A Oração de Jesus
A Oração de Jesus
A Oração de Jesus
Para o ortodoxo, a oração por excelência é a oração de Jesus (1), “Senhor Jesus Cristo,
Filho de Deus, tem piedade de mim pecador” (ou em sua forma curta, Senhor Jesus
Cristo, Filho de Deus, tem piedade de mim”). Desde a época do Novo Testamento o
ortodoxo acreditava que o poder de Deus está presente no Nome de Jesus. Quando o
Apóstolo Pedro curou o aleijado no pórtico do Templo, foi inquirido pelo Sumo-
Sacerdote: “Com que poder ou por meio de que nome fizestes isso? (At 4, 7). São
Pedro, pleno do Espírito Santo respondeu: “...seja manifesto a todos vós e a todo o povo
de Israel: é em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, aquele a quem vós crucificastes, mas
a quem Deus ressuscitou dentre os mortos, é por seu nome e por nenhum outro que este
homem se apresenta curado, diante de vós”. (At 4, 10).
O próprio Nosso Senhor, confortando Seus discípulos antes de Sua paixão e morte,
disse-lhes que “Em verdade, em verdade vós digo: o que pedirdes ao Pai em meu nome
ele vós dará. Até agora, nada pedistes em meu nome: pedi e recebereis para que a
vossa alegria seja completa”. (Jo 16, 23-24).
Mais tarde na época imediatamente seguinte ao tempo dos Apóstolos, Santo Inácio de
Antioquia (que conhecera São João Evangelista), quando estava sendo levado par a
arena em Roma para sofrer o martírio pelos animais selvagens, quando os soldados que
o prendiam lhe questionaram por que ele continuava repetindo o nome de Jesus
incessantemente, ele respondeu que Ele estava inscrito em seu coração.
Assim, rezando esta oração – em Nome de Jesus Cristo – tem sido uma parte vital da
tradição espiritual ortodoxa desde os primeiros tempos e tem sido, especialmente,
resguardado pelos monges desde o século IV. No ofício de Tonsura de um monge,
quando lhe é dado o rosário, o Abade diz, quando lhe entrega: “Tome, irmão, a espada
do Espírito, que é a Palavra de Deus, para a contínua oração a Jesus; pois você tem
que ter sempre o Nome do Senhor Jesus na mente, no coração e nos lábios, sempre
dizendo: “Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, tem piedade de mim pecador”.
Em nossos assuntos diários existem muitas coisas que nós fazemos por hábito. No
começo do dia, por exemplo, nos lavamos, nos vestimos, tomamos nosso desjejum e
etc. Enquanto nós estamos em nosso caminho para o trabalho, normalmente há muito
tempo livre. Durante nosso dia de trabalho, seja no serviço doméstico, seja em uma
fábrica, loja ou escritório existem muitos momentos ociosos ou de trabalho repetitivo.
Mesmo em atividades de recreação como caminhadas, corrida ou o que seja, existem
muitas oportunidades de empenho na oração. E qual o melhor momento para fazer o que
é bom, clamar incessantemente pelo Nome de Jesus, pode haver momentos melhores
que estes? Mesmo as mais monótonas tarefas podem ser transformadas em uma doce e
jubilosa experiência!
Mesmo em uma multidão, no trabalho, em um reunião em família, em situações que
exijam todo o nosso pensamento e atenção é possível fazer a Oração de Jesus, talvez
não por longos períodos de tempo, por contínuos blocos de tempo, mas de tempos em
tempos. Como o Arcebispo Paulo, Primaz da Igreja da Finlândia e monge de Valaam
afirma: “Se nós conseguirmos o hábito de recitar o Nome de Jesus desta maneira,
mesmo por meio minuto sem cessar – e é possível conseguir tal pausa para si mesmo
em quase qualquer trabalho – a lembrança da presença de Deus permanecerá como
uma correnteza interior em nossa alma”. (The Faith we hold, Arcebispo Paulo).
De acordo com Santo Isaac, o Sírio: “quando o Espírito toma seu domicílio no homem
ele não cessa de orar, por que o Espírito irá rezar constantemente nele. Então, nem
quando ele dorme, nem quando está acordado a vontade de rezar poderá desligá-lo de
sua alma; quando ele come ou bebe, quando ele deita e quando ele faz qualquer
trabalho, mesmo quando está imerso no sono, o perfume da oração exalará em seu
coração espontaneamente” (Tratados Místicos).
Por isso, tanto para os que recitam esta oração sem cessar quanto para os que apenas
ocasionalmente a usam, a Oração de Jesus é considerada uma grande fonte de alegria e
confiança.
Pouco antes de 1900, apareceu um livro intitulado “O Peregrino Russo” (em inglês
“The way of the Pilgrim”), no qual, entre outras coisas, um peregrino anônimo relata
sua jornada espiritual na prática da Oração de Jesus. No livro ele nos fala da inefável
alegria que, pela graça de Deus, permeia o coração de quem pratica esta oração:
“E é assim que eu sigo agora, e incessantemente repito a oração de Jesus, que é mais
preciosa e doce do que qualquer outra coisa no mundo. Às vezes, eu ando 43 ou 44
milhas em um dia, e não sinto por completo que estou andando. Eu fico consciente
apenas do fato que eu estou fazendo a minha oração. Quando o frio cortante me
perfura, eu começo a orar mais intensamente e rapidamente um calor me envolve por
completo. Quando a fome começa a me dominar, eu chamo com mais freqüência o
nome de Jesus, e esqueço o desejo por comida. Quando eu caio doente ou sou
acometido de reumatismo nas minhas costas e pernas, eu fixo meus pensamentos na
Oração, e não percebo a dor. Se alguém me ameaça, eu preciso apenas pensar “Como
é doce a Oração de Jesus”, e a injúria e a ira, de igual modo, se vão e eu as esqueço
completamente...e eu agradeço a Deus por, agora, compreender aquelas palavras que
eu li na Epístola – Orai sem cessar (1 Ts 5, 17). (Extraído de The way of the pilgrim)
Examinando as palavras da Oração de Jesus, nós podemos dizer que ela é a oração
perfeita, já que expressa a fé na Encarnação e na Santíssima Trindade. Quando nós
dizemos “Senhor, Jesus Cristo, Filho de Deus”, nós afirmamos que o Senhor é tanto
homem quanto Deus, uma vez que o nome de Jesus foi dado a Ele por Sua mãe como a
um ser humano e as palavras Senhor e Filho de Deus indicam Sua divindade. A noção
da Santíssima Trindade é encontrada, também, nesta oração uma vez que nos dirigimos
ao Filho de Deus, Deus-Pai está incluído assim como o Espírito Santo, pois, como diz
São Paulo, “ninguém pode dizer “Jesus é o Senhor” a não ser no Espírito Santo” (1 Co
12, 3).
