Biofísica (Sebenta FCUP) PDF
Biofísica (Sebenta FCUP) PDF
Biofísica (Sebenta FCUP) PDF
Placa
fotográfica
X X X
X X X
Fonte
X
X
X
iónica
!
Selecção
de
X
X
X
velocidades
X
X
X
!!⃗
!
!
!!⃗
!
X X X
! ! X X X
!
X
X
X
!!
!⃗
Ecrã
Placas
condutoras:
Fluorescente
diferença
de
potencial
=
!
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
vão
dar
origem
aos
protões
e
aos
neutrões
Transições
de
fase:
O
esquema
apresentado
não
é
mais
do
que
uma
sucessão
de
transições
de
fase
em
que
são
as
primeiras
“verdadeiras”
partículas
que
cada
diminuição
da
temperatura
há
que
aparecem
no
Universo.
Portanto
há
uma
possibilidade
de
se
dar
origem
a
novas
partículas.
primeira
transição
de
fase
em
que
se
vem
de
um
Universo
de
apenas
energia
e
se
passa
para
um
Universo
de
matéria,
“coisas”
com
massa,
sólidas,
que
são
os
primeiros
“grãos”
de
partículas
que
se
formam
a
temperaturas
na
ordem
dos
milhares
de
milhões
de
graus
Célsius.
Mais
tarde,
com
a
continuação
do
abaixamento
da
temperatura,
estas
partículas
começam
a
juntar-‐se
e
a
formar
os
núcleos
dos
átomos
que
hoje
se
conhecem.
Esta
é
a
segunda
transição
de
fase
que
culmina
com
a
formação
de
núcleos.
A
temperatura
do
Sol
é
muito
menor
o
que
esta
temperatura:
cerca
de
6.000°C.
1
2
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
No
centro
do
Sol,
os
únicos
elementos
que
existem
são
o
hidrogénio
(!! )
e
o
hélio
(!")
devido
às
tão
elevadas
temperaturas
que
ali
se
fazem
sentir.
Estas
temperaturas
impossibilitaram
os
átomos
de
!!
(que
só
têm
um
protão)
e
os
átomos
de
!"
(que
têm
dois
protões
e
dois
neutrões)
de
se
condensarem
para
originar
átomos
maiores.
Assim,
só
após
as
temperaturas
descerem
abaixo
das
temperaturas
do
Sol,
pôde-‐se
começar
a
juntar
electrões
e
núcleos,
originando
plasma.
Os
átomos
aparecem
a
temperaturas
mais
baixas
em
relação
aquelas
em
que
electrões
andavam
a
“passear”
desligados
dos
átomos.
Após
a
formação
dos
átomos
puderam-‐se
formar
micro-‐moléculas
e
daqui
outras
moléculas.
Na
formação
do
planeta
Terra
(e
possivelmente
daquilo
que
será
vida),
o
grande
conceito
que
é
essencial
perceber
é
o
de
condensação
através
de
transições
de
fase
que
acontecem
à
medida
que
no
Universo
vai
baixando
a
temperatura.
Sem
transições
de
fase,
nunca
haveria
nem
átomos,
nem
moléculas
nem
a
possibilidade
de
novas
moléculas
se
juntarem
e
originarem
estruturas
mais
complexas
(como
o
DNA,
células,
tecidos,
os
organismos
com
vida
que
se
conhecem).
Portanto,
nada
do
que
existe
hoje
existiria
se
não
houvesse
durante
15
mil
milhões
de
anos
uma
sucessão
de
transições
de
fase
que
permitissem
às
partículas
mais
simples
e
elementares
juntarem-‐se
para
formarem
estruturas
cada
vez
mais
complexas
e
mais
condensadas.
Sem
transições
de
fase,
nunca
se
poderia
ter
chegado
à
criação
dos
elementos
da
Tabela
Periódica,
a
qual
identifica
os
elementos
que
parecem
estar
envolvidos
na
vida.
Há
elementos
que
são
fundamentais
para
a
vida,
existindo
em
maiores
quantidades,
como
o
hidrogénio
(!),
o
sódio
(!"),
o
potássio
(!),
o
cálcio
(!"),
azoto
(!),
carbono
(!)
oxigénio
(!),
enxofre
(!),
etc.
Outros
elementos,
que
se
sabe,
serem
essenciais,
estão
presentes
em
quantidades
muito
reduzidas:
ferro
(!"),
cobre
(!"),
crómio
(!"),
níquel
(!"),
zinco
(!"),
selénio
(!"),
iodo
(!)
etc.
Outros
há
que
não
se
sabe
ao
certo
se
fazem
ou
não
parte
da
vida
e
se
lhe
são
ou
não
fundamentais
como
o
brómio
(!"),
arsénio
(!")
e
o
estanho
(!").
Todos
os
elementos
que
aparecem
na
Tabela
Periódica
só
apareceram
após
a
temperatura
ter
baixado
bastante,
possibilitando
mesmo
o
aparecimento
dos
planetas.
Mesmo
os
próprios
planetas
têm
uma
constituição
“invulgar”.
3
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
Simbiose
Vida:
→ Energia solar;
→ H2O
→ CO2
4
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
Uma
lâmpada,
por
exemplo,
de
20!
quer
dizer
que
consome
e
produz
20
joule
de
energia
por
segundo.
Um
ser
humano
que
pese
80!"
é
o
equivalente
a
uma
lâmpada
de
cerca
de
80w
(este
valor
aumenta
em
exercício)
sendo
por
isso
que
numa
sala
fechada
com
várias
pessoas,
a
temperatura
sobe.
80! = 80!. ! !!
→
1!". !!! .
Uma
criança
de
3
anos
pode
chegar
aos
3!". !!!
enquanto
o
Sol
apenas
consegue
chegar
aos…
20
nano
watt
por
grama
(1nano=10-‐9).
Isto
significa
que
um
ser
humano
produz
centenas
de
milhões
de
vezes
mais
energia
do
que
aquela
que
é
produzida
no
Sol
(certas
bactérias
podem
chegar
a
produzir
cerca
de
100w.g-‐1).
Resumindo,
foi
esta
simbiose
–
entre
um
planeta
que
fornece
energia
(Sol)
e
outro
capaz
de
a
captar
e
a
utilizar
energia
(Terra)
–
que
possibilitou
ao
planeta
Terra
ter
vida.
