Zeni, Maurício - Os Cegos No Rio de Janeiro Do Segundo Reinado e Começo Da República PDF
Zeni, Maurício - Os Cegos No Rio de Janeiro Do Segundo Reinado e Começo Da República PDF
Zeni, Maurício - Os Cegos No Rio de Janeiro Do Segundo Reinado e Começo Da República PDF
MAURÍCIO ZENI
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MAURÍCIO ZENI
REPÚBLICA
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notória. III. Título.
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OD 371.911
MAURÍCIO ZENI
REPÚBLICA
Banca Examinadora:
Niterói 2005
"O cego movimenta seu bastão branco
como que para tomar a temperatura da
indiferença humana".
Ramón Gómez de La Serna (1888-1963),
Greguerias.
Dedico este trabalho aos companheiros Louís
emancipação social.
AGRADECIMENTOS
Inicialmente, lembro o CNPQ por financiar parte desta pesquisa. Sem esta bolsa, não me
seria possível contratar alguém para estar nos arquivos comigo. Lembro o excelente atendimento
que tive no Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro, na Biblioteca Nacional e no Arquivo
Nacional. Débora, Valéria e Luciana, que copiou boa parte do material. A todos da secretaria da
nossa "Pós" por sua presteza e bom atendimento, mesmo quando se tratava de coisas difíceis. A
direção do Instituto Benjamin Constant, pelas vezes que convidou-me para trabalhos e palestras,
além de conceder-me, junto com outros que muito a mereceram, medalha comemorativa do
sesquicentenário de nosso Instituto. Os professores Rachel, Suely e Guilherme, com quem
aprendi bastante. Fernando Antonio Faria que, por não "existir ex-orientador", conforme ele diz,
muito me ajudou no mestrado, importante degrau para chegar onde estou. Jorge Damasceno,
com nossas constantes trocas de livros e outros papos. Jonir, pelo papo, troca de material e seu
interesse pela história e memória de nosso Instituto.
Mary, por segurar nossa barra em hora bem difícil. Celi, pela troca de livros e, junto com
Leonor, impedir certas barbaridades escritas. Professores Alessandra, Lilia, Magali e Renato, que
aceitaram de muito bom grado avaliar este trabalho. Professores Hebe Matos e Marcos Bretas,
que aceitaram a suplência da banca. Martha, queridíssima orientadora, que sempre tratou com
muita calma as rebeldías de orientando nem sempre muito cordato; que corrigiu o trilho e não
deixou o trem sair dele. Hercen e Guri, muito mais que amigos, companheiros de luta. Sônia,
companheira de sempre e para sempre; há muito que compartilhar e ser. Companheiro José
Álvares de Azevedo, minha eterna gratidão.
SUMÁRIO
Resumo 07
Abstract 08
Resumen 09
Listagem de fotos 10
Apresentação 16
Capítulo III - A educação dos cegos no Brasil. O projeto de Cornélio Ferreira França.. 102
A conquista de um Instituto para cegos no Brasil 107
José Francisco Xavier Sigaud; um diretor não oficial 113
O Regulamento Provisório e o Regimento Interno 123
Organização administrativa 127
Do Comissário do Governo 128
O Diretor 129
O Capelão 131
O Médico 131
Admissão dos alunos 133
O curso 137
O magistério 142
Disciplina e controle 145
Problemas e dilemas de uma Instituição Nascente 157
Bibliografia 222
Fontes 228
Anexos 235
I )
II )
III ) :
IV )
V )
VI )
VII )
RESUMO
Este trabalho encontra os cegos fora das instituições e de seus lares e em uma instituição
de caráter educacional, o Imperial Instituto dos Meninos Cegos. O pensamento que se tem sobre
os cegos e a cegueira é tratado de duas maneiras: como imaginário, mostrado principalmente
através da literatura do século XIX e início do XX e como sistematizado, através dos escritos de
Diderot e de pessoas que se ligaram ao instituto brasileiro. Destaque deve ser dado ao discurso
de Antonio Lisboa Fagundes da Silva, ex-aluno e, depois, professor do Instituto, que representa
os próprios cegos falando por si mesmos.
O Instituto só admitiria alunos totalmente cegos dos 6 aos 14 anos para um curso de 8
anos com prorrogação de mais dois. Estava prevista a matrícula de dois terços de alunos
contribuintes para um terço de gratuitos, esperando-se que os presidentes de províncias
enviassem cada um dois cegos, custeando-lhes a permanência no Instituto.
This work finds the blinds out of institutions and their homes and in a educational institution, the
Imperial Instituto dos Meninos Cegos. The thought about the blinds and the blindness is treated in
two ways: as imaginary, mainly by the literature of the nineteenth and beginning of twentieth
centuries and as systematic by the wrintings of Diderot and people linked with the brasilian
institute. Emphasis must be given to Antonio Lisboa Fagundes da Silva's discourse, fore pupil and
teacher in the Institute that represents the blinds speaking for themselves.
The life of the Imperial Instituto dos Meninos Cegos, oficialy installed in september 17 of 1854, is
discussed in chapters III e IV, when the two mies that regulated it from 1854 to 1889 (Regulamento
Provisório e Regimento Interno) are analyzed, as well as the performances of their directors: José
Francisco Xavier Sigaud, Cláudio Luiz da Costa e Benjamin Constant Botelho de Magalhães.
Outside any institution, the blinds practiced several activities besides that commonly attributed to
them, the mendicity. In the Institute, studied ali the disciplines of primary and some of the
secondary courses, music, bookbindingand printing in braille. There are unsuccessfull tentatives of
employing pupils outside the Instituto in whatwas called "mechanical arts". Although some fore pupils
laboured as organists in churchs and teachers of piano, pipe organ and others matters, the great
majority went linked on the Instituto as teachers, laborer in ther workshops or "sheltered" there.
Besides the initial difficult in getting pupils, the great problem of the Instituto was the limitations to
the growth of their mumber imposed by one of its rulers (Regimento Provisório) that limited it in
thirty, the room in the two houses were the Instituto was and budget endowments
The Instituto only admitted pupils from six to fortten years to a course of eight years, prorrogated
for mor two. It was forecasted the matriculation of two thirds of contributor pupils and one third of
non-contributors, being expected that provincial presidents sent two blinds each, paying for their
presence in the Instituto. The law of the Instituto was much disobeyed, mainly referring to the
gratuitous, that consisted in the great majority of the pupils, including becaus provincial presidents
sent no contributor pupil.
Keywords: blinds, blindness and mendicity, education of blinds, Imperial Instituto dos Meninos
Fuera de qualquier institución, los ciegos ejercieron muchas actividades además de aquella
comunmente atribuída a ellos, Ia mendicidad. El pensamiento que se tenía sobre los ciegos y Ia
ceguera estuvo marcado por Ia noción de que los ciegos vivían en Ias trevas, concepto dei cual
hoy, aun no estamos libres. En el Instituto, estudiaron Ias diferentes matérias dei curso primário,
algunas dei secundário, música, encuadernación de libros e impresión en el sistema braille. Hubo
algunas tentativas de aprendizado y colocación professional aparte dei Instituto, llamadas "artes
mecânicas", mas que no fueron bien sucedidas. Aunque algunos conseguieron trabajar como
organistas en iglesias, como professores de piano, órgano y otras matérias, Ia mayoria continuo
'igada al Instituto como profesores, trabajadores en sus propias oficinas o mismo "asilados".
Además de Ia dificultad inicial en conseguir alumnos, el gran problema dei Instituto fueron Ias
'imitaciones al aumento numérico impuestas por el Regiamente Provisório que Io limitaba en
treinta alumnos, el reduzido espacio en los dos edifícios que sucesivamente abrigaron el Instituto
Y Ias insuficientes dotaciones presupuestarias.
El Instituto solo admitiria alumnos totalmente ciegos de los seis a los catorze anos para un curso
de ocho anos con prorrogación de más dos. Estaba prevista Ia matrícula de dos tercios de
Palabras llave; ciegos, ceguera y mendicidad, educación de los ciegos. Imperial Intituto dos Meninos
Cegos, colocación professional de los ciegos.
Listagem de Fotos
Foto 03; Benjamin Constant com alunos do Imperial Instituto dos Meninos Cegos - F13
Armário 65, F13 - 1/BR/ BR1/ BR2 Armário/92
Foto 04: Benjamin Constant com alunas do Imperial Instituto dos Meninos Cegos F13 -
1/BR/ BR1/ BR2 Armário/92
Foto 06; Vista frontal do Instituto Benjamin Constant localizado no bairro da Urca - Rio
de Janeiro à época dè sua inauguração - F36 Armario/65
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As questões ligadas aos cegos enquanto tais estão longe de serem bem aquinhoadas na
academia. A área de saúde, ao interessar-se pela visão, não se interessa, de fato, pela cegueira;
busca "preveni-la".
A área de educação é a que mais tem tratado os cegos por se encontrar razoavelmente
"cristalizada", por contar a educação dos cegos com mais de um século e meio de existência e
envolver maior número de pessoas que em outras atividades a eles ligadas. A partir da década
de 1980, ganha força uma subárea, a da "educação especial", inclusive em nível de pós-graduação.
É também a partir desta época que os cegos perdem um pouco de sua identidade em favor de
uma categoria totalizante, a dos chamados deficientes, ou como aparece na Constituição Federal de
1988 e boa parte da legislação, "portador de deficiência", sendo também rotulados na área educacional
de "portadores de necessidades especiais"ou "com necessidades educacionais especiais".
Esta carência traz dificuldades a quem pretenda enveredar-se pela escrita da história dos
cegos em contraposição ao fato indiscutível da originalidade de seu trabalho. A "massa crítica"
existente impõe maior reflexão na formulação teórica e de hipóteses de trabalho o que pressupõe
mais "audácia". Nesse trabalho, As idéias não são necessariamente apenas minhas, em virtude
de uma já longa trajetória como militante da causa dos cegos.
17
A categoria gênero é constituída a partir da compreensão de que "ser homem" e "ser mulher"
é muito mais que as "diferenças" de sexo impostas pelo biológico. "Ninguém nasce mulher, torna-
se", já nos disse Simone de Beauvoir. A ausência do sentido da visão é bastante insuficiente para
se saber de quem se fala. Também aqui, ninguém é cego ao não enxergar, torna-se.
Além de inválidos, os cegos também seriam tristes, agressivos ou dóceis, frágeis ou brutos,
desconfiados, desajeitados... Para dar conta destes "diferentes", chegou-se a pensar em uma
"psicologia dos cegos", em uma disciplina específica, a "tiflologia", que teriam seus próprios
"especialistas". Ainda que não estejamos totalmente livres destas idéias, não são elas prevalentes
em virtude da maior inserção dos cegos-em toda a trama social, para o que as instituições
educacionais, tanto as específicas quanto as comuns, jogaram e jogam papel decisivo.
Porque não esposo qualquer perspectiva essencialista relativa aos cegos, este trabalho
não fala "do cego", mas "dos cegos". O que os une são o estigma e a discriminação, possibilitando
"uma história dos cegos". É por isso que fica explícito no segundo capítulo que a história dos
cegos é a história de sua estigmatização. Constituem, pois, os cegos uma minoria social.
O estudo da história dos cegos contribui, assim, para o conhecimento de outras minorias
sociais. Ajuda a desvendar o processo de estigmatização e a situação de outros segmentos
discriminados. Nesse trabalho, os cegos não serão encontrados nem como vítimas, nem como
heróis, mas como participantes ativos de suas relações sociais. São pessoas que aceitam o lugar
a eles concedidos e contra ele se rebelam.
Esse trabalho está dividido em quatro capítulos. O primeiro encontra os cegos fora das
instituições e de suas casas. O segundo discute o pensamento acerca dos cegos e da cegueira
no século XIX e começo do XX. O terceiro aborda o início da educação dos cegos no Brasil. O
quarto analisa a consolidação do Imperial Instituto dos Meninos Cegos.
O primeiro capítulo inicia com um panorama sobre a presença dos cegos na Europa da
Idade Média e Moderna, onde outras atividades exercidas por eles aparecem associadas à pura e
simples mendicidade ou apartadas dela. Discute-se o combate à mendicidade e a situação dos
asilos criados pelo poder público na cidade do Rio de Janeiro. A presença dos cegos nas ruas
desta Cidade na segunda metade do século XIX e começo do XX é mostrada através dos
cronistas e da documentação sobre licenças públicas para o exercício de atividades como
música, venda e outras. Também aqui a mendicidade dos cegos tem lugar de relevo, muito mais
tolerada que combatida. Ainda que poucos, alguns cegos tiveram posição de destaque como o
pregador Francisco de Monte Alverne e o livreiro Albino Jordão.
O trabalho que entrego a vocês, fruto direto da pesquisa realizada para meu
doutoramento, é a proposta de uma vida inteira. Não trouxe este projeto para a universidade, foi
ele que me trouxe. Estudar a história dos cegos não é simples passatempo, é necessidade
inadiável. Nós, os inconformados de hoje, confirmamos ser conquista o que hoje temos e não
dádiva; confirmamos não sermos apenas uns poucos revoltados, mas sucessores de muitos
companheiros a quem muito devemos.
CAPÍTULO I
A história dos cegos é a história da estigmatização da cegueira. Ainda que nem sempre
disto os cegos não se apercebam, são eles dela importantes agentes, pois sua postura diante da
sociedade e de sua limitação conforma suas transformações. Tomada a visão como sentido
hegemônico, é fácil ter os outros na conta de secundários na apreensão do mundo. É nesse
sentido que Marilena Chauí (1993), referindo-se ao olhar, desenvolve seu texto "Janela da alma,
espelho do mundo", em que mostra, na perspectiva da história da filosofia, a relação entre a visão
e o pensamento filosófico. A ausência da visão se constituiria, então, em deficiência muito grave,
comparável mesmo à morte, razão por que não foi incomum cegarem os vencidos em guerras ou
os perpetradores de crimes considerados muito sérios.
A cegueira não foi excepcional nos tempos chamados de antigo,. médio e moderno,
levando-se em conta sua ocorrência na literatura e, mais recentemente, em trabalhos ligados às
ciências humanas ao abordarem a marginalização social. Afora a cegueira provocada por guerras
e outros acidentes, causas ainda hoje prevalentes, motivadas por condições sanitárias e
nutricionais, seriam mais acentuadas por força de práticas tendentes a reforçá-las e reiterá-las,
bem como por desconhecimento de agentes provocadores. Como exemplo, a catarata já era
conhecida e de alguma forma tratada pelas medicinas grega e árabe. Acreditavam que ela se
dava pela formação de um líquido no crânio que descia para o olho, solidificando-se entre o
cristalino e a pupila, daí o termo latino "catarata". Julgavam, assim, que, ao retirar a membrana
esbranquiçada do olho, estariam retirando esta solidificação. Esse equívoco não os impediu de
obter freqüente sucesso nesta operação (Michaux: sd, 74).
21
No século VII, por iniciativa do Bispo de Le Mans, São Bertrão, foi criada na França uma
instituição para cegos perto de Pontlieu. Em 1260, por iniciativa de Luís IX de França, São Luís,
que conta com muitas curas de cegueira entre seus milagres (MOLLAT: 1989, 33), foi criada uma
casa para cegos, "Les Quinze-Vingts" (Os trezentos), precursora dos chamados asilos para cegos,
principalmente tanto pelo número elevado destes que abrigava quanto pela intervenção direta do
poder público, significando uma ação mais organizada, com pretensão de atendimento
continuado1. Essa instituição não tinha caráter fechado, ficando livres seus hóspedes para
mendigar na cidade (LOBO: 1997, 347). Nesse sentido, está este asilo bem distante das instituições
fechadas surgidas a partir do século XVIII, quer sejam de natureza meramente asilar, quer sejam
de natureza educacional ou mista, até porque, por esta época, a mendicidade vinha sendo cada
vez mais condenada por conta de forte ideologia a favor do trabalho, principalmente para as
classes consideradas subalternas. São Luís não ficou apenas nessa casa, seguindo-se outras
como em Caen (MOLLAT: 1989, 33). Após as casas de São Luís, outras se seguiram, como as de
Chartres em 1291 e St. Mary em Londres em 1331 (MOLLAT: 1989, 46).
1
Com base no historiador cego Edgar Guilbeau, Antonio Lisboa Fagundes da Silva, ex-aluno e professor do Instituto
Benjamin Constant, contesta ser esta iniciativa de Luís IX, conforme será abordado no capítulo 11.
22
No que diz respeito à mendicância errante, a invalidez não pode ser propriamente
invocada no caso dos cegos, pois deles era exigida muita capacidade de locomoção, apesar de
se fazerem acompanhar de um guia, e muita habilidade no manejo das condições de vida
engendradas no meio mendicante. Ainda assim a atribuição de invalidez por parte da sociedade
era-lhes indispensável no exercício de suas atividades, as quais incluíam geralmente, além do
pedido explícito de esmola, cantorias, narrativas, pregação religiosa etc., o que não quer dizer
que seus praticantes fossem necessariamente mendigos, quando não se tratavam de cegos. Isto
indica que os limites da mendicidade não são tão simples de estabelecer-se.
"Durante a Idade Moderna foi muito freqüente que as mulheres cegas fossem de
povoado em povoado, vendendo poções para remediar toda espécie de males,
águas milagrosas, elixires de amor para atrair ou reter o ser amado, alucinógenos
para extasiar-se e toda classe de amuletos. Tal profissão fez que se associasse a
cegueira com a bruxaria e inclusive que pensassem as pessoas ingênuas que os
cegos possuíam faculdades encantatórias2
Alguns cegos conseguiram ser admitidos em fábricas onde executavam atividades que não
exigiam muitos deslocamentos nem a manipulação de substâncias e máquinas perigosas como
empacotamento de produtos e confecção de velas (Martínez: 1992, 18-23).
Tanto Geremek quanto Moilat apontam para uma sempre presente ideologia do trabalho
como dignificador do homem e possibilitador de sua independência e crescimento. Mas as
2
Tradução livre feita do espanhol.
23
A primeira experiência de Lázaro com o cego se deu quando este lhe pediu que o
aproximasse de um touro de pedra, dizendo-lhe que, se encostasse o ouvido na pedra, ouviria um
3
O termo aleijado continuará a ser usado por estar mais próximo da noção de mendicidade. O termo atualmente
empregado, deficiente físico, se mostra um tanto anacrônico para se referir a esses indivíduos.
24
grande barulho. Ao certificar-se de que sua cabeça se achava encostada à pedra, deu-lhe
portentoso tapa fazendo com que desse uma tal cabeçada que o deixou por três dias com forte dor
de cabeça. Disse-lhe o cego em forma de advertência: "Ficas a saber, meu grande estúpido, que um
moço de cego tem que ser mais esperto do que o Diabo." Para demonstrar que isto era apenas parte
do aprendizado, declarou: "Eu ouro e prata não te posso dar, mas conselhos úteis para a vida hei
de dar-te muitos (Anônimo: 1993, 36)," Para Lázaro, "desde que Deus criou o mundo, não houve
outro mais astuto nem sagaz". Era um gênio no seu ofício, pois sabia para mais de cem orações:
lhes prometia melhores condições, pois o que era reproduzido em forma de letras era apenas de
natureza visual. Mas essa nova situação trouxe à mente de alguns calígrafos e impressores a
possibilidade de os cegos lerem e escreverem utilizando o tato. Em 1517, o calígrafo italiano
Giorolamo Cardano idealizou um método que consistia em gravar em relevo as letras, pôr em
cima um fino papel, fazendo com que o cego seguisse seu contorno com um estilete até que a
mão adquirisse o hábito necessário para poder escrever sem necessidade da guia. Também
empregava letras soltas em relevo, feitas de cartão ou madeira, que o cego aprendia a distinguir e
juntar, formando um texto. Anos mais tarde, o italiano Rampazetto utilizou método parecido
fazendo jogos de letras esculpidas sobre finas tábuas de madeira. Para facilitar a aprendizagem
da leitura, empregava frases completas gravadas em blocos de madeira, tiras de couro ou cartão.
Em 1575, Rampazetto dedicou a São Carlos Borromeo, bispo de Milão, um livro intitulado
"Exemplares de letras gravadas em madeira para instruir aos cegos", que talvez seja o primeiro
livro de pedagogia para cegos4.
Em 1784, Valentin Haüy funda em Paris a primeira escola para cegos, inspirado no
pensamento de Diderot que em sua "Carta sobre os cegos para uso dos que vêem" afirmava ser
possível a educação dos cegos. Tinha início a implementação das instituições fechadas para
cegos, bastante condizente com uma sociedade disciplinar, conforme expresso por Michel
Foucault. Abria-se uma nova perspectiva, pois, até então, haviam sido criados abrigos para
mendigos cegos sem compromisso com qualquer tipo de instrução. Espalharam-se rapidamente
pela Europa instituições semelhantes, tendo os EUA a sua primeira no final da década de 1820.
Aceita-se como 1825 o ano da invenção do sistema Braille criado por Louis Braille, aluno
da escola dè Paris que contava então 16 anos. Tinham agora os cegos uma demonstração
inquestionável de que também podiam ser educados e instruídos. Isto permitia-lhes e à sociedade
repensar suas possibilidades como pessoas.
Como indicativo de uma maior dignificação da pessoa cega, na década de 1830 , o baiano
Domingos Alves Branco Moniz Barreto, no intuito de melhorar a riqueza do Brasil, sugere a
criação de leis, inclusive promovendo a mobilização dos mendigos, dizendo que eles poderiam
perfeitamente ser empregados em serviços artesanais: "Um cego não tem impedimento algum
para ganhar jornal na forja de um ferreiro, um aleijado das pernas é hábil para aprender o ofício
de alfaiate". (Domingos Alves Branco Moniz Barreto: "Memória sobre a abolição do comércio da
escravatura", in João Severiano Maciel da Costa et alli: "Memórias da escravidão" Brasília, 1988, p. 97.
apud FRAGA FILHO: 1995, 39).
4
Tradução livre do espanhol do livro de Jesus Montoro Martínez (1992, 22-23).
26
Afirmações como essas podem ser consideradas indícios de que a cegueira não
significava invalidez absoluta no século XIX. Isto justificaria e explicaria a existência de escravos
cegos sendo utilizados em atividades diferentes da mendicidade, conforme fica indicado nesse
capítulo. A esse respeito, no capítulo II discute-se o caráter não monolítico da estigmatização.
Neste capítulo, a investigação se centra na presença dos cegos na cidade do Rio de Janeiro,
exercendo atividades fora de seus lares, sem excluir, obviamente, a mendicidade, mas tendo em
perspectiva outras possibilidades.
Sob a condição genérica de oftalmia, algumas doenças hoje mais bem conhecidas
estavam consideradas. É o caso da blenorragia e do tracoma que, ao acometerem os nascituros,
receberam a denominação comum de conjuntivite purulenta dos recém-nascidos. A blenorragia
podia passar despercebida pelas mulheres que, no parto, podiam transmiti-la aos olhos da
criança, o mesmo se dando através do contato das mãos ou panos que também favorecia
condição idêntica nos adultos. De muito fácil transmissão, principalmente através do coito, era
endêmica em todo o Brasil, já no século XIX, sendo bastante comum entre os trazidos da África
nos navios negreiros. Sua ação nos olhos é devastadora, afetando inclusive a córnea.
O tracoma não teve de início penetração no Rio de Janeiro. Entrou no Nordeste a partir da
segunda metade do século XVIII pelo Maranhão e, já no século XIX, em São Paulo e no Sul através
de colonos vindos da Europa, não sendo, portanto, trazida pelos africanos. Sua transmissão
também é muito fácil através do contato das mãos ou de panos contaminados e por moscas que
optam por pousar nos olhos. Embora tenha também ação devastadora, pode não levar à cegueira
imediatamente. Já a varíola, quando afetava os olhos, era motivo de cegueira certa.
As cataratas, que são uma afecção que se traduz na opacidade do cristalino, também
podem ser congênitas. Geralmente, não levam à cegueira imediatamente, podendo até não fazê-
lo O livro de Matrículas do Instituto Benjamín Constant registra casos de alunos que, após
operados, recuperaram um pouco de visão. O maior envelhecimento da população tem trazido à
tona outras causas de . cegueira, como o diabetes, que não podem ser consideradas como
prevalentes no período aqui considerado.
Em 1857, Cláudio Luiz da Costa, médico e diretor do Imperial Instituto dos Meninos Cegos
afirmava que a cegueira era raramente congênita, que as crianças cegavam por causa das bexigas
ou das oftalmias purulentas, moléstias a que são muito sujeitos os recém-nascidos da classe
pobre, sendo esta a razão porque havia um grande número de cegos nesta condição5 Benjamin
Constant, também diretor daquele Imperial Instituto, afirmou, na breve noticia que enviou ao
5
AN IE 52 1857, documento: 040.
28
Ministro do Império, João Alfredo Correia de Oliveira, em 21 de julho de 1873, que a distribuição
geográfica dos cegos se devia a alguns fatores, também comprovados no Brasil, como elevação
dos solos acima dos níveis dos mares6.
Dessa forma, a oftalmia era uma epidemia nacional, constatada inclusive por alguns
viajantes, como George Gardner, que visitou o Ceará na década de 1860:
Mary Karasch menciona a descrição dos viajantes relativa à situação lamentável em que
se achavam os escravos ao desembarcarem dos tumbeiros no Rio de Janeiro. Apresentavam-se
descarnados, esquálidos, sendo muito comuns a sarna, as escrófulas, o escorbuto. Muitos
apareciam com bexigas e, se porventura, "uma epidemia de oftalmia tivesse atacado muitos
durante a viagem, os vendedores puxavam filas de escravos cegos tropeçando uns atrás dos
outros até o armazém". (KARASCH: 2000, 74).
David Gomes Jardim, em tese apresentada à Academia de Medicina em 1847 (apud LOBO:
1997, 249), apresenta o trabalho noturno como causa de cegueira entre os escravos. Não pode,
pois, causar surpresa a presença constante e acentuada de cegos, inclusive entre os escravos.
John Luccock (1975; apud LOBO: 1997. 249) observa, em 1808, também esta forte presença,
mostrando grande estranhamento:
6
AN IE 59 1873, documento: 047.
7
(Marrocos:sd).DascartasdeMarrocos,sóconsulteiosexcertoscolocadosàdisposiçãonainternet pela Biblioteca Nacional.
Creio que a consulta às muitas cartas lá existentes dariam pouco resultado em face do trabalho que esta busca exigiria.
29
"Há no Rio muita gente cega; em proporção maior, creio eu, do que a maioria das
cidades. Até que ponto pode isso ser devido ao calor e à luminosidade do clima, não
é fácil determinar; mas como esses sensivelmente produzem irritações bastante
graves dos olhos, é provável que sua influência na destruição da vista não seja
pequena. Pareceram-me esses desgraçados diferentes nas maneiras daquilo que
observei por outras partes".
Como justificação de sua hipótese, compara os cegos daqui com os europeus:
"A/a Europa, a maioria dos cegos leva os olhos esbugalhados andando eretos, com a
cabeça para trás, e fixando o ar iluminado como que à procura de luz. No Rio de
Janeiro, aqueles que já um dia gozaram dos benefícios da visão, perdendo-a,
derrubam a cabeça e se encolhem como que desejando a face do esplendor
opressivo; as pálpebras de quase todos são bastante pisadas. Encontram-se aqui,
como noutros países, olhos defeituosos de nascença, os hábitos das pessoas assim
atingidas são muito semelhantes aos das de outra parte".
Thomas Ewbank, viajante norte-americano, no final da década de 1880 constata muitos
ex-votos e placas de agradecimentos na igreja de Santa Luzia, como ele dizia, "A deusa dos
cegos". Mary Karasch diz que uma das igrejas de muita significação para os escravos era
exatamente a de Santa Luzia, onde iam pedir proteção contra a cegueira. (KARASCH:2000, 101).
O livro de matrículas do Instituto Benjamin Constant, abrangendo um século de sua
existência, de 1854 a 1954, poderia ser muito importante para uma amostragem das causas de
cegueira, até porque ali chegaram cegos de quase todo o País, embora com forte concentração dos
da Corte e da província do Rio de Janeiro. Até 1902, entraram para o Instituto 233 pessoas cegas
de ambos os sexos. Há, no entanto, sérias limitações para um uso confiável de suas informações.
Por força da lei vigente, o Instituto não podia admitir escravos. Salvo algumas
transgressões aos regulamentos e uns poucos alunos externos, só era permitida a admissão de
alunos dos 6 aos 14 anos, o que de pronto elimina possíveis causas mais ligadas aos adultos,
como acidentes de trabalho ou por conta de exigências profissionais. O número elevado de
classificados como causa ignorada, mais de 50%, reflete tanto o desconhecimento dos
responsáveis pela documentação dos alunos, quanto o desinteresse de se registrar essa
informação, que, depois de 1890, passou a ser rara. Aquela doença genérica, oftálmia, responde
por quase 25% do total, não sendo de se desprezar a varíola e as deficiências congênitas.
As causas prevalentes de cegueira aqui apresentadas estão ligadas a condições higiênicas
e sanitárias a elas conducentes. Estão elas condicionadas por hábitos e costumes fixados
culturalmente, pela falta de recurso da maioria da população e pelo desconhecimento dos agentes
que as provocam. O fato de serem endêmicas na cidade do Rio de Janeiro permite supor que cegos
podiam ser encontrados com muita facilidade por qualquer habitante, o que tornava "natural" sua
presença nas ruas. Por certo que muitos não se expunham ou eram expostos às ruas, ficando
confinados às suas casas. Destes nada posso dizer pela falta de documentação a este respeito.
ENTRE A VADIAGEM E A MENDICÂNCIA: DILEMAS DO PODER PÚBLICO
Na cidade do Rio de Janeiro do século XIX e início do XX, a mendicidade foi tratada como
"caso de polícia", nela também interferindo, em maior ou menor medida, a Câmara Municipal e o
próprio prefeito. Também no Rio de Janeiro, tomava-se difícil a distinção entre os falsos mendigos
(vadios) e os verdadeiros mendigos, aqueles que, de fato, necessitavam esmolar. Atentas ao
combate à vadiagem, as autoridades governamentais colocavam a mendicidade sob suspeição.
Também presente estava a idéia de retirar os mendigos das ruas, ainda que com variações na
coerção de sua prática, coerçâo esta pendente das possibilidades de encaminhamento dos
mendigos para as instituições devidas.
O que hoje seria denominado "lumpen" foi então considerado "classes perigosas". Este
enquadramento, apontado por Sidney Chalhoub (1996, 20-29), com base em discursos
parlamentares ocorridos nos meses que se seguiram à abolição da escravidão, mostra como
houve, no pensamento das elites dominantes, similaridade entre pobreza e classes perigosas. Se
os pobres nem sempre eram perigosos em termos de agressividade, eram-no em possibilidade de
contágio de moléstias bastante comuns no Rio de Janeiro como a varíola, a febre amarela etc.
Nesse sentido, afastá-los das ruas do centro comercial e residencial não significava apenas inibir
suas atividades, mas também isolá-los o melhor possível para o que se fazia mister - demolir suas
casas enviando-os à periferia da cidade. Como havia muitos espaços a serem ocupados nos
morros que circundavam este mesmo centro comercial, os pobres foram deles se apropriando,
iniciando-se o processo de "favelização".
Meu interesse centra-se, necessariamente, naqueles que pediam por serem tidos como
incapazes, que, para fins da atuação do poder público, eram os verdadeiros mendigos, passíveis
de serem arrolados nas determinações daquela postura de 1830, determinações estas que não
foram revogadas e sim mais bem utilizadas à medida que foi crescendo a intenção de higienizar e
civilizar a cidade do Rio de Janeiro.
No art. 296 estão previstas penas de prisão simples ou com trabalho, segundo o estado
das forças do mendigo, por 8 dias a um mês. Seriam punidos aqueles que andassem mendigando:
O primeiro item deixa o poder público refém da existência de locais onde os mendigos
pudessem ser abrigados. Como em 1830 existiam poucos asilos, a maioria ligada à Santa Casa
de Misericórdia e principalmente dedicados à infância, teria o poder público de construí-los, até
porque não seria possível obrigar entidades particulares a aceitar todos os mendigos
provenientes das ruas, mesmo se houvesse forte participação do poder público nessas entidades.
Ficava, assim, o poder público refém de si mesmo, pois cabia a ele atender a um tipo de
demanda que dependia de sua própria conceituação. Isto tem de ser levado em consideração na
questão da maior ou menor tolerância relativa à mendicidade.
Na década de 1830, já era notável a quantidade de mendigos nas ruas do Rio de Janeiro,
constituídos em sua maioria de "anf/gos escravos cstropiodos ou onvo!hccidos. de morinhoiros
estranqeirosquetinhamabandonadoseusnaviosedecolonosde ultramarpouco afoitos ao trabalho .
Isso motivou, em 1837, a que se pensasse em se utilizar algumas salas desocupadas do antigo
Hospital Militar do Morro do Castelo para albergá-los. Em 1853 é criado, pelo decreto n 1.213, de
29 de julho aniversário da Princesa Isabel, o Asilo Santa Isabel destinado a indigentes inválidos,
tendo sido instalado no local da enfermaria de São João Batista, situado á Rua do Hospício de
Pedro II, atual General Severiano, ficando a cargo da Empresa Funerária da Santa Casa9.
O primeiro albergue para mendigos construído pelo poder público e que ficou sob sua
administração direta se deu em 1854 através de acordo entre o ministro da justiça José Tomás
Nabuco de Araújo e o chefe de polícia desembargador José Joaquim de Siqueira. Para tanto foi
adaptadooantigomatadourodeSantaLuziaetinhacapacidade de abrigar 40 homens e 30 mulheres.
8
de LOS RIOS FILHO, Adolfo Morales. Rio Imperial. Primeiramente editado em 1946. Rio de Janeiro: Topbooks, 2a
edição, 2001, pág. 169.
9
Idem.
33
Não há referência alguma aos cegos, embora sua presença nas ruas como mendigos já
fosse considerável. Surgem daí duas possibilidades que justificariam não serem especialmente
mencionados: ou os cegos eram tão naturalmente aceitos entre os mendigos, ou tão naturalmente
separados. Essas possibilidades não excluem uma terceira, a do esquecimento puro e simples.
Em virtude da epidemia de cólera de 1855, foi determinada a reclusão total dos mendigos.
A preocupação inicial era a retirada deles das ruas durante a noite. Não fica claro se os indivíduos
podiam lá voltar de moto próprio ou teriam de ser levados, embora se espere a primeira opção.
Fica no entanto a indagação do que fazer quando a lotação fosse atingida, ainda que além do
estimado. A reclusão por motivo da epidemia de cólera coloca este albergue na perspectiva da
medicalização dos comportamentos da população e de uma higienização da cidade, ao vincular a
presença dos mendigos nas ruas à transmissão do cólera.
O albergue era mantido pelo poder público, pelos comerciantes e pequenos trabalhos
manuais dos internos. Aceitava também os "alienados mansos" nãó admitidos no Hospício de
Pedro II (SILVA JÚNIOR; 2000, 36).
Apesar destas iniciativas em relação aos cegos e surdos-mudos, o alvo mais importante
do movimento filantrópico seriam as crianças desvalidas mas "válidas". Nesse sentido, a criação
de asilos para os meninos desvalidos já estava prevista no art. 62 do decreto 1331A de 17 de
fevereiro de 1854, a chamada Reforma Couto Ferraz. Somente em 1875, este objetivo foi
parcialmente atendido com a criação do Asilo dos Meninos Desvalidos. Conforme Silvania
10
Ver a este respeito ASSIS: 1997; MARTINEZ: 1997; MARQUES: 1996; MOURA: 1999; WADSWORTH: 1999.
34
De acordo com o decreto 5849 de 9 de janeiro de 1875, primeiro regulamento do Asilo dos
meninos desvalidos, não seriam admitidos os que sofressem de moléstias contagiosas ou
incuráveis, muito menos os que tivessem defeitos físicos que os incapacitassem para os estudos
e a aprendizagem de artes e ofícios {MARQUES:1996, 36.) Apesar do apelo humanitário embutido
no movimento filantrópico, não retira ele a mendicidade do âmbito policial para torná-la uma
questão social.
Thomas Holloway (1997, 195-96), constatou que praticamente não houve prisões por
mendicância em 1862-65, sendo que em 1865 só houve 15. Para ele, não se trata de diminuição
de mendigos nas ruas, mas de descriminalização dessa prática após fracasso no intento de
encontrar alguma solução para o problema. Já em 1875 (Holloay: 1997, 235), houve significativo
aumento de prisões, refletindo uma mudança de atitude.
Uma vez iniciado o atendimento aos meninos desvalidos, já então considerados os futuros
vadios e mendigos, bem como um aumento na repressão aos chamados falsos mendigos e uma
maior disciplinarização dos tiradores de esmolas, restava a questão dos verdadeiros mendigos,
com quem não se contava para um encaminhamento produtivo. A solução em perspectiva
continuava sendo sua retirada das ruas. ainda impossibilitada pela falta de local adequado,
conforme rezava o Código Penal. Pela quantidade que podia abrigar, o Albergue da Praia de
Santa Luzia não se mostrava suficiente para este atendimento.
35
Hélio Agnaga (1977, apud SILVA JÚNIOR, 2000) afirma que, logo após sua inauguração,
foram para lá transferidos mais de 260 indigentes vindos da Albergaria da Praia de Santa Luzia,
sendo que eram "quase todos alienados, idiotas ou afetados de moléstias incuráveis...". Se não
houver equívocos nesses números, está-se diante de absurda superlotação. Para um local cuja
estimativa de abrigo era de 120 pessoas, transferiam-se 260 de um outro local cuja estimativa era
de 70, Como se não bastasse, em 13 de março de 1880 foi expedido aviso no qual se ordenava a
transferência dos velhos, vagabundos e alienados que, sem mandado de autoridade competente,
se achavam na Casa de Correção. (SILVA JÚNIOR: 2000, 48).
O art 32 do Regulamento do Asilo de Mendicidade dispunha que não seriam aceitos quem
estivesse com moléstias contagiosas nem aqueles cujo estado de saúde obrigasse o
recolhimento aos hospitais. O art. 42 tratava da divisão em classes com base no sexo dos
asilados que seriam subdivididas em válidos; inválidos; menores; imbecis, idiotas e alienados. O
art. 5- destinava os dormitórios de acordo com estas subdivisões, com exceção das mendigas
" Este Miguel Calmon não pode ser o marquês de Abrantes, que falecera em 1865. Pode tratar-se de filho seu, até
porque Silva Júnior não menciona o título de marquês, embora não se encontre registrado ao final do nome "Filho".
36
que tivessem filhos menores de 12 anos. O art. 6e previa um livro de matrículas, o qual
infelizmente não encontrei, pois no asilo de mendicidade os cegos maiores de 14 anos poderiam
ser aceitos por conta de sua impossibilidade para o trabalho. Cabem aqui as mesmas ressalvas
feitas em relação ao albergue da Praia de Santa Luzia.
O art. 17 dispunha que, além do trabalho das oficinas, os asilados se ocupariam nos
serviços peculiares ao estabelecimento e compatíveis com as suas forças. Quais teriam sido as
possibilidades de trabalho para os cegos no asilo? O art. 48 autorizava a criação de uma
associação protetora do asilo, composta por homens e senhoras com o fim de concorrer para sua
prosperidade e angariar fundos. Os estatutos dessa associação entraram em vigor pelo decreto
9317 de 11 de novembro de 1884.
O único documento que encontrei para o período por mim estudado foi um memorial
dirigido por Jaime Silvado, diretor e médico do estabelecimento, ao prefeito Henrique Valadares
em 13 de novembro de 1894, em que apresentava um panorama bastante sombrio do
atendimento aos asilados. Afirmava que o asilo já teve mesmo um local de suplício para escravos
chamado tronco, o que deve ter se passado antes da entrada em vigor do primeiro regulamento
que proibia expressamente, no art. 49, os castigos corporais, talvez até mesmo por isso eles
foram banidos. Para melhor enfatizar sua descrição, diz que "deveria ter tido à sua entrada a
célebre inscrição dantesca: 'Lasciate aqui speranza, os vos ch entrate .
já estava instalada há 5 anos e a situação permanecia a mesma. Para ele, isto se deveu ao fato
de ter a República estado às voltas com uma séria desordem, sanada pela tempera de Floriano, a
cujo lado diz ter combatido. Jaime Silvado usa esse memorial para defender-se de acusações que
afirma ter recebido, principalmente por ser positivista, declarando que seu antecessor não tinha
verdadeiramente espírito social. Apesar desta declaração de muito boas intenções, pouco ficou
no cargo, tendo sido nomeado e tomado posse a I2 de outubro de 1894 e exonerado a 2 de
fevereiro de 1895, com a substituição do prefeito Henrique Valadares por Furquim Werneck.
(SILVA JÚNIOR: 2000, 62).
Entre as medidas adotadas por Francisco Pereira Passos para a remodelação da cidade
do Rio de Janeiro, está o combate sem tréguas à mendicidade, propondo-se a não tolerar nem
mesmo aqueles que tradicionalmente eram aceitos como necessariamente a ela ligados. Para
tanto, edita o Decreto n0 403 de 14 de março de 190312. Esse decreto tem 4 artigos, sendo que o
último se refere unicamente à revogação das disposições em contrário. Assim, em 3 artigos
12
AGRJ, Códice 46 2 09. Mendigos. Prefeitura do Distrito Federal Ato do Poder Executivo Decreto ns 403 de 14 de
março de 1903 Dispõe sobre tiradores de esmolas, mendigos e dá outras providências.
38
curtos que vão muito diretamente ao que se propõem, não sentindo o legislador necessidade de
maiores explicações e considerações, está o Prefeito de posse de um dispositivo legal que lhe
permitiu ampliar, como nunca antes, a repressão à mendicidade.
A execução desse decreto será feita pela Diretoria Geral de Higiene e Assistência Pública,
pelos agentes da prefeitura e guardas municipais, conforme disposto no art. 32. De acordo com o
§15 do art. 2e, cabia a 3 médicos dessa Diretoria decidir quem tinha ou não condição para
trabalhar. Aos agentes da prefeitura e aos guardas municipais caberia o encaminhamento dos
mendigos encontrados nas ruas à Diretoria Geral de Higiene e Assistência Pública.
A forma como esse decreto está escrito, curto, sem necessidade de explicações e cuja
aplicação demanda uma operação de razoáveis proporções e constante vigilância, denota ser ele
fruto de práticas de há muito adotadas e executadas. Sua entrada em vigor nasce da disposição
da autoridade municipal de ampliar a coerção, Não se trata, pois, de ruptura, mas de continuidade
de ação; não se trata de alteração qualitativa, mas quantitativa. A ação é a mesma: extinguir a
mendicidade é retirar os mendigos das ruas. Que importa se continuam "mendigos"? Como antes,
caberia ao poder público satisfazer uma demanda que ele tinha todo o interesse em fazê-lo. mas
que, apesar do interesse, não possuía as condições para tal.
Apesar disso, não se pode acusar Pereira Passos de ter tomado essa decisão de maneira
afobada e sem consultas prévias. Além de outros instrumentos da prefeitura, dependia ele em
muito da chefia de polícia do Distrito Federal, de sua nomeação. Nesse sentido, o chefe de polícia
A.A. Cardoso de Castro responde a uma consulta do prefeito feita em fevereiro de 1903 sobre as
possibilidades da ação daquela chefia quanto à retirada dos mendigos das ruas. Afirma o referido
chefe que estaria à disposição do prefeito desde que ele indicasse para onde deveriam ser
13
encaminhados os mendigos recolhidos .
Para Pereira Passos, a situação estaria resolvida com a ação enérgica dos fiscais, o
irrestrito apoio da chefia de polícia do Distrito Federal e a duplicação da capacidade do Asilo de
São Francisco de Assis. Assim, a entrada em vigor do Decreto n2403 marca, de fato. acentuado
13
AGRJ, Códice 46 2 90 Mendigos.
39
"Sr. Agente da Prefeitura no Distrito de... O Sr. Prefeito municipal chama a vossa atenção
para o cumprímento fiel e estrito do Decreto n5 403, desta data, que dispõe sobre tiradores de
esmolas, mendigos e dá outras providências. Saudações Dr. A. F. do Amaraf™.
"Sr. agente da prefeitura no 4° distrito - São José O Sr. Prefeito do Distrito Federal chama
a vossa atenção para os mendigos que continuam a esmolar no Largo da Carioca. Saudações
(Assinatura ilegível)"17.
14
Códice 46 2 90 - Mendigos.
15
Idem.
16
Ibidem.
17
Ibidem.
18
Códice 46 209. Mendigos.
40
Em 4 de abril de 1906, outro agente fiscal reclamava do destino que as delegacias davam
aos falsos e verdadeiros mendigos a elas encaminhados. Dizia que, após algumas horas em que
ficavam sob custódia, eram postos de novo em liberdade e voltavam ao mesmo lugar , por se
julgarem impunes. Sugere o agente fiscal que a lei continuasse a ser respeitada. Em 5 de abril, o
prefeito manda informar ao agente fiscal que será aumentado o número de asilados19. Três anos
após a entrada em vigor do Decreto n2 403, a prefeitura ainda não tinha conseguido aumentar
convenientemente a capacidade do Asilo de São Francisco de Assis.
Preocupado com o espetáculo oferecido pelos mendigos nas vias públicas e sabendo que .
alguns estavam em avançada idade, não podendo, pois, ser considerados válidos, o chefe de
políciadoDistritoFederalManoel Espínola encaminha ofício ao prefeito em 10 de fevereiro de 1906
comunicando-lhe ter conseguido que airmã superiora do Asilo da Velhice Desamparada aceitasse
seis indivíduos idosos, apesar de sua natureza particular e de sua lotação estar completa22.
O asilo a que se refere este chefe de polícia é a Associação de São Luiz da Velhice
Desamparada, fundada em 4 de dezembro de 1890 com o nome a que ele alude no ofício ao
prefeito. Em 1905, estava esta associação localizada na Ponta do Caju e era administrada por
19
Códice 46 2 90 - Mendigos.
20
Idem.
21
Ibidem.
22
Ibidem.
41
dez freiras. De sua fundação até o ano de 1905, havia recolhido 338 velhos, dos quais 152
23
haviam falecido. Estavam asilados até o princípio daquele ano 83 velhos de ambos os sexos .
Não obtive informação se houve outras vezes em que a chefia de polícia do Distrito Federal
recorreu a asilos desta natureza ou mesmo à própria prefeitura. De qualquer maneira, parecem
ter sido poucos os que pudessem valer o poder público naquela ocasião, pelo que pude apurar.
Outro asilo existente na mesma época, também dedicado à velhice, era o Asilo de Santa
Maria, dependente do Hospital da Santa Casa do Rio de Janeiro. Decidiu esta instituição criar um
asilo para as idosas que não pudessem mais obter por conta própria alimento e agasalho.
Àquelas que enviuvaram e envelheceram honestamente, a Santa casa oferecia uma pensão
mensal. Em 1905, era de mais de 300 o número das pensionistas. Em 1902, encontravam-se
asiladas 35 idosas e em 1904, 60. Em 1905, ano da publicação desta Consolidação, a Santa
Casa cogitava a criação de asilo idêntico para os velhos24.
23
Consolidação das Leis e Posturas Municipais. Trabalho executado por ordem do Ex.mo Dr.Francisco Pereira Passos,
prefeito do Distrito Federal. Impressos nas oficinas gráficas de Paula Souza e Cia., Rio de Janeiro, 1905. Seção XI,
Capítulo II, asilos, parte II, p. 877.
24
Consolidação ... Instrução primária e profissional, Parte II: Irmandades, Capítulo 1 - Irmandade e hospital da Santa
casa da misericórdia, p. 830.
