O Castelo Interior
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O Castelo Interior
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O CASTELO INTERIOR
Santa Teresa
de Jesus
O CASTELO
INTERIOR
2ª Edição
Curitiba – 2019
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SANTA TERESA DE JESUS
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O CASTELO INTERIOR
Título original:
Castillo Interior o Las Moradas
IMPRIMATUR
Dom José Antônio Peruzzo
Arcebispo Metropolitano de Curitiba
Curitiba, 25 de maio de 2016
NIHIL OBSTAT
Pe. Nilton César Boni, C.M.F.
Censor
Produzido no Brasil
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PRÓLOGO
JHS
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melhor umas com as outras e, com o amor que elas têm por
mim, seria mais apropriado que eu lhes falasse. Assim,
escrevendo como quem fala com elas, espero acertar em dizer
algo proveitoso, mesmo porque parece loucura pensar que
também possa vir a calhar para outras pessoas. Nosso Senhor
me fará imensa graça se isto servir para que alguma delas O
louve um pouquinho mais. Sua Majestade bem sabe que eu
não pretendo outra coisa.
Quando eu disser algo de valor, elas certamente
perceberão que não vem de mim. Não há razão para
pensarem que vem, a menos que o discernimento delas seja
tão escasso quanto a minha habilidade para semelhantes
coisas, se o Senhor, por sua misericórdia, não me instrui.
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PRIMEIRAS MORADAS
CAPÍTULO 1
Trata da beleza e dignidade das nossas almas. Faz uma
comparação para mostrar isso. Diz o quanto importa
compreender as graças que recebemos de Deus. Explica que a
porta desse castelo é a oração.
1 João 14, 2.
2 Provérbios 8, 31.
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3 Gênesis 1, 26-27.
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4 João 9, 2-3.
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quem são, mesmo que brevemente. Rezam uma vez por mês,
com o pensamento perdido em mil negócios. Estando muito
apegadas a eles, o seu coração volta-se para onde está o seu
tesouro, como se diz7. De tempos em tempos, propõem-se
desapegar-se do mundo. E já é grande progresso essa
disposição de olhar para si mesmas e reconhecer que não
estão bem encaminhadas para encontrar a porta do castelo.
Por fim, entram nas primeiras salas de baixo. Mas trazem
consigo muitos vermes que não lhes deixam sossegar nem ver
a beleza do lugar. De qualquer maneira, fazem muito em
entrar.
7 Mateus 6, 21.
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CAPÍTULO 2
Mostra como é feia a alma em pecado mortal e como Deus quis
revelar algo disso a certa pessoa. Trata da necessidade de a alma
se conhecer a si mesma. Explica como estas moradas devem ser
entendidas.
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pudessem ver o que ela viu, não seria possível que alguém
pecasse, mesmo que tivesse de suportar os maiores
sofrimentos para fugir das ocasiões de pecado. Desde então,
essa pessoa sente grande desejo de que todos compreendam
isso. Que Deus lhes dê também, filhas, vontade de rogar pelos
que estão nesse estado, todos mergulhados em escuridão,
assim como suas obras.
De outro lado, a alma que está em graça é límpida como
os regatos que brotam de fonte puríssima. Suas obras são
agradáveis aos olhos de Deus e dos homens, porque
procedem desse manancial de vida onde a alma está plantada
como uma árvore à beira de um rio. Por isso não seca e dá
bom fruto. Não teria viço nem daria fruto se não estivesse ali.
Mas se a alma, por sua culpa, afasta-se dessa fonte e se
transplanta para outro lugar de água negra e fétida, só produz
desventura e imundície.
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9 Salmo 126, 1.
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místico”.
12 Referência ao Livro da Vida e Caminho de Perfeição.
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15 Vida e Caminho.
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20Vida, 13.
21Prelado é o provincial ou o bispo; prioresa é a superiora da
comunidade em cada Carmelo.
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SEGUNDAS MORADAS
CAPÍTULO ÚNICO
Trata de como é imprescindível ter perseverança para alcançar
as últimas moradas; da grande guerra que o demônio faz; e de
como convém não perder o rumo no início. Ensina um modo de
achar o caminho que a experiência revelou ser muito eficaz.
