Migração Iônica
Migração Iônica
Migração Iônica
CENTRO DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
Fabiano Missau
2004
PENETRAÇÃO DE CLORETOS EM CONCRETOS
CONTENDO DIFERENTES TEORES DE CINZA DE
CASCA DE ARROZ
por
Fabiano Missau
2004
Universidade Federal de Santa Maria
Centro de Tecnologia
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil
elaborada por
Fabiano Missau
COMISSÃO EXAMINADORA:
___________________________________
Antonio Luiz Guerra Gastaldini
(Presidente/Orientador)
___________________________________
Geraldo Cechella Isaia, Dr (UFSM)
_________________________________
Cláudio de Souza Kazmierczack. (UNISINOS/RS)
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
FIGURA 4.3 (a) Variação da resistência à compressão com o aumento dos níveis de
substituição de CCA, ensaio aos 28 dias, (b) Variação da resistência à compressão com
o aumento dos níveis de substituição de CCA, ensaio aos 91 dias ....................................... 78
FIGURA 4.4 – Resultados do ensaio de penetração de cloretos das misturas com idade
de 91 dias ............................................................................................................................... 80
FIGURA 4.5 – Redução da penetração de cloretos das misturas compostas com adições
minerais em relação ao traço de referência, aos 91 dias........................................................ 81
FIGURA 4.6 – Redução da penetração de cloretos com a variação do percentual de
substituição da CCA, aos 91 dias .......................................................................................... 81
FIGURA 4.7 – Resultados do índice K(mm) do ensaio de penetração de cloretos por
aspersão de nitrato de prata das misturas estudadas .............................................................. 85
FIGURA 4.8 – Correlação entre a concentração de OH- e o equivalente alcalino em
sódio, (a) referência, (b) 10% CCA, (c) 20% CCA, (d) 30% CCA....................................... 88
FIGURA 4.9 – Correlação entre a condutividade elétrica específica e a concentração
de OH-, (a) referência, (b) 10% CCA, (c) 20% CCA, (d) 30% CCA.................................... 89
FIGURA 4.10 – Correlação entre a condutividade elétrica específica e o Na2Oeq., (a)
referência, (b) 10% CCA, (c) 20% CCA, (d) 30% CCA....................................................... 90
FIGURA 4.11 – Volume de mercúrio intrudido acumulado em função das dimensões
dos poros na idade de 91 dias ................................................................................................ 92
FIGURA 4.12 – Volume de mercúrio intrudido em função da dimensão dos poros
– Referência .......................................................................................................................... 93
FIGURA 4.13 – Volume de mercúrio intrudido em função da dimensão dos poros
– 10% CCA ........................................................................................................................... 94
FIGURA 4.14 – Volume de mercúrio intrudido em função da dimensãodos poros
– 20% CCA ........................................................................................................................... 94
FIGURA 4.15 – Volume de mercúrio intrudido em função da dimensão dos poros
– 30% CCA ........................................................................................................................... 95
FIGURA 4.16 – Resultados resistividade elétrica aparente, ensaio aos 28 e 91 dias .......... 96
FIGURA 4.17 – Aumento da resistividade elétrica das misturas compostas com
adições minerais em relação a mistura de referência, idades 28 e 91 dias, relação
a/ag 0,50 ............................................................................................................................... 97
FIGURA 4.18 – Variação da resistividade elétrica aparente com o aumento dos
níveis de substituição de CCA, idades de 28 e 91 dias, relação a/ag 0,50 ........................ 98
xii
LISTA DE TABELAS
TABELA 4.6 – Resultados do índice K(mm) do ensaio de penetração de cloretos por aspersão
de nitrato de prata das misturas estudadas ............................................................................ 84
TABELA 4.7 – Comparação dos índices K(mm) das misturas compostas com adições
minerais e a mistura de referência ......................................................................................... 85
TABELA 4.8 – Análise da solução aquosa dos poros (Mmol/l) para relações água/
aglomerante 0,35, 0,50 e 0,65 e idade de hidratação de 91 dias ........................................... 86
TABELA 4.9 – Na2Oeq, condutividade elétrica e condutividade elétrica relativa para
as relações a/ag 0,35, 0,50 e 0,65 aos 91 dias ....................................................................... 89
TABELA 4.10 –Resultados dos ensaios de porosimetria de mercúrio ................................ 91
TABELA 4.11 – Resultados dos ensaios de resistividade elétrica aparente ........................ 96
TABELA 4.12 – Ordem da resistividade media dos traços investigados aos 28 e 91
dias ........................................................................................................................................ 98
TABELA 4.13 – Critério de avaliação da resistividade elétrica do concreto (CEB
192, 1989) ............................................................................................................................. 99
TABELA 4.14 – Constantes da curva de Abrams para a resistência à compressão aos
28 e 91 dias ........................................................................................................................... 105
TABELA 4.15 – Relação a/ag que fornecem mesmas resistências aos 91 dias e os
respectivos consumos de aglomerantes ................................................................................ 106
TABELA 4.16 – Penetração de cloretos em Coulombs das misturas investigadas em
igualdade de resistência mecânica ........................................................................................ 109
TABELA 4.17 – Qualidade do concreto com base na carga passante segundo a
ASTM C 1209/94 ................................................................................................................. 109
TABELA 4.18 – Custos dos materiais e custos totais das misturas, por metro cúbico
de concreto, em reais (R$) .................................................................................................... 111
TABELA 4.19 – Comparação (%) dos custos (R$/m3) das misturas compostas com
CCA em relação a mistura de referência .............................................................................. 113
xv
LISTA DE REDUÇÕES
RESUMO
Dissertação de Mestrado
Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil
Universidade Federal de Santa Maria, RS, Brasil
Uma das formas de aumentar a vida útil de uma estrutura de concreto é o controle da ação dos
agentes agressivos, em geral oriundos do meio ambiente. Estes agentes ocasionam o processo
de degradação das estruturas, acarretando prejuízos tanto do ponto de vista técnico – danos
causados – como do ponto de vista econômico – custos de recuperação. Os íons cloreto
constituem-se um dos mais nocivos agentes agressivos das estruturas de concreto, causando
corrosão das armaduras. Assim, inúmeras pesquisas tem sido realizadas com o intuito de
descobrir uma composição do concreto que apresente melhor desempenho. Com essa
preocupação, o presente trabalho teve por objetivo investigar o comportamento frente a
cloretos de concretos compostos com diferentes teores de cinza de casca de arroz. Foram
realizados ensaios para a determinação da resistência à compressão axial, da penetração de
cloretos ASTM C 1202, de cloretos retidos, da penetração de cloretos pelo método de
aspersão de nitrato de prata, da porosimetria de mercúrio e da composição da solução aquosa
dos poros. Foram investigadas misturas aglomerantes com teores de cinza de casca de arroz
de 10%, 20% e 30%, e confrontadas com uma de referência contendo somente cimento (CPV-
ARI). Dos resultados obtidos, verificou-se que o aumento no teor de cinza de casca de arroz
resultou numa diminuição na carga passante, no teor de cloreto retido, no volume de intrusão
de mercúrio e diâmetro crítico, na condutividade elétrica específica, e aumentou a
profundidade de penetração de cloreto avaliada pela aspersão do nitrato de prata. Acredita-se
que este comportamento deva-se à diminuição na retenção de cloreto, pelo menor teor de fase
líquida, devido à redução no teor de cimento. Isso tudo acarretou uma influência mais
significante na estrutura do concreto que a alteração na estrutura de poros. Observou-se, por
fim, forte correlação entre a penetração de cloretos, a resistência à compressão, o teor de
cloreto retido, o volume de intrusão de mercúrio, o diâmetro crítico e a condutividade elétrica
específica.
xvii
ABSTRACT
Masters Thesis
Program of Post graduation in Civil Engineering
Universidade Federal de Santa Maria, RS, Brazil
The service life of concrete structures can be extended by controlling aggressive agents often
found in the environment that attack concrete. Such agents may cause structures to deteriorate
and result in technical losses (physical damage) and financial losses (repair costs). Chloride
ions are among the most aggressive agents that attack concrete structures, causing steel bar
corrosion. Several research studies have been performed to develop a concrete composition
that would lend optimal chloride ion protection. The present study investigated the chloride
resistance behavior of concrete compositions using different contents of rice husk ash (RHA).
The concrete samples were tested for axial compressive strength, chloride penetration ASTM
C 1202 (RCPT), chloride retention, chloride penetration by silver nitrate spray, mercury
porosimetry and pore solution composition. Binder mixtures with 10%, 20% and 30% RHA
were investigated and compared with the cement-only reference sample. Test results show
that higher RHA concentrations yielded a drop in the charge passed, in the concentration of
retained chloride, in the mercury intrusion volume, in the critical diameter and in specific
electrical conductivity. At the same time, the chloride penetration depth measured by silver
nitrate spray increased. This behavior can be attributed to a reduction in chloride retention and
a lower concentration of aluminates resulting from the lower cement content used, a factor
that has a more significant influence that the changes in pore structure. A strong correlation
was observed between chloride penetration and compressive strength, the concentration of
retained chloride, the mercury intrusion volume, the critical diameter and the specific
electrical conductivity.
1
INTRODUÇÃO
A crise energética mundial tem conduzido a humanidade à busca cada vez maior de
fontes de energias renováveis. Estas se apresentam como quase inesgotáveis. Como exemplo
temos: a energia solar, a energia eólica, a energia hidráulica, as marés e a biomassa.
As fontes renováveis de energia oferecem inúmeras vantagens em relação às energias
sujas (nuclear, carvão mineral e petróleo), como: assegurar a sustentabilidade da geração de
energia em longo prazo; reduzir as emissões atmosféricas de poluentes; criar novas
oportunidades de empregos; e diminuir o desmatamento de nossas florestas.
A utilização racional destas fontes renováveis pode ser adotada em varias áreas
participantes no processo de degradação ambiental. Tal utilização apresenta-se hoje como
alternativa para a construção de um desenvolvimento sustentável. Este é definido, por
Sjöstrom (1996 apud JOHN, 2004), como forma de desenvolvimento econômico que emprega
os recursos naturais e do meio ambiente não apenas em beneficio do presente, mas também de
gerações futuras.
Hoje, desenvolvimento sustentável constitui-se uma preocupação também para a
indústria da construção civil, tanto a nível nacional, como internacional. Encontra-se
relacionado com um imenso ramo de atividades que possuem importância nos impactos
ambientais. A reciclagem dos resíduos oriundos das atividades agrícolas e industriais
apresenta-se, portanto, como uma alternativa para a diminuição do impacto ambiental gerado
pelos processos construtivos usuais.
Deste modo, abordar o desenvolvimento sustentável sob os aspectos da indústria da
construção civil, incentivar o desenvolvimento de projetos e de novas tecnologias que
proporcionem a redução da geração de resíduos; valorizar o uso racional de recursos tais
como a energia e a água, e a utilização de materiais ambientalmente corretos; enfim
determinar parâmetros para avaliação ambiental de edifícios, são as diretrizes que têm sido
cada vez mais destacadas nos ramos de pesquisas ligadas à engenharia civil e a áreas afins.
Uma das formas de utilização racional dos resíduos agrícolas e industriais é o uso
destes em substituição parcial do cimento, no concreto. A utilização de tais adições minerais
no concreto - cinza de casca de arroz (CCA), escoria de alto forno (EAF), cinza volante, (CV)
entre outras - apresenta-se como uma resposta positiva ao questionamento à respeito do que se
fazer com esses resíduos.
2
Objetivo
Visando uma análise mais precisa da influência dos diferentes teores de substituição de
cinza de casca de arroz no lugar do cimento, investigou-se um concreto sem adição,
somente com cimento. Este é denominado concreto de referência, e serviu de parâmetro
para a comparação dos diferentes resultados obtidos quando utilizadas as diferentes adições
minerais em teores de substituição de cimento de 10%, 20%, 30% para a cinza de casca de
arroz, 35% para cinza volante e 50% para escória de alto-forno.
A busca pelo objetivo pré-descrito foi norteada por algumas perguntas mais
específicas tais como:
Estrutura da dissertação
Neste capítulo, será apresentada uma revisão acerca dos fatores desencadeadores da
desagregação do concreto, sendo ressaltado principalmente as causas relacionadas à ação dos
cloretos no mesmo. Na seqüência, serão também abordados alguns aspectos referentes às
modificações das propriedades dos concretos frente à ação deste destacado agente agressivo.
Cada vez mais, pesquisas são realizadas no intuito de melhoria das propriedades do
concreto e, principalmente, do aumento de sua vida útil. Desta forma, estudos avançam rumo
ao domínio das propriedades do mesmo, objetivando-se a construção de estruturas mais
duráveis, economizando gastos futuros.
Mehta e Monteiro (1994) destacam que, embora o concreto apresente uma vida longa
na maioria dos ambientes naturais ou industriais em que está inserido, quando este não é
devidamente dosado e executado, torna-se facilmente vulnerável à ação dos processos físicos
e químicos de deterioração, fato pelo qual tem se estabelecido os processos de degradação.
O termo durabilidade, segundo Ferreira (1999), possui várias definições. De maneira
sucinta, durabilidade é a resistência de um material ou elemento da construção à deterioração
ou desagregação. A degradação, conforme relata a autora, é definida pela perda progressiva
das qualidades que o elemento possui para prestar o serviço para o qual foi destinado.