25
PAIVA, Ataulfo Eunáples de. Assistência Pública e Privada no Rio de Janeiro - História e Estatística. Rio de Janeiro:
Tipografia do Anuário do Brasil, 1922.
A CRÔNICA DA CIDADE: CARIDADE E MENDICIDADE
26
Pode uma cidade ser caridosa? Por Certo João do Rio , em 1904, consideraria isto
perfeitamente possível, já que encontrou "A Alma Encantadora das Ruas". Logo na primeira
crônica, declara ele que ama a rua e que este amor é partilhado por todos, quer estejamos nas
cidades, nos povoados ou nas aldeias. Este amor resistiria às idades e às épocas. Uma rua seria
mais que suas casas, suas fachadas... é o existir das pessoas.
Fonte valiosa para o estudo do Rio de Janeiro do século XIX e primeira década do XX, os
cronistas de costumes daquela época contam esta cidade a partir de dentro, com seus tipos, seus
costumes, sua vida. A caridade e a mendicidade. com sua presença muito palpável, não podiam
ser ignoradas por eles, que a trataram geralmente como partícipes do pensamento de seu tempo,
alguns exprimindo uma moral que privilegiava o trabalho como fonte única e desejável do
progresso e riqueza individuais, coletivos e nacionais. Daí seu tratamento por muitas vezes
irônico quando não agressivo da caridade espontânea e popular, não poupando também aqueles
que procuravam iludi-la.
Martins Pena27, ao escrever "O Irmão das Almas" na década de 1840, mostra-nos, através
do diálogo entre Jorge e sua irmã Luiza, a falta de escrúpulos em se valer das esmolas
enganadoras, bem ao gosto de Geremeck ao lembrar os personagens literários por ele estudados
em "Os filhos de Ca/m": "JORGE - E então o que tem isso? É verdade que peço para as almas,
mas nós também não temos alma? Negar que a temos é ir contra a religião, e além disso, já lá
deixei dous cruzados para se dizer missas para as outras almas. É bem que tódás se salvem." Se
o fato de ele também ter alma justifica seu pedido para elas, o fato de os santos nada poderem
dizer justifica pedir para eles:
"JORGE - Deixa-te de asneiras! Pois pensas que por alguns miseráveis dous
vinténs, que já foram quatro, (pega em uma moeda de dous vinténs:) - olha, aqui
está o'carimbo... - um pai de família vá para o inferno? Ora! Supõe que amanhã
afincam outro carimbo deste lado. Não desaparecem os dous vinténs e eu também
não fico logrado? Nada, antes que me logrem, logro eu. E demais, tirar esmolas para
almas e para os santos é um dos melhores e mais cômodos ofícios que eu conheço.
Os santos sempre são credores que não falam... Tenho seis opas para os seis dias
da semana; aqui as tenho. (Vai ao armário e tira seis opas). No domingo descanso."
25
BARRETO, Paulo (João do Rio) (1881-1922).. A alma encantadora das ruas. Em 29 de maio de 2005:
http://www.biblio.com.br/Templates/PauloBarreto/almaencantadoradasruas.htm.
27
MARTINS PENA, Luiz Carlos (1815-1848). O irmão das almas. Em 9 de maio de 2005: HTTP:// \vv\,\v.bibiio.coir!.br
/TempIates/MartinsPena/osirmaosdasalmas.htm.
43
Jorge (o tirador de esmolas) reprova os ricos por sua falta de caridade, o que o faz evitar
aquelas ruas onde eles residem, pois, segundo ele, aqueles já o conhecem e, por terem dinheiro,
não ligam muito para a religião. Aqui são possíveis algumas ilações que se cruzam: os ricos estão
nesta posição porque também são espertos; a riqueza e a esperteza não se coadunam muito com
a religião; por sua necessidade de religião, os pobres são sempre tolos. Para este personagem, o
Rio de Janeiro não seria todo caridoso; estaria dividido respectivamente entre os espertos e os
tolos e entre os ricos e os pobres.
Martins Pena mostra também aqueles que pedem honestamente. É o caso de Sousa,
compadre de Mariana, sogra de Jorge, a quem reprovam por seus atos. Sousa pede esmolas
para uma irmandade pelo que recebe diariamente duas patacas, o que era considerado muito
pouco por Mariana. Como Sousa não explica por onde esmola, não ficamos sabendo sua opinião
sobre uma possível diferença entre a benevolência dos ricos e dos pobres.
Mariana, sogra de Jorge, está interessada em que seu compadre arranje algum trabalho
para seu sobrinho, Felisberto, que se sente insultado quando Sousa declara que a única coisa
que pode arranjar é este mesmo ofício dele, ao que Mariana considera bom. Durante a
continuação da conversa, Felisberto subitamente se interessa pelo assunto ao saber que a opa
lhe franquearia a entrada nas casas.
Estamos diante de dois tipos de tiradores de esmolas; os que tiram para uma instituição
definida, no caso para uma irmandade, e os que as tiram para si, através de entidades indefinidas
como as almas e os santos. Os primeiros seriam honestos, o que não comprometem as
irmandades; os segundos, desonestos, pois não têm satisfações a dar. Felisberto apresenta a
possibilidade de uma. desonestidade mais agressiva que a de Jorge, ameaçando inclusive a
credibilidade das irmandades.
Luiz Edmundo28, escrevendo sobre o Rio de aproximadamente 1901, fala do irmão das
almas como uma figura um tanto decadente e já bem desmoralizada, mas que ainda continuava a
pedir esmolas nas ruas, deixando já de circular nos bairros povoados pela elite e pelo centro
comercial, o que corrobora as impressões de Jorge. De herança colonial, assim descreve um deles:
"... sem chapéu, um lenço de alcobaça dobrado em quatro, apenas, como defesa à
luz forte do sol, atravessado na cabeça, vê-se um homem vestido de preto, envolto
numa opa vermelha de irmandade, na mão esquerda uma vara de prata, na outra
uma patena cheia de moedas de cobre, prata e níquel.
28
EDMUNDO Luís (1878-1962). O Rio de Janeiro de meu tempo. Primeiramente editado em 1938. Brasília: Senado
Federal, 2003, p. 133.
44
França Júnior29, na peça "A lotação dos bondes", escrita na década de 1860, traz-nos um
diálogo quase monólogo entre dois personagens, Magalhães e Ramiro, onde o primeiro apresenta
um saco dizendo que o outro chegou bem a propósito para praticar uma boa ação, qual seja, a de
contribuir com uma epidemia em Buenos Aires. Declara Ramiro que dará a esmola, mas que
existe uma epidemia muito pior no Rio de Janeiro, a caridade:
"Há uma chuva de gafanhotos na China, o Brasil, que tem grandes interesses no
Império, trata logo de minorar os sofrimentos dos sectários de Confucio.
Arvora-se uma comissão com o respectivo presidente, que sai pelas ruas a esmolar.
Livrese então quem puder. Amigos, conhecidos, desconhecidos, todos, ninguém
escapa, todos hão de concorrer com o seu óbolo para o saco."
França Júnior aproveita o ensejo para, através de Ramiro, condenar aquela caridade
ostensivamente visível e pouco ou nada meritória, quando não falsa como no caso da libertação
de escravos:
"A caridade, esse sentimento rei, que o Cristo depositou no santuário da nossa
consciência, tornou-se uma virtude oficial. Esmolam arregimentados, com murças,
insígnias, nas portas dos templos, dos teatros, do passeio, nas cancelas do Jóquei
Clube, por toda a parte, enfim, onde a filantropia fique bem patente. O Evangelho diz
que a mão direita não deve saber o que dá a esquerda. O que a mão direita dá, entre
nós não só o sabe a esquerda, como um terceiro, que se coloca entre o rico e o
pobre como procurador deste. Um filantropo quer comemorar o nascimento de um
filho ou o aniversário natalício da mulher, liberta o ventre de uma escrava de oitenta
anos, e manda publicar logo em todas as folhas diárias.
Aqui não está em questão apenas a desonestidade daquele que pede, mas o despropósito
do objeto da caridade, muito distante daquele que doa. Os pedidos agora se apresentam mais
sofisticados do que o mostrado por Martins Pena, ao criarem-se comissões que garantem alguma
infra-estrutura para o melhor resultado do empreendimento.
A morte tinha forte apelo na inclinação pela caridade. Dizer missas pelas almas se constituiu
em valiosa fonte de recursos para as instituições religiosas como a Santa Casa de Misericórdia
(RUSSELL-WOOD: 1996). Mesmo perante grande ódio a alguém, este não prevalecia em relação a
30
sua alma. Isto nos é vividamente narrado por José do Patrocínio, o abolicionista , no romance
histórico "Motta Coqueiro ou a pena de morte", escrito em 1877, um veemente ataque a esta
i nstit u i ção prevista nas leis imperiais brasileiras, embora raramente utilizada no Segundo Reinado.
Manuel Motta Coqueiro, até então respeitado fazendeiro e líder político da região norte da
província do Rio de Janeiro, foi acusado como mandante da chacina da família de um de seus
29
FRANÇA JR (1838-1890). A lotação dos bondes. Em 29 de maio de 2005; HTTP:/Av\v\v.biblio.com.br
/Templates/FrancaJunior/alotacaodosbondes.htm.
30
PATROCÍNIO José do (1854-1905). Mola Coqueiro ou a pena de morte. Em 29 de maio de 2005: HTTP:
//www.biblio.com.br/Templates/JosedoPatrocinio/motacoqueiro.htm.
45
empregados, de quem era compadre, como era hábito naqueles tempos. Contra ele pesou todo o
ódio a uma população revoltada, o que deve ter influído para que se lhe aplicasse a pena capital.
As únicas pessoas que pareciam ter compaixão do apenado eram um sacerdote e um irmão
da Santa Casa de Misericórdia que sempre acompanhavam os condenados, conforme já se tornara
tradição (RUSSELL-WOOD: 1996, 185-203). Apesar de tanta animosidade, "alguns dos irmãos,
sogurando om uma das mãos uma vara do prata o na outra uma sacola nogra, lá se foram polo
povo dentro a esmolar para os sufrágios do gue ia morrei*. Deste ato, conclui Patrocínio.
"E aqueles mesmos homens, que ainda há pouco indignavam-se com a só idéia da
possibilidade de um perdão, concorriam com o seu óbolo para que a religião se
incumbisse de redimir na eternidade a alma daquele a quem atribuíam um crime, que
justamente revoltava a todos os espíritos bem-formados. Sublime contradição entre o
homem religioso e o cidadão: este consente que a cabeça de um irmão vá ter às
mãos do carrasco, aquele dá sinceramente o seu óbolo para que da ignomínia social
passe o suplicíado às felicidades sonhadas pela crença.
31
Além do falso mendigo discutido anteriormente, Artur Azevedo nos coloca ante a
possibilidade do falso louco. Em "O Escravocrata", peça de 1884 escrita em colaboração com
Urbano Duarte, o personagem Serafim fala de sua desdita, elogiando o caminho que seus irmãos
deram às suas vidas. Ao ser perguntado se seus irmãos estavam empregados, diz ou coisa gua
o valha" O Chico se meteu no Hospício de Pedro II. Ao ser perguntado se enlouqueceu, responde.
Qual! teve mais juízo que eu; cama, mesa, médico, uma ducha de vez em quando para refrescar
as idéias, e uma camisola para o frio. Afinal, é um meio de vida como outro qualquer!"
Em relação a outro irmão, Cazuza, diz: "Um finório! Tantos empenhos meteu, que
conseguiu um lugar no Asilo da Mendicidade." Ao ser perguntado se como inspetor de turma,
responde: "Qual inspetor! qual turma! Como mendigo! (...) Vive hoje muito tranqüilo e satisfeito a
desfiar estopa. Estão ambos arranjados, eu é que ainda não criei juízo, e vivo ao deus-daró!
3i
AZEVEDO Arthur (1855-1908). O escravocrata. Em 29 de maio de 2005: HTTP: //www.biblio.com.br
/TempIates/ArturAzevedo/oescravocata.htm.
46
32
Já na revista de 1887 ,"0 Homem", Artur Azevedo não se utiliza do Asilo de Mendicidade
como prêmio, mas como punição para um de seus personagens, a Justiça. Depois de muito
apanhar e estando já em farrapos, é sugerido que se o leve para o Asilo. Nessa revista, sem
qualquer ironia, Artur Azevedo está mais próximo da sombria avaliação feita por Jaime Silvado
sete anos depois, conforme mostrado no título precedente, ao se referir às lamentáveis condições
do prédio e dos asilados, bem como dos maltrates a que eram sujeitos.
Mais adiante nessa mesma revista, aparece um fiscal esbaforido correndo de vários
perseguidores. Quem o perseguia era "uma récua de mendigos famintos, esfarrapados]". Que
queriam eles? "Esmolas de dez tostões".
Está dito que a oferta de esmolas não seria capaz de contentar a quantidade de mendigos
à espera delas. O mesmo se daria com os serviços prestados pelos poderes públicos e
particulares. Se o Asilo de Mendicidade estava superlotado, mais estavam as ruas. Eis aqui
denunciada por antecipação a inexeqüibilidade das drásticas medidas tomadas por Pereira
Passos mostradas no item precedente.
Luiz Edmundo33 afirma que no Morro de Santo Antônio residiam os verdadeiros mendigos;
os falsos moravam nas casas de cômodos da Rua da Misericórdia e becos adjacentes ou nos
subúrbios distantes, onde os vizinhos não sabiam de suas atividades. A descrição que faz destes
moradores do Morro de Santo Antônio é bastante tétrica, merecendo por isso a citação:
"Em Santo Antônio os mendigos também moram de esmola, óbolo muita vez, do que
não possui por teto se não uma folha de zinco, um bom coração e piedade cristã.
Instalam-se eles, assim, nos cantinhos de sobra. Moram, entretanto. São todos uns
reles trapos humanos, negras velhas com cara de rato seco, que dizem ter 90, 100
ou mais anos, falando da meninice do Imperador, de filhos que foram morrer nos
campos do Paraguai, do ventre livre e da Princesa Isabel, vagarosas e curvas,
andando de pau na mão, pa-joões fistulentos, arrastando pernas cobertas de panos
32
AZEVEDO, Arthur. O homem. Em 29 de maio de 2005: HTTP: /Avww.biblio.com.br /Templates /ArturAzevedo
/ohomem.htm.
EDMUNDO, Luiz. Op. cit. págs. 160-161
47
sujos do sdnçjuo o pus, podindo bonçs mou sino, q Cdropinho bronco, os olhos
opoQodos o tris tosj coçjos do nosconço, tocodoros do sonfono ou vondodoros do
bilhetes de lote ri o; oftálmicos, leprosos, elefontíosicos, tísicos em último grou, dos
que jó não podem mois descer do morro nos dios de grondes hemoptises...
Em "Fritzmac", peça de 1888, Artur e Aluizio Azevedo34 utilizam-se mais uma vez de ironia
para criticar a caridade espontânea. Acjui, o Diabo em pessoa, açjestado exatamente com o
caráter caridoso desta cidade, teve de imaginar um artifício para abalá-lo. No prólogo se dá o
diálogo do alquimista Fritzmac e Fero Botelho em que este, embora reconhecendo que a cidade não
pode ser considerada como pura, está longe dos padrões europeus e da China. Desmerece os
esforços até então feitos ao afirmar que um ou outro pândogo paga-lho sobojamonto o sou dízimo .
Pode ser que a China esteja mesmo referida na acepção explicitada, até mesmo parte da
Europa por conta do combalido Império Otomano, mas o Rio de Janeiro estaria mesmo longe dos
padrões europeus, principalmente Paris, objetivo desejado pelas elites. A caridade era então
considerada um estímulo à ociosidade, sério impedimento ao progresso e à civilização. Já se
aproximando o término da escravidão, a ideologia do trabalho como força propulsora do
progresso tornava-se mais rígida e os poderes públicos menos complacentes.
João do Rio35, ainda que podendo admitir que alguma cidade fosse caridosa, não parece
compartilhar a noção de que a cidade do Rio de Janeiro fosse tão caridosa. Em "As Religiões do
Rio" (1905), preocupa-se muito com as "superstições" contidas nas chamadas religiões afro,
incluídos os feitiços que nada tinham de caridosos, pois seus objetivos incluíam a desgraça de
uns para deleite de outros, não dispensando o recurso daqueles feitiços que visavam à morte.
Como que para confirmar a pouca presença da caridade, mostra-nos mesmo uma "igreja
do diabo": "O filosófico Tinhoso tem nesta grande cidade um ululante punhado de sacerdotes, e,
como sempre que o seu nome aparece, arrasta consigo o galope da luxúria, a ânsia da volúpia e
do crime." Como, até onde sei, Artur e Aluizio Azevedo não se manifestaram mais a este
respeito, não tenho como saber a opinião de Pero Botelho quanto a um possível crescimento do
número de seus sacerdotes.
Em duas crônicas de "A alma encantadora das mas" (1904), "As mulheres mendigas" e "Os que
começam", João do Rio trata o tema da mendicidade sob o ponto de vista dos mendigos, apontando
34
AZEVEDO, Arthur e AZEVEDO, Aluizio (1857-1913). Fritzmac. Em 29 de maio de 2005: HTTP://
www b ■ b'■ io rrw br /TempIates/ArturAzevedo/ffitzmac.htm.
35
BARRETO, Paulo (João do Rio). Religiões do Rio. Em 29 de maio de 2005; HTTP;// www.biblio.com.br
/Templates/PauloBarreto/asreligioesdorio.htm.
48
"Ê preciso estudar a sociedade complicada e diversa dos que pedem esmola, adivinhar
até onde vai a verdade e até onde chega a malandrice, para compreender como a
polícia descura o agasalho da invalidei e a toleima incauta dos que dão esmolas.
Afirma que a mendicidade parece ser o ofício mais rendoso e que "só depois de um longo
convívio é que se pode assistir à iniciação da maçonaria dos miseráveis, os estudos de extorsão
pelo rogo, toda a tática lenta do pedido em nome de Deus que, às vezes, acaba em pancada."
Fala-nos de alguns mendigos, tratando-os por seus nomes, que não são ditos serem fictícios,
dando-nos a entender que ele teve aquele "longo convívio". Há um sem-número de truques e
disfarces visando a enganar a boa-fé dos possíveis doadores. Nada fica intocado, desde a
maternidade sofrida até as mais diferentes "deficiências", dentre as quais a cegueira era bastante
apreciada Aqui, a perda de um braço ou uma perna era saudada como prêmio, todos guardando
a data do desastre que os mutilou, que os fez entrar para esta nova vida (Os que começam).
"Os homens exploradores não têm brio. As mulheres, só quando são realmente
desgraçadas é que não mentem e não fantasiam. São, entretanto, as mais incríveis
[...] Há mendigas burguesas, mendigas mães de família, alugadas, dirigidas por
caftens, cegas que vêem admiravelmente bem, chaguentas lépidas, cartomantes
ambulantes, vagabundas, e uma série de mulheres perdidas cuja estrela escureceu
na mais aflitiva desgraça." (As mulheres mendigas).
As portas das igrejas são os locais preferidos, procurando sempre saber se a missa é de
gente rica, sendo a competição indicada pelo rancor com que olham os outros mendigos. Mas
nem tudo é competição, pois há uma interessante sociabilidade entre elas: "Cada uma tem o seu
bairro a explorar, a sua igreja, o seu ponto livre de incômodos imprevistos. Quando aparece
alguma neófita, olham-há furiosas e martirizam-na como nas escolas aos estudantes calouros."
Estas mulheres consideram pedir esmola uma profissão como outra qualquer, só que sem
os incômodos de lavar, cozinhar e costurar e, ainda por cima, exercendo-a na pândega. Tornam-
se grandes atrizes dramáticas, associando sempre o nome Deus e mais santos à bondade dos
que encontram para alívio de seus infortúnios. Não é estranho que se comportem como muitas
mulheres de "sociedade", mantendo suas casas muito bem arrumadas, assistindo com verdadeira
devoção a alguma missa... Em comparação com as outras, estas bem que podem mesmo ser
consideradas "burguesas."
As mulheres alugadas, como qualquer trabalhador assalariado, têm sua remuneração fixa
por mês. Há outras que trabalham para algum cáften, o que significa dizer que o sustentam, a
quem costumam servir com devoção. Já em outras mulheres, a mendicidade está acompanhada da
49
leitura de mãos e de cartas e, em muitos casos, ao furto. Mas há mesmo aquelas que são
"desgraçadas, sempre desprezadas, violentadas..., fim de linha de um tempo de exploração, até
mesmo de seus maridos36".
João do Rio muito deplora a exploração das crianças. Para ele, embora sempre vítimas,
estas nem sempre podem ser consideradas agentes inocentes desta exploração, exceto, claro,
quando ainda muito pequenas, são alugadas ou utilizadas pelos próprios pais. Preferidas como
guias de cegos e aleijados falsos e verdadeiros, podem estar também sendo obrigadas a roubar
para o sustento de famílias inteiras. Assim, a associação desta exploração com o futuro criminoso
seria inevitável.
p^râ uma melhor compreensão tia situação destas mulheres, ver L.ena Ndcdeiros hdenezes. Os csífctngciros c o
comércio do prazer nas ruas do Rio, Rio de Janeiro, Arquivo Nacional, 1992.
OS CEGOS NA PERSPECTIVA DOS CRONISTAS
Thomas Ewbank (1976; apud LOBO; 1997, 249) muito se espantou com a quantidade de
cegos nas ruas, muitos deles escravos: "É lamentável encontrar com tanta freqüência um ou mais
deles, levando barris cheios na cabeça, girando os globos oculares inúteis e tacteando o caminho
com seus bordões".
Os cegos nas ruas do Rio de Janeiro tiveram vida mais variada que a apontada por
Ewbank ou pelas tradicionais referências à mendicidade. Ainda que a criação em 1854 de uma
instituição destinada à educação dos cegos tenha-lhes indubitavelmente aberto novas
possibilidades de acesso ao mundo do trabalho, não quer isto dizer que eles só tenham
conseguido algo após seu surgimento. Cumpre lembrar que houve cegos que tiveram grande
reconhecimento mesmo antes da aparição da primeira escola para cegos em 1784, em Paris,
como é o caso de Dydimo de Alexandria, considerado um dos sábios da Igreja; Saunderson, que
sucedeu a Isaac Newton na cadeira de matemática em Cambridge.
" ALMElDA.Manoel Antonio de (1831-1861). Memórias de um sargento de milícias. Escrito em 1854-55. São Paulo:
Ática, 25a edição, 1996.
51
trabalho, e o culpado era obsequiado com uma remessa de bolos, que de modo
nenhum desmentiam a reputação de que goza a pancada de cego. Feito isto,
recomeçava o trabalho, voltando-se sempre ao princípio de cada vez que havia um
erro ou falta Acabado o pelo-sinal, que com as diversas interrupções que
ordinariamente tinha gastava boa meia hora, repetia o mestre sozinho sempre e em
voz alta e compassada a oração que lhe aprazia; repetiam depois o mesmo os
discípulos do primeiro ao último, de um modo que nem era falado nem cantado; ja se
sabe interrompidos a cada erro pela competente remessa de bolos. Depois de uma
oração seguia-se outra, e assim por diante, até terminar a lição pela Jadamha
cantada. Ao sair recebia o mestre uma pequena espórtula do dono da casa.
Já Adolfo Morales de los Rios Filho38 diz não ser incomum que estes mestres fossem
cegos de um olho. A que se deve esta divergência?
39
Brasil Gerson , com sua costumeira falta de enunciação das fontes, relata-nos um crime
que ficou famoso como 'crime do preto cego" Em 1836, o preto cego Domingos morava em um
armazém com os caixeiros na rua do Ouvidor. Alta madrugada, a casa estava em chamas.
Quando arrombaram a porta, estava um caixeiro morto a facadas e Domingos com as mão sujas
de sangue. Embora jurasse inocência, foi condenado e seu enforcamento no Largo do Moura
juntou gente até o Alto do Castelo. Anos depois, um moribundo na Santa Casa confessava ter
sido o verdadeiro autor do crime.
38
de LOS RIOS FILHO, Adolfo Morales (1887-1873). O Rio de Janeiro Imperial. Primeiramente editado em 1946.
Rio de laneiro: Topbooks, 2S edição, 2001. (2001,497)
39
GERSON, Brasil (1904-1981). Histórias das ruas do Rio (e da sua liderança na história política do Brasil) Rio de
Janeiro; Editora Nova Aguilar S.A. Quinta edição. Remodelada e Definitiva, 2000. P. 61.
40
Agradeço a um quase desconhecido, Celso, a quem encontrei casualmente no Arquivo da Cidade do Rio de Janeiro
poslerionnente, no Arquivo N.cional. ter mo indicado esta conrun.c.ç.o.
52
Joaquim Manoel de Macedo43 lembra com carinho o livreiro Albino Jordão que conheceu
já velho cego e quase surdo, Ainda em 1838, Macedo freqüentava sua livraria no n«13 da Rua do
Ouvidor depois substituída pelo Café Londres. Para, com dificuldade, conseguir ouvir o que lhe
diziam utilizava-se de uma buzina na orelha, o que lhe permitia inteirar-se dos pedidos dos
clientes. Fazia-se acompanhar de dois ajudantes de 14 ou 16 anos de instrução nula e pouco
zelo, segundo Macedo. Supria a falta da visão com o tato e a meméria que eram excelentes.
Quando os ajudantes se demoravam em encontrar o que lhes era pedido, conversava com o
cliente e ia certeiro buscar a obra, mesmo que tivesse de se utilizar de uma escada portátil. Para
isto, tinha ele de ser o ordenador e colocador dos livros nas estantes. Eis como Macedo enaltece
a importância de Albino Jordão:
"Albino Jordão foi como livreiro, contemporâneo dos notáveis e célebres livreiros
Saturnino João Pedro da Veiga e Evaristo Ferreira da Veiga, filhos do primeiro; mas
em sua loja que não podia rivalizar com a daqueles, vendia em geral obras ja
usadas livros em segunda mão, e portanto baratíssimos e se por isso deve ser tido
em conta do primeiro alfarrabista da cidade do Rio de Janeiro, fo, de tanto proveito
Iara o oúblico e de tão sã consciência na sua industria, que nunca lhe caberia o
nome feio que 'os estudantes do Imperial Colégio de Pedro II deram ao vil belchior de
livros velhos estabelecido na vizinhança daquele colégio da Rua de S. Joaquim,
nome um pouco obsceno que a principio se estendeu a todos os chamados hoje
alfarrabistas.{...)
"A Rua do Ouvidor deve perpetuamente lembrar o seu Albino Jordão, o primeiro
livreiro aue teve o precursor, ou antecessor dos Srs. Laemmert, Gamier e ainda
outros o Albino'Jordão, enfim, cuja buzina foi tão famosa como a tesoura de Mme
Joséphine, e muito mais útil do que ela, se as minhas excelentíssimas leitoras
permitem que eu assim o pense.
''20 Fundo/coleção GIFI - código do fundo 05 - notação/data ou período do documento 6h-34 - secção de guarda - CODES.
12
Quando procurei constatar os anúncios nos jornais, descobri que o mês de abril de 1838 continha muitas lacunas nas
coleções do Jornal do Commercio e do Diário do Rio de Janeiro pertencentes a B.bl.oteca Naconal.
13
MACEDO Joaauim Manoel de (1821-1882). Memórias da Rua do Ouvidor. Escrito em fascículos e publicado em
1880. Em 29 de maio de 2005: http://www.biblio.com.br/templates/joaquimmanueldemacedo/memonasdarua.htm.
53
"No vão escuro da estreita arcada do púlpito assomou um vulto. É um velho cego,
quebrado pelos anos, vergado pela idade. Nessa bela cabeça quase calva e
encanecida pousa-lhe o espírito da religião sob a tríplice aureola da inteligência, da
velhice e da desgraça. O rosto pálido e emagrecido cobre-se desse vago, dessa
oscilação do homem que caminha nas trevas. Entre as mangas do burel de seu
hábito de franciscano cruzam-se os braços nus e descarnados. [...] Que há em tudo
isto que desse causa à tamanha expectação? Não se encontra a cada momento um
velho a quem o claustro seqüestrou do mundo, a quem a cegueira privou da luz dos
nlhos? Não há aí tanta inteligência que um voto encerra numa célula, e que a
desgraça sepulta nas trevas? [...] O velho ergueu a cabeça; alçou o porte; a sua
fisionomia animou-se. O braço descarnado abriu um gesto incisivo; os lábios,
auebrantando o silêncio de vinte anos. lançaram aquela palavra sonora, que encheu
o recinto e que foi acordar os ecos adormecidos de outros tempos. Fr. Francisco de
Monte Alverne pregava! Já não era um velho cego. que a desgraça e a religião
mandava respeitar. Era o orador brilhante, o pregador sagrado, que impunha a
admiração com a sua eloqüência viva e animada, cheia de grandes pensamentos e
de imagens soberbas. [...]
44
Diário do Rio de Janeiro - 18 de Abril de 1853, seção Variedade; Notícia sobre o poeta cego português José de Souza.
45
ALENCAR José Martiniano de (1829-1877). Ao correr da pena. Em 29 de maio de 2005: http:// www. bibvirt.
futuro.usp.br/autores/textos/josedealencar/correrdapena/correrdapena.zip.
54
espírito humano no Brasil. O sermão a que alude José de Alencar foi pregado em 19 de outubro a
convite do próprio imperador, primeiro após 18 anos de cegueira".
Cláudio Luiz da Costa, segundo diretor do Imperial Instituto dos Meninos Cegos, relata que
Monte Alveme fez muitas visitas ao Instituto, muito se distraindo na companhia dos alunos. Após
sua morte, recebeu o Instituto em doação um aparelho de sua Invenção que lhe perm.tia contmuar
^ in«; anos ficar ceqo. Assim descreve Cláudio Luiz este aparelho;
escrever em caracteres comuns apos ricai w=y
. . am lim naraleloaramo de tàboa de cedro, do tamanho de meia
"O aparelho cons/sfe ^ ma grade com cordões transversais, postos a
Em crônica sobre os músicos ambulantes, João do Rio" diz-nos que se enganam aqueles
que pensam que todos estão -mortos de fome". Recorda um trio que ficou famoso, composto pelo
"VelhoSaldanha", um português cego, gordo e baixo, que tocava violão há mais de 20 anos; por
um flautista negro e cego da Ilha da Madeira e por um -guitarrista escovado, gue tocava, faz,a a
cobrança e ainda por cima era poeta, compunba as cançonetas-. O negro casou em Portugal e
João do Rio foi encontrar o Saldanha aposentado, considerado como um velho artista e d,ante de
um copo de cerveja, ■- Fizemos várias toumées, disse-me eie, percorremos o Brasíi, do Rto Grande
■0_ »i ..j, Edmundo49 não relembra o Saldanha da mesma maneira,
ao Pará. Ajuntamos alguma coisa...
■Outro
rotundonua nunca
e gebo, faltatocador
grande é o cego SalUanha. figura conhecida da cidade, baixa
de guitarra
. . . Que hai em todo Portugale!
■Meu Senhor de Matosmno Da/ a0 Saldanha, que é cego,
Que é dono deste arraia e, ^osa ajuda sem iguale.'
O mais pobre e mais cama
_ „íhn„ rheíOS de pus, pregados nas sacadas de corda, por onde
Diz isso com OS °/ ° /a que esvoaça, mulheres gordas de imensa cabeça e
expiam através da ^Pa . qenduradas nas orelhas. Abrem-se os corações. Abrem-
grandes argolas de meta P calçada, as moedas de cobre. Apanha-
se as Msus.ComeÇatnamr no laje^ ^ ^ ^ ^ e ^ ^ ^
as um molecote quase preiu, ^ _
roubar-lhe diariamente, a metade da fe .
~
46
o Dírionário Bibliográfico Brasileiro. Rio de Janeiro, Imprensa
BLAKE, Augusto Vitorino Alves Sacramento. Dicionário ow g
Nacional, 1898. , „ „ „ , ,
47 d s Meninos Cegos fundado por Sua Majestade Imperial o Sr. D. Pedro F desde a
História cronológica do Imperial Instituto o diretor do mesmo instituto Dr. Cláudio Luiz da Costa.
criação do estabelecimento em 1854 até ofm do ano de P ^ ^ HTTp .
R. x A aima encantadora das ruas. Em 29 de maio de 2005: HTTP./
BARRETO, Paulo (João ^.^"L^.taaonoantador.daanias.htm.
/www.biblio.com.br/Templates/PauloBarreto/aim tois or!lcí,:a.
4
Para tomar mais curiosa essas curtas narrativas, nada melhor que uma 'ceguinha vidente'
apresentada por João do Rio em "As religiões do Rio'. Era a ceguinha vidente da Rua da
Misericórdia Vivia em uma cadeira com os olhos cheios de pus. Diz João do Rio que "o grande
Deus fez-lhe a Ireva em tomo, para melhor ler a sorte dos outros nos meandros do céu". Com sua
imparcialidade, dizia-se que a polícia procurava-a para saber o paradeiro dos gatunos e que estes
para escaparem. As vezes apareciam senhoras e eram atendidas, pintando ela o destino com a
mesma calma dolorosa.
Lima Barreto50 em crônica escrita em 1911, "O caso do mendigo', fala-nos da indignação
provocada por um mendigo cego que conseguiu juntar mais de 6 contos no banco. Declarando
não saber do destino deste cego após ter sido preso por conta da descoberta desta "poupança",
defendeu-o afirmando seu direito de assim proceder. Argumenta que, embora a esmola tenha
muitos inimigos, ela continua sendo o único meio da manifestação de nossa bondade em faoe da
miséria dos outros. Pergunta se, em face dos costumes, tem o cego direito ou não a esmolar. Ele
já deveria estar esmolando há 10 ou 20 anos, portanto essa quantia seria a econom.a de muito
tempo, o que não parece representar muito.
Supondo-se que este cego tenha sido, antes de cegar, um operário, portanto com poucos
vencimentos, estaria ele já acostumado a fazer economias, até porque os operários nem sempre
têm trabalho, a não ser os de grandes fábricas do Estado ou de particulares.
Reconhecendo a falta de prática nos primeiros dias, orça a diária do mendigo em 700
réis o que o afastou de coisas como a compra de roupas, pois alguém devia dá-la, da cachaça
(quem daria esmola a alguém cheirando a oachaçaÇ). Com o tempo, melhor aprendeu o oficio, foi
ficando mais dramático... Al foi ganhando mais. Deveria dispensar este ganho superior? Mas
dinheiro não se joga fora, ainda mais que, se em uns dias se ganha mais, em outros se ganha
menos e deixar de pedir não podia.
Não podia guardar as notas indefinidamente, pois além do risco da deterioração física do
papel, há sempre a desvalorização, por isso colocou o dinheiro no banco. Eis ai um cego de juízo
e um mendigo rico.
Para Lima Barreto, esse mendigo cego não estava enganando ninguém ao continuar
„ ..m "nnhrp ceoo" oois os preceitos da profissão não permitem pedir
pedindo uma esmola para um poore cegu , pu k k
ele sendo um operário, não despertaria indignação essa
para um cego rico. Continuasse eie
poupança. Ninguém mais que um mendigo precisa de previdência, pois a esmola está sempre na
dependência das molivaçêes. do humor e, enfim, da vontade de cada um.
Ao emprestar uma carreira a esse mendigo cego, Lima Barreto Indica a grande proximidade
entre a vida de um mendigo e a de um operário, com suas viclssitudes e imprevisibilidades.
As narrativas aqui expostas mostram quão variada foi a presença dos cegos na cidade do
Riode Janeiro, oquedecertomodo contraria a afirmação deGeremeck de serem eles "os mendigos
por excelência- encontrada no primeiro item deste capitulo. A falta de "espanto" com que estas
narrativas são feitasindicam que esta presençaeestas atividades eram encaradas "naturalmente"o
que denota menos traços de ruptura entre o que faziam no século XIX e nos dias de hoje.
Aqui, os cronistas mostraram-se simpáticos â situação dos cegos, mesmo àquele preso no
Calabouço quando uma possível animosidade se dirigia a seu senhor. Lima Barreto aproveitou a
história de seu cego mendigo para criticar a situação do operariado. Na contramão do
pensamento vigente, defendeu o direito de o cego mendigar, qualificando sua pratica de
"profissão". Que atividades exerciam o escravo Domingos naquele armazém onde morava com os
caixeíros e aquele outro preso no Calabouço quando estava com seu senhor? O aparelho criado
por Monte Alverrie para sua escrita aproxima-o de alguns outros cegos antes dele como
Sauderson, sucessor de Isaac Newton na cadeira de matemática em Hanrard na Inglaterra, a ser
mostrado no primeiro do capitulo seguinte. Joaquim José Lodi. professor de música no Impenal
Instituto dos Meninos Cegos de 1854 a 1858, referido no terceiro capitulo, também se utilizou de
invento seu para a escrita, pois desconhecia o Braille.
MENDIGOS OU TRABALHADORES: CEGOS E ALEIJADOS NA ÓTICA
DO PODER PÚBLICO
Nenhum dos oegos a seguir arrolados esteve matriculado no Imperial Instituto dos
Meninos Cegos, de acordo com o livro de matrículas ainda existente no Instituto Benjamin
Constant. Isto nâo significa absolutamente dizer que nâo tenha havido casos de ex-alunos
daquela instituição utilizando-se das ruas para subsistir, uma vez que os documentos encontrados
são insuficientes para garantir qualquer afirmação nesse sentido, o que seria muito útil na
constatação do encaminhamento dado aos seus ex-alunos. O contrário foi indicado naquele livro
de matrículas; crianças que foram retiradas das ruas para ingressarem como alunas. Alguns
"aleijados" aparecem aqui ao lado dos cegos a fim de que se tenha alguma idéia de possíveis
diferenças de tratamento.
Martha Abreu (1999, 260) relata o desenrolar do pedido do italiano Agueri Battos que, em
março de 1862, pedia para tocar realejo, por conta de ler perdido um braço na guerra da Criméia.
O pedido poderia ser-lhe negado porque
"a jlma câmara tem negado licença para se tocar realejo pelas ruas por ter
reconhecido que isso distraia braços do trabalho, e anmava avadjaçao de escravos;
o suplkante tendo ainda um braço pode procurar outro me,o de v/da, quer como
guarda de portas, de armazéns ou de oficinas".
Apesar dessas ponderações, a "lima. Câmara" concedeu a licença.
A entrada desse italiano no país aponta para uma possível permissividade das leis de
imigração quanto à vinda de "aleijados" no Segundo Reinado que já estariam voltadas à atração
de mão-de-obra para a agricultura. Seria um italiano sem um dos braços considerado útil para
trabalhar? A ser assim, estariam essas leis afinadas com Domingos Alves Branco Moniz Barreto
citado no primeiro item desse capítulo quanto à capacitação dos cegos para o trabalho.
"limo Sr presidente da Câmara Municipal, diz Francisco de Medeiros, cego, casado, que
precisa ganhar o pão de sua subsistência em razão do estado de cegueira. Só tem a seu favor
saber tocar rabeca e julgo que, por este meio, nâo se tomará pesado à sociedade. Para que o
\r Pvã ihp mande passar uma licença, sem o que receio que lhe não
possa fazer, precisa que V. Ex . me mdr k
deixem ganhar com o que possa manter-se. O suplicante, confiado no magnânimo coração de V.
Ex*. e os mais senhores vereadores, desde já lhe agradece. Rio de Janeiro, Junho de 1873. A
rogo de Francisco de Medeiros.
58
"limo Sr. tenente-coronel presidente da lima Câmara municipal, diz Alexandre Fanton que.
vivendo em estado de pobreza e, achando-se sem vista e sem meios de recursos algum para si e
sua mulher também aleijada e nâo podendo o suplicante pagar licença de 50 mil réis para andar
pelas ruas tocando realejo, a fim de obter das almas benfazejas uma esmola, vem, respeitosamente,
solicitar de V. Ex', a graça de dar-lhe um consenso para tal fim, pelo que espera deferimento.
Segundo indica Martha Abreu (1999.261), a cobrança de 50 mil réis se dá a partir de 1863.
Que critérios terá usado a Câmara de Vereadores para aceitar o pedido de 1873 e negar
este decorridos apenas 3 anos entre um e o outro? Ambos colocam na condição de cego a causa
por que não teriam possibilidade de fazer algo diferente que nâo tocarem seus respectivos
instrumentos Enquanto o segundo fala explicitamente em esmola, o primeiro não usa tal termo,
preferindo dizer que não desejava "se tomar pesado i sociedade Qual a diferença em sa,r
tocando rabeca pelas ruas a fim de arrecadar algum dinheiro e o pedido de esmola sem
instrumento algum que não a própria fala? Além de cego, o segundo suplicante afirmava ser a
mulher aleijada, o que poderia melhor compadecer os senhores vereadores. Uma d,ferença
considerável está no fato de que o primeiro pedia simplesmente a licença, enquanto o. segundo
pedia, além desta, a isenção do pagamento de cinqüenta Réis, preço exigido pela concessão.
_ ^ no haçp das observações de Holloway quanto ao maior número de
Essa disposição pode estar na base aas uu^i v
prisões por mendicância em 1875.
O pedido a seguir confunde ainda mais a questão dos critérios adotados, "limo Sr.
presidente e vereadores da lima. Câmara do município. Giovanni Mello, morador à rua Tomás n*
2, freguesia de Santana, aleijado de uma perna e carregado de filhos, querendo ter algum meio
■ n eo.ic filhos e não desejando esmolar, vem requerer a graça de
de subsistência para si e seus rimos «na j
♦nnor rpaleio oelas ruas do município e que, atendendo-se a seu
conceder-lhe licença para tocar realejo
51
AGRJ: Códice 42 3 19, Diversões públicas, fl-14.
fl 21 Constam repetições desta mesma petição nas folhas seguintes
2
AGRJ; Códice 42 3 19, Diversões publicas, li. z i ■ ^
59
Dessa vez o suplicante rejeita explicitamente a condição de pedinte, embora sua atuação
nas ruas viesse a ser a mesma daquele cego que teve a petição negada. Seria, então, licito
pensar que a declaração formal de não pedinte fez a diferença? Depreende-se, pela assinatura a
.^oifchPtn^ alao muito comum naquela época, mas, nesse caso, parece
rogo , que ambos eram analfabetos, aig
que os senhores vereadores consideraram que a perda de uma perna seria mais incapactante
que a cegueira!, até porque ambos pediram a gratuidade para obtenção da licença.
Rosalle de Sousa encaminha pedido à Câmara no dia 26 de junho de 1879 também para
tocar realejo. A suplicante afirma ser estropiada, por Isso inepta para o trabalho, motivo por que
não tem como sustentar os pais desvalidos. A aprovação ve,o em 28 de junho .
Já Ângelo Sapiência, italiano, não teve a mesma sorte. Sua petição encaminhada à
Câmara em 11 de agosto de 1879, também .56 para tooar realejo por ser aleijado, foi indefenda em
13 de agosto em vista do chefe de policia .
"Diz João Miguel de Faria que, sendo mutilado de ambas as pernas, e tendo a seu cargo
uma numerosa familia, sendo-lhe preciso granjear um meio de subsistência, e não querendo ser
pesado à sociedade, procura um meio com o seu trabalho e outras mais sortes que seu estado
honHn há 15 dias no Engenho Novo, o fiscal proíbe-lhe trabalhar sem
lhe permite fazer, e achando-se na io oídb . a a
v ..ronr- por isto vem por meio deste pedir a V. Exâ que se digne conceder-
qüe tire a respectiva licença. Kor isiu vem h
lhe o que o suplicante espera em V. Ex« o favorável despacho
53
AGRJ: Códice 42 3 19, Diversões públicas, fl. 24.
54
AGRJ: Códice 42 3 19, Diversões públicas, fl. 45.
55
AGRJ; Códice 42 3 19, Diversões públicas, fl. 56.
56
AGRJ: Códice 42 3 19, Diversões públicas, fl. 57.
57
AGRJ; Códice 42 3 19, Diversões públicas, fl. 50.
60
Essa petição reúne ingredientes que costumavam ser bem aceitos: era mutilado de ambas
as pernas- possuia "numerosa" família, que não precisa de quantos membros nem de que
maneira se compõe; procura uma maneira de tmbalhar de acerto com suas possibilidades; não
quer ser pesado à sociedade. Ao contrário de outros pedidos até aqui examinados, o seu não
especifica qual exatamente a natureza de seu trabalho. Ao afirmar que estava a 15 dias no
Engenho Novo e que o fiscal não lhe permitia trabalhar sem a licença, patenteia o quanto se
depende das disposições das autondades e dos fiscais.
Este mesmo Joio Miguel de Faria retoma quase 7 anos depois com outra petição, que
prefiro transcrever, para melhor ilustrar as diferenças da antenor.
"limo e Exmo Sr. presidente da lima Câmara Municipal da Corte. Diz João Miguel de Faria,
artista brasileiro e aleijado de ambas as pernas,que, desejando dar nesta cidade um espetáculo,
vem solicitar das V.S" a devida licença, pedindo igualmente que seja isento de pagar os impostos
que institui para tal fim o código de postura da lima. Câmara. Em todas as cidades das províncias
onde tem trabalhado, as respectivas câmaras nada têm cobrado, como pode provar com os seus
documentos que tem em seu poder, favorecendo assim o artista, que nem de longe estende a
mão para implorar a candade pública. Procura antes um meio honesto para ganhar o pao para
sua numerosa família, não afligindo assim a sociedade. Convicto dos sentimentos de humanidade
e filantropia que animam a briosa Câmara Municipal desta corte, espera que ela nao sera
^ imfoiiT artiesta nue vem apelar para
K aqueles mesmos sentimentos,
indiferente ao reclamo do infeliz artista que ^
Nestes termos espero o benigno deferimento.
Rio de Janeiro, 6 de maio de 1886.
Estamos diante de uma petição muito bem instruida, utilizando lermos muito caros à
época. Apela para a humanidade e a filantropia da "briosa" Câmara em face das necessidades de
um "infeliz artista'.
58
AGRJ: Códice 42 3 19, Diversões públicas, fl. 86.
61
algumas ilações: o indivíduo ficava muito à mercê de algum fiscal, conforme mostrado por um dos
requerentes que dele poderia exigir a competente liberação; um eventual aumento generalizado
da fiscalização; medida preventiva do próprio indivíduo, principalmente se considerava que sua
atividade se afastava da simples mendicância. Sujeitos às ambigüidades da Câmara Municipal, a
quem eram dirigidos os requerimentos, sua situação complicava-se ao terem o pedido negado.
Como tinham de ter alguma atividade de ganho para sobreviver, é possível supor que fizessem
algum tipo de ajuste para mostrarem estar fazendo coisa diferente, trocar o local de atuação ou
ambas as coisas.
Esse capitulo foi dedicado aos cegos fora de qualquer instituição, vivendo suas vidas nas
ruas, mesmo quando estavam em suas casas, A vida "porta adentro", ou seja. no âmbito familiar,
não foi considerada, principalmente por falta de qualquer documentação que a possibilitasse.
Mesmo assim, nada impede supor que cegos estivessem dedicados a atividades domésticas em
seus lares ou qualquer outra na propriedade de suas familias. Creio não ter ficado qualquer
margem à consideração da "desnecessidade" de ínstituiçães especificas, mormente as
educacionais que tiveram, no século XIX, ampla difusão na Europa e Estados Unidos. A
Importância do Imperial Instituto dos Meninos Cegos e sua relação com o Governo e a sociedade
civil serão principalmente abordadas nos capítulos ill e IV.
CAPITULO II
Já no próprio titulo. Diderot. deixa bem claro seu objetivo; não investiga os cegos por
causa deles mas para um melhor entendimento dos que vêem. Refletiu, inicialmente, sobre dois
™tov,P rnntato direto, que ficou conhecido como o cego de Puissaux, e
deles, um com quem manteve comaio uiitnu, m
. escritos, o matemático Saunderson muito conhecido em sua
outro sobre quem se utiliza oe .
