Apostila Biotecnologia
Apostila Biotecnologia
Apostila Biotecnologia
Ecologia é o estudo das relações entre os seres vivos e o ambiente em que vivem. O termo
ecologia apareceu pela primeira vez em 1866, e é atribuído ao naturalista alemão Ernest Haeckel.
Deriva do grego oikos = “casa”, e logos = “estudo”.
Nas últimas décadas, com o crescimento populacional, o ser humano passou a ocupar cada vez
mais espaço no meio ambiente, e esses espaços são ocupados sem nenhum controle, agredindo
a natureza, com efeitos desastrosos à flora, à fauna, poluindo rios e oceanos, alterando a
qualidade do ar, comprometendo a vida na Terra. Em conseqüência disso, o homem passou a se
preocupar com a natureza. O termo ecologia passou a ocupar jornais e revistas, alertando a
população humana, prestando imensas contribuições à manutenção da vida no planeta. É a
ciência geradora de movimentos políticos e sociais, e ganha um papel importante nas decisões
econômicas de todos os países do mundo.
O respeito à natureza tem de ser adquirido nos primeiros anos de vida. Os pais, a escola, toda a
sociedade tem de investir na criança, para que ela cresça consciente da importância de preservar
seu planeta. A própria Constituição da República Federativa do Brasil, Título VIII. Da ordem
social. Capítulo VI. Do meio ambiente, em seu artigo 225, diz que: “Todos têm direito ao meio
ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade
de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para
as presentes e futuras gerações”.
COMPONENTES DE UM ECOSSISTEMA
Cada ser vivo, cada indivíduo, se relaciona de várias maneiras com outros seres: nenhum ser
vive isolado, sem contato com outras formas de vida. Então, entre os níveis de organização dos
seres, há os níveis ecológicos, aqueles que consideram não só os indivíduos, mas os indivíduos e
o ambiente.
Ecossistema - conjunto formado pela parte viva (comunidade) e pela parte não viva (fatores
ambientais) de uma região;
FATORES ABIÓTICOS
Os fatores abióticos que estudaremos são aqueles que têm interferência direta na adaptação dos
seres ao ambiente: água, temperatura e luz.
FATORES BIÓTICOS
Consumidores - são os seres heterótrofos; precisam consumir matéria orgânica pronta no meio
ambiente, podendo ser herbívoros (alimentam-se de vegetais) ou carnívoros (alimentam-se de
outros animais), estes são também chamados de predadores;
Decompositores - são seres heterótrofos; são consumidores que se nutrem da matéria orgânica
morta: "desfazem" a matéria orgânica, transformando-a novamente em matéria inorgânica, que é
devolvida ao ambiente.
CADEIA ALIMENTAR
Existem algumas considerações fundamentais que precisam ser feitas a respeito das cadeias
alimentares:
O FLUXO DE MATÉRIA
A matéria passa constantemente do mundo físico (ambiente) para o mundo vivo (cadeias
alimentares) e do mundo vivo para o físico. Os produtores absorvem matéria inorgânica do meio
ambiente: gás carbônico do ar e água do solo. Eles utilizam essas duas substâncias simples para
produzir matéria orgânica, através do processo da fotossíntese. Ao comerem os produtores, os
consumidores adquirem a matéria orgânica produzida. Assim, a matéria orgânica Circula ao longo
da cadeia alimentar. Quando os organismos morrem, os decompositores transformam a matéria
orgânica novamente em matéria inorgânica, que pode ser aproveitada pelos produtores e entrar
de novo na cadeia alimentar. Não deixe de observar que a matéria tem um fluxo cíclico: a matéria
é "reciclada" pela ação dos decompositores e fica novamente disponível para os produtores.
Uma questão para você pensar: poderia haver vida na Terra sem os animais? Pense no fluxo de
matéria antes de responder. Nos ecossistemas, a matéria flui dos produtores para os
decompositores, passando ou não pelos consumidores. Produtores e decompositores são os
elementos indispensáveis para que haja um ciclo de matéria: os produtores produzem a matéria
orgânica, que será utilizada por todos os seres vivos e, os decompositores a reciclam, impedindo
que a matéria acabe na natureza. Portanto, mesmo que os consumidores não existissem (entre
eles, nós mesmos) a Terra poderia ser planeta cheio de vida (vegetais, fungos e microrganismos).
FLUXO DE ENERGIA
A energia também passa continuamente do mundo vivo para o mundo físico e vice-versa. Já
dissemos que o Sol é a fonte de energia que mantém o funcionamento de todos os ecossistemas.
Os produtores absorvem a energia luminosa do Sol e a utilizam para fazer as ligações entre os
átomos das moléculas que são produzidas durante a fotossíntese. Os produtores transformam
energia luminosa em energia química. Essa energia química é passada para todos os
componentes das cadeias alimentares, pois está contida na matéria orgânica. Os diversos seres
vivos utilizam à energia química e a transformam em energia térmica (calor), que passa para o
ambiente. Acontece que os produtores não conseguem captar energia térmica para utilizá-la na
fotossíntese. Portanto, a energia não pode ser reciclada: uma vez utilizada pelos seres, não pode
mais ser reaproveitada (ao contrário do
que ocorre com a matéria).
A estrutura de uma cadeia alimentar pode ser expressa na forma de pirâmides, chamadas de
pirâmides ecológicas. Nas pirâmides ecológicas, pode-se visualizar a quantidade de energia, de
matéria viva (chamada de biomassa) ou o número de indivíduos em cada nível trófico da cadeia.
