Descobrimentos e As Marcas Da Globalização
Descobrimentos e As Marcas Da Globalização
Descobrimentos e As Marcas Da Globalização
Os Chibchas
Habitantes do planalto cundiboyacense, na Colômbia Central, os chibchas ou muiscas
eram a segunda civilização mais importante da América do Sul depois dos incas. O povo
chibcha vivia na região desde o século VI a.C., e, na época da conquista espanhola, os
seus soberanos exerciam também domínio sobre os territórios vizinhos circundantes. Os
tunjos (objectos votivos como o da imagem), de ouro ou tumbaga (uma liga composta de
ouro e cobre), constituem uma das manifestações mais características desta cultura
(Museu da América, Madrid).
A partir de 1441, as viagens para sul recomeçaram definitivamente. Escudeiros e
cavaleiros da Casa do Infante comandavam as caravelas, compunham parte das
tripulações e encabeçavam as razias contra as populações costeiras. Ao longo da costa
saariana, foram encontrando populações muçulmanas e repetiam os procedimentos
habituais em Marrocos, atacando-as e aprisionando todos os indivíduos que conseguiam
e que depois eram vendidos como escravos, à sombra do conceito de guerra justa.
Portugal olhava agora para o Atlântico como um mare nostrum, o que foi, aliás,
reconhecido pela própria Cristandade, desde que o papa Nicolau V assinou a
bula Romanus Pontifex, em 8 de Janeiro de 1455.
Encontrada a forma de vencer as dificuldades do mar, Portugal afirmou-se de vez
como uma potência marítima. Os Descobrimentos henriquinos foram assimilados pela
coroa em 1443 quando o rei de Portugal se afirmou como o senhor dos mares. A carta
assinada pelo regente Dom Pedro é uma das peças mais extraordinárias da diplomacia
portuguesa. Dom Henrique ordenara as viagens para sul, no âmbito de uma empresa
privada, mas agora os negócios da Guiné começavam a ser lucrativos e a despertar o
interesse de outros privados, portugueses ou estrangeiros. O infante queria manter o
exclusivo da exploração e do comércio da Guiné, mas faltava-lhe autoridade de Estado
para poder reclamar legalmente qualquer tipo de monopólio. Foi decerto fácil o
entendimento com o irmão regente, e este concedeu, em nome do rei, o exclusivo da
navegação a sul do Bojador a Dom Henrique, a título vitalício. Ao conceder este
monopólio a um dos seus súbditos, a coroa estava, afinal, a proclamar a posse do mar
oceano, o que levou as caravelas henriquinas a atacar todos os que desafiassem esta
doação, mesmo que fossem estrangeiros. Quer isto dizer que, depois de ter obtido um
estabelecimento na boca do Mediterrâneo e de ter ocupado as ilhas mais próximas do seu
território peninsular, Portugal olhava agora para o Atlântico como um mare nostrum, o
que foi, aliás, reconhecido pela própria Cristandade, desde que o papa Nicolau V assinou
a bula Romanus Pontifex, em 8 de janeiro de 1455, que confirmava os termos da carta de
1443.
Entretanto, em 1444, a geografia experimentada pelos navegadores mudou
subitamente e a costa estéril ocupada por populações islamizadas e indefesas deu lugar à
floresta luxuriante povoada por gente aguerrida que, cada vez mais, não professava a Fé
do Profeta.
Continuava a haver ouro e continuaram a obter-se cativos, mas acabaram os
ataques. As populações a sul do rio Senegal chegaram a massacrar tripulações
inadvertidas e os portugueses aprenderam a respeitá-las, pelo que Dom Henrique ordenou
que cessassem as acções militares e que se limitassem as relações com os guinéus ao
comércio pacífico. Como eram populações belicosas, que mantinham guerras com
vizinhos, foi sempre fácil obter cativos. Eram negócios muito lucrativos para ambas as
partes, pois tanto portugueses como africanos entregavam produtos que tinham pouco
valor para si e que eram valiosos para o interlocutor. Dispondo de uma economia
desenvolvida e sofisticada, mas não monetarizada, os africanos mantiveram sempre os
preços sujeitos às regras da oferta e da procura, mas não atribuíam muito valor ao ouro,
o que viria a fazer a fortuna da coroa de Portugal durante décadas.