A NBR 6118 (2003) define durabilidade como a capacidade de uma estrutura resistir
às influências ambientais, previstas e definidas em conjunto pelo autor do projeto estrutural e
o contratante, no início dos trabalhos de elaboração do projeto.
Atualmente, as estruturas de concreto têm sido utilizadas em ambientes cada vez mais
hostis, próximo ao mar, em climas extremamente quentes ou frios, em ambientes sujeitos à
alta pressão, em depósitos de materiais nucleares ou produtos altamente tóxicos, etc...
6
1.3.1 Permeabilidade
Helene (1997) e Cascudo (1997) definem migração iônica no concreto como uma
movimentação de íons que se dá pela corrente gerada pela ação de campos elétricos
decorrentes da corrente elétrica existente no processo eletroquímico.
9
Regatieri (1999) afirma que a migração de íons cloreto dentro do concreto se dá pela
ação do campo elétrico formado a partir do surgimento de pilhas de corrosão eletroquímica.
Estes íons tendem, ao penetrarem no concreto, a contribuir para a redução da resistividade
elétrica e aumentar a condutibilidade do eletrólito, favorecendo assim o crescimento da taxa
de corrosão.
Cascudo (1997) e Neville (1997) definem difusão como sendo uma característica
determinada pelo deslocamento de um fluído no interior do concreto devido a uma diferença
de gradiente de concentração.
Essas diferenças nas concentrações de íons suscitam o movimento deles em busca de
equilíbrio. A difusão iônica apresenta-se como o mecanismo de transporte predominante dos
cloretos dentro do concreto, caso seja resguardada uma certa interconexão dos capilares e haja
eletrólito (sem o que a difusão iônica não ocorre). As diferenças nas concentrações podem ser
um fator mais significativo sob a ótica da durabilidade do que a própria permeabilidade.
Valores típicos da taxa de difusão para pastas de cimento plenamente saturadas são da
ordem de 10-12 m2/s e, portanto, a penetração de cloretos numa espessura de 10mm de pasta
de cimento demandaria muitos meses (CASCUDO, 1997).
Estudo de diversos autores, Rasheeduzzafar (1992), Helene (1993), Bauer (1995),
Jones et al. (1997) e Wee et al. (1999), relatam que as variáveis que mais influenciam na
penetração de íons agressivos no concreto são: a porosidade, a permeabilidade, a relação
água/aglomerante, a espessura da camada de cobrimento, a duração e as condições de cura, a
dosagem correta dos materiais, os teores de íons agressivos do meio, o ambiente em que o
concreto esta inserido e o emprego de aditivos e adições minerais e suas características. Esta
última variável é discutida no capítulo II desta dissertação.
Em uma pasta de cimento Portland bem hidratada, a fase sólida, que é composta
principalmente por hidratados de cálcio relativamente insolúveis, tais como C-S-H, CH e C-
10
A-S-H, estes encontram-se em um estado de equilíbrio estável com fluidos nos poros com alto
pH. Grandes concentrações de íons Na+, K+ e OH- são responsáveis pelo alto valor do pH, de
12,5 a 13,5, do fluido nos poros das pastas de cimento Portland, o que torna claro que o
concreto de cimento Portland estaria em um estado de desequilíbrio químico quando entrasse
em contato com um meio ácido. Do ponto de vista da durabilidade qualquer meio com pH
menor que 12,5 torna-se prejudicial e pode ser agressivo ao concreto. Isto porque a redução da
alcalinidade leva a uma desestabilização dos produtos cimentíceos de hidratação. O ataque
químico, portanto é função do pH do agente químico e da permeabilidade do concreto
(SILVEIRA, 1996).
A água está presente na maioria dos processos de deterioração, e constitui-se em um
agente básico, primário, da degradação física dos materiais porosos. Ao servir de veículo para
o transporte de íons agressivos, a água pode contribuir também para a desagregação química
dos materiais. Esses fenômenos físico-químicos de desagregação relacionados com os
movimentos da água no interior dos sólidos porosos podem ser controlados através da
permeabilidade do material, como já mencionado.
A água possui um alto poder solvente, assim, muitos íons e gases encontram-se
presentes em solução na água, que adquire, dessa forma, a capacidade de quimicamente
decompor materiais sólidos.
A taxa de deterioração está relacionada com a mobilidade do ataque, se apenas é
superficial ou se envolve, ao mesmo tempo, o interior do material.
Outro fator que influencia os processos de desagregação do material é o tipo de
concentração de íons na solução e da concentração química do material. O concreto, ao
contrario, dos minerais e das rochas naturais, apresenta uma composição altamente alcalina e,
portanto, muito sensível a águas ácidas.
Na Figura 1.1, observa-se que as reações químicas se manifestam, de maneira geral,
através de efeitos físicos tais como o aumento da permeabilidade, porosidade, o aumento das
tensões internas. Estas geram uma série de conseqüências nocivas e danosas ao concreto,
como a perda de rigidez, perda de alcalinidade, perda de resistência, fissuração, deformação e,
que por conseguinte, aumentam sua taxa de deterioração.
11
Neville (1997) relata que, logo após o início da hidratação do cimento, forma-se uma
camada de γ-Fe2O3, firmemente aderida ao aço. Enquanto esta película estiver aderida ao
aço, o mesmo permanecerá protegido. No entanto, os íons cloreto destroem a película e,
com a presença de água e do oxigênio ocorrerá a corrosão.
O autor descreve o processo corrosivo sumariamente relatando que, quando existir
uma diferença de potencial elétrico entre dois pontos do aço no concreto, forma-se uma
célula eletroquímica: são constituídas uma região anódica e uma região catódica ligadas
++
pelo eletrólito na forma de água dos poros da pasta endurecida. Os íons de ferro, Fe , com
carga elétrica positiva no ânodo passam para a solução, enquanto os elétrons livres, e-, com
carga elétrica negativa, passam pelo aço para o cátodo, onde são absorvidos pelos
constituintes do eletrólito e combinam com a água e o oxigênio para formar íons de
hidroxila, OH-. Estes íons se deslocam pelo eletrólito e combinam-se com os íons ferrosos,
formando hidróxido ferroso que, por outra oxidação, se transforma em hidróxido férrico
(ferrugem). As reações são as seguintes:
reações anódicas:
Fe ++ + 2(OH-) Æ Fe(OH)2 (hidróxido ferroso)
4Fe(OH)2 + 2H2O + O2 Æ 4 Fe(OH)3, (hidróxido férrico)
reação catódica:
Pode se notar que o oxigênio é consumido e a água é regenerada, mas ela é necessária
para que o processo tenha continuidade. Assim, não há corrosão em concreto seco,
provavelmente em umidade relativa abaixo de 60 %; também praticamente não há corrosão
de concreto completamente imerso, exceto quando a água pode reter ar, como por exemplo,
pela ação de ondas. A umidade relativa ótima para corrosão é entre 70 % e 80 por cento
Cascudo (1997). Em umidades relativas mais altas, a difusão do oxigênio através do
concreto é consideravelmente reduzida.
As diferenças de potencial eletroquímicas podem ter origem em diferenças do
ambiente do concreto, por exemplo, quando uma parte está permanentemente imersa em
água do mar e outra parte está exposta à molhagem e à secagem alternadas. Uma situação
semelhante pode ocorrer quando houver uma diferença substancial de espessura de
cobrimento de uma estrutura de aço que esteja conectada eletricamente. Podem se formar
células eletroquímicas também devido a diferenças de concentração salina na água dos
poros ou devido a acesso não uniforme de oxigênio. Figura 1.2.
Figura 1.2 – Efeito do maior ou menor acesso de oxigênio (CASCUDO, 1997, p. 54).
14
Para que se inicie a corrosão, a camada de passivação deve ser atravessada. Os íons
cloreto ativam a superfície do aço formando o ânodo, sendo o cátodo a superfície
passivada. As reações são as seguintes:
Fe++ + 2C1- Æ FeCI2
FeCI2 + 2H2O Æ Fe(OH)2 + 2HC1
Assim, o Cl- é regenerado de modo que a ferrugem não contém cloreto, embora se
forme cloreto ferroso no estágio intermediário. Como a célula eletroquímica necessita de
uma conexão entre o ânodo e o cátodo pela água dos poros, bem como pela própria
armadura, o sistema de poros na pasta de cimento endurecida é um fator importante
influenciando na corrosão. Em termos elétricos, é a resistência da conexão pelo concreto
que controla a passagem da corrente. A resistividade elétrica dele é fortemente influenciada
pelo seu teor de umidade, pela composição iônica da água dos poros e pela continuidade do
sistema de poros da pasta de cimento endurecida.
Iniciada a corrosão da armadura, a resistividade elétrica e o acesso de oxigênio até a
superfície da armadura são os principais fatores controladores do processo. A resistividade
regula a mobilidade dos íons, dificultando a sua circulação, enquanto a ausência de
oxigênio próximo à superfície do aço interrompe o processo (ABREU, 1998).
Helene (1993) destaca que um teor elevado de cloretos, assim como uma maior
mobilidade dos mesmos, gerado pela ação de um campo eletroquímico e ocasionado pela
pilha de corrosão pode acelerar, de maneira significativa, o processo corrosivo. Portanto,
são de interesse vital para o aumento da velocidade da corrosão das armaduras no concreto
o controle do coeficiente de difusão de cloretos, o oxigênio na solução aquosa dos poros e o
aumento da resistividade elétrica do concreto.
São duas as conseqüências da corrosão do aço. Primeiro, os produtos da corrosão
ocupam um volume várias vezes maior do que o aço que lhes deu origem, de modo que a
sua formação resulta em fissuração (caracteristicamente paralela às barras da armadura),
lascamento ou delaminação do concreto. Isso torna mais fácil a entrada de agentes
agressivos em direção ao aço, com um conseqüente aumento da velocidade de corrosão.
Segundo, o progresso da corrosão no ânodo reduz a área da seção transversal do aço,
reduzindo, assim, a sua capacidade de suporte de solicitações. Neste particular, deve ser
observado que a corrosão induzida por cloretos é localizada em um pequeno ânodo,
causando uma escarificação do aço. Quando o suprimento de oxigênio é bastante limitado,
pode ocorrer uma corrosão lenta.
15
O processo corrosivo das armaduras de concreto pode ser acelerado por agentes
agressivos contidos ou absorvidos pelo concreto, entre eles podemos citar os íons sulfetos
(S-), os cloretos (Cl-) (tema desta dissertação), os nitritos (NO3), o gás sulfídrico (H2S),
entre outros. Esses agentes não permitem a formação ou quebram a película existente de
passivação do aço, acelerando a corrosão (HELENE, 1986).
Os cloretos podem ser encontrados no concreto de duas formas: como cloreto livre,
solúvel ou dissociável, na forma de íon, na água dos poros, ou como cloreto combinado,
formando parte das fases hidratadas do cimento. O primeiro apresenta-se como cloreto
realmente agressivo à armadura, e o segundo, geralmente, encontra-se combinado na forma de
cloro-aluminato conhecido como sal de Friedel (HELENE, 1993). A soma do cloreto livre e o
cloreto combinado é denominada cloreto total. Embora o cloreto solúvel em água seja o que
pode provocar a corrosão, é conveniente determinar os cloretos totais, pois parte destes
cloretos combinados podem vir a ficar disponíveis para reações deletérias devido a
fenômenos, tais como a carbonatação, a ação dos sulfatos ou a elevação da temperatura.
Helene (1993) relata que a carbonatação e a ação de bactérias no concreto reduzem a
alcalinidade natural do concreto, causando dissolução da camada passivante que protege a
16
válido neste caso prever, no projeto, a dosagem adequada do concreto de cobrimento para a
proteção perfeita das armaduras.
A relação Cl-/OH- da solução dos poros determina o limite crítico do teor de cloretos,
capaz de despassivar a armadura. Esta relação Cl-/OH- depende de vários fatores como da
composição do concreto, do teor de C3A do cimento, da temperatura, da umidade relativa, do
pH da solução dos poros, da proporção de cloretos solúveis e do conteúdo de água e a fonte de
cloretos (ALONSO et. al, 1997).
De maneira geral, todos os materiais empregados no preparo do concreto podem
contribuir para o seu teor total. A seguir serão citados alguns materiais utilizados na
preparação do concreto com seus teores de cloretos permitidos.
O cimento Portland possui valores reduzidos de cloretos, não mais que 0,01% em
massa. Não há limite especificado na norma nacional. A norma BS12 (BSI, 1991) limita o
teor de cloretos no máximo em 0,1% (PEREIRA, 2001).
No que diz respeito ao agregado, a norma BS 812 (BSI 1992) contém diretrizes para o
teor máximo aceitável de íon cloreto no agregado, embora se deva considerar a sua
contribuição para o teor total no concreto, em função da sua dosagem. A norma determina um
limite de 0,01% para o agregado de concreto protendido (em relação à massa total de
agregado), 0,03% para concreto armado com cimentos resistentes a sulfatos e 0,05% para
outros concretos armados, conforme relata Pereira (2001) em seu estudo sobre a influência do
tipo de cimento na determinação de cloretos no concreto.
