Apostila Biotecnologia

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INTRODUÇÃO

Ecologia é o estudo das relações entre os seres vivos e o ambiente em que vivem. O termo
ecologia apareceu pela primeira vez em 1866, e é atribuído ao naturalista alemão Ernest Haeckel.
Deriva do grego oikos = “casa”, e logos = “estudo”.

Nas últimas décadas, com o crescimento populacional, o ser humano passou a ocupar cada vez
mais espaço no meio ambiente, e esses espaços são ocupados sem nenhum controle, agredindo
a natureza, com efeitos desastrosos à flora, à fauna, poluindo rios e oceanos, alterando a
qualidade do ar, comprometendo a vida na Terra. Em conseqüência disso, o homem passou a se
preocupar com a natureza. O termo ecologia passou a ocupar jornais e revistas, alertando a
população humana, prestando imensas contribuições à manutenção da vida no planeta. É a
ciência geradora de movimentos políticos e sociais, e ganha um papel importante nas decisões
econômicas de todos os países do mundo.

O respeito à natureza tem de ser adquirido nos primeiros anos de vida. Os pais, a escola, toda a
sociedade tem de investir na criança, para que ela cresça consciente da importância de preservar
seu planeta. A própria Constituição da República Federativa do Brasil, Título VIII. Da ordem
social. Capítulo VI. Do meio ambiente, em seu artigo 225, diz que: “Todos têm direito ao meio
ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade
de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para
as presentes e futuras gerações”.

COMPONENTES DE UM ECOSSISTEMA

Cada ser vivo, cada indivíduo, se relaciona de várias maneiras com outros seres: nenhum ser
vive isolado, sem contato com outras formas de vida. Então, entre os níveis de organização dos
seres, há os níveis ecológicos, aqueles que consideram não só os indivíduos, mas os indivíduos e
o ambiente.

População - conjunto de indivíduos da mesma espécie que vivem em uma região;

Comunidade - conjunto das populações de uma região;

Ecossistema - conjunto formado pela parte viva (comunidade) e pela parte não viva (fatores
ambientais) de uma região;

Biosfera - conjunto de todos os ecossistemas da Terra.


O ecossistema é formado pelos seres e pelo ambiente. Podemos dizer que o ecossistema
envolve o mundo vivo (seres vivos - comunidade) e o mundo físico (os fatores que formam o
ambiente - elementos não vivos).

Os elementos vivos de um ecossistema recebem o nome de fatores bióticos e os elementos não


vivos são chamados de fatores abióticos.

FATORES ABIÓTICOS

Os fatores abióticos que estudaremos são aqueles que têm interferência direta na adaptação dos
seres ao ambiente: água, temperatura e luz.

FATORES BIÓTICOS

As relações básicas mantidas pelos seres em um determinado ecossistema são de natureza


alimentar (uns servem de alimentos a outros). Em relação à forma de obtenção de alimentos, os
seres são classificados em autótrofos ou heterótrofos. Ao serem analisados sob o ponto de
ecológico, os seres são classificados em produtores e consumidores, havendo ainda uma terceira
categoria, os decompositores (tipos especiais de consumidores). Cada um desses seres tem um
papel na manutenção da dinâmica alimentar do ecossistema e do próprio equilíbrio ecológico.

Produtores - são os seres autótrofos fotossintetizantes ou quimiossintetizantes; produzem


matéria orgânica (alimento) dentro de suas próprias células, utilizando matéria inorgânica
adquirida do ambiente;

Consumidores - são os seres heterótrofos; precisam consumir matéria orgânica pronta no meio
ambiente, podendo ser herbívoros (alimentam-se de vegetais) ou carnívoros (alimentam-se de
outros animais), estes são também chamados de predadores;

Decompositores - são seres heterótrofos; são consumidores que se nutrem da matéria orgânica
morta: "desfazem" a matéria orgânica, transformando-a novamente em matéria inorgânica, que é
devolvida ao ambiente.

Produtores, consumidores e decompositores formam as chamadas cadeias alimentares.

CADEIA ALIMENTAR
Existem algumas considerações fundamentais que precisam ser feitas a respeito das cadeias
alimentares:

 Cada elemento da cadeia representa uma população do ecossistema; assim, o elemento


lagarto, por exemplo, não diz respeito a um indivíduo e sim ao conjunto de lagartos do
ecossistema;
 Cada população que faz parte da cadeia alimentar recebe o nome de nível trófico: a
vegetação constitui o primeiro nível trófico, os gafanhotos formam o segundo nível trófico e
assim por diante;
 As setas entre os níveis tróficos indicam o caminho do alimento ao longo da cadeia (da
vegetação para os gafanhotos, destes para os lagartos); não se pode representar uma
cadeia alimentar sem setas e nem colocá-las na direção inversa;
 O primeiro nível trófico de qualquer cadeia alimentar é sempre um produtor os produtores
são os únicos seres que não dependem dos outros que lhes sirvam de alimentos um
consumidor jamais pode iniciar uma cadeia, já que precisa se alimentar de outro ser vivo;
esse conhecimento não pode ser esquecido;
 Os consumidores são classificados como primários, secundários ou terciários (podem
ocorrer também consumidores quaternários, mas a maioria das cadeias não tem mais do
que três consumidores); no exemplo citado, os gafanhotos são os consumidores primários
os lagartos são os secundários e os gaviões são os terciários;
 Os consumidores primários são herbívoros; os demais são carnívoros;
 Os decompositores não variam nos diferentes ecossistemas: são sempre bactérias e
fungos
 Eles não são representados nas cadeias alimentares, mas sempre estão lá: não existem
cadeias sem decompositores; eles se alimentam de todos os níveis tróficos, já que age
sobre a matéria orgânica morta.

Normalmente, os consumidores não se alimentam de uma só espécie de seres vivos próprios


produtores geralmente não servem de alimento a um único consumidor. Ocorre que um mesmo
ser vivo acaba participando de várias cadeias alimentares. Tais cadeias se cruzam, formando
uma espécie de "rede" de cadeias alimentares: é o que chamamos de teias alimentares. Elas
ocorrem em todos os ecossistemas.
Através das cadeias e teias alimentares, o alimento passa de um ser vivo para o outro, havendo,
em conseqüência, um fluxo contínuo de energia e matéria ao longo dos ecossistemas.

O FLUXO DE MATÉRIA

A matéria passa constantemente do mundo físico (ambiente) para o mundo vivo (cadeias
alimentares) e do mundo vivo para o físico. Os produtores absorvem matéria inorgânica do meio
ambiente: gás carbônico do ar e água do solo. Eles utilizam essas duas substâncias simples para
produzir matéria orgânica, através do processo da fotossíntese. Ao comerem os produtores, os
consumidores adquirem a matéria orgânica produzida. Assim, a matéria orgânica Circula ao longo
da cadeia alimentar. Quando os organismos morrem, os decompositores transformam a matéria
orgânica novamente em matéria inorgânica, que pode ser aproveitada pelos produtores e entrar
de novo na cadeia alimentar. Não deixe de observar que a matéria tem um fluxo cíclico: a matéria
é "reciclada" pela ação dos decompositores e fica novamente disponível para os produtores.

Uma questão para você pensar: poderia haver vida na Terra sem os animais? Pense no fluxo de
matéria antes de responder. Nos ecossistemas, a matéria flui dos produtores para os
decompositores, passando ou não pelos consumidores. Produtores e decompositores são os
elementos indispensáveis para que haja um ciclo de matéria: os produtores produzem a matéria
orgânica, que será utilizada por todos os seres vivos e, os decompositores a reciclam, impedindo
que a matéria acabe na natureza. Portanto, mesmo que os consumidores não existissem (entre
eles, nós mesmos) a Terra poderia ser planeta cheio de vida (vegetais, fungos e microrganismos).