Mercadores portugueses no Japão
O país do Extremo Oriente era conhecido na Europa desde os tempos de Marco Pólo, que
lhe chamou Cipango. Sabe-se que os portugueses chegaram à ilha de Kyushu em 1543,
mas os contactos comerciais iniciaram-se nos princípios de 1550. O negócio com o Japão
tornou-se um monopólio português. Os comerciantes lusos aparecem em plena actividade
neste biombo
de seda pintada do início do século XVII que se conserva no Museu de Arte Asiática de
São Francisco.
Nos anos 50 do século XV, prosseguiu o avanço sistemático para sul, e dispomos
do relato interessantíssimo de Alvisse Cadamosto, um veneziano que foi duas vezes à
Guiné ao serviço do infante Dom Henrique. O aventureiro deixou-nos um testemunho
precioso das características destas viagens e do maravilhamento dos homens perante a
prodigalidade da fauna e da flora. Descobriram animais nunca antes vistos, como o
hipopótamo, que julgaram ser um peixe por passar quase todo o tempo dentro de água e
que Cadamosto descreve como tendo uma cabeça de cavalo, corpo de vaca e dentes de
javali; e a surpresa era recíproca porque o impacte da globalização impressionava todos,
e por isso o veneziano diz que os guinéus inicialmente julgavam que as caravelas eram
grandes peixes, por nunca terem visto navios de grande porte, e que nalgumas localidades
lhe cuspiram na mão e a esfregaram para se convencerem de que a alvura da pele não era
pintada. Este é um sinal claro do carácter revolucionário dos Descobrimentos, pois
passados 130 anos seria um senhor feudal japonês a pensar que o negro que estava à sua
frente não passava de um impostor com a cara pintada.
Ao contrário do que a tradição fez crer, Dom Afonso V foi um rei atento ao
progresso dos Descobrimentos e que controlou as viagens de exploração desde a morte
do infante Dom Henrique, em 1460.
Dom Henrique quis que as caravelas nunca interrompessem o avanço para sul, e as
explorações só eram interrompidas quando a tripulação entendia que os objectivos da
viagem já estavam alcançados ou quando as línguas dos povos recém-descobertos eram
tão distintas das dos mais a norte que era necessário obter novos intérpretes. No final dos
anos 1450, as informações dos cartógrafos dos Descobrimentos já se articulavam com os
conhecimentos tradicionais da Europa no mapa de Fra Mauro e pela primeira vez é feita
uma referência difusa à Índia. Admito, por isso, que nos últimos anos da sua vida, Dom
Henrique tenha admitido que a exploração sistemática da costa ocidental africana poderia
levar a Cristandade aos mares da Ásia.
Ao contrário do que a tradição fez crer, Dom Afonso V foi um rei atento ao
progresso dos Descobrimentos e que controlou as viagens de exploração desde a morte
do infante Dom Henrique, em 1460. As viagens de exploração continuaram sob o
comando de cavaleiros e escudeiros da casa real, enquanto, em 1468, o comércio foi
arrendado a um particular, Fernão Gomes, mencionado como escudeiro da casa real pelo
menos desde 1469. Por esta altura, as caravelas percorriam a orla costeira africana ao
longo do golfo da Guiné, navegando em direcção a oriente, pelo que a esperança de chegar
ao oceano Índico aumentou, o que levou mesmo o rei, em 1470, a decretar o monopólio
de produtos que ainda não tinham sido encontrados nos portos da Guiné, mas que
chegavam à Europa vindos da Ásia. A Índia já estava no horizonte dos navegadores
portugueses. Não se concretizou então a chegada ao mercado das especiarias, mas
descobriu-se entretanto, no actual Gana, um mercado de ouro fabuloso, que viria a
assegurar enormes níveis de riqueza à coroa portuguesa por mais de meio século – o ouro
da Mina.
