sua Orquestra, com 10 figuras, arranjadas pelo mesmo Swing,
contratada da Rádio Difusora e com um time de responsa: entre
outros, o velho parceiro Paulino Mathias no sax tenor, guitarra e
contrabaixo, o futuro Maestro Macedinho no sax alto, e Horacina
Corrêa no vocal.
Sua moral é tanta que, em 1941, quando é feito o primeiro
concurso de jazz bands de Porto Alegre, a matéria da Folha da
Tarde intitulada Qual será o melhor jazz da cidade? e coloca como
grande questão a dúvida: Marino. Ele aceitará ou não? “It‟s is the
question”! Por enquanto, o popular saxofonista nada decidiu. E
segue: Em Marino, indiscutivelmente, reside uma boa parcela do
interêsse que despertará a contenda.
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Por essas e outras que a popularidade do grupo logo os leva pra
São Paulo, contratados pela Rádio Cultura. A orquestra toca algum
tempo por lá, mas o que faz sucesso mesmo é um quinteto paralelo,
com Marino no clarinete, Swing no piano, Paulino no contrabaixo,
mais trompete e bateria. Tanto que, quando acaba o primeiro contrato,
os músicos, como bons gaúchos, decidem voltar pra casa. Só ele fica.
A partir daí, entra pra grandes orquestras paulistas, como a de Sylvio
Mazzuca, e só volta a Porto Alegre em 1948, novamente por um bom
motivo. Iria montar, como se viu, a melhor big-band surgida desde
a Jazz-Band de Paulo Coelho: a Orquestra Ernani & Marino. O
grupo, que tinha também um grande baterista, Natalício, faz muito
sucesso até 1954, quando Marino, mais uma vez, vai embora. Desta
vez pro Rio, direto pra orquestra da TV Tupi.
Enquanto isso tudo acontecia, Paulino Mathias tinha se tornado
uma estrela dos melhores cabarés da época – o Dancing Royal, o
Dancing Oriente (ambos nos anos de 1930 e 40) e o Castelo Rosado
(nos 1950). Ao mesmo tempo, iluminava as transmissões da Rádio
Gaúcha, para a qual fora contratado em 1934: era um grande
improvisador, coisa rara nestes tempos. E, apesar de ter se
estabelecido como saxofonista e clarinetista, seguia tocando – e bem
– bandolim, violino e violão.
Em 1960, Marino volta pela última vez a Porto Alegre, e
novamente pra tocar na melhor big-band de então. Desta vez, a
prestigiadíssima Orquestra de Karl Faust, onde permanece até que,
no final dos anos de 1960, o alemão Faust volta pra sua terra natal e o
grupo se desfaz.
Acaba ali uma era: a partir de então, Marino e Paulinho vão ser o
retrato de sua geração, passando da mais alta glória para empregos
cada vez mais indignos, em boates e inferninhos cada vez mais
decadentes, até o momento em nem isso mais havia.
Paulino morre em Porto Alegre, em 1977, completamente
esquecido em vida. Tão ou mais que Marino, que se vai três anos
depois, morando modestamente numa casinha na Vila Nova (zona
rural no extremo sul de Porto Alegre). Na Porto Alegre de 1980,
ninguém mais queria saber de velhos saxofonistas.
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