Psicologia Taoista Final 3 PDF
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Psicologia Taoista Final 3 PDF
Porto Alegre,
2014.
1
Porto Alegre,
2014.
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BANCA EXAMINADORA
Wu Jyh Cherng
2008
Yin Fu Ching – Tratado sobre a União Oculta de Huang Di, o Imperador Amarelo.
4
RESUMO
O Taoísmo é uma tradição filosófico-espiritual que nasceu na China há prováveis 4.700 anos,
através da obra do Imperador Amarelo, Qi Shing Huang Di. As obras mais conhecidas do
Cânon Taoísta são o Tao Te Ching de Lao Tsé, o I-Ching de Fu Hsi, o Yin Fu Ching e o Nei
Jing Su Wen de Huang Di, além do Nan Hua Ching de Chuang Tsé. As principais práticas
taoístas são a meditação, o Chi Kung, as artes marciais internas (como Tai Chi Chuan, Pa Kua
Chang e o Hsing-I Chuan) que são parte da Alquimia Interna, ou Nei Jing. Assim como a
abordagem da Psicologia Transpessoal pode favorecer, e de fato favorece, a compreensão do
Taoísmo por nós ocidentais, diversos insights oriundos da Alquimia Interna podem ampliar a
gama conceitual e a prática da psicoterapia de orientação transpessoal. O objetivo deste
estudo é, portanto, apresentar e desenvolver conceitualmente os primeiros insights oriundos
da Alquimia Interna Taoísta que podem ampliar a gama conceitual e a prática da Psicoterapia
de orientação Transpessoal. Para tal, foi realizada uma pesquisa bibliográfica, com
levantamento conceitual e posterior análise que permitiu unir, em um único modelo, a noção
de estados holotrópicos e hilotrópicos, evolução e involução da Consciência, teoria dos Cinco
Movimentos, fases arquetípicas, matrizes perinatais, do desenvolvimento e quadrantes da
realidade. O diálogo entre Psicologia Transpessoal e Taoísmo revela que as várias dimensões
do paciente podem ser correlacionadas em um padrão completo a partir da percepção de
como os Elementos estão afetando sua saúde, relações, metas, sonhos e outros.
ABSTRACT
Taoism is a philosophic-spiritual tradition that born in China around 4.700 years ago, through
the works of the Yellow Emperor Qi Shing Huang Di. The central books of the Taoist canon
are Lao Tsé’s Tao Te Ching, o Fu His’s I-Ching, Huang Di’s Yin Fu Ching and Nei Jing Su Wen,
and Chuang Tsé’s Nan Hua Ching. The main Taoist practices are meditation, Chi Kung,
internal martial arts (as Tai Chi Chuan, Pa Kua Chang and Hsing-I Chuan) that are part of the
Inner Alchemy or Nei Jing. The approach of Transpersonal Psychology made ease to
comprehend the Taoism by the occidentals and the insights came from the Inner Alchemy
could amplify the concepts and psychotherapeutic practices of the therapist with transpersonal
orientation. The objective of this study is to show and develop concepts that could amplify
the background of Transpersonal Psychology with insights from the Taoist Inner Alchemy. A
bibliographic research was done to operationalize the Transpersonal Psychology concepts with
an analyses that result in a model that unify in a single model holotropic and hilotropic states,
evolution and involution of consciousness, theory of Five Movements, archetypal stages,
perinatal matrices, human development and the wilberian four quadrants. The dialogue
between Transpersonal Psychology and Taoism reveals that the various dimension of the
patient can be correlated to a complete pattern that emerges from the way the Elements are
affecting health, relations, achievement, dreams and others.
KEY WORDS: Transpersonal Psychology; Taoism; Inner Alchemy; Meditation; Chi Kung.
6
SUMÁRIO
1 Introdução 7
Referências 33
7
1 Introdução
1 Mestre em Ciências do Movimento Humano, Bacharel em Educação Física, Professor de Karate-Do Shotokan (2º
Dan) e Instrutor de Tai Chi Chuan e Chi Kung, Facilitador do Movimento Guerreiros do Coração, Facilitador de
Terapias com Estados Ampliados de Consciência, Aprendiz e Focalizador da Turma XII de Estudos Avançados em
Psicologia Transpessoal da Unipaz-Sul.
2 Como nos alerta Blofeld (1986).
3 A palavra Chi Kung é formada por Chi (energia vital) e Kung (treinamento prolongado, ou cultivo). Refere-se á
ideia de práticas com as quais, por um longo tempo, restabelecemos as funções corporais, emocionais, mentais e
espirituais, armazenando em nós as energias da Terra (espaço, lugares), do Cosmo (o plano humano, a vida) e do
Céu (tempo, toda a multiplicidade arquetípica que rege os ritmos vitais). O objetivo do Chi Kung é cultivar a
energia interna e aprender a não perder Chi para o meio externo, conquistando assim a saúde e a longevidade,
fluindo com o Tao através dos ciclos naturais.
8
especialmente nas concepções astrológicas. Mesmo assim nos dão o panorama geral de como
essa tradição se desenvolveu nas culturas do Extremo Oriente.