,. _ . -hr;, hp 1781 Diderot acrescenta observações sobre Melame de
época. Em nova edição dessa oora uc .
Solignaci o que prova seu interesse continuado.
Apesar de seu rigor reflexivo, Diderot julgou suficiente analisar três cegos de nascença
, . .rora" dos ceqos e das questões que os envolvem. Serviu-se
para sentir-se conhecedor da natureza aos ceyu
mndderados "bem sucedidos no mundo dos videntes", ignorando
apenas dos que poderiam ser consia
r r-nncidprados "muito bem sucedidos" no que faziam, conforme já
aqueles que poderiam ser consideraao
-x . «/lAritpc np9.se sentido, para Valentin Haüy que procurou seus
mostrado no primeiro capítulo. Méritos, nesse sentiu m
64
alunos entre estes, embora influenciado por Diderot. Considero suficientes as reflexões sobre o
primeiro destes para compreendermos o pensamento de Diderot sobre os cegos e a cegueira.
Gostava dos cuidados domésticos e o fazia sozinho nas horas em que todos
descansavam, pois preferia trabalhar à noite para não incomodar ninguém, jâ que prescindia da
luz para estas atividades, Quando Diderot chegou a sua casa por volta das 5 da tarde, tinha se
levantado hé pouco e estava a ensinar o filho a ler em relevo. Seu primeiro cuidado era recolocar
no lugar as coisas, o que faz Diderot concluir que
O belo para os cegos estaria ligado à simetria, que é perceptível ao tato. Mas quando
empregam o termo belo, na maioria das vezes estariam sendo guiados pelo julgamento dos que
vêem. O beio, no entanto, tem emprego mais nítido e está intrinsecamente ligado à utilidade.
Ao constatar que aquele cego tinha uma memória dos sons surpreendente e que as vozes
tinham para ele uma infinidade de matizes, coloca em relevo o aprimoramento da audição e uma
transferência de uma memória visual para uma auditiva. Encontra mesmo uma superioridade do
cego ao se referir a uma maior variedade de matizes que de rostos, superioridade que o próprio
cego constata Apesar disso, julga que os cegos de nascença têm mais dificuldade de aprender a
falar A fala se daria pela comparação e combinação de objetos sensíveis que permitiria chegar-
se àqueles não sensíveis. Pela ausência da visão, possuiriam os cegos menos objetos sensíveis
65
a seu alcance o que diminuiria essas comparações e combinações. Foi também constatada uma
memória tátil. Para o ceflo, a visio seria o tato â distância, tanto assim que, nâo fora pela
, ^ wicãn nue seus braços fossem mais longos. Diderot chega
curiosidade, preferia, em vez da visão, que seub u, v
nup também fosse surdo-mudo, sentiria os dedos fatigados
mesmo a conjeturar que um cego que ramuem
após algum exame minucioso e exaustivo, conforme acontece com a visão.
O tato e a audição nâo se aprimorariam tanto naqueles que vêem pela desnecessidade
„ „110 cpntidos se prestam^ Gomo as percepções tátil e visual são
gerada pelo apoio mutuo que os sentidos st; h
., . 0 onHitiva tê-las ambas aprimoradas seria para Diderot; 'juntar o tato
qualitativamente diferentes da auditiva te ias a.M k
a- vista, quando os olhos saoÇõn suiicierne
suficientes, é atrelar a dois cavalos, que já são muito vivos, um
t- ' o qual
terceiro na dianteira, nliai puxa
nuxa oe
de ui
um lado, enquanto os outros puxam do outro" (Diderot: 1979,7).
•o Ho v/iQõn oois para ele, os cegos tinham muito bem desenvolvidos o
Aqui fica nítida a supremacia da visão, pois, pa.a ,
tato e a audição.
01/0,/„ - P
nroximidade do fogo pelos graus de calor: a plenitude
"O cego de Pu!sau*^ f zem a0 cair os líquidos que transvasa; e a vizinhança
dos vasos, pelo rumor qu ^ seu r0Sf0 £ tão sensível às menores vicissitudes
dos corpos, pela agao do ar distinguir uma rua de uma betesga. Aprecia
que sucedem na afmosrc u ^ ^ capacjdade dos vasos; e converteu os braços
com perfeição os pesos ou em compaSsos, tão experimentados, que, nas
Também corrobora uma outra noção de longa duração, a de que os cegos são
necessariamente desconfiados. Especula que em um povo de cegos ou as mulheres seriam
comuns ou teriam leis rígidas contra o adultério, pois seria fácil as mulheres convencionarem
sinais com seus amantes. Tinha aquele cego prodigiosa aversão ao roubo, porque, afirma
Diderot, havia facilidade em ser roubado e, mais importante, em se perceber caso roubasse.
Também não faria grande caso do pudor, pois as vestes se destinariam a protegê-lo do
frio. Por isso não saberia por que algumas partes do corpo são cobertas enquanto outras não,
até porque algumas que o são deveriam não o ser por conta de seu uso. Para Diderot, das
demonstrações externas que provocam a comiseração e a dor, aos cegos sé resta a queixa, dai
suspeitar que, em geral, eles são desumanos.
"nUe diferença existe, para um cego, entre um homem que urina e um homem que,
sem se queixar derrama seu sangue? Nós mesmos nao cessamos de condoer-nos
Znndo a distância ou a pequenez dos objetos, produz o mesmo efeito em nós que a
privação da vista nos cegos? Tanto nossas virtudes dependem de nossa maneira de
senhredò grau com o qual as coisas externas nos afetam! Por isso nao duvido que,
sem o temor do castigo, muita gente teria menos dificuldade em matar um homem a
uma distância em que o vissem grande como uma andonnha, do que em abater um
boi com as próprias mãos." (Diderot: 1979, 8).
Eis aqui uma interpretação totalmente literal do dito "O que os olhos não vêem, o coração não sente".
Os cegos observados por Diderot não foram os únicos em sua época a terem
preeminência Cito o inglês John Gough, biólogo reconhecido por sua classificação de plantas e
animais- o matemático e astrônomo alemão Leonard Euler que continuou desenvolvendo teorias
importantes mesmo depois de ficar completamente cego; o zoólogo suíço François Huber,
reconhecido como importante autoridade no estudo do comportamento das abelhas (JERNIGAN,
Kenneth. "Estará a História Contra NósT. tradução de Maurício Zeni. Instituto Benjamin Constant, Imprensa
Braille, Revista Brasileira para Cegos, abril/jun. de 1975).
67
Diderot lança, assim, as bases do çue veio a se chamar tiflologia-, Haüy põe em prática
as Observações de Diderot, aprofundando-as através do dia-a-dia com seus alunos e no contato
com outros cegos. Mesmo que se diga serem suas idéias "superadas-, muito do que afirmou
Diderot continua hoje em discussão, como o aguçamento dos outros sentidos para suprir a falta
da visão Também não estão abandonadas noções como atribuírem aos cegos uma natural
desconfiança Se for certo que essa obra de Diderot teve alguma influência nos autores dos
discursos a serem analisados neste capitulo, por estarem pessoalmente I,gados e interessados
na causa dos cegos, o mesmo não se pode afirmar quanto aos escritores aqu, mostrados a
seguir embora possam tê-la lido eventualmente. Suas manifestações quanto aos cegos e a
cegueira se dão com base nas mesmas motivações preconceituosas do prõprio Diderot.
'1 T v- cun História e seu Método de Ensino". Traduzido por José Álvares de
Guadet, J. "O Instituto dos Meninos Cegos sua Hlsior
Azevedo, impresso na gráfica de Paula Brito, >P
í
Que é ser cego? De imediato, esta parece ser uma pergunta de simples resposta: "está na
cara" Uma pessoa que nada enxerga, nem vulto, nem claridade, com certeza é cega. Se assim
fosse não haveria necessidade de formular tal pergunta e a vida dos cegos teria as mesmas
vicissitudes de todas as outras pessoas, sem diferenciação que a estas acrescentassem outras.
Nó cego, oposto ao de rosa, que se não desata facilmente. Intestino cego: tripa grossa, não
tem senão uma boca. ou buraco. Alambique cego: o que tem só um cano. Terra cega: coberta de
matas3 Almorreimas cegas: as que não lançam sangue. Letra cega: apagada, mal distinta. Tiro
cego: a montão, sem pontaria. Cava cega: entulhada. Cárcere cego: escuro, tenebroso. Trovoada
cega: quando a atmosfera está cerrada com paredões de nuvens de toda a parte.
O contraste entre luz e trevas ainda se encontra muito presente no imaginário sobre os
cegos e no século XIX estava muito presente mesmo em um pensamento mais sistematizado,
conforme refletido nos discursos a serem analisados neste capitulo. Pod^se dizer mesmo que é
em torno disto que este imaginar e pensar se constróem. Estamos diante de uma polarização
2 ... rv '^virtrín rln línínici portuguesa. Recopilado dos vocabulários impressos até agora, e nesta
SILVA, Antônio ç murto acrescMtado. Lisboa: Typogralia Lacerdina, 1813. As d.fmiçdos dos
temôs"só!ace6ueir. Mc. aqoi referidas encontram-se neste dicionário, escolhido po, ler sido editado próximo ao
período em estudo e por sua ampla utilização.
3
Hoje, por certo, uma terra coberta de matas não seria considerada cega.
69
Preparação
Çao para o sacrifício de Jesus e o Oficio oe
n.oireva
^ está o . .
nas trevas Reinariam as trevas
_
~ n8« ,018) Via Láctea UL Em 29 de maio de 2005: http://
AC, Olavo Brás Martins dos Guimarães (18^"
'iblio.com.br/Templates/OlavoBilac/vialactea. .
Jz
O Urro derradeiro. Em 29 de maio de 2005: http://
:,v E SOUSA (1861-1898). Velho ^.."jro/derradeiroJexto.html.
irt.futuro.usp.br/textos/autores/cruzesous
, onnc. httD. //www.biblio.com.br /Templates /cruzesouza
^ E SOUSA. In últimos sonetos. Em 29 de maio de 2005. http.
71
■Pots em/qgar de fazer de,a entrega, .es sego/osos, feres rnfmrgos, .ntes a qaedre a
cólera mais cega 11
■" (Grifo meu).
r
^_ . . r„ 1, r„ Espumas flutuantes. Em 29 de maio de 2005: http;//
"ALVES, Antonio CasK,.
2ftvw.bihlin.com.br/Templates/CastroAlves/espumasfl Poesiae
-U_vv vv.UlUlKl.L-nffl.t.M / 1
J ^irn Fm 29 de maio de 2005; http; //www.bibvirt.futuro.usp.br
"CRUZ E SOUSA, A espada I» O
/textos/autores/eruzesousa/derradeiro/derra eir _
Se os oihos são o reflexo da alma, os sentimentos dos cegos sedam insondãveis. Sao
tristes porque não têm motivo para serem alegres.
■ ^ me. atormenta! E atormentando me seduz, fascina.! A
"Esse cego do barmon/um fa/ar com a sua alma peregrina. O seu cantar
minh-alma para e/e ^a/ seden mórb/da neblina.! O barmon/um geme certa
nosfá/g/co adormenía/ Comojrm ^ 0s seus o//?0s parecem do/s
gue/xa lenta,! Certa esqU'* . jnosos heijosl Fanados. apagados, esquecidos Ah^
desejos! Mortos^em flor do/s^/ prende.me a esse cego solitário./ De olhos aflitos
que deve ser isenta para ^ ^^^^ ^ ter percepçâa dal algumas
a0 p0
guiados pela visão e a ^ ^ ^ que, do meio de tantos desvalldos,
pessoas terem uma visão m en . ^^ Acred,t0 qUe essas citações e comentários no
Homer
possibilitam o surgimento de ° ® entendimento acerca do imaginário e
século XIX, com reflexos hoje, P ^ ^^^ ^ ^^ profundidacle à
"poeta lagartixa", por causa de seu corpo gjosas p0esias recitadas ou cantadas à viola",
em festas era constante, com seus impr ^ ^ mesrno a um "aedo ou trovador primitivo".
além dos ditos a ele atribuídos. Veríssim
17
. brasileira. Publicada primeirajuente em 1912. Em 29 de maio de 2005:
VERÍSSIMO, José. História da ^o/histlitbras.htm
http://www.biblio.com.br/templates/josever.ss.mo/lu
74
O' .>* os ceqos pedem a Deus a luz. Queixam-se de que a todos foi
No segundo canto, Sup . ^^e^ ^ os outros 0 mundo para
concedida a luz: aos animais e as p negro e profundo. No terceiro canto, Visão, o
eles o caos. Por isso suas mãos tateiam ^^ matutino resplendor. Surge alguém que
desb0ta
negror das trevas começa a a^' um dragã0i flarriejando vinte sóis no seu diadema. É
empunha um cetro, tendo por em em envolve é produzida por seus olhos,
firme e forte, sustentando na destra um mundo.
18
AN LE 55 1863, documento; 223.
19
AN IE 55 1863, documento: 216.
75
h p os reqos que nada viam, reconhecem no vulto seu Pai, Pedro II.
que nâo s6 vê, mas drfunde, E ^ ^ ^ ^ se de ^
Pocle
ria ser o sexto ato. Para uma idéia deste drama, reproduzo
VERÍSSI
2, MOj José. Op. cit. Diversos manifestações na prosa reações anti-
rol^O, Sylvio. História da 6^ edição organizada e prefaciada por Nelson
R0rn lCas no poesia. Rio de Janeiro; Livraria ose
,nero
22 ' 1960.pág.14o1.
23 Sylvio. Op. cit. pág. 1403.
Nem
77
Apesar do título. "O cego" não tem como o no monólogo de Maria na primeira
908
e sim da liberdade da mulher e isto fica bem pa^ ^ ^ Seguinte. Sem entrar no mérito
na d
o segundo ato e no diálogo que mantém com seu ^ possjbj|jdade de esc0,ha do marido.
Gestão, pode-se dizer que esta liberdade res ^9 epotêncja paterna chega a tal ponto de
and
o Poderia seguir as inclinações do coração. ^ ^ fosse um Cego qualquer. Por ter ficado
n9ar
^ana a casar-se com um cego, ainda que eConômica, nada incomum naquele tempo.
bre
o pai de Maria, entram aqui interesses de natureza
ostrar ao público com quem Maria ia se casar naquele
0
Primeiro ato tem por finalidade m e preconceitos acerca dos cegos que
Cof
icentram-se aqui praticamente todos os conce^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^
far Atenh0 me
âo presentes nos atos seguintes. ' ' há dois anos de uma doença não
rnasÍ8
do longa e repetitiva. Paulo cegara repen ^ questão Diderot de estar
Clarada
- Não estamos, assim, ante um cego de na^ o que lhe permite
ra Sd
as conclusões. Paulo mantinha intactas s aos que enxergam. Tem-se
6rir sa
nos- apenas a sua cegueira em linguagem aul0 nunca tivesse enxergado?
* desconforto para Maria e para o autor. Como firma que "um pobre
Ainda na primeira cena, Paulo diz-se feliz, apesar de as coisas não serem como desejava,
^as teria a maior glória possível a um cego. Lamentava não poder ver os olhos de Maria no
mom
ento em que beijasse sua mão na confirmação da união, nem veria o rosto de seu filho,
também com o objetivo de descrever as agruras de um cego e para melhor impactar sua platéia,
Ber
>jamin Constant lembrou esta impossibilidade em discurso proferido a 29 de junho de 1872 no
,rri
Peria| Instituto dos Meninos cegos, na qualidade de diretor, o qual será analisado neste capítulo.
Aqui, a visão assume toda sua dimensão de sentido hegemônico. Sem ela, não há
Percepção possível. Ao reconhecer "como é cheio de fel o amor de um cego", sente impossível a
fe|
icidade completa para todos eles. O fel estará sempre entranhado na doçura. Di-lo claramente
ao
afirmar que terá sempre o fel da dor no néctar do prazer. Maria o faria menos aflito, mas
duvidava que ela o fizesse feliz.
Na cena quarta, Emília, mãe de Paulo, tenta dissuadi-lo de casar-se com Maria, pois
pre
ssente uma desgraça. Paulo constata a diferença de entendimento de sua mãe. Antes,
aco
nselhou-o a amá-la por ser ela digna de seu amor; agorâ, que ficou cego, pensa ela de
rT1ane
ira diferente. Por acaso não pode gozar um pobre cego? Compara a cegueira a estar
enc
errado vivo em negra sepultura. Aquele cego de Diderot o estava em uma enxovia. Eis-nos
diante daquelas antíteses luz/trevas, cegueira/morte. Disse mesmo a Emília que não fora pelo
0r
Pue tem a Maria, que lhe acendeu a luz do coração, já teria morrido.
A
argumentação de Emília nos coloca ante as possíveis diferenças entre alguém que vê e
qUeni é c
ego. Afirma conhecer muito bem seu filho, que sempre foi ciumento e nunca deixará de
■ t:s
sa característica não devia ter muita importância enquanto via, mas a cegueira agrava-a.
esta
sendo dito por uma mulher, personagem de um autor que prezava a liberdade feminina.
SSlm se
^ expressa Emília quanto ao ciúme do cego: "Ele que nada vê, tudo adivinha, Cria
an
tasmas ... ilusões ... quimeras ...Mil desgraças fictícias imagina ... Pensa ter a traição sempre
Seu lado
, Aproveitando a noite de seus olhos, E faz por suas mãos o seu martírio]..."
Did
erot também constatou esta inclinação para a desconfiança. Se Paulo não tivesse sido
'IUmento, a cegueira a teria trazido com ele? Na cena quinta, confirma essa inclinação dirigindo-
a
| Daniel: "Escuta, amigo. Alguns serviços te prestei: e eu peço, De quanto fiz, a gratidão por
Minh
^ a desgraça faz-me interesseiro; Tua fidelidade me é precisa"
A c
i ena quarta traz ainda as queixas de Paulo. Deus deu aos homens o sol, as flores e a
1er
' ' due é mais que tudo". Ao cegar, praticamente tudo lhe é retirado. Recorde-se que os
79
ce
gos de Laurindo Rabelo faziam queixa semelhante. Estes encontraram a instrução, Paulo a
mu|
her amada. Em contradição com a cena primeira, pergunta se precisa de olhos para sentir os
m|
mos da mulher. Clama por seu direito ao gozo: "Portanto, o cego é criatura réproba, Que um só
dom do Senhor gozar não deve\\\ Que resta ao cego, pois? ... vida importuna? Lágrimas vãs?
0u
vir dizer - coitado] Quando ele passa tenteando a estrada? ...".
Ainda que não transpareça a intenção de Macedo em aproximar a questão dos cegos da
o
Mulheres, pode ela ser percebida no desenrolar dessa peça teatral. Se Maria, por força de
Seu Sexo
' necessita da presença masculina a seu lado, Paulo, por força da cegueira, necessita de
qUenr 0
' conduza; se Maria não tem o direito de escolher seu cônjuge, Paulo é aconselhado a não
casar por ser necessariamente muito ciumento; se Maria terá de obedecer a seu esposo, dele
de
Pendendo, Paulo dependerá muito mais de sua esposa que outros esposos. Se são faladeiras
as
mulheres, são desconfiados os cegos; se são mais dóceis as mulheres, são mais agressivos
0a
cegos. As mulheres e os cegos são frágeis, daí carentes de proteção. Apesar de cego, Paulo
POd6 es
colher sua esposa, pois era homem e rico. Até que ponto o teria feito se fosse pobre? Fora
Ce
9a e rica Maria, poderia talvez ser escolhida por alguém de classe inferior, mas se fosse pobre?
Ninguém é cego apenas pela falta da visão; é preciso ser e estar enquadrado em um
0rTl
Portamento atribuído e esperado. Nesse sentido, as questões teóricas de gênero podem
UrT as
^ iinar" questões pertinentes aos cegos, não se podendo eludir, entre outras, as questões
natur
eza classista. Em qualquer época, , estudar as questões pertinentes aos cegos é
U a
minar" quelas relativas a quaisquer outras minorias sociais, o que denota reciprocidade.
Irn
' Empreender a linguagem empregada pelos escritores para se referirem aos cegos no
écu
lo XIX e começo do XX ou como vem sendo comum chamar "o grande oitocentos", "lança
luz" So. re ' ,
o processo de "exclusão social" desse período.
Te
miino essas considerações acerca dessa peça de Macedo com o conselho de Emília,
C]U0 Hpí
3 quem interesssr poss3' "Cbçbf do pois do osposo o só dosditd, Cosor dopoís do
^ 0 ié loucura.-
Tanto "a iuneta máaica" como "O cego" não têm por objetivo o tratamento da visão ou
us
encia. o tratamento aaui é de cunho meramente moral, em que procura demonstrar que
n
3o há ^
^ 0 ^al e O bem absolutos; o bom senso seria o melhor guia. A história se passa no Rio de
80
Janeiro, num tempo muito próximo ao da publicação do romance, 1869. Simplício, nome muito
a
Propriado ao personagem, tem uma acentuada miopia que o torna quase cego. Curioso que isto
erri nad
a afeta sua locomoção, não tendo dificuldade alguma em encontrar qualquer coisa na
Cld
ade, ainda que isto signifique o número de uma casa.
Simplício descobre um mago armênio que lhe promete uma luneta que lhe permitirá ver
Perfeitamente. Sua normalidade visual duraria, no entanto, apenas três minutos consecutivos,
Pessados os quais teria acesso a todo o lado mau de coisas e pessoas. No início, procurou
obedecer essa diretriz, mas a curiosidade foi mais forte e tudo passou a ser considerado pelo mal
traziam, ainda que muito bem dissimulado. O resultado foi ser escorraçado de todos os
lu
9ares. Preferiu quebrar a luneta e voltar a ser quase cego. Pediu perdão a Deus por ter aceito
Se
utilizar do mago e considerou muito bom não ver.
Apesar de todos os inconvenientes por que passou, após algum tempo, lamenta a
v,sâ
o perdida;
"E agora os meus olhos ficaram sem luz, estou tateando as trevas, e o desejo de
gozar com a vista a natureza é mil vezes mais ardente, do que outrora] porque eu já
vi, o já sei o que perco não vendo, como pude ver. Ahl no outro tempo eu era como
um cego de nascença, infeliz-, ao menos porém não apreciando bastante a
profundeza da minha miséria', agora eu sou o cego que já viu, que cegou depois de
ter visto, e que sabe tudo quanto perdeu com a cegueira]... .
'sto fá-lo novamente procurar o mágico que lhe dá uma nova oportunidade. Dessa vez, as
Cor|
dições se repetem, apenas com a diferença de que ele passaria a ver as coisas e pessoas por
d
'ado bom. Se antes o rejeitaram com medo, agora, fazem-no com sarcasmo, com pilhérias, isto
^Poisde ser bastante explorado por sua credulidade. Desesperado, quebra novamente a luneta
e
decide matar-se. Encaminha-se a um morro de onde é salvo à última hora pelo mago armênio
C1Ue lhe
oferece uma terceira e última luneta, a do bom senso, que afirma também será destruída.
A
única referência que faz a sentidos mais aguçados é quanto a audição:
"Wâo me era possível apreciar expressões fisionômicas daqueles que reparassem em
nilni
' mas eu tinha e tenho bom ouvido de cego, e não me escapariam nem o murmurar da
Eis uma aplicação direta e um tanto canhestra das concepções de Diderot. Sua busca
as
eou-se em cegos de nascença no sentido de evitar a intromissão da visão na formação da
alrTla d
os pesquisados. A ele não interessou saber as possíveis transformações causadas pela
Ce
9Ueira a posteriori ou mesmo pela recuperação da visão. Para Macedo, a recuperação da visão
lnha e
feito imediato e a maneira de ver ditava a formação moral do indivíduo.
POR QUE E PARA QUE EDUCAREM-SE OS CEGOS: O DISCURSO DE JOSÉ
Xavier Sigaud nasceu em Marselha, França, a 2 de dezembro de 1796, vindo para o Brasil
ern
^826, falecendo no Rio de Janeiro a 10 de outubro de 1856. Era bacharel em Letras, doutor
erT1
medicina pela faculdade de Estrasburgo, médico da Imperial Câmara. Obteve muitas
Co
ndecorações como: cavalheiro da Ordem do Cruzeiro e da Ordem Francesa da Legião de Honra.
Ta
mbém se filiou a muitas entidades como Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB),
Em dezembro de 1850, retorna ao Brasil José Álvares de Azevedo que estudara na escola
Para
cegos de Paris com a intenção de fundar no Rio de Janeiro instituição semelhante. Sua
lrrie
diata aproximação de Xavier Sigaud resultou na campanha que empreenderam para a criação
do
'mperiai Instituto dos Meninos Cegos. Se Álvares de Azevedo tinha suas motivações por ser
C6
9o. Sigaud as tinha igualmente por ter uma filha cega que aprendera rapidamente o sistema
Br
* com Azevedo25.
0
'mperial Instituto dos Meninos Cegos começa de fato a funcionar em abril de 1854 já
COrri Xa
vier Sigaud como diretor, mas só é oficialmente instalado em 17 de setembro do mesmo
ari0 e
' m solenidade que contou com a presença da família imperial, de ministros de estado e
fi/è// dad0S bio8ráficos de Xavier Sigaud foram retirados de: BLAKE, Augusto Vitorino Alves Sacramento. Dicionário
foi rj^f00 Brasileir°- Rio de Janeiro, Imprensa Nacional, 1898. 4e volume. O discurso de Xavier Sigaud, anexo II,
0 do
Jomal do Commercio, ns 2.419, de 20 de setembro de 1854.
25
As
(Zeni^Jf68 de José Álvares de Azevedo e José Francisco Sigaud foram analisadas em minha dissertação de mestrado
J e serão discutidas no próximo capítulo.
82
diversos membros da elite imperial. Apesar dos esforços de Azevedo e Sigaud e de contar com
fortes aliados dentro do próprio Governo, como o marquês de Abrantes e o próprio Couto Ferraz,
en
tão ministro do império, o Instituto era considerado uma "instituição provisória", tanto assim que
seu regulamento foi tido como tal, embora assim permanecesse até a República.
Como usual e necessário, começa por exaltar a figura do imperador, lembrando sua frase
^ cegueira não é uma desgraça" que declara ser tão importante que deveria estar escrita no
Por
tão do Instituto. Esta frase teria sido dita por ocasião de audiência concedida pelo imperador a
Jos
é Álvares de Azevedo, quando este lhe foi apresentado, e ao próprio Sigaud no primeiro
Se
mestre de 1851, momento em que deram início à luta pela criação deste Instituto.
No prefácio que fez para uma tradução sua do livro de J. Guadet "O Instituto dos Jovens
Ce
9os de París", com data de 20 de maio de 1851, que dedica ao imperador, Azevedo registra
esta fras
e como sendo "A cegueira já quase não é uma desgraça". Estamos diante de duas
Pos
sibilidades; ou Azevedo estaria minimizando o peso da frase do imperador, ou Sigaud estaria
da
ndo-lhe mais peso, alterando-lhe o sentido. Que interesse teria Azevedo em diminuir-lhe este
Peso?
Uni possível equívoco de Sigaud pode também ser atribuído ao tempo que medeia aquela
Ucli
ência e esta solenidade.
R
efere-se também Sigaud ao "zelo" do imperador em criar instituições que a um só tempo
S6rviam
Para civilizar o País e minorar-lhe as misérias, como seria o caso do Imperial Instituto
H
consaa0rada
"? Corrêa
à
L
™a, ex-aluno ae professor do instituto Benjamin Constant. A D. Pedro de Alcântara . In Polianíéia
Comelm0rat
comemoração do 45 aniversário da instalação do Instituto dos cegos no Brasil. Publicação do Grêmio
ivo Beneficente Dezessete de Setembro. Rio de Janeiro, 17 de setembro de 1899.
83
dos Meninos Cegos. Além dele, outra instituição que atenderia diretamente esses requisitos seria
0
Hospício de Pedro II, cuja inauguração em 2 de dezembro de 1852 se constitui passo
lrri
Portante na medicalização dos costumes, reforçando em muito a autoridade do médico27. De
su
a autoridade advém então a importância do que irá dizer, até porque isto será dito a
Ao declarar que não teria cabido a ele proferir este discurso, mas a José Álvares de
Azevedo, atinge 2 objetivos; a modéstia e a exaltação de um cego brasileiro. A demonstração de
Modéstia visa sempre a angariar simpatia. Ao exaltar as qualidades de caráter de Azevedo, de
a,
guma forma ele as transfere para si, até porque ele estava incluído entre os seus amigos, e
Azevedo "sabia escolhê-los e apreciá-los...".
Colocada assim no centro da vida dos cegos, a educação será o objetivo máximo do
ln
stituto: "o Instituto não seria pois um asilo, muito menos um hospício, mas uma casa de
Uca
Ção. Teria uma tríplice especialidade: música, trabalho e ciência .
Tomando-se por base a situação dos cegos, creio ser lícito pensar que está implícito na
Mensagem de Sigaud a prevenção de sua mendicidade ou dependência total de suas famílias.
Colocada em primeiro lugar, a música era considerada um dom natural dos cegos, crença
esta
que dura até os nossos dias. Funda-se ela na compensação das perdas. Ao faltar-lhe a
Vlsão
. os outros sentidos seriam chamados a aguçar-se. principalmente o tato e a audição,
Co
nforme afirmava Diderot. Colocada em último lugar, mas considerada tão importante quanto as
0utra
s, a ciência era a valorização do desenvolvimento intelectual propriamente dito. O trabalho,
gestão será discutida no próximo capítulo, quando da atuação de Sigaud como diretor do Instituto.
84
colocado em segundo lugar, era de fato o que presidia os objetivos da educação dos cegos,
como já o era considerado na educação dos filhos das classes subalternas (Schueler: 1997).
Em cumprimento da legislação vigente, que não dava acesso aos escravos à instrução, o
Re
9ulamento do Instituto não permitia sua admissão. Ao afirmar que o Instituto está aberto aos
me
ninos cegos de todas as classes da sociedade, fica indicado que essas classes se
Co
mpunham apenas dos livres. A exclusão parava por aí. Não encontrei documento algum que
mo
strasse qualquer outro tipo de discriminação na admissão dos alunos, deixando alguns de
Sere
m aceitos por força do regulamento que impunha limites quanto às vagas e à idade.
Sigaud não parece se alinhar entre os que responsabilizavam as raças ou sua mistura como
Ca
usa de inferiorização, conforme fica indicado por Luiz Otávio Ferreira (1999) para quem Sigaud
àqueles que o Instituto estava destinado. Mas Sigaud adverte que uns e outros estão em igual
Proporção, o que sugere a indagação do porquê, em sendo assim, de as vagas não estarem
divididaseqüitativamente. MasSigaudavançamaisargumentosemdefesadeuma maior participação
dos pobres, o que parece contradizer o já disposto no regulamento, ou seja, as disposições mesmas
do Governo. Aqui, Sigaud acha-se ante um impasse: a necessidade de convencer o Governo de que
0
instituto pouco custaria aos cofres públicos, o que significaria concordância com o disposto no
re
9ulamento, e a necessidade de defender um Instituto para os pobres, o que o tornaria mais
s
impático à sociedade de que também dependia o Instituto para bem funcionar.
Sim, estes cegos existiam mesmo! Como puderam chegar tão alto? A visão, "janela da
al
ma e espelho do mundo", seria o sentido pelo qual o mundo era apreendido; sua ausência
Como que corroborando alguma influência sobrenatural na capacitação dos cegos, afirma
SÍ9au
d que foi a Providência que os dotou de "desejo ardente de saber"; sendo Ela infalível e
JUst
3. também os dotou dos meios para atingi-lo a despeito de tão grave falta. Note-se que
Si a
9 ud não se refere a alguns cegos, mas aos cegos. Por que então havia tantos circulando pela
de
sem instrução, apelando para a caridade pública? Sigaud apela para o sentido da
e
'dade em se deixar os cegos fora das possibilidades da instrução:
■■■ pois, se há um grau de instrução gue é de direito natural para todos os entes e de que
na0 é llcito
privar um menino, é um ato bárbaro privar dele um cego. Se a instrução é de direito
natural Para
n todos, é para o cego de direito divino."
Adilvinho ce
go que predisse o destino de Édipo.
MOnte em
Esparta do alto do qual eram atirados os nascidos com algum tipo de deficiência.
PARADOXOS DA LINGUAGEM SOBRE OS CEGOS: O DISCURSO DE BENJAMIN
31
CONSTANT
Cursou a Escola Militar, onde mais tarde tomou-se professor. Aderiu à doutrina positivista
Por volta de 1857, aceitando inclusive a religião da humanidade. Embora ativo propagandista,
b
aseando mesmo suas lições de matemática em Augusto Comte, foi considerado não ortodoxo
e
P 'o Apostolado Positivista Brasileiro, liderado por Miguel Lemos e Raimundo Teixeira Mendes.
Entrou para o Magistério do Imperial Instituto dos Meninos Cegos como professor de
temática e ciências naturais em 1862. tendo ocupado sua direção de maio de 1869 a 15 de
nOVe
mbro de 1889. Apesar de não contar com um emprego seguro, demorou-se a aceitar o
Conv
it6 do diretor do Instituto, Cláudio Luiz da Costa. Era a este tempo examinador de
egra do
SélTnstl discurso de Benjamin Constant, anexo III, foi retirada de: Museu Casa de Benjamin Constant (MCBC)
tuto dos Cegos doe. 504 De BCBM. Prédio, Instituto dos Cegos 8720629.
88
ma
temática dos candidatos à matrícula nos cursos superiores do Império, posição que exerceu
ra
9 tuitamente de 1860 a 1876 a convite do Governo. Ocupou provisoriamente o cargo de
re
Petidor de matemática no Colégio de Pedro II de 14 de fevereiro de 1861 até 2 de julho de
186332. Faleceu a 22 de janeiro de 1891. O Governo Provisório prestou-lhe diversas homenagens,
ln
clusive dando seu nome ao que era o Instituto Nacional de Cegos.
Benjamin Constant pronunciou seu discurso na sede do Imperial Instituto dos Meninos
Ce
9os na Praça da Aclamação n2 17 em 29 de junho de 1872 em solenidade para a entrega de
P^rnios aos alunos e lançamento da pedra fundamental de um novo edifício para o Instituto. Em
19
Pe maio daquele ano, sai o decreto de doação de uma chácara feita pelo imperador ao
lnstit
uto para a construção de sua sede própria na então Praia da Saudade, hoje Urca, onde se
enc
ontra até hoje.
Ainda que publicamente declarasse o vivo interesse pelo Instituto por parte do Governo, já
rêâo considerava que o poder público não lhe dispensava a atenção merecida apesar da boa
Von
tade de membros importantes do Governo como o próprio ministro do Império33. A
tra
nsferência do Instituto para este novo espaço significaria melhores instalações, possibilidade
de ex
Pandir em muito sua capacidade de receber alunos, maior diversidade de atividades tanto
edu
cacionais como de trabalho etc. Pedro II tinha por hábito estar presente a exames públicos e
9 ent
rega de prêmios aos alunos. Não foi esta a primeira vez em que participou de solenidades
Se
tipo no Instituto, inclusive com a presença da família imperial.
j2
SSab0res
^rimLÍ ^ Benjamin Constant por conta de seu preterimento à entrada no magistério são discutidos no
^ eir0 caPítulo de minha dissertação de mestrado (ZEN1: 1997) com base em Ra.mundo Te.xe.ra Mendes (1913).
6 0
Lut dar^
0sta
* ' ^r o quarto capítulo deste trabalho, com atenção especial à carta que dirigiu do Paraguai a Cláudio
em5 de março de 1867.
89
Para
os discursos da época. Não resvala, no entanto, para a arrogância, o que nenhum bem faria
a
sua causa. Embora dirigindo-se a pessoas "superiores", sustenta sua condição de professor ao
56
colocar com autoridade e de maneira didática.
Emprega uma linguagem que pode ser considerada paradoxal, nitidamente cristã feita por
positivista confesso; enaltecedora das capacidades dos cegos, embora se utilizando de
t6r
mos como infelizes e desgraçados. Minha hipótese para estes paradoxos e ambigüidades é
que
Benjamin Constant se utilizou desta linguagem e forma de discurso como estratégia de
Co
nvencimento, em que se encontram apelo à caridade, à vaidade, à responsabilidade pública...
Ao falar dos avanços da civilização, aponta para a fragilidade humana, cujo rumo adotado
pelo
s "bons espíritos", no sentido de melhorar as condições de vida da humanidade, é prova de
evo
lução. Por isso "espírito de filantropia e bem entendida caridade" é o "primeiro sintoma dessa
evol
ução gerar. Naquele momento, a educação dos cegos, ainda pouco assentada, bastante
"Aqui levantam hospitais aos enfermos, ... ali recolhe os orfaos desvahdos, acola
funda hospícios onde a velhice desvalida encontra a paz. Por toda parte abundam
suas obras de beneficência, por toda parte cria instituições humamtanas que. varando
"os fins, combinam-se, sistematizam-se e se unificam num pensamento comum .
CorT10
no Brasil de então havia dois poderes que se entrelaçavam e. por vezes, se conflitavam.
all0u B
enjamin Constant o Estado e a Igreja ao fundir na base do progresso a civilização e a fé,
Cle
ncia e religião.
A
s Pós os elogios, coloca os cegos em cena. e o faz de maneira abrupta, forte, impactante,
6u 0
bjetivo aqui é exacerbar o sentido da caridade, tanto para despertá-lo quanto para exaltar os
qUe já
o Praticam, certamente pedindo mais. É mostrado o profundo abismo que separa a vida
90
cio
s cegos e a da dos que vêem. De um lado, as trevas, o sofrimento; de outro, a luz (princípio e
força
), Qozo. De que melhor forma poderiam estes agradecer essas dádivas, senão através da
Car|
dade em relação aos cegos? A fim de que não paire dúvidas quanto a essas diferenças, após
Psdir a todos que imaginassem como seria se o sol se apagasse, se todo o universo ficasse envolto
eiTl ete
rna escuridão, se soubessem, assim, que nunca mais veriam a luz, privilegia algumas
Co
mparações tomando por base atos corriqueiros, o que melhor aflora sentimentos de piedade:
• que nunca mais vos fosse dado contemplar o terno olhar, o meigo sorriso de
vossos pais, irmãos, amigos e também de vossos queridos filhinhos, que nem ao
menos os seüs vultos pudésseis distinguir... que o alimento com que matásseis a
vossa fome, que a água com que mitigásseis a vossa sede, que todos os objetos que
tocásseis estivessem revestidos do negror das cores da noite, ... O que fazer com
estes desgraçados? Por muito tempo desprezados, maltratados... (Grifo meu).
Eis que os cegos podem ser instruídos, sua capacidade intelectual está preservada. Seria,
entà
o, aliar a caridade a um projeto de natureza iluminista de educação, conforme propostas que
Clrc
ulavam no Império34 Dessa forma, o,Imperial Instituto dos Meninos Cegos não seria uma
lnst|
tfJição fora do esperado, apesar da singularidade de sua clientela. Mostrará Benjamin
^stant, embora sem de fato eliminá-lo, como amenizar as conseqüências daquele abismo. Se
lsto
não fosse feito, ficava a advertência; "No entanto têm eles, como os outros homens, uma
alrna
Para sentir, um coração para amar e inteligência para compreender." Ao persistir o
ndono, essas faculdades só serviriam para medir seu infortúnio.
Atribui Benjamin Constant ao século XIX a "redenção dos cegos". Ao colocar lado a lado
ale
ntin Haüy e Louis Brajlle, dando ênfase ao século XIX, mantém a iniciativa de ambos nesse
meSm
o século. Mas a primeira escola para cegos foi criada em 1784 em Paris por Valentin Haüy.
POr,a
nto no final do século anterior, e o sistema Braille em 1825 por Louis Braille. É então no
SeCUl0 X|
X que nenhum espírito ilustrado (como certamente é o caso dos presentes àquela solenidade)
P0ÚQ
ignorar que os cegos têm plena capacidade de serem instruídos. E é isto que vêm
aco
ntecendo em países que "estão na vanguarda da civilização". Poderia o Brasil, cioso de
^^ncer a esta vanguarda, deixar de instruir seus cegos? Deve ser lembrado aqui a ligação que
Pedro
' II mantinha com cientistas da época e seu interesse pelas ciências. Se o País ainda
'VM
c|
*1* . »i
vilizando-se", seu imperador já era "civilizado .
Ma
s não se pensasse que a instrução dos cegos tinha apenas um caráter caritativo,
enibora
este não pudesse ser esquecido; eles já podiam exercer profissões úteis a si e à
34 ^
Pr0jet
o educacional do Governo Imperial será abordado no capítulo seguinte.
91
sociedade. Aqui Benjamin Constant traz à baila uma das questões mais momentosas, a do
lric
entivo ao trabalho para as classes subalternas, questão essa que se ampliava à medida que
mais se
prenunciava o fim da escravidão. Assim os cegos podiam e deviam ser chamados a dar
SUa con r
l ibuição ao Império.
Se alguém ainda tem dúvida das capacidades dos cegos, Benjamin Constant explica-as,
a
9ora privilegiando as faculdades da mente em relação às da visão, passíveis de distraí-las. Eis
que a vi
são, cuja ausência é apresentada como desgraça ímpar, é óbice à aplicação da mente. É
0
confronto entre o exterior e o interior, entre o corpo e a mente, entre o mundo e o espírito. Se o
ape|
o ao visual serviu para exaltar a caridade, o apelo ao mental serviu para indicar o respeito
que era
devido a pessoas capazes de produzir em área tão nobre. Mas não é só a mente que
tleiT
i s® desenvolve nos cegos. Os outros sentidos, chamados a atuar com mais insistência,
rnar
>ifestam-se mais vivamente, concorrendo assim para que os cegos não fiquem privados da
Ca
Pacidade de conhecer e reconhecer o mundo, que só podia ser apreendido através deles,
^cndo à mente a organização dessa apreensão.
Encontramo-nos de novo ante Valentin Haüy e Louis Braille. Haüy tem muitos
^alificatjvos; generoso, homem de espírito... Braille é "cego". A caridade vem dos que
®r9am, daqueles que estão presentes àquela solenidade. Os que ajudam os cegos são
horp
ens de espírito, generosos". Se a França tem Valentin Haüy. o Brasil tem Pedro II, e
qua|
quer um dos presentes pode fantasiar-se de Valentin Haüy, personagem mundialmente
r
econhecido por sua obra humanitária. Quanto a Louis Braille, beneficiário direto da ação de
Haüy e
' stava aí para ser admirado, como comprovação das possibilidades de quem antes vivia
ra
9o quando não rejeitado.
0
Brasil não poderia estar afastado dos progressos da civilização. Benjamin Constant
apr
ssenta-se não exatamente como um otimista, mas como alguém certo de que o País em
reVe est
3rá a altura das outras nações. Para fundamentar esta opinião, mostra o Império pleno
mar
avilhas ao imperador, o imperador e sua augusta família ao Império e ambos ao mundo. O
COncJe
q® Afonso Celso, não fossem aquelas divergências de 15 de novembro, bem poderia se
deste parágrafo como síntese35.
1
^me 30 ''WO do Conde de Afonso Celso Porque me ufano de meu país, mudo celebrado em boa parte do século XX,
92
Benjamin Constant mostra-se esperançoso. Enfim o Governo imperial vai dar o devido
Va
lor àquela instituição a que ele tanto se dedica. Tudo está indo muito depressa, e em breve o
instituto contará com melhores acomodações e a possibilidade de receber muito mais alunos.
Mas
. Pela forma como seu discurso vem desenvolvendo-se, sente-se que as apreensões
Co
ntinuam. O tempo mostraria que estas sempre se afirmariam em detrimento daquelas,
Co
nforme será mostrado no capítulo IV.
O discurso de Benjamin Constant associa a situação dos cegos à potarizaçao ovüizaçãcVbarbáne; kjz/trevas,
riStnj ao
^ ^norâTcia, trabalho/mendiddade, filantropia/misantropia. Embora considerando os sentidos como porta de
en,Ia
da Para o conhecimento, concede primazia ao racional em sua organização, o que o afasta dos
em
Piristas e sensualistas como Diderot, sem chegar a negá-los. Por isso os cegos, conquanto
air|
da infelizes, não serem necessariamente desconfiados. Chegar à civilização seria atingir o
ter
ceiro estágio de desenvolvimento, o positivo, último na escala positivista, de onde retira esta
doutrina seu nome. É o primado da razão que permitiria ao homem o conhecimento das leis que
e e
9 nam o mundo natural e social, passíveis de apreensão pela ciência.
As
Possíveis comparações entre as reformas educacionais na Corte e o Instituto serão abordadas no capítulo seguinte.
os CEGOS COMO PROTAGONISTAS DE SUA HISTÓRIA: O DISCURSO
Seu discurso fez parte das comemorações do 42e aniversário do Instituto Benjamin
Cor
<stant conduzidas pelo Grêmio Beneficente Dezessete de Setembro. Este Grêmio, primeira
entidade de cegos no Brasil, foi fundado em maio de 1893 e tinha por principais objetivos, de
aco
rdo com o art. 2° de seu estatuto: "1e - comemorar solenemente o dia 17 de Setembro de
18
H data da instalação do Instituto Benjamin Constant; 2* - promover, por todos os meios a
0sso a
fcance, a propagação da instrução e conseqüente redenção dos cegos
0
discurso de Antonio Lisboa objetiva traçar uma breve história das instituições de e para
C6
9os, apresentando as mais recentes como congêneres do Grêmio que representava. É uma peça
berT
" construída, em que, atravésda história, procura mostraroeloque une a todos os cegos no mundo.
inste, ^ d0 discurso, anexo IV, foi retirado da Poliantéia consagrada à comemoração do 452 aniversário da
Hio d eÇTa0
a
d0 lns
tituto dos cegos no Brasil. Publicação do Grêmio Comemorat.vo Beneficente Dezessete de Setembro.
neiro, 17 de setembro de 1899.
^A
Ínf0rrnações
CanilnConsta biográficas de Antonio Lisboa Fagundes da Silva foram retiradas do livro de matrículas do Instituto
39 nt (1854-1954).
ProfeIaêmentos
Sor do discurso proferido em 23 de setembro de 1894 por Cesário Christino da Silva Lima, ex-aluno e
Primário do Instituto Benjamin Constant. In Poliantéia...
94
A|
ém de afirmar ser o menos indicado para falar em nome do Grêmio, praxe naqueles tempos.
Aclara que, de fato, não caberia a ele este pronunciamento, tendo sido convidado na tarde anterior
Para cobrir o impedimento do colega de magistério Honório Correia Lima, dono de uma voz
Máscula e bela". Não deveriam, pois, esperar um pronunciamento tão brilhante como os de
Ce
sário Lima e, principalmente, Augusto José Ribeiro, Ambos ex-alunos e professores do Instituto.
Justifica o fato de não falar dos progressos da instrução dos cegos ou da fundação do
ns
tituto Benjamin Constant por isto já terem-no feito antes outros brilhantes oradores. Sua frase fria
edes
ornada" dará conta daquelas instituições, que. como o Grêmio, visavam a proteger os cegos.
Começa por citar a frase do livro "Histoire de 1'Aveugle" do professor cego Edgar Guilbeau:
A ce
9ueira é tão antiga como a humanidade". Ao citar um professor cego, mostra que a história
05
cegos já estava sendo escrita, de maneira confiável, por eles próprios, não dependendo de
CiLJer
n falasse por eles; eram os cegos refletindo sobre si mesmos. Tratava-se de uma história tão
ant|
ga quanto à da humanidade, não podendo dela ser separada, confundindo-se com ela. A
h|
stória dos cegos estaria, assim, regida pelas mesmas leis da história, no caso a "lei dos três
atados". Entre aqueles cegos a quem Moisés não permitia que se colocassem tropeços e que o
Sa
'mista vedava a entrada no templo e o cego instruído pela sociedade moderna, às vezes
0rn
amento de seu meio, existiu uma fase "medieval" que foi a da criação das associações de
Ce
9os ou "tiflocômios40".