A Oração de Jesus é perfeita, também, por que estão presentes nela dois aspectos da
oração cristã. Quando nós dizemos “Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus” nos voltamos
para a glória, a santidade e o amor de Deus. Então, levando em consideração nossa
natureza pecadora, nós prostramos em humildade, dizendo “tem piedade de mim
pecador”, pois há um contraste entre o Deus Todo-Perfeito e nós, que somos pecadores
e imperfeitos.
(1) N.T. A oração de Jesus tem sua origem em textos dos Evangelhos (Mt 15, 22, da mulher cananéia; Mt
20, 30, dos cegos de Jericó e Lc 18, 13 da oração do publicano), provavelmente, passou a ser adotada
pelos monges do desertos do Egito (Nítria e Tebaida) tendo-se tornado conhecida a partir de S. Macário
do Egito (300-390) que foi mestre de Evágrio Pôntico. Evoluiu por várias formas até chegar a forma
atualmente conhecida.
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às 10:41 0 comentários
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Assim, por obra de São Paulo, Onésimo foi perdoado e passou a trabalhar com a palavra
e o exemplo. Foi nomeado bispo de Éfeso e, em sua missão episcopal, a fama de suas
virtudes transcendeu os limites de sua sede.
Foi preso na época do imperador Domiciano e levado a Roma, onde morreu apedrejado.
Pelas orações de Santo Onésimo, ó Cristo Nosso Deus, tem piedade de nós!
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Ode
Os nove cânticos bíblicos são indicados para o uso em Matinas como abaixo:
Cada ode é constituída de: 1 Irmos (Eirmos) + 3 ou 4 tropários.
Katavásia (ao final de cada ode, nas Matinas Festivas e Grandes Matinas)
Katavásia (apenas ao final da 3a, 6a, 8a e 9a odes), nas Matinas Comuns.
Após a 3a. ode – Pequena Litania (com a ecfonese: “Pois Tu és o nosso Deus e nós Te
damos glória, Pai, Filho e Espírito Santo, eternamente agora e sempre e pelos séculos
dos séculos. Amém!” ), Tropário-catisma (Siedalem) lido ou Hipakoi.
Após a 6a. ode – Pequena Litania (com a ecfonese: "Pois que Tu és o Rei da Paz e
Salvador das nossas almas e nós Te damos glória, Pai, Filho e Espírito Santo,
eternamente agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!”), kontakion
(cantado), Ikos (lido), Sinaxário (no Triódio).
Durante o canto da Katavásia após a 8a. ode o presbítero incensa todo o santuário, sai
pela porta norte incensa as Portas Reais, o ícone de Cristo e todos os demais ao lado do
de Cristo e pára em frente ao ícone da Virgem e quando o coro pára de cantar, exclama:
“Mãe de Deus e Mãe da Luz, com hinos nós te glorificamos” . A seguir continua a
incensação do restante da iconostase, o povo e toda a igreja. O coro canta o Magnificat,
cada versículo do Magnificat é intercalado com o Hino à Virgem: “Tu mais venerável
que os Querubins...” como refrão.
9a. ode – Cântico de Zacarias. Após a katavásia da 9a. ode (apenas nas Matinas
Comuns) o coro canta: “Verdadeiramente é digno e justo...Tu mais venerável que os
Querubins...” e Pequena Litania (com a ecfonese: "Pois que a Ti louvam todos os
Poderes Celestes e nós Te glorificamos, Pai, Filho e Espírito Santo, eternamente agora
e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!”)
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às 09:52 0 comentários
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às 09:06 0 comentários
Como a Igreja declarou inúmeras vezes no passado, também declara agora, que Kosovo
e Matohija era e deve permanecer parte integral da Sérvia, de acordo com a Resolução
do Conselho de Segurança das Nações Unidas nº 1244, bem como em todas as outras
convenções internacionais similares em direitos humanos, direitos dos povos e proteção
de fronteiras internacionalmente reconhecidas. Qualquer outra decisão representa uma
violação das leis Divina e humana, bem como uma agressão com tão grandes
conseqüências, para ambos os Bálcãs e toda a Europa. Todas as convenções
internacionalmente reconhecidas e ratificadas, não anuladas até agora por nenhum ato
internacional, começando pelo Acordo concluído em 19l3, as resoluções internacionais
datadas de 19l8 e 1945, até a Resolução 1244 do Conselho de Segurança das Nações
Unidas de 1999, junto com a recente aceitação como membro das Nações Unidas da
Sérvia integral, tudo confirma que excluindo Kosovo e Metohija da Sérvia representa
uma forma de violência igual somente aos períodos de ocupações e tirania, os quais nós
esperamos definitivamente pertencentes ao passado da Europa e do mundo. Neste caso
particular ela representa a nova legalização da centenária tirania Otomana e seu impacto
em toda a região, bem como uma repetição da aplicação da solução Fascista (aquela de
Mussolini e Hitler) à questão de Kosovo no período da II Guerra Mundial, quando
Kosovo e Metohija foram anexados à tão-falada Grande Albania, quando centenas de
milhares de Ortodoxos Sérvios foram expulsos de suas casa, exatamente como em 1999,
com o objetivo de jamais haver retorno para eles.
Tendo dito isto, o que nos deixa profundamente atônitos é o fato que, de acordo com as
palavras de um embaixador Americano, com o recente anúncio do ilegítimo e ilegal
reconhecimento pelos governos dos Estados Unidos da América, Inglaterra, Alemanha,
França, Itália, e outros, da auto-declarada independência de Kosovo – Sérvia e
Montenegro foram bombardeadas em primeiro lugar. Conseqüentemente, a presumida
proteção dos direitos humanos e das minorias das bombas, usando bombardeios com o
pseudônimo de “Anjo Misericordioso” representou somente a preparação para esta
violação final da justiça e para arrancar o coração da Sérvia do seu peito.