FLUXO DE ENERGIA

A energia também passa continuamente do mundo vivo para o mundo físico e vice-versa. Já
dissemos que o Sol é a fonte de energia que mantém o funcionamento de todos os ecossistemas.
Os produtores absorvem a energia luminosa do Sol e a utilizam para fazer as ligações entre os
átomos das moléculas que são produzidas durante a fotossíntese. Os produtores transformam
energia luminosa em energia química. Essa energia química é passada para todos os
componentes das cadeias alimentares, pois está contida na matéria orgânica. Os diversos seres
vivos utilizam à energia química e a transformam em energia térmica (calor), que passa para o
ambiente. Acontece que os produtores não conseguem captar energia térmica para utilizá-la na
fotossíntese. Portanto, a energia não pode ser reciclada: uma vez utilizada pelos seres, não pode
mais ser reaproveitada (ao contrário do
que ocorre com a matéria).

Não deixe de perceber que todos os


seres vivos dependem direta ou
indiretamente da energia dó Sol: toda a
energia química contida em qualquer
alimento, já foi energia luminosa.
Observe que no caso da energia não
há um ciclo: o fluxo de energia é
acíclico.
PIRÂMIDES ECOLÓGICAS

A estrutura de uma cadeia alimentar pode ser expressa na forma de pirâmides, chamadas de
pirâmides ecológicas. Nas pirâmides ecológicas, pode-se visualizar a quantidade de energia, de
matéria viva (chamada de biomassa) ou o número de indivíduos em cada nível trófico da cadeia.
Os níveis tróficos são representados por retângulos, cujo comprimento é proporcional à
quantidade de energia ou à quantidade de biomassa ou ao número de indivíduos. Portanto,
existem três tipos de pirâmides ecológicas:

PIRÂMIDES DE ENERGIA

Como você pode observar pelo comprimento dos retângulos, a quantidade de energia diminui ao
longo da cadeia alimentar. Os seres vivos consomem, com suas próprias atividades, grande parte
da energia que adquirem. Por isso, cada nível trófico só pode passar para o nível seguinte, uma
pequena parte da energia adquirida do nível anterior. Um exemplo: os sapos recebem energia
dos insetos; gastam grande parte dessa energia recebida (a perdem na forma de calor); passam
para as cobras apenas uma parte da energia que receberam dos insetos. Os ecólogos
(especialistas em ecologia) estimam que, qualquer nível trófico, passa para o nível seguinte
apenas cerca de 10% da energia recebida do nível anterior. Esse dado ilustra bem o decréscimo
de energia nas cadeias alimentares.

O FLUXO DE ENERGIA É DECRESCENTE

Como o fluxo de energia é sempre decrescente, em qualquer cadeia, as pirâmides de energia


sempre apresentam o vértice voltado para cima.

PIRÂMIDES DE ENERGIA: VÉRTICE VOLTADO PARA CIMA (SEMPRE)

PIRÂMIDES DE BIOMASSA
Note que, como acontece com a energia, a quantidade de biomassa também decresce ao longo
das cadeias alimentares. Grande parte da biomassa adquirida por cada nível trófico é usada
como fonte de energia e também perdida na forma de resíduos (gás carbônico, urina, fezes), de
maneira que não é incorporada ao organismo dos seres vivos. Portanto, apenas uma pequena
parte da biomassa adquirida de um nível trófico é passada para o nível seguinte. De um modo
geral, os vértices das pirâmides de biomassa apresentam-se voltados para cima. Há raríssimos
exemplos contrários a essa regra e eles ocorrem em cadeias alimentares formadas por
microrganismos marinhos.

PIRÂMIDES DE BIOMASSA: VÉRTICE VOLTADO PARA CIMA (EM GERAL)

PIRÂMIDES DE NÚMEROS

Em geral, o número de indivíduos em cada nível trófico diminui ao longo da cadeia alimentar. Por
exemplo, se cobras comem ratos, deve haver mais ratos do que cobras para que o equilíbrio
ecológico seja mantido.

Entretanto, há inúmeros exemplos em que o número de indivíduos não diminui de um nível trófico
para o outro. Esse fato ocorre principalmente nas cadeias alimentares em que há relações de
parasitismo. O parasito costuma ser bem pequeno em relação ao hospedeiro, de modo que
inúmeros parasitas podem se alimentar de um único hospedeiro. Pode até haver casos de
pirâmides de números com o vértice voltado para baixo.

PIRÂMIDES DE NÚMEROS: VÁRIAS POSSIBILIDADES

COMUNIDADES MARINHAS

Nas comunidades marinhas, os seres podem ser divididos em três categorias:

Plâncton - é o conjunto dos seres que se locomovem passivamente na água, levados pelas
correntes; não possuem estruturas que permitam a locomoção ativa ou essas estruturas não
permitem movimentos capazes de vencer a força das águas; a maior parte do plâncton é
composta por seres microscópicos; o plâncton pode ser dividido em fitoplâncton - seres autótrofos
- e zooplâncton - seres heterótrofos.

Nécton - é o conjunto de seres que locomovem ativamente pelas águas, como os peixes e os
mamíferos aquáticos;

Bentos - é o conjunto de seres que vivem no fundo do mar; alguns se locomovem (como as
estrelas e caranguejos), outros são fixos (como as esponjas).
Os organismos do fitoplâncton, que são as algas microscópicas, formam a base das cadeias
alimentares marinhas, sendo, portanto, essenciais para o equilíbrio ecológico dos mares. Além
disso, possuem uma grande capacidade de realização da fotossíntese, produzindo a maior parte
do oxigênio da Terra, sendo indiscutivelmente essenciais para o equilíbrio de todo o planeta.
Portanto, a poluição das águas é uma séria agressão à natureza como um todo. O derramamento
de petróleo, por exemplo, impede a penetração de luz na água, determinando a morte do
fitoplâncton e o comprometimento de várias cadeias alimentares marinhas.

CICLOS BIOGEOQUIMICOS - "Na natureza nada se perde, nada se cria, tudo se transforma".

A RECICLAGEM DA MATÉRIA

A conhecida frase acima, do químico francês Lavoisier, expressa bem o assunto desta unidade: a
matéria sofre infinitas e contínuas transformações, de modo que nenhuma molécula é "criada" -
toda e qualquer molécula que se forma na natureza é resultado de algum processo de
transformação sofrido por outras moléculas. A natureza é extremamente dinâmica: ela não pára
de transformar e transformar e transformar.

Já vimos que a matéria possui um fluxo cíclico. Ou seja, ocorrem transformações de umas
substâncias em outras, o que permite que a matéria circule pela natureza, passando do mundo
físico para o vivo e fazendo também o caminho contrário.

Os seres vivos são feitos basicamente de matéria orgânica. Os principais átomos que constituem
as diferentes moléculas orgânicas são o carbono (C), o oxigênio (O), o hidrogênio (H) e o
nitrogênio (N). Portanto, são os ciclos desses elementos químicos que nos interessam, pois eles
são indispensáveis à vida. Os ciclos da matéria costumam ser chamados de ciclos
biogeoquímicos.

"A fotossíntese consiste em transformar substâncias simples (inorgânicas) em substâncias


complexas (orgânicas = alimento)”. Por isso, dizemos que a fotossíntese é o processo de
produção de alimento da planta (nutrição autotrófica), alimento esse que é passado para todos os
seres através das mais variadas
cadeias alimentares. Se a planta vai
produzir matéria orgânica, ela precisa
absorver do ambiente, moléculas
inorgânicas que tenham os átomos
necessários para "montar" as
moléculas orgânicas. Durante a
fotossíntese, os vegetais produzem
uma molécula orgânica específica: a
molécula de glicose (um glicídio). Ela
contém átomos de carbono,
hidrogênio e oxigênio. A fórmula
química da glicose é C6H12O6 Então,
não é à toa que as plantas só fazem
fotossíntese se tiverem gás carbônico
(C02) e água (H2O). A equação
simplificada da fotossíntese:
Portanto, é através da fotossíntese que o carbono, o hidrogênio e o oxigênio passam do mundo
físico para o mundo vivo, sendo usados na produção de moléculas orgânicas que circulam por
toda a cadeia alimentar.

