CADERNO Direitos - Humanos PDF
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em Educação
SÉRIE
SÉRIE
CADERNOS PEDAGÓGICOS
ERA UMA VEZ UMA CIDADE
QUE POSSUÍA UMA
COMUNIDADE,
QUE POSSUÍA UMA
ESCOLA.
MAS OS MUROS
DESSA ESCOLA
ERAM FECHADOS
A ESSA COMUNIDADE.
DE REPENTE,
CAÍRAM-SE OS MUROS
E NÃO SE SABIA MAIS ONDE
TERMINAVA A ESCOLA,
ONDE COMEÇAVA
A COMUNIDADE.
E A CIDADE PASSOU
A SER UMA
GRANDE AVENTURA DO
CONHECIMENTO.
SÉRIE
CADERNOS PEDAGÓGICOS
1 A Série Mais Educação 05
2 Apresentação do Caderno 07
3 Dimensão político-filosófica 08
4 Dimensão conceitual 15
5 Dimensão prática 23
7 Anexos 53
8 Referências 61
A Série Mais Educação 1 05
P
ensar na elaboração de uma proposta de Educação Integral como política pública
das escolas brasileiras é refletir sobre a transformação do currículo escolar ainda tão
impregnado das práticas disciplinares da modernidade. O processo educativo, que se
dinamiza na vida social contemporânea, não pode continuar sustentando a certeza de
que a educação é uma tarefa restrita ao espaço físico, ao tempo escolar e aos saberes sistematizados
do conhecimento universal. Também não é mais possível acreditar que o sucesso da educação
está em uma proposta curricular homogênea e descontextualizada da vida do estudante.
Romper esses limites político-pedagógicos que enclausuram o processo educacional na
perspectiva da escolarização restrita é tarefa fundamental do Programa Mais Educação. Este
Programa, ao assumir o compromisso de induzir a agenda de uma jornada escolar ampliada, como
proposta de Educação Integral, reafirma a importância que assumem a família e a sociedade no
dever de também garantir o direito à educação, conforme determina a Constituição Federal de 1988:
Faz-se necessário salientar que as proposições deste conjunto de cadernos temáticos não
devem ser entendidas como uma apresentação de modelos prontos para serem colocados em
prática, ao contrário, destinam-se a provocar uma reflexão embasada na realidade de cada
comunidade educativa, incentivando a atenção para constantes reformulações. Portanto, estes
volumes não têm a pretensão de esgotar a discussão sobre cada uma das áreas, mas sim qualificar
o debate para a afirmação de uma política de Educação Integral.
Desejamos a todos uma boa leitura e que este material contribua para a reinvenção da educação
pública brasileira!
Apresentação do Caderno 07
O
Programa Mais Educação tem como propósito ampliar a jornada escolar, oferecendo
atividades pedagógicas e educativas diferenciadas, por meio da implementação da
Educação Integral, que se refere a propostas pedagógicas que busquem estabelecer
laços, vínculos e diálogos entre os saberes escolares e os saberes comunitários e que
afirme a educação como um direito de todos. Tem como preocupação central o desenvolvimento
do ser humano, em todas as suas diferentes dimensões, a partir de vivências e experiências de
aprendizagens em tempos, espaços, ritmos e contextos diferenciados, de maneira que contemple
o diálogo e articulações entre os saberes da comunidade e os saberes oportunizados pelo currículo
escolar formal.
Nessa perspectiva, é necessário que as escolas participantes do Programa repensem seus
Projetos Político-Pedagógicos, a fim de ampliar os tempos e espaços escolares, de maneira a
garantir a diversidade de vivências articuladoras de saberes aos seus alunos.
Os cadernos oferecidos pelo programa visam à construção da Educação Integral pelas instituições
de ensino e sugerem possibilidades de atividades para se articularem com o currículo formal e
com a realidade nas quais essas instituições estão inseridas.
A escolha dos Direitos Humanos como um tema dentro do Programa Mais Educação revela a
preocupação com importantes questões a serem enfrentadas por nossa sociedade: a garantia da
plena realização do direito à educação, a formação dos alunos em valores fundamentais à vida
pública e o conhecimento de sua condição de sujeitos de direitos.
Portanto, educar em Direitos Humanos a partir de uma proposta de Educação Integral, requer,
segundo a educadora Jaqueline Moll (2009, p. 15), que:
Assim, pensar a articulação entre o tema Direitos Humanos e as escolas é, antes de tudo, pensar
sobre a Educação em Direitos Humanos: suas características, implicações e modos de fazer. Para
tanto, é preciso considerar as duas dimensões em que ela se realiza, ou seja, a educação como um
direito humano e para os Direitos Humanos.
0608 Dimensão político-filosófica1
O
objetivo estabelecido para esta parte do texto é o de interpretar os aspectos relativos
à dimensão política da educação em e para os Direitos Humanos. O foco do trabalho,
portanto, é fornecer elementos que contribuam para fundamentar a noção de Direitos
Humanos e as práticas que ela enseja, a fim de ressaltar sua importância e significado
na educação de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social.
Deseja-se construir referenciais que tenham significado e/ou sentido para o professor em
suas práticas, considerando o contexto com o qual ele atua, ou seja, a escola. Será necessário
proporcionar acesso a aspectos históricos, filosóficos e políticos que estão implicados no uso da
noção e das práticas em Direitos Humanos.
Essa abordagem se justifica, uma vez que é necessário o fortalecimento da educação escolar
entendida como educação integral – subjacente ao Programa Mais Educação. Ela se propõe
a oferecer condições de aprendizagem e formação de pessoas para a vida em sociedade e em
comunidade, de forma a valorizar o convívio, a solidariedade e a afirmação dos indivíduos e
grupos sociais em suas identidades e em condição de dignidade humana.
No que tange à Educação Integral é fundamental afirmar que esta exige mais que meros
compromissos, exige condições objetivas, como infraestrutura adequada, formação dos diferentes
sujeitos na concretização da permanência e de aprendizagens, nos espaços da educação pública.
Esta perspectiva se coloca na contraposição às desigualdades e diferentes formas de exclusão
[...] aquele valor – sem preço! – que está encarnado em todo o ser humano. Direito
que lhe confere o direito ao respeito e à segurança – contra a opressão, o medo e a
necessidade – com todas as exigências que, atual etapa da humanidade, são cruciais para
sua constante humanização.
(BENEVIDES, 2005, p. 12)
Esse valor ético é universal, ou seja, independe de nações ou comunidades que estabeleçam
regras próprias, muitas vezes capazes de conviver ou até promover condições de sofrimento
humano. Assim é que se entende que os Direitos Humanos são universais e não nacionais ou locais.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos, que foi adotada pela Organização das Nações
unidas – ONU, em 1948, deu início à compreensão contemporânea de Direitos Humanos. Podem-
se distinguir os direitos em Direitos Humanos, mas também em Direitos Fundamentais e em
Direitos Sociais. Como entender e diferenciar essas formas de adjetivar o direito a ter direitos?
Como garantir e lidar com direitos que são universais, individuais ou, ainda, coletivos no contexto
de sociedades culturalmente diversificadas?
Os Direitos Fundamentais que foram instituídos pelas revoluções burguesas, quase dois
séculos antes da Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948), embora sejam direitos
conceitualmente distintos, possuem relações entre si. Aqueles foram fruto da modernidade
iluminista, como ficou expresso por meio da Revolução Francesa, e puderam afirmar liberdades
e direitos registrados nos textos constitucionais, ou seja, são direitos positivados, transformados
em leis.
A relação entre os dois tipos de direitos está basicamente na compreensão de que ambos
supõem a existência de bens que são universais para a humanidade: o direito de expressão,
pensamento, credo, desde a Revolução Francesa de 1789; e o direito à dignidade humana,
independentemente de que pessoa se trate ou que possível delito tenha cometido, desde a
Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948.
O processo histórico das sociedades ocidentais criou também a noção de direitos sociais, para
além dos direitos civis e políticos e mesmo dos direitos humanos. Os chamados Direitos Sociais
são eminentemente coletivos e respondem a necessidades materiais dos indivíduos em sociedade,
como é o caso do acesso à saúde, moradia, educação, entre outros.
Se os direitos fundamentais são direitos positivos, que garantem segurança jurídica por meio
12 de pactos legais, constitucionais existentes nos contextos de estados democráticos, por sua vez,
os direitos humanos são conquistados para além do ordenamento jurídico existente. Os Direitos
Humanos possuem uma dinâmica intensa, ou seja, são reconhecidos como tais à medida que a
sociedade e os segmentos sociais transformam um conflito, em regra de respeito à dignidade humana.
Além do caráter universal, os Direitos Humanos, constituem-se como unidade indivisível,
porque não dispensam os direitos de outra natureza que o precederam historicamente, como por
exemplo, os direitos civis, políticos e sociais. Recentemente passamos a valorizar a diversidade
cultural, constituindo novos direitos.
3 Sobre esse assunto, recomenda-se assistir ao documentário “Pro dia nascer feliz” dirigido por João Jardim.
O surgimento dos direitos sociais foi dinâmico e está aberto porque está sujeito a novas
14 ampliações e reinvenções. O mesmo ocorre com os direitos humanos: obter dignidade é obter
empoderamento nas relações sociais, portanto é indispensável equilibrar poderes para garantir
dignidade, como também são lutas e movimentos sociais os principais meios e agentes para a
produção e/ou reconhecimento de direitos e de dignidade. A escola precisa agir no sentido dos
direitos humanos na educação e na diversidade cultural e social4. Isso, entretanto, só pode se
consolidar na medida em que houver disputas e lutas que procurem afirmar aquilo que ainda
não foi reconhecido como direito, em especial como direito humano: a diversidade cultural.5
A promoção de educação integral junto às crianças e adolescentes, em situação de
vulnerabilidade social, é um dos objetivos estabelecidos pelas políticas governamentais e,
sem dúvida, é um dos caminhos para que a educação trabalhe em e para os Direitos Humanos,
considerando o respeito à diversidade cultural. Esse objetivo é também um grande desafio, uma
vez que exige a combinação de elementos de natureza variada, para que possa ser efetivado.
A escola precisa transformar-se, proporcionando não apenas conhecimentos e metodologias
tradicionais, mas questionando sua própria cultura – escolar – a fim de romper com seus
preconceitos sobre possibilidades de aprendizagens e sobre valores e comportamentos das
referidas crianças e adolescentes. Praticar educação em e para os Direitos em Educação na escola
significa que esta deve ter capacidade de trabalhar com segmentos socioculturais que ela ainda
não foi capaz de reconhecer ou lidar.
Necessitamos de atenção e de produção de conhecimentos no conjunto da escola, a partir do
conjunto de saberes dos sujeitos.
Fomentar atividades educativas que ampliem tempos, espaços e oportunidades educativas,
com vistas à inclusão de temas como direito de ir e vir, acesso à moradia, renda mínima, segurança
alimentar, enfrentamento a preconceitos, relações desiguais de gênero, etnia, sexualidade, dentre
outros, são elementos básicos para se educar e promover Direitos Humanos. O Campo dos Direitos
Humanos deve estar articulado com os conhecimentos socialmente construídos e validados na
escola. Ainda assim, consideramos crucial tratar de fatores culturais que tornam complexa a ideia
de direito humano como algo universal.
Os Direitos em Educação (concepção de dignidade humana correlata) precisam ser
tensionados pela diversidade cultural, considerando que a ideia de dignidade humana pode ser
permanentemente ampliada, ressignificada por novas demandas oriundas de formas diferenciadas
e sofisticadas de preconceitos e discriminações. No fortalecimento de uma concepção não
hegemônica dos Direitos Humanos (padrão ocidental/razão iluminista) constatamos que os
diferentes movimentos que buscam uma democracia de alta intensidade, mais participativa e
substantiva direcionam-se pela noção de igualdade e diversidade. Valores como igualdade,
liberdade e diversidade humana, conceitos em disputa, são referências incompletas que podem
servir de eixos articuladores na qualificação das práticas educativas em direitos humanos, como
formação política, ética e estética.
Rejeitamos visceralmente o direito à ‘in-diferença’. É necessário ligar a diferença e a igualdade,
pois consideramos que esta articulação está no âmago da própria democracia. A nossa evolução
consiste em considerar pessoas iguais como diferentes. “Deve prevalecer um sentido de dignidade
na busca da qualidade de vida, mesmo que as condições econômicas e sociais sejam adversas. O
tratamento digno da pessoa, como pessoa, é o fundamental.”6
4 Ao trabalhar com crianças e adolescentes sobre a noção de Direitos Humanos, sugere-se a consulta do livro “Os Direitos Humanos” escrito por Ziraldo. A obra, que é uma parceria do Minis-
tério da Educação com a Unesco, traz todos os artigos da Declaração Universal dos Direitos Humanos e um personagem bem conhecido nas ilustrações: o Menino Maluquinho. As páginas
coloridas da publicação foram desenvolvidas pelo próprio criador do personagem, o cartunista Ziraldo. O Menino Maluquinho participa de situações que retratam os diversos temas dos
Direitos Humanos como cidadania, igualdade, saúde, meio ambiente, educação e moradia.
