Ciencias Natureza Nova Eja Aluno Mod02 Vol01 PDF
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Governador Vice-Governador
Luiz Fernando de Souza Pezão Francisco Oswaldo Neves Dornelles
Secretário de Estado
Gustavo Reis Ferreira
FUNDAÇÃO CECIERJ
Presidente
Carlos Eduardo Bielschowsky
C569
Ciências da natureza e suas tecnologias. módulo 2 volume 1 -
Ciências humanas / Fialho, Ana Paula Abreu. – Rio de Janeiro:
Fundação CECIERJ, 2013.
424 p. ; 21 x 28 cm (EJA)
ISBN: 978-85-7648-918-4
1. Biologia. 2. Física. 3. Química. 4. Diversidade.
Fialho, Ana Paula Abreu. Série.
CDD: 300
Unidade 1 • Diversidade 7
Física
Anexo 1 413
Anexo 2 421
Prezado Aluno,
Seja bem-vindo a uma nova etapa da sua formação.
Através da educação a pessoa toma a sua história em suas próprias mãos e consegue mudar o rumo de sua
vida. Para isso, acreditamos na capacidade dos alunos de aprender, descobrir, criar soluções, desafiar, enfrentar, pro-
por, escolher e assumir suas escolhas.
O material didático que você está recebendo pretende contribuir para o desenvolvimento destas capacidades,
além de ajudar no acompanhamento de seus estudos, apresentando as informações necessárias ao seu aprendizado.
Acreditamos que, com ajuda de seus professores, você conseguirá cumprir todas as disciplinas dos quatro mó-
dulos da matriz curricular para Educação de Jovens e Adultos da Secretaria de Educação do Estado do Rio de Janeiro.
E assim, novas histórias acontecerão em sua vida.
Para ajudá-lo no seu percurso, segue abaixo uma tabela que apresenta a grade de disciplinas que irá cursar:
MÓDULO NOME DISCIPLINA CH SEMANAL CARGA HORÁRIA TOTAL
MÓDULO I LÍNGUA PORTUGUESA/LITERATURA I 4 80
MÓDULO I MATEMÁTICA I 4 80
MÓDULO I HISTÓRIA I 4 80
MÓDULO I GEOGRAFIA I 4 80
MÓDULO I FILOSOFIA I 2 40
MÓDULO I SOCIOLOGIA I 2 40
MÓDULO I ENSINO RELIGIOSO 1 20
CARGA HORÁRIA TOTAL DO MÓDULO I 420
MÓDULO II LÍNGUA PORTUGUESA/LITERATURA II 4 80
MÓDULO II MATEMÁTICA II 4 80
MÓDULO II FÍSICA I 4 80
MÓDULO II QUÍMICA I 4 80
MÓDULO II BIOLOGIA I 4 80
MÓDULO II ENSINO RELIGIOSO 1 20
CARGA HORÁRIA TOTAL DO MÓDULO II 420
MÓDULO III LÍNGUA PORTUGUESA/LITERATURA III 4 80
MÓDULO III MATEMÁTICA III 4 80
MÓDULO III HISTÓRIA II 3 60
MÓDULO III GEOGRAFIA II 3 60
MÓDULO III FILOSOFIA II 2 40
MÓDULO III SOCIOLOGIA II 2 40
MÓDULO III EDUCAÇÃO FÍSICA 2 40
MÓDULO III LÍNGUA ESTRANGEIRA OPTATIVA 2 40
MÓDULO III ENSINO RELIGIOSO 1 20
CARGA HORÁRIA TOTAL NO MÓDULO III 460
MÓDULO IV LÍNGUA PORTUGUESA/LITERATURA IV 4 80
MÓDULO IV MATEMÁTICA IV 3 60
MÓDULO IV FÍSICA II 3 60
MÓDULO IV QUÍMICA II 3 60
MÓDULO IV BIOLOGIA II 3 60
MÓDULO IV LÍNGUA ESTRANGEIRA 2 40
MÓDULO IV ARTES 2 40
MÓDULO IV ENSINO RELIGIOSO 1 20
CARGA HORÁRIA TOTAL NO MÓDULO IV 420
Conte conosco.
Equipe da Fundação Cecierj e SEEDUC
Nada lhe posso dar que já não exista em você mesmo.
Não posso abrir-lhe outro mundo de imagens, além
daquele que há em sua própria alma.
Nada lhe posso dar a não ser a oportunidade, o impulso,
a chave.
Eu o ajudarei a tornar visível o seu próprio mundo, e
isso é tudo.
Hermann Hesse
Diversidade
Para início de conversa...
tema tem a ver com Biologia? E por que todos dizem que ela está ameaçada?
Língua grega e significa vida. O termo diversidade, por sua vez, diz respeito ao
ças entre os seres vivos, incluindo os processos biológicos que geram e mantêm
Objetivos de aprendizagem
Conceituar diversidade, biodiversidade e variabilidade.
A Biodiversidade é um conceito que aceita restrições de espaço e de tempo. Isso significa que a biodiversidade
Para entendermos melhor a biodiversidade, vamos falar um pouco sobre o termo diversidade.
8
Figura 2: A) Armário com alta diversidade. B) Armário com baixa diversidade. Note que a
quantidade de roupas é maior no armário B, mas o armário A apresenta maior diversidade
de roupas pelo grupamento “cor”, pois B apresenta apenas roupas brancas e uma verde,
enquanto o A tem rosa, azul, preto com verde...
Agora vamos pensar nesse conceito de diversidade associado à variação e inseri-lo no mundo biológico. Assim,
João, em uma manhã ensolarada de domingo, resolveu levar a sua família para um
Durante a curta caminhada na mata, João pôde apreciar a sua biodiversidade e ob-
João parou, mais uma vez, para observar a biodiversidade que havia no rio e contou:
Com esses dados, qual o local que tinha maior biodiversidade de animais: a mata
ou o rio? Baseado no que você estudou até agora, é possível responder a essa pergunta?
Seção 2
Espécies como unidades da biodiversidade
Agora, vamos voltar às Ciências da Natureza. Como as peças de roupa são as unidades que você percebe
observando um armário (como viu na Figura 2), as unidades da diversidade biológica são as espécies. Um ponto, no
entanto, é diferente, pois apesar das espécies serem as unidades da biodiversidade, elas também são grupamentos.
descreveram dois milhões de espécies). Carl Lineu em 1775. Artista: Alexander Roslin.
10
2.1Indivíduos de uma espécie são semelhantes
também publicou uma breve descrição dos atributos comuns aos indivíduos Características Morfológicas
da espécie. Por exemplo, a presença de duas mãos, dois olhos, cinco dedos Características observáveis em uma espécie
em cada membro, pouco pelo no corpo, um coração com quatro cavidades que são detalhadas em um estudo científico
pelo pesquisador que a descreveu.
que bombeia o sangue pelo corpo e um cérebro grande estão entre as carac-
nossa espécie.
quer sombra de dúvida, quando estamos olhando outro ser humano. Indivíduos de uma espécie biológica conseguem
reconhecer outros membros daquela mesma espécie. Essa é uma propriedade das outras espécies biológicas também,
pois uma onça pintada consegue reconhecer outra onça pintada e besouros escaravelhos também conseguem reco-
nhecer-se. Algumas espécies reconhecem membros de sua própria espécie pelas características morfológicas, outras
Para ilustrar melhor a situação, caso possa, tire seu sapato. Compare o formato da planta do seu pé com aquelas
unhas nas pontas dos dedos, presença de cinco dedos e formato do pé semelhantes. Graças às características em comum,
o chimpanzé e o humano são classificados como duas espécies pertencentes ao mesmo grupamento, o dos primatas.
Muitas características em comum entre espécies fazem com que sejam classificadas nos mesmos grupamen-
tos. Repare, na Figura 4, que as duas espécies são borboletas e, portanto, apresentam um grande número de carac-
terísticas em comum. Mas é importante que você tenha em mente que: dois indivíduos de uma mesma espécie de
B
Figura 4: A) Papilio demodocus e B) Charaxes Brutus. Essas são duas espécies diferentes de
borboletas, repare como elas apresentam características em comum, mas algumas dife-
renças marcantes na forma da asa, na forma da antena, e na coloração da asa e do corpo.
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Para as borboletas, suas asas são extremamente úteis, pois permitem o voo, que é um aspecto muito importan-
te de seu cotidiano. Da mesma forma que nosso dedão do pé é uma característica morfológica útil ao hábito bipedal
humano. O dedão funciona como uma alavanca para o próximo passo bipedal. Se você já teve uma unha encravada
sabe que é muito mais difícil andar sem o auxílio (da alavanca) do dedão para o próximo passo. Tente andar sem en-
Características morfológicas úteis para uma determinada função são chamadas, pelos pesquisadores, adapta-
ções. O voo é uma característica de todas as borboletas e muitos outros insetos apresentam tal adaptação, como mos-
cas, mosquitos etc. O dedão não opositor é uma adaptação exclusiva dos humanos ao hábito bipedal. O chimpanzé
não possui tal adaptação, o dedão do pé do chimpanzé é opositor (lembrando o dedão de nossas mãos). Na realidade,
como o cotidiano do chimpanzé não envolve muito andar no chão, essa é uma adaptação que nem seria muito útil...
Observe atentamente o seu corpo e aponte cinco adaptações presentes nos huma-
nos que servem para algum hábito em nosso cotidiano. Não é necessário que as caracte-
rísticas sejam exclusivas humanas, ou seja, podem estar presentes em outros mamíferos,
ou outros animais.
A primeira característica já está listada, então procure pelas outras quatro! Seja cria-
tivo e olhe sua face, seus braços, suas pernas, seus pés, mãos, sua cabeça!
2. _______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
3. _______________________________________________________________________
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4. _______________________________________________________________________
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Cada espécie viva apresenta adaptações aos hábitos que possui. Tais adaptações são passadas para os descenden-
tes (filhotes) pela reprodução. Assim, os cactos da Caatinga apresentam adaptações que permitem a vida em um ambiente
Mas por que os membros de uma espécie são mais similares entre si do que quando comparados a membros
de outras espécies? Tais similaridades estão relacionadas com uma propriedade primordial das espécies que é a ca-
pacidade reprodutiva.
Alguns pesquisadores até definem espécies pela compatibilidade reprodutiva que seus indivíduos apresen-
tam. Nesse sentido, espécies são um grupo de indivíduos capazes de se reproduzir e dar origem a indivíduos férteis e
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Seção 4
A diversidade em uma espécie não é bem
distribuída
Existem diferenças entre os indivíduos de uma mesma espécie. A reprodução irá promover uma homogeneização,
mas essa mistura não será perfeita. Apesar desse processo de homogeneização, os indivíduos de uma mesma espécie não
são idênticos.
Basta observarmos novamente a espécie humana para entendermos. Pense na sua família. Ela apresenta traços e
características em comum que estão ausentes em outras famílias. Quais são elas? Pegue fotos de sua família e observe o
Quando nos deparamos com a diversidade humana, percebemos muitas diferenças entre os indivíduos. Realmente,
se pensarmos em um brasileiro, um sueco, um árabe, um índio brasileiro, e um negro africano, percebemos que há muitas
diferenças entre eles. Mas se os humanos fazem parte da biodiversidade, por que não observamos tanta diversidade entre
os diferentes chimpanzés que se apresentam no circo? Por que as onças pintadas da Mata Atlântica sempre nos parecem
tão semelhantes?
não temos.
mãe e o filhote que os diferem dos outros gorilas? Figura 6: Um filhote de gorila pegando carona nas costas da mãe.
Provavelmente não. Mas e se você os observasse atentamente, vivendo em um bando, todos os dias? Aí, certamen-
te, você conseguiria atentar para detalhes que passariam despercebidos por outras pessoas.
De tanto observá-los, ela já conseguia reconhecer e dar nome a cada um dos gorilas do bando. Ao dar no-
mes aos indivíduos, Dian conseguia associar características morfológicas ou comportamentais observadas
em um dia com as observadas em outros dias para um mesmo indivíduo.
O filme “Nas montanhas dos gorilas” retrata a vida dessa pesquisadora. É um filme bonito que ilustra, com
belas cenas, como alguns cientistas dedicam sua vida toda ao objeto de suas pesquisas. Que tal assisti-lo?
Você herdou de seus pais mais do que o seu sobrenome. Quando seus pais se reproduziram, eles também
passaram a você algumas das características morfológicas deles. As características morfológicas comuns entre pais e
Entretanto, se existe uma passagem de material genético na qual há a transmissão de todas as características
morfológicas dos organismos, por que os filhos não são exatamente idênticos aos pais?
Bem, em primeiro lugar, você tem dois pais. Como seu pai e sua mãe lhe passaram características, você deveria
ser metade parecido com seu “pai” e a outra com sua “mãe”. Repare que essa lógica também se aplica a seus avós,
mas você tem quatro avós, portanto, você é um quarto (1/4 ) o seu “avô materno”, um quarto a sua “avó materna”, um
Agora, uma outra pergunta. Se você é metade “pai” e metade “mãe” e seu irmão também, porque vocês dois
Simples. A metade que seu pai passou para você era diferente da metade que ele passou para o seu irmão. Da
mesma forma, as metades que sua mãe passou para você e seu irmão são diferentes.
Veja a Figura 7 e observe atentamente a sua posição na linhagem ancestral descendente de sua família.
Por serem parentes mais próximos, provavelmente, você deve ser mais parecido com seus pais e com seus
irmãos do que com seus primos e tios. Mas, se você reparar bem, alguma característica particular como o formato
do nariz, por exemplo, pode ser exclusiva de sua família. Tais características particulares, seus pais herdaram de
seus avós, assim como seus avós herdaram de seus bisavós que herdaram de seus tataravós. Essa herança foi por
meio da passagem do material genético durante a reprodução da mãe e do pai para geração dos filhos. Quanto
mais próximos na linhagem ancestral descendente dois indivíduos estão, mais características morfológicas em
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Figura 7: Sua linhagem ancestral descendente inclui seus parentes próximos, como você
vê na figura. Mas a sua linhagem não começa e nem para por aí. Ela continua por seus
descendentes (seus filhos e netos) e também vai até seus bisavós, tataravós... Quanto
mais próximos dois indivíduos estão nessa linhagem, mais semelhantes eles serão. Ou
seja, eles terão mais características morfológicas em comum.
Procure em sua casa ou peça a seus pais fotos deles quando eles tinham a sua idade. Pegue
agora uma foto sua em que seu rosto apareça em detalhes. Agora, coloque as fotos uma ao
Que características você tem em comum com seu pai? E que características você tem em
comum com sua mãe? E com seus primos, com quem compartilha os seus avós?
Agora, tente fazer o mesmo para seu irmão. Apesar da semelhança entre vocês, você irá
perceber (se olhar com muito cuidado) que vocês herdaram metades ligeiramente diferen-
Você já ouviu falar que o seu corpo é composto por células? E você sabia que a poeira da sua casa é composta
Pois é, os humanos e todas as outras espécies da diversidade biológica são compostos por células. A diferença
de tamanho entre uma espécie de inseto e a espécie humana está basicamente relacionada com o número de células
em cada organismo. Naturalmente, os humanos têm muito mais células do que um inseto.
Outros seres vivos são tão pequenos que só podem ser observados com o auxílio de um microscópio muito po-
material genético que as informações, por exemplo, sobre a sua forma, cor dos cabelos, altura, o tamanho do seu
nariz estão armazenadas. Esse material genético você recebeu metade de sua mãe e metade de seu pai, por isso você
18
5.1. A soma de metades
Você foi formado graças à união de uma célula do seu pai, chamada espermatozoide, com uma célula da sua
mãe, chamada óvulo. Tanto o espermatozoide como o óvulo são células especiais que chamamos gametas. Quando
eles se fundem, durante a reprodução, é formada a célula-ovo. Esta célula se divide inúmeras vezes para formar você.
A B
Figura 9: A) Espermatozoide paterno prestes a fecundar o óvulo materno dando origem à célula ovo. B) A célula ovo se divide
uma, duas, quatro, oito, dezesseis, milhares de vezes até haver células suficientes para compor você!
Seus pais, por sua vez, adquiriram as características deles do material genético que seus avós passaram a eles
pelos gametas. Seus avós adquiririam de seus bisavós, e assim por diante...
Cada célula do nosso corpo possui uma cópia exata do nosso material genético. Os gametas, como menciona-
do, são um tipo celular. Sendo assim, como eles, após se fundirem, geram uma célula com a mesma quantidade de
material genético do organismo e não com o dobro? Quer dizer, os filhos deveriam ter o dobro do material genético
Errado! Isso realmente não acontece, pois a divisão celular que dá origem aos gametas é especial, chamada
divisão celular reducional. Assim, tanto o óvulo como o espermatozoide apresentam apenas a metade do material
genético de outras células e, na fecundação, a quantidade de material genético original é restaurada na célula ovo.
Seção 6
Errar não é apenas humano, é biológico
Vamos conversar agora sobre como surgem as diferenças entre os membros de uma espécie. Quando a célula
ovo é formada, essa única célula tem de dar origem a todas as outras células do corpo de um ser multicelular (formado
por muitas células), como são os humanos. Para isso, o material genético original da fecundação precisa ser duplicado
ou replicado, de forma a garantir que as duas células filhas tenham exatamente o mesmo material genético da célula
Dentro das células, existe uma molécula especial responsável pela duplicação do material genético. Quando
a célula está prestes a se dividir, ela inicia o processo de duplicação do material genético. Nesse processo, a molécula
Uma mutação é, portanto, um erro no evento de duplicação que irá alterar o material genético em uma célula de
um organismo.
Repare numa questão importante agora. Todas as células descendentes da célula mutante serão mutantes
também. Ou seja, se a mutação acontecer nas primeiras divisões celulares, pode acontecer que boa parte das células
20
6.1. Somos todos mutantes
Se a poeira de nossa casa é composta inclusive por células mortas do nosso corpo, logo devemos ter algum
mecanismo de compensação, de forma que não fiquemos cada vez menores com o passar dos anos. Realmente, nos-
sas células perdidas no banho, por exemplo, são repostas imediatamente por novas divisões celulares que ocorrem
Vamos supor que em uma dessas divisões celulares, a molécula replicadora cometeu um erro em uma célula
da pontinha do seu dedo. O erro aconteceu quando a molécula estava duplicando a parte do material genético que
determina a cor de pele. Assim, com a mutação, a célula mutante ficou com uma coloração mais escura.
Repare que, de início, você não irá nem perceber a coloração estranha, pois apenas uma célula irá conter tal
pigmentação diferenciada. Entretanto, todas as células filhas, geradas a partir da divisão celular dessa célula mutante,
ficarão com a mesma coloração estranha. Alguns meses se passam e você, de repente, nota uma mancha no seu dedo!
Um ponto muito importante para lembrar é que a coloração estranha irá perdurar nas células que descende-
ram da primeira célula mutante. Quando o organismo morrer, a mutação também irá se perder. Essa não será uma
mutação importante para a diversidade dos seres vivos, pois ela será perdida com a morte do organismo mutante.
Por outro lado, se o erro de duplicação acontecer na célula que dará origem a gametas (espermatozoides ou
O filhote gerado a partir da fecundação desse gameta mutante irá apresentar a característica mutante em
todas as suas células. Assim, quando os gametas forem produzidos a partir de células mutantes, eles irão carregar a
A mutação também estará presente em seus gametas, seus filhotes e os filhotes destes também apresentarão
a característica mutante. Em outras palavras, toda a linhagem descendente desse indivíduo mutante irá apresentar a
É assim que, nessa espécie, poderá aparecer uma linhagem ancestral-descendente mutante. Mas o que acontece
se um mutante reproduzir com um indivíduo normal? Aí irá acontecer uma mistura de características de ambos os pais.
Você vai ver, nas próximas unidades, que essa mistura não acontece de maneira simplificada e está longe da
média entre as características do pai e da mãe. Como a mistura não é simples, nem todos os indivíduos receberão
todas as características dos pais. Veja na figura a seguir, que nem todos os filhos recebem a característica ilustrada
pela coloração vermelha. A coloração vermelha pode estar representando altura, formato ou cor dos olhos, cor dos
cabelos etc.
características podem se misturar nos descendentes, como mostrou a Figura 11. Assim, com a possibilidade de repro-
dução, uma diferenciação real não irá ocorrer entre as linhagens de uma mesma espécie.
A mutação pode acarretar em uma modificação na cor, mas também pode ser no cheiro, na quantidade de
pelos, na altura, na velocidade, na capacidade de enxergar longe. Ela pode acontecer em qualquer outra característica
herdável que passa de ancestrais para seus descendentes por meio do material genético modificado.
Os descendentes que receberam o material genético com a mutação irão passá-lo, nessa mesma condição, a
seus próprios descendentes, iniciando uma linhagem diferente das demais da espécie. O filhote irá, portanto, receber
o material genético com, por exemplo, a capacidade de enxergar longe antes mesmo de conseguir abrir os olhos. Essa,
por exemplo, seria uma mutação favorável que poderia resultar em uma adaptação característica de uma espécie.
Quanto menor o tempo entre o ancestral e seus descendentes, maior será a porcentagem do material genético
compartilhado. Além disso, menos duplicações de material genético, e portanto de mutações, aconteceram desde os
antepassados em comum. Portanto, indivíduos menos aparentados apresentam mais diferenças, pois além de menos
material genético compartilhado, mais mutações aconteceram desde seus antepassados em comum. Dessa forma,
Até as adaptações que encontramos em todas as espécies são decorrentes de alguma mutação no material
genético de antepassados. Nosso dedão do pé que funciona como uma alavanca, o cacto sem folhas, e muitas outras
adaptações são resultado de mutações que acabaram resultando em modificações úteis. Portanto, as mutações são
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Mas como sabemos disso? Ora, se não fossem as mutações no material genético, a “adaptação” seria perdida
na morte do organismo variante. Da mesma forma, se uma mulher de cabelos castanhos pintar seus cabelos de louro,
ou se o pai raspar a cabeça, tais modificações não serão passadas a seus filhos. Os filhos do casal nascerão morenos e
com cabelo, pois as modificações não estavam no material genético dos pais.
Esta atividade é um pouco mais difícil do que as outras, mas ela é bem dinâmica e
interessante. Você acredita que chegou a este ponto da primeira unidade com o conteúdo
Você vai precisar de 20 grãos de feijão, 20 grãos de milho e um dado de seis lados.
Os grãos ilustram indivíduos, de uma mesma espécie, que são diferentes em uma carac-
Claudia Augusta de Moraes Russo e de Carolina Moreira Voloch, Beads and dice in a genetic
drift exercise.
Vamos imaginar que você tem uma população de 10 indivíduos, representados nes-
sa atividade por 10 grãos. Cada um desses indivíduos dá origem a dois indivíduos como
eles, ou seja, um feijão dá origem a dois feijões, um milho dá origem a dois milhos. Só que
o ambiente no qual sua população de grãos vive só tem comida para alimentar 10 indi-
víduos. Então, quando nascem (os 20) indivíduos, em uma geração, eles competem por
Comece com uma população com nove grãos de feijão e um grão de milho, ou seja,
inicie a sua atividade na geração em que ocorreu um primeiro mutante-milho. Cada um dos 10
indivíduos vai produzir dois filhotes idênticos a eles. Agora, na competição, existem 18 feijões
e dois milhos. Quais irão sobreviver? Use o dado para descobrir, como aponta a figura a seguir:
Você só deve rolar o dado, caso a competição seja entre indivíduos diferentes, ou
seja, entre feijão e milho. Assim, nessa primeira geração, você irá rolar o dado duas vezes
para saber quais sobreviveram para formar a próxima geração. Considere sempre que a
re que, como as proporções de sobrevivência são iguais para os dois variantes, qualquer
um pode sobreviver à competição com chances iguais! A cada geração, conte o número de
porções de feijões e milhos entre seus colegas também. O que aconteceu com o mu-
tante? A primeira geração já está especificada: são nove feijões e um milho que irão
produzir 18 feijões e dois milhos. Antes da segunda geração vai existir a competição
24
e anote seus resultados de acordo com a figura anterior.
Primeira 9 1 Sexta
Segunda Sétima
Terceira Oitava
Quarta Nona
Quinta Décima
(50%). Agora pense se uma característica desse, ao indivíduo que a carregasse, uma vantagem.
Seção 7
Outras questões...
Você acabou de ver, ao longo desta unidade, como mecanismos genéticos (como a mutação, por exemplo)
A biodiversidade trata da variedade de seres vivos na Terra. Uma questão que sempre surge a partir do pensa-
mento sobre ela e as relações de ancestralidade entre os seres vivos é... como surgiu a primeira vida no nosso planeta?
Basicamente, há três linhas de pensamento mais difundidas nos dias de hoje sobre origem da vida:
Criacionismo: a vida é criada a partir da ação de uma força suprema ou superior (deus ou deuses)
micas simples.
da natureza e, em alguns casos, experimentos. Para os que defendem a panspermia, o indício de moléculas que exis-
tem em seres vivos em um meteorito (que veio do espaço) dá força à teoria, embora ainda não tenha sido provada a
Para a maioria dos cientistas, no entanto, a teoria mais aceita é a da Abiogênese, pois é a que apresenta mais
indícios de ser uma explicação para a origem da vida. Por esta teoria, a vida surgiu da combinação de substâncias
químicas simples, que foram se associando e formando substâncias químicas complexas – as que compõem os orga-
nismos vivos.
Na trajetória de desenvolvimento dessa teoria, muitas etapas aconteceram. Aristóteles, Francisco Redi, Louis Pas-
teur, Oparin e Haldane são alguns dos nomes relacionados ao caminho traçado para se chegar na teoria da abiogênese.
Uma coisa interessante sobre o estudo da Origem da Vida é que ele está em aberto. Embora haja fortes indí-
cios na direção da abiogênese, há muitas perguntas ainda para serem respondidas e Novas Hipóteses surgem a todo
momento. Por exemplo, se acreditava até pouco que a vida surgiu no mar. Recentemente, surgiram alguns indícios
de que a colonização do ambiente aquático só foi possível após as primeiras formas de vida sofrerem mutações que
Estudos sobre esse assunto são bastante importantes para preencher as lacunas que existem entre a biodiver-
sidade que conhecemos e como ela se originou. Afinal, no estudo da ancestralidade (um pouco do que você viu nesta
unidade), vamos precisar em algum momento responder como tudo começou, não é mesmo?
26
Resumo
Biodiversidade, ou diversidade dos seres vivos, é um conceito que trata da quantificação da variação ou de
As espécies são as unidades da biodiversidade. Membros de uma espécie podem se reproduzir e produzir
A fecundação dos gametas paternos gera uma única célula ovo que, por meio de divisões celulares, dá
A divisão celular que dá origem aos gametas é especial, pois é uma divisão celular reducional. Assim, tanto
o óvulo como o espermatozoide contêm apenas metade do material genético das demais células do corpo
Todo o material genético da célula ovo deverá ser duplicado para formar duas células filhas. Mais uma vez, o
material genético das duas células filhas será duplicado para formar quatro células netas e assim por diante,
até o humano estar formado com suas trilhões de células. Cada uma com a mesma quantidade de material
O processo de duplicação do material genético não é perfeito e é passível de erros, chamados mutações.
Uma célula ovo mutante dará origem a células filhas também mutantes com gametas que também apre-
sentam a mutação. Se um gameta mutante for fecundado, tal mutação será passada para os descendentes
Veja ainda
O que explica o fenômeno da mulher barbada, muito famosa em alguns circos? Quer saber, então leia:
barbada/?searchterm=mulher%20barbada
Novas hipóteses sobre a origem da vida são levantadas a todo tempo pelos cientistas. Uma hipótese recen-
te é de que a vida não tenha surgido nos oceanos. Para saber mais sobre isso, acesse:
http://cienciahoje.uol.com.br/noticias/2012/02/um-comeco-diferente/?searchterm=origem%20da%20vida
Ridley, Mark. Evolução. Editora Blackwell 3a edição. Editado no Brasil por Artmed, 2003
Imagens
• André Guimarães
• https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Carl_von_Linn%C3%A9.jpg
• http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Citrus_Swallowtail_Papilio_demodocus.jpg –
Muhammad Mahdi Karim.
• http://en.wikipedia.org/wiki/File:Gorillas_in_Uganda-3,_by_Fiver_Löcker.jpg
• Claudia Russo
• http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Sperm-egg.jpg
• http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Mitotic_Cytokinesis.svg
• Claudia Russo
28
• Claudia Russo
• Claudia Russo
Atividade 1
O local de maior biodiversidade animal é a mata, pois ele observou cinco tipos de
animais (macacos, quatis, formigas, aves e cobra), enquanto na água apenas três tipos (pei-
Atividade 2
dem rasgar carne (chamados caninos), cortar (incisivos), moer comida mais dura (mola-
4. Olhos frontais – não podemos ver o que está nas nossas costas (como alguns primatas),
mas essa posição dos olhos nos permite ter uma visão de profundidade.
5. Glândulas mamárias – leite materno quentinho e pronto para o bebê tomar. A mãe não
precisa perder tempo encontrando comida para o bebê pequeno, pois ela própria pro-
todo o corpo. Entretanto, quando o pequeno camarão cresce, ele tem que liberar o
Além disso, enquanto ele está sem esqueleto, o camarão fica sem a sustentação e sem
Atividade 4
petição à cada geração. A tabela a seguir não representa o gabarito, pois você irá rolar
seu próprio dado e terá seus próprios resultados que seguramente serão diferentes. Isso é
esperado. Apresentamos os resultados a seguir como exemplo apenas para guiar você na
milho sobreviveram à competição com filhotes de feijão. Por isso, a proporção de milhos
aumentou. Ao longo das gerações, a frequência de milho aumenta e diminui como espe-
milho sobrevive, 50% o feijão sobrevive). Em alguns casos, o mutante será eliminado da
população. Isso deverá acontecer, principalmente, quando ele ainda estiver em frequência
Primeira 9 1 Sexta 5 5
Segunda 8 2 Sétima 6 4
Terceira 8 2 Oitava 6 4
Quarta 7 3 Nona 5 5
Quinta 7 3 Décima 4 6
Se uma característica (milho, por exemplo) desse ao portador uma vantagem adapta-
variante (feijão).
30
O que perguntam por aí?
No ano de 2000, um vazamento em dutos de óleo na baía de Guanabara (RJ) causou um dos maiores acidentes
ambientais do Brasil. Além de afetar a fauna e a flora, o acidente abalou o equilíbrio da cadeia alimentar de toda a baía. O pe-
tróleo forma uma película na superfície da água, o que prejudica as trocas gasosas da atmosfera com a água e desfavorece
a realização de fotossíntese pelas algas, que estão na base da cadeia alimentar hídrica. Além disso, o derramamento de óleo
contribuiu para o envenenamento das árvores e, consequentemente, para a intoxicação da fauna e flora aquáticas, bem
como conduziu à morte diversas espécies de animais, entre outras formas de vida, afetando também a atividade pesqueira.
Lauber, L. Diversidade da Maré negra. In: Scientific American Brasil 4(39), ago. 2005 (adaptado).
b. Alertam para a necessidade do controle da poluição ambiental para redução do efeito estufa.
c. Ilustram a interdependência das diversas formas de vida (animal, vegetal e outras) e o seu habitat.
d. Indicam a alta resistência do meio ambiente à ação do homem, além de evidenciar a sua sustentabilida-
de mesmo com condições extremas de poluição.
Gabarito: Letra C.
Comentário: O enunciado ilustra como o ser humano e suas atividades afetam a biodiversidade, levando in-
clusive a extinção de algumas espécies por conta da poluição (como no caso acima), de atividades predatórias de caça
de, daremos continuidade a esta temática. Você estudará como o mesmo proces-
so, que inclui reprodução, herança e mutações, explica também o surgimento das
do grupo, ou seja, eles não apresentam glândulas mamárias. Claro! Uma vez que você saiba o significado do nome “mamí-
feros”, eu não preciso me referir a cada uma das espécies do grupo separadamente, pois o nome significa o conjunto todo.
Figura 1: Bebê elefante (Elephas maximus) mamando leite da mãe. Além de elefan-
tes, micos, humanos, preguiças, tamanduás e outras 5 mil espécies pertencem ao gru-
po dos mamíferos. Todos os mamíferos apresentam glândulas mamárias e as recém-
mamães de todas as espécies de mamíferos produzem leite e alimentam seus bebês.
De acordo com algumas regras, um pesquisador associa uma parcela da diversidade a um nome taxonômico
em Latim. Uma vez que o nome daquela fatia da diversidade biológica seja conhecido, o pesquisador da descrição
original e outros pesquisadores podem ir acumulando informações sobre aquele grupo de espécies. Cada um pode
estudar um aspecto e assim o conhecimento biológico aumenta e solidifica.
Você poderia perguntar: por que precisamos de nomes científicos em Latim se já temos nomes em Português? Na
Língua Portuguesa, temos nomes apenas para os grandes grupos da diversidade. Mas, para uma comunicação efetiva
sobre a biodiversidade, os pesquisadores precisam de muito mais nomes do que aqueles que encontramos nos dicio-
nários da nossa língua. Além disso, a taxonomia não poderia ser em Português, pois existem pesquisadores estudando
mamíferos em todos os países do mundo. Um dos principais objetivos de uma linguagem em comum, a Taxonomia, é
facilitar a comunicação entre todos eles. Assim, por meio da Taxonomia, o conhecimento biológico é construído.
Objetivos de aprendizagem
Listar os passos do processo de descrição de uma nova espécie, feita pelo taxonomista.
Definir especiação biológica como o agente que interrompe a reprodução e a mistura entre as linhagens
de uma espécie.
34
Seção 1
Taxonomia e a descrição de uma espécie
Voltando ao exemplo dos mamíferos, que vimos há pouco, você percebe que as espécies também são alo-
cadas em grupos maiores, compostos de muitas outras espécies. O número de divisões possíveis da biodiversidade
é imenso. Por isso, precisamos de pesquisadores exclusivamente dedicados à ciência de dar nomes nas parcelas da
Quando, por exemplo, uma taxonomista de morcegos descreve uma espécie pela primeira vez, ela associa uma
descrição muito detalhada de características a um novo nome científico. Além disso, ela incluirá a nova espécie em
Figura 2: Nós, por exemplo, somos do grupamento humanos junto com algumas espécies já extintas, entre
elas os homens de neandertal. Além de humanos, nós (e os neandertais) também somos do grupamento pri-
matas, junto com os micos, macacos, chimpanzés e gorilas. Todos os primatas também são do grupamento
mamíferos (como tigres, cachorros, focas, cavalos, morcegos, baleias e lobos) e, por sua vez, todos os mamíferos
pertencem ao grupamento dos vertebrados. Neste último grupamento, estão cobras, lagartos, dinossauros
pererecas, sapos, peixes ósseos, tubarões, tartarugas, todas as aves e todos os mamíferos.
Algumas das espécies de mamíferos, como a onça pintada e o tamanduá bandeira apresentam um nome
vulgar em Português, pois chamam a atenção do público em geral, mas a maior parte das espécies só tem o nome
Mas, o que leva os taxonomistas a descreverem novas espécies? Num país como o Brasil, com grandes exten-
sões de matas e com um litoral extenso, ainda existe muito trabalho para muitos novos taxonomistas que virão nas
próximas gerações. Se você gosta de ficar observando os animais que aparecem em sua casa ou na sua cidade, quem
sabe você não será o próximo taxonomista brasileiro de renome internacional? Se você já pediu de Natal um micros-
cópio ou adorou um guia de identificação de animais que caiu em suas mãos, você é um excelente candidato a um
futuro taxonomista. Podemos afirmar que trabalho não faltará em um país tão biodiverso como o Brasil!
Como toda área profissional, dedicação e seriedade são fundamentais para o sucesso como taxonomista. Para
iniciar você no cotidiano da profissão, vamos agora falar sobre o processo de descrição de uma espécie. O taxo-
Vejamos um exemplo. Joaquim é um taxonomista de roedores. Os roedores são caracterizados por possuírem
dentes da frente (incisivos) longos e separados. Ou seja, todas as duas mil espécies do grupo roedores apresentam
essas características em comum. Lembrando que os mamíferos são cinco mil espécies, nós conseguimos perceber a
Figura 3: A nossa capivara brasileira (nome científico Hydrochoerus hydrochaeris) é o maior roedor do mundo e
foi descrita por Carl Lineu, em 1766. Você tem agora condições de entender por que apelidamos Lineu de o pai
da taxonomia, pela quantidade de organismos importantes que ele descreveu ao longo de sua vida.
Como um bom taxonomista, especialista em roedores, Joaquim leu e familiarizou-se com as descrições já pu-
blicadas das espécies de roedores. Tais descrições são artigos publicados em revistas especializadas. Depois dessa boa
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revisão bibliográfica, é possível reunir as descrições das espécies de roedores feitas e publicadas por outros taxono-
minar os roedores que ali habitam. Joaquim pode colocar armadilhas para coleta e para observação dos roedores
Vamos supor que Joaquim esteja observando um roedor que caiu numa armadilha que ele armou. Ele sabe-
rá que o animal da armadilha é um roedor pelos dentes incisivos, característica do grupo. Observando o roedor da
armadilha e lembrando-se das descrições de espécies que ele já leu, ele pode se deparar com uma característica do
animal nunca antes descrita. Por exemplo, o roedor capturado tem uma mancha amarela nos seus pelos das costas
Se ele observar o mesmo tipo de mancha em outros indivíduos que caíram em outras armadilhas naquela área
de mata, ele poderá descrever uma nova espécie de roedor, quando retornar a seu laboratório. Nessa, a característica
morfológica diagnóstica, ou seja, a característica marcante e pela qual esta espécie será reconhecida passará a ser a
presença de uma mancha amarela na pelagem das costas. Característica que certamente irá constar da descrição da
Ao descrever uma espécie nova, é fundamental armazenar um exemplar da mesma em uma coleção de um
museu. Este exemplar é chamado tipo e estará disponível para outros taxonomistas examinarem-no.
A publicação da descrição detalhada é uma etapa fundamental, pois, só com ela, outros taxonomistas poderão
Borboletas no museu?!
A resposta é não! Existem museus onde estão arquivados os diferentes tipos das mais
diversas espécies. E foi nesse gênero de museu que Roberta, uma esperta menina de dez
anos, ao observar várias borboletas dentro de uma caixa de vidro, perguntou à sua mãe:
“– Mãe, por que essas lindas borboletas estão aqui e não nas florestas, onde, uma
Roberta?
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Seção 2
Nomeando e agrupando as espécies
Pesquisadores de tempos mais antigos já entendiam que a linguagem da biodiversidade teria de ser comum
aos pesquisadores de todas as línguas. É importante que os nomes científicos sejam únicos, quer seja em um artigo
científico escrito em Português, em Russo ou em Alemão. Dessa forma, pesquisadores em todo o mundo podem
compreender o nome da espécie em um texto. Assim, uma língua tinha de ser eleita para uso em taxonomia e os
Mas você deve estar se perguntando: por qual razão escolheram uma língua que ninguém mais usava no século XVI?
Pois esta foi justamente a razão para a sábia escolha dos pesquisadores! Eles escolheram o Latim, pois já
era uma língua morta, ou seja, que ninguém mais falava. Dessa forma, os pesquisadores garantiram que as regras
de gramática e de ortografia não iriam mudar com o tempo. Essa é uma particularidade importante para não ha-
ver confusão com as mudanças informais e as revisões linguísticas formais como aquela que tivemos na Língua
Todos os nomes em Taxonomia são escritos em Latim e obedecem às mesmas regras há séculos. Imagine se
uma regra de ortografia em Latim mudasse. Isso significaria mudar os nomes científicos de dois milhões de espécies...
Além de serem em Latim, uma outra particularidade é que os nomes científicos das espécies devem sempre vir
destacados no texto, em itálico, negrito ou sublinhado. O mais comum atualmente é que eles venham destacados em
Os nomes científicos na taxonomia antes dos estudos de Lineu eram pequenas descrições das espécies. Então,
Apis pubescens, thorace subgriseo, abdominae fusco, pedibus posteuis, glabris, utrinque margine ciliatis.
O “nome” antigo da abelha significa “abelha com pelos curtos, peito cinza, abdômen marrom escuro, patas sem
pelo e com pequenos sacos com estruturas semelhantes a pelos nas bordas”. Imagine quão difícil era a troca de informações
sobre as espécies. Só para dizer qual espécie estava sendo estudada já eram necessárias algumas linhas de texto!
mal, mas funcionava. Entretanto, depois das grandes navegações dos séculos XV e XVI, os navios traziam, do Novo
Mundo, uma biodiversidade infinitamente mais rica e mais difícil de ser catalogada. Milhares de espécies novas che-
gavam aos portos da Europa, trazidas do Novo Mundo para a ciência europeia analisar. Dessa forma, o sistema antigo
Novo Mundo
Todo o continente americano, incluindo as Américas do Norte, Central e do Sul. Depois das grandes navegações, o Velho Mundo
(Europa, Ásia e África) conheceu o Novo Mundo (as Américas).
Figura 5: Mapa de Martin Waldseemüller, mostrando uma parte do Novo Mundo, no caso a América do Sul.
Neste mapa, o nome América aparece, pela primeira vez, no ano de 1507.
Foi apenas no século XVIII, que o pai da Taxonomia, Carl Lineu (você viu um pouco sobre ele na unidade 1),
propôs que o nome da espécie passasse a ser composto de apenas dois nomes. Este é o sistema que usamos até hoje,
mais de três séculos depois. A abelha com aquele nome enorme descrito acima, por exemplo, foi redescrita formal-
mente e denominada cientificamente por Lineu: Apis mellifera (Figura 6). Muito mais simples, concorda?
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O procedimento agora é associar, em uma publicação, o nome a uma
maneira, Lineu descreveu milhares de espécies. Já vimos que muitas são espé-
Como não é o nome, a descrição poderia ser tão detalhada, quanto ne-
cessária. Cada detalhe pode ser incluído de forma a descrever a nova espécie
com precisão, diferenciando-a das outras espécies, mesmo das com caracterís-
ticas muito semelhantes. Tal descrição inclui medidas, quantidades, formatos, Figura 6: Foto da abelha europeia, re-
descrita por Lineu como Apis mellifera.
cores de cada uma das estruturas dos membros daquela espécie. Tanta infor- Será que você consegue perceber os
atributos do primeiro nome Apis pu-
mação certamente não caberia em um “nome”. bescens dessa abelha pela foto?
O sistema proposto por Lineu foi tão bem recebido que perdura até os dias de hoje e é chamado sistema
binomial. Isso porque, o nome científico de uma espécie apresenta dois nomes, ambos em itálico (uma forma de
destacá-los do texto em que se encontram). O primeiro nome é o nome do gênero, sempre iniciado por letra maiúscula.
O segundo nome é a parte específica do nome da espécie, sempre iniciado por letra minúscula.
Um mesmo gênero pode apresentar muitas espécies. Panthera leo e Panthera onca, por exemplo, são os nomes
científicos do leão e da onça pintada, respectivamente. O tigre , por sua vez, chama-se Panthera tigris e, assim como
Figura 7: Panthera onca (onça) e Panthera tigris (tigre) são duas espécies do gênero Panthera. O tigre vive nas florestas asiáti-
cas, enquanto a onça habita as florestas brasileiras.
terísticas. Isso porque o gênero é o segundo menor dos grupamentos da biodiversidade. Lembre-se de que o menor
grupamento é a espécie que une indivíduos mais semelhantes do que as espécies de um mesmo gênero. O gênero
Leopardus, por exemplo, também apresenta várias espécies, entre elas Leopardus pardalis, que é a nossa jaguatirica. O
Os gêneros Felis, Leopardus e Panthera são três dos gêneros membros da família Felidae. A família é o
grupamento imediatamente superior ao gênero. Isso significa que uma família apresenta vários gêneros e cada um
Assim, todas as espécies do gênero Felis, pertencem à família Felidae, mas nem todas as espécies em Felidae
Figura 8: O leão, o gato e a jaguatirica pertencem, respectivamente, aos gêneros Panthera, Felis e Leopardus. Todos esses gêne-
ros pertencem à família Felidae. As espécies de uma mesma família apresentam algumas características em comum.
Mas qual a razão desses três gêneros estarem juntos em uma única família?
Se você reparar na pata de um gatinho, você verá que o gato pode retrair (recolher) as suas garras ou colocá-
-las para fora de acordo com a sua vontade. A pata de um cachorro, por outro lado, não possui as garras retráteis. As
unhas de cachorros e lobos estão sempre para fora e, por isso, são bem menos afiadas do que as dos gatos. Garras
retráteis são uma adaptação dos felídeos, isto é, as espécies da família Felidae apresentam tal característica vantajosa
Repare em uma mulher com unhas muito longas e você irá perceber como seria vantajoso para ela poder re-
trair as unhas de acordo com a própria necessidade, por exemplo, quando ela está digitando no computador... Porém,
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infelizmente para ela, humanos não são membros da família Felidae. Garras retráteis são uma característica diagnós-
Figura 9: Garras retráteis de um gatinho doméstico (à esquerda) e as não retráteis de um cachorro (apontadas
pelo A na foto da direita). Note como as do gato são muito mais afiadas.
Os cachorros e lobos são membros da Família Canidae, que apresenta outras características diagnósticas tam-
bém vantajosas, mas suas garras não são retráteis (veja Figura 9). O focinho grande, por exemplo, é uma das adapta-
ções dos canídeos que permite que seu cachorrinho saiba que você chegou à casa antes mesmo de vê-lo.
Figura 10: Cães (esquerda) e lobos (direita) também pertencem a uma mesma família – Canidae - e comparti-
lham as mesmas adaptações, como por exemplo, o focinho grande. Características compartilhadas de forma
exclusiva marcam a categorização de animais em grupos taxonômicos diferentes.
Concluindo, Stan Lee e Jack Kirby, os excepcionais escritores de X-men, não conheciam bem a
taxonomia de mamíferos! É um filme de ação muito interessante e se você não viu ainda, vale à
pena alugar na sua locadora.
De maneira alguma a classificação termina por aí! Canidae e Felidae pertencem à ordem dos carnívoros que
é uma das ordens da Classe Mammalia. Na Classe Mammalia, estão incluídos todos os mamíferos. Cada uma das
espécies de mamíferos apresenta suas próprias características diagnósticas, uma coloração de pelo diferenciada, um
tamanho maior de corpo, um focinho mais fino, uma orelha mais pontuda, dentes maiores etc., mas há características
Além dessas características particulares, portanto, para serem classificadas como mamíferos, todas as (cinco
pelos;
dentes diferenciados;
glândulas mamárias.
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Estas são as características diagnósticas de mamíferos. Ou seja, se alguma nova espécie for encontrada, por
exemplo em Cabo Frio, e apresentar essas três características, a mesma será necessariamente incluída na classe Mam-
malia ao ser descrita. Sabendo que ela apresenta essas três características, saberemos inferir outras tantas. Por exem-
plo, como todos os mamíferos apresentam coluna vertebral, a nova espécie de Cabo Frio certamente irá apresentar
também a coluna vertebral. E se a nova espécie tiver garras retráteis, em que família você a incluiria? Seria, claro, mais
estão incluídas em um gênero, muitos gêneros em uma família, muitas famílias em uma ordem, muitas ordens em
Figura 11: Embora muitas pessoas acreditem, a aranha (à esquerda) não faz parte do grupamento dos insetos
(à direta). Todos os insetos apresentam seis patas e as aranhas apresentam oito. Insetos e aranhas fazem parte
do Filo (grupo maior) dos artrópodos. Um outro grupo de artrópodos são os crustáceos, onde se encontram os
caranguejos, camarões, lagostas.
O maior dos grupamentos é o domínio. Existem apenas três domínios nos quais toda a diversidade biológica
é incluída. São eles: Bacteria, Archeae, e Eukarya. Os dois primeiros são domínios compostos apenas por organismos
unicelulares (seres constituídos por uma célula apenas), isto é, por micro-organismos bactérias e arqueas. O domínio
Eukarya é composto por organismos uni e multicelulares. Todos os organismos que podemos enxergar a olho nu es-
tão incluídos no domínio dos eucariontes (Eukarya), incluindo as plantas, os fungos e os animais.
Micro-organismos unicelulares que vivem em condições extremas. Ambientes extremos, por exemplo, podem ser temperaturas
altíssimas como próximas de 100o C. Esses organismos também são chamados extremófilos. Um dos três domínios da vida é
constituído por arqueas.
Figura 12: Hierarquia em taxonomia. A onça (Panthera pardus) é uma espécie do gênero Panthera, que é um
gênero da Família Felidae, que é uma família da Ordem Carnívora, que é uma ordem da Classe Mammalia. Mam-
malia, que, por sua vez, pertence ao Filo Chordata, que é um filo do Reino Animália, que é um reino do Domínio
Eukarya que faz parte da diversidade biológica.
