Teste 3 Saga

Fazer download em docx, pdf ou txt
Fazer download em docx, pdf ou txt
Você está na página 1de 4

Avaliação

AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DE Quantitativa


PADRE BENJAMIM SALGADO Classificação
2018/2019 Menção
Qualitativa

3º Ciclo do Ensino Básico José Luís Serafim


Professor
Português

Teste de avaliação nº3


Data __/__/____ __/__/____
Encarregado

de Educação
Nome: N.º

Grupo I - Leitura - 10 pontos

Jovens de bairros sociais são um


“Bando à parte” no Teatrão
Projeto de quase dois anos chega ao fim com um espetáculo onde cada um dos atores
apresenta a personagem por si criada.

Margarida Alvarinhas

Dez jovens, oriundos de bairros sociais e municipais de Coimbra, aceitaram o desafio


proposto pelo Teatrão. Com isso, mudaram um pouco as suas vidas. Passaram a ter novas
5
rotinas, a sentir a necessidade de gerir melhor o tempo, porque esse tempo passou a ser
também necessário para os ensaios, para a preparação, para todo o processo que envolveu a
produção do espetáculo. Porque ser artista requer esforço. De hoje a sábado, esses jovens são
um “Bando à parte” que se apresenta no palco da Oficina Municipal de Teatro. São atores,
músicos e bailarinos; são personagens que eles próprios idealizaram e construíram, após um
10 longo processo de aprendizagem que começou há 22 meses.
O projeto “Bando à parte: culturas juvenis, arte e inserção social” é um processo de
formação específica em teatro, música e dança, que implicou um trabalho continuado desde
janeiro de 2010 até ontem, último dia dos ensaios. Pelo meio houve todo um longo processo de
aprendizagem, que foi muito além dos ensaios e da criação das personagens. Os jovens, conta
15 Cláudia Pato Carvalho, coordenadora do projeto, “começaram por vir assistir a espetáculos de
formação para perceberem que há diferentes coisas”. Ou seja, aos participantes foi permitida
uma interligação com as atividades do Teatrão e, inclusivamente, participar nos espetáculos da
companhia. Houve também espaço para intercâmbios, nomeadamente com projetos
semelhantes de Itália e Holanda.
Experiência de crescimento

20 Ao envolver jovens de bairros sociais e municipais de Coimbra, o Teatrão pretendeu o


desenvolvimento do raciocínio e da capacidade de reflexão sobre o mundo. E os jovens sentem
que o conseguiram. “Todos nós crescemos muito. Nota-se a diferença na nossa maneira de
pensar, de agir. Hoje sou uma Maria João muito mais preenchida, porque todo este processo
nos foi enriquecendo”, contou a Maria João, uma jovem oriunda da Urbanização Fonte do
25 Castanheiro, uma das participantes.
Maria João, que optou pela área do teatro, fala da personagem, idealizada e trabalhada por
si.
“Sou uma exploradora, ando sempre à procura de alguma coisa, à procura de um caminho”,
30
explica a jovem de 16 anos, visivelmente entusiasmada com o projeto que, admite, lhe tem
roubado muito tempo. E explica também como chegou à personagem final: “começámos com
sessões individuais, a falar sobre o que achávamos que era importante e interessante mostrar
às pessoas. Trabalhei com textos para chegar à “Exploradora”. Houve uma espécie de processo
35 que nos levou às personagens”.
No final, juntaram-se as personagens e criou-se o espetáculo. Leonor Picareto, por exemplo,
baseou-se na sua vida para criar algo e levar ao público. “Sou cigana e tento mostrar às outras
pessoas a outra faceta dos ciganos, que não os feirantes que não querem outra vida”.
40
O projeto chega ao fim, com os espetáculos de hoje a sábado, às 21:30, mas é intenção dar-
lhe seguimento, através de novos ciclos, em que se possam integrar outros jovens. Aliás,
interessados em participar não faltaram, garante Cláudia Pato, recordando que a divulgação do
projeto começou em finais de 2009, nos bairros sociais da cidade, onde foram estabelecidos
contactos com as associações locais, no sentido de se perceber quem poderiam ser os
potenciais participantes. “Encontrámos muitas pessoas interessadas”, garante a coordenadora
do projeto.
in Diário de Coimbra, 13 de outubro de 2011

Responde aos itens que se seguem, de acordo com as orientações que te são dadas.
1. Indica se as afirmações seguintes são verdadeiras (V) ou falsas (F). (1x6=6 pt)

a. O projeto denomina-se “Bando à parte”.


b. O projeto foi desenvolvido durante um ano.
c. A meta final do projeto é a criação de um espetáculo teatral.
d. Participaram no projeto jovens oriundos de todo o país.
e. Este projeto beneficiou de intercâmbios com projetos análogos em Itália e na Bélgica.
f. Pretende-se dar continuidade ao projeto.