Cidade moderna
Esta representação de Lisboa por Theodor de Bry, datada da segunda metade do século
XVI, mostra uma cidade fervilhante, repleta de visitantes exóticos e com o frenesi próprio
das grandes metrópoles (Serviço Histórico da Marinha, Vincennes).
Em 1458, Fra Mauro desenhou um mapa-múndi que admitia a circum-navegação
de África, mas a constatação de que a linha costeira do continente negro voltava a flectir
para sul desapontou decerto os navegadores e os seus mentores, e poderá ter contribuído
para um revivalismo das teses ptolemaicas que concebiam o Índico como um mar interior,
inacessível a partir do Atlântico.
Entretanto, em 1466, o monarca também se empenhou na ocupação do arquipélago
de Cabo Verde, descoberto entre 1456 e 1462. Ciente da importância fundamental do
controlo dos espaços insulares para a prossecução de uma política de hegemonia
marítima, Dom Afonso V deu benefícios a quem quisesse mudar-se para esse território
distante. O povoamento da ilha de Santiago constituiu, assim, a primeira fixação de
europeus num território tropical. A posse do arquipélago veio a revelar-se crucial durante
a guerra luso-castelhana de 1474-1479, que os portugueses venceram na frente oceânica.
A mais antiga representação conhecida de uma nau de quatro mastros foi incluída
no "livro Carmesim" de 1502, permitindo uma rara perspectiva da estrutura das
embarcações da Carreira da Índia.
Por esta altura, as caravelas já tinham cruzado o equador. O quadrante, que media
a altura da estrela polar, deixara de ser útil para a navegação, pois no hemisfério sul não
existe nenhuma estrela suficientemente próxima do pólo sul. A navegação astronómica
passou a fazer-se com o recurso ao astrolábio e à medição da altura do Sol ao meio-dia,
o que exigia cálculos complexos, na medida em que a posição do Sol em relação ao eixo
da terra muda todos os dias. Nesse tempo, alguns astrónomos viajaram até às terras
equatoriais para realizarem medidas mais fiáveis. Desde o início, os Descobrimentos
eram uma empresa comercial, asseguravam um domínio crescente do oceano à coroa e
apoiavam-se num trabalho científico que envolvia cartógrafos e astrónomos.
As armadas castelhanas foram derrotadas nas águas tropicais e, quando chegou o
momento de negociar a paz, Isabel obteve o trono, mas teve de abdicar das suas
pretensões à Guiné.
Durante o reinado de Henrique IV (r.1454-1474), Castela não reivindicara direitos
em relação à Guiné e acatara a bula Romanus Pontifex de 1455, mas Isabel, a Católica,
ao entrar em guerra com Joana, a Beltraneja, e com Portugal pela posse do trono
castelhano, retomou a doutrina de seu pai, o rei João II (que reinara de 1406 a 1454) e
reivindicou a posse da Guiné, e em especial do negócio da Mina. As armadas castelhanas
foram derrotadas nas águas tropicais e, quando chegou o momento de negociar a paz,
Isabel obteve o trono, mas teve de abdicar das suas pretensões à Guiné, pelo Tratado das
Alcáçovas-Toledo (1479-1480).
O cabo desejado
A vitória lusa nos mares consagrava a política régia das últimas décadas. Ao mesmo
tempo que enviava os seus próprios oficiais para o reconhecimento da linha costeira
africana, a coroa estimulava os privados a explorarem o interior do oceano. A partir de
1473, o monarca concedeu cartas que doavam a capitania de ilhas que viessem
eventualmente a ser descobertas. A doação de territórios hipotéticos é, sem dúvida, uma
das manifestações mais emblemáticas da revolução geográfica. O mais significativo é o
facto de el-rei de Portugal se arvorar no direito de doar terras em qualquer parte do
oceano, mesmo a norte do Bojador, ou seja, em águas sobre as quais não havia sido
produzido nenhum tipo de legislação. Durante o século XV, Portugal encarou, de facto,
o Atlântico como uma espécie de mare nostrum. No final da centúria, as caravelas
chegaram à Terra Nova, mas a inospitalidade do território e o cheiro das especiarias
afastou os portugueses da América do Norte, embora passassem a buscar as águas
próximas para a pesca do bacalhau.