Bara melhor indicar e ilustrar suas posições positivistas, cita Pierre Laffitte ao caracterizar
aquela
tase medieval como sendo o "período medieval católico". Essa postura positivista de
Anto
nio Lisboa permite indagar até que ponto Benjamin Constant teria influído seus alunos cegos
nessa
direção. Teixeira Mendes, em mais uma demonstração dos desvios de Benjamin Constant,
S ra a
^ correspondência que este mantinha exatamente com Laffitte.
Detém-se Antonio Lisboa nesse período medieval, falando dos primeiros tiflocômios.
Refo
rçando a tese de que a história dos cegos esta imbricada na história da humanidade, cita
lamente Edgar Guilbeau ao dizer que os cegos acompanham, ainda que lentamente, os
SSOs
da evolução social. Como, para contrapor-se à tirania feudal,
d
4n0arÔmÍO
0 Co
deriva de
nhecimento thyplus, termo
relativo aos grego que significa cego. Ainda hoje a quem se refira a uma "tiflologia" para
cegos.
95
Afirma Antonio Lisboa que estas associações foram mantidas por cegos e seus protetores
^Wra a mendícidade. Aqui fica patente a participação dos próprios cegos em suas questões.
Quanto à proteção contra a mendicidade, seria colocá-los na condição de vítimas, o que impõe a
P0laridade"herói/vítima"aindahojemuitoencontradiçaentrediferentes segmentos da sociedade, de
que 0
'ivro de Oto Marques da Silva, "A epopéia ignorada", constanteda bibliografia, é bem ilustrativo.
Com exceção de Carlos Magno, afirma Antonio Lisboa que nenhuma monarquia absoluta
Se
'nteressou pelos cegos, inúteis para a guerra, citando mesmo Isabel da Baviera como símbolo
de
beldade. Somente com a revolução Francesa, com a libertação do jugo feudal, é que o
Pocle
r público se interessou pelos cegos, passando a apoiar a escola fundada por Valentin Haüy,
mais
uma vez mostrando como os cegos se beneficiam da evolução da humanidade, nada tendo
a
9 nhar com o despotismo.
Pode-se inferir que, para Antonio Lisboa Fagundes da Silva, a Imagem social acerca dos
Ce 0
9 s, qUe hoje chamaríamos de estigma, dever-se-ia ao longo tempo em que não tiveram
p0S8
'bilidade de instruírem-se. o que coloca a educação como redentora, como seria para outras
PeSSo
as. São mesmo heranças iluministas, de que o positivismo é herdeiro. Esta imagem social
Ser,a
a responsável pela "repugnância" que as sociedades mostram em relação à necessidade de
Se
Cucarem os cegos. Eis porque educandários são confundidos com instituições de caridade.
A
o atribuir a imagem social dos cegos à lei da inércia, denota habilidade em transpor para a
Corí1
Preensão de suas questões a maneira positivista de compreender a sociedade, que se regeria
POr leis
rígidas como a das ciências da natureza, sendo a inércia uma lei da física, até porque a
SOcio|
ogia era também física social. Ao considerar que o uso de uma dada imagem social é
"Aditiva do progresso, combate frontalmente as generalizações, pois um papa nem sempre é
96
Sa
ntíssimo ou um cego nem sempre é mendigo. Poderíamos também estar diante de uma
re
jeição de formas essenciais de encarar os cegos, mas os tempos ainda não estavam para isso.
Praticamente foi compelido a deixar o Ministério da Guerra pelas fortes divergências com alguns
Co
mandantes que se deveram a uma disputa entre os chamados "científicos", aqueles que
tlr|
ham formação nas escolas militares, e os "taribeiros" cuja formação foi construída nas lides
0105
quartéis e, no caso de alguns, na Guerra do Paraguai. Assim, as esperanças de Antonio
s
' boa não se assentavam em bases tão sólidas quanto pretendia.
O Grêmio Beneficente Dezessete de Setembro era, de fato, uma entidade que não
Cons
eguiu transpor os limites do próprio Instituto, apesar de seus intentos. O Governo Federal
Manteve-se à frente da educação dos cegos, mesmo quando, a partir da década de 1920,
SlJr
9iram as entidades de proteção e trabalho. Quando outros institutos foram criados, diferentes
est
ados da federação deram-lhes subsídios tanto em termos financeiros como mantendo
A
o citar associações européias, colocando ao lado delas o nascente Grêmio, proclama a
Uniâ0 e
ntre os cegos pelo fato mesmo de serem cegos, para vencerem os preconceitos.
Privi,
egia aqui o internacionalismo na luta comum, quando o Brasil procurava afirmar-se como
naçâ
O- Eis que aquilo que une, os preconceitos, é exatamente o que deve ser combatido. Ao citar
u
Ma revista francesa. Valentin Haüy, mostra que os acontecimentos e as opiniões européias não
®raM desconhecidos dos alunos do Instituto. Sei de outra destas revistas que também eles liam.
Ve2
a mais antiga delas, e tinha o sugestivo nome de "La Lumière .
CEGOS, CEGUEIRA, ESTIGMA E HISTÓRIA
Como essa estigmatização tem história, ss variações relativas à discriminação dos cegos
e
stão vinculadas a tempo e espaço, influindo uns espaços sobre outros e havendo acúmulos em
nv
' el temporal, o que permite buscar-se o passado para melhor conhecimento do presente.
Também no Rio de Janeiro do século XIX, conforme mostrado no primeiro capitulo, não
for
am poucos os cegos que tiveram vidas independentes da mendicldade e da reclusão
anméstica, o encontro com esses cegos não é a busca de heróis, ou de vitimas; todos são,
n e
^ Pendentemente de quaisquer outros rótulos, pessoas .
0
herói e a vitima faces do mesmo ente discriminado, mantêm-se necessariamente
'lamente entrelaçados dependendo de um a existência do outro. É a exaltação de alguns e a
Geração em relação a muitos outros. Se o herói se justifica pelo possível estimulo que
re r
P esentai também justifica a permanência da vitima. Sua figura está necessariamente imbuída
98
de
forças que vão além do humano. Boa parte dos alunos do Imperial Instituto dos Meninos
provou que era possível sair de onde estavam, mesmo sendo apenas pessoas, conforme
Se
rá mostrado nos capítulos subseqüentes.
Os estigmas, as exclusões sociais não são privilégios dos cegos. Conhecer sua história é
conhecer um pouco mais acerca de como se dá a estigmatizaçâo para todos os outros
Se
9mentos sociais. Reversamente, o estudo das formas de discriminação para outros segmentos
ajuda em muito a compreensão da inserção dos cegos na sociedade, até porque alguns outros
Se
gmentos estão bem à frente na produção da compreensão de sua situação. Volto a destacar
as
Possibilidades que as questões de gênero podem trazer à compreensão da estigmatizaçâo
dos Ce
gos principalmente por seu caráter relacionai. Se a cegueira traz em si uma limitação,
muit de
o sta é uma "construção social".
A linguagem acerca dos cegos e da cegueira é a linguagem sobre seu estigma que, ao
ref|
eti-lo, participa de sua construção. Por ela, as desvalias e potencialidades são enunciadas,
Se
dimentando conceitos e possibilitando preconceitos, conferindo-lhes status de conhecimento.
Embora hoje possam soar um tanto estranhos, os versos do Hino de Laurindo Rabelo.
Peritos em 1863, devem tertido muito boa aceitação a julgar-se pelo discurso de Benjamin Constant
qua
se nove anos depois. Sua aceitação por parte daqueles que o devem ter cantado também pode
ters d
' o razoável, a julgar-se pelos versos de Honório Corrêa Lima, ex-aluno e professor do Instituto
Ben
jamin Constant que se vale da mesma idéia, declamados trinta e cinco anos após:
a
''do em 17 de setembro de 1898. In Poíiantéia..
99
Alguns outros exemplos podem ser encontrados acerca da maneira como se utilizavam do
me
smo discurso para referirem-se a eles próprios. Cesário Christino da Silva Lima, ex-aluno e
Professor do Instituto Benjamin Constant, refere-se a esse Instituto como Ares santa c/as
'herdades e dos direitos dos órfãos da /az"42.
"Foi a primeira vez que o poder público se manifestou a favor dos infelizes para quem
o sol, a aurora, as flores e o luar são palavras vãs! Para aqueles que só conhecem a
natureza pelo bramido da tempestade, pelo estampido do trovão, pelo calor ardente
com que o sol lhes cresta a pele ou pelos espinhos com que a rosa lhes fere a mão
que nela busca achar beleza\"
A linguagem acerca dos cegos, sendo reflexo de sua estigmatização. também reflete suas
br
echas" e contradições. Todos somos inundados de mensagens que atribuem aos cegos coisas
d|f
erentes entre si. São eles agressivos e calmos; extrovertidos e introvertidos; ativos e passivos;
Pessimistas e otimistas Ao tempo que promovem desentendimentos, esses conceitos - ou
Prec
onceitos - contrapostos propiciam e, em alguns casos, instigam a reflexão, mormente por
Part
e dos próprios cegos. Essas reflexões tanto podem levar à manipulação de sua imagem
So
cial em seu benefício imediato, como no caso da mendicidade organizada, quanto a propostas
de
"snnancipaçâo social", como no caso do discurso de Antonio Lisboa Fagundes da Silva.
Os cegos também são mitificados de maneiras muito diferentes. Podem ser impuros ,
informe ordens expressas do Senhor a Moisés, proibindo-os, juntamente com coxos e outros
^Puros" de oferecer o pão no altar (Levítico: 21. 18-21). Também os animais que tiverem algum
defei
to, e os cegos estão incluídos, não poderão ser ofertados ao Senhor (Levítico: 22, 20-21).
Tar
hbém por serem "incapazes", juntamente com outros "incapacitados", eram atirados do monte
Ta
^o em Esparta.
/>0
'SSÇã0 retirada d0 discurso proferid0 por Cesári0 CrhÍStÍn0
^ SÍ1Va LÍma
' ^ 23 Cle Setembr0 de 1894
' ^
100
Considero, pois. muito legítimo se utilizar de textos literários da época como auxiliar na
apreensão de como os cegos e a cegueira eram encarados. Emerge dali com "clareza" a
Associação entre cegueira e trevas, vivendo os cegos nelas, estando os cegos também
Rociados às metaforizações relativas às trevas. A partir daí. a cegueira confere tristeza,
^andono, falta de percepção etc.
Embora não lance mão de noções como vida nas trevas, introversão, tristeza, infelicidade
etc
' suas observações conduzem-no a outras também presentes no pensamento comum acerca
ce 0s
^ 9 - Seriam eles desconfiados, "amigos da ordem", desumanos...
A
Pesar de seu pretendido rigor intelectual. Diderot também se deixou levar por feitos que
prat
'camente colocou na conta de sobrenaturais. Tão admirado ficou ante aquele cego de Puissaux
qUe es
te observou: "Percebo bem, senhores, nos disse ele, que não sois cegos: estais surpresos
COm 0
que faç0- e por que não vos espantais também pelo fato de que falo?" (Diderot; 1979, 7).
Cons
iderou Diderot essa observação profundamente filosófica, mas não refletiu sobre a
101
m
ensagem que trazia acerca da naturalidade com que aquele cego encarava suas realizações,
atr|
buindo iguais possibilidades a outros cegos, naturalidade que não era compartilhada por
^uele "investigador".
Assim, Fagundes da Silva pode desviar sua atenção para questões de operacionalidade
00
^cante à educação e instrução dos cegos, defendendo a importância da continuação do apoio
governamental nos moldes em que vinha sendo concedido. Xavier Sigaud e Benjamin Constant
tanr
ibém necessitavam convencer o Governo da importância de seu apoio, sendo que Sigaud
vs diante de uma instituição nascente e Benjamin Constant pleiteava sua expansão. Sigaud
0ptou
Por um discurso mais explicativo, valendo-se de sua autoridade de médico; Benjamin
stan
t procurou envolver seus ouvintes emocionalmente, apelando para a polaridade trevas/luz
C0,T1 bas
tante ênfase, muito se utilizando de termos como infelizes, infortúnio e quejandos.
Do
que se depreende dos textos aqui tratados, incluindo-se os literários, portanto não
latamente direcionados aos cegos e à cegueira, os que intentaram um pensamento mais
Slste
rnati2ado em muito se aproximam das tioções popularmente adotadas. Estamos diante de
^Pressões, de depoimentos, mas não de observações consistentes que pudessem corroborar ou
^eitar essas noções. Seria preciso esperar a chegada do século XX para se ter um estudo tão
J^tematizado quanto o que apresentou o cego francês Pierre Vilay, reconhecido também como
dos
Melhores estudiosos do filósofo Montaigne.
A
ntonio Lisboa Faaundes da Silva se apresenta como um cego falando por si mesmo, não
Hlais m
amente urn
tom conhecimento a partir do outro. Suas preocupações centram-se numa
ada
CJe de consciência grupai que extrapolam os muros do Instituto, que extrapolam as fronteiras
Seu Paí
|rn s. Um cego, justamente por sê-lo, não estaria só. O Instituto Benjamin Constant, antigo
P6r,al
Instituto dos Meninos Cegos, que teve como um de seus principais artífices um outro
9o i 0s '
' é Álvares de Azevedo abre caminho para uma consciência identitária ao grupar os
00^ T '
rna se 0
cam- " - Ponto de inflexão do em si ao para si. E Fagundes da Silva percebe que esse
0
é dado pela história.
CAPÍTULO lli
Oto Marques da Silva (1987, 283) acredita que, "certamente", algo deve ter sido feito pela
ln,C|
ativa privada anteriormente em outros pontos do Brasil. Sem descartar, obviamente, esta
Pos
sibilidade, afirmações como estas, sem qualquer comprovação, ficam por conta do desejo do
0r
t , não passando de especulação.
Não consegui descobrir que motivações levaram Comélio Ferreira França a apresentar
UrT1
Projeto como este, até porque nada encontrei acerca de qualquer vínculo seu tanto com a
Cria
Ção quanto com a instalação do Imperial Instituto dos Meninos Cegos. É certo que o Instituto
rece
beu muitas doações de anônimos, mas considerar que um destes poderia ter sido Cornélio
re
ira França me colocaria nas mesmas condições de especulação e desejo.
Por não termos acesso às suas motivações, creio importante conhecermos um pouco de
SUa
vida e de sua atuação na Assembléia Geral Legislativa. Para tanto, optei exatamente pelo
ano
de 1835, ano de, muita efervescência e de muitas discussões na Assembléia Geral, onde
des
Pontou com sua presença constante, apresentando e. apoiando projetos que, em sua maioria.
n6rT1 f
oram discutidos.
^n|versidade de Coimbra, entrou para a magistratura onde chegou a ocupar uma cadeira no
ribunal
de justiça, sendo aposentado contra sua vontade em 1864. Foi condecorado como fidalgo
cavaih eiro
•
da Casa Imperial e cavalheiro da Ordem de Cristo.
103
Foi deputado pela Bahia de 1831 a 1837 juntamente com seu pai e seu irmão Ernesto
Ferreira França. Segundo Sacramento Blake1, "Foi um dos primeiros brasileiros que alimentaram
a ,c
fé/a da emancipação dos escravos, adotando o sistema de alforriar todos os seus depois de
w certo período de serviços".
Escreveu para vários órgãos da imprensa política, principalmente para o Diário do Rio de
J
aneiro, tendo mesmo redigido um deles, O Atleta. Seu único livro publicado foi uma biografia de
Seu
Pai escrita em 1870. Deixou inédito Consultas do Supremo Tribunal de Justiça. Faleceu no
A fim de não tornar este trabalho mais cansativo do que o necessário, deixo de considerar
055
Projetos de ordem mais burocrática, privilegiando aqueles que melhor mostram suas posições
Poüticas. Esses projetos ficarão praticamente ao nível da enumeração para evitar digressões que
'Xariam muito distante meu intento de discutir o projeto de 29 de agosto.
'a rriesr
no de sua apresentação.
As
discussões sobre a extinção da escravatura estiveram sempre em pauta entre os
^ados radicais desde pouco antes da independência até o fim da Regência (1831-1840)
Sta; 1
| 987, 119.-I38). De alguma maneira, a extinção do tráfico externo em 1850, ironicamente
eVada
a cabo pelos conservadores, se coloca no rumo da extinção gradual, embora Ferreira
França
' P0r certo, a queria um pouco mais rápida.
Na
^EÍ898U8USt0 VÍt0rÍn0 AIVeS Sacrament0
- DicionãrÍO Bibliográfíc0 BrasiIeiro
- Ri0 de Janeiro
' Im rensa
P
Nem.
3
T
Câmara
Fil
T referentes à atuação de Cornélio Ferreira França referem-se aos "Anais do parlamento brosUeiro"
ho n,d0SxSenhores deputados 2* ano da 33 legislatura, sessão de 1835. R.o de Jane.ro. T.pografia de V.uva P.nto e
'Kua Nova do Ouvidor, ns31.1887.
104
Seu pai, Antônio Ferreira França, na sessão de 16 de maio de 1835, apresentou projeto no
er|
tido de que todos os que nascessem no Brasil a partir daquela data seriam livres, o que
antecipava em 36 anos a chamada Lei do Ventre livre, de 28 de setembro de 1871, consumada no
Sabinete conservador de Rio Branco.
Na sessão do dia 9 de maio, Cornélio Ferreira França apresenta um projeto para anistiar
bes as pessoas envolvidas em crimes políticos cometidos até o fim de 1834 nas províncias de
^'nas Gerais e Rio de Janeiro, ficando em perpétuo silêncio todos os processos que se fizeram a
S e res
* Peito qualquer que fosse o estado em que se achavam.
O projeto que mais de perto interessa a este trabalho tem o seguinte teor.
Este projeto inclui os "surdos, mudos e cegos" no que dispõe o inciso XXXII da
Onsti
tuição do Império, concedendo o direito do ensino primário a todos os cidadãos brasileiros
Se
^ apoia na lei de 15 de outubro de 1827 que cria o ensino de primeiras letras no Império. Pelo
0
Adicional n24, de 12 de agosto de 1834. caberia às províncias legislar sobre seu ensino
^rirnário. servindo a Corte como modelo, daí o art. 29 deixar a seu cargo o estabelecimento dos
ac|
os be seus professores.
Ao
considerar os "surdos, mudos e cegos" como cidadãos plenos de direitos, pelo menos
ant0
^ ao qUe dispunha a lei no'tocante à educação, este projeto pode ser consiiderado como o
tTleiro
neste sentido a combater a discriminação contra estas pessoas.
105
Os esforços para uma educação "sistemstizdda dos surdos antecederam aos levados a
Cabo
Para os cegos, que tiveram sua primeira escola em 1784 fundada por Valentin Haüy em
F aris
' (ver Capítulo l). Desde então, foram se disseminando pela Europa escolas para surdos e
6SCo as
' Para cegos, chegando aos Estados Unidos na década de 1820. A implantação da
educ
ação para estes segmentos favoreceu o atendimento dos cegos-surdos, que requer, a par de
Sedimentos empregados para os cegos, como o ensino da leitura e escrita, outros por conta
des
ta "fusão", que traz ao indivíduo uma "percepção" diferenciada daqueles outros segmentos.
Este f
oi o caso da escola de Bruxelas surgida em 1834 e da Perkins School nos EUA, que
tam
bém se dedicou à formação de professores, recebendo especial destaque Ann Sulivan que
ÍICOu mun
dialmente conhecida por ter sido professora e acompanhante de Helen Keller.
Até onde sei, não houve tentativa de se colocarem lado a lado cegos e surdos em uma
rr,esma
classe, salvo nos dias de hoje, quando estão sendo colocados na escola comum, portanto
nao es
Pecia|jzada. O projeto não deixa claro se haveria ou não separação de classes, embora
CC)rn 0
mesmo professor. A grande dificuldade de se colocarem cegos a surdos em uma mesma
Classe
« que enquanto os cegos não se utilizam dos caracteres comuns para ler e escrever, os
SUr<i
°s têm o problema da linguagem, empregando método diferente para se comunicarem,
tempo a oralidade, pois somente no século XX é que a lingua de sinais se impôs.
Em 1835 não havia cursos regalares para a formação de professores. A Escola Normal da
aro
xíncia do Ri0 de janeiro foi exatamente criada neste ano; a da Corte, em 1880, A formação
0s
| professores se dava mesmo na prática (Schueler, 2002). o que também ocorreu no Imperial
^'"Wo dos Meninos Cegos com seus ex-alunos. As normas do curso normal ministrado no
dos Surdos-Mudos para formação de professores foram dadas pela decisão n»20 de 13
6
«gosto de 1884. Como não havia antecedentes no Brasil de educação de cegos e surdos, os
, teores deveriam receber algum tipo de formação no exterior, a não ser que o Brasil quisesse
n 'seu Próprio começo Fica suscitada a dúvida de quem mandaria estes professores ao exterior,
0
««o das províncias o Governo Imperial, de onde emanava a lei, ou os governos provinciais,
OPonsáveis por l^islar em matéria de educação primária. Deve-se ter em conta que a diferença
106
0,0
Público alvo não favorecia a que, de modo geral, os professores que se dedicavam à
eciUca
Ção de cegos não se dedicassem à educação de surdos e vice-versa. Deste modo, sua
Orr
nação comportaria, na verdade, duas especializações em escolas diferentes.
Pode parecer estranho, hoje, que o projeto proponha um professor' ao invés de classes
em
escolas ou mesmo escolas como já existiam na Europa e Estados Unidos. É que as escolas,
ta
s construções com salas e professores, não eram ainda tão comuns em 1835, existindo a
^ura do mestre-escola (Schueler: 2002). O Imperial Instituto dos Meninos Cegos e o Instituto dos
Surd
os-Mudos surgem já em outro contexto, bem depois da instalação do Colégio de Pedro II
er
P 1839.
Este projeto de Cornélio Ferreira França nunca foi sequer colocado em discussão. Motivos
090 fa|
taram para tanto: o deputado não parecia ter real envolvimento com a causa, tendo
eiXad
o a Câmara em 1837; não tendo o Governo um projeto educacional, como se disporia a
Pen
sar na educação de "surdos, mudos e cegos", se nem mesmo deles precisava? Somente em
teríamos outro projeto em favor da expansão da educação dos cegos pelas províncias do
lmpéri0
. desta vez formulado por Benjamin Constant. Embora aprovado pela Assembléia Geral
Le
9islativa em 1875, foi rejeitado pelo Senado em 1877 sob a justificativa de que isto levaria a
^ento de despesas com os quais o país não podia arcar naquele momento.
A CONQUISTA DE UM INSTITUTO PARA CEGOS NO BRASIL
Duas leis acabavam de entrar em vigor, a Lei de Terras e a de Extinção do Tráfico Externo
6
Escravos. A primeira transformava definitivamente a terra em mercadoria, pois só poderia ser
obtid
a via compra, e a segunda dava importante golpe no sistema escravista brasileiro,
pos
sibilitando e mesmo forçando, dentre outras coisas, que os capitais antes destinados ao
tráfi
co de escravos se voltassem para outros empreendimentos (Carvalho: 1998; Costa: 1886;
Mattos: 1994)
Seria equívoco supor que o ensino primário era pensado apenas para as classes
Suba
lternas. Para José Murilo de Carvalho (1998), tanto a educação superior quanto a primária
Aparam do treinamento das elites, fundamental para o exercício do poder, limar de Matos
(1994
) mostra como a educação jogou papel importante na consolidação do Estado Imperial na
Pectiva dos líderes saquaremas.
^40) 0s
mais importantes saquaremas estiveram â sua frente, começando com Rodrigues Torres
183
^ 5, sendo deste ano a criação da escola normal da província, encarregada de formar os
Professores
para o ensino primário.
SaJCr
,
' arnento BM/- e " c ir^4 Fncontrei porém carta de seu pai indicando com precisão o
„a™ ™ <1= ^ „ Brasil. Outro equivoco é sua afinnação de que era
0 bem CO S, , iia P a
» qoenS '
ao se sustenta em '™
face "de seu parentesco,
" emtarâ rto garama
embora nao «rama que
q fosse muito abastada. (Zeni:1997,8S.),
108
enta
nto, poucas as suas alterações (Mattos: 1994, 263). Foi justamente Couto Ferraz, à frente da
Past
a do Ministério do Império, que promoveria reforma significativa no ensino primário e
Se
cundario do Município da Corte com o Decreto 1331A de 17 de fevereiro de 1854.
Bem diferente do contexto em que surgiu o projeto de Cornélio Ferreira França, a intenção
_i
6
'ntroduzir no Brasil a educação dos cegos passa a contar, além disso, com outro tipo de
atores
, deveras envolvidos com esta causa: José Álvares de Azevedo, cego quase desde o
Sscimento, e José Francisco Xavier Sigaud, médico bem conhecido, que tinha uma filha que
aca
bara de perder a visão. Os esforços de ambos já foram razoavelmente contemplados em
minh
a dissertação de mestrado (Zeni: 1997). Retomo alguns pontos e questões a fim de melhor
^scuti-ios aqui.
José Álvares de Azevedo nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 8 de abril de 1835, filho
d6
Manoel Álvares de Azevedo. Em 1839, Maximiniano Antonio de Lemos ficou impressionado
C0,T1
a inteligência do menino cego que encontrara na casa do cunhado de Manoel Álvares de
6Ve
^ do. o Dr. José Ignacio Vaz Vieira, sugerindo, desde já, que fosse enviado a estudar em
aris
assim que alcançasse idade suficiente. Neste mesmo ano, Lemos foi enviado a Paris como
adldo
da representação brasileira em França. Visitou o instituto de Paris, colhendo informações
que lo
go enviou a Vaz Vieira. Em 1842, estando para retornar ao Brasil, deixou recomendações
SObre
a chegada de Azevedo ao Instituto, prevenindo ao negociante brasileiro José Luiz Correia
Segundo Cláudio Luiz da Costa, Azevedo teria sido apresentado ao imperador por seu tio,
0 Bar
âo d0 Rj0 Bon.t0j o que deve ter se dad0 mujt0 próximo de seu retorno ao Brasil, como
Pod
e-se depreender do fato de ter Azevedo dedicado ao imperador sua tradução do livro do
p f
fo ess0r de parjSi j cu.o prefácjo por e|e escri{0 está datado de 20 de maio de 1851,
^nforme consta do discurso de Sigaud. discutido no capítulo II. Azevedo e Sigaud, por certo
0 Vld0s
ac 6 P^a influência do segundo (vide seu discurso no capítulo anterior) e pela facilidade de
So a
o imperador, preferiram iniciar sua caminhada através de D. Pedro.
^ológica do Imperial Instituto dos Meninos Cegos, escrita por Cláudio Luiz da Costa para o período
^fiáve V ]862. Não indiquei a numeração de páginas por ser praticamente um rascunho e a numeração nao estar
onheço um exemplar desta obra em braille pertencente ao
109
^o ^rica^^n^aM^
oiviliza'. Afirmavam que no conjunto da civilização, ^
c
omo a própria Monarquia - 'flor exótica na Aménca. (Mattos. 1994. 120).
Co
mo Xavier Sigaud José Álvares de Azevedo vinha da Europa e trazia um recado da
civiii2
c os cegos eram educáveis. Estar em presença de um cego educado torna inevitável a
OOfT
com aqueles que viviam no Brasil, presos às suas famílias ou dependentes do ganho
nas
rUas
" - "A cegueira já quase não é uma desgraça", dito atribuído a D. Pedro por Azevedo.
110
conforme já discutido no capítulo anterior, revela-se como mais um fruto da civilização, que
ser
convinha absorvido.
Se mesmo para as elites a adesão a um paradigma de civilização baseado em um
Pensamento essencialmente evolucionário tinha ambigüidades, não se pode esperar melhor
s
Posição das classes subalternas que nem mesmo pareciam professar tal paradigma.
Sem encaminhar qualquer proposta concreta, termina apelando para a benevolência dos
Pbores deputados: "A conveniência de transplantar para o nosso país tão bela instituição, e a
dos infelizes a quem ela se destina, me dispensam de quaisquer considerações para
Pedar em seu favor vossa benevolência."6
O Governo imperial toma, de fato, a iniciativa de instalar na Corte um Instituto para cegos
9 par
tir da chegada ao Ministério do Império em 6 de setembro de 1853 de Luiz Pedreira do
Coü
to Ferraz com o gabinete presidido pelo Marquês do Paraná. Denominado Ministério da
Co
nci|iaçãoi foi a expressão do fim de uma fase de lutas entre liberais e conservadores.
acimit
indo em seu seio alguns dos primeiros. Trouxe também a posições de liderança um grupo
6 j0Ven
s Políticos que tiveram grande influência nos anos seguintes (Carvalho: 1998, 50).
Por
sua presença constante no Instituto, tudo leva a crer que Couto, Ferraz não
n estou
ç ^ apenas um interesse de governante à causa da educação dos cegos. Se antes o
P0UC0 56 rT10VeU neSte SentÍd0, t0m0U 616 ráPÍdaS 6 POntUâÍS pr0VÍdênCÍaS para que 0
Uto fosse imediatamente instalado.
ErT
i 8 de dezembro, Azevedo e Sigaud apresentam ao Ministro lista de livros e outros
^ateriais indispensáveis ao início imediato das aulas. Para a escrita no sistema braille, necessita-
J3 de
dm aparelho especial e de um ponteiro, conhecido como punção, que podiam ser
'lecionados aqui mesmo O papel, que de especial só tinha a gramatura, deveria vir de fora. o
Hüe atesta a ■ ■ .»
msipiência de nossa indústria.
Ta
^ mbém o ensino tinha sua especialidade, não exatamente no que deveria ser ensinado.
ane
^ íra por que se dava. Afirmavam que
d0
na >éno. Ministro José da Costa Carvalho. Relatório do ano de 1851, apresentado a Assembléia Geral
T sessão da 8â legislatura. Publicado em 1852.
111
"Por ora nosso parecer é que seria bastante mandar vir dois professores, um cego
que servisse para ensinar tornear, a fazer cestos e outras obras manuais Uma será
também cega que se incumba de dar lições práticas de costura, de bordar, de tear
franjas, trabalhos aos quais costuma dedicar-se as jovens discípulas da instituição
da Europa e do norte da América."
A necessidade de trazer de fora professores será discutida no capítulo seguinte, bem
0rT10
a importância de cegos ensinarem cegos, discussão que ainda hoje não está superada. Em
15 d
e dezembro, Azevedo e Sigaud foram visitar a casa no morro da Saúde onde o Instituto
Cearia até 1866.7
Em 18 de janeiro de 1854, dirigem uma circular aos presidentes das províncias da Bahia,
do
Paraná, do Rio Grande do Sul. do Pará. de São Paulo e do Rio de Janeiro, na qual
8 853
ai,, > documento: 016.
IE 52 i o
9
Co documento: 002.
^^Pondêncla a diretores
"cia dos j- do ■
. Instituto r. •
Benjamin rrmctant vol
Constam, voi. Ii, 1853-
i o^^ 1857,, carta de 18 de janeiro de 1854.
112
^rande evento não aconteceu. Não encontrei na correspondência de Sigaud com o Ministro do
erio acerca do Instituto nada que esclarecesse o fato.
Er
^ 17 de março faleceu José Álvares de Azevedo em conseqüência de um abscesso
prof
ündo na coxa esquerda. Somente seis meses depois, a 17 de setembro, seria oficialmente
^talado o Imperial Instituto dos Meninos Cegos. Azevedo não chegou a estar com os alunos
ar
nente alojados para o início das aulas.
felatório de 1853, apresentado à Assembléia Geral em 1854, informa Couto Ferraz que
Go
° verno tinha dado os primeiros passos para a instalação do Instituto, que, após já ter sido
aUt0ri2 12
ada pelos senhores deputados, só faltava a dos senhores senadores.
Se
c a autorização do Senado tinha mesmo importância para a instalação do Instituto.
rn0 Pode
^ ria o Imperador tê-la marcado para o dia 25 de março se suas sessões iam de abril a
Até^ro? MeSmo assirT1' decidiu 0 Governo dar iníci0 àS aU,aS' aceitancl0 desde abril matrículas-
. 6 17 de setembro de 1854 permaneceu Sigaud na condição de diretor provisório de uma
nSt
ÍtUÍcãn
p 0 n
ao oficial.
arta
i, • de 26 de janeiro de 1854.
l
^xn.
\2
^isIÍta0113^ ,mpéri0
2 sessão daMinistro Luís Pedreira
9~ legislatura. doem
Publicado Couto
1854.Ferraz Relatório de 1853 apresentado à Assembléia Geral
JOSÉ FRANCISCO XAVIER SIGAUD: UM DIRETOR NÃO-OFICIAL
A
demora em o Senado conceder autorização para o Governo criar um instituto para
ce
9osfe2com que este funcionasse em caráter não-oficial de março a setembro, quando, no dia 10,
P ' Parágrafo segundo do Decreto 781, poderia serdespendido quinze contos com sua criação.13
e0
^ão encontrei qualquer documento que mostrasse quais as medidas que o Governo
0tou
Para conseguir esta autorização, muito menos porque demorou tanto. Creio que um
Emento importante para o Governo demonstrar sua disposição com a educação dos cegos teria
Slcl0
a inclusão de algum dispositivo no decreto 1331A de 17 de fevereiro de 1854 que reformou o
ensin
o primário e secundário da Corte, até porque nesta data muito do que viria a ser o Instituto já
estav
a Praticamente acertado, inclusive o aluguel do prédio onde iria funcionar e propostas de
re
gulamento elaboradas por Azevedo e Sigaud. Neste sentido, maior apreço teve a criação de
asilos
Para meninos desvalidos (art. 62). Apesar deste interesse, o Asilo dos Meninos Desvalidos
Sonri
ente foi criado em 1875, e em conseqüência da lei do ventre livre, conforme Silvania
A
coi Primeira destas propostas (26 de dezembro de 1853) e a segunda (20 de janeiro de 1854)
DOcar
P o instituto em nível nacional e sob a proteção do imperador. Quanto à finalidade, as três
0 eÇão
"
u leis do Império do Brasil. Ano de 1854, Tomo XVIII, Parte II, Seção 46.
AN IE 50 , o
1
i3 ^ «3; AN IE 52 1854; AN IE 52 1854.
Ím
PonaCá,ÍSe amPliada destas propostas está em minha dissertação (Zeni: 1997). Prefiro retomá-la aqui por sua
anCla
Para este trabalho.
114
P opostas estão de acordo em que devem ser instruídos os cegos de ambos os sexos para serem
Üteis a
si e à sociedade, sendo que a terceira (a que não traz data) não usa o termo ambos os
56X03 6
sim brasileiros e apresenta como finalidade colocá-los ao abrigo da miséria e melhorar
su
3s existências.
Enquanto as duas primeiras propostas permitem a admissão dos oito aos doze anos, a
t6r
ceira fala em antes dos oito e depois dos onze, o que pode ser a mesma coisa, mas sujeita a
al9Uma
ambigüidade. O pedido de admissão seria feito através de requerimento dirigido ao
lm
Perador, acompanhado dos atestados de batismo, de que a cegueira não tem cura e de que a
fam,l|
a é pobre, sendo que na terceira este seria encaminhado ao diretor que intermediária o pedido.
primeira e segunda propostas, dois médicos atestariam a cegueira, enquanto que para
ter
ceira bastaria um. Além da cegueira, a primeira prescreve que seja comprovado que o
Can
clidato não sofria de epilepsia, lepra ou qualquer lesão orgânica, enquanto que a terceira fala
d0 e
' tia sujeito a moléstias.
^9s primeira e. segunda propostas está previsto um atestado das autoridades municipais
De
e acordo com as três propostas, o instituto teria um diretor que residiria no
^belecimento. nomeado pelo imperador e respondendo diretamente ao Ministro do Império,
2ünd0 as duas primeiras. Pela primeira e segunda propostas, os professores seriam nomeados
Pelo
Gover
,r " no mediante informação do diretor, sendo que a terceira determina seu número em
ês;
além
de que o Governo mandaria vir da França dois professores, um para o ensino
'htei
6ctual
e outro para o musical tendo suas passagens pagas pelo próprio Governo e morariam
e
stabeiecimento.
As tr
UrTi ês propostas acordam em que sejam nomeados um médico e um capelão, havendo
a Senhora
6ríi Para dirigir os trabalhos das alunas e dois pedagogos para vigiar os alunos, além de
Prir^9^08 Para o trabalho interno, conforme estabelecido pelas duas primeiras propostas. Pela
daria61'9' SerÍam contratadas duas irmãs de cariclade para 33 enfermarias; pela Se9Unda
' ist0 se
ando 0 instituto delas necessitasse.
115
Havia, segundo Sigaud, dois professores cegos. Remi Thomas, que constava como
music
o na lista da programação do instituto em 25 de março, organista da Capela Imperial, e
Jo
aquim José Lodi, organista das igrejas de São Francisco de Paula e da Misericórdia. O primeiro
era
Proposto para professor de afinação de pianos, de harmonia e da teoria do contraponto, tendo
a de
svantagem de só falar o francês; o segundo, para professor de piano e outros instrumentos,
tendo
a vantagem de falar o português, sua língua materna. Para a classe das meninas,
Pro
Punha sua filha. Adele Maria Luísa Sigaud, a fim de dar lições de gramática e de canto, de
pia
no e de harmonion.
"uma mulher de idade para tratar os meninos e lhes ensinar a rezar, mediante o
salário mensal de 6$000' duas crianças de 8 anos para guias de cegos as quais
servem grátis, um cozinheiro, um feitor incumbido das compras dranas, e da horta a
mulher ocupada a lavar engomar e consertar roupa: os 3 últimos recebendo cada
cm 20$Q00 por mês Como não existe repartição pública sem poneiro, chamei um
P^ra o instituto, exigindo que ele fosse nos vários distritos do Município Neutro e da
Província solicitar meninos e os trazer. Recebe o porteiro 33$333 por mes.
C|
audio Luiz da Costa, sucessor de Sigaud na direção do Instituto e autor de uma história
no|
^ ógica do estabelecimento, acrescenta algumas informações aos dados apresentados no
ICI0 de
e 30 de março de 1854 e traz algumas divergências. Pedro José de Almeida era doutor
^ Medicina e já estava habilitado no conhecimento do braille. Por que estaria? Joaquim José
d ensina
|e° ' va aos videntes, tendo aprendido música "antes da descoberta de Braille" através de
ras
^ ordinárias em relevo. Presumia Cláudio Luiz que Sigaud nomeara por pedagogo o empregado
6)(6
^ rcia a função de inspetor de turmas nas escolas, o que confere com o apresentado nas
das
c Primeiras propostas. Entre os serventes, menciona dois africanos. Diz terem os meninos
0ntra
tados para guias de 9 a 10 anos. Foram contratados Pedro José de Almeida e Joaquim
COrres
Pondência dos diretores ., carta de 30 de março de 1854.
116
s
® Lodi. O professor de belas letras e o pedagogo não foram contratados por julgar o Ministro,
no
dizer de Cláudio Luiz, que a instituição ainda não precisava deles. A filha de Sigaud não
ns
ta entre os contratados, mas ficou lecionando às meninas, saindo sua contratação em 1857.
C|
audio Luiz considerou-os não só desnecessários como prejudiciais. Diz que em 18
rTleSes forarr
i despedidos 3 alternativamente, sendo que o último em dezembro de 1855. Afirma
meSrri0
que "em vez de encaminharem os cegos, divertiam-se em levá-los a lugares onde caíam
e
ficavam
confundidos ou feridos". Confirma que
'Dentro do estabelecimento os cegos não carecem de guia; tem admirável tino; raras
v
ezes se enganam nos acidentes do caminho, que estão habituados a percorrer,
endam apressados e correm quando não têm um obstáculo imprevisto. Mas ha
exceções: temos uma aluna, que foi das primeiras entrada para o Instituto, destituída
de tino a tal ponto que é necessário guiá-la sempre para que nao se perca ou
esbarre".
tamb'ern^rri 19de abn!, chegaram os serventes eos dois africanos livres enviados pelo Governo, vindo
Sigaud e sua família ocupar o espaço que lhe era destinado para residência. Tem início a
7Claud
18' ioLuilz da Costa; op. cit.
117
Seu empenho fica patente em uma lista apresentada daqueles que estavam, no dizer de
S|
gaud, prometidos ao Instituto. Num total de trinta, trazia 17 meninos e 13 meninas. A pretensão
de
o Instituto recebesse cegos de todo o território nacional fica demonstrada pela
pro
cedência dos pretendentes, embora a grande maioria residisse mesmo na Corte, seguida pela
Pr
ovíncia do Rio de Janeiro. Provinham da Corte 16; da província do Rio de Janeiro 7; da
pro
^ncia do Rio Grande do Sul 3; da província de São Paulo 2. Duas meninas, netas do Barão de
João da Barra, não traziam local de domicílio declarado .
Em 4 de abril de 1854, pede encarecidamente que Tomás José Pinto de Cerqueira envie
Seu
sobrinho, que acabaria vindo somente em setembro, pois urgia a presença dos alunos para
nâo
esfriar o zelo dos professores. Diz que o regulamento ainda não está aprovado, mas que o
Minist
ro pensa em 200$000 no ato da entrada para o enxoval e 400$000 de pensão anual. Que o
pode vir com seu enxoval de casa, decentemente trajado, que lhe dará parte quando isto
ficar
resolvido20.
Erri
c 30 de maio de 1854, é matriculado Agostinho José Martins, que não apresenta as
Car
acterlsticas indicadas com idade estimada em 14 anos; seu pai estava vivo e residia na
Cjçjgpl
e
do Rjo de Janeiro, na freguesia de Santa Rita.
AN
IE2uT7
J 4 docu
Co niento: 24.
2l nd
lridei ^ ência dos diretores ... carta de 4 de abril de 1854.
n c-art
rtade.
22 ^ maio de 1854.
iQsl^0 de
Mafrir.,.1 j „ r fies feitas a partir da relação nominal de alunos - 1854-
0
f®
ae "« Suc^òTulS-Tnaitu" B.nj.min Constam Primeiro voium. de 1854 , 1906. Assinado pelo
Abrantes.
118
Casa
dos Expostos a menina parda Maria por ter alguma visão e sofrer de elefantíase em uma
das
Pernas. Declara que assim o faz em respeito aos estatutos da instituição e em obediência ao
Min
istro do Império a quem consultara e que deixava em aberto a remoção da menina ao instituto
Puando perdesse totalmente a visão e ficasse melhor da perna .
'sto indica que Sigaud não pretendia admitir pessoas com algum grau de visão e que
isentassem qualquer outro problema além da cegueira. A noção de cegueira, no entanto.
Parece
não excluir um mínimo de percepção visual. Na lista dos 30 prometidos ao instituto, há
três
casos declarados de cegueira incompleta. Como tudo indica que Sigaud não conhecia
Malmente nenhum dos candidatos, não pôde nada dizer quanto ao grau residual de visão
Ciestes
três, Se há casos declarados de cegueira incompleta, poder-se-ia supor que os outros
f0SSern
de cegueira completa, mas o nível de informação, como duas netas de.... moço que...,
tilho de ^
■■■. aesautoriza qualquer afirmação.
A
|6 existência de alguma percepção, visual entre os primeiros alunos indica que Sigaud
PVOü
at consideração dois fatores: a pouca valia desta pequena percepção e a premência de
Üno
d. o número de pessoas com cegueira total é bem menor do que o daquelas com alguma
^'«tPçlo visual e a percepção visual daqueles alunos nada significava em uma sociedade
guinada pelo visual É por este motivo que a OMS (Organização Mundial de Saúde) vem
0ris|
derando cega aquela pessoa que possui menos de 10% de visão, sendo a medida mais
utlli2
ada a chamada "Escala de Snellen", introduzida pelo oftalmologista holandês Herman
Sn
6llen (1834-1903). Sigaud não contava, então, com qualquer escala que o pudesse auxiliar.
^Uas re
ferências eram o bom senso e a necessidade urgente de alunos.
A devolução de Maria à Casa dos Expostos não se deveu ao fato de ser exposta ou de ser
ParcJ
a, conforme se pode depreender dos alunos entrados, dos candidatos e do que consistia a
Proc
ura de Sigaud, que não excluía os mendigos. Cândido José Correia da Silva era filho de
llberto
s. O caso de Maria traz, no entanto, algumas interrogações; Não tivesse Maria uma das
Pernas
afetada pela eiefantíase. seria ela aceita? Fosse ela completamente cega, ficaria o
lnstit
uto com ela. procurando promover seu tratamento? Maria foi enquadrada entre os muitos
que s
ão considerados cegos por uma sociedade onde a norma é a visão e não-cegos por uma
'^lituição onde a cegueira é a norma. Não tivesse Maria um problema físico, poderia Sigaud
Ementar que sua aceitação se deveu também ao fato de poder ela servir de guia para suas
'e9as. já que recrutara dois meninos para exercer esta função.
> 50 - Nas escolas para o sexo feminino, além dos objetos da primeira do art.
'se ensinarão bordados e trabalhos de agulha mais necessários. (...)
ani^t —
4
' documento: 24.
120
a/t. 51 - Em cada paróquia haverá pelo menos uma escola do primeiro grau para
cada um dos sexos."26
baqueia carta a Couto Ferraz, Sigaud defende veementemente a admissão das meninas,
lan
»itlo mão de argumentação variada, que vai desde o constrangimento político ao apelo
estivessem juntos em uma mesma sala em escolas primárias, como convencer o Ministro
Pecessidade de estarem juntos em um internato!?
Começa por indicar que não tomou a Iniciativa de admitir meninas por sua aulo-recreaçâo,
^ seguindo Valentin Haüy, o que quer dizer que o Instituto de Paris admitiu-as desde seu
lnici
° Admitiu, assim, a sobrinha do Ministro da Marinha. Nesta data, havia entrado apenas uma
Anna Rodrigues de Faria, admitida em 24 de abril. Seu pai, Luiz Rodrigues de Faria, era
^Pregado no consulado. Sendo ela sobrinha do Ministro da Marinha, estranha o falo de ter ela
essacJ
" o no instituto na classe dos alunos gratuitos.
Logo a seguir, Sigaud procura contemporizar, dizendo que, uma vez consagrado o
ofpjoj fac/V será restringir a edmissão, eceitendo unicemente elgumas meninas de 6 a 12
anos Com
o pensionistas". Se aceita, esta sugestão impediria que nem todos os constantes da
ilsta de
prometidos ingressassem no instituto, pois, conforme já verificado, dentre os 30, havia 13
men|
nas. Durante todo o período em estudo (1850 a 1890), o número destas foi sempre muito
lnfer
ior ao daqueles, sendo mesmo determinado menos espaço para sua acomodação no instituto.
Vive em Niterói a menina cega que se aprontava para o Instituto de Paris. O pai
soube da criação do Instituto do Rio de Janeiro e prometeu enviar breve a sua filha,
áspero por ela a cada dia. Queira V. Exà perdoar o zelo que me aroma em prol de
uma causa justa e que me leva a dirigir a V. Ex- essa única observação acerca de
seu valioso trabalho orgânico."
'felizmente, como em outros casos, as promessas dos pais não se cumpriram, pelo
ri0s c e
'acordo com o Livro de Matrículas, e esta menina não chegou a matricular-se. Neste
p6rio
do, apenas outra menina deu entrada no Instituto em 17 de maio. Maria Madalena Brandão,
ascí
da na província do Rio Grande do Sul, mas residente na Corte,
Consagrado o princípio, como diria Sigaud, o Instituto dos Surdos-Mudos também contou
a
^ admissão de meninas após sua instalação oficial em 26 de setembro de 1857, não sendo
0Ut0 Ferr
c a2 mais Ministro do Império. Seria lícito supor que estas exceções se deveram ao
ater
excepcional" dos educandos e, por conseguinte, destas escolas?