2. Para responderes a cada item (2.1. a 2.3.), seleciona a única opção que te permite obter
uma afirmação adequada ao sentido do texto. (1x3=3 pt)
2.1. Este projeto visou desenvolver nos jovens participantes…
a. a capacidade de reflexão.
b. o conhecimento de dramaturgos portugueses.
c. o contacto com a língua italiana.
2.2. O espetáculo teatral levado a público baseia-se…
a. num texto dramático definido.
b. em personagens criadas pelos atores.
c. num facto real, passado na Urbanização Fonte do Castanheiro.
2.3. A personagem representada por Leonor Picareto tem patente uma dimensão…
a. coletiva.
b. interativa.
c. estética.

3. Seleciona a opção que corresponde à única afirmação falsa, de acordo com o sentido
do texto. (1 pt)
a. “isso” (l. 2) refere-se a “aceitaram o desafio proposto pelo Teatrão”.
b. “lhe” (l. 31) refere-se a “jovem de 16 anos”.
c. “onde” (l. 44) refere-se a “da cidade”.
GRUPO II – Educação Literária (30 pontos)

Não tinha nome: era o Papagaio, e parecia-me, porque falava, um ser maravilhoso. Depois, e a chegada desse outro
eu recordo, meu pai trouxe das Áfricas um papagaio cinzento. O papagaio por excelência passou a chamar-se o
Papagaio Verde, e vivia de gaiola pendurada numa das varandas em que, por um tapume de madeira, estava
dividida a varanda das traseiras da minha casa, cabendo uma parte à cozinha e outra à sala de jantar. Uma das
reivindicações políticas da minha infância foi a troca de uma situação injusta que confinava o Papagaio Verde à
5 «varanda da cozinha». Na da sala de jantar, a que era mais próxima da rua, vivia o Papagaio Cinzento. Este, menos
esplendoroso e menos corpulento, menos vaidoso também das suas cores baças, morreu depois do Verde, ave
grande, vistosa, transbordante de presunção e dignidade; e, apesar de ter tido muito mais do que o Verde o dom da
palavra (usando-o, todavia, com menos humor involuntário), não o recordo tão distintamente como a imagem do
outro, à qual a sua viera sobrepor-se à maneira de um negativo1, uma sombra, um apagado duplo, na imprecisão
10 focal da memória a desfocar-se por ele. De resto, o Cinzento era sujeito retraído e friorento, que ficava encolhido a
resmonear2 o reportório variado, sem manifestar por alguém qualquer predileção afetiva; tinha apenas de simpático
o olhar nostálgico, melancólico, e a mansidão muito dócil do resignado e acorrentado escravo.
O Verde, pelo contrário, era exuberante, de amizades apaixonadas e de ódios vesgos, sem continuidade nem
obstinação. Minto: essas amizades e ódios, não continuados nem firmes, faziam parte do seu carácter expansivo e
15 espetacular. Mas, com o andar do tempo, começaram a refinar numa aversão coletiva, azeda e ruidosa, ou
concretizada num bico de respeito, que, traiçoeiramente, na frente de uma adejada revoada3 verde, se apoderava
cerce4 de um dedo, uma canela, uma madeixa de cabelo. A contrapartida deste crescente pessimismo em relação ao
género humano (no qual ele incluía, com um desprezo que raiava o absurdo, o Cinzento) foi uma dedicada e
veemente5 amizade por mim. No mundo hostil dos adultos que me cercavam de solicitude6 e clausura7, o Papagaio
Verde, afinal, não me revelou apenas o que era carácter: ensinou-me também o que a amizade é.
20 Que o Papagaio Verde era brasileiro, como angolano o Cinzento, foi dos primeiros axiomas8 de biologia que
aprendi. Era sempre repetido, categórica e sacramentalmente, por meu pai ou por minha mãe, quando, em jantares
de família, se discutiam as graças relativas dos dois bichos, e havia sempre um tio meu para condenar, em nome dos
perigos da psitacose9, a posse de seres tão exóticos, portadores prováveis e espontâneos de uma doença estranha,
mortalíssima, que eu, criança à espera de vez para a carne assada, imaginava como a instalação crónica10, no
organismo dos adultos, daquela tendência manifesta para falarem de cor e a despropósito, coisa que os papagaios
25
quase não faziam.

Jorge de Sena, «Homenagem ao Papagaio Verde», Os Grão-Capitães.


Uma Sequência de Contos, Lisboa, Edições 70, 1976

Responde, de forma completa e bem estruturada, aos itens que se seguem.