CICLOS BIOGEOQUÍMICOS

CICLO DO CARBONO

O carbono é um elemento básico para a produção de moléculas orgânicas. Por ser tetravalente
(forma quatro ligações químicas), ele constitui o "esqueleto" das moléculas orgânicas, pois cada
átomo de carbono pode se ligar a outros quatro átomos, o que possibilita a formação de longas e
complexas moléculas.

De maneira simplificada, podemos dizer que os átomos de carbono ligam-se entre si e ao redor
desse "esqueleto carbônico básico" ligam-se outros átomos. Não é à toa que a química orgânica
é também conhecida como "a química do carbono".

Todo o carbono presente em todas as moléculas orgânicas vem do gás carbônico. Vimos que a
fotossíntese produz glicose. As moléculas de glicose são utilizadas pelas plantas para montar
moléculas maiores, como a maltose (glicídio formado pela união de duas moléculas de glicose,
encontrado nos cereais) e o amido (que é uma enorme cadeia de moléculas de glicose). Essas
substâncias são passadas pelos animais (consumidores) através das cadeias alimentares,
chegando até os decompositores.

Para que o ciclo do carbono se complete, os seres vivos precisam devolvê-lo ao ambiente, para
que possa ficar novamente à disposição dos produtores.

Os seres vivos digerem os glicídios conseguidos ao se alimentarem e os transformam novamente


em glicose. Nas células, as moléculas de glicose são totalmente "quebradas" para a liberação de
sua energia, de modo que ela é reduzida a moléculas de gás de carbônico! Não é incrível? Tudo
se encaixa! Os seres vivos eliminam o gás carbônico produzido por eles, resultado do processo
de respiração celular, e o ciclo do carbono recomeça. O carbono contido nos corpos dos seres
vivos também é devolvido à natureza através da decomposição, quando as moléculas orgânicas
são "desmontadas" e o gás carbônico é devolvido à atmosfera.

CICLO DO OXIGÊNIO

O elemento químico oxigênio está à disposição de todos os seres vivos na atmosfera, sob a
forma de gás oxigênio (02), Os seres consomem esse gás constantemente, pois precisam dele
para a realização da respiração celular.

O estoque de oxigênio atmosférico logo acabaria se não houvesse a renovação desse gás que
ocorre através da fotossíntese. Os vegetais produzem constantemente oxigênio, ao produzirem
glicose. Portanto, a fotossíntese garante a devolução do oxigênio à atmosfera, permitindo a
ocorrência do ciclo do oxigênio. O ciclo do carbono e o ciclo do oxigênio estão diretamente
relacionados:

 A fotossíntese consome gás carbônico e libera oxigênio;


 A respiração consome oxigênio e libera gás carbônico.

O aumento da radiação ultravioleta pode interferir na fotossíntese, reduzindo a produtividade das


colheitas. Pode também destruir o fitoplâncton, comprometendo o equilíbrio dos ecossistemas
marinhos. No homem, a exposição a este tipo de radiação pode aumentar o número de casos de
cataratas e, principalmente, de câncer de pele.

CICLO DA ÁGUA

Já vimos que a molécula de água é a fonte de átomos de hidrogênio para a produção de


moléculas orgânicas. Portanto, a água é uma substância essencial e sua renovação é vital. O
chamado ciclo da água já deve ser seu conhecido.

 A energia solar provoca a evaporação da água que se encontra na superfície terrestre;


 O vapor d'água se mistura à atmosfera e sobe;
 Nas camadas altas da atmosfera, o vapor d'água encontra temperaturas baixas e sofre
condensação (volta ao estado líquido): formam-se minúsculas gotículas de água
suspensas na atmosfera, que dão origem às nuvens;
 O acúmulo de gotículas provoca a precipitação da água: ela cai na forma de chuva,
retomando à superfície e recomeçando o ciclo.

Os seres vivos também participam do ciclo da água. Eles possuem água dentro de seus corpos,
água essa que é perdida com as fezes, com a urina e com a transpiração e que também evapora
e se integra ao ciclo. A água perdida precisa ser reposta e os seres a obtêm, de variadas
maneiras, constantemente.
A água é um recurso natural renovável, mas não é inesgotável. É verdade que o planeta Terra
contém muita água (cerca de % da superfície terrestre são cobertos de água). Mas também é
verdade que a maior parte dessa água não está disponível para os seres vivos: cerca de 97% de
toda a água do planeta está nos mares, ou seja, é água salgada e não pode ser utilizada pelos
seres vivos. Dos cerca de 3% de água doce, uma grande parte se encontra sob a forma de
geleiras ou corresponde à água subterrânea. As águas dos rios e lagos são as que podem,
efetivamente, ser usadas pelas inúmeras espécies de seres vivos. O próprio homem tem se
utilizado quase exclusivamente dos rios para obter água ao longo de sua história.

Portanto, a água realmente à disposição dos seres vivos corresponde a uma porcentagem
mínima da água do planeta. Essa água precisa ser preservada. Se ela se tornar imprópria para o
consumo, a própria existência de vida na Terra fica ameaçada.

Apesar de tudo isso, a pouca água doce de que os seres vivos dispõem tem sido contaminada
pelo homem, que despeja nela um número incontável de substâncias poluentes, destruindo
mananciais de água.

Uma das maiores preocupações dos cientistas é com a distribuição de água. Com o atual ritmo
de poluição, estima-se que no futuro faltará água potável. Essa será uma péssima herança
deixada por nós para as gerações futuras.
CICLO DO NITROGÊNIO

O nitrogênio é um elemento químico necessário para a produção de proteínas (substâncias


orgânicas que têm nitrogênio em sua molécula).

Os vegetais fabricam suas proteínas, que são passadas aos outros seres vivos através das
cadeias alimentares. Mas, como os vegetais conseguem nitrogênio? Sabemos que durante a
fotossíntese eles não absorvem nenhuma substância que contém nitrogênio. Vamos tentar
desvendar o mistério.

A atmosfera tem uma imensa reserva de nitrogênio, que está sob a forma de gás nitrogênio (N2).
Esse gás corresponde a cerca de 78 % da atmosfera: é muito nitrogênio! Será que é do ar que as
plantas retiram o nitrogênio de que necessitam para a produção de proteínas? Acontece que as
plantas não conseguem absorver nitrogênio do ar para transformá-lo em matéria orgânica -
dizemos que elas não conseguem fixá-lo. A maioria dos seres vivos também não consegue fazer
essa fixação. Estamos diante de um problema.

Os vegetais só podem utilizar o nitrogênio que estiver sob a forma de amônia (NH3) ou de nitratos
(N03). Os animais só utilizam nitrogênio na forma de aminoácidos (moléculas que compõem as
proteínas): eles precisam comer o alimento, ingerir as proteínas e delas obter os aminoácidos
para fabricar as suas próprias proteínas.

Então, o nitrogênio do ar tem que ser transformado em amônia ou em nitratos, para que entre nas
cadeias alimentares através dos vegetais. É aí que entram as bactérias. Entre elas estão os
únicos seres capazes de fixar o nitrogênio do ar, ou seja, de absorvê-lo e utilizá-lo para produzir
substâncias nitrogenadas (que contêm nitrogênio) utilizáveis pelos vegetais.

FIXAÇÃO DO NITROGÊNIO

As bactérias fixadoras de nitrogênio são aquelas que conseguem utilizar o nitrogênio do ar para
produzir amônia ou nitratos. Entre elas destacam-se as do gênero Rhizobium. Tais bactérias
vivem no solo e penetram nas raízes de plantas leguminosas (uma classificação botânica que
inclui o feijão, por exemplo), passando a. viver em associação com elas.