5 Sobre a diversidade cultural no Brasil ver: www.diversidadeculturalbrasileira.com/ e portal.unesco.org/en/ev.php-URL_ID=10238&URL_DO=DO_TOPIC&URL_SECTION=201.html
6 Entrevista de Maria de Lourdes Pintassilgo: http://veja.abril.com.br/arquivo_veja/entrevista_31081994.shtml
Dimensão Conceitual7 15
A
intenção nesta parte é sensibilizá-lo/a e conduzi-lo/a a uma reflexão no âmbito da
compreensão dos direitos humanos8. Para isso, tomamos emprestadas as ideias da
socióloga Maria Vitória Benevides (2000, p. 03), que nos lembra de que os direitos
humanos [...] são aqueles direitos considerados fundamentais a todos os seres
humanos, sem quaisquer distinções de sexo, nacionalidade, etnia, cor da pele, faixa etária, classe
social, profissão, condição de saúde física e mental, opinião política, religião, nível de instrução
e julgamento moral.
A partir, então, deste entendimento de direitos humanos, necessitamos estabelecer alguns
vínculos com a educação que realizamos em nossas escolas. Ou seja, desejamos inspirá-lo e ao
mesmo tempo instigá-lo para a promoção e a afirmação dos direitos humanos no cotidiano do
contexto escolar, como uma possibilidade de encurtar e minimizar as distâncias e desigualdades
culturais, sociais, políticas e econômicas existentes em nossa sociedade, bem como oportunizar a
apropriação de saberes sobre a noção de direitos que viabilizem e fortaleçam laços de convivência
de nossos educandos, tendo presente o respeito à diversidade e à pluralidade com relação aos
jeitos diferentes de ser e de conviver.
Trata-se de (re)construir relações em que se possa conviver ao mesmo tempo com a participação,
o diálogo, a solidariedade, a diversidade, a igualdade e o direito de expressar-se livremente e, para
que isso aconteça, é necessário pensar nas distintas pessoas com as quais convivemos diariamente
em nossas vidas, e de forma mais próxima, no contexto escolar. Estas pessoas são diferentes e
necessitam ser olhadas a partir deste ângulo para que possamos reconhecê-las como iguais em
dignidade e humanidade, porém diferentes em suas múltiplas identidades, no sentido da raça, da
etnia, da sexualidade, do gênero, da religião, da idade, das capacidades físicas e intelectuais, dos
ritmos de aprendizagem, das crenças políticas, das regiões geográficas, etc.
Cabe lembrar que, dentre os vários princípios de convivência, a participação é um dos
princípios que nos possibilita vivenciar os direitos humanos de maneira mais argumentativa,
dialógica, democrática e cooperativa nos tornando protagonistas de nossas trajetórias de vida.
[...] significa, em primeiro lugar, ter acesso à informação para poder decidir.
Implica igualmente desenvolver as habilidades e competências necessárias
para participar, como pensar nas diversas opções, transmitir opiniões, ouvir o outro,
tomar decisões em grupo, etc.
Só participa quem aprende a fazê-lo, o que evidencia a importância da mediação
educativa na constituição de seres humanos mais autônomos e solidários.
A participação exige um tempo de preparação, de reflexão e de diálogo, sob pena de ser
inconsequente ou objeto de manipulação. Sem locais, estruturas ou espaços adequados, na
família, na escola, na vizinhança, na região ou mesmo a nível nacional, a participação não
passa de uma fachada que legitima ‘simpaticamente’ a decisão dos adultos.
(Delgado, 2006, p.43)
Para tanto, é necessário compreender as crianças, adolescentes e jovens que frequentam a escola como
alunos e estes como sujeitos de direitos, isto é, percebê-los a partir do seu ponto de vista, com seus
interesses, necessidades, concepções do contexto sociocultural em que se encontram imersos, com
distintos modos de olhar e dar sentido ao mundo em que vivem por meio de suas ações, pensamentos e
palavras e não apenas do ponto de vista dos adultos.
Ou seja, é necessário olhar e perceber esta criança, adolescente e jovem não como um adulto
em miniatura, mas como uma pessoa distinta do adulto e digna de respeito, escuta, diálogo, e,
principalmente, como um sujeito com direito à proteção integral, conforme prevê o Estatuto da
Criança e do Adolescente.
Portanto, o Programa Mais Educação caminha no sentido de compreender as crianças,
adolescentes e jovens como sujeitos de direitos, na medida em que respeita a cultura dos alunos,
busca integrar escola e comunidade, conhecimentos do saber comum com os escolares e oferecer
temas, que cabe a comunidade escolar escolher de acordo com a sua própria realidade.
Também é importante lembrar sobre a necessidade de sermos tratados de forma igualitária
pelo âmbito da lei e da justiça e de transformarmos este direito à igualdade em vivências
compartilhadas, onde o ser igual implica reconhecer que temos necessidades comuns como seres
humanos e como sujeitos de direitos, mas que lei e a justiça não podem anular o direito a ser
diferente, em suas distintas expressões. Por exemplo, no que se refere à igualdade, temos que
ter presente em nossas vidas, que todos temos direito à educação, a uma escola de qualidade
na qual se possa aprender com respeito e dignidade. Por outro lado, é necessário pensar que
cada um de nós tem um ritmo próprio para aprender e que necessita ser respeitado, aceito e
desafiado dentro deste tempo e ritmo de aprendizagem, de acordo com as suas necessidades
e capacidades, respeitando as suas diferenças. Portanto, igualdade e diferença são princípios
que necessitam estar articulados e em diálogo constante, para que possamos tornar os direitos
humanos um exercício de alteridade de convivência justa, respeitosa e democrática. Mas o que
quer dizer exercitar a alteridade nos nossos modos de ser e conviver? Significa compreender a
alteridade como o exercício da capacidade de respeitar e reconhecer a cultura e os direitos do
outro, colocando-se no lugar deste outro, a fim de melhor compreendê-lo, considerando que cada
pessoa afeta e é afetada pelo contexto sociocultural, econômico, político e histórico, em que se
encontra inserida.
Como nos lembra a escritora Ana Maria Machado (1996, p.58):
Quer dizer, não dá para querer igualdade sem tolerar a diferença, para não virar opressão.
Todo mundo deve ter direitos iguais, as pessoas devem ser iguais perante a lei. Mas isso
em momento algum deve significar que elas tenham que ser iguais. Porque, simplesmente,
não são e não serão nunca. A igualdade tem que se dar na esfera do convívio social, no
mundo do direito, na legislação que garanta justiça em todos os níveis. Porque – e eu acho
isso tão bonito que me comovo só de pensar – igualdade tem a ver com justiça e isso é
invenção da humanidade em seu processo de civilização.
Tais princípios também se encontram vinculados a determinadas práticas socioculturais e
de convivência, que necessitam ser contextualizados e interpretados segundo padrões e valores
17
culturais que são construídos a partir da maneira como cada grupo/comunidade/sociedade
simboliza e dá significado aos seus rituais e modos de viver. Desta forma, a dimensão cultural
dos direitos humanos também passa a se constituir como necessária e fundamental para a
desconstrução de preconceitos e discriminações em nossas escolas, pois permite que se passe
a olhar as crianças, adolescentes e jovens, com as suas distintas trajetórias de vida e inserções
em famílias com uma multiplicidade de configurações e relações de parentesco. Tais arranjos
familiares, em muitos casos, se distanciam dos modelos determinados pelos padrões de uma
determinada sociedade, quanto às práticas convencionais e tradicionais assumidas por homens
e mulheres, que passam a ocupar posições diferenciadas, tanto na educação dos filhos quanto
na divisão das tarefas domésticas. Sobre a temática gênero e direitos, vale a pena assistir e
dialogar sobre o vídeo “Em frente da lei tem um guarda”, dirigido por Ana Luiza Azevedo (2000).
Também é pertinente ter como uma referência e um recurso em situações de vulnerabilidade a
lei Nº 11.340, de 07/08/2006, que visa coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher,
intitulada de Lei Maria da Penha.
Outra ideia a ser compartilhada é a de que educar para a vivência dos direitos humanos a
partir do ambiente escolar, por meio da Educação Integral, é envolver-se com experiências que
permitam às crianças, aos adolescentes e jovens, tanto na escola quanto em outros espaços
de convivência, o exercício da ética como o aprendizado do cuidado de si, desenvolvendo
experiências que possibilitem aprendizagens com relação à preservação da integridade física,
psíquica e emocional, à liberdade, à autonomia, à participação, à proteção, à solidariedade, ao
respeito à diversidade, etc., dando o contorno da dimensão ética que deve estar presente no
ideário e vivência dos direitos humanos.
Mas o que se quer dizer com ensinar às crianças, aos adolescentes e aos jovens o aprendizado do cuidado
de si? Neste caso, o cuidado de si deve ser compreendido como uma atividade política, uma prática
cotidiana do cuidado da alma e do corpo, um preceito de vida em que vamos realizando transformações
em nossa forma de ser, agir e sentir, nos tornando soberanos de nós mesmos e independentes. Quanto
mais formos capazes de aprender a cuidar de nós mesmos, mais seremos capazes de cuidar dos outros e
de nos tornarmos responsáveis pelos demais em nossa sociedade. Isto é, sermos cidadãos comprometidos
com o bem-estar de todos que estão à nossa volta, buscando viver e nos guiar, então, pelo princípio do
cuidado de si e pela ética.
Ensinar o cuidado de si mesmo às crianças, aos adolescentes e jovens indica que eles
já não podem ficar mais exclusivamente sujeitos aos cuidados do adulto, pois o adulto nem
sempre, tampouco inerentemente, envolve-se com o respeito e as exigências dos direitos das
crianças, dos adolescentes e dos jovens, no sentido de acolhê-los, ampará-los e respeitá-los
em suas identidades etárias e em seus modos de ser e pensar próprios. Ensinar, interpelando-
os com os discursos sobre as crianças, adolescentes e jovens como sujeitos de direitos, implica
dizer-lhes que se protejam daqueles adultos que os põem em perigo, os desrespeitam, os levam
ao desamparo, ao abandono, a situações de negligência, discriminação, exploração, violência,
crueldade e opressão. Trata-se da preservação da vida dos sujeitos infanto-juvenis, produzida
pela articulação dos direitos-proteção (à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte,
ao lazer, à profissionalização, à convivência familiar, etc.) com os direitos-liberdade (liberdade
de expressão, de opinião, de reunião, de ter escolhas, de ser ouvido, de participar, de ser aceito na
18 sua diferença/alteridade de ser criança e/ou adolescente, de crença e culto religioso, de brincar,
de praticar esportes, de divertir-se, etc.). Embora tenso e paradoxal, para muitas crianças,
adolescentes e jovens, os discursos e práticas que os oprimem são os mesmos que propõem que
resistam e se insurjam contra todas as práticas que atentam contra suas vidas. Ou seja, observa-
se uma mirada tensionada por contraposições e (com)posições na qual os direitos-proteção
ao promoverem um discurso protecionista da infância e da adolescência – seja no âmbito
pedagógico ou familiar – se aproximam das práticas culturais oferecidas pelo currículo escolar,
marcadamente atravessadas pelas tecnologias do poder disciplinar, enquanto os direitos-
liberdade ao promoverem um discurso emancipador estabelecem sintonias e aproximações com
as técnicas de si, naquilo que possibilita às crianças e adolescentes escolarizadas assumirem-se
como sujeitos de direitos com autonomia, capacidade e competência para aprenderem a cuidar
de si (Hickmann, 2008). É nesse movimento, de trânsito e tensão entre as tecnologias de poder
e as técnicas de si que se (re)produz a vida deste sujeito criança, adolescente ou jovem como um
sujeito de direitos menos submetido e subjugado ao discurso do outro-adulto, na posição de
submissão ao poder do adulto, pois somente os direitos que se conhecem é que se podem exigir
que se cumpram. Ou seja, quanto mais conhecermos e nos apropriarmos sobre o que temos
direito, em nossa sociedade, mais poderemos encontrar os caminhos para que eles se tornem
acessíveis e reais em nossas vidas.
Cabe, então, considerar que a escola é um espaço privilegiado para permitir situações de vivências e de
aprendizagens, tanto pelo currículo formal em articulação com as atividades da jornada ampliada, por
meio de oficinas, debates, palestras, sessões de cinema, exposição de cartazes e fotos, apresentação de
peças teatrais, festivais de dança e grupos musicais, quanto por meio de visitas a diferentes espaços
como feiras, museus, memorial da justiça, câmara de vereadores, assembleia legislativa, etc. Espaços
que possibilitem pensar como os direitos humanos e, de forma singular, os direitos promulgados pelo
Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA – Lei 8069/1990, possam se tornar presentes na realidade de
cada indivíduo, problematizando temas do nosso dia a dia como educação, saúde, alimentação, moradia,
não violência, lazer, trabalho, cultura, esporte, transporte, etc., que possam tornar a vida a ser vivida mais
digna e menos injusta.