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10 Em Vida e Caminho.
11 No original: “Quien anda en el peligro en el perece”. Citação de
Eclesiástico 3, 27.
12 João 14, 9.
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TERCEIRAS MORADAS
CAPÍTULO 1
Trata da pouca segurança que há enquanto vivemos neste
desterro, mesmo para as almas que alcançaram um estado
elevado. E de como convém andar com temor. Apresenta alguns
pontos muito bons.
1 Salmo 111, 1.
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3 Escrevo com tal temor, que não sei de onde tiro forças.
Deus sabe o que sinto cada vez que me lembro dessas
verdades. Peçam, minhas filhas, a Sua Majestade que viva
sempre em mim. De outro modo, que segurança terá quem
gastou tão mal a vida como eu? E não fiquem tristes quando
lhes digo isso. Vocês gostariam que eu tivesse sido muito
santa. E têm razão em querer. Eu também gostaria. Mas que
fazer se, somente por minha culpa, não fui? Não posso me
queixar de Deus, que me ofereceu toda ajuda necessária para
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muitas almas boas, sem culpa sua, das quais o Senhor sempre
as tira com enorme proveito. Tampouco trato aqui das almas
que sofrem de melancolia6 e outras enfermidades. Afinal, em
todas as coisas, devemos nos submeter à vontade de Deus.
Tenho para mim que a causa mais comum de secura
espiritual é a que disse no início.
Como essas almas não cairiam em pecado por nada deste
mundo (muitas nem mesmo em pecado venial deliberado) e
como aplicam bem suas vidas e seus dons, não têm paciência
de esperar até que a porta se abra e possam entrar onde está
o nosso Rei, de quem se consideram servas (e são mesmo).
Acontece-lhes algo parecido com o que vemos aqui neste
mundo: embora um soberano tenha muitos vassalos, nem
todos entram na câmara real. Entrem, entrem primeiro em si
mesmas, minhas filhas, e reconheçam como somos indignas
de entrar na presença de Sua Majestade.
Esqueçam-se de suas pequeninas obras. Sendo cristãs,
vocês sabem que devem tudo o que realizaram e muito mais
a Ele. Contentem-se em ser súditas de Deus. Quem muito
quer acaba sem nada. Mirem-se no exemplo dos santos que
entraram na sala deste Rei. Vejam a distância entre eles e
nós. Não peçam aquilo que não merecem. Nem sequer devia
passar-nos pela cabeça a ideia de pedir. Por maiores que
sejam os nossos serviços, pouco merecemos, nós que temos
ofendido a Deus.
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disse São Paulo ou Cristo8. Mas não pensem que por conta
disso Nosso Senhor estará obrigado a conceder-lhes tais
favores. Ao contrário, quem mais recebe fica mais
endividado9. Que podemos oferecer a um Deus tão generoso
que, além de nos criar, morrer por nós e sustentar a nossa
vida, nos dá tudo o que temos? Não nos julguemos
afortunadas imaginando que a nossa dívida para com o
Senhor vá diminuindo por conta de tudo o que ele tem feito
para nos servir, concedendo-nos a graça de fazermos boas
obras. Disse essa palavra de má vontade, mas é isso mesmo,
pois ele não fez outra coisa enquanto viveu neste mundo além
de nos servir.
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CAPÍTULO 2
Prossegue no mesmo assunto e trata das securas na oração.
Mostra o que pode ocorrer. Diz como é necessário provarmo-nos
e como o Senhor prova os que estão nestas moradas.
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que sou tão ruim, fazia isso, as que são boas e humildes o
glorificarão muito mais.
Ainda que uma só alma o bendiga uma só vez, já terá
valido a pena falar dos contentamentos e deleites que
deixamos de receber por nossa culpa, especialmente porque,
se são de Deus, vêm carregados de amor e fortaleza com os
quais se pode caminhar com menos esforço e crescer em
obras e virtudes. Mas, se não os recebemos, não pensem que
ele se importe pouco conosco. Se não é por nossa falta, justo
é o Senhor11, Sua Majestade nos dará por outros caminhos
aquilo que nos nega por esse. O motivo só ele sabe, pois são
muito bem guardados os seus segredos12. Mas podem ter
certeza de que ele nos dá o que mais nos convém, sem dúvida
nenhuma.
