TCC Caiâne Olsen
TCC Caiâne Olsen
Florianópolis
2016
AGRADECIMENTOS
1. INTRODUÇÃO .................................................................................. 11
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA...................................................... 13
2.1 O ser humano e seu entorno.............................................................. 13
2.1.1. O ser humano e o ambiente: breves considerações sobre suas
relações ............................................................................................... 13
2.1.2 A cegueira botânica: o entorno desconhecido .................... 14
2.2. Considerações sobre a vegetação em meio urbano .......................... 17
2.2.1. A importância dos espaços verdes: um passeio pela cidade ..... 17
2.2.2. Paisagismo: sua relevância e os desafios além da estética ...... 20
2.3 O espaço universitário contextualizado ...................................... 23
2.3.1 O campus como um laboratório vivo: ambiente de saberes e
socialização......................................................................................... 23
2.3.2 Extensão universitária: quando a ciência e a comunidade
conversam ........................................................................................... 25
2.4 Sistemas de Informação Geográfica e o uso de mapas virtuais
como instrumento de extensão................................................................ 27
2.4.1 Os territórios digitais e a apropriação do espaço pelo
coletivo 27
2.4.2 O meio virtual como veículo de informações ..................... 29
3.1 Objetivo Geral ............................................................................. 31
3.2 Objetivos específicos .................................................................. 31
3. MÉTODOS ......................................................................................... 33
4.1. Área de estudo ............................................................................ 33
4.1.1. A Universidade Federal de Santa Catarina ......................... 33
4.1.2. Projeto paisagístico e projeto Campus Vivo ....................... 35
4.2. Procedimentos para o mapeamento e identificação dos indivíduos
arbóreos .................................................................................................. 39
4.3. Criação dos mapas nas plataformas digitais ............................... 42
4.3.1. Camada WFS na plataforma QGIS ..................................... 42
4.3.2. O Mapa para a comunidade ................................................ 43
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................ 45
5.1. Indivíduos amostrados ................................................................ 45
5.2. Criação dos mapas nas plataformas digitais ............................... 49
5.2.1. Camada WFS na plataforma QGIS ..................................... 49
5.2.2 Ávores do campus: o mapa para a comunidade .................. 55
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................. 61
6. ENCAMINHAMENTOS ................................................................... 63
REFERÊNCIAS ......................................................................................... 65
APÊNDICE A - Lista das espécies amostradas nas áreas acessíveis do
campus Reitor João David Ferreira Lima da Universidade Federal de Santa
Catarina....................................................................................................... 77
11
1. INTRODUÇÃO
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
aspecto antinatural, pois “se o ser humano vive na cultura, mas trazendo em si
a natureza, como pode ser simultaneamente antinatural e natural?” (MORIN,
1973, p. 5).
De modo semelhante, a própria biologia parece por vezes ignorar uma
relação bioantropológica. Morin (1973, p. 5) ainda nos lembra de que, dentro
da ciência biológica, “a visão esteve por muito tempo fechada para o fenômeno
social”, embora saibamos que ele existe no meio animal e até no vegetal, além
de manter-se muitas vezes alheia a todas as qualidades ou faculdades “que
fossem estritamente para além da fisiologia, quer dizer, a tudo aquilo que, nos
seres vivos, é comunicação, conhecimento, inteligência”.
Criamos assim ao longo do tempo, uma ideia do ser humano
sobrenatural, não só estrangeiro à natureza, mas também soberano a ela. Aqui
perdura uma natureza tecnicizada, onde a técnica insiste em imitar a natureza,
criando objetos que nos servem a finalidades específicas e onde o entorno
torna-se desconhecido (SANTOS, 1992).
Uma reflexão considerável é a de que a própria ideia de conceituar a
natureza torna-se algo não natural, já que seria esta uma construção social
(GONÇALVES, 1998). Seu conceito é então utilizado como uma simbologia,
uma forma de representação para o entendimento e organização social. Nele,
cada cultura ou coletividade institui uma determinada ideia de natureza. Em
nossa sociedade atual, como ressalta Gonçalves (1998, p. 23), a natureza
define-se, de certa forma, por aquilo que se opõe à cultura, sendo esta última
tomada como “algo superior e que conseguiu controlar e dominar a natureza”.
François Ost (1995) afirma a possibilidade de fugir desta visão única
(ser humano ou natureza) ou mesmo do dualismo (ser humano versus
natureza), já que as duas reforçam posturas reducionistas. A busca seria por um
espaço intermediário, uma ciência das relações, onde o que deve ser levado em
conta é a compreensão de que um existe no outro, que um existe pelo outro.