Assim como a abordagem da Psicologia Transpessoal pode favorecer, e de fato
favorece, a compreensão do Taoísmo por nós ocidentais, diversos insights oriundos da
Alquimia Interna podem ampliar a gama conceitual e a prática da psicoterapia de orientação
transpessoal. É curioso também o fato de que não há material desenvolvido acerca da relação
entre Taoísmo, Tai Chi Chuan ou Chi Kung e Psicologia Transpessoal entre as temáticas de
Trabalhos de Conclusão de Curso do curso de Estudos Avançados em Psicologia Transpessoal
da Unipaz-Sul, apesar de haver um bom número de publicações aproximando a Psicoterapia e
a Psicologia do Tao, o que também justifica a realização deste estudo.
Desde a publicação de “O Tao da Física” de Fritjof Capra, que acabou se tornando um
best-seller mundial, vários autores resolveram explorar a relação entre o Taoísmo e outras
áreas do conhecimento. Apesar de algumas incursões não terem sido tão bem sucedidas,
também tivemos uma ótima literatura produzida abordando o diálogo entre o Tao e a
Psicologia. Entre os principais títulos deste segmento estão os livros que relacionam Taoísmo e
a Psicologia Analítica de Carl Jung como: “O Tao e a Psicologia” (BLÓISE, 2000), “Unindo o
Céu e a Terra” (COLEGRAVE, 1992) e “Porta para Todas as Maravilhas” (CHIA; HUANG,
2004). Lembramos aqui também o artigo de Coward (1996) que defende que o background
da psicologia junguiana é o Taoísmo (o autor defende que conceitos chave como
sincronicidade, sombra, circum-ambulação e self foram extraídos por Jung diretamente do
Taoísmo, entendendo que ideias semelhantes não foram produzidas por outras tradições). E
há também o livro de Nei Souza intitulado “Psicoterapia e Taoísmo” (2007), que faz um
diálogo entre o Tao e a psicologia de Jacques Lacan. Apesar de ser citado várias vezes pelos
principais autores da Psicologia Transpessoal, como Grof (2000) e Wilber (2010; 1995) não
parece haver um estudo dedicado ao diálogo específico entre essas duas linhas de
pensamento. Uma abordagem direta do Taoísmo chinês ocorreu na publicação de Jung e
Wilhelm intitulada “O Segredo da Flor de Ouro”, onde aproximaram conhecimentos de duas
linhagens taoístas diferentes (primeiro apresentam o Tai I Chin-hua Tsung-chi, ou tratado da
flor de ouro, e em seguida um fragmento do Hui Ming Ching, o tratado da sabedoria e da
vida). Como nos alerta Wong (1999, p. 12):
Há, portanto, saberes produzidos no Ocidente que podem ser atualizados, tendo em
vista que no período atual há uma vasta literatura produzida por estudiosos ocidentais que
viveram na China, e de estudiosos chineses que vieram ao Ocidente e se familiarizaram com
nossa cultura. Esse contexto atual e o estado da arte da literatura nos permitem uma
compreensão que não foi possível no passado próximo e gerou críticas como a de Wong,
citada acima. Para, além disso, soma-se o fato de que a Alquimia Chinesa enquanto prática
está disponível para os ocidentais há cerca de trinta anos, pelas mãos e trabalho de mestres
como Mantak Chia, Liu Pai Lin, Eva Wong e outros. Esse recente desenvolvimento, permite
que nos conectemos de forma mais íntegra a um conhecimento da humanidade que embora
envolva teoria, é essencialmente prático.
O objetivo deste estudo é, portanto, apresentar e desenvolver conceitualmente os
primeiros insights oriundos da Alquimia Interna Taoísta que podem ampliar a gama conceitual
e a prática da Psicoterapia de orientação Transpessoal. Para tal, foi realizada uma pesquisa
bibliográfica, com levantamento conceitual e posterior análise que permitiu unir, em um único
modelo, a noção de estados holotrópicos 4 e hilotrópicos 5 , evolução e involução da
Consciência, teoria dos cinco movimentos, fases arquetípicas, matrizes perinatais, do
desenvolvimento e quadrantes da realidade.
Entendendo conceitualmente a dança entre Alquimia Chinesa e Psicologia Transpessoal
poderemos dar um melhor entendimento sobre a atuação do terapeuta ou psicoterapeuta que
se oriente pela vertente taoísta: como alguém que aceita o paciente que chega a si como parte
de seu próprio Caminho, que trabalha com o paciente enquanto sua abordagem for eficaz
para fazê-lo desenvolver-se e que procura levar os outros e ser levado ao estado cada vez
mais próximo do fluxo natural, unindo-se assim, ao Tao (SOUZA, 2007).
A Filosofia Taoísta possui uma abordagem muito particular sobre a origem de toda
existência, do Universo e de todas as coisas. Essa concepção muito antiga é passada a frente há
milênios dentro do Tao Chiao (Família do Tao, a religião taoísta) através de uma série de
4 Do grego Holos (Totalidade) e trépein (em direção à). É o movimento da Consciência do mais denso para o mais
sutil, o que Amit Goswami chamou de causalidade descendente e na medicina chinesa e na alquimia interna está
relacionado à mutação da energia de Chi (energia vital) para Shen (espírito).
5 O inverso de holotrópico (Hilos é o termo que designa o denso), sendo o movimento da Consciência do mais
sutil para o denso. Amit Goswami o relaciona à causalidade ascendente. A alquimia interna chinesa ao
“esquecimento” e estagnação na consciência de Po (baseada no Jing, a energia da essência, que rege os fluidos
sexuais e o sangue).