Então, considerando esta proclamação da independência de Kosovo como ilegítima, um
ato violento contra a justiça, o Santo Sínodo dos Hierarcas e nossa Igreja inteira, na
esperança da mais breve vitória da justiça de Deus e dos verdadeiros direitos humanos,
rogamos a Sua Graça Bispo Artemije de Ras e Prizren, seu clero, monges e todo o povo
Sérvio Ortodoxo de Kosovo-Metohija, bem como a todos aqueles colocados em perigo
em Kosovo por este ato injusto, a permanecerem em seus lares e com seus lugares
santos, preservando a paz e a confiança na vitória final da justiça de Deus, tendo amor
para com todos como a si mesmos. Possais vós, nas palavras do apóstolo Paulo, nestes
tempos de dificuldade, como tem sido até agora, especialmente nesta contínua sofrida
história de Kosovo, “Antes, como ministros de Deus, tornando-nos recomendáveis em
tudo: na muita paciência, nas aflições, nas necessidades, nas angústias,...na palavra da
verdade, no poder de Deus, pelas armas da justiça, à direita e à esquerda, por honra e
por desonra...” (2 Co 6: 4-8). Vamos sempre ter diante dos nossos olhos e em nossos
corações a palavra vitoriosa do Deus verdadeiro: “Aquele que perseverar até o fim será
salvo”.
Nós esperamos das Nações Unidas e do Conselho de Segurança que, no espírito de sua
Carta 1244, bem como de suas obrigações internacionais, que eles defendam e protejam
esta violação dos direitos humanos, religiosos e estatais da República Sérvia.
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às 13:28 0 comentários
OrtoFoto
Ucrânia
autor: Сергій Ц
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às 09:59 0 comentários
Octoecos
Do grego octoechos (de octo, oito e echos, tom), livro litúrgico que contém os vários
hinos dos ofícios divinos que vão desde o Domingo de Todos os Santos (1º Domingo
após o Pentecostes) até ao domingo que antecede o Domingo do Fariseu e do Publicano
(10º Domingo antes da Páscoa), altura em que é introduzido o Triódio, livro que contém
os ofícios litúrgicos da Quaresma até ao Domingo de Páscoa. É atribuída a São João
Damasceno a composição da maior parte dos hinos contidos no Octoecos.
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às 06:20 0 comentários
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Vejamos agora a idéia central desse Domingo. Ela está exposta no Evangelho que nos é lido
durante a Liturgia: é a paráboça do filho pródigo. Entre as parábolas evangélicas, essa do filho
pródigo (Lc. 15, 11-31) é talvez a mais conhecida, a mais familiar. Ela é, seguramente, uma das
mais tocantes. Pode ser que não reconheçamos onde está o centro dessa paráboça. Esse
centro está na mudança de espírito do jovem que deixou o pai, dissipou seus bens numa vida
de dissolução, passou fome, invejou as bolotas que os porcos comiam, e decidiu partir e
retornar à casa do pai. Certas as palavras do jovem: “ Levantar-me-ei e irei ter com meu pai e
dir-lhe-ei: pai, pequei contra o céu e perante ti, já não sou digno de ser chamado teu filho”.
Essas palavras contêm uma impressão profundamente comovente de arrependimento. A
resolução do filho pródigo: “Levantar-me-ei e irei ter com meu pai....” enfatiza a importância
do ato enérgico, o ato da vontade (não podemos ir ter com o Pai se não nos levantamos e
partimos). A pessoa central da parábola é o Pai. Com Ele estamos na presença de uma
bondade que espera, que vigia, que espreita o retorno do filho pródigo e que, vendo-o ainda
longe, não se segura mais, e corre para Seu filho, lança-se ao seu pescoço e beija-o. E o Pai,
sem dirigir nenhuma condenação ao filho, ordena que lhe ponham no dedo o anel (símbolo de
herdeiro), nós pés, alparcas (símbolo do homem livre, diferente do escravo) e que matem o
bezerro cevado para festejar. Faz trazer o “melhor vestido” e reveste o filho; chamemos a
atenção que não se trata do melhor vestido que o filho possuia antes de sua partida, mais o
melhor vestido que existia na casa. Deus não dá ao pecador arrependido simplesmente a graça
que ele tinha antes de pecar. Ele concede a maior graça que o pecador arrependido possa
receber, um máximo de graça.
A história do filho pródigo é a nossa própria história. A partida voluntária, a vida culposa, a
depressão, o arrependimento e o perdão: nós já vivemos tudo isso e quantas vezes! Estejamos
atentos ao papel que desempenha um terceiro personagem: o irmão mais velho do filho
pródigo. Na parábola, esse personagem se mostra invejoso de seu irmão. Ele se irrita com o
perdão dado generosamente. Ele se recusa, apesar das instâncias do Pai, a tomar parte nos
festejos. É o contrário do que se passa no verdadeiro retorno do pecador. Todo filho pródigo
que retorna é incitado ao regresso pelo filho primogênito, a quem o pai diz: “filho, tu sempre
estás comigo, e todas as minhas coisas são tuas”, pois o verdadeiro e único primogênito é o
Senhor Jesus Cristo, que toma o pecador pela mão e o conduz ao Pai com ardente afeição.
“Tendo dilapidado os dons paternais, eu, o infeliz, pastei com as bestas mudas e, tendo fome,
desejei seus alimentos.... Eis porque retornarei à casa de meu Pai, chorando e lhe dizendo:
recebe-me como a um de Teus servos, eu que me ajoelho diante do Teu amor pelos homens... Ó
Salvador condescendente, tem piedade de mim, purifica-me... e concede-me de novo o melhor
vestido de Teu reino”.
Nosso objetivo, irmãos, é compreender o poder desse mistério. Pois quando o filho pródigo
afasta-se do pecado e retorna o refúgio paterno, seu pai bondoso o abraça e devolve-lhe todas
as insígnias de glória.
Evágrio Pôntico
Fonte
Nascido por volta de 345, em Ibora, uma pequena cidade na costa do Mar Negro; morreu em
399. É considerado um dos mais importantes escritores ascéticos do quarto século. Instruído
por São Gregório Nazianzeno, foi ordenado ledor por São Basílio Magno e diácono por São
Gregório de Nissa (380), que acompanhou ao Segundo Concílio de Constantinopla (381). De
acordo com Palladius, cujo relato difere do de Sócrates e Sozomen, Evágrio manteve-se por um
tempo como Arcediano em Constantinopla, quando Nectarius era patriarca (381-397).