A
simbiose
tem
a
ver
com
o
facto
de
haver
uma
separação
de
funções:
uma
fonte
de
energia
(Sol),
e
uma
estrutura
(Terra)
na
qual
foi
possível
haver
condensação
sucessiva
de,
primeiro,
protões
e
neutrões,
mais
tarde
de
átomos,
e
depois
de
moléculas
e
microestruturas
de
várias
dimensões.
Mas
como
é
que
esta
energia
se
recebe
todos
os
dias?
• Metade
é
reflectida:
através
de
satélites
que
mostram
imagem
da
Terra
pode-‐
se
observar
que
esta
está
coberta
de
grandes
zonas
com
nuvens
brancas
que
reflectem
o
sol.
• Área
dos
continentes
é
de
¼
do
total
dos
planetas
• Fotossíntese:
6%
eficiente:
a
fotossíntese
é
o
principal
mecanismo
de
conversão
do
anidrido
carbónico
da
água
em
amido
(açúcar):
CO! + H! O + E!"#$% →
CH! O + O!
bem
como
CH! O + O! → Eú!"# CO! + H! O
sendo
muito
ineficiente;
este
é
um
dos
grandes
desafios
da
comunidade
científica:
aumentar
a
eficiência
da
fotossíntese.
Só
6%
da
energia
recebida
pelas
plantas
é
reflectida
em
material
vivo.
Unidade
de
produção
de
energia
por
unidade
de
tempo.
4
5
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
Mas,
à
medida
que
se
deixa
de
ser
vegetariano,
a
água
para
irrigação
diminui
e
os
solos
deixam
de
produzir
tanto,
entra-‐se
em
situação
de
insustentabilidade.
São
necessárias
quase
vinte
vezes
mais
calorias
para
produzir
1!"
de
carne
de
porco
do
que
para
produzir
1!" de
milho
ou
trigo.
Isto
significa
que,
se
a
pouco
e
pouco
a
população
do
Planeta
se
vai
tornando
mais
omnívora
e
se
ainda
por
cima
se
assumir
que
a
água
usada
para
a
irrigação
está
a
diminuir
(há
países
que
têm
falta
de
água
e
são
precisamente
esses
que
estão
mais
rapidamente
a
aumentar
a
sua
população)
tudo
leva
a
que
os
solos
deixem
de
produzir
tanto
entrando-‐se
numa
situação
de
insustentabilidade.
Os
portugueses
são
o
quarto
país
mundial
que
mais
calorias
consome
per
capita.
5
6
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
7
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
8
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
O
ciclo
de
Calvin
mostra,
então,
o
!"!
a
ser
convertido
em
glicose
ou
amido,
mas
também
mostra
que
produz,
no
mesmo
processo,
uma
quantidade
enorme
de
energia
reservada
e
acumulada
(!"#, !"#$
e
!"#).
Para
fixar
3
átomos
de
!
que
estão
em
3
moléculas
de
!"!
são
necessários
9 !"# + 6
!"#$%.
Como
é
que
na
fotossíntese
é
feito
o
processo
de
produção
do
!"#$%
e
de
!"#?
Este
processo
de
fixação
do
carbono
requer
energia.
Ao
contrário
do
que
possa
parecer,
este
ciclo
não
necessita
de
luz
uma
vez
que
a
energia
necessária
provém
da
partir
da
energia
armazenada.
Para
reduzir
um
!"#$ !
a
!"#$%
são
necessários
dois
electrões.
Para
reduzir
esta
grande
quantidade
de
moléculas
redutoras
(são
moléculas
que
contêm
e
fornecem
electrões)
é
necessário
que
elas,
atempadamente,
sejam
reduzidas
e
ao
produzir
!"#$%
tem
de
se
ir
buscar
electrões
à
!! !.
Durante
este
processo
da
fixação
do
carbono,
vão-‐se
produzindo
grandes
quantidades
de
!"#$%
tendo
de
ir
buscar
electrões
a
outro
local
para
que
possam
fazer
a
conversão
do
!"#$ !
em
!"#$%;
estes
electrões
virão
da
água:
!"#$ ! + ! ! + 2! ! → !"#$%
Átomos
de
um
elemento
químico
cujos
núcleos
têm
o
mesmo
número
atómico
mas
diferentes
massas
atómicas.
6
7
O
objectivo
é
que
ele
não
altere
características
elementares;
continue
a
ser
carbono
e
a
ter
as
suas
propriedades,
mas
passando
a
ser
radioactivo
e,
como
tal,
poder-‐se
ver
onde
entrou
na
célula,
em
que
sítio
da
célula
está
a
ser
convertido,
todos
os
seus
intermediários,
e
saber
onde
sai.
9
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
O
esquema
só
transporta
só
representa
a
parte
electrões
transporta
hidrogénio
interna
e
a
parte
externa
de
uma
das
membranas
do
Membrana
do
tilacoide
do
cloroplasto
tilacoide;
tem
lípidos
e
péptidos
que
são
transportadores
de
electrões
seguidos
de
a
água
é
partida
Cargas
positivas
(muito
importante
transportadores
de
para
produzir
ATP)
+ -‐
H
=
H
+
e
hidrogénios,
seguidos
de
transportadores
de
electrões.
Um
transportador
de
hidrogénio
não
é
mais
do
que
um
transportador
de
um
protão
mais
um
electrão.
Na
membrana
há
uma
parte
que
só
transporta
electrões
e
outra
parte
que
só
transporta
hidrogénio
“inteiros”.
O
lúmen
é
a
parte
do
interior
dos
“folhos”,
enquanto
a
parte
de
cima
representa
a
parte
exterior
da
membrana
interna.
Embora
o
cloroplasto
e
a
mitocôndria
sejam
muito
semelhantes
o
primeiro
tem
dois
centros:
fotossistema
II
e
fotossistema
I.
São
dois
grandes
complexos
que
absorvem
a
luz
solar.
O
fotossistema
II
é
responsável
pela
quebra
da
!! !
e
sua
passagem
a
O2:
retiram-‐se
da
água
dois
electrões
que
são
transportados
ao
longo
de
uma
série
de
proteínas,
existentes
no
tilacoide,
que
os
vai
levar
a
um
receptor
que
oxida
o
!"#$ !
em
!"#$%.
