Introdução A Energia Eólica PDF
Introdução A Energia Eólica PDF
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Rui Castro recebeu em 1985, 1989 e 1994 no Instituto Superior Técnico da Uni-
versidade Técnica de Lisboa os graus de Licenciado, Mestre e Doutor em Enge-
nharia Electrotécnica e de Computadores, respectivamente.
Rui Castro
[email protected]
http://energia.ist.utl.pt/ruicastro
Foto da capa: Aerogeradores de 2 MW num parque offshore de 40 MW na Dinamarca (Fonte: Bonus Energy A/S)
ÍNDICE
1. INTRODUÇÃO 6
1.1. Enquadramento Geral 6
1.3. Estado-da-Arte 12
1.4. Offshore 15
1.5. Custos 16
1.6. Ambiente 18
2. RECURSO EÓLICO 20
2.1. Atlas de Vento 20
2.1.1. O Atlas Europeu de Vento 20
2.1.2. O Atlas Europeu de Vento Offshore 22
2.1.3. O Atlas Português de Vento 23
4. TECNOLOGIA 68
4.1. Componentes do Sistema 68
4.1.1. Rotor 69
4.1.2. Cabina 71
4.1.3. Torre 72
4.2. Aerodinâmica 73
4.2.1. Optimização da conversão 73
4.2.2. Forças actuantes na pá 75
5. ANEXOS 90
6. BIBLIOGRAFIA 92
6.1. WWW 92
6.2. Tradicional 93
Introdução 6
1. INTRODUÇÃO
No princípio do segundo milénio, fontes energéticas como o vento, a água e a le-
nha dominavam a produção de calor e de força motriz. Em épocas mais recentes,
as novas fontes – o carvão, o petróleo, o gás e o nuclear – substituíram estas fon-
tes tradicionais, em particular nos países que se foram industrializando.
A energia eólica é hoje em dia vista como uma das mais promissoras fontes de
energia renováveis, caracterizada por uma tecnologia madura baseada princi-
palmente na Europa e nos EUA. As turbinas eólicas, isoladas ou em pequenos
grupos de quatro ou cinco, e, cada vez mais, em parques eólicos com quarenta e
cinquenta unidades, são já um elemento habitual da paisagem de muitos países
europeus, nomeadamente a Alemanha, Dinamarca, Holanda e, mais recentemen-
te, o Reino Unido e a Espanha. Nos EUA, a energia eólica desenvolveu-se princi-
palmente na Califórnia (Altamont, Tehachapi e San Gorgonio) com a instalação
massiva de parques eólicos1 nos anos 80.
Pode verificar-se que em onze anos foram instalados no mundo mais de 110 GW
de potência eólica, a esmagadora maioria dos quais na Europa (65 GW actual-
mente na Europa dos 27).
STATISTICS
WORLD-WIDE
Latest up-date: March 4, 1998
TOP-10 INSTALLED CAPACITY
COUNTRY MW COUNTRY MW
GERMANY ** 2.096 U.K.* 330
Installed
Capacity Av. Ann. National Targets 2009 *
Electricity
To-Day production Coverage (GW, TWh, Expected
MW (to-day) % electricity)
Country GWh % 2010 2020 2008
1 2 3 4 5 6 7 8
1. U.S.A. 26.170 50.000 1,5 7.000 8.311
17. Australia
more details 1.306 530 482
18. Sweden 1.021 4 2.000 1 30 TWh 250 236
19. Turkey 383 20 GW 600 191
20. Norway 436 10 TWh 2 28
21. Taiwan 358 3 GW 81
22. Brasil 341 390 2,2 GW 700 94
23. Egypt 365 7,2 GW 65 55
24. Poland 472 2 GW 200 196
Fig 1. EU-27 Cumulative Installed Capacity (EWEA) Fig 2. World-Wide Annual Installed Capacity
Por forma a atingir o seu objectivo, a Directiva propõe que “seja exigido aos Esta-
dos–Membros que estabeleçam metas indicativas nacionais para o consumo de
electricidade produzida a partir de fontes de energia renováveis” compatíveis com
os “compromissos nacionais assumidos no âmbito dos compromissos relativos às
alterações climáticas aceites pela Comunidade nos termos do Protocolo de Quioto”.
Introdução 10
Estes resultados poderiam levar a pensar que o recurso eólico no Continente era
escasso e, portanto, não valia a pena ser explorado. A explicação não é, no entan-
to, esta. Na verdade, o facto de a tecnologia das pequenas centrais hidroeléctricas
ser uma tecnologia madura, que beneficiou da experiência adquirida com os
grandes aproveitamentos hidroeléctricos, e, ainda, o facto de os recursos hidroló-
gicos serem bem conhecidos, tornaram esta forma de conversão de energia muito
atraente. No pólo oposto encontrava-se a energia eólica: conhecimento limitado do
potencial eólico, tecnologia ainda em desenvolvimento, experiência reduzida com
a tecnologia actual dos aerogeradores e, consequentemente, uma difícil avaliação
dos riscos por parte dos potenciais produtores.
Os dados disponíveis mais recentes indicam que no final de 2008, a potência total
instalada em aproveitamentos eólicos em Portugal é de cerca de 3.000 MW, espe-
rando-se a instalação de mais 900 MW em 2009. A situação actual é de grande
dinamismo no sector, registando-se um número de pedidos de licenciamento de
novas instalações que excede largamente o potencial técnico do recurso eólico.
Introdução 12
1.3. ESTADO-DA-ARTE
Na sequência do choque petrolífero de 1973 muitos países iniciaram programas
de investigação e desenvolvimento no âmbito do aproveitamento da energia do
vento para produção de electricidade.
A experiência de operação acumulada com esta turbina, e com mais quatro entre-
tanto instaladas entre 1977 e 1980, permitiu concluir acerca da viabilidade da
sua exploração em modo abandonado.
Figura 4: Relação entre o diâmetro típico do rotor e a potência nominal da turbina [DanishAssoc].
1.4. OFFSHORE
Uma das áreas onde se registarão maiores avanços será certamente a instalação
de turbinas no mar (offshore). A tendência para o aumento da potência unitária,
em conjunto com um melhor conhecimento da tecnologia das fundações das tur-
binas no mar e das condições de vento no local, está a contribuir para tornar mais
competitiva esta forma de aproveitar a energia do vento em condições ambientais
diferentes.
A operação dos parques não tem sido problemática o que tem contribuído para
aumentar as esperanças no offshore, esperando-se que, a prazo, a maior produti-
vidade destes aproveitamentos compense o sobreinvestimento inicial.
