Anotações Sobre Luto e Melancolia

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LUTO E MELANCOLIA.

O texto luto e melancolia surge como uma continuação


da elaboração do conceito de pulsão que começa nos"
três ensaios sobre a teoriada sexualidade, e vai
modificando e evoluindo a medida que as revisões e
reedições atualizam o texto. Nesse texto freud afirma a
vinculação entre a vida psiquica e o sexual ,fala sobre a
universalidade da homossexualidade, diz que há
sexualidade infantil.
Como são da mesma natureza a pulsão e o objeto
coexistem. Freud diz que a pulsão preexiste( ao
objeto ) ,mas não depende do objeto. A pulsão só se dirige
ao objeto quando o sujeito ultrapassa o autoerotismo em
seu desenvolvimento sexual e tem capacidade de fazer
investimento libidinal no outro.
Sem a elaboração dos conceitos de pulsão,objeto ficaria
difícil elaborar o texto Luto e melancolia em bases
psicanalíticas. Nesse texto ele dará os marcos necessários
para considerarmos as relações de objeto articuladas com
a estrutura psiquica.
O melancólico não entra na relação de objeto,o psicótico
tambem não. A neurose tem uma relação objetal, o objeto
é desejante.
Lacan vai fazer uma leitura desses textos para apoiar sua
clinica do real , e dará subsídios possíveis para se fazer
uma leitura do mal estar da civilização na
contemporaneidade.
O proximo passo do texto é fazer uma distinção entre
depressão e melancolia. Depressão é considerada na
atualidade como um sintoma e não uma característica
estrutura. Como expressão sintomática plural de diversas
formas do adoescer,ela diz muito mais da verdade do
sujeito, apesar da dor e da angústia que carrega o sujeito
deprimido.
Lacan não fala muito sobre a depressão. Diz que a
depressão é uma covardia, mas não no ambito moral, mas
sim em referencia a ética ,que toma de Espinoza.
A Ética para Espinoza é a articulação do Processo de
realização do ato de entender e os afetos.(Lacan utiliza o
termo afeto para designar a depressão.)
Essa articulação se faz no que Espinoza chama de
CONATUS, que é o esforço de se perseverar na via de seu
próprio ser em essência e em devir.
Gilles Deleuze diz ainda que esse CONATUS corresponde a
uma função existencial da essência , isto é a AFIRMAÇÃO
DA ESSÊNCIA NA EXISTÊNCIA DO MUNDO) e isto confere
uma potencia e uma permanência. É nesse viés que se
deve tomar a palavra covardia,relaxamento,desapertado,
que prejudica o conatus, ou o BEM-DIZER como diria
Lacan.
O melhor do texto é que ele proporciona uma distinção
estrutural de quadros clínicos bastante similares.Neste
viés atestam essa necessidade de distinção, as discussões
que Freud e Abraam tiveram em torno da depressão
neurótica e da melancolia psicótica,pois os sintomas eram
bastante semelhantes.Freud pode fazer este diagnóstico
diferencial graças a elaboração do conceito de objeto.
Sabemos também que com o manejo transferencial, que
observamos na clínica, podemos fazer essa distinção.
Os conceitos de pulsão,objeto permitiu que Freud
pensasse na máxima básica constituinte:o humano tem
relação com a falta, e que através dessa falta se instaura o
desejo. O desejo de obter satisfação por meio da conquista
desse objeto faltante,que portanto é exterior.
Mas o que acontece acontece no luto e na melancolia,com
a falta, o objeto e o desejo.
No luto há um período em que o sujeito sofre a perda do
objeto amado e o sujeito sofre pela separação,o mundo se
torna pobre e vazio ,sente o desprazer decorrente da
perda e precisa de um tempo para se refazer,ou seja
reinvestir sua libido no proprio eu,para que possa
retomar a capacidade de investimento da libido em outros
objetos.
Na melancolia o objeto perdido não é externo,é o próprio
eu, e nessa identificação do eu com o objeto
perdido,aparece o furo,deixado pela queda desse eu
melancólico,que é o unico destino da pulsão.
Lacan aproveita esse objeto que cai,e acrescenta um "a",
inventando o objeto a,,levando-o a categoria de conceito
pilar da psicanálise lacaniana. Para ser mais preciso Lacan
diz que é a partir do objeto transicional de winicott que ele
formulará as bases do seu objeto a.Interessante é que esse
objeto a ocupa uma posição intermediária, potencial entre
a criança e sua mãe. Como disse ele nomeia esse objeto
pela letra "a" que é a inicial do pequeno outro. (autre)
Nesse momento estamos no registro do imaginário.
Ele diz em psicanálise e estrutura da personalidade que o
objeto a, desde sua origem faz parte da estrutura do
indivíduo,da distribuição das cartas no jogo de vida e
morte. Quando é selecionado para ser objeto causa de
desejo, ele é devolvido ao campo do outro na função de
expositor do desejo do outro. É isso que lhe permite
assumir ao término de uma análise,a função de objeto
a,que faz do sujeito desejante,cidadão,apto a cuidar de si
mesmo, e de sua relação com o mundo.
Como conseguencia este objeto não deve mais ser
considerado vinculado ao imaginário.
No imáginário era objeto de desejo, se extrai como objeto
causa de desejo e passa a ser situado como Real,e no final
do ensino de Lacan, está no centro nas elaborações
borromeanas e enoda os tres registros.

Conclusão
Na melancolia o sujeito tem que se haver com o
furo.Nenhuma ilusão da relação objeta lfaz barra ao
absurdo da existencia.o objeto cai,e leva em sua queda o
sujeito melancólico para o grande vazio,e torna iminente a
catastrofe permanente. Freud já tinha falado da
impossibilidade de se separar o eu do objeto na
melancolia. è com freud que pudemos distinguir a
melancolia do quadro depressivo existente no luto. E
como Freud nos ensina essa distinção se faz do ponto de
vista da relação do sujeito com o objeto. Encontramos na
clínica do melancólico um deixado caído, uma
desvalorização que não se inscreve em nenhuma
construção fantasmática. E esse o ponto de atenção nodal,
a passagem ao ato,fora de toda a demanda do outro,fora
da transferencia,de maneira radical e possível.
Na clinica lacaniana chamamos de suicídio do objeto,pela
colagem do eu com o objeto,pois o sujeito é incapaz da
mínima abertura, do mínimo investimento o mundo e ele
mesmo se tornam inanimos O Nada é seu significante
mestre,não permite articulação , não se remete a nenhum
outro.Não há condição de cair o objeto para que possa
advir um sujeito.

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