Para
os
electrões
que
vêm
da
!! !
chegarem
ao
!"#$ !
para
produzir
!"#$%,
eles
têm
que
voltar
à
parte
interna
da
membrana
para
serem
novamente
estimulados,
para
que
a
sua
energia
os
possa
fazer
“subir”
em
direcção
ao
!"#$ ! .
Como
é
normal,
a
não
ser
que
sejam
estimulados
ao
contrário,
os
electrões
“querem
ir”
de
um
local
muito
reduzido
para
um
local
oxidado:
à
partida,
eles
iriam
de
baixo
para
cima
(na
figura);
para
fazer
o
trajecto
inverso,
eles
precisam
de
um
“estímulo”
(energia)
8.
Na
figura,
na
seta
para
baixo,
não
há
transportadores
de
electrões,
apenas
de
hidrogénios;
para
os
electrões
voltarem
para
o
interior
têm
que
ir
buscar
protões
à
!! !
que
ao
combinar-‐se
os
fazer
combinar
com
os
electrões
produzem
hidrogénio
e
assim
possam
ser
transportados
para
o
lúmen.
Ao
chegar
ao
fotossistema !,
há
novamente
incidência
de
luz
que
faz
com
que
o
átomo
de
hidrogénio
se
parta,
deite
para
fora
o
protão
e
que
o
electrão
suba
fazendo
com
que
o
!"#$ !
se
reduza
a
!"#$%.
O
fotão
não
tem
carga,
apenas
energia.
8
10
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
Para
partir
duas
moléculas
de
água,
que
são
necessárias
para
produzir
uma
molécula
de
oxigénio,
são
necessários
quatro
fotões
(luz
azul
avermelhada)
a
incidirem
no
fotossistema
II.
2!! ! → 4! ! + 4! ! + !!
São necessários quatro “pacotes” de energia (4 fotões de luz) para partir a água.
Para
que
os
quatro
electrões
que
saíram
do
fotossistema
!!
consigam
chegar
a
produzir
o
!"#$%
são
necessários
4
fotões
incidentes
no
fotossistema
!.
Uma
vez
que
a
luz
incidente
11
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
Na
condensação
de
uma
molécula
com
três
carbonos
(3!),
com
8
fotões
consegue-‐se
produzir
2 !"#
e
2
!"#$%.
24
fotões
é
quase
tudo
o
que
é
necessário
para
a
condensação
do
!"! ;
ficam
a
faltar
apenas
3!"#!
Através
do
fotossistema
!
a
planta
vai
usar
as
proteínas
que
transportam
os
electrões
e
os
protões:
continua-‐se
a
ter
energia,
uma
vez
que
o
electrão
está
a
ser
“empurrado”
para
uma
área
negativa
trazendo
hidrogénio9
para
o
interior
(por
cada
ciclo
traz
1!).
Assim,
só
são
necessários
mais
2
protões
que
virão
da
ATP
sintetase
para
produzir
1
ATP.
Como
faltam
3!"#,
são
necessários
6
fotões
adicionais,
incidente
só
no
fotossistema
!
para
que
seja
possível
produzir
os
3
!"#.
A
planta
absorve
a
luz
dos
fotões
para
produzir
a
energia
necessária,
armazenando-‐a
sob
a
forma
mais
permanente
–
glicose.
Assim,
para
condensar
três
carbonos,
são
necessários
30
fotões.
30
fotões
produzem
9
ATP
+ 6
NADPH
Mas
qual
é
a
quantidade
de
energia
de
luz
necessária
para
armazenar
uma
certa
energia
de
alimentação
–
eficiência
da
fotossíntese?
9
Um
átomo
de
hidrogénio
é
composto
por
um
protão
mais
um
electrão,
sendo
por
isso
que
é
neutro.
Na
figura,
um
das
linhas
só
transporta
protão,
a
outra
(para
cima)
só
transporta
electrão.
10
Pretende-‐se
saber
qual
a
quantidade
de
energia
de
luz
necessária
para
armazenar
uma
certa
quantidade
de
energia
de
alimentação
–
eficiência
da
fotossíntese.
12
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
ℎ! ≅ 3×10!!" ! (11)
Mas
apenas
40%
da
energia
luminosa
incidente
é
que
é
azul
+
vermelha.
Para
produzir
!",!
uma
mole
de
glucose
(2,8!"
energia
livre)
são
necessários
= 27!"
de
luz.
!,!
Na
melhor
das
hipóteses,
se
toda
a
energia
fosse
convertida,
apenas
11%
seria
utilizada
na
fotossíntese.
Multiplicar
3x10
por
6,02
×
10
(número
de
Avogadro).
11 -‐19 23
13
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
!"# e !"#$%
Outros
processos
Como
é
que
a
energia
(!"#)
que
foi
armazenada
sob
a
forma
de
açúcar
e
amido
é
convertida,
nos
animais
(que
não
têm
fotossíntese),
em
alimentação?
A
membrana
interna
da
Contém
mitocôndria
contém
uma
série
muito
!"
Molécula
de
proteínas
(péptidos)
que
altamente
redutora
têm
uma
função
semelhante
às
da
fotossíntese,
com
a
diferença
de
que
actuam
de
forma
inversa:
na
mitocôndria
há
um
sistema
de
transporte
de
átomos
de
hidrogénio
seguido
de
transporte
de
electrões,
seguido
de
hidrogénio
etc.,
até
chegar
à
formação
de
água12.
Cada
uma
das
setas
(do
interior
da
membrana)
corresponde
uma
série
de
proteínas
que
são
transportadoras,
como
que
“carroças”,
que
transportam
os
electrões
(de
cima
para
baixo)
e
hidrogénios
(de
baixo
para
cima).
Os
transportadores
de
electrões
são
proteínas
que
têm
!"
ou
!"
os
quais
podem
aceitar
e
doar
electrões.
Quando
se
tem
uma
cadeia
de
átomos
de
!",
estes
vão
receber
um
electrão
e
passar
de
!" !!
a
!" !! ,
doando-‐o
ao
átomo
seguinte,
que
também
o
transfere.
Há
um
número
superior
destes
“vaivéns”:
na
fotossíntese
era
apenas
um
e
meio.
12
14
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
13
Daqui
vem
o
nome
de
cadeia
respiratória.