1.5. CUSTOS
Os custos associados à instalação de aproveitamentos eólicos dependem funda-
mentalmente dos custos de instalação e do tipo de tecnologia usada, sendo, por
isso, muito variáveis em função das fundações, acessos, transporte, ligação à
rede, número de turbinas, altura do rotor, tipo de gerador, sistema de controlo ...
Introdução 17
150
70 €/MWh
0
1500 2000 2500 3000 3500
Utilização anual da potência instalada (h)
Figura 7: Custo médio anual actualizado do MWh; a = 7%, n = 15 anos, dom = 1%It.
1.6. AMBIENTE
Embora à energia eólica estejam associados benefícios ambientais significativos
do ponto de vista da emissão de substâncias nocivas à atmosfera, existem outros
aspectos ligados com a preservação do ambiente que não podem ser negligencia-
dos. É indispensável que os projectos sejam adequadamente integrados na paisa-
gem e desenvolvidos em colaboração com as comunidades locais, para manter o
apoio da opinião pública a esta forma de energia.
O impacto visual das turbinas é uma questão de gosto pessoal: há quem considere
que as turbinas se integram harmoniosamente na paisagem e quem considere a
sua presença intrusiva. Vale a pena mencionar, contudo, que os postes que supor-
tam as linhas de transporte de energia, e que existem um pouco por toda a parte,
são, pelo menos, igualmente intrusivos.
relacionado com o movimento das pás no ar. Embora existam no mercado turbi-
nas de baixo ruído5, é inevitável a existência de um zumbido, principalmente a
baixas velocidades do vento, uma vez que a altas velocidades do vento o ruído de
fundo se sobrepõe ao ruído das turbinas.
Por outro lado, o uso da terra não fica comprometido com a instalação de turbinas
eólicas, uma vez que apenas uma pequena percentagem do espaço onde é instala-
do o parque eólico fica efectivamente ocupado.
5Nos sistemas que operam a velocidade variável, o gerador é de baixa rotação e a caixa de veloci-
dades é dispensada.
Recurso Eólico 20
2. RECURSO EÓLICO
Os ventos são causados por diferenças de pressão ao longo da superfície terrestre,
devidas ao facto de a radiação solar recebida na terra ser maior nas zonas equa-
toriais do que nas zonas polares. A origem do vento é, portanto, a radiação solar.
Uma avaliação correcta do potencial eólico com vista à produção de energia eléc-
trica tem de basear-se em medidas de vento efectuadas especificamente para esse
efeito. Esta não era a situação à data da elaboração dos primeiros estudos. Na
verdade, os registos existentes eram provenientes de estações meteorológicas, as
quais estão associadas à medição de dados para a aviação, agricultura, previsão
do tempo, mas não para avaliação do potencial. Acresce que estas estações não
estão normalmente localizadas nos sítios mais favorecidos do ponto de vista eóli-
co, pelo que a extrapolação dos registos meteorológicos conduziu à avaliação por
defeito do recurso.
Na Europa, uma das primeiras acções com vista à correcção desta situação foi a
publicação, em 1989, do Atlas Europeu do Vento [WindAtlas]. Os dados foram ob-
tidos a partir de estações meteorológicas seleccionadas, sendo depois corrigidos,
embora de forma grosseira, para ter em conta os efeitos da topografia, e, final-
mente, extrapolados para outras áreas.
Recurso Eólico 21
6 Para a Noruega, Suécia e Finlândia os resultados referem-se a um estudo mais recente, tendo
sido calculados para a altura de 45 m em terreno aberto.
Recurso Eólico 22
O recurso eólico offshore está mapeado no Atlas Europeu de Vento Offshore [Win-
dAtlas], representado na Figura 9.
Pode observar-se que o recurso mais significativo se encontra em redor das ilhas
Britânicas, que pode atingir, a 100 m de altura, velocidades médias anuais supe-
riores a 10 m/s. Isto explica o interesse manifestado pelo Reino Unido no aprovei-
tamento deste tipo de energia eólica.
7Como exemplo regista-se o vento Mistral do sul de França e os ventos sazonais que caracterizam
as ilhas Gregas.
Recurso Eólico 23
m/s
10
9.5
9
8.5
8
Latitude (N ; WGS84)
7.5
7
6.5
6
5.5
5
4.5
4
3.5
3
2.5
2
1.5
1
0.5
0
Longitude (E ; WGS84)
12
10
Velocidade média horária (m/s)
0
0 6 12 18
Horas
a)
16
14
Velocidade média horária (m/s)
12
10
0
0 24 48 72 96 120 144
Horas
b)
Recurso Eólico 26
16
14
Velocidade média horária (m/s)
12
10
0
0 168 336 504 672
Horas
c)
u( t ) = u + u' ( t ) equação 1
A velocidade média é calculada com base num período que caia dentro do vazio
espectral, tipicamente entre 20 minutos e 1 hora, e representa o regime quase-
estacionário9 de energia disponível para a turbina. A turbulência também afecta
a energia disponível, mas de forma indirecta, uma vez que a turbina não reage a
flutuações rápidas na velocidade ou na direcção do vento.
9 No sentido em que as variações são lentas, quando comparadas com as variações associadas à
turbulência.
10 Ver Capítulo 3.
Recurso Eólico 29
O problema está em definir a largura da faixa delimitada por esses valores. Se for
demasiado apertada, poder-se-á correr o risco de pesar excessivamente velocida-
des do vento que ocorrem poucas vezes. Se for demasiado larga, é provável que
não se contabilizem valores que têm um peso significativo na distribuição de ve-
locidades. É costume encontrar na literatura especializada o valor de 1 m/s para
a largura desta banda, designada habitualmente por classe de vento.