10
ensinamentos. A ideia geral de “queda”, como explicada por Wilber em Éden, queda ou
ascensão? (2010) pode ser resumida no Tai Chi Tu (Mapa do Altíssimo - figura 1).
Figura 1 - Tai Chi Tu, o mapa da criação do mundo das dez mil coisas a partir do Wu Chi, ou Tao não manifestado
(uma antiga forma chinesa de representação do movimento hilotrópico).
Nesse modelo, o Vazio Primordial, Wu Chi, o caos primevo que não possui formas,
mas possui todas as formas em potencial, agita-se e manifesta-se no círculo primordial, o
altíssimo, ou Tai Chi 6. Este círculo passa então a mover-se gerando os eternos opostos que
nos fazem conhecer a realidade: a claridade (Yang ) e a Sombra (Yin)7, que estão em constante
6 Essa versão do surgimento do Universo inspirou a solução do problema do colapso de onda quântica primordial
que cria o Cosmos, formulada por Amit Goswami para corrigir o paradoxo deste tema dentro da teoria da
Mecânica Quântica, apresentado no livro “Evolução Criativa das Espécies” (2009).
7 A Claridade e a Obscuridade são os opostos complementares que nos permitem conhecer o mundo, ou o Tao
Manifestado. Como disse o poeta: “não existiria som se não houvesse o silêncio e não haveria luz se não fosse a
escuridão; a vida é mesmo assim: dia e noite, não e sim...”. Um dia é claro e outro escuro, um é alegre e outro é
triste, mas o Caminho Espiritual é viver plenamente todo dia mesmo com o eterno movimento entre alegrias e
tristezas.
11
mutação, um tornando-se o outro, em fluxo eterno. Yin e Yang estão presentes nos três puros:
Céu (ou tempo, que divide-se em 12 ramos terrestres), Terra (ou espaço, que divide-se em 10
troncos celestiais) e Homem (ou vida, que divide-se em 8 energias qualitativas). A partir da
Claridade e da Obscuridade, e dos Três Puros surgem então os Cinco Movimentos, ou Cinco
Princípios8 (Wu Hsing) que são as regras arquetípicas para tudo que existe no Tao Manifestado
(Tai Chi ) e que ao relacionarem-se formam o Mundo das Dez Mil Coisas (a realidade
compartilhada do nível material).
Ou seja, em uma classificação do mais sutil para o mais denso temos: Do caos
primordial, o Vazio Metacósmico surge a possibilidade de haver algo manifesto e capaz de
autorreferência, que gera a primeira manifestação, que por sua vez colapsa as ondas de
possibilidade (movimento) e vai fazendo surgir tudo o que é manifesto (denso). Na
terminologia taoísta, é como se pudéssemos visualizar aspectos do sutil no Vazio Metacósmico
e no Altíssimo (dimensão do Yin e Yang puros). A partir da existência das polaridades
estabelecem-se cinco regras que regem como as polaridades se apresentarão e a essas cinco
regras chamamos de Cinco Movimentos (Wu Hsing). O movimento das polaridades sendo
levadas pelas regras dos cinco movimentos vai criando infinitos mundos (Céus) e esses mundos
tem seis possibilidades básicas de existências (os Seis Caminhos). E, para os taoístas, estamos
vivendo agora em um desses incontáveis mundos (um dos mais de dois mil Céus), em uma
realidade que podemos compartilhar com outros indivíduos que são ao mesmo tempo
separados e parte do Tao. Esse mundo de infinitas espécies, elementos químicos, estados da
matéria, qualidades da consciência, corpos celestes, etc. é chamado na cultura chinesa de
“mundo das dez mil coisas”9.
Esse modelo pode ser relacionado diretamente com o Grande Ninho do Ser de Ken
Wilber, como mostramos a seguir (figura 2), o que ajuda a posicionar o psicoterapeuta de
orientação taoísta ao lado da teoria transpessoal. Também lembramos da importância de se
entender que todo o trabalho de desenvolvimento pessoal, com a ajuda da terapia ou não,
será influenciado pelo tempo histórico em que se está vivendo (Céu), pelo local em que se
vive (Terra) e pelas relações pessoais, sociais, culturais, etc. (Homem) a que cada um está
envolvido.
8 São os cinco comportamentos da energia Chi que foram descritos pelos sábios chineses há pelo menos cinco mil
anos, que os compararam com os elementos naturais: a energia que se eleva, nos deixa “pra cima” e traz alegria é
como as chamas da fogueira (Fogo); a energia que está em equilíbrio e nos dá a firmeza de posicionamento que é
como uma montanha é semelhante à Terra; a energia que nos incita ao recolhimento e introspecção é focal como
o processo geológico de formação dos minérios (Metal); a energia do medo e do frio nos rebaixa e nos faz sentir
como a Água que escorre; e a energia que se expande para todas as direções como a copa das árvores nos remete à
Madeira.
9 Um número muito grande que remete à nossa incapacidade de contá-lo com precisão.
12
Figura 2 - O Grande Ninho do Ser da teoria wilberiana e os níveis correspondentes na Tradição Taoísta.
10De fato, o leitor atento e conhecedor do Taoísmo perceberá ao ler “Os Sete Sermões aos Mortos” de Carl Jung
(ditado pelo espírito Basílides de Alexandria, que era canalizado por Jung) que trata-se de uma explicação
detalhada do Tai Chi Tu com terminologia gnóstica. Não bastasse isso, os primeiros parágrafos são quase uma
cópia do Tao Te Ching [N. do A.].