A água de amassamento não deve conter matéria orgânica indesejável em teores
excessivos. Em algumas regiões áridas, ou próximas do mar, a água pode ser salobra, indicada
por um alto teor de cloreto. É considerada satisfatória se atende à exigência do apêndice da
BS 3148 BSI (1980), que recomenda os limites de 500 ppm para cloreto e 1000 ppm para
sulfato segundo NEVILLE (1997). A água potável, por imposição da saúde pública, contém
um teor muito baixo de cloro (<1,4 ppm), que não afeta o concreto.
Helene (1993) apresenta em seus estudos os limites para o teor máximo de cloretos no
concreto normatizados em diversos países (Tabela 1.1).
O teor de cloretos, como podemos observar na tabela 1.1, é geralmente expresso em
porcentagem. Este percentual é variável, pode ser tomado em relação à massa de cimento, ao
volume de concreto ou ao volume da água de amassamento.
19
Tabela 1.1 - Limites normatizados para o teor total de cloretos no concreto (HELENE,
1993)
Limite máximo de cloretos
País Norma Concreto Limite referido a
Concreto armado
protendido
*NBR 6118 0,05
Água de
BRASIL NBR7197 - 0,05%
amassamento
NBR9062 - 0,05%
EH-88 0,40% -
ESPANHA Cimento
EP-88 - 0,10%
ACI 222 0,20% 0,08%
ACI 201 0,20% 0,08%
EUA 0,30 ambiente normal Cimento
ACI 318 0,15% ambiente cloreto 0,006%
1% ambiente seco
CEB 0,05% 0,025% Concreto
CEB-FIP 0,40% 0,20%
EUROPA
1% Concreto simples Cimento
ENV 206 0,20%
0,40%
JAPÃO JSCE SP-2 0,60kg/m3 0,30 kg/m3 Concreto
* foram feitas modificações ver norma atualizada NRB 6118 (2003)
Andrade (1992) afirma que, de modo geral, são considerados os limites de 0,4% em
relação à massa de cimento, ou 0,05% a 0,1% em relação à massa do concreto, quantidades
essas suficientes para provocar a despassivação do aço.
Predominantemente não há um consenso quanto ao teor máximo de cloretos a ser
incorporado ao concreto como forma de evitar a corrosão, pois muitos são os fatores que
influenciam o processo corrosivo.
12000
10000
8000
9 (cm²/s)
6000
4000
2000
0
0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8
Relação água/cimento
Figura 1.5 – Efeito da relação água cimento sobre a carga total passante (PEREIRA,
2002).
21
Moreira (2001) afirma, por seu turno, que a relação a/ag, do ponto de vista da
degradação superficial do concreto, demonstrou ser um parâmetro bastante eficiente de
durabilidade, tendo sido os concretos de maior relação a/c os mais atingidos, em suas
pesquisas, pelas soluções agressivas.
volante (25%) e metacaulinita (10%), com relações a/ag de 0,40 e 0,55 e 2 procedimentos de
cura distintos: cura úmida e cura ao ambiente. Realizou ensaios de penetração de íons cloreto
aos 28 e 91 dias (ASTM-C 1202). Os resultados dos ensaios de penetração de cloretos
indicaram uma influência marcante do tempo de cura na melhoria da resistência à penetração
de cloretos. Esta relação a/ag, estatisticamente, mostrou-se menos influente na resistência à
penetração de cloretos que as adições minerais e a idade de ensaio. O autor relata ainda que os
concretos curados ao ambiente apresentaram menores penetrações a cloretos que os concretos
curados em cura úmida.
Feng (2003) estudou a influência do uso da cinza volante ativada térmica, física e
quimicamente, em níveis de substituição ao cimento no concreto de 10%, 20%, 30% e 40%,
com relação a/ag 0,50. Seus resultados mostraram que as misturas que utilizaram cinza
volante ativada apresentaram melhorias na resistência à corrosão do concreto, principalmente
nos níveis abaixo de 20% e 30% de substituição.
Já Ramezanianpour & Malhotra (1995) estudaram a influência do uso de adições
minerais na penetração de cloretos. As misturas estudadas foram compostas com cinza
volante, escória de alto forno e sílica ativa, além da mistura de referência, em teores de
substituição de 25%e 58%, 25% e 50%, e 10%, respectivamente, com relações a/ag de 0,35
para a mistura composta com 58% de cinza volante e 0,50 para as demais misturas. Os
resultados dos ensaios mostraram que as misturas compostas com adições minerais, tanto aos
28 dias como também aos 180 dias, apresentaram valores muito reduzidos quando
comparados com o traço de referência. Fato este destacado pelos autores devido a uma
permeabilidade muito baixa destes concretos, em conseqüência de mudanças na estrutura dos
poros dos sistemas com adições minerais hidratadas.
De maneira geral, as adições minerais apresentam uma influência benéfica na redução
da penetração de cloretos, pois possuem capacidade de fixação de cloretos, pelo fato de
aumentarem a quantidade de aluminatos disponíveis, e provocam um refinamento dos poros,
densificando a pasta do concreto, obturando e secionando a rede de intercomunicação dos
poros, com isso dificultando a entrada dos íons agressivos para o interior do concreto
(BAUER, 1995; ZHANG e MALHOTRA, 1996; BASHEER, 2002).
23
1.7.3 Temperatura
80
60
40
20
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Teor de C3A no cimento
70ºC 20ºC
Figura 1.6 – Influência do teor de C3A na quantidade de íons cloreto livres, a 20º e 70ºC
(HUSSAIN e RASHEEDUZAFAR, 1993)
24
1.7.4 Cura
Aïctin (2000) observou que a falta de uma cura adequada do concreto pode ser um
fator crítico para a durabilidade do concreto aos agentes agressivos do meio, entre eles o
cloreto.
Pesquisadores como GjΦrv e Vennesland (1979), afirmam em seus estudos sobre
penetração de cloretos em curtos espaços de exposição, que o efeito da relação a/ag é limitado
à camada superficial do concreto e, em longos períodos de exposição, o tipo de cimento
apresenta maior influência na penetração de cloretos que a relação a/ag.
Plante e Bilideau (1989), em suas pesquisas sobre a utilização da cinza volante em nível
de substituição ao cimento de 25%, relatam que o aumento do tempo de cura, acarretou
significativa redução da porosidade da pasta com o decorrer do tempo, ocorrendo reduções
expressivas na penetração de cloretos em concretos confeccionados com diferentes relações
a/ag (Figura 1.7).
Khatib (2002) estudou a influência da cura em altas temperaturas e em baixa umidade
sobre a penetração de cloretos no concreto em que parte do cimento foi substituída por 20%
de cinza volante e 9% de sílica ativa com relação a/ag 0,45. Os resultados mostraram que as
condições iniciais de cura tiveram uma substancial influência na taxa de penetração de
cloretos, durante curtos períodos de exposição a ambientes com cloretos. Após longos
períodos de exposição o efeito da cura inicial tornou-se insignificante.
25
16000
14000
Isaia (1995) pesquisou sobre a penetração de cloretos em misturas contendo 25% e 50%
de cinza volante, 10% e 20% de sílica ativa e 10% e 30% de cinza de casca de arroz com
relações 0,3, 0,4 e 0,5. O autor afirma que a cura desempenha função preponderante no
desenvolvimento do grau de hidratação, na formação dos poros grandes e pequenos, contínuos
e descontínuos. Assim, a penetração de cloretos através da camada de cobrimento, também é
governada pelo modo que foi realizada a maturação do concreto, como explica o autor, pelo
período que esteve em contato com a umidade, nas idades iniciais, especialmente quando são
empregadas adições minerais.
Observou-se que a cura exerce um papel importante nas melhorias da resistência à
penetração de cloretos no concreto. De outro modo, constatou-se uma influência maior da
relação a/ag quando confrontada com o tempo de cura na diminuição da penetração de
cloretos no concreto, fato este também flagrado em pesquisa realizada por BATTAGIN
(2002).
Tabela 1.2 – Tipos de misturas utilizadas nos experimentos de Wee et al. (2000)
X = a+K t
passante total de misturas contendo EAF mostrou-se estar relacionada com a condutividade
do fluido presente na matriz endurecida, o que complica a correlação entre a penetração de
cloretos e à carga passante total das misturas contendo EAF. Há um consenso geral, afirma o
autor, de que os dados obtidos pelo TRPC refletem a resistividade elétrica do concreto no
lugar da resistência à penetração de cloretos e, como declaram Wee et al. (2000), esta relação
tem se mostrado válida somente para argamassas e concretos produzidos sem adições.
Visando a quantificação do tipo e natureza da interdependência entre as 3 propriedades
referentes ao K, carga passante e resistividade elétrica, Wee et al. (2000) desenvolveram
gráficos destes inter-relacionamentos.
Compararam as propriedades de K, carga passante através da análise das misturas dos
concretos de referência e dos concretos compostos com adições minerais. Observaram, para a
mistura de referência, uma redução no coeficiente K e na carga passante devido à extensão do
tempo de cura (3, 7, 28 dias).
Analisaram as tendências seguidas por K e a carga passante, através da definição de 2
fatores nomeados Kopc/ma e Copc/ms. O fator Kopc/ma foi definido, pelos autores, como a
taxa de valor K da mistura composta com adição mineral. Do mesmo modo, o fator Copc/ms
foi definido pelo quociente da carga passante da mistura de referência pela carga passante da
mistura composta por adições minerais. Da análise destes, afirmaram que para uma dada
proporção, finura e respectivo tempo de cura (3, 7, 28 dias) Kopc/ms seguiu duas diferentes
tendências. Ele permaneceu praticamente inalterado, ou seu acréscimo com o período de cura
foi menor que a amostra de referência. Por outro lado, o Cops/ms aumentou (maior carga
passante da amostra de controle) ou decresceu (com o período de cura) com a superior carga
passante das misturas minerais em relação à amostra de controle.
Wee et al. (2000) observaram que, para os concretos compostos por misturas minerais,
o coeficiente K e a carga passante seguiram diferentes tendências (Figura 1.8). Isto é indicado
pelo baixo índice do coeficiente de determinação R2 (0,63 e 0,32) para as misturas de escória
de alto forno e sílica ativa, respectivamente. Tal dado confirma que, nos concretos compostos
por adições minerais diferentes mecanismos controlam o transporte iônico.
30
Figura 1.8 – Gráfico da correlação entre a carga passante e o coeficiente K. (WEE et al.,
2000).
Wee et al. (2000) afirmam que a dependência dos resultados do TRPC sobre a
condutibilidade dos fluidos dos poros é puramente propriedade deste e não tem relevância
para a penetração de cloretos no concreto. Por este motivo, para concretos contendo adições
minerais, a interpretação da penetração de cloretos pelos resultados do TRPC torna-se irreal.
32
Wee et al. (2000), em seus estudos sobre o mecanismo de transporte iônico, afirmam
que a condutividade do fluido dos poros é, em troca, governada pela concentração de vários
íons dissolvidos nele. Relataram que os principais íons que podem participar do processo de
condução eletrolítica são Na+, K+, e OH-. Observaram também que, durante o TRPC, além da
condução eletrolítica dada pelos íons cloreto presentes, no reservatório negativo da célula, os
íons presentes nos fluidos dos poros (Na+, K+, e OH-) participam também do processo de
migração iônica. Quando comparada com a condutividade iônica dos íons cloreto, a
condutividade de Na+, K+, em meio aquoso, foi considerada baixa. O papel dos íons Ca++,
durante o processo de migração, é considerado pequeno, devido à presença em baixa
concentração no fluido dos poros, e devido também ao seu raio relativamente grande, quando
comparado com outros íons. A sua carga, transportada durante o TRPC, é descrita pelo autor
como pequena.
Quanto aos íons OH-, (Andrade, 1993 apud WEE et al., 2000) relata que estes são
responsáveis pelo transporte de uma significante quantidade de carga durante o TRPC, por
causa de sua alta condutividade iônica, em relação aos outros íons presentes nos fluidos dos
poros Na+, K+ e Ca++. Wee et al. (2000) observaram que, para um dado conteúdo de álcali, o
aumento do percentual de substituição de CP por SA ou EAF acarretou diminuição nos
valores do pH, sendo este efeito mais acentuado para a SA devido à sua maior atividade
pozolânica.
A concentração de íons OH- na solução dos poros depende do conteúdo de cimento da
mistura e do conteúdo álcali metal do cimento usado, assim como do tipo e da proporção da
adição mineral presente na mistura. Hibbert (apud WEE et al., 2000) relata que, para um dado
conteúdo álcali, o aumento da porcentagem de substituição de CP por SA ou EAF acarreta
uma diminuição nos valores do pH, sendo que o efeito da substituição é mais acentuado para
os concretos compostos com SA, devido à intensa reação pozolânica. Além disso, durante o
TRPC o pH do fluido dos poros influencia a carga passante total dos concretos compostos
com SA e EAF. A influência do pH sobre a carga passante é governada por um regime de
cura nos quais os íons OH- constituem puramente a propriedade do TRPC e não têm ligação
direta com a permeabilidade das misturas de concreto.
