Spread Legs Birds

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CORRECÇÃO DE “SPLAY-LEG” ATRAVÉS DE IMOBILIZAÇÃO COM

TALA EM “U”: DESCRIÇÃO DE DOIS CASOS CLÍNICOS


Gonçalves, I.¹; Ribeiro, S.¹; Patrício, R.¹
¹ All Pets - Clínica Veterinária de Tires. Avenida Amália Rodrigues nº189, 2785-613 São Domingos de Rana, Portugal

Introdução Fundamento Teórico


“Splay-leg” ou “spraddle leg” é a O príncipio desta técnica baseia-se na utilização de uma tala em “U”.
denominação comum dada à subluxação As vantagens desta são a capacidade de se adaptar ao tamanho de
coxofemoral que se encontra descrita em cada paciente, evita a abdução dos membros e tem a particularidade
aves exóticas, suínos neonatos, aves de de impedir também a rotação destes. Na utilização de talas de
produção e lagomorfos. Esta deformidade alumínio, estas são mais rígidas, sofrendo menos dano causado pelo
anatómica pode ser uni ou bilateral e tem animal, mantendo melhor a sua forma original, e o interior com espuma previne o trauma
como factores predisponentes, entre dos tecidos. Como desvantagens, a sua utilização é limitada em aves de maior porte e em
outros, a falta de tracção no ninho por animais já adultos, especialmente psitacídeos, pois têm tendência para destruir o dispositivo
ausência ou défice de substrato, a e por serem aves que dificilmente ficam imóveis.
inactividade devido a ambiente escuro, a
pressão exercida pelos progenitores sobre a
cria e a nutrição inadequada. Técnicas utilizadas por outros autores
Este trabalho descreve dois casos clínicos
de aves nas quais foi diagnosticada a
doença e se optou pela imobilização dos
membros pélvicos com recurso a uma tala
em “U” adaptada ao tamanho de cada
animal. Em ambos os casos os tutores
A B C D
optaram por não realizar Raio-X por Fig. 1 – A) Peia (Doneley 2016; Worell 2012); B) Fita adesiva ou Vetrap (Doneley 2016);
questões monetárias. C) Depressores de língua (Worell 2012); D) Bloco de esponja (Athan 1997; Doneley 2016).
Fontes: Referências na Bibliografia

Caso 1
Melopsittacus undulatus jovem com “splay-leg” bilateral, sem rotação. O dispositivo de
imobilização foi mantido durante três semanas e os membros foram avaliados
semanalmente para evitar trauma dos tecidos e dermatite na zona em contacto com o
adesivo. O dono não compareceu na consulta de reavaliação final, mas referiu, por
chamada telefónica, que o animal obteve um recuperação perfeita e sem recidivas.
Fig. 2 – Apresentação inicial do Fig. 3 – Após a colocação do
Melopsittacus à consulta. dispositivo em “U”.
Caso 2
Agapornis roseicollis com 25 dias de idade com “splay-leg” bilateral e rotação femoral e tibiotársica esquerda.
Recorreu-se à imobilização externa utilizando uma tala em “U” em alumínio. Ao 19º dia de tratamento a tala foi removida e foi colocada uma peia,
pois ainda se verificava abdução dos membros, com correcção da posição das falanges utilizando palmilhas de cartão fixadas com adesivo. Após 2
dias, o animal apresentava bom equilíbrio postural e tentativas bem-sucedidas de locomoção, tendo sido removidas as palmilhas de cartão no 26º
dia de tratamento. Ao 47º dia o animal tinha capacidade de se manter de pé no poleiro, apesar de ainda demonstrar alguma lateralidade na
postura, mantendo-se ainda a peia. Ao 55º dia o animal foi enviado para casa sem peia, de modo a exercitar os músculos evitando atrofia
muscular. Por fim, ao 63º dia de tratamento, o animal teve alta clínica, com recuperação completa da subluxação e rotação dos membros pélvicos.

Fig. 4 – Progressão do tratamento ao longo de 63 dias.

Dias 0 19 26 47 55 63
Conclusão
Em ambos os casos foram corrigidas tanto as subluxações coxofemorais como a rotação tibiotársica, pelo que podemos considerar este método
uma terapêutica eficaz para o tratamento correctivo de “splay-leg” em aves. No primeiro caso a resolução foi mais célere, devido ao facto de o
esqueleto do animal já se encontrar completamente desenvolvido e este apresentar apenas subluxação coxofemoral. No segundo caso a rotação
tibiotársica conduziu a um tempo de tratamento mais longo. O diagnóstico precoce, a idade do animal e o acompanhamento regular pelo Médico
Veterinário são factores fundamentais para o sucesso deste tratamento, assim como o compromisso e cooperação por parte do tutor.

Athan, M., (1997). Guide to the Quaker Parrot. pp. 100. | Azmanis, P. N., Wernick, M. B. & Hatt, J. M. (2014). Avian luxations: occurrence, diagnosis and treatment. Veterinary Quarterly 34, pp. 11-21. DOI: 10.1080/01652176.2014.905731 | Doneley, B., (2016). Avian Medicine and Surgery in Practice: Companion
and Aviary Birds. (2ª edição) pp. 207-209 | Jepson, L., (2016). Exotic Animal Medicine: A Quick Reference Guide. (2ª edição) p. 308 | Worell, A., (2012). Current trends in Avian Pediatrics. Journal of Exotic Pet Medicine, 21, pp. 115-123. DOI: 10.1053/j.jepm.2012.02.011.
Fontes das Imagens: Fig.1 - A) https://aevaveterinaria.es/index.php/component/k2/13-splay-leg; B) https://naturalchickenkeeping.blogspot.pt/2013/01/chick-health-is-it-splay-spraddle-leg.html; C) http://newblvdmaster.powweb.com/apm/worell-article.htm; D) http://birdsplanet.com/forum/showthread.
php?41156-Treatment-of-Splayed-Legs.; Todas as fotografias dos casos foram obtidas na Clínica Veterinária de Tires.

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