Os níveis tróficos são representados por retângulos, cujo comprimento é proporcional à
quantidade de energia ou à quantidade de biomassa ou ao número de indivíduos. Portanto,
existem três tipos de pirâmides ecológicas:
PIRÂMIDES DE ENERGIA
Como você pode observar pelo comprimento dos retângulos, a quantidade de energia diminui ao
longo da cadeia alimentar. Os seres vivos consomem, com suas próprias atividades, grande parte
da energia que adquirem. Por isso, cada nível trófico só pode passar para o nível seguinte, uma
pequena parte da energia adquirida do nível anterior. Um exemplo: os sapos recebem energia
dos insetos; gastam grande parte dessa energia recebida (a perdem na forma de calor); passam
para as cobras apenas uma parte da energia que receberam dos insetos. Os ecólogos
(especialistas em ecologia) estimam que, qualquer nível trófico, passa para o nível seguinte
apenas cerca de 10% da energia recebida do nível anterior. Esse dado ilustra bem o decréscimo
de energia nas cadeias alimentares.
PIRÂMIDES DE BIOMASSA
Note que, como acontece com a energia, a quantidade de biomassa também decresce ao longo
das cadeias alimentares. Grande parte da biomassa adquirida por cada nível trófico é usada
como fonte de energia e também perdida na forma de resíduos (gás carbônico, urina, fezes), de
maneira que não é incorporada ao organismo dos seres vivos. Portanto, apenas uma pequena
parte da biomassa adquirida de um nível trófico é passada para o nível seguinte. De um modo
geral, os vértices das pirâmides de biomassa apresentam-se voltados para cima. Há raríssimos
exemplos contrários a essa regra e eles ocorrem em cadeias alimentares formadas por
microrganismos marinhos.
PIRÂMIDES DE NÚMEROS
Em geral, o número de indivíduos em cada nível trófico diminui ao longo da cadeia alimentar. Por
exemplo, se cobras comem ratos, deve haver mais ratos do que cobras para que o equilíbrio
ecológico seja mantido.
Entretanto, há inúmeros exemplos em que o número de indivíduos não diminui de um nível trófico
para o outro. Esse fato ocorre principalmente nas cadeias alimentares em que há relações de
parasitismo. O parasito costuma ser bem pequeno em relação ao hospedeiro, de modo que
inúmeros parasitas podem se alimentar de um único hospedeiro. Pode até haver casos de
pirâmides de números com o vértice voltado para baixo.
COMUNIDADES MARINHAS
Plâncton - é o conjunto dos seres que se locomovem passivamente na água, levados pelas
correntes; não possuem estruturas que permitam a locomoção ativa ou essas estruturas não
permitem movimentos capazes de vencer a força das águas; a maior parte do plâncton é
composta por seres microscópicos; o plâncton pode ser dividido em fitoplâncton - seres autótrofos
- e zooplâncton - seres heterótrofos.
Nécton - é o conjunto de seres que locomovem ativamente pelas águas, como os peixes e os
mamíferos aquáticos;
Bentos - é o conjunto de seres que vivem no fundo do mar; alguns se locomovem (como as
estrelas e caranguejos), outros são fixos (como as esponjas).
Os organismos do fitoplâncton, que são as algas microscópicas, formam a base das cadeias
alimentares marinhas, sendo, portanto, essenciais para o equilíbrio ecológico dos mares. Além
disso, possuem uma grande capacidade de realização da fotossíntese, produzindo a maior parte
do oxigênio da Terra, sendo indiscutivelmente essenciais para o equilíbrio de todo o planeta.
Portanto, a poluição das águas é uma séria agressão à natureza como um todo. O derramamento
de petróleo, por exemplo, impede a penetração de luz na água, determinando a morte do
fitoplâncton e o comprometimento de várias cadeias alimentares marinhas.
CICLOS BIOGEOQUIMICOS - "Na natureza nada se perde, nada se cria, tudo se transforma".
A RECICLAGEM DA MATÉRIA
A conhecida frase acima, do químico francês Lavoisier, expressa bem o assunto desta unidade: a
matéria sofre infinitas e contínuas transformações, de modo que nenhuma molécula é "criada" -
toda e qualquer molécula que se forma na natureza é resultado de algum processo de
transformação sofrido por outras moléculas. A natureza é extremamente dinâmica: ela não pára
de transformar e transformar e transformar.
Já vimos que a matéria possui um fluxo cíclico. Ou seja, ocorrem transformações de umas
substâncias em outras, o que permite que a matéria circule pela natureza, passando do mundo
físico para o vivo e fazendo também o caminho contrário.
Os seres vivos são feitos basicamente de matéria orgânica. Os principais átomos que constituem
as diferentes moléculas orgânicas são o carbono (C), o oxigênio (O), o hidrogênio (H) e o
nitrogênio (N). Portanto, são os ciclos desses elementos químicos que nos interessam, pois eles
são indispensáveis à vida. Os ciclos da matéria costumam ser chamados de ciclos
biogeoquímicos.
CICLOS BIOGEOQUÍMICOS
CICLO DO CARBONO
O carbono é um elemento básico para a produção de moléculas orgânicas. Por ser tetravalente
(forma quatro ligações químicas), ele constitui o "esqueleto" das moléculas orgânicas, pois cada
átomo de carbono pode se ligar a outros quatro átomos, o que possibilita a formação de longas e
complexas moléculas.
De maneira simplificada, podemos dizer que os átomos de carbono ligam-se entre si e ao redor
desse "esqueleto carbônico básico" ligam-se outros átomos. Não é à toa que a química orgânica
é também conhecida como "a química do carbono".
Todo o carbono presente em todas as moléculas orgânicas vem do gás carbônico. Vimos que a
fotossíntese produz glicose. As moléculas de glicose são utilizadas pelas plantas para montar
moléculas maiores, como a maltose (glicídio formado pela união de duas moléculas de glicose,
encontrado nos cereais) e o amido (que é uma enorme cadeia de moléculas de glicose). Essas
substâncias são passadas pelos animais (consumidores) através das cadeias alimentares,
chegando até os decompositores.