Observa-se, por fim, nos estudos realizados por Wee et al. (2000), que a extensão do
período de cura de 3 para 28 dias resultou em uma grande redução na magnitude da carga
34
O arroz é considerado o cereal mais cultivado no mundo. Dados da FAO – “Food and
Agriculture Organization” – estimam que sua produção mundial para o ano de 2004 será da
ordem de 612,8 milhões de toneladas, sendo que o Brasil encontra-se na 9º posição em
produção deste cereal, com uma produção estimada de 12,5 milhões de toneladas para o ano
de 2004 (Figura 2.2).
(a) 200,0
180,0
China
Índia
160,0
Milhões de toneladas
Indonésia
140,0
Bangla-desh
120,0 Vietnã
100,0 Tailândia
80,0 Myanmar
60,0 Filipínas
Brasil
40,0
Japão
20,0
EUA
-
(b)
China
Índia
12% Indonésia
2% 2% 28%
2% Bangla-desh
2% Vietnã
4%
Tailândia
Myanmar
4% Filipínas
6% Brasil
7% Japão
9% 22%
EUA
outros
A América do sul detém uma fatia de 3,5% da produção mundial, sendo o Brasil o
maior produtor com participação de 57% (Figura 2.3).
Argentina Argentina
Outros 4%
27%
Brasil
Colombia Brasil
12% Colombia
57%
Outros
muito grande entre os resultados das pesquisas, que demonstram o seu grande potencial como
adição mineral, e a sua utilização no mercado da construção civil. Porém o aumento cada vez
mais acentuado dos resíduos poluentes gerados e a necessidade de reciclagem dos mesmos
tornarão, num futuro muito próximo, a utilização destes subprodutos obrigatória, como
alternativa de desenvolvimento de uma engenharia mais voltada para o meio ambiente,
conservadora do mesmo e sustentável.
Mehta (1992) define a casca de arroz como sendo uma capa lenhosa do grão, dura,
composta com alto teor de sílica, 50% de celulose, 30% de lignina e 20% de sílica de base
anidra. Após a queima, a lignina e a celulose podem ser removidas resultando em uma
estrutura celular porosa como podemos observar na Figura 2.4.
Se queimada parcialmente, a casca de arroz gera uma cinza com certo teor de carbono,
possuindo, assim, a cor preta. Quando totalmente queimada resulta em uma cinza de cor
acinzentada, branca ou púrpura, dependendo das condições impostas na sua queima.
O termo pozolana, segundo a NBR 12653 (1992), é definido como um material que,
por si só, possui pouca ou nenhuma atividade aglomerante mas, quando finamente dividido e
39
na presença de água, reage com hidróxido de cálcio à temperatura ambiente, para formar
compostos de propriedades aglomerantes.
As adições minerais são materiais que possuem propriedades pozolânicas e ou
cimentíceas, são adicionadas ao concreto em quantidades que variam geralmente entre 5 e
70% de massa de cimento (REGO, 2001).
Mehta (1992) relata que as adições minerais cimentantes e ou cimentíceas,
como exemplo a escória de alto-forno possuem composição química contendo principalmente
cálcio, magnésio alumínio e sílica. As cinzas volantes possuem em sua composição na maior
parte vidro de silicato contendo principalmente cálcio, magnésio alumínio e álcalis. A cinza
de casca de arroz é essencialmente constituída de sílica na forma não cristalina e é classificada
como uma pozolana altamente reativa. Relata também em seus estudos que a CCA é
extremamente atrativa, como material aglomerante complementar. O autor destaca também
que a CCA obtida através da queima controlada da casca, tem, no concreto o seu uso mais
nobre.
Mehta (1992) relata em seus estudos que a CCA é extremamente atrativa, como
material aglomerante complementar. O autor destaca também que a CCA obtida através da
queima controlada da casca, tem, no concreto o seu uso mais nobre, pois se destaca como uma
pozolana altamente reativa.
Calleja (1983), Guedert (1989), Farias & Racena (1990), Santos (1998), Bouzoubaâ et
al. (2001), entre outros, estudaram a influência do tempo de moagem e da temperatura de
queima da CCA na melhoria das propriedades da mesma e também do concreto.
Calleja (1983) afirma que o grau de moagem é um fator importante no uso da CCA,
pois o tempo de moagem relaciona-se diretamente com a finura da cinza, e esta influencia em
variáveis importantes para o concreto, como a relação a/ag e a retenção de água pelo
concreto. Este fato foi observado também por Farias e Racena (1990), os quais afirmam em
seus estudos que a finura, a densidade e a forma das partículas influenciam diretamente a na
trabalhabilidade, na retenção de água pelo concreto e na incorporação de areia na argamassa.
Santos (1998), por sua vez, comparou o desempenho da pozolanicidade, em
argamassas de misturas compostas com CV e CCA (gerada sem controle de temperatura). A
40
autora realizou também um estudo da atividade pozolânica dos materiais para diferentes
tempos de moagem. Observou que a atividade pozolânica está diretamente ligada ao tempo de
moagem. Quanto maior o tempo de moagem, maior a reatividade da CCA, independente do
processo de geração da cinza, com ou sem controle de temperatura.
Por seu turno, Bouzooubaa (2001) investigou o tempo ideal de moagem da CCA,
utilizando CCA indiana, queimada em forno industrial. Para isto, o autor usou um moinho de
bolas com capacidade de 30 gramas. As amostras foram coletadas e analisadas após 80s, 140s
e 200s. Foram avaliados também a retenção de água e o índice de atividade pozolânica. A
Figura 2.5 mostra as mudanças no tamanho e distribuição das partículas depois de 200s de
moagem. Observa-se que o tamanho das partículas decresceu com o acréscimo do tempo de
moagem. O tamanho médio das partículas diminuiu de 40.0μm para 8.3μm e 7.5μm, depois
de 140 e 200 segundos de moagem, respectivamente. O decréscimo do tamanho das partículas
foi mais significativo durante os 140s de moagem iniciais. Após este período, as maiorias das
partículas maiores sofreram reduções de tamanho de forma a apresentarem tamanhos
inferiores a 45μm. Assim, 55% das partículas apresentaram tamanhos menores que 10μm. O
aumento adicional no tempo de moagem apresentou-se menos efetivo no acréscimo da finura
das partículas.
A Tabela 2.1 mostra o efeito da moagem da CCA sobre suas propriedades físicas.
(BOUZOUBAÂ et al., 2001).
Figura 2.5 – Curva da distribuição do tamanho das partículas da CCA de acordo com o
tempo de moagem (BOUZOUBAÂ et al., 2001)
41
Tabela 2.1 – Efeito da moagem da CCA sobre suas propriedades físicas (BOUZOUBAÂ
et al., 2001).
antes da moagem 40
Distribuição
do tamanho médio após 80 segundos 10
partículas após 140 segundos 8
(μm)
após 200 segundos 7,5
antes da moagem 116
Consumo
de após 80 segundos 101
Água após 140 segundos 104
(%)
após 200 segundos 104
antes da moagem 71
Índice de
atividade após 80 segundos 96
pozolânica, 7 dias após 140 segundos 99
(%)
após 200 segundos 101
Resistência (Mpa)
60
50
40
30
20
10
0
3 7 28 150
Idade (dias)
60
50
40
30
20
10
0
3 7 28 150
Idade (dias)
Figura 2.7 – (a) Resistências à compressão das amostras compostas com CCA passantes
na peneira 200. (b) Resistências à compressão das amostras compostas com
CCA passantes na peneira 325 (ISMAIL et al., 1996)
mesmos teores relatados anteriormente, porém com relações a/ag 0,30 e 0,45, seguiram as
mesmas tendências anteriores.
Gomes (2003), por sua vez, investigou a influência de ativadores químicos, Na2SO4,
K2SO4 e Na2SO3, na resistência à compressão, em misturas binárias e ternárias de cinza de
casca de arroz. As misturas binárias foram compostas com 20% de CCA e as ternárias de
20%CCA e 50%EAF. Adotou relações a/ag de 0,35 , 0,50 e 0,65 e realizou ensaios aos 7, 28 e
91 dias. Observou que, das misturas binárias estudadas sem os ativadores, apenas a
constituída com 20% de CCA apresentou índice médio de resistência, (média aritmética das
relações entre a resistência de uma mistura e a resistência da mistura de referência para cada
relação água/aglomerante), superior à mistura de referência aos 28 e 91 dias. As misturas
compostas com 20% de CCA ativadas, independentemente do tipo de ativador, apresentaram
índices médios de resistência à compressão superior ao da mistura de referência. Para estas
misturas, os melhores resultados foram obtidos com a utilização de 1% de K2SO4. Constatou
ganhos de resistência à compressão nas misturas ternárias de 41,8%, 68,3% e 77,3% para as
relações a/ag 0,35, 0,50 e 0,65, com a variação da idade de ensaio de 7 para 91 dias,
respectivamente. Na mistura composta com (20%), de CCA observou ganhos de 58,9%,
48,1% e 89,8% para estas mesmas relações a/ag e idades de ensaio.
Já Bouzoubaâ et al. (2001) estudaram a resistência à compressão de concretos
compostos com CCA, em níveis de substituição ao cimento de 7,5%, 10% e 12,5% e relações
a/ag = 0,4. Os autores também pesquisaram a influência da utilização do ar incorporado em
índices de 6±1%, bem como a ação da cura na resistência à compressão.
Os pesquisadores observaram influência do tempo de cura no acréscimo das
resistências das misturas analisadas, assim como na superioridade dos resultados encontrados
nas amostras curadas com cura úmida (100% U.R, 23±2ºC), sobre as amostras curadas com
cura ao ar (50% U.R, 23±2ºC). Foi notada também a influência do ar incorporado na redução
da resistência à compressão: para cada 1% de ar incorporado adicionado,.observaram-se
reduções aproximadas de 4% e 2,5% para os concretos de referência e para os concretos
compostos com CCA, respectivamente.
Sensale (2001) estudou a influência da CCA, com e sem controle da temperatura de
queima, em teores de substituição de cimento de 10%, 15% e 20% na resistência à
compressão. Adotou relações a/ag de 0,25, 0,28, 0,32 e 0,50 e realizou ensaios nas idades de
1, 7, 28, 63 e 91 dias. Foram utilizados 2 tempos de moagem distintos para a CCA: 2h e 15
min., para a CCA que sofreu processo de queima controlada, e 3h e 30 min. para a amostra
47
Cook (1986), Zhang e Malhotra (1996), Bretanha (1999), Bouzoubaâ et al. (2001),
entre outros, focalizaram em seus estudos a verificação da utilização da CCA no incremento
de propriedades específicas ligadas à durabilidade.
Apesar de comprovadamente possível substituir mais de 70% do cimento do concreto
por CCA, bastam 10% e 20% de substituição para que o concreto se beneficie com uma
extraordinária redução da permeabilidade frente aos agentes agressivos (MEHTA et al., 1974
apud FAGURY, 2004).
O íon cloreto é um dos maiores causadores de danos no concreto. A penetração de
cloretos é sem dúvidas o fenômeno mais devastador das estruturas de concreto. Estes íons
podem penetrar nas soluções intersticiais reagindo com o C3A do cimento Portland, formando
monocloroaluminatos (3CaOAl2O3 CaCl2 10H2O), que permitem modificar favoravelmente a
microestrutura do concreto, ou, de forma mais devastadora, podem atingir as armaduras,
promovendo um estado de corrosão intenso. Ocorre então o desenvolvimento de uma rede de
microfissuras, a penetração de íons cloreto adicionais e termina pelo lascamento do
cobrimento do concreto. Todo este processo é devido às forças expansivas resultantes da
formação da ferrugem (DAFICO, 2001).
A proteção do concreto da ação dos íons cloreto passa pelos mecanismos que governam
sua permeabilidade (CAPÍTULO I). Mehta (1983 apud ISAIA, 1995) afirma que a principal
causa da maior resistência a cloretos é de origem física, pois as reações pozolânicas diminuem
o teor de cal livre, por um lado, e ao mesmo tempo reduzem também a permeabilidade do
concreto. Mehta & Malhotra (1994) afirmam que as adições minerais como a CCA, causam
considerável refinamento dos poros, isto é, provocam a transformação de poros grandes em
poros menores, processo que acarreta decréscimo substancial na permeabilidade do concreto
e, por conseguinte, um aumento da durabilidade. Os benefícios da utilização da CCA no
concreto, em substituição ao cimento, foram constatados por vários autores, citados a seguir.
Gomes (2003) avaliou a influência de ativadores químicos na resistência à penetração
de cloretos e na resistência à compressão axial de misturas binárias e ternárias contendo cinza
de casca de arroz, (20%CCA) e (50%EAF + 20%CCA). Utilizou relações a/ag 0,35, 0,50 e
0,65 e realizou ensaios aos 28 e 91 dias. Observou excelente desempenho das misturas
minerais quanto à penetração de cloretos. Notou que nas misturas sem ativadores, a composta
com 70% de EA e a composta com 20% de CCA apresentaram melhor desempenho. Estas
misturas tiveram reduções da carga passante em relação à mistura de referência de 58%, 71%,
49
74% (EA) e de 65%, 68% e 59%, respectivamente, para as relações 0,35, 0,50 e 0,65 aos 91
dias.
