A Fantástica Memória de Funes o Memorioso À Luz Do Inconsciente Freudiano
A Fantástica Memória de Funes o Memorioso À Luz Do Inconsciente Freudiano
A Fantástica Memória de Funes o Memorioso À Luz Do Inconsciente Freudiano
INCONSCIENTE FREUDIANO
Gustavo Figliolo1
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Professor adjunto de Língua Espanhola, Literaturas Hispânicas e Teoria Literária da
Universidade Estadual de Londrina (UEL). [email protected].
claramente que olhar e ver não são a mesma coisa. Da mesma maneira, existe
uma diferença, talvez mais sutil, entre lembrar e recordar. Soren Kierkegaard
(2005, pág. 75) o analisa da seguinte maneira:
A recordação não tem apenas que ser exata; tem que ser
também feliz; é preciso que o aroma do vivido esteja
preservado, antes de selar-se a garrafa da recordação. Tal
como a uva não deve ser pisada em qualquer altura, tal como o
tempo que faz no momento de esmagá-la tem grande
influência no vinho, também o que foi vivido não está em
qualquer momento ou em qualquer circunstância pronto para
ser recordado ou pronto para dar entrada na interioridade da
recordação. Recordar não é de modo algum o mesmo que
lembrar. Por exemplo, alguém pode lembrar-se muito bem de
um acontecimento, até o mais ínfimo pormenor, sem contudo
dele ter propriamente recordação. A memória é apenas uma
condição transitória. Por intermédio da memória o vivido
apresenta-se à consagração da recordação.
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Tzvetan Todorov diz a respeito da que seria a primeira formulação do conceito de fantástico:
“O conceito de fantástico se define, pois, com relação ao real e imaginário [...]”. Semelhante definição é,
pelo menos, original? Encontramo-la, embora formulada de maneira diferente, a partir do século XIX. O
primeiro a enunciá-la é o filósofo e místico russo Vladimir Soloviov: “No verdadeiro campo do
fantástico, existe sempre a possibilidade exterior e formal de uma explicação simples dos fenômenos, mas
ao mesmo tempo, esta explicação carece por completo de probabilidade interna” (TODOROV, 1981, p.
16).
acordo a causas sobrenaturais. A possibilidade de vacilar entre
ambas cria o efeito fantástico.
Referências bibliográficas