Fichamento Saber Ver A Arquitetura

Você está na página 1de 8

Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais - Campus Poços de Caldas

Fichamento do livro:
Saber Ver a Arquitetura - Bruno Zevi
Capítulo 4

Estela Cristina da Silva Ramos


Arquitetura e Urbanismo
2° Período

2018/01
A arquitetura corresponde a exigências de natureza tão diferentes que
descrever o seu desenvolvimento significa entender a própria história da civilização,
dos numerosos fatores que a compõem e que geraram diferentes concepções
espaciais: é, pois, história e apreciação dos valores artísticos.
Para se esquematizar um processo histórico-crítico, deve-se levar em
consideração os seguintes pressupostos:
1. Sociais: os edifícios são resultados de um programa construtivo,
fundamentado em situação econômica do país e daquele que promove
a construção;
2. Intelectuais: Estes, incluem a coletividade e o indivíduo e também
aquilo que anseiam ser, das aspirações às crenças;
3. Técnicos: o progresso das ciências e das suas aplicações;
4. Mundo figurativo e estético, o conjunto das concepções e
interpretações da arte e o vocabulário figurativo.
Todos esses fatores apresentam a cena sobre a qual nasce a arquitetura,
obras da qual indicam a supremacia ora de uma classe, ora de outra, e são sempre o
produto da coexistência e do equilíbrio de todos os componentes da civilização em
que surgem.
Uma vez descritos esses fatores, passa-se à história autêntica das
personalidades artísticas e à história dos monumentos. A crítica dos monumentos
esquematiza-se a partir das seguintes análises:
1. Urbanística: história dos espaços em que surge o monumento e que ele
contribui para criar;
2. Arquitetônica: história da concepção espacial, do modo de sentir e viver
os espaços interiores;
3. Volumétrica: estudo do invólucro mural que contém o espaço;
4. Elementos decorativos: Da escultura e da pintura aplicadas à
arquitetura;
5. Escala: às relações dimensionais do edifício em relação ao parâmetro
humano.
A crítica arquitetônica precisa de uma declaração de independência dos tabus
monumentais e arqueológicos, da covardia moral que bloqueia tantas histórias da
arquitetura de ir mais além, como se não tivesse havido contribuições artísticas,
criações espaciais, engenhos férteis e autênticas obras-primas.

Quem investigar arquitetonicamente o templo grego, buscando uma concepção


espacial, fugirá horrorizado, assinalando-o como não-arquitetura. Mas quem se
aproxima do Partenon e o admira como uma grande escultura, fica encantado. Todo
arquiteto deve ser um pouco um escultor para poder transmitir o prolongamento do
tema espacial.
Os elementos construtivos do templo grego são: uma plataforma elevada, uma
série de colunas e sobre elas um entablamento contínuo que sustenta o teto. Existe
também uma cela, nunca pensada do ponto de vista criativo, visto que ela não
correspondia à função social, mas sim como morada impenetrável dos deuses. Toda a
atenção dos escultores-arquitetos se concentravam em transformar as colunas em
obras-primas plásticas.
A história da arquitetura das acrópoles é essencialmente uma história
urbanística, conhecida pela humanidade das suas proporções e da sua escala.
Toda arquitetura responde a um programa construtivo e, nas épocas ecléticas,
quando falta um inspiração original, os arquitetos vão buscar às formas do passado os
temas que servem, funcional ou simbolicamente; recorreu-se à arquitetura helênica
apenas nos grandes temas monumentais e nos elementos decorativos, em problemas
de superfície plástica e volumétrica, nunca de arquitetura.
Às cópias espalhada\s pelo mundo constituem tristes mascaramentos de
invólucros murais que encerram espaços interiores e conservam, por isso, todas às
características negativas da arquitetura grega, carecendo porém, ao mesmo tempo, da
qualidade de escala que os monumentos originais possuíam.
No templo grego, o homem caminha apenas no peristilo; quando os templos
alcançam as margens da Sicília e da Itália, os peristilos se tornam mais espaçosos e
profundos. Isso talvez seja um indício de que os italianos já tinham uma tendência
para sentir, acentuar os espaços, e tentaram ampliar e humanizar as fórmulas
fechadas da herança helênica.