Em
termos
fisiológicos,
respirar
é
isto
mesmo:
o
O2
receber
os
electrões
e
os
protões
com
formação
de
H2O.
Portanto,
a
respiração,
em
sentido
restrito,
é
um
processo
que
se
passa
nas
células
e
não
nos
pulmões:
nos
pulmões
ventila-‐se
ar
e
difundem-‐se
gases,
para
possibilitar
a
entrada
de
O2
no
sangue,
de
modo
que
ele
alcance
todas
as
células
e
assim
se
possibilite
a
respiração
celular.
15
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
16
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
Nota:
Mas
como
é
que
se
conserva
energia
elástica
para
produzir
!"#?
O
! ! ,
ao
passar,
faz
com
que
a
“bola”
(!! )
gire
a
alta
velocidade,
no
entanto
não
se
sabe
como
se
conserva
energia
elástica
para
produzir
!"#.
Para
mostrar
este
processo,
foi
necessário
isolar
a
proteína
inteira,
ligando
o
!!
a
uma
lâmina
do
microscópio
e
ao
ligar
ao
!!
um
filamento
proteico
de
actina,
de
forma
a
fornecer
!"#,
tendo
ela
começado
a
girar.
Este
processo
mostra
que
com
o
consumo
de
!!
se
constrói
um
gradiente
de
protões
com
o
qual
se
produz
!"#:
consumo
de
!!
→
produção
de
!"#.
17
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
Esta
teoria
é
composta
por
três
ideias/condições
chave:
(a)
haver
um
mecanismo
de
bombeamento
dos
! !
(da
respiração),
(b)
mecanismo
capaz
de
mantê-‐los
durante
um
certo
tempo
em
gradiente
(membrana
interna
da
mitocôndria)
e
(c)
haver
na
membrana
interna
uma
proteína
(!"#sintetase)
capaz
de
usar
os
! !
para
produzir
!"#.
Todo
o
!"#
está
a
ser
“fabricado”
no
interior
da
mitocôndria
onde
ele
não
é
utilizado;
ele
apenas
é
usado
fora
da
mitocôndria,
na
célula.
Cerca
de
2/3
de
todo
o
!"#
é
utilizado
para
manter
o
gradiente
!" ! − ! ! ;
este
gradiente
ocorre
na
célula,
fora
da
mitocôndria,
portanto
tem
de
haver
um
outro
processo
mediante
o
qual,
quando
o
!"#
sai,
entre
!"#.
Esta
é
a
forma
pela
qual
o
!"#
é
produzido
e
depois
é
posto
no
local
onde
vai
ser
utilizado.
Como
há
muito
!"#
que
está
a
ser
produzido
dentro
da
mitocôndria
e
ele
é
usado
fora
da
mitocôndria,
há
uma
outra
proteína
que
troca
o
!"#
por
!"#
(necessário
para
formar
!"#
dentro
da
mitocôndria).
Sendo
o
gradiente
de
protões
uma
forma
de
armazenar
energia,
primeiro
têm
de
ser
bombeados
para
fora
e
depois
usados
para
produzir
outra
forma
de
energia.
Isto
serve
para
conservar
e
produzir
energia
dentro
das
células.
Na
realidade,
a
!"#sintetase
não
só
produz
!"#
usando
gradiente
de
protões,
como
pode
também
faz
o
processo
inverso:
hidrolisar
o
!"#
e
troca
sódio
por
potássio.
Ao
serem
bombeados
! !
para
fora
cria-‐se
um
gradiente
(Δµμ):
∆!
por
um
lado
eléctrico
(∆ψ)
em
que
há
mais
cargas
positivas
fora
do
que
dentro,
e
ao
mesmo
tempo
cria-‐se
um
gradiente
de
∆!
∆pH
(carga)
(concentração)
concentração
(Δ!")
que
apenas
está
relacionado
com
os
gradientes
de
!".;
ao
serem
bombeados
! !
para
fora,
o
exterior
fica
mais
acídico
e
o
interior
mais
básico.
Nota:
Dizer
que
há
um
gradiente
eléctrico
e
um
gradiente
de
!"
parece
uma
redundância,
mas
não:
pode-‐se
juntar
um
ácido
a
uma
solução,
mas
se
a
solução
estiver
muito
bem
tamponada14
o
!" não
se
altera
(muito).
Como
as
mitocôndrias
estão
muito
bem
tamponadas,
o
gradiente
principal
(Δµμ)
é
quase
só
constituído
pelo
gradiente
eléctrico
(Δψ)
uma
vez
que
o
gradiente
de
!"
(Δ!")
não
tem
significado
relevante.
No
cloroplasto
acontece
o
inverso:
está
muito
pouco
tamponado
e
portanto
basta
que
muito
poucos
protões
passem
de
um
para
o
outro
lado
para
se
criar
um
elevado
gradiente
de
!"
(!"#).
14
O
tampão
da
solução
permite
que
se
junte
um
acido
sem
alteração
substancial
do
!";
portanto,
o
nível
de
!"
depende
do
nível
de
tamponamento
do
meio.
18
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
Na
realidade,
não
está
correcto
dizer-‐se
que
o
gradiente
eléctrico
é
de
dentro
para
fora
nem
o
inverso
uma
vez
que
o
gradiente,
por
definição,
é
uma
diferença
de
cargas.
O
que
se
pode
dizer
é
que
está
menos
positivo
fora
do
que
dentro.
O
que
se
afecta
é
o
gradiente
eléctrico.
No
gráfico
anterior,
o
que
está
representado
é
que
no
Δµμ
há
uma
parte
que
é
carga
e
uma
parte
que
é
!".
O
!"#$
tem
algumas
semelhanças
com
o
!"#$
embora
entre
eles
haja
uma
diferença
chave:
enquanto
o
!"#$
entra
no
princípio
da
cadeia
de
transporte
de
electrões,
o
!"#$
entra
mais
à
frente.
Isto
vai
fazer
com
que
por
cada
!"#$
que
é
oxidado
apenas
2! !
são
bombeados,
ao
passo
que
quando
o
!"#$
é
oxidado
3! !
são
bombeados.
A
sua
utilização
depende
das
necessidades
energéticas
da
célula.
O
mecanismo
subjacente
aos
dois
é
precisamente
o
mesmo.