Nas raízes, as bactérias fixam o nitrogênio atmosférico. Com isso, elas funcionam como
verdadeiros adubos vivos, pois o fornecimento de substâncias nitrogenadas à planta acelera seu
desenvolvimento.

AMONIFICAÇÃO

É o processo de formação de amônia feita pelos decompositores. A decomposição das proteínas


existentes nos cadáveres resulta na formação de amônia. Essa é uma forma de devolver
nitrogênio para o meio ambiente sob a forma de uma substância utilizável pelos produtores.

NITRIFICAÇÃO

É a transformação da amônia em nitratos, feita por determinados tipos de bactérias. As bactérias


que realizam a nitrificação são seres produtores quimiossintetizantes, ou seja, produzem matéria
orgânica através da quimiossíntese.
Durante a quimiossíntese, ocorrem as mesmas transformações que na fotossíntese. A diferença
está na forma de energia utilizada para transformar matéria inorgânica em matéria orgânica:
enquanto a fotossíntese utiliza energia luminosa, a quimiossíntese utiliza energia liberada por
certas reações químicas. A reação química de transformação de amônia em nitratos libera
energia. É por isso que determinadas bactérias realizam essa transformação: elas captam a
energia liberada e a utilizam para produzir seu alimento, através da quimiossíntese. Observe os
esquemas a seguir, para entender melhor o processo de quimiossíntese e o de transformação da
amônia.

A transformação da amônia em nitritos libera energia, que é utilizada para a realização da


quimiossíntese:

Os nitritos são transformados em nitratos, o que também libera energia, permitindo que
outras bactérias realizem a quimiossíntese:

Note que a amônia não é transformada diretamente em nitratos: temos a transformação da


amônia em nitritos e destes em nitratos. Os dois processos são realizados por bactérias
diferentes, o que permite que mais de um tipo de bactéria se beneficie da possibilidade de ter
uma fonte de energia para a sua quimiossíntese.

Os nitratos ficam à disposição dos vegetais, que os absorvem do solo e utilizam o nitrogênio para
fabricar as proteínas, passadas para os outros seres através das cadeias alimentares.

DESNITRIFICAÇÃO

Determinadas bactérias utilizam o oxigênio contido nas moléculas de nitratos. O nitrogênio da


molécula é liberado para a atmosfera, sob a forma gás nitrogênio. A desnitrificação é a devolução
do nitrogênio à atmosfera, o que permite que o ciclo continue.

Sem as bactérias que agem no ciclo do nitrogênio, não seria possível produzir proteínas, o que
impossibilitaria a vida, pois as proteínas são substâncias essenciais para todos os seres vivos.
CONCLUINDO

Sem os ciclos biogeoquímicos a vida se extinguiria, pois em algum momento não haveria mais
substâncias para servir de matéria-prima para formar novos seres vivos. Esses ciclos fazem com
que a biosfera tenha autonomia e a vida se mantenha ao longo dos tempos.

Cada organismo tem plena capacidade de auto regulação e de lutar para a sua sobrevivência. Os
organismos vivos guardam uma organização complexa entre os vários sistemas que os
constituem, de forma a propiciar que a vida, enquanto fenômeno biológico se estabeleça.
Perguntamos, então: é possível que um ser vivo, a partir de sua organização interna, tenha
condições de sobreviver sozinho, sem manter relação alguma com outro ser, seja da mesma
espécie ou de espécie diferente?Não! É fácil perceber que um ser depende de outros para a
manutenção de sua sobrevivência. Sobrevivência se traduz em: alimento, reprodução, entre
outras formas de interdependência.

VISÃO GERAL

Como dissemos acima, as relações se estabelecem entre seres da mesma espécie ou de


espécies diferentes. No primeiro caso, as relações são intraespecíficas (intra = dentro); no
segundo caso, são relações interespecíficas (inter = entre).

Modernamente, estabeleceu-se que, quando a relação não causa prejuízo para os seres nela
envolvidos, denomina-se relação positiva ou harmônica e quando há prejuízo de uma das partes
da relação, ela é chamada de relação negativa ou desarmônica. Porém, percebamos que o que
parece prejudicar um indivíduo, na verdade, é benéfico para a sua espécie. Na natureza, as inter-
relações entre seres viventes (parte biótica dos ecossistemas) e entre eles e o meio abiótico
(condições ambientais), concorrem para uma harmonia perfeita, tanto que, apesar da ocupação
desordenada e inconsciente dos vários ambientes terrestres por parte dos seres humanos, a
natureza, em função das conexões entre os indivíduos que a constituem, teima em recompor-se e
continuar fornecendo aos seres vivos condições de manutenção e evolução. Entendemos,
portanto, ser um contra-senso encarar como negativas, relações que promovem o equilíbrio
ecológico. Equilíbrio esse que é dinâmico, construído a partir, muitas vezes, da competição entre
os seres vivos. Veremos que, mesmo a competição, por exemplo, encarada como relação
desarmônica, é um dos elementos da seleção natural, que privilegia os seres vivos mais bem
adaptados e favorece a evolução das espécies e a biodiversidade.

Pelas razões acima citadas, chamaremos relações harmônicas de relações sem prejuízo dos
seres vivos e relações desarmônicas de relações com prejuízo de um dos seres vivos, lembrando
que, se a relação desfavorece um dos seres vivos nela envolvido, muitas vezes favorece sua
espécie e mantém o equilíbrio ecológico.

RELAÇÕES HARMÔNICAS - INTRAESPECÍFICAS

SOCIEDADE

Entende-se por sociedade um grupamento de indivíduos da mesma espécie que vive junto e tem
tarefas específicas. Algumas vezes, em função do tipo de trabalho que desempenham
apresentam diferenças morfológicas. Como exemplo desse tipo de relação, temos as formigas, os
cupins e as abelhas.

COLÔNIA

Também se trata de um grupamento de indivíduos da mesma espécie. A diferença entre a colônia


e a sociedade é que no primeiro caso há uma ligação anatômica entre os indivíduos, tornando-se
impossível viverem isoladamente. Há divisão de tarefas e em função disso, apresentam grandes
diferenças físicas. Na caravela, um tipo de colônia do filo dos cnidários, alguns indivíduos são
responsáveis pela defesa da colônia, enquanto outros se encarregam da flutuação e do
deslocamento pelo mar, ou da reprodução. Outros exemplos de colônia: cracas, esponjas e
corais, estes últimos representados na figura seguir:

Colônia de antozoários (corais)


RELAÇÕES HARMÔNICAS - INTERESPECÍFICAS

MUTUALlSMO

Observando troncos de árvores em locais sem poluição, como por exemplo: uma floresta, veem-
se manchas acinzentadas com bordas retorcidas. Essas mesmas manchas podem ocorrer em
rochas. Algumas delas são avermelhadas ou esverdeadas. Trata-se de uma associação entre
dois seres vivos de espécies diferentes que vivem em tamanha interdependência que um não
vive separadamente do outro. É uma relação de mutualismo entre protistas clorofilados (algas
unicelulares) e fungos ou cianobactérias e fungos. Eles formam o que chamamos de LÍQUEN.
Ambos têm vantagens. Nesse caso, a alga sintetiza através da fotossíntese, matéria orgânica,
que serve de alimento para ela e para o fungo. Recebem do fungo, sais minerais que ele absorve
do meio e umidade. Abaixo, fornecemos outros exemplos de mutualismo:

A) Cupins e protozoários:

O cupim só consegue alimentar-se de madeira porque vive em mutualismo com um tipo de


protozoário que digere a celulose para ele, recebendo em troca abrigo, proteção e alimento, já
que estes protozoários vivem no tubo digestivo do cupim.

B) Leguminosas e bactérias:

As plantas leguminosas como o feijoeiro, o trevo e a vagem, são os vegetais mais ricos em
proteínas. Isso porque vivem em mutualismo com bactérias que habitam suas raízes, formando
nódulos (como bolinhas). Essas bactérias são um dos raros seres vivos que conseguem captar o
nitrogênio do ar, fixando-o no solo.

