Procedimentos de Manutenção Padrão
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Resumo
O presente trabalho tem o objetivo de analisar os procedimentos padrões de segurança em
relação a serviços com eletricidade com o escopo de reduzir o alto índice de acidentes de
trabalho. Quando há um ambiente de trabalho que envolve eletricidade direta ou
indiretamente ou ainda em sua proximidade é necessário adotar medidas para que o risco
não se torne um acidente. Os serviços que envolvem eletricidade são potenciais causadores
de riscos ao trabalhador, o qual está sujeito quando opera com eletricidade, mesmo que se
trate de instalação elétrica de baixa tensão. O contato com o corpo e as partes energizadas
de uma instalação elétrica de baixa tensão produz o chamado “choque elétrico”, e se for de
alta tensão, têm-se o “arco elétrico” que precede de contato, e em geral, leva à morte. Nesta
conjuntura, a Norma Brasileira NR-10 tem o condão de adequar os procedimentos de
trabalho, a formalização dos papéis e responsabilidades dos profissionais envolvidos, e a
prática das medidas de controle dos riscos. Assim, este trabalho tem a finalidade de realizar
uma revisão bibliográfica sobre a Norma Regulamentadora NR-10 e analisar e aplicar
procedimentos padrões relacionando com o atual cenário de segurança no trabalho.
1. Introdução
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2. Referencial Teórico
Ao buscar entender a gênese dos acidentes do trabalho, partiu-se da ideia que existe
uma Norma Regulamentadora, mas que ela não é efetivamente cumprida. A literatura
especializada possibilitou a construção dos pilares teóricos, mostrado nesta seção, e, que
sustentam as análises deste trabalho, para tanto está apresentado em um primeiro momento a
segurança do trabalho em sua relação com a eletricidade, desde a caracterização e prescrição
contidas na norma regulamentadora 10 até as medidas de controle dos riscos elétricos. O
aprofundamento do estudo realizado, a partir da norma reguladora e demais regulamentos,
orientam a melhor forma de proceder com atividades que envolve eletricidade. As pretensas
"respostas" apresentadas aos questionamentos que constituem esse diálogo serão
desenvolvidas no texto.
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Existem também riscos adicionais que devem ser avaliados antes da realização de
atividades envolvendo eletricidade, pois podem surgir potenciais danos ao empregado, como
por exemplo, o risco de incêndio ou explosão em ambientes em que sua atmosfera possua a
mistura de oxigênio e gás combustível numa determinada proporção que uma faísca ou
qualquer outra fonte de ignição fará com que essa mistura se inflame. Além dos riscos de
acidentes em trabalhos em alturas ou com locais confinados ou até mesmo com alta taxa de
umidade relativa do ar que pode ocasionar arcos elétricos com risco de choque elétrico.
Neste contexto, deve-se adotar procedimentos, ferramentas e medidas de segurança
apropriadas para trabalhar com eletricidade e assim, garantir a segurança e a integridade dos
trabalhadores. As medidas de segurança devem ser específicas para cada tipo de atividade.
Profissionais capacitados para realizar o trabalho com eletricidade são essenciais para que as
medidas de segurança sejam aplicadas da forma correta. Também é importante que a
instalação elétrica seja inspecionada e mantida em boas condições, uma vez que uma
instalação degradada acarreta risco mais elevado no momento de realizar qualquer
intervenção. É possível a definição de três pilares para trabalhar de maneira segura com a
eletricidade: Instalações, ferramental e equipamentos de segurança apropriados;
Procedimentos de trabalho, administrativos e técnicos, adequados; Profissionais capacitados e
autorizados; (SANTOS JR., 2013)
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comercio, empresas publicas, etc. Limita a sua aplicação às instalações com tensão elétrica
superior a 50V em corrente alternada ou 120V em corrente continua.
As responsabilidades atribuídas às empresas e aos trabalhadores não estão limitadas
somente à NR-10, mas também pela Constituição Federal, Consolidação das Leis do Trabalho
(CLT) e, pelos Códigos Civil e Criminal. A NR-10 estabelece que as responsabilidades
quanto ao seu cumprimento sejam solidárias aos contratantes e contratados. Para os
contratantes abrange a responsabilidade técnica da instalação e a integridade física dos
trabalhadores. Inclui a informação dos riscos a que os trabalhadores estão expostos, assim
como procedimentos e medidas de controle a serem adotados. Aos trabalhadores cabe zelar
pela sua segurança e saúde, e a de outras pessoas que possam ser afetadas por suas ações,
responsabilizar-se junto com a empresa pelo cumprimento das disposições legais, e comunicar
ao responsável pela execução do serviço as situações que considerar de risco (BARROS,
2010).
Em seu texto há clara distinção entre os termos risco e perigo, sendo que perigo é a
condição de risco com probabilidade de causar lesões ou danos à saúde das pessoas por
ausência de medidas de controle, e o risco é a capacidade de causar lesões ou danos à saúde.