Na cadeia respiratória:
• Por
cada
electrão
que
vai
do
!"#$
ao
!!
são
bombeados
3! !
(protões)
(no
caso
de
serem
!"#$
são
apenas
2! ! );
• Para
reduzir
o
!!
a
!! !
são
necessários
4
electrões
(era
o
que
acontecia
na
fotossíntese:
para
partir
a
!! !
em
!!
eram
também
libertados
4
electrões);
• Se
forem
necessários
2! !
para
sintetizar
!"#,
por
cada
molécula
de
!!
consumida
(consome-‐se
2
!"#$)
são
produzidos
6
!"#.
Glicólise
2
piruvatos
1
glucose
2
!"#$
(citosol)
2
!"#
A
glucose,
ao
ser
consumida
na
glicólise,
produz
2
piruvatos,
2
!"#$
e
2
!"# 15;
este
é
um
processo
muito
pouco
eficiente.
1 !"#$! → 2 !"#
Na
verdade
são
produzidos
4
!"#,
no
entanto
dois
deles
foram
utilizados
na
primeira
fase
da
glicólise
(fase
de
activação).
15
19
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
Daqui
se
pode
ver
com
clareza
a
simbiose
que
há
nos
sistemas
vivos:
se
não
houvesse
mitocôndrias,
a
quantidade
de
energia
(!"#)
formada
seria
diminuta;
havendo
mitocôndrias16,
há
degradação
de
uma
molécula
de
glucose
formando
36
a
38
!"#.
Sistema
reversível
!"#$ Respiração
!!
Transporte
Calor
∆!
de
iões
!"# + !" ↔ !"#
16
As
únicas
células
do
corpo
que
não
tem
mitocôndrias
são
os
eritrócitos;
não
necessitam
delas
uma
vez
que
praticamente
não
têm
função
do
ponto
de
vista
metabólico;
apenas
transportam
o
!!
e
carregam
o
bicarbonato.
Não
têm
nenhuma
função
de
síntese
nem
de
reparação,
não
necessitando
por
isso
de
mitocôndrias;
por
isto
têm
tempos
de
semi-‐vida
muito
curtos.
Gradiente
de
protões:
∆! = ∆! + Δ!".
17
20
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
do
ião
!").
Além
disso,
as
mitocôndrias
do
tecido
adiposo
produzem
também
calor:
o
gradiente
eléctrico
pode
ser
usado
para
dissipar
o
calor
produzido.
Portanto,
na
mitocôndria,
ao
ser
consumido
!"#$
(a)
pode
ser
produzido
!"#,
(b)
podem
ser
armazenados
iões,
ou
(c)
pode
ser
produzido
calor,
dependendo
das
necessidades.
Como
se
pode
ver
pelo
esquema
anterior,
quase
todas
as
“operações”
são
reversíveis:
assim
como
se
pode
usar
o
gradiente
para
produzir
!"#,
também
se
pode
hidrolisar
o
!"#
para
produzir
um
gradiente
eléctrico
para
produzir
calor.
A
proposta
de
Mitchell
para
a
cadeia
de
transporte
de
electrões
já
previa
que
o
sistema
pudesse
andar
numa
ou
noutra
direcção
ainda
que
com
algumas
nuances:
não
se
pode
usar
calor
para
produzir
energia
nem
realizar
fotossíntese.
No
entanto,
tudo
o
resto
tem
duas
direcções.
21
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
ESCALAS
O
gráfico
mostra
que
diferentes
animais
com
pesos
diferentes
têm
diferentes
velocidades
metabólicas18:
quanto
maior
o
animal,
menor
a
energia
que
consume
por
unidade
de
peso
e
por
unidade
de
tempo.
Um
gráfico
semelhante
mostra
também
que
quanto
menor
for
a
taxa
metabólica
do
animal
maior
é
o
seu
tempo
médio
de
vida
(número
de
anos
que
vive).
Igualmente,
quanto
menor
for
a
quantidade
de
energia
(consumo
de
oxigénio)
que
esse
animal
consome
por
unidade
de
tempo
e
por
unidade
de
massa
(por
célula),
Tempo
médio
de
Vida
→
maior
será
o
número
médio
de
anos
de
vida.
Mas,
porque
é
que,
na
Natureza,
quanto
maior
é
o
animal
menos
oxigénio
esse
animal
consome
por
célula?
Quantidade
de
energia
que
consomem
por
unidade
de
tempo.
18
19
Há
diversos
exemplos
de
oxidações
na
Natureza:
o
vinho,
depois
de
aberto,
estraga-‐se,
uma
ponte
ao
fim
de
40
anos
precisa
ser
pintada
novamente
porque
enferruja,
etc.
22
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
• !" ∗ + ! ! + ! ! → !! !
O
primeiro
electrão
que
se
junta
ao
!!
produz
radical
peróxido
que
é
bastante
tóxico.
O
ser
humano
tem
uma
enzima
específica
para
combater
a
formação
do
radical
peróxido,
no
entanto
não
é
100%
eficiente
e
portanto
há
inevitavelmente
algum
que
circula,
que
escapa.
Se
a
este
for
juntado
um
segundo
electrão
e
se
se
for
buscar
dois
protões
(por
exemplo
à
água)
é
produzido
peróxido
de
hidrogénio;
juntando-‐se
a
este
um
terceiro
electrão
produz-‐se
a
espécie
mais
tóxica
que
se
conhece
na
oxidação
nos
seres
vivos:
o
radical
hidroxil.
Para
lutar
contra
isto,
as
células
do
corpo
humano
têm
grandes
quantidades,
particularmente
de
duas
enzimas:
uma
que
destrói
imediatamente
o
radical
peróxido
e
outra
para
destruir
o
peróxido
de
hidrogénio
com
vista
reduzir
o
mais
possível
a
hipótese
de
se
produzir
o
radical
hidroxil.
Na
mitocôndria,
no
fim
da
cadeia
de
transporte
de
electrões
(assim
como
há
no
início
da
fotossíntese
onde
o
!!
é
convertido
a
!! !)
há
um
sistema
complexo
que
faz
com
que
os
quatro
electrões
sejam
juntos
(ou
separados
no
caso
da
fotossíntese)
quase
de
uma
só
vez
ao
!!
para
produzir
!! !.