Para que o ciclo do carbono se complete, os seres vivos precisam devolvê-lo ao ambiente, para
que possa ficar novamente à disposição dos produtores.
CICLO DO OXIGÊNIO
O elemento químico oxigênio está à disposição de todos os seres vivos na atmosfera, sob a
forma de gás oxigênio (02), Os seres consomem esse gás constantemente, pois precisam dele
para a realização da respiração celular.
O estoque de oxigênio atmosférico logo acabaria se não houvesse a renovação desse gás que
ocorre através da fotossíntese. Os vegetais produzem constantemente oxigênio, ao produzirem
glicose. Portanto, a fotossíntese garante a devolução do oxigênio à atmosfera, permitindo a
ocorrência do ciclo do oxigênio. O ciclo do carbono e o ciclo do oxigênio estão diretamente
relacionados:
CICLO DA ÁGUA
Os seres vivos também participam do ciclo da água. Eles possuem água dentro de seus corpos,
água essa que é perdida com as fezes, com a urina e com a transpiração e que também evapora
e se integra ao ciclo. A água perdida precisa ser reposta e os seres a obtêm, de variadas
maneiras, constantemente.
A água é um recurso natural renovável, mas não é inesgotável. É verdade que o planeta Terra
contém muita água (cerca de % da superfície terrestre são cobertos de água). Mas também é
verdade que a maior parte dessa água não está disponível para os seres vivos: cerca de 97% de
toda a água do planeta está nos mares, ou seja, é água salgada e não pode ser utilizada pelos
seres vivos. Dos cerca de 3% de água doce, uma grande parte se encontra sob a forma de
geleiras ou corresponde à água subterrânea. As águas dos rios e lagos são as que podem,
efetivamente, ser usadas pelas inúmeras espécies de seres vivos. O próprio homem tem se
utilizado quase exclusivamente dos rios para obter água ao longo de sua história.
Portanto, a água realmente à disposição dos seres vivos corresponde a uma porcentagem
mínima da água do planeta. Essa água precisa ser preservada. Se ela se tornar imprópria para o
consumo, a própria existência de vida na Terra fica ameaçada.
Apesar de tudo isso, a pouca água doce de que os seres vivos dispõem tem sido contaminada
pelo homem, que despeja nela um número incontável de substâncias poluentes, destruindo
mananciais de água.
Uma das maiores preocupações dos cientistas é com a distribuição de água. Com o atual ritmo
de poluição, estima-se que no futuro faltará água potável. Essa será uma péssima herança
deixada por nós para as gerações futuras.
CICLO DO NITROGÊNIO
Os vegetais fabricam suas proteínas, que são passadas aos outros seres vivos através das
cadeias alimentares. Mas, como os vegetais conseguem nitrogênio? Sabemos que durante a
fotossíntese eles não absorvem nenhuma substância que contém nitrogênio. Vamos tentar
desvendar o mistério.
A atmosfera tem uma imensa reserva de nitrogênio, que está sob a forma de gás nitrogênio (N2).
Esse gás corresponde a cerca de 78 % da atmosfera: é muito nitrogênio! Será que é do ar que as
plantas retiram o nitrogênio de que necessitam para a produção de proteínas? Acontece que as
plantas não conseguem absorver nitrogênio do ar para transformá-lo em matéria orgânica -
dizemos que elas não conseguem fixá-lo. A maioria dos seres vivos também não consegue fazer
essa fixação. Estamos diante de um problema.
Os vegetais só podem utilizar o nitrogênio que estiver sob a forma de amônia (NH3) ou de nitratos
(N03). Os animais só utilizam nitrogênio na forma de aminoácidos (moléculas que compõem as
proteínas): eles precisam comer o alimento, ingerir as proteínas e delas obter os aminoácidos
para fabricar as suas próprias proteínas.
Então, o nitrogênio do ar tem que ser transformado em amônia ou em nitratos, para que entre nas
cadeias alimentares através dos vegetais. É aí que entram as bactérias. Entre elas estão os
únicos seres capazes de fixar o nitrogênio do ar, ou seja, de absorvê-lo e utilizá-lo para produzir
substâncias nitrogenadas (que contêm nitrogênio) utilizáveis pelos vegetais.
FIXAÇÃO DO NITROGÊNIO
As bactérias fixadoras de nitrogênio são aquelas que conseguem utilizar o nitrogênio do ar para
produzir amônia ou nitratos. Entre elas destacam-se as do gênero Rhizobium. Tais bactérias
vivem no solo e penetram nas raízes de plantas leguminosas (uma classificação botânica que
inclui o feijão, por exemplo), passando a. viver em associação com elas.
Nas raízes, as bactérias fixam o nitrogênio atmosférico. Com isso, elas funcionam como
verdadeiros adubos vivos, pois o fornecimento de substâncias nitrogenadas à planta acelera seu
desenvolvimento.
AMONIFICAÇÃO
NITRIFICAÇÃO
Os nitritos são transformados em nitratos, o que também libera energia, permitindo que
outras bactérias realizem a quimiossíntese:
Os nitratos ficam à disposição dos vegetais, que os absorvem do solo e utilizam o nitrogênio para
fabricar as proteínas, passadas para os outros seres através das cadeias alimentares.
DESNITRIFICAÇÃO
Sem as bactérias que agem no ciclo do nitrogênio, não seria possível produzir proteínas, o que
impossibilitaria a vida, pois as proteínas são substâncias essenciais para todos os seres vivos.
CONCLUINDO
Sem os ciclos biogeoquímicos a vida se extinguiria, pois em algum momento não haveria mais
substâncias para servir de matéria-prima para formar novos seres vivos. Esses ciclos fazem com
que a biosfera tenha autonomia e a vida se mantenha ao longo dos tempos.
Cada organismo tem plena capacidade de auto regulação e de lutar para a sua sobrevivência. Os
organismos vivos guardam uma organização complexa entre os vários sistemas que os
constituem, de forma a propiciar que a vida, enquanto fenômeno biológico se estabeleça.