É relevante na sociedade atual que se atente para a singularidade e
unidade de seus atores e as possíveis causas e consequências de uma visão
fragmentada e dissociada de nosso meio ou entorno.
1
O termo “cegueira botânica” foi cunhado por Wandersee e Schussler (1998).
15
2
Evidentemente consideram-se aqui movimentos em relação à escala humana. Sabe-se
há tempos que as plantas possuem movimentos próprios, como diferentes formas de
tropismos e nastismos (ACCORSI, 1952; ANDRADE, 1888), bem como movimentos
em uma escala populacional, como a própria dispersão de propágulos.
16
3
De fato, o autor considera o aumento dos efeitos ambientais antropogênicos no século
XX (resultado do aumento da população e da maior demanda energética), que coloca o
ser humano numa posição de espécie/organismo com impacto desproporcionalmente
grande no ambiente (MINNIS, 2000).
21
4
O processo de desenvolvimento das cidades no Brasil (e consequentemente das áreas
verdes ali inseridas) ocorreu em sua grande parte como fruto de políticas
desenvolvimentistas não planejadas, resultando na configuração heterogênea que se
observa hoje, com graves problemas sociais e ambientais (MARTINS, 2012).
22
5
Período que vai de aproximadamente 1937 a 1989 (MACEDO, 2003).
6
Roberto Burle Marx, um dos mais reconhecidos arquitetos paisagistas do século XX.
7
A partir de 1990 até os dias atuais (MACEDO, 2003).
23
8
Moro utiliza a expressão “espécies alienígenas” para definir e contextualizar espécies
exóticas em diversos trabalhos (ver CASTRO, MORO, ROCHA 2011; MORO;
WESTERKAMP , 2011; MORO et al., 2012).
24
Mendonça e Silva (2002) apontam que são poucos os que tem acesso
direto a esses conhecimentos gerados na universidade. Entendem, assim, que a
extensão universitária é uma forma de democratização do acesso a esses
saberes, bem como para o redimensionamento da função social da própria
universidade, especialmente se ela for pública. A extensão entra aqui, como
explicam os autores, como uma atividade que tem por finalidade desenvolver e
implementar estratégias que integrem o ensino superior e as comunidades em
seu entorno.
Quando olhamos para a representação da instituição universitária aos
olhos da sociedade, percebemos que muitas vezes ela é tida como um espaço
que garante a “conservação de formas de conhecimento”, sendo culturalmente
reverenciada por sua produção científica ou ainda como “fonte de pessoal
altamente qualificado e investigadores dedicados a satisfazer necessidades
econômicas” (PINTO, 2008, p. 42). Daí a importância da extensão
universitária, que reforça o compromisso educacional e social que estas
instituições possuem, passando ao âmbito de agentes do desenvolvimento e da
transformação social.
Para Serrano (2012), as universidades deveriam possuir três funções
básicas, sendo elas a acadêmica (fundamentada em bases teórico-
metodológicas), a social (de promover a organização social e a construção da
cidadania) e a articuladora (do saber e do fazer e da universidade com a
sociedade). A autora defende que quando a universidade alcançar o exercício
dessas três funções não haverá mais uma distinção clara entre o ensino, a
extensão e a pesquisa, já que se tornariam “interfaces de um mesmo fazer”.
É por intermédio destas atividades nesses três âmbitos que, conforme
aponta Ohira (1998), as universidades se voltam para o ato de criar, de produzir
conhecimento, e de busca do saber. Destaca ainda, no quesito extensão, que é
preciso que se pense em um disseminar competente desses conhecimentos, que
só se tornarão concretos se forem aliados à comunicação.
No que diz respeito a esse diálogo, deve-se levar em conta que as ideias
de comunicação e de educação, embora tratem-se de conceitos distintos, são
inseparáveis. Freire (2000, apud NASCIMENTO; HETKOWSKI, 2009, p.
155) aponta a educação como sendo ela própria um ato comunicativo, que
unifica a complexa interação entre comunicação e educação. Os dois âmbitos
26
OBJETIVOS
3. MÉTODOS
O projeto foi realizado dentro dos limites físicos do campus Reitor João
David Ferreira Lima da Universidade Federal de Santa Catarina, localizado na
Ilha de Santa Catarina, no município de Florianópolis. O local possui sua
principal área concentrada no bairro Trindade, que perfaz 1.020.769 m2, onde
estão distribuídos todos os Centros de Ensino da UFSC, exceto o Centro de
Ciências Agrárias (CCA), que ocupa uma área de 30.000 m2 e se localiza no
bairro do Itacorubi (UFSC, 2016).
