Parnasianismo e Simbolismo 2019

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 43

Poesia do

final do
Século
XIX
Realismo Naturalismo

Análise Romance de tese Determinismo


psicológica Prosa
Reformismo Pessimismo Fatalismo
Cientificismo Zoomorfimso

Objetividade
Impessoalidade
Racionalismo
DESCRITIVISMO

Poesia
Arte pela Arte
Ideal ético-estético
Busca do belo
Parnasianismo
PARNASIANISMO

Busca da: Verdade=Beleza=Forma


Le Parnasse contemporain
se compose de trois
volumes collectifs de poésie,
publiés en 1866, 1871 et
1876 par l'éditeur Alphonse
Lemerre, auxquels
participèrent une centaine
de poètes, notamment :
Leconte de Lisle, Gautier,
Baudelaire, Mallarmé,
Verlaine et Anatole France.

Le mouvement littéraire «
parnassien » lui doit son
nom.
São suas principais características:

1.  Perfeição formal: o ideal de beleza Greco-


Latino
2.  Arte pela arte
3.  Objetividade plástica do poema
4.  Descritivismo
5.  Impassibilidade (impessoalismo)
Parnasianismo no Brasil

1882: “Fanfarras” de Teófilo Dias


Arte ligada às elites
Cultivo das idéias francesas de arte
Tríade Parnasiana: Olavo Bilac,
Raimundo Correa e Alberto de Oliveira
(UFRGS/06-43) Com relação ao Parnasianismo, são
feitas as seguintes afirmações.

I - Pode ser considerado um movimento anti-


romântico pelo fato de retomar muitos aspectos do
racionalismo clássico.
II - Apresenta características que contrastam com o
esteticismo e o culto da forma.
III- Definiu-se, no Brasil, com o livro Poesias, de
Olavo Bilac, publicado em 1888.
Quais estão corretas?

(A) Apenas I. (B) Apenas II. (C) Apenas I e III.


(D) Apenas II e III. (E) I, II e III.
A tríade Parnasiana
Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac (1865 – 1918)
Obra:
Poesias (1888): Panóplias,
Via Láctea, Sarças de Fogo
Poesias (1902): Alma
inquieta, As viagens, O
caçador de esmeraldas
Tarde (1919)
Assuntos greco latinos
Artesanato poético
(metalinguagem)
Patriotismo, indianismo
Sensualismo
Tom melacólico e um certo
impressionismo (último livro)
Invejo o ourives quando escrevo:
Imito o amor
Com que ele, em ouro, o alto relevo
Faz de uma flor.

(Profissão de Fé)
Comparação
entre o ourives
e o poeta
A um poeta
Longe do estéril turbilhão da rua,
Busca da Beneditino, escreve! No aconchego
Do claustro, na paciência e no sossego,
solidão para Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua!
escrever, bem
como do Mas que na forma se disfarce o emprego
Do esforço; e a trama viva se construa
trabalho formal De tal modo, que a imagem fique nua,
que serve Rica mas sóbria, como um templo grego.
como andaime
para a obra de Não se mostre na fábrica o suplício
Do mestre. E, natural, o efeito agrade,
arte Sem lembrar os andaimes do edifício:

Porque a Beleza, gêmea da Verdade,


Arte pura, inimiga do artifício,
E a força e a graça na simplicidade.
“Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!” E eu direi, no entanto!
Que, para ouvi-las, muitas vezes desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...
Escape da
realidade, E conversamos toda a noite, enquanto
conversa com A via láctea, como um pálio aberto,
as estrelas. Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: ‘Tresloucado amigo!


Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?

E eu vos direi: ‘Amai para entendê-las!


Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas’”
(FFFCMPA 06) Leia o poema abaixo.

Qual das considerações seguintes, colhidas em críticos


brasileiros, melhor descreve a natureza específica do poema?

(A) Os simbolistas não realizaram apenas uma revolução nos


domínios da palavra. (Franklin de Oliveira)
(B) Como movimento estético e ideológico, o Simbolismo serviu
de núcleo a manifestações espiritualistas. (Antonio Candido)
(C) Qual era o cânon do puro Parnasianismo? (...) inspiração
clássica ou exótica, ausência de emoção pessoal. (Tristão de
Athayde)
(D) Talvez o que haja de melhor nos parnasianos seja o seu
romantismo. (Antonio Candido)
(E) Não houvesse o Parnasianismo ultrapassado o seu tempo
histórico, provavelmente o Modernismo teria tomado outro
rumo. (Franklin de Oliveira)
Satânia