Assim, as plantas dispõem desse nutriente para produzirem suas proteínas. Em troca, fabricam
hemoglobina, um composto que absorve o oxigênio, facilitando a vida das bactérias, que são
sensíveis à presença do mesmo no ambiente.

Leguminosas e bactérias
PROTOCOOPERAÇÃO

Ermitão e anêmona

Quantos seres vivos você diria que consegue observar? Se disser que parece uma montagem de
vários animais, não está errado. Ela mostra um crustáceo chamado PAGURO ou HEREMITA.
Apesar de ter garras, seu corpo é mole. Ele então, para proteger-se do perigo, utiliza-se de
conchas de moluscos vazias (cujo animal morreu) como abrigo. Para aumentar sua proteção,
coloca uma ou mais anêmonas sobre a concha.

A anêmona, um tipo de cnidário, tem células urticantes (que secretam substâncias que provocam
queimaduras) nos tentáculos. Assim, o paguro evita os predadores, que não se aproximam. A
anêmona (também conhecida como actínia), por outro lado, beneficia-se com a protocooperação,
uma vez que, apesar de ser um animal fixo, pode mudar de ambiente, através da "carona" do
paguro.

Ao contrário do mutualismo, na protocooperação os indivíduos podem viver separadamente,


sendo, porém, mas vantajoso para ambos que permaneçam unidos. Vejamos outros exemplos de
protocooperação:

A) Pássaros e mamíferos:

É comum vermos alguns pássaros no dorso de bois, elefantes ou rinocerontes. Eles estão se
alimentando de carrapatos que parasitam esses mamíferos (sugam seu sangue). O pássaro tem
o alimento e, o mamífero, além de livrar-se do parasita, é alertado dos perigos pelos gritos e vôos
repentinos do pássaro.

B) Formigas e pulgões:

Pulgões, insetos que parasitam plantas, alimentando-se de sua seiva, vivem quase sempre
cercados de formigas. Elas eliminam o excesso de seiva pelo ânus. As formigas gostam desse
líquido. Estão sempre a tocar no abdômen dos pulgões a fim de que eles liberem seiva para que
elas se alimentem. Em troca, eles são protegidos dos predadores pela presença das formigas.
C) Pássaro-palito e crocodilo:

Ao dormir com a boca aberta, o crocodilo (uma espécie que vive no Rio Nilo, no Egito) permite
que um tipo de pássaro penetre em sua boca e se alimente de pequenos parasitas que ali se
encontram. O pássaro ganha alimento e o crocodilo uma "higiene bucal".

COMENSALlSMO

Neste tipo de associação, há o benefício de uma das espécies, sem o prejuízo da outra. Observe
a figura abaixo, ela mostra um tubarão, com um pequeno peixe acoplado a ele. É a rêmora, um
peixe dotado de ventosa na boca, que permite que ele se prenda ao tubarão. Com isso, para
onde ele vai, leva a rêmora que acaba aproveitando-se dos restos do alimento do tubarão. Não
há prejuízo do tubarão e o ganho é da rêmora.

Tubarão e a rêmora

INQUILINISMO

Nesse tipo de relação um ser utiliza outro ser vivo como moradia sem causá-lo prejuízo. O peixe
fieráster que habita sem "pagar aluguel" o intestino do pepino-do-mar, que serve de abrigo para o
peixe é um exemplo. Ele nada tira do pepino-do-mar, mas é o único a sair ganhando com a
associação.

Pepino-do-mar e fieráster.
RELAÇÕES DESARMÔNICAS - INTRAESPECÍFICAS

CANIBALISMO

Algumas espécies praticam o canibalismo, ou seja, matam e acabam por ingerir outro animal da
mesma espécie. Entre os artrópodes, temos alguns exemplos: insetos e aracnídeos, como a
aranha viúva-negra, que devora o macho após o acasalamento.

COMPETIÇÃO INTRAESPECÍFICA

Seres vivos da mesma espécie podem competir por espaço e por alimento. Alguns animais, como
aves e mamíferos, costumam defender seu território, uma região por eles demarcada,
principalmente por ocasião da reprodução, de outros indivíduos da mesma espécie. É comum que
o território seja delimitado por gritos ou sons emitidos, ou mesmo pelo odor da urina do animal,
deixado no local.

RELAÇÕES DESARMÔNICAS - INTERESPECÍFICAS

COMPETIÇÃO INTERESPECÍFICA

Quando duas espécies diferentes competem pelo mesmo alimento, por exemplo, quase sempre
uma delas conseguirá suplantar a outra, que tenderá a ser eliminada. Em outras palavras: duas
espécies diferentes que habitem o mesmo local não podem ter o mesmo nicho ecológico, pois
haverá competição entre elas e uma sairá vencedora, provocando o desaparecimento ou a
emigração (saída para outras regiões) da outra espécie.

AMENSALlSMO

No amensalismo, uma espécie prejudica o crescimento de outra. Além do exemplo, já citado no


quadro do início da unidade, temos o pisotear de animais grandes sobre as plantações,
destruindo-as e aos pequenos animais que se encontravam ali quando os maiores passaram.

Amensalismo entre as borboletas

PREDATISMO

No predatismo estabelece-se uma relação entre o predador (caçador) e a presa (seu alimento).
Há, portanto, prejuízo para a presa, uma vez que ela acaba morrendo. Como exemplo de
predador, temos os carnívoros, que devoram os herbívoros, suas presas. Como dissemos no
início dessa unidade, o predatismo prejudica o animal que serve de presa, mas, sendo um
importante fator de seleção natural (visto que são caçadas as presas mais fracas, menos aptas à
vida), acaba por aprimorar os mecanismos adaptativos da espécie predada, promovendo sua
evolução. A seleção natural acaba por fazer surgir uma série de adaptações, tanto em predadores
quanto em presas que facilitam o ataque ou a defesa. Tanto vegetais quanto animais podem
apresentar essas adaptações. No esquema abaixo, você fica sabendo de algumas adaptações
das quais animais ou vegetais, por vezes, se utilizam para facilitar sua sobrevivência numa
relação de predatismo.

PARASITISMO

Essa palavra não deve soar estranha a você. Usamos a expressão "parasita", por exemplo, para
caracterizar uma pessoa que não trabalha ou não se esforça e vive à custa dos outros. O
significado científico é mais ou menos o mesmo. Existem seres microscópicos (algumas espécies
de bactérias, vírus ou fungos) ou insetos, vermes ou vegetais que, muitas vezes, vivendo dentro
de outros seres vivos, tiram deles parte do alimento que conseguem, prejudicando seu
desenvolvimento. O animal prejudicado chama-se hospedeiro. O parasita, geralmente, não mata
sua vítima, mas mina suas forças, enfraquecendo-a. As doenças infectocontagiosas, como gripes,
doenças infantis, as micoses (causadas por fungos parasitas), ou as verminoses, são exemplos
de doenças causadas por parasitas.

Alguns sugam o sangue do hospedeiro, como carrapatos, piolhos e mosquitos. Até mesmo certos
vegetais, ou por não possuírem clorofila, (cipó-chumbo) ou por se utilizar a seiva bruta de outras
plantas (erva-de-passarinho) são considerados parasitas.

Por serem prejudiciais a lavouras, por exemplo, insetos e outros animais parasitas são
combatidos utilizando-se venenos (agrotóxicos) em doses, por vezes, elevadas. Os agrotóxicos
inicialmente são eficazes. Com o tempo, porém, tornam-se inócuos, pois vão sendo
"selecionados" (em função do ambiente com veneno) insetos que apresentam resistência à
droga. Isso faz com que doses cada vez mais fortes sejam necessárias para se chegar aos
mesmos resultados. Muitos insetos benéficos às lavouras, que auxiliam na reprodução de
espécies vegetais, acabam morrendo também, causando desequilíbrio no ecossistema. Soluções
mais inteligentes têm sido tentadas, de forma a não causar tanto dano, como, por exemplo, o
controle biológico. Ele consiste na utilização de um animal que seja predador do parasita. Essa
técnica não polui o ambiente, não prejudica outras espécies, pois o animal só ataca determina da
espécie (no caso a do parasita) e não causa desequilíbrio ecológico. Como exemplo, temos a
joaninha (aquele inseto - uma espécie de besouro - geralmente colorido, com bolinhas de cores
contrastantes no dorso), utilizada no combate aos pulgões, parasitas de plantas.