A veia oriental
Este mapa do mar da China, atribuído a Lopo Homem-Reinéis em 1519, revolucionou o
conhecimento do Oriente e resultou da intenção explícita da coroa portuguesa de
estabelecer relações diplomáticas com as potências orientais.
Entretanto, em 1474, Dom Afonso V confiou o governo dos assuntos da Guiné ao
príncipe, o futuro Dom João II (r. 1481-1495). Avizinhava-se a guerra com Castela e o
herdeiro tinha já 19 anos. Ao mesmo tempo que defendia as águas tropicais dos rivais
castelhanos, Dom João era confrontado com os conselhos de mercadores genoveses e
florentinos. Estes eram rivais de Veneza, a detentora do exclusivo da revenda das
especiarias para a Cristandade a partir de Alexandria e do Cairo. Conhecem-se cartas
desse período em que italianos sugerem que se busque a Índia navegando para ocidente.
Terá sido, pois, entre 1474 e 1481 que foi concebido na corte portuguesa o plano da Índia,
sob a égide de Dom João em articulação com o rei, seu pai.
Só os portugueses tinham então uma noção correcta da largueza da Terra.
O plano consistia essencialmente na criação de uma fortaleza que defendesse o
comércio do ouro na Mina e do envio de expedições com o objectivo específico de
avançar o mais possível para sul até encontrar a passagem do Atlântico para o Índico. A
hipótese de buscar a Ásia navegando para ocidente nunca foi assumida pela coroa,
certamente por duas razões – a consciência de que era impossível controlar para sempre
toda a imensidão oceânica e o receio de que seria uma navegação impossível, tendo em
conta que só os portugueses tinham então uma noção correcta da largueza da Terra e que
desconheciam a existência da América. No ano em que a coroa ia construir a fortaleza de
São Jorge da Mina e lançar a primeira grande expedição para sul, o rei Dom Afonso V
faleceu subitamente a 28 de Agosto de 1481, pelo que a política da Índia acabou por ser
concretizada pelo recém-entronizado Dom João II e ficou gravada na memória colectiva
dos portugueses como se tivesse resultado da vontade exclusiva do Príncipe Perfeito.
Representação rara da forma como os japoneses viram a chegada dos primeiros
europeus, os biombos namban são um ícone da narrativa dos Descobrimentos nos mares
orientais (Museu Nacional de Arte Antiga).
Ao mesmo tempo que buscava a passagem para a Índia, o rei também desejava
encontrar o Preste João, que já havia sido procurado pelo seu tio, o infante Dom Henrique,
o que levou as caravelas a subirem o rio Zaire, por exemplo, até às pedras de Ielala, cerca
de duzentos quilómetros adentro do continente. Também enviou espiões por terra a obter
informações sobre os circuitos mercantis do Índico e sobre o Preste João, mas, se alguma
vez chegaram relatórios desses espiões à corte, as suas informações não foram usadas nos
preparativos da descoberta da Índia.
Em 1488, finalmente, Bartolomeu Dias descobriu a passagem tão desejada e por
isso mesmo o monarca mudou o nome do cabo das Tormentas para Boa Esperança. No
entanto, Dom João II não enviou uma expedição à Índia logo a seguir. Com efeito, os
portugueses ainda não tinham encontrado a rota ideal para chegar ao extremo sul de
África, e demoraram ainda alguns anos a explorar o Atlântico Sul até que passaram a
conhecer o seu sistema de ventos, o que lhes permitiu saber que era necessário navegar
pelas águas ocidentais do Atlântico Sul, para aceder ao cabo da Boa Esperança sempre
com ventos favoráveis. O comércio com a Índia não podia ser feito com navios pequenos
como as caravelas; eram necessárias naus, de casco maior e movidas por velas de pano
redondo. Quando a rota atlântica estava definida, a coroa portuguesa foi confrontada com
a pertinácia de Cristóvão Colombo.