Nua, de pé, solto o cabelo às costas,


Sorri. Na alcova perfumada e quente,
Pela janela, como um rio enorme
Profusamente a luz do meio-dia
Entra e se espalha, palpitante e viva. (...)
Como uma vaga preguiçosa e lenta
Vem beijar-lhe a pequenina ponta
Do pequenino pé macio e branco (...)
Lambe-lhe o ventre, abraça-lhe a cintura
Morde-lhe os bicos túmidos dos seios
Corre-lhe a espádua, espia-lhe o recôncavo
Da axila, acende-lhe o coral da boca. (...)
E aos mornos beijos, às carícias ternas
Da luz, cerrando levemente os cílios
Satânia ... Abre um curto sorriso de volúpia.
Autores Parnasianos
Raimundo da Mota Azevedo Correia (1859 – 1911)

Obras
Sinfonias (1883)
Versos e versões (1887)
Aleluias (1891)
Sua poesia era considerada filosófica.
Representação dos estados da alma
Possuía uma leve melancolia
disfarçada de amargura.
Também dominava os padrões
formais.
Possui descrições da natureza, pelo
que ela tem de sombria.
AS POMBAS
Vai-se a primeira pomba despertada...
Metáfora: Vai-se outra mais ... mais outra ... enfim dezenas
De pombas vão-se dos pombais; apenas
Pomba = Raia sanguínea e fresca a madrugada.
Sonhos E à tarde, quando a rígida nortada
Sopra, aos pombais de novo elas, serenas
Porém, as Ruflando as asas, sacudindo as penas
pombas Voltam todas em bando e em revoada.
voltam, mas Também dos corações onde abotoam
os sonhos Os sonhos, um por um, céleres voam,
Como voam as pombas dos pombais;
não voltam
mais No azul da adolescência as asas soltam,
Fogem... Mas aos pombais as pombas voltam,
E eles aos corações não voltam mais...
MAL SECRETO
Se a cólera que espuma, a dor que mora
N’alma, e destrói cada ilusão que nasce,
Tudo o que punge, tudo o que devora
O coração, no rosto se estampasse;

Se se pudesse o espírito que chora


Ver através da máscara da face,
Quanta gente, talvez, que inveja agora
Nos causa, então piedade nos causasse!

Quanta gente que ri, talvez, consigo


Guarda um atroz, recôndito inimigo,
Como invisível chaga cancerosa!

Quanta gente que ri, talvez existe,


Cuja a ventura única consiste
Em parecer aos outros venturosa!
Antônio Mariano Alberto de Oliveira (1857-1937)
Obras:
Meridionais (1884)
Sonetos e Poemas (1885)
Versos e rimas (1895)

Parnasiano preso ao rigor da


forma.
Textos que combinam a
impessoalidade e a perfeição
formal.
Altamente descritivo, buscando
escapar do compromisso com a
realidade.
Descrições de natureza (morta).
VASO CHINÊS

Estranho mimo, aquele vaso! Vi-o


Casualmente, uma vez, de um perfumado
Contador sobre o mármore luzidio,
Entre um leque e o começo de um bordado.

Fino artista chinês, enamorado,


Nele pusera o coração doentio
Em rubras flores de um sutil lavrado,
Na tinta ardente, de um calor sombrio.

Mas, talvez, por contraste à desventura –


Quem o sabe? – de um velho mandarim
Também lá estava a singular figura:

Que arte, em pintá-la! a gente acaso vendo-a,


Sentia um não sei quê com aquele chim
De olhos cortados à feição de amêndoa.
Realismo
Reformismo
Psicologia

Naturalismo
Romantismo X Fatalismo X Simbolismo
Subjetividade Instinto
Subjetividade
Descritivismo ≠
Sugestão
Parnasianismo
Alienação
Formalismo (belo)

Objetividade
Mimesis Racionalismo
Ruptura
Descritivismo
Simbolismo
O Poeta é semelhante ao príncipe da altura
Que busca a tempestade e ri da flecha no ar;
Exilado no chão, em meio à corja impura,
As asas de gigante impedem-no de andar.
Simbolismo

"Eu sou o
império ao fim
da decadência”
Verlaine
Simbolismo
"Descrever um objeto
é suprimir três quartos
da fruição de um
poema, que é feito da
felicidade de advinhar
pouco a pouco.
Sugerir, eis o sonho"
Mallarmé
Simbolismo
Ennemie de l'enseignement, la
déclamation, la fausse sensibilité, la
description objective, la poésie
symbolique cherche à vêtir l’Idée
d'une forme sensible.

Inimiga do ensinamento, da
declamação, da falsa sensibilidade,
da descrição objetiva, a poesia
simbolista procura vestir a Ideia de
uma forma sensível.