Perguntamos, então: é possível que um ser vivo, a partir de sua organização interna, tenha
condições de sobreviver sozinho, sem manter relação alguma com outro ser, seja da mesma
espécie ou de espécie diferente?Não! É fácil perceber que um ser depende de outros para a
manutenção de sua sobrevivência. Sobrevivência se traduz em: alimento, reprodução, entre
outras formas de interdependência.
VISÃO GERAL
Modernamente, estabeleceu-se que, quando a relação não causa prejuízo para os seres nela
envolvidos, denomina-se relação positiva ou harmônica e quando há prejuízo de uma das partes
da relação, ela é chamada de relação negativa ou desarmônica. Porém, percebamos que o que
parece prejudicar um indivíduo, na verdade, é benéfico para a sua espécie. Na natureza, as inter-
relações entre seres viventes (parte biótica dos ecossistemas) e entre eles e o meio abiótico
(condições ambientais), concorrem para uma harmonia perfeita, tanto que, apesar da ocupação
desordenada e inconsciente dos vários ambientes terrestres por parte dos seres humanos, a
natureza, em função das conexões entre os indivíduos que a constituem, teima em recompor-se e
continuar fornecendo aos seres vivos condições de manutenção e evolução. Entendemos,
portanto, ser um contra-senso encarar como negativas, relações que promovem o equilíbrio
ecológico. Equilíbrio esse que é dinâmico, construído a partir, muitas vezes, da competição entre
os seres vivos. Veremos que, mesmo a competição, por exemplo, encarada como relação
desarmônica, é um dos elementos da seleção natural, que privilegia os seres vivos mais bem
adaptados e favorece a evolução das espécies e a biodiversidade.
Pelas razões acima citadas, chamaremos relações harmônicas de relações sem prejuízo dos
seres vivos e relações desarmônicas de relações com prejuízo de um dos seres vivos, lembrando
que, se a relação desfavorece um dos seres vivos nela envolvido, muitas vezes favorece sua
espécie e mantém o equilíbrio ecológico.
SOCIEDADE
Entende-se por sociedade um grupamento de indivíduos da mesma espécie que vive junto e tem
tarefas específicas. Algumas vezes, em função do tipo de trabalho que desempenham
apresentam diferenças morfológicas. Como exemplo desse tipo de relação, temos as formigas, os
cupins e as abelhas.
COLÔNIA
MUTUALlSMO
Observando troncos de árvores em locais sem poluição, como por exemplo: uma floresta, veem-
se manchas acinzentadas com bordas retorcidas. Essas mesmas manchas podem ocorrer em
rochas. Algumas delas são avermelhadas ou esverdeadas. Trata-se de uma associação entre
dois seres vivos de espécies diferentes que vivem em tamanha interdependência que um não
vive separadamente do outro. É uma relação de mutualismo entre protistas clorofilados (algas
unicelulares) e fungos ou cianobactérias e fungos. Eles formam o que chamamos de LÍQUEN.
Ambos têm vantagens. Nesse caso, a alga sintetiza através da fotossíntese, matéria orgânica,
que serve de alimento para ela e para o fungo. Recebem do fungo, sais minerais que ele absorve
do meio e umidade. Abaixo, fornecemos outros exemplos de mutualismo:
A) Cupins e protozoários:
B) Leguminosas e bactérias:
As plantas leguminosas como o feijoeiro, o trevo e a vagem, são os vegetais mais ricos em
proteínas. Isso porque vivem em mutualismo com bactérias que habitam suas raízes, formando
nódulos (como bolinhas). Essas bactérias são um dos raros seres vivos que conseguem captar o
nitrogênio do ar, fixando-o no solo.
Assim, as plantas dispõem desse nutriente para produzirem suas proteínas. Em troca, fabricam
hemoglobina, um composto que absorve o oxigênio, facilitando a vida das bactérias, que são
sensíveis à presença do mesmo no ambiente.
Leguminosas e bactérias
PROTOCOOPERAÇÃO
Ermitão e anêmona
Quantos seres vivos você diria que consegue observar? Se disser que parece uma montagem de
vários animais, não está errado. Ela mostra um crustáceo chamado PAGURO ou HEREMITA.
Apesar de ter garras, seu corpo é mole. Ele então, para proteger-se do perigo, utiliza-se de
conchas de moluscos vazias (cujo animal morreu) como abrigo. Para aumentar sua proteção,
coloca uma ou mais anêmonas sobre a concha.
A anêmona, um tipo de cnidário, tem células urticantes (que secretam substâncias que provocam
queimaduras) nos tentáculos. Assim, o paguro evita os predadores, que não se aproximam. A
anêmona (também conhecida como actínia), por outro lado, beneficia-se com a protocooperação,
uma vez que, apesar de ser um animal fixo, pode mudar de ambiente, através da "carona" do
paguro.
A) Pássaros e mamíferos:
É comum vermos alguns pássaros no dorso de bois, elefantes ou rinocerontes. Eles estão se
alimentando de carrapatos que parasitam esses mamíferos (sugam seu sangue). O pássaro tem
o alimento e, o mamífero, além de livrar-se do parasita, é alertado dos perigos pelos gritos e vôos
repentinos do pássaro.
B) Formigas e pulgões:
Pulgões, insetos que parasitam plantas, alimentando-se de sua seiva, vivem quase sempre
cercados de formigas. Elas eliminam o excesso de seiva pelo ânus. As formigas gostam desse
líquido. Estão sempre a tocar no abdômen dos pulgões a fim de que eles liberem seiva para que
elas se alimentem. Em troca, eles são protegidos dos predadores pela presença das formigas.