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QUARTAS MORADAS
CAPÍTULO 1
Explica a diferença entre contentamentos e gostos na oração e
conta a alegria que sentiu ao compreender a diferença entre a
imaginação e o intelecto. É de grande proveito para quem se
dedica à oração.
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3 João 15, 5.
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humana.
7 Saber as letras: ter cultura filosófica e teológica.
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8 Vida e Caminho.
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CAPÍTULO 2
Prossegue no mesmo assunto. Faz uma comparação para
explicar o que são gostos e diz como alcançá-los sem procurar.
14 No cap. 1, §§ 4-6.
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15 No cap. 1, § 5.
16 Vida e Caminho.
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CAPÍTULO 3
Trata da oração de recolhimento que o Senhor costuma dar antes
da oração dos gostos de Deus. Descreve os efeitos de uma e de
outra.
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3 Acho que nunca expliquei isso tão bem como agora. Essa
graça é ajuda valiosa para buscar a Deus no interior da
alma onde o encontramos mais facilmente e com mais
proveito do que nas criaturas, como disse Santo Agostinho,
que aí o achou depois de procurar em muitos lugares26. Mas
não creiam que pode ser adquirida por meio do intelecto,
pensando-se que se tem a Deus dentro de si. Nem pela
imaginação, representando-O dentro de si. Tudo isso é bom
e excelente forma de meditação, porque se funda sobre esta
verdade: Deus está dentro de nós. Mas não é disso que estou
falando, pois qualquer um pode fazê-lo (com a graça do
Senhor, que fique claro). O que vou lhes mostrar agora é
diferente.
Às vezes, antes mesmo de pensar em Deus, essa gente já
está dentro do castelo. Sentiu o assobio do seu pastor, não sei
por onde nem como. Não foi pelos ouvidos, porque não se
ouve nada. Sente-se claramente um suave recolhimento para
o interior, como verá quem passar por isso, pois eu não
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QUINTAS MORADAS
CAPÍTULO 1
Começa a tratar de como a alma se une a Deus na oração. Ensina
a reconhecer a verdadeira união.
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nem duvida que aconteceu de fato. Nada direi aqui acerca dos
efeitos que produz, porque vou falar deles mais adiante6. Esse
é um sinal muito confiável.
6 No cap. 2.
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7 Cantares 2, 4 e 3, 2.
8 João 20, 19. Parênteses do tradutor.
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CAPÍTULO 2
Prossegue no mesmo tema. Explica a oração de união por meio de
uma refinada comparação. Descreve os efeitos que produz na
alma. É muito interessante.
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9 Colossenses 3, 3-4.
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CAPÍTULO 3
Continua o mesmo assunto. Trata de outro tipo de união que a
alma pode alcançar com o favor de Deus e de como isso é útil para
aumentar o amor ao próximo. É muito proveitoso.
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11 Jonas 4, 6-7.
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CAPÍTULO 4
Prossegue no mesmo assunto, explicando mais detidamente essa
oração. Mostra o quanto importa ficar de sobreaviso, pois o
demônio se desdobra para fazer a alma voltar atrás no caminho
iniciado.
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SEXTAS MORADAS
CAPÍTULO 1
Mostra que, começando o Senhor a fazer maiores graças, há
maiores provações. Descreve algumas por que passam os que
estão nestas moradas. É bom para quem enfrenta tribulações
interiores.
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CAPÍTULO 2
Trata de algumas maneiras muito sublimes pelas quais Nosso
Senhor desperta a alma, onde aparentemente não há nada que
temer.
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CAPÍTULO 3
Prossegue no mesmo assunto e diz como Deus fala à alma quando
quer. Alerta sobre como conduzir-se nesse assunto sem nunca
seguir a própria opinião. Ensina como descobrir se é engano. É
muito proveitoso.
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3 No cap. 5, § 8, e no cap. 8.
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CAPÍTULO 4
Trata de quando Deus suspende a alma em oração com
arrebatamento ou êxtase ou rapto (é tudo a mesma coisa, a meu
ver) e como isso é necessário para lhe dar grande ânimo e
prepará-la para receber muitas graças de Sua Majestade.