Um novo conceito importante, diante do que vimos na taxonomia da onça pintada, por exemplo (Figura 12) é
que os nomes em taxonomia obedecem a uma estrutura hierárquica, que vai da espécie ao domínio. Essa estrutura hierár-
Se você tem dificuldade em entender o que é hierarquia, não se preocupe, você não é o único! Vamos deixar
mais intuitivo esse conceito complicado, mas central do estudo das Ciências Biológicas. Mais uma vez, vamos simpli-
Endereços, por exemplo, também apresentam uma estrutura hierárquica. Digamos que você more em:
um bairro de
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uma cidade em
um dos estados da
Repare que a estrutura de um endereço também é hierárquica, pois os endereços não são simplesmente iguais
ou diferentes. Existe uma gradação entre dois endereços muito similares e dois muito diferentes. Dois endereços mui-
to similares também apresentarão suas diferenças, como o número da casa ou do apartamento. Assim, até endereços
muito diferentes apresentam suas similaridades, como o mesmo país ou o planeta Terra.
Se pensarmos sobre a similaridade dos seres vivos, encontraremos um padrão semelhante. Alguns grupos ta-
xonômicos com menos espécies apresentam uma maior similaridade morfológica do que grupos com mais espécies
que também apresentam maiores diferenças. Por que existe essa hierarquia na Natureza?
A similaridade entre as características dos indivíduos na Natureza depende de quão próximos ou distantes es-
tão seus antepassados em comum. Como vimos na unidade 1, você se parece com seus irmãos, pois os antepassados
em comum são seus pais. Existe apenas uma geração de duplicação do material genético com possibilidade de gerar
mutações. O material genético que deu origem a você e a seu irmão era oriundo do mesmo casal, seus pais, apenas
uma geração atrás. Você apresenta características que lembram seus avós na mocidade, pois apenas duas gerações
separam você e seus avós. O ancestral comum entre você e sua avó é sua própria avó.
Assim, a estrutura reprodutiva das linhagens ancestrais descendentes obedece a um padrão hierárquico ao
Um carioca e um chinês apresentam diferenças em suas características fisionômicas, mas ainda são similares,
se comparados com as outras espécies do planeta. A similaridade entre o carioca e o chinês advém do fato de que os
antepassados em comum dessas duas linhagens são ainda recentes. Em milhares de anos de reprodução e mistura
de material genético na população humana, algumas mutações fazem o carioca e o chinês diferentes. Por outro lado,
a grande maioria das características desses humanos é compartilhada por todos os humanos. O dedão do pé em
alavanca é um exemplo, como já mencionamos na unidade 1, que já estava presente nos ancestrais humanos, pois
todos nós o apresentamos.
Para as questões a seguir, aponte, nos parênteses, “V”, se elas forem verdadeiras ou “F”
, se elas forem falsas.
( ) Coleoptera é uma ordem de insetos. Os membros dessa ordem estão mais relacio-
nados entre si do que com os membros da ordem Carnivora de mamíferos.
( ) Canis lupus e Canis latrans são grupos de animais mais parecidos morfologicamen-
Seção 3
Ciência e perguntas
A principal tarefa de um cientista é tentar dividir perguntas grandes e complexas em perguntas pequenas e
mais simples de encontrar respostas. Assim, a pergunta “por que a biodiversidade é da forma que ela se apresenta em
nosso planeta” é uma pergunta muito grande e complexa. Então vamos dividi-la em perguntas menores, que podem
Mesmo entre membros de uma única família, os indivíduos não são iguais. Pais e mães não dão origem a clones,
quando se reproduzem. As diferenças que observamos entre as espécies são resultado da mistura do material genético
do pai e da mãe, e também do processo de mutação que pode acontecer nas multiplicações das células de um indivíduo.
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Clone
É o nome que damos a indivíduos que possuem material genético idêntico ao de outro indivíduo. Podem ser gerados por divi-
são de um ser em dois (reprodução assexuada, ou seja, sem sexo), o que acontece com alguns micro-organismos, por exemplo,
ou por reprodução sexuada quando são gerados gêmeos idênticos, como acontece com os humanos.
Indivíduos mutantes (cuja mutação afete as células reprodutivas) vão produzir filhotes com a mesma caracte-
rística mutante. Os filhotes mutantes também irão crescer e reproduzir-se, produzindo mais e mais filhotes também
com a característica mutante. Em outras palavras, pelo cruzamento (reprodução), essa mutação vai sendo passada de
tal forma que, daqui a algumas gerações, estará presente em muitos indivíduos. Assim, o cruzamento é uma ferra-
menta poderosa para promover a mistura do material genético na população ao longo das gerações.
Por outro lado, os organismos são semelhantes. Afinal, glândulas mamárias não são uma particularidade dos
humanos, pois são compartilhadas pelas mais de cinco mil espécies de mamíferos.
Mas as semelhanças não param aí. Vamos falar de atitudes. Chimpanzés, coçando a cabeça, leões espreguiçan-
do-se, atobás, mergulhando no mar. Quer outros exemplos? Vamos falar sobre doenças. Veja, na Figura 13, exemplos
de que o albinismo é uma doença que afeta todos os mamíferos, aves, répteis e muitos outros organismos.
Figura 13: Albinismo, uma doença que acomete humanos, também pode ser encontrada em outros animais,
como em cangurus e jacarés. Isso porque compartilhamos não apenas características, mas também podemos
ser acometidos pelas mesmas doenças de outros animais do planeta.
mos espécies diferentes, pois uma espécie está em constante homogeneização de suas características por meio da reprodu-
ção. Membros de uma mesma espécie não são mais semelhantes apenas morfologicamente, mas em outros aspectos
de sua fisiologia, de seu comportamento, enfim, de todas as características herdáveis presentes no material genético.
No caso dos humanos, por exemplo, os antepassados em comum entre eles viveram há algumas centenas de
milhares de anos apenas. Isso pode parecer muito para você, que irá viver algumas dezenas de anos. Entretanto, se
pensarmos que a vida na Terra tem 4 bilhões de anos, não é exagero dizer que todos os humanos são irmãos.
Por essa lógica, podemos dizer também que os chimpanzés são nossos primos. Mas antes de chegarmos aí, há
Se os membros de uma espécie estão em constante mistura de material genético pela reprodução, então é impossível
que exista uma diferenciação real em uma mesma espécie, como a que encontramos entre macacos e tigres. Portanto, deve
existir um mecanismo que impeça a reprodução, rompendo com o processo de mistura em uma parcela da população.
Sim, esse mecanismo existe e é chamado de especiação. A especiação é o único mecanismo que permite que
linhagens diferenciem-se de fato. A especiação possibilita que mutações acumulem-se dentro de um grupo de orga-
Quando a especiação acontece, o cruzamento entre dois grupos ou mais de indivíduos é parcialmente inter-
rompido, gerando duas novas espécies. Isso é chamado isolamento reprodutivo. Ele é, geralmente, antecedido pelo
isolamento geográfico. Isso significa que, antes de existir uma barreira biológica, ou seja, um impedimento no cruza-
mento entre grupos de indivíduos, os grupos devem estar separados em diferentes regiões do território.
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Isolamento reprodutivo e isolamento geográfico são dois conceitos fundamentais para a compreensão
do fenômeno da especiação.
O isolamento reprodutivo: acontece quando duas populações não conseguem mais se cruzar. Isso
pode acontecer de formas diversas: quer porque anatomicamente se torna inviável, quer porque o es-
permatozoide de uma população não mais fecunda o óvulo da outra, quer porque os descendentes
gerados são estéreis.
Já o isolamento geográfico se trata de uma barreira geográfica que impede que as populações troquem
seus materiais genéticos. Geralmente, o isolamento geográfico precede o isolamento reprodutivo, pois
caso não haja barreira geográfica, impedindo o cruzamento, as populações continuarão a trocar mate-
rial genético e não irão se diferenciar. Com a barreira, o isolamento geográfico impede o cruzamento,
confinando novas mutações a apenas uma parcela da população, possibilitando a especiação.
Vamos dar um exemplo de forma que você consiga compreender o fenômeno especiação. Para isso, pense
em uma espécie de roedores com machos e fêmeas se reproduzindo em uma população. Essa população habita uma
área específica de uma densa floresta. Agora, ao invés de nos preocuparmos com cor, cheiro, número de patas, vamos
Imagine que tanto os machos como as fêmeas apresentem uma época de cio em junho. Nesse mês, portanto, todos
os indivíduos da população estão aptos à reprodução. Tanto machos como fêmeas apresentam, em seu material genético,
o tipo “período fértil em junho”. Vamos imaginar machos e fêmeas, acasalando em junho, dando origem a filhotinhos e
filhotinhas que receberiam dos gametas dos seus pais material genético do mesmo tipo “período fértil em junho”.
Em determinado momento da história dessa espécie, um pequeno tremor de terra mudou o curso de um rio.
O rio agora atravessou a área onde a espécie habitava e dividiu a população em duas partes: uma na margem direita
do rio e outra na margem esquerda. Como os indivíduos não conseguem atravessar o rio, o novo curso do rio isola
Em um dos lados do rio, durante as duplicações do material genético de um dos indivíduos, a molécula dupli-
cadora, cometeu um erro. Uma mutação ocorreu. A mutação não teria maiores consequências caso tivesse sido em
qualquer outra célula, mas o erro foi em uma das células que deu origem a um gameta, que seria fecundado.
O erro foi justamente no período de fertilidade, pois o mutante teria “período fértil em outubro”, diferente de seus pais.
Esse material genético mutante está condenado a morrer junto com o organismo mutante, pois este morrerá
sem se reproduzir. Enquanto todos os indivíduos de sua população estão acasalando, ele não poderá fazê-lo. Em ou-
tubro, quando ele estiver pronto para reproduzir-se, ninguém mais estará e ele ficará sem parceira para a reprodução.
Eventualmente, uma nova mutação ligada ao período fértil ocorreu na população da margem esquerda do
rio. Desta vez, a mutação era “período fértil em início de junho”. Essa mutação permite que o indivíduo mutante
reproduza-se com os organismos com “período fértil em junho”. Assim, a mutação “período fértil em início de junho”
O processo de homogeneização fez com que, em um determinado momento, todos os indivíduos da margem
esquerda apresentassem material genético “período fértil em início de junho”. Nesse momento, os indivíduos das
duas margens exibem diferença no que se refere ao momento do cio. Por outro lado, mesmo se o rio secar, indivíduos
das duas populações poderão se cruzar, pois “período fértil em junho” é compatível reprodutivamente com “período
Mas e se, na margem direita, a molécula errasse na duplicação novamente, em um outro indivíduo, em uma
outra geração? Com o erro, um mutante “período fértil no final de junho” surgiu.
E se essa mutação acabasse se espalhando para todos os membros da margem direita em algumas dezenas de
Se isso acontecesse, teríamos duas populações isoladas geograficamente e, mais importante, elas estariam
isoladas reprodutivamente!
A população da margem esquerda seria do padrão “período fértil no início de junho” e não poderia cruzar com
a população da margem direita que teria “período fértil no final de junho”. O isolamento reprodutivo será o responsá-
vel pela ruptura no processo de mistura, típico das espécies biológicas, mesmo caso elas voltem a se encontrar. Assim,
as populações de ambas as margens vão começar a se diferenciar em todas as outras características: cor, cheiro, ve-
Com o passar do tempo, acumularão cada vez mais diferenças até que um taxonomista repare em uma certa
mancha amarela nas costas da população da margem direita e decida que essa é uma nova espécie de roedor.
52
A partir de então, apenas os mecanismos de isolamento e diferenciação estão operando entre as duas popu-
lações que, agora, podemos chamar espécies diferentes. As mutações vão continuar acontecendo em ambas, mas,
como estão isoladas reprodutivamente, mesmo que o rio não mais exista, a homogeneização não irá mais acontecer.
Repare que, mesmo recebendo nomes diferentes, as espécies serão ainda semelhantes e naturalmente estarão aloca-
das no mesmo gênero, mas nunca mais irão trocar material genético.
Dessa forma, uma outra propriedade importante sobre as espécies é que elas delimitam as fronteiras para onde as
Figura 14: Especiação biológica. O que representava uma única unidade reprodutiva (em A), com o passar dos
anos e com o isolamento geográfico (em B), tornaram-se duas unidades reprodutivas. Ou seja, duas espécies
descenderam (em C e D) de uma espécie ancestral em comum. Repare que a coloração dos indivíduos varia com
o tempo. A especiação está completa apenas em D.
Você vai precisar de 20 grãos de feijão preto. 20 grãos de feijão branco. 20 grãos de
milho e um dado de seis lados. Os três tipos de grãos ilustram indivíduos de uma mesma
espécie que são diferentes em uma característica. Essa atividade está formalmente descri-
nessa atividade, por 10 grãos. Como na atividade da Unidade 1, cada um desses indivíduos
O ambiente no qual sua população de grãos vive só tem comida para alimentar 10
Em cada lado, nascem 10 indivíduos em uma geração. Como cada lado do rio pode
Comece na margem direita com nove grãos de feijão preto e um grão de milho e
na margem esquerda todos são de feijão preto, ou seja, inicie a sua atividade na geração
idênticos a eles. Agora, na competição, existem 18 feijões pretos e dois milhos (mar-
gem direita) e 18 feijões pretos e dois feijões brancos (margem esquerda). Quais irão
sobreviver? Use o dado para descobrir, como aponta a figura (ilustrando a competi-
54
Você só deve rolar o dado caso a competição seja entre indivíduos diferentes, ou
seja, entre feijão preto e milho ou entre feijão preto e feijão branco. Assim, nessa primeira
geração, você rolará o dado duas vezes para saber quais sobreviveram para formar a pró-
xima geração.
Considere sempre que a competição irá ocorrer entre grãos diferentes, preferencialmen-
te. Se o resultado for 1, 2 ou 3, o feijão preto sobrevive. Se for 4, 5 ou 6, o milho (margem direita)
re que as proporções de sobrevivência são iguais para os dois variantes; portanto, qualquer
A cada geração, conte o número de sobreviventes de cada tipo. Anote seus resulta-
dos em uma tabela como a que apresentamos a seguir e compare as proporções de feijões
A primeira geração já está especificada: são nove feijões e um milho que irão produ-
Primeira 9 1 Primeira 10 0
Segunda Segunda 9 1
Terceira Terceira
Quarta Quarta
Quinta Quinta
Sexta Sexta
Sétima Sétima
Oitava Oitava
Nona Nona
Décima Décima
(50%). Agora pense se uma característica desse uma vantagem ao indivíduo que a carregasse.
Resumo
Taxonomia é a ciência de dar nomes às espécies e aos grupamentos nos quais as espécies são incluídas.
O nome científico de uma espécie é binomial, sendo o primeiro nome, o gênero (sempre iniciado em mai-
úscula) ao qual a espécie está associada e o segundo nome é o específico (sempre iniciado em minúscula).
O nome científico deve sempre vir destacado do texto, em itálico geralmente, e obedece às regras do Latim.
O processo de descrever uma espécie acontece quando o taxonomista encontra um grupo de organismos
com uma característica diagnóstica exclusiva. Ao descrever uma nova espécie, o taxonomista irá associar
um nome novo e único à nova espécie, descrever de forma completa e detalhada dos indivíduos dessa
nova espécie e designar um espécimen (tipo), que será depositado em um museu e ficará disponível para
56
Ao descrever uma nova espécie, o taxonomista irá incluí-la em grupos maiores com outras espécies.
Os grupamentos obedecem a um sistema hierárquico de nomenclatura no qual, muitas espécies estão in-
cluídas em um gênero, muitos gêneros em uma família, muitas famílias em uma ordem, muitas ordens em
O maior dos grupamentos é o domínio. Existem apenas três domínios nos quais toda a diversidade biológi-
Os domínios Bacteria e Archeae são compostos apenas por organismos unicelulares, isto é, por micro-
O domínio Eukarya é composto por organismos uni e multicelulares. Dentre os eucariontes, estão as plan-
Especiação é o processo que gera duas espécies descendentes a partir de uma única espécie ancestral.
O tipo mais comum de especiação envolve o isolamento geográfico, no qual existe uma barreira geográfica
(um rio, uma montanha, um vale). A barreira impede a passagem de indivíduos de um lado para outro e, por-
tanto, o cruzamento entre duas populações. A impossibilidade de cruzamento irá diferenciar as populações
gradualmente até que mutações ligadas ao isolamento reprodutivo culminem na especiação biológica.
A especiação é o único processo capaz de promover a diferenciação real entre as linhagens, como a que
Veja ainda
Lineu fez muito pelas ciências biológicas ao criar o sistema binário de nomenclatura. Ele organizou tal sis-
tema, facilitando o estudo dos seres vivos. Quer saber mais sobre isso? Então leia:
http://www.revistapesquisa.fapesp.br/?art=4583&bd=2&pg=1&lg
Muitas espécies ainda não foram descritas pelos taxonomistas, pois não foram sequer descobertas na Natu-
Para saber um pouco mais sobre a diversidade dos besouros, visite: http://www-man.blogspot.com.
br/2011/06/besouro-caracteristicas-dos-besouros.html
Quer saber mais sobre o processo de especiação? Olhe essa reportagem: http://www.clickciencia.ufscar.br/
portal/edicao15/materia6_detalhe.php
cas, úmidas, aquáticas, terrestres. As diferentes características das espécies possibilitam que todas as regi-
ões sejam, de alguma forma e em algum nível, ocupadas. Veja o vídeo e saiba mais sobre isso: http://www.
youtube.com/watch?v=wsYD7wXJH7s
Bibliografia consultada
Ridley, Mark . Evolução. Editora Blackwell 3a edição. Editado no Brasil por Artmed, 2003
Imagens
• André Guimarães
• http://en.wikipedia.org/wiki/File:Elephant_breastfeading.jpg • rkimpeljr.
• http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Apodemus_sylvaticus_bosmuis.jpg • Rasbak.
• http://www.flickr.com/photos/threefishsleeping/3338491579/ • threefishsleeping
• Wikimedia Creative Commons. • Olegivvit; Domínio público. • Hollingsworth, John and Karen
• http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Lion_waiting_in_Namibia.jpg;http://pt.wikipedia.org/wiki/
Ficheiro:AfricanWildCat.jpg; http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Ocelot.jpg -Tom Smylie
58
• Wikimedia Commons. • Howcheng; http://en.wikipedia.org/wiki/File:Cat_claw_closeup.jpg • Amos T Fair-
child http://en.wikipedia.org/wiki/File:Paw_and_pads.jpg
Atividade 1
Atividade 2
V – membros de uma mesma ordem estão mais relacionados entre si do que com
petição a cada geração. Mais uma vez, a tabela a seguir não representa o gabarito, pois
você irá rolar o dado e terá seus resultados que seguramente serão diferentes.
Na margem direita, vamos supor que, da primeira para a segunda geração, os dois fi-
lhotes de milho sobreviveram à competição com filhotes de feijão preto. Por isso, a proporção
exatamente a mesma (50% milho sobrevive, 50% o feijão preto sobrevive). Em alguns
quando ele ainda estiver em frequência baixa. Compare seus resultados com os de seus
60
O que perguntam por aí?
Os Bichinhos e O Homem
Arca de Noé
(Toquinho & Vinicius de Moraes)
MORAES, V. A arca de Noé: poemas infantis. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 1991.
O poema acima sugere a existência de relações de afinidade entre os animais citados e nós, seres humanos. Respei-
a. o filo.
b. o reino.
c. a classe.
d. a família.
e. a espécie.
Gabarito: Letra B.
Comentário: A letra da música fala sobre a afinidade entre humanos e os insetos. Em termos de grupos taxo-
nômicos, compartilhamos apenas o reino animal com os insetos, descritos na letra da música. Nós pertencemos ao
filo Chordata, que inclui os vertebrados, à Classe Mammalia com todos os mamíferos, à Família Hominidae e à espécie
Homo sapiens. Nenhum desses grupamentos taxonômicos é compartilhado com insetos, exceto o Reino Animalia.
Foi proposto um novo modelo de evolução dos primatas elaborado por matemáticos e biólogos. Nesse mo-
delo, o grupo de primatas pode ter tido origem quando os dinossauros ainda habitavam a Terra, e não há 65 milhões
62
Examinando esta árvore evolutiva, podemos dizer que a divergência entre os macacos do Velho Mundo e o
a. 10 milhões de anos.
b. 40 milhões de anos.
c. 55 milhões de anos.
d. 65 milhões de anos.
e. 85 milhões de anos.
Gabarito: Letra B.
Comentário: A figura é uma representação gráfica dos processos de especiação que ocorreram na linhagem
dos primatas. Cada ponto de interseção de linhas (onde duas delas se encontram) é um evento de especiação.
Os humanos e os macacos do Velho Mundo (macacos africanos, como os babuínos) divergiram há 40 mi-
lhões de anos , segundo a figura. Repare ainda que todos os primatas apresentam um ancestral comum que viveu
há 85 milhões de anos .
sobre o campo da Biologia, sobre como essa grande área do saber estruturou ex-
que você viu e continuará vendo aqui foram construídas por estudos de uma área
relativamente novo e tem crescido de maneira notável nas últimas décadas, es-
pecialmente a partir da segunda metade do século XX. Por meio dela, temos com-
outros seres vivos (e isso se refere às mais diversas características, aquelas que
dos sobre a hereditariedade. Em outras palavras, sobre como e por que as caracte-
rísticas de seres vivos, em geral, são transmitidas dos pais para seus filhos através
mentos entre indivíduos à sua disposição para conseguir novas linhagens. Estas deveriam exibir determinadas carac-
terísticas que lhes fossem úteis (por exemplo, vacas que dessem mais leite ou galinhas que colocassem mais ovos e
que fossem maiores). No entanto, eles não sabiam muito (ou mesmo nada) sobre mecanismos e processos genéticos.
Por volta da metade do século XIX, um monge austríaco chamado Gregor Mendel planejou cuidadosamente
experiências para estudar como se dava a transmissão de características de uma geração para outra. Ele estava inte-
ressado em pesquisar as características e a reprodução de certos grupos de plantas. Embora tenha trabalhado com
diferentes grupos de plantas ao longo de sua vida, os estudos mais importantes de Mendel foram feitos com ervilhas,
desenvolvidos entre os anos de 1856 e 1863, nos jardins do mosteiro onde vivia.
Figura 1: Mendel (1822–1884) era um monge que dedicou grande parte de sua vida ao estudo da transmissão de características de
uma geração para outra. Assim, chegou a importantes achados, sendo, por isso, considerado o “pai da genética”. Em seus estudos,
ele usou sementes de ervilha, de cor verde; elas ficam no interior de uma vagem, como você vê à direita.
Objetivos de Aprendizagem
construir um heredograma.
66
Seção 1
Gregor Mendel e suas ervilhas...
Embora tenha trabalhado com diferentes grupos de plantas ao longo de sua vida, os estudos mais importantes
de Mendel foram feitos com ervilhas, desenvolvidos entre os anos de 1856 e 1863, nos jardins do mosteiro onde vivia.
Mendel percebeu que, para o sucesso de suas experiências, algumas características da planta que seria
estudada eram importantes – e que as ervilhas apresentavam essas características.
Primeiramente, as ervilhas eram relativamente fáceis de cultivar e produziam muitas sementes. Assim,
ele teria sempre muitos descendentes a cada geração, o que garantia um número sempre grande e
confiável de observações.
Além disso, as principais características que variavam entre os indivíduos eram simples de serem nota-
das e registradas. Por exemplo:
Durante os anos de trabalho com as ervilhas, Mendel cultivou e estudou detalhadamente cerca de
30.000 plantas.
biam apenas sementes amarelas com outras de sementes apenas verdes. Esse grupo inicial de plantas, constituído
por linhagens “puras” (isto é, cada tipo jamais havia sido cruzado com outro de cor diferente de semente), foi o ponto
Depois de cruzar as plantas dos dois tipos entre si, ele observou, então, que todas (sim, todas!) as plantas nas-
cidas desse primeiro cruzamento tinham apenas sementes de cor amarela. Em outras palavras, as sementes amarelas
haviam “dominado” a nova geração de plantas, que, por ser a primeira, foi chamada de F1.
Por que isso tinha acontecido? Ora, se metade das plantas da geração parental tinha sementes verdes, para
onde teria ido a característica “cor verde” das sementes? Será que não havia mais possibilidades de surgirem novas
Determinado a buscar respostas para essas perguntas, Mendel começou, então, uma nova etapa de trabalho.
Ele cruzou as plantas filhas entre elas (lembre-se de que todas possuíam sementes amarelas) e o resultado foi ainda
mais interessante!
A maioria das novas plantas nascidas nessa “segunda geração”, como esperado, tinha apenas sementes amare-
las (3 em cada 4 plantas, ou 75% do total). Mas surgiu uma novidade: uma parte menor das novas plantas (1 em cada
A “cor verde” das sementes, então, não havia desaparecido completamente das plantas! Era como se ela es-
tivesse “escondida”, ou tivesse sido “desativada”, em plantas da primeira geração. Ela foi completamente “dominada”
pela cor amarela, mas reapareceu (porém em menor proporção) ou foi novamente “ativada”, na segunda geração
(chamada de F2).
Figura 2: Esquema mostrando a característica “cor da semente” nas diferentes gerações de ervilhas trabalhadas por Mendel, e os
resultados gerais obtidos após os cruzamentos. Observe que, em F1, não houve aparição da característica “semente verde”. Esta só
surgiu novamente na F2, em menor proporção (1 semente verde para cada 4 sementes).
68
Intrigado com o resultado, Mendel, repetiu esse experimento usando outras características das ervilhas (por
exemplo, a textura das sementes e a cor das flores) e obteve sempre resultados que confirmaram aqueles primeiros.
Seção 2
A “Primeira Lei de Mendel”
No nosso exemplo, a coloração amarela das sementes é o fator dominante (que será representado mais adian-
te por letras maiúsculas). Por outro lado, aquela característica que foi completamente dominada na primeira geração,
mas que reapareceu em número reduzido na segunda geração (a cor verde das sementes), representa o “fator reces-
sivo” (que será representado por letras minúsculas). A coloração verde das sementes, dessa forma, é o fator recessivo.
Vale a pena assistir a uma animação sobre os experimentos de Mendel. Indicamos a que está disponível
em: http://goo.gl/NFLwY.
Tal observação nos leva a uma conclusão muito importante: aparentemente, cada planta guarda sempre um
par de fatores responsáveis pelo desenvolvimento de uma determinada característica. Um deles é herdado do pai, e o
outro, da mãe.
No entanto, esses fatores, embora estejam juntos nas células de cada indivíduo, jamais se misturam, mas, sim, se
os dois fatores herdados pela planta de seus pais são dominantes, ela obviamente desenvolverá a característi-
um fator herdado de um dos pais é dominante, e o outro é recessivo, a planta também exibirá a característica
dominante (novamente, nesse caso, a semente será amarela). Isso significa que o fator recessivo permanece
“escondido”;
os dois fatores herdados forem recessivos, a característica recessiva irá, finalmente, se desenvolver e será exi-
Analisando uma característica, como a cor das sementes, por exemplo, podemos dizer que:
(homo = igual).
Essa denominação serve para qualquer característica de qualquer ser vivo. Muita atenção a esses ter-
mos, pois eles serão usados não só aqui nas aulas, mas também são muito mencionados em provas de
vestibular.
Através de um estudo detalhado das quantidades de plantas com sementes amarelas ou verdes obtidas em
cada uma das gerações que cultivou, Mendel compreendeu definitivamente essa explicação. Observe, a seguir, um
esquema de como se deram os cruzamentos e como os resultados deles foram interpretados por Mendel.
70
Geração parental:
Plantas amarelas puras – fator dominante: representaremos por VV (costumamos falar “vezão-vezão”);
Plantas verdes puras – fator recessivo: representaremos por vv (costumamos falar “vezinho-vezinho”).
Cruzamento entre elas: VV x vv (representaremos separadamente e numerados cada um dos fatores para facilitar a visu-
alização do cruzamento).
Verdes
v(3) v(4)
V(1)
Vv Vv
Amarelas
V(2)
Vv Vv
(resultado de 2-3) (resultado de 2-4)
Resultado: a geração filha, F1, é toda composta por plantas Vv, que apresentam coloração amarela.
Cruzamento: Vv x Vv
Amarelas
V(3) v(4)
V(1)
VV Vv
Amarelas
v(2)
Vv VV
(resultado de 2-3) (resultado de 2-4)
Resultado: Três plantas apresentam cor amarela (VV, Vv e Vv), e uma apresenta cor verde (vv). Ou seja, a chance de se ter
uma ervilha com semente verde, nesse caso, é 1 em cada 4 cruzamentos.
Como você viu na Unidade 1, cada célula reprodutora, ou gameta (masculino ou feminino), contém apenas
metade do material genético existente em uma célula original. Assim, durante o processo de formação dos gametas
(chamado de gametogênese), a partir de células originais, aquele par de fatores presente nas células dos indivíduos
adultos (como vimos, ambos dominantes ou recessivos, ou um de cada) precisa ser separado entre si. O resultado é
que cada gameta terá sempre apenas um único fator (dominante ou recessivo) para cada respectiva característica.
Com relação aos experimentos de Mendel, no caso específico da cor das sementes, cada gameta formado
pode conter apenas o fator dominante (“amarelo”), ou o fator recessivo (“verde”). A partir da união de um gameta
masculino com um feminino, na fecundação, fica determinada a combinação entre fatores dominantes e recessivos
(que, como vimos, podem variar) e que irá caracterizar aquele novo indivíduo que será formado.
Por sua importância, essa última conclusão ficou conhecida como a “Primeira Lei de Mendel”, ou “Lei da Segre-
A reprodução entre indivíduos é algo que possibilita que a combinação gênica aconteça de tal forma
que a diversidade seja favorecida. A pureza dos gametas, identificada por Mendel, é um mecanismo ge-
nético que permite, por exemplo, que de duas sementes de ervilha amarelas lisas se tenha uma semente
verde rugosa.
Outra conclusão importantíssima pode ser feita a partir das observações de Mendel. Voltemos ao exemplo das
Na geração parental, onde as plantas eram “puras”, os fatores hereditários herdados dos pais são iguais. Assim,
nas plantas “puras” com sementes amarelas temos dois fatores “amarelos” (dominantes), enquanto nas plantas “puras”
Mas e quanto às plantas da primeira e segunda gerações, resultantes de cruzamentos entre tipos diferentes,
72
Nesses casos, vimos que quando temos plantas com fatores diferentes a característica que irá aparecer será
aquela representada pelo fator dominante (isto é, uma planta com um fator “amarelo” e um “verde” terá sempre se-
mentes amarelas). Note bem: as plantas “puras” da geração parental e que têm sementes amarelas, embora similares
na aparência àquelas “cruzadas” das gerações seguintes, são diferentes na sua composição genética. As plantas “pu-
ras” têm os dois fatores dominantes, enquanto as “cruzadas” têm um fator dominante e um recessivo. Ou seja, embora
Pés de ervilhas com sementes amarelas (um único fenótipo), como vimos, podem ter genótipos diferentes. Por
outro lado, um mesmo indivíduo pode exibir fenótipos diferentes ao longo de sua vida, embora seu genótipo não seja
alterado. Para ilustrar isso, imagine uma lagarta que, em um dado momento da sua vida, transforma-se em borboleta;
Figura 3: Esquema exibindo, de maneira resumida, o ciclo de vida de uma borboleta e indicando as transformações dramáticas na
aparência do indivíduo (isto é, seu fenótipo) ao longo do tempo. Da lagarta para a borboleta, quantas diferenças! Mas, acredite, o
seu genótipo é sempre o mesmo.
esperando o nascimento da prole para observá-la seria possível saber quais características
a geração F1 teria. Atualmente, um ramo da genética (a Genética Molecular) é capaz de, por
Há empresas que fornecem consultoria genética para pais que gostariam de saber a
por “aa”.
Imagine um casal que decide procurar uma consultoria desse tipo para saber qual a
Em testes genéticos, foi verificado que os dois membros do casal apresentam ge-
nótipo Aa.
74
b. Realize o cruzamento entre os fatores desse casal. Use a tabela a seguir para
orientar-se:
Pai
Mãe
Seção 3
A “Segunda Lei de Mendel”
Mas Mendel não parou por aí e, em outro experimento famoso, resolveu complicar um pouco as coisas. Em
vez de continuar estudando suas ervilhas examinando, por exemplo, apenas a coloração das sementes ou das flores
separadamente, desta vez ele selecionou plantas para poder pesquisar mais de uma característica de uma vez só.
Assim, ele cruzou plantas com sementes amarelas e lisas (“cor amarela” e “textura lisa” são fatores dominantes)
com outras que exibiam sementes verdes e rugosas (“cor verde” e “textura rugosa” são fatores recessivos; lembrando
mais uma vez que as plantas da geração parental são sempre “puras”). O resultado?
significa que os fatores dominantes e recessivos foram misturados entre si e as características desenvolvidas referem-
Geração Parental:
vr(3) vr(4)
Amarelas lisas (VVRR)
Resultado do cruzamento: todas as plantas têm sementes amarelas e lisas (todas apresentam fator dominante V e R).
Como feito anteriormente, Mendel cruzou entre si as plantas da primeira geração e obteve, mais uma vez,
A maioria das plantas da segunda geração (mais precisamente, 9 em cada dezesseis, ou cerca de 56%) tinha
três em cada dezesseis (ou pouco mais de 18%) exibiam sementes amarelas e rugosas;
uma quantidade igual (pouco mais de 18%) tinha sementes verdes e lisas;
somente pouco mais de 6% (ou seja, uma em cada dezesseis) tinham sementes verdes e rugosas.
76
Observe:
Amarelas lisas
VR Vr vR vr
Resultados obtidos:
Como previsto, tais resultados confirmaram várias observações e conclusões do experimento anterior de
Mendel sobre a coloração das sementes das ervilhas. Também reafirmou a “Lei da Pureza dos Gametas”, como apre-
sentada anteriormente.
Mais importante, porém, foi a constatação de que aquelas características das ervilhas, escolhidas por Mendel e
que estavam juntas nas plantas originais (semente amarela + textura lisa; ou semente verde + textura rugosa), foram
separadas entre si quando da realização dos cruzamentos, ou seja, não permaneciam juntas nas gerações seguintes.
Mais uma vez, o processo de formação dos gametas parecia separar os fatores hereditários entre eles, nesse
caso independentemente. Essa nova conclusão, também fundamental no início do estabelecimento dos estudos so-
bre Genética, ficou conhecida como a “Segunda Lei de Mendel”, ou “Lei da Segregação Independente”.
Muito provavelmente, você já ouviu alguém falando que tem sangue A+ (A positi-
vo) ou O- (O negativo), ou qualquer outro tipo. Os tipos sanguíneos são determinados por
fatores genéticos, assim como a coloração e a textura das sementes das ervilhas, e como
A+ A– B+ B– AB+ AB– O+ O–
são compostos por fatores dominantes (I) e os indivíduos com sangue tipo O são compos-
Assim:
Se ainda estiver com dúvidas até esse ponto da atividade, vale a pena você dar uma
http://goo.gl/WIoVK
78
Agora, continuando... Considere um casal. O pai tem sangue A+, e a mãe, B+. Faça o
que se pede:
Mãe (A+):
( ) IA IArr ( ) IA IA RR ( ) IA IARr ( ) IA i RR ( ) IA i Rr ( ) IA i rr
( ) iiRR ( ) iirr
Pai (B+):
( ) IB IBrr ( ) IB IB RR ( ) IB IBRr ( ) IB i RR ( ) IB i Rr ( ) IB i rr
( ) iiRR ( ) iirr
b. Imagine que a mãe tenha genótipo IA i Rr, e o pai tenha genótipo IB i Rr. Realizan-
do o cruzamento entre esses fatores, quais possíveis tipos sanguíneos os filhos
Pai
IR
B
Ir
B
iR ir
IA R
IA r
Mãe
iR
ir
Resultados:
Nem sempre temos à disposição material vivo ou em condições adequadas para tentar pesquisar diretamente
a história dos cruzamentos entre indivíduos. Tal procedimento permitia-nos buscar compreender que caminhos se-
guiram os vários “fatores hereditários” desde gerações mais antigas até as atuais.
No entanto, podemos realizar esse levantamento de maneira mais simples: por meio de um esquema que nos
ajude a mostrar como determinada característica foi sendo passada entre gerações, por exemplo, desde os bisavós
até os bisnetos, em uma dada família. Podemos organizar essas informações em uma folha de papel. Como?
Figura 4: Estudando as características dos indivíduos e suas relações de parentesco, podemos aprender muito sobre como elas
são passadas entre gerações.
Bem, sabendo quem formou par com quem (ou seja, quais foram os cruzamentos) em uma determinada
família, podemos indicar, nesse esquema, por exemplo, a cor dos olhos exibida por cada um dos filhos de um casal.
Depois, indicamos a cor dos olhos de cada um de seus pais; a seguir, dos avós paternos e maternos, dos bisavós, e
assim por diante. É claro que só podemos seguir adiante na medida em que temos certeza da maioria das informa-
ções disponíveis.
80
Uma vez que tal esquema esteja completo, ou pelo menos o mais completo possível, tentaremos compreender
como tal característica foi sendo transmitida entre as gerações. Dessa forma, podemos saber se ela é de fato hereditá-
Pesquisadores da área da Genética referem-se a esses esquemas como “heredogramas”, que nada mais são do
Figura 5: Exemplo de heredograma (os números romanos, à esquerda, referem-se a cada uma das gerações estudadas). A primeira
geração é composta por um casal (geração I); nesta, o pai (quadrado escuro) exibe uma característica que está sendo estudada e,
por isso, é representado em preto. Note que a mesma foi transmitida a dois de seus filhos (um homem e uma mulher na geração
II) e a uma neta (geração III).
Observe, na Figura 5, que há algumas regras para a construção de heredogramas em trabalhos mais formais
de Genética. Homens são representados por quadrados, enquanto mulheres aparecem como círculos. As linhas hori-
zontais indicam casamentos (ou “cruzamentos”), enquanto as verticais indicam a descendência. Quando há mais de
um filho em um casamento, estes são organizados em uma sequência da esquerda para a direita, por ordem de idade.
Quando aquela característica que queremos estudar aparece em um indivíduo, seu símbolo respectivo é pintado de
Você mesmo pode tentar montar um heredograma simples para estudar algumas
a geração de seus avós até a sua. Vamos tomar o exemplo da característica “formato do
lóbulo (ou lobo) da orelha”: você já notou que, entre as pessoas, ele pode ser “solto” (isto é,
Agora tente entender como essa característica se distribui na sua família e como
deve ter sido passada entre as gerações. Pergunte a seus parentes sobre essa característica
em cada um deles. Lembre-se de que no seu heredograma as pessoas com lóbulo da orelha
O que você percebeu? Com base nos resultados, você acha que “lóbulo da orelha
Assim como no exemplo da orelha, outras coisas do nosso dia a dia podem ser explicadas por meio da heredita-
riedade. De um lado, mais simples, é o caso da “canoinha” (uma dobra) com a língua que algumas pessoas conseguem
fazer e outras não. De outro, mais complexo e relevante, é o caso de propensão a doenças cardíacas, diabetes e cânceres.
Como você deve perceber, a genética tem muito mais relação com nossas vidas do que você poderia imaginar
82
Resumo
A Genética nasceu e cresceu a partir de estudos cada vez mais aprofundados sobre a hereditariedade.
Um monge austríaco chamado Gregor Mendel planejou cuidadosamente experiências para estudar como
Em um de seus experimentos, Mendel cruzou plantas que exibiam apenas sementes amarelas com outras
de sementes apenas verdes. Ele observou que todas as plantas nascidas desse primeiro cruzamento tinham
apenas sementes de cor amarela. Depois, cruzou as plantas filhas entre si. A maioria das novas plantas
nascidas nessa “segunda geração”, como esperado, tinha apenas sementes amarelas (3 em cada 4 plantas,
ou 75% do total). Uma parte menor das novas plantas (1 em cada 4 plantas, ou 25% do total) apresentava,
A observação das diferenças de proporções da característica “cor da semente” na F2 nos leva a uma con-
clusão muito importante: aparentemente, cada planta guarda sempre um par de fatores responsáveis pelo
No entanto, esses fatores, embora estejam juntos nas células de cada indivíduo, jamais se misturam; ao
contrário, eles se somam. Isso porque, na formação dos gametas, eles se separam independentemente. Por
sua importância, essa última conclusão ficou conhecida como a “Primeira Lei de Mendel”, ou “Lei da Segre-
Mendel continuou seus estudos selecionando plantas a fim de pesquisar mais de uma característica de
uma vez só. Assim, ele cruzou plantas com sementes amarelas e lisas (fatores dominantes) com outras que
exibiam sementes verdes e rugosas (fatores recessivos). Todas as plantas da primeira geração, como espe-
Como nos primeiros experimentos, Mendel cruzou as plantas da primeira geração entre si e obteve como
resultados: 9 em cada 16 tinham sementes amarelas e lisas; 3 em cada 16, amarelas e rugosas; 3 em 16,
Mendel constatou que aquelas características das ervilhas que estavam juntas nas plantas originais não
nesse caso independentemente. Essa nova conclusão ficou conhecida como a “Segunda Lei de Mendel”, ou
Heredogramas são representações básicas de genealogias ou, em outras palavras, árvores genealógicas.
Veja ainda
A National Geographic fez um programa sobre o Mendel, chamado Mendel e a ervilha, contando um pouco
de sua vida e das experiências que ele realizou. Esse documentário está disponível no youtube, dublado,
em 3 partes:
http://goo.gl/RQ7N8
http://goo.gl/m2bd8
http://goo.gl/jzekR
Imagens
• André Guimarães
• http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Gregor_Mendel.png;
• http://www.sxc.hu/photo/568041
• http://caterpillars.unr.edu/outreach/Metamorphosis%20of%20monarch%20butterfly.jpg.
• http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Albinisitic_man_portrait.jpg
• http://en.wikipedia.org/wiki/File:Earlobefreephoto.jpg; http://en.wikipedia.org/wiki/
File:TattooedAttachedEarlobe.png
84
Atividade 1
a. Sim, pois ambos possuem um alelo recessivo "a" e podem gerar um gameta re-
Pai
A a
A AA Aa
Mãe
a Aa aa
c. As chances de eles terem um filho albino são expressas pelas chances de eles
a.
Mãe (A+):
Se a mãe tem sangue A+, ela tem pelo menos um fator dominante I: IAIA ou IA i.
Pai (B+):
Se o pai tem sangue B+, ele tem pelo menos um fator dominante I: IBIBouIB i.
Mãe: IA R, IA r, i R e ir.
Pai: IB R, IB R, iR e ir.
86
Assim, o cruzamento fica:
Pai
IB R IB r iR ir
IA R IA IB RR IA IBRr IA i RR IA i Rr
IA r IA IBRr IA IBrr IA i Rr IA i rr
Mãe
iR IB i RR IB i Rr ii RR iiRr
ir IB i Rr IB i rr iiRr iirr
Resultados:
Pai
IB R IB r iR ir
IA R AB+ AB+ A+ A+
IA r AB+ AB- A+ A-
Mãe
iR B+ B+ O+ O+
ir B+ B- O+ O-
Em chances, temos:
1 em 16 de ser A-;
1 em 16 de ser AB-;
3 em 16 de ser O+;
1 em 16 de ser O-.
É impossível que eu consiga dar uma resposta a essa atividade, considerando que o
enunciado pedia para que você avaliasse os lóbulos das orelhas da sua família. O que posso
fazer é lhe mostrar como é na minha, para que você tenha um exemplo.
Eu tenho lóbulo preso. Minha esposa também. Temos dois filhos: um tem lóbulo
solto; e a outra tem lóbulo preso. No heredograma, representamos o lóbulo preso pelas
figuras pretas:
Repare que, apesar de eu e minha esposa termos o lóbulo preso, nossa filha tem ló-
bulo solto. Isso significa que a característica lóbulo solto estava “escondida” em nós (minha
Podemos concluir que essa característica que ficou escondida (lóbulo solto) é reces-
Outra conclusão é que, se nossa filha tem lóbulo solto (ou seja, aa), minha esposa e
eu temos que ter passado para ela um alelo recessivo (um a do pai e um a da mãe). Assim,
88
O que perguntam por aí?
Questão 1 (ENEM 2009)
Em um experimento, preparou-se um conjunto de plantas por técnica de clonagem a partir de uma planta
original que apresentava folhas verdes. Esse conjunto foi dividido em dois grupos, que foram tratados de maneira
idêntica, com exceção das condições de iluminação, sendo um grupo exposto a ciclos de iluminação solar natural e
outro mantido no escuro. Após alguns dias, observou-se que o grupo exposto à luz apresentava folhas verdes como
Gabarito: Letra B.
Na primeira, vamos analisar o início do enunciado. As plantas foram preparadas por clonagem. Embora não
esteja aqui na nossa aula, você já deve ter ouvido falar muitas vezes na mídia sobre clonagem. Houve até uma novela
sobre isso (O Clone, Rede Globo, 2001). Um clone é um indivíduo que apresenta genótipo exatamente igual a outro.
Para se fazer um clone, os cientistas pegam uma célula de um indivíduo e provocam a multiplicação dessa célula mui-
tas e muitas vezes, em condições especiais e controladas. Assim, o indivíduo novo é igual ao doador da célula que foi
clonada. Na natureza, isso acontece naturalmente com os gêmeos idênticos. Eles têm genótipos iguais.
cabeça, seus filhos não nascerão carecas por causa disso! Em outras palavras, ele mudou seu fenótipo, mas não alterou
seu genótipo.
Assim, privar algumas plantas de luz fazendo com que umas fiquem com folhas amarelas e outras com folhas
verdes é análogo à mulher que pintou o cabelo: tem alteração no fenótipo, mas não no genótipo.
Bom, então vamos à resposta: clones têm genótipos iguais. Plantas com folhas de cor diferentes têm genótipos
90
As moléculas
da vida
Para início de conversa
ções, material genético... essas foram algumas das expressões que você mais “ou-
Está bem claro que é por meio desse material genético, que vai dos pais
para os filhos pelos gametas, que as características vão passando entre os indiví-
duos, geração após geração. Este material genético duplica-se nos processos de
Mas você tem ideia real de como isso acontece dentro de uma célula? Você
programas de TV, até mesmo novelas. Deve ter ouvido também os termos ge-
nes, proteínas... Mas você sabe, de fato, o que esses nomes significam? Con-
Seção 1
DNA: a molécula da vida
DNA é a sigla (em Inglês) para o nome Ácido desoxirribonucléico. A primeira coisa que você precisa saber so-
bre o DNA é que ele é uma molécula (ou seja, um conjunto de átomos). Esta molécula, assim como todas as outras,
segue as leis da Química – e é importante dizer isso, inclusive, para você entender o porquê de estar estudando certos
conteúdos em Química.
O DNA é um polímero. Isso significa que a sua totalidade é formada por várias unidades. Estas unidades são
formadas de moléculas menores, que se associam de acordo com suas características químicas (como você verá no
As unidades que se associam para formar uma cadeia de DNA são chamadas nucleotídeos.
Figura 1: Um nucleotídeo é a unidade mínima da molécula de DNA. Um nucleotídeo é formado por um açúcar
(chamado desoxirribose), uma das quatro bases nitrogenadas (A, T, C ou G) e por grupamentos fosfato (átomo de
fósforo associado a três de oxigênio).
Verbete
A T C G: Estas letras são abreviações dos nomes das quatro bases nitrogenadas: Adenina, Timina, Citosina e Guanina.
92
Quando esses nucleotídeos associam-se, eles formam uma cadeia de DNA, também chamada fita de DNA, que
tem o aspecto de uma hélice. Só que, para ser mesmo uma molécula de DNA, é necessário que duas fitas de nucleo-
Figura 2: A molécula de DNA é formada por duas fitas (cadeias) de nucleotídeos, que se associam, formando a
dupla hélice que você vê na figura. Esta é a molécula responsável pela manutenção e passagem de características
entre ancestrais e seus descendentes.
A associação de uma fita com a outra, para formar a molécula do DNA, acontece por meio de ligações quími-
cas entre as bases nitrogenadas (A, T, C e G) que compõem cada nucleotídeo da fita. As bases são complementares,
Figura 3: As bases nitrogenadas de uma fita de DNA podem se ligar, de forma complementar, às bases nitrogena-
das de outra fita, e é assim que se forma a dupla-fita, ou dupla hélice de DNA.
Agora que você já sabe como é a estrutura da molécula de DNA, podemos discutir um pouco sobre o porquê
de esta molécula ser capaz de conservar as características dos indivíduos e transmiti-las às gerações seguintes.
Em termos químicos, a molécula de DNA é muito estável, o que significa que ela não se degrada facilmente,
perdendo a informação que carrega. Por isso, ela funciona muito bem no processo de manutenção das características
de um indivíduo.