Assim,
a
formação
de
radicais
de
oxigénio
ocorre
ao
longo
da
cadeia
respiratória
onde
um
deles
é
apanhado
por
uma
molécula
de
oxigénio
que
se
converte
numa
das
três
espécies.
O
facto
de
consumir
menos
oxigénio
por
célula,
vivendo
em
média
mais
tempo,
é
devido
ao
facto
de
ter
menor
acumulação
de
danos
por
célula;
cada
uma
das
células
está
menos
exposta
a
processos
de
oxidação.
Há
seres
vivos
extremamente
pequenos
e
outros
extremamente
grandes:
no
primeiro
caso
está
por
exemplo
o
micoplasma
com
um
peso
na
ordem
dos
1x10-‐3g
e
no
segundo
caso
a
baleia
azul
com
cerca
de
1x108g.
Entre
estes
dois
há
21
escalas
de
grandeza.
Ao
comparar
dimensões
–
relação
entre
volume
e
dimensões
lineares
–
obtém-‐se
que,
quando
uma
dimensão
linear
aumenta
para
o
dobro,
o
seu
volume
será
elevado
à
potência
três
(! ! )
enquanto
a
sua
23
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
área
de
superfície
será
proporcional
ao
quadrado
do
volume
(! ! ).
Imaginando
um
cubo
com
lado
!,
a
sua
superfície
será
6! !
e
portanto
a
superfície
será
proporcional
às
dimensões
lineares
do
quadrado
do
cubo
em
questão.
Em
relação
ao
volume,
este
é
proporcional
a
! ! .
Pode-‐se
concluir
então
que
há
relações
entre
as
dimensões
lineares
e
as
dimensões
de
superfície
e
volume
dos
corpos
em
geral.
Nos
seres
vivos
passa-‐se
o
mesmo.
Isto
é
comprovado
com
a
utilização
de
uma
transformação
matemática,
! = !×!!
em
que
!
refere-‐se
ao
volume
e
!
à
dimensão
linear;
no
entanto,
por
esta
curva
não
se
! !
consegue
determinar
qual
é
a
relação:
se
é
! ! ,
! ! ,
! ! ,
etc.
[na Natureza, a maioria dos animais não tem uma massa proporcional à superfície tão linear]
Massa
!
é
proporcional,
! ! ! !
! !
! ! (!) ! → ! = !! !
ou
!
! ! ! !
24
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
A
massa
!
é
proporcional
a
! !
e
!
é
proporcional
a
! !
e
por
sua
vez
!
!
(superfície)
é
proporcional
a
! ! .
! ! ! !
!
• !"# ! ! 3 !"# ! ! ! ! ! !
!
• !"# ! ! !"# !
!
! “proporcional”
• ! ! (!) ! [em que 2 3 é o declive, inclinação, da recta)
20 21
Produção
=
perda
de
calor
!
!
[superfície]
O
consumo
de
!!
e
a
perda
de
calor
não
são
proporcionais
ao
número
de
células
que
o
ser
vivo
tem
(volume)
mas
sim
à
área
exposta
por
essas
células
e
é
por
isso
que
quanto
maior
for
o
volume,
como
a
superfície
cresce
mais
devagar,
a
quantidade
de
calor
produzida
por
cada
célula
é
cada
vez
mais
pequena,
logo
os
animais
vivem
mais
tempo.
Por
isso,
!
Produção
de
calor
!
! !
20
Para
animais
homeotérmicos
a
relação
perda
e
produção
de
calor
é
semelhante;
a
variabilidade
da
temperatura
para
estes
animais
é
muito
pequena.
21
Um
ser
vivo
perde
calor
através
da
pele,
ou
seja,
tem
de
ser
proporcional
à
superfície
corporal
desse
animal
(perda
de
calor
por
irradiação).
25
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
Resumindo,
sendo
a
pele
o
único
local
pelo
qual
o
corpo
perde
calor,
esta
perda
tem
de
ser
proporcional
à
superfície
e,
portanto,
para
não
se
alterar
a
temperatura
interna
(em
animais
homeotérmicos)
a
produção
de
calor
tem
de
ser
proporcional
à
superfície
e
não
ao
volume
(número
total
de
células).
Para
o
consumo
de
!! ,
tendo
este
a
ver
com
a
produção
de
calor,
não
se
podendo
alterar
a
temperatura,
a
velocidade
de
perda
de
calor
tem
de
ser
igual
à
velocidade
de
produção
de
calor;
como
esta
é
proporcional
à
superfície,
o
consumo
vai
ser
proporcional
à
superfície,
caso
contrário,
aumentar-‐se-‐ia
a
temperatura.
Apesar
de
ser
contra-‐intuitivo
(o
facto
de
100
células
não
consumirem
100x
mais
do
que
1
célula),
é
explicado
pelo
facto
de
quanto
maior
for
o
número
total
de
células,
menos
oxigénio
cada
uma
delas
produz
e
portanto,
nos
animais
muito
grandes,
como
cada
célula
está
sempre
a
produzir
um
pouco
menos
de
!! ,
há
menor
acúmulo
de
danos
e
portanto
vivem
mais
tempo.
À
medida
que
as
células
se
acumulam
num
volume
maior,
para
manter
a
sua
temperatura,
a
sua
produção
de
calor
por
cada
célula
diminui
logo,
o
consumo
de
!!
decresce
uma
vez
que
o
consumo
de
comida
tende
a
diminuir
portanto,
em
termos
de
número
de
seres
vivos
que
o
sistema
ecológico
consegue
manter,
quanto
maior
o
animal
mais
come,
mas,
proporcionalmente
ao
seu
tamanho,
come
menos
do
que
um
animal
mais
pequeno.
26
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
Por
exemplo,
um
colibri22
tem
um
movimento
de
asas
tão
rápido
que
quase
não
se
vêem
à
vista
desarmada;
além
disso,
voa
a
grande
velocidade.
Deste
modo,
ele
tem
de
estar
continuamente
a
sugar
o
néctar
das
folhas
para
ter
energia
suficiente
para
manter
a
velocidade
de
consumo
de
!!
por
unidade
de
célula,
que
é
muito
elevado.
Logo,
vai
ter
um
tempo
médio
de
vida
muito
pequeno.