C) Pássaro-palito e crocodilo:
Ao dormir com a boca aberta, o crocodilo (uma espécie que vive no Rio Nilo, no Egito) permite
que um tipo de pássaro penetre em sua boca e se alimente de pequenos parasitas que ali se
encontram. O pássaro ganha alimento e o crocodilo uma "higiene bucal".
COMENSALlSMO
Neste tipo de associação, há o benefício de uma das espécies, sem o prejuízo da outra. Observe
a figura abaixo, ela mostra um tubarão, com um pequeno peixe acoplado a ele. É a rêmora, um
peixe dotado de ventosa na boca, que permite que ele se prenda ao tubarão. Com isso, para
onde ele vai, leva a rêmora que acaba aproveitando-se dos restos do alimento do tubarão. Não
há prejuízo do tubarão e o ganho é da rêmora.
Tubarão e a rêmora
INQUILINISMO
Nesse tipo de relação um ser utiliza outro ser vivo como moradia sem causá-lo prejuízo. O peixe
fieráster que habita sem "pagar aluguel" o intestino do pepino-do-mar, que serve de abrigo para o
peixe é um exemplo. Ele nada tira do pepino-do-mar, mas é o único a sair ganhando com a
associação.
Pepino-do-mar e fieráster.
RELAÇÕES DESARMÔNICAS - INTRAESPECÍFICAS
CANIBALISMO
Algumas espécies praticam o canibalismo, ou seja, matam e acabam por ingerir outro animal da
mesma espécie. Entre os artrópodes, temos alguns exemplos: insetos e aracnídeos, como a
aranha viúva-negra, que devora o macho após o acasalamento.
COMPETIÇÃO INTRAESPECÍFICA
Seres vivos da mesma espécie podem competir por espaço e por alimento. Alguns animais, como
aves e mamíferos, costumam defender seu território, uma região por eles demarcada,
principalmente por ocasião da reprodução, de outros indivíduos da mesma espécie. É comum que
o território seja delimitado por gritos ou sons emitidos, ou mesmo pelo odor da urina do animal,
deixado no local.
COMPETIÇÃO INTERESPECÍFICA
Quando duas espécies diferentes competem pelo mesmo alimento, por exemplo, quase sempre
uma delas conseguirá suplantar a outra, que tenderá a ser eliminada. Em outras palavras: duas
espécies diferentes que habitem o mesmo local não podem ter o mesmo nicho ecológico, pois
haverá competição entre elas e uma sairá vencedora, provocando o desaparecimento ou a
emigração (saída para outras regiões) da outra espécie.
AMENSALlSMO
PREDATISMO
No predatismo estabelece-se uma relação entre o predador (caçador) e a presa (seu alimento).
Há, portanto, prejuízo para a presa, uma vez que ela acaba morrendo. Como exemplo de
predador, temos os carnívoros, que devoram os herbívoros, suas presas. Como dissemos no
início dessa unidade, o predatismo prejudica o animal que serve de presa, mas, sendo um
importante fator de seleção natural (visto que são caçadas as presas mais fracas, menos aptas à
vida), acaba por aprimorar os mecanismos adaptativos da espécie predada, promovendo sua
evolução. A seleção natural acaba por fazer surgir uma série de adaptações, tanto em predadores
quanto em presas que facilitam o ataque ou a defesa. Tanto vegetais quanto animais podem
apresentar essas adaptações. No esquema abaixo, você fica sabendo de algumas adaptações
das quais animais ou vegetais, por vezes, se utilizam para facilitar sua sobrevivência numa
relação de predatismo.
PARASITISMO
Essa palavra não deve soar estranha a você. Usamos a expressão "parasita", por exemplo, para
caracterizar uma pessoa que não trabalha ou não se esforça e vive à custa dos outros. O
significado científico é mais ou menos o mesmo. Existem seres microscópicos (algumas espécies
de bactérias, vírus ou fungos) ou insetos, vermes ou vegetais que, muitas vezes, vivendo dentro
de outros seres vivos, tiram deles parte do alimento que conseguem, prejudicando seu
desenvolvimento. O animal prejudicado chama-se hospedeiro. O parasita, geralmente, não mata
sua vítima, mas mina suas forças, enfraquecendo-a. As doenças infectocontagiosas, como gripes,
doenças infantis, as micoses (causadas por fungos parasitas), ou as verminoses, são exemplos
de doenças causadas por parasitas.
Alguns sugam o sangue do hospedeiro, como carrapatos, piolhos e mosquitos. Até mesmo certos
vegetais, ou por não possuírem clorofila, (cipó-chumbo) ou por se utilizar a seiva bruta de outras
plantas (erva-de-passarinho) são considerados parasitas.
Por serem prejudiciais a lavouras, por exemplo, insetos e outros animais parasitas são
combatidos utilizando-se venenos (agrotóxicos) em doses, por vezes, elevadas. Os agrotóxicos
inicialmente são eficazes. Com o tempo, porém, tornam-se inócuos, pois vão sendo
"selecionados" (em função do ambiente com veneno) insetos que apresentam resistência à
droga. Isso faz com que doses cada vez mais fortes sejam necessárias para se chegar aos
mesmos resultados. Muitos insetos benéficos às lavouras, que auxiliam na reprodução de
espécies vegetais, acabam morrendo também, causando desequilíbrio no ecossistema. Soluções
mais inteligentes têm sido tentadas, de forma a não causar tanto dano, como, por exemplo, o
controle biológico. Ele consiste na utilização de um animal que seja predador do parasita. Essa
técnica não polui o ambiente, não prejudica outras espécies, pois o animal só ataca determina da
espécie (no caso a do parasita) e não causa desequilíbrio ecológico. Como exemplo, temos a
joaninha (aquele inseto - uma espécie de besouro - geralmente colorido, com bolinhas de cores
contrastantes no dorso), utilizada no combate aos pulgões, parasitas de plantas.