SUCESSÃO ECOLÓGICA

A comunidade estável, autorregulada, que não sofre alterações significativas em sua estrutura, é
denominada comunidade clímax e a seqüência de estágios de seu desenvolvimento é chamada
sucessão ecológica. Cada estágio da sucessão, ou seja, cada comunidade estabelecida durante
o desenvolvimento da comunidade clímax é denominado estágio seral ou sere.

Uma sucessão ecológica pode ser definida em função de três características básicas:

 É um processo não sazonal, dirigido e contínuo;


 Ocorre como resposta às modificações nas condições ambientais locais, provocadas pelos
próprios organismos dos estágios serais;
 Termina com o estabelecimento de uma comunidade clímax, que não sofre mais
alterações em sua estrutura, desde que as condições macroclimáticas não se alterem.

A sucessão ecológica pode ser primária ou secundária, dependendo de seu estágio inicial. A
sucessão é primária quando o início da colonização ocorre em regiões anteriormente
desabitadas, que não reúnem condições favoráveis à sobrevivência da grande maioria dos seres
vivos. É o que acontece, por exemplo, em superfícies de rochas nuas, de dunas de areia recém-
formadas e de lavas vulcânicas recentes; poucas espécies conseguem suportar as condições
adversas desses locais.

A sucessão é secundária quando o desenvolvimento de uma comunidade tem início em uma área
anteriormente ocupada por outras comunidades bem estabelecidas, como terras de cultura
abandonadas, campinas, aradas e florestas recém-derrubadas.

As sucessões primárias em geral demoram mais tempo do que as secundárias para atingir ao
clímax. Estudos de sucessão primária em dunas ou em regiões de derramamento de lava
estimam que sejam necessários pelo menos 1000 anos para o desenvolvimento de uma
comunidade clímax.

Por sua vez, a sucessão secundária em terras onde houve derrubada das matas pode levar
apenas 100 anos em clima úmido e temperado. As espécies que iniciam o processo de sucessão
são chamadas espécies pioneiras.

FENÔMENOS DA NATUREZA

A INVERSÃO TÉRMICA

Comum nas grandes cidades, como São Paulo, em época de inverno, ela causa o acúmulo
repentino de gases poluentes no ar. Acontece o seguinte: o ar normalmente se aquece na
superfície da Terra, fica mais leve e sobe. Como ele, leva os resíduos poluentes gasosos, que
escapam para camadas mais elevadas da atmosfera, diluindo-se. Ao chegar às camadas mais
elevadas, esse ar se resfria, fica "pesado" e desce. Esse movimento de subida e descida do ar
provoca uma corrente que facilita a dispersão dos agentes poluentes.
No inverno, ocorre que o ar que está em contato com a superfície da Terra não se aquece o
suficiente para criar a tal de corrente de convecção. Conclusão: o ar não se renova e acumulam-
se poluentes no ar que os habitantes das grandes cidades respiram. Isso causa problemas
respiratórios típicos dessa época do ano, como bronquites, asma e alergias, principalmente em
pessoas idosas e crianças.

A CHUVA ÁCIDA

Alguns dos resíduos que compõem os gases poluentes são os óxidos de enxofre e de nitrogênio.
Estes gases, em contato com a água da chuva, reagem e transformam-se em ácido sulfúrico e
ácido nítrico, caindo, com as chuvas, no solo e nos rios. É a chamada chuva ácida, que modifica
a solubilidade dos sais minerais (a sua dissolução em água e, conseqüentemente, sua absorção
pelos vegetais). Por conta disso, florestas são destruídas (isso aconteceu na Europa, por
exemplo), animais aquáticos têm sua reprodução prejudicada, pois espermatozóides e óvulos
ficam afetados pela acidez da água e monumentos históricos são destruídos, pois esses ácidos
corroem o mármore e o cimento que os constituem.

Observe o esquema a seguir:


O EFEITO ESTUFA

Alguns poluentes, como o gás carbônico e o monóxido de carbono, presentes em grande


quantidade na atmosfera devido à queima de combustíveis fósseis e a queimadas (queima de
troncos e árvores), impedem a dispersão do calor irradiado da superfície da Terra. Criam como se
fosse uma barreira invisível, que faz com que esse calor da superfície, ao invés de escapar da
atmosfera, volte à Terra, aumentando sua temperatura ano após ano. No desenho abaixo,
compara-se o efeito estufa da Terra com o que ocorre dentro de uma estufa, em que o vidro, que
não impede a entrada da luz, mas sim a saída do calor, provoca o aquecimento ambiental tal qual
o acúmulo de gases poluentes na atmosfera. Em conseqüência disso, ocorrem mudanças no
clima terrestre, na distribuição das chuvas, bem como o derretimento das geleiras, ocasionando
inundações em cidades costeiras ou mesmo o seu desaparecimento daqui a algum tempo.

CAMADA DE OZÔNIO

Nos primeiros capítulos, você ficou sabendo que, com o surgimento dos seres vivos autótrofos, o
oxigênio passou a fazer parte da atmosfera terrestre, sob a forma de gás oxigênio, que muitos
seres vivos absorvem e utilizam em seu metabolismo, e gás ozônio, que se acumulando nas
camadas superiores da atmosfera terrestre, serve de barreira a grande parte dos raios
ultravioletas emitidos pelo Sol.

Esses raios têm o poder de penetrar no núcleo das células, alterando seu código genético e
provocando mutações ou destruição da célula. Nos últimos anos, em alguns pontos do globo, há
verdadeiras interrupções dessa camada, formando como que buracos. O da Antártida é o maior
que existe. Verifica-se, então, uma maior incidência de câncer de pele em pessoas mais claras
(elas têm menor proteção contra os raios solares), provocado por mutações das células da
epiderme, devido à ação dos raios ultravioletas que não são barrados e conseguem atingir a
superfície da Terra.
A destruição da camada de ozônio é provocada por um tipo de gás chamado clorofluorcarbono
(CFC), utilizado em geladeiras, aparelhos de ar condicionado e alguns sprays (aerossóis). Esse
gás, ao escapar para a atmosfera, reage com o ozônio, convertendo-o em moléculas de oxigênio.
O pior é que cada átomo de cloro desse composto é capaz de destruir 100 mil moléculas de
ozônio.

EUTROFIZAÇÃO

Alguns dos maiores desastres ecológicos dos últimos anos estão relacionados ao despejo
criminoso de petróleo nos oceanos, intoxicando animais e impedindo a renovação de oxigênio da
água, bem como a penetração da luz solar, o que prejudica a fotossíntese das plantas e seres
autótrofos, base da cadeia alimentar desses ecossistemas. Outro agente poluidor da água é a
matéria orgânica, sob a forma de fezes (esgoto), restos de usinas de açúcar ou papel. Junto às
fezes, vão alguns microorganismos nocivos à saúde humana, eliminados por portadores de
doenças como a hepatite. Sem falar dos ovos de vermes parasitas que, ao serem ingeridos,
contaminam outras pessoas. É muito importante que a água que chega aos nossos lares seja
potável, quer dizer, passe por um tratamento químico (geralmente com adição de cloro) a fim de
que bactérias e outros microorganismos parasitas possam ser eliminados. Isso nem sempre é
possível, principalmente porque nem todos os habitantes de um município podem contar com
rede de água e esgoto. Como, no entanto, é direito dos cidadãos terem condições dignas de
moradia, já que uma parte dos impostos é destinada à implantação de saneamento básico, é
preciso que a cidadania seja exercida no sentido de exigir-se das autoridades um maior
comprometimento social. Cerca de 80 % das doenças da população relacionam-se à falta de
saneamento básico.