Outro ponto “a favor do DNA” é que esta molécula consegue ser facilmente duplicada. O fato de a estrutura
da molécula de DNA ser em dupla-fita proporciona moldes aos sistemas de duplicação (ou replicação, como é mais
Em linhas gerais, acontece assim: no processo de replicação, a dupla-hélice do DNA é aberta, e as duas fitas que
a compõem são parcialmente separadas. Estas fitas servem de molde para que as moléculas replicadoras (da qual fa-
lamos em unidades anteriores) construam novas fitas, que são complementares àquelas nas quais estão se baseando.
94
Em outras palavras, o sistema de replicação sintetiza duas moléculas de DNA a partir de uma. Isso é a duplica-
ção do material genético, que acontece dentro das células quando elas vão entrar em divisão para gerar células-filhas,
Figura 4: A replicação de uma molécula de DNA acontece, utilizando-se uma molécula já existente de molde.
Cada uma das fitas serve de molde para síntese de uma nova fita, complementar à original.
Repare na Figura 4 que as duplas-fitas novas, sintetizadas pelo sistema de replicação, conservam em si metade
da molécula de DNA original. Esse fato acontece sempre nas replicações e, por isso, o sistema é chamado semiconser-
O sistema de replicação ao qual nos referimos conta com a atividade de proteínas que são capazes
de catalisar processos biológicos e químicos, ou seja, possibilita que tais processos aconteçam no
tempo que os organismos precisam que aconteçam, dentro das condições fisiológicas do organis-
mo. Elas são chamadas enzimas e você verá mais sobre elas em outros módulos. Por ora, é impor-
tante que você saiba que elas existem e que são fundamentais para a vida.
Ora, se há conservação de fitas de uma molécula de DNA pré-existente e o sistema utiliza um molde para sínte-
se de nova molécula de DNA, como é possível que aconteçam alterações nesse DNA, como é possível que surja uma
O sistema de replicação do DNA é composto por diversas etapas. Simplificando, vamos falar brevemente
de duas:
(utilizando as bases complementares). Essa molécula que faz essa leitura e síntese da nova fita é capaz de “ler” milha-
res e milhares de bases em uma velocidade enorme. Ela comete pouquíssimos erros, mas comete (estima-se que seja
b. Como a manutenção da fidelidade da sequência de bases é importante, já que a molécula que “lê” a original
e sintetiza a nova fita é capaz de cometer erros, existe um sistema composto por outras moléculas e que corrige esses
É por causa da eficiência dessas a essas duas etapas no processo de replicação de uma molécula de DNA, que a
possibilidade de termos mutação é sempre baixíssima. Entendendo isso, podemos entender também que a biodiver-
sidade tenha levado tantos milhares de anos para se constituir da forma como a conhecemos hoje.
O DNA é uma molécula enorme, que fica situada dentro do núcleo da célula, muitas vezes condensada na
forma de cromossomos. Este nome vem da forma como esses “corpos” foram descobertos: por serem fortemente
Cromossomos, genes e nossas característicascorados com corantes, possibilitando sua visualização no interior do
núcleo da célula.:
Figura 5:Corantes ajudam a visualizar os cromossomos dentro de uma célula. Estes cromossomos da imagem são
de Drosophila (mosca), em uma fase de divisão celular.
96
Em uma única célula, os cromossomos podem ter tamanhos e formatos diferentes. Além disso, constatou-
-se, através de outras pesquisas, que cada espécie de animal ou planta tem um número preciso e característico
de cromossomos no interior de suas células. Na nossa espécie, por exemplo, há um total de 46 cromossomos, os
quais se organizam em 23 pares. Como são dois cromossomos de cada tipo (formando “duplas”), essa condição é
chamada “diplóide”.
Gametas, em geral, por outro lado, têm apenas metade do material genético de uma célula comum (para que o
do pai possa juntar com o da mãe e gerar um indivíduo com o número “normal” de cromossomos). Assim, no caso da
nossa espécie, possuem apenas 23 cromossomos, um de cada tipo. Essa condição, em que há apenas um exemplar de
cada tipo de cromossomo, é chamada “haploide”. A partir da junção de dois gametas (haploides) na fecundação (um
masculino e um feminino) é formada, então, uma nova célula com 46 cromossomos (diploide).
Figura 6:Na reprodução humana, cada um dos pais, através de seus respectivos gametas (haploides), contribui
com 23 cromossomos para a formação de um novo indivíduo. A célula resultante da fecundação e que dará ori-
gem a este terá, normalmente, 46 cromossomos (diploide).
Nos seres humanos, há dois tipos de cromossomos: os somáticos e os sexuais. Os sexuais são aqueles que defi-
nem o sexo de cada indivíduo, cujos genes são responsáveis por desenvolver no corpo desse indivíduo as característi-
que independem do sexo, como as moléculas envolvidas na digestão, no sistema circulatório, dentre muitas outras.
Nos nossos 23 pares de cromossomos, 22 deles são somáticos e 1 par é de cromossomos sexuais. Os cromos-
somos sexuais são a dupla XX, nas mulheres, e a XY, nos homens.
Existem alguns tipos de doenças/ condições que são ligados aos cromossomos sexuais. Isso significa que os
genes relacionados a elas estão nesses cromossomos. São exemplos: calvície, daltonismo, hemofilia e hipertricose
Figura 7: Calvície é uma das condições que estão ligadas aos cromossomos sexuais, neste caso, o cromossomo Y.
Chamamos este tipo de passagem de características de herança ligada ao sexo.
98
Existem outras doenças que não têm relação com alteração nos genes que se situam nos cromossomos, mas
sim ao número de cromossomos que um indivíduo tem. Essas doenças são chamadas alterações numéricas e são o
Indivíduos com a chamada “Síndrome de Down” trazem em suas células uma alteração cromossômica também
conhecida como “trissomia do 21”. Nesses casos, onde deveria haver apenas um par de cromossomos identificados
como “21” (ou seja, dois cromossomos), existem três cromossomos desse tipo.
Assim como a Síndrome de Down, existem diversas outras condições em que um indivíduo é afetado pela
variação de seus cromossomos. No que se refere às trissomias (três unidades de um mesmo cromossomo, ao invés
de duas), as mais conhecidas são a Síndrome de Edwards e a Síndrome de Patau. Em todos os casos, os indivíduos
trissômicos apresentam retardo mental de níveis variados e problemas cardíacos. Na Síndrome de Edwards, a maior
Outros tipos de alterações cromossômicas são relacionadas aos cromossomos sexuais. Há casos em que um
dos cromossomos está ausente ou outros em que esses cromossomos estão em maior número do que o esperado.
Verbete
Pescoço alado - Um tipo de pescoço que parece um triângulo, que não é fino embaixo da cabeça, mas que fica mais largo a
partir da cabeça para o ombro.
Bom, vamos recapitular um pouquinho para podermos continuar na nossa compreensão da nossa história.
Você já sabe que o espermatozoide do seu pai tinha 23 cromossomos e o óvulo da sua mãe 23 cromossomos, que
seu corpo, existem 46 cromossomos, que ficam dentro do núcleo das células.
Mas será que só o fato de o DNA desses 46 cromossomos estarem ali, é suficiente para que você tenha deter-
minadas características? E, se metade disso veio de cada um dos seus pais biológicos, você não deveria ser “metade
Essa é uma pergunta importantíssima e a resposta para ela está nos conceitos associados a uma palavra: genes!
Genes são pedaços de DNA capazes de expressar alguma característica (há pedaços que não expressam carac-
terísticas). Assim, a cor dos olhos tem a ver com os genes que estão sendo expressos no seu organismo e determinan-
do se você tem olhos azuis, verdes ou pretos. O fato de você ser alto ou baixo, negro ou branco, sentir muito calor ou
muito frio – tudo o que acontece em você tem a ver com a expressão dos seus genes.
Vamos entender este termo, expressão de um gene, partindo da seguinte questão:. Como é possível que esse
Imagine que você está assistindo a um filme com um colega. Este filme trata de te-
mas relativos à Evolução e à Genética, assuntos sobre os quais seu amigo não tem grandes
conhecimentos.
Depois de uma cena que discute a hereditariedade, ele afirma: “Não entendo como
que funciona essa história de DNA! Como é que isso pode determinar que meu filho será
parecido comigo? Ao mesmo tempo, eu sou parecido com meu bisavô... não entendo...
como pode?”
Como você ajudaria seu amigo a entender? Leve em consideração em sua resposta:
100
Seção 2
RNA: versatilidade dentro da célula
Para respondermos à pergunta que fizemos no final da seção 1, precisamos conhecer antes dois processos: a
transcrição e a tradução.
A transcrição é um processo que transforma pedaços do DNA (genes) em pedaços de um outro tipo de ácido nucléi-
co, o RNA (ácido ribonucléico). O RNA é um ácido nucléico muito mais “versátil” dentro da célula, porque ele é bem menor
que o DNA e consegue sair do núcleo, carregando em si uma determinada a informação genética que ela contém. Quando
esse RNA sai do núcleo da célula para sua outra parte, o citoplasma, ele pode ser traduzido em moléculas que, no final das
contas, vão ser as responsáveis pela manifestação das nossas características. Essas moléculas são as proteínas.
2.1. Transcrição
O RNA também é formado por nucleotídeos que, em vez de desoxirribose (como no DNA), apresentam outro açúcar,
a ribose. Outra diferença está nas bases nitrogenadas: em vez de A T C G, no RNA temos A U C G. Estas pequenas diferenças
fazem com que a estrutura das duas moléculas seja diferente: enquanto o DNA é dupla-fita, o RNA é uma fita simples.
Verbete
U: é a abreviação de Uracila, uma das bases nitrogenadas que compõem os nucleotídeos de RNA.
ATENÇÃO
As diferenças na estrutura das moléculas de DNA e RNA acabam significando diferenças na função das duas moléculas. Enquanto
o DNA armazena, de maneira estável, as informações genéticas dos indivíduos, o RNA possibilita que essa informação seja ex-
pressa nas características que compõem o indivíduo.
Para carregar a informação genética (do DNA) para fora do núcleo da célula, o RNA precisaria “copiar” esta se-
quência. No entanto, como DNA e RNA têm propriedades moleculares diferentes (os nucleotídeos – bases e açúcar),
acaba que esta não é uma cópia fiel, mas uma transcrição de uma informação em outra, que tem o mesmo significado,
No interior do núcleo das células, assim como existe o sistema de replicação do DNA, existe também um siste-
ma de transcrição de DNA em RNA. São moléculas que “lêem” a molécula de DNA e montam uma sequência de RNA
102
(lembrando que as bases continuam respeitando a lógica complementar, ou seja, A faz par com T ou U; C faz par com G):
Se estiver difícil de entender, você pode visitar a animação que indicamos a seguir para visualizar o processo
de transcrição do DNA em RNA: http://goo.gl/Y3EC5
Esses transcritos de RNA, a partir da “leitura” de um pedaço da molécula de DNA, podem ter diversas funções
dentro da célula. A que nos interessa mais no contexto deste módulo é a do RNA mensageiro (RNAm), que serve
como um mensageiro mesmo, aquele que leva a mensagem genética do núcleo para o citoplasma, para ser tradu-
zida em proteínas.
Uma proteína é uma molécula que, assim como o DNA e o RNA, tem sua totalidade formada pela associação de
várias unidades. As unidades que se associam quimicamente para formar uma proteína são os aminoácidos.
Figura 9: Proteínas são polímeros formados por aminoácidos, que se associam quimicamente
Existem 20 aminoácidos diferentes que compõem as proteínas. Dependendo da ordem em que eles são dis-
Esta ordem não é definida aleatoriamente, mas sim pelo código genético. Assim, o DNA que armazena suas
características hereditárias teve uma parte transcrita em um RNAm que, no citoplasma da célula, será traduzido
em proteína.
1.1. Tradução
A replicação e a transcrição são processos que acontecem a partir da leitura de um molde (uma fita de DNA) e
No caso da tradução, a lógica se mantém, mas o processo é um pouco diferente. A sequência de RNAm é lida
de três em três bases para originar as proteínas. Enquanto nos outros dois processos, temos uma base complementar
à base original sendo acrescentada na molécula nova, aqui teremos um outro código em questão. É preciso uma se-
104
Essa sequência de 3 bases é chamada códon, e pode ser composta por quaisquer das 4 bases, em diferentes
posições. Podemos dizer que os códons são “palavras de 3 letras que “significam um aminoácido”.
Figura 10: Veja que cada sequência de 3 bases nitrogenadas de um RNAm (códons) é traduzida em aminoá-
cidos que, por interações químicas entre eles formam uma cadeia chamada proteína. A primeira linha é a fita
de DNA que dá origem ao RNAm (segunda fita) através da transcrição. Na última linha, você vê formas que
representam os aminoácidos codificados pelos códons (a legenda lateral nos diz quais são eles).
Quase qualquer combinação de bases é passível de ser traduzida em um aminoácido. Na tabela a seguir, apre-
O códon AUG é o códon onde a síntese de uma proteína começa. O sistema de tradução, que fica no citoplas-
ma e “lê” o RNAm para traduzi-lo em uma proteína, só começa a síntese da proteína quando encontra esse códon na
sequencia do RNAm. Quando esta trinca de bases é reconhecida, significa que um gene foi identificado ali e ele vai
A segunda observação mostra que há um momento da leitura da sequência de RNAm em que nada é adicionado
determinar o momento em que toda a sequência necessária para dar origem a uma determinada proteína foi lida.
Figura 11: A cada 3 bases, o RNAm é traduzido em um aminoácido. As 3 bases (códon) podem estar quase que
em qualquer ordem para serem traduzidas em um aminoácido. Existem apenas 3 combinações que não cor-
respondem a aminoácidos – elas são importantes para determinar onde deve terminar a cadeia de proteína..
Esses dois fatos significam que não é necessariamente toda a extensão do RNAm que é traduzida de três em
três bases para gerar uma proteína. Somente pedaços específicos são capazes disso. Há casos, inclusive, em que essa
proteína é “editada” depois de sua síntese, por diversos mecanismos existentes dentro da célula (mas essa é uma ou-
tra história...). Esse “tamanho” da proteína e os tipos de aminoácidos que compõem essa molécula vão determinar a
No processo de tradução, contamos também com a participação de outros dois tipos de RNA, além do RNA
O RNAt é uma molécula bem pequena de RNA, que carrega na sua estrutura aquilo que chamamos anticódon.
O anticódon é uma sequencia complementar à sequencia do códon e que, por ser complementar, consegue se parear
com ele. O RNAt tem este nome porque ele, de fato, é um transportador. Ele carrega junto com o anticódon o amino-
106
ácido que é correspondente ao códon com o qual ele vai parear quando “encontrar” o RNAm. Assim, para a síntese da
O RNA ribossomal, por sua vez, tem participação importante também porque é o ribossomo que se liga ao
RNAm para dar início ao processo de tradução. Sobre o ribossomo, formado por esse RNAr e proteínas, você aprende-
rá mais adiante, no próximo módulo, quando estudar as estruturas que compõem uma célula.
O RNA é uma molécula tão, mas tão versátil que há estudos que mostram que ele pode ter sido a
primeira molécula complexa da vida. Os experimentos de Miller e Urey e a hipótese de Walter Gilbert
sobre o Mundo do RNA você vai aprender na Unidade 1 do próximo módulo!
Estima-se que uma única célula sintetize entre 10.000 e 20.000 proteínas diferentes. Só para você ter uma ideia
de como elas são importantes para a sua vida, são as proteínas que atuam no seu corpo ajudando a digerir o alimento
que você come. Uma delas proteína a é responsável por transportar o oxigênio pelo seu sangue para todas as células
do seu corpo. Todos os músculos do seu corpo se contraem e se distendem por causa de proteínas que compõem sua
São infinitos exemplos das funções das proteínas nos organismos (não só no nosso, mas de todos os seres vi-
vos). Um que é curioso e vale a pena destacar no contexto desta unidade é o fato de que elas são capazes de participar
da regulação da produção delas mesmas. Em outras palavras, uma proteína pode controlar quando será produzida ou
não, bem como controlar a produção de outras proteínas diferentes e outras moléculas diversas. Você vai entender
A seguir você encontrará três esquemas. Eles representam alguns dos processos
dos processos, nomeando-os, faça a associação entre as bases nitrogenadas ou entre bases
códons
Processo de ______________________
Processo de ______________________
Processo de ______________________
108
Seção 4
Controlando a expressão dos genes
Bom, como você viu no início da aula, genes são pedaços de DNA capazes de serem convertidos em alguma
característica. Agora, você já sabe que as características que apresentamos são expressas por meio das proteínas que
temos no nosso organismo. Juntando as duas informações, temos que os genes são capazes de serem transcritos em
Isso vale para todas as nossas características. Cabelo preto ou louro, olho verde ou castanho, estatura alta ou
baixa, pele negra ou branca. Eles controlam também aquelas características que não vemos. São eles, por exemplo,
que fazem com que as células do seu cérebro (neurônios) sejam completamente diferentes das células do seu estô-
mago que, por sua vez, são diferentes das células do seu pé.
Ora, mas se todas as células do corpo contêm o mesmo material genético (que se dividiu inúmeras vezes a
partir da célula-ovo), como as células do pé são tão diferentes das células do seu cérebro?
Figura 12: À esquerda, você vê células epiteliais, que são as células que compõem superfícies no seu corpo, como
a sua pele (incluindo a do seu pé). À direita, você vê um neurônio, a célula que compõe o seu tecido nervoso,
incluindo o seu cérebro.
A resposta disso está no fato de que, embora todas as células tenham o mesmo DNA, umas transcrevem e
traduzem alguns genes e outras, outros genes. Isso é o que faz com que, em um mesmo organismo, você possa ter
O mecanismo que controla a ativação de um grupo de genes em cada uma das diferentes células de um mes-
Existem diversos mecanismos de controle da expressão gênica. O mais comum é o controle transcricional, ou
Existem formas mais simples e outras mais complexas desse controle acontecer, envolvendo uma ou várias proteínas.
As proteínas são capazes de se associar quimicamente a trechos específicos da molécula de DNA. Normal-
mente, os trechos específicos envolvidos no controle de um determinado gene são próximos ao trecho do DNA que
codifica aquele gene (ex: controle do gene A é próximo ao trecho que codifica o gene A).
Há proteínas reguladoras que são ativadoras ou repressoras da expressão gênica. As proteínas ativadoras,
quando se ligam ao DNA, promovem a transcrição do gene. As repressoras são o contrário: todas as vezes que se
Figura 13: Os trechos envolvidos no controle da transcrição ficam próximos aos respectivos genes. É nessa região
que as proteínas reguladoras se inserem para ativar a transcrição, ou ainda, é nela que as proteínas repressoras se
posicionam para impedir a expressão do gene.
É por meio desses movimentos de ligação e desligamento das proteínas reguladoras no DNA que elas contro-
lam a expressão de um gene. Esse controle pode ser motivado por diversos fatores, por exemplo:
• Se um gene já foi transcrito várias vezes em um curto período de tempo, é provável que haja um acúmulo
da proteína que ele codifica dentro da célula. Assim, sistemas de regulação são ativados para impedir que se produza
110
• Se a célula é demandada a realizar uma determinada tarefa (por exemplo, gerar energia), é preciso que as
proteínas envolvidas nesse processo sejam sintetizadas (produzidas). Assim, os sistemas que induzem a transcrição
• Se nosso organismo detecta que há um processo inflamatório acontecendo, as proteínas do sistema de de-
fesa do organismo (dentre elas, as imunoglobulinas) têm seus genes ativados, para que elas possam ser sintetizadas.
Enfim, são inúmeros os casos de regulação, tanto para aumentar a expressão de um determinado gene quanto
para inibi-la, dependendo da situação. Os organismos são estruturados química e biologicamente para, em geral,
otimizar os processos e uso de recursos (energia) para manutenção da vida. O controle da expressão gênica é um
mecanismo fundamental para que essa otimização aconteça e, mais do que isso, para que o organismo “funcione”. É
claro que há chances de dar errado, o que efetivamente acontece em alguns casos, como no câncer.
No entanto, muitos mecanismos existem nos organismos para tentar minimizar problemas e erros que possam
ameaçar a conservação genética. Alguns desses erros, quer na expressão gênica, quer simplesmente na replicação do
DNA, associados a fatores dos ambientes em que os organismos vivem, possibilitam que a gente presencie a existên-
2002 na revista Ciência Hoje. Leia-os atentamente e responda às perguntas que se seguem.
lhem cerca de 99% do código genético, o modo como a informação codificada no DNA é
convertida em diferentes proteínas pode ser a maior diferença entre elas. A conclusão foi
Estados Unidos.”
(UCSD) e co-autor do artigo, conta à CH on-line que o estudo das diferenças entre homens
e chimpanzés pode esclarecer as causas genéticas por trás de doenças que parecem ser
mais nocivas aos humanos. "Vem daí a necessidade do estudo do genoma INSERIR BOLD
manifestação de doenças como AIDS, mal de Alzheimer, câncer ou malária é mais branda.”
Verbete
Genoma – conjunto dos genes de um indivíduo ou espécie, é a informação genética que está no material genético deste indi-
víduo ou espécie.
Utilizando os conhecimentos aprendidos nesta aula, explique como duas espécies, homens e chimpanzés, que
112
Resumo
O DNA é uma grande molécula, estável, encontrada dentro do núcleo das células e que guarda a informa-
A molécula de DNA é uma cadeia formada pelo encadeamento de várias unidades chamadas nucleotídeos.
Cada nucleotídeo é formado por um açúcar, uma base nitrogenada e um grupamento fosfato. As bases
Para formar uma molécula de DNA, é necessário que duas fitas de nucleotídeos se associem quimicamente,
As bases nitrogenadas do DNA são complementares, formando pares da seguinte maneira: A-T e C-G.
Durante a divisão celular ocorre a replicação da molécula de DNA que acontece a partir de uma molécula
pré-existente. Cada uma das duas fitas serve de molde para síntese de uma nova fita, que é complementar
à original. Na molécula nova formada, consta a fita molde e a fita recém-sintetizada. Por isso, esse sistema
A molécula que lê a sequência de bases nitrogenadas das fitas do DNA executa essa função muitas vezes
e em grande velocidade. Por este motivo, é possível que, às vezes, ela cometa erros. São esses erros que
chamamos mutação.
O DNA é formado por pedaços capazes de serem convertidos em algumas características. Esses pedaços
são chamados de genes e existem dois processos que resultam na expressão das características individuais:
a transcrição e a tradução.
Com a transcrição os genes dão origem aos RNAs, que são ácidos nucleicos menores e mais versáteis que o
DNA. Os RNAs são capazes de sair do núcleo da célula carregando a informação genética para o citoplasma.
O RNA também é formado por nucleotídeos, no entanto, as bases nitrogenadas apresentam uma pequena
A tradução é o processo em que a sequência de RNAm origina as proteínas, que são moléculas formadas
pela associação de vários aminoácidos. Elas são as responsáveis, em última instância, pela manifestação das
nossas características.
Todas as células do seu corpo têm o mesmo DNA, no entanto, elas podem ser diferentes umas das outras
por que transcrevem e traduzem genes diferentes. Essas diferenças na expressão dos genes é consequência
O controle transcricional da expressão gênica é o mais comum, sendo realizado por proteínas reguladoras
Veja ainda
Uma matéria da ciência hoje que responde a pergunta se o número de proteínas é igual ou não ao de ge-
nes: http://goo.gl/az7Tr
Matéria da Superinteressante muuuuuuito maneira sobre o uso do DNA na perícia criminal: http://super.
abril.com.br/ciencia/ciencia-crime-447772.shtml
Referências
ALBERTS, Bruce et al. Molecular biology of the cell. 4ed. Nova York: GARLAND SCIENCE, 2002.
114
Atividade 1
um indivíduo.
Outro ponto importante é que ela é dupla fita. Essa dupla fita, no momento de ne-
cessidade de duplicação de uma célula, se separa e cada fita simples serve de molde para
síntese de uma outra fita nova, formando duas novas duplas-fitas, num processo semicon-
informação que o DNA carrega. Por isso, seu amigo pode ser parecido com o bisavô!
Atividade 2
molécula de RNAm
Processo de Replicação, pois é a síntese de uma fita de DNA a partir de seu molde
(de DNA)
semelhante, os dois organismos não o são. Isso pode ser explicado pela diferença na
116
O que perguntam por aí?
A figura seguinte representa um modelo de transmissão da informação genética nos sistemas biológicos. No
fim do processo, que inclui a replicação, a transcrição e a tradução, há três formas proteicas diferentes, denominadas
a, b e c.
Depreende-se que:
e. A molécula de DNA possui forma circular e as demais moléculas possuem forma de fita simples lineari-
zadas.
Comentário: O item a está errado, pois ao olharmos o esquema, percebemos que existem duas moléculas: o
DNA e o RNA. O item b também está errado. Por muito tempo, acreditou-se que o DNA apenas se replicava ou era
transcrito em RNAm, que traduzia o código genético em proteínas. Com a descoberta da enzima transcriptase rever-
sa, ficou esclarecido que é possível sintetizar DNA utilizando RNAm como molde. Isso acontece em alguns vírus. Pela
própria visualização do esquema dá para observar essa possibilidade. O erro do item c é que as fontes de informação
são os RNAs e não as proteínas. O processo de transcrição consiste na síntese de RNA a partir de um molde de DNA.
Já no caso do item e o erro é que o DNA nuclear (que está no núcleo da célula) apresenta-se na forma linearizada. A
forma circular do DNA, denominada plasmídeo, é encontrada nas bactérias e nas mitocôndrias.
Considerando a estrutura da molécula de DNA e a posição das pontes de hidrogênio na mesma, os experimen-
tos realizados por Meselson e Stahl,a respeito da replicação dessa molécula, levaram à conclusão de que:
a. A replicação do DNA é semiconservativa, isto é, a fita dupla filha é recém-sintetizada e o filamento pa-
rental é conservado.
b. A replicação do DNA é dispersiva, isto é, as fitas filhas contêm DNA recém-sintetizado e parentais em
c. A replicação é semiconservativa, isto é, as fitas filhas consistem de uma fita parental e uma recém-sin-
tetizada.
d. A replicação do DNA é conservativa, isto é, as fitas filhas consistem de moléculas de DNA parental.
e. A replicação é semiconservativa, isto é, as fitas filhas consistem de uma fita molde e uma fita codifica-
dora.
Gabarito: Letra C
Comentário: A duplicação do DNA é semiconservativa. Durante o processo de replicação, ocorre ruptura das
ligações de hidrogênio existentes entre as bases dos dois filamentos da molécula e, junto à cada filamento velho,
forma-se um novo filamento. Assim, cada molécula-filha de DNA é formada por um filamento velho e por um filamen-
to recém-sintetizado.
118
Questão 3 (ENEM 2012)
Observe a sequência de bases nitrogenadas que compõem a porção inicial de um RNA mensageiro, transcrito
AUGGCUAAAUUAGAC..........
Nessa proteína, o aminoácido introduzido pelo códon iniciador foi removido durante o processo de síntese.
Admita que uma mutação tenha atingido o códon, correspondente ao aminoácido número 3 da estrutura
primária desse polipeptídeo, acarretando a troca de uma base A, na célula original, pela base U, na célula mutante.
A tabela abaixo permite a identificação dos códons dos aminoácidos encontrados tanto na proteína original
a. tirosina
b. leucina
c. triptofano
d. fenilalanina
Comentário: Como ocorre a remoção do primeiro aminoácido da cadeia polipeptídica, o terceiro aminoá-
cido da estrutura primária do polipeptídeo em questão é aquele codificado pelo 4º códon, em destaque na sequ-
ência acima. Assim, com a substituição do nucleotídeo adenina por uracila, o novo códon será UUU, que codifica o
aminoácido fenilalanina.
120
Um ancestral
em comum
para todos
Para início de conversa...
tecer em uma das populações, ela estará confinada à população em que surgiu.
nunca irão fazer o mesmo tipo de erro na mesma região do material genético.
será interrompido entre as duas partes isoladas da espécie ancestral. Essa inter-
de muitas gerações.
danças herdáveis de pais para filhos são mudanças evolutivas, pois serão passadas
a todas as gerações futuras, a menos, é claro, que a linhagem mutante seja extinta.
122
Seção 1
Forças evolutivas e mudanças
As forças evolutivas são os processos que promovem a transformação das espécies ao longo do tempo. Tais
processos podem modificar rapidamente uma espécie ou podem levar muitos e muitos anos para que uma mudança
seja perceptível. Especiação e mutação são dois dos processos que determinam mudanças nos genes de uma popu-
atual. Os processos evolutivos que atuam nas populações irão modificá-las, hoje, tornando-as diferentes no futuro.
Assim, podemos dizer que as populações naturais de todas as espécies vivas estão em constante processo evolutivo.
A mutação, por exemplo, é uma força evolutiva muito importante, pois é a que gera variabilidade gênica.
Lembra-se dos alelos que determinavam a cor das ervilhas do Mendel? Pois é, o alelo “cor amarela” e o alelo “cor verde”
Vamos supor que o alelo amarelo seja o mais antigo. Nesse cenário, o alelo verde apareceu a partir de uma muta-
ção que transformou um alelo amarelo em alelo verde. Com o passar das gerações, a população foi evoluindo e o alelo
verde passou a ser mais frequente. Isso não é muito difícil de perceber, afinal você não encontra muitas ervilhas amarelas
por aí! Uma população na qual todos os indivíduos são idênticos para uma determinada característica nunca irá evoluir
naquela característica. Para a evolução ocorrer, é preciso variação. E não é qualquer tipo de variação, é variação herdável.
Em outras palavras, a evolução é um processo contínuo, e o que vemos de biodiversidade depende do mo-
Quer um exemplo? Há aproximadamente 200 milhões de anos, existiram os dinossauros. Hoje em dia, eles não
existem mais, pois foram extintos. Essa mudança foi importante, pois a extinção da linhagem dos dinossauros permi-
Estes fabulosos répteis apresentaram os mais diversos formatos, hábitos, tipos de alimentação e do-
minaram o planeta Terra por muitos anos. A extinção dos dinossauros foi um evento muito impor-
tante para a história da vida no planeta e, por isso, muitos estudiosos se dedicaram a isso. Se você é
um curioso sobre o tema, indicamos a seguir um vídeo do Discovery Channel (um tanto dramático,
mas com informações muito válidas) para você aprender um pouco mais. O vídeo está disponível em:
http://goo.gl/QF6jk.
Todos os seres vivos podem ser considerados sistemas biológicos. Para entender essa afirmação, vamos co-
meçar com a definição de sistemas, que são conjuntos de partes integradas. Ao conectarmos tais partes, o sistema
apresenta propriedades particulares e diferentes das propriedades de cada uma das partes que o formou.
Um carro, por exemplo, é um sistema que possui partes (motor, pneus, volante, porta-mala, tanque de com-
bustível etc.) que, ao serem integradas, fazem com que o carro apresente a propriedade de locomoção que nenhuma
Figura 1: À esquerda, estão carros antigos, à gasolina, com descarga de poluentes para a atmosfera. À direita, está um au-
tomóvel moderno, elétrico e não poluente. Apesar de diferentes, todos os carros apresentam a propriedade de locomoção,
primordial em um veículo automotor.
124
Da mesma forma que para entendermos “carros” precisamos pensar em todos os carros ao mesmo tempo, para
entendermos “seres vivos” precisamos analisar todos os organismos vivos. Para entendermos o conjunto, precisamos
Iniciaremos nossos estudos pelas características que todos os seres vivos apresentam. Elas podem ser resumi-
1. Reprodutibilidade ou reprodução
É ela que promove a imortalidade das características dos seres. Indivíduos são mortais. Eles nascem, crescem,
se reproduzem e morrem. No entanto, graças ao processo da reprodução, as suas características passam para os des-
cendentes, permitindo que o material genético que as origina permaneça no ambiente. Sendo assim, podemos dizer
que as características biológicas são imortais, pois elas podem ser transmitidas indefinidamente aos descendentes de
gerações futuras. Isso acontecerá até a extinção da linhagem, a qual não tem volta e é sempre definitiva.
2. Herdabilidade
A herdabilidade é a razão pela qual gatinhos nascem da reprodução de uma gata e um gato. Peixinhos nascem
herdabilidade é a capacidade de, por meio da reprodução, os pais passarem suas características particulares (e suas
adaptações) a seus filhos. Isso se dá pela transmissão de seus genes nos gametas que serão fecundados.
3. Mutabilidade
A mutação é um dos fenômenos importantes quando estudamos a diversidade dos seres vivos. Por serem fru-
tos de erros, seus efeitos no bem- estar do organismo mutante não podem ser previstos. Na realidade, a maior parte
das mutações são maléficas ao organismo mutante. Ou seja, ele apresentará menor chance de sobrevivência do que
Vamos a um exemplo. Imagine uma população de minhocas que vive em uma mata e que apresentam colora-
ção de corpo “cor de barro”. Em um determinado dia, nasce uma minhoca mutante para o gene que determina a cor
do corpo. Se a nova coloração for esbranquiçada, amarelada, esverdeada ou azul, a minhoca mutante irá se sobressair
no solo, que apresenta a cor de barro. Com uma cor que se sobressaia, o predador irá enxergá-la mais facilmente. Ela,
Predador
Então já discutimos as mutações deletérias. Agora, vamos ver como surgem as mutações vantajosas que irão
gerar as adaptações das espécies.
Imagine que uma outra mutação tornasse o corpo da minhoca de coloração ainda mais semelhante à “cor da
terra” do ambiente? No caso das minhocas da Figura 2, seria uma mutação para uma coloração marrom-escuro.
Certamente, essa seria uma mutação benéfica para o organismo mutante, pois os predadores teriam mais
dificuldades para enxergar esse ser diferente. Assim, a mutação “cor de terra” permaneceria pelas gerações seguintes,
pois o indivíduo mutante teria mais chances de sobreviver e de produzir descendentes com a mesma característica
vantajosa. Tais descendentes, como o mutante original, seriam menos percebidos por predadores, aumentando as
chances de eles próprios sobreviverem. Quando sobrevivem, eles mesmos se reproduzem, passando novamente a
mutação para seus descendentes. É dessa maneira, portanto, que o gene mutante se perpetua, ou seja, permanece
na população.
126
Se o gene mutante apresenta vantagens em relação ao original, espera-se que a sua frequência aumente a
cada geração. Eventualmente, uma vez que todos os indivíduos apresentem a mutação vantajosa, a mutação vira
uma adaptação que será, a partir desse momento, percebida como o original. Mas isso acontecerá até que uma nova
A seleção natural é o nome deste processo pelo qual os variantes de uma população com características favo-
ráveis têm maior chance de sobrevivência e reprodução. A seleção natural seleciona as mutações vantajosas gerando
as adaptações nas espécies. Já vimos alguns exemplos de adaptações, como o formato do pé humano, as garras
BUM!
Nós, humanos, possuímos cinco sentidos: olfato, visão, audição, tato e paladar. Nós
só os temos graças às nossas células nervosas, que captam, por exemplo, o estímulo do
cheiro, o qual provém do ambiente (ou seja, é externo ao nosso corpo). O número e a
capacidade de atuação dessas células, por sua vez, são determinados pelo nosso material
genético.
Sabendo disso, vamos pensar em uma situação hipotética: uma catástrofe na Terra!
Imagine que um asteroide atingiu o nosso planeta e poucos seres vivos, inclusive huma-
nos, conseguiram sobreviver a esse evento. Dos que moravam em seu bairro, você e seu
vizinho foram os únicos sobreviventes.
Bom, é lógico pensar que, nesse caso, não há mais facilidades como as que temos
hoje para comprar comida, certo? Então, vocês devem ir à caça de seu alimento. Mas preste
mais células olfativas do que o seu vizinho, qual dos dois terá maior chance de, em um
futuro próximo, encontrar uma sobrevivente fêmea com a qual possa se reproduzir con-
Seção 3
Seleção natural e as nossas adaptações
O processo que gera as adaptações biológicas é a seleção natural. Esta é uma força que atua sobre as variações
das populações naturais. Se a população for perfeitamente homogênea, isto é, sem características variadas, a seleção
natural não atuará, nem a evolução acontecerá. Para evoluir, é necessário que haja variação herdável.
Figura 3: Serra da Canastra e, ao lado, uma paisagem típica do cerrado, com vegetação rasteira,
arbustos e algumas poucas árvores como esse belo Ipê.
128
O nome científico do tamanduá-bandeira é Myrmecophaga tridactyla. Os ani-
Aderente
mais que vivem lá, hoje, conseguiram suas características pela herança dos genes de
Característica de algo que se
seus pais, metade da mãe e metade do pai, como todos nós. Nesses genes, certamen-
liga, se gruda, se une a outro
te estava também o formato do nariz, que é uma das adaptações da espécie para o material.
hábito alimentar dos tamanduás: comer formigas e cupins. A língua aderente, fina e
comprida é outra adaptação presente em todos os filhotes de tamanduá que nascem hoje. Os cupinzeiros do PNSC
são enormes, construídos de barro, e ficam muito duros quando expostos ao sol do cerrado, como mostra a Figura 4.
Imagine que exista comida apenas para a metade deles. Esse nú-
tante que você saiba que cada ambiente possui a sua capacidade
de suporte. Assim, de cada quatro filhotes de tamanduá que nas- Figura 4: Cupinzeiro. A língua fina do tamanduá
penetra pelos pequenos poros do cupinzeiro;
cem, dois morrem e dois sobrevivem, pois só existe comida para por ser aderente, ela gruda nos cupins, o que
permite levá-los até o interior da boca a fim de
dois filhotes (por casal) naquele ambiente.
se alimentar.
do? Será que o mais alto sempre sobrevive, pois consegue enxergar o predador mais longe? Ou será que sempre é o
mais gordo, com maiores reservas de energia para usá-las em caso de falta de alimento? Ou será que é o que enxerga
melhor, pois consegue achar comida mais facilmente? Ou o mais rápido tem sempre mais chances de sobreviver, pois
Todas essas hipóteses são válidas! Em um ambiente, uma delas pode ser a mais importante, e em outro am-
biente outra irá determinar a sobrevivência. Além disso, em um mesmo ambiente, pode ser que mude o clima ou o
relevo da paisagem (como consequência de um terremoto, por exemplo) e, a partir dessa mudança, a característica
futuro”. As características determinantes na sobrevivência dos indivíduos, nesse exato momento em que você lê esta
No exemplo dos tamanduás, colocamos que o número de filhotes produzidos é o dobro da capacidade de
suporte do ambiente. Assim, vamos imaginar que um casal tenha produzido quatro filhotes, sendo que um deles era
um filhote mutante. A mutação desse filhote é vantajosa, pois esse filhote apresentaria um focinho mais fino capaz
de inseri-lo em cupinzeiros.
Com o focinho mais fino, o filhote mutante teria mais oportunidades de conseguir alimento. Um filhote melhor
alimentado seria um filhote com mais chances de ser um dos dois que sobreviveria. Repare que, se ele sobreviver, ele
passará suas características, incluindo o focinho fino, a seus próprios filhotes. A transmissão dessa característica seria
pela passagem dos genes que os filhotes irão herdar. Estes, por sua vez, passariam a adaptação para seus descenden-
tes, que também iriam apresentar maiores chances de sobrevivência do que os outros membros da espécie.
Assim, a característica focinho fino, ao final de várias gerações, estaria presente em todos os indivíduos e re-
presentaria uma adaptação da espécie. A partir desse momento, o focinho típico da espécie seria o fino, ilustrado, por
exemplo, na descrição dessa espécie de tamanduá. A sobrevivência é, portanto, diferencial, e as pequenas particula-
ridades de cada indivíduo irão influenciar a sua capacidade de sobrevivência. Se sobreviver, o mutante passará tais
130
Figura 6: Esquema que representa a seleção de variantes
de uma espécie ao longo das gerações. Repare que, na
segunda geração, já podemos encontrar três variantes na
população. Nesse ambiente, a seleção natural está sele-
cionando indivíduos de coloração mais escura. Estes so-
brevivem e deixam mais filhotes com suas próprias carac-
terísticas selecionadas. Na última geração, filhotes claros
já foram eliminados da população por seleção natural.
Bactérias e doenças
As bactérias são agentes que podem ser causadores de uma série de doenças em
No início do século XX, Alexander Flemming, um médico escocês, descobriu que uma
substância extraída de fungos poderia acabar com uma infecção por bactérias em um pa-
Hoje em dia existem, além da penicilina, vários tipos de antibióticos, para tratar
Charles Darwin nasceu em 12 de fevereiro de 1809, na Inglaterra. Ele ficou famoso não por ter sido o
primeiro cientista a propor que as espécies evoluem. Darwin ganhou fama ao propor um processo pelo qual
as espécies evoluem e se adaptam a seus ambientes. Foi ele, portanto, quem propôs o mecanismo de seleção
Darwin pensava que deveria existir um mecanismo que impedisse as centenas de filhotes que um único casal
de sapos produz, ao longo de sua vida, de sobreviver. Se apenas um casal dá origem a centenas de filhotes, e todos
os casais produziriam outras centenas de filhotes de sapos, era para estarmos atolados em filhotes de sapos em todos
os cantos do planeta!
O ponto central da teoria de Darwin era: mais filhotes são gerados do que aqueles que conseguem sobreviver
em um determinado ambiente. Assim, os filhotes irão naturalmente competir para garantir a própria sobrevivência.
Se existe uma competição natural, apenas os filhotes que apresentam as melhores características conseguem
sobreviver. Ao sobreviverem, eles se reproduzem e passam as melhores características para seus descendentes. Na
Uma característica atinge a Darwin sabia que uma teoria que sugerisse que humanos são descendentes de
fixação (ou é fixada) quando
um ancestral em comum com outras espécies de seres vivos não seria prontamente
todos os indivíduos da popu-
lação a apresentam. Isso só aceita. Assim, ele passou 30 anos coletando muitas evidências da evolução por sele-
acontece depois de muitas ção natural. No alto das montanhas dos Andes, por exemplo, ele encontrou fósseis de
gerações a partir do apareci-
organismos marinhos já extintos. Isso deu uma pista de que o relevo sofre mudanças
mento da característica.
drásticas que podem afetar a vida dos seres vivos no local.
132
Montanhas, ambientes marinhos, vales, desertos... Foram as mutações e a evolução que possibilitaram
a ocupação dos diversos ambientes do planeta.
Tantos anos de estudo resultaram em um apanhado tão grande de informações que ele conseguiu um feito
que outros, antes dele, tinham tentado e não conseguiram. Ele convenceu a comunidade acadêmica do processo
que gerou toda a diversidade biológica, incluindo os humanos: a evolução por seleção natural associada a eventos
de especiação.
Antes de a teoria da evolução ser construída e contar com elementos da observação sistematizada da
realidade (pesquisas científicas) para corroborá-la, havia uma ideia de fixismo: os seres haviam sido
criados da forma como são - eles sempre foram e sempre vão ser do jeito que os conhecemos. A ideia
de evolução dos seres que hoje nos é tão natural, não o foi por muito tempo.
Embora Charles Darwin tenha feito as contribuições mais conclusivas para entendermos e corroborar-
mos o processo evolutivo, ele não foi o único a tentar explicar esse evento. Antes dele, um botânico
francês chamado Lamarck fez observações sobre a evolução dos seres vivos, que significaram uma eta-
pa importante na construção deste conceito. O próprio Darwin, inclusive, contou com o apoio de um jo-
vem naturalista chamado Wallace para a comprovação de suas ideias, fruto de 20 anos de observações.
Em provas como o ENEM, ainda é muito comum se confrontar as ideias de Darwin e Lamarck. Por isso,
indicamos a seguir um link para você conhecer as ideias do segundo: http://cienciahoje.uol.com.br/
revista-ch/2011/285/lamarck-fatos-e-boatos/
Seção 5
Seleção artificial
Achou complicado o processo de seleção natural? Então vamos facilitar trazendo o conteúdo da unidade para
o nosso cotidiano.
A seleção natural é um processo no qual o ambiente seleciona os organismos com as melhores características para
Na seleção artificial, o processo é semelhante ao da seleção natural, mas é mediado pelo ser humano e não
mais pelo ambiente. Todos os princípios são idênticos entre os processos. Entretanto, é o ser humano que seleciona os
organismos de determinada espécie com as melhores características para se reproduzirem, aumentando a frequência
No caso de fazendeiros e agricultores, as melhores características, claro, são as que dão maiores lucros. Ou seja,
geralmente aquelas que aumentam o tamanho melhoram o sabor e a aparência ou aumentam o valor nutricional dos
coloração) é o repolho.
nho, não é? Essas verduras são tão diferentes e pertencem a mesma es-
mas sim porque os agricultores não permitiram a reprodução entre Figura 7: Cenouras têm cor de laranja, certo?
Certo e errado. Olhe para esta foto! Certo dia,
as variedades. Longe das fazendas, não existe repolho, nem couve- um fazendeiro percebeu que tinha plantas
que produziam cenouras mais escuras. Ele
flor, nem couve-de-Bruxelas, só uma mostarda selvagem pouco cruzou duas plantas dessas e começou a pro-
duzir variedades de cenouras mais escuras
usada em cozinha. ainda. E deu certo! Suas vendas multiplica-
ram e ele continuou testando novas cores de
Durante muitos anos, os agricultores selecionam as plantas que cenoura e feijões, formatos de abóboras etc.
tando a qualidade ou a quantidade do produto comercializado. Assim, as variedades de B. oleracea foram selecionadas
artificialmente pelos agricultores para aumentar o tamanho da flor (como a couve-flor e o brócolis) ou o número de
brotos laterais (couve-de-Bruxelas). Com o passar das gerações, os agricultores não permitiam o cruzamento entre as
variedades e, portanto, essas não se homogeneizavam, como o fazem as espécies naturais. Dessa forma, acabou aconte-
cendo, nas fazendas, uma diferenciação real e comercialmente importante por seleção artificial.
134
Figura 8: Foto ilustrando uma horta com as diferentes variedades de Brassica oleracea.
Cruzando duas plantas com flores grandes, por exemplo, eles conseguiam produzir plantas que, quando cres-
cessem, dariam flores ainda maiores. Percebendo o potencial dessas novas variedades, os fazendeiros trataram de
promover o cultivo, evitando o cruzamento entre elas. Como o tamanho da flor é uma característica herdável, com
o passar das gerações, os cruzamentos selecionados a cada geração deram origem a plantas com flores maiores e
Árvores frutíferas também são resultado de um processo de seleção artificial pelos fazendeiros. Em uma fa-
zenda, como a área que pode ser plantada é limitada, assim como o dinheiro para comprar adubos e agrotóxicos, o
fazendeiro terá de escolher em quais plantas irá gastar seu tempo e dinheiro. Ele, na-
Adubo
turalmente, dará preferência ao plantio das sementes das árvores que apresentarão
frutos maiores, mais doces e mais suculentos em sua próxima safra. Forma-se a partir de resíduos
animais ou vegetais, ou tam-
Em fazendas de gado leiteiro, também acontece a seleção artificial. As vacas bém de produtos minerais ou
químicos. É misturado à terra
leiteiras também passam por melhoramento animal para fins de maior produção de
para fertilizá-la ou regenerá-la.
leite. Nesse sentido, as vacas que apresentam a mutação “maior produção de leite”
artificialmente, a partir de linhagens antigas de lobos. Os lobos, hoje, são membros Safra
de uma outra espécie, denominada Canis lupus, mas há milhares de anos só havia
O mesmo que colheita.
Canis lupus.
há cerca de 15 mil anos. Esses lobos foram selecionados, em um primeiro momento, para serem mais dóceis e menos
agressivos que os lobos normalmente são. Aos poucos, os lobos domesticados foram se transformando nos animais
que chamamos de cachorros. Seria como dizer que o tata... (muitos ta)...tataravô do cachorro era um lobo.
Figura 9: Uma árvore genealógica simplificada mostrando a história das raças de cachorros e lobos. Repare que o lobo
ancestral deu origem às diferentes raças de cachorro e também deu origem ao lobo moderno. Cachorros e lobos modernos
possuem um ancestral comum muito recente, o lobo ancestral.
136
Repare que uma árvore genealógica mostra a história de linhagens em uma espécie, nesse caso Canis lupus.
Mas, se incluirmos linhagens anteriores, vai chegar um momento em que iremos incluir outras espécies. Nesse ponto,
Na árvore filogenética, as linhagens de mais de uma espécie são retratadas e, portanto, também estão repre-
sentados os eventos de especiação. Esse não é o caso anterior. Uma árvore filogenética mostra as relações de ances-
tralidade compartilhadas pelas espécies. Como todas as características são passadas dos ancestrais para os descen-
dentes por meio das linhagens, se soubermos quais são as linhagens e qual a sua ancestralidade, poderemos ter ideia
A origem da novidade evolutiva (das mutações) é um evento que ocorre ao acaso, mas a distribuição das novi-
dades pelas espécies não é aleatória. Se assim fosse, seria impossível estudar Biologia. A distribuição das característi-
cas está sempre restrita às linhagens descendentes do indivíduo mutante para aquela característica.
Seção 6
Para dar uma pausa nossa conversa...