^ Cláudio Luiz da Costa atribui a esta indecisão do Governo a demora na contratação oficial
CJe e
' Sigaud para o ensino das meninas, o que só se daria em 1857 .
r 0 lec u
l e social abrangido por estes pretendentes a alunos do Instituto, além dos que
ame
C6 nte se matricularam que não constavam desta lista, era bem amplo, com exclusão
ente dos escravos que o inciso 32do artigo 69 do Decreto 1331A de 17 de fevereiro de 1854
narSSamente Pr0ibía adm'ssâo às escolas. Como não há declaração de cor, não ficamos sabendo
9 9 6s
te respeito, embora o Instituto tenha aceito alunos sem qualquer distinção neste sentido.
Exata
joâ f ente ao lado das duas netas do Barão de São João da Barra, figura Anna, filha do
Ba
^ calhau, operário do Arsenal de Marinha. Se há filhos de fazendeiros, também uma
lna pro
d.A' veniente da Casa dos Expostos, o matriculado em 15 de setembro de 1854, Antonio
V6lar
. "filho ilegítimo de uma mulher de maus costumes", conforme consta do Livro de
claüdioLuiz
^^:
122
Ma
l'iculas,e outra que pedia esmolas. Um moço da colônia de Petrópolis se ombreava com outro,
Português, irmão de um operário pedreiro.30
'«teliae reproduzia (Sohuele,: 2002; Carvalho: 1996; Mattos: 1994). Pode também ter isto contribuído
para
oue algumas famílias, ante tal mistura, resistissem a colocar seus filhos no Instituto.
Ao colocar lado a lado em uma instituição bastante fechada os cegos sem levar em conta
suaa
Posições na sociedade, o Imperial Instituto dos Meninos Cegos estimulou uma consciência
118
Portencimento a um segmento social, possibilitando o aparecimento de um sentimento
'"«terio que, portanto, pairou sobre as questões de classe. A dispersão dos cegos pelas ruas
ou
encerrados em suas famílias não trazia as condições necessárias pata a formação deste
eentímento. o pertencimento a grupos de cegos pedlntes, músicos etc. foi até onde chegaram em
rmos
de identidade.
No dia 17 de setembro de 1854, data de sua instalação oficial, contava o Imperial Instituto
dos
Meninos Cegos com 10 alunos, oito meninos e duas meninas, sendo três com recursos e
Sela
considerados pobres3' Eram eles: Cândido José Correia da Silva, matriculado em 23 de
abriP
; Anna Rodrigues de Faria, matriculada em 24 de abril; Luiz Antônio Gondim Leitão,
"^nculado em 24 de abril: Carlos Henrique Soares, matriculado em 15 de maio; Maria Madalena
ra
ndão, matriculada em 17 de maio; Agostinho José Martins, matriculado em 30 de maio; José
ereira
Bastos de Faria matriculado em 8 de agosto; Honorato José Correia, matriculado em 26
1,6
lembro, conforme consta do Livro de Matrículas, registro que deve estar equivocado, já que
^ estão colocados por ordem de data de entrada; José Pinto de Cerqueira, matriculado em 7
cslembro; Antônio d'Avelar, matriculado em 15 de setembro.
Em 12 de setembro de 1854, finalmente ganha o Imperial Instituto dos Meninos Cegos seu
^"lamento que seria considerado provisório, talvez em função da novidade da instituição.
arn
bem seria o Instituto regido por um ragimento interno, instituído por Aviso de 18 de dezembro
6 18
H mais detalhado que daria conta das questões internas do estabelecimento. Terminava
ass,m
o período administrativo de uma insífuição não oficial. Daqui por diante, Sigaud teria um
Uulaniento a cumprir.
3
1 documento: 024.
32 2 I854
n au 'documento: 034.
dio Lui-v
Ulz h rv ,. • ,, Jn l^ütuto afirma que este aluno entrou em 24 de abril.
da Costa, em sua História Cronológica do Instituto, a. h
O REGULAMENTO PROVISÓRIO E O REGIMENTO INTERNO
O Regulamento Provisório do Imperial Instituto dos Meninos Cegos (doravante referido como
RP) f
oi dado pelo Decreto 1428 de 12 de setembro de 1854 e o Regimento Interno (doravante
ref
erido como Ri) pelo Aviso 242 de 18 de dezembro de 1854, sendo ambos substituídos pelo
lamento de 1890, dado pelo Decreto 408 de 17 de maio. O RP tem 43 artigos dispostos em 5
títulos, enquanto o RI tem 106 artigos e 6 títulos cada um dos quais dividido em capítulos.
Estes dois dispositivos legais não serão abordados seguindo-se necessariamente a ordem
de Seu
s artigos, já que os temas aqui tratados nem sempre estão contemplados pela disposição
de se
us títulos e capítulos. Estes regulamentos serão confrontados com o Decreto 630 de 17 de
lembro de 1851 que autoriza o Governo a reformar o ensino primário e secundário do Município
da Co
rte e o Decreto 1331A de 17 de fevereiro de 1854 que efetuou esta reforma.
6 a
silo. Chega mesmo a aproximar as finalidades do Asilo dos Meninos Desvalidos ès do Instituto
ao considerar que os pobres eram, afinal de contas, os principais atendidos em ambas as
'ostituições, embora o instituto de cegos não tivesse qualquer declaração de exclusividade neste
sentido, tendo atendido algumas crianças de famílias que não se enquadravam como sem recursos.
O arf. 38 do Regulamento abre caminho à dubiedade ao dispor que o Governo daria aos
Pobr
es o destino que julgasse conveniente quando do término dos estudos, caso não estivessem
empregados no próprio Instituto. O arf. 39 coloca nas mesmas condições aqueles que, no mesmo
'■aso, ultrapassassem 22 anos, quando então não poderiam mais estar no estabelecimento.
Porá os fins deste regulamento, os pobres seriam aqueles cujas famílias nao dispunham
"e tocursos, por si ou por outrem, para pagarem suas estadias no Instituto. Estes poderiam
enc
ontrar-se em duas condições ao término de seu tempo de alunos: ou tinham família, própria
ou
Simplesmente por eles responsáveis, quando poderiam ser a ela devolvidos, ou não tinham
aor|
de ir. Que potieria 0 Govemo fazer Com estes senão mantê-los no Instituto?
A situação do aluno Agostinho José Marfins, anteriormente referido como tendo alguma
Per
cepção visual, é ilustrativo. Em 1859, recuperou parte da visão através de cirurgia, o que lhe
Pos
sibj|itava meios de se locomover autonomamente, o que impedia continuasse no Instituto por
Ha do Rp. Apelou C|audi0 Luiz da Costa para que o mesmo fosse mantido como aluno, pois
era
««Só de pai e mãe e não tinha ainda condição de garantir sua subsistência, motivo por que o
^ encaminhando para aprender fora do Instituto a profissão de torneiro. Declarava que
re,lrá |
- e do Instituto em tais condições seria atirá-lo de novo à miséria e á depravaçâc, o que
de descrédito para o Instituto, Agostinho permaneceu no Instituto até sua morte em 1865 *
4 O caso de Agostinho José Martins vem ao encontro do que observa Sônia Maria Dutra de
aúj0
0993, 15)i ao considerar que os in,ernos do Asilo dos Meninos Desvalidos se destinavam
trab
* *os fora da instituição diferentemente do que aconteceu ao Imperial Instituto dos Meninos
Hoa, onde seus ex-alunos acabavam por servir ao próprio estabelecimento, tornando-a uma
lns
tituicãn ^ em si mesma, o que
vao fechada „ «sfnrrava
reforçava seu
se caráter totalizante. Embora esta de fato
°5S6 a
regra, houve exceções promissoras que serão mostradas neste trabalho.
Em documento de 1867 que vinha sob a rubrica de reservado e sem data, o que significa
qU6
t "a0 deveria vir a público' o próprio Cláudio Luiz da Costa reconhece que o Instituto se
Haformava em asilo. Isto Implicava, segundo ele, que o Instituto necessitasse agora do triplo de
Ce
ita Hr,
ao ~ • I^iciativn em 1854, 15 contos. Dizia mesmo que,
originalmente pedido ao corpo legislativo em
Cláudio í 1112
Costa: op. cit. Livro de Matrículas...
125
err
ibora o curso tivesse 8 anos, era raro aquele que, uma vez admitido no Instituto, deixasse o
lu 34
9ar para outro De quem falava Cláudio Luiz? Por que não tomava a iniciativa de despedir os
que
considerava estarem ocupando o lugar que já poderia ser destinado a outros? Certamente,
56
referia àqueles que, tendo família com ou sem recurso, continuavam no Instituto.
Conforme será mostrado, as devoluções às famílias se deram ou por sua vontade ou por
Se
^atar de pessoa considerada completamente inapta para qualquer estudo. Assim, para o
Governo e, de certa forma mesmo para Cláudio Luiz. o Instituto era. antes de qualquer coisa, uma
ostituição de caridade.
"À vista do que acabo de expender, está bem demonstrado que o curso de oito anos
marcado no Regulamento, nestes primeiros tempos, enquanto ^™ctnte nara o
de compêndios e de certos materiais indispensáveis á
ensino das diversas matérias que os alunos estudam, bastará, porém, quando
estiverem aplanados tais embaraços"
Os alunos referidos no relatório de 1863 foram Luiz Antonio Gondim Leitão e José Pinto
de C
srqueira, ambos matriculados antes de 17 de setembro de 1854. O primeiro deixou o Instituto
^ ^ a pedido do pai para ser organista em três igrejas e o segundo, de quem muito se dirá
neste
trabalho, passou a ser repetidor da primeira classe de música em 1867".
documento: 624.
1863, documento: 164.
'4, documento: 300.
de
Matrículas...
126
Po
nderou, no entanto, Cláudio Luiz da Costa que esta menina já havia sido admitida em 12 de
a
9osto de 1857 e entregue a sua mãe em 23 de setembro de 1858 por ser idiota
Em 28 de dezembro deste mesmo ano, oficia Cláudio Luiz ao Marquês de Olinda, então
Ministro do Império, pedindo a retirada desta cega por ser impossível mantê-la no
Adubiedade entre asilo e educandário apresentada pelo Imperial Instituto dos Meninos
Ce
90s mostra, na verdade, as dificuldades que porventura podem surgir na demarcação de ambos
es
tes tipos de estabelecimento. Conforme já verificado com a diferenciação apresentada por Sônia
Mari
a Dutra de Araújo (1993), o estabelecimento considerado oficialmente asilo, o Asilo dos Meninos
balidos, mantinha os garotos até os 18 anos, dando-lhes ensino primário e profissionalizante; o
'htperiai |nstItut0 dos Meniní)s Cegos oficialmente tido como educandário. mostrava uma
ten
dência de manter seus internos por muito tempo além do previsto no Regulamento.
Níd era objetivo do Imperial Instituto dos Meninos Cegos atender apenas os pobres, mas aos
06905
A hipótese de Sônia Maria ganha força na medida da identificação entre cegos e pobres:
^ No entanto, quando se tem em mente aqueles que têm alguma família para onde pudessem
6ere
nviados após a conclusão do curso. Aproximou-se, no entanto, perigosamente da conceituação
6 asil0
ao atender majoritariamente aos pobres, para quem significou, de fato, amparo. A imagem
9esVa
, lía e mendicidade fortemente ligada aos cegos e às dificuldades de estes deixarem o
ainda que instruídos aproximavam-no perigosamente do Asilo de Mendicidade.
38
ANie 55 ,8
39 63, documento; 217.
ANie 55 18
63, documento: 237.
127
Tornou-se, pois, tarefe árdua para seus diretores convencerem aos setores ilustrados, ao
pro
Prio Governo e à sociedade em geral que o Instituto era um educandário e não um asilo,
^njamin Constant procurou, com seu projeto de expansão do Instituto, que será em seu tempo
an
alisado neste trabalho, uma solução para este problema ao propor que, ao lado de um
tabelecimento dedicado ao ensino, houvesse casas de trabalho para aqueles que não
err|
onstrassem vocação intelectual e asilos principalmente para os idosos.
Organização Administrativa
0
fato de o Imperial Instituto dos Meninos cegos trazer em seu nome a denominação de
"lnstituto" indica alguns significados, fruto das intenções daqueles que o respaldavam. Suas
^'idades, sua organização administrativa e o tipo de atenção mostrada pelo Governo
dlfer
enciam-no das demais escolas públicas de ensino primário do Município da Corte, até porque
lnc,uía
algumas matérias do secundário. Sendo um "instituto", deveria constar dentre seus
0bjetiv
os primordiais a geração de conhecimentos acerca de sua especialidade, no caso, a
educ
ação e instrução dos cegos, a serem difundidos e aplicados em todo o território nacional,
screvia-se assim, nas intenções "iluministas e civilizatórias da elite dirigente
s
e Paris tinha um instituto para a educação e instrução dos cegos, o Brasil também tinha
Seu
° . o qual manteria intercâmbio com aquele parisiense, desejavelmente em pé de igualdade.
s,a
mesma intenção presidiu a criação do Instituto dos Surdos-Mudos em 26 de setembro de
1857
. quando o Governo assume a escola fundada em 1856 pelo surdo francês E. Huet.
Como as demais escolas, inclusive o Colégio de Pedro II, o Instituto estava subordinado
'0 Wnistro do Império, mas não se achava sob as determinações e fiscalização do Inspetor Geral
9 ,ns|
tução, cargo criado pelo Decreto 630 de 17 de setembro de 1851 e regulamentado pelo
ooreto 1331a de 17 de fevereiro de 1854, que ficou conhecido como Reforma Couto Ferraz. Em
^ '"saf, a fiscalização ficaria por conta do próprio Ministro ou por um comissário de sua
eSColha
. (RP: art 2=). Coube ao RI criar de fato este cargo e dar-lhe atribuições.
0
^ Instituto seria dirigido por um diretor, a quem estariam subordinados todos os demais
^Pregados (rp art 2S): um cape|a0i um médico, um professor de primeiras letras, um de música
0cal e
(! instrumental, um das artes mecânicas, um inspetor de alunos por turma de dez meninos
Se9u
' ndo o número destes os empregados e serventes que fossem indispensáveis ( RP:art. 3=).
83
'rrrstrção iluminisra da elite dirigenle, consultar SALGADO, 19SS.
128
Do Comissário do Governo
Cabe indagar porque o cargo de comissário do Governo não ficou logo estabelecido no
^ Já que o Marquês de Abrantes lá se encontrava desde o início, antes, portanto, de sua
Promulgação, É possível que Couto Ferraz não tivesse ainda uma posição formada quanto às
furi
Ções deste comissário ou mesmo de sua presença. O excelente entrosamento entre Sigaud e
0 M
afquês pode ter tido importante papel na definição deste cargo, pois algum conflito ou tensão
Pode
riatp inflo,, ou na mudança do diretor, caso em que o comissário estaria fortalecido e talvez
r0ais
rigidamente definido, ou na eliminação deste cargo, ficando o Instituto mais absolutamente
^"rifgue a seu Diretor que seria quase discricionário, dependendo do Ministro do Império, que,
P0r su
as múltiplas funções, não podia estar muito presente. Talvez por conta destas indefinições,
0 Rl
'oi, em muitos casos, mais um adendo ao RP do que sua regulamentação.
O Diretor
0
RP e o RI criaram a figura onipresente do Diretor, o que foi possibilitado e reforçado pelo
a,t
fanho dos diferentes prédios que abrigaram a instituição e pelo reduzido número de alunos. Isto
Se re
flete na existência de poucos itens em que ele não é comprometido Em carta de 23 de
aet
embro de 1854 dirigida ao Ministro do Império, Sigaud justifica o fato de ler ampliado as
T*"'0 rte três em três meses sobre o procedimento, progresso e saúde dos alunos aos pais
,6St6s °rt a quem suas vezes fizesse; dirigir em geral todo o pessoal e inspecionar o material do
st
ituto. (Ri; gr, 32,
dif
erentes ministros do Império, conforme fica atestado pela correspondência disponível no
Ar
quivo Nacional. Sigaud. talvez por ser o primeiro diretor, estabeleceu esta prática que foi
Su
Perlativada por Cláudio Luiz e um tanto diminuída por Benjamin Constant. Em alguns casos,
che
9ou o Governo a pedir mais de um relatório anual, além de breves notícias ou exposições
mai
s detalhadas sobre o Instituto, por exemplo para dar conhecimento de suas atividades a
O Capelão
o capelão estava incumbido de todo o serviço e ensino religioso do Instituto, pelo que
receb
ia salário, por ser o catolicismo a religião do Estado, chegando mesmo a participar de
reivl
"*açâo por melhoria salarial junto com os repetidores, conforme será discutido na gestão de
^"iamin Constant, Teve o Instituto no período imperial dois capelães Joaquim Caetano Fernandes
^in^e'ro' nome bastante conhecido em seu tempo, de abril de 1854 a janeiro de 1868, quando
hwnunicou seu intento de deixar o Instituto, e Bernardo Lyra da Silva que saiu com a República.
Como eram intensas as atividades religiosas dos alunos, era sugerido que, sempre que
Possível, deveria residir no Instituto, (RP: art 15), o que não se deu. Também por este artigo, seria
ele
P substituto do Diretor até que o Governo determinasse de outra forma, o que ocorreu na
|*stão de Benjamin Constant, que não era médico, com a efetivação de Joaquim Mariano de
e
do Soares como médico do Instituto.
O Médico
Embora Sigaud e Cláudio Luiz tenham sido médicos, não encontrei qualquer indicativo de
'Phham sido preferidos como diretores por esta circunstância. Também não pode ser dito que
Constant tenha sido diretor pelo fato de ser professor. Tanto Sigaud quanto Cláudio
LUI2
PPtaram por serem ,ambém o médico do Instituto, o que lhes acrescentava aos rendimentos
J ^'or a gratificação correspondente á de médico, procedimento também adotado por Joaquim
ariarl
° de Macedo Soares ao assumir a direção quando do afastamento de Benjamin Constant,
0
Parando de sê-lo quando a República proibiu qualquer acumulação, embora lenha se
Pro
POstn a
exercê-la gratuitamente.
"fcnino que pretendesse entrar para o Instituto, incluindo-se ai o (ato de ser ele "totalmente cego"
(Ver dis
cussão a este respeito no item anterior deste capitulo); examinar a qualidade das drogas e dos
tédios que receitasse antes de aplicados aos enfermos, recusando os que, por seu mal
esta
do, não servissem designar as drogas e medicamentos com que deveria estar provida a
boli
« particular do Instituto para casos de urgência; dar Instruções por escrito ao enfermeiro a
res
Peito da aplicação dos remédios, da dieta e do mais que conviesse ao tratamento dos doentes.
Deveria dar parte ao diretor de qualquer abuso ou falta que encontrasse tanto no caso de
'Estabilidade das drogas e remédios quanto no das dietas e em tudo o mais que fosse
"ecessário aos doentes Também deveria participar ao diretor qualquer indício de moléstia
Eagiosa que se manifestasse em qualquer pessoa pertencente ao Instituto, indicando o melo
I,6 rea
fear-se imediata e eficazmente a sua separação, sendo-lhe facultado conferenciar com
Es médicos. No principio de cada mês, deveria apresentar ao diretor um relatório sobre as
Estias dos alunos que houvesse tratado no mês antecedente, declarando suas causas, os
"E que empregara para combatê-las e com que êxito. Acredito ter havido aqui pequena falha
^ Eção ao não serem incluídos neste relatório os empregados, já que estão mencionados nos
rsos
^atamentos prestados pelo médico.
n
u k • .1 r .im rpfipxo da importância que o Governo Central
baixo salário dos médicos pode ser um reflexo oa ^
'Ente conferia à saúde Edmundo Campos Coelho (1999, 44) chama a atenção para o fato de
aDrnvi^
p Xlm . nrírtriri antre 1880 e 1888 esteve em torno de
adamente 11,3% da despesa global, no período entre
o que significou o último lugar nas prioridades do Governo.
* atem que nâ0 vinha apresen,and0 rendimento estudantil, respaldava o dtretor nos casos de
Estamento de a,unos por "imbeci,idade" e seu atestado, podanto seu
Pddecia contestação. Mas toda esta importância não interferiu na educação
d ^ddf. obviamente, para sua reversão possi ■ que sjgn ificaria, no fim
não de
era contas, uma
ao. A cegueira considerada
ferimento endereçado diretamente ao ministro ou mesmo ao imperador, este era, via de regra,
v
'ado ao diretor para estas providências.
Urna
P^oa responsável pelo candidato, como se pode verificar no Livro de Matncu as. Como
Se
nhnrQc
es - • ria i im escravo quase cego no Calabouço,
. conforme indicado quando da permanência de u
■'C Drim^
no primeiro capítulo.
a Qnoc nue se utilizasse sua força de trabalho,
Presença de escravos no Instituto, por me d tonriiam Sicmificaria
Unificariaa „ - ■„ Ha<í lides que deles se pretendiam. Significaria
seu afastamento talvez não temporário da rnndicão social
Jr
nami.rt~an . , -^^iforpnciava as pessoas por condição sociai.
Ça de status, pois o ensino do Instituto nao
admitidos os menores de 5 e os
0
" d0 " "n COTo r--, ae seu Rp, o ««o „So
"«a ** ■ |r ' an0S Conforme 0 art 70 d0
' . ,5 , i Até aqui. não encontrei qualquer
mit OS menores de 6 e os maiores de 14 (RP^a . ^ peculiaridades dos
8 Serenn
sco|a n , atenlilaa. Perda arad
. até a cegueira total. Apesar disso,
rimana COm0 no lm erial lnsWut0 dOS Mer n0
ão ho P " mDÍd0 Sua freqüência na escola primária
0r
m ^ Pua'f1uer caso de alunos que tivessem interro
livo de cegueira e ingressado no instituto
dap de
HPüve um caso de pessoa que, perdendo a visão ^ ^^^rnoTm^
Irí1
ada em 1 c m or de novembro de 1855.
15 anos, matriculou-se em 26 d ^ educaclonal dos adultos.
com
0^;^ preocupação teve o Governo ^ mais manifesto com o "movimento
ranCÍ0 sua ate
ilantf nção na infância, o que se t As transgressões ao Regulamento
136
^ ^garam ao ponto de influir na iniciação educacional de cegos adultos, até porque o número
'lado de alunos muito pouco o possibilitaria.
També
" aqui, a questão de uma possível demanda reprimida por conta desta limitação será
dlScu
Ma adiante.
a ^ declarada no RP, sendo referida, no
Emissão das meninas não ficou expressam
^ "0 R, que, em termos legais, se subordinava àquele, por ter sido dado por Av,sç.
que o Regulamento o foi por Decreto, Em tese, o Ri era passive de ma,s fao,, e raptda
m0 G
t ^o. Isto dá mais crédito à aãrmação de Cláudio Luiz quanto à ~
a esta questão, anteriormente referida. Não houve, pois, qualquer d,sposibvo em r^a o
*«0 da admissão das meninas em reiaçào aos meninos, sendo esta ^ '
P0r conf-r c^0 «o Hnrmitórios estritamente separados.
' espaço disponível principalmente para o
O Curso
r\ .- ■ ^ eríctAma de oontos salientes ideado por
lm
Perial Instituto dos Meninos Cegos utilizaria orocedimento
Louis g. ... , t. nnx/a nrdem do Governo (RP;art.33), procedimento
6 adotado no lnstitut0 de Paris
este
C'Lle nur|
ca foi alterado.
Cr-9030533-30^^::—acontatocomom.odoemão
e ra
ntnrp para o Instituto dos Jovens Cego uma reprodução das letras impressas.
9ad0
Para a leitura dos cegos, que era, na verdad ,
c . ^in caoitão do exército francês Charles
8a 1822 COnheCe 0 mét0d0 deSenV0V
rbier » ' ' ° 1825 considerado mundialmente o ano de
cr, , a a lei
tura no escuro pelos soldados. ■ . . que Será apresentado
31 6 raZOaVelmente
^enL^ " ' ^ do Instituto
ente a direção ^^g^Q^após
de Paris em 1829. estar5sendo empregado pelos alunos,
9 mais
que, em 1828, Louis Braille passa à condição de repe
au . s o organista em algumas igrejas. Sempre
^ m do magistério, dedicou-se a mus,>fl ^ end
^ tuberculose pulmonar, que lhe trazia
'brie muito débil, acabou desenvolven maaistério ficando restrito ás aulas
0res que
só permitiam leitura, por sua simplici a . ■ ^ 3 linhas por duas colunas,
ere Co
* s- mpõe-se de 6 pontos dispostos em uma ^ ^ for consjderada a
'■'tando, peia combinação dos pontos, a formação e ^ notações. Com
'
de
pontos r.. Hoiimítador de palavras, números
138
^temente tão poucos recursos, foi possivel desenvolver-se uma notação alfabética, uma
a e
' mática e outra musical, o que lhe garante a longevidade que tem.
.C,:rOS ,iP0S" A 65,6 T^aimsruto dos Meninos Cegos, mandou vir de Paris
■*%tos em pontos ",StalaÇâ0 0fiCial ^ salientes,livros„Ia
s em língua portuguesa, privativa
impress do mesmo dos modo.
cegos, econforme as
Io o
ais
mafer/a/ apropriado para dar-se pnncipi
fas
a re
P sentadas por Sigaud e Azevedo"
a . f, m pytpnsa tudo indicando mesmo que
Cláudio Luiz acrescenta a esta encomenda alfabetos, pranchas para escrita em pontos e
^ pranchas com tipos de algarismos poda,eis. para a aritmética" Não encontrei qualquer
inrti~
ln - cj otc,. nrrSnrio bolso os pedidos de Azevedo e Sigaud.
dicaçao de que D. Pedro II tenha pago de seu propno . ^
pi • roniQtrar este fato em sua História Cronológica,
Cláudio Luiz da Costa teria todo o interesse de registrar esre .d
COls
a que nem sequer sugeriu.
"^0
ar| ri0nal
gelhos, ' antmé,iCa
notícia '.n0Ç6eS
da história ''a Mementos de geografia, resumo da história nacional.
sagrada,
^senho linear, música e exercícios de canto.
inn d0 Instituto em duas classes. Os alunos estavam
^ O RR e o RI também dividiam o en ^ (r) pe|o jncjso
as
sificados de 3 diferentes maneiras, sen ntavam gs aulas dos 3 primeiros anos e a
a
• Primeira classe se compunha daqueles qu ^ triênio qs arts. 26. 27, 28 e 29 do
S6
9unda dos que concluíram com aproveitamento
RdP tr
. , i+n Diferentemente do Município da Corte,
atam das matérias do curso de oito anos do Institu .
0
ensino do Instituto estava bem dividido por série a partir do q
0
■ eiros anos leitura, onde está compreendido
art. 26 estabelece como matérias dos 3 primei ml-.ciCa e artes mecânicas
0 , ,. froCões decimais, |||UO,w"
ensinolno do
catecismo, escrita, cálculo a motArias a serem ensinadas no quarto
i ac|. rt 97 trata das rnaioi ícao
ad
aptad;as àx idade e força dos meninos. O an. ^ ^ aritmética, princípios elementares de
ano
n0 9rarr|
" ática nacional, língua francesa, continuação ^ sétjmo anos são estabelecidas
eo
metria, música e ofícios mecânicos. As matérias do q plana e retjiinea, história e
0 art
28. Além das matérias do art. 27, seriam já o art. 29 estabelece
0 r
9 afia antiga, média e moderna e leitura explica nacionais e ao aperfeiçoamento da
Ue 0
estudo no oitavo ano limitar-se-ia à história e g 9 mostrado os alunos.
'^"0 na sociedade, assunto que não pretendo discutir aqui por ug.r ^ ■
Hcadei
| inação para estes e os produzidos A|guns foram envjados para
e
ndo outras atividades postergadas por a
a|.zante> sem prejuíz0 de seus estudos
studarr fora do Instituto com objetivo bastant p
vários, o que será mostrado no próximo capítulo
enta-se bem mais exigente que o estabelecido para
O ensino do quarto ao oitavo anos ap francesa, ampliação
"«Cipio da Certa, incluindo matérias do ensino secundário, com
142
av a 52
' P^visão de ingresso no ensino secundano. e f oi.q aotidão
«ca dizer que seu tempo de estudos terminaria ai, qualquer que fosse apt.da .
O Magistério
teria de início um professor de primeiras
■ O ensino do Imperial Instituto dos Meninos /Rp.art 3°^ Cabia ao capelão
|etracs . . 0 n das artes mecânicas {RP.art.3 ). Cabia ao capeiao
. um de música vocal e instrumental, e ^ ^
"Wr a educação moral e o ensino religioso ^ ^ residência e sustento no
«'dores que poderiam também ser mspe ore ^ exp|lcar as ígões aos meninos
ns,l
<uto, com a gratificação marcada pelo Governo, c ^ ^ (unçôes re|igiosas (RP arl.18).
^ horas de estudo e auxiliar o capelão no ensino ^ distinguid0 durante 0 curs0, sendo
Ptoferido para repetidor o aluno que se ,enelid0r (KP art40) Mesmo quando
^hUtido para professor depois de 2 anos de ^gpdgp adir a essa classe com
0 CeT PreenChidaS " Va9aS de "C seu procedimento, talento e estudo, se reconhecesse
Psctivo vencimento os alunos que, por P
c Ue
' ©ram aproveitáveis para o magistério (RP.art.41).
O RI trata mais de perto seu dia-a-dia nos artigos
No tocante a professores e repetidores, ^ ^ o ^ 16 proibe
a 08
20. explicitando a maneira de trata' d()s a|unos ou seus reSp0nsáveis. ficando
^ "tantemente que os professores receba P ^ ^ ^ pe|o art 20 0
Nisto não consistia exceção pois a primeira escoia para torção de professores se deu na
Província do
u Rio
mo de
ae Janeiro
janeiro em 1835,
. o , fechada em 1846 por só haver formado coco professores e
m . ima em 1880. o que indica nao serem elas
nstituto. Para o quadro de professores a jun ^ ^ anos que fosSem "dados por
eSC0
fissão se daria para os alunos destas ^ ^ bom procedimento. e mostrado
0nt
°s com distinção nos exames anuais, qu ^ ^ 1331A de ^ de
es,abeeC
stabe
'Pensão para o magistério", conforme e
tensão ^' nrpfprjdos
idos em igualdade de condições cs
os
fevi'-ro de 1854. Atendidas estas -dições. senam pre^ 9^ ^
filho
108 bo
s professores públicos que tivessem se
rsmac anueles que concluíssem o curso de 8
Para o Instituto, caso fossem admitidos ap^ ^ ^ conclusão d0 curso passou a ser
a idade mínima possível seria de 14 ano . ^ duas exceções apenas, Carlos
"«"sito indispensável para o acesso ao mag. ^ ^ par|S iniciando sua carreira no
Carva h
Pnnque Soares e João Pinheiro de ' ° ^ a ser repetidor de francês.
lstlt
ut0 corno mestre da oficina gráfica em 185 , VI . ,
LlVro
de Matrículas.
Idem,
55 ,
Relatório de 1884.
144
•» am que
Sioaud aventou a possibilidade de qi
No intuito de abrir novas vagas gratuitas, em h0 r^rwiHnr
n0 >n «nnc fosse guindado a condição de repetidor e
^uno José Pinto de Cerqueira. então com 10 anos. tos
■ 0 n RP 56 o que acabou por nao ser aceito, e não
nc
. segundo Sigaud, em conformidade com
im
PMiu que fossem admitidos outros alunos na classe dos gratuitos.
^ Sendo abertas pelo avanço dos estudos foram inspelora das alunas,
*0 o caso de Maria Benedita da Costa, »a ;^d'ü0b^d:que nâ0 ^a ex-a,unos que
e
Petidora e professora de francês. Isto se deu pe
Pudessem preencher estas vagas.
nunca foram contratados como professores, como o
Houve exemplos de repetidores qu ^ ^ 30 anos Foi bastante
Pumeiro deles. Carlos Henrique Soares que sen/iu n os professores como repetidores, o que,
'0rPum os alunos mais adiantados ajudarem gratu. am ao colocá.,os na condição
e do me 0
algum modo, aproxima o ensino do instituto ^ prjmejro Reinado e que encontrou no
5
J monitores. A adoção deste método fo. preten . jncentjvador ao tentar imp,antá-lo nas
ena
dor Bernardo Pereira de Vasconcelos u
esc
olas primárias de Minas (Faria Filho e Sales. 2002, 2
■ do oelo
O método lancastenano, criado p educador inglês Joseph Lancaster.
^ ^ c|asses consistia
de ensjno por monitores. Estes
md
lamentalmente em sua execução na repart'^e°amente do professor as lições, incumbindo-se
mm
m os alunos mais adiantados que recebiam ire a denominação de "mutualista ou
ensinar aos mais atrasados. Por este motivo ^ onde no topo estava 0 professor,
esq
'"itorial" Estruturava-se. por isso, em um "®^ados (NARODowsKI: 2002).
meio os monitores e na base os alunos mais iRRnénup
)uns "videntes".
videntes" . r-
manistério do instituto para cegos, além de não sign,ficar
A preferência de acesso ao m y MunjCípio da Corte onde também os alunos pobres
a
lquer
^uer exceção no Império, muito menos no jmp0rtante meio de o Governo justificar
n
Preferidos como alunos, se apresentava com ^ ^ ^ empenhar nesse sentido.
e
ducaçâo empregando-os, o que passou a
A I,imitação para a admissão de adidos á função de repetidor Unha por mo..ação esta
«-Idade de inserção no mundo do frabaiho dapueles cepos com poss,b„,dades para o
Mistério, o que signfficaria, ao serem desligados do Instituto, um posswe remrno a cond^o de
^ a "mend ao letrado. A situação dos
0 e2
a, sendo que o Governo teria conseguido ap
aH;^
ad,d moihanf^a com 3 de professores adjuntos das
os à função de repetidor guarda alguma semelhança com a y
esco as
' públicas do Município da Corte, inclusive quanto a não serem drspensados saivo ^, e
P
^aMcarem nos exame s a qUe eram constantemente submetidos ou por compodamento
Co
nsiderado indesejado57.
-■ ^ iwctitiito ficaram fortemente pressionadas pelas
Quaisquer nomeações para o magistério do ^gestão de Benjamin Constant.
mita
Ções orçamentárias, o que será mostrado pnncip
Disciplina e Controle
3 d
^ - — af ^L^ hlrarquizante, ingrediente necessário
«dora, tornada possível por um sist do ao Ministro do Império, subordinava
—- -—-
^everno, r^wni^á^^^iirosíT^etivo e alvo de toda esta montagem, tinham de obedecer a
^0s conforme seu grau na hierarquia.
ci Piementos propiciatórios de tensões e mesmo
3
uonnjentre
' ^ ^ fisrali2aÇâ0
o Diretor .,r£*,.a
e o Comissário da Governo. Felizmente para a educaçâo
correspondência dos cegos
dos diretores e
2a
■ ^ -o 3
^capí,ui0'onde r:rr ^ ^ a
'mpossibilidade física de continuar com su como um favor
"bmeação de C,áudio Luiz, a ser discutida no capitulo seguinte, apresenta-se como
festado pelo mesmo Couto Fertaz enquanto Ministro do Impeno.
atividades do Imperial Instituto dos Meninos
Os dispositivos legais que regulavam e fisca|izadora Alèm ^ Ser uma
ema
ç,. '"aWuConais do Impeno. Por iss ^ contto|e e a (isca|izaçao. principais objetivos
Ca
Ção e a instrução, os meios empregados imnrescindível
^stes dispositivos tegais, onde documentos escritos desempenham papel imprescindível.
er
npregados (R,: art 82). bem como o balancete contendo a receia e despesas do Instituto
(RI:
« 93) e relatório das ocorrências (RP: art H*.
o l i onc n«/<5 destes ou a quem suas vezes
obre
o procedimento, progresso e saúde dos alunos ao p
^Zer" (RI: art. 3a, Inciso VIII)61.
on niretor ao não se abordarem nestes dispositivos
Deferência muito especial é concedida a . „ •
lenai
a|
9 s qualquer tipo _ ihcs ronferia algo de "infalibilidade junto
. a seus
upu de
uc punição,
pu v o que lhe Minicfrn do Império, cu o mínimo deslize nao
ub
ordinados. Ele estava ali por estrita confiança do
cnm .. ■ tomac; de controle: confiança/desconfiança.
Aportava meios termos. Paradoxos dos sistemas
o capelão, even.ua, substituto do
j diretor,
^ atnr também não^estava constrangido
^ ^
por possíveis
«Positivos reguladores do Instituto, mas estava suj d a)unos que homer tratado
-tetor relatório no pdnclplo de cada P—, os meios que empmgara
Rtes antecedente, declarando as causas ^ ^ ^^^ .a
que
(*«sem às suas obrigações, ~™aaCado |nstituto não abordam a penafeação por
Poderia ensaiar suspensão com privação dos vencimentos por 1 a 8 d,as (RI: art 3-, Incrso 11)^
x . . Ac mpcmas disposições e considerações relativas a
Estamento dos repetidores estava sujeito as
Cl0s
P^fessores (Rl; art. 20).
j fHirptnr teriam de residir no Instituto, dali só
Os inspetores, diretamente subordinados • . oHvprtidos nor ele
ai.o e ,r,-. r* 99^ Também poderiam ser advertidos por ele,
ntando-se com sua expressa licença (Ri- a • )• nnccihiiiriaHp
rw t /oi- -V2 inciso IV), com a mesma possibilidade
orrne ocorreria com os demais empregados ( 9
■ íambíSm p<uá
Hp ^spensâo com privação dos vencimentos x /di- ( - orf i inciso
. II). Seu afastamento também está
os fessores g repetidores (RI: art
r âS mesnnas e ronSidera
^eS. 'S0pepne/a manhã do que tiver ocorrido na tumra a
)■ Devenam "dar parte por escuto ao antecedente" (Rl: al 2t, Incfeo IV).
A
a •intenção de ser o Imperial Instituto
x-x t dos Meninos Ceqos
ueg . fechada
uma instituição • , ^
estava
4
U
^'0 ^u"z da Costa; op. cit.
150
limo
lu ^ recreação e passeio, refeitório
9ar de - - e dormitono,
^rmitnrio senoo
sendo q que uma das mestras, debaixo das
nrn
0rc| , —ar+p Hn edifício do Instituto que lhes fosse
ens do diretor faria as vezes deste na parte do eamc.
nv . . hp Hasses de estudo so foi possível no caso
clusivamente destinada {RI; art. 43). A separaça matpria<;
^ 0s 1 nmfpssor ensinasse todas as matérias.
3 primeiros anos, que possibilitava que ape famhAm cq
, ^o_r0c jcto se tomou inviável, o que também se
^ a diversificação das matérias e dos profe . fnrom
- _• a dests S6p3r3ç30, n30 forsm
verificou com o aprofundamento dos estudos musica .
Poucos os casamentos entre ex-alunos.
nüQninnc Peaos o Instituto dos Surdos-Mudos,
Diferentemente do Imperial Instituto dos • ^
9ue também admitia meninas, passou a só admitir meninos a p
^ rontrole se manifesta na inviável disposição, em
O sentimento da necessidade de fort
V'sta das dimensões do edifício do Instituto, de que
deverão ser quanto possível separadas
"As turmas, quer de um, quer de e refeitório à parte. Na colocação dos
entre si. Cada uma terá, em regra, do ■ pe/0 menos, quatro palmos uns
leitos nos dormitórios, guardar-se-á a dtstancia oe. F
para outros"(RI: art. 44). ^ an,erionnente. quantos refeitórios e
Respeitada aquela classificação dos ^ viabi|idade de implantação deste
«totorios teria o Instituto? Se houvesse " os o que em ültima instância, inviabilizaria
Positivo, os alunos estariam separados em
0
Próprio Instituto
A concessão ao ócio foi bem dtnmnu ♦o concepção dos regulamentos do Instituto, pois o
d0 A vida in,erna dos alunos seria quase
8
^r^g ^ 30' ''Ç063
vas, quintas
de
música
e sábados; dasnas
4.30 a • . . ■ dasdas
jpstmtiva; 8:30
[jções às o8:30.
para passeio na
dia seguinte e,
^la''ara e 9'nástica; Das 6:30 ás 8:30, estudo pre^ o diretor, de acordo com o
a
vendo tempo, leitura instrutiva ou religios l ada para os dormitórios,
ca
Pelã0; das 8:30 às 9:30, ceia, oração em comum e entrada p
151
art
tosS ren
^ OS dispositivos re9ulatónos d0 nS tidores por meio destes exames. Esta ficaria
s dimentos e atitudes dos professores e repe i deles. Só encontrei 1 caso
^ C'Us'vamente a cargo e critério do diretor que até p ^ professor, que foi o de Cláudio
C,Ue 0
diretor manifestou em documento seu desag Maersch que substituiu o cego
iÜfe ^ Costa em relação ao professor de müsica Adotpho Maerscb,
Lodi, questão a que voltarei no capítulo seguinte
0
rior" era feito de maneira seletiva e de modo
en
contato dos alunos com o -mundo e °^|jas podjam ou não os queriam visitar
nte
Parcial, principalmente para aqueles cujas ^ jnteresse em -mostrar os cegos", como
3sra
o não existiam. O diretor e o Governo tinham^ constante exibição Como em outras
de sua -educabilidade". o que permitia eStare^bém tjnha Seus exames públicos ao fim do
IS (de nível secundário e superior, o Instituto a esença jnciUsive e principalmente de
RP; art
' 34). que sempre contaram com razoave pr
6S _
Luiz da Costa: op. cit.
152
au
toridades, sendo bastante comum a presença do imperador que, às vezes, vinha acompanhado
^ sua família66.
=1 41). Os alunos que ficassem no instituto seguiriam as mesmas regras dispostas para os
diac
aia fóriíKí era
s fenados (Ri: art 42). Como a saída para as fenas era mouvu
motivo de licença do ministro do
realmente concedida pelo diretor, e o retorno dos alunos era comunicado pelo d.retor,
^ saber que, na verdade, não houve muito respeito pela duraçao das fénas, na medida em
q,,e
. por muitas vezes, os exames ultrapassaram mesmo o tempo de encerramento de as,
'riclusive por mudanças feitas a pedido do imperador, cuja presença na entrega de prêmios era
importante. Também não foram raras as vezes em que alunos ultrapassaram em mu,to este
limitae j Ho rprom6C3das as aulas. Não tonho como
> retornando ao Instituto bom tempo depois
lnferi
r que esta "permissividade" se dava por serem cegos os alunos.
a.. .• wirotnr os alunos poderiam ir para a casa de
Alem das férias, com a devida licença do . ^ ^ x ♦
spi n> • ■ • * Hominnn^ do cada mês g nos dias dG fGStas
Psis ou quem os representassem nos pnmeir
narina • a oue o aluno fosse entregue a porta do
tonais (Ri; art. 53). Esta licença estaria condicionada a que o
lnStitu
to à pessoa de confiança que teria de reconduzi-lo à noite ou de manhã antes da abertura
das a
Plas, sob pena de o aluno perder o direto à saída nos 2 meses seguintes (Ri: art. 54).
■ o Ho cpiis oais de seus representantes ou de
Os alunos só poderiam receber visitas ■ rvmntac fpiraQ
TOSs v co
oas indicadas por eles (RI: art. 49). as quais se dariam
danam apGnas
apen nos domingos g quintas-fGiras,
_nmnanhaHo
nao u
naa . j /oi- art sm aonde o aluno seria acompanhado
toras de recreio e em sala para isto destinada (RI. art 50), aono
^ inspetor de sua turma ou por pessoa por ele.indicada (RI: art 51).
M ntatn dos alunos com outras pessoas externas, os
No sentido de melhor controlar o contat «c 0 Ho
^h/ento x qualque
fites estavam impedidos de manter .oimipr arau
g de familiaridade com os alunos e de, sem
_
Prévia
19 . n impeoioos nlja|auer recado deles, sob pena de suspensão
autorização do diretor, se encarregar de qualq
Cor
fi perda h vencimentos ou mesmo demissão,
perda de Hpmissão dependendo da gravidade do fato
. i (RI.
• art,x 26).
_i
enc,mentos
Além Hp e re ava cert0i impedir o estabelecimento de
Primir o contato externo, esta medida
Portante canal de comunicação entre os sexos.
rs . ■ x rfarônria na educação dos alunos, até mesmo a de
IU0 de lnnpedlr c ua < uer
e
Seus
61,5 n l ll cebessem livro ou qualquer outra "dádiva" sem
Pas, está explicitada na proibição de que recebessem
e)(
Pressa licença do diretor. Esta infração redundaria no envio dos objetos aos pais ou
[e
Presentantes, sendo os infratores punidos (RI: art 52). Se qualquer emprega o, mcui os
nrwt6 . ni lalnuer "dádiva" dos alunos, seus pais
ssores e repetidores, estavam proibidos de r . ^
- re
P,esen,antes, também os a,unos não podiam recebé-las destes o que ^ ™ados
,e
W>uiçâo por outra -dádiva-, procura de estreitamento de relaçdes etc. Também os empreg
estar sendo intennediários de qua,quer outra pessoa que não os responsãvers dos
alü
"»a, que poderia ser alguém externo ou mesmo interno, ou seja, de outro sexo.
. ■ . nrnihido oarece um tanto estranha, quase
A ênfase dada aos livros como objet p , . • ♦ mo Ho Rraiiip
rtoc - nnr pies mesmos, ler pelo sistema de Braille
Necessária até, uma vez que os cegos so poder .P . — rw * ramrfprpq
fr, , mnitn Hifíril aouisição. Os livros em caracteres
e, fora os encontrados no próprio Instituto, eram d
.o pcrondidas o que se tornava praticamente
Uns
teriam de ser lidos por algum emprega ■ nnripria recair
— empregados, salvo a última, com o fim de ^~cometidas (RI: art, 58), além de
e a
Plicá-los que se o fizesse de acordo com a gravi
nào irT1
Pedirem a assistência às lições (RI: art. 56).
^ . _ encarregado exclusivo da aplicação da grande
E
explicitamente indicado ao d.ret , da sejam tratados com
deies, que deveria "vetarem que oe —ao enetno e d
«feto, a „m de nada ffies fettarno qoe é concerne ^ ^ ^ ^^ aqui
n
dade que para com eles se deve observa • ^ trata_
0m sim
o P'es adendo, aplicável a todas as cnanç , j Eis aqui a dubiedade da
^ ^ctueles "infortunados" por uma grande jg^jgora; educar com caridade.
u
cação dos cegos daquela época e em alguma m
alunos estariam sujeitos é feita de acordo com a
A enunciação dos castigos a que os
rêem crescente de sua importância:
156
cor
Poral, embora estes fossem ainda de uso comum, com largo emprego da paima.ória
'SCHUELER: 2003, 150). Esta -carência" testemunha em favor da "candade que se devena er
COrn este
üpo de aluno.
Pede a contratação de sua filha, Adele Sigaud. que já lecionava duas cadeiras às
"«nas, „o caso duas. além de exercer a função de repetidora, o que poupava despesas, além
ae A con
ela a "a/ma do fnsf/tufo" apôs a morte de José Alvares de Azevedo. ^'a^
e
^ele «íir, -j como já ficou dito, nao
Sigaud, - foi
fni efeti
pfptivamente consumada, porquanto
» u sóhviesse a rvoni..
se-lo
em 1857.
iRr, Afirma
A „11P ttambém no dia 23 de setembro
Cláudio Luiz da Costa que, . de
j 1854
« ^pediu
Sigaud
y Ucl a t
a contratação ^ aluno
do ainda . p Carlos
rarlos ne
Henrique
m Soares,quarto na ordem de entrada no
nnurnnn
Institua
5t| jp.i a
mto, como repetidor O Governo concedeu Adele Sigaud
a Aoeie oy a gratificação mensal de 503000,
MUe
que começou
ro a ser paga em novembro, e a de 203UUU a Carlos
Ha ^níOOO oh ^ que começou^a
Henrique Soares,
t
ser nar,
pa . ^ ..Hiniuiz declara não haver encontrado nos arquivos do
9a em janeiro do ano seguinte. Cláudio
aUd
io buiz da Costa: op. cit.
