100% acharam este documento útil (1 voto)
2K visualizações

Ideal Poema

O poema descreve a mulher idealizada pelo autor como uma visão etérea e impalpável, comparando-a de forma antitética a figuras mitológicas como Vénus, Circe e Amazona. A mulher ideal surge como um sonho impalpável do desejo, uma miragem que ora se mostra ora se esconde, revelando apenas parte do destino do sujeito lírico.

Enviado por

cmmguerreiro707
Direitos autorais
© © All Rights Reserved
Formatos disponíveis
Baixe no formato DOCX, PDF, TXT ou leia on-line no Scribd
100% acharam este documento útil (1 voto)
2K visualizações

Ideal Poema

O poema descreve a mulher idealizada pelo autor como uma visão etérea e impalpável, comparando-a de forma antitética a figuras mitológicas como Vénus, Circe e Amazona. A mulher ideal surge como um sonho impalpável do desejo, uma miragem que ora se mostra ora se esconde, revelando apenas parte do destino do sujeito lírico.

Enviado por

cmmguerreiro707
Direitos autorais
© © All Rights Reserved
Formatos disponíveis
Baixe no formato DOCX, PDF, TXT ou leia on-line no Scribd
Você está na página 1/ 2

A primeira fase literária de Antero de Quental, ligada à produção da juventude, mostra que os ideais amorosos e

outros são uma constante quando somos jovens. Sonhamos e idealizamos o ser amado e concebemos o amor
como ideal perfeito. Tal como acontece ao comum dos mortais, também Antero Quental sonhou e idealizou a
mulher e o amor. Como poeta e pensador conseguiu talvez fazer mais do que nós, exprimindo em verso esse
sentimento profundo.

IDEAL
Aquela que eu adoro não é feita
De lírios nem de rosas purpurinas1, 1
: vermelhas
Não tem as formas lânguidas, divinas,
Da antiga Vénus de cintura estreita...

Não é a Circe2, cuja mão suspeita 2


Feiticeira da mitologia grega
3
Compõe filtros mortais entre ruínas, elemento lendário de um grupo de mulheres guerreiras
Nem a Amazona3, que se agarra às crinas
Dum corcel e combate satisfeita...

A mim mesmo pergunto, e não atino


Com o nome que dê a essa visão,
Que ora amostra ora esconde o meu destino...

É como uma miragem que entrevejo,


Ideal, que nasceu na solidão,
Nuvem, sonho impalpável do Desejo…
Antero de Quental, in Sonetos

A primeira fase literária de Antero de Quental, ligada à produção da juventude, mostra que os ideais amorosos e
outros são uma constante quando somos jovens. Sonhamos e idealizamos o ser amado e concebemos o amor
como ideal perfeito. Tal como acontece ao comum dos mortais, também Antero Quental sonhou e idealizou a
mulher e o amor. Como poeta e pensador conseguiu talvez fazer mais do que nós, exprimindo em verso esse
sentimento profundo.

IDEAL
Aquela que eu adoro não é feita
De lírios nem de rosas purpurinas1, 1
: vermelhas
Não tem as formas lânguidas, divinas,
Da antiga Vénus de cintura estreita...

Não é a Circe2, cuja mão suspeita 2


Feiticeira da mitologia grega
3
Compõe filtros mortais entre ruínas, elemento lendário de um grupo de mulheres guerreiras
Nem a Amazona3, que se agarra às crinas
Dum corcel e combate satisfeita...

A mim mesmo pergunto, e não atino


Com o nome que dê a essa visão,
Que ora amostra ora esconde o meu destino...

É como uma miragem que entrevejo,


Ideal, que nasceu na solidão,
Nuvem, sonho impalpável do Desejo…
Antero de Quental, in Sonetos

1. Foca a tua atenção na figura feminina representada.


1.1 Indica os seus traços caracterizadores.

1.2 Identifica, fundamentando, a relação que se estabelece entre esta figura e as entidades
mitológicas Vénus, Circe e Amazona.
2. Analisa a forma como o ideal surge configurado no poema.

Ao longo do poema, alguns elementos semânticos - "que eu adoro", "visão", "como uma miragem",
"Ideal", "nuvem", "sonho impalpável" - confirmam o titulo do soneto e mostram-nos uma mulher adorável,
como uma "visão".
O tema é a mulher ideal, mas a sua descrição surge por antítese daquilo que "não é", Em confronto com
figuras mitológicas, aparece como um ser divino e sublime, ideia pura: nem mulher sensual como a "Vénus de
cintura estreita", com "formas lânguidas, divinas"; nem mulher fatal e traiçoeira como a Circe que "compõe
filtros mortais entre ruínas"; nem mulher corajosa e dominadora como a Amazona, que "combate
satisfeita…”.
Esta mulher, retratada à maneira petrarquista, é uma "visão" que "ora amostra ora esconde o
meu·destino…", levando o sujeito lírico ao Desejo, ou seja, ao amor, à aspiração do Ideal. Apresenta-se como
uma "miragem", "nuvem", "sonho impalpável do Desejo".
A busca do ideal não se confina ao amor. O homem e a mulher sempre ansiaram por ideais que
permitissem que a sua vida tivesse sentido. Por isso, Antero de Quental, com a consciência do mundo em que
vivemos, orientou a sua luta na busca dos ideais da justiça, da fraternidade e da liberdade. De forma diferente
dos românticos, que sacralizaram o sentimento, procurou o apoio na Razão a que chamou "irmã do amor e da
Justiça".

Você também pode gostar