Essa matéria orgânica que se acumula na água é decomposta, resultando em sais minerais,
nutrientes que aceleram a reprodução de algas e bactérias aeróbias. As algas tornam a água
turva, impedindo que a luz solar penetre. Quando morrem, são decompostas, aumentando mais
ainda o número de bactérias decompositoras aeróbias. A grande quantidade de seres
consumidores faz com que diminua drasticamente a quantidade de oxigênio disponível. Isso
acarreta a morte dos peixes e outros seres que vivem ali. E propiciando o desenvolvimento de
bactérias anaeróbias. Esse fenômeno denomina-se eutrofização. Ela pode ser natural ou
provocada por resíduos urbanos, industriais ou agrícolas.

MAGNIFICAÇÃO TRÓFICA

A cobertura vegetal natural protege o solo das chuvas, que carregariam seus nutrientes, da
erosão provocada pelo vento. O desmatamento das florestas para o cultivo agrícola tem
acelerado a erosão do solo e o processo de desertificação (formação de desertos onde antes
havia vegetação).

Um problema grave, decorrente da substituição das matas nativas pela agricultura (muitas vezes
a monocultura - cultivo apenas de um tipo de vegetal em grandes áreas) é o uso indiscriminado
de pesticidas (chamados também de agrotóxicos), substâncias venenosas que destroem
predadores ou parasitas das plantas. Um exemplo clássico é o DDT, famoso inseticida, utilizado
em larga escala. Ele mata as pragas, mas também mata outros insetos benéficos às plantas,
como os agentes polinizadores (abelhas, por exemplo) ou insetos que se alimentam de parasitas.
Como resultado, há um desequilíbrio ecológico. Outro agravante é o acúmulo de pesticida ao
longo da cadeia alimentar, fazendo com que os animais do topo da cadeia apresentem índices
assustadores de DDT em seu organismo, principalmente no cérebro e no fígado, intoxicando-os.

BIOTECNOLOGIA

É tecnologia baseada na biologia, especialmente quando usada na agricultura, ciência dos


alimentos e medicina. A Convenção sobre Diversidade Biológica da ONU possui uma das muitas
definições de biotecnologia:

"Biotecnologia define-se pelo uso de conhecimentos sobre os processos biológicos e sobre as


propriedades dos seres vivos, com o fim de resolver problemas e criar produtos de utilidade."
A definição ampla de biotecnologia é o uso de organismos vivos ou parte deles, para a produção
de bens e serviços. Nesta definição se enquadram um conjunto de atividades que o homem vem
desenvolvendo há milhares de anos, como a produção de alimentos fermentados (pão, vinho,
iogurte, cerveja, e outros). Por outro lado a biotecnologia moderna se considera aquela que faz
uso da informação genética, incorporando técnicas de DNA recombinante.

A biotecnologia combina disciplinas tais como genética, biologia molecular, bioquímica,


embriologia e biologia celular, com a engenharia química, tecnologia da informação, robótica,
bioética e o biodireito, entre outras.

Segundo a Convenção sobre Diversidade Biológica da ONU, biotecnologia significa “qualquer


aplicação tecnológica que use sistemas biológicos, organismos vivos ou derivados destes, para
fazer ou modificar produtos ou processos para usos específicos.”.

ALIMENTOS TRANSGÊNICOS

Os alimentos transgênicos são geneticamente modificados com o objetivo de melhorar a


qualidade e aumentar a produção e a resistência às pragas, visando o lucro.

O DNA desses alimentos é modificado.

Em algumas técnicas, são implantados fragmentos DNA de bactérias, vírus ou fungos no DNA da
planta. Esses fragmentos contêm genes que codificam a produção de herbicidas. As plantas que
receberam esses genes produzem as toxinas contra as pragas da lavoura, não necessitando de
certos agrotóxicos. Algumas são resistentes a certos agrotóxicos, pois em determinadas lavouras
precisa-se exterminar outro tipo de vegetal, como ervas daninhas, e o mesmo agrotóxico acaba
prejudicando a produção total.

Alguns produtos são modificados para que contenha um maior valor nutricional, como o arroz
dourado da Suíça, que é muito rico em betacaroteno, substância precursora de Vitamina A. O
arroz é um alimento muito consumido em todo o mundo, e quando rico em betacaroneto, ajuda a
combater as doenças por deficiência de vitamina A.

Alguns vegetais são modificados para resistirem ao ataque de vírus e fungos, como a batata, o
mamão, o feijão e banana. Outros são modificados para que a produção seja aumentada e os
vegetais sejam de maior tamanho. Existem também alimentos que têm o seu amadurecimento
prolongado, resistindo por muito mais tempo após a colheita.

PONTOS POSITIVOS

1. Aumento da produção

2. Maior resistência às pragas (vírus, fungos, bactérias e insetos)

3. Resistência aos agrotóxicos

4. Aumento do conteúdo nutricional

5. Maior durabilidade e tempo de estocagem


PONTOS NEGATIVOS

1. A seleção natural tende a ser maior nas plantas que não são transgênicas.

2. Eliminação de populações naturais de insetos, animais e outras espécies de plantas.

3. Aumento de reações alérgicas em determinadas pessoas

SEGURANÇA

Muitas plantas são cultivadas e analisadas pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária), porém a comercialização dessas especialidades ainda não está autorizada.

Muitos transgênicos ainda não são autorizados para serem comercializados em decorrência da
polêmica gerada pelo impacto ambiental e reações alérgicas já observadas em algumas pessoas.

A empresa responsável pela autorização do plantio e comercialização é a Comissão Técnica


Nacional de Biossegurança (CTNBio).

ROTULAGEM

Muitos transgênicos estão chegando à mesa dos consumidores sem as devidas informações.
Todos os consumidores têm o direito de saber o conteúdo do produto que está consumindo e as
consequências disso, inclusive qual foi a técnica empregada para a melhoria daquele alimento.

CLONAGEM E A ENGENHARIA GENÉTICA

A clonagem é um processo de reprodução assexuada onde se tem a produção de indivíduos


geneticamente iguais a partir de uma célula-mãe.

Clonar um DNA significa produzir inúmeras cópias idênticas de um mesmo trecho da molécula de
DNA. A engenharia genética é a área da biologia responsável pela manipulação das moléculas de
DNA, e foi no ano de 1971 que o biólogo norte-americano Paul Berg, da Universidade de
Stanford, Califórnia, obteve a primeira molécula de DNA recombinada, resultado da inserção do
DNA de um vírus oncogênico, produtor de tumores em macacos, no DNA de um bacteriófago,
vírus que ataca bactérias. Tais estudos levaram o biólogo a ganhar, em 1980, o Prêmio Nobel.
A partir daí a engenharia genética se tornou uma promissora, mas também polêmica, ciência,
pois a partir de técnicas, o ser humano seria capaz de “criar” novas formas de vida e utilizar
organismos para obter produtos de seu interesse.

Em julho de 1996 nasceu o primeiro mamífero clonado, batizado de Dolly. Esse projeto gerou
inúmeras reações contrárias e favoráveis à sua realização, e inúmeros países, inclusive o Brasil,
estabeleceram medidas jurídicas para impedir que esse processo fosse utilizado em humanos.

Vários vírus, bacteriófagos, bactérias como a Escherichia coli e levedos como o Saccharomyces
cerevisae receberam genes de outras espécies e se tornaram organismos geneticamente
modificados (OGMs), também chamados de transgênicos. Esses organismos transgênicos
expressam genes de outra espécie, apresentando características que não possuíam antes.