16%
14%
12%
Frequência de ocorrência
10%
8%
6%
4%
2%
0%
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25
Velocidade do vento (m/s)
Figura 13: Frequência de ocorrência da velocidade do vento (%), obtida a partir de dados reais.
k⎛u⎞
k −1
⎧⎪ ⎡⎛ u ⎞k ⎤ ⎫⎪
f(u) = ⎜ ⎟ exp⎨− ⎢⎜ ⎟ ⎥ ⎬ equação 2
c⎝c⎠ ⎪⎩ ⎣⎢⎝ c ⎠ ⎦⎥ ⎪⎭
∞
uma = ∫ u f ( u ) d u equação 3
0
Recurso Eólico 31
umax
uma = ∑ u f(u)
u =0
equação 4
⎛ 1⎞
uma = cΓ⎜1 + ⎟ equação 5
⎝ k⎠
⎡ ⎛ 2 ⎞ ⎛ ⎛ 1 ⎞ ⎞2 ⎤
σ = c ⎢Γ⎜1 + ⎟ − ⎜⎜ Γ⎜1 + ⎟ ⎟⎟ ⎥
2 2
equação 6
⎢⎣ ⎝ k ⎠ ⎝ ⎝ k ⎠ ⎠ ⎥⎦
Exemplo EOL 1
Relacione as características da velocidade do vento – média anual e desvio padrão – com os parâ-
metros c e k da função densidade de probabilidade de Weibull. Para o efeito trace a função de Wei-
bull e calcule a média anual e o desvio padrão da velocidade do vento para a) c = 8 m/s e k1 = 2;
k2 = 2,5; k3 = 3; b) k = 2,3 e c1 = 7 m/s; c2 = 8 m/s; c3 = 9 m/s.
Resolução:
a)
Verifica-se que k influencia essencialmente o desvio padrão, sendo este parâmetro tomado habitual-
mente como uma medida da dispersão da velocidade do vento no local. Para o mesmo valor do pa-
râmetro c, a velocidade média anual aumenta ligeiramente com k, aproximando-se do valor de c, mas
o desvio padrão diminui acentuadamente. No limite, o gráfico apresentaria apenas um pico localizado
em u = 8 m/s, o que significaria que a velocidade do vento seria sempre constante.
11 A função Gamma pode ser obtida no Excel® através do comando EXP(GAMMALN(x)) e no Ma-
tlab® através de gamma(x).
Recurso Eólico 32
c=8m/s
k=2 k=2,5 k=3
15
0
0 5 10 15 20 25 30
Velocidade do vento (m/s)
k
c=8m/s
2 2,5 3
uma 7,09 7,10 7,14
σ 3,71 3,04 2,60
b)
k=2,3
c=7m/s c=8m/s c=9m/s
15
Densidade de probabilidade de Weibull (%)
12
0
0 5 10 15 20 25 30
Velocidade do vento (m/s)
c
k=2,3
7m/s 8m/s 9m/s
uma 6,20 7,09 7,97
σ 2,86 3,27 3,68
Observa-se que a influência de c se estende principalmente à média anual, sendo este parâmetro
tomado habitualmente como uma medida do “vento” disponível no local. No entanto, é aparente que o
desvio padrão também aumenta com o parâmetro c, o que significa que quanto maior for o valor de c,
mais larga é a banda de variação da velocidade do vento, diminuindo, por isso, a sua confiabilidade.
x0
F( x ) = 1 − ∫ f ( x ) dx equação 7
−∞
dF( x )
f ( x) = − equação 8
dx
⎧⎪ ⎡⎛ u ⎞k ⎤ ⎫⎪
F( u ) = exp⎨− ⎢⎜ ⎟ ⎥ ⎬ equação 9
⎪⎩ ⎣⎢⎝ c ⎠ ⎦⎥ ⎪⎭
Y = AX + B equação 10
em que:
Recurso Eólico 34
k=A
⎛ B⎞ equação 12
c = exp⎜ − ⎟
⎝ A⎠
Exemplo EOL 2
Medições efectuadas num determinado local, conduziram à distribuição da velocidade média horária
do vento (função densidade de probabilidade) indicada na tabela seguinte:
Resolução:
a)
Em primeiro lugar, é necessário calcular a probabilidade acumulada F(u), usando a equação 7. Para
o efeito, pode recorrer-se, por exemplo, ao método de integração trapezoidal, de que se recorda a
expressão geral:
F( t ) = ∫ f ( t ) dt
f (t 0 )
F( t 0 ) =
2
f ( t i − ∆t ) + f ( t i )
F( t i ) = F( t i − ∆t ) + ∆t
2
Na Fig. C representa-se a função linearizada (Y,X) correspondente à equação 10. O declive da recta
é A = 1,93 e a ordenada na origem é B = –4,18. Os parâmetros da função de Weibull são k = 1,93 e
c = 8,70 m/s.
Recurso Eólico 35
2
Y=ln[-ln(F(u))]
0
0,0 1,0 2,0 3,0
-2
-4
-6
X=ln(u)
Pode observar-se que a função obtida não é linear, mas sim aproximadamente linear. Tal deve-se ao
facto de se ter usado um passo de integração de 1 m/s, que é manifestamente elevado.
Esta é também a causa de os resultados obtidos para os parâmetros da função de Weibull constituí-
rem uma aproximação dos “verdadeiros” parâmetros. Com efeito, a função densidade de probabilida-
de dada no enunciado foi construída a partir de uma função de Weibull caracterizada por k = 2 e
c = 8,46 m/s. A velocidade média correspondente é uma = 7,50 m/s ( Γ⎛⎜1 + 1 ⎞⎟ = π = 0,8862 ).
⎝ 2⎠ 4
b)
A velocidade média anual estimada é uma = 7,72 m/s ( Γ(1 + 1 1,93 ) = 0,8869 ).
π u ⎡ π ⎛ u ⎞2 ⎤
f(u) = exp⎢− ⎜⎜ ⎟⎟ ⎥ equação 13
2 uma 2 ⎢⎣ 4 ⎝ uma ⎠ ⎥⎦
Uma aplicação útil da distribuição de Rayleigh ocorre na fase em que não se dis-
põem de dados experimentais e se pretende caracterizar sumariamente um local,
unicamente a partir da velocidade média anual.
Exemplo EOL 3
Resolução:
uma 2
c= = uma
⎛ 1⎞ π
Γ⎜ 1 + ⎟
⎝ 2⎠
⎧ ⎡⎛ ⎫
u π ⎞⎟ ⎤ ⎪
2
π u π ⎪
f(u ) = exp⎨− ⎢⎜⎜ ⎟
⎥⎬
uma 2uma ⎪⎩ ⎢⎣⎝ 2uma ⎠ ⎥⎦ ⎪⎭
π u ⎡ π ⎛ u ⎞2 ⎤
= exp ⎢− ⎜⎜ ⎟⎟ ⎥
2 uma 2 ⎢⎣ 4 ⎝ uma ⎠ ⎥⎦
⎡ π ⎛ u ⎞2 ⎤
F( u ) = exp ⎢− ⎜⎜ ⎟ ⎥
4 ⎝ uma ⎟⎠ ⎥
⎣⎢ ⎦
A região da camada limite atmosférica que se estende até uma altura de cerca de
100 metros – a chamada camada superficial12 – é a zona de interesse para as tur-
binas eólicas. Nesta zona, a topografia do terreno e a rugosidade do solo condicio-
nam fortemente o perfil de velocidades do vento, que pode ser adequadamente
representado pela lei logarítmica de Prandtl:
u* ⎛ z ⎞
u( z ) = ln⎜ ⎟ equação 14
k ⎜⎝ z 0 ⎟⎠
⎛ z ⎞
ln⎜⎜ ⎟⎟
= ⎝ 0⎠
u( z ) z
equação 15
u( zR ) ⎛z ⎞
ln⎜⎜ R ⎟⎟
⎝ z0 ⎠
Floresta 10-1 1
Centro da cidade 1 4
Exemplo EOL 4
Obtenha a variação da velocidade média do vento em função da altura, para os seguintes valores do
comprimento característico da rugosidade do solo: z0 = 10-2 m (relva baixa); z0 = 5*10-2 m (relva alta);
z0 = 10-1 m (terreno com árvores).
