A Prudência Segundo Tomás de Aquino
A Prudência Segundo Tomás de Aquino
A Prudência Segundo Tomás de Aquino
V. 2 0 N . 62 (1993).
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TOMÁS DE AQUINO
Summary: Prudence according to Saint Thomas Aquinas. Starting from the Christian
tradition and using the aristotelian analysis in book V I of Nicomachean Ethics,
Thomas Aquinas builds in questions 47 to 56 of the I l a Ilae an 'exposé' about
the virtue of prudence whose characteristics are systematicity and coherence.
The first of these questions, with 16 articles, contains the substance of these
questions. We propose here a reading of question 47 that tries to show the
main articulations of the text of Saint Thomas Aquinas and his possible
virtualities for an ethic reflection.
Key-words: Prudence, practical reason, wisdom, action, decision.
1) Definição de prudência
R. A . Gauthier'2 considera que toda esta construção de Tomás de 12. Ethique à Nicomaque, i,
Aquino constitui, no f i m das contas, uma completa desfiguração P P 275-283.
Aristóteles está presente Sto. Agostinho a diversos títulos. Pro- prudence chez Aristote, pp.
106-117.
vém dele, por exemplo, a dupla constituída pelo uso (uti) e a
fruição ifrui): usamos dos meios pra fruirmos os fins. São tam-
bém de origem agostiniana o consentimento (consensus), bem como
a intenção (intentio) e a vontade (voluntas), aliás distinguidos de
modo pouco preciso (a intenção diria respeito mais aos fins e
vontade aos meios). Além do mais, Tomás de Aquino se serve
de uma sistematização anterior, feita por São João Damasceno,
em tradução de Burgúndio de Pisa entre 1149 e 1150, tradução
esta que comportava certos problemas, que irão pesar no uso
que dela fez Tomás de Aquino'**. 18. Cf. D O M LOTTIN, "La
psychologie de Tacte
h u m a i n chez Saint Jean
U m segundo aspecto a se ter em conta é a determinação de qual
D a m a s c è n e et les t h é o -
seja o tipo de ordem em que se encadeiam as etapas da ação logiens d u X I I I siècle
humana. Trata-se de uma ordem ou seqüência genética, psicoló- Occidental", in Psychologie et
morale, Tome 1, pp. 393-424.
gica, cronológica ou, ao contrário, de uma ordenação lógica,
estrutural? Uma tomada de posição quanto a esta questão reper-
cute sobre u m terceiro tópico muito debatido entre os intérpre-
tes de Tomás de Aquino: a identificação ou não do ato próprio
da prudência (o preceito) com o império tratado na Ia Ilae, q. 17.
A este respeito, cabe perguntar primeiramente por que Tomás
3. As divisões da prudência
28. A este respeito ver J. De u m modo global, a temática dos artigos 10-12 da q. 47 é
BRUNSCHWIG, "L'esclavage retomada na q. 50. Nesta se estuda, além da prudência política
chez Aristote", in Cahiers
Philosophiques , 1 (1979), pp. (tanto do governante [a. 1], como do governo [a. 2]), a prudência
20-31. doméstica (a. 3) e a prudência mihtar (a. 4).
Á guisa de conclusão
Endereço do autor:
R. Mateus G r o u , 345
05415-050 — São Paulo -SP