Ao se observar a trajetória das legislações que contemplaram os direitos da infância,
adolescência e juventude no Brasil, constata-se uma intencionalidade em desconstruir a imagem
da criança, do adolescente e do jovem visto como pobre, indigente, infrator e abandonado, bem
como estando em situação irregular e sendo considerado menos humano em seus direitos. A
intenção era, por meio da lei, tornar pública a ideia de que as crianças, adolescentes e jovens
deveriam ter direitos iguais e serem considerados sujeitos de direitos. Isto é, o Estatuto da Criança
e do Adolescente – ECA veio para tentar legitimar o direito à infância e à adolescência para
todos, sem distinções de classe social, de raça/etnia, de gênero, ou outra forma de discriminação
cultural e/ou social. O ECA pode, então, ser interpretado como um documento legal que
visa normatizar e normalizar a vida das crianças e adolescentes para que possam usufruir a
experiência da infância e da juventude, buscando incluir, tanto crianças e adolescentes que se
encontram em situação de vulnerabilidade e risco, quanto crianças, adolescentes e jovens que
querem apenas viver o seu tempo com os direitos que são peculiares a sua faixa etária. Trata-se,
portanto, de considerar o ECA como um discurso, com poder e força de lei, que visa à prevenção
e proteção, principalmente ao tentar deslocar as crianças, adolescentes e jovens das classes
mais vulneráveis da posição de risco, ou como um gerador de risco à sociedade, tornando-se
19
imprescindível para proteger a infância e a juventude das adversidades e intempéries do viver.
Neste sentido, o Estatuto da Criança e do Adolescente ao se tornar visível, vivenciado
e apropriado por toda comunidade escolar, (alunos, pais, professores, educadores sociais,
funcionários etc.) no contexto do currículo escolar pode promover mudanças na forma das pessoas
se relacionarem e se respeitarem como sujeitos portadores de direitos, bem como de construir
possibilidades. Possibilidades de se realizar escolhas pessoais, a partir da maneira como estas
crianças, adolescentes e jovens se relacionam consigo mesmos e com os outros. Possibilidades
de permanecerem vivos, mais informados e esclarecidos sobre o que os atravessa, sobre suas
histórias, direitos, violências, liberdades e proteções, constituindo, desta forma, um saber sobre
si mesmos que os empodera e que os protege nas relações com os adultos. Possibilidades de
ocuparem um lugar de sujeito reconhecido, a quem já há consensos sobre direitos básicos,
deveres das instituições. Possibilidades que não se orientam em termos de sujeição e obediência,
com o intuito de submeter ou exaurir suas forças, mas, sobretudo, para investir produtivamente
e positivamente em práticas de cuidado de si, que potencializem estas crianças, adolescentes
e jovens, posicionados no lugar de sujeitos de direitos, para que sejam capazes de participar
e contribuir no que lhes diz respeito, experimentando as múltiplas infâncias, adolescências e
juventudes a que têm direito.
Cabe lembrar, que os direitos humanos estão vinculados a normas, leis e estatutos, isto é, a
uma dimensão jurídica, que regulamentam os princípios de convivência e que foram construídos
historicamente e, portanto, necessitam estar constantemente sendo repensados e (re)elaborados
para garantir e proteger os seres humanos contra qualquer abuso de poder que possa afetar a
dignidade humana e, de forma especial, das crianças, adolescentes e jovens, pois necessitam ser
tratados, ao mesmo tempo, com respeito e liberdade sem descuidar da proteção e do amparo. Para
tanto, é necessário compreender, inicialmente, quem são os sujeitos envolvidos com os lugares
de ser criança e adolescente e de ser aluno. É importante educar o nosso olhar para percebê-los e
torná-los visíveis e construi-los na posição de sujeitos de direitos.
Quem são as crianças e adolescentes que vão à escola e que terão de construir-se e identificar-se com
o lugar de ser aluno na sala de aula e de ser sujeito de direitos? São crianças e adolescentes marcados
por diferentes trajetórias e histórias de vida, que vão dando o contorno para que sejam múltiplas as
identidades que teremos que dar conta na escola e sociedade contemporânea.
Se observarmos diferentes salas de aula, nas diversas regiões de nosso país, é possível perceber
uma multiplicidade de infâncias e adolescências em circulação, em seu interior9. Pode-se observar
que são crianças e adolescentes atravessados por muitas histórias, enredadas por tramas mais
tensas, intensas, alegres, dolorosas, fantasiosas, solitárias: crianças e adolescentes com tênis
rasgado e costurado à mão em casa, cabelos com cortes da moda que foram cortados no salão de
beleza unissex da esquina, que não destoam tanto dos cortes do shopping, e que aparecem como algo
9 Segundo dados do relatório do UNICEF – Situação mundial da infância 2006: excluídas e invisíveis, as crianças estão sofrendo um processo de apagamento e de invisibilidade
devido às situações de negligência, maus tratos e desamparo a que são submetidas. Conforme o relatório, as crianças têm se tornado “[...] invisíveis, efetivamente desaparecendo
dentro de suas famílias, de suas comunidades e de suas sociedades, assim como desaparecem para governos, doadores, sociedade civil, meios de comunicação e até mesmo para
outras crianças. Para milhões de crianças, a principal causa de sua invisibilidade são as violações de seu direito à proteção. É difícil obter evidências consistentes da amplitude des-
sas violações, porém há diversos fatores que parecem básicos para aumentar os riscos que ameaçam tornar as crianças invisíveis: ausência ou perda de uma identificação formal;
proteção inadequada do Estado para crianças que não contam com cuidados por parte dos pais; exploração de crianças por meio do tráfico e de trabalho forçado; e o envolvimento
prematuro da criança com papéis que cabem aos adultos, como casamento, trabalho perigoso e conflitos armados. Entre as crianças afetadas por esses fatores estão aquelas que não
foram registradas ao nascer, crianças refugiadas e deslocadas, órfãos, crianças de rua, crianças em prisões, crianças em casamentos precoces, em trabalho perigoso ou em conflitos
armados, crianças vítimas do tráfico e crianças presas a contratos.” (Situação mundial da infância 2006, p.35, UNICEF).
bastante desejado por muitos(as) meninos(as); crianças e adolescentes com maus tratos físicos
20 e com histórias nebulosas sobre os motivos de tal acidente; crianças e adolescentes cuja mãe é
chamada constantemente porque seu(sua) filho(a) é considerado pela escola como “hiperativo” e
necessita “ser tratado”, “medicado” em sua subjetividade; crianças e adolescentes que colecionam
figurinhas de bandas e grupos musicais e que fariam de tudo para poderem ir ao show de suas
bandas preferidas; crianças e adolescentes que realizam tarefas domésticas para ajudar em casa,
que nem sempre se distinguem do trabalho infanto-juvenil realizado informalmente por outras
tantas destas crianças e adolescentes, como auxiliar na coleta e reciclagem do lixo; crianças e
adolescentes que se misturam aos jovens de seu bairro e que utilizam o grafite como uma arte,
expressão e lazer, que também remete aos processos de “juvenilização” da cultura10, em busca de
convivências mais identitárias com a sua “turma”; crianças, adolescentes e jovens que têm gostos
musicais de diferentes gêneros, como Rap, Funk e Hip-Hop, e que encontram na música e na dança
formas de manifestarem seus estilos de vida, amores, sonhos e dissabores; crianças, adolescentes
e jovens que vão e voltam da escola sozinhos e/ou acompanhados, por irmãs e irmãos, muitas
vezes tendo que cuidá-los e protegê-los dos possíveis perigos e riscos que o espaço da rua impõe.
Sucintamente, é sobre essas crianças e adolescentes, com suas múltiplas experiências de infâncias
e adolescências, que necessitamos nos interrogar e nos inquietar, buscando compreendê-las e
posicioná-las no lugar de sujeitos de direitos e portadores de dignidade.
Se você quiser explorar a temática das múltiplas infâncias e adolescências, com as quais
convivemos e compartilhamos inúmeros momentos em nossas práticas didático-pedagógicas,
recomenda-se assistir ao vídeo-documentário “Ciranda, cirandinha: histórias de circulação de
crianças em grupos populares”, de autoria da antropóloga Cláudia Fonseca (1994), assim como o
vídeo-documentário “A invenção da infância”, dirigido por Liliana Sulzbach (2000), tendo como
fio condutor a instigante afirmação: “ser criança não significa ter infância”. Também merece
atenção o documentário denominado “Criança, a alma do negócio”11 , bem interessante para
problematizarmos as relações entre infâncias, direitos, consumo e publicidade, tão presentes na
sociedade de mercado atual.
Nos documentários sugeridos acima se percebe, então, que o lugar da infância e da adolescência
tem aparecido de forma híbrida, nômade e heterogênea, migrando em seus significados, de
acordo com as características dos contextos históricos, geográficos, econômicos, políticos, sociais
e culturais. Neste sentido, diversos filmes têm buscado captar os distintos cenários infanto-
juvenis como uma forma de nos sensibilizar para que passemos a viver experiências em direitos
humanos de forma mais cotidiana, incluindo e priorizando as nossas crianças e adolescentes
como protagonistas. Com o intuito de aprofundar e ampliar o leque de perspectivas analíticas,
envolvendo a relação entre infância, adolescência e cinema, sugiro consultar a obra: “A infância
vai ao cinema” (2006), organizada por Inês Teixeira, Jorge Larrosa e José Lopes.
Dentre uma gama de filmes, destacaria “Crianças Invisíveis” (2005), com suas sete histórias
curtas sobre o universo das múltiplas infâncias e adolescências que estão em circulação pela
sociedade contemporânea. É um convite para que miremos a infância e a adolescência de
maneira caleidoscópica, transitando dentre muitos e distintos sentimentos como a delicadeza,
a ternura e a generosidade, ou como o desamparo, o medo e a solidão. A cada história, somos
interpelados por cenas que nos capturam pela densidade do humano e que nos sensibilizam, nos
instigam, nos causam desconforto, nos desassossegam, ou ainda nos convocam a penetrarmos
10 Sobre o sentido de juvenilização da cultura, cabe esclarecer que neste contexto está se referindo a todo um movimento que tem ocorrido na sociedade contemporânea, no qual as
múltiplas formas de se experimentar a juventude passam a ser o modelo cultural a ser desejado e adotado pelas diferentes gerações. Também se sugere consultar o Caderno do
tema Cultura e Artes do Programa Mais Educação, com o intuito de realizar atividades didático-metodológicas mais articuladas e sintonizadas com o presente caderno.
11 Disponível em: https://youtu.be/rNlIgEm_5U8
pelos labirintos de nossos corações e de nossas memórias infanto-juvenis e de vivências escolares
para interrogarmos sobre o que temos feito para e com as nossas infâncias e adolescências. Os
21
limites entre a insensibilidade e a humanização são tênues e delicados e estão a cada instante
nos fazendo penetrar em nós mesmos para resgatarmos horizontes de possibilidades para as
crianças e adolescentes expostos em suas sensibilidades, tanto nas tramas narradas nos filmes,
nos documentários, na literatura, quanto na vida que tem urgência em ser vivida, de maneira que
elas possam experimentar as suas infâncias e adolescências de forma mais digna e humana, sem
descuidar dos seus direitos.
Com o intuito de contribuir didaticamente para a construção deste lugar de sujeito de direitos
junto às crianças, adolescentes e jovens que frequentam a escola, você poderá desenvolver
algumas oficinas que poderão ser vivenciadas de acordo com as necessidades e interesses dos
diferentes grupos, considerando as várias faixas etárias. Abaixo, você encontrará uma sugestão
de oficina. Fique bem à vontade para adaptá-la ao seu grupo de estudantes.
- Recursos/material a ser explorado: uma mochila ou sacola contendo pequenos objetos que remetam
a diferentes momentos e experiências da vida das crianças, adolescentes e jovens, como por exemplo,
trabalho, afazeres domésticos, brincadeiras, jogos, diversão, estudo, esportes, música, dança, etc.;
música: Criança não trabalha - Composição: Arnaldo Antunes e Paulo Tatit – CD Canções Curiosas
(1998); música: Saiba – Composição: Arnaldo Antunes – CD Saiba (2004); música: Eu despedi o meu
patrão – Composição: Zeca Baleiro – CD PetShop Mundo Cão (2002); livros paradidáticos: “Serafina e
a criança que trabalha” (Ed. Ática), “Trabalho Infantil: o difícil sonho de ser criança” (Ed. Ática), “Antes
que o mundo acabe” (Ed. Projeto), “A outra face: história de uma garota afegã” (Ed. Ática), Gibi “A turma
da Mônica em: o Estatuto da Criança e do Adolescente” (versão em pdf, 2006, disponível no site www.
promenino.org.br); tiras/charges da declaração dos direitos da criança comentada por Mafalda e seus
amigos para o UNICEF (ver livro: Toda Mafalda – da primeira a última tira, Quino, Ed. Martins Fontes);
Crônica: “Alunos”– Eduardo Galeano; aparelho de som portátil; papel pardo; folhas coloridas; lápis/
caneta; pincel atômico; barbante/cordão e prendedores.
2º momento: audição acompanhada da letra da música “Criança não trabalha” – Composição: Arnaldo
Antunes e Paulo Tatit – CD Canções Curiosas (1998). Após a escuta da música cada participante é
convidado a pronunciar em voz alta uma palavra que tenha julgado significativa, que poderá ser registrada
no quadro ou num painel feito com papel pardo, abrindo-se o debate com todo o grande grupo.
3º momento: narrar algumas histórias, bem como interpretar algumas imagens dos livros paradidáticos:
“Serafina e a criança que trabalha” (Ed. Ática); “Trabalho Infantil: o difícil sonho de ser criança” (Ed. Ática).
Estes livros são mais recomendados para crianças e pré-adolescentes. Caso você queira desenvolver
esta atividade com jovens e adolescentes sugere-se os seguintes livros: “Antes que o mundo acabe” (Ed.