Resolução:
Tomando zR = 10 m e u(zR) = 10 m/s e substituindo valores na equação 15, obtêm-se os valores que
permitem construir a Fig. D.
16
14
12
10
u(z) (m/s)
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
z (m)
-2 -2 -1
Fig. D: Velocidade média em função da altura; z0=10 m; z0=5*10 m; z0=10 m; zR=10m; u(zR)=10m/s.
Esta característica da velocidade do vento é importante para o projecto das turbinas eólicas. Por
exemplo, para z0 = 5*10-2 m, considerando uma turbina típica de 1.000 kW com uma torre de cerca de
60 m de altura e um rotor com 60 m de diâmetro, pode verificar-se que quando a ponta da pá está na
posição superior a velocidade média do vento é 14,1 m/s, enquanto que quando está na posição infe-
rior é 12,1 m/s.
[ ]
t +T 2
1 0
∫
2
σ u2 = u' 2 = u( t ) − u dt equação 16
T t 0 −T 2
σu
Iu = equação 17
u
Recurso Eólico 41
Como a variância varia mais lentamente com a altura do que a velocidade média,
resulta que a intensidade da turbulência normalmente decresce com a altura.
Experiências realizadas revelaram que a relação σu ≈ 2,5u* (recorda-se que u* é a
1
Iu ( z ) = equação 18
⎛ z ⎞
ln⎜⎜ ⎟⎟
⎝ z0 ⎠
Exemplo EOL 5
Resolução:
0,5
0,4
0,3
Iu(z)
0,2
0,1
0,0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
z (m)
-2 -2 -1
Fig. E: Intensidade da turbulência em função da altura;. z0 = 10 m; z0 = 5*10 m; z0 = 10 m.
Pode verificar-se que a intensidade da turbulência diminui com o comprimento característico da rugo-
sidade do solo, isto é, quanto mais livre de obstáculos for o terreno, menor será a turbulência.
2.5.1. Obstáculos
AT
p = 1− equação 19
A ef
em que AT é a área total ocupada pelo objecto e Aef é a sua área efectiva. Por
exemplo, um edifício tem porosidade nula; a porosidade das árvores varia entre o
verão e o inverno de acordo com a quantidade de folhas.
Outro aspecto a considerar é o chamado efeito de esteira. Uma vez que uma tur-
bina eólica produz energia mecânica a partir da energia do vento incidente, o
vento que “sai” da turbina tem um conteúdo energético muito inferior ao do vento
que “entrou” na turbina. De facto, na parte de trás da turbina forma-se uma es-
teira de vento turbulento e com velocidade reduzida relativamente ao vento inci-
dente. A Figura 16 foi obtida injectando fumo branco no ar que passa através da
turbina para mostrar a situação que se descreveu.
É por esta razão que a colocação das turbinas dentro de um parque eólico tem de
ser efectuada de modo criterioso (Figura 17). É habitual espaçar as turbinas de
uma distância entre cinco e nove diâmetros na direcção preferencial do vento e
entre três e cinco diâmetros na direcção perpendicular. Mesmo tomando estas
medidas, a experiência mostra que a energia perdida devido ao efeito de esteira é
de cerca de 5%.
• Os vales são normalmente locais com menos vento, embora, por vezes,
possam ocorrer efeitos de concentração local.
Idealmente, a caracterização do recurso eólico num local deve ser feita com base
em medições realizadas em vários pontos da zona envolvente e ao longo de um
número significativo de anos. Na prática, a falta de tempo e de recursos financei-
ros leva a que as decisões sejam muitas vezes baseadas num único registo medido
ao longo de apenas um ano.
Recurso Eólico 46
A medição do vento deve ser efectuada a uma altura próxima da altura a que vai
ficar o cubo do rotor da turbina. Por forma a permitir correlacionar os dados do
local com os registos existentes em estações meteorológicas próximas, ou para es-
timar o comprimento característico da rugosidade do solo – z0 –, é desejável uma
medida adicional à altura normalizada de 10 metros.
A frequência de amostragem depende do uso que vai ser feito dos dados. Tipica-
mente usam-se frequências da ordem das décimas ou unidades de Hertz, e as
médias horárias são feitas com base em médias em intervalos de 10 minutos.
1 2
A partir dos dados reais pode encontrar-se a distribuição de Weibull que melhor
se ajusta, permitindo descrever o perfil de ventos através de uma expressão ana-
lítica, o que pode ter interesse. Naturalmente que dispondo de dados reais fiáveis,
a utilidade das distribuições analíticas é limitada.
O modelo numérico mais usado na Europa é o WAsP – Wind Atlas Analysis and
Application Programme13 que foi desenvolvido na altura da elaboração do Atlas
Europeu do Vento.
13 Consultar http://www.wasp.dk.
Recurso Eólico 51
Por forma a validar o modelo WAsP têm sido realizados vários estudos de compa-
ração entre resultados teóricos previstos com o modelo e resultados experimen-
tais obtidos por medição. A principal conclusão é que o modelo apresenta projec-
ções aceitáveis em terrenos planos ou pouco inclinados; grandes elevações ou ter-
renos complexos, onde a dinâmica do escoamento é crucial, não são adequada-
mente descritos com o WAsP, uma vez que as previsões são demasiadamente
grosseiras para serem aceitáveis.