Chegamos aqui ao final deste primeiro módulo de Biologia. A ideia geral deste módulo era de que você co-
meçasse a olhar ao seu redor e percebesse o quanto de conhecimento foi construído e acumulado sobre as coisas da
Natureza ao longo da história da Vida na Terra. Por isso, partindo do que você vê, começamos a apresentar como a
ciência vem construindo explicações para diversos fenômenos e o ponto em que estamos desse saber.
Falamos aqui de DNA, RNA, proteína e tudo isso voltará no próximo módulo, quando esse mundo microscópio
das células e seus componentes e de uma série de processos que explicam como a vida funciona serão abordados. É
um maravilhoso mundo coordenado e organizado de coisas que não vemos – e nem imaginamos que existem - e que
Resumo
Evolução pode ser definida como mudança nos genes ao longo do tempo.
Mudanças evolutivas modificam características herdáveis, visíveis ou não, das espécies ao longo do tempo.
As três propriedades dos sistemas biológicos compartilhadas por todos os organismos são reprodutibilidade,
herdabilidade e mutabilidade.
rentais (herdabilidade), mas que podem diferir de seus pais devido a erros da duplicação do material gené-
tico (mutabilidade).
A maior parte das mutações é deletéria, mas geralmente não as vemos, pois os organismos morrem antes
de nascer.
Uma pequena fração das mutações é adaptativa, ou seja, trazem ao organismo mutante uma vantagem
em relação aos outros organismos da população. Indivíduos com mutações vantajosas terão mais chance
de sobrevivência. Como eles conseguem sobreviver, eles também terão mais chances de se reproduzir e de
passar tais características vantajosas a seus descendentes, que também apresentarão vantagem.
Ao reproduzir, a mutação vantajosa aumentará de frequência na segunda geração, pois estará presente em
todos os filhotes do mutante. Tais filhotes também terão maior chance de sobrevivência e de reprodução,
Um processo semelhante mediado pelo ser humano acontece no melhoramento vegetal ou animal em
A história da vida na Terra reflete uma hierarquia de similaridade nas características morfológicas que re-
flete, por sua vez, uma história evolutiva compartilhada. Espécies com mais características semelhantes
pertencem aos mesmos grupamentos sistemáticos, com um ancestral em comum mais recente. Espécies
com menos características semelhantes pertencem a grupamentos diferentes. O ancestral comum entre
Veja Ainda
Até a publicação da sua famosa teoria, Darwin passou por difíceis momentos, alguns dos quais você pode
Há uma revista científica que expõe muitas pesquisas recentes sobre, inclusive, a evolução dos seres vivos.
Em nossa unidade, falamos um pouco sobre a proximidade genética de cães e lobos. Eis aqui mais uma
prova: http://goo.gl/f7gHC
138
O relojoeiro cego, um livro excelente de Richard Dawkins, discute a questão da seleção natural como fun-
Bibliografia consultada
Mello, B. & Russo, C.A.M. Informação biológica, filogenias e previsibilidade. In: Genética na Escola, 06-01; 42-
44, 2011.
Ridley, Mark . Evolução. Editora Blackwell 3a edição. Editado no Brasil por Artmed, 2003
Russo, C.A.M. & Voloch, C.M. Nosso lugar na diversidade biológica. In: Ciência Hoje, v. 261, p. 44-49, 2009.
Imagens
• André Guimarães
• http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Carro-antigos-na-paulista-001-300.jpg
• http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Nissan_Leaf_aan_Amsterdamse_laadpaal.jpg
• http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Mating_earthworms.jpg
• http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Ipe_detail.jpg
• http://en.wikipedia.org/wiki/File:Serra_da_Canastra.jpg
• http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Termite_mound-Tanzania.jpg
• http://commons.wikimedia.org/wiki/User:Malene
• http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/3/3c/Charles_Darwin_01.jpg
• http://en.wikipedia.org/wiki/File:Brassica-garden.jpg
Atividade 1
Como você tem mais células olfativas do que seu vizinho, terá mais chances de per-
ceber de longe a presença de uma fêmea antes do vizinho. Assim, eu terá uma chance
maior de conhecê-la primeiro, e quem sabe contribuir para o futuro da humanidade, pois
Atividade 2
As bactérias que eram vulneráveis aos antibióticos mais usados, como a penicilina,
por exemplo, já foram eliminadas há muitas décadas. Entretanto, dentro da grande diver-
pois não morriam com a aplicação dos antibióticos. Ao se reproduzirem, essas variedades
140
O que perguntam por aí
As cobras estão entre os animais peçonhentos que mais causam acidentes no Brasil, principalmente na área
rural. As cascavéis (Crotalus), apesar de extremamente venenosas, são cobras que, em relação a outras espécies, cau-
sam poucos acidentes em humanos. Isso se deve ao ruído de seu “chocalho”, que faz com que suas vítimas percebam
sua presença e as evitem. Esses animais só atacam os seres humanos para sua defesa e se alimentam de pequenos
roedores e aves. Apesar disso, elas têm sido caçadas continuamente, por serem facilmente detectadas.
Ultimamente os cientistas observaram que essas cobras têm ficado mais silenciosas, o que passa a ser um pro-
A explicação darwinista para o fato de a cascavel estar ficando mais silenciosa é que:
Gabarito: Letra D.
Comentário: Nesse caso, a cobra não aprendeu e mudou o comportamento. Apenas as cobras que não
apresentavam um chocalho com tanto ruído conseguiram sobreviver mais facilmente, pois não eram vistas
pelos humanos.
Os ratos Peromyscus polionotus encontram-se distribuídos em ampla região na América do Norte. A pelagem
de ratos dessa espécie varia do marrom- claro até o escuro, sendo que os ratos de uma mesma população têm colo-
ração muito semelhante. Em geral, a coloração da pelagem também é muito parecida com a cor do solo da região em
que se encontram, que também apresenta a mesma variação de cor, distribuída ao longo de um gradiente sul-norte.
Na figura, encontram-se representadas sete diferentes populações de P. polionotus. Cada população é representada
pela pelagem do rato, por uma amostra de solo e por sua posição geográfica no mapa.
MULLEN, L. M.; HOEKSTRA, H. E. Natural selection along an environmental gradient: a classic cline in mouse
pigmentation. Evolution, 2008.
a. A alimentação, pois pigmentos de terra são absorvidos e alteram a cor da pelagem dos roedores.
b. O fluxo gênico entre as diferentes populações, que mantêm constante a grande diversidade interpopulacional.
142
c. A seleção natural, que, nesse caso, poderia ser entendida como a sobrevivência diferenciada de indiví-
d. A mutação genética, que, em certos ambientes, como os de solo mais escuro, tem maior ocorrência e
Gabarito: Letra C.
Comentário: Sim, os roedores foram selecionados naturalmente, pois indivíduos de pelagem semelhante à
cor do solo eram menos percebidos por predadores e conseguiam sobreviver e se reproduzir, passando tais genes a
seus descendentes.
quantas estrelas existem. Você já imaginou a distância que elas estão? Sabemos
qual a fronteira do “infinitamente grande”. Até onde podemos imaginar? Até onde
O mais interessante é que tem outra direção que nos leva a outro mundo
gulhar numa gota d’agua sobre uma folha e fosse diminuindo cada vez mais de
vírus, moléculas, átomos, cada um deles menor do que o outro e numa sucessão
que parece não ter fim.
ter detalhes dos dois mundos que discutimos apenas com os olhos. Precisamos
Além desses dois extremos, temos tudo o que nos rodeia e o que nos é mais familiar: carros, computadores, luz
elétrica, geladeira... Todo esse aparato tecnológico da nossa civilização funciona baseado nas mesmas leis que fazem
A física é a mais básica das ciências. Ela lida com o comportamento e a estrutura da matéria. Aqui, matéria
quer dizer tudo que nos cerca, incluindo luz, ar e tudo o que está contido no Universo.
Nesta unidade discutiremos brevemente o que é ciência e como é possível conhecer as leis que regem a natu-
Objetivos de aprendizagem
Identificar ciência e o que se denomina o método científico;
146
Seção 1
O que é ciência
Podemos afirmar que o principal objetivo de todas as ciências, incluindo a física, consiste na procura de ordem,
de padrões, de relações no interior de um dado sistema em estudo. Esse sistema pode ser o sistema solar, no qual
existem regularidades nos movimentos dos planetas, pode ser um lago, no qual se estuda as interações entre as várias
espécies de peixes e outros animais, pode ser o desempenho da economia de um dado país etc.
Ciência é uma forma sistemática, organizada de obtenção de conhecimento sobre o Universo. Esse conheci-
mento é condensado e refinado na forma de leis e teorias que podem ser testadas e comparadas com os experimen-
tos. Os resultados são refeitos, reexaminados de forma independente por outros cientistas e as leis e teorias são aper-
feiçoadas. Observe que não se trata de simples coleta de dados (informações). É necessário imaginação e criatividade
Os cientistas se vêem frequentemente forçados a abandonar ou modificar suas convicções sobre algum aspec-
to da realidade, embora nem sempre isso seja fácil. Tomemos um exemplo simples, o movimento de um bloco de
madeira em cima de uma mesa, ao qual se dá um pequeno empurrão de leve de modo que ele se mova sobre a mesa.
Aristóteles, um filósofo grego do século 3 antes de Cristo, concluiu a partir desse simples fato que o estado na-
tural de um corpo (o bloco neste caso) é o estado de repouso. Galileu, um físico italiano do século 16 depois de Cristo,
imaginou (e realmente fez vários experimentos) o que aconteceria se a superfície da mesa fosse muito lisa, como
se tivesse coberta por um óleo muito escorregadio. O bloco iria escorregar muito mais na mesa. Isso, argumentava
Galileu, deve-se à diminuição do atrito entre o bloco e a mesa quando o óleo é espalhado na superfície. Se a mesa
for realmente muito lisa, de modo que não haja atrito, o bloco deslizaria para sempre (supondo uma mesa sem fim).
Observe que ele não conseguiu eliminar totalmente o atrito nos experimentos, mas foi uma conclusão lógica.
O atrito está presente em qualquer sistema mecânico com partes móveis, mas muitas vezes podemos ignorá-lo em
primeira aproximação. Com essa nova abordagem para o movimento, Galileu iniciou a moderna concepção de movi-
A ciência faz com que percebamos o mundo de forma mais interessante, mais rica e, de certa forma, mais
próxima da realidade. Por exemplo, os antigos gregos acreditavam que o Sol era uma carroça puxada por um deus
chamado Hélio. O primeiro a oferecer uma explicação mais próxima do que sabemos do Sol hoje foi Anaxágoras, um
filósofo do quinto século antes de Cristo. Ele supôs que o Sol fosse uma bola de metal incandescente e por isso foi
processado por ofender as crenças religiosas de sua época. Hoje ninguém acharia razoável pensar no Sol como uma
Figura 3: Anaxágoras foi processado por pensar de forma diferente das crenças de sua época, quando se achava que
o sol podia ser representado por um deus. Com o avanço da ciência, algumas crenças foram caindo para dar lugar a
explicações mais próximas da realidade.
148
Na realidade, existe muito debate hoje sobre o que é ciência. Sem dúvida há muitas formas de se conhecer a
natureza. Todos os povos desenvolveram algum tipo de conhecimento técnico que os possibilitou construir habita-
ções, caçar, construir calendários etc. Mas o que habitualmente é chamado ciência é um tipo de conhecimento mais
específico. Uma fração considerável dos cientistas e professores diria que a ciência (no sentido usual do termo) se
1. A ciência é uma tentativa de descrever o mundo real, ou seja, o mundo que existe independentemente
do pensamento humano. Dentre as várias descrições possíveis desse mundo existe uma que é a melhor
dentre elas.
2. Uma teoria científica se aplica universalmente, em todos os tempos e lugares. Assim, a mesma teoria que
descreve o movimento do bloco numa mesa na Terra também descreveria o movimento de um bloco numa
mesa em Marte.
3. A ciência em si mesma é neutra, do ponto de vista moral. Um exemplo seria a dinamite: ela pode ser uti-
lizada por um terrorista e causar muito mal à humanidade, mas também pode ser utilizada para construir
um túnel ou na prospecção de petróleo que vai melhorar uma determinada comunidade ou país. Nesse
sentido, devemos distinguir entre a ciência, ela mesma, e a sua utilização pelas pessoas e pelos governos.
4. É possível que existam várias teorias distintas sobre o mesmo sistema ou objeto em estudo. Mas a tendên-
cia é que essas diversas teorias caminhem juntas para uma única teoria.
Teoria
Para as ciências, teoria seria uma síntese (conclusão) sobre um determinado assunto ou conjunto de fatos observacionais rela-
cionados, baseado em hipóteses que sejam passíveis de experimentação ou que gerem previsões que possam ser submetidas
a experimento.
O que chamamos ciência se divide em vários ramos. Vamos citar alguns deles:
Física: Consiste no estudo das leis que descrevem os aspectos mais fundamentais da Natureza, como espaço,
tempo, matéria, luz, calor etc. Tudo que existe no universo é descrito pelas leis da física, incluindo planetas, carros,
átomos, e outros sistemas físicos. Portanto, a física é o ponto de partida para muitas pesquisas sobre a natureza. Os
conceitos que a Física utiliza - espaço, tempo, matéria, energia etc. -, fornecem os fundamentos para vários outros
ramos da ciência.
Astronomia: É o estudo das estrelas, planetas e outros corpos celestes. Sempre foi (e hoje cada vez mais) arti-
Química: Toda a matéria no universo é composta de átomos. O estudo das suas combinações é o objeto da
Química. Esta ciência estuda também as reações químicas entre as substâncias, fenômenos que geram impactos em
Biologia: Estudo dos seres vivos. Os biólogos pesquisam a vida em todos os sistemas, desde os vírus e bactérias
Existem muitos outros ramos, tais como Geologia, Geografia, Economia etc.
Figura 4: Cada ramo da ciência possui um objeto de estudo próprio. A Química estuda a matéria, a Física estuda as
leis que regem a natureza e a Biologia estuda os seres vivos.
150
O céu de Ícaro e o céu de Galileu
A banda brasileira Paralamas do Sucesso, em sua bela canção ‘Tendo a Lua’, argumenta que o céu
de Ícaro tem mais poesia que o de Galileu. O céu de Ícaro é o céu dos mitos e do trágico. Ícaro
é filho de Dédalo que, entre outras coisas, fez asas de penas e cera para voar. Ícaro foi testá-las.
Desdenhou da recomendação de seu pai e, em sua vontade de explorar o desconhecido, se apro-
ximou demais do sol. O calor derreteu a cera, e ele se espatifou no mar, morrendo. O céu do físico
e astrônomo italiano Galileu Galilei (1564-1642) é aquele no qual o cientista, com telescópios e
satélites, observa o espetáculo das leis da física que regem o destino igualmente trágico do uni-
verso, cujo parto – junto com o nascimento do espaço e do tempo – se dá em uma explosão. O
céu de Galileu é jovem: começou a se delinear cerca de 500 anos atrás. Já em 1572, o astrônomo
dinamarquês Tycho Brahe (1546-1601), ao observar, na constelação de Cassiopeia, uma super-
nova (explosão de uma estrela massiva e moribunda), perturbava, de forma irreversível, a visão
clássica do céu como um lugar imutável. Galileu, apontando sua luneta para Júpiter e descobrin-
do o movimento elíptico de seus muitos satélites, abalou os fundamentos do cosmo como era
conhecido na Idade Média. Aquele pequeno sistema, movendo-se com as leis descobertas pelo
astrônomo alemão Johannes Kepler (1571-1630), tornava o céu mais complexo e interessante do
que se conhecia à época: nem todas as órbitas se davam em torno da Terra.
Já mencionamos que os cientistas utilizam instrumentos (telescópios, microscópios etc.) para explorar a na-
tureza. Chamamos tecnologia à atividade de aplicação das leis científicas para criar e aperfeiçoar instrumentos e
objetos. Por exemplo, um liquidificador é um eletrodoméstico que utiliza as leis básicas da física (da eletricidade e do
Dê uma olhada ao seu redor. É possível que haja uma televisão por perto, o local esteja iluminado por uma
lâmpada elétrica, as paredes estejam pintadas, você tenha visto umas fotos no computador e que alguém da sua
Você já pensou quanta tecnologia tem por trás de tudo isso? É possível que a energia elétrica que você utiliza ago-
ra tenha sido produzida na represa de Sete Quedas, no Paraná, e que tenha sido conduzida por centenas de quilômetros
até sua casa. A tinta que cobre as paredes foi desenvolvida em laboratórios químicos para ter propriedades adequadas
ao uso doméstico. A televisão recebe sinais que viajam pelo ar (as chamadas ondas eletromagnéticas) que são transfor-
mados em imagens na tela por intermédio de circuitos eletrônicos, permitindo que você veja um filme em casa.
Toda essa tecnologia é ainda muito jovem vista no contexto da história da humanidade. Tanto os princípios
científicos quanto as tecnologias que os utilizam foram desenvolvidos nos últimos 150 anos. Poderíamos acrescentar
a essa lista o automóvel, a penicilina, o avião, a internet, vacina contra o pólio etc.
Pólio
Também conhecida como poliomelite, é uma doença ocasionada por vírus que ataca principalmente crianças pequenas e
causa paralisia e deformações no corpo
Tudo isso é o resultado da aplicação dos princípios científicos básicos aos quais nos referimos anteriormente.
A relação entre ciência e tecnologia é de ida e volta. Os instrumentos e aparelhos são construídos por meio da
utilização das teorias científicas. Por outro lado, melhores aparelhos ajudam a fazer melhores experimentos e podem
Enumere três consequências positivas para a sua vida trazidas pela ciência. Enume-
re três consequências negativas para a sua vida de atividades relacionadas com o progres-
so tecnológico.
152
Seção 3
O Método Científico
Um dos grandes progressos da humanidade deu-se por meio do desenvolvimento de técnicas que pudessem
ampliar os sentidos com os quais fazemos observações. A invenção do microscópico e da balança (entre outros apa-
Surge então um conjunto de procedimentos que teriam como objetivo padronizar estas medidas e interpretá-
-las corretamente de forma a se construir uma teoria científica e até mesmo reformulá-la. Nasce então o Método
Científico.
Muitos autores afirmam que não existe um método exclusivo e único para se fazer ciência e que, muitas vezes,
o verdadeiro trabalho científico é muito menos formal, não sendo feito sempre de modo lógico e organizado. Estes
mesmos autores asseguram que uma investigação científica começa com a necessidade de resolver problemas, mas
todos são unânimes em afirmar que é sempre possível, após uma descoberta, construir um caminho lógico que a
confirme ou que a negue. Ou seja, se uma teoria não nasce inicialmente pela simples observação de um determinado
fato, com certeza sua veracidade será testada através de diversos experimentos científicos.
Nele você encontrará um excelente vídeo descrevendo um exemplo da aplicação do método científi-
co, mostrando suas etapas de modo divertido e claro.
Será que você, assim como o autor da frase, acredita que as descobertas científicas se deram apenas através de
mentes organizadas e treinadas e que o caminho destas descobertas é uma reta uniforme e constante?
Bom se você não concorda com Thomas Huxley não se chateie, uma vez que muitos outros pensadores pen-
sam como você. Eles acreditam que não é necessário uma lógica de outro mundo, incrivelmente precisa e altamente
Por exemplo, suponha que há alguns meses, você tenha comprado uma tartaruga chamada Ligeirinha e, com
o tempo, você percebe que Ligeirinha tem uma estranha percepção das condições climáticas. Quando a chuva se
aproxima, você percebe que Ligeirinha tenta entrar em casa, o que exige uma grande antecedência, uma vez que
Ligeirinha, apesar do nome, demora um grande tempo para vencer a distância entre o quintal e a porta da sua casa.
Com isso, você deduz que sempre que Ligeirinha tenta entrar em casa a chuva é iminente. Um dia você percebe Ligei-
rinha tentando entrar em casa e, imediatamente, se prepara para fechar todas as janelas. No entanto, você percebe
que o céu está bem claro e que existe um gato enorme de olho em Ligeirinha. Daí em diante, você imagina que a ação
pré-chuva de sua tartaruga é um sistema de alarme que, apenas geralmente, prevê uma chuva, mas que ocasional-
A sua estratégia para decifrar o mundo de Ligeirinha é semelhante à estratégia empregada pelos cientistas.
No início, você tomou a atitude de observação, sentindo (vendo, ouvindo, tateando ou provando), de alguma forma,
um padrão nos acontecimentos. Assim que percebeu uma modificação no comportamento de sua tartaruga, você
Figura 5: A observação das atitudes da tartaruga Ligeirinha é um exemplo de aplicação do método científico, no qual se
observam fatos para depois testá-los.
Fonte: http://www.sxc.hu/photo/1150376
154
3.1. As etapas do Método Científico
O médico e fisiólogo francês Claude Bernard percebeu que coelhos comprados em mercado apresentavam a
urina clara e ácida, característica de animais carnívoros. Como ele sabia que coelhos normais apresentavam urina tur-
va e básica por serem herbívoros, supôs que os coelhos do mercado não se alimentavam há muito tempo, e por isso
começaram a se alimentar de sua própria carne. Fez então uma testagem controlada com vários animais, variando seu
regime alimentar, dando a alguns alimentação herbívora, e a outros, carnívora. No final de tudo, concluiu que “em je-
jum todos os animais se alimentam de carne”. Vamos identificar então cada etapa do método aplicado neste exemplo:
Como você pôde observar, o Método Científico se apresenta como uma série de etapas:
4. Termina com a generalização e criação de um modelo ou teoria para explicar o fato observado.
De acordo com as figuras e o seu conhecimento em relação ao “método científico”, responda as se-
guintes questões:
Perdido na floresta
Certa vez um menino se perdeu na floresta. Como fazia frio, decidiu procurar material para atear fogo.
À medida que ia trazendo objetos para sua fogueira, observava que alguns queimavam e outros não.
Começou, então, a fazer a lista abaixo, relacionando os que queimavam e os que não queimavam.
Depois de algumas viagens, sua classificação continha as seguintes informações:
156
A partir dessa lista, ele tentou encontrar uma regularidade que a guiasse na procura de novos mate-
riais combustíveis, chegando à seguinte conclusão:
A frase descrita acima está associada diretamente a qual das etapas do método científico? Proponha
um experimento que pudesse contrapor a frase elaborada pelo menino.
Seção 4
Potências de dez
Como mencionamos na seção “Para início de conversa...”, muitas vezes temos que trabalhar com números mui-
to grandes ou muito pequenos. Por exemplo, a massa do Sol, em quilogramas, é de cerca de 2 seguido por 30 zeros!
Logo, escrever 2.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000 não é uma forma prática de se trabalhar. No trabalho cien-
tífico, muitas vezes, se utiliza a potência de dez ou notação científica, para facilitar essa escrita.
Por exemplo:
100 é igual a = 10 x 10 ou = 102 , ou seja, 10 elevado ao número de zeros que tem depois do 1, que são dois,
neste caso.
Assim, temos dez elevado ao expoente dois (ou dez ao quadrado), que é dez vezes dez, como já sabemos.
Outro exemplo: 1.000 = 10 x 10 x 10 = 103, ou seja, 10 elevado a terceira potência, que de novo é o número de
zeros (3) depois do 1.
100.000 = 105
e assim vai.
por:
1 0,1 10-1 de modo que aqui temos 10 elevado ao número de zeros na frente da vírgula, que é
10
um somente. Dizemos que temos 10 elevado ao expoente -1. Logo,
1 0,01 10-2
100
1 0,00001 10-5
100000
Vimos acima que a divisão de 1 por 10 equivale a colocar uma vírgula na frente do 1 e o resultado é 0,1. Mas se
27 = 2,7
10
Lembre que se um número for multiplicado e dividido ao mesmo tempo por outro, ele continua igual. Assim,
300 =
0.03 =
0.0001/0.001 =
158
Seção 5
Unidades
Você já observou que nos mercados os ovos são vendidos em dúzias, a carne em quilos, um fio em metros e o
leite em litros? É claro que todos têm que concordar com o que significa “um quilo”, senão haveria muita confusão no
comércio. Um quilo ou um metro são exemplos de unidades. Na Física, utilizamos o Sistema Internacional de Unida-
des. Nele, o comprimento é medido em metros (m), o tempo em segundos (s) e a massa em quilogramas (kg).
Figura 6: A padronização das medidas é essencial para que todos entendam o que está sendo dito. Por isso, no Sistema Inter-
nacional de Unidades, o comprimento é dado em metros, o tempo em segundos e a massa em quilogramas.
O seu relógio mede o tempo em horas. Cada hora tem 60 minutos e cada minuto tem 60 segundos. Nas olim-
píadas e nas corridas, muitas vezes os tempos são medidos em décimos ou em centésimos de segundo. Um décimo
é uma parte em dez do segundo e um centésimo é uma parte em cem do segundo.
Você já conhece alguns múltiplos do metro. Por exemplo, um quilômetro são mil metros. Um metro tem 100 centí-
metros. Ou seja, um centímetro é um centésimo do metro. Dizemos que centi é um prefixo que significa dividir por cem.
De forma similar, um quilograma é composto por mil gramas. Daí você percebe que quilo é um prefixo que
Sempre que fizermos operações com grandezas físicas (que tem que ter uma unidade que as acompanha)
temos que utilizar as mesmas unidades. Por exemplo, se você compra 80 cm de tecido e seu amigo compra mais dois
metros, vocês juntos têm 80 cm + 200 cm = 280 cm de tecido. Lembre-se que cada metro possui 100 cm. Mas você
Na linguagem do dia a dia, dizemos dois metros e oitenta centímetros, e está correto! Mas para somar duas
quantidades temos que utilizar as mesmas unidades em todos os elementos da soma. Não se pode somar centímetro
Lembre-se sempre que para fazer operações aritméticas de soma, subtração, multiplicação e divisão,
os valores devem apresentar a mesma unidade! Não pode somar metros com centímetros, nem quilo-
gramas com gramas, muito menos subtrair segundos de horas.
Além de comprimento, temos também área e volume. Dizemos que uma sala tem 16 m2 quando o seu com-
primento (em metros) multiplicado pela sua largura (também em metros) é igual a 16. Aqui a unidade é metros qua-
160
drados e quer dizer metro X metro. Por exemplo, se o comprimento da sala for 4 m e a largura também 4 m, a área da
sala é (4 m) x (4 m) = 16 m2.
Da mesma forma, temos a unidade de volume, que é dada em m3. Assim, você pode ouvir de um vizinho: tenho
uma caixa d’água que tem 4 m de comprimento, 3 m de largura e 2 m de altura. Dito isso, você já sabe que o volume
da caixa é de 24 m3 = (4 m) x (3 m) x (2 m). Você sabe também que a caixa d’água pode armazenar o volume de 24
Utilizando as unidades
Transforme 10 km em cm: ___________________
O conceito de ciência, como vimos no início do módulo, é o conceito central da unidade. A ciência trabalha com
as ideias de evidência experimental e consistência lógica. Elas nos acompanharão durante todas as unidades seguintes.
Resumo
Vimos que o método científico, de certa forma, está no nosso cotidiano, toda hora fazemos hipóteses e
tomamos decisões baseadas nessas hipóteses que são naturalmente refinadas em consequência do que
aprendemos no dia a dia.
As potências de dez simplificam a comunicação em ciência, um número enorme pode ser expresso com
facilidade.
E por fim, vimos que em física as unidades são fundamentais. Andar um metro é bem diferente de andar
um quilômetro.
Você acha que a astrologia pode ser considerada ciência? Veja a esse respeito um vídeo (legendas em portu-
Neste vídeo o celebrado astrônomo e divulgador da ciência mostra como o ser humano projeta suas angústias
e desejos no céu. As constelações são projeções das diversas culturas no céu, não tendo nenhum significado objetivo.
Imagens
• André Guimarães
mons license.
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• http://www.sxc.hu/photo/1150376
162
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• http://www.sxc.hu/photo/1223568
• http://www.sxc.hu/photo/481418
• http://www.sxc.hu/985516_96035528.
Atividade 1
São muitas as respostas possíveis. Positivas, podemos citar que atualmente se vive
muito mais tempo, com muito mais conforto (pense na luz elétrica, água encana-
Atividade 2
Os quadrinhos II e III uma vez que eles representam, através de uma balança, um
Atividade 3
A frase representa uma lei (ou teoria). No entanto, bastaria ele fazer um novo expe-
rimento para refutar esta hipótese como, por exemplo, a queima de pedaço de
300 = 3 x 102
0.03 = 3 x 10-2
Atividade 5
3 min = 3 x 60 s = 180 s
5 kg = 5000 g = 5 x 103 g
8 l = 800 cl
500 cg = 5 g
164
O que perguntam por aí?
Questão 1
(ENEM 2009)
Na linha de uma tradição antiga, o astrônomo grego Ptolomeu (100-170 d.C.) afirmou a tese do geocentrismo,
segundo a qual a Terra seria o centro do universo, sendo que o Sol, a Lua e os planetas girariam em seu redor em
órbitas circulares. A teoria de Ptolomeu resolvia de modo razoável os problemas astronômicos da sua época. Vários
séculos mais tarde, o clérigo e astrônomo polonês Nicolau Copérnico (1473-1543), ao encontrar inexatidões na teoria
de Ptolomeu, formulou a teoria do heliocentrismo, segundo a qual o Sol deveria ser considerado o centro do univer-
so, com a Terra, a Lua e os planetas girando circularmente em torno dele. Por fim, o astrônomo e matemático alemão
Johannes Kepler (1571-1630), depois de estudar o planeta Marte por cerca de trinta anos, verificou que a sua órbita é
a. Ptolomeu apresentou as ideias mais valiosas, por serem mais antigas e tradicionais.
c. Copérnico viveu em uma época em que a pesquisa científica era livre e amplamente incentivada pelas
autoridades.
d. Kepler estudou o planeta Marte para atender às necessidades de expansão econômica e científica da
Alemanha.
e. Kepler apresentou uma teoria científica que, graças aos métodos aplicados, pôde ser testada e generalizada.
Comentário: A primeira lei de Kepler afirma que todas as órbitas são elipses com o Sol em um dos focos. É uma
166
A vida em
movimento
Para Início de conversa...
De modo geral, sempre ouvimos falar que praticar atividades físicas aju-
da na boa manutenção da saúde. Ao começar a prática de uma atividade física,
devemos procurar um médico para que ele possa indicar a melhor maneira de
se entrar nesse estilo de vida. Geralmente é recomendado para os sedentários
que se comece com uma caminhada leve de 30 minutos a 1 hora e reeducação
alimentar, se necessário. Ultrapassada essa fase, recomenda-se o aumento grada-
tivo da intensidade da atividade. Agora o praticante já pode correr aumentando o
esforço e a velocidade de sua prática esportiva.
Objetivos de aprendizagem
Quando dissemos, no início desta unidade, que se recomenda o aumento da intensidade e da velocidade, você
percebeu que a corrida ou caminhada deve se dar de maneira mais rápida, e isso é o que está por trás do conceito de
Por exemplo, suponha que você se desloque de sua casa para o trabalho de bicicleta. Como você faria para
percorrer esse trajeto mais depressa? Uma possível solução, que depende do trânsito, seria usar um veículo motoriza-
do. Todas as possíveis soluções para este problema têm em comum o fato de encurtar o intervalo de tempo gasto no
trajeto. Isto é, quanto menos tempo se gasta em um determinado caminho, mais rápido o percorremos, ou seja, maior
será a sua velocidade. Dizemos que grandezas que se comportam dessa forma são inversamente proporcionais: en-
Para medir distância, podemos usar o metro (m), o quilômetro (km), o centímetro (cm), entre outros. Já para medir
o tempo podemos usar a hora (h), o segundo (s), o dia (um dia vale 24h = 24x60 min = 24x60x60 = 86400s). Entretanto,
seguiremos o sistema internacional de unidades (S.I) que utiliza o metro e o segundo para esses casos. No fundo, a esco-
lha de unidades dependerá, em um problema prático, da conveniência de se usar essa ou aquela unidade.
168
Unidades de Medidas
A unidade de medida é um valor padrão que utilizamos para mensurar as coisas. Por
exemplo, o metro não tem uma razão específica para ter o comprimento que tem, foi apenas
uma distância que se achou conveniente para se ter como padrão para medir objetos.
Mas imagine que você tem que medir o comprimento de seu dedo com um bastão
de 1 metro. Parece uma tarefa impossível. Para dar conta desse problema, dividimos o metro
em 100 partes iguais chamadas centímetros que servem para medir distâncias pequenas.
Ou então medir a distância entre duas cidades com o mesmo bastão, haja paciência e tem-
po! Por isso, multiplicamos o metro por 1000, chamado quilômetro (km), o que deixa essa
tarefa menos tediosa. Não é à toa que o odômetro dos carros mede distâncias em km.
km = 1000 m).
Imaginemos que um iniciante em atividades físicas esteja caminhando perto de sua casa (veja Figura 2). Diga-
mos que ele dê 2 passos a cada segundo e que cada passo meça precisamente 1 m. Qual seria a sua velocidade em
Metros por segundo é a unidade que devemos utilizar para essa velocidade, pois estamos falando da razão
entre uma grandeza medida em metros e outra medida em segundos. Sem fazer nenhum tipo de conta no papel,
Veja: se uma pessoa imprime uma velocidade de 2 passos por segundo, e cada passo mede 1 metro, essa pes-
soa caminha a 2 metros por segundo (v = 2 m/s). Entretanto, poderíamos fazer essa mesma pergunta de outra forma.
Digamos que essa pessoa dê 12 passos a cada 6 segundos medidos no cronômetro. Quanto valeria a sua velocidade?
deslocamento
v=
tempo
12 x1= 12m
12
v= = 2m / s
6
Note que a velocidade encontrada é a mesma da situação anterior. Nós apenas aumentamos o intervalo de
tempo de 1 para 6 segundos, contando o número de passos decorridos, que aumentaram proporcionalmente. Pode-
mos dizer também que essa mesma pessoa dava 10 passos a cada 5 segundos, ou 20 passos a cada 10 segundos. Inú-
meros exemplos são possíveis para essa mesma velocidade, inclusive com unidades diferentes das usadas. Podemos
Essa é uma primeira ideia do conceito de velocidade. Devemos entender que essa pessoa pode variar o ritmo
da caminhada, fazendo com que a velocidade varie. Digamos que durante todo o trajeto esse indivíduo percorreu 5
km (ou 5000 m) e levou 1 hora (ou 3600 segundos). Com esses valores, podemos calcular a sua velocidade:
5000
V= = 1,39m / s
3600
170
Isso não significa que a pessoa percorreu todo esse trajeto com essa velocidade. Na verdade, muitas coisas po-
dem ter ocorrido: ele pode ter diminuído o ritmo, imprimindo menos passos por segundo; ter diminuído a distância
entre as passadas ou até mesmo parado para tomar uma água de coco no caminho. Enfim, a velocidade que obtive-
mos para esse exemplo é apenas um valor que caracteriza, na média, a velocidade num certo caminho. Vamos agora
apresentar a expressão que nos fornece a velocidade média desenvolvida em determinado percurso:
Lembre-se do exemplo que discutimos anteriormente. Aquele em que consideramos que uma pessoa caminhe
a uma velocidade de 2 passos a cada segundo. Esta velocidade também representa uma velocidade média relativa ao
movimento da pessoa. Entretanto, como o intervalo de tempo em questão é de apenas um segundo, podemos pen-
sar que a velocidade desenvolvida pela pessoa corresponde à velocidade que ela, de fato, obtinha naquele instante.
Imagem estroboscópica
Na imagem a seguir, temos vários momentos distintos do movimento de uma bilha de aço que rola sobre
um trilho de alumínio.
Uma solução é tirar várias fotografias, espaçadas em intervalos iguais de tempo, assim como fizemos
na Figura 2 (e na figura anterior). Nesta, temos uma sequência de quatro fotografias, tiradas uma a cada
segundo e “coladas” em uma mesma imagem. Chamamos este tipo de figura de imagem estroboscópica.
Repare que na figura da atividade 1 (mais à frente) as distâncias entre duas imagens sucessivas da boli-
nha são sempre iguais. Isso indica que a velocidade da bolinha praticamente não se altera. Ainda mais, a
velocidade média da bolinha para qualquer par de imagens escolhida será a mesma.
Sabendo que cada uma das fotos da imagem estroboscópica acima (da bilha) foi
tirada em intervalos de tempo iguais a 0,1 s, calcule a velocidade média entre os pontos:
a) A e B; b) C e D; c) B e E; d) A e F.
Suponha que você more a uma distância de 20 km do trabalho. Se o tempo que você
levou para percorrer esta distância foi de 30 min, calcule a velocidade média da sua viagem.
172
“Deixa Cair”
Uma menina solta uma pedra de sua mão. As fotos estão espaçadas por um interva-
da menina, sabendo-se que cada uma das fotografias da pedra nesta figura está
espaçada em 0,1 s.
Para cada um dos quatro intervalos do item anterior, calcule quanto a velocida-
1,0 cm/s e no intervalo seguinte ela passa a valer 5,0 cm/s, o aumento foi de 4,0
locidade calculada aumenta conforme a pedra cai, diferentemente do que vimos na figura da Atividade 1, em que a
velocidade foi a mesma em todos os casos. Esses dois tipos de movimento são bastante diferentes. O primeiro deles,
aquele em que a velocidade não se alterou (da Atividade 1), é o que chamamos de movimento uniforme. Já o segun-
do caso, em que a velocidade se modifica (da Atividade 3), é o que chamamos de movimento variado.
Todo movimento em que o valor da velocidade do objeto se modifica é chamado de movimento variado. O
segundo caso apresentado, no qual a velocidade aumenta regularmente (isto é, em intervalos de tempo iguais, a ve-
locidade aumenta sempre da mesma quantia), é somente um caso particular de movimento variado, que chamamos
de movimento uniformemente variado. Mais à frente, trataremos este tipo de movimento com mais detalhes. Vamos
agora introduzir de maneira mais precisa os conceitos de posição e deslocamento, juntamente com os gráficos de
Seção 2
Posição, Deslocamento e Gráficos
Para discutir os conceitos de posição e deslocamento, vamos começar distinguindo os diferentes tipos de mo-
Figura 4: Exemplo de movimento em uma única dimensão (formiga na corda), em duas dimensões (formiga sobre o chão de
cimento fresco) e em três dimensões (voo de um pássaro).
Em linha reta (ou unidimensional), como uma formiga andando sobre um corda;
174
em um plano (ou bidimensional), como o movimento de uma formiga sobre um piso com cimento fresco;
vamos nos restringir ao movimento em uma linha reta (unidimensional), como na Figura 5.
Para começar a análise do movimento em uma linha reta (movimento retilíneo), é importante que a linha em
questão possua marcações, para que possamos determinar em que posição se encontra um dado objeto. Entretanto,
devemos escolher um ponto especial, que chamaremos de origem (ou marco zero), e a partir deste ponto marcare-
Figura 5: Movimento em uma linha reta (uma dimensão). Escolhendo origens distintas, as posições marcadas na reta se mo-
dificam. Entretanto, o deslocamento (distância entre dois pontos) não se altera, conforme podemos constatar pela distância
entre os pontos A e B. Em ambos os casos, a distância entre estes pontos vale 2.
É importante ressaltar que quando fazemos isso todas as posições marcadas são relativas à origem que esco-
lhemos. A escolha de outra origem altera o valor da posição de todos os pontos (veja a Figura 5).
Outra grandeza importante, relacionada à posição, é o deslocamento. O deslocamento percorrido por um cor-
po em certo intervalo de tempo é a diferença entre a posição ocupada pelo corpo ao final deste intervalo de tempo e
Por exemplo, se quisermos obter o deslocamento percorrido por um objeto que vai do ponto A ao ponto B da
Figura 5, temos que subtrair sua posição final (em B) da sua posição inicial (em A). Repare que, considerando a origem
Δs=B - A = 3 - 1 = 2
Se repetirmos o procedimento considerando a origem indicada no item (b) desta mesma figura, também obteremos:
Δs= B - A = 5 - 3 = 2
Isso significa que o deslocamento percorrido por um corpo não depende do ponto que escolhemos para ser a
Formalizando um pouco mais o que acabamos de ver, podemos escrever, então, para um caso mais geral que
Δs= Sf - S1
onde temos que o deslocamento (dado pela variação no espaço Δs) é igual à posição final (dado por Sf ) menos
Vamos agora iniciar uma nova discussão. Como podemos caracterizar o movimento de um certo corpo? Para ilus-
trar como fazer isso, considere o movimento estroboscópico representado na figura da atividade 1 (repetida a seguir).
Figura 6: Imagem estroboscópica do movimento de uma bilha sobre um trilho de alumínio apresentada na Atividade 1.
Podemos construir uma tabela que forneça a posição do objeto em diferentes instantes de tempo. Sabendo
que cada par de fotos sucessivas nesta figura está separada por um intervalo de tempo igual a 0,1 segundo, a tabela
desejada terá a seguinte forma (escolhemos o ponto A da figura como sendo a origem):
176
Lembre-se de que o espaçamento temporal entre fotos sucessivas é sempre igual. Entretanto, essas imagens
estroboscópicas têm em comum mais uma propriedade. A distância entre duas fotos sucessivas também é igual. Po-
É bastante comum o uso de tabelas para representar o movimento de certo corpo. Outra maneira muito co-
mum de representar o movimento de um objeto é fazendo uso de gráficos. Utilizando a tabela, podemos construir
um gráfico que dispõe a posição do objeto como função do tempo. A construção de um gráfico lembra um jogo
Cada ponto do gráfico corresponde a dois números: o primeiro deles está relacionado à coordenada horizon-
tal, e o segundo, à coordenada vertical (a mesma coisa acontece no caso da batalha naval. Neste caso, a letra escolhida
Repare que as curvas representadas no gráfico da Figura 7 correspondem ao movimento uniforme. Podemos
ver isso de duas maneiras. A primeira delas vem do movimento estroboscópico associado a essas curvas. Em interva-
Figura 7: Dois gráficos S x t. Temos duas curvas distintas, correspondentes ao movimento de dois corpos distintos.
No gráfico, isso se reflete da seguinte forma: a curva associada ao movimento do objeto será uma reta. Per-
ceba, entretanto, que, embora ambos os movimentos sejam uniformes, as retas associadas ao movimento de cada
um deles têm inclinações distintas. O movimento estroboscópico em que a distância entre duas fotos consecutivas
é maior corresponde à reta mais inclinada. Não é mera coincidência. Objetos que possuem grandes velocidades per-
correm uma distância maior num pequeno intervalo de tempo. Isso nos permite concluir que a velocidade de um
objeto está diretamente relacionada à inclinação da curva do gráfico associado ao seu movimento. Quanto maior a
inclinação, maior será o valor da velocidade de um corpo. O motivo disso é que uma reta mais inclinada indica que
o corpo percorre um grande deslocamento num pequeno intervalo de tempo, enquanto uma reta menos inclinada
Considerando que os gráficos a seguir têm eixos com mesmos valores de tamanho,
a qual das curvas corresponde o movimento do corpo mais rápido?
178
Para o movimento estroboscópico da figura a seguir, construa:
a. Uma tabela que disponha, para cada intervalo de tempo, a posição do objeto,
sabendo que imagens consecutivas da bolinha estão separadas por um inter-
valo temporal de 0,1 s, que as marcações estão separadas por 5 cm e que o “0”
indicado na figura é a origem.
b. Um gráfico de S x t.
Seção 3
Saindo pela tangente
Na figura 8, temos um gráfico de posição contra tempo, de dois grandes recordistas numa corrida de 100 me-
Perceba que um movimento não idealizado é consideravelmente mais complicado do que os casos que ana-
lisamos até o momento. As curvas no gráfico S x t acima não são linhas retas, o que nos permite caracterizar o movi-
mento como sendo não uniforme. Mesmo assim, apenas com o gráfico de S x t podemos comparar as velocidades dos
Para que possamos fazer tais comparações, vamos apresentar a ideia de velocidade instantânea, isto é, a velo-
cidade que o objeto possui num momento exato. Por exemplo, imagine que você está acompanhando o velocímetro
de um ônibus, conforme ele viaja. Se você quiser saber a velocidade do mesmo em determinado instante, basta ler a
marcação no velocímetro. De maneira um pouco mais formal, dizemos que a velocidade instantânea corresponde à
velocidade média de um certo corpo num intervalo de tempo muito pequeno, porque, sendo esse tempo muito pe-
queno, não há tempo para a velocidade variar consideravelmente. Primeiramente, lembre-se de que, em um gráfico
S x t, associamos a velocidade do corpo à inclinação da reta. Podemos estender este conceito para o caso em que a
curva relacionada ao movimento de um corpo não seja uma reta. Neste caso, temos que considerar a reta tangente a
Daremos a você um pequeno conjunto de instruções, que permite que você mesmo seja capaz de traçar uma
reta tangente a uma curva em um certo ponto qualquer da mesma. Conforme veremos, este procedimento é bastan-
180
te simples. Considere a curva e o ponto A pertencente à mesma. Ambos estão representados na Figura 9.
Figura 9: Uma curva e um ponto A pertencente à mesma. Desenhando um ponto muito próximo a A (indicado pela seta ver-
melha), somos capazes de traçar a reta tangente à curva no ponto A (é a reta que passa por ambos os pontos).
Se quisermos traçar a tangente à curva no ponto A da Figura 9, desenhamos um segundo ponto, que esteja
bastante próximo do primeiro. Agora só precisamos traçar uma reta que passe pelo ponto A e pelo ponto próximo a
3. Trace uma reta que passa pelos dois pontos, e esta será a reta tangente.
Observação: Repare que, na verdade, o que temos é uma aproximação de uma reta tangente. A reta verda-
deiramente tangente precisa ser construída utilizando-se um ponto extremamente (infinitesimalmente) próximo ao
ponto original. Entretanto, esses conceitos estão associados ao cálculo diferencial e integral, e portanto não nos apro-
fundaremos neles.
Agora que sabemos como traçar uma reta tangente a um ponto qualquer de uma curva, introduzimos a ideia
de velocidade instantânea como sendo uma medida da inclinação da reta tangente à curva no instante desejado.
Isso significa que podemos comparar as velocidades instantâneas em dois pontos quaisquer de uma curva, mesmo
que ela não seja uma reta. A curva que possuir uma inclinação maior (isto é, aquela onde o ângulo formado pela reta
182
Pegando um ônibus
v (km/h) t(s)
0 0
2,5 1
10 2
22,5 3
40 4
obtida é maior?
Seção 4
Acelera, coração!
Conforme discutimos anteriormente, os movimentos reais, não idealizados, são muito mais complicados do
que os casos simples que estudamos até aqui. O movimento de um velocista ou mesmo de um ônibus, por exemplo,
não se dá à velocidade constante. O que vemos, na verdade, é que a velocidade se altera conforme o tempo passa
Lembre-se do que discutimos quando introduzimos o conceito de velocidade. Interpretamos este conceito
como sendo a rapidez com que a posição de um corpo se altera. Podemos associar à velocidade uma grandeza muito
parecida. A rapidez com que a velocidade de um corpo se altera à medida que o tempo passa é o que chamamos de
aceleração. Para ilustrar de maneira simples este conceito, vamos voltar a analisar um dos tipos de movimento mais
Lembre-se agora de como montamos a Tabela 1. Podemos construir uma tabela (Tabela 2) semelhante a esta,
com base na Figura 10, e a partir desta tabela obter o gráfico S x t do movimento da pedra em queda (veja a Figura 11).
5,0 0,1
20,0 0,2
45,0 0,3
80,0 0,4
Agora podemos calcular a velocidade média para os intervalos de décimo de segundo representados no gráfi-
co da Figura 11. Para os intervalos, temos (veja a Atividade 1, onde foi montada a tabela do movimento) as seguintes
184
Figura 11: Gráfico da posição da pedra como função do tempo, para o movimento da pedra na imagem estroboscópica da Figura 10.
De posse dessas velocidades, podemos dispor de um gráfico da velocidade média como função do tempo.
Perceba que a cada décimo de segundo (por exemplo, de 0,1 para 0,2 ou de 0,3 para 0,4) a velocidade é au-
mentada de 100 cm/s (excetuando-se o intervalo de 0 a 1 décimos de segundo). Quando o aumento na velocidade
é igual para intervalos de tempo iguais, dizemos que o movimento é do tipo movimento uniformemente variado
(MUV). Repare que a aceleração é a taxa com que a velocidade varia no tempo. Deste modo, podemos concluir que
o MUV corresponde a uma aceleração constante, ou seja, que não varia no tempo. Uma vez com a Tabela 3 em mão,
Repare que a curva correspondente ao MUV no gráfico v x t é uma linha reta. Novamente frisamos que até mesmo
o MUV é uma espécie de movimento idealizado. Excetuando-se a queda livre nas proximidades da superfície da terra,
velocidade dos corredores Usain Bolt e Richard Thompson como função do tempo, na corrida de 100 metros rasos.
Vamos começar esta discussão construindo uma tabela referente a velocidade e tempo para o movimen-
to da bilha da primeira figura da Atividade 1, como na Tabela 2.