Já Mehta (1992) estudou a influência da utilização da CCA em percentuais de
substituição ao cimento de 10%, 15% e 20%, com relações a/ag de 0,33, 0,31 e 0,30,
respectivamente. Os ensaios de penetração de cloretos segundo a ASTMC 1202, realizados
aos 28 dias, mostraram reduções na carga passante em relação ao traço de referência de 64%,
73% e 87%, para as amostras de (10%), (15%) e (20%), respectivamente. O aumento no
tempo de cura para 1 ano acarretou diminuições ainda maiores na carga passante das misturas
compostas com CCA. Observou decréscimos na carga passante das misturas 10A, 15A e 20A,
em relação à mistura de referência, aos 365 dias, de 81%, 89% e 89% respectivamente.
Cervo (2001), por seu turno, verificou a influência do teor, 25% e 50%, e da finura da
cinza de casca de arroz, 1300m2/g e 1900m2/g, na penetração de cloretos. Realizou ensaios aos
28 e 91 dias e adotou relações a/ag de 0,35 , 0,50 e 0,65. Os resultados de seus estudos
revelaram que, nas misturas compostas com CCA, o aumento nos percentuais de substituição
de 25% para 50% conduziu a reduções na carga passante, para uma mesma finura 1300m2/g,
de 33%, e em relação à mistura de referência de 25%. O aumento no teor de substituição de
25% a 50%, para a finura 1900m2/g, promoveu uma redução na carga passante de até 33% e,
quando comparado à mistura de referência, de até 50 %.
Bouzoubaa (2001) estudou o comportamento do ar incorporado na penetração de
cloretos em concretos compostos com (7,5%, 10% e 12,5%) de CCA e (7,5) de SA, além da
mistura de referência (0%) de adição. Adotou relação a/ag 0,4 e teor de ar incorporado de
6±1%. Estas amostras sofreram dois processos de cura distintos, o primeiro de 28 dias de cura
úmida (23±2 ºC e 100% U.R) e o segundo de 3 dias de cura úmida, seguido de 25 dias de cura
ao ar (23±2 °C e 50% U.R).
Os resultados dos ensaios de penetração de cloretos das amostras sem ar incorporado
mostraram o desempenho superior da CCA e da sílica ativa. Para os concretos curados em
cura úmida (28 dias 100% U.R.), a mistura de referência apresentou penetração aos íons
cloreto de 2470 Coulombs, enquanto as misturas com (7,5% e 12,5%) de CCA apresentaram
penetrações a cloreto de 600 a 1200 coulombs, respectivamente, e a sílica ativa apresentou
430 coulombs de penetração.
indicaram decréscimos na carga passante, da mistura contendo CCA, de 8,3 a 16,7 vezes em
relação à mistura de referência.
Nehdi et al.(2003) estudaram a influência da CCA, produzida a partir de uma nova
tecnologia de combustão, na penetração de cloretos no concreto. Utilizaram CCA proveniente
de um sistema no qual a casca de arroz sofreu processo de combustão em curto espaço de
tempo, sendo suas partículas processadas através de jatos de ar produzidos por intermédio de
turbinas de alta velocidade. Usaram amostras de concreto compostas com níveis de
substituição de cinza de casca de arroz ao cimento de (7,5%), (10%) e (12,5%), e relação a/ag
0,40. Foram utilizadas CCA oriundas do Egito e dos Estados Unidos (Tabela 2.2).
Figura 2.8 – Resultados do ensaio penetração de cloretos aos 28 dias (NEHDI, 2003)
Os autores constataram que a variação nas proporções de utilização da CCA não alterou
significantemente a classificação quanto à penetração de cloretos das misturas, porém, o uso
da CCA, finamente moída, reduziu a penetração de cloretos, conforme observa-se na Figura
2.8.
Castro (2004) estudou a influência da utilização da CCA, em nível de substituição de
10%, na durabilidade do concreto frente à ação dos íons cloreto. Confeccionou concretos com
relações a/ag 0,40, 0,55 e 0,70, e ensaios realizados nas idades de 28, 91 e 182 dias,
confrontado-os com a amostra de referência (sem adição). Observou reduções nas amostras
compostas com CCA, em relação à mistura de referência, para as relações 0,40, 0,55 e 0,70 de
70%, 83% e 86% aos 28 dias; 82%, 88% e 79% aos 91 dias e 75%, 89% e 83% aos 182 dias,
respectivamente. Analisou estatisticamente a influência de todas as variáveis na penetração de
cloretos, sendo que a variável tipo de adição mostrou-se mais significativa, seguida da relação
a/ag e idade de ensaio.
Observa-se, de modo geral, que o acréscimo dos percentuais de substituição da CCA
acarretou diminuição na carga passante. O aumento na finura da CCA utilizada também
mostrou influência da diminuição na mesma. Constata-se influência da cura e das variações
da relação a/ag no aumento ou diminuição da carga passante. Além disso, a diminuição da
relação a/ag e o aumento no tempo de cura úmida das amostras acarretam diminuições na
carga passante das amostras pesquisadas.
52
INVESTIGAÇÃO EXPERIMENTAL
sem adição, somente com cimento, sendo o mesmo denominado concreto de referência, que
serviu de parâmetro para a comparação dos diferentes resultados obtidos com a cinza de casca
de arroz, em teores de 10%, 20% e 30%. Ainda, para efeito de comparação, foram
investigadas misturas contendo 35% de cinza volante e 50% de escória de alto forno. Esses
teores de substituição foram adotados por corresponderem aos valores médios utilizados na
produção do cimento Portalnd pozolânico e cimento Portland de alto forno.
a) Variáveis Independentes:
Relação água/aglomerante (proporção de água em relação à quantidade de cimento +
adição), em massa: 0,35; 0,50 e 0,65.
Idade de Ensaio: variáveis de acordo com os ensaios realizados - Tabela 3.1.
b) Variáveis Intervenientes:
- Tipo e teor de adição mineral:
♦ cinza de casca de arroz; 10%, 20%, 30%
♦ cinza volante; 35%
♦ escória de alto-forno. 50%
c) Variáveis dependentes:
No concreto:
♦ resistência à compressão axial
♦ resistência à penetração de íons cloreto;
♦ cloreto retido;
♦ pH da solução aquosa dos c.p. do ensaio
♦ profundidade de penetração de cloretos
♦ resistividade elétrica aparente
Em pasta:
♦porosidade;
♦ composição da solução dos poros (concentração dos íons Na+, K+, Ca+2, OH-,
SO42-).
57
3.3.1 Cimento
adições, e apresentar um teor mais elevado de C3S, por conseguinte, maior disponibilidade de
CH necessário para as reações pozolânicas.
A Tabela 3.2 apresenta as características físico/mecânicas do cimento e a Tabela 3.3
composições químicas, respectivamente, do cimento e demais aglomerantes.
Cimento CPV-ARI
Cimento
Resistência (MPa) 1 dia 23,5
Resistência (MPa) 3 dias 35,1
Resistência (MPa) 7 dias 41,2
Resistência (MPa) 28 dias 49,6
Massa específica (kg/m3) 3,12
Finura # 0,075 mm 0,13
Área específica (m2/g) - BET 423
Teor em massa %
Composição
química Escória de Alto Cinza de Casca
CPV - ARI Cinza Volante
Forno de Arroz
Perda ao fogo 2,09 0,71 9,14 1,16
SiO2 19,59 34,98 90,00 64,57
Al2O3 4,79 13,06 0,28 27,27
Fe2O3 3,07 1,11 0,14 2,21
CaO 64,35 42,28 0,45 1,51
MgO 1,69 6,01 0,28 0,76
SO3 2,75 0,11 0,02 0,06
Na2O 0,07 0,17 0,08 0,15
K2O 0,98 0,40 1,55 1,5
59
3.3.3 Agregados
O agregado miúdo utilizado nesta pesquisa foi a areia natural, quartzosa, proveniente do
município de Santa Maria. A areia passou por sucessivos processos de lavagem para retirada
de eventuais impurezas, sendo seca em estufa, peneirada na peneira #6,3 mm e estocada em
caixas de madeira. Como agregado graúdo, foi utilizada pedra britada de rocha diabásica
proveniente do município de Itaara, sendo peneirada na peneira #19 mm, lavada e seca em
estufa antes de ser armazenada para posterior uso.
A Tabela 3.6 apresenta as características físicas dos agregados e as Figuras 3.1 e 3.2
mostram as curvas granulométricas para o agregado miúdo e para o agregado graúdo,
respectivamente.
100
Zona 1
90 Zona 1
80 Zona 2
% Retida Acumulada
70 Zona 2
Zona 3
60
Zona 3
50
Zona 4
40 Zona 4
30 Material Ensaiado
20
10
0 0,3 0,6 1,2 4,8 9,5
0,15 2,4 6,3
100 Brita 0
90 Brita 1
80
% Retida Acumulada
Brita 1
70 Brita 2
60 Brita 2
50 Brita 3
40 Brita 3
30 Brita 4
20 Brita 4
10 Material
Ensaiado 1
0
2,4 4,8 6,3 9,5 12,5 19 25 32 38 50 64 76
3.3.4 Aditivo
Para cada relação água/aglomerante de uma mistura, foi moldado um total de 12 corpos-
de-prova cilíndricos de 10 cm de diâmetro por 20 cm de altura. Desse total, 8 foram utilizados
para ensaios de resistência à compressão axial, 4 foram rompidos na idade de 28 dias, 4 aos
91 dias, e os demais para os ensaios de penetração de cloretos ASTM C 1202 (1) e
determinação da profundidade de penetração de cloretos (3).
Somado a isto, foram moldados os corpos de prova para a realização do ensaio de
resistividade elétrica aparente, totalizando a moldagem de 6 prismas de concreto de (10cm x
10cm x 17cm), para cada uma das 6 misturas, sendo moldados apenas os cps com relação a/ag
= 0,50.
As moldagens dos corpos-de-prova foram realizadas em conformidade com o
preconizado pela norma NBR 5738. Os corpos-de-prova foram mantidos nos moldes
metálicos por 24 horas. Após esse prazo, foram retirados dos moldes, identificados e
colocados durante 28 dias em câmara climatizada, à temperatura de 23°C ± 2°C e à umidade
64
A moldagem dos corpos de prova foi efetuada depois de atingidos os valores limites
pré-fixados para o abatimento do tronco de cone, ou seja, entre 60mm e 80mm. O
adensamento dos CPs foi realizado em mesa vibratória, com os concretos sendo lançados nos
moldes em três camadas sucessivas.
Para a realização dos ensaios de penetração de cloretos, os corpos-de-prova foram
serrados, com disco de corte, nas dimensões previstas na respectiva norma - ASTM C 1202-
97.
Para o ensaio de extração da água dos poros e porosimetria de mercúrio, foram
moldados corpos de prova de dimensões 4 x 8 cm para cada relação a/ag das misturas de REF,
10A, 20A e 30A.
65
Para cada traço, foram moldados corpos de prova cilíndricos com dimensões
∅10x20cm destinados aos ensaios de resistência à compressão axial, sendo rompidos aos 28
dias (4 c.p.) e 91 dias (4 c.p.), de acordo com a NBR 5738 e 5739.
perfurando-se pelo menos 8 furos. Após recolhido, o material foi peneirado na #100, sendo
então separadas as quantidades necessárias para o ensaio de teor de cloreto retido e pH.
A quantidade total de cloreto retido ao concreto por migração induzida por corrente
elétrica, segundo a ASTM C 1202, foi realizada por titulação potenciométrica de cloreto com
nitrato de prata, segundo a seção 19 da norma ASTM C 114.
A determinação do pH seguiu as diretrizes de Al-Amoudi et al. (1991), suspendendo-se
50 g de pó com 50 ml de água destilada, mantendo-se a suspensão em agitação por 30
minutos em agitador mecânico, seguido de uma hora de repouso. A determinação do pH foi
realizada logo após, com elétrodo combinado, executando-se leituras da amostra.
Tabela 3.8 – Descrição dos cps do ensaio e seus tempos respectivos de cada cura
Tempo de cura Tempo de
Dimensão dos
Misturas Relações Dimensão dos no tanque com Cura em
cps do ensaio
Analisadas A/ag cps moldados solução de Câmara
(faces)
cloretos Úmida
REF
10A ∅10x10cm
(4 cps por traço)
20A ∅10x20cm 7, 14, 28, 56 e 91
0,35, 0,50, 0,65 28 dias
30A (3 cps por traço) dias
∅10x20cm
CV35 (2 cps por traço)
E50
67
Após a moldagem e o respectivo tempo de cura em câmara úmida os cps deste ensaio
foram separados e serrados com serra diamantada. Após esta etapa, os cps foram deixados
durante o tempo necessário para tornarem-se superficialmente secos. Posteriormente, os
mesmos tiveram suas superfícies superiores e inferiores pintadas com 3 demãos de verniz
poluiretânico. Na seqüência deste processo, os cps foram colocados no tanque com a solução
pré-descrita de cloretos, aguardando no mesmo até o tempo de realização do ensaio, descrito
na Tabela 3.8 e Figura 3.3.
Na idade de ensaio, os cps são retirados do tanque de cloretos no qual foram
mergulhados e rompidos axialmente. Então foram separadas as 2 metades por amostra
rompidas e efetuado sobre as mesmas o borrifamento de uma solução com nitrato de prata.
onde:
sendo que:
λi = λi,0 – Ai√Ci (2)
A Tabela 3.9 apresenta os valores de λi,0 dos íons presentes na solução dos poros do
concreto.
