As Emanações Divinas
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As Emanações Divinas
As Dez Sefirot
Uma sefirá (pl. “Sefirot”) é um canal de energia Divina ou força de vida. Se
descrevem na literatura cabalística um total de 11 sefirot, mas sendo que duas
delas (keter e daat), representam diferentes dimensões de uma mesma força, a
tradição fala geralmente só de 10.
A ordem e o significado das sefirot são a seguinte:
Keter “Coroa”
Chochmá “Sabedoria”
Biná “Entendimento”
Daat “Conhecimento”
Chessed “Bondade”
Gevurá “Poder”
Tiferet “Beleza”
Netsach “Vitória”
Hod “Esplendor”
Iesod “Fundamento”
Malchut “Reino”
Daat – Conhecimento
Tiferet – Beleza
Iesod – Fundamento
Malchut - Reino
Por outra parte, a cabalá fala das três Reshin (“cabeças”) de keter, referido no
Zohar (Deuteronônio 288ª) e o Arizal como: Reisha d’Arich (“a cabeça extendida”),
correspondente à força de ratson, Reicha d’Ain (“a cabeça da nulidade”),
correspondente à força de taanug; e Reisha d’lo Itiadá (“a cabeça incognicível”),
correspondente à força de emuná.
Chochmá
“SABEDORIA”
O valor numérico completo deste primeiro versículo da Criação: “No princípio D-us
criou os céus e a terra” = 2701 = a soma de todos os números desde 1 até 73 (é
dizer o “triângulo de 73”) = 37 vezes 73. A última parte do versículo, “e a terra” =
703 = a soma de todos os números desde 1 até 37 = 19 vezes 37.
A palavra chochmá é citada no Zohar (Números 220b) como coach ma, “o poder de
auto-anulação”. Este poder não só envolve o poder da auto-anulação em si mesmo,
mas o grande poder criativo que a auto-anulação contém. “O Paladar de auto-
anulação”, é a habilidade da alma de “saborear” Divindade em virtude do próprio
estado de auto-anulação, como está dito (Salmos 34:9): “Provai e vede que D-us é
bom”. Em geral, o sentido da visão se conecta com chochmá (dos brilhos
resplandecentes citados mais acima). Deste versículo aprendemos que há um
sentido interno, espiritual de saborear que está inerte a chochmá, que precede e
desperta o sentido da visão.
Biná
“ENTENDIMENTO”
A união de chochmá e biná (“a união superior” na cabalá), o “pai” e a “mãe” (os
hemisférios direito e esquerdo do cérebro) é contínua, e no Zohar se encontra
insinuada ao expressar: “dois companheiros que nunca se separam”. Essa união é
necessária para a recriação contínua do mundo (começando com o nascimento dos
sete atributos do coração, correspondente aos sete dias da Criação, desde o ventre
da “mãe”, biná).
A união de Chochmá (73) e biná (67) = 140. 140 é a soma do quadrado dos
números de 1 a 17. Isto reflete a origem dos sete atributos do coração (os dias da
criação), os 7 filhos, em seu máximo estado de perfeição (o quadrado de um
número, representa um estado perfeito do ser) na mente do “pai” e “mãe”.
Daat
“CONHECIMENTO”
Geralmente, daat é contada dentro das sefirot só quando não está keter. Isto se
deve ao fato de que daat representa a reflexão de (a dimensão interior) keter
mesmo dentro do reino da consciência (como foi explicado anteriormente). De aqui
que Daat aparece na configuração das sefirot no eixo central, diretamente abaixo
de keter, e corresponde ao Tselem Elohim ao cerebelo (parte posterior do cérebro).
Em geral, daat opera em dois níveis: O nível superior conhecido como daat Elion
(“conhecimento superior”) ou daat haneelam (“o conhecimento oculto”), que serve
para assegurar a continuidade do nexo entre os dois poderes superiores do
intelecto – chochmá e biná, e o nível inferior referido como daat tachon
(“conhecimento inferior”) ou daat hamitpashet (“conhecimento que se extende”),
que serve para conectar o intelecto como um todo com o reino da emoção, o que
acrescente à própria determinação, resolvendo atuar em concordância coma as
verdades que um há incorporado na consciência.