Deixando sua cidade por conta de seus riscos espirituais, ele foi primeiro a Jerusalém e
posteriormente para o Deserto de Nitrian, onde começou uma vida de eremita sob orientação
de Macário, o jovem (383). Ele recusou firmemente uma oferta de bispado oferecida por
Teófilo de Alexandria. Tornou-se muito célebre por sua vida ascética e seus escritos, apesar de
que São Jerônimo (por exemplo, na Ep. 133 e em Ctesiphontem, n. 3) o acusa de erros
origenistas e o chama precursor de Pelágio. Os Sexto, Sétimo e Oitavo Concílios condenaram
Evágrio junto com Orígenes. Rufino e Genádio traduziram as obras de Evágrio para o Latim;
algumas delas foram perdidas ou até hoje não foram descobertas (P.L., XL). As melhores
coleções de suas obras são editadas pela Bigot (Paris, 1680); Gallandi, “Biblioth. Vet. Patr.”, VII,
551-581; Migne, “P.G.”, XL; vide também Elter, “Gnomica” (Leipzig, 1892); Zöcker, “Evagrius
Pontikus” (Munique, 1893). Podemos citar aqui: “Monachus seu de vita activa”; “Rerum
monachalium rationes earumque juxta quietem adpositio”; “De octo vitiosis cogitationibus”.
Introducción
El propósito de este ensayo es describir cuatro fábulas místicas que han configurado la
espiritualidad bizantina primitiva. A nuestro entender, constituye la espiritualidad
bizantina primitiva tanto la mística greco-bizantina de los siglos II al V, como, lo que se
ha llamado, “la fase ascendente” de la doctrina espiritual bizantina, que se extiende
desde el siglo VI al X. En el núcleo original de esta espiritualidad está Orígenes (h. 185-
254), discípulo de Clemente de Alejandría (muerto h. 215), que enlazó la doctrina
espiritual de las Escrituras con la doctrina de la “escala espiritual”, de gran influencia en
el monaquismo cristiano oriental, uno de cuyos primeros exponentes sistemáticos fue
Macario el Egipcio (h. 300-h. 390). En efecto, la doctrina de Macario, que tuvo rasgos
neoplatónicos, estableció las bases del concepto de “oración en el Espíritu”, que está en
el centro de la espiritualidad bizantina. Otro hito significativo de este proceso inicial fue
la obra de Efrén el Sirio (h. 306-373) que influyó, con sus Himnos, en los Padres
Capadocios, especialmente en Basilio Magno (330-379) y en la tradición filocálica
posterior. Por su parte, Gregorio Nacianceno (330-390) estableció las bases de otro
aspecto constitutivo de la espiritualidad bizantina, cual es la teología apofática o
negativa (el conocer por medio del no-conocer). Sin embargo, la importancia de todas
estas fuentes doctrinales no se comparan con el poder simbólico e influencia práctica
que tuvieron en el imaginario monástico y espiritual bizantino primitivo la “Vida de San
Antonio”, escrita por San Atanasio (h. 295/300-373), que se constituyó en el “espejo de
monjes” por excelencia en el mundo bizantino, el “Tratado Práctico” de Evagrio
Pontico (346-394) y la “Escala Espiritual” de San Juan Climaco, monje del Sinaí (579-
649).
Cabe señalar, además, que entre los siglos IV y VII destacan otros exponentes que
llegarán a tener influencia en la espiritualidad bizantina como son Nilo de Ancira
(muerto 430), que retomó las ideas de Macario, y Simeón Estilita el Viejo (h. 390-459)
que acentúo el componente místico de la espiritualidad greco-bizantino, Diadoro de
Fotice (muerto h. 486) que une la doctrina de Macario con la teoría práctica de Evagrio
y Pseudo Dionisio (siglo V-VII), que sistematizó, en forma original, todas estas
tradiciones místicas bajo la influencia del pensamiento de Platón y de Plotino y terminó
por consagrar la teología apofática, como el sello de la espiritualidad bizantina. Sin
embargo, la “Vida de San Antonio”, el “Tratado Práctico” de Evagrio y la “Escala
Espiritual” de Juan Climaco, sin desmerecer la majestad de las obras de los monjes y
teólogos que hemos señalado, tuvieron un peso simbólico mayor, en cuanto
condensaron la enseñanza de estos grandes maestros de la espiritualidad bizantina en
textos “prácticos”, que llegaron a transformarse en obras accesibles, didácticas y que
reflejaron por varios siglos, de manera muy clara, el ideal ascético y espiritual bizantino.
No obstante, a estos textos debemos agregar otra tradición de gran influencia en la
espiritualidad bizantina primitiva, como fue la corriente popular de los “santos locos”,
que también consideraremos en este ensayo.
Nuestro ensayo analizará las tradiciones desarrolladas a partir de los textos que hemos
destacado más arriba: la “Vida de San Antonio”, escrita por San Atanasio (Siglo IV),
del “Tratado Práctico” de Evagrio Póntico (Siglo IV), de la “Escala Espiritual” de Juan
Climaco (Siglos VI y VII) y de la “Vida de Simeón el Loco”, escrita por Leoncio de
Neápolis (primera mitad del siglo VII). Estas tradiciones se originan en el ámbito
cristiano oriental, y forman parte de cuerpos doctrinales, teológicos y espirituales
complejos y que se expresan en programas narrativos propios de la literatura patrística y
monacal, como el modelo de los dichos (apotegmas), el modelo ascético de los tratados
teológicos y prácticos, el modelo moral de los consejos, espejos de monjes y códigos de
comportamiento y el modelo “demoníaco” o catálogos de preparación para el combate
espiritual.
En cada caso no pretendemos realizar un estudio técnico de los textos. Para todas las
obras referidas existen notables estudios críticos. Lo que nos proponemos, en este
ensayo, es identificar, a partir de nuestra lectura de los textos, los núcleos de sentido y
fondo para definir una tradición o fábula particular.