Corr
espondência dos diretores ..., carta de 23 de setembro de 1854.
Idem.
158
ln
stitut(to os Avisos de concessão destas gratificações, os quais deveriam de ter sido ex^dWos
Porque
^ as despesas com elas apareciam inciusas nas contas apresentadas ao Governo. Av,so
da
"omeaçâo interina de Adele Sigaud está datado de 5 de fevereiro
11 eiwi 10 cinares não aparecG na carta de 23 de
O pedido concernente ao aluno Carlos en ^ pode excIuir a possibilidade
^ ombro que encontrei no Arquivo Nacional, e a ^ ^ ^ ^ ^ o
au
9 d ter enviado outra carta neste sentido, , » t h
tw
ba feito naquela que encontramos, já que outros assuntos eram ai, tratado
• ão
Em 22 de abri, de 1856, Sigaud comunh oo Mm,s^
Ministro do^Império sua intenção
^ ^ de nomear
^
Sinho Jose Martins, sexto na ordem enr ialmente curado sua cegueira, o que
"nada em 16 anos, como guia dos alunos^po mos,rad0 anteriormente, este aluno
""a vaga para outro na classe dos gratuitos o lquer Outro lugar esta melhoria
^'bb para o Instituto com alguma visão, nao cons an o^ ^ acréscimo visual, mas
Ual
Promovida por Sigaud. Realmente este aluno
là corn
Cláudio Luiz, também conforme anteriormente mostrado.
a com
Em 25 de abril de 1856, Sigaud „ml,nica haver duas
^ vagas
^ para alunosnono
Cerqueira, gratuitos comde
na lista a
ISfat0ried
a ade do orçamento de 15 contos; Do orç ^ ^ ^coração da capela, compra
despesas
H extraordinárias que agora se tem de ^ decurso do ano e outros gastos
IVrOS e pa el
P em Paris, conta de medicamen os ã0 do |nstituto seriam deduzidos
enfUa s anteS
J ' " Questiona se os 7 contos gastos ao trjmestre começado em julho fosse
est6
orçamento e pede que o dinheiro correspond ^
odiatamente entregue para fazer face as venha a dar p0deriam render de 3 a 4
as
^ Pensões dos alunos e mais um conce o q
0nt0s no
Prazo de 2 a 3 anos.
UdÍ0
Tuiz da Costa: op. cit.
^pondência dos diretores ..., carta de 22 de abril de 1856.
T ^2 ] 856, documento: 055.
159
m .
No relatório ^ 41855,
referente ao ano de occ Crouto Ferraz alude ao pedido feito x_i„
por Sigaud para
p,. .q Cflriam
0
a „ ^.fi^iorí rnmo torneiro e cesteiro que seriam
a
"«a de um moço
iiitjvpu de
ue Paris
rdiia que
h ensinasse alguns ofícos como tom nobres, o que demarca as
ma
"distração" para os alunos
diuiiuo abastados e um recu Pnnripm se distrair. ■ »também
. Deveria ka
Ce
ssidades daqueles que necessitam trabalhar e os q ^
s ar
^ habilitado na impressão de livros em pontos salient
cmn rplatório a biblioteca do Instituto estava se
(orm Conforme indica Coufo Ferraz neste mesmo m^r ^ ^ ^ ^
ando lentamente com livros mandados vir ^ feitas pe|0 pai de José
0 |
P ados pelos proorios alunos Esta biblioteca se iniciou - ■ ^ h r
Alvarpo h trar oualquer documentação referente a vinda de livros
deA2evedo
dos 1 - Não consegu, encontra q _ ^ ^ o ^ que
Estados Unidos, sendo que a Europa se caoítulo
'mprimia livros para cegos e isto elementamiente. conforme .a venricado neste capitulo.
A
c-pn<;tante no Instituto mesmo quando a grafica
transcrição feita pelos alunos foi uma côneg0 Joaquim Caetano Fernandes
>a
SSou
50u
a produzir razoavelmente. Segundo igau • braille77
^inh
«« escreveu um catecismo para os alunos por tal,a de algum em
f riHa«: anteriormente foram chegando ao longo da
Aquelas encomendas feitas a Pans re e ^ recebjmen{0 dos seguintes objetos:
ls
traçao de Sigaud. Em 2 de outubro e ^ pape/ RouiaCi duas táboas de zinco
12
Vuenas máquinas de escrever, P0"6*0' em caracteres romanos. 10 lições do
a 12 a 3
^Iculo. 100 alfabetos em pontos, mmstro dos Negócios Estrangeiros
^dositor Português". Encarece ao Ministro do Impeno que o M.n.str
rres 0
P ndência dos diretores..., carta de 10 de novembro
Idçjjj A"kt
'F52 1855, documento: 154. , 1855 apresentado à Assembléia Geral
Stério
gis7' do Império Ministro Luís Pedreira do
'va na 4S sessão da 9S legislatura. Publica o em - E 0 Sr ministro do Império - 1855.
0sé
Álvares de Azevedo. É curioso que Sigaud iz; qu ^ meses79.
des
de 1854 e o aluno Carlos Henrique Soares havia comprado um e P
Hnc Henriaue Soares faz doação ao Instituto da
^ Em 11 de maio de 1856, o mesmo ^03^ ^ ^ ^ ^
^Çao completa de tipos para a impressão em P ^^ ^ ^ 1857 e que
üso particular30. Esta doação é o começo d g
Ur|
cionou com estes mesmos tipos.
- ■ t Hn imoerio em seu relatório de 1855,
A se julgar pelas declarações do M.nisro ^ referente
^
es
te ja atingira a Rua da Harmonia. aqradece Sigaud a providência tomada,
; ^s« Eih cada de 12 de outubro deste "1 e faltava durante lodo o
«hbo no entanto, pouco efetiva pois a da grande cis,erna do jardim para que esta
ANie
. ' 1854, documento: 35.
,0 ^ 1856, documento; 36.
IE
S| 52 1856, documento: 064. Relatório de 1854, apresentado à Assembléia Geral
uS'S,írio d° Império Ministro Luis PctUcira do Co'1'" Fcmz Primária e Secundária, pag. 76. Imperial
Sf,va M 3' sessão da 9- legislatma. PobUead» em
■I"s Meninos Cegos.
d8
0 ^«pendência dos dirotores.... caria de 15 d. fevemn» '»
CoiT
espondência dos dnetores.... cana de 12 de outubro de 18 - -
V
161
,oí urn
probiema constante na vida do instituto, mesmo quando se transferiu para seu definitivo
Préd na
io Praia da Saudade.
Para se ter uma idéia do espaço ocupado por este prédio e suas acomodações, reproduzo
* ama descrição dele que não traz indicação alguma de seu motivo ou deslrnaçao:
a SigaUd 30
^atos. coberto
^atos ' eno de
ae sarna
sarna e ^jd
e aue
que "
iá estava em . 0 9q Í,
. ,tratameiu Este aluno, vigésimo na ordem de
rie aaosto na classe dos gratuitos com
rad
a no Instituto, veio da Bahia, foi matricu a manQ tratos87
4
ÍE 52 1855, documento; 147. Relatório de 1855, apresentado à Assembléia Geral
eS1S?ério ^ Império Ministro Luís Pedreira do Couto Krraz ^ e Secundária dos estabe]ecimentos da
-ou a na 48 ^ssão da 9® legislatura. Publicado em 1856. Instruç
' P 8. 64. Imperial Instituto dos Meninos Cegos.
^ 1E 52 1856, documento; 77.
ÍVro
de Matrículas...
162
ac
usado por Cláudio Luiz da Cosia assim que chegou ao Instituto. Consta esta situação no Livro
■fe Matrículas, mas isto talvez se deva a anotação sua. Este caso será mostrado quando da
an
álise de sua gestão.
^ ótimn nos relatórios de Couto Ferraz. No
O aproveitamento estudantil é considerad
re
ferente ao ano de 1854 é informado que foram logo organizadas as aulas de primeiras letras.
doutrina cristã e de música e nomeados os respectivos professores, que sabemos ter se dado
iá
^ abril oorn a chegada dos primeiros alunos. Não são referidos exames, po,s os alunos foram
brados no primeiro ano a partir de 1855, creio que por o Instituto só ter sido autonzado pe o
«anado em 10 de setembro de 1854. No relatório que Sigaud envia ao Minrstro do Impeno em 26
Segundo Couto Ferraz, quanto à música, os alunos vinham fazendo exercícios práticos
em
canto e piano e aprendendo teoria musical. Especifrcando, Sigaud informa que os alunos,
renart-^
re ^moirn trimestre de 1856, tocar uma peça nova
Partidos em duas classes, conseguiram no pnmeiro tnmesxre oe .
rjara
para rv" ... ^zvrnnniioão a ouatro vozes do mestre Maersch,
Piano, cantar um hino à Santíssima Virgem, composiça
o ou lona■ » An Amãn p continuando outros três meses de
Kirie Eleisan, com acompanhamento do orgao e, conunu
ensa
io, haveriam de cantar a missa inteira.
r^ •fxacta rnuto Ferraz: "A classe das meninas tem se
Quanto às meninas, assim se manifesta Couto rena , 0. ^ t
aminn-, o op/i sexo"
^Piicado também a trabalhos e prendas especiais a seu sexo. ^ No informe de Sigaud, isto
0ris
istia de trabalhos manuais de agulha, franja, crochê e miç g
^Pós a distribuição dos prêmios. José Pinto de Cerqueira leu um discurco dirigido
Na administração
Y
da Xavier Sigaud. 2 a,unos foram eiim,nados e
r-. . . antpo de 17 de setembro de 1854. Amorno
retorno, todos 3 inrluídos entre os 10 matriculados antes oe
h-a incluídos en ^pfpArira oelo Instituto. Foi matriculado em 15
ela
r. décimo na lista de entrada, teve passagem epn„nda feira Tinha a
* lembro de 1854, uma sexta-feira, e expulso em 18 de ^^ma muiher
'^ade estimada em 10 anos. nascido na cidade do Rio de Janeiro e era ^
er 93
de incorrigivel mau gênio ."
. miirn Pereira Brandão em 6 de fevereiro de 1855, tem-
Pela carta dirigida por Sigaud a Joaq |nstrtuto Dedara sigaud que há uns 15
rres
Pondência dos diretores carta de 6 de fevereiro
^ |p ^ 2 1855, documento; 001.
166
„ —rjrrrr
juasce Antonio Correia, embora no üvro de ^^ ^ j, ^ ^^
° severamente por não ter trazido seu . „ ,nz e Rua da m,a- taivez uma
3
e foi encontrado "passeando pelo ^ ^ motjvos do afas,amento de
530 resp<)
a possível mendicidade. Exige uma ^ de enviara0 Ministro do Império
"«ato do Instituto para que possa junta-la ao o - , necessária por estar
Sld0
declarado e muito menos assinado, motivo por que
Or|
lormjdade com uma importante lei, o RI do Institu
que . S. o contrata ^
^6volver Honorato ao Instituto, "se bem que a vida Cone\a praticamente sem saída
^ Quase de um caráter indômito". Sigaud deixa o ^ perante peus do futuro de seu filho
ferindo a ameaça final ao declarar que ele era respo^ ^ intervençâo do Chefe de Polícia
6 Caso ta
' mbém não respondesse a esta carta, tena^ corno Djretors6 sjgaud explicita
ra
que o Regimento fosse cumprido, o que lh movimento filantrópico, quando até
aqui „ ^ocião do chamauu mw
que se daria com mais ênfase por chamadas classes subalternas
; «'io poder pode ser ultrapassado para qua as cnanças
0sse
m educadas em instituições para isso destinadas.
res
Pondência dos diretores ..., carta de 26 de janeiro
167
- ~ —e indicado no ^ ^
reCf! que os esf0r s
' Ç0 de Sigaud nao obtiveram res ^ ^ ^ ^ ^ de 1866 dirigido
do laneiro de 1860 de novo na classe dos gratu. os ^ ^ lnstitul0 por mau
0
Ministro do Império, pediu o Diretor Cláudio Luiz
C
^Portamento. o que foi concedido por Aviso de 2 de maio deste mesmo
inriira alje o empenho de conseguir mais
O esforço para não perder o aluno Honora ^ ^ provjncja da Bahja em 24 de
n0S não
arrefecera. Neste sentido, escreveu ao (Salvador). Alerta para as
"ovembro da 1864 sobre uma possive, estatistica na > Corte quando
lcu,
dades encontradas pelo Desembargador ex tant0 as famílias
'^biu ua subdelegados de averiguar o estado ^ ^oTrlslubanca da poiicia.
atadas quanto as pobres se negaram a pres ar inteligente e zeloso, sendo que
6
Pgere que esta incumbêncja Seja confiada a um J ' remetido 1 ou mais já para
n0
de serem encontrados meninos cegos, pede S.gaud que J
ln'c'o das
0 inír:^ ... aulas em 15 de janeiro de aocc98 -
. 1855 w • o- j
i oi citado no discurso de Xavier Sigaud
Cabe lembrar que o Desembargad ^ r.o ^ Janejro 99
rno
tendo encontrado 148 cegos adultos nas ruas
-médico" para melhor comunicab.l.dade com a
A preferência demonstrada por um ^ Francisco Xavier Sigaud na luta pelo
lpu,a
Ção indica o engajamento do "medico JOSe pe|a concorrência de barbeiros.
con
hecimento da autoridade médica que era bastan e co ^^^ wo j.
'ro de Matrículas..
Tes
Pondência dos diretores ..., carta de 24 de novembro de ^ lmperial Instituto dos Meninos Cegos,
curso tv^r • v ■ Xavier Sigaud na maug v
Profendo pelo Dr. José Francisco *av^ rommercio, n2- 2.419, ae . 20
/o de
u setembro do mesmo ano.
de
' setembro de 1854, publicado no Jornal a „ lho ] 999, Gabriela dos Reis Sampaio, 2001 e Tânia
'flsultar a este respeito, dentre outros: Edmundo Campos
lo
Pimenta. 2004
168
filias que se recusaram a dar a residência de meninos cegos, sendo que alguns chegaram a
^dos da
aa Corte
uone. Procura
Krocuid nâo ferir a susce«dade da aufcddade ao es,gnar os
r!nrio a substituição da autoridade policial
Conceitos
ros populares
Dooulares" ja
iá muno
muito er
enraizados, não sugennd
• t t0 peia dificuldade em se conseguir
a
"iódica. Estes "preconceitos" seriam os respo ^ ^ parte da população. De
aU
' ""M para o Instituto quanto pela rejeição ^ ^ n£eguir ^fenoas sobre os meninos
qua|
quer maneira, para Sigaud, a eficácia da policia p
Ce
9os só se daria no Município Neutro.
motivação, esta de ordem prática, contrária a
Além dos preconceitos, haveria uma ou ra • ^ autoridade
"-«O de se educarem os cegos: a mendicidade. Bs ^ ^ a ser
0lCla1,
r Pnncipal responsável pelo combate a va 1396 a exp|oraçâo de crianças por parte
liderada um crime quando praticada por um cego ^ ^ ^ ^ intervenção direta do
e
adultos, ainda que seus pais, pudesse assim se que resjstjam a entregar as
efe
de Policia, pois tinha conhecimento de pais ou ^ ^ fosse propriamente um
101 edu
panças para serem educadas . Embora a ^0 como defensor da "especialização", a
aso
médico", Sigaud firmava assim para o ' tratadas por «especialistas".
C6
ssidade de que a educação e instrução dos ceg
- • ria Corte para se conseguir alunos para o Instituto
A intervenção do Chefe de Policia rhancela nem sempre conveniente,
^ a que alguns tossem de tato d0 ,mpéri0 em 26 de
ant
eriormente indicado. No relatório que e causa para a demora no envio de alunos
^Ço de 1856, Sigaud acrescenta mais uma pontos d o Império, o que poderia estar
r Parte
s das províncias, o cólera que graçava em ^^ motiVo, decidiu enviar novo pedido
n
do usado sinceramente ou apenas como pretext envjo das estatísticas do Ceará,
s
Presidentes das províncias, recebendo respo Catarina e Rio Grande do Sul. As
Canhão, Sergipe, Espírito Santo. Rio de Janeiro. Santa ^
ÜnÍCas
respostas até então obtidas foram de Minas
aléme dos
Paran . entrados antes de 17 de setembro,
10 já
Em 1854 só houve mais uma matrícu a a ErTI -|855 matricularam-se três meninas e
ta
^ do sexo masculino e para a classe dos gratu" ^ ^ Corte e um n0 Ceará. Em 1856
A
consolidação do imperial instituto dos meninos cegos
„ Cláudio Luiz da Cosfâ assumiu a dimção do Imperial Instituto dos Meninos Cegos em 25
e
^"bro de 1856 e deixou-a em 21 de maio de 1869 por ocasião de sua morte, sendo sucedido
P0r en
Jam.nConstant
Beniar»>- ^ Botelho de Magalhães
- em ot
27 wo
de maio
ma.o como interino e confirmado em 7 de
ho
desto
e ^ v :,or Qinaud oode ser considerado de instalação, o
mesmo ano. Se o período de Xavier Siga p
s,e
s dnk
aois diretores pode sê-lo de consolidação. E quanao não
^ p nuando i.c se questiona mais a presença
as
mpnir, r j:— nlIp abriaava o Instituto, os cursos se
ti meninas. o Governo adquire por compra o prédio que abrigav
lrrí
iam cnmm a r
formação das primeiras turmas, ...
À
ait
A ■ Rpniamin Constant lidam com diferentes
. diferença de Sigaud. tanto Cláudio Luiz quanto Benjam.n u
nistr
l 0s do
dn iImpério, com a conseqüentes .lentidão
Hriãn oara
p o atendimento de algumas• questões
• i j ■ que
acarrpt nãn ronsequiram implantar, a principal delas a
rBt d, havendo algumas propostas que na .
oitria8 j _ . r_m mlJjto tempo de encaminhamento, como
a *> Regulamento Provisório e outras que levaram muito lemp
do fundo patrimonial que levaria mais de quinze anos, .mplantado apenas
,atos d,a d
distanciada da rebelião de 25 de outubro de 1824 e ma. ? °
para Pernambuco do terceiro batalhão de linha, denominado *
'dôes Oficiais da tropa reunida fora da cidade por causa da dita rebeüao Mstóna Crono/Oprca
do /rm .ritn dP 241 folhas; Memóna histónca sobre a
2 '^haf Instituto dos Menfnos Cepos, manuscnto de 24, f ^ ^ ^ ^ ^
0n
9uista da Guiana Francesa feita pelas forças enviadas
37 fniu as Francesa re nmiSsões que escaparam ao coronel Inácio
; Apontamentos concernentes aos erro ^
'0'e nas
suas memórias históricas da província da Ba
^ rianHio Luiz e a educação dos cegos
Atã aqui, não encontrei quaiquer Nenhuma re.erãncia fez em
a de assumir a direção do Impenai Instituto os sua ^ lns,itut0 de Paris quando
»rs,á!0S; POr iSS0' estava à pr0CUra ^ ^"uma paitu'113 ff®'65 conferência, os teriã
, ^ ncia médicos, pois quem precisasse de ^ seguinte visitar o imperador para se fazer
Kbr alÍ" C0munica sua Pretensã0 de ^ SerT1 Xo^de de Montealegre) lhe houvera dito que
ado
6stJ ' Pois o Montealegre (uma referência ao ^ ^ Consjderava que 0 cargo de
a
Para ser criada uma secretaria para o Co ca/nora" que não tinha esperanças de
91 rria 0r
' desta secretaria não era mal, mas ele era
irand t*EdUcad0
recursos, procuravamPertencer aS e ,e
valer-se do" u se apresertava como -protetor-, o que
de-distribuir benesses" (Grahan:
na
reCU SOS rocuravam valer se d0 S
* ' ' P - . . j., rnndicão de -distribuir benesses" (Grahan:
a
os detentores do poder e seus aproxrmados na condrçao
5971 ri
c . ^nhPdmento tinha poucas opçoes fora do âmbito do
Cláudio Luiz, médico com algum reconhe iAf*rR7 anos àauela altura
sto^ a e
stado, . ♦nHns os outros, alem deja ter 57 anos aquela altura.
' m de sua clientela, o que acontecia a to
„ ínnuilinos aponta para um já presente "espírito de
^ preferência por ter médicos como q . . .. mesmo no sentido de
^Po" mnreensível a convivência ate mesmo no semiao ae
_ due supostamente faria mais facl e c P _ ^ ^ sua
2T0d6 X •' " uma hiS,Ma da "ZZs Z Zonais e eventos atá entáo
,1 ^ 0rcfenar 'a,os buscand0 homoge"el 3 e m0de|o para a criação de outros nas
persos" (Schwarcz: 1993, 99), além de seiw ^ soaa|S Em 1851i passou-se a
~lnc'as. Inicialmente, a filiação se dava por me, ^ ^ ^ ^ na ârea médica e no
r
9 uma produção intelectual na área de atuaça . cateaoria dos efetivos
^~ zu. ~
la
9 -se residência na Capital Federal e apres
tno
grafia
graf]a do Brasil (Schwarcz: 1993, 104).
oHirnara si encaminha-o a pressionar um pouco mais
Sd,fÍCUldadeSdeClaUdl0LU,ZerTiP
|HGB e que gozava de razoável prestígio à época.
Çalves Dias, que também estava filiado ao ^ ^ história do Brasil e estudar os
Estava na Europa comissionado para buscar document
ste
mas escolares europeus.
a diz
Em carta de 6 de agosto de 1854, ^ octar morando ainda na mesma
demorar casa
pouco. graçasàs
Quanto à ajuda
suas
-
Ja com os ministros, a situação çtava na mesma. Se até outubro ou novembro não se
caria dalada do dja seguinte
Pr0POS,a
inf^r ^ Uma
ihonte, não chegou
f0,,e COmPan ,a e
a concretizar-se e qque .ambém não lhe eram honra
muito efavorável. Nesta
a|gum mér.to e
eni> Carta 4
2. pág. 55
den,.
ni Carta 4
' 3, pág. 56. uirVnrões e divulgação, 1971. Correspondência ativa de
ÍIÍ
0 Nacional, vot. «, 1964, Div® *
Gonçalves Dias. Carta 103 pág. 189.
w
175
em
Finalmente, em carta de 13 de novembro de 1856, reanrma o ^
^fa anterior, que não consta deste volume da
Fedre/ra w d de «o metto nosso am«o. ^ ^ vésperas de partir ^ sâo
e
90s. substituindoSigaud que faleceu .Aflmta
b. por não ter mais meios para subsistir por ^ ^ Bene(!ila quc viria a ser professora de
6
f »dame„tecomseusou,rosdoisli|hos.iáquesuaa ^ ^ estabelecimento em cômodos
anc<
"' 110 l,,stituto. estava internada em um col gio ■ enc0ntrava em trabalhos para os
piamente separados das repadiçôes do ins.,.* e-o ^ ^^4^
^OS exames de hm de ano aos quais deveria de seu sogro que, na
benjamin CONSTANT
0
Pfio preferisse a de 18 de outubro de 1836, na Cidade de Nitero
arie
íro eni 22 de janeiro de 189112.
. . .irPtnr do Apostolado Positivista do Brasil,
Raimundo Teixeira Mendes, então vi tornar se seu primeiro
Editou o impacto desta morte e as homenagens decorrentes para tornar se seu p
com intelro apoio da tamnia, destacando-se a^prôpn^vmva^h^na^Jo^uina^tmh^e
! Ume vida
propriamente dita e o segundo de uma depositário de seus pertences.
nao
-ncontráveis nas coleções do Museu Casa de Benjam.n Constant, depo
COrn0
Clubo
6
^ daS <:omemoraç06S d0 semelhante à anterior, trazendo, no entanto,
Militar publica uma terceira edição mui ^ Constanti Maria Bernardina. que,
""«s citações do diário de uma das fil as ^ ^ é encon,ráVei apenas um também
maS
Jinalmente. constava de quatro volumes, de mes,rado, discuti a Irajetória de
"seu Casa de Benjamin Constant. Em m,^ ^ desobrigado de o fazer aqui, até
aver
conseguido o primeiro lugar no concurso (Zem.
nClaS natur
ais, apesar de seus dlverS0S Quando passou a integrar o Governo
diretor da Escola Normal da Corte, cria a ões anteri0res, excetuando-se a de
)v
'sório, confessa não ter mantido nenhuma
f6
' ssor do Instituto de Cegos, embora já não desse s
sc
ontinuidade, semindo de indicativo neste sen i Cou,0 Ferra2 até sua
0
• Luiz foi o que se poderia chamar de "auditoria nao
micio da administração de Cláudio contestações das contas da administração
%iai
ai da
t administração Sigaud. Em virtude ^ do Minjstéri0
do Império, um dos
^nterj
eri0r
ja no término da permanência de Couto noVembro de 1856, nove dias portanto
%
de
^ Xavier Sigaurt escreve a Ciaudio Luiz ern 3rte^ ^ ^ ^
Su
a posse como diretor, justificando as d .
o*
es .
Perança de que as províncias enviassem alunos pagant Não só isto não se
. deu, como todos
. os
crw
Co u m db p. u situação financeira do estabelecimento.
ntnbuintes acabaram sendo gratuitos, o que tomou cnt.ca 9-
ls
'» teria obrigado Sigaud a contrair novas dividas como o fornecrmento de roupas etc.
• •-> ao <ípu oai que só procurou o reconhecimento e
Pede a Cláudio Luiz que, em memona de seu paj ^ ^^^
egrandecimento do Instituto, obtivesse maior '"duJ ^ de algum recib0 mas cria que
ltla
a possibilidade de alguma irregularidade e
tenha sido pago
Me
wiiHaHP iunto a qualquer reclamante. Lembrava
smo assim, assumia a responsa orneação de sua irmã como professora do
tamb
ém a Cláudio Luiz que pedisse ao Sr. Ministro a nomeação d ^
lnsti
tuto, nomeação esta também já discutida no capítulo preceden e .
o_tp7a nesta auditoria, pois declara ter enviado
De fato, Cláudio Luiz demonstrou pr ^ ^ ^ novembro de 1856. Cumpre
n
ucioso oficio a este respeito ao Ministro o s . senão a equívocos provenientes de
er
^ qbe não atribuiu à desonestidade as falhas ^ ^ dos cegos me|hor
, COm0 ^ iSSO nâ0 baS,aSSe■ ^^naraTs que deveriam pagar, o que não se deu,
aram ltos
, estabelecendo uma renda fictícia p
• declara ter encontrado dezenove alunos, todos
Ao chegar ao Instituto, Cláudio Luiz ^ mas os me/os pecuniários do Dr.
tetuitos, "O Tesouro nada sofreu com esta ma viüva andava empenhada
limitações orçamentarias
arT,a
lei de orçamento para os anos
gratuitos, o qua de modo atgum correspondia à sua proposta, pois jamais distinguira
a Unos 18
' gratuitos de contribuintes .
„ j afirma aue os principais limites à entrada
No relatório de 1864, enviado em 22 de ma ç , , . . ..oco a
de a u
' nos acima de trinta são o espaço e a lei orçamentária . No relatono de 1863, env,ado ao
Mi
^ro do Império em 31 de janeiro. Cláudio Luiz comenta que os reparos e acrésc.mos
esour mu 0
o, e sim em folha à parte, situação ' 200$00o haveria grande economia em
Abasse uma grat.caçâo de 3008000 ao invés e 200^ ^^o^
rebr-s . — _ ovprcia outros empi^y^
Çao a contratação de alguém que nao cSíveis 300$000, mas 1 ;080$00023.
^sbe da obeina tipográbea, pois que recebena nao os nfl
poss,ve.s
57
ao Ministro do Império, na época o Marques teve jnjCialmente acolhida25,
heneficência no Banco do Brasil para este fim. proposta q
-o para o Instituto foram comutações de penas em
Uma das fontes constantes de doaça encamjnhou ao Instituto, como uma das
lmper
"entos de ordem financeira, que o ^^ fo. o Teatro Ljrjc0 Fiuminense que chegou
'Qativas do Poder Moderador. Outra dessas on igualmente também o Instituto dos
an p r
ter contrato neste sentido com o Governo ® s de companhias e apólices.
05 c
Surdos-Mudos cujo fundo totalizava do.s mi ^ quantjas para jsto destinadas
art 12
). Seria formado com o fundo ora existen e. ^ extraidas anUalmente, com a
° or^8^0 geral do Impéri0 com o pro u o ^ regu,amento e com os juros e
Ulnd0 sua
balh ampliação, o que ficou impossi^ ^ necessjdades do próprio Instituto. Dois sérios
o das alunas não chegou sequer a cobrir as número de alunos e o tempo
^ 'F 1863, documento; 164. AN 1E 55 1863, ^ meninos cegos e para o dos surdos-mudos um
et0
pa^ 2771 de 29 de setembro de 1877. Cria para o Insü u
ni
o de 2.000;000$000.
183
rieces
sariamente despendido com os estudos, o^ue otTesldl
^b'IC0 ex,emo requereria uma boa dose de profisS'^ idos quanto pela motivação
dK
le objetivo, tanto por terem de atender a comprom,ssos assum
Provocada pelos ganhos individuais daí decorrentes.
o „min ronstant no sentido de que o Governo
As loterias foram uma proposta de en ^ corrente para outras
«"cedesee algumas de,as em beneficio do '"T^fraria
nstituiçoes de -assistência- no período impena Tant0 quanto outras iniciativas de
^aessários para a sustentabilidade do conseguindo este fundo
njamin Constanttambém esta não teve rfirar 0 Instituto das vícissitudes orçamentárias2"
ln
9'ros mil contos considerados necessários para r
PESSOAL DOCENTE
^ Por Benjamin Constant. o que indica que ^ GoVerno, Couto Ferraz. O primeiro
aS, não ser|
r do também desaprovadas pelo o^^^^ ^ Ministro do Império João
^quenmento neste sentido aparece em 24 de a n professor de religião, o Cônego
6
oficio encaminhado por Benjamin Comlant e ^ uencimer,ios concedida no exercício
an
t'vesse neste exercício a gratificação de meta e entanto BenjaiTlin Constant que seria
dten0r
- Manifestando-Se de pleno aCord0, COnS,rTieesmo tip0 de gratificação30.
6c
1úidade conceder aos demais empregados o
- rr.n«;tant encaminna
„ Em ! 3 de agosto de 1884, Benjanran Cens ^ ^ ^ repetidor de frances de
Wse
, ^ro Felipe Franco de Sâ. o pedido de verdadeira a exposição de motivos
030
Pinheiro de Carvalho. Afirmava Benjamin Cens an ^ introduziu o uso da notaçao
fitada pelo requerente: tinha 23 anos de serviço , ^ nenhum dos
üs,cal
Braiile como repetidor da segunda classe mu embora um deles tivesse sido
oiessores de música eonnecia este sistema de esenta ^ ^ ^^ado, o aluno Scipião
t Pbt que João Pinheiro de Carvalho decidiu-se ^ ordenado a que teria direito
> bPenas apds 21 anos de exercido sem aufenr o o ^ ^ para a contrataçáo de um
0fw e oner
10
4 uma limitação de cunho legal? Sua * pela lei orçamentâna que para o
mpetidor embora es,a estivesse rigidamen e número de cegos for uma porre
0
u^"PPranciscodaSiivapormofivodedoençade
'ugar vago de repetidor de francês ^Ma
%ened
^.t*o da
^ Costa,subs«o,
enfão professora
sem a
5,3
uadeira33. Oo oonfrãrio, João Pinheiro de ^ ^ ^ ^ ^ ^
Ss
ibilidade da ^ de um ^ doente
oraa d
e primeiras letras e tamb ^ ectivamente, Elisa
r de música, aproveitou para indica ■
ior, ~ ■nuônja, apruvt;ii.vju
ri„
a do onnntava oara a
dq Rego. Regulamento Provisório apontava para a
nítulo anterior, o R 9 Embora de pleno acordo
' "forme já comentado no cap _ para 0 mag.s de
InrrA
LlJ| x ■ Hp pntrada no Instituto, conforme indicado no Livro
2 Antomo Gondim Leitão, terceiro na ordem de eniraua nu
ria
06 ía encontrara colocação como organista. Só
Matrículas, saiu a pedido de seu pai, que ja enconud y-
e
ncontrei alguma referência a suas atividades no livro de Moreira de Azevedo que o coloca como
«ganista das igrejas de São Francisco da Penitência e da Lapa dos Mercadores .
Moto Hp pntrada foi preterido como segundo organista
José Pinto de Cerqueira, nono na lista de eniraod, iu h
j _ . . „r pronrisco Manoel da Si va, muito influente
da
Capela Imperial, a despeito de recomendado por Francisco Mano
m.- • -sitr. pamn nesta capela, o de mestre compositor.
K
Musico em sua época e exercendo então o mais alto cargo nesta cap
A!0ri . ■ x.-or Hp ror as peças a serem executadas, ate porque
Alegou-se que Cerqueira não conseguina tocar de cor as peç
x.,. . f,ir>_3n p fracassara. Cabe aqui recordar que este
Outro
cego, Remy Thomas, o antecedera nesta função ... • ,
r%r
0r .r oinHa diminuto corpo docente do Imperial
ganista também não foi o preferido para compor o ainda diminui p
lns
tituto dos Meninos Cegos; Sigaud optou por outro cego, Joaquim Jose Lo ..
Em comunicação Hp 7
reservada de 7 de outubro de 1865 ao Ministro do Império, o Marquês
de ou oro:,iQ
116 y
^
«Ma, , dizendo
Cláudio Luiz refuta esta alegação, .. nl ,p apos
que, aoós tran
transcrita P
para o sistema
,imaBraille,
„„,a
1105 POderosoS 6
Iam . j pinlo de Cerqueira, vindo de família
esta alegação viesse ã tona, ^ "éenos , tinha vind0 de Paris, ainda que
nt. para pretender tal posição? Remy ^ Thomas não havia sido bem sucedido
6 laaa otlmas
' indicações. A alegaça mostra algo muito conhecido de qualquer
Para 0 imPedimen,0 de
CeT^
e - ouTero
nto discriminado: a generalização, ou insucesso de apenas um justiça a rejeição
6
todos os outros.
outubro, Cláudio Luiz pede a contratação de
Cem • ^ meSma comunicaÇa0 . „ ne|0 descrédito recebido. Refere que ele já exercia
Ta. até mesmo como "compensação pe consistia no estudo das
9rat
^tamente a repetição da primeira classe de musica há tres .q
esta DeClar0U qUe n0S d0IS relat0n0S preCe 6 ã tjnha havido aumento de consignação
* repeti^ que estava vaga. mas que ha tres são exigidos ao menos dois
Queira er^ aTaTetino3 eÍ cia. de música aos cegos que o professor "não cego" de
músi
^ do Instituto, embora fosse este músico de "primara plana .
, estava ocupado, desde 1858, por Guilherme
Was o cargo de professor de mu . . Até a data desta comunicação de
JUrenço Schulze, que fora mestre de alemao das pn por jmperia| havendo
aud|
o Luiz da Costa, Schulze ainda nao havia s Mjnjstro do |mpérjo. o que possibilitou
Penas
um contrato feito com o Diretor e aprova o p
t0r,1ar
Posse do emprego por Aviso de 23 de setembro de 185b.
de Schu|Ze, Claudio Luiz afirmou que jamais
, 0nCordaria com este decreto imperial, pois tenciona ^ ívei deduzjr.se qUe sua intenção
St| p CerqU
se tuto- elos constantes elogios feitos a ^ Schuize e Claudio Luiz vigoraria por
contrat
t^Pre fora que ele ocupasse este cargo. O °J" ja| ou que 0 Minjstro do Império
ohui>
,ze hmi ficando com a posiv^w "
não foi rompido e Cerqueira acaoou mentos de R. 10$000 mensais, conforme
'bidem.
' 1865, documento: 214.
w
187
o
:::r
a
-—-—Rt'
'uno como contramestre da oficina tip g
. e pntradas matriculou-se em 11 de abril de 1856
Pirmino Rodrigues de Oliveira, 162 na lista , de po|ícja de Njterói onde andava
> ^WUJUICIIIU. Z, / 1 .
documento: 271.
86, documento: 775. x fritas a partir da relação nominal de alunos - 1854-
, „f rorreções feltas v. ,1IIT1„ He 1854 a 1906. Assinado pelo
atrículas do Instituto Benjamin Constôn Constant Primeiro
rio da Educação e Cultura - Instituto
b
™eS- c «I 1884, docuii.enlo sen, número.
' 884, documento sem número. AN 1
188
3 COnSeqÜen,e reSPOS,a
- , , a propósito da matricula de alunos externos,
Conforme já mostrado no capítulo an e ^ ^ entrada, João Pinto Borba com 25 anos.
r
^ulou-se em 16 de dezembro de 1859.32 na is deu.se gradualmente, já sendo
harel
el
em ciências jurídicas por São Paulo, s P ^ ^ e escrever pejo sistema Braille,
lente
te So
frível quando cursava o quinto ano. Apó de 15 de novembro de 1 8604j.
:ou 0
'nstituto autorizado por aviso do Ministério do Impen
189
'lnad0r de Pianos- Afirma Benjamin Constant que ^ ltabaiana. A devida licença foi
m
Portantes daquela cidade, dentre as quais almhav
COn
cedida por Aviso de 30 de janeiro de 1871 .
19 de outubro de 1866 com nome de aAlvina Pinto
Elisa Pinto de Miranda, matriculada em pm ^ de julho de 1869, 50 na lista de
e
Miranda, nome trocado por ocasiao de sua ^ obteve licença para
^da, concluiu seu curso em 1880. ^ Menino desus "
""ar-se do Instituto a fim de empregar-se como p
. 1884 dirigido ao ministro do Império, Francisco Antunes
No relatono de 31 de março de . iuntamente com outros três, sem designar
«to Por volia de 1885, dentre os ex-alunos q para 0 Campo da Aclamação a tempo
IÇa0 de
deslocar-se constantemente e situação agravada com a ida do Instituto
-toptit com suas obrigaçées em ambas as ^ ^ a ^
a a p
raia da Saudade? Teria o colégio em qu
Conseguida a oficina, Cláudio Luiz envi dassetransportar objetos pesados, nem fazer
0n
Çalves de Lima Júnior a quem pediu que o não m ara que se lhe não agravasse a hipertrofia
qUa|
quertrabalhobraçal,quelhecausassequalquerfad.ga,P
a triculadono Instituto51.
-^0,moléstiaquesoWadesdea«noia,ecom^.^ ^ ^ em of,cinas
Stres Se
contentaram em receber 8$000 men meio-dia, retornando ao Instituto
««.lau Henrique Soares. Estas .rés aiuncs trabalhavam
^ lantar. prosseguir os estudos á tarde a dormir ^ ^ comUnica em relatório de 11
rTlarÇ0 de 1868:
í.. a recolher os alunos, que. fora das
^ meses me decidiu a recv' caridosa como a
- a experiência em P0000* ™ noS mestres vigilânaa jnspeçã0 incumbira, iam
minhas vistas, e não encontrando nos aquele de que
que exercera Nicolau Henrique
So, ——_
nota na 17
n.
nota na 42
191
audi
o Luiz contratou um mestre especialmen ^ bom pois, em relatório de
9rati
ficaçã0 de 8$000. Apesar disso, seu progresso n trabaiha sofrivelmente; poderia,
185** m .. i . "n aluno empalodooi
58 j
• Qlaudio Luiz diz textualmente. O " A gratificação paga ao mestre para
rèrr
^ >, achar-se mais perfeito se fosse menos ^rregacj0 Re ensiná-lo desenganado Cláudio
sn
' á-lo foi descontinuada, por haver o mestre relatório de .19 de março de
^ quanto às possibilidades de seu progresso, confo^a f,ca
rn
otana42.
| |p, _
- " 1863, documento: 028.
rn
otana42.
1863, documento: 186.
í ÍP C 5
1864, documento: 300.
192
reS
r. p convenientemente aplicada em casa
^Wnoa-, conseguiu que esta lhe fosse ' ^ de.xá.to deS3mparado:
anc
ária no Rio de Janeiro. Cláudio Luiz não pre
x a fím de proporcionar-se ao infeliz
■Vou tratar com essa pessoa de " ^ e de bom ccmportamento a/nda
algum arranjo, procurando-se uíina para tratá-lo. fazê-lo ^a'ha'Pel°
que idosa seja, que queira casar nLiaiguer pequeno negóctó com q p
ofício, empregando seu dinheiro e P_amça<j0 em sua imbecilidade, po
Viver, satvando-o da mendicidade. o
si mesmo reger-se 60" Catarina nas condições propostas por
i^oveitamento nem nos estudos nem nas oficina , P^ ^ e|e há ^ anos n0 instituto e que
que ust0 P 63
° Benjamin Constant considerava muito i ^ °^^ei com a cegueira . Tão seriamente
sta
Profissão seria de fácil aprendizado e bem ^ aluno aprendesse e
, Hias encontrou luya» y
rou e
sta questão que em apenas de fosse mais vantajosa tanto
empregado e isto, segundo afrtma. depois de busca
Para^-,. . ... .^
■ aluno quanto para o Instituto. ^^ de
Assando no dia seguinte. Ao que parece, cogjtado na questão dos possíveis maus
[0nio
"gnacio ao Instituto, motivo porque nao eve ^ ^ ^ fora por pouco tempo.
00
'Tplds que pUCjesse vir a trazer a seus ^ ^ ^ .u,ho de 1882, quando faleceu ^
^hdo^e ao instituto para tratamento ate ^ ^ a ^ ^ que
Até onde pude perceber pelos docum ^ emprego externo dos alunos e ex-
^i^rnin Constant teve alguma participação d"
nota n942.
193
AN
677 lE52 ' 857, documento; 052.
A
^IE52 1857, documento; 75.
195
5611
Contentamento se devia à alegação de receberem
s
íe forma, proporia um aumento para 3 a 5 réis conforme sua dedicação .
S tanto por Cláudio Luiz como por Benjamm
0s
c instantes elogios feitos aos professore ^ uma pUnição sofrida por um
0r|
stant parecem estar corroborados pelo fato e so éri do império, Joaquim José
^ A propósito da vinda de algum cego fran " ^ mestres estrangeiros só vêm à custa de
po
^ sta de Xavier Sigaud, assim se manifesta. scon(entes por muito tempo e a maior parte
71
^Jamentos onerosos. São exigentes, andam ensjnando " Cláudio Luiz expressa
aS Ve2es
a vêm com falazes habilitações contando apre procuravam os membros das elites
Urn dos
9 paradoxos de sua época: ao mesm jntuito de -civilizar o pais e de sentirem-se
^ Ornarem-se da Europa, mormente
^ Fran"Deculiaridades" brasileiras, como a escravidão, já
Mesmos "civilizados", defendiam algumas P ^ .estranha' mesmo para os vizinhos da
enSame
A nte repudiada pela "civilização" européia e Encontravam, neste sentido,
rneriCa do
sul (Matos; 1994; Bosi; 1992; Nogueira. 19 ' escravidão de seu temtono em
n
^ « Estados Unidos que só eliminaram der.n.hvamen
5 6
'Sto após sangrenta e difícil guerra civil. ^ ^ Brasjl estava praticamente livre
a
d No inicio de 1857, época deste relatório de ^'° aPraleira' de 1848 em Pernambuco e
6
bisões internas, após debelada a chamada Rev
ante"1 baStan,e PObreS maS nâ0 indÍ9en,eS- 'Z ia de Junho encaminhado ao Ministro do
; '^nida, o que vinha sendo feito " Por oflco de 13 de Jun ^ ^ ^ ^
í "f. José Joaquim Fernandes Torres, infonra ^ ^ naScimento do aluno. Azarias de
Pelos pais e sim por um fazendeiro de Minas, p
0U2a
Dias que interrompeu esta contribuição em maio de 1866 -
Io T ^ Pr0VÍncia d0 Ri0 Grande d0 SUl Uma letra ^devido da contribuição do aluno Mariano
Pstituto, da quantia de 125$000 como pagamen o ^ p0|ícja a isso obrigado a
ErT
^ i oficio de 5 de maio de 1866, Clau io perTI1anecesse no Instituto enquanto
^ISteri0 do
Império de 2 de abril ordenando que 0
referir-se a esta dívida 76
Em ofício
[ ^Pai nao
fizesse o pagamento, sentia-se deso 9 josd j0aquim Fernandes Torres,
3
junho de 1867 encaminhado ao Ministro do foj jnformado que estava ele
09
"HpVBdor dB rBZ »
que, após indagações sobre este porto Alegre. Supunha-se que
em processo de falsificação de letras^e se evad.ra
'"Sido para uma das ^030 vizinhas - em g de març0 de 186o já na
Fr
3ncisco José Alves, 342 na lista de entra a, ^ sedoInstitutoem12dejulho de 1870 a
6
do:
^0s gratuitos apesar da contribuição recebi
lE s —
^ 1866, documento; 321-23.
^ ^ 1867, documento: 661.
^ ^ 1866, documento; 273.
® 1866, documento: 335.
^ 1867, documento: 661.
198
0 d
e 4 de julho de 1885, lugar de que tomou p
. ... tanto quanto em outras escolas e mesmo nas
femi,iasC°n'0rmeiáVerited0n0CaPI,*aa"m'fundamental para sua inserção social como
I S, a disciplina dos alunos era ar,„|uava consideravelmente o tratamento de
^ aos. sendo que o fato de serem cegos ^ C|audjo Luiz apoiou inteiramente
edUCaÇâ
pureza patemal geralmente dispensado à °.o sendo de forma alguma, contraditado
^a0d, conforme se manifestou por diversas veze
^ j0aquim Mariano de Macedo Soares e
j ^er|jamin Constant e muito menos por seus sucess ^^.^atorjedade de 0 djretor residir no
er I1
^ otana42.
^lE 56 documento; 298.
Ver not a
an 3, carta 150, p. 179.
199
d0 S em ,0m,a M
=0 q ^*"*""* ' ""T
■^T-" ^
quando do término da esenta desta ht no mtcio do ,««3"
11 S
% « 1*70
e/ü J.
. Jinumcnio 37.
„ aue perpassava as famílias consideradas
Ac
ontecia no imperial Instituto dos Meninos Cegos ^ ^ ^ conforme já apresentado no
lt6 a Con
jugação do pai autoritário e do pai extremoso r motivos disciplmares.
anterior, explica o fato de ter havido poucas exclusoes realmen
TA PELA AMPLIAÇÃO DAS VAGAS
n e
^ cimento e isto quando tinham alguma familí ^ exclusão traziam sempre o
antertor, e que se constituiu em situação drama ^ ^ i868 sua mâe pedm para
Em
a. matriculou-se em 12 de agosto de 1857. mb0,a não fosse tempo de ferias.
A d Ll r
espeito desta informação encontrada no ^° Conforme indicado no capitulo
^ lembro de 1858 pedindo exatamente esta au o an0
esta au
torização se deu em 23 de setembro ^ Instituto a pedido do Chefe de
ci^ de novembro de 1863. foi ela novamef!^ pinto. Exatamente um mês depois, em
^ da Corte o desembargador José Caetano de ^ ^ império, o Ma^uês de Olinda, que
> v,„ha 30,icitar sua retirada do Instituto f1 ^ ^ a^nas já se encontrava ocupado em seu
98
oondições. Acrescia também que o dormitõno das alu
cin,en»J.miSn«noB^i^--tS
VUCM
tete Knja> eIlvoIvendo 4 ÍSria. Ri» J« -
lJ F
AZE, MARIANA DE AGUIAR f^do. Departamento
0a
sociedade imperial. Dissertação de
a0
' primeiro item do capítulo terceiro-
-documento: 31.