3.6.7 Ensaio de Resistividade elétrica aparente – Método dos quatro eletrodos (Método de
Wenner)
ρ = R⋅k (3.2)
4 ⋅π ⋅ a
k= (3.3)
2a 2a
1+ −
a 2 + 4b 2 4a 2 + 4b 2
onde:
ρ = resistividade calculada do concreto, em ohm.cm;
R= resistência medida pelo instrumento, em ohm.cm;
a = distância de separação entre os eletrodos em cm;
b = profundidade de penetração dos eletrodos no corpo de prova, em cm.
Figura 3.5 – Método dos 4 eletrodos para medida de resistividade elétrica: “A” –
Amperímetro, “V” – Voltímetro de alta impedância de entrada, e “a” a
distancia entre os eletrodos. (ABREU, 1998).
Figura 3.7 – Esquema dos corpos de prova utilizados no ensaio de resistividade pelo
método dos 4 eletrodos (medidas em cm). ABREU, (1998).
ABREU, (1998) destaca que é importante a adoção de uma folga entre a superfície do
concreto e a parte inferior do gabarito. Esta solução foi necessária para que o gabarito não
ficasse aderido ao concreto na região dos eletrodos, o que provocaria o deslocamento dos
eletrodos, por ocasião da desmoldagem dos corpos de prova.
Para a realização do ensaio, o circuito foi montado conforme o esquema descrito na
Figura 3.9. Foi coletada a diferença de potencial e a corrente que circulava no circuito.
Moldaram-se seis corpos de prova para cada traço e em cada corpo de prova realizaram-se
quatro leituras não consecutivas, com o objetivo de ratificação dos dados lidos, sendo o
resultado adotado como a média entre todas as leituras efetuadas.
O valor da resistividade foi calculado de acordo com a fórmula de Frank Wenner (item
3.2). A figura 3.9 ilustra o esquema montado do ensaio de resistividade.
Nas misturas compostas com cinza de casca de arroz, os valores foram sempre
superiores ao de referência em igualdade de relação água/aglomerante. Para o teor de
substituição de 10%, os acréscimos foram de 12,5%, 20,8% 22,4%; para 20% e 30% de
76
substituição os acréscimos foram de 26%, 22%, 19% e 16%, 26,6%, 6,6% respectivamente
(Figura 4.2 b).
A Figura 4.1 apresenta a resistência à compressão com a idade de ensaio, 28 e 91 dias.
Observa-se que, para a mistura de referência e relação água/aglomerante (a/g) 0,35, 0,50 e
0,65, houve um acréscimo na resistência à compressão, dos 28 para os 91 dias, de 26%, 9% e
27%, respectivamente. Da mesma forma, para as amostras compostas com 10% de CCA, os
acréscimos foram de 12%, 32% e 22% e, para os teores de substituição de 20% e 30% de
CCA, foram de 19%, 20% e 17%, 30% e 25%, respectivamente.
100,0
Resistência
80,0
(MPa)
60,0
40,0 0,35
20,0 0,50
0,65
0,0
10A-28
20A-28
30A-28
E50-28
10A-91
20A-91
30A-91
E50-91
CV35-28
CV35-91
REF-28
REF-91
Nas misturas compostas com cinza volante e escória de alto forno, nas mesmas relações
água/aglomerante, esses acréscimos foram, na mesma ordem, de 21%, 22%, 44% e 25%,
40%, e 44%, respectivamente.
O aumento no teor de substituição de CCA de 10% para 20% resultou em alterações
nos valores de fc, para as relações água/aglomerante utilizadas de 6%, 12% e –11% aos 28
dias, e de 12%, 1,3% e 8% aos 91 dias (Figura 4.3).
77
(a)
50
30
0,35
20 0,5
0,65
10
10A
20A
30A
V35
E50
-10
-20
-30
-40
-50
-60
-70
(b)
30
Variação da resistência à compressão (%)
0,35
20 0,5
0,65
10
-10
-20
-30
-40
-50
(a)
30
29
28
27 0,35
26
25 0,5
24
23 0,65
22
21
20
19
18
17
16
15
14
13
12
11
10
9
8
7
6
5
4
3
2
1
0
-1
-2
-3
-4
-5
-6
-7
-8
-9
-10
-11
-12
(b)
25
24
23
22 0,35
21
20 0,5
19
18 0,65
17
16
15
14
13
12
11
10
9
8
7
6
5
4
3
2
1
0
-1
-2
-3
-4
-5
-6
-7
-8
-9
-10
-11
-12
-13
Este fato não foi observado por Ismail (1996), que notou em suas pesquisas reduções
nas resistências à compressão com o aumento dos percentuais de substituição de 10% para
20% de CCA e de 20% para 30% de CCA.
Tabela 4.3 – Resultados dos ensaios de penetração de íons cloreto, aos 91 dias
Penetração de cloretos (C)
Série Relação a/ag
Idade - 91 dias
0,35 1038,78
REF 0,50 1479,69
0,65 1778,49
0,35 472,32
10A 0,50 798,03
0,65 876,42
0,35 321,03
20A 0,50 445,77
0,65 697,95
0,35 270,72
30A 0,50 381,69
0,65 567,86
0,35 343,67
CV35 0,50 591,48
0,65 898,88
0,35 545,94
E50 0,50 742,91
0,65 1104,30
2000,00
1500,00 0,65
1000,00 0,5 a/ag
500,00
0,35
0,00
V35
E50
10A
20A
30A
REF
Figura 4.4 – Resultados do ensaio de penetração de cloretos das misturas com idade de
91 dias.
81
0
10A
20A
30A
V35
E50
Redução da penetração à cloretos (%)
-10
-20
-30
-40
-50
-60
0,35
-70 0,5
0,65
-80
Figura 4.5 – Redução da penetração de cloretos das misturas compostas com adições minerais
em relação ao traço de referência, aos 91 dias.
0,35
0,5
0,65
0
-10
-20
-30
-40
-50
-60
Na Tabela 4.7, são apresentados os valores de pH, teor de cloretos retidos e relação
iônica Cl-/OH- das misturas investigadas. Constata-se, para todas as misturas investigadas
que o valor de pH diminuiu com o aumento da relação a/ag. Para as relações a/ag adotadas,
0,35, 0,50 e 0,65, os valores de pH variaram de 12,56 a 12,65, de 12,53 a 12,64 e de 12,4 a
12,63, respectivamente.
O aumento no teor de substituição de cinza de casca de arroz de 10% para 30% resultou
em pequena variação no valor de pH. Para os teores de substituição de 10% e 20%, os valores
obtidos foram semelhantes àqueles da mistura de referência.
As misturas binárias contendo 50% de escória de alto forno e 35% de cinza volante
apresentaram, para as relações a/ag adotadas, valores semelhantes de pH e pouco inferiores ao
da mistura de referência, para as relações a/ag 0,50 e 0,65.
Entre todas as misturas investigadas, a de referência foi a que apresentou os maiores
valores de cloretos retidos, 0,185%, 0,193% e 0,209%, referente as relações a/ag adotadas,
0,35, 0,50 e 0,65.
Para as misturas compostas com cinza de casca de arroz a de menor teor de substituição
apresentou os maiores teores de cloretos retidos, 0,070%, 0,128% e 0,177%, para as relações
a/ag 0,35, 0,50 e 0,65 respectivamente. Este comportamento se justifica pela diminuição no
teor de cimento e conseqüentemente, no teor de aluminatos.
Nas misturas compostas com 50% de escória de alto forno e com as mesmas relações
a/ag, os valores de cloretos retidos foram 0,095%, 0,161% e 0,161%.
Naquelas contendo 35% de cinza volante e as mesmas relações a/ag, os valores foram
0,112%, 0,144% e 0,177%.
Os maiores percentuais de retenção de cloretos das misturas compostas com CV em
relação às misturas compostas com CCA estão de acordo com a pesquisa realizada por Isaia
(1995), que afirmou que este fato se explica pelo maior teor de alumina apresentado pela CV
(27,7%) contra (2,6%) da CCA.
Observa-se, para todas as misturas, que houve aumento da relação Cl-/OH-, com o
aumento da relação a/ag.
83
Tabela 4.5 – Alcalinidade, teor de cloreto retido e relação iônica Cl-/OH-, aos 91 dias.
observou-se que as misturas compostas com CCA propiciam boas condições de proteção em
ambientes com cloretos uma vez que estas apresentam, para as mesmas relações a/ag, valores
de Cl-/OH- inferiores à amostra de referência.
4.5 Análise dos resultados de penetração de cloretos por aspersão de nitrato de prata
Tabela 4.6 – Resultados dos ensaios de penetração de íons cloreto por aspersão de
nitrato de prata, índice K(mm), aos 91 dias.
Índice K de penetração de
Série Relação a/ag cloretos (mm)
Idade - 91 dias
0,35 1,93
REF 0,50 2,74
0,65 3,05
0,35 1,12
10A 0,50 2,19
0,65 2,61
0,35 1,48
20A 0,50 2,13
0,65 2,77
0,35 1,90
30A 0,50 2,50
0,65 3,07
0,35 1,99
CV35 0,50 2,68
0,65 3,92
0,35 1,44
E50 0,50 2,10
0,65 2,62
Da análise desta tabela, observa-se que as misturas compostas com 10% e 20% de cinza
de casca de arroz e aquela composta com 50% de escória de alto forno apresentaram valores
de K, para as três relações a/ag, inferiores àqueles da mistura de referência. A mistura
85
composta com 30% de cinza de casca de arroz apresentou valores semelhantes ao da mistura
de referência.
Os aumentos nos teores de substituição de cimento por cinza de casca de arroz
acarretaram acréscimos nos índices K(mm) de penetração (Figura 4.7).
Assim, para as misturas compostas com cinza de casca de arroz em teores de
substituição de 10%, 20% e 30% houve variações no índice k(mm), quando comparadas à
mistura de referência e à mesma relação água/aglomerante, 0,35 , 0,50 e 0,65, de –42,16%, -
19,95%, -14,42% (10A), -23,23%, -22,32%, -9,20% (20A) e –1,46%, -8,79% e 0,74% (30A)
(Tabela 4.7).
Tabela 4.7 – Comparação percentual dos índices K(mm) das misturas compostas com
adições minerais e a mistura de referência.
Comparação com o REF
Relações a/ag
misturas
0,35 0,50 0,65
REF - - -
CV 3,21 8,73 18,67
10A -42,16 -19,95 -14,42
20A -23,23 -22,32 -9,20
30A -1,46 -8,79 0,74
E50 -25,38 -23,22 -14,15
4,00
3,50
3,00
2,50
Relação a/ag 0,35
2,00 Relação a/g 0,50
1,50 Relação a/ag 0,65
1,00
0,50
0,00
REF 10A 20A 30A CV E50
Os resultados dos ensaios de solução dos poros das misturas investigadas aos 91 dias
são apresentados na Tabela 4.8.
Segundo SHI (2004), há uma concentração apreciável de íons de Na+, K+, OH-, Ca2+ e
SO42- logo após o contato do cimento com a água. Entretanto, depois da pega e da hidratação
inicial, a concentração dos íons Ca2+ e SO42- diminuem a valores negligenciáveis, ficando a
solução composta essencialmente de hidróxidos alcalinos. Os resultados apresentados na
tabela 4.8 comprovam este fato.
Observa-se também destes resultados que a concentração dos íons alcalinos (Na+, K+)
associados com os íons OH- na solução dos poros, diminui significantemente com o aumento
do nível de substituição de cimento por cinza de casca de arroz.
87
Ocorre, assim, uma diminuição na alcalinidade, porém o valor mais baixo observado,
13,02, obtido pela mistura composta com 30% de cinza de casca de arroz e relação a/ag 0,65,
é adequado para assegurar a passivação da armadura.
Constata-se, para uma mesma mistura, redução na concentração dos íons Na+, K+, OH-,
Ca2+ e SO42- com o aumento da relação a/ag, assim como diminuição na concentração destes
íons com o aumento no teor de substituição de cimento por cinza de casca de arroz.
Da mesma forma, há uma redução no equivalente alcalino em sódio (Na2Oeq =
Na2O+0,658K2O) com o aumento da relação a/ag, bem como com o aumento no teor de
substituição de cimento por cinza de casca de arroz. Os menores valores foram obtidos para a
mistura composta com 30% de cinza de casca de arroz. Os níveis de potássio foram sempre
muito maiores do que os de sódio.
A redução no teor alcalino em sódio, com o aumento da relação a/ag, é, provavelmente,
como relatado por Gastaldini & Isaia (1999), devido à melhor condição de hidratação,
resultando numa maior quantidade de C-S-H formado e, conseqüentemente, mais íons de
sódio e potássio estarão inseridos.
A concentração de OH- variou muito pouco em função das composições aglomerantes
investigadas. Isto leva a crer que os cátions alcalinos, originados durante a hidratação da cinza
de casca de arroz, foram efetivos em aumentar a concentração de OH- da solução dos poros.
TABELA 4.8 – Análise da solução aquosa dos poros (Mmol/l) para relações
água/aglomerante 0,35, 0,50 e 0,65 e idade de hidratação de 91 dias.