Energia Eléctrica Produtível 52
1 1
Pdisp = (ρAu)u2 = ρAu3 equação 20
2 2
5000
4000
Densidade de potência (W/m2)
3000
2000
1000
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
Velocidade do vento (m/s)
u1 + u2
mr = ρA equação 21
2
Energia Eléctrica Produtível 54
1
Pr =
2
u + u2 2
ρA 1
2
(
u1 − u2 =
2
)
equação 22
1 ⎛ u2 ⎞ 2 ⎛ u2 2 ⎞
= ρAu1⎜⎜1 + ⎟⎟u1 ⎜⎜1 − 2 ⎟⎟
4 ⎝ u1 ⎠ ⎝ u1 ⎠
1 ⎛ u2 ⎞⎛⎜ u2 ⎞⎟
2
Pr
= 1+⎜ ⎟ 1− equação 23
Pdisp 2 ⎜⎝ u1 ⎟⎠⎜⎝ u12 ⎟⎠
0,7
0,6 X
0,5
Pr/Pdisp
0,4
0,3
0,2
0,1
0
0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1
u2/u1
Pm
C'p (u) = equação 24
Pdisp
Pe
Cp (u) = equação 25
Pdisp
As turbinas eólicas são projectadas para gerarem a máxima potência a uma de-
terminada velocidade do vento. Esta potência é conhecida como potência nominal
e a velocidade do vento a que ela é atingida é designada velocidade nominal do
vento. Esta velocidade é ajustada de acordo com o regime de ventos no local, sen-
do habitual encontrar valores entre 12 a 15 m/s.
14 Power coefficient.
Energia Eléctrica Produtível 56
Devido à lei de variação cúbica da potência com a velocidade do vento, para velo-
cidades abaixo de um certo valor15 (normalmente, cerca de 5 m/s, mas depende do
local) não interessa extrair energia.
Pela mesma razão, para valores superiores à velocidade do vento nominal16 não é
económico aumentar a potência, pois isso obrigaria a robustecer a construção, e,
do correspondente aumento no investimento, apenas se tiraria partido durante
poucas horas no ano: assim, a turbina é regulada para funcionar a potência cons-
tante, provocando-se, artificialmente, uma diminuição no rendimento da conver-
são.
700
600
500
Potência eléctrica (kW)
400
300
200
100
0
0 5 10 15 20 25 30
Velocidade do vento (m/s)
umax
umax
Ea = ∑ f ( u )P ( u )
u0
r e equação 27
to: fr ( u ) = 8760 f ( u ) .
u
⎡ P (i) + Pe (i − 1) ⎤
Ea = 8760 ∑ ⎢(F(i − 1) − F(i)) e
max
⎥ equação 28
i =u1 ⎣ 2 ⎦
Energia Eléctrica Produtível 58
Exemplo EOL 6
Considere-se um local com velocidade média anual do vento igual a 7,5 m/s, cujo perfil de ventos é o
representado na tabela seguinte:
Para instalar naquele local, tome-se um sistema de conversão de energia eólica de potência eléctrica
igual a 500 kW, diâmetro das pás do rotor igual a 40 m, cuja característica se encontra representada
na tabela seguinte:
Calcular: a) O valor esperado da energia eléctrica produzida anualmente e a utilização anual da po-
tência instalada; b) A variação do CP com a velocidade do vento; c) A curva de duração anual de po-
tência.
Resolução:
a)
Para uma visualização mais apelativa, a Fig. F e a Fig. G mostram a representação gráfica da fre-
quência relativa de ocorrência da velocidade média do vento e da característica eléctrica do aeroge-
rador de 500 kW, respectivamente.
Energia Eléctrica Produtível 59
1000
888
863 864
801
648
605
600
497
463
393
400
300
241
222
200 158
110
73
48
30 18 11 6 3 2 1
0
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25
Velocidade do vento (m/s)
503 504 504 504 505 505 506 506 506 500 500
494 501
500
463
407
400
Potência eléctrica (kW)
323
300
234
200
162
108
100
66
36
15
0 0 4
0
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25
Velocidade do vento (m/s)
A multiplicação, para cada velocidade média do vento, das características representadas na Fig. F e
na Fig. G origina o valor esperado para a energia eléctrica produzida por velocidade média do vento,
representado na Fig. H.
A soma, para todas as velocidades médias do vento, dá o valor esperado para a energia eléctrica
produzida anualmente, a partir do qual se calcula a utilização anual da potência instalada.
250 000
201.916
195.372
181.892
200 000
166.386
Energia eléctrica (kWh)
148.139
130.005
150 000
110.949
93.322
100 000
79.674
58.335
55.217
37.017
50 000
30.649
24.005
15.148
11.753
9.240
5.482
3.154
2.590
1.757
939
493
0
0
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25
Velocidade do vento (m/s)
Dependendo das condições de vento no local, é relativamente comum obter valores de utilização
anual da ordem de 2.000 a 3.000 horas.
Pode verificar-se que a velocidade média do vento que ocorre mais vezes é u1 = 6 m/s, mas a veloci-
dade média do vento associada a uma maior produção de energia é u2 = 11 m/s; u2 é a velocidade
média do vento que maximiza o produto fr(u)Pe(u).
b)
O coeficiente de potência CP calcula-se pela equação 25, sendo o numerador obtido da característica
eléctrica do aerogerador e o denominador dado pela equação 20 (tomou-se ρ = 1,225 kg/m e
3
0,5
0,42 0,42
0,41 0,41
0,40 0,40
0,4
0,37
0,35
0,30
0,29
0,3
Cp
0,24
0,19 0,19
0,2
0,16
0,13
0,11
0,10
0,1 0,08
0,07
0,06
0,05
0,05 0,04
0,00 0,00
0,0
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25
Velocidade do vento (m/s)
O valor máximo do coeficiente de potência deste aerogerador é 0,42 (correspondente a 71% do limite
de Betz), atingido à velocidade média do vento de 10 m/s. Para velocidades médias compreendidas
entre 5 m/s e 12 m/s a turbina funciona com valores de CP superiores a 0,35 (83% do valor máximo).
Energia Eléctrica Produtível 61
De acordo com a tabela da frequência de ocorrência dada no enunciado, aquelas velocidades ocor-
rem durante 5.621 horas por ano (64% do ano), o que atesta bem a qualidade das modernas turbi-
nas.
c)
A curva de duração anual de potência indica em abcissa o número de horas por ano que a potência
indicada em ordenadas é atingida ou excedida. Esta curva é obtida combinando a característica eléc-
trica do sistema eólico (Fig. G) com a frequência relativa de ocorrência (Fig. F) de modo a eliminar a
velocidade média do vento. O número de horas que cada potência é atingida por ano é depois soma-
do, para se obter o efeito acumulado – potência atingida ou excedida (ver Fig. J).