A Universidade, bem como toda a área do município, encontra-se em
região de Mata Atlântica, com clima subtropical úmido e altitude que não
ultrapassa os 50m. As chuvas são bem distribuídas ao longo do ano,
registrando seus maiores índices de janeiro a março. Não há estação seca, e a
precipitação média anual é 1659 mm (EPAGRI, 2015). A temperatura média
anual é de 20,4 °C, com variações sazonais apresentando verões e invernos
bastante distintos (Hassemer, 2012).
A criação da Universidade data de 1960, sendo sua comunidade
constituída atualmente por cerca de 50 mil pessoas, entre docentes, técnicos-
administrativos em Educação e estudantes (UFSC, 2015). Ainda, segundo
dados da Instituição (2015), a Universidade conta ao todo com 13 cursos de
graduação à distância, 105 cursos de graduação presencial, 160 cursos de pós-
graduação, entre especialização, mestrado, mestrado profissional e doutorado,
distribuídos nos campi de Florianópolis, Araranguá, Curitibanos, Joinville e
Blumenau.
O campus Reitor João David Ferreira Lima apresenta grande circulação
de pessoas, já que há muitos prédios em funcionamento, relativos às atividades
administrativas, de ensino, pesquisa e de extensão, e ainda os em fase de
construção, o que faz com que o local seja altamente urbanizado. A presença
de rodovias que delimitam o campus e de pequenas ruas que atravessam o
mesmo faz com que haja também tráfico considerável de veículos no local
(HASSEMER, 2012).
Entretanto, nota-se ao longo de todo o espaço em questão a presença de
muitas áreas verdes compondo a paisagem, onde são observadas espécies
nativas e exóticas, ocupando desde pequenos espaços, até grandes extensões. A
34
Figura 2- Projeto paisagístico original para o campus Reitor João David Ferreira Lima
da Universidade Federal de Santa Catarina. A área circulada em vermelho representa a
Praça da Cidadania, em frente à Reitoria (acima) e, logo abaixo, o espaço vinculado ao
Centro de Comunicação e expressão (CCE).
9
Campus Vivo - Projeto IdentificAÇÃO Verde. Arborização do Campus João David
Ferreira Lima. Professores responsáveis: Alina G. Santiago (ARQ/UFSC), Enio Luiz
Pedrotti (CCA/UFSC).
38
Figura 5– Estado atual de algumas das placas de identificação das espécies no campus.
Muitas se encontram sem identificação ou mesmo bastante danificadas.
10
The Plant List – a working list of all plant species: http://www.theplantlist.org/
11
Reflora – Flora do Brasil 2020: http://reflora.jbrj.gov.br/
42
12
QGIS: http://qgis.org/pt_BR/site/
13
Geographic Markup Language (GML). Serve como suporte ao serviço WFS,
permitindo a interoperabilidade entre dados geográficos (MEDEIROS, 2017).
43
14
Google My Maps: https://www.google.com/mymaps
44
espécies frutíferas de consumo humano; e iv) “Pode vir que tem sombra”,
contemplando as espécies que oferecem sombra.
45
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
FABACEAE
6%
21% MYRTACEAE
BIGNONIACEAE
ARECACEAE
11%
46% MALVACEAE
6% OUTRAS
6%
4% NI
arbórea e não sofrem cortes regulares (HASSEMER, 2012), pode servir como
fonte de propágulos de espécies nativas para colonização dos espaços
adjacentes (MENDONÇA, 2004).
45
40 2
2
35
30 14
N° espécies
25
5
20
15 14
10 22
4 5 2
5 4 1 1 2 1 8
7 5 5
0 3 1 3 3 1 2 3
Família
Figura 10- Camada WFS criada no programa QGIS. Cada ponto visualizado no mapa
representa a localização de um indivíduo arbóreo amostrado.
Figura 11- Distribuição espacial dos indivíduos em relação a sua origem. Acima, as
espécies nativas (pontos brancos) e abaixo as exóticas (pontos vermelhos).
Figura 13- Layout do mapa criado. Na coluna à esquerda encontra-se a divisão por
camadas e, à direita, os pontos amostrados.
15
Próximo à conclusão do projeto, a plataforma que vinha sendo utilizada para este fim
passou da qualidade livre para uma ferramenta paga para o compartilhamento de seu
conteúdo. Por contrariar a ideia do projeto de valorização das plataformas e softwares
livres, optou-se pela plataforma de uso atual. Assim, devido ao tempo limitado para sua
finalização, a mesma encontra-se em andamento no processo de inclusão de dados.
56
Figura 14- A ficha de informações relativas a cada indivíduo aparece no canto esquerdo
quando o mesmo é selecionado.