13
Autoestima,
Egóico alto Laranja (autonomia e 4º chakra (T-5 e
autoconfiança,
(operatório formal) realização) timo)
respeito Huen
Egóico baixo Azul (ordem e força Amizade, família, 3º chakra (T-11 e
(operat. concreto) de verdade) sexualidade Ming-men)
Refiro-me aqui à ideia de Rupert Sheldrake de que campos não materiais e não físicos dão origem às formas do
11
mundo material.
14
Psicologia Transpessoal e Taoísmo, onde ciência, religião e filosofia podem dialogar através da
fenomenologia das experiências humanas. O diálogo entre essas distintas, mas
complementares, formas de conhecimento será o nosso objeto de estudo e análise a partir do
próximo capítulo.
Figura 3 - Nei Jing Tu, o mapa da Alquimia Interna (antiga representação chinesa do movimento holotrópico)
mostra o desenvolvimento psico-espiritual como uma subida ao topo de uma montanha com nove etapas.
da Consciência proposto por Pozatti (2007; 2003) que o construiu a partir dos
movimentos relacionados a essa sequência logarítmica.
(0) Nascimento
(1) Infância (2) Puberdade (3) Adolescência (4) Juventude (5) Adultez
(6) Maturidade
(8) Ancianidade
(7) Ancianidade Jovem (9) Ancianidade Velha (10) Velhice (11) Senilidade
Madura
(12) Morte
Os símbolos chineses do Mapa do Altíssimo podem ser usados para resumir tambpem
algumas fases da existência. A partir de agora as relacionaremos com o estudo de Pozatti
(2007; 2003) sobre as fases da vida. O primeiro estágio, o do Wu Chi é relacionado a todo o
período inicial da vida humana e também ao período não tradicionalmente calculado como
tempo de vida (o período anterior ao estágio perinatal, que é o período gestacional). O início
deste estágio está fora do período biográfico (GROF, 2000). No período anterior ao estágio
perinatal a alma (Huen) da criança pode contatar os pais em experiências de estado não
comum de consciência como em ampliações, sonhos, contato mediúnico ou contato
16
xamanístico direto (TEIXEIRA, 2009). Nesses contatos pode revelar traços de personalidade,
dados pessoais como o próprio nome ou a origem anterior, além de aspectos da missão
pessoal e que muitas vezes também aparecem no início da infância (STEVENSON, 2010) onde
a consciência está vivenciando esse estágio do Wu Chi.
No estágio perinatal estão presentes três energias: a Energia Ancestral doada pelos pais
(e aos nossos pais por seus pais e etc. como uma herança vital) e que conecta-nos ao carma
familiar. Essa energia é chamada de Jing, e depois será a regente dos fluidos sexuais e do
sangue; a segunda energia é a Energia Materna, ou Chi 12 da Mãe, que através do alimento, da
respiração e da energia vital em si nutre o feto; a terceira é a Energia Cósmica Pessoal, uma
centelha de vitalidade que nunca perdemos e é certa quantidade de energia Chi acoplada à
alma, ou Huen. Sendo assim, a Energia Cósmica Pessoal é a energia individual, que se manteve
com a alma para que esta funcionasse enquanto ocorria o processo da transmigração. É o que
ocorre com aqueles que não forjaram o corpo espiritual e continuam presos na Roda do
Destino, ou seja, no ciclo das reencarnações. Essa última energia, o Chi Cósmico Pessoal, traz
as informações das vidas anteriores e do mundo13 em que essa alma estava antes de voltar ao
plano humano. Mais tarde, quando se integrar o aspecto Yang da consciência (que inicia por
volta dos sete ou oito anos) a energia organizadora Yang ativará esse Chi Cósmico Pessoal que
passará a ser o principal “centro de gravidade” do ego daquele indivíduo. A Energia Ancestral,
vinda dos pais, e a Energia Materna (que são as duas preciosas Energias Pré-Natais) são
energias perinatais, recebidas pelo indivíduo no processo de concepção e geração. Já a Energia
Cósmica Pessoal é cármica e, por ser ativada posteriormente, é usada junto da energia
absorvida no período biográfico através da respiração, da alimentação, Chi Kung e de outros
meios. Essas energias (Energia Cósmica Pessoal e Energia Vital absorvida no período biográfica
do vida), portanto, juntas, dão origem à Energia Pós-Natal.
No nascimento, onde ocorre o trauma que nos marca energeticamente para essa
existência, e aonde culturalmente começamos a contar a idade daquela nova pessoa,
ganhamos um padrão que será impresso também na alma. Esse padrão descrito nas várias
12 Chi é a bioenergia que dá vida a tudo o que existe, diretamente relacionada, nos seres humanos a aspectos
fisiológicos, às emoções, aos impulsos psíquicos e à conexão da alma com a vida. Movimenta-se principalmente
pelos “trilhos” das fáscias chamados meridianos e seus cinco tipos (cinco elementos ou cinco princípios) tem maior
afinidade com grupos de órgãos específicos. A energia Chi que é armazenada pelas práticas taoístas básicas é
armazenada no centro corporal, na região do ventre, o Hsia Tantien.