30
1. Indica a razão pela qual o «Papagaio» (linha 1) passa a chamar-se «Papagaio Verde» (linha 3). (2+3=5 pt)
2. Nas linhas 10 a 12, o narrador afirma que, na sua memória, a imagem do Papagaio Cinzento «viera sobrepor-se» à
imagem do Papagaio Verde como «uma sombra, um apagado duplo». Explica o sentido destas palavras do narrador.
(2+3=5 pt)

3. Explicita o contraste que se estabelece entre os dois papagaios, considerando o modo como se relacionam com as
pessoas. Justifica a tua resposta com duas expressões do texto que evidenciem esse contraste. (2+3=5 pt)

4. Indica de que modo se manifesta o «crescente pessimismo» (linha 21) do Papagaio Verde. (2+3=5 pt)

5. Explica o sentido que «psitacose» (linha 27) tinha para o narrador, em criança, referindo a sua opinião em relação aos
adultos. (2+3=5 pt)

1
negativo – imagem inversa, na qual as partes luminosas estão representadas por manchas escuras e vice-versa
2
resmonear – resmungar
3
adejada revoada – forte bater de asas
4
cerce – rente
5
veemente – intensa
6
solicitude – cuidado; zelo
7
clausura – condição ou estado de quem está encerrado
8
axiomas – verdades evidentes e inquestionáveis
9
psitacose – doença que afeta predominantemente certas aves, como os papagaios, e que pode transmitir-se ao homem
10
crónica – persistente; de longa duração.
6. “É evidente a preferência do narrador pelo Papagaio Verde”.
6.1. Apresenta dois argumentos a favor desta opinião. Ilustra cada argumento com uma expressão retirada do texto.
(2+3=5 pt)

GRUPO III – Gramática (30 pontos)


1. Completa cada uma das frases seguintes com a forma verbal adequada de acordo com o verbo apresentado entre
parênteses, no tempo e no modo indicados. (1x4=4 pt)

1.1 Pretérito imperfeito do indicativo


Antes de partirmos, eu e os meus amigos __________ (colocar) sempre uma máquina fotográfica na mochila.

1.2 Pretérito perfeito composto do indicativo


Ultimamente, __________ (vir) a público muitas notícias sobre a exploração espacial.

1.3 Presente do conjuntivo


Interessam-me todos os livros de viagens que __________ (conter) sugestões de rotas exóticas.

1.4 Pretérito imperfeito do conjuntivo


Oxalá tu __________ (poder) viajar connosco nas férias de verão.

2. Classifica sintaticamente os elementos sublinhados nas frases seguintes. (1,4x7=9,8pt)


2.1. “Parecia-me, porque falava, um ser maravilhoso”
2.2. “Na da sala de jantar, a que era mais próxima da rua, vivia o Papagaio Cinzento”.
2.3. O Papagaio verde viu-me.
2.4. O menino, zangado, saiu de casa a correr.

3. Lê as frases seguintes e reescreva-as, substituindo a expressão sublinhada pela forma adequada do pronome pessoal.
Faz apenas as alterações necessárias. (1x4=4 pt)
3.1. Pus as bagagens no porão.
3.2. O menino comprará um papagaio verde.
3.3. O rapaz teria desobedecido à sua mãe.
3.4. As criadas alimentavam os papagaios.

4. Divide e classifica as orações nas seguintes frases. (2,5x4=10 pt)


4.1. Logo que chegou a casa, o menino viu o papagaio doente.
4.2. O menino via o papagaio verde como se fosse um amigo.
4.3. O menino comprou uma gaiola nova para meter o papagaio.
4.4. “Parecia-me, porque falava, um ser maravilhoso”.

5. Indica a relação semântica existente entre as seguintes palavras: (1,1x2=2,2 pt)


5.1. Ave/Papagaio
5.2. Papagaio/asas
GRUPO IV– Expressão Escrita (30 pontos)
1. As relações de amizade são muito importantes na vida dos jovens.
Escreve um texto, que pudesse ser divulgado num jornal escolar, no qual exponhas a tua opinião quanto a este assunto,
apresentando opiniões justificadas e experiências pessoais ou situações de que tenhas conhecimento. O teu texto deve
ter um mínimo de 140 e um máximo de 180 palavras e deve estar dividido nas três secções habituais.

Observações relativas ao Grupo III:


1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco, mesmo quando esta integre elementos
ligados por hífen (Ex.: /di-lo-ei/). Qualquer número conta como uma única palavra, independentemente dos algarismos que o constituam (Ex.:
/2016/).
2. Relativamente ao desvio dos limites de extensão indicados – um mínimo de 140 e um máximo de 180 palavras –, há que atender que a um texto
com extensão inferior a 60 palavras é atribuída a classificação de 0 (zero) pontos e que, nos outros casos, um desvio dos limites de extensão
requeridos implica uma desvalorização parcial (até três pontos) do texto produzido.

Você também pode gostar