Com a tabela em mãos, fica fácil construir um gráfico de v x t (veja na figura a seguir).
Repare que a curva correspondente a este movimento é uma linha reta horizontal. E mais, veja que, se
calcularmos a área do retângulo formado, obteremos o seguinte:
186
Área = base x altura = 0,5s x 50cm/s = 25cm
que é exatamente a distância total percorrida pela bilha. Isso não é mera coincidência. Veja que a base
deste retângulo é medida em segundos (já que o eixo horizontal é o eixo do tempo), e a altura é medida
em m/s (porque o eixo vertical é a velocidade). Quando calculamos a área do retângulo, estamos multi-
plicando o intervalo de tempo pela velocidade:
cm/s x s = cm
Mesmo nos casos em que a curva correspondente ao movimento do objeto no gráfico v x t não for uma
reta, ainda podemos aplicar a mesma técnica. O fato é que, no gráfico v x t, a área sob a curva será o des-
locamento percorrido pelo corpo, mesmo que não saibamos como calculá-la.
Finalmente, pelo conceito apresentado de aceleração, podemos escrever a seguinte equação para a mesma:
∆V
a=
∆t
Isto é, a aceleração é a razão entre a variação da velocidade (Δv) em determinado intervalo de tempo (Δt). Devido
ao fato de medirmos velocidade em m/s e tempo em s no SI, a unidade de aceleração do SI é (m/s)/s = m/s x 1/s = m/s².
Seção 5
Queda Livre e o MUV
Discutiremos o problema de queda livre como o exemplo maior do MUV. Lembre-se do que vimos na seção
anterior. Sob certas condições, a queda de um corpo corresponde a um movimento de aceleração constante. Chama-
mos esta aceleração de aceleração da gravidade (g). O valor da aceleração da gravidade é de aproximadamente 9,8
http://www.youtube.com/watch?v=KDp1tiUsZw8
Ao final da última caminhada na superfície lunar feita pela equipe da Apolo XV, o comandante David
Scott faz a seguinte experiência: diante das câmeras, ele larga ao mesmo tempo uma pluma e um
martelo. Conforme podemos constatar, ambos os corpos atingem o solo ao mesmo tempo. Esse vídeo
serve como justificativa para a afirmativa de que a Lua não possui uma atmosfera (o que não é de todo
verdade; a diferença essencial, além das composições diferentes de gases, é que a atmosfera da Lua é
consideravelmente menos densa que a da Terra).
Vamos abordar outras informações acerca do MUV. Lembre-se de como construímos o gráfico de S x t para a
queda da pedra na Figura 11. Perceba que a posição S como função do tempo obedece à seguinte equação:
1
S = gt 2
2
onde g é a aceleração da gravidade (g = 10 m/s²) e t indica tempo. É simples verificar isso. Utilizando uma calcu-
ladora, veja que, se substituirmos g = 10 m/s² na equação e os valores de tempo t = 0, 0,1, 0,2, 0,3 e 0,4 s, obteremos:
S(0) = (½) 10 x 0² = 0 m
Que são exatamente os valores das posições ocupadas pela pedra na Figura 10.
Sempre que um objeto executar um MUV, sua posição exibirá um comportamento quadrático no tempo. Já
com respeito à velocidade, como vimos anteriormente, existe uma relação linear com o tempo. Como seria a forma da
188
curva da aceleração em função do tempo?
Bem, podemos construir uma tabela, como nos outros casos, dos valores da aceleração para intervalos iguais
de tempo. Entretanto, conforme vimos, a aceleração no MUV é constante, o que facilita muito na hora de construir o
gráfico a x t.
Podemos perceber que a forma da curva, nesse gráfico, é a de uma linha reta horizontal (paralela ao eixo do
tempo), pois à medida que o tempo passa o valor da aceleração não se altera.
Por fim, podemos resumir o MUV da seguinte maneira: no MUV, a velocidade do corpo se altera. Entretanto, a
variação de velocidade do corpo, em um mesmo intervalo de tempo, será sempre igual (basta se lembrar do que ob-
servamos no exemplo da Seção 4. Naquele caso, a velocidade média em janelas temporais iguais aumentou sempre
Lendo na régua qual foi a marcação onde você a agarrou, você será
capaz de dizer o quanto a régua caiu (um exemplo típico seria algo
em torno de 20 cm). Finalmente, utilizando a fórmula S = 5t² (onde
já utilizamos g = 10 m/s² para o valor da aceleração), você saberá
aproximadamente o quão rápido é o seu reflexo.
Resumo
Nessa unidade adentramos o estudo da cinemática, onde aprendemos conceitos como velocidade e acelera-
ção. Podemos definir a velocidade como sendo a rapidez com que um corpo se move. Matematicamente, traduzimos
como a razão entre a distância percorrida por um corpo e o tempo gasto nesse trajeto. Mas bem sabemos que essa é
a velocidade média. Existe outro conceito de velocidade, que é a velocidade instantânea. Essa exprime o quão rápido
seja, o quão rápido um corpo varia a sua velocidade. De certo, a grande maioria dos movimentos que presenciamos
em nosso cotidiano não é constante ou uniformemente variado. A aceleração varia também, entretanto, todo estudo
de física, ou até mesmo de ciências, é uma adaptação de simplificação da realidade. E isso nos permite prever e con-
Veja Ainda
Apesar de termos estudado os conceitos de velocidade, posição, deslocamento etc., há um conceito muito
Talvez você já tenha ouvido alguém dizer, em tom informal, que “tudo é relativo”. Esta frase estabelece a ideia
de que não há valores fundamentais por si mesmos, e sim que os valores se estabelecem de uma certa perspectiva.
Não entraremos nos pormenores do relativismo cultural, mas focaremos na relatividade de Galileu.
Sugerimos que aprecie um vídeo que conta um pouco da história de Galileu Galilei, tido por muitos como o pai
http://www.youtube.com/watch?v=m84brvmGgs0
Galileu foi um pesquisador bastante prolífico. Dentre os diversos assuntos estudados por ele, o movimento dos
corpos tem um papel fundamental. Podemos, inclusive, atribuir a ele a criação da física recente. Dizemos isso por que
ele foi o primeiro a associar a física a constantes práticas experimentais. Antes dele, os filósofos gregos já elaboravam
uma série de modelos complexos. Entretanto, pouquíssimos deles confrontavam as proposições de seus modelos
experimentalmente.
A ideia é a seguinte: imagine que você está viajando no banco do carona de um carro. Olhando para o mo-
torista, você deve ter a nítida impressão de que ele está em repouso, assim como você. Ao olhar pela janela e focar
num poste, entretanto, o mesmo lhe dará a impressão de se mover. Quando questionado a respeito do estado de
“Eu, o carro e o motorista é que estamos em movimento. Os postes estão presos ao chão, então são eles que
À luz da relatividade galileana, esta seria uma resposta equivocada. Sempre que dizemos que um objeto está
190
em movimento, devemos dizer também em relação a qual outro corpo (que chamaremos de referencial) este movi-
mento se dá. Dizemos então que a velocidade do corpo que estamos estudando é sempre relativa a um referencial.
Quando você imagina que o poste está em repouso, lembre-se de que na verdade o poste, você e todas as pessoas
que você conhece estão no planeta Terra. Este, por sua vez, movimenta-se em nosso sistema solar, com uma velocida-
de de cerca de 30 km/s em relação ao Sol. Deste modo, sempre que dissermos que um objeto possui certa velocidade,
devemos ter em mente que esta velocidade é relativa a um determinado referencial, mesmo que não falemos isso
explicitamente. Assim, o conceito de referencial é fundamental em física. Veremos no próximo módulo a relação que
8 1. Suponha que uma pessoa M esteja sentada em um ônibus que se move em relação à
b. E em relação à pessoa M?
2. Uma pessoa, em um carro, observa um poste na calçada de uma rua, ao passar por ele.
3. De acordo com as ideias da física atual (nem tão atual assim, pois sabemos disso desde
Referências
HEWITT, Paul. Física Conceitual, 9ª. Edição. Porto Alegre: ARTMED Ed., 2002
LUZ, Antonio Máximo Ribeiro da e ÁLVARES, Beatriz Alvarenga. Curso de física. São Paulo: Scipione. 2007.
Boa, M. F. & Guimarães, L. A. Física: Termologia e óptica Ensino Médio São Paulo: Harbra, 2007
• André Guimarães
• http://www.sxc.hu/photo/1239807.
• http://www.sxc.hu/photo/956386.
• http://www.sxc.hu/photo/1056593.
• http://www.sxc.hu/985516_96035528.
192
Atividade 1
c. Como estudamos nesse início de aula, a velocidade média é uma razão entre o
espaço percorrido, pela esfera de aço, e o tempo que ela levou para percorrer
essa distância. Logo, entre os pontos A e B temos d = 5,0 cm e t = 0,1 s. Note que
tempo gasto para a esfera percorrer 5,0 m. Logo, temos: Vm = 5 / 0,1 = 50 cm/s.
fotos, cujo intervalo de tempo entre elas é de 0,1s. Portanto, teremos a mesma
c. Entre os pontos B e E temos três fotos, logo 3 x 1,0 = 0,3 s para o tempo e 15,0 cm
d. Entre os pontos A e F vemos que ocorreram 5 fotos, ou seja, toda a imagem es-
Atividade 2
Nesse caso, não poderemos dividir o espaço pelo tempo indiscriminadamente. Você
já viu alguma velocidade cuja unidade era dada em km/min? Muito provavelmente não!
Vamos dar essa resposta em km/h e para isso temos que passar 30 min para hora. Bem, 1 h
tem 60 min, logo 30 min nada mais é que 0,5 h. Agora basta aplicarmos a definição: Vm =
20/0,5 = 40 km/h.
pidamente. Podemos notar que a primeira distância vale 5 cm, e o tempo que a
bolinha levou para percorrer essa distância é de 0,1 s (esse tempo é igual para
todo percurso consecutivo de bolinhas). Logo, Vm1 = 5/0,1 = 50 cm/s. Para o se-
gundo, Vm2 = 15/0,1 = 150 cm/s. Você já deve ter notado que, nesse caso, basta
dividir a distância entre uma foto e outra pelo tempo, que é de 0,1! Daí teremos
b. Note que há aumento de 100 cm/s na velocidade em cada passo que damos no
tempo! Isso gera uma aceleração de 100 cm/s2, como veremos na próxima seção.
Atividade 4
Isso nos mostra que, para intervalos iguais de tempo, o móvel desse gráfico percorre uma
194
Atividade 5
a.
Tempo (s) Distância (cm)
0,0 0
0,1 5
0,2 10
0,3 15
0,4 20
0,5 25
b.
Atividade 6
Note que na imagem acima traçamos uma reta tangente em cada ponto. Com essa
reta podemos comparar as velocidades em cada um desses instantes. O que tiver a maior
a.
b. No instante t = 3 s.
Atividade 8
1.
a. Em movimento.
b. Parada.
3. O Sol, pois supunha que a Terra e os demais planetas do Sistema Solar estavam em mo-
196
O que perguntam por aí?
Atividade 1 (ENEM 2011)
Resposta: Por eliminação, podemos marcar o item d nesta primeira atividade. Entretanto, vale a pena enten-
der a afirmação deste item. Ele afirma que a régua sofre a ação de uma força Peso constante, isto é, que não varia no
decorrer de sua queda. Ainda não discutimos o conceito de forças (veja a Unidade 2), mas sabemos que a aceleração
ar). Na Unidade 3 vamos associar a Resultante das forças que atuam sobre um corpo com a aceleração adquirida por
ele (Segunda Lei de Newton), de modo que a resposta a esta atividade ficará ainda mais clara, uma vez que o leitor
198
Eu tenho
a força!
Para Início de conversa...
Você já praticou musculação? Se a resposta for positiva, você deve ter visto
na sua academia algumas pessoas bastante fortes, capazes de erguer uma carga
bem acima do que uma pessoa normal é capaz (isto se você mesmo já não se
traçaremos relações entre o movimento dos corpos e as forças que agem neles.
Associar a força peso à interação entre o planeta Terra e os objetos que nele residem;
200
Seção 1
Forçando a barra
Bem, no início desta unidade, vimos que empregamos constantemente a palavra força no nosso dia a dia. Um
outro exemplo do emprego desta palavra em nosso cotidiano é quando pedimos uma força para um camarada. Na
Física, associamos a palavra força à interação entre os corpos. Eventualmente, as forças que atuam num determinado
Existe uma categoria de forças que atuam mesmo que os corpos em questão estejam separados por uma
certa distância. É o caso, por exemplo, da força de atração entre um prego e um ímã. Mesmo quando estão um pouco
distantes um do outro, o prego e o ímã atraem-se mutuamente, mesmo que estivessem em uma câmara evacuada
Chamamos esta interação, entre o ímã e o prego, de força magnética. Forças como a magnética, que atuam
mesmo que os corpos não estejam em contato direto, são chamadas de forças de campo. Outros exemplos de forças de
campo são a força peso (a força de atração gravitacional entre a Terra e todos nós), a força eletrostática e a força nuclear.
Para dar prosseguimento aos nossos estudos, é importante que saibamos como podemos medir na prática
uma força. Para fazer isto, utilizaremos um dispositivo composto por um tubo, com uma gradação em milímetros em
seu exterior e em seu interior uma mola, tal como pode ser visto na Figura 3. Chamamos este tipo de aparelho, que
de um peixe capturado.
Gradação
Gradação – marcação de unidades de medida em um determinado objeto, como em uma régua onde há a marcação de cada
milímetro, ou em uma balança onde há a marcação de cada grama.
Figura 3: Imagens de um dinamômetro com diferentes pesinhos. Cada um dos pesinhos tem 100g de massa. Podemos ver
também a marcação apontada pelo dinamômetro, conforme vamos acrescentando os pesinhos, de um em um.
Utilizando alguns pesinhos, cada um de 100 gramas, realizamos a seguinte experiência: colocamos um único
pesinho e constatamos que a marcação na gradação exterior do dinamômetro está em 1,0 cm. Colocando 2 pesinhos,
vemos que a marcação na balança dobrou. Se pusermos um trio ao invés de um par, a marcação do dinamômetro
passa a estar em 3 cm e, finalmente, quando dependuramos 400 g no total (4 pesinhos de 100 g cada), a marcação do
dinamômetro passa a apontar para 4 cm. Utilizando um dispositivo como este, podemos medir diversos tipos de forças.
Podemos montar um gráfico que contém a massa posta no dinamômetro e a deformação (expansão ou
contração) correspondente, que é lida na marcação feita no mesmo (veja a Figura 4).
202
Como você pode observar no gráfico, conforme aumentamos gradativamente a quantidade de pesinhos, a
Você pode observar que há diferentes tipos de mola, desde espirais de caderno até molas utilizadas em
suspensões de automóveis. O que diferencia estes tipos de mola? Certamente, será a resistência oferecida à força
aplicada na mola. Por exemplo, com pouco esforço somos capazes de deformar a espiral de um caderno (a ponto,
inclusive, de estragar a mola). Porém, para deformar uma mola, utilizada em suspensões de ônibus, teríamos de fazer
uma força imensa, para verificar uma pequena deformação na mesma (lembre-se que elas são feitas para aguentar
o peso da carroceria do ônibus e de mais de 40 passageiros ao mesmo tempo, dos mais variados pesos). O que
caracteriza a resistência de uma mola é a constante que aparece na equação 1. Chamamos esta constante de constante
Figura 4: Exemplo típico de uma mola. Há diversas aplicações, como molas de espirais de caderno etc.
A unidade do Sistema Internacional para medir uma força é o Newton, representada pela letra N. Conforme veremos
mais adiante, para determinar qual é a força peso que atua em um determinado objeto, devemos multiplicar o valor da sua
massa pela aceleração da gravidade (g = 9,8 m/s², que aproximaremos por 10, para facilitar as contas), isto é, temos que
Logo, se cada pesinho colocado no dinamômetro do experimento exerce uma força de 1 Newton na mola,
Agora que sabemos medir forças, podemos representá-las em algumas situações. Com um dinamômetro,
podemos determinar a intensidade (também chamada de módulo) de uma força. Entretanto, só a intensidade não
nos permite caracterizar completamente uma força. Forças com mesma intensidade podem ter diferentes efeitos
Figura 5: Uma mesma força F é aplicada em duas direções diferentes. Veja que o efeito causado pela força depende da dire-
ção e do sentido da mesma!
Duas forças com mesma intensidade tiveram efeitos bastante distintos no objeto da figura. Qual o motivo
dessa diferença? Em um dos casos, a força aponta para a direita, enquanto que no outro, a mesma aponta para baixo.
Por causa disto, precisamos sempre dizer em qual direção e sentido uma certa força aponta.
A direção de uma força nada mais é do que a linha reta onde a força se encontra. No caso do bloco que está à
esquerda na Figura 5, esta linha é uma reta vertical, enquanto que para o bloco da direita, a força está na horizontal.
Para representar a direção de uma força, você só precisa desenhar a linha reta sobre a qual a força se encontra.
Só que dizer apenas a linha reta onde a força localiza-se não é o bastante. Uma vez que fixamos a direção,
sabemos apenas qual é a reta onde ela se encontra. Entretanto, um vetor sempre pode apontar para cada um dos dois
lados de uma reta. Cada um destes lados vem a ser o que chamamos de sentido. Quando dizemos qual a intensidade,
direção e sentido de uma força, caracterizamos esta força completamente. Grandezas deste tipo, que precisam destas
três informações para ser efetivamente determinadas, são chamadas de grandezas vetoriais. Já vimos anteriormente
outros exemplos de grandezas vetoriais, como, por exemplo, velocidade e aceleração. A partir de agora, utilizaremos
setinhas para representar forças. O tamanho da seta indicará a intensidade da força, enquanto que a própria seta
204
Figura 6: Temos dois vetores. Como o tamanho do vetor está relacionado ao seu módulo, temos que o módulo do de baixo é
quatro (4) vezes maior que o do de cima.
Finalmente, vale a pena acrescentar que a representação de uma grandeza vetorial será feita, utilizando-se
uma seta em cima da grandeza em questão. Exemplos: ( F ), ( V ), ( S ), dentre outros.
Mudando de forma
Um objeto pode ter a sua forma deformada sem a aplicação de uma força?
Como vimos anteriormente, a força é uma grandeza física que se comporta vetorialmente. Ela tem módulo (a
sua intensidade, que é representada pelo tamanho da “setinha”), direção (que é a reta onde o vetor se encontra) e
Pelo fato das forças serem representadas por vetores, precisamos aprender como fazer operações matemáticas com
eles. Todas as grandezas vetoriais (como a força e a velocidade, por exemplo) não seguem a mesma forma da soma e da
multiplicação de grandezas escalares (os números que conhecemos 0, 1, -15, pi, 357.18, ....), como estamos acostumados.
Dois vetores cujos módulos valem 2N podem ter como resultado de sua soma 4N ou qualquer valor que vá de
Figura 7: Dois amigos puxam uma corda, um da esquerda para direita e outro da direita para esquerda, com uma força de 2N cada.
Nesse caso, a soma das forças desses competitivos amigos vale zero. Veja por que: ambas as forças aplicadas
valem 2N, as direções são iguais (neste caso, a direção seria a linha horizontal) e os sentidos são opostos. Para efetuar
essa soma, precisamos escolher um sentido que indique qual das forças está em sentido positivo. Vamos escolher que
o sentido positivo é o da esquerda para a direita. Sendo assim uma força é positiva (a que o amigo da direita faz) e
2 + (-2) = 2 – 2 = 0 (3)
Assim, podemos ver que o sinal da força depende do sentido da mesma. Se ela está no mesmo sentido ou no
Imagine agora que um dos amigos enfezou-se e aumentou a força que aplica na corda, e que o outro a manteve
igual. Neste caso, essa soma deixará de ter resultado zero. Digamos que o rapaz da direita aumente a sua força para
5N. Agora a força que está no sentido positivo é maior que a que está no sentido negativo. Matematicamente, temos:
5 + (-2) = 5 – 2 = 3N (4)
206
Desta vez, a resultante das forças vale 3N, que acarretará numa aceleração (mudança na velocidade) da
esquerda para direita (sentido que escolhemos como negativo. Note que se escolhêssemos o sentido oposto como
Neste caso, em que ambas as forças possuem a mesma direção (no caso a horizontal), foi simples determinar a
soma vetorial. Mas se considerarmos vetores que podem ter direções diferentes, a soma vetorial já fica mais complicada.
Por causa disso, apresentaremos a seguir um conjunto de instruções (também chamado de algoritmo, ou de “receita de
bolo”) que nos permitirá determinar geometricamente a soma vetorial de uma quantidade qualquer de vetores.
Agora, apresentaremos um conjunto de instruções que, se seguidas, permitirão que somemos uma quantidade
qualquer de vetores. A soma de vetores também é um vetor (do mesmo jeito que a soma de dois números fornece outro
número). Assim, imagine que queremos somar os vetores A , B , C …, isto é, obteremos o vetor SOMA=A+B+C+... :
Primeiro, represente (desenhe) o primeiro vetor (no caso o A ) num espaço em branco;
Agora, pegue o próximo vetor da lista ( B , C , D , …) e coloque a ponta final (início) deste vetor na cabeça do
vetor anterior ( A , B , C , …);
Repita o passo 2) até que não haja mais nenhum vetor que desejamos somar;
Finalmente, representaremos o vetor final. Ele será um vetor cuja ponta final sai do início do primeiro vetor da
Exemplo:
Figura 8: Representação de três vetores, A , B e C , onde a soma é mostrada passo a passo na Figura 9.
Figura 9: Diagrama que mostra passo a passo como aplicamos o algoritmo apresentado para os vetores da Figura 8.
Há um outro método que nos permite determinar o vetor soma resultante da soma de dois
vetores, conhecido como Regra do Paralelogramo. Entretanto, não discutiremos esta regra aqui.
Para você entender melhor como uma força age, como funciona um vetor e como podemos realizar
sua soma, veja a tele-aula do Telecurso 2000 que está disponível no link a seguir:
http://youtu.be/f05sYSYb5fc
Propomos agora que você aplique a regra do polígono em algumas situações simples.
208
Indicando a direção
Se uma pessoa sofre a ação de duas forças (indicadas pelas setas azuis), como mos-
tra a figura a seguir, qual deve ser a direção para qual ela acelerará?
Seção 3
Saindo do normal
Um tipo bastante comum de força é a força perpendicular (também chamada de normal). Esta força existe para
impedir que os corpos penetrem uns nos outros. Por exemplo, se você está lendo este texto, sentado em uma cadeira,
esta impede que você penetre nela, fazendo uma força em você para cima. Quando você empurra um carro com as mãos,
para ajudar um motorista com problemas em seu automóvel, a carroceria do carro impede que suas mãos penetrem no
mesmo. Neste caso, a força também será a normal. Por que este tipo de força, que impede penetrações, leva este nome?
Como o nome indica, o motivo deve-se ao fato de esta força ser sempre perpendicular (em Matemática, a palavra normal
A força Normal é sempre perpendicular à superfície onde ela atua (veja a Figura 11).
Figura 11: Temos uma linha sinuosa, para ilustrar o conceito de perpendicularidade. A força normal num ponto qualquer de
uma superfície será sempre perpendicular à própria superfície naquele ponto.
Seção 4
Vale o quanto pesa
Você deve atentar para um fato importante. Quando subimos em uma balança, esse aparelho indica uma
grandeza que não é o peso (como comumente chamamos), mas sim a intensidade da força de interação entre seus
Uma maneira de visualizar o quanto essas duas grandezas (Peso e Normal) são diferentes é a seguinte. Fique
em cima de uma balança e dê alguns pulinhos. Conforme você poderá constatar, a marcação da balança sofrerá
alterações, à medida que você executa estes pequenos saltos. Entretanto, o seu peso não se altera neste processo.
Isto acontece por que o contato entre seus pés e a plataforma da balança, e por conseguinte a força Normal, fica ora
No início desta aula, vimos que existem alguns tipos de força. O peso na verdade é uma força, do tipo força de
campo. Essa força não precisa de contato para existir: ela surge da interação entre dois corpos, mesmo a distância.
210
A força Peso sempre estará direcionada ao centro da terra. É ela a responsável pela queda das coisas. Quando
deixamos um objeto cair, a força Peso faz com que ele acelere com o valor de g, o que corresponde a um acréscimo
de 10 m/s em sua velocidade, a cada segundo (se não houver resistência do ar).
Treinando pesado!
sujeito a uma gravidade 100 vezes a da Terra. Supondo que Goku te-
nha uma massa de 100 kg, qual seria o valor da força Peso, exercida
sobre ele, enquanto está sob essa gravidade aumentada de 100 vezes
(100 x g). Na nossa gravidade, que objetos poderiam ter o valor do peso calculado de Goku
na gravidade de 100 x g?
Agora, suponha que Goku vá até uma anã branca (um objeto celeste que resulta da evolução 6
de diversos tipos de estrelas, tais como o nosso Sol. Esta evolução dura bilhões de anos). A
gravidade na superfície de uma Anã Branca pode chegar a até 100.000 vezes o valor da ace-
leração da gravidade na Terra (100.000 x g). Se Goku conseguisse suportar essa gravidade,
qual seria o valor da força Peso exercida sobre ele na superfície da Anã Branca? Na nossa
gravidade, que objetos poderiam ter o valor do peso calculado de Goku na Anã Branca?
Seção 5
Diagramas de corpo livre
Para determinar o movimento de um corpo, é importante que primeiro saibamos quais são as forças que atuam
sobre o mesmo. Para fazer isto, precisamos representar um diagrama de corpo livre (também chamado de isolamento
de forças). Apresentaremos a seguir uma receita de bolo, que deverá ser sempre seguida, quando formos isolar as
1. Represente apenas o corpo que será isolado. Não desenhe qualquer outro objeto no diagrama;
2. Identifique e marque primeiro quais forças de campo atuam no corpo em questão, utilizando sempre su-
bíndices para representar o corpo que exerce a força e o corpo que a sofre (por exemplo, se estamos isolan-
do um prego que está próximo de um ímã, a força exercida pelo ímã no prego será indicada como Fímã, prego);
3. Veja quantos objetos estão em contato com o corpo que está sendo isolado. Marque uma única força para
cada contato, usando a convenção de subíndices da regra 2 (por exemplo, se estamos isolando um livro
que está sobre uma mesa, a força exercida pela mesa sobre o livro seria representada como Nmesa, livro. Utiliza-
mos N neste caso por que a força é uma normal, que impede que o livro penetre na mesa). Vale a pena dar
uma dica, que pode nos ajudar a verificar se realizamos o isolamento corretamente. Imagine que estamos
isolando uma caneca que está sobre a mesa, conforme pode-se ver na Figura 12.
212
Lembre-se que quando isolamos um corpo, marcamos APENAS as forças que atuam SOBRE ele. Isto
significa que, se seguimos corretamente os 3 passos da receita de bolo fornecida anteriormente, todas as forças
devem ser do tipo Fmesa , caneca , por que estamos isolando a caneca. Em outras palavras, se o segundo nome que
aparece no subíndice das forças não for o mesmo nome do corpo que estamos isolando (neste caso, a caneca),
8 Considere que dois amigos truculentos, Tropeço e Gilson, desejam transportar uma
caixa muito pesada, tal como na figura desta atividade. Faça o diagrama de forças para
Gilson, Tropeço e para a caixa, e responda à seguinte pergunta:
Agora que conhecemos alguns tipos de forças e sabemos como isolar os corpos,
podemos nos perguntar qual a relação entre força e movimento. Esta pergunta será apenas
parcialmente respondida neste módulo.
Seção 6
A Lei do movimento (Primeira Lei de Newton,
ou ainda Lei do Movimento de Galileu)
O que acontece quando a resultante das forças que atuam sobre um objeto não é nula? Por exemplo, considere o caso
de um livro, que está sobre uma mesa áspera e que sofre um empurrão, de modo a entrar em movimento (veja a Figura 14).
Figura 14: Imagem que representa um livro que é posto a entrar em movimento, da esquerda para a direita com uma veloci-
dade inicial v, numa mesa áspera. Uma força de atrito atuará sobre o livro, até o mesmo entrar em repouso.
214
Podemos constatar, através da experiência, que existe uma força de contato, chamada força de atrito, que a
mesa exerce sobre o livro, enquanto este desliza sobre a superfície da mesa. Quanto maior for a força de atrito, mais
rápido ele entrará em repouso. Agora, imagine que a mesa fosse de gelo. Neste caso, o coeficiente de atrito seria
muito pequeno! Ao experimentar um empurrão numa mesa como essa, o livro iria percorrer uma distância enorme
antes de parar.
Figura 15: Representação do isolamento de forças para o livro, que está sobre a mesa áspera. Temos representadas três situ-
ações diferentes, onde variamos a aspereza entre o livro e a mesa. Quanto maior o coeficiente de atrito, maior será a força de
atrito que o livro exerce na mesma.
Se representássemos a velocidade do livro como função do tempo, para as três situações descritas na Figura
Figura 16: Curvas correspondentes às situações da Figura 15 e ao caso limite [curva (4)], onde o atrito é nulo.
Quanto maior a força de atrito, mais rapidamente o livro atingirá a sua velocidade final, de repouso (v = 0).
Então, relacionando as situações da Figura 15 com as da 16, temos que a curva (1) corresponde ao caso onde a força
de atrito é a maior de todas, enquanto que a curva (2) equivale ao caso intermediário da Figura 15. Já o caso onde o
livro (ou a superfície) é de gelo, o gráfico mais adequado seria o da curva (3).
E mais ainda, Newton generalizou o que discutimos com esse exemplo específico, dizendo que isto não ocorre apenas
no caso de um livro deslizando sobre uma mesa. Esta vem a ser a chamada primeira lei de Newton: sempre que a resultante
das forças que atuam num corpo for nula, o corpo em questão ou estará em repouso (conforme discutimos anteriormente),
ou executará um Movimento Retilíneo Uniforme (M.R.U.- movimento em linha reta, com velocidade constante). Perceba que
se um objeto está em repouso, sua velocidade vale zero (e portanto, é constante), então podemos dizer, de maneira mais geral,
que se a resultante das forças que atuam sobre um corpo vale zero, a velocidade do corpo será constante.
Agora está na hora de aplicar o isolamento de forças em algumas situações diferentes e discutir a primeira Lei
de Newton a estas situações.
Considere que uma pessoa empurra uma caixa (que poderia ser um tijolo ou um livro, por exemplo) sobre uma
superfície, de tal maneira que a velocidade da caixa seja constante, como vemos na Figura 17.
Figura 17: Imagem de uma pessoa que empurra uma caixa, de tal maneira que esta caixa desloca-se com velocidade cons-
tante sobre uma superfície.
Primeiro, vamos isolar as forças que atuam na caixa da Figura 17. Seguindo o procedimento descrito
216
Veja que por causa da Primeira Lei de Newton, a soma das forças que atuam no corpo deve ser nula. Por isso,
em (c) primeiro vimos qual é a soma da força peso e da força aplicada pela mão no bloco. Assim, em (d) representamos
uma força idêntica à soma de (c), mas com sentido oposto. Deste modo, a soma das três forças anular-se-á.
Repare que só pelo desenho, nós sabemos que a força exercida pela superfície sobre o bloco é maior que as
outras duas forças que atuam sobre ele (a força peso e a força que a mão faz no bloco). Neste caso, não é possível dizer
se a força peso é maior ou menor que a força que a mão faz no bloco, ou seja, a força em vermelho em (D) é igual à
Saia da Inércia
11 Tropinho brinca com um carrinho que possui um bloco de madeira sobre ele, con-
forme pode-se ver na figura ao lado.
Num determinado instante Joaquim faz uma curva bem fechada. Diga o que pode
acontecer com o bloco, utilizando a primeira lei de Newton, que estudamos há pouco.
Seção 7
Tração nas 4, pra aumentar a Tensão!
Certamente, você já viu em algum lugar onde há uma obra em andamento (isto se você mesmo já não
colocou/coloca a mão na massa), que há alguns dispositivos que se utilizam de cordas para realizar algumas
atividades, tais como erguer um balde com cimento do térreo para um andar superior. Esses artefatos utilizam
algumas propriedades de cordas para realizar este trabalho. Para entender como se pode utilizar um cabo para
este tipo de fim, considere que temos uma corda de aço, amarrada de modo a ficar dependurada e presa nas suas
Figura 19: Em (a), temos uma corda que está presa a duas caixas, que chamamos de A (a da esquerda) e B (a da direita). Em
(b), temos a mesma situação, mas dessa vez a corda é muito leve.
218
Por que representamos a corda curvada para baixo? Como no exemplo a corda que está presa aos blocos A e B
da Figura 19 é de aço, temos que a massa da mesma (e consequentemente a força Peso) será elevada. Se a corda está
em repouso, como seria o diagrama de corpo livre da mesma? Veja na Figura 20.
Para que a soma das forças que atuam na corda anule-se, as trações, nas duas extremidades da corda devem
ser inclinadas, como vemos no isolamento da corda na Figura 20. O motivo disto é que a força Peso, que a Terra
exerce na corda e que aponta para baixo, deve ser cancelada, já que a corda está em repouso. Entretanto, em alguns
casos somos capazes de jurar que não há nenhuma “barriga” na corda formada, devido ao seu peso. Veja o caso da
corda de um violão: uma vez que ela esteja devidamente tensionada no instrumento, não somos capazes de perceber
a olho nu nenhuma barriga. Para que não seja formada nenhuma barriga na corda, é necessário que a força Peso
exercida sobre a mesma, que aponta para baixo, seja muito menor que as trações que mantém a corda tensionada.
Neste caso, podemos desprezar a força Peso da corda, e assim, nenhuma barriga se formará. Nesta situação, em que
a massa da corda pode ser desprezada, a tração passa a ser a mesma em todos os pontos da corda. Este será o caso
da esmagadora maioria (se não for de fato a totalidade) dos problemas que envolvem cordas nos problemas de física
que você verá. Então, quando você ler num enunciado que a corda tem massa desprezível (ou algo parecido), só há
uma tração na corda, independente do ponto, e a corda poderá ficar perfeitamente estirada na horizontal, sem formar
Como podemos utilizar cordas e fios para facilitar nossas atividades cotidianas? Veja que utilizamos fios e cordas
para diversos fins: para formar as cordas de um instrumento musical, para amarrar seus calçados e até mesmo para
sua higiene bucal. Uma aplicação interessante de cordas é a chamada roldana. Este instrumento é frequentemente
utilizado em construções e obras. Nesses ambientes de trabalho, desejamos erguer objetos de grande peso, como
Vimos anteriormente que se submetemos uma tração na corda que seja muito maior que o peso dela, podemos
considerar que a mesma não forma barriga (embora nesse caso ela não formaria barriga), e que nesse caso, temos que
só existe uma tração na corda. Desprezando a massa da corda, temos então que a força que o rapaz da Figura 21 faz na
em mais detalhes, vamos representar o diagrama de forças para a roldana e para o balde (veja a Figura 22).
Figura 21: Imagem do uso de uma roldana para erguer diversos objetos
Conforme o que discutimos anteriormente, se a massa da corda for muito pequena, podemos dizer que a
tração é a mesma em todos os pontos da corda. Se o balde da Figura 21 sobe com velocidade constante, sabemos
que a resultante das forças que atuam sobre ele é zero. Nesse caso, a tração na corda é igual ao peso do balde (veja a
Figura 22 b). Então, se a massa do balde é de 20 kg, seu Peso (e a tração na corda) vale
P = mg = 200 N.
Figura 22: Em (a), temos o diagrama de forças para a roldana. Temos o mesmo em (b), desta vez para o balde.
Por sua vez, este será o valor da força exercida pelo rapaz, já que a tração na corda é a mesma em todos os
pontos. Repare que se a roldana está parada (velocidade nula), pela primeira Lei de Newton a força que o teto faz na
roldana para cima deve ser igual ao Peso da roldana mais duas vezes a tração na corda.
220
Quero ver se tu és brabo!
Então os participantes teriam que puxar nas duas pontas até que a corda fique total-
mente reta na horizontal. Pergunta: algum dos dois amigos será capaz de completar a tarefa?
Conforme já adiantamos anteriormente, na discussão relativa à força Peso (força de interação gravitacional),
quando consideramos a interação, referente a um par de corpos, temos que: a força que o corpo 1 faz no corpo 2 é
a mesma força que o corpo 2 faz no corpo 1, independente do valor das massas dos corpos 1 e 2. Esta vem a ser a
Quando dois corpos interagem, exercendo-se forças mutuamente, temos que a força exercida pelo corpo A
sobre o corpo B tem o mesmo módulo, mesma direção, mas sentido oposto ao da força exercida pelo corpo
B sobre o corpo A.”
Um argumento interessante, que serve para argumentar em favor da Terceira Lei de Newton é o seguinte.
considere o seguinte caso, relatado pelo chamado Barão de Munchausen. Este homem afirma ter conseguido escapar
de uma maneira muito peculiar, por certa vez, de um pântano similar à areia movediça. Quando estava prestes a
submergir completamente no lodo do pântano juntamente com seu cavalo, ele recorre à força que ainda guardava e
ergue a si e à sua montaria, puxando-se pelos cabelos, para fora da armadilha mortal (veja a Figura 23).
O que você acha dos relatos deste homem? Eles são razoáveis? Ao refletirmos um pouco sobre a possibilidade
de o acontecimento narrado pelo Barão ser de fato verídico, chegamos à conclusão de que este caso não passa de uma
história de pescador. Se tivesse sido possível ao Barão tal ato, não haveria necessidade do mesmo utilizar carruagens
de qualquer tipo. Bastaria erguer-se a si e viajar tal como o Peter Pan, cruzando os ares. De um ponto de vista lógico,
podemos refutar esta história, baseando-nos na Terceira Lei de Newton. Para simplificar, vamos considerar que o
Barão está sozinho, sem seu cavalo. Vamos então isolar a região do corpo do Barão em que ele pretende realizar sua
222
Figura 23: Temos o Barão de Munchausen erguendo-se pelos cabelos e retirando a si e ao seu cavalo de uma armadilha
movediça, tal como descrito no texto.
Da figura 24, podemos concluir algumas coisas. Uma vez que os cabelos do Barão estão presos ao seu próprio
iguais em módulo, direção e têm sentidos opostos, anulam-se. NESSE caso, por que o par ação-reação atua sobre um
mesmo corpo (força da mão sobre os cabelos ou força dos cabelos sobre a mão: pouco importa. Não devemos pensar
nos pares ação-reação como uma relação de causa-consequência. Em outras palavras, tanto faz a ação ser a força da
Bate-rebate
Resumo
Nesta unidade, começamos o estudo de diversos tipos de força que existem na Física, tais como: a força Peso,
Tração, Normal e Força de Atrito. Vimos que de um modo geral as forças provocam alterações no estado de movimento
de um corpo, ou causam-lhe deformações. Além disso, classificamos as forças em duas categorias distintas: forças de
224
campo, que atuam mesmo que os corpos não estejam em contato direto e forças de contato, que existem apenas
quando os corpos em questão estão encostados um no outro. Exploramos as três qualidades que caracterizam uma
Finalmente, relacionamos a soma de todas as forças que atuam sobre um corpo (Força Resultante) com o
movimento adquirido por este corpo, através da Primeira Lei de Newton. Por fim, fomos capazes de relacionar as
forças que um objeto exerce sobre outro (e vice-versa), utilizando a Terceira Lei de Newton (Lei da Ação-Reação).
Aplicamos todos estes conceitos a diversas circunstâncias simples, tentando tomar como exemplos situações
Veja ainda
Caso você deseje aprofundar-se ainda mais no tema, dispomos a seguir um link que mostra como é possível
http://www.educared.org/educa/index.cfm?pg=ensinar_e_aprender.turbine_interna&id_dica=233
Referências
Imagens
• André Guimarães
• http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Dockworker_lashing_a_container.jpg
• http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Bundesarchiv_Bild_183-14928-0006,_Wuhlheide,_Volksfest,_DDR-Meister_Ludwig.jpg
• Vitor Lara
• http://www.sxc.hu/photo/935741
226
• Leonardo Pereira Vieira e Vitor Lara.
• Fonte: http://www.ils.uec.ac.jp/~dima/D/gravitsapa.htm
• http://www.sxc.hu/985516_96035528.
As forças de campo também não são incomuns. Todos os objetos na superfície da Terra
sentem uma força de campo, a força Peso. Outro exemplo bastante comum é a força magnética,
responsável pela atração entre ímãs e alguns tipos de objeto (como o ferro, por exemplo).
Atividade 2
Atividade 3
Atividade 4
Atividade 5
Temos que a força Peso exercida pelo planeta Terra sobre um corpo nas proximidades
de sua superfície é dada por P = mg.
228
Neste caso, a gravidade é aumentada de 100 vezes e; portanto, g = 100 x 10 = 1000
m/s². Temos então que P = 100 (kg) x 1000 (m/s²) = 100.000 N
100.000 = m x 10
m = 10.000 kg = 10 toneladas.
Como objetos ou corpos que tenham uma massa desta magnitude, podemos citar
algumas espécies de baleia ou um ônibus.
Atividade 6
Neste caso, a gravidade é 100.000 vezes maior que a da Terra. Portanto, o peso de
Goku na superfície de uma Anã Branca valeria P = m x g = 100 x 1000 000 = 108N.
Para determinarmos a massa de um objeto que teria este peso na Terra, usamos
novamente a fórmula P = m x g
108 = m x 10
Para se ter uma ideia do valor desta massa, ela é equivalente ao peso da água de 4
piscinas olímpicas cheias até a borda.
Atividade 7
Atividade 8
Tropeço não é capaz de realizar força nem em Gilson, e nem na caixa, afinal, ele não
está em contato direto com estes objetos. Entretanto, Tropeço realiza uma força na corda,
No ímã, a força de tração deve ter o mesmo módulo que a soma entre as força peso
do imã e a força que o bloco faz no ímã. Assim ele estará em repouso. Já no bloco de ferro a
força peso do bloco deve ter o mesmo módulo da força que o ímã faz no bloco.
Atividade 10
Bem, se o bloco viaja com velocidade constante, sabemos que o somatório das forças
deve ser zero! Logo, temos que o peso do bloco anulará a normal (força de contato entre o
bloco e o chão) e a soma das forças que os homens aplicam deve ter sentido oposto e módulo
igual a força de atrito entre a caixa e o chão. Assim, garantimos que a força resultante vale
zero! Logo, o bloco só poderá estar parado ou se movimentando com velocidade constante.
Atividade 11
Antes de realizar a curva o bloco tenderá a se mover em linha reta e com velocidade
constante, como diz a primeira lei de Newton. Logo, para que o bloco realize a curva, terá
de surgir uma força que o acelere. Essa força é a força de atrito entre o fundo do carrinho e
o bloco, que apontará para o centro da curva. Mas, se a rapidez com que Tropinho realizar a
curva for muito grande, o bloco pode seguir em linha reta, pois assim a força de atrito será
Atividade 12
Não! Note que ao puxar a corda estaremos aplicando duas forças, cujas componentes
verticais têm de anular o peso da pedra. Entretanto, ao aplicar essa força, de inicio a pedra
tenderá a subir. Pois o somatório dessas duas componentes será maior que o peso da pedra.
À medida que ela sobe maior tem de ser a força aplicada por você, pois menor será a
componente. Em verdade podemos dizer que para deixar a corda totalmente n horizontal
230
Atividade 13
Na verdade, ele terá de aplicar a mesma força. Pois a inclinação obtida não
influenciará na resultante. Talvez um desconforto, mas a força é a mesma e tem de ser igual
a força peso.
Atividade 14
Sim, entretanto o objeto não acelerará. Essa pode ser uma definição de força interna!
Atividade 15
(UFMG) Uma pessoa está empurrando um caixote. A força que essa pessoa exerce sobre o caixote é igual e
contrária à força que o caixote exerce sobre ela. Com relação a essa situação assinale a alternativa correta:
a. a pessoa poderá mover o caixote porque aplica a força sobre o caixote antes de ele poder anular essa
força.
b. a pessoa poderá mover o caixote porque as forças citadas não atuam no mesmo corpo.
c. a pessoa poderá mover o caixote se tiver uma massa maior do que a massa do caixote.
d. a pessoa terá grande dificuldade para mover o caixote, pois nunca consegue exercer uma força sobre
ele maior do que a força que esse caixote exerce sobre ela.
Gabarito: b
(FAU.S.J.CAMPOS) Se você empurrar um objeto sobre um plano horizontal que imagina tão polido como para
não oferecer nenhuma oposição ao movimento, você faz com que ele se movimente com uma certa intensidade. No
e) n.r.a.
Gabarito: c
Simulação
Link: http://faraday.physics.utoronto.ca/GeneralInterest/Harrison/Flash/ClassMechanics/HookesLaw/
HookesLaw.html
Descrição: Recurso educacional que demonstra, através da mudança no sentido de um vetor, a força que está
uma força em uma espiral, ela se deforma, e exerce uma força contra você, na
tentativa de trazer a mola ao seu formato original. Isto é, se esticamos uma mola, ela
exerce uma força na direção de fazê-la encolher-se e quando a comprimimos, ela nos
exerce uma para crescer. Chamamos forças deste tipo de forças restauradoras. Veja que no exemplo anterior, o dos
pesinhos, a força exercida pela mola cresce na mesma proporção que a deformação provocada por esta força. Isto
é, quando dobramos o peso, a deformação dobrou, quando triplicamos o peso, a deformação aumentou na mesma
proporção etc..
Texto/animações
Link: http://objetoseducacionais2.mec.gov.br/bitstream/handle/mec/11253/05_teoria.htm?sequence=65
Um exemplo bastante corriqueiro de Força Normal será a força exercida pelo chão sobre um
objeto que esteja sobre ele. Se não fosse o chão, você estaria caindo neste exato momento, em direção
ao centro da Terra. O chão faz em você uma força para cima que é sempre igual à força que você faz no chão evitando
que você caia, por que o chão quer evitar que você penetre nele (tanto é que se no lugar do chão tivéssemos água,
que é muito mais maleável, você penetraria na água, por que a mesma não consegue realizar uma força normal que
A afirmação feita no título desse anexo pode ser explicada através do conceito de força campo, aquela que não
precisa de contato para existir. Para entender fisicamente essa força, usaremos o exemplo de atração que ocorre em
Sabemos que todos os planetas do nosso Sistema Solar orbitam em torno do astro rei, o Sol. Os planetas giram
em torno do Sol devido à interação gravitacional entre eles, de maneira análoga a uma pedra amarrada num barbante
Figura 1: À esquerda temos uma marimba, posta a girar. À direita, temos a Lua, que gira em torno da Terra, devido à força de
atração gravitacional.
No caso dos astros que compõe o Sistema Solar, estamos falando de objetos cuja massa ultrapassa a marca de
trilhões de toneladas. Sir Isaac Newton, físico britânico e brilhante do século XVII, foi a primeira pessoa a dizer que a
força que atrai todos os objetos na superfície da Terra para baixo tem a mesma natureza que a força que mantém os
astros em movimento.
236
Na verdade, ele foi ainda mais longe. A Lei da Gravitação Universal de Newton estabelece que todo par de
objetos, contanto que possuam massa, atraem-se mutuamente, como você verá na próxima unidade. No caso da
interação entre os planetas e o Sol, as massas dos objetos são estupidamente grandes, o que faz com que a força
gravitacional também seja bastante intensa. Entretanto, mesmo objetos cuja massa seja muito pequena em
comparação à massa de planetas, tais como você e outros corpos ao seu redor, tais como lápis, cadeiras, carros, ou
mesmo prédios etc. atraem-se mutuamente. Mas se estou afirmando que existe uma força de atração entre você e um
objeto, por que esse objeto não se move até você e você não se move em direção a esse objeto?
A resposta é bem simples: a intensidade da interação gravitacional entre dois objetos depende da quantidade
de matéria existente nesses corpos. Uma massa como a sua e de seu colega interagem muito fracamente, ou seja, a
Concluindo, as forças de campo também são classificadas como forças de ação a distância. Quando pensamos
em força de campo, imaginamos que o chamado campo é uma espécie de “mediador”, responsável pela interação
entre dois corpos. Assim, existe um tempo para que o campo comunique a interação entre dois objetos que interagem,
é a época do movimento: tudo muito rápido! Na TV vemos carros a 200 km/h, fogue-
o movimento dos astros no céu. Do século XVII em diante começou-se a tentar des-
Você provavelmente já deve ter ouvido a frase “Que a força esteja com você!”. Ela era dita na série de ficção
científica “Guerra nas Estrelas”, antes de alguma batalha, e ficou muito famosa entre os fãs desses filmes.