983 494
Fig. J: Curva de duração anual de potência.
A Fig. J permite tirar algumas conclusões interessantes, que naturalmente se aplicam apenas ao
caso em estudo:
• A potência nominal é atingida apenas 683 horas num ano (7,8% do número total de ho-
ras).
• O aerogerador está parado 21 horas no ano (0,24%), devido a velocidade do vento ex-
cessiva, e 704 horas no ano (8%), devido a velocidade do vento insuficiente.
Exemplo EOL 7
Considere um sistema de conversão de energia eólica de 660 kW, com 3 pás de 47 m de diâmetro e
uma altura da torre de 40 m.
A característica eléctrica do aerogerador pode ser expressa através da seguinte função analítica,
para u em m/s e P em kW.
P=0 0≤u≤3
P = −1,1039u 3 + 29,081u 2 − 161,8u + 257,69 4 ≤ u ≤ 14
P = 660 15 ≤ u ≤ 25
P=0 u ≥ 26
Energia Eléctrica Produtível 62
A velocidade média anual do vento medida à altura de 10 m é 6,65 m/s e o solo onde o aerogerador
está instalado apresenta uma rugosidade equivalente de 3x10-2 m.
Resolução:
a)
A velocidade média anual do vento à altura de 40 m, calcula-se pela Lei de Prandtl fazendo
uma(10m) = 6,65 m/s, z = 40 m, z0 = 0,03, zR = 10 m:
b)
O aerogerador funciona a potência constante para velocidades compreendidas entre 15 m/s e 25 m/s,
inclusive, produzindo, anualmente, a energia Ea2.
25
E a 2 = Pnom * 8760 * ∑ f (u)
u =15 , sendo f(u) a função densidade de probabilidade de Rayleigh.
π u ⎡ π⎛ u ⎞
2
⎤
f (u) = exp⎢− ⎜⎜ ⎟⎟ ⎥
⎢⎣ 4 ⎝ uma ⎥⎦
2
2 uma ⎠
Uma primeira aproximação do valor de Ea2 é 502.080 kWh, o qual se obtém somando os termos
E2(u) que constam da tabela seguinte.
c)
O valor de Ea2 pode ser refinado calculando o integral pelo método de integração trapezoidal, uma
vez que está disponível a expressão analítica de f(u).
25
E a 2 = Pnom * 8760 * ∫ f (u)du
15
Energia Eléctrica Produtível 63
O cálculo conduz ao valor de Ea2 = 500.873 kWh o que não traz um acréscimo de precisão assinalá-
vel, devido ao comportamento praticamente constante da função de Rayleigh nesta zona de veloci-
dades do vento. A tabela seguinte mostra os detalhes do cálculo.
d)
O integral a calcular é:
8760 × 660 × ∫ f (u)du = 8760 × 660 × [1 − F(u)]15 = 8760 × 660 × (F(15) − F(25))
25 25
15
⎡ π ⎛ u ⎞2 ⎤
F(u) = exp⎢− ⎜⎜ ⎟⎟ ⎥
⎢⎣ 4 ⎝ uma ⎠ ⎥⎦
Repare-se que o mesmo resultado se obtém através da utilização da equação 28, isto é:
25
Ea 2 = 8760 × 660 × ∑ (F(i − 1) − F(i)) = 8760 × 660 × (F(15) − F(25))
i=16
Problema EOL 1.
A velocidade do vento de arranque (cut-in wind speed) é u0 = 4 m/s e a velocidade do vento de para-
gem (cut-out wind speed) é umax = 24 m/s.
Para velocidades do vento compreendidas entre u0 e unom, considera-se que a potência eléctrica
varia com o cubo da velocidade do vento, desde zero até à potência nominal, podendo ser calculada
através da expressão aproximada:
Pe (u) =
20
(u − 4)3 para P em kW e u em m/s.
63
Para velocidades do vento compreendidas entre unon e umax, o aerogerador é regulado para funcio-
nar à potência nominal de 20 kW.
Energia Eléctrica Produtível 64
O conversor eólico é montado num local onde a densidade de probabilidade da velocidade do vento,
à altura do rotor da turbina, é dada pela equação:
u
ln(10) − 15 para u em m/s.
f (u) = 10
15
Calcule: a) o rendimento aerodinâmico, Cp, à potência nominal; considere que a massa específica do
ar é ρ = 1,23 kg/m3; b) uma estimativa da energia eléctrica anual produzida (sugestão: use o método
de integração trapezoidal); c) uma estimativa da energia eléctrica anual não produzida devido à turbi-
na não funcionar para além de umax.
Recorde:
a mx
∫ a dx = +C
mx
m ln a
x n a mx n
∫ x a dx = m ln a − m ln a ∫ x a dx
n mx n−1 mx
Solução:
a) Cp(10) = 0,3077
Problema EOL 2.
Considere um sistema de conversão de energia eólica de 660 kW, com 3 pás de 47 m de diâmetro e
uma altura da torre de 40 m.
Calcule: a) a velocidade média anual do vento; b) estimativa da produção anual de energia eléctrica e
da utilização anual da potência instalada; c) o valor de Cp à velocidade do vento de 10 m/s.
Energia Eléctrica Produtível 65
Solução:
c) Cp(10) = 37,5%
Problema EOL 3.
A função densidade de probabilidade da velocidade média do vento, à altura do rotor, no local onde
se pretende instalar o aerogerador pode ser aproximada por uma distribuição de Weibull, em que o
parâmetro de escala é c = 7,45 m/s e o parâmetro de forma é k = 1,545.
O solo onde o aerogerador será instalado apresenta uma rugosidade equivalente z0 = 10-2 m.
Solução:
Considere um gerador eólico de potência nominal igual a 2.000 kW, com 3 pás de 80 m de diâmetro e
uma altura da torre de 78 m. As velocidades médias do vento de arranque, nominal e de paragem
são, respectivamente, 4 m/s, 15 m/s e 25 m/s.
Pretende-se instalar este aerogerador num local em que a distribuição dos ventos, à altura do rotor,
pode ser representada por uma função de Weibull com parâmetros k=1,75 e c=6,67 m/s. Considere
que, na gama habitual de variação do parâmetro k, o valor da função Gamma no ponto (1+1/k) é
aproximadamente igual a 0,9.
Recorde que, em média, se pode afirmar que a potência média anual de um aerogerador é igual a
cerca de um terço da potência nominal do mesmo.