A apreciação arquitetônica que damos aos efeitos limitados deste perfil


histórico das idades espaciais não se identifica com a apreciação estética. O Partenon
é obra não-arquitetônica, mas nem por isso deixa de ser uma obra-prima artística.
Os edifícios romanos não eram obras de arte, mas nunca poderemos afirmar
que não eram arquitetura. O espaço interior está presente de maneira grandiosa e se
os romanos não tinham o sensível requinte dos escultores-arquitetos gregos, tinham o
gênio dos construtores-arquitetos, que é o gênio da arquitetura.
A pluriformidade do programa romano no que diz respeito à construção, a sua
escala monumental, a nova técnica construtiva dos arcos e das abóbadas que reduz
colunas e arquitraves a motivos decorativos, os grandes volumes, fazem da
arquitetura romana um enciclopédia morfológica da arquitetura, do amadurecimento
de temas sociais, todas essas contribuições estão ausentes na arquitetura grega, e
constituem a glória incontestável de Roma: novos e imensos horizontes arquitetônicos.
Se colocarmos lado a lado as plantas de um templo grego e de uma basílica
romana, verificamos que os romanos tomaram às colunatas e as transportaram para o
interior, fazendo isso, significou deambular no espaço fechado e fazer convergir toda a
decoração plástica à potencialização desse espaço.
O fato de o arco e a abóbada existirem antes no Egito e no Oriente antes de
terem surgido em Roma, não subtrai à contribuição romana que empregou esses
elementos em concepções espaciais em escala, intenção e significado completamente
distintos.
O caráter fundamental do espaço romano é ser pensado estaticamente. Impera
nos ambientes circulares e retangulares a simetria, a anatomia absoluta, sublinhada
pelos espessos muros, uma grandiosidade duplamente axial, de escala inumana e
monumental. A arquitetura romana exprime uma afirmação de autoridade, é o símbolo
que domina a multidão dos cidadãos e anuncia que o império ​existe​, e é potência e
razão de toda a vida. A escala da arquitetura romana é a escala desse mito, depois
dessa realidade, dessa nostalgia, não é e não quer ser a escala do homem.
Quando o academismo e o ecletismo se voltam para a arquitetura romana, não
extraem dela elementos de decoração e de fachada, nas às preciosas lições de
arquitetura doméstica. O “Estilo Romano” serve para os interiores dos grandes
bancos, para às imensas salas, em obras que impressionam pela grandeza e pelas
dimensões.

Os cristãos tiveram que escolher as formas para o seu templo, selecionaram o


que havia de vital para eles em experiências anteriores: reuniram assim na igreja a
escala humana dos gregos e a consciência do espaço interior romano. Em nome do
homem, produziram uma revolução funcional no espaço latino.
A igreja cristã não é o edifício misterioso que guarda o simulacro de um deus,
tampouco é a casa de Deus, mas o lugar de reunião, de comunhão e de oração dos
fiéis.
É lógico que os cristãos se inspiraram na basílica, é natural que eles tenham
reduzido suas dimensões por que uma religião do íntimo e do amor exigia um palco
físico humano, criado segundo a escala dos que devia acolher e elevar
espiritualmente. A revolução espacial consistiu em ordenar todos os elementos da
igreja na linha do caminho humano.
A basílica cristã suprime uma abside e desloca a entrada para o lado menor,
dessa forma, rompe a dupla simetria do retângulo, deixa o único eixo longitudinal e faz
dele a diretriz do caminho do homem. Toda a decoração tem uma única medida de
caráter dinâmico: a trajetória do observador.
Os gregos haviam alcançado a escala humana numa relação estática de
proporção entre coluna e estatura do homem: mas a humanidade do mundo cristão
aceita e glorifica o caráter dinâmico do homem, orientando todo o edifício segundo o
seu caminho, construindo e encerrando o espaço ao longo do seu caminhar.

O tema basilical paleocristão exalta-se e exaspera-se no período bizantino.


O problema do arquiteto bizantino não é de caráter estrutural, mas limita-se a
introduzir no esquema longitudinal paleocristão a urgência de uma aceleração.
Nos edifícios de esquema central o espaço é dilatado até às fluências mais
velozes e as mais tensas distâncias, existe um elemento dinâmico conquistado
através da cultura paleocristã, o uso de panos brilhantes, das vastas superfícies
luminosas que agora se transformam gradualmente em tapetes cromáticos.
O espaço bizantino está livre do drama e constitui de uma nova inspiração,
segura de si, de acordo com uma espiritualidade unívoca, dogmática e abstrata.