Jean Moréas (1886)


Simbolismo
Simbolismo

•  Reação ao realismo e ao naturalismo e


ao parnasianismo
•  Desprezo pela ciência (objetividade)
•  Culto da liberdade imaginativa
•  Afastamento da sociedade
•  Musicalidade - sinestesia
•  Hermetismo – o símbolo é uma ponte
Simbolismo no Brasil
É , como no resto do mundo, um
movimento marginal.
Se desenvolve fora do centro do país
(SC, RS, MG, BA)
Começa no ano de 1893, com a
publicação de “Missal” e “Broquéis”,
ambos de Cruz e Souza.
Não recebe destaque popular
Fica latente até os anos de 1930
Poetas Simbolistas
Cruz e Sousa (1861 – 1898)
Broquéis (1893)
Missal (1893) Prosa poética
Evocações (1899) Prosa poética
Faróis (1900)
Últimos sonetos (1905)
Poeta mais importante porque
levou mais longe a experiência
simbolista.
Busca de um espiritualidade
desprezando o material
Imagens em torno do símbolo
do Branco
Quer mostrar a pureza
Branco=Puro=Mundo Ideal
ANTÍFONA
Ó Formas alvas, brancas, Formas claras
De luares, de neves, de neblinas!
Ó Formas vagas, fluidas, cristalinas...
Incensos dos turíbulos das aras

Formas do Amor, constelarmante puras,


De Virgens e de Santas vaporosas...
Brilhos errantes, mádidas frescuras
E dolências de lírios e de rosas ...

Indefiníveis músicas supremas,


Harmonias da Cor e do Perfume...
Horas do Ocaso, trêmulas, extremas,
Réquiem do Sol que a Dor da Luz resume...
Visões, salmos e cânticos serenos,
Surdinas de órgãos flébeis, soluçantes...
Dormências de volúpicos venenos
Sutis e suaves, mórbidos, radiantes ...

Infinitos espíritos dispersos,


Inefáveis, edênicos, aéreos,
Fecundai o Mistério destes versos
Com a chama ideal de todos os mistérios.

Do Sonho as mais azuis diafaneidades


Que fuljam, que na Estrofe se levantem
E as emoções, todas as castidades
Da alma do Verso, pelos versos cantem.
Cárcere das almas
Ah! Toda a Alma num cárcere anda presa,
soluçando nas trevas, entre as grades
do calabouço olhando imensidades,
mares, estrelas, tardes, natureza.
Tudo se veste de uma igual grandeza
quando a alma entre grilhões as liberdades
sonha e sonhando, as imortalidades
rasga no etéreo Espaço da Pureza.
Ó almas presas, mudas e fechadas
nas prisões colossais e abandonadas,
da Dor no calabouço, atroz, funéreo!
Nesses silêncios solitários, graves,
que chaveiro do Céu possui as chaves
para abrir-vos as portas do Mistério?!
LITANIA DOS POBRES

Os miseráveis, os rotos
São as flores dos esgotos.

São espectros implacáveis


Os rotos, os miseráveis.

São prantos negros de furnas


Caladas, mudas, soturnas.

São os grandes visionários


Dos abismos tumultuários.

As sombras das sombras mortas,


Cegos a tatear nas portas.
Poetas simbolistas
Alphonsus de Guimaraens (1870 – 1921)
Septenário das dores de Nossa Senhora (1899)
Dona Mística (1899)
Câmara ardente (1899)
Kyriale (1902)

Poesia melancólica
Ligação com a morte
Tema da perda mulher amada
(noiva Constança)
Mulher como objeto de idealização
Autocomiseração
A catedral

Entre brumas ao longe surge a aurora,


O hialino orvalho aos poucos se evapora,
Agoniza o arrebol.
A catedral ebúrnea do meu sonho
Aparece na paz do céu risonho
Toda branca de sol.

E o sino canta em lúgubres responsos:


"Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!"
O astro glorioso segue a eterna estrada.
Uma áurea seta lhe cintila em cada
Refulgente raio de luz.
A catedral ebúrnea do meu sonho,
Onde os meus olhos tão cansados ponho,
Recebe a benção de Jesus.

E o sino clama em lúgubres responsos:


"Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!"
Por entre lírios e lilases desce
A tarde esquiva: amargurada prece
Põe-se a luz a rezar.
A catedral ebúrnea do meu sonho
Aparece na paz do céu tristonho
Toda branca de luar.

E o sino chora em lúgubres responsos:


"Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!"
O céu e todo trevas: o vento uiva.
Do relâmpago a cabeleira ruiva
Vem acoitar o rosto meu.
A catedral ebúrnea do meu sonho
Afunda-se no caos do céu medonho
Como um astro que já morreu.