Esperamos que ao final desta unidade você tenha de forma clara que a força newtoniana não tem nada a ver
Objetivos de Aprendizagem
240
Seção 1
Forças, massa e aceleração
ças. As forças se dividem entre duas grandes categorias: forças de contato e for-
ticas (como a interação entre dois ímãs de geladeira). Por enquanto nos concentra-
remos nas forças de contato. As forças gravitacionais vão aparecer em uma seção
Vimos que a aceleração quantifica a alteração do movimento. Se a velocidade aumenta, a aceleração foi positiva,
e se a velocidade diminui a aceleração é negativa. Qualquer objeto que acelera está sob a ação de uma força. Na realida-
de, geralmente há mais de uma força atuando no objeto. Por exemplo, um bloco sendo empurrado em uma superfície
plana geralmente desliza com dificuldade devido ao atrito entre o bloco e a superfície. Vamos quantificar a força de atrito
depois, mas por enquanto imaginemos o caso mais simples possível: um bloco deslizando em uma superfície extrema-
mente lisa, de modo que o bloco deslize suavemente, sem atrito com a superfície. Observe a figura 1 a seguir:
Figura 1: Em (a) temos que o bloco desliza sobre uma mesa sem atrito. Uma força
F age no bloco e causa uma aceleração a. Em (b), além da força F, agem no bloco
duas outras forças, o peso P do bloco e a força de contato entre o bloco e a mesa,
denominada força normal N. Na figura são mostradas todas as forças que agem
no bloco.
Como vimos na discussão sobre vetores, na realidade, deveríamos dizer que é proporcional à soma das forças
Na Figura 1b mostramos outras forças que agem sobre o bloco, apoiado na mesa. Uma delas é a força de conta-
to entre o bloco e a mesa, denominada força normal e representada pela letra N . A outra força representada é o peso
do bloco, ou seja, a força com que a Terra o atrai. A força normal é a resposta da mesa sobre o bloco que o impede de
penetrar nela. Sendo assim, a mesa exerce a força normal sobre o bloco.
Vamos discutir melhor essas forças mais tarde; aqui o importante é que elas se anulam e sua soma (ou seja, a
força resultante), que atua no bloco, é apenas a força F .
A massa é a quantidade de matéria que o corpo contém e, ao mesmo tempo, é a resistência à mudança de
movimento. Assim, quando uma força é aplicada a um corpo, como no caso do bloco da Figura 1a, a aceleração que
o corpo vai desenvolver depende da massa do corpo.
Agora refaçamos os experimentos anteriores, só que dessa vez vamos manter a força F constante e variar a
massa do bloco. Se a nova massa é 2m, ou seja, dobramos a massa no carrinho, a aceleração agora será a / 2 . Se tri-
plicarmos a massa, 3m, a aceleração será a / 3 , e assim por diante.
Concluímos que:
242
As duas conclusões às quais chegamos podem ser resumidas na famosa fórmula da segunda lei de Newton:
A força resultante agindo num corpo de massa m provoca uma aceleração na mesma direção e sentido da força
Esta é a equação mais básica da Mecânica e, portanto, de toda a Física. Observe que não importa o tipo de
força; pode ser de contato ou ação a distância, a segunda lei sempre vale.
Vamos aplicar a segunda lei em um exemplo bem simples. Suponha que o bloco da Figura 1a tenha 20 kg de
massa e seja empurrado com uma força horizontal constante de 40 N sem atrito com a mesa. Qual a aceleração dele?
Como já mencionamos no comentário sobre a Figura 1b, na realidade, outras forças agem no bloco, mas a
resultante é a própria força horizontal. Assim, da relação F = ma (agora tomada em módulo) a = F/m = 40/20 = 2 m/s2.
A força de atrito
O que é mais fácil? Passar uma flanela em uma mesa de madeira ou passar uma lixa sobre ela?
Se você já fez esse teste, provavelmente já percebeu que temos que colocar mais força na mão para deslizar a
lixa sobre a mesa do que deslizar a flanela. Isso se deve à força de atrito que é gerada no contato dos dois materiais:
Quando duas superfícies em contato deslizam uma sobre a outra, geralmente aparece uma força de
atrito.A força de atrito sempre se opõe ao movimento. Veja a Figura 2. Dizemos que há uma força de atrito estático
quando as superfícies não se deslocam uma sobre a outra (por exemplo, um bloco em uma superfície áspera que é empurra-
do mas não se move). Se o bloco se move, a força de atrito entre o bloco e a superfície é denominada força de atrito dinâmico.
Figura 2: O bloco desliza sobre uma mesa com atrito. Uma força F age no bloco e causa uma aceleração a, mas a força de atrito
age na direção oposta ao movimento.
que o bloco da Figura 2 tenha 20 kg de massa e seja empurrado com uma força horizontal constante de 40 N sobre
As forças na direção vertical (que aparecem na Figura 1b) se anulam no bloco. As forças horizontais têm como
A força de atrito é uma força que só existe se houver movimento ou tentativa de movimento de um corpo
sobre o outro (estamos excluindo o movimento em fluidos etc.). Imagine o bloco do exemplo anterior em repouso
em cima da mesa. Não há força aplicada F e, portanto, não há força de atrito f. Agora imagine que lentamente a força
F vá crescendo. O bloco tenta se deslocar para a direita, mas aí aparece a força de atrito e ele não se move. A força F
vai crescendo e a força de atrito cresce também, até que a força de atrito atinge seu valor máximo (que depende das
propriedades das superfícies do bloco e da mesa). Então, a força aplicada F torna-se maior do que a força de atrito e o
bloco começa a ser acelerado para a direita. Na realidade, a força de atrito, quando o bloco está em movimento, é um
Uma dica para a resposta é pensar em uma estrada muito escorregadia (por exemplo, o burro puxando
a carroça no gelo). O que faz a carroça andar, na realidade, é a força de atrito entre as patas do burro e
a estrada. O burro empurra a estrada para trás com as patas e é empurrado de volta para a frente pela
reação da estrada. Se não houver atrito, as patas deslizam e o burro não se move.
244
Isso explica, por exemplo, por que escorregamos em um piso ensaboado. Se você pisar em um chão de
cerâmica seco, não vai escorregar, mas se pisar nesse mesmo chão com sabão provavelmente não vai
conseguir sair do lugar, mesmo colocando a mesma força nos pés, pois o sabão diminui consideravel-
mente a força de atrito entre seus pés e o chão. Você já escorregou lavando o chão da cozinha?
Corredora e o atrito
Supondo que a maior força de atrito possível entre a sola dos sapatos de uma corre-
dora e a pista de corrida seja 70% do peso dela, qual a maior aceleração que ela pode obter?
O paraquedas
Após o paraquedas se abrir, a moça cai com velocidade constante de 4ms-1. Qual a
Parte 1 - http://youtu.be/QMiNRVQzAUY
Parte 2 - http://youtu.be/t3AgZjSk3G4
Parte 3 - http://youtu.be/-69AbAmEQKI
Seção 2
Massa e Peso
Os conceitos de massa e peso são frequentemente misturados na linguagem cotidiana, mas há que se tomar
cuidado em distinguir os dois. Massa é a quantidade de matéria, medida em quilogramas. Um bloco de um quilo-
grama tem uma massa de um quilograma, em qualquer lugar onde ele esteja, seja na Terra, na Lua ou no espaço. Já
o peso do bloco é a força gravitacional que age nele. Um corpo de massa m na vizinhança da Terra pesa P = mg, onde
g ≈ 9,8 m/s2 é a chamada aceleração da gravidade. Assim, o bloco de um quilograma de massa vai pesar P = 9.8
N (pois o peso é uma força). Mas, se estivermos na superfície da Lua, a aceleração da gravidade é muito menor:
gLua = g/6. Assim, o bloco de um quilograma pesaria cerca de 1,6 N na Lua, mas sua massa continuaria a mesma,
um quilograma!
Além de medir a quantidade de matéria, a massa mede a inércia de um corpo, ou seja, a dificuldade do corpo
de mudar o seu estado de movimento (conforme discutido na segunda aula deste módulo). O peso de um corpo
depende de onde ele estiver. Já vimos que depende da gravidade presente no lugar onde o corpo estiver. Imagine
um astronauta bem longe da Terra e bem longe de qualquer outro planeta ou estrela. Não há gravidade significativa
presente. Imagine que ele tem uma pedra bem pesada na astronave. O peso da pedra é nulo no espaço interestelar,
mas a inércia da pedra continua igual. Assim, se o astronauta quiser balançar a pedra de
um lado para o outro, ele terá a mesma dificuldade que ele tem na Terra (exceto pelo fato
se não precisar sustentar a pedra, como na Terra), mesmo que a pedra não pese nada no
espaço interestelar. Isso ilustra bem a diferença do peso (que indica uma determinada
246
Já vimos em aulas passadas que a aceleração da gravidade também significa quanto um corpo é acelerado
na vizinhança da Terra quando solto no ar. Ele cai com aceleração g. Se ele for solto na vizinhança da Lua, ele cai com
Normalmente a massa de uma pessoa é medida com uma balança de molas, como na Figura 5. A pessoa pisa
na balança e seu peso, P, faz com que a mola da balança encolha até que a força que a mola faz na pessoa, para cima,
N, equilibre o peso, como mostrado na Figura 3a. Assim, P = mg = N. O que lemos na balança, a força N, que é normal-
mente mostrado em quilos, é numericamente igual à força P, que é P = mg, conforme explicitado na igualdade ante-
rior. Como na realidade queremos saber m, a balança já dá direto mb = N/g e vemos na balança 50 kg, por exemplo.
Neste caso, a massa medida pela balança mb é igual à massa “real” da pessoa, que supusemos ser m = 50 kg.
Agora vamos supor que a pessoa se pese dentro de um elevador que está acelerando para cima com a acele-
ração a = 2m/s2, conforme ilustrado na Figura 3b. Sabemos que a resultante das forças é igual à massa vezes a acele-
ração, conforme discutido anteriormente. Assim, neste caso:
ma = N - P
ma = N - mg
N = ma + mg = m(a+g)
Ou seja, a massa medida pela balança no elevador acelerado é muito maior do que a correta. Observe que uma
pessoa não engorda no elevador, mas a balança, que na realidade mede a força que a pessoa faz na mola da balança,
mostra um valor da massa maior do que o real. É intuitivo pensar que, se o elevador está acelerando para cima, a ten-
dência da massa (por sua inércia) é ficar para trás, ou seja, pressionar mais a mola da balança.
Figura 3: (a) A força normal N, que é a força que a balança faz na pessoa, equilibra o peso. O que se lê na balança é m = N/g (em
quilos). (b) Pesagem em um elevador acelerado. A pessoa também está acelerada para cima e, portanto, a resultante das forças N-P
= ma. Veja texto em que mostramos que a massa dada pela balança no elevador acelerando para cima parece maior do que a real.
a massa medida pela balança será menor do que a massa real da pessoa que se pesa, se o
Seção 3
Gravitação
A força da gravitação é uma força de atração entre quaisquer duas massas. Ela é responsável pela queda de uma
maçã (e obviamente pela queda de qualquer corpo solto na vizinhança da Terra). Ela é também responsável pelo fato de
a Lua girar em torno da Terra e por muitos outros fenômenos. A gravitação é uma das quatro interações fundamentais da
natureza na física contemporânea. A descoberta da força da gravitação deveu-se mais uma vez a Newton. Ele percebeu
que a força que ocasionava a queda das maçãs e a força que mantinha a Lua em órbita deveriam ser as mesmas.
Posteriormente, as órbitas de todos os planetas em torno do Sol foram compreendidas como manifestação da
força de gravitação agindo entre o Sol e cada um dos planetas. Em resumo:
Existe uma força atrativa entre quaisquer dois corpos que é proporcional à massa dos corpos e inversamente
proporcional ao quadrado da distância entre eles.
onde G é a constante gravitacional e tem o valor de 6,67 x 10-11 m3/(s2 . kg). Observe que F, na expressão dada,
é o módulo do vetor força, ilustrado na Figura 4.
248
Figura 4: Dois corpos com massas, m1 e m2, a uma distância d se atraem mutuamente com a mesma força F (força gravitacio-
nal). A força age na linha que une os centros (mais exatamente os centros de massa) dos dois corpos.
Conforme indicado na Figura 4, os dois corpos sofrem a mesma força de atração gravitacional. Elas formam um
par ação–reação.
A constante G que aparece na expressão citada foi medida pelo físico Henry Cavendish, em 1798. Ele
conseguiu medir a força de atração entre duas esferas de chumbo em seu laboratório com métodos experi-
mentais muito engenhosos. Sabendo a massa das esferas e a distância entre elas, ele determinou g.
Atração mútua
distância de um metro?
óbvia. Vamos pensar na força que uma pedra de massa m sente na vizinhança da
Terra. Já vimos que é o peso: P = mg. Mas, de acordo com a fórmula (a lei da gra-
vitação), a força entre a pedra de massa m e a Terra que tem massa MT é dada por
GMT m
F=
RT2
onde RT é a distância entre a massa m na superfície da Terra e o centro da Terra, ou seja, o raio da Terra. Igualando as
duas expressões:
F=P
GMT m
= mg
RT2
gRT2
MT =
G
dado que RT = 6.378 km, g = 9,8 m/s2 e G = 6,67 x 10-11 m3/(s2.kg), substituindo os valores, chegamos a
MT = 6,0 x 10+24 kg, que é muito próximo ao valor mais preciso encontrado nas tabelas de constantes astronômicas.
Observe que a expressão frequentemente usada para a força de gravitação na superfície da Terra, P = mg, é
uma aproximação da equação na Seção 4 que dá a força de atração entre duas massas em uma distância d. Essa apro-
ximação vale quando uma das massas é muito pequena comparada com a massa da Terra, e está localizada a uma
250
GMT
Na expressão dada para M,T podemos isolar g e escrever g = , que dá a expres-
RT2
são da gravidade. Sabendo-se que a massa da Lua é 0.012MT e que o raio da Lua é de 0.27RT,
Seção 5
Plano Inclinado
Um problema frequente nas aulas de Mecânica é o do plano inclinado liso. Observe a Figura 5a, onde vemos
um plano inclinado de um ângulo θ (lê-se ângulo teta) em relação à horizontal. Como o plano é liso, ou seja, sem atri-
to, é intuitivo que o bloco, colocado em repouso sobre o plano inclinado, comece a deslizar e a adquirir velocidade. O
nosso objetivo aqui é entender que forças atuam sobre o bloco e que aceleração o bloco adquire. Na Figura 5b estão
ilustradas as forças aplicadas ao bloco. Temos a força de contato bloco-plano N, que é perpendicular ao plano, e a
força peso P, que aponta para o centro da Terra. Como veremos adiante, essas forças agem em direções diferentes, e a
Figura 5: Em (a), um bloco de massa m sobre um plano inclinado de um ângulo θ que pode deslizar sem atrito. Em (b), as forças
que agem no bloco: força peso P e a força de contato ou reação da mesa sobre o bloco, N, chamada força normal.
Na Figura 6 estamos usando eixos de coordenadas inclinados; isso não tem nenhum problema, pois os eixos
são convenções nossas. Nesta figura mostramos duas coisas adicionais. A primeira é a decomposição da força peso
nas suas duas componentes, uma na direção de N, denominada Py, e outra na direção perpendicular, denominada Px.
Observe que todo vetor pode ser decomposto em duas componentes perpendiculares, e nós escolhemos as
direções convenientemente: uma perpendicular ao plano, Py, e outra na direção do plano, Px.
Deixemos claro aqui que as forças presentes continuam a ser apenas a força peso e a força normal. Apenas
Além disso, na Figura 6 mostramos que o ângulo entre a força P e sua componente Py é θ também. Isso pode
ser demonstrado por geometria, pois o ângulo θ original é entre o plano horizontal e o plano inclinado. Mas P é per-
pendicular ao plano horizontal, e Py é perpendicular ao plano inclinado, ou seja, o ângulo entre eles é o mesmo que
Para se convencer disso, imagine que o plano inclinado lentamente se aproxima do plano horizontal, ou seja,
o ângulo θ entre os dois planos vai diminuindo. É simples ver que, nesse caso, o ângulo entre Py e P também diminui
(e no limite em que os dois planos estão um sobre o outro, elas são iguais: Py=P). Podemos ver também que Px = P
Agora vamos escrever as expressões das forças. No eixo perpendicular ao plano inclinado, agem a força normal
N e a componente Py do peso. Nesta direção, o bloco não se movimenta (o bloco não sai do plano nem afunda nele),
não existe aceleração nesta direção. A soma das forças é nula. Assim, a segunda lei de Newton neste eixo é dada por:
Py − N = 0 P cosθ = N
252
No eixo x podemos escrever
Px = ma Psenθ = ma
Mas, como P = mg, temos o resultado que a aceleração no plano inclinado é a = g sen θ, e a força que o bloco
Observe que uma suposição muito importante para esses resultados valerem é que o plano é liso, ou seja, o
movimento se dá sem a força de atrito. Em algumas situações, essa aproximação é razoável. Por exemplo, uma criança
descendo uma ladeira em um carrinho de rolimã com as rodinhas bem alinhadas e sem atrito e sem resistência do
ar (o que é razoável para baixas velocidades). Ela desce com aceleração a = g sen θ, onde θ é a inclinação da ladeira.
O problema do plano inclinado serve de modelo para várias aplicações das leis de Newton.
Ladeira abaixo
Plano horizontal
No problema do plano inclinado, faça o ângulo θ tender a zero (ou seja, o plano dei- 7
xar de ser inclinado). Qual será o valor da aceleração do bloco? E da força normal? É o que
conteúdo principal da aula, mas deve ser usado por você como recurso complementar para a sua formação.
Para você entender melhor a força de atrito e como a calculamos, não deixe de acessar os seguintes links:
http://www.infoescola.com/mecanica/forcas-de-atrito/
http://www.youtube.com/watch?v=v_TYvAHoFn4
Para conhecer como a constante G foi descoberta, não deixe de visitar o link a seguir que exemplifica o
experimento de Cavendish.
http://www.if.ufrgs.br/historia/cavendish.html
Resumo
1. Nesta unidade enunciamos a segunda lei de Newton, que nos diz que a força resultante em um corpo é
2. Você pôde perceber que massa e peso são grandezas distintas, sendo o peso uma força e a massa uma
3. Você viu também que a gravitação é uma força de interação entre dois corpos quaisquer e está relacionada
254
Veja Ainda
natural (terra e água para baixo, ar e fogo para cima). Mas outros
xo da Lua.
celestes eram constituídos por um quinto elemento, o éter, que só era encontrado nessa região. Esferas de cristal
giravam em círculos perfeitos carregando consigo os corpos celestes. Cometas, novas estrelas, meteoros, tudo que
era passageiro era encarado como pertencendo ao universo sublunar, pois no universo supralunar tudo era perfeita-
Um dos grandes feitos de Newton, consolidando o trabalho de outros anteriores a ele (como Galileu, Ticho
Brahe e Kepler), foi unificar o mundo supralunar e o sublunar: a queda da maçã e o movimento orbital da Lua em
torno da Terra têm a mesma causa. O argumento de Newton está claramente ilustrado na Figura 4, que tomamos
Figura 4: Diagrama extraído do livro “Princípios Matemáticos”, de Isaac Newton, publicado em 1687.
da Terra, ele vai cair em algum lugar perto da base da montanha. A distância que ele vai atingir depende da altura
da montanha, da força da gravidade e da velocidade inicial. Se o objeto for lançado sempre da mesma montanha, a
altura e a força da gravidade podem ser consideradas constantes. Agora imagine que o objeto seja lançado com mais
velocidade. Ele vai parar mais longe, conforme ilustrado na Figura 4. Se o objeto é lançado ainda com mais velocidade,
ele pode cair na Terra no lado oposto ao da montanha. Se finalmente aumentamos mais ainda a velocidade, o objeto
daria uma volta em torno da Terra, e se não houvesse resistência do ar ele ficaria circulando em torno da Terra, sempre
caindo, mas sem nunca realmente atingir a Terra! Ou seja, o objeto entraria em órbita em torno da Terra.
A Lua está em órbita em torno da Terra, ou seja, ela está sempre caindo para a Terra, mas nunca atinge a Terra.
Ou seja, como antecipamos, Newton unificou os fenômenos sublunares (a queda da maçã) e os fenômenos supralu-
nares (a órbita da Lua). Claro que o trabalho de Newton é muito completo e cheio de detalhes matemáticos que não
http://www.youtube.com/watch?v=4ZIYMmJ2ewE
Referências
CASSIDY, David; HOLTON, Gerald; RUTHERFORD, James. Understanding Physics. Springer, 2002.
Imagens
• André Guimarães
• http://www.sxc.hu/photo/1213873.
• http://www.sxc.hu/photo/1183538.
256
• http://www.sxc.hu/photo/598323.
• http://www.sxc.hu/photo/1145177.
• http://www.sxc.hu/photo/981072.
• http://www.sxc.hu/photo/521192.
• http://www.sxc.hu/photo/1186277.
• http://www.sxc.hu/photo/1385352.
• domínio público.
• http://www.sxc.hu/985516_96035528.
Atividade 1
Como a força que impulsiona a corredora para frente é a força de atrito, a segunda
Atividade 2
ças é nula também, pela segunda lei de Newton. Assim, a força total é nula.
Se a aceleração está apontando para baixo, na Figura 3b do texto, vemos que a re-
Portanto, o que vai ser lido na balança é de forma similar ao discutido no texto:
N m( g − a)
mb = =
g g
e, neste caso, substituindo os valores mb = 50 x (9.8-2)/9.8 = 39.8 kg!
Atividade 4
Atividade 5
G(0.012MT ) 0.012 1
Resposta: gL = 2
= 2
g = 0.17g = g
0.27RT 0.27 6
Atividade 6
Atividade 7
Resposta: Quando θ=0, sen θ=0 e cos θ = 1. Daí, a = 0 e N = mg, que são os valores
258
O que perguntam por aí?
(UFPE) Um elevador partindo do repouso tem a seguinte sequência de movimentos:
O peso do homem tem intensidade P e a indicação da balança, nos três intervalos citados, assume os valores
a. F1 = F2 = F3 = P
b. F1 < P; F2 = P; F3 < P
c. F1 < P; F2 = P; F3 > P
d. F1 > P; F2 = P; F3 < P
e. F1 > P; F2 = P; F3 > P
Resposta: opção C.
Comentário: Este exercício é uma aplicação simples do que foi discutido na seção 2. O peso que a balança
fornece na realidade é a força normal que atua no homem. A força normal é maior do que o peso quando o elevador
está acelerando para cima (ou desce com movimento uniformemente retardado), é igual ao peso quando não há ace-
leração e é menor do que o peso quando o elevador está acelerando para baixo. Se o elevador caísse em queda livre,
o homem estaria se movendo com aceleração máxima para baixo e a balança marcaria peso nulo!
brio. Esta é uma expressão que pode dar margem a uma série de interpretações.
seja feito com segurança. E é nesse contexto onde surge uma série de questões
que muitas vezes nos intrigam, como por exemplo: como é possível um peque-
262
Seção 1
Pressão
Um antigo truque, utilizado pelos ilusionistas, é aquele onde o faquir deita-se sobre uma cama, contendo mi-
lhares de pregos sem se machucar. Se o mesmo faquir fosse desafiado a se deitar sobre um único prego, certamente
ele não aceitaria o desafio. Você saberia explicar por quê? Para entendermos o porquê da provável recusa, precisamos
Figura 2: Um dos truques mais famosos de ilusionismo é o do faquir que se deita em uma cama de pregos sem ser furado por
eles.
pele é maior.
A, a pressão (p) dessa resultante sobre a superfície é definida pela razão entre a resultante (F) e a área (A). Matemati-
camente, escreve-se:
Voltando ao problema da cama de pregos, se pensarmos que a soma das áreas das pontas de milhares de
pregos é maior do que a área da cabeça de um único prego. Logo, a pressão que o conjunto de pregos exerce sobre
a pele do faquir é muito menor, em função da área por onde a força distribui-se ser muito maior, do que no caso do
desafio, onde a área é limitada por um único prego e, consequentemente, a pressão é enorme e vai perfurar a pele
Seção 2
Massa específica e densidade
É muito comum entre os estudantes, no início dos seus estudos de Física, fazer confusão entre os conceitos de
264
Matematicamente, a massa específica (µ, lê-se mi) e a densidade (ρ, lê-se rô) são definidas como a razão entre
e .
Entretanto, no caso da massa específica, esta se refere a uma propriedade da matéria, ou seja, da substância
que constitui o corpo em questão. O seu cálculo leva em conta um corpo maciço e homogêneo, e o volume conside-
No caso da densidade, seu cálculo está relacionado com o volume do corpo. Assim, não faz diferença se re-
alizarmos o cálculo do volume de um corpo esférico maciço e homogêneo, ou de um corpo esférico oco. Embora
a quantidade de matéria utilizada em cada caso seja diferente, teremos valores iguais para os dois cálculos. Logo,
devemos ser cuidadosos com nossas interpretações e estar atentos para não cometermos erros conceituais que nos
Calculando a densidade
A densidade dos corpos é propriedade importante para a Física e para outras ciências, como a Química.
Sendo ela definida como uma razão entre massa e volume, sua unidade no Sistema Internacional (SI)
é o Kg/m3. Entretanto, em função do contexto, ela pode ser expressa de outras maneiras, como em g/
cm3 (a mais utilizada) ou em Kg/l, onde:
Ou
fície do líquido.
Considere que sobre a face superior do cilindro atue uma força F0 para baixo e que na face inferior atue uma
força F para cima. Além disso, atua sobre o cilindro o peso (P) que a Terra exerce sobre a massa da água que está con-
Como o líquido está em equilíbrio, a resultante das forças que atuam sobre o cilindro deve ser nula. Assim,
podemos escrever:
266
Podemos escrever o peso, utilizando a expressão da 2ª Lei de Newton:
Ou
em que:
F
= p (pressão exercida sobre a base inferior do cilindro)
A
Substituindo os termos encontrados, podemos escrever a expressão matemática que traduz o Teorema de
Stevin, em que p0 é a pressão que o ar exerce sobre a superfície do líquido, chamada de pressão atmosférica.
didade h no interior de um líquido em equilíbrio é dada pela pressão atmosférica (p0 = patm) exercida sobre a superfície
do líquido, mais a pressão exercida pela coluna de líquido, situada acima do ponto.
A partir do Teorema de Stevin é possível prever a existência de superfícies onde a pressão mantém-se constan-
te em todos os pontos. No caso do problema estudado, isso ocorre desde que a superfície seja horizontal.
A pressão exercida pela coluna de líquido recebe o nome de pressão hidrostática (pH) e pode ser calculada a
partir do produto ρgh que forma o terceiro termo da expressão.
Ou
Seção 4
A medida da pressão atmosférica –
Experiência de Torricelli
268
Figura 4: Experiência de Torricelli
Esta altura de 76 cm se repete toda vez que o experimento é realizado no nível do mar. Quando este experi-
mento é realizado em locais de maior altitude, como as montanhas, esse valor será menor que 76 cm.
A explicação para isso está no fato de que no alto da montanha a quantidade de ar, exercendo força sobre a
superfície do mercúrio no recipiente é menor, e, por consequência, a pressão será menor. Com isso, o equilíbrio ocorre
Assim, podemos expressar a pressão tanto em atm quanto em cm de Hg (símbolo químico do mercú-
rio), considerando a seguinte relação de transformação:
1 atm = 76 cm Hg
No Sistema Internacional (SI), a unidade de pressão é dada pela razão entre as unidades de força e de
área (N/m2). Esta razão recebe o nome de Pascal (Pa).
1 N/m²= 1 Pa
Para correlacionar as três unidades aqui apresentadas, por meio de uma relação de transformação,
podemos realizar o seguinte cálculo:
76 cm Hg = 0,76 m Hg
Assim, teremos:
Calculando a pressão
por uma das faces deste cubo, quando ele se encontra apoiado sobre uma mesa.
Mergulhando fundo
270
Será que a água vaza?
• Um copo de vidro
Encha o copo com água até que o nível atinja, mais ou menos, 1 cm da borda.
Coloque a folha de papel sobre a boca do copo. Segure o copo com uma das mãos
e com a palma da outra mão pressione a folha sobre a boca do copo, a fim de evitar que a
água escape entre a folha e a borda do copo. Vire o copo de cabeça para baixo, mantendo
pressionada a folha de maneira que não haja vazamento da água. Mantenha esta posição
por uns 5 segundos e, em seguida, remova com cuidado a mão que está segurando o pa-
pel.
O que você observou? Como você explica o que aconteceu, baseado no seu apren-
Seção 5
Equilíbrio em líquidos que não se misturam
A figura a seguir ilustra uma situação em que dois líquidos com densidades diferentes, como óleo e água, por
exemplo, são colocados cuidadosamente em um tubo em formato de U, de maneira que não se misturem.
Na situação de equilíbrio, o líquido à esquerda representa o óleo, cuja densidade p1 é menor do que a da água
(à direita), cuja densidade é p2.
272
Água e óleo não se misturam
de é igual a 0,6 g/cm3. Sabendo-se que a coluna de óleo mede 5 m, determine a altura da
coluna de água medida a partir do nível onde os líquidos se encontram em contato. Utilize
Seção 6
O Princípio de Pascal e a prensa hidráulica
De acordo com o Princípio de Pascal, qualquer aumento de pressão, aplicado em um ponto de um líquido em
equilíbrio, é transmitido integralmente a todos os pontos deste líquido e também a todos os pontos das paredes do
recipiente que o contém. O Princípio de Pascal encontra aplicações em aparatos tecnológicos como o freio a disco,
A figura a seguir ilustra o funcionamento de uma prensa que consiste de dois cilindros de diferentes diâmetros,
interligados e contendo um líquido. Em cada lado, é colocado um êmbolo e as áreas das superfícies desses êmbolos
explicação para o aparecimento da força F2 está no Princípio de Pascal, pois a aplicação de F1 provoca um aumento de
pressão no líquido que irá se transmitir até o segundo êmbolo, submetendo-o a uma força F2.
Observando a figura, é possível concluir que a pressão p1 (sobre o primeiro êmbolo) é dada por:
Portanto, há uma relação direta entre as intensidades das forças aplicadas e as áreas dos êmbolos. Assim, é pos-
sível compreender o funcionamento da prensa hidráulica, verificando que a força aplicada do lado esquerdo (F1) pode
ser muito menor do que a força obtida do lado direito (F2), dependendo da relação entre as áreas. Em uma situação
limite, seria possível imaginar que, com um único dedo aplicado do lado esquerdo, poderíamos elevar um caminhão
posicionado no lado direito, caso o equipamento seja projetado com esta finalidade.
Outra análise possível envolve a relação entre a altura que o primeiro êmbolo desloca (h1) - se e a altura do
deslocamento do segundo êmbolo (h2).
É fácil verificar que, não havendo qualquer tipo de vazamento de líquido, o volume de líquido deslocado do
lado esquerdo (V1) para baixo deve ser igual ao volume deslocado do lado direito (V2) para cima. Logo:
Assim, podemos obter uma expressão matemática que relacione as duas alturas, substituindo na expressão
anterior.
274
Subindo com o peso
tainer, e o deslocamento que deve ser realizado no primeiro êmbolo para que o container
eleve-se em 20 cm.
Qualquer material utilizado para manter um objeto em equilíbrio é chamado de lastro. Nas embar-
cações antigas, era comum a utilização de sacos de areia ou pedras. Atualmente, os novos projetos
resolvem o problema, transportando a água do mar como lastro, que preenche compartimentos do
navio para completar o peso. Quando não é mais necessária, esta água é eliminada.
No boxe Saiba Mais anterior estivemos discutindo brevemente alguns problemas, causados pela água de las-
tro, utilizada nos navios de carga e a necessidade da sua utilização para manter o equilíbrio dessas embarcações.
Nesta seção, vamos estudar a força de empuxo, que no caso dessas embarcações, pode colocar em risco a sua estabi-
Quando carregamos uma criança nos braços e a mergulhamos em uma piscina, temos uma sensação de con-
forto em relação à força que realizamos para mantê-la nos braços. Ela parece que “fica mais leve”. É como se o líquido
A explicação para este fenômeno foi elaborada pela primeira vez por Arquimedes (282 – 212 a. C.), e está tra-
duzida no seu teorema que afirma que todo corpo sólido submerso em um líquido em equilíbrio fica sujeito à ação
de uma força vertical e voltada para cima, cuja intensidade é equivalente ao peso do líquido que o corpo deslocou.
Essa força foi denominada empuxo (E), e pode ser calculada matematicamente a partir do peso do líquido
deslocado, ou seja:
276
Substituindo na expressão do empuxo:
A figura a seguir mostra um corpo de volume igual a V submerso em um líquido de densidade ρ1 onde atuam
Nessa situação, o empuxo pode ser obtido, considerando-se que o volume de líquido deslocado é exatamente
igual ao volume do corpo (V), já que o corpo está totalmente submerso. Logo:
Assim,
E = pl xVxg
mersa em água e presa ao fundo de uma piscina por um fio que a impede de subir. Deter-
A análise do problema do equilíbrio nas embarcações de carga pode envolver duas situações. Com o navio cheio de
carga, o casco mais submerso desloca um volume maior de líquido e o empuxo é maior, contrabalançando o peso. Por
outro lado, com o navio vazio, o casco fica menos submerso e o empuxo necessário para contrabalançar o peso tam-
bém é menor. Com o casco pouco submerso, a embarcação fica sujeita a instabilidades e a solução encontrada para
recuperar a estabilidade é o enchimento dos compartimentos da embarcação com a água do mar, a fim de aumentar
Figura 8: Quando um navio de carga está em sua capacidade máxima, parte de seu casco afunda na água. Quando não há
carga a ser transportada, utiliza-se um lastro para que ele afunde na água a mesma quantidade do casco que afundaria se
ele estivesse carregado, isso mantém o equilíbrio dele durante a navegação.
278
Resumo
A pressão é dada pela razão entre a força e a área onde esta é aplicada: ;
A massa específica diferencia-se da densidades pelo fato da primeira se referir ao material puro, enquanto que a
densidade refere-se ao objeto que pode ser constituído de vários materiais diferentes. Ambas são definidas com a
A pressão no interior de um líquido é dada pela profundidade dentro do líquido, multipicado pela densidade do
líquido, vezes a gravidade mais o valor de uma atmosfera (quando se está no nível do mar): ;
O experimento de Torricelli mostrou a relação entre a medida de uma atmosfera e uma coluna de mercúrio, iden-
O princípio de Pascal, que rege o funcionamento de mecanismos hidráulicos é dado pela relação entre as razões
Atividade 1
Sendo
F=P
F = mg
F= 3 . 10
Atividade 2
Onde:
Substituindo os dados:
280
Atividade 3
Após a retirada da mão que segura o papel a folha não deve cair e a água não sai do
copo. Isso ocorre porque a pressão que atua de baixo para cima na folha é a pressão atmos-
férica, de valor igual à soma da pressão que a coluna de água exerce na folha de cima para
baixo, com a pressão que a pouca quantidade de ar disponível na parte superior do copo
Atividade 4
Assim:
Substituindo os dados:
282
Substituindo os dados:
Atividade 6
Sobre a esfera, atuam as seguintes forças: o peso (P) e a tração do fio (T) para baixo,
além do empuxo (E) para cima. Como a esfera está em equilíbrio, podemos escrever:
Utilizando:
Substituindo os dados:
T =E -P
T = 2 -1
T =1N
Imagens
• http://www.sxc.hu/photo/923717
• http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:RGS_13.jpg
• http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Torricelli.jpg
• http://www.sxc.hu/photo/1355471
• http://www.sxc.hu/photo/984332
• http://www.sxc.hu/photo/1133571
284
O que perguntam por aí?
Certas ligas, estanho-chumbo com composição específica, formam um eutético simples, o que significa que
uma liga com essas características comporta-se como uma substância pura, com um ponto de fusão definido, no caso,
183oC. Essa é uma temperatura inferior mesmo ao ponto de fusão dos metais que compõem esta liga (os estanho
puro funde a 232oC e o chumbo puro a 320oC), o que justifica sua ampla utilização na soldagem de componentes
eletrônicos em que o excesso de aquecimento deve sempre ser evitado. De acordo com as normas internacionais, os
valores mínimo e máximo das densidades para essas ligas são de 8,74 g/ml e 8,82 g/ml, respectivamente. As densida-
Um lote, contendo cinco amostras de solda estanho-chumbo, foi analisado por um técnico, por meio da deter-
minação de sua composição percentual em massa, cujos resultados estão mostrados no quadro a seguir.
Com base no texto a na análise realizada pelo técnico, as amostras que atendem às normas internacionais são:
a. I e II
b. I e III
d. III e V
e. IV e V
Comentário: A partir dos dados fornecidos, é possível calcular a densidade de cada liga, levando em conta os
percentuais de participação dos elementos estanho e chumbo em cada caso. Depois de realizar os cálculos para os
cinco itens, é possível identificar que as amostras II e IV são as que atendem às normas.
Em um experimento realizado para determinar a densidade da água de um lago, foram utilizados alguns mate-
quando o cubo era preso ao dinamômetro e suspenso no ar. Ao mergulhar o cubo na água do lago, até que metade
Considerando que a aceleração da gravidade local é de 10 m/s2, a densidade da água do lago, em g/cm3, é:
a. 0,6
286
b. 1,2
c. 1,5
d. 2,4
e. 4,8
Comentário: Atuam sobre o cubo as seguintes forças: o peso (P) para baixo, o empuxo (E) para cima e a força
que o dinamômetro exerce (F) também para cima. O problema fornece os seguintes dados:
O problema informa que somente a metade do volume do cubo está submerso. Logo, o volume de líquido
O cálculo da densidade da água do lago seria possível se tivéssemos como obter o valor do empuxo, já que:
Ou
Ou ainda
Ou ainda:
Um tipo de vaso sanitário que vem substituindo as válvulas de descarga está esquematizado na figura a seguir.
Ao acionar a alavanca, toda a água do tanque é escoada e aumenta o nível no vaso, até cobrir o sifão. De acordo com
o Teorema de Stevin, quanto maior a profundidade maior a pressão. Assim, a água desce, levando os rejeitos até o
288
sistema de esgoto. A válvula da caixa de descarga fecha-se e ocorre o seu enchimento. Em relação às válvulas de des-
Comentário: A economia de água não pode ser justificada pela altura do sifão porque seja com a descarga
de válvula ou com a que utiliza o tanque a altura do sifão é a mesma. O mesmo acontece em relação à altura do nível
da água no vaso. O diâmetro do distribuidor de água e a eficiência da válvula somente determinam o tempo de en-
chimento do tanque, o que não justifica a economia. Assim, o fator determinante para a economia é a presença do
tanque que possui um volume definido para cada operação, evitando a utilização exagerada e o desperdício.
Febre puerperal
Nome dado à febre e dores abdominais que apareciam em mulheres no puerpério, ou
seja, no pós-parto, e que matava muitas delas.
Muitas das infecções que levaram à morte, naquela época, tinham causa
Assepsia
Meios de impedir que um microorganismo cause doenças em um organismo. Alguns
desses constituem hábitos de higiene, como lavar as mãos e tomar banho.
Parturientes
Mulheres que estão dando à luz ou que acabaram de fazê-lo.
combater as doenças. Uma delas foi a penicilina, descoberta em 1928 por Alexander Fleming, que, no entanto, apenas
A descoberta da penicilina foi uma grande contribuição para a humanidade. Apesar de não curar todas as in-
fecções, essa substância propiciou a cura de diversas doenças que levavam milhares de pessoas à morte. A penicilina
Esse é apenas um exemplo de como uma descoberta científica pode trazer grandes benefícios para a humani-
dade. É o desenvolvimento da ciência que propicia a criação de novos materiais e novas tecnologias.
E a Química é uma ciência que tem contribuído muito para a qualidade de vida dos seres humanos. Estudar do
que é feita a matéria, ou seja, quais são seus constituintes possibilita manipulá-las para uma determinada finalidade.
Por exemplo, a substância cloreto de sódio foi trabalhada de tal forma que pode ser usada para evitar infecções nos
seres humanos.
Mas o caminho das descobertas da Química, desde seus primórdios até as aplicações diretas para a melhoria
Por exemplo, para saber como criar substâncias, é preciso saber qual a sua composição. Em um nível mais de-
talhado, é necessário conhecer tudo que existe e por isso, uma pergunta não saía da cabeça dos cientistas: Do que é
Foi a busca por respostas a perguntas como essa e os métodos usados para respondê-las que impulsionaram a
humanidade na direção de inúmeras descobertas. Durante esse percurso científico, uma das maiores descobertas da
A partir daí, muitas realizações tornaram-se possíveis, inclusive a chegada da tecnologia. Exemplos são: ver TV,
ouvir rádio ou até mesmo se abrigar em um dia quente de verão num ambiente climatizado.
É um pouco sobre esse caminho da Química até a grande contribuição que ela faz para o nosso cotidiano, o
que vamos conversar nesta unidade. Esse caminho percorrido foi árduo e repleto de equívocos, já que os pensadores
e cientistas que o trilharam tentavam estabelecer relações sobre “objetos” que não eram visíveis a olho nu.
292
Figura 1: As descobertas científicas permitiram-nos chegar à era tecnológica.
Não é bom desfrutar de algumas horas de diversão na Internet?
Fonte: http://www.sxc.hu/photo/1260785 – Autor – Jakub Krechowicz
Objetivos da Aprendizagem
Relacionar argumentos que permitiram refutar a Teoria dos Quatro Elementos e aceitar a Teoria Atômica.
Na pré-história, o fogo servia para manter os animais afastados (e o frio também!). Mas esse elemento sempre
Figura 2: O fogo... A humanidade tem um fascínio por esse elemento desde as épocas
mais remotas.
Fonte: http://www.flickr.com/photos/28367511@N02/2714813027/ – Autor – Sérgio Pandeló.
E foi graças à observação de uma fogueira que os filósofos gregos chegaram a uma possível resposta à pergun-
Parece difícil acreditar, mas experiências simples como andar pela areia da praia ou ver um pedaço de madeira
queimando, ajudaram no avanço da ciência. Elas foram cruciais para o desenvolvimento das duas principais teorias
que tentaram explicar a matéria que constitui todas as coisas de nosso mundo e, por que não, de todo o universo.
Empédocles (Figura 4), no século V a. C, foi o primeiro filósofo a defender a existência de quatro elementos
básicos como as “partículas fundamentais de constituição da matéria”. Para ele, tudo ao seu redor era constituído a
294
Figura 3: Os quatro elementos (terra, ar, fogo e água) seriam os formadores de toda a
matéria do universo?
Fonte: http://www.flickr.com/photos/dskley/6015118153/in/photostream/ – Autor – Dennis Skley
O objetivo desse filósofo grego era explicar os processos de transformações, observadas na Natureza. Veja um
Por quê? Ora, quando se queimava um pedaço de madeira, os mesmos elementos eram obtidos de forma iso-
lada o que poderia ser observado visualmente. Em outras palavras, a queima representava-se, macroscopicamente,
pelo aparecimento do fogo (elemento fogo), da fumaça (elemento ar), de um pouco de vapor (elemento água) e de
Na verdade, pode-se afirmar que a teoria de Empédocles baseia-se na observação dos três estados físicos da
matéria – sólido, gasoso e líquido – e os elementos terra, ar e água. Podemos afirmar que o último elemento – fogo –
Aristóteles (Século V a. C), utilizando-se das ideias concebidas por Empédocles, inseriu quatro qualidades
distintas que estariam relacionadas aos quatro elementos: quente, frio, úmido e seco. Esse grande filósofo argu-
mentava que todas as transformações ocorridas na Natureza passavam pela retirada ou inserção de uma ou mais
dessas qualidades.
No nosso exemplo anterior, a queima de um pedaço de madeira permitiria a retirada das qualidades “quente”
e “úmido”. O que restaria? As qualidades frio e seco, ou seja, as qualidades do elemento terra que se manifestavam na
fundamental (também chamado substrato). Ele era “embebido” em quatro qualidades primárias (quente, frio, úmido
ou seco), às quais, se combinadas duas a duas, formaria um dos quatro elementos. Por exemplo, se o substrato esti-
Assim, os diferentes tipos de matéria resultariam das diferentes proporções em que os elementos e os subs-
tratos se combinariam entre si. As transformações da matéria dependeriam apenas das proporções que estariam
Esta concepção filosófica prevaleceu até o século XVI e não admitia que a matéria pudesse ser dividida e que
Segundo Aristóteles, quando o ar aquecido se expandisse era porque suas menores partículas (elementos)
Na verdade, hoje sabemos que não são as partículas do ar que se dilatam quando aquecidas e sim a separação
entre elas que aumenta.
296
O diagrama de transformação da matéria
A teoria dos quatro elementos (água, fogo, terra, ar) associada às quatro qualidades foi elaborada nas
obras de Platão e Aristóteles. As qualidades da matéria seriam quatro, sendo cada par correspondendo
a um elemento, como mostra o diagrama a seguir.
Podemos utilizar este diagrama para explicar as transformações naturais como, por exemplo, o aque-
cimento da água. Como o elemento água possui as qualidades frio e úmido, o aquecimento irá trans-
formar a qualidade frio na qualidade quente. O resultado seria a obtenção do elemento ar (qualidades
quente e úmido) o qual se manifestaria na forma de vapor de água.
uma excelente animação contando a evolução das ideias defendidas pelo elementaristas.
Como você acabou de ler, a preocupação com a constituição da matéria surgiu por volta do
século V a. C., na Grécia. O filósofo grego Empédocles, estabeleceu a “Teoria dos Quatro Elementos Imu-
táveis”, a qual acreditava que toda matéria era constituída por quatro elementos: água, terra, fogo e ar.
Aristóteles introduziu a ideia das quatro qualidades, quente, úmido, frio e seco.
Com base nesta teoria, identifique um fato comum do seu cotidiano que a relacione, como no
exemplo da madeira citado no texto.
Seção 2
“Dust in the Wind. All we are is dust in the
Wind”
A tradução do título desta seção é: “Poeira no vento. Tudo que somos é poeira ao vento.” Este é o título de uma
música dos anos 70, da banda americana de rock progressivo, chamada Kansas.
Não sei se isso acontece com você, mas quando observo uma bela praia, com suas grandes extensões de areia,
acabo me perguntando quantos grãos de areia seriam necessários para criar toda aquela extensão.
Antes de mim, porém, muitos se perguntavam qual seria o menor grão de areia encontrado. Também se pergun-
tavam se, depois de achá-lo, seria possível dividi-lo mais ainda até um ponto onde não conseguisse mais enxergá-lo.
Um filósofo grego, chamado Leucipo, no século V a.C. (Figura 5), imaginou que este padrão de organização da
matéria (divisão até a menor partícula possível) existente na areia poderia se repetir para todos os corpos existentes
no mundo.
Até aonde era possível avançar, dividindo-se as coisas indefinidamente? Ou será que chegaríamos a um ponto
Leucipo chegou à conclusão de que a segunda opção era a mais adequada e a estas partículas mínimas e in-
298
Figura 5: Leucipo: o descobridor do átomo!
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Leucippe_%28port
rait%29.jpg.
Muitos autores, hoje, creditam a autoria da teoria atômica a Demócrito (Século IV a. C.), discípulo de Leucipo.
Se ele não foi o idealizador do atomismo, pelo menos desempenhou importante papel na sistematização do pensa-
mento atomista.
Demócrito usava o conceito de átomos, para explicar as propriedades das substâncias: a água teria átomos
agrupados compactamente e que apresentavam forma esférica (o que permitira uma melhor compactação e fluidez);
já átomos de fogo teriam bordas agudas que possibilitariam seu espalhamento, como em um incêndio.
Bordas agudas
Para os atomistas da Grécia Antiga (Leucipo e Demócrito), o átomo era uma partícula indivisível, impenetrável
Sendo assim, a grande variedade de materiais encontrados na Natureza provinha dos diferentes tipos de áto-
mos. Estes, ao se movimentarem, chocavam-se e formavam conjuntos maiores, gerando diferentes corpos, com ca-
racterísticas próprias.
Que propostas sobre número, variedade e comportamento dos átomos foram feitas
por certos filósofos gregos, há cerca de 400 anos a. C.? Na mesma época, outros filósofos
defendiam outra ideia sobre a constituição da matéria. Que alternativa era essa?
Seção 3
Os Alquimistas estão chegando
Apesar das ideias atomísticas, a teoria de Aristóteles prevaleceu por mais de 2000 anos. A teoria dos Quatro Ele-
mentos propunha que a mudança na quantidade dos elementos constituintes da matéria podia levar à diferenciação
Essa concepção foi a base teórica para a crença na transmutação de metais menos nobres – como o chumbo
– em ouro, metal cuja combinação de qualidades seria a mais perfeita possível. Aqueles que perseguiam esta trans-
formação eram chamados de alquimistas. Eles prosperavam na Idade Média, trabalhando em segredo, protegendo o
Verbete
Transmutação – Transformação de um elemento químico em outro como, por exemplo, chumbo em ouro.
Criptogramas – São textos cifrados que obedecem a um código e a uma lógica pré-determinados para decifrar a mensagem. O
criptograma pode ser montado, envolvendo números; letras; números e letras; símbolos gráficos. É muito usado nos dias atuais
como passatempo em livros especializados, revistas e jornais.