Queremos señalar, también, que para lograr los fines del ensayo tendremos siempre,
como horizonte de referencia, la llamada fase de “irradiación” de la espiritualidad
bizantina (siglos XI-XVIII) que comienza con Simeón, el Nuevo Teólogo (949-1022) y
su discípulo Nicetas Estétatos (h. 1000- h. 1080), que llevaron la mística bizantina a un
importante renacimiento y desarrollo especulativo. Nicetas difundirá en Constantinopla,
en el Montes Athos y en el Sinaí, la doctrina de la contemplación de la luz u “oración
interior”, que influyó posteriormente en Gregorio Sinaíta (1255/1265-1377) y en
Gregorio Palamas (1296-1359), que elaboraron la base teórica de la “oración”, en
cuanto doctrina del “sosiego interior” (hesychia), dando lugar al “hesicasmo”,
enseñanza central del canon espiritual bizantino, recogida posteriormente en la Filocalia
(siglo XVIII) , que es una magnífica fuente del canon de la antigua espiritualidad
cristiana bizantina. Por esta razón, procuraremos en el análisis de cada tradición,
establecer sus vínculos filocálicos (el murmullo filocálico, como lo ha llamado un autor
contemporáneo).
Michel de Certeau sostiene que los estudios históricos sobre grupos, ideas y escritos
espirituales y místicos deben presentarse bajo la formalidad de una historia de ausencias
1, y no asimilarlos automáticamente a correlaciones económicas o sociales, o a
fenómenos actuales. Por ello, el historiador francés, plantea la necesidad de contar con
ciertas reglas para analizar textos místicos. De partida, nos invita a considerar los textos
místicos como manifestaciones que se mueven en lo cotidiano y que tienden a
transformar el detalle en mito. El éxtasis o la alusión a cualquier otra experiencia
espiritual introduce al historiador a una especie de hermenéutica del silencio, a un
proceso de documentación de la distinción, del fragmento y de la escisión que lleva toda
manifestación mística. Nunca el historiador podrá construir “series” que reduzcan
técnicamente la explicación de la experiencia mística. Su propósito debe ser, más bien,
identificar y entender su palabra sorpresiva, su “fábula”, que unifica vida y muerte,
acontecimientos y eternidad, en que los cuerpos individuales 2 narran la historia de las
experiencias desde el "sentido" de las mismas. De este modo, la historia de la
espiritualidad y de la mística debe ser planteada como una investigación de un problema
existencial, a través de dispositivos de lenguaje. El “otro”, el que organiza o produce un
texto místico está dentro del texto como fábula y sentido.
De Certeau ha propuesto una teoría para elaborar la historia de los místicos, que nos
parece muy atractiva, como base conceptual y metodológica para nuestro ensayo: el
gesto de “hacer un retiro”, de “retirarse” es el indicador de un fenómeno universal, que
implica una tensión con las instituciones religiosas, un “recorte de lugar”, que
circunscribe un campo de prácticas propias, generando una redistribución de los
espacios religiosos, según sea la variante de los discursos místicos y espirituales que se
analizan. Las “ruinas”, la “nada”, que buscan los místicos constituyen un discurso
radical, que, se establece en la historia, como una tradición, que ha tenido siempre una
influencia en las instituciones y en el imaginario religioso de las culturas, como la
expresión de una ecología de dos prácticas claves: la sustracción (extática) y la
virtuosidad o santidad (técnica) que producen las palabras propias del “arrebato”. La
tradición espiritual bizantina primitiva llamó “locura espiritual”, “locura de Cristo” o
“loca santidad” a esta relación entre arrebato y retórica.
F. G. Maier ha descrito el “carácter bizantino” como una coincidentia opossitorum, que
integra curiosidad intelectual, placer por la discusión vivaz y el argumento sutil,
refinamiento, elegancia, placer en el lujo, impresionabilidad, junto a mezquindad,
corruptibilidad, crueldad implacable y odios, pero también exaltación mística y
religiosidad. Según Maier, la amenaza contínua de las invasiones bárbaras y de las
arbitrariedades de los funcionarios públicos, generaron dos tipos de reacciones de
defensa en el mundo bizantino: la desconfianza y el disimulo y la religiosidad y la
esperanza sobrenatural 3. Es la fe, según la opinión de este historiador, la responsable
de la original particularidad de la concepción del mundo de Bizancio, no son los
dogmas y los debates teológicos, sino las formas especiales de espiritualidad que
nacieron de la convicción de que la vida provenía de un único espíritu creador divino y
que se redimía por la obra del único hijo de Dios. La existencia universal e inalterable
de Dios constituye el contenido y significado de toda idea de trascendencia bizantina, y
los caminos hacia ella no son el análisis dialéctico y racional de la fe a través de la
teología, sino la vida ascética, mística y contemplativa, concluye Maier 4.
V. Lossky señala que el sello místico que tuvo la espiritualidad bizantina primitiva nos
permite mirar de una manera nueva la historiografía de las disputas teológicas, que
tiende a resaltar la historia del dogma y de la configuración de la jerarquía eclesiástica.
En su “Théologie Mystique de l'Eglise de l'Orient ”, Lossky señala que el desarrollo de
las luchas dogmáticas sostenidas en la iglesia cristiana oriental está dominado por una
lógica transversal y superior, cual es salvaguardar la posibilidad de que los creyentes
alcancen la plenitud de la unión mística. Así, la Iglesia combate a los gnósticos para
defender la idea de la divinización como fin universal; afirma contra los arrianos el
dogma de la Trinidad consustancial, porque es el Verbo, el Logos, quien nos abre
camino a la unión con la divinidad, y si el Verbo encarnado no tiene la misma
substancia que el Padre, si no es verdadero Dios, nuestra divinización es imposible;
luego, la Iglesia condena al nestorianismo para destruir la barrera que ha querido
separar, en el mismo Cristo, al hombre de Dios; también combate el apolinarismo y el
monofisismo para mostrar que, si la plenitud de la naturaleza humana ha sido asumida
por Cristo, nuestra naturaleza entera debe entrar en unión con Dios; se opone a los
monoteletas, porque no se podría llegar a la divinización fuera de la unión de las dos
voluntades, divina y humana; en la Iglesia triunfa la postura contraria a los iconoclastas
afirmándose la posibilidad de expresar las realidades divinas en la materia, símbolo y
prenda de la santificación de los cristianos; por último, en las disputas sobre el Espíritu
Santo, sobre la gracia y sobre la Iglesia, también la preocupación central es la
posibilidad y los medios para conseguir la unión con Dios. Para Lossky, toda la historia
del dogma en el espacio eclesial y cultural bizantino se desarrolla siempre en torno al
núcleo místico 7.