Mistura pH Na+ K+ Ca2+ SO42- OH-
REF 0,35 13,17 15,09 83,0 1,51 0,6704 147,911
REF 0,50 13,13 10,7 52,2 3,12 0,06131 134,896
REF 0,65 13,06 5,3 22,2 1,52 0,02321 114,815
10A 0,35 13,12 10,8 68,8 0,45 0,5777 131,826
10A 0,50 13,09 8,7 47,0 1,40 0,5837 123,027
10A 0,65 13,07 4,3 19,0 6,60 0,0244 117,490
20A 0,35 13,09 8,8 64,0 0,43 0,4933 123,027
20A 0,50 13,05 4,7 23,0 0,67 0,05399 122,202
20A 0,65 13,04 4,3 19,0 0,20 0,03421 109,648
30A 0,35 13,06 7,0 55,1 0,32 0,3800 114,815
30A 0,50 13,04 4,0 19,5 0,63 0,08642 109,648
30A 0,65 13,02 3,1 15,8 0,93 0,02420 104,713
88
OH (mol/l)
OH (mol/l)
OH (mol/l)
OH (mol/l)
Há uma boa correlação entre o teor de OH- e o Na2O equivalente da solução dos poros
(Figura 4.8).
Na Tabela 4.9, são apresentados os valores de condutividade elétrica específica da
solução dos poros, calculados a partir das equações apresentadas por SHI et al (1998),
considerando a concentração de todos os íons, Na+, K+, OH-, Ca2+ e SO42- (coluna A).
Entretanto, SHI (2004) relata que devido aos valores negligenciáveis de concentração de Ca2+
e SO42- na solução dos poros, a condutividade elétrica específica da solução dos poros pode
ser determinada com uma boa precisão usando as mesmas equações, considerando apenas as
concentrações Na+, K+, OH-. Os resultados apresentados na tabela 4.6.2, (coluna B)
comprovam este fato, ou seja, a variação nos valores obtidos é muito pequena.
Nas Figuras 4.9 e 4.10, constata-se a excelente correlação existente entre a
condutividade elétrica específica e as concentrações de íons OH- e Na2O equivalente.
Para todas as misturas investigadas, o aumento na relação a/ag resultou numa redução
nos valores de condutividade elétrica específica e isso se deve à diminuição na concentração
dos íons, como já comentado anteriormente. Além disso o aumento no teor de substituição de
cimento por cinza de casca de arroz também resultou em diminuição na condutividade elétrica
específica.
89
3,00
Condutividade Elétrica
3,00
Específica (ohm-1)
Específica (ohm-1)
2,50 2,50
Referência
10% CCA
2,00 2,00
1,50 1,50
0,11 0,12 0,13 0,14 0,15 0,11 0,12 0,13 0,14
OH (mol/l) (a) OH (mol/l)
(b)
y = 34,122x - 1,8264 y = 36,7x - 2,0457
R2 = 0,9999 R2 = 0,9295
3,00 3,00
Condutividade Elétrica
Condutividade Elétrica
Específica (ohm-1)
Específica (ohm-1)
2,50 2,50
20% CCA 30% CCA
2,00 2,00
1,50 1,50
0,10 0,11 0,12 0,13 0,10 0,11 0,12
(c) (d)
OH (mol/l) OH (mol/l)
Condutividade elétrica
2,90 2,90
específica (ohm-1)
específica (ohm-1)
2,70 2,70
2,50 2,50
2,30 2,30
2,10 2,10
1,90 1,90
1,70 1,70
0,02 0,03 0,04 0,05 0,06 0,07 0,08 0,09 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06 0,07
Na2O equivalente (mol/l) Na2O equivalente (mol/l)
(a) (b)
y = 10,293x + 1,7237 y = 9,5325x + 1,7022
20% CCA 30% CCA
R2 = 0,9977 R2 = 0,9766
Condutividade elétrica
Condutividade elétrica
2,90 2,90
específica (ohm-1)
específica (ohm-1)
2,70 2,70
2,50 2,50
2,30 2,30
2,10 2,10
1,90 1,90
1,70 1,70
0,02 0,03 0,04 0,05 0,06 0,07 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06
Na2O equivalente (mol/l) (c) Na2O equivalente (mol/l) (d)
Referência 0,35
0,5
Volume de Intrusão
0,350
0,300 0,65
0,250
(mL/g)
0,200
0,150
0,100
0,050
0,000
0,001 0,01 0,1 1 10 100 1000
diâmetro de poros (μm)
10%CCA 0,35
0,5
Volume de Intrusão
0,350
0,300 0,65
0,250
(ml/g)
0,200
0,150
0,100
0,050
0,000
0,001 0,01 0,1 1 10 100 1000
diâmetro do poro (μm)
20%CCA 0,35
0,5
0,350
Volume de Intrusão
0,300 0,65
0,250
(ml/g)
0,200
0,150
0,100
0,050
0,000
0,001 0,01 0,1 1 10 100 1000
0,350
0,300 0,65
0,250
(ml/g)
0,200
0,150
0,100
0,050
0,000
0,001 0,01 0,1 1 10 100 1000
Para o concreto de referência, com a variação da relação a/ag de 0,35 para 0,65, o valor
máximo de volume de poro intrudido ocorreu entre os diâmetros 0,0605 a 0,1009 μm. Para as
misturas contendo cinza de casca de arroz, a variação foi de 0,0604 a 0,1010 μm (10%CCA),
0,0608 a 0,0787 μm (20%CCA) e 0,0263 a 0,0750 μm (30%CCA) respectivamente, ou seja,
93
com o aumento no teor de substituição, houve uma redução no diâmetro de poro onde ocorreu
o valor máximo de volume de mercúrio intrudido.
Observa-se também das Figuras 4.12 a 4.15 que para o concreto de referência e relações
a/ag 0,35, 0,50 e 0,65, há uma maior concentração de volume de mercúrio intrudido na faixa
de poro de 0,0165 a 0,1009μm – (0,35), de 0,0165 a 0,1286 μm (0,50) e de 0,0165 a 0,1634
μm (0,65). Para os concretos compostos com cinza de casca de arroz e mesmas relações a/ag
essas faixas são: de 0,0165 a 0,1294 μm, de 0,0165 a 0,1297 μm e de 0,0165 a 0,1626 μm –
10%CCA; 0,0165 a 0,1002μm, 0,0165 a 0,1283μm e 0,0165 a 0,1493 μm – 20%CCA; de
0,0165 a 0,0605 μm, de 0,0165 a 0,0725μm e de 0,0165 a 0,1294 μm – 30%CCA.
Constata-se que, para todas as misturas investigadas, o aumento da relação a/ag acarreta
num aumento da faixa, assim como, para uma mesma relação a/ag, há redução desta com o
aumento no teor de substituição de cimento por cinza de casca de arroz.
Como relatado anteriormente, o menor poro medido tem diâmetro de 0,003 μm. Assim,
verifica-se, das misturas investigadas, figuras (4.12 a 4.15), que a quantidade de poros com
dimensão de 0,003 μm (menor valor na abscissa das figuras) é diferente de zero, indicando a
presença de poros menores. A quantidade desses, nos concretos com cinza de casca de arroz,
é superior à do concreto de referência e aumenta com o acréscimo no teor de substituição de
cimento por cinza de casca de arroz.
0,045 0,045
Volume de intrusão (ml/g)
0,040
Volume de mercúrio (ml/g)
0,040
0,035 0,035
0,030 0,030
0,025 0,025
0,020 0,020
0,015 0,015
0,010 0,010
0,005 0,005
0,000 0,000
0,0 0,0 0,1 1,0 10,0 100,0 1000,0
0,001 0,01 0,1 1 10 100 1000
Diâmetro do poro ( μm) Diâmetro de poro (μm)
Referência 0,65
0,045
Volume de Intrusão (mL/g)
0,040
0,035
0,030
0,025
0,020
0,015
0,010
0,005
0,000
0,001 0,01 0,1 1 10 100 1000
Diâmetro de poro (mm)
Figura 4.12 – Volume de mercúrio intrudido em função das dimensões dos poros -
Referência
94
0,045
0,04
0,035
0,03
0,025
0,02
0,015
0,01
0,005
0
0,001 0,01 0,1 1 10 100 1000
Figura 4.13 – Volume de mercúrio intrudido em função das dimensões dos poros - 10 %
CCA
0,045
Volume de Intrusão (mL/g)
0,045 0,040
0,040 0,035
0,035 0,030
0,030 0,025
0,025 0,020
0,020 0,015
0,015
0,010
0,010
0,005
0,005
0,000
0,000
0,001 0,01 0,1 1 10 100 1000
0,001 0,01 0,1 1 10 100 1000
Diâmetro de poro (μm)
Diâmetro de poro (μm)
20 % CCA 0,65
0,045
volume de Intrusão (mL/g)
0,040
0,035
0,030
0,025
0,020
0,015
0,010
0,005
0,000
0,001 0,01 0,1 1 10 100 1000
Figura 4.14 – Volume de mercúrio intrudido em função das dimensões dos poros - 20 %
CCA
95
30 % CCA 0,65
Volume de Intrusão (mL/g)
0,045
0,040
0,035
0,030
0,025
0,020
0,015
0,010
0,005
0,000
0,001 0,01 0,1 1 10 100 1000
Figura 4.15 – Volume de mercúrio intrudido em função das dimensões dos poros - 30%
CCA
60000
elétrica aparente
Resistividade
50000
(Ω. cm)
40000
30000
20000 91 DIAS
10000 28 DIAS
0
10A
20A
V35
E50
REF
30A
Para concretos compostos com 10%, 20% e 30% de cinza de casca de arroz, o
acréscimo do grau de hidratação resultou em aumento na resistividade elétrica de 63,08%,
96,83% e 104,20%, respectivamente. Da mesma forma, para os concretos compostos com
cinza volante e escoria de alto forno, houve um aumento na resistividade elétrica de 112,44%
e 45,77% com a elevação do grau de hidratação.
97
0,50 - 28
0,50 - 91
400
Variação da Resistividade elétrica (%)
350
300
250
200
150
100
50
0
10A
20A
30A
V35
E50
Figura 4.17 – Aumento da resistividade elétrica das misturas compostas com adições minerais
em relação a mistura de referência, idades 28 e 91 dias, relação a/ag 0,50.
150
140 0,50 - 28 dias
130 0,50 - 91 dias
120
110
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
-10
Figura 4.18 – Variação da resistividade elétrica aparente com o aumento dos níveis de
substituição de CCA, idades de 28 e 91 dias, relação a/ag 0,50.
Tabela 4.12 – Ordem da resistividade média dos traços investigados aos 28 e 91 dias.
Referência
Figura 4.19 – Resistência à compressão axial versus corrente passante amostras REF,
10A, 20A, 30A, aos 91 dias.
Referência
Volume de intrusão de
0,320 10% CCA
mercúrio (ml/g)
0,270 20% CCA
Shi (1998) relata que a penetração de cloretos no concreto é função da estrutura de poros
e da condutividade elétrica da solução dos poros. Assim, com o objetivo de verificar a relação
existente entre a penetração de cloretos e o volume de intrusão de mercúrio e o diâmetro
crítico dos poros, foram construídas as Figuras 4.21 e 4.22.
Observa-se da Figura 4.21, que reúne num único gráfico os dados referentes à
penetração de cloretos e do volume de intrusão, que, para um mesmo volume de intrusão de
mercúrio, obtêm-se diferentes valores de penetração de cloretos.
Referência
2000
10% CCA
Penetração de Cloretos (C)
1800
1600 20% CCA
1400
30% CCA
1200
1000
800
600
400
200
0,08 0,13 0,18 0,23 0,28 0,33
Referência
1800 10% CCA
800
600
400
200
0,05 0,06 0,07 0,08 0,09 0,10 0,11 0,12 0,13 0,14
Figura 4.22 – Diâmetro Crítico versus Penetração de Cloretos das amostras REF, 10A,
20A, 30A, aos 91 dias.
Da figura 4.22, que reúne num único gráfico os dados referentes aos diâmetros críticos
e à penetração de cloretos, verifica-se que para um mesmo valor de diâmetro crítico obtêm-se
diferentes valores de penetração de cloretos.
Referência
1800
10% CCA
1600
1200
30% CCA
1000
800
600
400
200
1,60 1,80 2,00 2,20 2,40 2,60 2,80 3,00
Condutividade (ohm-¹)
Figura 4.23 – Condutividade Elétrica versus Penetração de Cloretos, nas amostras REF,
10A, 20A, 30A, aos 91 dias.
Penetração de
Penetração de
1800 800
cloretos (C)
cloretos (C)
R2 = 0,8888
1600 700
1400 Referência 600
10% CCA
1200 500
1000 400
0,18 0,19 0,20 0,21 0,22 0,05 0,15 0,25
(a) (b)
Cl Retido Cl Retido
y = 4377,3x + 84,681
800 600
Penetração de
Penetração de
R2 = 0,7924
cloretos (C)
600 500
500
400 20% CCA 400
300 30% CCA
200 300
0,05 0,07 0,09 0,11 0,13 200
0,04 0,06 0,08 0,10 0,12
(c) (d)
Cl Retido Cl Retido
900
Penetração de
cloretos (C)
1000
cloretos (C)
800 R2 = 0,9962
900
700 800
600 700
500 35% CV 50% EAF
600
400 500
300
0,08 0,10 0,12 0,14 0,16 0,18
0,10 0,12 0,14 0,16 0,18
Cl Retido
(e) (f)
Cl Retido
Referência
0,14
10% CCA
0,13
20% CCA
Coeficiente K(mm)
Figura 4.25 – Correlação entre o coeficiente K(mm) e a carga passante, para as misturas
apresentadas em gráfico unificadas para análise comparativa.