Do século VIII ao X descobrimos a origem e o presságio da arquitetura


românica, a intuição das concepções espaciais dos séculos XI e XII que constituem o
primeiro renascimento da arquitetura européia.
Os elementos iconográficos e estruturais que formam a originalidade da
produção desses séculos são, principalmente, os seguintes:
1. Elevação do presbitério;
2. O ambulacro ou deambulatório que continua o jogo das naves em torno
do vão absidal;
3. O engrossamento das paredes, a acentuação visual das relações e
peso e sustentação;
4. Gosto pelo material bruto, ladrilhos, calhaus, pedras ásperas, usados
com uma prontidão primordial de grande eficácia expressiva.
O que significam essas inovações? A negação da concepção bizantina, a
interrupção do horizontalismo, a ruptura desse ritmo ao longo do eixo longitudinal.
Elevar o presbitério significa interromper o comprimento do ambiente; introduzir
o ambulacro, quer dizer, articular o edifício, torná-lo um edifício mais complexo; injetar
no invólucro mural o sentido de peso, de uma gravidade dominante, e substituir o
manto superficial do cromatismo bizantino por materiais brutos e naturais implica a
inversão da intenção espacial e dos seus adjetivos decorativos; volta-se para o sentido
sólido e construtivo da tradição latina.
Os pilares que interrompem a continuidade das colunatas e das pequenas
arcadas ciram uma cesura nos ritmos que escandem o espaço em seções
retangulares.Não estamos ainda diante da decidida negação do monótono tema
longitudinal, continuamos vivendo num discurso interior, que retarda o tempo
perspectivo e convida a pausas e descansos aos longo do percurso da igreja.
Há então uma crise do tema tradicional e de evidente aspiração para uma nova
especialidade, quando esses pilares se destacarem da parede para formar o conjunto
estrutural, então a idade românica terá surgido, de uma intuição e uma vontade que
precedem toda lógica construtiva e toda necessidade funcional.

A arquitetura românica constitui o primeiro período em que a civilização de


toda a Europa se agita sincronicamente em nome de uma mesma renovação do
conjunto arquitetônico.
Os espaços medievais que analisamos até agora são fundamentalmente
variações de uma mesmo tema. O pacato ritmo paleocristão, a aceleração bizantina, a
interrupção bárbara dos ritmos são expressões de diferentes aspirações que se
manifestam dentro de esquemas construtivos substancialmente semelhantes.
Quando chega o românico, não se trata apenas de uma nova idade espacial
determinada por uma sensibilidade original do vazio arquitetônico e do tempo da
caminhada do homem desse vazio.
Estamos diante do conjunto românico caracterizado por dois fatos: a
concatenação de todos os elementos do edifício e a métrica espacial. Pode se dizer
que a arquitetura deixa de agir em termo de superfícies e se exprime em termos de
estruturas e ossaturas. A concentração lenta e gradual das pressões e das
resistências, o adelgaçamento dos muros, amadurecia a consciência quase muscular
da estrutura; a abolição definitiva do arco triunfal, obstáculo à unidade da igreja; o
desaparecimento do átrio,sendo assim, maior atenção posta nas fachadas que
acompanham a distribuição espacial interna; todos esses elementos fazem com que o
edifício românico um conjunto que renasce e adquire segurança em si.
A contribuição românica está na unidade de arcadas tridimensionais em si
mesmas, englobando o espaço interior dentro de si. O espaço e volumetria unem-se
expressivamente de forma cada vez mais íntima.
Do ponto de vista construtivo, o gótico continua, aprofunda e conclui a
investigação românica.
O sistema em ossatura aperfeiçoa-se grandemente no período gótico, a
técnica dos arcos ogivais reduz as pressões laterais, os arcobotantes e os contrafortes
tornam-se braços musculosos capazes de suportar sozinhos as pressões.O sonho de
descamar, de negar às paredes e de estabelecer uma continuidade espacial entre
exterior e interior parece realizado.
Pela primeira vez na história da arquitetura, os artistas concebem espaços que
estão em antítese polêmica com a escala humana e que produzem no observador não
uma calma contemplação, mas um estado de espírito de desequilíbrio, de afetos e
solicitações contraditórios, de luta.
Outro significado da escala que diz respeito às proporções do edifício entre si,
relativamente com o homem. Toda a arquitetura ocidental até o românico exprimiu
essas proporções de duas maneiras:
1. Com o equilíbrio das diretrizes visuais;
2. Com a predominância de uma diretriz.
O equilíbrio perfeito encontra-se nos templos gregos e nos edifícios de
esquema central da cristandade, em contrapartida, no gótico, coexistem e contrastam
duas diretrizes: vertical e longitudinal, a vista é atraída por duas indicações opostas.
A arquitetura gótica inglesa apresenta uma qualidade absolutamente moderna,
que designamos pelo nome de “orgânica”: a da expansão, da possibilidade de
crescimento, da articulação dos edifícios, conjugam-se com uma série de outras
construções, prolongam-se nelas e às dominam. A mesma característica apresenta-se
em outros temas, nos mosteiros, nos castelos e nas casas.