En opinión de Cyril Mango, los santos, como también las iglesias bizantinas, son
speculum salvationis. Mártires, confesores y monjes santos representan la conquista de
la vida eterna como profesión (homologían), en medio de una comunidad de testigos,
idea que se inscribe en el imaginario bizantino gracias al prestigio de la tradición de
monaquismo primitivo y al rol que cumple la hagiografía y la literatura sobre los
monjes, que se constituyen como medios de educación cristiana y fuente de identidad
para la institución monástica propiamente bizantina 8. Es importante destacar que la
espiritualidad bizantina adopta este sello místico, entendiendo la ascética como una
“ciencia práctica”, que tiene una fuente viva en los textos tradicionales que ya hemos
mencionado: el texto hagiográfico antoniano de San Atanasio y las obras ascéticas de
Evagrio y Juan Climaco . En la cultura cristiana de Bizancio, tiende a predominar la
idea de vida religiosa como una practiké o scientia actualis, como un método espiritual
que purifica la parte afectiva del alma, según la expresión de Evagrio Póntico 9, en
sintonía con Casiano cuando sostiene que, para llegar a la theoretiké, el hombre debía
poner todo el estudio y su energía en obtener primeramente esta ciencia práctica 10.
Esta espiritualidad visual y “del corazón”, propia del mundo bizantino, se puede
apreciar de manera significativa en el arte. Héctor Herrera sostiene que el arte bizantino
es un “arte ascético” y, citando a Evagrio, describe el fundamento de tal ideal a partir de
esta sentencia: “cuando estés orando, no te representes a Dios como una imagen visible
presente en ti. No permitas que tu inteligencia quiera captar las huellas de una forma
cualquiera: “sé incorpóreo ante Cristo incorpóreo y lo entenderás” 18. Pero este arte ,
como expresión de la espiritualidad bizantina, no se puede separar de la liturgia , de
manera que, junto con el espacio monástico, hay que reconocer otros espacios claves en
los que se manifiesta tal espiritualidad: la celebración litúrgica y el altar eucarístico 19.
El Pseudo Dionisio describió en su "Jerarquía Eclesiástica" el carácter mistérico y
simbólico de la liturgia, lo que da sentido, por ejemplo, a la disciplina que exigía, en la
Celebración , la repartición de funciones sagradas y el alejamiento de los catecúmenos,
de los energúmenos y de los penitentes, antes de iniciarse la plegaria eucarística. En este
misma perspectiva , podemos destacar que , desde el siglo VII, la concepción de Cristo
Pantocrator se integra al culto en un solo misterio: cielo y tierra se funden en un orden
(el altar) que lo abarca todo 20. La vida del cristiano se centra en el altar, lo que se
expresará en el arte, en la iconografía y en la vida devocional.
La Fábula Antoniana
García Colombás caracteriza el ciclo original del monaquismo cristiano, el de los Padres
del Desierto y del primer cenobitismo, por su radicalismo ascético y por el tono
desafiante que su experiencia tuvo para la cristiandad de la época, resumiéndose en él la
sabiduría espiritual y teológica alejandrina y la sencillez de la espiritualidad copta 23.
La historiografía y la patrología coinciden en definir la Vida de San Antonio (VA),
escrita por San Atanasio hacia 360, como la fuente más significativa de este ciclo
fundacional 24. Nuestro propósito es referirnos a este texto, y circunstancialmente al
movimiento que generó, buscando los aspectos que influyen en la configuración de la
espiritualidad bizantina 25. No pretendemos, entonces, realizar un análisis técnico-
documental exhaustivo. Tuvimos la oportunidad de hacerlo con ocasión de nuestro
examen de grado, en 1979, bajo la dirección del Doctor Héctor Herrera 26.
En primer lugar, es preciso señalar que la Vida de San Antonio tiene un importante sello
doctrinal, pues se elabora en el marco de un doble objetivo: por una parte, se trata de
difundir el ideal monástico, pero también fundamentar tal ideal en la ortodoxia
atanasiana. Dado que la hagiografía monástica vino a resaltar, luego de la época del
cristianismo martirial, el monaquismo como un nuevo tipo de martirio (VA, cap. 47-
48), Atanasio asimila el ideal ascético de los anacoretas a la virtud de los mártires y
confesores. En el contexto de “paz para la Iglesia”, que se vive en el período
constantiniano, el monaquismo es un proyecto de radicalización eclesial que se propone,
post época martirial, otro tipo de resistencia y de heroísmo: la conquista de la perfección
(VA, cap. 49-88) en cuanto una anticipación de los goces celestiales. En tal sentido, la
búsqueda de la soledad y del silencio de los anacoretas son una forma de amar; la huída
del mundo es una renuncia al egoísmo de la sociedad, una liberación de la ataduras,
“abandonándose a sí mismo”.
Dado a interesarse por temas no resueltos por el magisterio de la época, Evagrio fue un
escritor polémico y se le sindicó como origenista al morir en 399, y, por tanto,
declarado hereje por el Concilio de Constantinopla (553). A pesar de estos antecedentes,
Evagrio gozó de un significativo reconocimiento en el mundo monástico y distintas
fuentes hacen elogios a su persona y su obra (por ejemplo, la "Historia Lausiaca" y en
los Apotegmas de los Padres) 38. Tanto su "Tratado Práctico" (TP) como las "Bases de
la Vida Monástica" fueron manuales insustituibles de vida ascética. No obstante su
condenación en el Concilio de Constantinopla, sus obras se siguieron difundiendo,
distinguiéndose entre las de carácter dogmático (que se consideraban origenistas) y las
“prácticas”. Casiano difundió el pensamiento de Evagrio sin mencionarlo ni una sola
vez 39. Tendrá influencia, asimismo, en Juan Climaco.