13 A Alquimia Taoísta trabalha com a ideia de que existem em cada um dos Seis Caminhos muitos Universos e
Dimensões paralelas, uma multiplicidade incomensurável. Toda alma pode reencarnar em qualquer um desses
milhares de Céus e experimentar seis tipos básicos de existência (que por sua vez tem muitas variantes devido a
esses múltiplos “céus”): o caminho do homem (reencarnar como um ser humano ou equivalente), o caminho do
céu Yang (reencarnar como uma divindade luminosa), o caminho do céu Yin (reencarnar como uma divindade
obscura, uma espécie de mundo dos demônios porém muito mais evoluído do que o humano), e há também as
condições abaixo da humana (caminhos da obscuridade) que são o caminho dos animais (reencarnar como seres
menos complexos), o caminho das almas esfomeadas (algo muito próximo à explicação do umbral no espiritismo)
e as prisões terrestres (mundos semelhantes ao purgatório cristão, onde pessoas cheias de apegos se acotovelam).
17
Fogo: coração,
pericárdio, intestino
Ciclo Criativo delgado, língua
Madeira: fígado,
vesícula biliar,
Ciclo de Controle
músculos, olhos
Metal: pulmões,
intestino grosso,
Ciclo de Subtração
fáscias, nariz
Figura 5 - Wu Hsing, os Cinco Movimentos ou Cinco Princípios, seus órgãos correspondentes e ciclos.
14 O Ciclo Criativo, ou Sheng, é o caminho que a energia faz nutrindo um tipo de elemento natural com outro.
Assim, a Água (rins e bexiga) nutre as plantas, ou seja, a Madeira (fígado e vesícula biliar); a Madeira é usada como
combustível para o Fogo (Coração e Intestino Delgado); as cinzas do Fogo se depositam gerando mais Terra (Baço-
pâncreas e Estômago); a Terra gera a pressão para que os minérios, ou seja, os Metais (Pulmões e Intestino Grosso)
se formem; e os Metais cedem os sais minerais para a Água.
15 O Ciclo de Controle, ou Ko, é o caminho que a energia faz destruindo ou estagnando um tipo de elemento
natural com outro. Assim, é com amorosidade e alegria (Fogo) que nos livramos da depressão (Metal); é com
respiração profunda (Metal) que aliviamos a raiva impulsiva (Madeira); com agressividade e movimento (Madeira)
que saímos da estagnação e da indecisão (Terra), é com clareza e um forte posicionamento (Terra) que encaramos
nossos medos (Água); e é com gentileza (Água) que conquistamos o coração daqueles que se tornaram frios para
amar (Fogo).
16 Tendo em vista que a medicina tradicional chinesa defende que precisamos ter a quantidade dos cinco elementos
equilibrada para ter saúde, saber quais energias precisam ser diminuídas ou nutridas e também conhecer quais
talentos potencialmente a energia do nosso signo natal nos oferece pode ser muito útil ao desenvolvimento
pessoal. Conhecer esses padrões e usá-los a nosso favor ao invés de se opor a eles também é fluir com o Tao.
18
Sendo assim, nesse rito de passagem que é o nascimento, onde o feto morre
para nascer o bebê, há uma impressão na Alma desse Ser que define uma quantidade
de Yin e Yang, dos Cinco Elementos e das energias arquetípicas que ali se encontravam
presentes. Para ter saúde e nos desenvolvermos precisamos aprender, por exemplo, a
controlar um Yang que originalmente estava em 65% e nutrir um Yin que estava em
35%, desenvolvendo Chun, a Energia do Meio.
O bebê e depois a criança vão viver a dança de seus padrões de nascimento
(qualidade das Energias Pré-Natais recebidas, sua Energia Cármica Pessoal e as marcas
energéticas do trauma de nascimento) com os padrões do tempo histórico em que
estará vivendo (energia do Céu, ou tempo) e os padrões climáticos, geológicos e
estruturais do lugar em que nasceu (energia da Terra, ou espaço). Suas matrizes
energéticas ainda terão influência dos padrões e arquétipos do espectro de
desenvolvimento humano: os arquétipos supramentais que regem cada fase de vida
(POZATTI, 2007; 2003), as capacidades advindas da integração de cada novo estágio
de consciência ou vMeme (BECK;COWAN, 2000) e da maturação da estrutura
biológica correspondente, que suporta esse desenvolvimento interno.
Quadro 2 - As fases da vida, os arquétipos e idades ideais de acordo com a sequência Fibonacci estudados por
Mauro Pozatti (2003), relacionados aos elementos chineses:
Nascimento (0-1) - - - -
Infância (1-8) Criança Divina Criança Edipiana Criança Herói Criança Precoce
Puberdade (8-13) - - - -
Adolescência (13-21) Pioneiro Amante Mensageiro Aprendiz
Juventude (21-34) Rei Curador Guerreiro Mago
Adultez (34-55) Visionário Artesão Líder Sábio
Maturidade (55-76) - - - -
Ancianidade Jovem
Visionário Artesão Líder Sábio
(76-89)
Ancianidade Madura
Rei Curador Guerreiro Mago
(89-110)
Ancianidade Velha
Pioneiro Amante Mensageiro Aprendiz
(110-123)
Velhice (123-131) - - - -
Criança Divina Criança Edipiana Criança Herói Criança Precoce
Senectude (131-144) *desligamento da *desligamento das *desligamento dos *desligamento das
intuição sensações pensamentos emoções
19
17 Para uma explicação detalhada desses padrões, consultar: Rei, Guerreiro, Mago, Amante: a redescoberta dos
arquétipos do masculino de Robert Moore e Douglas Gilette (1993).