E o sino geme em lúgubres responsos:


"Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!"
PUCRS 2014 INSTRUÇÃO: Para responder à questão 36, considere o poema Inefável
em seu contexto, e leia as afirmativas que seguem.

Nada há que me domine e que me vença I. A subjetividade, a sugestão no conteúdo


Quando a minh’alma mudamente acorda... e um cultivo à técnica formal revelam
Ela rebenta em flor, ela transborda características da obra de um dos poetas
Nos alvoroços da emoção imensa. mais importantes da escola simbolista.
II. Substantivos comuns grifados com
Sou como um Réu de celestial sentença,
Condenado do Amor, que se recorda maiúsculas, a obsessão pelo claro, pela
Do Amor e sempre no Silêncio borda cor branca, são marcas do poeta Cruz e
De estrelas todo o céu em que erra e pensa. Souza.
III. As aliterações são também um traço
Claros, meus olhos tornam-se mais claros típico da obra deste poeta, perceptíveis no
E tudo vejo dos encantos raros poema “Inefável”.
E de outras mais serenas madrugadas! IV. Característica típica do simbolismo, o
eu lírico neste poema sofre fisicamente por
Todas as vozes que procuro e chamo
Ouço-as dentro de mim porque eu as amo um amor não vivido.
Na minha alma volteando arrebatadas
36) As afirmativas corretas são, apenas,
A) I e II. B) I e IV. C) III e IV.
D) I, II e III.. E) II, III e IV.
Simbolistas Gaúchos
•  Eduardo de Guimaraens
–  A divina quimera
–  Poeta gaúcho altamente
europeizado
–  Poesia sob influência de Dante,
no que tange o amor eterno.
–  Imagens outonais e crepusculares
–  Constante pesquisa estética
9
Vai pela paisagem, languidamente,
como um desconsolo de outono frio;
ou como um sinistro, longo arrepio
que vem do horizonte de um céu dormente.
(Que farás a esta hora?) Do caminheiro
mal a sombra surge. Que paz absorta!
Vive em torno, apenas, verde, um salgueiro
refletido ao fundo de uma água morta.
Sobre um leito de ouro, fosco e sombrio,
morre o sol, sangrento. Noite dolente!
Vai pela paisagem, languidamente,
como um desconsolo de outono frio,
como um ritmo lento de um derradeiro,
solitário acorde que o ar entrecorta,
Como choro verde desse salgueiro
refletido ao fundo dessa água morta.
(UFRGS) - “É apenas de grau a diferença entre o parnasiano e o
decadentista (simbolista) brasileiro: naquele, o culto de forma; neste, a
religião do Verbo. Em outros termos: alarga-se de um para outro o hiato entre
a práxis e a atividade artística. O poeta, inserindo-se cada vez menos na tela
da vida social, faz do exercício da arte a sua única missão e, no limite, um
sacerdócio.”

Em relação ao texto acima, e correto afirmar que


(a) parnasianos e simbolistas concentraram–se na denúncia social, relegando
a elaboração artística a um segundo plano.
(b) o gosto pelo trabalho artístico da linguagem e a aversão à prática político-
social eram marcas exclusivas dos poetas parnasianos.
(c) tanto parnasianos como simbolistas conseguiram conciliar
harmonicamente a preocupação com o trabalho artístico, levedo a um
exagero quase místico, e a prática social centrada no engajamento político.
(d) a concentração na atividade artística e a separação entre esta e a prática
social foram comuns a parnasianos e simbolistas; a única diferença e que os
segundos ampliaram o grau da concentração e da separação citadas.
(e) na poesia simbolista, ao contrário do que ocorre na parnasiana,
sobressaía o espírito religioso e a intenção catequética de reforçar a doutrina
do Catolicismo.
(UFRGS/02-43) Assinale a alternativa INCORRETA em relação à
obra A divina quimera, do simbolista gaúcho Eduardo Guimarães.

(A) O poema longo trabalha uma temática simultaneamente


amorosa e espiritualista.
(B) A mulher é apresentada, dentro do padrão simbolista, como
um ente divinizado e inatingível, ideal de perfeição e pureza,
despido, portanto, de carnalidade e erotismo.
(C) O conflito central do texto é a exploração do mundo
conturbado do sujeito poético imerso na solidão e na perseguição
do ideal de perfeição.
(D) A plena realização amorosa, ao final do poema, elimina o
conflito.
(E) Os cenários noturnos e a paisagem outonal compactuam com
o estado de alma do sujeito poético.

Você também pode gostar