García Colombás considera a Evagrio como uno de los más puros representantes del
monaquismo docto, formado en la escuela capadocia y lector de Orígenes, “pensador
profundo”, lo llama 40. En la síntesis que el mismo García Colombás hace de su
pensamiento, sostiene que para Evagrio, así como para Orígenes, la vida espiritual
consta de dos partes: la ascesis o lucha contra las pasiones y los demonios (practiké) y
la contemplación (gnosis) que consiste en una mística intelectualista. Entre ambas partes
se sitúa la apátheia, entendida como la liberación del dominio de las pasiones, tanto
somáticas como psíquicas, que constituye el término de la vida ascética, y a la vez, su
principio, siendo condición necesaria de la vida mística, señala García Colombás 41.
Este filósofo del desierto (así lo llama García Colombás) contribuyó a la espiritualidad
bizantina primitiva sistematizando la teoría de los ocho logismoi (gula, lujuria, avaricia,
tristeza, cólera, acedia, vanagloria y orgullo), de donde deriva también la clasificación
occidental de los siete pecados capitales. ¿Cómo se constituye en Evagrio esta teoría?:
el término logismoi lo encuentra en Orígenes, pero la clasificación o la lista ordenada de
los “pensamientos” es obra propia de Evagrio 42. No es un mérito menor, sostiene
González Villanueva, pues su fórmula se impuso por su claridad pedagógica y por su
"estrategia de discernimiento" para enfrentar los “pensamientos”. Su fineza psicológica
y su practicidad le dan a la propuesta ascética de Evagrio una gran actualidad y
permanencia en la espiritualidad bizantina. El buen sentido práctico de su obra espiritual
generó, en el ámbito monástico, el interés por recopilar experiencias de vida de los
monjes a la manera de los Apotegmas .
Juan Climaco sostiene que el proyecto del cristiano es imitar a Cristo. En la "Escala
Espiritual" concluye señalando que “El amor es semejanza de Dios”: amar como Dios
nos hace semejantes a El, pues la fe en el Dios Trino es, en Juan, una experiencia vital,
que significa amar y el pleno ejercicio de las virtudes, lo que se recoge en la teología
bizantina como el principio de que la fe significa transitar de la ascesis a la vivencia
mística 57. Su teología es dialéctica: imitar a Cristo es participar de su muerte y
resurrección, es rigor y compasión. Las lágrimas se transforman en gozo. Las lágrimas
son un don de Dios. El séptimo escalón de la Escala Espiritual está enteramente
dedicado a las lágrimas gozosas. El escalón final es la luz de Dios, el brillo del fuego, el
resplandor del rostro de un santo, como Moisés cuando baja del Sinaí. La luz en Juan, y
en la espiritualidad bizantina primitiva es más que un símbolo, significa la experiencia
de la iluminación interior, como Jesús en el Tabor.
Michel de Certeau ha señalado que los santos locos bizantinos fueron precedidos por
una “santa loca”, una arrebatada, que pasa por el desierto de Egipto y es llamada salé, la
idiota, de la cual nos habla Paladio en su "Historia Lausíaca". Esta mujer vaga por un
convento de más de cuatrocientas mujeres, fundado por Pacomio en Mené. Es una
mujer que no tiene nombre en la historia de Paladio,pero que luego tendrá sucesores ya
individualizados en diferentes textos: Marcos el Loco en Alejandría (siglo VI), Simeón
el Loco en Emesa, Siria (siglo VI), Andrés Salos en Constantinopla (siglo IX), entre
otros. Siglos más tarde, esta locura, sube al norte y se hace numerosa 60. ¿Qué
significan para la vida espiritual bizantina estos santos locos?
El pasaje de la obra de Paladio donde se narra la historia de la mujer loca de Mené fue
más tarde titulado “la que finge ser loca": su locura entonces ¿es real o simulada, y si es
simulada cuál es la razón de hacerlo? Para de Certeau la descripción de la loca de
Paladio es la de un desprecio repugnante, de un cuerpo que no se le reconoce sentido, es
una cosa no simbolizable, sin embargo, su función de sirviente de cocina nos remite ,
según el análisis de de Certeau , a un ámbito de servicio; ella (la excluída) permite el
reparto, la circulación y la comunidad 61. Sin embargo, cuando le solicitan la bendición
(bendíceme Madre, dice el monje) ella se retira, respondiendo bendíceme tú. El monje
la coloca en una función central, pero ella rehusa a tomar ese lugar. El monje regresa a
su propio lugar, la mujer queda en la nada, sustraída, desviada, distraída, soñando. De
Certeau dice que esta mujer tal vez esté loca porque se ha perdido en el Otro.
Luego de estas "locas de convento" aparecen otros locos (móroi), idiotas (saloi) y
extravagantes (execheuomenoi). De la historia de la loca de Mené permanece la burla
como tema central, hay una ironía, una paradoja espiritual que es resaltada por la
hagiografía monástica, pero en Bizancio aparecen luego los "locos de ciudad": la
"locura" se asume por algunos monjes o cristianos comunes como un modo de aislarse
de la población. Es una forma de hermetismo, ya no asentada en el desierto, sino en la
ciudad. La locura los aísla más eficazmente que una celda. Simeón de Emesa decía
“Parto para burlarme del mundo”. En la "Historia Eclesiástica", Evagrio cuenta que
Simeón se había entrenado lo suficiente para alcanzar la apatheia y que para que todo le
fuese permitido en Emesa se hace el loco 62. Aún con el hábito, pero remangado,
Simeón se desnuda para entrar al baño de mujeres, finge violar a una mujer, se esfuerza
por pasar por mal cristiano, perturba la liturgia en las iglesias, el jueves santo come
pasteles y carne. Es un provocador, quiere derribar el edificio, dice Evagrio 63. Irrita,
transgrede, se burla.
Sin embargo, es preciso no olvidar que los textos siempre hablan de que simulan locura
65: es decir, están disfrazados, construyen un personaje. Desaparecen de un espacio
público para reaparecer en un espacio negado. Cuestionan las identidades. Borran las
diferencias de sexo (¿hombres o mujeres?) y las del logos (¿sabios o locos?). Evagrio
escribe que “quieren ser hombres con los hombres y mujeres con las mujeres, y
participan en uno y otro sexo sin ser ellos mismos de ninguno” 66. Hay en esto un
secreto. Por ello, de Certeau señala que su estudio debe ser hecho a la manera de una
investigación sobre el silencio y la ausencia 67.