Nota:
À
medida
que
os
animais
aumentam
de
tamanho,
o
número
de
células
diferentes
que
são
necessárias
no
organismo
aumenta
também
de
forma
relativamente
constante;
uma
baleia,
por
exemplo,
tem
muitas
mais
células
diferentes
do
que
uma
lagarta
ou
do
que
um
gafanhoto.
Há
especialização
das
células,
a
qual
está
relacionada
com
a
complexidade
que
vai
também
aumentando
de
animal
para
animal.
Ave
normalmente
presente
nos
trópicos.
22
23
Antigamente,
quando
os
bebés
nasciam
prematuros
e
não
tinham
os
pulmões
bem
desenvolvidos,
eram
postos
em
câmaras
onde
a
concentração
de
O2
era
muito
elevada;
veio-‐se
a
perceber
que
isso
era
uma
forma
de
manter
o
bebé
vivo,
porque
o
seu
pulmão
não
estava
muito
desenvolvido,
mas
tinha
um
preço
muito
alto:
alguns
dos
sistemas
dos
sentidos
não
se
desenvolviam
de
forma
correcta:
alguns
bebés,
depois
desse
tipo
de
tratamento,
ficavam
cegos,
uma
vez
que
a
retina
do
olho,
ao
desenvolver
concentrações
muito
alta
de
O2,
era
destruída.
27
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
Não
se
sabe
se
foram
as
enzimas
que
se
adaptaram
aos
37℃
ou
se
foram
os
37℃
que
levaram
as
enzimas
a
funcionar
de
forma
mais
eficiente.
Apenas
se
sabe
que
parte
das
enzimas
está
optimizada
a
funcionar
a
esta
temperatura.
Há
certos
organismos
que
vivem
em
ambientes
extremos,
alguns
deles
de
calor,
que
possuem
enzimas
a
funcionar
a
100℃.
Portanto,
resumindo,
(a)
à
medida
que
um
animal
fica
“mais
pequeno”,
a
superfície
em
relação
à
massa,
aumenta,
(b)
a
velocidade
metabólica
(consumo
de
!!
ou
de
calorias
por
unidade
de
tempo)
medida
por
unidade
de
massa,
vai
aumentando
com
a
diminuição
do
animal:
quanto
mais
pequeno
for
o
animal
maior
é
a
taxa
metabólica
por
unidade
de
massa,
e
(c)
relacionando
a
velocidade
metabólica
por
unidade
de
superfície
o
valor
é
quase
constante.
Assim,
os
animais,
no
geral,
evoluíram
no
sentido
de
o
local
por
onde
perdem
calor
é
à
superfície
da
pele
e
a
quantidade
de
energia,
de
calor
e
de
oxigénio
que
consomem,
por
unidade
de
superfície,
tem
de
ser
constante,
para
que
a
temperatura
seja
mantida
também
constante.
Uma possibilidade
!
…
! ! ! !
!
…
! ! ! !
24
Um
dos
efeitos
que
sofrem
os
astronautas
após
terem
estado
sem
gravidade
é
perda
de
massa
muscular;
os
músculos
e
ossos
degeneram,
uma
vez
que
não
têm
de
suportar
peso
algum
(o
mesmo
acontece
com
as
pessoas
acamadas).
28
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
são
directamente
proporcionais.
Por
exemplo,
compare-‐se,
nos
antílopes,
o
comprimento
do
úmero
e
a
espessura
deste
osso;
o
diâmetro
é
mais
pequeno
comparado
com
o
comprimento
do
osso:
a
inclinação
desta
recta
é
cerca
de
2/3:
!
• ! ! !"â!"#$% !
!
• !"â!"#$% ! ! !
Isto
deve-‐se
ao
facto
de
que,
para
suportar
o
peso,
o
diâmetro
tem
de
crescer
mais
depressa
do
que
o
comprimento:
tem
de
haver
uma
base
maior
para
suportar
o
peso
sendo
por
isso
que
o
diâmetro
é
proporcional
ao
comprimento
elevado
a
3/2.
Há
então
uma
relação
entre
o
diâmetro
e
o
comprimento,
a
qual
não
é
totalmente
proporcional
devido
à
gravidade.
Isto
é
verdade
não
só
para
os
antílopes
(animais)
como
também
para
as
árvores;
para
todos
os
sistemas
que
têm
de
suportar
peso
obtém-‐se
uma
relação
que
não
é
linear
–
o
diâmetro
não
é
proporcional
à
altura
e
o
factor
de
correcção
tem
a
ver
com
a
gravidade.
Nota:
Buckling25
–
ponto
de
suporte
máximo
em
que,
quando
se
pressiona,
por
exemplo
um
pau,
ele
dobra
e
parte.
É
um
cálculo
teórico
e
está
relacionado
com
a
elasticidade
do
sistema
ao
peso.
No
caso
de
uma
árvore
com
diâmetro
!
pode-‐se
aumentar
a
altura
da
árvore
até
um
ponto
máximo
(buckling):
até
este
ponto
a
árvore
não
parte,
para
além
deste
ponto
ela
quebra;
está
relacionado
com
elasticidade
da
madeira
(neste
caso)
de
resistir
ao
peso.
Ainda
para
o
caso
da
árvore,
não
é
possível
encontrar
uma
árvore
que
esteja
do
lado
direito
da
recta
acima
representada
no
gráfico.
25
Na
engenharia,
o
termo
buckling
refere-‐se
a
uma
falha
caracterizada
por
uma
falha
súbita
de
um
membro
estrutural
sujeito
a
um
grande
stress
de
compressão,
onde
o
efectivo
stress
de
compressão
no
ponto
de
quebra
é
menor
do
que
o
stress
compressor
a
que
o
material
é
capaz
de
resistir.
Esta
falha
é
também
descrita
como
uma
falha
devido
à
instabilidade
elástica.
29
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
!
!
e
!
!
! !
[!
refere-‐se
ao
diâmetro
e
!
à
distância]
correcção
a
fazer
a
qual
está
relacionada
com
o
facto
de
uma
parte
da
energia
ser
usada
exclusivamente
para
suportar
o
peso
do
sistema
vivo
e,
portanto,
o
diâmetro
cresce
ligeiramente
mais
depressa
do
que
o
comprimento
uma
vez
que
há
uma
quantidade
de
energia
que
é
usada
não
só
para
produzir
calor
como
também
para
suportar
o
peso.