68,1 76,4
10A 46,9 166,7014 12,7926 0,9955 62,1 177,0044 9,7102 0,9903
31,7 38,6
72,0 85,6
20A 52,3 168,6892 13,2022 0,9999 62,9 201,5191 10,9992 0,9998
33,2 41,7
67,4 78,9
30A 50,1 180,4557 15,0185 0,9904 65,1 200,9413 12,1495 0,9816
29,9 37,3
55,1 66,8
36,6 44,6
CV35 16,7 236,1428 53,4708 0,9997 24,1 227,3221 29,9133 0,9997
50,1 65,1
29,9 37,3
49,3 61,8
E50 32,9 141,5654 19,5727 0,9973 46,1 153,7354 12,4537 0,9996
20,2 29,0
Tabela 4.15 – Relações a/ag que fornecem mesmas resistências aos 91 dias e os
respectivos consumos de aglomerantes
Nível de Consumo Kg/m3
resistência Traços a/ag Cinza casca Cinza
Aglomerante Cimento Escória
analisado de arroz volante
REF 0,60 308 308 - - -
10A 0,65 278 250 - 28 -
40 MPa
Foi realizado um estudo mais detalhado dos valores efetivos dos consumos de
aglomerantes para as misturas investigadas, em igualdade de resistência mecânica, para os
níveis de 40MPa, 50MPa e 60MPa. Os dados de consumo apresentados na Tabela 4.15 foram
obtidos através da construção de um gráfico similar ao de Abrams, utilizando-se as mesmas
relações a/ag propostas, para atingir os níveis de resistência mencionados, obtendo-se assim
os valores dos consumos de cimento e adições minerais. Na seqüência, são apresentados os
gráficos comparativos dos consumos de aglomerantes para estes níveis de resistências, bem
como os que mostram os aumentos no consumo de cimento ocasionados pelas variações de
40MPa para 50MPa, de 50MPa para 60MPa e, por fim, de 40MPa para 60MPa.
600
550
Consumo de aglomerantes (Kg/m3)
500
450
400
CV
350
CCA
300
Escória
250
Cimento
200
150
100
50
0
E50
10A
20A
30A
REF
CV35
Observa-se, na Figura 4.26, que os consumos de cimento para as misturas com adições
minerais e nível de resistência de 40MPa, aos 91 dias, situaram-se na faixa de 173 Kg/m3 a
250 Kg/m3, apresentando diminuição no consumo de cimento, em relação à mistura de
referência de 19%(10A), 30%(20A), 36%(30A), 24% (CV35) e 44%(E50).
Para o nível de resistência de 50MPa, o consumo de cimento variou de 203 Kg/m3 a 299
Kg/m3, apresentando, assim, diminuição em relação ao de referência de 19%(10A),
31%(20A), 37%(30A), 29%(CV35) e 45%(E50) (Figura 4.27).
108
600
Consumo de aglomerantes (Kg/m3)
550
500
450
400
CV
350
CCA
300
Escória
250
Cimento
200
150
100
50
0
E50
10A
20A
30A
REF
CV35
600
550
Consumo de aglomerantes (Kg/m3)
500
450
400
CV
350
CCA
300
Escória
250
Cimento
200
150
100
50
0
E50
10A
20A
30A
CV35
REF
A análise das Tabelas 4.16 e 4.17 mostra que, para os níveis de resistência de 40MPa,
50MPa e 60MPa, as penetrações de cloreto expressas em Coulombs classificaram-se, segundo
a ASTM C 1202 como baixo a muito baixo risco de corrosão. A mistura de referência, nos 3
níveis de resistência analisados na Tabela 5.2, apresentou uma maior penetração de cloretos
quando comparada às demais misturas minerais investigadas, mostrando o caráter benéfico do
uso de adições minerais na resistência à penetração de cloretos (Figura 4.29).
O aumento dos níveis de resistência de 40MPa para 50MPa ocasionou uma diminuição
na penetração de cloretos para as misturas REF, 10A, 20A, 30A, CV35 e E50 de 17%, 18%,
21%, 20%, 19% e 19%, respectivamente.
Tabela 4.17 – Qualidade do concreto com base na carga passante segundo a ASTM C
1202/94
Carga Passante Risco de Corrosão
> 4000 Alto
2000 – 4000 Moderado
1000 – 2000 Baixo
100 – 1000 Muito Baixo
< 100 Desprezível
110
0
REF
CV35
E50
10A
20A
30A
-5
-10
-15
40MP a 50MPa
-20 50MP a 60MPa
40MP a 60MPa
-25
-30
-35
-40
neste trabalho para evidenciar a necessidade da utilização da CCA, bem como de outras
adições importantes, muito utilizadas principalmente nas regiões sul e sudeste do nosso país,
como a cinza volante e a escória de alto forno.
Neste tópico, foi realizado um estudo da viabilidade econômica das amostras
investigadas, de modo a determinarmos qual teor de adição de CCA apresentou
potencialidade no mercado, ou seja, uniu os benefícios pré-descritos aos custos de sua
utilização na construção civil.
A Tabela 4.18 apresenta os custos dos materiais e os custos totais das misturas, por
metro cúbico de concreto, em reais (R$).
A Figura 4.31 apresenta o custo de cada mistura investigada, tomado pelo quociente do
custo do m3 em reais (R$) pela resistência à compressão alcançada em MPa.
Tabela 4.18 – Custos dos materiais e custos totais das misturas, por metro cúbico de
concreto, em reais (R$).
Adição Agreg. Agreg.
Mistura A/agl Cimento Aditivo Total
mineral miúdo graúdo
0,35 207,35 0,00 4,86 10,78 8,56 231,55
REF 0,50 152,50 0,00 5,66 10,55 0,00 168,72
0,65 120,60 0,00 6,15 10,44 0,00 137,20
0,35 186,61 26,15 4,67 10,78 26,35 254,76
10A 0,50 137,25 19,38 5,55 10,55 9,69 182,42
0,65 108,54 15,32 6,05 10,44 0,00 140,36
0,35 165,88 52,69 4,52 10,78 59,28 293,15
20A 0,50 122,00 38,75 5,44 10,55 24,22 200,97
0,65 96,48 30,65 5,96 10,44 8,81 152,34
0,35 145,14 79,04 6,39 10,78 128,43 369,39
30A 0,50 106,75 58,13 5,33 10,55 50,86 231,63
0,65 84,42 45,97 5,87 10,44 24,90 171,61
0,35 134,73 6,83 3,81 10,78 22,35 178,54
CV35 0,50 99,03 5,02 6,94 10,55 8,24 129,78
0,65 78,39 3,97 10,28 10,44 0,00 98,74
0,35 103,67 48,79 4,71 10,78 9,88 177,83
E50 0,50 76,25 35,38 5,58 10,55 0,00 128,27
0,65 60,30 28,38 6,07 10,44 0,00 105,19
112
6,00
5,50
5,00
4,50
Custos (R$/MPa)
4,00
0,65
3,50
0,50
3,00
2,50 0,35
2,00
1,50
1,00
0,50
0,00
REF 10A 20A 30A CV35 E50
Figura 4.31 – Quociente dos custos dos materiais (R $/m3)/(MPa) das misturas
investigadas, idade 91 dias.
45
40
35
30
25
20
15
Custos (R$/M³) 10
5 0,65
0
-5 0,50
-10 10A 20A 30A CV35 EA50
-15 0,35
-20
-25
-30
-35
-40
-45
-50
-55
-60
-65
Figura 4.32 – Comparação (%) dos custos (R$/m3) das misturas compostas com CCA em
relação à mistura de referência
Tabela 4.19 – Comparação (%) dos custos (R$/m3) das misturas compostas com CCA
em relação à mistura de referência.
Penetração de Custo
Nível de resistência
Traços a/ag cloretos em
analisado
(Coulombs) Reais (R$)
REF 0,60 1668 147,466
10A 0,65 950 137,507
40 MPa
3
1800 R$147,00/m
Esta pesquisa teve por objetivo investigar a penetração de cloretos de concretos, nos
quais parte do cimento foi substituída por cinza de casca de arroz.
Estudou-se qual a influência do teor de substituição da CCA na resistência à
compressão. De posse dos resultados, observou-se que os níveis de substituição do cimento
por CCA (10%, 20% e 30%) influenciaram de maneira benéfica a resistência à compressão
dos concretos das misturas investigadas. Tanto aos 28 como aos 91 dias, notou-se
superioridade nas resistências à compressão das amostras compostas com CCA, nos 3 níveis
de substituição e nas 3 relações a/ag estudadas, fato não observado nas demais misturas
estudadas, CV e EAF.
Neste estudo, procurou-se também determinar em que medida e em qual teor de
substituição que a CCA influencia na penetração de cloretos pela ASTM C 1202, no teor de
cloretos retidos, pH e relação Cl-/OH-. A análise dos resultados obtidos mostrou reduções na
carga passante, aos 91 dias, quando comparada à mistura de referência e mesma relação a/ag
0,35, 0,50 e 0,65. Estas reduções na penetração de cloretos ainda foram observadas nos
demais traços estudados, CV e EAF, porém em menor intensidade que as amostras compostas
com 20% e 30% de CCA.
A utilização da CCA não ocasionou modificação acentuada nos valores de pH.
Observou-se que os cátions alcalinos originados durante a hidratação da CCA foram efetivos
em aumentar a concentração de OH- da solução dos poros, aumentando, por sua vez, os
valores de pH.
Com relação aos cloretos retidos, verificou-se que, para as misturas compostas com
cinza de casca de arroz, a de menor teor de substituição apresentou os maiores índices de
cloretos retidos. Isto é devido ao maior teor de cimento e, conseqüentemente, ao maior teor de
alumina. Dentre todas as misturas investigadas, as que apresentaram maiores teores de
cloretos retidos foram aquelas compostas com 50% de escória de alto forno e 35% de cinza
volante, devido ao maior teor de alumina presente nelas.
As misturas contendo adições minerais, de modo geral, apresentaram relações Cl-/OH-
menores do que a do traço de referência. Nas misturas contendo 10%, 20% e 30% de cinza de
casca de arroz, as relações Cl-/OH- variaram de 1,039 a 2,424, de 0,829 a 1,855 e de 0,742 a
1,931, respectivamente. Em igualdade de relação a/ag, constatou-se redução na relação Cl-
/OH-, com o aumento no teor de substituição. Nas misturas compostas com 50% de escória de
117
alto forno, as relações Cl-/OH- variaram de 1,577 a 4,116, sendo os valores para as relações
a/ag 0,5 e 0,65 semelhantes àquele da mistura de referência. Para as misturas contendo 35%
de cinza volante, as relações Cl-/OH- variaram de 1,250 a 3,038.
Com relação à penetração de cloretos avaliada pela aspersão de nitrato de prata (K),
observou-se que o aumento no teor de substituição de cimento por cinza de casca de arroz
resultou em maiores valores de penetração. Acredita-se que o efeito de fixação de cloretos foi
mais significativo que a alteração na estrutura dos poros ocasionada pela adição mineral.
A análise da solução aquosa dos poros mostrou reduções nas concentrações dos íons
Na+, K+, OH-, Ca+2 e SO4-2 e no equivalente alcalino, com aumento nos teores de substituição
de cimento por cinza de casca de arroz, bem como com o aumento da relação a/ag. Essa
redução no teor alcalino em sódio, provavelmente, é devida à melhor condição de hidratação,
resultando em uma maior quantidade de C-S-H formado e, conseqüentemente, mais íons de
sódio e potássio estarão inseridos.
Constatou-se excelentes correlações entre a condutividade elétrica específica e as
concentrações de íons OH- e Na2O equivalente. Observou-se ainda que o aumento do teor de
substituição de cimento por CCA resultou em diminuição na condutividade elétrica
específica.
O estudo preliminar referente à resistividade elétrica aparente, realizado para as
misturas compostas com relação a/ag 0,50, mostrou resistividades bem superiores às amostras
compostas com CCA, quando comparadas com a mistura de referência. Este aumento na
resistividade elétrica das misturas compostas com CCA foi confirmado pela baixa
condutividade elétrica relativa destas misturas, visto que as propriedades de resistividade
elétrica e condutividade elétrica específica mostraram-se inversas.
Para as demais misturas investigadas, CV35 e E50, notou-se aumento da resistividade
em relação à mistura de REF, aos 91 dias.
A análise integrada dos resultados dos ensaios de algumas propriedades ligadas à
durabilidade, como resistência à compressão, penetração de cloretos, volume de intrusão de
mercúrio, diâmetro crítico, condutividade elétrica e penetração de cloretos revelou algumas
constatações. Estas foram baseadas no estudo do índice de correlação R2, utilizado para
definir o grau de inter-relacionamento entre algumas das propriedades estudadas.
Constatou-se boa correlação (R2) das misturas investigadas com CCA, entre as
propriedades de penetração de cloretos (ASTM C 1202) e as propriedades de resistência à
compressão, volume de intrusão de mercúrio, condutividade elétrica específica e cloretos
118
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