SUCESSÃO ECOLÓGICA
A comunidade estável, autorregulada, que não sofre alterações significativas em sua estrutura, é
denominada comunidade clímax e a seqüência de estágios de seu desenvolvimento é chamada
sucessão ecológica. Cada estágio da sucessão, ou seja, cada comunidade estabelecida durante
o desenvolvimento da comunidade clímax é denominado estágio seral ou sere.
Uma sucessão ecológica pode ser definida em função de três características básicas:
A sucessão ecológica pode ser primária ou secundária, dependendo de seu estágio inicial. A
sucessão é primária quando o início da colonização ocorre em regiões anteriormente
desabitadas, que não reúnem condições favoráveis à sobrevivência da grande maioria dos seres
vivos. É o que acontece, por exemplo, em superfícies de rochas nuas, de dunas de areia recém-
formadas e de lavas vulcânicas recentes; poucas espécies conseguem suportar as condições
adversas desses locais.
A sucessão é secundária quando o desenvolvimento de uma comunidade tem início em uma área
anteriormente ocupada por outras comunidades bem estabelecidas, como terras de cultura
abandonadas, campinas, aradas e florestas recém-derrubadas.
As sucessões primárias em geral demoram mais tempo do que as secundárias para atingir ao
clímax. Estudos de sucessão primária em dunas ou em regiões de derramamento de lava
estimam que sejam necessários pelo menos 1000 anos para o desenvolvimento de uma
comunidade clímax.
Por sua vez, a sucessão secundária em terras onde houve derrubada das matas pode levar
apenas 100 anos em clima úmido e temperado. As espécies que iniciam o processo de sucessão
são chamadas espécies pioneiras.
FENÔMENOS DA NATUREZA
A INVERSÃO TÉRMICA
Comum nas grandes cidades, como São Paulo, em época de inverno, ela causa o acúmulo
repentino de gases poluentes no ar. Acontece o seguinte: o ar normalmente se aquece na
superfície da Terra, fica mais leve e sobe. Como ele, leva os resíduos poluentes gasosos, que
escapam para camadas mais elevadas da atmosfera, diluindo-se. Ao chegar às camadas mais
elevadas, esse ar se resfria, fica "pesado" e desce. Esse movimento de subida e descida do ar
provoca uma corrente que facilita a dispersão dos agentes poluentes.
No inverno, ocorre que o ar que está em contato com a superfície da Terra não se aquece o
suficiente para criar a tal de corrente de convecção. Conclusão: o ar não se renova e acumulam-
se poluentes no ar que os habitantes das grandes cidades respiram. Isso causa problemas
respiratórios típicos dessa época do ano, como bronquites, asma e alergias, principalmente em
pessoas idosas e crianças.
A CHUVA ÁCIDA
Alguns dos resíduos que compõem os gases poluentes são os óxidos de enxofre e de nitrogênio.
Estes gases, em contato com a água da chuva, reagem e transformam-se em ácido sulfúrico e
ácido nítrico, caindo, com as chuvas, no solo e nos rios. É a chamada chuva ácida, que modifica
a solubilidade dos sais minerais (a sua dissolução em água e, conseqüentemente, sua absorção
pelos vegetais). Por conta disso, florestas são destruídas (isso aconteceu na Europa, por
exemplo), animais aquáticos têm sua reprodução prejudicada, pois espermatozóides e óvulos
ficam afetados pela acidez da água e monumentos históricos são destruídos, pois esses ácidos
corroem o mármore e o cimento que os constituem.
CAMADA DE OZÔNIO
Nos primeiros capítulos, você ficou sabendo que, com o surgimento dos seres vivos autótrofos, o
oxigênio passou a fazer parte da atmosfera terrestre, sob a forma de gás oxigênio, que muitos
seres vivos absorvem e utilizam em seu metabolismo, e gás ozônio, que se acumulando nas
camadas superiores da atmosfera terrestre, serve de barreira a grande parte dos raios
ultravioletas emitidos pelo Sol.
Esses raios têm o poder de penetrar no núcleo das células, alterando seu código genético e
provocando mutações ou destruição da célula. Nos últimos anos, em alguns pontos do globo, há
verdadeiras interrupções dessa camada, formando como que buracos. O da Antártida é o maior
que existe. Verifica-se, então, uma maior incidência de câncer de pele em pessoas mais claras
(elas têm menor proteção contra os raios solares), provocado por mutações das células da
epiderme, devido à ação dos raios ultravioletas que não são barrados e conseguem atingir a
superfície da Terra.
A destruição da camada de ozônio é provocada por um tipo de gás chamado clorofluorcarbono
(CFC), utilizado em geladeiras, aparelhos de ar condicionado e alguns sprays (aerossóis). Esse
gás, ao escapar para a atmosfera, reage com o ozônio, convertendo-o em moléculas de oxigênio.
O pior é que cada átomo de cloro desse composto é capaz de destruir 100 mil moléculas de
ozônio.
EUTROFIZAÇÃO
Alguns dos maiores desastres ecológicos dos últimos anos estão relacionados ao despejo
criminoso de petróleo nos oceanos, intoxicando animais e impedindo a renovação de oxigênio da
água, bem como a penetração da luz solar, o que prejudica a fotossíntese das plantas e seres
autótrofos, base da cadeia alimentar desses ecossistemas. Outro agente poluidor da água é a
matéria orgânica, sob a forma de fezes (esgoto), restos de usinas de açúcar ou papel. Junto às
fezes, vão alguns microorganismos nocivos à saúde humana, eliminados por portadores de
doenças como a hepatite. Sem falar dos ovos de vermes parasitas que, ao serem ingeridos,
contaminam outras pessoas. É muito importante que a água que chega aos nossos lares seja
potável, quer dizer, passe por um tratamento químico (geralmente com adição de cloro) a fim de
que bactérias e outros microorganismos parasitas possam ser eliminados. Isso nem sempre é
possível, principalmente porque nem todos os habitantes de um município podem contar com
rede de água e esgoto. Como, no entanto, é direito dos cidadãos terem condições dignas de
moradia, já que uma parte dos impostos é destinada à implantação de saneamento básico, é
preciso que a cidadania seja exercida no sentido de exigir-se das autoridades um maior
comprometimento social. Cerca de 80 % das doenças da população relacionam-se à falta de
saneamento básico.
