Asherah
Asherah
Asherah
Resumo
O presente artigo pretende demonstrar que Israel nem sempre foi
monoteísta. Essa crença em um único Deus se deu de uma construção
cultural-religiosa que ocorreu entre os séculos IX e V a.C. O panteão
israelita passou por diversas fases até chegar a síntese teológico-
-cultural mais propagada. A consolidação desse monoteísmo patriarcal
representa também a dessacralização da sexualidade e do erotismo. E
nesse desenvolvimento o monoteísmo suplantou Deuses e Deusas, en-
tre elas está Asherah. Nessa exposição trataremos de elucidar alguns
pontos a respeito da construção do monoteísmo javista-masculino,
a supressão da imagem da Grande-Mãe, focada em Asherah, e as
consequências de um Deus assexuado para a tradição judaico-cristã.
Palavras-chave: Asherah. Monoteísmo. Erotismo. Javé.
Abstract
This article aims to demonstrate that Israel has not always been mo-
notheistic. This belief in a single God came from a cultural-religious
construction raised the 9th and 5th centuries BC. The Israeli pantheon
went through several phases until the most propagated theological-
-cultural synthesis. The consolidation of this patriarchal monotheism
also represents the de-sacralization of sexuality and eroticism. And
in this development monotheism supplanted Gods and Goddesses,
among them is Asherah. In this exposition we will try to elucidate
a few points about the construction of the Yahwist-male mono-
theism, the suppression of the image of the Great Mother focused
Resumen
En el presente artículo se quiere demonstrar que Israel no siempre
ha sido monoteísta. La fe en un solo Dios es fruto de una construc-
ción cultural-religiosa ocurrida entre los siglos IX y V A.C. El panteón
israelita ha pasado por distintas etapas hasta llegar a la síntesis te-
ológico- cultural más difundida. La consolidación del monoteísmo
patriarcal representa también la desacralización de la sexualidad y
del erotismo. En dicho desarrollo el monoteísmo reemplazó Dioses
y Diosas, siendo una de ellas Asheral. En esta exposición trataremos
de aclarar algunos puntos que tiene que ver con la construcción del
monoteísmo yahvista- masculino, la supresión de la imagen de la
Grande- Madre, focalizada en Asherah, y las consecuencias de un
Dios asexuado, para la tradición judeocristiana.
Palabras-clave: Asherah, monoteísmo, erotismo, Yahvé.
INTRODUÇÃO
Israel nem sempre foi monoteísta. A crença em um único Deus foi
uma “construção cultural-religiosa ocorrida ao longo de um período
histórico relativamente longo, basicamente entre os séculos IX e V a.C”
(Haroldo REIMER, 2008, p. 66). O panteão israelita passou por diversas
fases até chegar a síntese teológico-cultural mais propagada. E nesse
desenvolvimento o monoteísmo suplantou Deuses e Deusas, entre elas
está Asherah.
O culto da Deusa-Mãe é um dos mais antigos da história da huma-
nidade. “Desde à época paleolítica até a neolítica, e estendendo-se aos
inícios da civilização antiga, encontramos a imagem da Deusa, ampla-
mente difundida, sem uma figura cúltica masculina que a acompanhasse”
(Rosemary RUETHER, 1993, p. 46). Deusas como Inana, Ishtar, Anate,
Asherah eram muito comuns nos tempos de construção do monoteís-
mo javista, sendo a própria Asherah consorte de Javé. Deusas da fer-
tilidade, grandes-mãe, controladoras da natureza, características que
1. DO POLITEÍSMO AO MONOTEÍSMO
As escavações arqueológicas se tornaram uma grande fonte para
compreender o cotidiano do povo israelita e compreender que Israel
prestava culto a diversas divindades, como deuses da fertilidade, como
Baal, Asherah e Astarte (José Ademar KAEFER, 2015, p. 442).
Mark Smith faz alguns apontamentos importantes sobre a situação
religiosa em Israel:
[...] no sólo reaparece como una Diosa principal en los textos ugarí-
ticos, sino que es identificada claramente en la Biblia, a pesar de la
fuerte represión ejercida por la religión oficial de Israel. Por lo demás,
no hace tanto tempo que la arqueología nos ha brindado material
epigráfico del sur de Israel en que la Diosa aparece en una notable
asociación con Yavé (Severino CROATTO, 2001, p. 30).
a) A arqueologia da Deusa
As evidências arqueológicas nos auxiliam a ir além do que é pres-
suposto pelos autores deuteronomistas. Existem diversos materiais que
ajudaram no resgate de Asherah, como o jarro encontrado em Laquis
pelo arqueólogo britânico James L. Starkey em 1934. Esse sítio ficava
a 40 km a sudoeste de Jerusalém, e foi datado do século XII a.C. (Ana
Luísa CORDEIRO, 2011, p. 36). A inscrição contida é para a Elat, o femi-
nino de El e equivaleria a Asherah, consorte de El no panteão cananeu.
No pithos B:
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nossas reflexões procuraram tratar a ausência erótica de Javé no
decorrer da construção do monoteísmo patriarcal de Israel. Observamos
o desenvolvimento da religião de Israel e seus desdobramentos de um
politeísmo para o monoteísmo javista como é divulgado pelos deute-
ronomistas. Em seus diversos estágios de desenvolvimento é possível
observar a Deusa Ugarítica Asherah como esposa de El-Javé.
Outro ponto foi trazer à memória a imagem e função da Grande
Deusa Israelita, apagada dos escritos oficiais da Bíblia Hebraica, mas
ainda sim resistindo na arqueologia. Apontamos a arqueologia como
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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