Projeto); “A outra face: história de uma garota afegã” (Ed. Ática).
4º momento: varal de ideias - converse com o seu parceiro/colega ao lado e depois escreva junto com
ele uma história inventada que aborde algum dos assuntos debatidos em nossas oficinas, para que possa
ser lido, comentado, compartilhado e pendurado no varal de ideias.
5º momento: audição da música Saiba - Composição: Arnaldo Antunes – CD Saiba (2004), acompanhada
da versão escrita e de comentários pelos participantes, relacionando-a com o título da oficina. Caso o
grupo seja composto de adolescentes e jovens, sugere-se substituir esta música por outra denominada:
“Eu despedi o meu patrão” – Composição: Zeca Baleiro – CD PetShop Mundo Cão (2002), que também
poderá ser acompanhada de versão escrita e comentários.
6º momento: leitura e reflexão coletiva da crônica “Alunos” de Eduardo Galeano, contida na obra “De
pernas pro ar: a escola do mundo ao avesso” (1999).
E
sta dimensão propõe-se a oferecer subsídios para articular o tema Direitos Humanos
à prática cotidiana escolar. Ele está dividido em duas partes nas quais descrevemos:
▪ a especificidade da ligação entre o tema Direitos Humanos e o trabalho escolar;
▪ uma plataforma de diálogo entre escola e o tema Direitos Humanos.
Acreditamos que considerar a educação como um direito humano realizado pelas instituições de
ensino traz implicações de caráter político-pedagógico para o trabalho escolar. Sendo um direito,
é preciso garantir que todos tenham acesso à educação e aos bens culturais nela difundidos.
Assim, é preciso que a escola tenha um olhar investigativo para a comunidade na qual está
inserida, diagnosticando quais os entraves para a plena realização desse direito. O levantamento
das características da comunidade escolar (seus modos de ser e viver), seus índices de evasão e
reprovação, são alguns dos aspectos a serem observados na elaboração dos diagnósticos.
Feito o diagnóstico, é fundamental pensar em ações coletivas e dialogadas que possibilitem
a superação desses entraves, promovendo a realização plena do direito, pois devem ser objeto
de reflexão de todos os envolvidos no processo de ensino-aprendizagem: educadores, gestores,
alunos e pais. Os fóruns coletivos, tais como: conselho de escola, APM, comissões de classe, entre
outros, são instâncias privilegiadas para a discussão dessas questões e para a elaboração de ações
educativas neste sentido.
A segunda dimensão a ser considerada na Educação em Direitos Humanos é a formação para
os Direitos Humanos, ou seja, para a participação ativa na sociedade democrática, na vida pública
de nossa sociedade com a consideração da condição de sujeitos de direitos que todos somos.
Dentro desta dimensão é importante ressaltar que os Direitos Humanos além de ser um campo
de saberes a ser aprendido e debatido, são também um conjunto de valores que orientam nossas
práticas e condutas. Isso quer dizer que uma Educação para os Direitos Humanos não se faz apenas
com a discussão do conteúdo da Declaração Universal dos Direitos Humanos, mas também e,
sobretudo através da conduta dos educadores em sala de aula, na maneira como a escola dialoga
com a comunidade, nas escolhas dos conteúdos e metodologias que serão utilizados.
Assim, a formação para os Direitos Humanos não deve ser preocupação apenas do educador
responsável pelas oficinas do caderno Direitos Humanos, mas também de toda a comunidade
escolar. As oficinas aqui sugeridas oferecem situações para que os alunos se reconheçam como
sujeitos de direitos e nesse sentido sejam capazes de lutar pela sua realização e ampliação. A
partir do diálogo com a cultura, em diversas linguagens como a canção ou as artes plásticas,
elas procuram discutir o lugar dos Direitos Humanos na cultura brasileira. Ou seja, é a partir de
elementos vivenciados pelos educandos que se colocam as reflexões sobre o assunto.
Para que a escola alcance o sentido de uma educação para os Direitos Humanos, ela deve
considerar, como nos diz o Prof. José Sérgio Carvalho:
É, portanto, por meio da discussão dos temas, das práticas cotidianas e também de exemplos
de conduta que se dá o ensino dos valores ligados aos Direitos Humanos. Dentro das diversas
áreas de conhecimento, é possível discutir os princípios que orientam os Direitos Humanos, a
saber, o respeito, a tolerância, a diversidade cultural, sem realizar uma falsa operação de ligação
com a temática:
Por último, defendemos que, ao realizar o seu papel de instituição cultural – distribuindo os
bens culturais para todos, vencendo velhos mecanismos de exclusão e autoritarismo, ao dialogar
com seus alunos e comunidade – as escolas já estão realizando uma Educação em Direitos
Humanos.
O Tema Direitos Humanos e a escola
25
De acordo com o documento de referência para esta discussão:
O trecho selecionado figura como a síntese das intenções deste item. Nele procuramos
explicitar que relações podem ser estabelecidas entre o tema Direitos Humanos e as unidades
escolares envolvidas com a proposta, considerando algumas das dimensões supracitadas: Projeto
Político-Pedagógico, tempos, espaços e currículo, além de gestão e comunidade escolar.
Como descrito anteriormente, no que se refere especificamente à Educação em Direitos
Humanos, acreditamos que ela acontecerá na medida em que a escola estiver empenhada em
fazer do ensino de valores fundamentais à vida pública os princípios que norteiam toda e qualquer
prática educativa, para além de sua mera tematização. O que poderá ocorrer de variadas formas e
em diferentes níveis, em acordo com as opções político-pedagógicas que ela assumir.
Inicialmente, destacamos alguns dos princípios que sustentam esta perspectiva de trabalho,
pois como já descrevemos na dimensão política e conceitual, os direitos humanos não são aqui
entendidos apenas como conteúdo didático-pedagógico, mas principalmente como um conjunto
de ideais, valores e condutas. Desse modo, em nossa visão, assumir a defesa dos Direitos Humanos
na educação escolar exige:
Uma educação voltada para os Direitos Humanos deverá estar assegurada no Projeto Político-
Pedagógico da escola. A defesa dos Direitos Humanos pode integrar o conjunto de princípios
e metas que orientam o documento, servindo como subsídio para as práticas escolares e, ao
13 “Uma comunidade de aprendizagem é uma comunidade humana organizada que constrói um projeto educativo e cultural próprio para educar a si própria, suas crianças, seus jovens
e adultos, graças a um esforço endógeno, cooperativo e solidário, baseado em um diagnóstico não apenas de suas carências, mas, sobretudo, de suas forças para superar essas
carências” (Torres, 2003, apud Série Mais Educação – Educação Integral - Texto referência para o debate nacional, p. 31).
mesmo tempo figurar no núcleo de ações pontuais e continuadas previstas pela unidade escolar.
26 Desta forma, garante-se institucionalmente a preocupação com o tema, na forma de respaldo
teórico-metodológico. Assim, ela deve ser promovida por toda a comunidade escolar, nas
diferentes situações de encontro e convívio, tais como reuniões de conselho de escola, reuniões
pedagógicas, comissões de classe, grêmio estudantil, recreios, passeios, entre outros. Contudo, é
preciso notar que ter em pauta os Direitos Humanos não significa que eles devam ser debatidos
em toda a ocasião, mas que sejam considerados em quaisquer temas e decisões a serem tomadas
pela escola. Para tanto, estes atores sociais precisam conhecer o campo de conhecimentos
relacionados aos Direitos Humanos.
Passemos agora ao cotidiano escolar propriamente dito. Neste item, oferecemos sugestões de
articulação entre o tema Direitos Humanos e a escola, considerando algumas de suas principais
dimensões: TEMPOS, ESPAÇOS e CURRÍCULO, GESTÃO e COMUNIDADE ESCOLAR. Optamos
por apresentá-la a partir das possibilidades oferecidas pelo material que orienta o trabalho deste
tema na JORNADA AMPLIADA DE EDUCAÇÃO. Acreditamos que ele, como totalidade e em suas
parcelas organizativas (oficinas e atividades) sejam representativos da proposta que desejamos
apresentar.
Abaixo apresentamos como exemplo a oficina que aborda as questões da desigualdade e
direitos humanos, que versa especificamente sobre a desigualdade racial e traz como conteúdo a
análise de uma canção, seguida de uma série de atividades que buscam aprofundá-la:
OBJETIVO
refletir sobre as características da desigualdade social brasileira destacando a questão racial.
Material necessário: cópias da letra da canção para que seja lida em dupla, pelos alunos; papel
sulfite; lápis de escrever; lápis de cor; canetinhas e borrachas; Cd player; Cd “Do coccix até o
pescoço”, Elza Soares – Gravadora Latin – 2004; imagens; excertos de textos ou outro tipo de suporte
de informação sobre desigualdade racial.
Primeiro Encontro
▪ Audição da canção “A carne”.
▪ Leitura da letra da canção a ser realizada pela turma.
▪ Discussão sobre a canção a partir das seguintes questões:
a. Por que, em sua opinião, o autor afirma que a “carne negra vai de graça pro presídio e para
debaixo do plástico, e vai de graça para o subemprego e para os hospitais psiquiátricos”?
b. Por que a carne mais barata do mercado é a carne negra? Vocês conseguem estabelecer relação
entre esta afirmação e a História do Brasil? De que momentos vocês lembraram?
▪ Pedir para a turma recolher imagens, excertos de textos ou outro tipo de suporte de informação
sobre desigualdade racial, para o próximo encontro.
Segundo Encontro 27
▪ Retomar as discussões do encontro anterior.
▪ Reunir o material trazido pela turma. Leitura prévia, seleção e classificação do material trazido
(separar o que o grupo acha interessante).
▪ Formar pequenos grupos para a elaboração de cartazes com as imagens e textos recolhidos.
▪ Levantar com a turma todas as informações necessárias que devem constar nos cartazes. Sugerir
temas e possibilidades de abordagem.
▪ Apresentação dos cartazes para a turma e o educador.
Terceiro Encontro
▪ Retomar as discussões do encontro anterior.
▪ Fazer síntese oral desta oficina, estabelecendo relação com a oficina anterior sobre desigualdade
racial (oficina 2).
▪ Imaginar a possibilidade de acrescentar novo artigo à Declaração dos Direitos Humanos e redigir,
em pequenos grupos, artigo específico sobre racismo e desigualdade racial.
▪ Apresentação dos artigos para a turma e o educador.
Ainda a partir da quarta oficina, podemos inferir outras possibilidades de compreensão e
uso dos TEMPOS escolares. A mediação entre os turnos, prevista por essa oficina (na sugestão
de exposição e discussão dos trabalhos, por exemplo), aponta possibilidades de diálogo
e planejamento coletivo entre os educadores do turno regular e da jornada ampliada, o que
garante a integração e a complementaridade entre as atividades desenvolvidas e, portanto, entre
os períodos. Além disso, sua organização interna promove não só a reflexão sobre o problema da
desigualdade racial em nosso país como também o desenvolvimento de uma série de conteúdos
que podem sustentar projetos maiores, com múltiplos enfoques, temporalidades, métodos e
atividades envolvidas. Essa variedade, por sua vez, favorece a sedimentação e o aprofundamento
14 Compreendemos sequência de atividades na perspectiva de Delia Lerner. Para ela, a sequência de atividades é uma modalidade organizativa do conhecimento em que as atividades
apresentam diferentes níveis de elaboração do conteúdo para que exista a progressão de desafios necessária à construção de conhecimento pelos educandos.
Ver: LERNER, Délia. Ler e Escrever na Escola: o Real, o Possível e o Necessário. Porto Alegre: Artmed, 2002.
de saberes necessários ao desenvolvimento intelectual dos educandos. Em suma, é preciso notar
28 que a proposta de Educação Integral não visa somente ampliar a jornada, mas considera que ela:
No que se refere à concepção e ao uso dos ESPAÇOS, a oficina também oferece pistas para
novos arranjos pedagógicos, em diferentes níveis. Considerando o espaço propriamente
escolar, a sugestão para organizar exposições para toda a comunidade escolar, com os
trabalhos desenvolvidos pelos alunos promove a socialização dos conhecimentos abordados e
a tematização dos Direitos Humanos entre os atores da comunidade escolar. Ao mesmo tempo,
considerando outra escala, mobilizamos o sentido educativo de outros espaços institucionais
à medida que solicitamos uma circulação significativa do educando. Especificamente nessa
oficina, isso é sugerido quando a atividade solicita um olhar, uma pesquisa sobre a temática,
depois da coleta de dados e informações sobre o assunto. O circuito (casa, biblioteca, livraria,
banca de jornal, centros culturais e a própria escola) percorrido por esse educando na busca
de informações, produz sentido educativo para estes espaços, na medida em que: a) esses
espaços são utilizados para a produção de conhecimento; b) as pessoas que neles trabalham são
investidas e compartilham desse valor. Desse modo:
[...] a escola – por meio de planejamento, projetos integrados e também de seu projeto
pedagógico – pode proporcionar experiências, fora de seu espaço formal, que estão
vinculadas a esses seus projetos institucionais, elaborados pela comunidade escolar.
Encontram-se, nesse caso, por exemplo, as visitas a museus, parques e idas a outros
espaços socioculturais, sempre acompanhadas por profissionais que, intencionalmente,
constroem essas possibilidades educativas em outros espaços educativos que se
consolidam no projeto maior – o do espaço formal de aprendizagens.