Com o gótico encerra-se o primeiro volume dos manuais de história da arte;


com o renascimento, abre-se o segundo.
Não apenas documentos testemunham o nascimento da cultura renascentista
antes do século XV, mas o próprio sentido da arquitetura dos séculos XIII e XIV é uma
premissa da atitude humanística.
A renascença foi, durante longo tempo, objeto de dois preconceitos antiéticos:
o primeiro queria apresentá-la como uma novidade absoluta em relação ao período
precedente e era, por isso, incapaz de lhe conferir uma historicidade: o segundo
queria reduzi-la a um neo-, a um retorno da arquitetura romana.
Qual é o elemento novo que aparece imediatamente na arquitetura do século
XV? É essencialmente uma reflexão matemática desenvolvida sobre a métrica
românica e gótica. Busca-se uma ordem, uma lei, uma disciplina contra a
incomensurabilidade, a infinitude e a dispersão do espaço gótico e a casualidade do
românico.
Tudo que é designado pelo nome de intelectualismo e humanismo do século
XV, em termos espaciais, significa isso: quando se entra nas igrejas, mede-se, em
poucos segundos de observação, todo o espaço, e possui-se facilmente sua lei.
Trata-se de uma inovação radical do ponto de vista psicológico e espiritual: até
agora o espaço do edifício havia determinado o tempo da caminhada do homem,
conduzido sua vista ao longo das diretrizes desejadas pelo arquiteto; agora, já não é o
edifício que possui o homem, mas este que, aprendendo a lei simples do espaço,
possui o segredo do físico.
A grande conquista italiana do século XV é levar o mesmo sentido que vive no
templo grego para o campo dos espaços interiores.
A Renascença foi o berço da mais ousada experiência moderna, segundo o
qual é o homem que dita as leis ao edifício, e não o contrário; nela o pensamento e a
arte, a nova ciência, a arte poética e o gênio encontraram uma integração.
Nos séculos XV e XVI abundam e são preferidos os edifícios de planta central.
Um único percurso, uma única ideia, uma única lei, uma única unidade de medida:
esta é a vontade, humana e humanística, clássica e nunca classicista, da arquitetura
renascentista.

Enquanto os artistas do século XVI, quando criavam em inteira liberdade,


tinham o falso pudor, a astúcia cultural de louvar incondicionalmente o antigo e
declarar-se muito humildes seguidores dos seus ideais arquitetônicos.
Desenvolve a aspiração cêntrica do século XV, a visão do espaço absoluto,
facilmente perceptível de todos os ângulos visuais, exprimindo-se em equilíbrios
eurrítmico​ de proporção.
Constitui até certo ponto a valorização de seus princípios: absoluta afirmação
central, valorização máxima das relações dimensionais entre as partes do edifício, isto
é, do elemento proporcional, e sólida plasticidade.
O século XVI qualifica a mesma busca espacial em termos eurrítmicos,
voltando à antiga antítese entre espaço interior e exterior, com a solidez pesada e
corpórea das suas paredes e com a maciça plástica dos seus componentes
decorativos. Prefere a uma linha e a um plano cromático, um todo sem quebras e uma
solidez consistente e, muitas vezes, monumental.
No século XVI todas as forças dinâmicas acalmam-se definitivamente. A
articulação planimétrica, espacial, volumétrica e decorativa já não é mais discurso
manifesto da concepção arquitetônica, mas sentença que organiza e domina.
Com o desaparecimento das diretrizes lineares, triunfam o volume e a plástica.