18 Os distúrbios do fulcro 2 são as patologias de personalidade narcisista. Entre elas estão a grandiosidade, o
sentimento de que seus problemas são únicos e a falta de interesse e empatia pelos outros, apesar de nesse caso a
20
despertando a doença que deve ser tratada com o aprendizado do receber amor e a
resolução de dívidas cármicas e afetivas com os pais ou pessoas que deveriam ter
transmitido o Chi do Fogo ao bebê/criança.
Quadro 3 - Desenvolvimento arquetípico do estágio do Wu Chi e suas principais patologias. Como a criança vive
depois do nascimento no ciclo subtrativo (os Cinco Movimentos passam a aparecer na ordem inversa), ações dos
pais usando o ciclo de rebelião ou o próprio ciclo subtrativo amenizam ou sedam o efeito do processo subtrativo
e, assim, viver torna-se mais suportável.
Bebê /
Criança Criança
MPB 1 MPB 2 MPB 3 MPB 4 Criança
Edipiana Precoce
Divina
Arquétipos
Matrizes e
A criança
A criança
precoce
A luz edipiana
Não há começa a
sagrada da começa a
Encolhido saída: feto Raiva e Nascimento mergulhar no
criança movimentar
em fusão sente o vontade para (Luz e mundo das
divina fogo e água
oceânica medo da nascer acolhimento) informações
encanta a despertando
morte e
Emoções e Patologias
todos a energia
conheciment
sexual
os
Mal Se não
Se não
Mal integrada, a Se não receber o
receber o Chi
Mal integradas, as duas integrada, a Matriz 4 é a receber o Chi do
da Terra, a
primeiras Matrizes Matriz 3 origem das Chi do Metal e o
pessoa terá
podem gerar apatia pode ser a manias por Fogo, mais yang do pai,
dificuldade
aguda, síndrome da origem da insucesso tarde a a pessoa
de integrar o
reencarnação (sensação apatia que (não pessoa terá
Herói e
de não querer ter impede o reconhecer poderá dificuldade
ingressar na
nascido) e esquizofrenia uso da ou aceitar o desenvolver em ingressar
fase yang
vontade próprio o mal-iogue no estágio
(borderline)
sucesso) yin
pessoa buscar granjear a admiração e aprovação dos outros (WILBER, 2009, p. 64). Esses distúrbios têm origem no
período de vida descrito.
21
difíceis de resolver, pois é a idade dos primeiros fulcros (WILBER, 2009) que necessitam dos
tratamentos mais difíceis. O mal-iogue tem origem nessa época e advém da incapacidade da
mãe de transmitir o Chi do Fogo (amor e alegria) ao filho, e às vezes é amplificada pelo
impedimento do pai usar o Chi do Metal (ação correta, energia focal masculina) a partir dos 2
anos de idade da criança, em situações onde a mulher nega-se a abandonar o sistema de fusão
mãe-bebê.
19Para compreender melhor o caminho do guerreiro ensinado por Don Juan e outros mestres indígenas a Carlos
Castañeda, e perceber a semelhança com o Taoísmo ler principalmente: “Uma estranha realidade” (1971), “Viagem
a Ixtlan” (1972), “Porta para o Infinito” (1975), “O presente da águia” (1981) e “Passes Mágicos” (1998).
22
Quadro 4 - Arquétipos psicológicos vivenciados pelo jovem e pelo adulto e sua correspondência com os arquétipos
da astrologia ocidental, arquétipos animais chineses e divindades do Onmyoudou (japonesas).
durante as sessões de Respiração. Tratam-se de pontos onde a pessoa recebe alguns tipos de
energia/informação (os pontos do meridiano do governo, yang, localizado
predominantemente no dorso) e onde manifesta esses mesmos tipos de energia/informação
(pontos do meridiano da concepção, yin, localizado na loja anterior). Abaixo segue
esquemático desses pontos e seu significado:
Na terapia, o uso do mapa dos oito trigramas e da noção do sistema dos 5 elementos
na resolução dos dramas e traumas do paciente é muito útil. Podemos recorrer a essa
simbologia para ler em qual estágio e estado está o paciente. A partir dessa leitura (que
normalmente seria um misto de leitura corporal, leitura do Chi, leitura dos padrões de
comportamento e dos fatos da vida diária, além do próprio mapa astral e outras ferramentas
semelhantes). As várias dimensões do paciente podem ser correlacionadas em um padrão
completo a partir da percepção de como os elementos estão afetando sua saúde, relações,
metas, sonhos e outros.