O profissional que atua em instalações elétricas deve conhecer os riscos da exposição, bem
como seus procedimentos e medidas preventivas. (SANTOS JR., 2013). Portanto, é inerente
as atividade elétricas o risco, entretanto, para que estes riscos não se tornem causadores de
acidentes de trabalho é preciso que a norma e demais procedimentos extras – identificados em
cada caso concreto- sejam devidamente cumpridos.
Os principais objetivos da NR-10 são a preservação da segurança e da saúde dos
trabalhadores, que podem ser afetadas pelos riscos elétricos e também por outros riscos
adicionais. Ela estabelece que devam também ser adotadas medidas preventivas para controle
dos riscos adicionais, especialmente quanto à altura, confinamento, campos eletromagnéticos,
explosividade, umidade, poeira, fauna, flora e outros agravantes.
O trabalhador que atua em instalações elétricas ou em suas proximidades deve
conhecer não só os riscos a que esta exposto, como também os procedimentos e as medidas
para evitá-los. Para controlar os riscos devem ser desenvolvidas medidas de controle
coletivas, administrativas e técnicas, e, por fim, de controle individuais. A NR10 no seu artigo
10.2.8.2 orienta que a desenergização elétrica é, prioritariamente, a medida de proteção
coletiva a ser adotada e na sua impossibilidade o emprego de tensão de segurança, seguindo
essa orientação da norma, o tema de desenergização elétrica receberá atenção especial e
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prioridade nos procedimentos a serem criados, para isso é importante conhecer mais detalhes
nas etapas da desenergização.
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possíveis pontos de fluxo de corrente elétrica deverão ser determinados através da realização
da Análise Preliminar de Risco (APR).
Proteção dos elementos energizados existentes na zona controlada;
A zona controlada é a área em torno da parte condutora energizada de dimensões
estabelecidas de acordo com os níveis de tensão, cuja aproximação só é permitida com
profissionais autorizados. É recomendada a utilização de obstáculos e anteparos, para impedir
o contato involuntário com partes energizadas como cones combinados com fitas de
sinalização (zebrada), grades colocando a parte energizada fora do alcance de pessoas sem
autorização. Os elementos a serem protegidos devem ser identificados por meio da APR.
Instalação da sinalização de impedimento de reenergização;
A sinalização é um Equipamento de Proteção Coletiva (EPC), em que são utilizados
cartões de identificação dos funcionários nos seus respectivos bloqueios e placas com função
de alertar, advertir e orientar as pessoas a respeito dos riscos e perigos no local, além de
proibir o acesso de pessoas não autorizadas àquela atividade desempenhada. Os dispositivos a
serem sinalizados devem ser determinados por meio da APR.
A NR 10 também cita medidas padrões para a reenergização do circuito
desenergizado. São elas:
Retirada de ferramentas, utensílios e equipamento;
Para garantir a integrida das pessoas em serviço e do sistema elétrico do qual está
sendo trabalhado, recomenda-se antes de energizar retirar todas as ferramentas e utensílios
para que no momento da energização não hajam curtos circuitos nem risco de contato a parte
energizada através das ferramentas e equipamentos ligados ao circuito energizado. Deixar
ligado apenas o aterramento temporário após essa etapa.
Retirada da zona controlada de todos os trabalhadores não envolvidos no processo de
reenergização;
É de responsabilidade do manutentor responsável pela intervenção, certificar-se de que
todos os trabalhadores não envolvidos nos procedimentos de reenergização estejam fora da
zona controlada antes de efetuar os próximos passos da sequência.
Remoção do aterramento temporário, da equipotencialização e das proteções
adicionais;
Retirar o aterramento para evitar que ao fazer o religamento, ocorra um curto circuito,
danificando os dispositivos e fios do sistema.
Remoção da sinalização de bloqueio e impedimento de reenergização;
Destravamento, se houver, e religamento dos dispositivos de seccionamento;
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As medidas de desenergização e reenergização, ampliadas ou eliminadas, deve sempre
levar em consideração as peculiaridades de cada situação, sempre procedida por profissional
legalmente habilitado, autorizado e mediante justificativa técnica previamente formalizada,
para que não seja criada uma situação de risco aos empregados e terceiros.
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2.4.1 Análise de risco
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3 Estudo de caso
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Antes do início da atividade, deve-se obter autorização para instalar, operar ou reparar
instalações elétricas, colaboradores que tenham estado de saúde compatível, e anualmente
devem ser reavaliados. Devem possuir treinamento específico sobre os riscos decorrentes do
emprego da energia elétrica, conforme disposto do Anexo II da NR-10 e demais cursos
complementares de capacitação. A autorização será dividida em quatro níveis, conforme nível
de tensão do sistema elétrico, e o tipo de atividade desenvolvida.