Daat Elion Conhecimento Supremo
Está dito deste nível de Daat (Provérbios 24:4): “Os quatos estão cheios com Daat”.
“Os quartos” são as câmaras do coração, as emoções da alma (como está insinuado
na palavra Cheder,”quarto” que é um acrônimo de Chesed Din Rachamim, as três
emoções primárias da alma). A consciência interior de Daat enche estes quartos e
lhes dá vida, como a alma no corpo.
No Zohar, este nível de daat é conhecido como “a chave que inclui seis”. A “chave”
de daat abre as seis câmaras (atributos) do coração e lhes enche de força vital.
Cada uma das seis câmaras, quando se enchem com daat, nos insinua uma deá
(“atitude”, da raiz de daat) particular da alma.
Daat – 474, Deá = 79; 474 = 6 vezes 79 – daat que inclui (e gera) 6 deot.
Chessed
“BONDADE, CARINHO”
Chessed é a quarta das dez sefirot, e o primeiro dos atributos emotivos inerente à
Criação.
Está dito acerca deste dia: “Dia(s) em que D-us ordenou Sua bondade” (salmos
42:9). A singular forma em que está escrito “(dia(s), iomam, implica, de acordo
com as palavras do Zohar: “o dia que acompanha todos os dias”. Daqui
aprendemos que o primeiro dia, o dia da bondade, “acompanha” e irradia sua luz a
todos os demais dias da Criação.
Guevurá
“PODER”
Guevurá é a quinta das dez sefirot e o segundo dos atributos emotivos da Criação.
Guevurá = 216 = 6³. As tábuas do testemunho que Moisés recebeu no monte Sinai,
mediam 6x6x6 palmos. A Torá foi dada à Moisés e ao povo de Israel desde “a Boca
da Guevurá”. É muito significativo que não é usado por nossos sábios nenhuma
outra sefirá para referir-se à D-us em Si Mesmo, salvo de guevurá (Na Bíblia, D-us
é referido como “netsach [Eternidade] de Israel” (1 Samuel 15:29), mas não
Netsach de forma isolada). Aqui, guevurá implica no poder essencial de D-us, de
contrair e concentrar Sua luz infinita, e materializá-la em letras finitas da Torá
(especialmente aquelas talhadas nas tábuas do testemunho, os Dez Mandamentos).
Tiferet
“BELEZA”
Tiferet é a sexta das dez sefirot e o terceiro dos atributos emotivos da Criação.
A Raiz de tiferet, pode conotar também o ato de orgulhar-se e como tal representa
o orgulho que tem D-us, como se foi, por seu povo Israel. Quando servimos e
louvamos a D-us desde uma consciência de tiferet, o fazemos com a intenção de
renovar este orgulho.
A união das três emoções primárias do Coração, chessed (72) guevurá (216) e
tiferet (1081) = 1369 = 37². Este é o número de letras no capítulo da Torá que
precede os Dez Mandamentos, onde se descreve a preparação do povo de Israel
para receber a Torá. A Torá em si mesma corresponde à sefirá de tiferet. Ela foi
dada a Israel com as duas mãos de D-us, chessed e guevurá. Este é o valor
numérico da conclusão do segundo versículo da Torá (Genesis 1:2): “E o espírito de
D-us se movia sobre a superfície das águas” (=1369). “As águas” simbolizam a
Torá. O espírito de D-us que se movia sobre a superfície das águas simboliza a
porção da Torá que precede a entrega da Torá.
37 = hevel (“vapor”; Abel, o filho de Adão e Eva). Nossos sábios nos ensinam que:
“A Torá deste mundo é hevel em comparação com a Torá do mundo vindouro”.
O estado espiritual identificado no Chassidismo como correspondente à sefirá de
tiferet é o de rachamim (misericórdia).
Netsach
“VITÓRIA”
Netsach é a sétima das dez sefirot e o quarto dos atributos emotivos dentro da
Criação.
Netsach está associada na alma com o poder de vencer aqueles obstáculos que se
encontram no caminho da realização e das próprias aspirações de chessed,
outorgar bondade à Criação. Do momento que a palavra netsach denota tanto
“vitória” como “eternidade”, se pode decidir que a vitória definitiva de netsach é
sobre a morte mesmo, o impedimento final da realização de chessed.