201
1,6
por nove alunas, a roupeira e a inspetora, que ali permaneciam por necessidade de
Além disso, "náo havendo privada, oerios seniços impérios de um donn„6no al
^ Muz a íe,se grande lrabalh0 e cuidado em ahrigar as — e »_
dom/fón.0 no Jisoassei0. o dormitório seria o ünico lugar
** queee"r 0 Candida,0
"nha 9 an0S 6
^Tes elidas pelo Regulamento Provisório para
Plenamen,e dentr0 daS C0
fissão F dormitório, embora contasse o Instituto com 29
"Un0s jti" m Vlrtud
e de não haver vaga no enchjda à Causa de não estar completo o
Vrod^08' haVend0' P0ÍS' Uma Va9a 3 Ser Pree|respera5sem pelo aviso de admissão, ao
Ue obje{aS rneninas> sugeriu que voltassem à casa traZer mais seu filho, até porque
UniC0
)|Ve espaço disponível era o cubículo com passando ao dormitório em
C,aUC,IO Luiz que 0 candidat0 0CUpaSSe eS
* 89 AugUsto José Ribeiro matriculou-se
-ento corri qualquer aluno que necessitasse estar á brilhante aluno e professor90.
6 ab
ril de 1864,
iRfvd sendo
W o 45 na lista de entrada, tornando
ma prá,lca que foi muito utilizada por
" ^ 1864- Send0 0 455 na ^ "
3rT1 a
0rn
lrr)jri mudança do edifício, Cláudio Luiz residindo n
já resjdindo noo Instituto, o que. de
Co
ustant, a de admitir candidatos à espera tratar de alunos. Esta prática
i0
'«a o Regulamento e a lei orçamentária por
• 55
l863
: ' documento: 237.
55 ,8
H documento: 341.
ana42.
202
6r,fr
9cJa^UCl0 SabÍno da Silva foi matriculad0 er" 27 06 Uno e na segunda classe de música92.
^'eceu em 6 de agosto de 1890 ainda no sext João A|fredo correia de
Ministro do imp^nvy,
0fíci0 d
^iveir e 3 de junho de 1874 dirigido ao m ^ ^ ^ de admjssão e: um de
r a encar
6adrn ' ninha Benjamin Constant seis requenmen acredjtava que o Governo
^nde^0- Ernbora
só houvesse no momento uma vaga^ ^ do Regu|amento
estes
O Pedidos por estarem os candidatos ^ vagas. Ponto favorável a estes
^clid T 6 eStar 0 Go
vemo interessado em ampliar o " » Tod0s estes requerimentos
0S é que
já se encontravam no Instituto em s urn mês apos, em 3 de julho.
iStar apíciamente
n a Se deferidos e os pretendentes ma
guir suas situações no Instituto. t culado em 11 de abril de 1860,
Joâo
X Perpétuo Soares de Senna, Por apresentar distúrbios
o na
„ Hn Instituto em
lista de entrada, retirou-s
Oci
ünento sem número.
1^42.
doc
Umento: 026.
203
Ad0|
t)6Ve Pho Gonçalves Pereira, 65e na lista de entra ^ p0r este motivo. Em 1880. foi
aDJterfÍCado muito doente, pois deixou de fazer a,9UnS
JX sente do Instituto em casa de
9(10 COm 95
se distinção em todas as matérias do quarto ano no Ljvr0 de Matrículas
1882 a 1888, não havendo, a partir daí, mais se na classe dos gratuitos.
Conrl Mamede Henrique Torres, 66^ na lista de entra a, o majs referêncjas suas
^ 0 oitavo ano e a primeira Casse de música em 1888.
^ Matrículas » ^ ^ ^ dos gratuitos. Suas
S
graj , ' ^oncluiu o oitavo ano e a primeira cia m8Sica e coadjuvante do professor da
Oente 0
'"^i- de repetidor adido da 2- classe ^ ^ nomeado por portaria d0
vieron na lis
9ratüit yma Francisca Chaves, 69- 3.oi6$641 que foi recolhida em 26
S ece
nçw " ^ beu uma doação por testamento .e Não teve qualquer aproveitamento
^bro de , . -rfão»; da 2a vara desta n Hp 12 de março de 1883 e
30 COfre d0S 0rf
^anti. . aa do instituto por Av.so de 12
5 Senc 0
ela ' l . a pedido de seu irmão, re ira 99
entr n
em 16 de abril deste mesmo an tend0 ou não concluído seus
lota
"42,
em
ide
tbi
ide
'de
204
Em
21 de fevereiro de 1879 o Cônego Bernardo Lyra da Silva, capelão e professor de
^igiâoH , eiro de ia . H:rprg0 Dor motivo de licença do diretor
^çào ^ 0 CÔne90 ^ ^ ^ Cand]da]0 ^là maiores que não haviam ainda concluído
s
eus c 0 erecida Pel0 instituto onde existiam a uno aqregado o que concorreria para
Charn
a a atenção do Ministro para os seguintes pont
nmoofções muito acanhadas a
' Que o ensino profissional, limitado ^"^/cas e de enc^emação não^fmrfe
^'ca, â afinação de pianos e às cegos de modo a ^hes mcumos
^ e desenvolver as diversas aptxiões^^ do (verem de,xado
d
* Que possam viver sobre s> na socreoa
sta
beleciment0. ^ em Que se tem cuidado com
há ainda aqui. como em o^^^^j^emqu^s^
^deiro empenho de melhorar a sote
P^hidos os cegos desvabdos e possuem, organn Estado
^das as l&idões daqueles as despesas que faz o
pensarem. £ não no todo. ^^masua ^Z^Lnstãnoas adma
que fazem as associações fHantrop e[n atenção às deoois de
f. Que íondo o «S^SLtar*»
1879
documento; 011.
205
fluido n?,Valh0 deiXad0 0 Mín m28 da março de 1880. Os cinco pontos levantados
são _ também liberal de Saraiva em "dificuldades" colocadas à
aiT|
1g7g uel Affonso da Cunha, 972 na lista e Q0nstant Já em 1880 não fez os exames
rr,a Seman
a portanto após o ofício de Benjam' nunca retornando ao Instituto.
C9Und0 por se achar doente, Fci para a casa de seus pa.s,
a c,Ue
ali faleceu102.
6, ,oram os prédios
Cr* -pd-aMizadostope'a5
nos 6 empregados que moravam no Instituto ^ Rüa do Lazareto,
c «npíxas quanto ao
Sigaud já apresentasse algumas q admjnistração. Em um substancioso
0 Lui
3,ató 2 foi bem contundente desde o início de ^ ^^ ^ mi ao Mjnjstro do
npj'0 S0b
^ a situação do Instituto, encaminhado ' de olinda já em fevereiro, diz que
Couto Ferraz ue sena
tru q localização, reconhecida como excelente.
Ção anula todas as vantagens trazidas p frente e térreo nos fundos e
ass
Assentado sobre um plano inclinado, era *'^ ^ qua^er ^ permite
lfT,e
diatamente encostado ao morro de que se av
511 l88
0, documento: 057.
s
in 42.
206
Oe
icna^
sco i e ,'imido Procuraram remediar este
nto das águas, o que o tornava constanteme ^gem que foj asfa|tada. A
Pfobl,
a
á
substituindo todo o assoalho de madeira por uma d t fa|to
9ua
PaSSOu
a acumular-se aí. infi.trando-se pelas paredes e decompondo parte
„ ,r0c p n bolor estava por toda a
echadas
Ps% as portas, sentia-se o cheiro de terra e agna p madeiramento
^ sgrudando os papéis e pinturas. Também o cup.m pagava
slJs
tentava o telhado e os forros, requerendo pronto e imediato conserto.
a e
^ mosquitos que lé nasciam que ,nco ^ ^
6r 0
atn c ^av'a es a
P Ço para uma enfermaria nem ^ insalubridade influiu
inicio rri':)0ra Caudio Luiz tivesse sido autorizado P nrjecjade da rua do Lazareto em
eua
. ue idc-, 0çta mesma prop"
I850 '• o Governo optou por comprar rnnsumada a compra da casa, o
oq Tão 109^
que
Srion necessitando urgentes repar • em 54 contos.
^ mandou orçar os custos destes reparo ^ ^ ^ o
C0ns der
^óprio ^ ' 3r pouco minucioso o levantamen Constata(jas divergências quanto à real
% d'ret0r de fazer outro levantamento e orçamento^ ^ ^ confiança que fizeram
9ratUjta 9 CaSa 6 c'0 c'ue Pretenc:''a' ProcurclLJ ^ ^ contos 104
- Apesar desta significativa
^iJmente este trabalho, orçando os custos em 3 ' sua tota,idade; sendo todos os
0 de c
nstos, estes reparos jamais foram re
6ltos
quando muito urgentes e de forma palia ^ ^ ^ ^ ^ jgnejro deste ano.
Sltua
Çâo tornou-se insustentável no mící ^ Q^da, este dramático relato das
UlZ Cor
^IdjçQ nunica ao Ministro do Império, o M
68 erri
que se achava o prédio do Instituto. ^^ casa ocupada
a
mudança para outro prédio, e q. s sa/as com linhagem, p 9 nder^
0nv
enientemente, bastará que se forrem as n0 que apenas
motes, pintada a cola, e coberta com P P
^pender 70 a 80$000 réis 105." ^ paliativas acima indicadas. Em
:0
' deeSte meSmo dia' foi dad0 desPach0 ^.^Uamento do estuque do salão de
de mar
eD . Ço, comunica Cláudio Luiz o repen ^ ^ causou qualquer prejuízo
0 0cor
ltaJ rido em 19 de fevereiro, o que, segundo Clau i
^ ^ ter já esvaziado e fechado este salao. ^ ^ ^
As recepÇ
aulas foram transferidas para o salao de p^a(ia de três cômodos, ja que
as a 10G
ulas seria transferido o gabinete. Ficou assim ^ falta fazem .
obíl|
a do salão ficou amontoada em um Qüaú ^ procurado várias
6 90 Comendador
serf^cba Joaquim Antonio da eXp|jcasse o motivo da desistência.
rio, não encontrando qualquer docum ^ ^ ^ Baependi para o aluguel de
Em 6
lr. "e junho, fechou Cláudio Luiz oontral" com o C°n ^ ^ ^ dos Reis
310 s
s «uado no Campo da Aclamação n=17 a com Foi felt0 também outro
te avande
"-ano anexo a este, por possuir as l a0 rés do chão os compartimanlos
0 Co 108
m um mestre de obras para construir por emp entregues.
0s às oficinas e às aulas. No dia 15- seriam
0c
umento: 274.
86
6, documento: 277.
86
6, documento: 392.
866
, documento: 402.
208
% .end0'a praticam
ente concluído no dia 17. faltan o a ^ ^ ^ ^ ^ comUnica
0c
Ss ^ los os trabalhos que consultei acerca do Imp 0 qUe me levou a este mesmo
C,anÇa de 0383
üjVoc como tendo se dado em junho ^ espant0| por isso, perceber que a
e
%ÍV(
doCl ^ rn'n'13 dissertação de mestrado. Caus Intrigado, fiquei à espera de
, >«0 consultada no Arquivo Nacional apontava para
^CQ,ntr
ar ain
que justificasse o engano. ^ ^ ^ na rajz djst0 p0iSi
fitüT0' a esar
P dos dispendiosos aumentos
à cust
a do Estado l{1." rpiatórios encaminhados em 31
ânte - m ceus subseqüen e
este mesmo trecho aparece em
q® 1888 e 25 de maio de 1889 os documentos
Cláudio luiz ivuni
5end0 du n 0
Benjamin Constant tão zeloso ; epetjçao. esta afirmação toma foros
l ac os
^ ' ao Governo, ainda levando-se em con a ^ Na[,iona| Este engano,
d6
'n,e quando não se teve em mãos aquelas ^um tanl0 sua quanto do escriturário,
■ cometido em 1887, pode se devera uma chamou sua atenção. Em 1864,
r S6r
oitada integralmente subseqüentemente, ^ em setembro de
n c
onstant já era professor do Instituto, so m e
er
hbarrdi^ Daranuai.
HoAK| —
Ah) jp > documento: 415.
. .6 1866
' documento sem número. Magalhães de 28 de fevereiro de
10 d0 diret
' ^ ip or. Bacharel Benjamin Constant BoíeIh° ^nto sem número.
55
1888, documento sem número. AN IE 556 1
209
toe p 0Ucas Aclamações chegou a ter Cláudio Luiz oreS condições 114
. Já em 27 de
:a 6 1870
tobriH ' BenJamin Constant apresenta ^ terreno da casa que nao m a
dade
em virtude da vala pública que atravess ^ e de pestes. Sua
0
Sal^
pre
^ á9UaS daS ChUVaS' 0 qUe 3 ^^da epidemia de febre amarela 11 .
ocupação era com o progressivo avanço ^ 1875 com o intuito
- ■ Es,a
"ala sô foi eliminada por ocasião dos 0 prédio da Praia da Saudade,
)nstr
ar a necessidade de se construir o mais rapi pa| defeito da casa da Praça da
^ Constant declarou em diversas ocaSÍÕeS
o f|m de ser uma escola para cegos.
iÇao
era o não ter sido construída adredemente p foworavelmente às condições
iu ^ 1®57i^rr~
ÕOi{
I(letn . documento: 017.
A>JlE
58 I868
documento sem munero.
O GOVERNO EM CHEQUE
As
aQ dificuldades por que passou o Imperial Instituto dos Meninos Cegos, em muito
lavadas nQ. . roe pypCutivo e legislativo em atender suas
pela pouca presteza dos poderes ex . .
idades mo- ais x- w riandio Luiz e principalmente de Benjamm Constant
dirct
eto
prementes fízeram de Cláudio u k j -
res
tíS "in x. rrpntps nas possibilidades educacionais e
pr ^satisfeitos", ainda que dedicados e crentes P
ISs,
onais dos cegos.
ku ^ccpm as ooiniões de Cláudio Luiz fora
0 encontr
do sar ei quaisquer documentos que expre rnnc.t3nt pnrmantn
nbitn ^ h pnviou a Benjamm Constant enquanto
IC al
^ se en ' - ^ P058""13116 seriam 35 03
' encontrãveis algumas daquelas que
na GUerr3 d0 Para9Ua
ry. rr : as
cnstant lhe enviou Por este motivo, a Po^e-: crmcas de Cláudio
. Lu. já foram
0s
traH= enviou, rui correspondência de um diretor
ainda
te n l"6 um ta"to -encobertas- pelo caraler ofioal
0
" necessitava deste emprego.
3
^^5 dt ^ ^ °"de ^unta
—
s u
-
rea|. ni prêmio à sua dedicação, como
nter
esse do Instituto
hvneflcio que o governo procura fazer aos
Zque sâo indispensáveis a fim de que ojenem q ^ ^^sçeqos a quem
^limçegos seja uma realidade ^ hecer e a propor essas
fossem seusjim <> Pn^s0 ze,oso e previdente governo^
fedidas que não foram ainda abraç, ^fnue dirige onde os infelizes cegos que
àque
Sem uma instituição
^tiverem meios de complementar £um ammo, um amparo à sua desgraça
subsistência encontmm^ma^ ^
e
onde se aomveite a bem mesmo deles, instituição digo que fim
Mdústrias para que tiverem aptidãh0'governo com a criação deste '"stiMo? Q
^edeiramente humanitário Preencde bem [em] evidência toda a ex ensáo de
Amparar mendjggs ilustrados, o de por ^ na criação de uma tal mstituição
Sua
^sgraça. Porque não hâ-de o q ve
° ™° a organização definitiva que lhe convém.
da que não possa ou não queira d*r *sta sorte de infelizes ? (Gnfos meus)
mda que crie como
que crie como um
um asilo especialrpar
asnu ew"— , „ .
Nas c a onde preponderam as escritas a sua esposa, Benjam.n
cartas que escreve da Guerra, o comandante em chefe das forças
ant
«ica acerbameute o então Marquês de Caxras.
211
Hs Co
^ omenta as condições adversas em que vivem as tropas, atacadas por diferentes males,
eS
taQUp r»-.
Para o cólera e a malária. (LEMOS: 1999).
de S(Ja A0 86 dirig |
~ "'- ao próprio OlclUUíU
~ K» Cláudio LUIZ.
Luiz Ud
da Costa fazendo considerações acerca de sua saúde e
(Sow COnd'Ções de trabalho como Diretor do Instituto compara ambas as siluaçSes de que o
I ""«o
^ 6
o responsável direto. Ao criticar a situação em que vive o Instituto, critica o Governo
"^ele
Go,enie'n OU,ro
momento, já como Diretor do Instituto por dez anos, volta a responsabilizar o
"e Mh "11610 que considera como péssima a situação da educação dos cegos. Em carta de 29
'"S. dirigida ao Senador João Alfredo Correia de Oliveira, que fora Ministro do
1 de 18
Par '1 a 1875 no Gabinete Rio Branco, fala de Iodas as diticuldades por que passou
3 Con
" 'atlrr ser admitido como professor em uma escola pública, pois. embora tirasse sempre
Ptirrie ' ser imitido como professor em uma escola pública, pois. embora tirasse sempre
'eiro
'"S» "os concureos para a cadeira de matemática, era sempre preterido em favor do
^do
co
'ocado. Já que 0 Govemo ,inba prerrogativa de escolha até o terceiro lugar..
^ rr,^"'0 00 lns,iW
°. considerava melhor deixar o cargo de Diretor, pois, assim, poderia ele
aqUinh
V. °ado. Considera que o Govemo nlo tem boa vontade com a educação dos
qu6
% os ü„imos melhoramen|os por que passou o estabelecimento foram exatamente no
mínís|
^ iBftn óno de João Alfredo "• Ao assumir a presidência do Gabinete em 10 de março
So
K^ A»®* reajustou os salários dos empregados do Instituto através de nova tabela
ntos 6
alguma justiça a Benjamin Constant.
com
"ilSS""' crescente solicitude wmíxnjíradas £ grmmos e
Hiüitnc: h P '3is de ensino aos Pnvados, nnf> 'sse era o único meio eficaz de
es ec
mens
^eihnr
h 0rar eminentes desses países de d m,0 çnrifí desses infelizes"
(qr
y f n grandemente a desventurnda^MLMmJmã--
'io meu).
£)►., ^bas e<!r, („tn He nue segundo ele, as soluções para os
nÇaS baseavam se ,ambém n0
Nas dos - mais fácil para o Brasil protegé-los com
t0na6de
"abOraÍ"' j-• 'do ao Ministro do Império, o Senador
Enri
C0ri ""elatório de 7 de março de 1883 ifiQ1 ^ os re|at5rios antenores
S6,h
6iro Pedro Leão Veloso, declarou que, embora * havia perdido as esperanças.
No relatório
^ de 28 de fevereiro de 1887, encamm ^ encamjnha novo projeto de
refere seao ofício de 24 de 01310
- ^ -n de casas de trabalho e asilos para os
anR
J 0Ção do Instituto, onde volta a propor a cnaça ^ ^ ^ ^ ^ insuficiente a
'6 inv
í«dos. Prevê a ampliação do número de a " _ ^ cureos devidos. quanto pela
Se
0 "< querer, obviamente, justificar o descaso mento para melhor defender
^ ^ capitmo anterior, que Benjamin Constan. pm-" a ^ motivo s^n,
O aumento de dispéndio em relação àadu^ ^ enn ^ considerando
ainda pertenC8nte 30
TirJa^er a questão ma;s de 14
ec,a
tai. ' ra Benjamin Constant que na ^ no pr0jeto que enca
Consignados nos seus relatórios e ofí ^en^a-
^sembléia Legislativa. Mesmo assim argume ._t:fnirao tso dign
... „nra oela sorte América
Picar esta '''U"D . 50 dos ro"* rc:eS d£
da a s
iimpatias e
f nafu/^adas simpatias e da todos os P ' J ar
Cre
' il
scente e febril solicitude com P
% enVO nVOiver e ap ^g pi por demais P dos d0
do0 Norte se procura multiplicar' ^os de vista ^ fpgrte doS c/onais.
"ra.rK5ospontosde«d ^
testinnadaS a melhorar sob subv
nfei
'Ohzes cegos por meio ' Acrescentes
de cre de gnimadisd£os . congressos
g0 constante^ ^ utjiíssim^ a:
filan rbplC õem e
ymerosas associações ! '
nU e os P "' 0 s que
p essas
— - js(g ova sto
numerosos jornajs e revis^bdentes P^Zòticadospdv^ privado05
oue podem
J
opondentes e úteis aqueles q ' rgdoS
'tos séculos erradamente conSf' gdos da 'ys0 acna y oS outro
>0
rianto, como outros tantos ^orgpgndlono ono ernem
P^ 0
j
P isolados
S olados de todos p
'stritador o estado de doase ^ de de aluno*.^o
^"fnmvisório fpor00demms ^ fno
ta ins,g P 0
SdoCo a um U~em número "^ Regulam*"* *a de r "* *# de 15 n
idente, asfixiado no acanha
odente, morrendo P& rican
arrendo rirgno quo Que c00 Árin /.ni forçada e cde
atua a!a ms
ulo nas circunstâncias
'Ulo 't0
tn império amarõeS d dee uma
uma nvs ' 's proporções,
nivporçõe
nto
' o único existente nó gS degmd sU
^^mza medo espontânea
'zes cegos abandonados a dá por J* nancial de P.j p ara estes
Para
1
ignorância a que a cegU e fecundo rn d espetáculo feita p
fejta pelo
eio
solon
3 indivíduo
*11° o indivíduo do do /menso
imenso e e ^ mundo e
mund *J g„[ult tu ita °l!g
s ^n e or sua to e amarga
oela simples contemP.messadode inSÍr1c0mo fiat ,u*' 1nsmjiciQ
miici!^ fP nrla
1 0 0
gs patrícios
atrícios nossos
nossgs a P pno®*! brasileiros
hrasileiros ^' f deSta ta IjM^fp^lhor
infeíií-^ mTmélhor sorte
^^mií^todos
constituinte a todos os ^seriamente
o ^mente des t5o digna
(So dign a o
É tempo
temoo de cuidar-se rt>f f'Sjrnportantes
ría ntes fe"
feito0
J3156 Co
nservadores se comportaram da mesmarTias ao interesse pessoal dos
0riaS que te
di, ve não se deveram a qualquer cor i e amizade aos diretores
re
nt6s ministros do Império, quer seja por interesse pela causa, q
CONCLUSÃO
A RUP
ruptura
l UKA reihjbligana
^
ant de sua residência, exatamente no
Er
" 15 de novembro de 1889 saiu Benjamln ConsW ^ ^ Aclamaçâ„, atualmente
J0 ^ abngava o Imperial Instituto dos Meninos Cego ^ ^ ^ Também neste dia
para integrar-se ás forças do exército que I ^ ^ Goveroo provisorio na
No
W , 0ia 21 de novembro, utilizando a denominação gen ^ Lobo entâo
'a'es
0 Soares é
é efetivado
efetivado no
no Cargo
Cargo de
de diretor
diretor e em
Se
" Instituto Nacional dos Cegos. ^ mjnistério, o da Instrução
Em
■■ a>ril de 1890. Benjamin Constant foi em maS
'*
• Con
-otreios e Telégrafos, do qual só tomaria P ^ a,ravés do decreto 408 o
8
ministério, como foi o novo regulamento do ^^^ 0 que quer d,zer
1890
- A partir de então, ficou o Instituto o |nStjtuto.
írriin c
onstant continuou, de certa form j^esmo enquanto Ministro da
s 8
"as preocupações com o institulo assuntos de governe Na
ls e minis rOS e nV 0 V apr
ra facultado a todos os ^ e m 2 2 de março de 1890. ^t^^eaçõesPsobre
0
Conselho de ministros ocomda da paZenda, para m Rarhosa se
ias M,n,S
apresentado por Ruy Barbosa. ' d0 lnstituto, as quais uy
te
^ que apresentara em 1873 em fa os ceg0S ficaram sem este benefí .
le
b em levar em consideração3. Novamen
n * • f 189^*
tnuto Benjamin Constant - Relatório do Vir ,mprcnsa Nacional,
" 18Rq a .• jv,. Rio de jancii^ • r
uocumento sem número. pac-sínii'e
ília-çbranches- Actas e actos d0 êovern0 pr0V
• Senado Federal, 1998, p. 152.
216
Cientifica
% . João Pinheiro de Carvalho e Augusto ^ profissional a eles dada e
ent6s
instituições para cegos, estudar a educaç' ^ responsável por remeter relatório
^ülrir Materiais para as antigas e novas oficinas. Ten retornaram estes professores
nSa| d
6tti e suas atividades e um final quando do regresso ^ de Benjamin Constant.
0a C
avalcanti4 ^ ■ «
Soares o relatório final da Comissão
Ci6r, ^ 26 de agosto de 1891. encaminha ^ terjn0 da ,nstruçâo Pública. Correios
, T> 00 Ministro de Estado dos Negócios da Justiço ^ ^ afim,a que os
J^OS, o Desembargador Antonio Luiz Affonso de dignos do condonço
C^s desincumbi,am-se brilhantemente uma -z gue os cegos sóo optos e
65
Capa; depositou o Governo provisório o pro
s
^ encargos que muitos videntes sao mcap ^ 342,46 Francos
aoarece um oencn
„ Apo
™o Macedo Soares que, nas contas anexas ^ seguros etc, que não
^^fante de despesas imprescindíveis de "^^uçbes dadas à comlssfto. Esse déficrl
1 56
4 iRo^—
'*^^564 ^ Jumento sem número.
'%i ' ' documento sem número.
V:563 i
' 890 documento sem número.
217
paraPar6Cer a esta cerimônia de entrega, mas havia fina^ ^ 1872 apeSar de as obras
0
^ ^ifício cuja pedra fundamental fora lançada em ^ ^ ^ Capanema à frente do
0C0,qU6,an,O,U,ara
orolário da luta que Benjamin Constant
0
S. lamento de 17 de maio de 1890 seria o co ^^ )(v|i Sessâo d0 Conselh0 de
Jrit,a 0
7-,,., '^ Regulamento Provisório. Foi aprese um de seus maiores míentos.
0S
W ' dooeida em 10 de maio e aprovado sem disc ^ de insiptuiç6es filiadas,
Ct> 05 d
mpõe,se de 272 artigos incluindo-se °d |hamento, as funções de regulamento
mais de um dos
N
- nara a criação daquelas associações que.
ão estava previsto qualquer tipo de incentivo ^ Janeir0 As Casas de trabalho e os
^ Pelo menos, dois anos do P^' ^ 97) Esta mnçéo, tanto reclamada
0
l^r ^ ' em que poderiam continuar no concjição de professor adido.
llmÍtad0
Pel0 orçament0 d0
nte a
'^^tovo edifício, pois. novamente, a ig
' disponibilidade de espaço no
^0nàn
0 6•
mencionada. nr -pus estudos, quando o
d .P oaqaf Por
o cpfios tivessem q ,0fprissem que seus filhos
,a^,0 eStranh0 qUe a
^UnS ofazend0 aquele® que P orçamento aos
S an0iáera9ra,US0Para,0d0S
^ar ' moemcasa-AW»aça0 ,mP! a ^os ^ motivo de
eSCOlaS |:>artiCUlareS 0U
^ ^ a diferença que « ap"Ca de 2,3 para 1,3 em
e><is,i lmpén0
V " * «<>• "d ' óri0 procurou manter a proP Ç |idade,
el0 men
O os o Regulamento Provisdne P qu3lquer ppo P P
. ^-ntrihuintes. Pelo novo regulamento. ^ ^^s ou mu«o poucos ft^tos. té que.
—
boa
vontade que se tenha com um
a admissão estava compreendido entre
Se n P
o Regulamento Provisório o limite de ida 2 . rt 34) Não consigo entender o
14
'"OS, inclusive, no novo o limite superior ca,u pa ^^^ a#erad0, mui,„
" ^ * art- 33
>- man,ida independente da idade
A
"drptura republicana" não signiãcou -solu^ co^' ^ se viu constrangida pelas
adrni
{r
"^c de muito mais alunos com a "«'danÇa c0[110 ,imitação orçamentàna e
as
air
'cuidades encontradas no Regime Impena do novo edifta0 não e
!r6
sso
50
PC ano motivado peia pouca demanda re^ ,me„te por
^ram «O melhores, embora de ^0' c da ini ial
5
^nçãIO. 0
Manifestou-se bem mais i"—tanto enquanto intemos defuma
nsc
iênciaa
dos próprios cegos em relaçao a s" 0 que passou a ser exp
iti,lJ
içào
10
como segmento discriminado de u gados da instrução pú
arre
)r|
dência dos diretores com os ministro
220
ALUNOSDE.854AOF.NAL
DE 1890
Movimentação dos
Meninas Total
Meninos
141*
-'Ira arn 45
até 189o 95
1° a dezembro de 1890;
30
^ lado sem sese apresentar;
apresentar;
20
23
— 30
^ari
S9
aia Ca
'arina
Í3a aulo
birita Santo
Gr
ande ao Sul
^3
^'Pe
!
'>' ev|déu
Aires
^'r n9eiro
s
t*te rrios-
23
E
ía 32
20
'Matriculados até o final de 1890
'am-se 19
'arn 0
'Magistério do Instituto
OlM 25
^eram Se para trabalhar fora
!
'airi fa
lecimento
S« 'arn
í>0r
expulsão
'arn
s inaptos
ai 'arn
Por aoença
"am
Pedido de responsáveis
aira
'"Por 'ecuperar alguma visão
e
9ivel no livro de ma triculas
221
0
«vro de matrículas do Instituto Benjamin Cons.an. apresenta problemas para a
de uma tabela totalmente confiável sobre a movimentação dos alunos, A completa
^Ode dos dados da matricula n« 31 faz com que a soma do total dos meninos e meninas
>IM0S seja de 140 quando o .Cal geral é de 141, pois optei por nâo exclui, aquela
frícula
ula Aí- ' nnr colocar na conta daqueles que saíram
- Afirmações como "matrícula trancada", opte. por colocar na , .
^r opç
Mçaà . . n; , ra tratar-se em casa e seu falecimento foi
o dos responsáveis. Os que saíram para traiai
^iqnaru
yna
do. mantive na conta daqueles que saíram por„nr pcte
este motivo
moi e não por motivo de doença.
TnJ
odo . ^ Ho fnrmarem-se até o final de 1890 por nâo ter
. s os matriculados tiveram as chances de . 10Qn k
av
ido oy3 4 nc onfrados na década de 1880, que acabaram
Carnes em 1889 e 1890, principalmente os entra
^ serem e,T1 ■ s m a mais tempo sem grande aproveitamento
. igualados àqueles que já estavam a mais ie. m
Uc|
antii ^ - finai de 1890 ultrapassa em muito os limites
n.. ' ® número de matriculados ao fina
pel0 regulament0 de ,054 30, sendo que destes. 8 entraran, ap6s a promulgação
Campin35 C ttó
2*"OW,02, Anele. Conte de P^, WS "O —• ' " "'0S COdM
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X
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Um,nense 20
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Ju|
^ iana Teixeira Cessem as apostas. "TSaTdo Rb de
através do um estudo sobre or-fP,. rja social da Unlversida e
J
anejro r^9 ao ^urso de Pós-graduaçáo em
,0de Janeir0 2002
SoU2a" ' - majoíitária como produto de trabalho
^oRSa Maria de
- ^'nrffnps plád Setembro 1998.
'Iind. n nas CademosCe0
"" ■ ■ M ^es eu a negaçéo do óbvto tá Revista
®raSí, , UE. Judile Maria Barboza O aOoodooo paulo: ANPUH.
e
"a de História Vol 19 n'37, setembro de 199»-
V6 , Trartuc30 de Aida Bailar e Maria Auxiliadora
Fp
) l9907,nStÍtUt0 de CÍênCÍaS hUnianaS
fontes consultadas
'S- Ar
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0nal ind
'
atur
icado pela abreviatura AN; Museu Casa evjatura |BC; Bjb|joteca Nacional,
aMCBC; Instituto Benjamin Constant. mdicad P isadas as licenças para
Ki
No
i _ janeiro forem k ^
Arquivo Geral da Cidade do Rio de ^ ^ se inc|u|am 0 lmpenal
Sas a
tividades, posturas municipais e instituições ^ ^ |nst.?ut0 de surdos-mudos. atual
Ut0 do
s Meninos Cegos, atual Benjamin Constan ^ Nacjona, foi pesquisada a
^ Nacional de Educação de Surdos. ^ cegos ^ os djferentes
Spoa
dência dos diretores do Imperial Instituto ^ e sjtuaçâo. No Museu Casa
:tr0s d0
Império incluídos os relatórios anuais sobre ^ Constant, inclusive para
en a
i min Constant foi pesquisado o arquivo partic ^ No |nstitUf0 Benjamin Constant
as lac
' unas nos relatórios encontrados no Arq^ únjco encontrado. e o Livro
Quitado o primeiro volume da correspondência ^ abrange de 1854 a 1906t
atr c 1
' ijlas, onde ative-me apenas 3° P"" bora considerando apenas até o ano do
1902
^do apenas aquelas até o ano de '^ ^çâo imperial e alguns livros,
•Na Biblioteca Nacional foram consumos Penõdtcos.
229
1 I - IMPRESSAS
Piblloteativa
^Wência « Macional.
de Antôniovol. 84. 1954,
Gonçalves Dias.DivisSo de pe
^lais ri r.. vk„ Ap Dublicaçôes e divulgação, 1972.
Íb,ÍOteca
n^ncia Nac ona| vo1 91 1971 l
^ i Antonio
passiva de . - Gonçalves
' DiJç■
'n ,, ,,,
9
Càmar , hracileim 2 ano da 3* legislatura, sessão
d
® I835 ^ ser>hores deputados, Anais do par/a^nen o B
Nova do Ouvidor, n 31 1887.
J5
- Rio de Janeiro, Tipografia de Viúva Pinto e Filho. r.
ÒN,M
0- Lazarílho de Tormes. Tradução de Lisboa: Vega, 1993. jariftir0
BUtcf. , . aMinnrifico Brasileiro. Rio de Janeiro,
lrr
'PrensaAM9Ust0 Vitorino Alves Sacramento. Dicionáno
acionai. 1898. ordem d0 Exm9' Dr Francisco
Cia ts- assos, prefeito do Distrito Federal. ,rr,Press , e profissional. Parte II Irmandades.
CapL^10 de janeiro 1905 Secoão XI: Instrução Pnmár * e
p
P
330. parte III - Estabelecimentos
^ ^ 'gj^ndade
Ssistê
e hospita^a^anta P333
b45 84
Est,3be'ec'l1nentfís ass
'
Xlo ,| ncia. capítulo II, pp. ' ra7 capitulo II, asilos, parte II. P
• Instituto dos Surdos-Mudos. pág-84 •
relatórios
Pjg ^ritado à
Assembléia Geral Legislativa na 4 sess
'rnperial Instituto dos Meninos Cegos.
LEGISLAÇÃO
51
íf6c . rnverno para relomtar o ensino pnmárk, e
retQ n5630 de 17 de setembro. Autoriza o
0
Município da Corte
C II - RETIRA008 0A
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u, d ment0S aqUÍ 0
í
'^girne^e S
Ce
gos com os ministros a qu quem estavaimperial
subord'^^
Institu ^
lrT1
Perial, portanto enquanto trazia o nome o
1853
1
-
IE 52, documentos; 012, 016,1 sem número
^.lE 52. documentos: 002.012,024.034.035^
1855
- IE 52, documentos: 001. 047,154.1 sem ^
1856 IE 52. documentos: 004, 036. 042. 05 . ■
1857 IE 52, documentos: 027, 040. 046, 05 ,
1858 'E 53, documento; 031.
1859 'E 53, documento: 011-
1862 'E 54. documento: 726. 6 217 223. 237.
1863 IE 55, documentos; 028, 164,186,
1864 • IE 55, documentos; 300, 341.
1865
, IE 56, documentes: 015, 089, 205, 214 ^ ^ ^ ^ ^ , sen, nümoro,
186
0 IE 56, documen.os:271. 273, 274. 277.
234
18
67. IE 56 documentos: 621. 624, 660. 661, 668, 775,
186
^ IE 57. documentos: 004. 017, 1 sem número.
187
0- IE 58, documentos: 006, 027. 030. 037. 1 sem numero.
^®73. IE 59 documentos: 025, 026, 047.
1
^4. IE 59j documento: 049.
8
^ 79. IE 511, documento; 011,
188
0- 'E 511, documentos; 057,
188
3. ie 55o, 2 documentos sem número.
188
4- IE 551, 5 documentos sem número.
1885
• IE 551, 1 documento sem número.
188
7. IE 554. 2 documentos sem número.
188
8- IE ooo,
— <•- 555, í
2 documento sem número.
oocumemo íjciu
188
9- IE 556, 3 documento sem número.
1890
- 'E 563, documentos: 664. 2 sem númer do/co|eção GIFI - código do fundo 05 -
noua . 1891- IE 564. 3 documentos sem número. 20 un _ CoDES.
Çâo/data
_ ch "U - secçSo de guard
* ou período do documento 6h-34
m C0NS
USEU CASA DE BENJAMiN ^ lnstM0 dos Cegos 872o629
Sér,
e Instituto dos Cegos, documento 504 De
r 61887
Carta ■ ^ norreiadeOliveiraOT29deiUlhode1679
dirigida ao senador João Alfredo Corre
^ ASS ADM - Instituto dos Cegos - 858
lnsti
tdto Benjamin Constant - Relatório do Diretor -
BEN
INSTITUTO ^t corieç6es (eit3S a parti, da ^açâo
HINO
saudaçAo
i8 CANTO
CORO
. contra as iras da anarquia, Do sou
% =<* anjos que firmando Das.e império a monarva-a, Conf
^tórtasso. ms nstos. çmso divinos Ben nlMtos
SÚPLICA
SUPLICA
f CANTO dg quanto oxisto Se nutro e
10 n 861 consiste! Ql'0^ aaui pmslmdos! A luz. Senhor!
qual dos seres Somente o . dados. Eis-nos aqwp-u
Ge para a luz nascemos, Depois
, a tnrra ã planta. Ao bruto, aos bons. aos
.. . cantfi Que deste a reoa, r mundo, A nós somente
f'va imensa. Bela. sublime, saata, wo Aos ou,ros deste o
oossas mãos tateiam Abismo neg
. Cor riu Manto existo, Se nutre o reproduz:
s
mnsistel! És Ser ' . sí A /HZ Senhor! A luz!
Ser dos seres Em que o ser con ^ ^ gqul prostrodo .
luz nascemos, Depois da luz cnad
CANT 0
? r Vaipouco a pouco surgindo Matutino
ts trevas desbotam Seu carregado cg
4<*CAN1V
0
co^ 0s iWo. /7a desabada Mágoa do mal atroz.
olhos mortos, Senhor, temos em v ,
JSa ,areía
estava de direito reservada a um jovem ^ ^ em ja cumprjr.
roubad0
„ ^ de taiento e de esperanças, que foi ^ a|jmentaVa como fogo sagrado! A morte
915 Caro
. . o mais ardente de seus votos que inconso|ável, a verdadeiros amigos que
00 m
o eio de cruéis padecimentos à sua fam ^ jnúmeros conhecidos a quem ele
0ra 1
^ ri . porque ele sabia escolhé-los e aprec • ^ e por uma instruçâo
,acllmente
c*1™ Por seU
^^rreira no ensino
aSSeSUraVa 9randeS
' " " ' Janeiro de uma .amilia abastada, recebera no
Jo
^ « Alvares de Azevedo, nascido no Rio na apenas voltou à sua pâlna na
^ Caldos jovens cegos de Paris, uma educa ^ ^ ^ be,e20S dos poe,„s e
e
ij^ 18 anos, entregou-se com fervor 11 tempo tão familiares como as que elo já
lâVja ores portugueses tomaram-se-lhe em
Madona língua francesa. 0 de his,6na e duranle as vigílias que ihe
Ern na
, Pducos anos se amestrou o Jovem cego ^J e encaminbado seu esplnlo para
s n existência, bavla colhido profundos conh^ ^ ^ que ceg0, AllgUs„n
1
3as adestrada deixou-nos algumas páginas
^éP0Cas memoráveis da História do Brasil. Sua documentoS sobre Villegaignon, para
^ e's sobre o Caramuru. Trabalhava em reunir n ue ^ ^0j confiado, ó um quadro da
■^reveMhe a história; e o seu último ensaio literáno, qu ^ verdades. que pintam com
J*'3 ««a por ele apresentada a V. M.. V. " ^ lazer apredar o sistema de
3
Pdis explicá-la melhor do que V. M.7 d" ^ ^ ,nlérp,e,e de v, M., direi
3
J »" dos jovens oegos, eu, que nada ma,s so ^ ^ e prepara.los
o
'nstituto está aberto aos meninos cegos de ^ |mpéf|0 „ c„nselheiro Dr
'dos
««vido à inteligência do Excelentíssimo Ro « aos p()bres 0 v,n,e aos que
: p
ed*dira do couto Ferraz, o governo «****"' de poente, cuidados, sêo em
6rn
31
«gar pensão. Estes últimos, cuja ín'ânaa semp,e abandonados à mlséna, ás
hátnero ao dos que saem do selo de família ond ^ e (Mer senhr os
enxu
jj ^ 9ado muitas lágrimas, tem consotad infortúnio maior do que o
a ad 50
^ Ç os; mas nunca a beneficência de V. M- ^ possamos alcançar o beneficio da
^ Estendendo até nós a sua imperial soliatude Para^ ^ ^ re|jgiao só nos resla uma
alunos do Instituto e do
>0 pronunciado por ocasião da distnbulçad de prêmios aos
Emento da primeira pedra do edifício destinado ao lnst
Klode i-, ■
Janeiro. 29 de junho de 1872.
Se
nhor.
%Sve
l Por todos os títulos tantas vezes fez o" d0 esiao magislralmenle
SUnto
Merecia às sublimes meditações de s ^ Importante. Faltam-me, porém,
A
- bm assunto anélogo reún^se hoje outro ^^'^ma-me, contudo, a cedeza de
ra
Çào10
« inteligência para tratá-los de um modo co P ^ ^ benev«„aa,
v
- WMajestade imperial e o ilustre aud.téno * meu favor a natureza do
o também a
,de
ndo
«p a que venho cumprir um dever. Além d,sse esi;eda|mente a de V. Ma).s.ade
'nto
Ibé é por si sé bastante para "*** ^ 0 é de todos os brasileiros e de todas
desv
elado protetor dos infelizes cego pátria.
Itui
ções que, como esta, fazem a honra a nos ^ ^ cercam de continuo a frágil
[,ensame to
psra " ddmum. Dividir o mais possi«e ^ ^ vlda Mum para melho,
^arem das eternas bem-aventurança ^ ^er que 0pareça e sob
,u^Penhar suas funções, nâo se limita a ,em ' |s,as generosas, procura atacâ-los em
a
fider forma que se manifeste. Leva mais longe em sua ongOT1, secar as
s
Ptdpnos redutos, espreitá-lo em seus escon as ar1es 0 as ,ndus,„as e
,6S
' ^ o p,oduzem Neste intuito. Põe em lodas as vias de progresso, onde
'^s diversas dos homens. Acompanhando a civi i ^ e manancia,s para
Ca
niinha sem jamais tocar o termo, encontra a ca ^^^ 0 tcnd0 na ^ra o
L _
243
'as S ')r'Va^os c'a v'sta que imploram o vosso amp esses infinitos mundos lançados pelo
^ Adições destes infelizes, imaginai que o sol e ressjvamente diminuindo a luz com que
Ja viria descortinar os vossos olhos os vartad0^ encanl0i que nunca mais vos fosse
e a
« hor, sempre novos e sempre cheios de md ^ ^ e tambèm de
^ ^enos e vacilantes passos, que todo, enfim, fo- pois bem Essq qUadro
,érl
,;,Ual °'9"Odeis conceber um quadro mais ,ida idSa é o que incessantemente
° Imaginação a mais ousada pode ter apenas qua5iJ todos desde „
Coil maraV l
, be ao século XIX, Jâ tâo opulento de ' "° . ^ndo seu tesouro com a solução
ela '«ri sido encarado. Tem ele assumido tod ^ seu (avor todos os
Vidente questão econômica, social e nun,a s A proteção e amparo aos infelizes
asses paises que marcham na 'a"9l,^e2 con, que nesses países tem progredido
a ^"Pia desta elevada questão. Pasma ver a rap da vista A sua pene solreu.
bra
„ 'nvantada por Valentia Haüy e Braille em favo desap3rece,am as (odes banelras
J^te, a mais oomptata metamorfose. Como ^ ^ ^ di(^s ^ ,a„,o mmpo
^ taravam da sodedade. E os cegos al r^d para ondo a
r^5 rio saber. Da, descorfinou seu espirito o s ^ d.reç(les om que se pode
^Orite âs lutas da inteligência. lnvarii"rio em
2-15
nt0 A ,U2
- reflexa do espirito, iluminando fieimente os conserva. Assim
^^mentos que vai adquirindo, mais
6
elevam no cego as diversas potências órgaos dos outros sentidos que lhes
Um
. *'evolução semelhante se opera 'ambém qüe p «uldo se acumula, mais
a,,3 Same
«iante ao condensador elétrico onde, ^ ^ |ambém ma|, se ospalha
se espalha pela superticie. parecoJaa ^ ^ ^ (orça e dila,0 os outros
5 n
^'elhos dos sentidos. Em continua len 0|fat0, o gosto e sobremodo o ouvido
a S qu
e ' a a põem em comunicação com o mundo ^ ^ a mals do||Moa senslbiNdado,
ato
0S ' adquirem no cego um notável desen»^"" o ^ ma|s que os outros sentidos, o
O 'a'ais sâo assim postos em continua exc^o,
°r daminho para chegar-se â inleligW3 d° ce9
246
^' ca'9'^ enSÍn0 fUndad0 por HaÜy'nada delXa a d antes resultados. Nesta profunda e feliz
601
b* "^onos de um século, fértil em br . „ vontade do homem iluminada
operada na sorte dos cegos, .amos quanto pede
^ ^èricia cn •
inspirada pela fé. ^ ^^ soberana que vai felizmente
Senh
9vas ores. O Brasil não podia ser indiferente ao gera| da civi|iZaçao, cedendo a
Saland0 0
,;b mundo. Bem de perto acompanha ele orno sempre e na mesma imensa
l. 9rat0 reconheCer Se qUe rio verdadeiro pro9'^>-"" ■-
0 ÍnflUXa É
O'ad
a e ' H verdadeiro progresso. Temos a mais grata e
r e de sua marcha impetuosa no caminho o . nt0 o
Qpulento e formosíssimo país
pais poderá
Jeirra
a esn^ . em breve, o
asperança de que, o nosso
nosso vasto,
v ^ r./-.íAnrías da
adiantadas polôncias da velha
velha
Iel
" Vantajosamente no campo da civilização porém pelas condiçbes do sua
Pa
' Abrangendo todos os climas do mundo. cobcr10 na maior parto de
^ natureza intertropical, dotado de um soo ^ ^ das me|h(>ros
is
"orestas, de uma eterna primavera rica ^ jhcs sSo peculiares povoado do
as
<'= construção e preciosos produtos vegeai^ ^ |ltoraI vastas e formosas
S
todas as espécies, abrindo muitos pontos ^^ as por |lnd0
:a mun
Pazes de abrigar todas as esquadras do _|ores d0 g|0bo e em cujas límpidas o
Matosos rios, entre os quais se conlam os ^ c0„hecidas o de milhares do
,sas
^uas pululam minados de peixea t610 3
em suas entranhas
"tteiramente Ignoradas pela icliología dos ou ^^ pre<:iosas qu8 a||me„lam 0
is
"tinas de todos os metais, de todos os mm ^ ^ ^ (èrteis o extensas planícies,
a
'"dústria de todas as nações do mundo, ten ^ e mcanMí>, aspect0
s
«"dllheiras. vastas serranias que dáo a seu de |odas as riquezas dos trés
00 as
sim em seus vastos domínios dian|e da qua,
emudecem os liras dos
'a natureza, de uma natureza incrivelmente ^ ^ ^ povo inleligenle, hospllole.ro,
abados poetas, agasalhando, além disso, em ^ d.gn3s da
wrnma
taPta, regido por uma constilulçao li ; noláveis em Iodos os ramos da
110
a de um povo livre, contando entre seus i
247
Es,a
„ segunda cerimônia é um o^^^^IraTlsperanças para os inlortunados
0
J ' Marca-Ihe uma nova era fértil das mais ' rijtecidosna mais crassa Ignorância.
bra
' sileiros que vivem na mais degradante misén
248
ecirT1en
âpr& to explica a rapidez com que ai ^ ser n0meado seu diretor. A estes
nec
Ssij, ossidade de construir-se a eus o diretor, o conselheiro Cláudio Lulr da
09
s " ' "d 'nstiluto, de há muito sentida pe» ^^ pel0 llus,rad0 Sr. conselheiro
11910
C' Exmo, Sr. comissário do Governo, harâo ^ rcce„,emente pelo venerável
90
Soares de Souza, quando ministro do
k
249
■ J'3° tem ela isto de singular: quanto mais espa a é necessário que o alimento
IJÍ M
: as, para que a esCola produza lâo sa u ^ nulrien|e É preciso que a instrução
Co"'31 qUe ela ,0,nece seiai a'ém ^ '""Timedíatas apücaçbes gerais à vida pratica do
, nia Io modo completo Iodos os preceitos ^ o sis|ema de ens|„„ acompanhe
qualquer que seja a sua classe- É precis0 we|i8Íncia, porque, só assim, melhor
J"1 "tedo racional o desenvolvimento eletivo ^ do n0SSas torças
i Povo. é esta uma condição nte ^ já tenhamos tetto muito.
c„m o máximo aproveitamento detas^t ^ ^ ^ tao elevnd0
V "'S!Í",0 ""o testa ainda faze, para que a c^uido e muito mais conseguirá em
' POr SUa ilustraÇã0 e bons desefoS' baSta
de nossa instrução pública.
v Ex • e pela ilustríssima câmara
k
250
dirl^08' Sua saúde e sua própria vida, abreVÍada ' ue se acha e a que não teria chegado
jj0 0 c'este Instituto, soube elevá-lo ao lisonjeiro p quarjel da vida. aquela grande
depressa
^ sem a sua tão eficaz intervenção. Já no ^ ^ra de benof.cèncias,
S ència
Par a toda votada ao santo amor do próximo não ancjao refugiou.Se nesta
clar
mais expansão ao seu espírito benfazejo, |evada inteligência.