O barroco é a libertação espacial, é libertação mental das regras dos


tratadistas, das convenções, da geometria elementar e da estaticidade, é libertação da
simetria e da antítese entre espaços interior e exterior, significa um estado de espírito
de liberdade, uma atitude criativa liberta de preconceitos intelectuais e formais.
O barroco não se limita a comentar com novo gosto esquemas antigos, mas
cria uma nova concepção espacial. O dinamismo segue toda a experiência
volumétrica do século XVI; recusa seus ideais, mas não os instrumentos. O
movimento barroco não é conquista espacial, é um conquistar espacial na medida em
que representa espaço, volumetria e elementos decorativos em ação.
Saber ver a arquitetura significa, nos períodos de cultura espacial rígida, como
a renascença, surpreender o momento em que uma alma individual se move e supera
cm linguagem poética o mecanismo das regras sintáticas e semânticas, e, nos
períodos de libertação, como o barroco, saber distinguir a verdadeira desordem da
obra do gênio que, mesmo através de uma infinita multiplicação de imagens encontra
o momento de seu classicismo.
Do ponto de vista dos espaços interiores, o século XIX apresenta variações de
gosto, mas nunca novas concepções. É uma época de mediocridade inventiva e de
esterilidade poética. Os antigos e grandiosos ambientes estáticos tornam-se agora
pequenos cubos estaticamente justapostos, mas sem grandiosidade.
Mas a verdadeira redenção do século XIX realiza-se nos espaços exteriores,
isto é, na urbanística. Diante dos grandes fenômenos que se seguem à Revolução
Industrial, e, principalmente, do urbanismo e do advento dos novos meios de
locomoção, o século XIX defronta-se com os problemas do espaço urbano, irrompe os
temas sociais da urbanística no sentido moderno da palavra, e constrói a
cidade-jardim.
A interdependência entre arquitetura e urbanística é ainda mais clara na época
espacial contemporânea. O século XIX, pelo menos, tentou refrear o desastre
urbanístico, esclareceu os problemas e propôs as primeiras soluções para a cidade
moderna.

A nova técnica construtiva do aço e do concreto, que permite concentrar os


elementos de resistência estática num finíssimo esqueleto estrutural, materializam as
condições de execução para a teoria da “planta livre”.
A arquitetura moderna reproduz o sonho gótico no espaço, estabelece com
amplos vitrais, que se tornaram agora paredes de vidro, o contato absoluto entre os
espaços interior e exterior.
As divisões parietais internas, já que não respondem a funções estáticas,
podem tornar-se mais finas, curvar-se, mover-se livremente, e isso cria a possibilidade
de conjugar os ambiente.
O espaço moderno reassume o desejo gótico da continuidade espacial e do
estudo minucioso da arquitetônica como consequência de uma reflexão social; retoma
toda a experiência barroca das paredes ondulada\s e do movimento volumétrico e
retoma também a métrica espacial da Renascença.
No quadro das exigências sociais coletivas, da técnica moderna, prefere a
simplicidade.
As duas correntes espaciais da arquitetura moderna são o funcionalismo e o
movimento orgânico. Tendo em comum o tema da planta livre, essas correntes o
entendem de forma diferente: apenas racionalmente a primeira, organicamente e com
plena humanidade a segunda.
A arquitetura funcional respondeu às exigências da civilização industrial por
isso proclamou os tabus do utilitarismo, isto é, da adesão ao objetivo prático do
edifício e à técnica, e da “casa de todos”, padronizada e anônima.
A arquitetura orgânica responde à exigèncias funcionais mais complexas,
funcional não só com relação à técnica e à utilidade, mas
a psicologia do homem. Sua mensagem pós-funcionalista é a humanização da
arquitetura.
O espaço orgânico é rico em movimento, indicações direcionais, ilusões de
perspectivas, em vivas e geniais invenções, mas o seu movimento tem de original o
não querer impressionar os olhos do homem, mas exprimir a própria ação da vida.

Você também pode gostar