(Série Mais Educação – Educação Integral – Texto referência para o debate nacional, p.34)
No que se refere à relação entre GESTÃO E COMUNIDADE ESCOLAR é preciso pontuar o fato
de que “[...] essa relação pode ser marcada pela experiência de diálogo, de trocas, de construção
de saberes e pela possibilidade de juntas, constituírem-se em uma comunidade de aprendizagem,
de modo que a interação entre as pessoas que atuam na escola e as que vivem na comunidade pode
auxiliar a superação de preconceitos, muitos deles calcados em estereótipos de classe, raça/etnia,
gênero, orientação sexual, geração, dentre outros” (Série Mais Educação – Educação Integral –
Texto referência para o debate nacional, p.33). A descrição das possibilidades dessa relação,
encontradas no documento de referência, destaca a interação entre as pessoas, que, mobilizadas
por ideais comuns, engendram uma nova comunidade, tal como já descrevemos no item, como
característica intrínseca à defesa dos Direitos Humanos. Nessa oficina, a relação entre gestão
e comunidade escolar pode ser apreendida pelo movimento realizado pelos membros dessa
comunidade que, articulados por um projeto comum, buscam soluções para as dificuldades
relacionadas à escolha e solicitação de espaços para o desenvolvimento das atividades, exposições
29
de trabalhos, material didático, convite para as apresentações dos trabalhos, entre outros.
Nossa preocupação neste item é propor uma reflexão sobre os possíveis diálogos entre as
ações que têm sido realizadas pela escola e as sugestões do caderno no que concerne à promoção
dos Direitos Humanos. Retomando o diagnóstico sugerido no primeiro item desta discussão,
considere sua realidade escolar a partir das questões e tabela a seguir:
Reconhecendo a comunidade:
Faça um levantamento de informações sobre seus modos de ser e viver
TEMPOS
ESPAÇOS
CURRÍCULO
Apresentação
P
arece ser cada vez mais recorrente a proclamação de que o ideal maior da ação
educativa escolar deva ser a preparação para o exercício da cidadania e a formação
de uma conduta ética e solidária, fundada nos Direitos Humanos. Porém, a escola
brasileira, em que pese a retórica sobre os ideais da cidadania e da igualdade, tem
sido marcada por práticas e concepções que valorizam seu impacto mais por eventuais benefícios
privados – em geral de natureza econômica – do que por seu potencial de transformação social e
de construção de compromissos com a esfera pública e seus valores. Por essa razão, a Educação
em Direitos Humanos foi identificada como tema fundamental no Programa Mais Educação –
Educação Integral e tornou-se um dos temas a ser desenvolvido junto a professores e alunos
das redes públicas. Este material busca oferecer uma oportunidade para fundamentar uma
concepção de educação na qual os ideais e valores dos Direitos Humanos, da Democracia e da
Cidadania sejam vistos como eixos norteadores de toda e qualquer prática educativa. Daí que seu
papel deva ser o de impregnar a vida escolar, não só como um tema transversal, mas por meio de
ações integradas que promovam e cultivem um modo de vida democrático e solidário. Destinado
a apoiar o trabalho dos educadores do Programa Mais Educação, junto a crianças e adolescentes
na JORNADA AMPLIADA DE EDUCAÇÃO, as sugestões de oficinas procuram abordar aspectos dos
Direitos Humanos a partir de situações concretas e do diálogo com variadas linguagens. Estão
sujeitas a modificações e acréscimos de novas atividades, temas ou abordagens por iniciativa dos
educadores ou mesmo dos jovens envolvidos. Acreditamos que a possibilidade de diálogo seja a
grande riqueza deste material.
Bom trabalho!
15 Material elaborado por Diana Mendes Machado da Silva e Luciana Bilhó Gatamorta
Como o material está organizado?
31
Este material está organizado em módulos temáticos, oficinas com temas específicos e
encontros em que se desenvolvem as atividades, como no esquema a seguir:
MÓDULO
QUARTO ENCONTRO
Cada módulo possui um tema geral no qual se desenvolvem oficinas para aprofundamento
da temática em questão. As oficinas são divididas em encontros para que o assunto seja
adequadamente abordado.
As oficinas estão organizadas em sequências de atividades, ou seja, as atividades apresentam
diferentes níveis de elaboração do conteúdo para que exista a progressão de desafios necessária à
construção de conhecimento, pelos educandos16. Isso não significa que não possam ser alteradas,
ampliadas, realizadas fora da ordem em que estão apresentadas ou mesmo trocadas por outras
oficinas.
Cada comunidade escolar e cada educador devem avaliar a pertinência das oficinas e encontros
aqui propostos e adaptá-los de acordo com sua realidade local, trabalhando como protagonistas
no processo de formulação de seus Projetos Políticos Pedagógicos. Por exemplo, se o educador
avaliar que um encontro, oficina, ou mesmo um tema não esteja adequado para o trabalho com a
turma e deseje substituí-lo por outra atividade, estará plenamente de acordo com os princípios
do Programa Mais Educação.
Todo o conteúdo do material aqui apresentado deve ser entendido como sugestão para
abordar o tema Direitos Humanos e não como um conjunto fechado de atividades que deve
ser aplicado sem alterações. Ele visa a oferecer pistas metodológicas e alguns exemplos
para o trabalho com o assunto.
16 Ver: LERNER, Délia. Ler e Escrever na Escola: o Real, o Possível e o Necessário. Porto Alegre: Artmed, 2002.
As atividades aqui sugeridas pressupõem divulgação e socialização para a comunidade com o
32 objetivo de integrar o tema dos Direitos Humanos ao cotidiano escolar. Por isso, indicamos o uso
dos murais das escolas para a exposição dos trabalhos realizados. Além disso, é de fundamental
importância que as crianças e adolescentes, participantes do trabalho com o tema Direitos
Humanos, produzam materiais a serem expostos e divulgados. Assim, além de comunicar seus
aprendizados, podem se apropriar da temática, refletindo sobre sua realidade e apresentar
encaminhamentos para questões ligadas aos assuntos abordados.
É importante que os educadores compreendam a estrutura deste material e que conheçam
as oficinas em tempo hábil para preparar, adaptar e organizar o material necessário para sua
execução. Além disso, todos os trabalhos realizados pelo grupo ao longo das oficinas, depois de
expostos, devem ser reunidos e guardados para posterior utilização nas atividades de fechamento.
Todo o material foi pensado para o trabalho com turmas heterogêneas, com crianças e
adolescentes entre os 10 e 14 anos. Acreditamos que mesmo as crianças menores possam participar
e contribuir com as discussões das temáticas aqui sugeridas, podendo contar com parceiros mais
experientes para o desenvolvimento das atividades. É no contato e interação com os outros, com
o diferente, que as crianças e adolescentes aprendem e se desenvolvem, realizando no dia a dia o
ideal do respeito e da tolerância.
Neste material, sugerimos 50 encontros, cada um com 1h30min de duração, a serem realizados
ao longo de um ano de trabalho, devendo ser adaptados de acordo com a realidade local.
Esperamos que o trabalho com os Direitos Humanos não se esgote na sua mera tematização,
pois é através da discussão dos temas, das práticas cotidianas e também de exemplos de conduta
que se dá o ensino desses valores. Portanto é necessário que toda a comunidade escolar se
integre a esse trabalho, como apontado na Dimensão Prática do Caderno de Subsídios Teórico-
Metodológicos.
O material sugere cinco módulos temáticos no total. Cada um deles se desenvolve com
número de oficinas e encontros específicos, como descritos na síntese abaixo:
OBJETIVO
Este módulo tem como objetivo integrar a turma e iniciar a preparação para o trabalho com o caderno
Direitos Humanos.
OBJETIVO
Este módulo destina-se a apresentar aos alunos a Declaração Universal dos Direitos Humanos a partir da
abordagem de alguns artigos selecionados e da leitura comentada da Cartilha Direitos Humanos, elaborada
pelo cartunista Ziraldo.
OFICINA 1: 9 encontros
OFICINA 2: 2 encontros
OFICINA 3: 2 encontros
OFICINA 4: 2 encontros
33
OFICINA 5: 4 encontros
OBJETIVO
Este módulo destina-se a apresentar aos alunos, o Estatuto da Criança e do Adolescente, documento que
garante a proteção da infância e adolescência em nosso país, princípio sugerido na Declaração dos Direitos
Humanos.
OFICINA 6: 12 encontros
OBJETIVO
Este módulo destina-se a discutir com os alunos, os Direitos Humanos a partir do problema da
desigualdade que assume várias faces em nosso país.
OFICINA 7: 1 encontro
OFICINA 8: 1 encontro
OFICINA 9: 2 encontros
OFICINA 10: 3 encontros
OFICINA 11: 2 encontros
OFICINA 12: 2 encontros
OBJETIVO
Este módulo destina-se ao fechamento dos trabalhos com o caderno Direitos Humanos. As turmas
escolherão uma modalidade artística para sintetizar os conhecimentos aprendidos durante o ano. Espera-se
o envolvimento da comunidade escolar para que esses trabalhos possam ser divulgados.
A temática dos Direitos Humanos é muito rica e permite a discussão e aprofundamento por
diferentes áreas do conhecimento, possibilitando o diálogo e planejamento coletivo entre os
educadores do turno regular e do contraturno, o que garante a integração e a complementaridade
entre as atividades desenvolvidas. Assim destacamos a seguir algumas temáticas, conteúdos ou
estratégias que podem ser desenvolvidas por diferentes áreas de conhecimento:
Língua Portuguesa
▪ Discussão de obras literárias em que a temática dos Direitos Humanos aparece.
Matemática
▪ Análise e elaboração de gráficos e tabelas com dados e informações sobre os Direitos Humanos.
História
▪ A Revolução Francesa e a primeira Declaração dos Direitos do Homem e do cidadão.
▪ As teorias racistas ao longo da história.
▪ A Segunda Guerra Mundial: nazismo, fascismo, antissemitismo, perseguição política, etc.
▪ Escravidão moderna.
▪ Trabalho infantil.
▪ História dos povos indígenas.
▪ História da África e outros.
Geografia
▪ Organização do espaço urbano (relação entre centro – periferia), as lutas por moradia.
▪ As disputas pela terra.
▪ A relação entre os chamados países desenvolvidos e os países em desenvolvimento entre
outros.
Ciências Naturais
▪ Questões ligadas à saúde.
▪ Meio ambiente e ecologia.
▪ Consumo sustentável entre outros.
Artes
▪ Discussão de produções artísticas e manifestações culturais que, tenham como tema os Direitos
Humanos.
▪ A cultura hip hop entre outros.
Educação Física
▪ Corpo ideal x corpos rejeitados (a busca de um corpo ideal e as questões ligadas ao preconceito
contra a obesidade e os distúrbios alimentares; o culto ao corpo magro, branco, etc.).
Essas são apenas algumas sugestões de trabalho para diferentes áreas de conhecimento.
Outros conteúdos e estratégias devem ser utilizados para a abordagem dos Direitos Humanos
pelas escolas.
35
Segue agora as sugestões de oficinas para o trabalho no Caderno Direitos Humanos.
CONHECENDO A TURMA
OFICINA PREPARATÓRIA
OBJETIVOS
▪ Integrar o educador à comunidade escolar.
▪ Integrar a turma ao educador.
▪ Preparar a turma para o trabalho com o Caderno Direitos Humanos.
Material necessário: cartolinas ou papel pardo (craft), papel sulfite; lápis de escrever, lápis de cor, canetinhas,
borrachas, cola, tesoura; revistas e jornais para recorte; cd com canções infantis e juvenis, cd player; máquina
fotográfica.
Atividades: roda de conversa para apresentação, levantamento de expectativas iniciais e divulgação geral da
proposta de trabalho.
Primeiro encontro
Segundo encontro
▪ Acolhimento das crianças e adolescentes em uma roda com almofadas ou cadeiras e com músicas infantis
e juvenis.
▪ Apresentação do educador, das crianças e adolescentes: nome, idade, onde moram, estudam, seus interesses,
etc.
▪ Conversa sobre o que as crianças, adolescentes e o educador esperam desses encontros. Registro dessas
ideias.
▪ Apresentação da proposta das oficinas e afirmação da importância dos encontros e da frequência dos
educadores e jovens envolvidos.
Terceiro encontro
Realização de combinados (“contrato” pedagógico, a critério do educador e do grupo) para que essas
expectativas possam se efetivar.
6.3 DIREITOS HUMANOS
36
DIREITOS HUMANOS
OFINICA 1: TEMA – Declaração dos Direitos Humanos
OBJETIVOS
▪ Levantar e registrar o que os alunos sabem sobre os Direitos Humanos.
▪ Conhecer os direitos fundamentais dos seres humanos a partir da Cartilha do Ziraldo.
▪ Relacionar os Direitos Humanos com as vivências das crianças e adolescentes.
Material necessário: cartilha do Ziraldo (Disponível para download em: http://goo.gl/FbmxAm); cópias
dos textos em anexo, (quando houver necessidade) cartolinas ou papel pardo (craft), papel sulfite; lápis de
escrever, lápis de cor, canetinhas, borrachas, cola, tesoura; revistas e jornais para recorte; Cd “Jesus não tem
dentes no país dos banguelas” ou “Acústico – Titãs – Vol. 1” do grupo Titãs, Cd player.