300
Alguns classificam os alquimistas como místicos iludidos, tentando transformar chumbo em ouro. Ou talvez
golpistas, que usavam uma química simples para impressionar os crédulos. Mas as origens da investigação científica
Muitas destas tentativas foram empreendidas, durante o período medieval, usando-se vários procedimentos e
Figura 6: Representação de um laboratório da alquimia europeu. Os alquimistas trabalhavam escondidos em porões escuros
das casas e dos castelos.
Fonte: http://www.sxc.hu/photo/410469 – Autor – Adam Korzeniewski
Com tantas experiências, tudo o que eles aprenderam também os levaram a outras conquistas. Lembra-se da busca
por medicamentos que combatessem a febre pleural que matavam as mães no século XIX e que falamos no início da aula?
Com um alquimista chamado Philippus Theophrastus Bombast of Hohonheim ou simplesmente Paracelso. Foi o
primeiro a produzir remédios e fez isso através de técnicas da Alquimia, no início do século XVI.
Podemos citar alguns exemplos de histórias, envolvendo a pedra. Um deles é o livro de J.K. Rowling,
Harry Potter e a Pedra Filosofal, lançado no Brasil, em 2000, e transformado em filme, em 2001, tornan-
do-se um grande sucesso de bilheteria.
Podemos falar também da novela Fera Ferida da Rede Globo de Televisão, em 1993.
Um dos protagonistas da novela era um alquimista, chamado Flamel, representado pelo ator Edson Celu-
lari. Acesse o link a seguir e lembre-se da novela: http://memoriaglobo.globo.com/Memoriaglobo/0,27
723,GYN0-5273-229898,00.html e assista a uma cena inesquecível, quando Flamel provoca uma chuva
de ouro na cidade, acessando: http://video.globo.com/Videos/Player/Entretenimento/0,,GIM1653927-
7822-REVEJA+CENA+INESQUECIVEL+DA+NOVELA+FERA+FERIDA,00.html
Fonte: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Labo-
-Lavoisier-IMG_0501.jpg
Seção 4
Enfim a Química!
Um dos responsáveis por iniciar a transformação da Alquimia em algo menos esotérico e mais científico foi
o alquimista Boyle, em 1661. Ele achava que os alquimistas tinham descoberto segredos fundamentais da natureza,
Esotérico
Aquilo que é oculto, ou um conhecimento reservado para poucas pessoas, como um segredo. Pode ser definido ainda como
algo que poucos conseguem compreender.
Diferente dos outros alquimistas, ele compartilhava seus métodos e foi capaz de passar adiante as ferramentas
necessárias para ajudar a desvendar os mistérios da matéria. Foi uma verdadeira revolução!
302
Por toda a Europa, uma nova era de experimentação científica havia começado, onde as antigas doutrinas
Assim, ao adentrar o século XVIII, a ciência andava a passos largos e não dava mais para acreditar que tudo ao
Um cientista teve um papel fundamental nesta história: Joseph Priestley. Suas pesquisas baseavam-se no estudo dos
três tipos de gases, conhecidos na época: o ar comum (que respiramos), o ar inflamável (hoje conhecido como hidrogênio)
e o ar fixo (o gás carbônico). Mas, graças a um feliz acidente, ele conseguiu produzir um novo tipo de gás: o gás oxigênio.
Embora Priestley soubesse que tinha descoberto algo especial, ele não percebeu que havia isolado um ele-
mento. Isso porque, àquela época, acreditava-se que o fogo era causado por uma entidade chamada flogisto, uma
substância inodora, incolor, insípida e leve que fazia as coisas queimarem. Influenciado pela Teoria do Flogístico, ele
batizou a substância produzida em seu experimento de ar deflogisticado. Mas a sua descoberta chegaria aos ouvidos
Lavoisier tinha o laboratório melhor equipado da Europa, com vários tipos de vidrarias e equipamentos de me-
didas de grande precisão (Figura 7). Nesse local, ele pesava, media, repesava e calculava com precisão todas as etapas
dos seus experimentos. Dessa forma, repetindo e aperfeiçoando os experimentos de Priestley, ele compreendeu que
o gás produzido era um novo elemento químico: o oxigênio. Enfim, Lavoisier mostrara que o flogisto não existia, sen-
A Teoria dos Quatro elementos, então, teve o seu fim, uma vez que a própria água poderia ser dividida em:
oxigênio (o novo elemento) e mais um (que foi chamado de hidrogênio). Vários outros elementos foram sendo desco-
bertos pelos cientistas da época o que derrubou a ideia da existência de apenas quatro elementos.
o fogo... Bem, este não era um elemento. Foi dessa maneira, então, que a ciência Química entrava na era moderna, na
E Lavoisier, graças a incansáveis estudos, postulou que não eram mais 4 elementos e sim 33! Isso possibilitou
que antigos nomes alquímicos para as substâncias fossem substituídos. Enfim, tínhamos um vocabulário científico.
O açafrão de marte adstringente virou óxido de ferro; o óleo de vitríolo virou ácido sulfúrico; o vitríolo azul agora é
chamado sulfato de cobre; o litargírio passou a óxido de chumbo, o branco de Troyes é o carbonato de cálcio...
Lavoisier adquiriu uma participação na Ferme Général, o sistema utilizado na França para a taxa-
ção de impostos. A Ferme Général não era um sistema muito popular na época, principalmente
entre aqueles que tinham de pagar os impostos. Lavoisier morreu decapitado em 1794, após jul-
gamento sumário.
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Antoine_Lavoisier
304
Quer ir ao laboratório de Lavoisier?
Faça a uma visita ao laboratório virtual do Químico Antoine Lavoisier. O site está em Inglês, mas você
pode dar uma olhada nos instrumentos desenvolvidos por ele em seus experimentos.
Link: http://moro.imss.fi.it/lavoisier/
e. Filósofo grego que introduziu quatro qualidades à Teoria dos Quatro Elementos:
_____________
Por mais de dois mil anos, não tivemos meios para desvendar a natureza e não havia outra escolha, senão ba-
E foi assim que os filósofos gregos propuseram a ideia de quatro elementos básicos para tudo o que existia ao
redor. Mais tarde, essa teoria provaria ser um dos maiores erros do pensamento humano.
306
Com os alquimistas, essa teoria provocou o surgimento de várias técnicas de laboratório e deu origem a uma
ciência que mudaria a relação do homem com o meio em que vive – a Química. Mas o segredo da composição da
Na próxima unidade, você estudará os métodos, desenvolvidos por químicos, que nos permitem identificar as
substâncias que compõem os mais variados materiais, além das propriedades físicas e químicas que as caracterizam.
Resumo
A primeira ideia científica relativa à constituição de tudo que nos cerca remonta da Grécia antiga. Acredita-
va que tudo o que nos cerca – montanhas, árvores, computadores, cérebros, oceanos – é, de fato, constitu-
Empédocles e Aristóteles acreditavam que havia, somente, quatro elementos – terra, água, fogo e ar – que
Em paralelo, desenvolvia-se a teoria atômica – criada e defendida por Leucipo e seu discípulo, Demócrito
– ao se dividir um pedaço de matéria, qualquer que seja, chegaria- se a pequeníssimas partículas que não
poderiam mais ser divididas, mas que ainda manteriam as mesmas propriedades do corpo original. Para
denominar esta partícula última utilizou-se a palavra “átomo” que significa, literalmente, indivisível.
Durante séculos, no entanto, a ideia que prevaleceu foi a de Empédocles e Aristóteles (Teoria dos elemen-
tos), o que deu origem à Alquimia e aos seus mistérios. Mas o pensamento científico mudaria, principal-
mente, com o início do século XVIII e um francês teria um papel fundamental nesta história: Lavoisier. O seu
Surgia agora uma ciência chamada Química, a partir da ligação entre as habilidades práticas dos alquimis-
Veja Ainda...
http://condigital.ccead.puc-rio.br/condigital/index.php?option=com_content&view=article&id=390&Itemid=91
http://condigital.ccead.puc-rio.br/condigital/index.php?option=com_content&view=article&id=393&Itemid=91
E que tal uma boa leitura? Alguns livros bem interessantes abordam a Química de um modo que temos certeza
Alquimistas e Químicos: o Passado, o Presente e o Futuro – Jose Atilio Vanin. Editora Moderna.
Barbies, bambolês e bolas de bilhar: 67 deliciosos comentários sobre a fascinante química do dia a dia – Joe
O que Einstein disse a seu cozinheiro – vol. 1 e 2 – Robert L. Wolke. Editora Jorge Zahar.
Os Botões de Napoleão – As 17 Moléculas que Mudaram a História – Penny Le Couteur, Jay Burreson. Edi-
Referências
Bibliografia Consultada
BRAGA, Marco; GUERRA, Andréia & REIS, José Cláudio. Breve História da Ciência Moderna: convergência
BRAGA, Marco; GUERRA, Andréia & REIS, José Cláudio. Breve História da Ciência Moderna: das máquinas
HUILLIER, Pierre. De Arquimedes à Einstein: a face oculta da invenção científica, Rio de Janeiro, Jorge
308
CHASSOT, Ático. Alquimiando a Química. Química Nova na Escola, n.1, 1995. P. 20-22.
CHASSOT, Ático. A Ciência através dos tempos. São Paulo: Moderna, 1994. 189 p.
STHATHERN, Paul. O Sonho de Mendeleiev: a verdadeira história da Química. 1ª. Edição. Rio de Janeiro:
Atividade 1
Um dos exemplos que você pode citar é o caso da chuva. As nuvens são constituídas do elemento ar,
o qual possui as qualidades úmido e quente. Já o resfriamento destas nuvens transforma a qualidade
quente na qualidade fria. Como a qualidade úmida permanece, o ar transforma-se em água.
Atividade 2
Para os atomistas da Grécia Antiga, em especial Demócrito e Leucipo, o átomo era uma partícula in-
divisível, impenetrável e invisível. Para eles, a grande variedade de materiais na natureza provinha
dos movimentos dos diferentes tipos de átomos, que, ao se chocarem, formavam conjuntos maiores,
No entanto, um grupo encabeçado por Empédocles e Aristóteles defendia que a matéria era conti-
tuida por quatro elementos básicos. Este elementos poderiam converter-se entre si, dependendo das
qualidades que possuiam, conforme descrito no quadro abaixo:
Elementos Qualidades
Terra Frio e seco
Fogo Seco e quente
Água Frio e úmida
Ar Úmido e quente
Atividade 3
a. Empédocles
b. Alquimia
c. Leucipo e Demócrito
f. Átomo
g. Química
310
Planeta
Terra ou
Planeta Água?
Para início de conversa...
À primeira vista, até pode parecer simples, mas há muito conhecimento im-
que se ligam tanto à “sujeira” quanto à água. Dessa forma, é possível que a água
retire das mãos todas as suas impurezas, dentro das quais se incluem muitos seres
Mas como foi possível chegar à tal conclusão sobre os efeitos da água e do
põem o sabão. Eles tiveram, também, de compreender melhor como é a estrutura da molécula da água, conhecer
Além disso, a água é um dos principais meios de transmissão de doenças. Seu tratamento é crucial para
a saúde pública e existem diversos componentes dissolvidos na água que podem não ser benéficos à saúde hu-
mana. Investigar previamente suas características, como estado físico e densidade, faz-se essencial no controle
de sua qualidade.
Quase toda a água potável que consumimos transforma-se em esgoto que é reintroduzido nos rios e lagos.
Estes mananciais, uma vez contaminados, podem conter microrganismos causadores de várias doenças, como a diar-
reia, hepatite, cólera e febre tifóide. Além dos microrganismos, as águas dos rios e lagos contêm muitas partículas que
também precisam ser removidas antes do consumo humano. Daí a necessidade de se tratar a água para que esta volte
Para descobrir se a água foi realmente purificada, vários testes químicos e físicos são realizados para comprovar
a sua qualidade.
Determinar as propriedades físicas é um dos principais métodos que os químicos possuem para descobrir qual
substância está presente em um determinado material. E mais, podem descobrir se essas substâncias são puras, ou
seja, se não estão misturadas com outras substâncias que podem ocasionar efeitos indesejáveis.
Em uma indústria farmacêutica, por exemplo, todas as matérias-primas utilizadas para a fabricação de medica-
mentos ou vacinas são analisadas para descobrir se estão dentro de padrões estabelecidos. E isso é feito, em alguns
E o mesmo procedimento é realizado com os alimentos que consumimos. Quando preparamos um refres-
co, juntamos várias substâncias (aromatizante, açúcar, água etc.) para formar uma mistura com propriedades
indefinidas. Por que indefinidas? Porque algumas características finais, como o sabor, a densidade ou a acidez
serão o resultado da soma de cada uma das substâncias individualmente, quer dizer, cada um participa um pou-
co do resultado final.
Nesta unidade, você aprenderá sobre os estados físicos e as propriedades específicas da matéria e como essas
Bons estudos!
312
Objetivos da aprendizagem
Identificar a densidade como sendo uma relação entre massa e volume de um material.
Você sabe a diferença entre os três estados físicos da matéria: sólido, líquido e gasoso?
Imagine um copo, contendo um gostoso sorvete. O que acontece com ele, se o copo for deixado certo tempo
à temperatura ambiente?
No início, notamos que o tamanho e a forma do sorvete não sofrem influência do tamanho ou da forma do
copo. Por apresentar forma e volume definidos, dizemos que o sorvete encontra-se no estado sólido.
Volume
É a grandeza que representa o espaço ocupado por um corpo. Pode ser medido em litro, mililitro, centímetro cúbico, entre outras
unidades de medida.
No entanto, conforme o sorvete vai derretendo (Figura 2), a matéria passa a ter a forma do copo, mas continua
com um volume ainda definido. Assim, dizemos que o sorvete encontra-se no estado líquido. A passagem do estado
Figura 2: Ao derreter, o sorvete passa a tomar a forma não mais de uma bola, como
quando congelado, e sim a forma do copo onde está inserido.
314
Imagine agora uma panela com água, sendo aquecida com auxílio da chama de um fogão (Figura 3).
Com o passar do tempo, o líquido vai esquentando até o momento em que começa a se transformar em vapor.
Se o vapor for recolhido em um recipiente fechado, vamos observar que ele não apresenta forma (assume a forma do
recipiente) nem volume próprios (ocupa todo o volume do recipiente). Dizemos que o vapor encontra-se no estado
Se colocarmos uma tampa na panela com a água fervendo, verificaremos a formação de gotículas de água em
sua parte interna, devido ao resfriamento do vapor ao entrar em contato com uma superfície mais fria. A passagem
Ao resfriarmos ainda mais um líquido, por exemplo, colocando um copo com água em um congelador, o líqui-
No esquema, foi citado o termo “sublimação”. Você já ouviu falar nele? Ao colocarmos bolinhas de naftalina
em uma gaveta, observamos que com o passar do tempo, elas diminuem de tamanho. Isto ocorre, pois as mesmas
passam diretamente do estado sólido ao estado gasoso, sem passar pelo líquido, mudança de estado denominada
sublimação.
E agora, você saberia dizer qual a diferença entre os três estados físicos?
Veja:
Um material é sólido quando possui forma definida, independente do recipiente em que esteja,
e não pode ser comprimido à pressão de 1 atm para ocupar um volume menor, ou seja, também
possui volume definido.
Um material é líquido quando a sua forma depende do recipiente que ocupa, ou seja, não possui
forma definida, mas também não pode ser comprimido à pressão de 1 atm, possuindo volume
definido.
Um material é gasoso quando não possui nem forma nem volume definidos, ocupando todo o
volume disponível do recipiente que estiver contido. Ele pode ser comprimido.
Comprimido
Característica de uma substância que sofreu compressão, ou seja, diminuiu o seu volume graças à pressão.
316
Classificando materiais de nosso dia a dia em sólidos, líquidos
ou gasosos
Materiais e objetos: álcool, algodão, sal de cozinha, ar, tábua de madeira, palha de
aço, mel, neblina, gasolina, bolhas que desprendem de um refrigerante, xampu, farinha, gás
Aqueça a naftalina!
O que ocorre, quando aquecemos a naftalina? Veja um experimento bem simples sobre a sublimação.
Visite: http://www.pontociencia.org.br/experimentos-interna.php?experimento=440&MUDANCAS+DE+
ESTADO+FISICO
Seção 2
As propriedades físicas das substâncias
Agora, imagine que você precisasse diferenciar dois líquidos incolores, contidos em duas garrafas, e soubesse ape-
nas que um deles é constituído por água pura e o outro por água misturada com veneno. Você teria coragem de beber ou
cheirar os líquidos para diferenciá-los? Certamente não, pois é possível que você se intoxique com alguma substância.
priedades possuem valores medidos e, portanto, são mais precisas para identificar ou diferenciar os materiais. Dentre
as propriedades específicas físicas, podemos citar a densidade, a temperatura de fusão e a temperatura de ebulição.
Conseguiu responder à pergunta do título? Na verdade, os dois possuem a mesma massa: um quilo. Você ape-
nas precisará de um volume bem maior de algodão do que de chumbo para ter a mesma massa dos dois.
Massa
É uma grandeza que representa a quantidade de matéria que um corpo possui. A massa pode ser medida, principalmente, nas
seguintes unidades: em quilograma, grama, miligrama.
A densidade ou massa específica (d) é a propriedade que relaciona a massa e o volume de objetos que pos-
suem o mesmo material e são constantes a uma dada temperatura. Geralmente, essa grandeza é medida em gra-
mas por mililitro (g/mL), e é obtida, dividindo-se a massa (em g) de uma amostra da substância pelo seu volume
Densidade é uma grandeza que expressa quanto há de massa por unidade de volume de um dado
material.
massa (g)
densidade =
volume (mL)
A densidade de um material depende de sua temperatura.
A densidade é uma propriedade utilizada na identificação dos materiais. Em postos de gasolina, por exemplo,
são utilizados aparelhos chamados “densímetros”, que possibilitam ao consumidor comprovar a qualidade do etanol
que está sendo vendido. Quando o combustível está fora das especificações, com uma quantidade maior de água que
318
O etanol vendido como combustível é uma mistura (etanol + água) que deve ter densidade entre 0,8075 a
0,8110 g/cm3. Já o etanol puro possui densidade igual a 0,79 g/cm3 enquanto a água d = 1,00 g/cm3. Se o etanol esti-
ver adulterado, ou seja, com mais água que o limite permitido, terá uma densidade maior que a esperada.
O óleo vegetal (d = 1,4 g/cm3) é vendido, normalmente, por massa, enquanto o que-
a. A densidade da água é igual a 1,0 g/cm3, ou seja, 1,0 kg de água ocupa um volume
de 1,0 litro. Utilizando esse raciocínio, determine a massa existente em 2 litros de
b. Um agricultor foi à cidade comprar querosene para o seu trator. Passando por
Em qual loja ele irá comprar a maior quantidade de querosene com R$100,00?
Para comparar a densidade de dois líquidos, a água e o álcool, foram usadas esferas
Agora temos dois recipientes idênticos, como esquematizados abaixo. Um deles con-
Através da análise da primeira figura, você saberia dizer quem tem maior densidade,
o álcool ou a água? E, observando a segunda figura, qual das substâncias está no frasco A e
320
Banho-Maria: a química aplicada na cozinha
Você sabia que o banho-maria tem o objetivo de manter constante a temperatura de cozimento de alimentos
sensíveis ao calor? Por exemplo, ao cozinharmos um pudim, em banho-maria, temos a certeza que a temperatura do
cozimento não irá ultrapassar 100ºC. Mas por que podemos afirmar isso?
Como você estudou nessa unidade, a matéria muda o seu estado físico, dependendo das condições de tempe-
ratura e pressão. Quando a água é aquecida, ela só entrará em ebulição (passagem do líquido para gasoso) quando
atingir uma temperatura específica, que será de 100°C (ao nível do mar, ou seja, à pressão de 1 atmosfera). Da mesma
forma, o gelo só irá derreter (fusão), quando atingir 0°C. Esses valores de temperatura recebem nomes especiais: tem-
A temperatura de fusão – TF – indica a temperatura que o sólido passa para o estado líquido; já a tem-
peratura de ebulição – TE – é a temperatura que o líquido para o estado gasoso.
Maria e o banho-maria
O banho-maria é uma técnica de aquecimento, utilizada tanto em laboratórios de Química como nas
cozinhas das casas. Foi inventado, na Idade Média, por uma mulher conhecida por Maria, a Judia que
é considerada como um dos quatro maiores alquimistas da época. O seu trabalho destacou-se dos
demais alquimistas pelo grande desenvolvimento que ela trouxe às práticas de laboratório.
http://www.lapeq.fe.usp.br/labdig/simulacoes/fase.php
a. Você verificou uma mudança no estado físico após o início do aquecimento? Des-
b. Qual era a temperatura que o termômetro indicava, quando ocorreu esta mudança?
O gráfico que aparece na animação da atividade 4 representa todas as etapas de mudança do estado físico
da água, bem como de outras substâncias, de acordo com os suas diferentes temperaturas de fusão e ebulição. Esse
322
Na Figura 5, temos o diagrama de mudança de estado da água:
Agora você saberia dizer qual o estado físico da água em uma temperatura de 50°C?
Como se pode observar na Figura 6, a temperatura de 50°C é maior que a temperatura de fusão da água (0°C).
Isso quer dizer que água já está derretida, ou seja, no estado líquido. E como 50°C é uma temperatura abaixo de 100°C,
não será suficiente para “ferver” a água, ou seja, não ocorre a passagem do estado líquido para o estado gasoso.
Figura 6: E a 50°C, qual o estado físico da água? Pelo gráfico, podemos perceber
que nesta temperatura a água encontra-se no estado líquido.
a) o etanol:
b) o mercúrio:
E não se esqueça! As temperaturas de fusão e de ebulição das substâncias permanecem constantes, enquanto
ocorre a mudança de estado. Já em sistemas que contêm uma mistura de substâncias – como água e sal de cozinha –
324
Sólido, líquido ou Gasoso?
Qual o estado físico (sólido, líquido ou gasoso) das substâncias da tabela a seguir,
biente = 1atmosfera)?
Seção 3
As misturas
Imagine você, em um dia quente, entrando em uma lanchonete para pedir um pouco de água para beber. O
atendente dá o copo e você não percebe nenhuma sujeira na água. Você poderia afirmar que esta água é pura ou
Uma água potável é aquela adequada ao consumo humano. Ela até pode conter impurezas, desde que não
sejam nocivas à nossa saúde, ou seja, mesmo contendo outros componentes a água pode ser potável.
principalmente de cálcio, cobre, cromo, flúor, iodo, ferro, magnésio, manganês, molibdênio, fósforo, potássio, selênio,
sódio e zinco.
Misturas são combinações de duas ou mais substâncias diferentes em proporções fixas e definidas. Cada as-
pecto distinto que podemos observar em uma mistura, seja a olho nu, ou com auxílio de lentes de aumento ou mi-
Misturas homogêneas ou soluções: são as que apresentam uma única fase (monofásicas). Podemos citar
Misturas heterogêneas: são as que apresentam mais de uma fase (polifásicas). Podemos citar como exemplos:
326
Ligas Metálicas
As ligas metálicas são misturas sólidas de dois ou mais metais. Muitas delas estão presentes em nosso
cotidiano. Veja alguns exemplos:
Bronze, material usado na estátua de Marco Aurélio que vemos na imagem: mistura de
Seção 4
Água potável e a busca por novas fontes
O consumo de água doce no mundo cresce a um ritmo superior ao do crescimento da população. Resta, como
uma das saídas, a produção de água doce, retirando-a do mar ou das águas salobras dos açudes e poços.
Atualmente, muitos países e cidades estão se abastecendo totalmente da água doce, extraída da água salgada
do mar. A dessalinização de águas salobras acontece quando esta é aquecida até o seu ponto de ebulição, passando
para o estado gasoso, enquanto o sal fica no estado sólido, separando-se da água. O vapor d´água é, então, conden-
rendo ainda como uma das alternativas, com o transporte de água em navios tanques, barcaças e outros.
Um dos grandes desafios da química tem sido a obtenção de substâncias puras a partir de misturas, já que a
maioria dos materiais presentes na natureza é formada por misturas de substâncias. Vamos ver agora quais processos
Os processos de separação de misturas heterogêneas empregam ações mecânicas. Vamos destacar, a seguir,
Filtração: é um processo utilizado para separar um sólido de um líquido ou de um gás. Como exemplos de pro-
cessos de filtração empregados no dia a dia, podemos citar: a filtração da água em um filtro com vela de por-
celana ou carvão ativo e a separação do pó do café do líquido com um coador de pano ou de papel (Figura 9).
misturam. No caso do sólido e do líquido, o sistema é deixado em repouso até que o sólido deposite-se no
fundo por ação da gravidade. É um método muito empregado nas estações de tratamento de água para
328
Figura 10: Tanques de decantação de uma estação de tratamento de água.
Na separação dos componentes de misturas homogêneas, empregam-se processos físicos, que envolvem mu-
danças de estado, como a passagem do estado líquido para o gasoso. Vamos destacar, a seguir, um dos mais utilizados.
Destilação: é um processo utilizado para separar soluções, constituídas de duas ou mais substâncias lí-
quidas ou de sólidos totalmente dissolvidos em líquidos. Por meio do aquecimento da solução, é possível
bém são obtidos por destilação, que, neste caso, é chamada de destilação fracionada. Esse
Visite: http://www.labvirtq.fe.usp.br/simulacoes/quimica/sim_qui_zanzan.htm
http://www.infoescola.com/quimica/separacao-de-substancias-misturas/
330
Separando misturas...
recipiente com sal. Considerando que o sal não é solúvel no óleo, como será possível recu-
6
perar os dois?
Como você acabou de estudar, alguns materiais, como a água, precisam ser purificados para serem consu-
midos em nosso cotidiano. E para descobrir se eles estão realmente isentos de impurezas, precisamos determinar
algumas propriedades desses materiais, como a densidade, a temperatura de fusão e a temperatura de ebulição,
conceitos que você conheceu nesta aula. Na próxima unidade, retomaremos nossa viagem histórica pelo mundo da
Química e você aprenderá sobre como a teoria atômica foi se desenvolvendo ao longo do tempo. Acompanhando os
avanços tecnológicos, a ideia de átomo foi se aperfeiçoando, passando por vários modelos até chegar no que hoje
Resumo
A matéria pode ser encontrada sob a forma de três estados físicos: sólido, líquido e gasoso.
As substâncias são caracterizadas pelas seguintes propriedades específicas: densidade, temperatura de fu-
são e temperatura de ebulição.
A densidade ou massa específica (d) é a propriedade que relaciona a massa e o volume de objetos que
possuem o mesmo material e são constantes a uma dada temperatura. Tal propriedade é utilizada na iden-
tificação dos materiais e em procedimentos de separação de misturas.
Veja ainda...
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poderá acessar os endereços a seguir para interagir melhor com esses conhecimentos:
www.pontociencia.org.br , na página do Projeto Ponto Ciência, você encontrará várias sugestões de expe-
http://qnesc.sbq.org.br, na página da revista Química Nova na Escola (QNEsc), publicada pela Sociedade
Brasileira de Química (SBQ), você encontrará vários artigos e também vários cadernos temáticos de forma
totalmente gratuita.
Referências
Bibliografia Consultada
CANTO, E. L.; PERUZZO, T. M. Química na abordagem do cotidiano (Projeto Moderna Plus). 1ª Edição, Edi-
GOMES, L. A. K. Propriedades específicas dos materiais. Química Nova na Escola, v.8, p.20-3, 1998. Dispo-
MORTMER, E. F.; MACHADO, A. H. Química 1 (Ensino Médio). 1ª Edição, Editora Scipione, São Paulo, 2010, 288p.
332
Atividade 1
Sólidos: possuem
Líquidos: possuem forma variável
forma e volume Gasosos: possuem forma e volume variáveis
e volume definido
definidos
algodão álcool Ar
sal de cozinha mel neblina
tábua de madeira gasolina bolhas que desprendem de um refrigerante
palha de aço xampu gás de cozinha
farinha leite nuvem
serragem
Atividade 2
a . Como a densidade do óleo vegetal é 1,4 g/cm3, podemos dizer que em 1 litro te-
remos 1,4 Kg. Como 1 mL é a mesma coisa que 1 cm3, multiplicando por mil, teríamos 1000
mL, ou seja, 1 litro. Após multiplicarmos 1,4 g por mil, obtemos 1400 g, ou seja, 1,4 kg.
Já a densidade do querosene é 0,8 g/cm3, ou seja, 1litro terá uma massa equivalente
a 0,8 Kg (800g). Em 3,2 Kg de querosene teremos:
3,2 ÷ 0,8 = 4
b . Na loja B, o querosene custa R$ 20,00 por quilo. Com R$ 100,00 ele comprará:
Já na loja A, o valor fornecido é R$ 20,00 por litro. E, aqui, vale a mesma proporção: R$
100,00 comprarão 5 litros de produto. Repare que na loja B ele poderá comprar 5 quilogra-
Atividade 3
água é maior que a do álcool. Logo, considerando uma mesma massa dos dois líquidos, o
álcool possuirá um volume maior que o da água. Assim, o frasco A contém álcool e o frasco
B contém água.
Atividade 4
a. A fusão do gelo.
c. Durante esse intervalo de tempo, ocorre a fusão da água, ou seja, enquanto o gelo
Atividade 5
Clorofórmio: líquido
Etanol: líquido
334
Fenol: líquido
Pentano: gasoso
Atividade 6
Primeiro, deve-se adicionar água a essa mistura, deixar decantar e depois retirar o
óleo que ficará na fase superior. Posteriormente, por aquecimento, evapora-se a água para
se recuperar o sal.
Questão 1
(Enem 2011)
Certas ligas estanho-chumbo com composição específica formam um eutético simples, o que significa que
uma liga com essas características comporta-se como uma substância pura, com um ponto de fusão definido, no caso
183ºC. Essa é uma temperatura inferior mesmo ao ponto de fusão dos metais que compõem esta liga (o estanho puro
funde a 232 ºC e o chumbo puro a 320ºC), o que justifica sua ampla utilização na soldagem de componentes eletrôni-
cos, em que o excesso de aquecimento deve sempre ser evitado. De acordo com as normas internacionais, os valores
mínimo e máximo das densidades para essas ligas são de 8,74 g/mL e 8,82 g/mL, respectivamente. As densidades do
Um lote, contendo 5 amostras de solda estanho chumbo, foi analisado por um técnico, por meio da determina-
ção de sua composição percentual em massa, cujos resultados estão mostrados no quadro a seguir.
a. I e II.
b. I e III.
c. II e IV.
d. III e V.
e. IV e V.
Gabarito: Letra C.
Comentário:
As densidades do estanho e do chumbo são 7,3 g/mL e 11,3 g/mL, respectivamente, a partir destas informa-
ções e das porcentagens de estanho (Sn), e chumbo (Pb), podemos calcular a densidade de cada amostra.
60 40
Amostra I (60 % de Sn e 40 % de Pb): dI = × 7,3+ ×11,3 = 8,9g / ml
100 100
mL e 8,82 g/mL, respectivamente. As amostras que estão dentro deste critério são a II (d = 8,82 g/mL) e a IV (de = 8,78 g/mL).
Questão 2
Em nosso cotidiano, utilizamos as palavras “calor” e “temperatura” de forma diferente de como elas são usadas no meio
científico. Na linguagem corrente, calor é identificado como “algo quente” e temperatura mede a “quantidade de calor de um
corpo”. Esses significados, no entanto, não conseguem explicar diversas situações que podem ser verificadas na prática.
Do ponto de vista científico, que situação prática mostra a limitação dos conceitos corriqueiros do calor e temperatura?
a. A temperatura da água pode ficar constante durante o tempo em que estiver fervendo.
b. Uma mãe coloca a mão na água da banheira do bebê para verificar a temperatura da água.
338
c. A chama de um fogão pode ser usada para aumentar a temperatura da água de uma panela.
d. A água quente que está em uma caneca é passada para outra caneca, a fim de diminuir sua temperatura.
e. Um forno pode fornecer calor para a vasilha de água que está em seu interior com menor temperatura
que a dele.
Gabarito: Letra A.
Comentário: Quando se aquece uma substância pura, inicialmente no estado sólido, a temperatura aumenta até atin-
gir a temperatura de fusão (TF), onde começa a “derreter”; neste ponto, a temperatura é constante.
Quando chega à temperatura de ebulição (TE), acontece o mesmo: a temperatura permanece constante. Isto ocorre
Na 1a unidade você viu que existiam duas teorias que tratavam sobre as
teoria atômica. Esta última, por tratar de fatos ainda abstratos à época, perdeu espaço
para a teoria dos elementos que estabelecia uma relação mais direta com os aspectos
práticos do dia a dia como, por exemplo, as mudanças de estado físico ou a combustão.
atividade empírica. Com isso, o experimento começa a suscitar uma nova forma
Alguns cientistas resgataram, junto a antigos manuscritos, as teorias de Demócrito e Leucipo. Dalton foi o mais
proeminente desses. Na realidade, sua teoria atômica (conhecida também como a da bola de bilhar) veio a confirmar
uma série de fatos químicos, conhecidos à época de sua proposição. Como por exemplo, a Lei da Conservação da
Matéria, elaborada por Lavoisier, ou a Lei das proporções definidas, elaborada por Proust as quais vocês estudarão na
Objetivos de aprendizagem
Diferenciar as teorias atômicas, associando-as aos diferentes contextos históricos nos quais surgiram.
342
Seção 1
O resgate das ideias de Demócrito
O primeiro cientista a resgatar as ideias de Leucipo e Demócrito chamava-se John Dalton (1766-1844) e
ocorreu em 1803. Dalton ressuscitou o conceito de Demócrito e disse que os compostos eram feitos de partícu-
las extremamente pequenas, indestrutíveis e indivisíveis, chamada de átomos. Ele os associou a pequenas bolas
de bilhar.
Era Químico e Físico. De nacionalidade inglesa, tinha excepcional pendor para o magistério,
dedicando-se ao ensino e à pesquisa. Nasceu em uma aldeia, chamada Eaglesfield, mas foi
para Manchester, em 1783, onde ficou. Iniciou seus trabalhos científicos, investigando fenô-
menos meteorológicos e comportamento dos gases. Foi o primeiro a perceber que o volume
ocupado por um gás está diretamente associado à temperatura.
Dalton também afirmou que um átomo de um determinado elemento tem sua própria massa e que esta é
invariável. Na época, já existiam balanças relativamente precisas e, por isso, surgia uma grande preocupação em rela-
ção à variação das massas em uma reação química. Atos comuns, como fazer um bolo ou até mesmo a preparar uma
massa de cimento, partem da condição de que a massa final será a soma de todos os componentes que você utilizou
Apesar desse raciocínio ser óbvio, a conservação da matéria não era uma concepção clara na época. Como
explicar, por exemplo, a diminuição da massa, verificada na queima de um pedaço de madeira? Assim, a teoria dos
quatro elementos já não era suficiente para explicar os fenômenos químicos sob o olhar da balança.
As ideias dos antigos filósofos gregos estabeleciam formas diferentes dos átomos em função de suas carac-
terísticas (como por exemplo, a fluidez da água que era causada pela forma esférica de seus átomos). Já as ideias
de Dalton tinham como base as diferenças existentes entre os pesos dos átomos. Os principais postulados desse
Todos os átomos de um dado elemento químico (como, por exemplo, o hidrogênio) são idênticos. Isso não
só quanto à massa, mas também quanto às outras propriedades. Átomos de elementos diferentes têm
Os átomos são as unidades das transformações da matéria. Uma reação química envolve apenas combina-
ção, separação e rearranjo de átomos. Durante uma reação química, os átomos não podem ser criados, nem
destruídos, nem divididos ou convertidos em outras espécies, durante uma reação química.
Figura 1: Dalton afirmou que os átomos não poderiam ser criados ou destruídos. Observe a decomposição da água (H2O)
em gás hidrogênio (H2) e gás oxigênio (O2). O que ocorreu de fato foi apenas um rearranjo de átomos, no entanto percebe-se
que os átomos continuam sendo os mesmos.
Dalton tentou organizar os elementos de acordo com suas massas (chamado por ele de pesos atômicos), crian-
do símbolos diferentes para os átomos. A tabela a seguir descreve estes símbolos e seus pesos. Observe que Dalton
344
Figura 2: A tabela acima foi elaborada por Dalton, representando os átomos de alguns elementos conhecidos na época.
Observe que ele manteve a forma esférica na representação destes átomos.
O final do século XVIII foi marcado pelo surgimento da Eletricidade. A primeira demonstração da existência da
eletricidade é atribuída ao cientista Luigi Galvani (1737 -1798). Anos mais tarde, o físico Alexandre Volta (1745-1827)
deu andamento ao trabalho de Galvani, criando a primeira bateria a qual se tornou fonte de energia (literalmente!)
Tanto quanto a massa, a carga elétrica é uma propriedade intrínseca da matéria. Basicamente, a eletricidade
é um fenômeno que ocorre entre dois pontos que tenham, entre si, uma diferença em sua carga elétrica, podendo
Carga elétrica
A maioria dos corpos é neutro, ou seja, não apresentam excesso de carga positiva ou negativa. Por isso, a percepção que temos
dessa grandeza não é tão clara como a que temos entre corpos que possuem diferentes massas. Em relação a essas cargas e
como elas surgem, você verá na próxima unidade.
O modelo de Dalton não admitia a divisão do átomo; logo, não conseguia explicar de onde surgiria esta dife-
rença de carga elétrica existente em alguns corpos. Observou-se, na época, que, em relação a estas cargas, quando
elas forem de mesmo sinal repelem-se e de sinais contrários, atraem-se. Ainda, percebeu-se que tais cargas podiam
Vamos observar de perto essa diferença de carga elétrica entre dois corpos? Para tal, você precisará ter em mão
os seguintes materiais:
Papel toalha;
Canudo de plástico;
Linha de costura;
Pente de cabelo.
346
Agora, faça as seguintes experiências e anote, após cada uma, o que você observou.
3. Pegue o canudo de plástico e a linha. Amarre uma ponta desta linha no meio do canudo
e a outra ponta amarre a uma torneira de água. Atrite tanto o canudinho como a carca-
ça e aproxime-os.
4. Agora pegue um pente, penteie seu cabelo e, após isso, aproxime o pente do canudi-
nho.
Agora, a partir das suas observações, tente responder a essas questões a seguir, ano-
a. Qual foi a diferença entre o ocorrido nas atividades descritas nos itens 1 e 2? Qual
b. O que ocorreu nas aproximações descritas nos itens 3 e 4. Sabendo-se que a carga
poderia afirmar a respeito das cargas dos outros dois corpos, envolvidos na atividade?
Se você realizou as experiências, pôde constatar que, em 1, nada acontece e, em 2, os pedaços de papel apro-
ximam-se da carcaça. Isto acontece em função do atrito provocado pela fricção do papel toalha.
Já na experiência 3, você deve ter visto que o canudinho e a carcaça repelem-se, uma vez que, em ambos, a
fricção com o papel toalha foi feita. Isso ocasionou nos dois objetos uma mesma carga elétrica. Na experiência 4, a
sua experimentação deve ter apontado que o pente também atraiu os pedacinhos de papel. O atrito do cabelo com
o pente provoca o mesmo efeito da fricção do papel, provocada pelo papel toalha no experimento 2.
mais adequado, uma vez que o mesmo não prevê a possibilidade da divisão do átomo. As fricções mencionadas nos
experimentos produzem nos corpos uma determinada carga responsável pela atração ou repulsão observadas, o que
Portanto, visando descrever um modelo atômico que explique tais fenômenos, Joseph John Thomson (1856-
1940), um físico inglês do famoso laboratório de Cavendish, em Cambridge (Reino Unido), fez experiências, usando
tubos de vácuo. Thomson observou que raios surgiam dentro destes tubos, quando uma corrente elétrica era acio-
nada. Ele chamou estes raios de “catódicos” e duas experiências que ele fez mostraram-se muito importantes. Obser-
Tubos de vácuo
Tubos de vidro dos quais a maior parte do ar é removido e que, em suas extremidades, existem contatos metálicos para li-
gar a energia elétrica. Alguns destes tubos são conhecidos como ampolas de Crookes e são, de certo modo, semelhantes às
lâmpadas fluorescentes que você tem em sua casa. Observe que a luminosidade que surge nestas lâmpadas está associada ao
acionamento da energia elétrica.
Raios catódicos
São feixes de partículas com carga negativa que estão contidas nos átomos (você aprenderá mais a frente que essas partículas
se chamam elétrons). Esses feixes surgem em consequência da diferença de energia elétrica entre dois polos existentes dentro
de um recipiente fechado. Estes raios vão sempre do polo negativo (-) em direção ao positivo (+).
Experiência 1
Ao aproximar o polo positivo de um imã dos tubos de vidro, observou-se que os raios catódicos sofriam um
desvio em sua trajetória, conforme a Figura 3. Uma vez que já se sabia que cargas contrárias atraiam-se, pode-se
348
A Tubo de raios catódicos
D A
C Ímã
B
Figura 3: Esquema representativo da Ampola de Crookes, submetida à ação de um ímã onde Thomson observou que, quan-
do uma corrente era acionada [A], surgiam raios que se dirigiam à parede oposta do tubo [D]. Com a proximidade de um ímã
[B], os raios catódicos [C] sofriam um desvio, indicando que possuíam carga negativa.
Experiência 2
Colocar um dispositivo no interior do tubo que, em contato com os raios, pudesse se movimentar. Uma vez
que, diferente dos raios catódicos, a incidência de luz (que é apenas energia) não ocasiona movimento nesse disposi-
Figura 4: Esquema representativo da Ampola de Crookes, com uma engrenagem em seu interior [E] posta em movimento
pela ação dos raios catódicos, indicando que esses possuíam massa.
menores. A existência dos raios catódicos era uma evidência disto, sendo uma das partes do átomo a qual ele chamou
de elétrons.
Além disso, como os materiais, em geral, não são carregados eletricamente, esse cientista formulou uma nova
ideia: se os elétrons eram negativos, deveria existir, no átomo, outra parte de carga positiva. Dessa forma, compensa-
ria as partículas observadas nos raios catódicos. Sendo assim, ele elaborou a sua hipótese:
O átomo possui uma forma esférica e consiste em uma nuvem tênue de material carregado positivamente com
algumas partículas espalhadas por todos os lados como passas espalhadas em um pudim.
Figura 5: À esquerda, você vê um modelo do átomo de Thomson, que pode ser comparado a um pudim de passas (ou amei-
xas, como na figura à direita). Nesse modelo, os elétrons seriam as “passas”, enquanto a carga positiva estaria espalhada por
todo o pudim, de forma dispersa.
Então, a partir dessa nova ideia, temos a substituição do modelo anterior (Dalton) pelo modelo de Thomson,
também conhecido por “modelo do pudim com passas”. Importante observar que este modelo explicava satisfatoria-
350
Figura 6: Substituição do modelo de Dalton pelo de Thomson.
Descobrir a estrutura dos átomos foi uma árdua tarefa, começada lá na Grécia antiga
Responda, abaixo, com base nos modelos de Dalton e Thomson, V para as proposi-
ções verdadeiras sobre os diferentes modelos atômicos e F para as falsas. As sentenças que
quatro elementos.
( ) Cada átomo do elemento cobre, por exemplo, tem peso variável conforme a ma-
téria que ele compõe.
mo, a carga positiva distribui-se por sua esfera, enquanto que as cargas negativas encon-
352
Seção 3
A ciência em constante evolução:
A descoberta das radiações e
o experimento de Rutherford
Um novo fato, no ano de 1895, veio revolucionar os estudos de investigação do átomo. Na noite de 8 de no-
vembro, Wilhelm C. Röntgen (1845-1923) descobriu os raios X. Estes raios possuem alta capacidade de penetração e
são capazes de atravessar quase todo o tipo de matéria. Eles são provenientes de alguns elementos radioativos, os
Apesar de descoberta apenas em 1895, o homem sempre conviveu com a radioatividade. Na superfície ter-
restre, pode ser detectada energia proveniente de raios cósmicos e da radiação solar ultravioleta. Nas rochas, encon-
tramos elementos radioativos (como o urânio-238) e até mesmo em vegetais e em nosso sangue, e ossos pode ser
detectada a radioatividade (as batatas e os nossos ossos, por exemplo, contêm potássio-40, um elemento radioativo).
A maioria dos elementos, no entanto, não apresenta esta característica. Porém, Röntgen percebeu que estes
raios atravessavam facilmente o corpo humano, só encontrando alguma resistência nos ossos. Hoje, estes raios são
de extrema importância na investigação de fraturas ósseas, permitindo um diagnóstico que antes só poderia ser feito,
Outra partícula radioativa, descoberta mais tarde, e de fundamental importância na investigação do átomo, foi
a partícula alfa. Esta partícula não tinha um grande poder de penetração, uma vez que era bem mais pesada que os
raios X (e por consequência que os elétrons também) e, além disso, era carregada positivamente.
Estas partículas, por serem tão pequenas quanto o átomo, poderiam ser de grande ajuda para compreender o
interior desse. Sendo assim, Ernest Rutherford (1871-1937), aluno de Thomson e um importante investigador destas
A ideia dele era utilizar as partículas alfa como minúsculos projéteis em átomos de ouro (ele utilizou uma lâmi-
na deste elemento). Ele esperava que estas passassem direto pelo “pouco compacto” átomo de Thomson e iluminas-
Os resultados mostravam que a maioria absoluta das partículas alfa passava pela placa, porém algumas poucas
ricocheteavam e outras eram refletidas em um ângulo de 180º. Estes resultados mostravam que a o átomo não era
tão “pouco compacto” como dissera Thomson. E mais: existia uma região pequena no seu interior responsável por
Ricochetear
Quando um projétil salta ou é refletido após um choque. No caso da experiência de Rutherford, as partículas alfa chocam-se
com a lâmina de ouro.
Figura 8: Representação esquemática do experimento de Rutherford. Pode-se observar (à esquerda) que, no modelo de
Thomson, não se esperava uma reflexão das partículas alfa. No entanto, Rutherford observou tal evento, permitindo uma
nova conclusão sobre a estrutura do átomo.
354
Face aos resultados de seu experimento, Rutherford elaborou uma nova proposta de modelo atômico que
explicasse estes novos fatos. Rutherford propôs que o átomo ainda fosse esférico, porém com uma pequena região
central que concentrasse toda sua carga positiva, denominada núcleo. Esta região seria a responsável pelos desvios (e
até mesmo reflexão total!!) das partículas alfa, uma vez que cargas de mesmo sinal repelem-se.
Além disso, propôs que os elétrons estariam ocupando a maior parte do espaço em uma região periférica,
denominada eletrosfera. Isto permitiria que as partículas alfa passassem facilmente, uma vez que sua massa era muito
maior que a dos elétrons. Este modelo, que em muito se assemelha ao sistema solar, no qual os planetas giram em
Periférica
postulados:
Átomos são constituídos por núcleos de carga positiva e pela eletrosfera de carga negativa.
Então temos a substituição do modelo anterior (de Thomson) pelo modelo de Rutherford:
Ao lado, segue uma foto intitulada Hand mit Ringen (Mão com
anéis): a primeira de Wilhelm Röntgen referente à mão de sua espo-
sa, tirada em 22 de dezembro de 1895 e apresentada ao Professor
Ludwig Zehnder, do Instituto de Física da Universidade de Freiburg,
em 1 de janeiro de 1896.
356
Reproduzindo a experiência de Rutherford
ford, uma série de experiências que envolveram a interação de partículas alfa com a maté-
ria. Às vezes, esse trabalho é referido como “Experiência de Rutherford”. O desenho a seguir
Uma amostra de polônio radioativo (Po) emite partículas alfa que incidem sobre
uma lâmina muito fina de ouro (Au). Um anteparo de sulfeto de zinco (ZnS) indica a traje-
tória das partículas alfa, após terem atingido a lâmina de ouro, uma vez que, quando elas
Cintilação
No caso do experimento de Geiger e Marsden, é a emissão de luz que se dá quando a partícula alfa
incide sobre a superfície de sulfeto de zinco.
A partir do século XIX, a concepção da ideia de átomo passou a ser analisada sob
uma nova perspectiva: a experimentação. Com base nos dados experimentais disponíveis,
os cientistas faziam proposições a respeito da estrutura atômica. Cada nova teoria atômica
Com base nos modelos atômicos, faça a correta associação entre o nome do cientis-
Muito do que se acreditava no século XVIII se mostrou incompleto na explicação de fatos, trazidos no desen-
volvimento de novas tecnologias. E, apesar das transformações pelas quais o modelo atômico sofreu, ainda não che-
358
gamos ao modelo atual. Sendo assim, é importante continuarmos com o desenrolar das pesquisas que se seguiram
a estas que você aprendeu nesta unidade, pois elas permitirão identificar as partículas que compõem os átomos e
Resumo
Os antigos filósofos gregos, a partir da observação dos processos de transformações na natureza, elabora-
ram concepções filosóficas que levaram à elaboração das primeiras teorias atômicas.