Antes de matar a Agag o rei do povo de Amalek, o profeta Samuel disse: “E além
disso Netsach de Israel [D-us], não vai a enganar nem vai a apiedar-se, porque Ele
não é um homem para apiedar-se” (1 Samuel 15:29). “Apiedar-se” significa mudar
de opinião. A sefirá de netsach se mantém firme para sempre e nunca se apieda.
Netsach não é um mortal (“não é um homem”) que teme a morte e portanto
susceptível de “apiedar-se” frente à morte.
Este, o poder de mesirut-nefesh, estar disposto a sacrificar a própria vida por D-us
e a Torá, está latente em cada alma judia e encontra sua definitiva expressão na
sefirá de Netsach.
Hod é a oitava das dez sefirot e o quinto dos atributos emotivos dentro da Criação.
Hod está associada na alma com o poder de avanço contínuo, com a determinação
e perseverança nascida de um mandato interno muito profundo, com a finalidade
de realização dos próprios objetivos de vida. O reconhecimento de um propósito
supremo na vida e a total submissão ao que o inspira, serve para dotar a fonte da
própria inspiração com uma aura de esplendor e majestuosidade. Assim, a palavra
hod conota tanto “reconhecimento” (hodaá), como “esplendor”, este visto como
uma espécie de “reverberação” em forma de aura (hed) de luz.
No Zohar se faz referência a elas como “os pratos da balança da justiça”. Netsach
reconhece enquanto que hod concede (“reconhece” ou “confessa”). São os
responsáveis do estado de equilíbrio geral do corpo, por ser os pilares sobre os que
se mantém.
Iesod
“FUNDAMENTO”
Iesod é a nona das dez sefirot e o sexto dos atributos emotivos da Criação.
Por esta razão, a sefirá de Iesod é identificada na Torá com o Tsadik (o justo),
como está dito: “e o tsadik é o fundamento do mundo”. Em particular, este se
refere ao único, perfeito tsadik da geração. No próprio corpo do tsadik, finito e
limitado em tempo e espaço, se volvem manifestos a luz infinita e a força vital
criadora de D-us. O tsadik procria tanto no plano espiritual como também no plano
físico. Ele experimenta procriação no olho interior de sua consciência, e o contínuo
fluxo de novas idéias e inovações verdadeiras na Torá. Ele procria despertando as
almas de sua geração, para que retornem a D-us e à Torá. E isso é o que diz o Rebe
Shneur Zalman de Liadi, com respeito à primeira mitsvá da Torá (“frutificar e
multiplicar”), o fundamento da Torá: “Um judeu deve fazer outro judeu”.
O Iesod é conhecido também como o Brit, o sagrado sinal do pacto (que D-us fez
com Abraham, o primeiro judeu). Em particular, o iesod é o pacto entre os atributos
Divinos de Verdade e Paz, como disse o profeta (Zecharia 8:19): “verdade e paz
vão amar” A origem do amor é representada pela alma de Abraham, sobre o que
está dito: “Abraham, meu amante” (Isaias 41:8). Toda sua bondade (chessed)
desce (como água), para encontrar-se em Iesod. Ali se cria o pacto entre a verdade
absoluta da Torá e a paz das mitsvot, boas ações realizadas com amor por Israel.
As seis sefirot desde Chessed até Iesod se montam e desenvolvem para formar o
partsuf de Zeir Anpin. Zeir Anpin recebe sua “cabeça” o “poder cerebral” (as três
sefirot superiores chochmá, biná e daat) dos partsufim superiores de aba e Ima.
Malchut é a última das dez sefirot, e o atributo emotivo final dentro da Criação (ou
mais precisamente, o poder de expressar os pensamentos e emoções próprios aos
demais).
Malchut = 496, que é a soma de todos os números de 1 até 31. Somado a que este
é um “triângulo” (como foi descrito anteriormente, respeito das sefirot tiferet e
hod), 496 é um “numero perfeito” (um número que equivale à soma de todos os
seus divisores. Os primeiro quatro “números perfeitos” são 1, 6, 28 , 496). Desta
maneira, as dez sefirot finalizam (chegam a sua consumação) com um “número
perfeito”.
A união das últimas sefirot, iesod (80) e malchut (496) = 576 = 24².