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CAPÍTULO 5
Continua no mesmo assunto e mostra como Deus levanta a alma
num voo do espírito diferente do já descrito. Mostra algumas das
razões por que é imprescindível ter coragem. Conta algo acerca
dessa graça prazerosa que o Senhor faz. É muito proveitoso.
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CAPÍTULO 6
Descreve um efeito da oração de voo do espírito pelo qual se
saberá se é autêntica. Trata de outra graça que o Senhor faz à
alma para movê-la a louvá-lo.
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5 Não sei por que nem para que disse isso, irmãs. Não
entendi a mim mesma. Mas compreendamos que, sem
dúvida nenhuma, são esses os efeitos dos arrebatamentos ou
êxtases que chamei de voo do espírito. Não são desejos
passageiros, mas se assentam firmemente na alma. Na
primeira oportunidade, são colocados em prática, e assim vê-
se que não são fingidos.
E por que digo que estão firmemente assentados na
alma? Às vezes a alma se acovarda até diante da menor
dificuldade. Fica tão intimidada que não tem ânimo para
fazer nenhuma boa obra. Penso que o Senhor a abandona à
sua fraqueza natural para sua edificação. Desse modo ela
percebe que, se alguma vez teve forças para fazer o bem, veio
de Sua Majestade. Então, ela compreende isso com uma
clareza desconcertante e sente-se aniquilada. E adquire
maior consciência da misericórdia e grandeza de Deus, que
age por meio de criatura tão fraca. Geralmente, porém, essa
alma é amparada pela graça de Deus, como disse antes.
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erro e não querem fazer nada mais além de lhes dar livre
curso.
O demônio pretende aqui enfraquecê-las a tal ponto que,
depois, não possam fazer oração nem cumprir a Regra dos
nossos mosteiros.
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CAPÍTULO 7
Descreve o remorso que sentem por seus pecados as almas que
recebem de Deus as graças descritas no capítulo anterior. Explica
que é grande erro não meditar, por mais espiritual que se seja, na
humanidade de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, sua
sacratíssima vida e paixão, sua gloriosa Mãe e santos. É muito
proveitoso.
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que irão gozá-lo para sempre e por isso não têm mais nada a
temer nem motivo para chorar seus pecados. Não é verdade.
Quem já experimentou essas graças – se são
verdadeiramente graças de Deus – sabe que seria grande erro
pensar assim. Com efeito, a dor dos pecados aumenta à
medida que se recebem mais favores de nosso Deus. Tenho
para mim que esse tormento não nos deixará até que sejamos
levadas aonde nada pode nos afligir.
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durante esse exercício, que seja. Mesmo que ela não queira,
ele a fará suspender a meditação. Tenho certeza de que esse
modo de proceder não atrapalha em nada, mas ajuda muito.
Estorvo seria se se gastasse muito tempo meditando com
o intelecto da maneira que expliquei acima15. (Estou me
referindo agora àquelas pessoas que já alcançaram um grau
elevado de oração e que não conseguem meditar com o
intelecto, como disse há pouco.) Ou, talvez, pode ser que
algumas consigam sim. Deus leva as almas por muitos
caminhos diferentes. Enfim, quem não puder seguir por esse
caminho não se recrimine nem se julgue inabilitada para
gozar dos grandes bens que estão escondidos nos mistérios
do nosso bem, Jesus Cristo. Ninguém, por mais espiritual
que seja, vai me convencer de que não é bom pensar nele.
15 No § 10.
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16 João 16, 7.
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CAPÍTULO 8
Mostra como Deus se comunica com a alma por visão intelectual.
Faz alguns alertas e descreve os efeitos que produz quando é
autêntica. Recomenda que se mantenha essa graça em segredo.
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CAPÍTULO 9
Trata de como o Senhor se comunica com a alma por visão
imaginária e adverte para que não ambicionem seguir por esse
caminho. Explica o motivo. É muito proveitoso.
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como outra estão acima das nossas forças. Deve ser por isso
que essas pessoas são arrebatadas nessa visão imaginária. O
Senhor socorre a sua fraqueza para uni-la à sua grandeza
nessa sublime união com Deus.