Uma salva banhada com folha de ouro é um bom espelho da maneira como os
europeus representavam a vida e costumes africanos, entre caçadas e actividades
recolectoras (Palácio Nacional da Ajuda).
Desde 1500, os portugueses lutavam persistentemente nos mares da Ásia e tinham
acumulado um grande número de vitórias, mas nunca tinham realizado conquistas
territoriais, salvo o caso excepcional e momentâneo da ilha de Socotorá (1506-1510). Nos
primeiros cem anos de expansionismo, os portugueses criaram um império marítimo, que
tocava quatro continentes, mas que estava vocacionado para o controlo de circuitos
mercantis e dos seus portos e que instalava as suas guarnições em territórios de reis
aliados ou submetidos. Embora já decorresse uma tentativa de cristianização do reino do
Congo, cujo soberano aceitara o baptismo, até então a coroa portuguesa não tinha
desenvolvido nem uma política colonial nem sequer uma política de conquista. Mesmo
em Marrocos, os portugueses só controlavam, de facto, o interior dos seus espaços
amuralhados onde viviam quase só cristãos, nunca tendo despontado aí qualquer tipo de
sociedade multicultural. Tudo se alterou nos anos seguintes depois de Afonso de
Albuquerque assumir o governo da Índia, no final de 1509.
O governo da Índia
Com efeito, Albuquerque acrescentou à política régia, cruzadística e muito focada
no Mediterrâneo, a vontade de tornar Portugal numa potência asiática, com a intromissão
em redes mercantis interasiáticas, a conquista de cidades (Goa e Malaca) e a criação de
uma sociedade luso-asiática através do casamento dos seus homens com mulheres da
terra. Foi assim que os portugueses se tornaram parceiros de negócios entre a Arábia e a
Índia ou a Malásia e a China.
Ao mesmo tempo, prosseguiu a exploração dos mares da Ásia, e a conquista de
Malaca, em 1511, abriu as portas do Extremo Oriente. Oficiais d’el-rei chegaram ao Sião,
às Molucas e à China nos anos imediatamente a seguir. Em 1515, Dom Manuel enviou
uma embaixada à China e dois anos depois, pela primeira vez na história, a costa chinesa
era visitada por navios fabricados na Europa.
Os poucos que conseguiram voltar à Ásia não tinham nada para contar e seriam
precisos mais dois séculos para que essa grande ilha tivesse utilidade como presídio do
Reino Unido.
A primeira fase das relações luso-chinesas terminou em 1522 e os oficiais da coroa
afastaram-se, mas nos anos seguintes os aventureiros (como Fernão Mendes Pinto)
avançaram para o mar da China e em 1543 atingiram o Japão, completando a ligação entre
o Extremo Ocidente e o Extremo Oriente da Eurásia. E enquanto a maioria dos
navegadores explorava os portos riquíssimos da Ásia, uns poucos foram dar à costa da
Austrália. Existem evidências arqueológicas que nos garantem ter havido desembarques
em terra australiana, mas a terra era inóspita e sem cidades. Os poucos que conseguiram
voltar à Ásia não tinham nada para contar e seriam precisos mais dois séculos para que
essa grande ilha tivesse utilidade como presídio do Reino Unido.
Entretanto, um português ao serviço de Castela tinha descoberto o oceano Pacífico
e, a partir de 1570, o galeão de Manila abria a primeira rota regular trans-pacífica. Pelo
final do século XVI, começavam a existir pessoas que tinham girado em torno do mundo
e que haviam cruzado os três grandes oceanos do planeta. A partir de meados do século
XVI, a Igreja acordou para a missionação e muitos clérigos internaram-se pelo sertão da
América, da Ásia e de África trazendo mais nações para o contacto com o resto do
mundo.
Século e meio depois da viagem pioneira de Gil Eanes, o mundo era muito diferente.
Muitas populações continuavam alheadas do processo da globalização, mas o jogo das
trocas já tinha uma dimensão mundial e os impérios ultramarinos estavam em
crescimento.