16
Árvores do Campus Unesp: https://goo.gl/tqD5lW
17
Árvores frutíferas da Unicamp: https://goo.gl/7jSOzz
58
18
Inventário das árvores: https://goo.gl/a42bjS
19
Movimento Fica Ficus: https://ficaficus.crowdmap.com/
60
61
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
6. ENCAMINHAMENTOS
REFERÊNCIAS
APÊNDICE A - Lista das espécies amostradas nas áreas acessíveis do campus Reitor João David Ferreira
Lima da Universidade Federal de Santa Catarina.
Tabela 1 - Lista das espécies classificadas por Famílias. Estão indicadas a Família, Espécie, Nome popular,
Origem relativa ao Brasil, Número de indivíduos encontrados (N), Localização no campus (Local) e Camada
no Mapa. Não Identificadas (NI). Local no campus: Botânica (BOT), Núcleo de Desenvolvimento Infantil
(NDI), Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFH), Restaurante Universitário (RU), Centro de
Comunicação e Expressão (CCE), Centro de Ciências Físicas e Matemáticas (CFM), Centro de Ciências
Biológicas (CCB), Biblioteca Universitária (BU) e Reitoria (REI).
ANACARDIACEAE
Mangifera indica L. Mangueira Exótica (India) 2 CCE As de lá: exóticas; Pode
vir que tem sombra
Schinus terebinthifolia Raddi Aroeira vermelha Nativa 67 BOT, BSQ, As daqui: nativas do
BU, CCB, Brasil
CCE, CFH,
CFM, NDI,
RU
Spondias dulcis Parkinson Cajá manga Exótica (Tahiti) 3 CFH As de lá: exóticas;
Roteiro das frutinhas
ANNONACEAE
ARAUCARIACEAE
Agathis robusta (C.Moore ex F.Muell.) F.M.Bailey Pinheiro da Nova Exótica (Austrália) 1 BOT As de lá: exóticas
Zelândia, pinheiro
kauri
Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze Pinheiro do Paraná Nativa 4 REI As daqui: nativas do
Brasil
Araucaria bidwillii Hook. Pinheiro Bunia Exótica (Austrália) 3 BOT, BU As de lá: exóticas
Araucaria columnaris (G.Forst.) Hook. Pinheiro de natal, Exótica (Oceania) 54 BOT, BU, As de lá: exóticas
araucária Australiana CCE
ARECACEAE
Palmeira real Exótica (Austrália) 66 BU, CCB, As de lá: exóticas
Archontophoenix alexandrae (F.Muell.) H.Wendl. & Australiana CFH, CFM,
Drude NDI, RU
Palmeira areca, areca Exótica 66 BOT, BSQ, As de lá: exóticas
Dypsis lutescens (H.Wendl.) Beentje & J.Dransf. bambu (Madagascar) BU, CCB,
CCE, CFH,
CFM, REI,
RU
Palmito juçara Nativa 8 BOT, BU, As daqui: nativas do
Euterpe edulis Mart. CCB, REI Brasil; Roteiro das
frutinhas
Palmeira de leque da Exótica (Sudeste 4 BOT, CCE As de lá: exóticas
Livistona chinensis (Jacq.) R.Br. ex Mart. china Asiático)
Palmeira das canárias Exótica (Canarias) 1 BOT As de lá: exóticas
Phoenix canariensis Chabaud
- Exótica 5 CCB As de lá: exóticas
Roystonea sp.
Jerivá Nativa 121 BSQ, BU, As daqui: nativas do
Syagrus romanzoffiana (Cham.) Glassman CCB, CCE, Brasil; Roteiro das
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BIGNONIACEAE
Libidibia ferrea (Mart. Ex Tul.) L.P. Queiroz Pau ferro Nativa (Endêmica) 13 BSQ, BU, As daqui: nativas do
CCE, CFH, Brasil
CFM
Sibipiruna Nativa 12 BSQ, CCB, As daqui: nativas do
Poincianella pluviosa (DC.) L.P.Queiroz CCE, CFH, Brasil
CFM, REI,
RU
Chuva de Exótica (India) 12 CCB, CCE, As de lá: exóticas
Cassia fistula L. ouro, CFH
canafístula
Cassia Exótica (Malásia) 7 BU, CCE, As de lá: exóticas; Pode
Cassia javanica L. CFH, REI vir que tem sombra
Angico Nativa (Endêmica) 9 BOT, BSQ, As daqui: nativas do
Chloroleucon tortum (Mart.) Pittier branco, tataré BU, CFH, Brasil; Pode vir que tem
REI sombra
83
MELASTOMATACEAE
85
PINACEAE