A partir daí, houve uma série de procedimentos e etapas que levaram a mudança dos modelos atômicos
desde Dalton até Ernest Rutherford, cada qual com suas características. São eles:
Modelo de Dalton – Os átomos são esferas, homogêneas, maciças, indivisíveis e sem carga.
Modelo de Thomson – Os átomos são esferas gelatinosas, carregadas positivamente com pequenos pon-
tos espalhados, uniformemente carregados negativamente. Estes pequenos pontos foram chamados de
elétrons.
Modelo de Rutherford – Os átomos são constituídos por duas regiões central e periférica. A região central
(denominada núcleo) é carregada positivamente e nela está localizada a maior parte de sua massa. A região
Veja ainda!
Aqui vai uma dica para você se aprofundar em um assunto importante desta unidade:
Referências
BRAGA, Marco; GUERRA, Andréia & REIS, José Cláudio. Breve História da Ciência Moderna: das máquinas
HUILLIER, Pierre. De Arquimedes à Einstein: a face oculta da invenção científica. Rio de Janeiro, Jorge
360
Atividade 1
Atividade 2
da matéria.
(V) Este é o primeiro postulado de Dalton, o qual foi apoiado por Thomson.
(F) De acordo com Dalton e Thomson, o que diferenciava os átomos eram suas res-
pectivas massas.
(F) Dalton ainda não tinha em mente a existência da eletricidade e das cargas elétri-
Atividade 3
em um ângulo de 180º.
c. Estes resultados mostravam que a o átomo não era tão “pouco compacto”
como dissera Thomson. E mais: existia uma região pequena no seu interior
362
O que perguntam por aí?
Questão 1
(Enem 2002)
“Quando definem moléculas, os livros geralmente apresentam conceitos como: “a menor parte da substância
capaz de guardar suas propriedades”. A partir de definições desse tipo, a idéia transmitida ao estudante é a de que o
É como dizer que uma molécula de água possui densidade, pressão de vapor, tensão superficial, ponto de
fusão, ponto de ebulição etc. Tais propriedades pertencem ao conjunto, isto é, manifestam-se nas relações que as
O texto evidencia a chamada visão substancialista que ainda se encontra presente no ensino da Química. A
II. Uma substância “macia” não pode ser feita de moléculas “rígidas”.
III. Uma substância pura possui temperaturas de ebulição e fusão constantes, em virtude das interações entre
suas moléculas.
IV. A expansão dos objetos com a temperatura ocorre porque os átomos se expandem.
Dessas afirmativas, estão apoiadas na visão substancialista criticada pelo autor apenas.
a) I e II
b) III e IV
c) I, II e III
e) II, III e IV
Respostas Esperadas
1. Resposta: Letra D.
Comentário: As afirmativas I, II e IV, estão baseadas na visão substancialista atrelada à teoria dos elementos,
que atribui as propriedades de uma substância também a moléculas individuais. A afirmativa III está fora do contexto,
pois se relaciona com as propriedades da substância como um todo e não com as suas unidades constituintes.
364
Use protetor
solar!
Para início de conversa...
dou na unidade anterior, não levou em consideração uma força natural que nos
país, por se encontrar em uma posição geográfica próxima aos trópicos, recebe
uma grande incidência de raios solares. Por isso, em muitas cidades brasileiras, é
to dessa luz, pois existem diversos tipos de radiações que são emitidas pelo Sol.
zeamento. No entanto, caso seja recebida em excesso, pode causar queimaduras, e, a longo prazo, envelhecimento
Para evitar tais malefícios, sem deixar de receber a agradável presença da luz solar em sua pele, é recomendado
o uso do protetor solar. Ele contém diversas substâncias que agem como filtros, impedindo a ação destruidora dos
Em nosso dia a dia, lidamos com várias outras formas de radiações eletromagnéticas. Por exemplo, ao aque-
cermos um alimento no micro-ondas, usamos outra forma de radiação – as micro-ondas. Quando você vai ao hospital
fazer uma radiografia (ou “tirar uma chapa”), você entra em contato com outra forma de radiação – os raios X.
Nesta unidade, vamos verificar que o conhecimento da natureza dos diversos tipos de radiações foi importan-
Objetivos de aprendizagem
Identificar as principais características do modelo atômico de Bohr.
366
Seção 1
Neon
A Poesia de Pedro Du Bois retrata o fascínio que temos pelas luzes de neon (Figura 2). Mas qual a relação
existente entre elas e os modelos atômicos? Podemos afirmar que a existência destas luzes é uma comprovação do
modelo atômico de Bohr, desenvolvido pelo cientista Niels Bohr, em 1913. Quer saber o porquê?
Figura 2: Encontramos as luzes neon, por exemplo, colorindo as noites das cidades. São fascínios aos olhares perdidos!
Fonte: http://www.flickr.com/photos/mag3737/519410665/ - Tom Magliery
do quê somos feitos", pouco durou no meio científico, uma vez que não justificava o fato dos elétrons, em movimento
ao redor do núcleo, perderem energia, sendo atraídos diretamente pelo núcleo, o que causaria o colapso do átomo.
Além disso, os cientistas procuravam uma explicação para o fenômeno da emissão de luzes de diferentes cores, quan-
do os átomos eram estimulados por descargas elétricas. Você já deve ter observado alguns exemplos desse fenôme-
no, como o da Figura 2. Sendo assim, o modelo planetário de Rutherford tinha que ser revisto.
Em 1913, então, Niels Bohr (1885-1962) elaborou um modelo que poderia explicar essa emissão de luz. Segun-
do Bohr, existiriam diferentes órbitas para os elétrons; cada uma delas estaria associada a uma quantidade de energia
específica. Quando um determinado elétron recebesse um estímulo energético, ele saltaria para uma órbita diferente,
de maior energia.
Claro que essa nova condição não seria a mais “confortável” para o elétron, uma vez que essa não era sua situ-
ação original. Assim, tão logo o estímulo pare, o elétron volta à sua posição original, liberando a energia recebida na
forma de luz.
Você pode ter percebido, na Figura 2, que os letreiros possuem cores diferentes, certo? Isso se dá, pois os di-
ferentes átomos possuem quantidades diferentes de elétrons, que, por sua vez, se encontram em órbitas diferentes.
Os elétrons só podem se mover em órbitas determinadas e essa mudança só acontece se houver variação de
energia.
Graças ao modelo atômico de Bohr é possível explicar mais fenômenos químicos e físicos que o de Rutherford.
Assim, temos a substituição do modelo planetário pelo de Bohr. Como este último modelo estabelece quantidades
específicas de energia para as órbitas onde estão situados os elétrons, ele ficou conhecido como “modelo quântico”.
368
Figura 3: Substituição do modelo de Rutherford pelo de Bohr. Observe que os dois modelos são muito parecidos. A diferença
reside na possibilidade de o elétron mudar de órbita de acordo com a quantidade de energia contida nele. Em função da
semelhança entre estes dois modelos alguns autores denominam este modelo atômico, de Rutherford-Bohr.
Como você estudou até agora, nesta e na unidade anterior, diversos modelos atômicos foram propostos ao
longo do tempo. A Figura 4 representa a linha de tempo da evolução histórica dos modelos atômicos. Observe que
na linha de cima estão os modelos propostos na época e na linha de baixo os eventos que desencadearam a reformu-
Figura 4: Ao longo da história científica, novas experiências e achados foram realizados, novos modelos foram elaborados.
Fonte: Claudio Costa Vera Cruz
Uma aplicação prática do modelo de Bohr é o teste de chama. Ele consiste em aquecer determina-
dos materiais observando as cores emitidas de forma a identificar elementos existentes. O princípio é
o mesmo observado nos fogos de artifício. O link http://www.youtube.com/watch?v=qsNhxzFKh0I é
uma demonstração excelente desse método.
a emissão de energia pelos átomos, quando seus elétrons mudam de estados energéticos.
370
Sabendo disso e, após estudar esta primeira seção da unidade, responda: a qual mo-
delo atômico esse fenômeno está associado? Justifique brevemente a sua resposta.
Seção 2
Grandezas atômicas! Criando uma identidade
Ao longo da investigação dos modelos atômicos, muitos cientistas tiveram importante papel na sua confirma-
ção. Um deles, James Chadwick, descobriu, em 1932, uma terceira partícula, além do elétron e do próton, semelhante
a esse último, porém sem carga elétrica. Por esse motivo, tal partícula foi denominada nêutron.
O nêutron, assim como o próton, se encontrava no núcleo e a sua função estava relacionada à manutenção da
estabilidade deste. Uma grande quantidade de cargas positivas (prótons) em um reduzido espaço trazia uma enorme
instabilidade a este mesmo núcleo. Assim sendo, o modelo atômico do início do século XX fica da seguinte forma:
Tabela 1: Há três partículas formadoras do átomo, que apresentam massa, carga e localização próprias. Entenda que os
valores de massa são relativos, ou seja, a massa de um próton é igual à de um nêutron e é muito maior que a de um elétron.
Foi necessário atribuir massas relativas a essas partículas atômicas, uma vez que seus valores, em gramas, são infinitamente
pequenos!
Hoje sabemos que existem outras subpartículas no núcleo como quarks e glúons. A pesquisa destas partículas
como a massa do elétron é desprezível, podemos dizer que a massa de um átomo é a soma do total de prótons e
nêutrons. A massa de um átomo é chamada “número de massa” e tem o símbolo A como forma de identificação; en-
quanto que o número de prótons é chamado “número atômico” e seu símbolo é Z. Observe a Tabela 2:
Tabela 2: Há duas representações das grandezas atômicas: número de massa (A) e número atômico (Z).
A=p+n ou A=Z+n
Muito cuidado!
Os átomos são eletricamente neutros, por isso dizemos que:
Z=p=e
Isso significa que o número de cargas positivas (prótons) é igual ao número de cargas negativas
(elétrons).
partir deste dado, determine a quantidade de prótons existente neste átomo bem como
372
Seção 3
Alguns átomos podem parecer iguais, mas
são diferentes!
A seguir, você pode observar a representação de alguns átomos fictícios. Veja a possível localização dos núme-
ros de massa e atômico destes átomos. Estes números são uma importante informação que permite a identificação
de um átomo:
Z
XA; XZA ; A
Z
X
Observe que o símbolo X é utilizado para representar um átomo qualquer. Os químicos desenvolveram uma
linguagem própria para diferenciar os elementos através de seus símbolos. Os símbolos de um elemento químico são
siglas e estas devem conter, no máximo, duas letras sendo a primeira necessariamente maiúscula e a segunda, quando
Cobalto Co Sódio Na
Carbono C Potássio K
Oxigênio O Ouro Au
Sabendo disso, vamos fazer uma breve atividade com a Tabela 4. Ela apresenta alguns tipos de átomos com
as partículas constituintes de seus respectivos núcleos. Para certos átomos, no entanto, como você pode ver, faltam
dados. Então, baseado no que você acabou de estudar, que tal completar os espaços em branco da tabela? Siga o
Tabela 4: A tabela a seguir representa as principais características de alguns átomos. Observe que os espaços vazios podem
ser preenchidos através das informações fornecidas. Então, mãos à massa!
Carbono C 6 8 6 14 14
6
C
Oxigênio 8 8
Oxigênio O 8 17
8O
Urânio U 92 235
Urânio 238
92
U
Você percebeu que foram colocados dois átomos de diferentes elementos químicos? Dois átomos do elemen-
Pense um pouco mais sobre a tabela que você preencheu. Você saberia dizer qual a semelhança entre as partí-
A Tabela 4 indica uma importante semelhança entre os átomos de um mesmo elemento químico. Eles pos-
374
Mas eles possuem também uma importante diferença entre si: o número de nêutrons. Isso, por sua vez, ocasio-
na diferentes números de massa. Nesses casos, dizemos que esses átomos são isótopos.
Isótopos
São átomos com o mesmo número atômico, mas com diferentes números de massa, devido a diferentes quantidades de nêu-
trons em seus núcleos.
São isótopos?
a. DeB
b. C e D
c. BeC
d. BeD
e. CeD
Como comentado anteriormente, o modelo atômico de Bohr estabelecia que cada elétron ocupa uma posição
definida e única no átomo. A princípio, as investigações científicas indicaram a existência de sete camadas (ou níveis)
possíveis para acomodar os elétrons em volta do núcleo. Estas camadas foram identificadas por letras e existe um
Figura 5: Observe a quantidade máxima de elétrons que podem existir em cada camada. É importante sabermos que, con-
forme o átomo possui mais elétrons, eles vão preenchendo mais camadas.
Isso significa que, se um átomo possuir três elétrons, dois deles estarão na camada K e o elétron restante ficará
Por exemplo, um átomo possuidor de 13 elétrons terá em sua distribuição eletrônica: 2 elétrons em K, 8 elé-
trons em L e 3 elétrons em M. Observe que a soma dos elétrons existentes nas três camadas (2+8+3) terá sempre de
Exemplo 1
Como o berílio possui apenas 4 elétrons, iremos preencher a primeira camada (K) com 2 elétrons restando,
apenas, dois elétrons que serão alocados na próxima camada (L). Portanto, sua distribuição ficará assim:
K- 2
L- 2
Exemplo 2
Como o sódio possui 11 elétrons, iremos preencher a primeira camada (K) com 2, restando, apenas, 9. Desses 9
376
K- 2
L- 8
M- 1
Pesquisas posteriores à de Bohr observaram que existiam, ainda, subdivisões dessas camadas, denominadas
subcamadas (ou subníveis). Elas foram identificadas por um número e uma letra conforme a tabela a seguir:
Tabela 5: A organização dos elétrons na eletrosfera se dá tanto por camadas (primeira coluna) quanto por subcamadas ou
subníveis (terceira coluna).
L 8 2s2 2p2
Q 2 7s2
A distribuição de elétrons é de fundamental importância, uma vez que ela determina as características quími-
a. Z= 6
b. Z= 13
c. Z= 18
No universo da Química, cada um dos elementos possui sua assinatura única e intransferível. É como se fosse uma
impressão digital que possibilitasse o reconhecimento deste elemento em qualquer situação, e é com base neste
princípio que os químicos irão organizar todos os elementos que compõem a matéria.
Mas apesar de você já saber como, não se preocupe em organizar esses elétrons nas subcamadas, ao menos
por enquanto. Apenas tenha em mente que é possível elaborar a distribuição eletrônica para cada elemento químico
existente no universo e que, dependendo do resultado, pode-se prever suas características em função dessa distribui-
Na unidade “Elementos Químicos: os ingredientes do nosso mundo”, você será apresentado à Tabela Periódica.
Em meio às descobertas de características que permitiam a identificação dos átomos, muitos deles foram sendo re-
conhecidos. Surgiu daí a necessidade de se buscar por padrões que permitissem desenvolver formas de organizá-los.
Resumo
O modelo atômico atual é o de Bohr (também conhecido como Rutherford-Bohr). Nesse modelo, os elé-
trons giram ao redor do núcleo em órbitas, as quais apresentam diferentes valores de energia.
A massa de um átomo (representada pelo símbolo A) é a soma da quantidade de prótons e nêutrons. Essas
Os elétrons estão distribuídos em sete camadas denominadas por letras (K, L, M, N, O, P, Q) e essas camadas
Referências
378
QUIMICA, G. D. P. E. E. Interações e Transformações, V.3 – Livro do Aluno, Edusp, 2002.
BRAGA, Marco; GUERRA, Andréia & REIS, José Cláudio. Breve História da Ciência Moderna: convergência
BRAGA, Marco; GUERRA, Andréia & REIS, José Cláudio. Breve História da Ciência Moderna: das máquinas
HUILLIER, Pierre. De Arquimedes à Einstein: a face oculta da invenção científica. Rio de Janeiro, Jorge
Atividade 1
Ao modelo atômico de Bohr, uma vez que este prevê a possibilidade do elétron mu-
Atividade 2
ra, percebemos a existência de 8 elétrons. Logo, as bolas brancas são os prótons (lembre-se
A=9+8
A = 17
Letra A.
Observe que o átomo isótopo de A terá que apresentar o mesmo número de pró-
tons que ele, portanto este é o átomo D. Para achar o átomo com o mesmo valor de massa
de A devemos somar as duas colunas e verificar qual irá apresentar o mesmo valor (79);
Atividade 4
a. K- 2
L- 4
b. K- 2
L- 8
M- 3
c. K-2
L- 8
M- 8
380
O que perguntam por aí?
Questão 1
(UFG 2006)
Observe o trecho da história em quadrinhos a seguir, no qual há a representação de um modelo atômico para
o hidrogênio.
Comentário: O modelo atômico apresentado é o modelo de Rutherford-Bohr. Neste modelo, os elétrons giram
em torno do núcleo, em níveis específicos de energia, chamados camadas. No caso do modelo do átomo de hidro-
gênio apresentado, pode-se observar que a órbita não é elíptica, e o elétron gira em torno do núcleo, em uma região
(UFRGS 2001)
Uma moda atual entre as crianças é colecionar figurinhas que brilham no escuro. Essas figuras apresentam em
sua constituição a substância sulfeto de zinco. O fenômeno ocorre porque alguns elétrons que compõem os átomos
dessa substância absorvem energia luminosa e saltam para níveis de energia mais externos. No escuro, esses elétrons
retomam aos seus níveis de origem, liberando energia luminosa e fazendo a figurinha brilhar. Essa característica pode
a) Dalton.
b) Thomson.
c) Lavoisier.
d) Rutherford.
e) Bohr.
Resposta: Letra E
Comentário: Apenas o modelo de Bohr prevê a emissão de energia por um átomo quando seu elétron volta
382
Elementos
Químicos: os
ingredientes do
nosso mundo!
Para início de conversa...
O dilema era grande. Sabia-se que cada um desses elementos era formado
por átomos diferentes, com massas diferentes, mas alguns possuíam proprieda-
des químicas semelhantes. Tinha de haver um princípio norteador, um padrão,
que unisse as propriedades químicas e físicas.
as roupas dentro do seu armário ou alguma coleção que você tenha, ou as suas
beneficiar as indústrias.
propiciaria um desenvolvimento científico e tecnológico que al- Figura 1: A ordem dos elementos. A busca por um
padrão assolava alguma das mentes mais brilhan-
teraria substancialmente a vida das pessoas. tes da ciência no século XIX.
Fonte: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Peridic_sys-
Quer saber um pouco mais dessa história? tem_showcase.jpg - Eduardo de Eugene.
Objetivos de aprendizagem
Reconhecer a formulação da Tabela Periódica dos Elementos Químicos;
Identificar a Tabela Periódica como uma fonte de informações sobre os elementos químicos;
384
Seção 1
Organizando os elementos químicos
Nosso planeta foi criado a partir de 92 elementos químicos. Em unidades anteriores, você viu que tudo é in-
teiramente feito pela combinação desses elementos. No entanto, há um pouco mais de 200 anos, os cientistas não
tinham essa percepção. Eles não sabiam quantos elementos havia e quantos mais poderiam encontrar na Natureza.
Como você também viu na Unidade 3, John Dalton (1766 – 1844) foi o primeiro a tentar por ordem no mundo
O químico sueco Jöns Jacob Berzelius (1779 – 1848), um dos primeiros a aceitar a teoria atômica de Dalton, acha-
va que descobrir mais sobre a massa de cada elemento era, de alguma forma, de vital importância em sua ordenação.
Este solitário químico iniciou a sua busca: começou a medir a massa atômica de cada elemento conhecido
naquela época. Mas para isso, Berzelius teria de isolar e purificar cada um deles com extrema precisão. E isso estava
longe de ser um trabalho simples. Naquela época, muito pouco da aparelhagem química, necessária a um trabalho
Na altura de 1818, ele já havia determinado as massas atômicas de 45 dos 49 elementos conhecidos na época,
Alguns dos seus resultados foram extremamente precisos, quando comparamos com os dados atuais. Mas,
naquela época, quando outros cientistas tentavam determinar as massas atômicas, chegavam a resultados comple-
tamente diferentes.
Apenas em 1860, na conferência de Karlswhe, na Alemanha, o químico italiano Stanislao Canizzaro (1826 –
1910) esclareceu a distinção entre átomos e moléculas e estabeleceu uma padronização para as massas atômicas.
O interessante desta busca pela medição correta das massas atômicas é que vários elementos químicos foram
Da mesma forma que você se “pesa” em uma balança (determina a sua massa) comparando-a com um
padrão de referência (o quilograma), a determinação da massa do átomo é realizada através da com-
paração com um determinado padrão de referência (neste caso, outro átomo).
Vários padrões foram utilizados ao longo dos séculos: Dalton comparou o “peso” (a massa) de um de-
terminado átomo com o “peso” do átomo de hidrogênio. Já Berzelius escolheu o oxigênio como pa-
drão de referência. Hoje em dia, utilizamos o átomo de carbono isótopo 12 (ou seja, átomos de carbo-
no que possuem número de massa igual a 12). Você aprenderá mais sobre este assunto no módulo 2.
Para cada elemento descoberto, a mesma questão era proposta: como ordená-los, levando em consideração
as suas propriedades físicas e químicas? Os cientistas procuravam por padrões em toda a parte!
Ao procurar por tal resposta, muitos cientistas criaram teorias, ao longo do tempo. Alguns exemplos foram:
Esses e outros cientistas tentaram, mas não obtiveram muito sucesso perante a comunidade científica da épo-
ca, pois elas não se aplicavam a todos os elementos conhecidos até então.
Apesar dessas tentativas frustradas de organização dos elementos, uma ideia tinha sido reforçada: as proprie-
Periódicas
A ideia era simples: após certo número de elementos, chegava-se a um ponto em que as propriedades dos
elementos repetiam-se. As leis anteriores não funcionavam para todos os elementos conhecidos na época, pois nem
O homem que iria resolver esse dilema era um dos mais brilhantes químicos desde Lavoisier: Dmitri Mendeleev.
386
Uma pequena pausa para um vídeo...
Até aqui em nossa história, você viu que os cientistas descobriam vários elementos
Aprenda um pouco mais sobre essas teorias, vendo o vídeo que se encontra na pá-
gina: http://www.tabelaperiodica.org/historia-da-tabela-periodica-antes-de-mendeleev/
dos elementos e como algumas teorias, mesmo não aceitas pela comunidade científica,
Sendo assim, escreva algumas linhas sobre como essas teorias, apesar de não esta-
rem completamente corretas, foram uma importante contribuição para a construção da Ta-
bela Periódica de Mendeleev. Você também pode acessar outras páginas da Internet para
descoberta incrível!
busca por um padrão dos elementos, ele criou cartas dos elementos, com
Conta a história que, cansado, após três dias sem dormir, tentando desvendar o problema, ele teria cochilado
e sonhado com os 63 elementos conhecidos, dispostos em uma grande tabela que os relacionava na ordem correta.
Ao acordar, em 17 de fevereiro de 1869, ele fez o primeiro esboço da tão sonhada Tabela Periódica dos Elementos.
O incrível da sua obra era, que para que a sua tabela funcionasse, ele deixou espaços vazios para os elementos
ainda desconhecidos. Veja na Figura 3 uma cópia do primeiro desenho publicado da Tabela Periódica.
Empregando diferentes métodos e analisando um grande número de substâncias, os químicos iam descobrin-
388
Quem foi Mendeleev?
http://condigital.ccead.puc-rio.br/condigital/
index.php?option=com_content&view=article&id=647&Itemid=56
Seção 2
A Tabela Periódica Atual
A Tabela Periódica dos Elementos sofreu vários rearranjos, após a descoberta original de Mendeleev. No entan-
to, as suas versões modernas continuam incontestavelmente baseadas na estrutura essencial, concebida por ele. Esta
foi capaz de incorporar quase o dobro do número de elementos, inclusive um grupo inteiramente novo.
Um jovem e brilhante físico inglês, Henry Moseley (1887 – 1915), teria um papel fundamental nessa história.
Ele achava que o segredo do átomo estava dentro do seu núcleo, no centro de cada átomo. Ele foi o primeiro a deter-
minar a quantidade de prótons dos átomos, o que é chamado de número atômico, como você estudou na Unidade
Moseley percebeu que era o número atômico e não a massa atômica que determinava a ordem dos elementos.
Com isso, a Tabela Periódica sofreu uma grande transformação e passou a ser escrita em ordem crescente de número
atômico.
Ela apresenta, dentro do quadradinho de cada elemento, uma série de valores e cores diferentes. Para você
saber que informações são essas, você terá sempre de consultar a legenda. Veja na Figura 5 a legenda, disponibilizada
Figura 5 - A legenda de uma Tabela Periódica. Ela nos informa diversos dados sobre os elementos químicos. Neste caso, per-
ceba que o número atômico do elemento é o número encontrado na parte de cima do quadrado, o símbolo e o nome do
elemento no centro. Já a distribuição eletrônica encontra-se à direita.
E ainda há as diferentes cores! Isso nos permite identificar diversas informações, como: o estado físico do ele-
mento em condições padrões de temperatura e pressão pode ser percebido pela cor do símbolo de cada elemento:
gasoso (em azul), sólido (em preto) e líquido (em vermelho). Além disso, as cores de fundo dos quadradinhos diferen-
Perceba esta diferença na Figura 6. As cores informam-nos a classificação dos elementos, de acordo com as
Substâncias simples
São substâncias formadas com átomos de apenas um elemento químico. Por exemplo: gás oxigênio (O2) e gás hidrogênio (H2).
São diferentes das substâncias compostas que possuem átomos de diferentes elementos químicos, como a água – H2O – que é
formada por átomos do elemento químico hidrogênio (H) e átomos do elemento químico oxigênio (O).
Como você pode perceber, a maioria dos elementos é classificada como metais. Você pode conhecer ou, ao
menos, ter ouvido falar de alguns deles: ferro, cobre, alumínio, ouro, prata, estanho etc. Esses elementos formam
São sólidos à temperatura e pressão ambientes, com exceção do mercúrio, que é líquido;
São dúcteis (se moldam facilmente) e maleáveis, ou seja, com eles podem ser preparados/obtidos fios e lâminas
de diferentes espessuras.
Já os não metais podem ser sólidos, líquidos e gasosos, e alguns são utilizados como isolantes térmicos e
elétricos.
Lembra-se que uma das importantes modificações feitas na Tabela Periódica, a partir das pesquisas de Mose-
ley, foi a distribuição dos elementos em ordem crescente dos números atômicos? Repare na sequência de números
392
Figura 7: A ordem crescente dos números atômicos. Perceba a sequência crescente – do menor para o maior – dos números
atômicos.
Fonte: Andrea Borges
Você também deve ter notado duas linhas separadas do corpo principal da Tabela (que estão representadas, na
Figura 7, pelas cores rosa e roxo). Eles correspondem a duas séries distintas de elementos: a dos lantanídeos (elemen-
tos de número atômico de 57 a 71) e os actinídeos (elementos de números atômicos de 89 a 103). Eles pertencem,
respectivamente, às quinta e sexta linhas; foram retirados apenas por uma questão de apresentação.
Em sua versão mais longa, a tabela periódica pode apresentar esses elementos como mostrado na Figura 8.
Figura 8: Tabela Periódica no formato mais longo. As séries dos lantanídeos e actinídeos estão inseridas no corpo principal
da tabela.
Fonte: Andrea Borges
Os elementos ainda podem ser classificados como elementos representativos (Famílias A) e elementos de tran-
sição (Famílias B). Os elementos pertencentes à série dos lantanídeos e actinídeos são chamados de elementos de
transição interna.
Seção 3
Localizando um elemento químico
São jogos onde você usa um tabuleiro, dividido em quadrados. Cada um deles pode ser identificado pela linha
394
Figura 9: Em um jogo de xadrez, determina-se a localização de
uma peça de acordo com o quadrado que ele ocupa, identifi-
cando a linha (representada por um número) e a coluna (repre-
sentada por uma letra) que este está.
Fontes: http://www.sxc.hu/photo/1019383 - Kriss Szkurlatowski
Com a Tabela Periódica ocorre o mesmo. Cada elemento químico possui uma localização que indica alguma
As sete (7) linhas horizontais da tabela são chamados períodos. Veja alguns exemplos:
Na primeira linha horizontal, no 1° período, temos apenas dois elementos: o hidrogênio (1H) e o hélio (2He).
Figura 10: Os elementos do primeiro período da Tabela Periódica. Apenas os elementos hidrogênio e o hélio fazem parte
deste período.
Fonte: Andrea Borges
Figura 11: Os elementos do segundo período da Tabela Periódica. Nesse período, podemos encontrar os elementos lítio
(3Li), berílio (4Be), boro (5B), carbono (6C), nitrogênio (7N), oxigênio (8O), flúor (9F) e neônio (10Ne).
Fonte: Andrea Borges
Figura 12: Os elementos químicos presentes no quarto período da Tabela Periódica. Nesse período, são encontrados os
elementos: potássio (19K), cálcio (20Ca), escândio (21Sc), titânio (22Ti), vanádio (23V), crômio (24Cr), manganês (25Mn), ferro (26Fe),
cobalto (27Co), níquel (28Ni), cobre (29Cu), zinco (30Zn), gálio (31Ga), germânio (32Ge), arsênio (33As), selênio (34Se), bromo (35Br) e
criptônio (36Kr).
Fonte: Andrea Borges
396
E no nosso último exemplo na Figura 13: o sexto período, com 32 elementos químicos.
Figura 13: Os elementos químicos do sexto período. Não esqueça que os elementos da série dos lantanídios pertencem a
esta linha, resultando em um total de 32 elementos químicos.
Fonte: Andrea Borges
As linhas verticais são chamadas Grupos ou Famílias de elementos químicos, indicando que os elementos pre-
Podem ser indicados por duas formas: por uma numeração de 1 a 18, ou pelo conjunto de números e letras: 1A,
Algumas dessas famílias de elementos recebem nomes especiais, devido as suas características químicas. Veja
Tabela 1: Alguns Grupos (ou Famílias) de elementos químicos possuem um nome específico.
16 (6A) Calcogênios
17 (7A) Halogênios
Uma observação importante é que o hidrogênio não é um metal alcalino, não pertencendo à categoria dos
metais. Na verdade, este elemento possui características únicas, diferentes de todos os grupos da Tabela Periódica.
Como dissemos, os elementos de cada grupo possuem características semelhantes entre si. Veja alguns exem-
398
Figura 15: Grupo 1 ou Família 1A da Tabela Periódica: corresponde ao metais alcalinos; são sólidos prateados e bem ma-
leáveis, podendo ser cortados com uma faca. Os metais alcalinos terrosos correspondem ao Grupo 2 (Família 2A); são mais
duros, mais densos e fundem-se a temperaturas mais altas que os elementos do grupo 1. Os Calcogênios pertencem ao
grupo 16 da Tabela Periódica que contém um dos elementos mais importantes para as nossas vidas: o oxigênio. Já os outros
elementos são sólidos na temperatura ambiente. Os halogênios – grupo 17 - o cloro (gasoso), bromo (líquido) e o iodo (sóli-
do) são elementos tóxicos e apresentam um odor característico.
Fontes: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Alkalimetalle.jpg – Tomihahndorf; http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Erdalkali.jpg -
Tominanndorf; http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Chalkogene.jpg - Tominanndorf; http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Chlor_amp.
jpg?uselang=pt-br; http://commons.wikimedia.org/wiki/File:BrBrom.JPG?uselang=pt-br – Dnn87; http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Iodine-
evaporating.jpg?uselang=pt-br - Jurii
Agora que você já sabe o que são os períodos e os grupos da Tabela Periódica, já pode localizar um elemento
químico.
Silício (14Si)
Bromo (35Br)
Tungstênio (74W)
400
Palavras cruzadas dos Elementos Químicos
ções na Tabela Periódica dos elementos, e escreva os seus nomes – colocando uma letra
Linhas horizontais:
do grupo 13.
como na água.
turas.
10. Estou presente tanto no carvão como no diamante. Sou o primeiro elemento do
grupo 14.
16. Estou presente na composição do ATP e do ADP, tendo uma função essencial no
20. Meu símbolo é Pb. Sou um metal tóxico e com alta densidade, usado em baterias
22. Sou da série dos actinídeos e tenho número atômico 94. Fazem bombas atômi-
cas comigo.
Linhas verticais:
2. Sou o último elemento químico natural da Tabela. Tenho número atômico 92.
4. Sou usado no enchimento de balões e dirigíveis. Quem sou eu? O gás nobre de
6. Fui descoberto por Marie Curie e o seu marido, em 1898. Sou um elemento radio-
estou no 5° período.
11. Tenho um nome difícil. Sou usado no aço inoxidável, em lentes fotográficas, na
402
14. Sou um halogênio do 2° período. Um dos meus compostos é utilizado na pre-
18. Você pode me encontrar no 4° período. Sou um metal alcalino terroso presente
19. Sou muito instável por ser radioativo. Quem sou eu? O metal alcalino de maior
número atômico.
Seção 4
A distribuição eletrônica e a Tabela Periódica
Esta pergunta só seria respondida no século seguinte à construção por Mendeleev da Tabela Periódica, através
Como você estudou na Unidade “Use protetor solar!” , existem sete camadas (ou níveis) possíveis para acomo-
dação dos elétrons, em volta do núcleo. Realizando as distribuições eletrônicas dos elementos, contidos na Tabela
Periódica, algumas semelhanças foram encontradas. Veja como exemplo o Grupo 2 da Tabela Periódica, na Figura 17.
a. o berílio (Be) possui apenas duas camadas; logo, está localizado no 2° período;
c. o cálcio (Ca) possui 4 camadas; logo, está no 4° período e assim por diante.
Os elementos de um mesmo grupo possuem a mesma quantidade de elétrons em sua última camada
eletrônica, que é chamada de camada de valência. Isso justifica o fato de terem propriedades químicas
semelhantes.
cas para os seguintes elementos do Grupo 17, preencha os espaços em branco da tabela
404
Grupo Distribuição eletrônica
Período
17 K L M N O P Q
2° 9
F
3° 17
Cl
4° 35
Br
5° 53
I
6° At
85
Enfim, esta é a versão completa da Tabela periódica dos elementos proposta por Mendeleev, em 1869, em
função da pesquisa de vários outros pesquisadores que buscavam, na ordenação dos elementos químicos, uma forma
de ordenação da natureza.
A Tabela Periódica dos elementos químicos, proposta por Mendeleev e seu aperfeiçoamento posterior, condu-
ziram à descoberta de novos elementos, auxiliando também o desenvolvimento da física quântica e a estrutura do
Mas se não ajudaram muito os médicos a salvar vidas no século XIX, o modelo atômico e a Tabela Periódica
ajudaram os químicos a fazer muitas outras coisas. Olhe ao seu redor: muitas das coisas que estão com você foram
balho de várias mentes brilhantes, que se dedicaram, ao longo de 2500 anos de história, a explicar como a Natureza, ao
É o fim da nossa viagem, mas não dos nossos estudos! A partir da próxima unidade nos aprofundaremos cada vez
mais no mundo da Química. Agora que você já está por dentro dos átomos, descobrirá que eles são capazes de reagir
uns com os outros por meio de diferentes tipos de ligações. E assim, formarão substâncias que apresentarão caracterís-
ticas diferentes daquelas dos átomos que as formam isoladamente. Nos veremos por lá!
Resumo
Em 1869, Mendeleev desenvolveu uma Tabela com os elementos dispostos de acordo com as suas massas,
revelando a periodicidade de suas propriedades, ou seja, certas propriedades dos elementos repetiam-se
É a partir do trabalho de Moseley e a determinação do número atômico do átomo que a Tabela Periódica
A Tabela Periódica atual é uma importante fonte de consulta. Ela não só apresenta o número atômico, sím-
bolo e nome de todos os elementos químicos conhecidos, como apresenta propriedades físicas e químicas
desses elementos, além da classificação como metais e não metais, e, em alguns casos, a distribuição ele-
Você também deve saber localizar um elemento químico, ou seja, determinar o período (as linhas horizon-
tais) e o Grupo ou Família (as linhas verticais) onde ele está colocado na Tabela Periódica.
Alguns grupos recebem nomes especiais, como: os metais alcalinos (Grupo 1), metais alcalinos terrosos
(Grupo 2), Calcogênios (Grupo 16), Halogênios (Grupo 17) e Gases Nobres (Grupo 18).
Podemos obter alguns dados interessantes sobre a distribuição eletrônica de um elemento químico em fun-
ção de sua localização da Tabela Periódica: os períodos indicam o número de camadas existentes nos átomos
daquele elemento químicos e todos de um mesmo Grupo, de uma forma geral, possuem a mesma quantida-
de de elétrons em sua última camada, justificando o fato de terem propriedades químicas semelhantes.
406
Veja ainda!
Quer aprender um pouquinho mais sobre a classificação de substâncias simples e compostas? Então acesse a
animação: http://web.ccead.puc-rio.br/condigital/software/objetos/T2-08/T2-08-sw-a1/Condigital.html
Outra boa pedida é: tabela Periódica: o mundo em 114 blocos! Este é o título de um infográfico da revista Veja
da-tabela-periodica.
Referências
MORTINER, E.F.; MACHADO. A.H. Química, 1: ensino médio (ou será Química para o ensi-
no médio). 1ª edição, Scipione , São Paulo, 2010, 288 p.
MÓL. G.S.; SANTOS, W.L.P. Química cidadã: materiais, substâncias, constituintes, química
ambiental e suas implicações sociais, volume 1. 1ª edição, Nova Geração, São Paulo, 2010.
175p.
Atividade 1
mais sobre a origem da Tabela Periódica. Acesse o link sugerido ou pesquise em outras
fontes de consulta.
Atividade 2
é líquido.
Quer saber um pouco mais sobre esses dois elementos. Veja os vídeos disponíveis em
408
Atividade 3
Silício (14Si) 3° 14
Bromo (35Br) 4° 17
Tungstênio (74W) 6° 6
Atividade 4
2° 9
F 2 7
3° 17
Cl 2 8 7
4° 35
Br 2 8 18 7
5° 53
I 2 8 18 18 7
6° At
85
2 8 18 32 18 7
410
O que perguntam por aí?
Questão 1
(UERJ 2012)
Segundo pesquisas recentes, há uma bactéria que parece ser capaz de substitr o fósforo por arsênio, em seu
DNA. Uma semelhança entre as estruturas atômicas desses elementos químicos que possibilita essa substituição é:
a. número de elétrons;
Resposta: Letra D
Comentário: Uma semelhança entre as estruturas atômicas desses elementos químicos que possibilita essa
substituição é o fato de pertencerem à mesma família ou grupo da Tabela Periódica (VA ou 15) e apresentarem a mes-
Questão 2
(UERJ 2002)
A tabela de Mendeleiev, ao ser apresentada à Sociedade Russa de Química, possuía espaços em branco, reser-
Dois dos elementos, então representados pelos espaços em branco, hoje são conhecidos como gálio (Ga) e
germânio (Ge).
Mendeleiev havia previsto, em seu trabalho original, que tais elementos teriam propriedades químicas seme-
lhantes, respectivamente, a:
Resposta: Letra B
Comentário: Já que são, respectivamente, do mesmo Grupo da Tabela Periódica do gálio (Ga) e do germânio (Ge).
Questão 3
(UFRJ 2003)
O carbono apresenta diferentes formas cristalinas alotrópicas. O diamante, de ocorrência natural rara, tem a
mesma estrutura cristalina do silício e do germânio, os quais podem ser empregados na fabricação de dispositivos
semicondutores. Recentemente, foi descoberto como produzir diamante com pureza suficiente para, também, ser
Identifique, entre os três elementos químicos mencionados, aquele que pertence ao terceiro período da tabela
periódica. Escreva seu símbolo e o número total de elétrons do seu nível mais energético.
412
Anexo 1 • Volume 1 • Módulo 2 • Química
Lista de exercícios
Aqui, estamos disponibilizando uma lista com exercícios para você testar seus novos conhecimentos. Os exer-
Lembre-se, praticar é uma das melhores maneiras de aprender. As respostas você encontrará ao final, mas dei-
xe para consultá-las apenas depois de resolver os desafios. Não deixe de tentar, ok? Mãos a obra!
1 – (UESC BA 2008)
A figura representa o ciclo da água na Natureza e envolve um conjunto de processos cíclicos, como o da eva-
poração e o da condensação.
A análise da figura, com base nos estados físicos da matéria, permite concluir:
b. As águas superficiais, na biosfera, são consideradas minerais porque contêm uma variedade muito
grande de sais.
2 – ( UFAL )
Os sistemas a seguir:
B. ar + poeira
a. homogêneo-trifásico e homogêneo-bifásico;
b. heterogêneo-bifásico e heterogêneo-bifásico;
c. homogêneo-monofásico e homogêneo-monofásico;
d. heterogêneo-bifásico e homogêneo-monofásico;
e. homogêneo-unifásico e heterogêneo-bifásico.
3 – ( ENEM 2001 )
Pelas normas vigentes, o litro do álcool hidratado que abastece os veículos deve ser constituído de 96% de
álcool puro e 4% de água (em volume). As densidades desses componentes são dadas na tabela.
414
Substância Densidade (g/L)
Água 1000
Álcool 800
Um técnico de um órgão de defesa do consumidor inspecionou cinco postos suspeitos de venderem álcool hi-
dratado fora das normas. Colheu uma amostra do produto em cada posto, mediu a densidade de cada uma, obtendo:
A partir destes dados, o técnico pôde concluir que estavam com o combustível adequado somente os
postos:
(A) I e II
(B) I e III
(C) II e IV
(D) III e V
(E) IV e V
4 – ( ENEM 2000 )
No processo de fabricação de pão, os padeiros, após prepararem a massa utilizando fermento biológico, sepa-
ram uma porção de massa em forma de “bola” e a mergulham num recipiente com água, aguardando que ela suba,
Um professor de Química explicaria esse procedimento da seguinte maneira: A bola de massa torna-se menos
densa que o líquido e sobe. A alteração da densidade deve-se à fermentação, processo que pode ser resumido pela
equação:
I. A fermentação dos carboidratos da massa de pão ocorre de maneira espontânea e não depende da exis-
II. Durante a fermentação, ocorre produção de gás carbônico, que vai se acumulando em cavidades no inte-
III. A fermentação transforma a glicose em álcool. Como o álcool tem maior densidade do que a água, a bola
de massa sobe.
a. I está correta.
b. II está correta.
e. I e II estão corretas.
416
5 – ( ENEM 99)
A panela de pressão permite que os alimentos sejam cozidos em água muito mais rapidamente do que em pa-
nelas convencionais. Sua tampa possui uma borracha de vedação que não deixa o vapor escapar, a não ser através de
um orifício central sobre o qual assenta um peso que controla a pressão. Quando em uso, desenvolve-se uma pressão
elevada no seu interior. Para a sua operação segura, é necessário observar a limpeza do orifício central e a existência
A vantagem do uso de panela de pressão é a rapidez para o cozimento de alimentos e isto se deve
(B) à temperatura de seu interior, que está acima da temperatura de ebulição da água no local;
(E) à espessura da sua parede, que é maior que a das panelas comuns.
6 – (UFAL)
Para um elemento químico representativo (grupos A), o número de elétrons na camada de valência é o número
do grupo. O número de camadas eletrônicas é o número do período. O elemento químico com configuração eletrô-
nica 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s2 3d10 4p3 está situado na tabela periódica no grupo:
b. 3B e período 3
c. 5A e período 4
d. 5B e período 5
e. 4A e período 4
7 – (PUCCAMP-SP)
O subnível de maior energia do átomo de certo elemento químico é 4d5 . Esse elemento é um metal:
8 – (CEFET-PR)
Um “hacker” de programas de computador está prestes a violar um arquivo importantíssimo de uma grande
multinacional de indústria química. Quando ele violar este arquivo, uma grande quantidade de informações de inte-
resse público poderá ser divulgada. Ao pressionar uma determinada tecla do computador, aparece a figura a seguir e
“A senha é composta do símbolo de X, seguido do número de elétrons do seu átomo neutro, do símbolo de Y,
418
A senha que o hacker deve digitar é:
a. Ca40C12F15
b. Ca20C12F31
c. Ca20C6F15
d. Ca40C12P15
e. Ca20C6P15
9 – (Univali-SC)
Resfriando-se progressivamente água destilada, quando começar a passagem do estado liquido para o sólido,
a temperatura:
c. diminui gradativamente;
e. aumentará gradativamente.
I. água/gasolina
II. água/sal
III. água/areia
IV. gasolina/sal
V. gasolina/areia
a. Nenhuma.
b. Somente II.
c. II e III.
d. I e I
11 – (UFPEL RS)
A série sobre Harry Potter trouxe para as telas do cinema o simpático bruxinho, campeão de vendas nas livra-
rias. Criticado por alguns e amado por muitos outros, Harry Potter traz à tona temas como bruxaria e alquimia. Essas
duas crenças, ou “pseudociências”, foram e ainda são ridicularizadas pelos cientistas, mas graças a bruxos, bruxas e
alquimistas é que a química nasceu e deu os primeiros passos, afirmando-se como ciência. Muitos conceitos básicos
da química, como energia das reações, isotopia, classificação periódica e modelos atômicos foram alicerçados pelos
Sobre os conceitos fundamentais da química, cite os números quânticos – principal e secundário – do elétron
420
Anexo 2 • Volume 1 • Módulo 2 • Química
Questão 1
Gabarito: D
Comentário: As nuvens são vapores formados a partir da evaporação das águas de rios e mares. Quando o va-
por passa para o estado líquido, chamamos isso de condensação, exatamente o que acontece na formação da chuva.
Questão 2
Gabarito: B
Comentário: Misturas são combinações de duas ou mais substâncias. As heterogêneas são aquelas que apre-
sentam sempre mais de uma fase. No caso da letra A, a água e o álcool, sozinhos formariam uma mistura homogênea,
pois não é possível separas as duas substâncias em duas fases, mas a presença do óleo faz com existam duas fases
bem visíveis. No caso da letra B, também temos uma mistura heterogênea bifásica, pois é possível identificar a poeira
Questão 3
Gabarito: E
Comentário: Em 1.000 ml de álcool hidratado encontramos até 40 ml de água. Os demais 960 ml são formados
por álcool.
Para calcular a massa de 1.000 ml de álcool hidratado é preciso lembrar que a densidade é a razão entre a
Portanto, 1.000 ml de álcool hidratado dentro das normas apresentam massa de, no máximo, 808 g (768 + 40).
Questão 4
Gabarito: B
Comentário: O fermento biológico é composto por um fungo que realiza a transformação de glicose em álcool
Questão 5
Gabarito: B
Comentário: De acordo com o gráfico, quanto maior a pressão a que está submetido o líquido, maior é sua
temperatura de ebulição. Isso acontece porque, dentro da panela, a pressão é maior do que a pressão atmosférica
externa, o que faz com que o líquido ferva a uma temperatura maior do que no ambiente aberto. É por esse motivo
Questão 6
Gabarito: C
Comentário: O primeiro passo é identificar o número de elétrons da camada de valência (última) que, segun-
do o próprio problema nos diz, é o número do grupo. Pela distribuição eletrônica, vemos que a última camada é a 4,
que é o número do período, e nesta camada temos 5 elétrons (4s2 e 4p3 → 2 + 3 = 5).
Questão 7
Gabarito: E
Comentário: Neste caso, para chegarmos à resposta é preciso descrever a distribuição eletrônica até chegar-
mos ao subnível de maior energia dado pelo problema (4d5). Ela fica assim: 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s2 3d10 4p6 5s2 4d5. A
partir da distribuição, podemos verificar que esse elemento é do grupo 5, pois essa é sua camada mais externa (5s2)
com elétrons. Como o problema afirma que o elemento é um metal, ele só pode ser um elemento de transição, pois o
422
Questão 8
Gabarito: E
Comentário: Para responder a esta questão, você precisará da Tabela Periódica. É importante lembrar que o
número de elétrons é igual ao número de prótons que, por sua vez, é representado, na tabela, pelo número atômico.
Sendo assim, vemos que X é o elemento Ca (cálcio), e ele possui 20 elétrons. O elemento Y é o C (carbono) cujo núme-
ro atômico é 6. Por fim, Z é o elemento P (fósforo), que tem 15 prótons. A senha é: Ca20C6P15.
Questão 9
Gabarito: A
Comentário: No intervalo de tempo em que ocorre qualquer mudança de estado físico (no caso do problema
Questão 10
Gabarito: D
Comentário: Misturas homogêneas são aquelas que apresentam uma única fase (monofásicas). Vejam que
todas as outras misturas são bifásicas. O sal se diluí na água e, por isso, formam uma mistura homogênea.
Questão 11
Comentário: O número atômico do enxofre (S) é 16 e sua distribuição eletrônica é 1s2 2s2 2p6 3s2 3p4. Tendo 16
elétrons, os mesmos são distribuídos até a camada M (camada de valência), por isso, o número quântico principal (n)
é igual a 3. O número quântico secundário (l) se refere aos subníveis presentes em cada camada. Observando a distri-
buição eletrônica, vemos que os elétrons do enxofre vão até o subnível p, portanto, l = 1.