Primeiro encontro
Roda de Conversa para levantamento e registro sobre o que os alunos sabem sobre Direitos Humanos.
▪ Formar uma roda com a turma e iniciar a conversa perguntando: Vocês já ouviram falar em Direitos
Humanos? O que vocês sabem sobre isso?
▪ Deixar que os alunos se expressem a vontade e a partir do que disserem, fazer outras perguntas,
estimulando-os a falarem mais. Ex: que direitos nós possuímos? Por que os seres humanos possuem
direitos?
▪ Registrar o que forem dizendo em um cartaz na própria roda.
▪ Após a conversa, ler para a turma o que foi registrado.
▪ Separar a turma em grupos e pedir para eles elaborarem cartazes sobre a conversa que tiveram, procurando
expressar através de desenhos, recortes e frases aquilo que sabem sobre Direitos Humanos.
▪ Expor os cartazes feitos pelos alunos em mural da escola.
Segundo encontro
Conhecendo a Cartilha
▪ Leitura da Cartilha do Ziraldo (texto e ilustrações) feita pelo educador e acompanhada por todos.
▪ Discussão sobre a cartilha a partir das questões:
a. No último encontro vocês disseram o que sabiam sobre Direitos Humanos. Agora que lemos a cartilha, o
que podemos dizer sobre eles?
b. Quais são os direitos que todos os seres humanos possuem que estão descritos na cartilha?
c. O que chamou sua atenção durante a leitura?
Terceiro Encontro
Por que houve necessidade de criar os Direitos Humanos?
▪ Separar a turma em grupos e pedir para relerem a cartilha do Ziraldo das páginas 1 a 11 e responderem
à questão: por que houve necessidade de criar os Direitos Humanos? Peça para eles anotarem o que
discutiram em uma folha, para ser lida para o resto da turma.
▪ Durante a atividade, acompanhar os grupos para garantir que façam a leitura e discutam a questão a partir
do que leram.
▪ Após o registro das conclusões dos grupos, pedir para eles lerem para o resto da turma o que escreveram
e discutiram.
▪ Coletivamente, discutir a questão a partir do que for lido pelos grupos. Se houver necessidade, voltar à 37
cartilha para garantir que todos compreendam quando e por que a humanidade percebeu a necessidade
de criar os Direitos Humanos.
▪ Para terminar, pedir para os alunos registrarem, em forma de desenhos, a conversa que tiveram.
Quarto encontro
Os Direitos Fundamentais
▪ Leitura do texto “O que são Direitos Humanos?”, que consta no anexo 1 deste caderno, pelo educador e
acompanhada por todos. Ler o texto uma vez na íntegra, depois, ler parágrafo por parágrafo e discutir com
a turma.
▪ Leitura das páginas 8, 9, 12 e 13, da Cartilha do Ziraldo, pelo educador e acompanhada por todos. Conversa
com a turma sobre o que entenderam dos textos lidos, fazendo uma comparação entre eles.
▪ Fazer uma lista, junto com as crianças e os adolescentes, com os direitos fundamentais de todo ser humano
que são descritos nos textos.
▪ Dividir a sala em grupos e pedir para cada grupo elaborar um cartaz, usando desenhos, recortes e frases
sobre um dos direitos da lista (cada grupo deverá escolher um direito diferente).
▪ Apresentar os cartazes para o resto da turma e organizar uma exposição em mural da escola.
Quinto encontro
O que significa dizer: todos são iguais, mas respeitando as diferenças?
▪ Reler com a turma as páginas de 2 a 7 da Cartilha do Ziraldo e a partir do texto e da imagem, discutir a
seguinte questão: o que significa dizer: todos são iguais, mas respeitando as diferenças?
▪ Fazer a leitura dos Artigos I e II da Declaração Universal dos Direitos Humanos no anexo 2 e discutir com
os alunos cada artigo, destacando os seguintes trechos:
▪ Dividir a turma em grupos e pedir para fazerem dois pequenos textos, um descrevendo as diferenças entre
seres humanos e outro descrevendo em que são iguais.
▪ Cada grupo lê o que escreveu para o resto da turma, discutindo os aspectos semelhantes entre textos
escritos.
▪ Após a leitura dos grupos, fazer um registro coletivo sobre o tema “ser igual, mas respeitando as diferenças”,
com as conclusões tiradas pela turma e colocar em um cartaz para deixar na sala.
Sexto encontro
Direito ao trabalho
▪ Leitura dos Artigos XXIII e XXV da Declaração Universal dos Direitos Humanos no anexo 3, feita pelo
educador e acompanhada por todos.
▪ Discutir com a turma cada item dos artigos, a partir das seguintes questões:
Esse direito é respeitado no Brasil? Por quê?
Toda pessoa que exerce a mesma atividade recebe a mesma remuneração por isso? Dê exemplos.
Todos que trabalham recebem um salário justo?
O que seria necessário para assegurar bem estar às pessoas?
▪ Dividir a sala em 5 grupos para que cada um elabore uma pequena cena sobre um dos itens discutidos,
com o cuidado de não repeti-los.
▪ Apresentar as cenas para o resto da turma.
Sétimo encontro
Direito ao lazer, à cultura e à educação
Oitavo encontro
Direito à Liberdade
▪ Leitura do Artigo IV, da Declaração Universal dos Direitos Humanos, no anexo 4, pelo educador e
acompanhada por todos.
▪ Discussão do artigo a partir das questões: o que é escravidão? Quando ocorreu no Brasil? Quando foi
abolida? Vocês acham que ainda existe escravidão no Brasil? Onde ela ocorre?
▪ Após a discussão, distribuir e ler com a turma, o texto informativo: “A escravidão nos dias de hoje” do autor:
Eduardo de Freitas, graduado em Geografia, Equipe Brasil Escola. Link para o texto: www.brasilescola.com/
sociologia/escravidao-nos-dias-de-hoje.htm
Discutir o texto para que todos o compreendam.
▪ Dividir a sala em grupos e pedir aos alunos que façam cartazes para informar ao resto da escola, sobre a
existência de escravidão no Brasil, na atualidade.
• Apresentar os cartazes para o resto da turma e organizar uma exposição em mural da escola.
Nono encontro
Fechamento da discussão sobre a Declaração Universal dos Direitos Humanos
▪ Reler com a turma o registro feito no primeiro encontro (levantamento dos conhecimentos prévios dos
alunos) e a Cartilha do Ziraldo.
▪ Perguntar a eles se, depois do trabalho realizado, é possível compreender melhor tudo o que foi
apresentado, se o que sabiam antes do trabalho foi ampliado.
▪ Discutir com a turma alguns temas e direitos importantes que estão descritos na Cartilha e que não foram
trabalhados (direito à saúde, registro civil, meio ambiente, trânsito, código do consumidor, autoridade,
tortura).
▪ Pedir para eles observarem as ilustrações da Cartilha, feitas para cada texto e discutir: as ilustrações estão
de acordo com o texto? Elas acrescentam informações ou apenas descrevem o que está escrito?
▪ Distribuir folhas para os alunos e orientá-los a fazer uma história em quadrinhos sobre o que aprenderam
ao longo da oficina. Lembrar que as ilustrações devem estar de acordo com o texto, podendo acrescentar
informações a ele.
▪ Expor as histórias em quadrinhos para o resto da turma.
DIREITOS HUMANOS
OFICINA 2: TEMA – Direito à diferença
OBJETIVOS
▪ Discutir o valor da igualdade sob a perspectiva do direito à diferença.
▪ Discutir o direito à diferença a partir da experiência do cotidiano escolar.
▪ Desenvolver conceitos e hábitos para uma convivência pautada pelo respeito à diferença.
Material necessário: livro “Na minha escola todo mundo é igual”, de Rossana Ramos, Priscila Sanson. Editora
Cortez, 2004; papel sulfite, lápis de escrever, lápis de cor, canetinhas e borrachas.
Atividades: leitura, interpretação e discussão do livro infantil: “Na minha escola todo mundo é igual”. 39
Primeiro Encontro
Segundo Encontro
DIREITOS HUMANOS
OFICINA 3: TEMA – Direito à diferença
OBJETIVOS
▪ Discutir o valor da igualdade sob a perspectiva do direito à diferença.
▪ Discutir o direito à diferença a partir da noção de alteridade.
Material necessário: cópias da imagem para visualização em dupla; papel sulfite; lápis de escrever, lápis de
cor, canetinhas e borrachas; imagem “Só José é normal”, que se encontra no livro: TONUCCI, F. Com olhos de
criança. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.
Atividade: leitura, interpretação e discussão da imagem “Só José é normal”. Produção de narrativa sobre a
imagem.
Primeiro encontro
• Levantamento das características das crianças apresentadas pela professora na imagem “Só José é normal”.
• Descrição das características físicas das crianças.
• Discussão das questões: qual é a diferença entre as características de José e as das outras crianças? Por
que só José era normal na visão da professora?
• Discussão sobre quais as possíveis consequências da classificação dos alunos, feita pela professora.
• Comparação com as experiências pessoais das crianças.
• Discussão com turma sobre a possibilidade de transformar a ilustração em narrativa e criar um roteiro
coletivo para realizá-la.
Segundo encontro
OBJETIVOS
▪ Discutir o valor da igualdade sob a perspectiva do direito à diferença.
▪ Refletir sobre o direito à diferença a partir da discussão sobre a formação da identidade de gênero.
Material necessário: livro “Por que meninos têm pés grandes e meninas têm pés pequenos?” de Sandra
Branco, editora Cortez, 2004; papel sulfite, lápis de escrever, lápis de cor, canetinhas e borrachas.
Primeiro encontro
Segundo Encontro
DIREITOS HUMANOS
OBJETIVOS
▪ Discutir o valor da igualdade sob a perspectiva do direito à diferença.
▪ Refletir sobre o direito à diferença a partir da discussão sobre a formação da identidade de gênero.
Material necessário: livro “O menino que brincava de ser” de Georgina Martins, editora DCL, 2000; papel
sulfite, lápis de escrever, lápis de cor, canetinhas e borrachas.
Atividades: leitura, interpretação e discussão do livro. Dramatização da história. 41
Primeiro encontro
Segundo Encontro
▪ Leitura da segunda e última parte do livro, em voz alta, feita pelo educador.
▪ Interpretação do trecho a partir da seguinte questão: como o conflito da história foi solucionado?
▪ Seleção de passagens da segunda parte do livro a serem dramatizadas.
▪ Estudo das passagens selecionadas.
▪ Levantamento de tarefas necessárias para a realização da dramatização.
▪ Distribuição de tarefas para a montagem da peça.
Terceiro encontro
Quarto encontro
OBJETIVOS
▪ Levantar e registrar o que os alunos sabem sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
▪ Conhecer o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA);
▪ Relacionar os direitos descritos no ECA com as vivências das crianças e dos adolescentes.
Material necessário: cópias dos textos em anexo, quando houver necessidade; cartolinas, papel pardo (craft) e
papel sulfite; lápis de escrever, lápis de cor, canetinhas e borrachas; revistas e jornais para recorte; materiais
recicláveis; tecidos, tinta guache, cola e tesoura; Cd “Canções curiosas” – Palavra Cantada, Cd “Canção dos
Direitos da Criança” – Toquinho, Cd player; argila ou massinha (que pode ser feita com farinha, água e tinta
guache).
42 Primeiro encontro
Roda de Conversa para levantamento e registro sobre o que os alunos sabem sobre o Estatuto da Criança e
do Adolescente (ECA)
▪ Formar uma roda com a turma e iniciar a conversa perguntando: vocês já ouviram falar no ECA? O que
vocês sabem sobre isso?
▪ Deixar que os alunos se expressem à vontade, fazer outras perguntas durante a conversa, a partir do que
disserem, estimulando-os a dizerem mais. Ex: que direitos as crianças e adolescentes possuem? Quais
deveriam possuir?
▪ Registrar o que forem dizendo em um cartaz na própria roda.
▪ Após a conversa, ler para a turma o que foi registrado.
▪ Separar a turma em grupos e pedir para eles elaborarem cartazes descrevendo quais direitos eles acham
que as crianças e adolescentes deveriam possuir.
▪ Expor os cartazes, feitos pelos alunos, em mural da escola.
Segundo encontro
Início de conversa
▪ Leitura, feita pelo educador e acompanhada por todos, do texto informativo “Com direitos desde o berço –
Há dezoito anos, uma lei foi criada para proteger as crianças e os adolescentes brasileiros” Autor: Cathia Abreu.
Ciência Hoje das Crianças - 11/07/2008: www.cienciahoje.uol.com.br. Link para o texto: cienciahoje.uol.
com.br/123524.
▪ Discussão do texto a partir das seguintes questões:
a. Onde o texto foi publicado? Quem é o autor? Qual a data de sua publicação?
b. Com qual finalidade o texto foi escrito?
c. Qual é o público a que se destina o texto?
d. Por que o título do texto é “Com direitos desde o berço - Há dezoito anos, uma lei foi criada para proteger
as crianças e os adolescentes brasileiros”? Relacione o título ao conteúdo do texto.
e. Localize no texto e discuta: quem é considerado criança e adolescente? Quando e por que o ECA foi
criado?
f. De acordo com o texto, o ECA é totalmente cumprido? Por quê?
▪ Fazer uma lista junto com a turma com os direitos descritos no texto.
▪ A partir da leitura do Artigo 4º do ECA (anexo 7), identificar, discutir e acrescentar à lista, outros direitos
que constam neste artigo.