Essa matéria orgânica que se acumula na água é decomposta, resultando em sais minerais,
nutrientes que aceleram a reprodução de algas e bactérias aeróbias. As algas tornam a água
turva, impedindo que a luz solar penetre. Quando morrem, são decompostas, aumentando mais
ainda o número de bactérias decompositoras aeróbias. A grande quantidade de seres
consumidores faz com que diminua drasticamente a quantidade de oxigênio disponível. Isso
acarreta a morte dos peixes e outros seres que vivem ali. E propiciando o desenvolvimento de
bactérias anaeróbias. Esse fenômeno denomina-se eutrofização. Ela pode ser natural ou
provocada por resíduos urbanos, industriais ou agrícolas.
MAGNIFICAÇÃO TRÓFICA
A cobertura vegetal natural protege o solo das chuvas, que carregariam seus nutrientes, da
erosão provocada pelo vento. O desmatamento das florestas para o cultivo agrícola tem
acelerado a erosão do solo e o processo de desertificação (formação de desertos onde antes
havia vegetação).
Um problema grave, decorrente da substituição das matas nativas pela agricultura (muitas vezes
a monocultura - cultivo apenas de um tipo de vegetal em grandes áreas) é o uso indiscriminado
de pesticidas (chamados também de agrotóxicos), substâncias venenosas que destroem
predadores ou parasitas das plantas. Um exemplo clássico é o DDT, famoso inseticida, utilizado
em larga escala. Ele mata as pragas, mas também mata outros insetos benéficos às plantas,
como os agentes polinizadores (abelhas, por exemplo) ou insetos que se alimentam de parasitas.
Como resultado, há um desequilíbrio ecológico. Outro agravante é o acúmulo de pesticida ao
longo da cadeia alimentar, fazendo com que os animais do topo da cadeia apresentem índices
assustadores de DDT em seu organismo, principalmente no cérebro e no fígado, intoxicando-os.
BIOTECNOLOGIA
ALIMENTOS TRANSGÊNICOS
Em algumas técnicas, são implantados fragmentos DNA de bactérias, vírus ou fungos no DNA da
planta. Esses fragmentos contêm genes que codificam a produção de herbicidas. As plantas que
receberam esses genes produzem as toxinas contra as pragas da lavoura, não necessitando de
certos agrotóxicos. Algumas são resistentes a certos agrotóxicos, pois em determinadas lavouras
precisa-se exterminar outro tipo de vegetal, como ervas daninhas, e o mesmo agrotóxico acaba
prejudicando a produção total.
Alguns produtos são modificados para que contenha um maior valor nutricional, como o arroz
dourado da Suíça, que é muito rico em betacaroteno, substância precursora de Vitamina A. O
arroz é um alimento muito consumido em todo o mundo, e quando rico em betacaroneto, ajuda a
combater as doenças por deficiência de vitamina A.
Alguns vegetais são modificados para resistirem ao ataque de vírus e fungos, como a batata, o
mamão, o feijão e banana. Outros são modificados para que a produção seja aumentada e os
vegetais sejam de maior tamanho. Existem também alimentos que têm o seu amadurecimento
prolongado, resistindo por muito mais tempo após a colheita.
PONTOS POSITIVOS
1. Aumento da produção
1. A seleção natural tende a ser maior nas plantas que não são transgênicas.
SEGURANÇA
Muitas plantas são cultivadas e analisadas pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária), porém a comercialização dessas especialidades ainda não está autorizada.
Muitos transgênicos ainda não são autorizados para serem comercializados em decorrência da
polêmica gerada pelo impacto ambiental e reações alérgicas já observadas em algumas pessoas.
ROTULAGEM
Muitos transgênicos estão chegando à mesa dos consumidores sem as devidas informações.
Todos os consumidores têm o direito de saber o conteúdo do produto que está consumindo e as
consequências disso, inclusive qual foi a técnica empregada para a melhoria daquele alimento.
Clonar um DNA significa produzir inúmeras cópias idênticas de um mesmo trecho da molécula de
DNA. A engenharia genética é a área da biologia responsável pela manipulação das moléculas de
DNA, e foi no ano de 1971 que o biólogo norte-americano Paul Berg, da Universidade de
Stanford, Califórnia, obteve a primeira molécula de DNA recombinada, resultado da inserção do
DNA de um vírus oncogênico, produtor de tumores em macacos, no DNA de um bacteriófago,
vírus que ataca bactérias. Tais estudos levaram o biólogo a ganhar, em 1980, o Prêmio Nobel.
A partir daí a engenharia genética se tornou uma promissora, mas também polêmica, ciência,
pois a partir de técnicas, o ser humano seria capaz de “criar” novas formas de vida e utilizar
organismos para obter produtos de seu interesse.
Em julho de 1996 nasceu o primeiro mamífero clonado, batizado de Dolly. Esse projeto gerou
inúmeras reações contrárias e favoráveis à sua realização, e inúmeros países, inclusive o Brasil,
estabeleceram medidas jurídicas para impedir que esse processo fosse utilizado em humanos.
Vários vírus, bacteriófagos, bactérias como a Escherichia coli e levedos como o Saccharomyces
cerevisae receberam genes de outras espécies e se tornaram organismos geneticamente
modificados (OGMs), também chamados de transgênicos. Esses organismos transgênicos
expressam genes de outra espécie, apresentando características que não possuíam antes.