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sobre a sua oração. Sem isso, não lhes asseguro que vocês vão
bem, nem que é Deus quem lhes ensina. Agrada-Lhe muito
que tratemos àquele que está em Seu lugar como se fosse Ele
mesmo. E deseja que o confessor entenda todos os nossos
pensamentos e principalmente as nossas obras, por menores
que sejam. Fazendo isso, não há razão para ficarem
perturbadas nem inquietas, pois, mesmo que não seja de
Deus, se vocês forem humildes e agirem com boa consciência,
não lhes fará mal. Sua Majestade sabe tirar bens dos males.
Pelo mesmo caminho por onde o demônio tentar desviá-las,
vocês ganharão mais. Reconheçam que Deus lhes dá imensas
graças e esforcem-se para contentá-lo cada vez mais e trazer
sempre em mente a sua imagem.
Um eminente letrado dizia que o demônio é excelente
pintor e que, se o inimigo tentasse iludi-lo, falsificando uma
visão do Senhor, ele (o letrado) não se atreveria a blasfemar
contra ela. Ao contrário, aproveitaria a oportunidade de
avivar a sua devoção para com Aquele que é todo o nosso
bem, reverenciando essa mesma visão. Assim faria guerra ao
demônio com suas próprias armas. E agiria bem, a meu ver,
pois, ainda que um pintor seja muito vil, não deixamos de
venerar a imagem de Nosso Senhor que ele pintou.
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CAPÍTULO 10
Mostra outras graças que Deus faz à alma por caminhos
diferentes dos já descritos e o grande benefício que trazem.
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18 Salmo 115, 2.
19 João 18, 38.
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CAPÍTULO 11
Trata dos desejos que Deus dá à alma de gozá-lo, tão grandes e
impetuosos, que a põem em risco de vida. E do proveito que essa
graça do Senhor traz.
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SÉTIMAS MORADAS
CAPÍTULO 1
Mostra as imensas graças que Deus faz às almas que entram nas
sétimas moradas. Trata da diferença entre alma e espírito,
embora ambos sejam uma só coisa. Há verdades dignas de se ter
em conta.
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2 Espero, não por mim, mas por vocês, irmãs, que ele me
conceda essa graça e que vocês entendam o quanto
importa que este Esposo não deixe de celebrar o matrimônio
espiritual com suas almas por culpa de vocês, pois essa graça
traz grandes benefícios, como verão.
Oh, grande Deus, uma criatura tão miserável como eu
treme ao ocupar-se de coisa que não lhe pertence e não
merece entender! Estou em grande embaraço, pensando se
não seria melhor acabar em poucas palavras esta morada,
porque vocês poderão supor que eu a conheço por
experiência própria. Sabendo quem sou, isso seria terrível e
grandíssima vergonha para mim. Por outro lado, sinto que
deixar de mostrá-la seria ceder à tentação e à fraqueza,
embora vocês possam realmente fazer maus juízos como
esse.
Que Deus seja louvado e conhecido um pouquinho mais.
E grite contra mim o mundo inteiro. Tanto mais que talvez
eu já esteja morta quando vocês lerem isto. Seja bendito
Aquele que vive e viverá para sempre, amém.
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CAPÍTULO 2
Prossegue no mesmo assunto. Trata da diferença entre noivado
espiritual e matrimônio espiritual. Explica-a com refinadas
comparações.
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4 1 Coríntios 6, 17.
5 Filipenses 1, 21. Parênteses do tradutor.
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CAPÍTULO 3
Descreve os grandes efeitos que essa oração produz. É preciso
examiná-los com atenção e cautela, pois são muito diferentes dos
que acompanham as graças anteriores.
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a mais cara que podem lhe dar. Não sentem nenhum medo
da morte. Não mais do que teriam de um suave
arrebatamento. O caso é que Quem lhes dava aqueles desejos
com tormento tão excessivo agora lhes dá esses. Seja para
sempre bendito e louvado.
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10 Atos 9, 6.
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11 1 Reis 6, 7.
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CAPÍTULO 4
Finaliza explicando o que lhe parece que pretende Nosso Senhor
ao conceder tão grandes graças à alma e como é necessário que
Marta e Maria andem juntas. É muito proveitoso.
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