▪ Após a discussão, pedir para a turma comparar os direitos registrados na lista com aqueles que eles
descreveram no primeiro encontro: quais são os direitos que se repetem? Quais são os que a turma não
havia colocado? Quais são os que a turma colocou e não foram contemplados no ECA?
▪ Conversar com a turma sobre o que ela acha que deveria ser feito para que o ECA fosse totalmente
cumprido no Brasil.
▪ Elaborar um pequeno texto coletivo resultante da discussão realizada, registrar em um cartaz e deixar
fixado na sala.
Terceiro encontro
Direito à vida e à saúde
▪ Leitura da pintura “Criança Morta” (1944) de Candido Portinari, a partir do seguinte roteiro:
a. Descreva as sensações que lhe causam.
b. Descreva os elementos que compõem a obra (pessoas, objetos, cenário, etc.).
c. Descreva como esses elementos estão dispostos na obra, bem como as cores utilizadas na pintura
(nesse momento, peça aos alunos para descreverem o que há no centro do quadro, nas extremidades,
ao fundo e qual a disposição dos objetos).
d. Descreva a cena retratada na obra (o que está sendo mostrado).
e. A partir da descrição, fazer uma possível interpretação da obra: por que as pessoas estão chorando? O
que aconteceu? Quem são eles?
▪ Após a leitura da obra, explicar quem foi Candido Portinari (texto de apoio que consta no anexo 8). 43
▪ Voltar à obra e questionar se, sabendo mais sobre o pintor e a Série a qual pertence o quadro, é possível
entendê-la melhor. Conversar sobre as novas interpretações.
▪ Ler o Artigo 7º do ECA (anexo 8) para a turma e relacionar ao quadro: vinte e um anos depois da criação
do ECA, vocês acham que essa cena ainda se repete? Por quê?
▪ Depois da discussão, pedir para a turma criar frases sobre o Artigo 7º e sobre a cena que analisaram no
quadro, para serem espalhadas pela escola.
Quarto encontro
Direito à liberdade e ao respeito
▪ Ouvir a canção Deveres e Direitos do CD “Canção dos Direitos da Criança” de Toquinho e discutir com o
grupo sobre os elementos musicais como ritmo, melodia, identificação de instrumentos e relação entre
letra e música.
▪ Discutir a canção com a turma, a partir da descrição das situações que ela apresenta e comparar com as
experiências das crianças.
▪ Fazer a leitura do Artigo 15 do ECA (anexo 9) e a interpretação do mesmo.
▪ Pedir para a turma discutir a seguinte passagem da canção: “Meninos e meninas, não olhem cor, nem
religião”, relacionando com o artigo lido e o trabalho das Oficinas do Bloco 2, que tratam do tema “direito
à diferença”.
▪ Após a discussão, pedir para o grupo pintar cenas que tratem do tema da música e do Artigo 15 (usar tinta
guache e cartolinas).
Quinto encontro
Direito à educação, informação, cultura e lazer
▪ Fazer a leitura dos Artigos 53, 55 e 71 do ECA (anexo 10), interpretação e discussão do mesmo, comentando
cada um dos itens dos artigos: “direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa” e
“direito à informação, cultura, lazer, esportes, diversões, espetáculos e produtos e serviços que respeitem
sua condição peculiar de pessoa em desenvolvimento”, e debater as seguintes questões:
a. Por que todas as crianças e os adolescentes têm direito à educação, informação, cultura e lazer. O que
isso ajuda no seu desenvolvimento? O que vocês pensam sobre isso?
b. Esses direitos são plenamente respeitados no Brasil? Por quê? Comentar a partir de experiências
vividas.
▪ Separar a turma em grupos e pedir para elaborarem pequenos textos explicando por que toda criança e
adolescente tem direito à educação, informação, cultura e lazer.
▪ Pedir para os grupos lerem seus textos para o resto da turma, estimular as crianças e adolescentes a
comentar os textos dos colegas, debatendo as ideias.
Sexto encontro
Trabalho Infantil
▪ Ouvir a canção Criança não trabalha, do CD “Canções curiosas” do grupo “Palavra Cantada”, selo Palavra
Cantada, 1998.
▪ Discutir sobre os elementos musicais como ritmo, melodia, identificação de instrumentos e relação entre
letra e música.
▪ Discutir sobre a canção a partir da descrição das situações que ela apresenta, comparando com as
experiências das crianças.
▪ Fazer a leitura do Artigo 60 do ECA (anexo 11) e discutir a partir da questão: esse direito é plenamente
respeitado? Por quê? Descrevam situações em que esse direito não é respeitado.
▪ Relacionar o artigo à canção trabalhada, discutindo por que as crianças não devem trabalhar. Chamar a
atenção para a defesa da ação de brincar, descrita na música.
▪ Após a discussão, listar com o grupo situações que conhecem de trabalho infantil e discutir com eles quais
as possíveis soluções para as situações descritas.
▪ Separar a turma em grupos e pedir para eles elaborarem panfletos informativos sobre a proibição do
trabalho infantil, para ser entregue na comunidade em dia a ser programado coletivamente.
44 Sétimo encontro
Direito de brincar
▪ Iniciar a discussão sobre o direito de brincar a partir da seguinte questão: na canção Criança não trabalha,
do grupo “Palavra Cantada”, quais são as atividades que as crianças fazem, que são descritas?
▪ Perguntar se eles conhecem as brincadeiras descritas na canção, questionar como elas são, perguntar se
eles conhecem outras brincadeiras infantis e propor que eles brinquem (brincadeiras que aparecem na
canção: esconde-esconde, pula-cela e pega-pega).
▪ Após as brincadeiras, confeccionar com a turma brinquedos com material reciclado (bonecas de pano ou
sabugo, carrinhos com garrafa pet e caixinhas, vai e vem, etc.). Utilizar garrafas pet, caixinhas de vários
tamanhos, barbantes ou novelos de lã, retalhos de tecido, cola, tesoura e outros materiais que possam ser
úteis na elaboração dos brinquedos.
Oitavo encontro
Convivência familiar e comunitária
▪ Separar a turma em grupos e pedir para que leiam e discutam o artigo 19 do ECA (anexo 12) e registrar o
que conversaram.
▪ Quando todos acabarem, pedir para cada grupo ler seu registro e continuar a discussão a partir da questão:
esse direito é plenamente respeitado? Por quê? Comentem relatando fatos que conhecem.
▪ Reunir os grupos novamente e distribuir argila ou massinha para que construam pequenas esculturas
sobre o que conversaram nesse encontro (se optar por utilizar a massinha com farinha e água procure
fazer a massa antes desse momento, junto com a turma).
Nono encontro
Direito de viver sem violência
Décimo encontro
Proteção às crianças e adolescentes e o Conselho Tutelar
▪ Iniciar o encontro perguntando se conhecem o Conselho Tutelar e qual a sua função. Pedir para relatarem
alguns casos.
▪ Leitura dos Artigos 70, 131 e 132 do ECA (anexo 14), interpretação e discussão dos mesmos, retomando a
conversa inicial.
▪ Separar a turma em pequenos grupos, entregar uma das situações abaixo e pedir para discutirem o que
está sendo apresentado, a partir das questões propostas:
a. Renato tem 6 anos. Toda vez que ele faz alguma coisa errada, seus pais batem nele com o cinto, até
deixá-lo todo marcado. Qual o problema desse caso? Como resolvê-lo?
b. Joana tem 7 anos, mora com sua mãe e seu irmão de 4 anos. Nenhuma das crianças está na escola.
Quando a mãe de Joana sai para trabalhar, deixa a menina sozinha em casa cuidando do irmãozinho e
tranca a porta. Qual o problema dessa cena? O que fazer para acabar com essa situação?
c. Francisco tem 8 anos. Todo o dia, depois da escola, vai para o farol (sinaleira, semáforo) de uma grande
avenida e vende balas. Qual o problema desse caso? Como essa situação pode ser resolvida?
▪ Depois da leitura e discussão dos grupos, pedir para eles elaborarem uma cena com a solução que
encontraram para cada situação e apresentar para o resto da turma.
Décimo primeiro encontro 45
Jogo da memória
▪ Retomar com a turma a lista de direitos da criança e do adolescente feita no segundo encontro.
▪ Ler cada um dos direitos, lembrando-se das discussões de aprofundamento que fizeram sobre alguns.
▪ Dividir a sala em grupos de 4 participantes e pedir para que construam um jogo da memória com os
direitos da criança e do adolescente (usar quadrados recortados de cartolina, lápis de cor e canetinhas).
▪ Pedir para decidirem em conjunto como os direitos serão representados, seguindo a regra de que para
cada direito, duas imagens iguais devem ser produzidas.
▪ Ao término da confecção do jogo, brincar.
OBJETIVO
Refletir sobre as características da desigualdade social brasileira, em face dos artigos XXIII e XXV da
Declaração dos Direitos Humanos (anexo 15).
Material necessário: cópias de trecho do conto para leitura em dupla. (fonte: COLEÇÃO PARA GOSTAR DE LER
– VOLUME 1 – CRÔNICAS. São Paulo, Editora Ática, 1981).
Atividade: leitura, interpretação e discussão de texto literário: “Serás Ministro” de Carlos Drummond de
Andrade.
OBJETIVO
▪ Refletir sobre as características da desigualdade racial brasileira.
Atividade: Audição da canção “Morro Velho” de Milton Nascimento. Leitura, interpretação e discussão da
letra da canção.
Música
a. Quais instrumentos são utilizados na música? O que o arranjo musical sugere?
b. Em que momento a melodia da voz muda? Por quê? Que sensação é criada nesse momento?
Letra
a. Em que espaço a história se passa?
b. Quem são os personagens apresentados e qual a relação entre eles?
c. O que separa os personagens? O que acontece a partir daí?
d. Relacionando a canção às discussões deste bloco, explique por que, embora amigos na infância, suas
trajetórias de vida foram tão diferentes.
OBJETIVO
▪ Refletir sobre as características da desigualdade social brasileira com enfoque na dimensão cultural.
Material necessário: cópias da imagem para trabalhos em dupla; papel sulfite, réguas, lápis de escrever, lápis
de cor, canetinhas e borrachas.
Atividade: Audição da canção “Cultura Lira Paulistana” de Itamar Assumpção. Leitura, interpretação e
47
discussão da letra da canção.
Primeiro encontro
▪ Ouvir a canção “Cultura Lira Paulistana”, de Itamar Assumpção, sem acompanhar a letra.
▪ Ouvir a canção com leitura de trecho da letra, pedindo às crianças e adolescentes que notem a diferença
entre ouvir a canção com e sem acompanhamento da letra.
▪ Discutir sobre a canção, a partir das seguintes questões:
a. leia novamente os versos de número 17 até os de número 24. A partir deles comente o conceito de
cultura que o autor apresenta;
b. leia os artigos XVIII e XIX da Declaração dos Direitos Humanos (anexo 16), e analise-os a partir da
reflexão sobre o direito à cultura, realizada pelo autor da canção.
▪ Síntese escrita das discussões deste encontro a ser feita pela turma em parceria com o educador.
Segundo encontro
OBJETIVO
Refletir sobre as características da desigualdade social brasileira destacando o problema racial.
Material necessário: cópias de trecho da letra da canção para leitura em dupla; papel sulfite, lápis de
escrever, lápis de cor, canetinhas e borrachas; Cd player, Cd “Do coccix até o pescoço”, Elza Soares – Gravadora
Latin – 2004; imagens; excertos de textos ou outro tipo de suporte de informação sobre desigualdade
racial.
Primeiro Encontro
Segundo Encontro
Terceiro Encontro
▪ Retomar as discussões do encontro anterior.
▪ Fazer síntese oral desta oficina, estabelecendo relação com a oficina anterior sobre desigualdade racial
(oficina 2).
▪ Imaginar a possibilidade de acrescentar novo artigo à Declaração dos Direitos Humanos e redigir, em
pequenos grupos, artigo específico sobre racismo e desigualdade racial.
▪ Apresentar os artigos para a turma e o educador.
OBJETIVO
▪ Discutir o artigo XXV da Declaração dos Direitos Humanos (anexo 17), considerando o problema da
desigualdade social brasileira.
Material necessário: cópias da imagem para trabalhos em dupla; papel sulfite, réguas, lápis de escrever,
lápis de cor, canetinhas e borrachas.
Primeiro encontro
▪ Observação da imagem.
▪ Identificação dos elementos que integram a imagem.
▪ Descrição da maneira como estes elementos estão dispostos na imagem.
▪ Caracterização e comparação dos espaços representados.
49
▪ Inferir a partir da análise dos quadros anteriores qual seria o terceiro quadro da imagem e desenhá-lo.
▪ Comparação do quadro imaginado com o terceiro quadro publicado no livro de origem (QUINO. Potentes,
prepotentes e impotentes. São Paulo: Martins Fontes, 2003.).
▪ Interpretação da imagem.
▪ Breve exposição sobre a desigualdade no Brasil considerando os elementos presentes nas imagens e
aqueles levantados pela turma.
▪ Relacionar a imagem ao artigo XXV da Declaração dos Direitos Humanos (anexo 17).
Segundo encontro
OBJETIVO
▪ Discutir o artigo XXV, da Declaração dos Direitos Humanos (anexo 17), considerando o problema da
desigualdade social brasileira.