Todos os profissionais envolvidos, executantes ou autorizadores, deverão ser
formalmente capacitados e autorizados pela empresa e devem possuir Atestado de Saúde
Ocupacional (ASO) constando os exames em conformidade com o PCMSO, assegurando que
estejam aptos a executar trabalhos com eletricidade. A vestimenta a ser utilizada pelo
trabalhador devem estar adequadas a classificação de risco do Painel de Distribuição Elétrica
ou SEP. Todo painel de Distribuição Elétrica deve possuir a Classe de Risco Identificado na
porta de acesso do Painel. Em todas as cabines elétricas, deve estar disponível diagrama
Unifilar com a respectiva classificação de risco para cada dispositivo de manobra do SEP.
Deve ser mantido e atualizado um controle de classificação de risco, contendo o código de
identificação do Painel Elétrico, classe de risco, nível de Exposição (cal/cm²) e Mínimo de
Proteção da Roupa (ATPV).
Na execução de atividades, como a empresa funciona em três turnos, em cada turno
deve ter, no mínimo, dois trabalhadores autorizados. É indispensável que haja uma orientação
acerca das tensões que serão manuseadas pelos trabalhadores. No caso especifico, a
manutenção dos dispositivos elétricos que acionam linhas de prensas deverão ter a tensão
máxima de 440V. É proibida e não autorizada a manutenção das cabines elétricas das
subestações elétricas da planta ou de qualquer dispositivo em alta tensão (acima de 1000V).
Portanto, ressalta-se que apesar de tratar-se de serviços com eletricidade, niveis diferentes de
tensõs demandam procedimentos preventivos e corretivos especificos.
Por fim, a desenergização de instalações elétricas deve ser seccionada por dispositivo
de manobra, como disjuntores e chaves seccionadoras e realizar a constatação de ausência de
tensão. Procedendo-se com o bloqueio por dispositivo de segurança, instalação de aterramento
temporário com equipotencialização dos condutores dos circuitos, para sistemas AT,
instalação de Sinalização de impedimento de reenergização. O Bloqueio de Segurança só
pode ser removido pelo responsável pelo bloqueio. Se houver necessidade de remoção do
bloqueio, esta só poderá ocorrer após comunicação do Departamento de Segurança do
Trabalho, e dos responsáveis pelo Setor, seguindo procedimento de Bloqueio de Energias
Perigosas.
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Para energizar deve-se fazer uma verificação prévia da instalação e das cargas
ligadas a ela, garantindo a ausência de ferramentas, utensílios, equipamentos ou partes
condutoras expostas e sem proteção. Retirar as cabines elétricas de todos os trabalhadores não
envolvidos no processo de reenergização, do aterramento temporário, bloqueio de segurança,
ealização da manobra de energizaçãoe a verificação do nível de tensão em todas as fases.
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No terceiro passo, orienta-se a instalar o dispositivo de bloqueio de religamento do
disjuntor, travando-o com o cadeado junto da identificação do manutentor em atividade e
instrução para não retirar bloqueio (Figura 02).
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4. Conclusão
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Abstract
This study aims to analyze the safety standards procedures for services on electricity with the
scope of reducing the high rate of accidents. When there is a work environment that involves
electricity directly or indirectly or in its proximity is necessary to adopt actions so the risk
does not become an accident. Services involving electricity are causing potential risk to the
employee, which is subject when it operates with electricity, even in the case of low voltage
electrical installation. The contact with the body and energized parts of an electrical
installation of low voltage produces the so-called "electric shock", and if it's a high voltage
installation, exist the electric arc that precedes contact, and generally leads to death. At this
juncture, the Brazilian Standard NR-10 has the power to adjust the working procedures, the
formalization of the roles and responsibilities of the professionals involved, and the practice
of risk control countermeasures. Therefore, this work aims to conduct a literature review on
the Regulatory Standard NR-10, analyzing and applying standard procedures relating to the
current security scenario at work.
Referências
BARROS, Benjamim Ferreira de, et all. NR-10 Norma Regulamentadora de
Segurança em Instalações e Serviços de Eletricidade: Guia Prático de Análise e Aplicação. 1ª Edição. São
Paulo: Erica, 2010.
CARDELLA, Benedito. Segurança dtrabalho e prevenção de acidentes. São Paulo: Atlas, 1999.
CREDER, H. Instalações Elétricas, 15ª Ed., Rio de Janeiro, RJ: LTC, 2007. COTRIM, Ademaro A. M. B.
Instalações Elétricas. 4ª Edição. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2003.
SANTOS JR., Joubert Rodrigues dos, NR-10 Segurança em Eletricidade, uma Visão Prática. São Paulo:
Érica, 2013.
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Apêndices
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Figura 04: Página 02 do procedimento específico de troca de disjuntor.
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Dados dos autores:
Submetido em:25-09-2016
Aceito em: 31/12/2016
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