Estudios recientes han releído la tradición de los santos locos como una reaparición del
cinismo griego en la antigüedad tardía y en el mundo bizantino. S. Matton ha sostenido
que existen semejanzas entre cinismo y monaquismo. Cita a Juliano cuando desprecia a
los monjes de la Tebaida por su parecido a los cínicos 68. Desde la perspectiva de esta
recuperación de la “razón cínica” en el cristianismo antiguo, los monjes locos son
reconocidos por su humor ácido y su crítica rebelde y radical, y seguidores fieles de la
naturaleza, que se mofan de las penas y preocupaciones ajenas con total desvergüenza,
liberados de toda sujeción institucional, que predican la autosuficiencia, la austeridad
extrema y la extravagancia para alcanzar la tranquilidad de ánimo y la vida feliz. Los
cínicos son "perros" (kúon), símbolos para los griegos de una vida expresiva propia y
soberana y de la risa sabia ante los vaivenes de la fortuna 69.
Michel Foucault hablará del cinismo como una forma de filosofía en la que el modo de
vivir y el sincero discurso acerca de la verdad están entrelazados. El cínico es el hombre
auténtico y que rechaza la ética impuesta, valorando lo “esencial” y rechazando los usos
comunes como sospechosos de una mala manera de vivir. Por ello, construyen sus vidas
fuera de las normas , son anormales (e-normes) y alitúrgicos. Ellos elaboran su propia
escenografía de vida para hacer visible la verdad, que se manifiesta principalmente en el
cuerpo 70, lo que se vincularía con la tradición ascética cristiana monástica que ha
colocado el cuerpo en el centro de su fábula mística.
En la "Vida de Simeón el Loco" escrita por Leoncio (VS), el santo loco, aparece
vinculado al monaquismo, se resaltan sus virtudes ascéticas y se produce en él un
cambio, una especie de conversión a una vida distinta, que consiste en adoptar este
disfraz de locura (“loco por la causa de Cristo”, VS 145-168), para luchar contra la
vanagloria y para practicar la caridad. Simeón se ve como otro Cristo, que entra a la
ciudad asumiendo una ridiculez, que en algo se parece a la manera como es recibido
Cristo en su entrada en Jerusalén: la gente duda, sospecha y se ríe de él. La acción de
Simeón se desarrolla en la ciudad. Va arrastrando un perro muerto, como queriendo
decir que ha muerto el cínico pagano (el perro) y que es él el nuevo cínico, el cínico
cristiano. Se mueve entre el ágora, las tiendas y las calles donde identifica demonios
(VS, 147, 153 y 157); pero su espacio principal está entre los pobres y los más
despreciados de la ciudad: los actores, las prostitutas, los hechiceros, los judíos, los
herejes. Circula en varios lugares y esta movilidad impresiona a los habitantes de
Emesa. Cambia de barrio, a fin de que olviden sus buenas costumbres. A veces deja la
ciudad y se retira a su cabaña donde ejercita prácticas ascéticas severas.
Evagrio había señalado que los monjes locos provenían de los monjes herbívoros del
desierto, de los cuales sólo unos pocos lograban la apatheia. Ante tal situación vuelven
a las ciudades y sin abandonar sus prácticas ascéticas, que son secretas, se hacen pasar
por locos, pisoteando la vanagloria de sus propias virtudes. En el ámbito sirio, los santos
locos son menos radicales y practican la caridad, aunque Leoncio nos presenta la figura
de Simeón como un loco muy teatral, provocador y rico en lenguaje corporal 72. Los
santos locos vienen a la ciudad a provocar con su locura una especie de contra cultura.
En este sentido, conservan el carácter crítico del primer movimiento monástico cristiano
(el monaquismo del Desierto). Los santos locos moderan el extremismo ascético pero
radicalizan sus teatralidades espirituales quedando atrapados o sujetos a una percepción
ambigua en la sociedad y en la Iglesia.
Palabras Finales
Fuentes:
“La Voz del Desierto. El Legado Espiritual de los Eremitas Cristianos”, Introducción y
redacción de José Martorell, Arca de Sabiduría, Madrid, 1997.
Bibliografía
Codina, Víctor, “Los Caminos del Oriente Cristiano. Iniciación a la Teología Oriental”,
Sal Terra, Maliaño, 1997.
Jedin, Hubert, “Manual de Historia de la Iglesia”, Vol. II, Herder, Barcelona, 1979.
Plazaola, Juan, “Historia y Sentido del Arte Cristiano”, BAC, Madrid, 1996.
NOTAS
4 Ibid, p. 32.
8 Mango, Cyril, “El Santo”, en Cavallo, Guglielmo y otros, “El Hombre Bizantino”,
Alianza, Madrid, 1994, pp. 319 y ss.
9 Citado por García Colombás, “El Monacato Primitivo”, BAC, Madrid, 1998, p. 541.
12 Plazaola, Juan, “Historia y Sentido del Arte Cristiano”, BAC, Madrid,1996, pp. 115
y ss.
17 Ibid, p. 127.
20 Ibid, p. 160.
26 Hemos usado en este trabajo la “Vida de San Antonio”, traducida al castellano desde
la versión de Evagrio por los Monjes de la Isla Liquiña, en Cuadernos Monásticos,
1975.
28 Ibid.
31 Ibid, p. 33.
32 Ibid, p. 35
38 Ibid, p. 35.
39 Ibid, p. 35.
41 Ibid, p. 425.
46 Ibid, p. 85.
50 Ibid, p. 509.
52 Ibid, p. 511.
53 San Juan Climaco, “La Escala Espiritual. Introducción y Notas de Teodoro Martín",
Sígueme, Salamanca, 1998.
55 Ibid, p. 8.
56 Ibid, p. 12.
57 Ibid, p. 17.
61 Ibid, p. 47.
62 Ibid, p. 54.
64 Ibid, p. 55.
69 García, Carlos, “La Actualidad de los Cínicos”, en Bracht Branham, R. y otros, nota
69, pp 1 y ss.
70 Citado por Schmid, Wilhen, “En Busca de un Nuevo Arte de Vivir. La Pregunta por
el Fundamento y la Nueva Fundamentación de la Etica en Foucault, Pretextos,
Valencia, 2002, pp. 238 y siguientes.
71 Palmer, José Simón, “El Lenguaje Corporal de Simeón de Emesa. Loco por Causa
de Cristo”, en Bádenas, Pedro y otros (eds), nota 27, p. 101.
75 Ibid, p. 64 y ss.