Algumas doenças físicas ou comportamentos marcantes podem ser usados como pistas
durante a “investigação” para construção do perfil do paciente: quando algum órgão dos
sentidos ou um dos órgãos principais está doente sabemos que a pessoa está com excesso ou
falta de alguma das formas do Chi, o que a levou a gerar essa mesma doença. Nesse caso
podemos observar quando alguém está com tensões excessivas no masseter, ou com alguma
doença nos olhos e saber que algum desequilíbrio acomete seu fígado (na Alquimia Interna o
pai desses dois outros órgãos). A MTC também nos mostrará que o meridiano da vesícula
biliar (a víscera, fu, associada ao fígado) passa pelo masseter, corre por trás da cabeça e
termina nos olhos. Isso revela que qualquer energia do elemento madeira não saudável será
compartilhada pelos órgãos do elemento madeira (fígado e vesícula biliar) e a doença não
necessariamente se manifestará nesses órgãos, mas sim em seus correlatos. Dentro disso, as
alergias, bruxismo e doenças oculares são causadas por raiva reprimida e jogada na Sombra,
que se manifesta no corpo através do processo psicossomático. Sendo assim, toda emoção
natural contida ou negada, bem como todas as faltas de estágios não integrados na vida
(como as qualidades dos arquétipos que eventualmente não são desenvolvidas pelo
indivíduo) acabarão se manifestando de uma forma ou outra como doença física para dar
vazão e contrapor a repressão psico-energética. Por mais doloroso que sejam, esses
fenômenos são apenas tentativas de reequilibração do Ser, que procura voltar “para o centro”
expurgando as energias que lhe são maléficas de alguma forma. O processo terapêutico pode
ajudar o paciente a integrar esses temas e energias para evitar as doenças e aceleração do
envelhecimento.
De forma mais ampla, podemos dizer que é trabalho do psicoterapeuta de orientação
transpessoal e taoísta facilitar o processo de seus pacientes em compreender que certas dores
são parte do processo de crescimento. Que negamos em nossa cultura alguns dos cinco
movimentos (é “feio” sentir raiva e tristeza na maioria das famílias, por exemplo), mas tudo
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isso é parte da nossa natureza humana e deve ser integrado para que alcancemos o estado de
completar a mais bela escultura de nós mesmos (SOUZA, 2007).
Nada é mais importante na Alquimia Interior taoísta do que os órgãos internos. Cada
um deles é reconhecido como uma entidade viva, um hólon que possui inteligência e vida
própria. Nos sonhos, nossa alma nos comunica sobre o estado sutil dessas inteligências
internas, às vezes nos comunicando de que estão fortes e poderosas, outras vezes alertando de
que estão enfermas ou se direcionando para a doença. Apesar de raros, e de necessitarmos
muito cuidado para classificar dentro destas exceções certos sonhos, o Taoísmo reconhece a
existência dos “sonhos anomalíticos”, como os sonhos precognitivos e os sonhos iniciático
onde inclusive alguma etapa do processo alquímico pode ser revelada (WILSON, 2004).
A simbologia taoísta básica para os sonhos defende que o conteúdo do sonho somos
nós mesmos e cada um dos personagens ou locais é uma manifestação dos 5 elementos e dos
órgãos. O clima e o relevo do local são relacionados aos elementos. Pessoas vestidas com
roupas coloridas ou animais pouco comuns são arquétipos que remetem aos nossos órgãos.
Dentro dessa lógica, relatou certa vez um estudante de Tai Chi Chuan: “Sonhei que um bando
de assaltantes vestidos de preto e fortemente armados tentava invadir minha casa. Quando
quase conseguiam meu avô vestido com uma jaqueta de lona azul escura surgiu e os espantou
com tiros de espingarda”. A interpretação taoísta tenderia para a explicação de que conteúdos
da Sombra estão procurando emergir com intensidade (assaltantes vestidos de preto e
fortemente armados tentava invadir a casa), mas há algum padrão ou convicção que
provavelmente se origina na ancestralidade (Jing ) que reprime esses conteúdos (avô vestido
com uma jaqueta de lona azul escura, como a energia os rins, disparando com uma
espingarda).
Em geral, essas interpretações que revelam órgãos, emoções e energias envolvidas são
extremamente úteis para amplificar os efeitos dos estudantes de Alquimia Interna, Chi Kung e
Tai Chi Chuan, que precisam “limpar” as emoções desequilibradas e integrar as diversas
capacidades da sua alma para alcançar níveis mais elevados de suas práticas. Abaixo uma
tabela com as principais relações simbólicas dos 5 elementos:
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da orelha humana, o tempo de reprodução das abelhas e muitos outros casos. Apresento
abaixo os resultados do confronto entre esses números e os conceitos centrais do Taoísmo:
Sequência
Taoísmo Comentário
Fibonacci
0 Wu Chi (o Vazio Wu Chi, literalmente traduzido como “ausência do cume”, é a parte
Primordial Metacósmico não manifestada do Tao, algo inatingível pela apreensão humana. Nos
que não possui formas, Sete Sermões aos Mortos, Jung usou a denominação gnóstica
mas possui todas as “Pleroma” para falar do Wu Chi e Carlos Castañeda ouviu de seus
formas e forças em mestres toltecas histórias sobre ele como o Nagual. Jamie Sams explica
potencial) que os indígenas norte-americanos o chamam de “Grande Mistério”.
1 Tai Chi (o Altíssimo a Tai Chi, literalmente traduzido como “grande cume” é a mais ampla
partir do qual se abrangência da parte manifestada do Tao, incluindo-se aí todo o tipo
manifestam todas as de formas materiais e imateriais. Nos Sete Sermões aos Mortos, Jung
formas que são usou a denominação gnóstica “Demiurgo” para falar do Tai Chi e
percebidas através de Carlos Castañeda ouviu de seus mestres toltecas histórias sobre ele
opostos complementares) como o Tonal. Jamie Sams explica que os indígenas norte-americanos o
chamam de “Grande Espírito”.