▪ Discutir a desigualdade social brasileira a partir do problema da ocupação dos espaços urbanos.
Material necessário: cópias da imagem para trabalhos em dupla (presente na revista A E. Carta Capital.
10/05/2006. p.15. Foto: Sebastião Moreira); papel sulfite, réguas, lápis de escrever, lápis de cor, canetinhas e
borrachas; imagens ou textos que reportem a problemática da moradia.
Atividades: análise e interpretação de fotografia, discussão e produção textual considerando o artigo XXV da
Declaração dos Direitos Humanos.
Primeiro Encontro
OFICINAS DE FECHAMENTO
TEMA – Fechamento do trabalho
OBJETIVO
Produzir trabalhos artísticos a partir dos temas trabalhados ao longo das oficinas.
PROPOSTA
Esses últimos encontros foram pensados para que a turma desenvolva trabalhos artísticos, a partir dos temas
abordados ao longo do ano. São apresentadas cinco propostas de trabalho para serem escolhidas pelas
crianças e pelos adolescentes, com auxílio do educador.
O grupo pode se dividir em cinco equipes, para que todas as propostas sejam realizadas, ou podem escolher
apenas algumas propostas, de acordo com a preferência da turma. Além das propostas de produção artística,
o grupo deverá escolher um dos temas trabalhados ao longo do ano, para abordarem em suas produções. As
equipes podem utilizar produções feitas por elas ao longo do ano, e aperfeiçoá-las para o trabalho final. A
cada encontro será realizada uma etapa do trabalho.
Primeiro encontro: apresentação dos objetivos da oficina de fechamento do trabalho, organização dos grupos
e escolha das propostas de produção artística, bem como dos temas a serem abordados.
Segundo encontro: estudo do tema escolhido pelos grupos e revisão dos trabalhos realizados ao longo do
ano.
Terceiro encontro: planejamento do trabalho, ou seja, como os grupos irão apresentar os temas em suas
produções.
Quarto encontro: realização dos trabalhos. Com os materiais necessários, os grupos deverão realizar suas
produções planejadas no encontro anterior.
Quinto encontro: apresentação dos trabalhos para o resto da turma e comentários sobre o que foi produzido.
SUGESTÕES DE PRODUÇÕES ARTÍSTICAS 51
Proposta 1: criar versão de uma canção
O grupo criará uma nova letra para uma canção já conhecida, sobre um dos temas trabalhados, devendo
escolher a música, criar a letra e planejar a forma de apresentação.
Material necessário: cópias das propostas artísticas e dos materiais selecionados pelos grupos nos três (3)
primeiros encontros.
▪ Apresentar para a turma o trabalho que foi realizado nos cinco últimos encontros: objetivos, etapas do
trabalho e apresentação final.
▪ Dividir a turma em cinco grupos.
▪ Ler as propostas de produções artísticas e decidir com a turma o que cada grupo fará.
▪ Com as propostas distribuídas, pedir para os grupos escolherem um tema estudado ao longo do ano,
para preparem sua produção.
▪ Socialização dos temas escolhidos por cada grupo. Se houver repetição de temas, pode-se conversar
com os grupos para que troquem, ou pode-se realizar um sorteio entre eles.
▪ Pedir para a turma trazer no próximo encontro os materiais trabalhados ao longo do ano sobre os temas
escolhidos, e também realizar novas pesquisas sobre os mesmos.
▪ Ler e estudar em grupo, sobre o tema escolhido, por meio dos materiais trabalhados ao longo do ano e
outros que a turma trouxer sobre o tema.
▪ Registrar o que é importante apresentarem sobre o tema.
▪ Acompanhar os grupos ao longo do estudo para garantir que não omitam aspectos importantes sobre o
tema escolhido; orientar e acompanhar os registros dos grupos.
▪ Esse é o grande dia: cada grupo apresentará o que produziu para o resto da turma.
▪ Após as apresentações, pode-se fazer uma roda de conversa para que eles comentem sobre o processo
de criação e também sobre o que acharam dos trabalhos dos outros grupos.
Observação: se for possível, organize um dia para que os grupos apresentem suas produções para toda a
comunidade escolar.
Anexos 7 53
OFICINA 1
Os Direitos Humanos são direitos fundamentais da pessoa humana. Esses direitos são considerados
fundamentais porque, sem eles, a pessoa não é capaz de se desenvolver e de participar plenamente
da vida.
O direito à vida, à alimentação, à saúde, à moradia, à educação, o direito ao afeto e à livre expressão da
sexualidade estão entre os Direitos Humanos fundamentais.
Não existe um direito mais importante que o outro. Para o pleno exercício da cidadania, é preciso que
cada cidadão tenha garantido todos os Direitos Humanos, e nenhum deve ser esquecido.
Respeitar os Direitos Humanos é promover a vida em sociedade, sem discriminação de classe social,
de cultura, de religião, de raça, de etnia, de orientação sexual. Para que exista a igualdade de direitos,
é preciso respeito às diferenças.
A igualdade racial e entre homens e mulheres é fundamental para o desenvolvimento da humanidade
e para tornar real os Direitos Humanos.
Fonte: Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas
Estratégicas. Direitos sexuais, direitos reprodutivos e métodos anticoncepcionais / Ministério da Saúde,
Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Brasília: Ministério
da Saúde, 2006, caderno nº 2.
OFICINA 2
Quinto encontro - o que significa dizer: todos são iguais, mas respeitando as diferenças?
Artigo I - Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotadas de razão e
consciência e devem agir em relação umas às outras com espírito de fraternidade.
Artigo II - Toda pessoa tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta
Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política
ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição.
54 DIREITOS HUMANOS - ANEXO 3
OFICINA 1
Artigo XXIII
1. Toda pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha de emprego, a condições justas e favoráveis de
trabalho e à proteção contra o desemprego.
2. Toda pessoa, sem qualquer distinção, tem direito a igual remuneração por igual trabalho.
3. Toda pessoa que trabalhe tem direito a uma remuneração justa e satisfatória, que lhe assegure, assim
como a sua família, uma existência compatível com a dignidade humana, e a que se acrescentarão, se
necessário, outros meios de proteção social.
4. Toda pessoa tem direito a organizar sindicatos e neles ingressar para proteção de seus interesses.
Artigo XXV
1. Toda pessoa tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua família saúde e bem
estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis,
e direito à segurança em caso de desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de
perda dos meios de subsistência fora de seu controle.
OFICINA 1
OFICINA 2
Primeiro encontro
Artigo VII - Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem qualquer distinção, a igual proteção da lei.
Todos têm direito a igual proteção contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e
contra qualquer incitamento a tal discriminação.
DIREITOS HUMANOS - ANEXO 6
55
OFICINA 4
Segundo encontro
Excerto:
“Partimos da premissa de que a igualdade não significa uniformidade, homogeneidade. Daí, o direito
à igualdade pressupõe – e não é uma contradição – o direito à diferença. Diferença não é sinônimo
de desigualdade, assim como igualdade não é sinônimo de homogeneidade e de uniformidade. A
desigualdade pressupõe uma valoração de inferior e superior; pressupõe uma valorização positiva
ou negativa e, portanto, estabelece quem nasceu para mandar e quem nasceu para obedecer; quem
nasceu para ser respeitado e quem nasceu só para respeitar. A diferença é uma relação horizontal, nós
podemos ser muito diferentes (já nascemos homens ou mulheres, o que é uma diferença fundamental,
mas não é uma desigualdade; será uma desigualdade se essa diferença for valorizada no sentido de
que os homens são superiores às mulheres, ou vice-versa, que os brancos são superiores aos negros,
ou vice-versa, que os europeus são superiores aos latino-americanos e assim por diante). A igualdade
significa a isonomia, que é a igualdade diante da lei, da justiça, diante das oportunidades na sociedade,
se democraticamente aberta a todos”.
SOARES, Maria Victória Benevides. “Cidadania e Direitos Humanos”. in: Carvalho, José Sérgio (org.).
Educação, Cidadania e Direitos Humanos. São Paulo: Vozes, 2004, pp. 62-63.
Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com
absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao
esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência
familiar e comunitária.
56 ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE (ECA) - ANEXO 8
OFICINA 6
Art. 7º A criança e o adolescente têm direito a proteção à vida e à saúde, mediante a efetivação de
políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em
condições dignas de existência.
Texto de apoio:
Portinari revela, desde o início da carreira, admiração pela obra de Picasso, que é renovada na década
de 1940, após a visão de Guernica (1937).
Seu trabalho passa a apresentar mais dramaticidade, expressando a tragédia e o sofrimento humano
e adquire caráter de denúncia em relação a questões sociais brasileiras, reveladas em obras como as
da Série Bíblica e Os Retirantes.
Na Série Retirantes, apresenta um tema recorrente em sua produção, utiliza elementos expressionistas,
derivados também da Série Bíblica, embora com uma dramaticidade mais controlada. As telas são
construídas com pinceladas largas e em composições piramidais, apresentando tons terrosos e cinza,
que realçam o caráter da representação. O artista expressa a tragédia dos retirantes por meio dos
gestos e das lágrimas de pedra. Escolhe a pintura como via de luta e retorna ao país.
Em 1954, Portinari começa a sentir o efeito do contato diário com as tintas. O médico lhe diz que
está com uma dose anormal de chumbo no organismo e, para evitar uma contaminação maior, deve
abandonar por completo a pintura a óleo ou similares. Candido Portinari falece em 6 de fevereiro de
1962, por contaminação das tintas, aos 58 anos de idade, no auge da fama, consagrado, no Brasil e no
mundo, como um dos maiores pintores do Século 20.
No Brasil, observa-se, como nunca, um desejo expresso e intenso de pesquisar nossa realidade social,
espiritual e cultural. A arte mergulha fundo no tenso panorama ideológico da época, buscando
analisar as contradições vividas pelo país e representá-las pela linguagem estética e assim, a
linguagem expressionista ganha espaço entre os brasileiros. Candido Portinari é um dos expoentes
dessa manifestação artística no Brasil.
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE (ECA) - ANEXO 9 57
OFICINA 6
Art. 15. A criança e o adolescente têm direito à liberdade, ao respeito e à dignidade como pessoas
humanas em processo de desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais
garantidos na Constituição e nas leis.
OFICINA 6
Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua
pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho.
Art. 55. Os pais ou responsável têm a obrigação de matricular seus filhos ou pupilos na rede regular
de ensino.
Art. 71. A criança e o adolescente têm direito a informação, cultura, lazer, esportes, diversões,
espetáculos e produtos e serviços que respeitem sua condição peculiar de pessoa em
desenvolvimento.
Art. 60. É proibido qualquer trabalho a menores de quatorze anos de idade, salvo na condição de
aprendiz.
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE (ECA) - ANEXO 12
58
OFICINA 6
Art. 19. Toda criança ou adolescente tem direito a ser criado e educado no seio da sua família e,
excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária, em ambiente
livre da presença de pessoas dependentes de substâncias entorpecentes.
OFICINA 6
Art. 130. Verificada a hipótese de maus-tratos, opressão ou abuso sexual impostos pelos pais ou
responsável, a autoridade judiciária poderá determinar como medida cautelar, o afastamento do
agressor da moradia comum.
OFICINA 6
Art. 70. É dever de todos prevenir a ocorrência de ameaça ou violação dos direitos da criança e do
adolescente.
Art. 131. O Conselho Tutelar é órgão permanente e autônomo, não jurisdicional, encarregado pela
sociedade de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente, definidos nesta Lei.
Art. 132. Em cada Município haverá, no mínimo, um Conselho Tutelar composto de cinco membros,
escolhidos pela comunidade local para mandato de três anos, permitida uma recondução.
DESIGUALDADE E DIREITOS HUMANOS - ANEXO 15
59
OFICINA 7
Primeiro encontro
Artigo XXIII
1. Toda pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha de emprego, a condições justas e favoráveis de
trabalho e à proteção contra o desemprego.
2. Toda pessoa, sem qualquer distinção, tem direito a igual remuneração por igual trabalho.
3. Toda pessoa que trabalhe tem direito a uma remuneração justa e satisfatória, que lhe assegure, assim
como a sua família, uma existência compatível com a dignidade humana, e a que se acrescentarão, se
necessário, outros meios de proteção social.
Artigo XXV
1. Toda pessoa tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua família saúde e bem
estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis,
e direito à segurança em caso de desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de
perda dos meios de subsistência fora de seu controle.
OFICINA 9
Primeiro encontro
Artigo XVIII - Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; este direito
inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença,
pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela observância, isolada ou coletivamente, em público ou em
particular.
Artigo XIX - Toda pessoa tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade
de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e ideias por quaisquer
meios e independentemente de fronteiras
60
DESIGUALDADE E DIREITOS HUMANOS - ANEXO 17
OFICINAS 11 e 12
Artigo XXV
1. Toda pessoa tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua família saúde e bem
estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis,
e direito à segurança em caso de desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de
perda dos meios de subsistência fora de seu controle.
Referências 8 61
AZEVEDO, Ana Luiza. Em frente da lei tem um guarda. Vídeo. Porto Alegre: Casa de Cinema de
Porto Alegre/Themis - Assessoria Jurídica e Estudos de Gênero, 2000, 20min.
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62
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64 CADERNO DIREITOS HUMANOS EM EDUCAÇÃO