Teoria Da Dependência - Theotônio Dos Santos
Teoria Da Dependência - Theotônio Dos Santos
Teoria Da Dependência - Theotônio Dos Santos
• A crítica de Caio Prado Jr. ao conceito de feudalismo, por exemplo, foi um dos
pontos iniciais das batalhas conceituais que indicavam as profundas implicações
teóricas do debate que se avizinhava. Ao negar tal conceito, nega-se também a
necessidade de uma revolução burguesa. Pois, a definição do caráter das
economias coloniais como feudais serviam de base às propostas políticas que
apontavam para a necessidade de uma revolução burguesa na América Latina.
• Luta de classes: Não era possível, portanto, desprezar a luta interna gerada pelo
avanço da industrialização nos anos 30. E a constatação da capitulação final da
burguesia nacional não anulava totalmente seu esforço anterior. Camadas da
tecnocracia civil e militar, setores de trabalhadores e da própria burguesia nunca
abandonaram totalmente o projeto nacional democrático. Mas ele perdeu seu
caráter hegemônico apesar de ter alguns momentos de irrupção no poder central
durante a ditadura. Nos anos de transição à democracia, na década de 80, este
projeto reapareceu no Movimento pelas “Diretas Já”, voltou a influenciar as
eleições locais e marcou político e ideológico com a formação do chamado 28
“centrão” durante a fase final da Constituinte e, sobretudo a constituinte de
1988. Contudo, a reorganização dos setores hegemônicos da classe dominante
permitiu-lhes à retomada do controle em 1989, com a vitória eleitoral de
Fernando Collor, e encontrou um caminho ainda mais sólido com a aliança de
centro-direita que venceu as eleições de 1994, com Fernando Henrique Cardoso
na presidência.
• O conteúdo de classe do Estado faz-se pois, mais evidente ainda. Ele se põe
completamente a serviço do grande capital financeiro subordinando cada
vez mais os outros setores da burguesia. Ele se vê obrigado a abandonar o
clientelismo e o patrimonialismo das antigas oligarquias através do qual o
Estado atendia às suas famílias e a uma vasta população de classe média.
Ele corta também as aberturas realizadas pelo populismo aos dirigentes
sindicais e outras entidades corporativas. Não há dinheiro para ninguém
mais - a fome do capital financeiro é insaciável. As políticas de bem-estar
voltadas para os setores de baixa renda e para a previdência social também
se vêem definitivamente ameaçadas.
• Mas era na América Latina que os estudos sobre a dependência avançavam por
toda parte, não estando estes isentos de críticas oposicionistas, principalmente a
partir da segunda metade da década de 70 e se aprofundando na década seguinte.