A Escherichia coli, por exemplo, começou, a partir de técnicas de engenharia genética, a ser
utilizada na produção de hormônio do crescimento e de insulina em escala industrial. Antes dessa
descoberta, o hormônio do crescimento era retirado da hipófise de cadáveres, e a insulina
utilizada por diabéticos era retirada do pâncreas de bois e de porcos. Apesar de a insulina desses
animais ser muito semelhante à de humanos, ela pode provocar reações alérgicas em algumas
pessoas que a utilizam. Por outro lado, a insulina sintetizada pelas bactérias é idêntica à do
pâncreas humano, não causando reações alérgicas e devendo substituir definitivamente a
insulina animal.
A cada dia aumenta o número de organismos geneticamente modificados que são criados em
laboratórios de todo o mundo. Esses organismos variam desde microrganismos de interesse
ecológico, médico, industrial e agrícola, até plantas que são importantes para o consumo
humano, os famosos transgênicos, como milho, soja, tomate, batata, abóbora e arroz.
CÉLULAS-TRONCO
O principal objetivo das pesquisas com células-tronco é usá-las para recuperar tecidos
danificados por essas doenças e traumas. No Zoológico de Brasília (Brasil), uma fêmea de lobo-
guará, vítima de atropelamento, recebeu tratamento com células-tronco. Este foi o primeiro
registro do uso de células-tronco para curar lesões num animal selvagem.
São encontradas em células embrionárias e em vários locais do corpo, como no cordão umbilical,
na medula óssea, no sangue, no fígado, na placenta e no líquido amniótico, conforme descoberta
de pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade de Wake Forest, no estado norte-
americano da Carolina do Norte, noticiada pela imprensa mundial nos primeiros dias de 2007.
Há três possibilidades de extração das células-tronco. Podem ser adultas, mesenquimais ou
embrionárias:
Adultas – São encontradas em diversos tecidos, como a medula óssea, sangue, fígado, cordão
umbilical, placenta, e outros. Estudos recentes mostram que estas células-tronco têm uma
limitação na sua capacidade de diferenciação, o que dá uma limitação de obtenção de tecidos a
partir delas.
CÂNCER
Cancro (português europeu) ou Câncer (português brasileiro) é uma doença caracterizada por
uma população de células que cresce e se divide sem respeitar os limites normais, invade e
destrói tecidos adjacentes, e pode se espalhar para lugares distantes no corpo, através de um
processo chamado metástase. Estas propriedades malignas do câncer o diferenciam dos tumores
benignos, que são auto-limitados em seu crescimento e não invadem tecidos adjacentes (embora
alguns tumores benignos sejam capazes de se tornarem malignos). O câncer pode afetar
pessoas de todas as idades, mas o risco para a maioria dos tipos de câncer aumenta com o
acréscimo da idade. O câncer causa cerca de 13% de todas as mortes no mundo, sendo os
cânceres de pulmão, estômago, fígado, cólon e mama os que mais matam.
Médicos do Egito antigo (3000 a.C.) registraram doenças que, dadas suas características,
provavelmente podiam ser classificadas como câncer. Hipócrates (377 a.C.) também descreveu
enfermidades que se assemelhavam aos cânceres de estômago, reto, mama, útero, pele e outros
órgãos. Portanto, a presença do câncer na humanidade já é conhecida há milênios. No entanto,
registros que designam a causa das mortes como câncer passaram a existir na Europa apenas a
partir do século XVIII. Desde então, observou-se o aumento constante nas taxas de mortalidade
por câncer, que parecem acentuar-se após o século XIX, com a chegada da industrialização.
Quase todos os cânceres são causados por anomalias no material genético de células
transformadas. Estas anomalias podem ser resultado dos efeitos de carcinógenos, como o
tabagismo, radiação, substâncias químicas ou agentes infecciosos. Outros tipos de
anormalidades genéticas podem ser adquiridas através de erros na replicação do DNA, ou são
herdadas, e consequentemente presente em todas as células ao nascimento.
As interações complexas entre carcinógenos e o genoma hospedeiro podem explicar porque
somente alguns desenvolvem câncer após a exposição a um carcinógeno conhecido. Novos
aspectos da genética da patogênese do câncer, como a metilação do DNA e os microRNAs estão
cada vez mais sendo reconhecidos como importantes para o processo.
As anomalias genéticas encontradas no câncer afetam tipicamente duas classes gerais de genes.
Os genes promotores de câncer, oncogenes, estão geralmente ativados nas células
cancerígenas, fornecendo a estas células novas propriedades, como o crescimento e divisão
hiperativa, proteção contra morte celular programada, perda do respeito aos limites teciduais
normais e a habilidade de se tornarem estáveis em diversos ambientes teciduais. Os genes
supressores de tumor estão geralmente inativados nas células cancerígenas, resultando na perda
das funções normais destas células, como uma replicação de DNA acurada, controle sobre o ciclo
celular, orientação e aderência nos tecidos e interação com as células protetoras do sistema
imune.
Com o desenvolvimento das pesquisas, os tratamentos estão se tornando cada vez mais
específicos para as diferentes variedades do câncer. Ultimamente tem havido um progresso
significativo no desenvolvimento de medicamentos de terapia específica que agem
especificamente em anomalias moleculares detectáveis em certos tumores, minimizando o dano
às células normais. O prognóstico para os pacientes com câncer é muito influenciado pelo tipo de
câncer, assim como o estadiamento, a extensão da doença. Além disso, a graduação histológica
e a presença de marcadores moleculares específicos podem também ser úteis em estabelecer o
prognóstico, assim como em determinar tratamentos personalizados.
(A) Células normais danificadas de modo irreversível são eliminadas através de um mecanismo
conhecido como apoptose. (B) Células cancerígenas evitam a apoptose e continuam a multiplicar-
se de maneira desregulada.