Pierre Bourdieu - Fichamento Esboço de Autoanalise
Pierre Bourdieu - Fichamento Esboço de Autoanalise
Pierre Bourdieu - Fichamento Esboço de Autoanalise
CAMPO - “Em vez de validar modismos, juntou munição para o exame das
condições sociais necessárias à produção dos bens culturais, buscando situar
obras, autores e públicos num espaço de concorrência pela legitimidade, no
interior do qual as agendas temáticas, os estilos e linguagens discursivos, os
repertórios conceituais, as preferências disciplinares, as tomadas de posição
políticas, em suma, quaisquer traços pertinentes desses intelectuais referiam-
se à posição relativa de que desfrutavam no espaço especializado de produção
cultural, ora designado pelo conceito-chave de campo” p.14-15
“[...] uma espécie de parvenu, para usar um termo dele, o qual teve de se
distanciar das origens para fazer valer o cabedal conquistado na marra, até
galgar o cimo do reconhecimento por meio da eleição para o Collège de
France. Ele se saiu bem nessa empreitada de fazer justiça a si mesmo, àquele
menino provinciano, àquele rapaz amargurado, àquele normalista inseguro
quanto ao rumo a tomar, juntando as liberdades do discurso indireto livre às
agruras dessas personas” p.17
“Seu desconforto naquele episódio expressa a que ponto se sentia dilacerado
diante da instituição escolar, varado por uma briga interna sem trégua entre o
rompimento e a redenção, tomado pela incerteza em torno do próprio
reconhecimento e crivado por uma dúvida excruciante sobre o
desenraizamento” p.18
“Ora, eu sei, e não farei nada para escondê-lo, que na realidade fui
descobrindo aos poucos os princípios que guiavam minha prática, mesmo no
terreno da pesquisa” p. 38
“[...] posso dizer que me construí, ao sair do universo escolar, e para daí sair,
contra tudo aquilo que para mim representava o empreendimento sartriano. O
que eu menos apreciava em Sartre era tudo o que fez dele não apenas o
‘intelectual total’, mas o intelectual ideal, a figura exemplar do intelectual e, em
particular sua contribuição sem equivalente para a mitologia do intelectual livre,
que lhe garante o reconhecimento eterno de todos os intelectuais” p.56
“E não existe filósofo, escritor ou mesmo jornalista que, por mais minúsculo que
seja, não se sinta autorizado a dar aula ao sociólogo, sobretudo, claro, quando
se trata de arte ou de literatura, achando-se no direito de ignorar as conquistas
mais elementares da sociologia, ainda quando se trata de falar do mundo
social, ou não esteja profundamente convicto de que, qualquer que seja o
problema, cumpre ‘ir além da sociologia ‘ ou ‘superar a explicação puramente
sociológica’, como se tal superação estivesse ao alcance do recém-chegado”
p.68
“Mas todas essas causas e razões não bastam para explicar de verdade meu
investimento total, um tanto insano, na pesquisa. Decerto, tal impetus
encontrava seu princípio na própria lógica da pesquisa, geradora de questões
sempre novas, bem como no prazer e nas alegrias extraordinários que propicia
o mundo encantado e perfeito da ciência” p.96
p.115-121 – o internato
p.118-9 – rebeldia
“[...] recebi, acredito, mais de trezentas ao longo de minha escolaridade) [...]”
p.118
“Mas esse habitus clivado, produto de uma ‘conciliação dos contrários’ que
induz à ‘conciliação dos contrários’, só se manifesta com tanta nitidez no estilo
próprio da minha pesquisa, no tipo de objetos que me interessam, na minha
maneira de abordá-los” p.125-126