6terria
^J mansão dos justos. À noite profun a ^ jmpereclvel sobe aos
9 aiJrora
d^ 'mensa luz do grande dia da eter n ^ bênçaos> se perpelua na
0 Cri
K- ador a receber o prêmio dos justos e o seu ^ ^ dup|a imortalidade. O nosso
ória
dos homens. É assim que os grandes home ^ ^ amigos. na memória destes
r
and0
- amigo não morreu, pois. Vive na memó e majs dedicado dos amigos,
Seu
' s filhos adotivos que perderam nele um P ^ que encheu de tantos
as s
oas obras, viverá perpetuamente na h>s ajoelhado aos pés de Deus
Í0S
- - Ah! Senhores. Parece que o vejo de^ ^ a proteçac) dMna para
n
do o prêmio dos justos e, como anjo da ca
J
aneiro, 29 de junho de 1872 Benjamm
anexo IV
r9U,ho d Hon
t, o nosso Instituto, o ilustrado professor moratjv0 Beneficente Dezessete de
Va
' Estado a falar-vos hoje em nome do Grêm.o ^ ^ à (arde fuj ^^0 a
ernbr
0- Assim, foi devido a esse contratempo q ^^ festa
mSSa0
imperfeitamente a nonrosa, o
conteis pola. ouvir hoje um discurso como aquelas e desta tribuna tôm sido R|beir0
proferidos
^ e
d6r
, "-ba Palavra. Nâo, senhores, nem eu tenho o .a ^ Também vos lalare
C
0üt ^ ateito, senhores, as assoclaçbes tonnad^^ vai acabar. Elas poriencem ao
0s
* «gos. náo fazem parte das conquistas
252
t ""TH-—-—
f?ar) Zrnente. é surpreendente ver o contrast d ^ feUdal! Com efeito, por um de seus
^CeSa cie
1789 fez com estes tempos nefandos do a ser um estabelecimento
a ro
sa lhes fere a mão que nela busca achar be
"tportantissimo problema social e econâmico ^ com0 quem diz "o Papa" diz o
'Sria ao progresso, ela se abstém de PenSar' u JoaoxX,quemdiz-cego"diz "mendigo".
ISSir
"P Padre",aindaquesetraledeumAlexandre^ ^^ um Castj|h0 Ê eniao qu0,
Se
'^brar qua esse cego pode ser um ^ " constituclonal de dar Inslnrçâo graluna
•do
P-P governo cumpre para com os cegos a pro^ ^ ^^^,0 de caridade.
5
SoOs
s cidadãos, entende-se que ele está m ^ ^ municipalidade a educação dos
e
rit3o
« que aparecem essas idéias de ^"^ão parilcular o desempenho do uma
;
de
hhia nação inteira, ou de entregar ^ cumprir.
que todo o governo civilizado tem o dev ^ Constant patrocinará este instituto
:m 11 0 pa,rOClnOU Pe i , !
unte, para os cegos brasileiros, o ^ '"" "
0s
governos da República, como a m
s
' do Império. „ educados pelos governos civilizados se lêm
ra ceg
combater esses preconceitos que os ^ a h„„,a de tomar úteis aqueles onles
'do em associações, para disputai a es
254
va so à soCiedade,
mas para utilizar esses
er
^ %midade parecia condenar a servirem de P ^ ^ auxiliando com recursos
^adâos dando-lhes trabalho, procurando empregáJ^ qs vem surpreender.
^n'ános guando outra causa de invalidez indepen ^ jnStitutos de cegos à custa de seus
ltá,ia
^nça. a Bélgica, a Inglaterra e a destinadas a proteger os cegos.
% n0S' e' entretant0' em todos esseS palSeS as dando a mSo aos cegos, educando e
^ndo-lhes instrução nem mantendo institutos, mas,^^ naç6es nunca pensaram
6n
^os utilizar a instrução que receberam. E os gove^ jamais pensará nisso o
Passa in
r para tais associações o dever que lhes _ Djas proclamou "senhores em
0 br
J 3sileiro, esse povo descendente dos tupis, que 0,uçôes que só à custa do
9ent
ilezae fro festa sabe operar as
"Hjit San 6556 P0V0 9eneroso c'lje
gue se fazem nos outros países . ^ ^ princjpai objetivo fazer a
Senh
. ^s! o Grêmio em cujo nome tenho a viver do esmolas ou em um
para a extinçã0 do preconceito de que o ^ dosejamos mos,ra[ a0
Sa
Drnn
pro I.rtemos com as mhustecê-lo. enviemos no dia de
Paganda. Unamo-nos, lutemu 5 10 e H
robusiectí-
^'ais- ms
a „ccn
ão deixemos arrefecer o nosso entusia " ' v,r>ncedoras, "Placements et
c^irm5s iâ vencedoras.
pj6
üma
calorosa saudação às sociedades no |on des êveugles Belgas de
^ "Association Valentin HauV Ps mença e "Britlsb and Pormg^
Ss
^ "Societé Thomaséo ProtaCPce P- o peqo«no e prin^ant. porém
ocí
0c|
ation" de Londres, e elevemos ,an,0 ^ 3,6 de Setembro
0so
Grêmio Comemorativo Beneficente
k
anexo V oi
v rio imDério do Brasil.
Coleção das Leis parte II( SeçSo 46.
i sM!,,,inI,sCe9i;S
rio imperial lnstMd' °
Regulamento Provisório do P
W Instituto e de sua organização
Capitulo I - Do fim do ins ^ ^ ^ mjnistrar.|heS: a instruçfto
ar
h , t- 1a - O Imperial Instituto dos Meninos eg ^ ^ a|gUns ramos de instruçflo
pr
"nária
ária . .. inç3 o ensino de musio
• 9 educação moral e religiosa,
^dárialári
a e o de ofícios fabris. diretor subordinado ao ministro e secretário de
ar
, . t- 29 - o (nstituto será dirigido por um ire ecjment0 por si ou por um comissário
negócios do impéno que ins^d"'30 05'
6 SUa
nomeação. um rofeSsor de primeiras letras; um de música
art. 3® - Terá desde já o seguinte pessoal, um P pr0ferjdas com atenção à idade e
6
^ instrumental; e o das artes mecânicas que ^^^ tijrma d0 de2 menjnos e
,dâo d
os alunos; um médico; um capelão: om n ^ ^ ^ jndiSpensáveis,
Üncl0
^ o número destes, os empregados e se^ qUe
se tornarem necessários à
art. 49. Oportunamente serão desig adiante declarado.
0PO
'«° que setor desenvolvendo o planu d» «lud0S
a
rt. 7® - Visitará diariamente as aulas, salas
ar
t. 14 - Ao capelão incumbe: ^ conveniente instrução religiosa
i rios alunos, dando-
nistfafmí^as para esle Wl e dias santos â hora que
ar
i .oi residirá no e
t 15 - Sempre que for poss nâo determinar.
ar
t. 25 - Não poderão também ser admitidos.
Os menores de seis anos e maiores de qu
"• Os escravos.
- wn
Capítulo IV-Das maténas do pnsino
en . dos exames e prêmios
Capitulo ,V- Das maténas ^^^ ^ ^ ^ ^
loHlira 0!
a
ft. 26 - As matérias do ensino nos três pnm meninos. Na leitura
^ decimais, müsica e attes mecénicas adaptadas a ,dade torça
COrT1
Preende o ensino de catecismo. francesa, continuação da
a, art. 27 - No quarto ano ensinar-se-à: 9-^^
rnética mLJSlCa
' . princípios elementares de geometria, a)ém das matérias do art. precedente, o
ar
t- 28 - Do quinto ano em diante, terá 9 anlioa média e moderna e leitura
^ "e geometria plana e retillnea, da Nstéria e geógrafa .
^Pliterl a
dos evangelhos. ^ história e geografia nacional o ao
art
- 29 - No último ano, o estudo Hmitar-s maior aptidão tiverem
^oamento da música e dos trabalhos mecânicos para
Ostra
do os alunos. arts preCedentes, a ordem e distribuição das
ar
t. 30 - Não obstante as disposições dos a s proposta do diretor, conforme a
téri
^ as do ensino poderão ser alteradas pelo G
'õncia aconselhar. rtC o dentro deste prazo, nenhum aluno
, jp OltO 3005 «7, *-•
ar
. t 31 - o curso do Instituto será de cre,ârio do estado dos negócios do
9ra
tuito «nra do ministro e
1^ Poderá dali ser retirado sem lice Ç
^ of|cios mecânicos poder-se-á mandar ensinar.
a
alé rt. 32 - Aos alunos que se destinarem a ^ g princ|pioS gerais de mecânica.
mclas
matérias dos arts. anteriores, geometria e overn0i 0 método de pontos
ar
„ t A nova oraem
t 33 - Seguir-se-á no Institu o, ^
'6r"es ée Louis Braílle adotado pelo Insf"'0 d|as do més os lespecllvos alunos e
ar
t. 34 - os professores examlnarSo nos Ir * ^ ^ observarem lanlo em relaçêo ao
>r,, arâ
' o no primeiro dia do més seguinte a° lambèm exames em coda
Havera
ari,a
mento como o procedimento moral de ca a ^ ^ ^ r|m do ono 0)|aInes
'de08
' "ês em três meses em presença *> |ad0 d0s negéclos do Império em
5, . . 4rn p secreia''u
'cos;
" dia
^«a determinado
utritfi um iciuw/ pelo mmistr
' Pr8Sença ou do comissário por ele nomeado-
259
ar
, t- 41 - Ainda quando esteja completo o ^ qUe, por seu procedimento,
^ ^ir a essa Casse com o respectivo vencim o
6f1t0
a estudo, se reconhecer que são aprove-tá ^ espedais para seu
ar
t. 42 - Depois de aberto o Instituto, o Go e ^ for concemente
0
Palácio do R' .fnSa d^Couto Ferraz
anexo VI
Av
Av| u h. 1854 mandando que se observe
so n2. 242, de 18 de dezembr0
t ®nterno dos meninos cegos
provisoriamente o regimento ial instituto dos Meninos
Ua
Majestade, o Imperador, há por bem ^ j ento Interno
Cegos se observe o seguinte. ®
Títu|0 , _ dos Empregados
. aconselhar.C0,reÇâ0 ^ diSP0SIÇ
. á,loeexiglrosesc,a,eamenlos,u.lulgar
h
^rivg^r^ará entrar no Instituto a qualquer ora^®*®^^^ados com pronlidflo e rranqueza.
'"'«es, que lheserâodados pelo diretor e mais k
Capitulo II - DO 0 d0 corrente ano. no
M -ís ..lamentode 1/ uo 3
diretor 1Além das atribuições conferidas pelo reg
0r ln alunos1
cumbe- d0S repetidores e inspetores dos alunos.
Propor ao ministro do impéno a n°"eaÇã° um a,é oito dias, dando logo conta
n ^ rins vencimenio y
Suspéndê-los comtPr'VdfsuSpensâo; despedi-los quando mal
ao Governo do motivo da s p ^ for prescrito e dt f
"P Ajustar serventes dentro do numero q s obrigações, dando
servirem; arioS qUe faltarem às suas ou y v
l*" Pagará conta alguma de despesa ^ ^rla, sem que, além da p-ecedenle
a u,
' a do direlor, e, se for conta da despesa extra
262
se ache ne.a dedara.o pe.o mesmo d^or dae .oca au^ado pe.o Governo para
«í-b
■ (art. 88)
|a
1lS
-Devem os professores: das ^.as auias, expilcandrxas
fco^a^r^ » "S0
50
- E-lhes aplicável a disposição do Art. 16
L
263
Capitulo IX-DP33e'ven,eS
^ 28 e
er
râo alunos;
ao classificados alunos:
^Pren e
uaixo da sua inspeção.
Mn verão
art1 , íar «í vestir-se e orar em comum na
38 , ri 3 Unos das 5 às 7h da u* Hpverâo levantar-se, vesu.
^ udadas na véspera. Das 7 às 8. almoço e
a
e terão, das 6 às 7. repetição das lições estu a ^ aula8. Das 11 às 11:30,
'0- D
as 8 às 11. lições de primeiras letras e 9 ^^ D0 1 âs ^ janlar e
e 0 Das
fecf ! - 11:30 a 1 da tarde, estudo preparatório e sextas.feiras e de ofícios
Das 2:30 às 4:30, lições de música naS |ei(ura instaitiva. Das 5:30 às 6:30.
pas J1008 nas lerças, quintas e sábados. Das 4, preparatório das lições para o dia
'0 na chácara e ginástica. Das 6:30 às 8. • ^ determinar o diretor, de acordo
Cf. '6 e' havendo tempo, leitura instrutiva ou 9 pntra(ja para os dormitórios.
0
^ «PWo, Das 8:30 ás 9:30, ceia, oraçáo em comum
N ínVe
° '"° às 7 deve,n veslir-se e preparar-se e orar
0s
alunos levantar-se-ão às 6h da manhã e, a ^ ^ VÔ5pera; das 8 âs 9, almoço e
CorTl repet,ç3
J^úni um na p |
capela e terão: das
na ca e a e terão: das 7 às 8.
8, repetição^ ^
|j ^ ^ diversas aulas; das 12 às 12:30,
nas
^f6'0 0198 9 às
12. liÇões de primeiras letras e re^g^ das 2 às 3 jantar e recreio; das
3àsei0; da
s 12:30 às 2. estudo preparatório das l'ÇÔe8as (ejras e de 0ficios mecânicos nas terças,
l,ÇÕes de música nas
quinu segundas, quartas e se ^ ^ estudo preparatório das lições
95 6
Abados; das 5 às 6. passeio e ginástica. ^ 8 ^ ^ 9:30 ce|a oraçâo em
Par 0dÍas
C ^inte;das8às8:30,.eiturainstrutivaoure,ig ■
e
ntrada para os dormitórios.
0
lg S0 ^ias feriados os domingos, d ^
rrian
^ a santa, da quarta-feira ao sábado de ^ ^ ordem presalta no art. 38,
1'40 " Os dias declarados no art aa^r^T cegulnles: das 9 ás 12. instruçáo
S
"^nto ás horas do ensino que serio rm ^ pr(!para|iSri0 das |içSes; 0 tómp0
T
J ^ "as- 4 ao
às aj,
5, CACTI
exercício de música: "as a _ o a particulnr dM
Se
será
rá a loirura
dado ao recreio ou leitura ou trahalho meoámo
lúe será atendida pelo diretor.
266
42
' Os alunos, porém, que ficarem no Instituto sujei ar
Cada Urr,
3Qr a terá. em regra, dormitório e refeit " |mos uns para outros.
rrni,6r
'0s. guardar-^ n distancia de, pelo menos, quatr
45
pa - O uniforme dos alunos será, para os dias ca|ças da mesma fa2endai
n0
^rde-escuro de go,a em pé e abotoadas com ou rodaque de ta
:ws 'Ci„arefeições,
r,se entre eles 0 mais Cando adepuadas preces ao A«lss.mo,
dingirâo todos em voz aitaoncan
p0r ~Esta 'icença será concedida debaixo da condiç ^ reconduzi-lo à noite ou na manhã
Pess 0
oa de confiança que haja de conduzi-lo e se e sair nos dois meses seguintes.
Ulri,
6 antes da abertura das aulas sob a pena de fica
íft
S
~ Penas a que ficam sujeitos os alunos sã
ar ce de joelhos por algum tempo.
Ü. s3o em VI- Conservar-se ao j
r11 Pre^d Particular; . pnsáo simp'65; ^^rcionado às suas forças;
.t5.0 ^cç«03 ou,ros a,unc,s:
lWo0 C°^rahalhoadSoS rareio e passeio: £ lote d
a
a 56
^.El 'Itima darão
a»..,s Estas penas, a exceção da ultim ,
tir ic. i-
H57, ^ d3sPe,os inspetores eprotessores o as outras pe,o
3ire AS trêS primeiras oderâo ser apllCa
tor P er à aprovaçâo do Governo.
■ Prendo a imposição da última preced sempre o maior cuidado
ir
t. sR toarão dessas Pend
^ pr ^C'Ueles a puem se incumbem a aP
0r
P cioná-las à gravidade das faltas co . com ou sem trabalho, reunir-
irt 5
9-n s r5o de recreio ou de passeio,
^ alunos condenados à pnvaçã
0 de
t>aixo de inspeção de um repetidor ou msp
2í)S
Ü65 ' E
áte ato começará por um discurso 'ec',ad°VM alla dos nomes dos premrados o
C0alUSiUOàst,lenidadedOdi3 Se9UÍ
"^ârarútro discurso lido pelo diretor ou por algum
93 d0S res e
Por P «ivos prêmios
designado e acabará P a estado do instituto.
porele sobre a histêna.p™^
• etmcâo econômica
Tituio IV-Da administração
. yx - Da biblioteca
CaPÍt
iá lhe foram doadas pelo benfeitor Alvares do
A obras q
hibüoteca conterá, além das ^>tos neCeSsári0s para o ensino geral
6cio aS e 013
todos os livros, quadros. maP das j^gjg corretas e úteis que serão
'5- A r
enda do Instituto compõe-se: (mente votado pelo Poder Legislativo;
1
- do subsidio do Tesouro Pú^'8
- Da mesada dos alunos con n ceounda parte do total
ll1
- Das doações que lhe forem feitas. ^ da décima segunoa p
0 niensalm
subsidio será arrecadado ^edend0 ordem do ministro do Império.
Para
' o ano e recebido pelo tesoureiro, pr paSSando o tesoureiro um recibo
As
mesadas serão cobradas por tn
'■ Pessoal;
1'- Alimentação;
'II- Pouparia;
Enfermaria;
82 ^airetor
'O fará organizar
diretor tarà organizar no 1""^
no fim .. asno° nrimeiro ^
da cada mds ow ^ —
d0 més seguin,e ao
6 5 e
^ verificada e assinada por ela
ele a 'a'd
'amali^a^ (o|ha 1.ntregue
e ao lasourairo qg
ao |()50Urelr0 e paga,..
que paga,...à
^Odor»^. oda.sarâamasmaW
império. Voltando aprovada, será a
je|
a. os respectivos vencimentos. ^ necessários para o sustento dos
3
" A despesa de alimentação compreendc ^^ e combustlve,.
s 6
dos empregados e serventes que tiverem ^ndo anúncios e aceilando-se a
4
- Tais objetos serão fomecdos por ^^
S,a
qoa mais vantagens oferecer, sem pW _ |icad[,s 0 declarada a «Io da
- Os nomes dos contra,adores pre.^» ^ nao «rem vantajosas as propos a
«"dia/No caso de nâo haver concorrente ^ meio qlie indica, e submeto a .
■Iclas
. poderá o diretor prover o fornecim
açà
o óo ministro do Império. feitios de roupas novas, conserto da j.
5
- A despesa
pesa de reuparia c«hpmende: reparai«0
nn novo,Wand» 00
a mludm
(o for .. A compra
auardando-se quantodas
ao
Imagem e engomado, calçad ^ convenient
6
' - do
-v calçado será
atilei também
lan'"-- contrat
lis
s
Posiçâo do art. 72. toS dietas e conferências de médicos
. -rpende: medica"1 • iaualmente por contrato,
^ despesa da enfermaria comp ^ ^ ^as dietas se
3
graves. O fornecimento dos reméd
ssível.
271
87
' A despesa sob a -obnca de divemas e tenha de renovado: livros.
1 0 edien,0
«das, mapas e o mais que for 9)» '** «' ^
^ » outros objetos necessanos para escrituração ad ^^ ^ que
^ra será feita por contrato como dito fica 0 fornec'ment
arri desta verba de despesa. classificada que se lorn.rr
outra nao
I- Danaturalidade,
matricula dos alunos,
causa de^^ueira,
e temi» de es^^ê
contribui" ou do que deva ser
a
responder pelas mesadas ^ fo[ gratuito, |nd0 que em " norne d0 d()ador,
informado do seu estado, instituto, Ç da e se declar
II- Das doaçdes que forem le^oava a rtn alun0
especifique a quantia ou sdisp0síçao final " s0 assentará o num todos os (aros
„ obsenrada, além disso, a dispo ^ ^ , ç, „ , e ^ no,a,so loo
"1- Da enfermana. no dua^ d causa e «st uCljrnba. objetos do uso
enfermo, dia de sua Sveis, a,ff ^^^dade, qualidade
principais que oconere ^os todos (ornarâ nota da q estiver em
IV- Do inventário, onde Instituto ^3 com distinção da q
especial da capela e d existente n -imoles
e estado da roupa e ca Ç3 reserva; qUanto, o sistema-
uso e da que se acha do^se por c«.Ario e seu número
0
V- Da receita e despesa. £9 cerrados pe' comissàn
>19 ,
83
, rf„ caderno do lesou«o(»« «Mos'eabosdlí
ll|1 " O diretor, no f,m de cada mês, à «sla do ca ^ f ^ (arâ 0,ganl2a( a
^ 'd" n das contas pagas (art. 9° e 10) e da W i ^ dt) all. 75 quan,„ a
a
receita e despesa realizada.Será formaliz despesa, especificando os artigos
^ « segundo as verbas do art, 8» qUa"t° o que se tiver deixado de recebo, e
deC
^apreendidos em cada verba (Capítulo XXIII) e ^eie depojs de verificado e assinado pelo
ar C,er,tro
di^ e por conta do mesmo mês. Este ba ^ ^ d|a 5 c,0 môs seguinte
0r 6
tesoureiro, será remetido ao ministro do P • gjro semestre de ano outra conta
^ 96
■ o balancete mensal e do semestre e o m6Sm0
4 98 0
■ balancete do semestre e o atsolenidades fiscais.
es
ouro Público para serem liquidado5 o sa
99 —9da^
- portas do instituto serão abertas às 6 ^ do portol[0, debah0 de
100
"Um dos serventes de maior con ^ djSpensá-lo.
ca
' do diretor a quem competirá nom
273
105
^ " A qualidade e quantidade dos alimentos ^ ^ „ ^«rá'atendido as reqras
^'«a de,es, serão requiadas por tahelaa que o d,te.
nÍCas 6
9 necessária economia. rnlocadas nos refeitórios e lidas
^ pQSSâ^i s^r v/viv/
106
^ - Estas tabelas serão feitas de maneira consultâ-las.
1(108 c Ue
í tiverem de velar na sua execuçã dezembro de 1854,
0 no nF 17 DE MAIO DE 1890
DECRETO N- 408 - D ^ ^ cegos
REGULAMENTO DO INS
capitulo 1
1. O pessoal administrado e
2. O pessoal do mag|S ' de serventes
3. O pessoal subalterno jco:
.3=-O pessoa, administrativoe Eco ôn1
Jlt.'
11 diretor;
Hirotnr'
1 medico;
1 escriturário arqu
1 ecônomo;
1 inspetor de alunos.
1 inspetora de alunas
14a — O pessoal do magis'^r
275
! mecânica 0 cosmografla;
1 ajudante da inspetorao
1 roupeira:
1 porteiro:
1 despenseiro;
1 feitor comprador,
1 cozinheiro; hir0-
1 ajudante de cozinheiro,
14 serventes. gentes poderão ser aumentados, se ouver
CAPITULO II
DO ENSINO
r „n->i dada no Instituto, em virtude
- tpdrica e prática-profission 5 |rterària e um de
rio t art.92 - Toda a instrução teónca e p j is:. um de instrua
^ regulamento, se dividirá em dois cursos P
s
rtjçâo prática-profissional. _ primário e secundário: e será
s art.11
ai I. 1 I —
- Lsenuu r
Dentro deste prazo nenhum a
Motivo justificado. . . _ matérias - conhecimento do
mnrpenderá as seguintes os (métodos de Luiz
alf art.12 - O curso Primán0. aíaarismos, no sislem^rp<,. e esaever no sistema
bÍ*6!0. sinais de pontuação e. do^dinàrios e tipos ma^6^ decimais e sistema
d ''l®); conhecimento dos algansm ^ aritmética pratic ' . s ^ cousas limitadas ao
máf 0^08 e em caracteres ordináno ^ portuguesa. " d historia natural,
^ - noções elementares d® graf^j^^ico.; e noções do
^cimento dos objetos mais tnviai oonuintes matérias: - linguas
.irio compfeend impnte da do Brasil; geografia tísica
art.13 - O curso secund qeral especialme"» . á bra
e tv!it9Uesa e francesai noções d p,ca'sc m todo o desenvo trigonometria; noções de
J^ítica; aritmética teórica e ° rTln0 espaço: noÇÕ^arelhos e instrumentos usados
lan
grau; geometria elementar P ^ da és máquinas,? i(i .se os cegos; ciênaas
grafia e de mecânica pratica, apl^ de que possam ^ ja
* d|versas ciências, artes, ofícios e tndu^ e e|ementos de peo guy
as
: historia natural; instrução moral e c de jnstruç5o ^ária
térias que «""^do do ensino de cada uma dessas
art.14 - O número das mat enVolvimento da or
y, a terá ser aumentado; bem como o proposta
'énas poderá ser aileradc pele Gove ^ trés anos d^o modo
art
art. 115 -Ae matérias do
As matérias do ensino
ensi pnman algarismos, no
art.
irt. 27 - A entrada nas auu*., ^ diretor.
diretor,
str
lie Ç3
anhasi ao Instituto, salvo com licença
capitulo 111
1Ua
l deltoos^põr^lme^re^dlan^do^uj3 g^pnos os livros e instrumentos
5- No caso de '°
d
dsno,ns«—^ m»M-
5
. ,n qer admitido nu
art. 34 - Não poderão sei «
W
^ ^ concedida. soP
r6 Parágrafo ánicc -
6 00 á
ré? ' Porta do lnstitU,0 seguinte. ante .r n0S dois meses seg
^conduzi-lo á noite ou na manhã ad0 de sair
nào
satiSftZer esta disposição, ficará P
280
CA
ASrtLNA^O^LUNOS'ASPIRANTES
das faltas dos alunos e d
AO MAGISTÉRIO E OPER^1
^e^ouSs-au,^50 al9Um
^ os a,unos «uelas «« — datiaS
^
---Pe^oanoodue^;^
penas ^ ^
art
u - 51 - Todas aS ra uídade delas. P6'0
abelecimento,
lcar e segundo a 9 tr0 às enas n», i,
a pena 52 comunicará ao operários fic3^0 SUJ
capitulo V
Cc F PRÊMIOS
DOS EXAMEb c uma ,^0
ripSas aulas. ^/Ixame a vista «as relações
encerr
Qo art. 53 - Depois de uabilitados ParadjSp6e o art. 87.
trfm' dos alunos due eStÍVerfnrfessoreS' C0
^ muito em consideração as
'hiestrais, apresentada pelos profess o ^ {erà ^to ^ ^ e o
o mandar gssim como o nun
not art. 54 - Na relação que p ano,
as d
Cq adas pelos professore o 54) proCeder-s0-á
0rT,
Portamento de cada aluno. PreC®de"no uma relação especial.
.. mie tratam os 3 a
cada an° , raçao para estes do
Cor art. 55 - Na relação de qu*' fazsndo-« ft ad0., «m a dedaraçs
cursos, anos, matérias e joS n§o
ctendo os nomes dos habil'ta afT1es.
IVo
que os inabilita para os e
nn0
. tu/erem perdão o P0'
«ame OS alunos que th-erem pe (a|las
art. 66 - Não poderio entrar em
jp ,, o
o an.
art 51 serí registrada em l,v.o
aUe trata
art ^7 a ralação dos alunos
«Pecial pelo escriturário. cm visu ^^S^de
Cp..
ode art. 66 - O aluno ^ue ftiês de rnarÇ u,d0 H.jrante o ano, pelo seu
rà prestá-lo nos primeiros 15 d t l/erem disting Í i08 que ser-lhes-So
W fRDrovado em mais
^tiri as matérias do^mesmo ano. uma das ma.é™= de u^ano.
capitulo VI
art
est ab
k - 75 " Ao diretor 00 n nessoale matéria'^
elecimento, em relação ao se serviço dos
regulamento todo
POiS:
^1- diversos dR con
conformidado.
Distribuir,empregados,
de ^^agistílol
j |USiveos se taç com maior
esla
m „do qu
de m
7- =r?£sfí^sKs«-—
das autorizadas enviadas a ocorrência não
mensalmente, cerca de qU' d er sucedido, ao
PÚbliCa; 5abil
h sua respon Scipahdd 0
8- Deliberar, sob sua t0 , pa „mentos, conlanloquc
prevista neste regu ^ se „amen.o ^ ano;
Mln Str0
' ' ans empregd^d® «m um m* a ravidade das feita»
9- Dar licença sol ada de l'í agados. ?la,nenlo.
en1p
essa licença nao l disposto neste reg
10-impor penas aos fdrifa>^ddlSP
por eles conielidas'
283
8 au a
* d^ensino e^á^tecip'^^ ' ' necessári0s ao ensino de suas
9. Requisitar do diretor todos os matena
aulas; .n0 das matérias de sua cadeira,
to. Organizar os programas de enst^ ^ ^ ^ na repetlç4o
nS,i,lJ,0:
13- 'Impor aos a,unos
tunos as penas
^ri: que '^^rá a^od-m
a comunicar ao dir
exigir pena mais ngor . Hpverâo apresentar ao diretor uma
octre os professores dever o compor1amento,
r ei, . art, 87 - No fim de cada tnmostm^^arâo seu fulzo
ação nominal dos seus alunos, e|eS
de
art. 90 - Os lugares J? independente
er
ão elas providas por concurso,
CAPITULO VIII
- sss ^Sí3st=s="
com as instruções e método tirando-lho todas as duvidas,
3- Auxiiiar os a,unos
art. 96 - Os repetidores ^
6e
' sem participarem ao diretor,
capitulo IX
AKITES AO MAGISTÉRIO
DOS ASPIRAI seu comportamento,
. erem distmguido pe matérias d0 curso
2
- r/ad?^
3
-
^ art. 99 - Os asPirfn ® enquanto bem
onômico do estabelecimento, o 10 enquanto;
n9
stuário, calçado e tratamento m ^ ° H^vaçao do Ministro da
DO D1TANTE-COP1STA
mstituto uma aula de ditante-copista.
art. 105 - É criada, desde já, no o ano |etiv0 trés veZes por
des
sas funções, durante todo o tempo , ,empc
0 tómp0 desunado ã sua
u ditarí, durante "
d0S
^rdes.^ ao 6o
2- Na cópia dos pue 'erem de pertencer a bibliolec
3- quanto
Dar ao diretor toda
for ooncernen ás oflCinas e
mestres na execução
a
-ediafaV^âoS^ have[à e. cada o«na;
ne menc
art. 125 - Além dos materiais ue serão ^™a em" qlre wírarem
^.'oraShom^de^balhos^*" _ o^0. .
2
" matéria pri^^rão sob sua 9""' ' os livro, de que trato o
oficina, os quais ' riturados em oro
3- Ter sempre em ia
289
- P-
reSPOnSáV0
5. «I. -fSròs -Sá-» a ^ '
de 3
1 obra quo t^S'Si" tondo sido proviamonte
m art. 133 - Os originais da^ pontos ^ 5e dostinarem.
e
stre da tipografia, escritos professor a -ictoma Braille pelo ditante-
ev|
stos pelo ditante-copista. E P passados Par3 ° rSem examinados, antes de
rs" SS "=:
- - - -"
e afinador serão substituídos o. suas «as e
art. 137 - O mestre de que o diretor designar-
lrri
Pedimentos peio repetidor ou aspirant dar Hçôes trôs vezes pc*
2
- S --SSi^-o diretor, espero a
dos
«.«Si"-"'"'""""" ^
s
art. 146 - Compete aos ^s^te^ 3|Pno^oe qu0 e|cS escovor „s
reC,ei0 6
' ^ Í dos aluno^S^o gue se ievantamm
s para esse frm designados,
3
'
4. verificar ^ atenha^ d0;
estejam, fd fos em 0°
ria roupar'3
. «o nue encontrar na mesa dos
6
" -íS -s ^XJS e á. 3U.S ou
b0a brde
7 ::
Pazer a chamao - minutos,««'a
antes ^todo. o
sa aS
Sa as d b reS iV0S03'U9
faze-los toma'
' |, ^tornar
s tom
ornais ^
á 'uada
chamada
sèus respooli'
cham ^rV d
^ alunos quo
a|unos ql » devom
iox^r:r:r::-deve,es o c munica,
°
n-Tomar nota dM^^íncias; i tamenle com eles a
ao diretor para "Ca quilidade. bem preparados
,2-Presidir a ^«^ptos s9o de boa qo
6
'" ^
irt. 151 "Lldo-a^^ -ttm
- Ao escriturân dia a ^
se(Tipr0 em
Ter em ^
292
e Ü ^ndo^r^dõ p-n- ^
P0,I>S
Sofá j ^deU'^—
e 155 - Enquanto o
art. 155-E ^ escrituráno-arqu.vista.
que vier a possuir oevci" —•
possuir devem ser c
capitulo XIV
1 3
- ; ; compras mMas para consumo
rubnca do diretor ou ^ppca os r inventano de todos os
2- Autorizar com seu visr „ dezembro ao inventario
0
diário da cozinha, meSes de jun cargo,
3- Mandar do esta^men
móveis e utensílios oo ^ ^
de ^ n0 dos malenats
dados em . ^
||#r0 os
4
- ífencSo os ^3% salda ^ da
extraviados, as da e5peaai. o nome P^^^os, a ocupaçá
„ ,d
. art. 166-Mencionará, em ^ qlje me
7 a, de cada um dos emp;S,0 que vence. a relaç5o dos
e
sempenha e o ordenado ou sa de cada • da um
. ao escriturár-o, no0sdjaS de serviços de c.
art. 167 - Apresentará mencionand ,n „ fará com que todos
^Pregados que lhe são subordinado. ^ do |nst|tut0 e farã
- -i— -
5- Examinar, serT1pretSo 6
dar sua op
fornecidos ao Inst • este comunique á
deles; avjsar ao diretor para qr
7
' maniSár ^ come,erem os doem».
se imediata e eficazm enfermana^^ ^ fornecimento 6
na
Has falta® q Qje se d . . .. gssim como
8- Dar pade ao diretor das <ef %q30
paraçâo
S d« d ^ e adminisl(„„vo,
enfermeiros e
confecção dos que mte
ocorre
todas as Hidas necessán
propondo as medid
295
9
- ^saetrSaereS^Po'--rfU,,"; „ relat6,0 ^ns.anrjado do
fim de cada a"0' 1A ic0 dos doentes tratados
10-Apresentar mapa estatístico P
faCUltat,V0
d. tor em tempo d^^oõísua P^o no
12-Propor ao diretor nir 0 seu dese
convenientes para P nreferirem que
"'Ti
art. 182 doajvo-os
- Se as fam",arSll|tat que nOd
ã0 d-:^"sua
0 oon.a as
xSco-
CAPITULO XVI
^ .paria E LAVANDERIA
DA ROUPARIA . ha e o calçado em reserva,
roroo. mesa e cozinha. revestjda de armános
art. 190 - Toda a roupa ® rdaC|0S em sala pr
Pertencentes aos alunos, serã0 ,9C nS djversos objetos.
"«essàdos em que gguem arrumado »
Car90:
tP todas as ordens que ^ quem unicamenle
8- Cumprir fielmente tod ^pordinada ao direto,
[e art. ,96-Aroupeiraéimed^
Ce
berá ordens
297
capitulo XVII
Oi A p
PORTARIA E DO PORTEIRO
DA TOnt8ás 5 ho« dam.nh.no
.. 1» -
nie
nte nas quintas-feiras, ou outro qu confiança para ex
meará pessoa idônea e de
fu , art. 201 - O diretor nomeara y
Çôes de porteiro.
principal:
... do edifício nas horasÍTia d0 |nstitut0 que nâo
2- Abrir e fechar as po ^ doS empregados i
3- Impedir e saída dos ^. r licença do
tiverem permissão do d estabeleciment d.retor
3n se poderá ausentar do
art. 203 - O porteiro nao se y
xvin
CAPITULO
DAESCRITURA^uintes|ivros:
da mesma despesa P^
298
4- Do - ^^^^osCcSárioÍdo ^orS^oT^^ti^d:
perceberam todos 05 dos empregados, o -y
CAP
'S,UCENÇAS, FALTAS E PENAS
VANTA
NOMEAÇÕES, ^ ^ d0 Gova™^^ .^'Popisla
0
^ re^t^^re^m^^^^^^te-cop^strud^
isores repetidores, meu,^ — djtante-cop'— ^"01110 =
e
diretor,
tor, os mestres, o escriturá > _^ dos serão
^ oe.
^ nomeação do __:,tArin
a
d0 el oS p
art. 210 - Os membros, ar por l
snte
mte gozam jm ou venham a g 10 anos do
oecunoana.
io Secundaria. . do insi»"1- ■. „ 7e|0 no aw»o..-r-
Ar
. rorpo docent c:ia proficiência e zeio ^ parl0
r correS
art. 211 - Os membros magjstério P° djcional J0 destes, para aqueles
fetivo e se distinguirem n atificaçâO ' e á metade jgUalmente
deveras, terio 15 a20
vencimentos; a qual rondiçã®5, . do
jq
snchendo as mencionadas,adaS ^ ou por
decreto ou p^ana
por portorio do
«^meados por „ matéria.
yu
pregadosa»m^aT
mnreC|
m
S
ipíefgaorp'
er^ a
^ '"e9eania,éna'
rt. fSíde^cordo
0
1. 212 - Todos os ^rjade^ja de acordo com com empregados
empregados d. de <quo
ua Ci
~írão
írão direito a aposen efetivo, q oU aposentadoria
^ servia
n<; de serviÇ er^- ubi,a i|açã0 ou «K"
Í0 anos de *^*1* ) S as 8^^nçêes.
t. 213 - Depois de Poderá requerer d sempenhar
zi i c " tempo de c
artigos; 211/21^^0001^3
roporcional a esse
jlw
■ jo os membros
art.. 213
218 - A Iodos empreg9 0
t(todos os emprega" ^ Instituto que
íões> do art.
art 216.
216, .. nutros empreg . He findar o
isterio e to"00 « 0 00,05 de r ndar 0
'
a
dti.
art. ^iy
219 -us
-Os meiiit"""
membros do - ma
. bor
^ a uc^--
de termin
verem
srem no estabelecimen o ^ .«rão
,«r5o ser justificadas
ei seu trabalho, incorrem eme falta ^ ^ ^ ^ só só pod
P erâo
3 01,0
rágrafo único - As d He um
capitulo XX
rí-- -"
o cerà acompa"11
art. 226 - O balanço do ano
capitulo XXI
7i
r:z:srr-z-~ '—
alàr ven doS
' ios do pessoal subalterno, ^ ^'devido pagamento.
e
9uinte ao Ministro da Instrução Publica p pagos no Tesouro
^CanSveanSntadaS' 0 dire,0r
" ^ . medicamentos, dietas e
capitui-0 XXII
DOSC0
^noo-P-d^n,OÒe
a -anrpsGntsr o candidato.
Profissional.
0S artZAS-Osexaminadores^^VarSoab-anga-.c
^t^matéria da^adeirETe^conctim0 ^ ^ ^ escrila nso anlrarâ na u^P 0(o|
3
Adores "^idato ooeiá a « P^
a 0ral
^.ia^oTud;^^' P^ ,se.á ao i^o
a es
Paçada até oito dias. concurso, P de v0tos se
as prova 0,ie
reunir maion
A com- art- 246 " TerririinaCÍanrovas exibidaS' e 0
H^ssào votará diante das P
303
CAPITULO XXIII
PATRIM
DO ^°c|°n0J^SsTcTegdS será constituído:
2
- rc^r6 'uros ,egadosaolns.i
3- Com os vatores ,00 forem doados oo^ ^ ^^ ^«uto,
das
4- Com o produto '^^aade pagae P6'05 ''^rre^tidoms que
5- Com as jóias de entrad professores, me
6
- flm do - nas diversas varPas
s odr a S e as
7- Com as . dorçanr ento d despesa® do' en1 ^neficio do fundo
consignações do o ç atadas pelo Es
Pa,rim0nial
. d0 instituto continua^ - °m tesoureiro e um
art. 248 - O patrimônio do ^ trés membro
0 rerT1
«se,ecr unerado, composto como • anólices gerais d
etário. t <erà convertido em a^s 9 a
. nnial do Instituto será oo que melhore
di . art. 249 - O fundo Patn^ r oUtros títulos d
Icl
. e publica fundada ou em qua q . e mais
Merecerem. , ,ad0fundopatrimofj™^d0 lns,ituto
ntif, será distraída do a todas aS despe
r . art. 250 - Nenhuma quan ficjente para oc
. dimento, enquanto não for e ^ rendimentos a trata o artigo
m os nove décimos de seus ju suficiente despesas
a
0 patrimônio atingir ^ rendirnentos nas
D art. 251 - Logo que ° Pn0Ve décimos do ^otvjmento.
ir, Oriente, empregar-se-ão o nroqressiv0 õ ai.a que P
0
'
^.uto, nos seus —^.er
D|Sp0S,ÇÕES°E^Smedida9quer^r:
(j. art. 259 - Todos os e mpregaúcc ^^las que seus «d» ^ publii;a,
ul^Penho de suas atribuições, e . 0 da qiscip1 poderá se
detidos impunemente, em prejuízo do serv ^ ne|e resld,r P
. ..Od—S
contribuição, uma quo.a ^ ^cia no «ts^ 0 sertiço padre
. fessotea w
0.nnf)S
aos professores
diferentes
art. 267 - O Governo a«rara P^^faolSo das doutrinas dos dderente
'^pendores
Petidores que escreverem compêndios
compènaios p ovados.
j .
corsos
Ur de conformidades
sos de conformidades com
com os
os programa p ovac OS
programas P r mais ^
de 500
500 volumes
volumes ded
n,, compra tiver ma s de compettr
ob art. 268 - Logo que o Instituto "scSáriUrd^i513' 3 qUem COmPe "
PESS0ALDEN
Iir~~ EMPRÉGÕÇ
Ijíretor
jnedico
.—^^,^3 do curso ciências
professores ^ 1:
atrasa 2:400§000
professores do curso de musi ^—--r
■ — 600$000 ^õõlõoo
repetidores do curso litgróiB^H""^T2Õ^Õ0^
repetidores de musica_g_------
BÕÕSÕÇÓ
mestra d^ trabalhos de_ggp—— 1:200$000
400$000
Mestre de ginástica —xTríe
nestre de afinação e afinador 800$000
no, JiSiiÜi
'1:200$P00. tgo$®|Slõõõ
|ãos e harmônio
't6ÕÕ§Õ00
'estres dr? oficina a S ooo
:
criturário-arquivista_ T200§000
ante-copista
ànomo ^Í|T:60O§0W
petor dos alunos_
<-»r> ohinílÇ
306
;Ã0P0DIR|T0F TOTAL
pESSOALDEj^Mi^ GRAÜflOA1
— -ron
720$000 720$000
emprUp! TfOfPÇÕ
72Õ$ÕÕÕ
1 ajudante de inspetora 900§000
— ■
1 ai udante^einsEe^ -^^
900§000
"isSíiSSFTd^b*05 1:800§pp0
90Õ§PPP
720$pp0
720$0pp
eppippp
600$QPP
roupeira 600$000
6005000
1 despenseiro 6005000
6005000
1 porteiro 7205000
7205000
1 feitor-comprador 4805000
4805000
cozinheiro
UU^H II 1^" ^ — 5:8805000
1I diuudi
ajudante11^ ^
doç^lgljgj^-
14 serventes a 35$PP_
TABELA DE
Diretor
Professores de português, ^
geografia, corografia e histon , ^ ^■2005000
matemática elementar, ^ : 8005000
mecânica e astronomia, de 1 2;400$000
ooo$ooo
química, e de sociologia e ;333$333
cada um. —-—ri^r' 2]666$66T 3:0005000
. Professor da escola dejaEllpgx— ; 2005000
Professores de francês, 1:8005000
desenho e de musica,j^ajL--. 0005000
Professores de caügrf3' 8005000
s
trabalhos manuais, de tra 8005000 8005000
_de agulha e de ginástica 6005000 ■8005000
.Secretario 6005000 2005000
_Amanuense_ 400500 2005000
^Preparador 400500
^Conservador 6005000
Inspetora ou inspetor 3205000
7205000
Porteiro
^Continuo
^Servente 700$PPP
SecretãríãTãxpedieQtS
4005000
Iluminação :000$000
Gabinetes _—,—^TSÍse^yS!'
Aula de trabalhosm—j^^íriento^
DiíiSTdTírSSb pa!!^ |hâeS
Botelho deMa9a
imprensa """ . mnstant
— rT0 ,890. - Ben'am
Capital federal, 17 de maio
fim