A Escherichia coli, por exemplo, começou, a partir de técnicas de engenharia genética, a ser
utilizada na produção de hormônio do crescimento e de insulina em escala industrial. Antes dessa
descoberta, o hormônio do crescimento era retirado da hipófise de cadáveres, e a insulina
utilizada por diabéticos era retirada do pâncreas de bois e de porcos. Apesar de a insulina desses
animais ser muito semelhante à de humanos, ela pode provocar reações alérgicas em algumas
pessoas que a utilizam. Por outro lado, a insulina sintetizada pelas bactérias é idêntica à do
pâncreas humano, não causando reações alérgicas e devendo substituir definitivamente a
insulina animal.

A cada dia aumenta o número de organismos geneticamente modificados que são criados em
laboratórios de todo o mundo. Esses organismos variam desde microrganismos de interesse
ecológico, médico, industrial e agrícola, até plantas que são importantes para o consumo
humano, os famosos transgênicos, como milho, soja, tomate, batata, abóbora e arroz.

CÉLULAS-TRONCO

As células-tronco, células-mães ou células estaminais são células que possuem a melhor


capacidade de se dividir dando origem a duas células semelhantes às progenitoras.

As células-tronco de embriões têm ainda a capacidade de se transformar, num processo também


conhecido por diferenciação celular, em outros tecidos do corpo, como ossos, nervos, músculos e
sangue. Devido a essa característica, as células-tronco são importantes, principalmente na
aplicação terapêutica, sendo potencialmente úteis em terapias de combate a doenças
cardiovasculares, neurodegenerativas, Diabetes mellitus tipo 1, acidentes vasculares cerebrais,
doenças hematológicas, traumas na medula espinhal e nefropatias.

O principal objetivo das pesquisas com células-tronco é usá-las para recuperar tecidos
danificados por essas doenças e traumas. No Zoológico de Brasília (Brasil), uma fêmea de lobo-
guará, vítima de atropelamento, recebeu tratamento com células-tronco. Este foi o primeiro
registro do uso de células-tronco para curar lesões num animal selvagem.

São encontradas em células embrionárias e em vários locais do corpo, como no cordão umbilical,
na medula óssea, no sangue, no fígado, na placenta e no líquido amniótico, conforme descoberta
de pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade de Wake Forest, no estado norte-
americano da Carolina do Norte, noticiada pela imprensa mundial nos primeiros dias de 2007.
Há três possibilidades de extração das células-tronco. Podem ser adultas, mesenquimais ou
embrionárias:

Embrionárias – São encontradas no embrião humano e são classificadas como totipotentes ou


pluripotentes, devido ao seu poder de diferenciação celular de outros tecidos. A utilização de
células estaminais embrionárias para fins de investigação e tratamentos médicos varia de país
para país, em que alguns a sua investigação e utilização é permitida, enquanto em outros países
é ilegal. O STF autorizou as pesquisas no Brasil.

Adultas – São encontradas em diversos tecidos, como a medula óssea, sangue, fígado, cordão
umbilical, placenta, e outros. Estudos recentes mostram que estas células-tronco têm uma
limitação na sua capacidade de diferenciação, o que dá uma limitação de obtenção de tecidos a
partir delas.

Mesenquimais – Células-tronco mesenquimais, uma população de células do estroma do tecido


(parte que dá sustentação às células), têm a capacidade de se diferenciar em diversos tecidos.
Por conta desta plasticidade, essas células têm sido utilizadas para reparar ou regenerar tecidos
danificados como ósseo, cartilaginoso, hepático, cardíaco e neural. Além disso, essas células
apresentam uma poderosa atividade imunossupressora, o que abre a possibilidade de sua
aplicação clínica em doenças imunomediadas, como as auto-imunes e também nas rejeições aos
transplantes. Em adultos, residem principalmente na medula óssea e no tecido adiposo.

CÂNCER

Cancro (português europeu) ou Câncer (português brasileiro) é uma doença caracterizada por
uma população de células que cresce e se divide sem respeitar os limites normais, invade e
destrói tecidos adjacentes, e pode se espalhar para lugares distantes no corpo, através de um
processo chamado metástase. Estas propriedades malignas do câncer o diferenciam dos tumores
benignos, que são auto-limitados em seu crescimento e não invadem tecidos adjacentes (embora
alguns tumores benignos sejam capazes de se tornarem malignos). O câncer pode afetar
pessoas de todas as idades, mas o risco para a maioria dos tipos de câncer aumenta com o
acréscimo da idade. O câncer causa cerca de 13% de todas as mortes no mundo, sendo os
cânceres de pulmão, estômago, fígado, cólon e mama os que mais matam.

Médicos do Egito antigo (3000 a.C.) registraram doenças que, dadas suas características,
provavelmente podiam ser classificadas como câncer. Hipócrates (377 a.C.) também descreveu
enfermidades que se assemelhavam aos cânceres de estômago, reto, mama, útero, pele e outros
órgãos. Portanto, a presença do câncer na humanidade já é conhecida há milênios. No entanto,
registros que designam a causa das mortes como câncer passaram a existir na Europa apenas a
partir do século XVIII. Desde então, observou-se o aumento constante nas taxas de mortalidade
por câncer, que parecem acentuar-se após o século XIX, com a chegada da industrialização.

Quase todos os cânceres são causados por anomalias no material genético de células
transformadas. Estas anomalias podem ser resultado dos efeitos de carcinógenos, como o
tabagismo, radiação, substâncias químicas ou agentes infecciosos. Outros tipos de
anormalidades genéticas podem ser adquiridas através de erros na replicação do DNA, ou são
herdadas, e consequentemente presente em todas as células ao nascimento.
As interações complexas entre carcinógenos e o genoma hospedeiro podem explicar porque
somente alguns desenvolvem câncer após a exposição a um carcinógeno conhecido. Novos
aspectos da genética da patogênese do câncer, como a metilação do DNA e os microRNAs estão
cada vez mais sendo reconhecidos como importantes para o processo.

As anomalias genéticas encontradas no câncer afetam tipicamente duas classes gerais de genes.
Os genes promotores de câncer, oncogenes, estão geralmente ativados nas células
cancerígenas, fornecendo a estas células novas propriedades, como o crescimento e divisão
hiperativa, proteção contra morte celular programada, perda do respeito aos limites teciduais
normais e a habilidade de se tornarem estáveis em diversos ambientes teciduais. Os genes
supressores de tumor estão geralmente inativados nas células cancerígenas, resultando na perda
das funções normais destas células, como uma replicação de DNA acurada, controle sobre o ciclo
celular, orientação e aderência nos tecidos e interação com as células protetoras do sistema
imune.

O câncer é geralmente classificado de acordo com o tecido do qual as células cancerígenas se


originaram, assim como o tipo normal de célula com que mais se parecem. Um diagnóstico
definitivo geralmente requer examinação histológica da biópsia do tecido por um patologista,
embora as indicações iniciais da malignidade podem ser os sintomas ou anormalidades nas
imagens radiográficas. A maioria pode ser tratada e alguns curados, dependendo do tipo
específico, localização e estadiamento. Uma vez diagnosticado, o câncer geralmente é tratado
com uma combinação de cirurgia, quimioterapia e radioterapia.

Com o desenvolvimento das pesquisas, os tratamentos estão se tornando cada vez mais
específicos para as diferentes variedades do câncer. Ultimamente tem havido um progresso
significativo no desenvolvimento de medicamentos de terapia específica que agem
especificamente em anomalias moleculares detectáveis em certos tumores, minimizando o dano
às células normais. O prognóstico para os pacientes com câncer é muito influenciado pelo tipo de
câncer, assim como o estadiamento, a extensão da doença. Além disso, a graduação histológica
e a presença de marcadores moleculares específicos podem também ser úteis em estabelecer o
prognóstico, assim como em determinar tratamentos personalizados.

(A) Células normais danificadas de modo irreversível são eliminadas através de um mecanismo
conhecido como apoptose. (B) Células cancerígenas evitam a apoptose e continuam a multiplicar-
se de maneira desregulada.

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