Assistência de Enfermagem Nas Emergências Psiquiátricas
Assistência de Enfermagem Nas Emergências Psiquiátricas
Assistência de Enfermagem Nas Emergências Psiquiátricas
Sônia Barros *
Marli Alves Rolim *
INTRODUÇÃO
A procura para atendimento de pacientes apresentando comporta-
mentos indicativos de emergência psiquiátrica sempre ocorreu apesar
de ainda não existirem postos de atendimento adequados para tal.
É sabido que os Pronto-Socorros dos grandes hospitais gerais re-
cebem população merecedora de cuidados em saúde mental e que a
ausência de serviços de emergência capazes de impedir o processo de
cronificação da clientela, através da redução do número de internações
e da realização de intervenções terapêuticas de caráter intensivo, difi-
culta o bom funcionamento das unidades de assistência primária e se-
cundária que requerem cobertura desse pronto atendimento (SÃO PAU-
LO — Estado — s.d.; CESARINO — 1989).
Nos últimos anos foram criados, na cidade de São Paulo, serviços
de pronto atendimento psiquiátrico em pronto-socorro, buscando aten-
der essa população, com o objetivo, portanto, de conter a gravidade do
quadro psiquiátrico do paciente e evitar a internação hospitalar.
Atualmente na região metropolitana de São Paulo existem servi-
ços públicos que se caracterizam como serviço de pronto atendimento
ou unidades de emergência, com leito de observação por até 72 horas
Medidas especificas
Baseadas na nossa experiência e na literatura existente (BAYLEY;
DREYER-1977; HOLBROOK et al. — 1977; MANFREDA-1977; TEIXEI-
RA et al.-1981; CARVALHO et al. 1985; BURGESS-1985), descrevere-
mos a assistência de enfermagem específica para pacientes que apre-
sentam comportamento caracterizados por intoxicação alcoólica e agi-
tação e agressividade.
Avaliação
É importante descartar outras condições somáticas que podem
provocar comportamentos que se assemelham à intoxicação aguda por
álcool. Pessoas que estão desorientadas, com incoordenação e cheiro
de álcool, podem estar sofrendo de condições tais como hematoma sub-
dural, outros traumas cerebrais, hipoglicemia, falência hepática, coma
diabético, super dosagem de barbitúricos, psicose tóxica secundária à
mistura de álcool e outras drogas.
Para essa avaliação é necessário que se faça, inicialmente, o con-
trole dos sinais vitais e se procure evidências de trauma físico, tais
como contusões, abrasões e lacerações.
É importante ainda obter-se, junto a familiares ou amigos que acom-
panham o paciente, dados de saúde — existência de doenças crônicas,
outras drogas ingeridas ou disponíveis e história de quedas e trauma-
tismo craneano, assim como a história sobre o hábito de beber do
paciente — descrição do episódio, quanto consumiu de álcool, qual o
comportamento quando bebe, se existe ingestão de alimentos.
Intervenção
Os problemas somáticos e traumas físicos devem ser imediata-
mente tratados.
A manifestação de comportamento inadequada deve ser controlada
por meio de ambiente sem estímulo e, se necessário, restrições mecâ-
nicas leves.
É fundamental que o enfermeiro e o pessoal de enfermagem, que
dão cuidados ao paciente, mantenham uma atitude não julgadora. De-
ve-se evitar rotular o cliente com palavras e frases tais como, "freguês",
"bêbado de novo".
Deve-se ter claro que tentativas de fazer o paciente raciocinar são,
geralmente, ineficazes durante o estado de intoxicação. Deve-se agir de
forma a controlar a situação rapidamente e então estabelecer diálogo
com o cliente.
Quando o cliente estiver sóbrio, tentar providenciar informações
sobre os efeitos do álcool, sobre outros problemas somáticos, e alter-
nativas para lidar com ansiedade e tensão. Deve-se, ainda, informá-lo
sobre os recursos para tratamento, na comunidade.
Avaliação
Intervenção
Ao abordar a pessoa agressiva, o enfermeiro deve falar com a pes-
soa agressiva e continuar falando do começo ao fim do manejo da
situação. Tenta-se transmitir, ao paciente, a expectativa de que a situa-
ção está sob controle e que, o fato dele acalmar-se é suficiente para
finalizar a crise.
Os recursos humanos para esta assistência incluem o pessoal da
sala de emergência psiquiátrica e, se necessário, o pessoal de outras
áreas do Pronto-socorro, guardas de segurança e, como último recurso,
visitantes da sala de emergência.
Os parentes e amigos do paciente podem servir para acalmar ou
inflamar a situação. Se a presença desta pessoa está acalmando, o
enfermeiro deve fazer uso desta influência; se está agravando mais a
situação deve-se removê-la da área tão rapidamente quanto possível.
É importante, ainda, ter ciência de que os problemas que as pes-
soas da equipe de enfermagem encontram ao cuidar do paciente são
decorrentes, na maioria, da atitude das mesmas em relação às manifes-
tações de agressividade.
A equipe deve ter claro, que se há perigo imediato para a pessoa
agressiva ou para os outros, ela deve intervir, indiferente ao risco pes-
soal; se a violência destrói somente equipamentos, a equipe deve inter-
vir quando isto pode ser feito sem riscos pessoais. Deve-se, tão rapi-
damente quanto possível, remover outras pessoas que possam estar
em perigo.
Se as tentativas iniciais de intervenção verbal não forem suficien-
tes, o enfermeiro e equipe devem mover-se rapidamente para obter
medidas físicas que o auxiliem. Quando é óbvio que o controle físico
é necessário, deve-se limitar o alcance dos movimentos do paciente.
Deve-se administrar a medicação prescrita, para o controle do com-
portamento. A restrição física deverá ser mantida até que a medicação
faça efeito. É necessária a manutenção de controle de sinais vitais,
uma vez que é freqüente a hipotensão como efeito colateral dos tran-
qüüizantes.
Se a medicação não controlar suficientemente o comportamento
do paciente, deverão ser usadas as restrições mecânicas, com as pre-
cauções e cuidados necessários.
A equipe de enfermagem deve lembrar que o paciente agitado e
agressivo está incapaz de controlar essas manifestações, provocando
medo e rejeição nos que o rodeiam, o que gera exacerbação daquelas
manifestações.
A assistência de enfermagem descrita neste trabalho se refere ape-
nas aos cuidados iniciais a pacientes atendidos em um serviço de emer-
gência psiquiátrica. É importante ressaltar que após o atendimento
imediato do paciente e, quando este permanecer em observação nas
enfermarias, a enfermeira desempenhará outras atividades, decorren-
tes de suas funções, tais come observação e descrição de seu compor-
tamento, intervenção em crise, uso das medidas terapêuticas em enfer-
magem, atendimento de suas necessidades básicas, orientação ao pa-
ciente e seus familiares, entre outras.
BARROS, S.; ROLIM, M.A. Nursing care in the psychiatric emergency room. Rev.
Esc. Enf. USP, v. 26, n. 2, p. 125-36, Aug. 1992.
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