Solução:
a) Cp (15) = 19,17%
Num local em que o regime de ventos é bem representado pela distribuição de Rayleigh e em que a
velocidade média anual do vento é uma sabe-se que:
A potência média anual disponível no vento por unidade de área varrida pelas pás é dada por:
cpm = –0,045uma+0,65.
Energia Eléctrica Produtível 67
Pretende-se instalar um parque eólico constituído por 10 geradores eólicos distanciados de sete e
quatro diâmetros na direcção predominante do vento e na direcção perpendicular, respectivamente.
Considere que, mesmo assim, as perdas por efeito de esteira são 5%.
Solução:
a) z0 = 0,019 m
c) Ea = 64.873,74 MWh
d) E_Pn = 7,33% Ea
Tecnologia 68
4. TECNOLOGIA
Legenda: 1 – pás do rotor; 2 – cubo do rotor; 3 – cabina; 4 – chumaceira do rotor; 5 – veio do rotor;
6 – caixa de velocidades; 7 – travão de disco; 8 – veio do gerador; 9 – gerador; 10 – radiador de
arrefecimento; 11 – anemómetro e sensor de direcção; 12 – sistema de controlo; 13 – sistema hi-
dráulico; 14 – mecanismo de orientação direccional; 15 – chumaceira do mecanismo de orientação
direccional; 16 – cobertura da cabina; 17 – torre.
18 Nacelle.
Tecnologia 69
4.1.1. Rotor
Em relação à superfície de ataque do vento incidente nas pás, o rotor pode ser co-
locado a montante ou a jusante19 da torre. A opção upwind, em que o vento ataca
as pás pelo lado da frente, generalizou-se devido ao facto de o vento incidente não
ser perturbado pela torre. A opção downwind, em que o vento ataca as pás pelo
lado de trás, permite o auto alinhamento do rotor na direcção do vento, mas tem
vindo a ser progressivamente abandonada, pois o escoamento é perturbado pela
torre antes de incidir no rotor.
Define-se solidez20 como sendo a razão entre a área total das pás e a área varrida
pelas mesmas. Se o diâmetro e a solidez das pás forem mantidos constantes, o
rendimento aumenta com o número de pás: isto acontece, porque diminuem as
chamadas perdas de extremidade.
Por outro lado, é necessário que o cubo do rotor (local de fixação das pás) possa
baloiçar21, isto é, que apresente um ângulo de inclinação relativamente à verti-
cal22, de forma a acomodar os desequilíbrios resultantes da passagem das pás em
19 Upwind ou Downwind.
20 Solidity.
21 Teetering hub.
22 Tilt angle.
Tecnologia 70
A vida útil do rotor está relacionada com os esforços a que fica sujeito e com as
condições ambientais em que se insere. A selecção dos materiais usados na cons-
trução das pás das turbinas é, pois, uma operação delicada: actualmente, a esco-
lha faz-se entre a madeira, os compostos sintéticos e os metais.
Os compostos sintéticos constituem os materiais mais usados nas pás das turbi-
nas eólicas, nomeadamente, plásticos reforçados com fibra de vidro23. Estes mate-
riais são relativamente baratos, robustos, resistem bem à fatiga, mas, principal-
mente, são facilmente moldáveis, o que é uma vantagem importante na fase de
fabrico. Sob o ponto de vista das propriedades mecânicas, as fibras de carbono
constituem a melhor opção. Contudo, o seu preço elevado é ainda um obstáculo
que se opõe a uma maior difusão.
No grupo dos metais, o aço tem sido usado, principalmente nas turbinas de maio-
res dimensões. Contudo, é um material denso, o que o torna pesado. Em alterna-
tiva, alguns fabricantes optaram por ligas de alumínio que apresentam melhores
propriedades mecânicas, mas têm a desvantagem de a sua resistência à fadiga se
deteriorar rapidamente.
4.1.2. Cabina
O veio principal de baixa rotação transfere o binário primário do rotor para a cai-
xa de velocidades. Neste veio estão montadas as tubagens de controlo hidráulico
dos travões aerodinâmicos25 (se forem necessários – ver adiante).
24 Yaw.
25 Spoilers.
Tecnologia 72
É, ainda, necessário que o rotor fique alinhado com a direcção do vento, de modo
a extrair a máxima energia possível. Para executar esta função, existe o meca-
nismo de orientação direccional, constituído essencialmente por um motor, o qual,
em face da informação recebida de um sensor de direcção do vento, roda a nacelle
e o rotor até que a turbina fique adequadamente posicionada.
4.1.3. Torre
A torre suporta a nacelle e eleva o rotor até uma cota em que a velocidade do ven-
to é maior e menos perturbada do que junto ao solo.
As torres modernas podem ter sessenta e mais metros de altura, pelo que a estru-
tura tem de ser dimensionada para suportar cargas significativas, bem como para
resistir a uma exposição em condições naturais ao longo da sua vida útil, estima-
da em cerca de vinte anos.
Os fabricantes têm-se dividido entre dois tipos de torres: tubulares (Figura 27a) e
entrelaçadas (Figura 27b).
Tecnologia 73
a)
b)
Para fabricar as torres tubulares pode usar-se aço ou betão, sendo, normalmente
os diversos troços fixados no local com uma grua. Estas torres são mais seguras
para o pessoal da manutenção, que pode usar uma escada interior para aceder à
plataforma da nacelle.
As torres entrelaçadas são mais baratas, as fundações são mais ligeiras e o efeito
de sombra da torre é atenuado; contudo, têm vindo a ser progressivamente aban-
donadas especialmente devido a questões ligadas com o impacto visual.
4.2. AERODINÂMICA
ωTR
λ= equação 29
u
Tal consonância não é possível nos sistemas eólicos em que o gerador está direc-
tamente ligado à rede de frequência fixa que impõe, no caso do gerador assíncro-
no, uma velocidade aproximadamente constante. A consequência é que estes sis-
temas operam muitas vezes em regimes de funcionamento não óptimos.
⎛ 116 ⎞ ⎛ 12,5 ⎞
CP = 0,22⎜⎜ − 5 ⎟⎟ exp⎜⎜ − ⎟⎟
⎝ λi ⎠ ⎝ λi ⎠
equação 30
1
λi =
1
− 0,035
λ
Exemplo EOL 8
Resolução:
0,5
0,4
0,3
Cp
0,2
0,1
0
0 2 4 6 8 10 12 14
Lambda
A geometria das pás do rotor, cuja secção recta tem a forma de um perfil alar, de-
termina a quantidade de energia que é extraída a cada velocidade do vento. A
Figura 29 ilustra as forças presentes num elemento do perfil alar.