0+1 = 1 Mente Yi ou Tai Yi Yi é a intenção, a Consciência através da qual se unem os três tesouros
pessoais (hsia tantien, zhong tantien e shang tantien ), criando uma
intenção de “três mentes em uma mente”, unindo razão, emoção e
tesão. A Mente Yi que leva ao avanço na Alquimia Interna é
equivalente à ação do Demiurgo de Jung e ao Intento de Castañeda.
1+1 = 2 Yin e Yang (Luz e Yin e Yang, literalmente traduzidos como “claridade e obscuridade”,
Sombra) são os polos complementares através dos quais todas as manifestações
se tornam conscientes: conhecemos o claro por opô-lo ao escuro,
conhecemos o bem por opô-lo ao mal, o positivo ao negativo, o
masculino ao feminino. Nos Sete Sermões aos Mortos, Jung usou a
denominação “Diabo e Deus” para falar do Yin e do Yang.
2+1 = 3 San Bao (Três Puros, Três Os Três Puros são as três grandes partes do Tai Chi, as três energias ou
Tesouros ou Três padrões de informação denominadas Energia da Terra ou “ Kun”,
Poderes) Energia Cósmica (Energia do Plano Humano) ou “Ren” e a Energia
Celeste (Espiritual) ou “Tian”. No ser humano essas energias (também
chamadas de Jing, Chi e Shen) são armazenadas respectivamente no
hsia tantien, zhong tantien e shang tantien. Estão relacionados com as
trindades: Denso (Kun), Movimento (Ren) e Sutil ( Tian) e com o que o
xamanismo chama de “Mundo Inferior”, “Terra” e “Mundo Superior”.
A relação com os “Três Grandes” da filosofia também ocorre quando
nos defrontams
3+2 = 5 Wu Hsing (Cinco Wu Hsing, literalmente traduzido como “cinco movimentos”, são os
Princípios ou Cinco cinco padrões de comportamento das formas de energia. Praticamente
Forças) todas as tradições sapienciais apresentam um mapa de cinco ou quatro
elementos que está diretamente relacionado ao Wu Hsing, sejam esses
*Quando presentes em mapas correspondentes diretamente aos 5 movimentos chineses ou aos
seus aspectos Yin e Yang quatro que tem um centro.
são os 10 troncos celestes.
5+3 = 8 Pa Kua (Oito Figuras ou Pa Kua, literalmente traduzido como “oito figuras”, são os padrões da
Oito Trigramas) manifestação dos elementos naturais. A partir dessas oito figuras
desenvolveram-se inúmeros conhecimentos da cultura chinesa, entre
eles os Hexagramas do I-Ching, os princípios do Tai Chi Chuan e de
algumas fórmulas do Chi Kung , além das regras do Feng Shui.
8+5 = 13 Doze Ramos Terrestres e Os doze Ramos Terrestres são as doze frações de divisão do Tempo,
o Rei do Céu grandeza pela qual recebemos a influência de doze arquétipos que
influenciam a psique humana. As mais conhecidas formas de se
*Os 12 Ramos Terrestres conhecer a influência desse tempo arquetípico são a astrologia (tanto
são os aspectos Yin e pelo mapa natal quanto pelos trânsitos) e o estudo das fases da vida.
Yang dos Seis Sopros.
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No trabalho original da Medicina Interior o autor teorizou que as pessoas tem um perfil ligado à aversão, apego ou
indiferença e por isso sofrem e desenvolvem as patologias. O que propomos aqui é que a pessoa não está carregada das
energias dos Tantien e por isso não estando inteira desenvolve os traços não-virtuosos na personalidade.
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Por fim, além da fusão que propomos das duas correntes de pensamento e prática aqui
estudadas (Taoísmo e Psicologia Transpessoal), se faz necessário algumas considerações
pessoais. As páginas que precedem este parágrafo final são o produto de um árduo trabalho
de leitura e muita reflexão iniciado a pelo menos um ano, desde o contato com a Medicina
Interior de background budista (estudo importantíssimo e que foi deixado propositalmente
para o final). Não tenho dúvidas que o porte dos conhecimentos da tradição budista para
uma teoria e prática que pudesse ser vista como terapia transpessoal foi a inspiração final para
a geração do trabalho que aqui concluímos (mesmo que temporariamente já que o tema é
rico e certamente terá desdobramentos).
O fato é que cada leitura e cada prática, cada observação da Natureza Externa e da
Natureza Interna me levaram a percepção de que todo o Universo, ou melhor, de que a
Totalidade é regida pela lei dos cinco movimentos e compreendê-la nos permitirá avançar de
forma indescritível na precisão de nossa ação terapêutica, de nossa abordagem educacional e
do cultivo de nossa saúde em todos os níveis. Percebi que, assim como para curar o mal-
iogue, precisamos a todo momento do Amor. Não do amor enquanto uma dependência dos
outros, mas um amor que é traduzido como a aceitação de mim mesmo como sou, dos outros
como são e como estão, da vida como se apresenta com seus altos e baixos e do Fluxo Eterno
que não é bom nem mal, claro nem escuro, mas todas as coisas em uma infinita transmutação
necessária para que o Todo exista. Amar não só é cura, mas é o próprio Tao.
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