Tecnologia 76
φ
D
N φ
N = L sin( φ) − D cos( φ)
equação 31
T = L cos( φ) + D sin( φ)
L
CL = 1
2
ρu 2 A
equação 32
D
CD = 1 2
2
ρu A
a) b)
30 Stall.
Tecnologia 79
Esta tarefa de regulação pode ser efectuada por meios passivos, isto é, desenhan-
do o perfil das pás de modo a que entrem em perda aerodinâmica – stall – a par-
tir de determinada velocidade do vento, sem necessidade de variação do passo, ou
por meios activos, isto é, variando o passo das pás – pitch – do rotor.
As turbinas stall têm as pás fixas, ou seja não rodam em torno de um eixo longi-
tudinal. Relativamente ao esquema da Figura 29, o ângulo de passo β é constan-
te. A estratégia de controlo de potência assenta nas características aerodinâmicas
das pás do rotor que são projectadas para entrar em perda a partir de uma certa
velocidade do vento.
Uma vez que as pás estão colocadas a um dado ângulo de passo fixo, quando o
ângulo de ataque aumenta para além de um certo valor, a componente de susten-
tação diminui, ao mesmo tempo que as forças de arrastamento passam a ser do-
minantes. Nestas condições, a componente T da força que contribui para o binário
diminui (equação 31): diz-se, neste caso, que a pá entrou em perda (de sustenta-
ção). Note-se que o ângulo de ataque aumenta quando a velocidade do vento au-
menta, porque o rotor roda a uma velocidade constante (Ut é constante na Figura
29).
⎛ 116 ⎞ ⎛ 12,5 ⎞
CP = 0,22⎜⎜ − 0,4β − 5 ⎟⎟ exp⎜⎜ − ⎟⎟
⎝ λi ⎠ ⎝ λi ⎠
1 equação 33
λi =
1 0,035
−
λ + 0,08β β3 + 1
Exemplo EOL 9
Trace a variação de CP com λ, parametrizada para β = 0, β = 10º e β = 25º, usando a expressão ana-
lítica da equação 33.
Resolução:
0,5
0,4
0,3
Cp
0,2
0,1
0
0 2 4 6 8 10 12 14
Lambda
A Fig. L mostra claramente que, para um dado ângulo do passo da pá do rotor, β, existe um valor de
velocidade específica, λ, que maximiza CP. Por outro lado, conclui-se que o rendimento aerodinâmico
máximo é obtido com β = 0 e que o mesmo rendimento diminui com o aumento do ângulo de passo β.
Aliás, a equação 30 foi obtida fazendo β = 0 na equação 33.
45
40
35
30
25
θ
20
15
10
0
3 8 13 18 23
v [m/s]
Um gerador eólico com velocidade variável não pode ser directamente interligado
com um sistema de energia eléctrica caracterizado por possuir uma frequência
constante, pelo que se recorre a sistemas de conversão corrente alterna-
da / corrente contínua / corrente alternada (CA/CC/CA) por forma a realizar esta
ligação.
Vantagens e inconvenientes
A favor da solução “pitch” jogam, por exemplo, o bom controlo de potência, para
todas as gamas de variação da velocidade do vento. Na Figura 32 comparam-se as
curvas de potência de turbinas eólicas “stall” e “pitch”: é visível que o sistema de
variação do passo permite o controlo de potência muito mais fino.
Por outro lado, a variação do ângulo de passo permite também a redução dos es-
forços de fadiga com vento muito forte, porque, nessa situação, a pá apresenta
uma menor superfície frontal em relação ao vento.
1100
1000
900
Potência eléctrica (kW)
800
700
600
500
10 12 14 16 18 20 22 24 26
Velocidade do vento (m/s)
Figura 32: Curvas de potência: pitch (Bonus) e stall (NEG Micon e Nordex) [DanishAssoc].
Uma diferença fundamental entre as turbinas stall e pitch relaciona-se com a ca-
pacidade de auxílio nos processos de arranque e paragem.
colocar as pás na posição ideal para esse efeito, a chamada posição de bandeira,
pelo que é exigido um sistema complementar de travagem por meios aerodinâmi-
cos, por exemplo, deflexão de spoilers.
Nos últimos anos, o conceito CSCF tem vindo a ser progressivamente abandonado
e a ser substituído pelo chamado conceito VSCF33, com o objectivo de maximizar o
aproveitamento da energia eólica.
Nas antigas rodas de água, contudo, a água chegava às pás segundo uma direcção
perpendicular ao eixo de rotação da roda. As turbinas de eixo vertical37 apresen-
tam um princípio de funcionamento semelhante.
• simplicidade na concepção
a) b)
Figura 34: Microgeradores eólicos: (a) Cabo Verde, 500 W; (b) Holanda, 5 kW [Ropatec].
Tecnologia 89
5. ANEXOS
Anexo 1: Classificação do vento [DanishAssoc].
Roughness Lengths
Rough- Rough- Energy
ness ness Index Landscape Type
Class Length m (per cent)
0 0.0002 100 Water surface
Completely open terrain with a
smooth surface, e.g.concrete
0.5 0.0024 73
runways in airports, mowed grass,
etc.
Open agricultural area without
fences and hedgerows and very
1 0.03 52
scattered buildings. Only softly
rounded hills
Agricultural land with some
houses and 8 metre tall sheltering
1.5 0.055 45
hedgerows with a distance of
approx. 1250 metres
Agricultural land with some
houses and 8 metre tall sheltering
2 0.1 39
hedgerows with a distance of
approx. 500 metres
Agricultural land with many
houses, shrubs and plants, or 8
2.5 0.2 31 metre tall sheltering hedgerows
with a distance of approx. 250
metres
Villages, small towns, agricultural
land with many or tall sheltering
3 0.4 24
hedgerows, forests and very
rough and uneven terrain
3.5 0.8 18 Larger cities with tall buildings
Very large cities with tall
4 1.6 13
buildings and skycrapers
Definitions according to the European Wind Atlas, WAsP.
6. BIBLIOGRAFIA
6.1. WWW
[AWEA] AWEA - American Wind Energy Association, http://www.awea.org
[ILSE] ILSE – The Interactive Learning System for Renewable Energy, Institute of
Electrical Power Engineering, Renewable Energy Section, Technical Univer-
sity of Berlin (TU-Berlin), http://emsolar.ee.tu-berlin.de/~ilse/
6.2. TRADICIONAL
[Castro] Rui Castro, “Controlo de Aerogeradores para Produção Descentralizada”, IST,
Junho 1987.
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