30
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
Nota:
Diâmetro
proporcional
ao
comprimento,
mas…
experimentalmente
observou-‐se
que
a
proporcionalidade
entre
diâmetro
e
massa
é
diferente
da
proporcionalidade
do
comprimento
e
massa!!!
31
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
ISÓTOPOS
E
RADIOACTIVIDADE
Ao
contrário
da
Química,
que
trabalha
essencialmente
com
os
electrões
de
valência,
a
Física
Nuclear
olha
mais
para
o
interior
do
átomo.
Começa-‐se
a
perceber
que
há
uma
enorme
quantidade
de
energia
“escondida”
no
interior
dos
núcleos
dos
átomos.
Enquanto
nos
mecanismos
de
combustão,
rápida
e
lenta,
há
um
nível
energético
não
muito
elevado,
na
Física
Nuclear
observam-‐se
quantidades
de
energia
produzida
várias
ordens
de
grandeza
superiores.
Energia
libertada
(1kg
de
matéria)
Água
(energia
hidráulica)
Queda
de
50m
5
segundos
Carvão
(energia
química)
Combustão
8
horas
Energia
produzida
necessária
para
!"!
enriquecido
(32%)
Fissão
num
reactor
690
anos
acender
uma
235 4 lâmpada
de
100w
!
(puro)
Fissão
completa
3x10
anos
7
Matéria/antimatéria
Aniquilamento
3x10
anos
O
quadro
dá
uma
ideia
das
energias
que
se
conseguem
obter
com
a
utilização
de
várias
fontes
de
energia.
A
queda
de
50!
de
1!"
de
água
liberta
energia
suficiente
para
fazer
funcionar
uma
lâmpada
de
100!
durante
cinco
segundos;
a
energia
(gravítica)
é
libertada
uma
vez
que
o
potencial
da
água
desce,
libertando-‐se
a
mais
pura
das
energias
renováveis.
Ao
consumir
1!"
de
carvão,
por
combustão,
é
libertada
uma
quantidade
de
energia
suficiente
para
manter
acesa
a
mesma
lâmpada
durante
oito
horas,
havendo
aqui
já
uma
diferença
apreciável
para
a
energia
produzida
pela
queda
da
água
por
força
da
gravidade26.
Se
se
passar
para
os
reactores
nucleares,
que
utilizam
urânio
enriquecido
(óxido
de
urânio),
fazendo
a
fissão
num
reactor
(partir
urânio
nos
seus
componentes),
dá
para
manter
a
lâmpada
acesa
durante
cerca
de
690
anos
com
apenas
1!"
de
urânio
enriquecido.
Se
algum
dia
for
possível,
em
reactores
nucleares
de
4ª
geração,
fazer
a
fissão
completa
235
de
!,
liberta-‐se
energia
suficiente
para
manter
a
lâmpada
acesa
durante
30
mil
anos.
Igualmente,
se
também
algum
dia
for
possível
extrair
energia
de
mecanismos
de
combinação
de
matéria
com
antimatéria
(acontece
permanentemente
no
corpo
humano)
consegue-‐se
manter
a
lâmpada
acesa
durante
30
milhões
de
anos.
Há
diferenças
enormes
entre
as
energias
libertadas:
pela
força
gravítica
(a
energia
potencial
de
uma
massa
liberta
quantidades
muito
pequenas
de
energia),
pela
energia
química
contida
nas
ligações
entre
átomos
já
liberta
um
pouco
mais,
mas
é
a
energia
nuclear
que
liberta
quantidades
enormíssimas
de
energia.
A
libertação
de
energia
do
carvão
provém
da
separação
dos
seus
átomos
que
ao
ser
oxidado
liberta
energia
química.
26
32
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
A
energia
nuclear
aparece
com
a
descoberta
das
propriedades
dos
núcleos
atómicos
e
das
suas
características
–
o
facto
de
alguns
núcleos
não
serem
estáveis.
A
descoberta
da
radioactividade
desperta
para
o
facto
de
haver
núcleos
instáveis.
Núcleos instáveis
Núcleo
(!,
número
de
massa)
=
Protões
(!,
número
atómico)
+
Neutrões
(!)
O
núcleo
dos
átomos
é
constituído
por
dois
tipos
de
partículas
(que
se
julgavam
elementares
mas
que
na
verdade
não
o
são):
protões
e
neutrões.
O
número
total
de
protões
e
neutrões
são
os
nucleões
sendo,
normalmente,
par.
Os
elementos
distinguem-‐se
não
só
pelo
número
total
de
nucleões
como
também
se
distinguem
quimicamente
pelo
número
total
de
protões.
Assim,
as
características
químicas
dos
elementos
são
dadas
essencialmente
pelo
número
de
protões
(são
eles
que
dão
o
número
de
electrões
e
portanto
definem
as
orbitais
preenchidas
de
cada
átomo),
enquanto
os
neutrões
não
têm
um
efeito
(muito
significativo)
sobre
as
suas
propriedades
químicas;
mas,
porque
os
átomos
têm
pesos
diferentes,
nas
reacções
químicas
reagem
mais
devagar
por
serem
mais
pesados.
Se
se
comparar
a
velocidade
de
reacção
do
16!
e
a
do
18!,
em
geral,
o
mecanismo
em
que
intervém
o
18!
é
mais
lento
uma
vez
que
é
mais
pesado,
embora
o
mecanismo
seja
exactamente
igual27.
Para
cada
um
dos
núcleos
que
se
conhecem
pode
existir
um
número
muito
grande
de
isótopos.
Isótopos
de
um
elemento,
por
definição,
são
o
mesmo
elemento
mas
com
um
número
de
neutrões
diferente
e
um
número
de
protões
exactamente
igual;
quimicamente
são
idênticos
mas
em
termos
de
peso
são
diferentes.
As
dimensões
de
um
núcleo
de
um
átomo
são
extremamente
pequenas.
O
raio
do
núcleo
(!)
é
dado
pela
expressão,
!
! = !! ! !
[!!
é
constante,
!
número
de
nucleões, !"
fentómetro:1x10 ]
-‐15
!! ≈ !, !"#
27
14 12
É
também
por
esta
razão
que
se
usa
C
uma
vez
que
substitui
perfeitamente
o
C
e
a
química
não
é
alterada,
apenas
mais
lenta.
33
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
!
As
dimensões
lineares
de
um
raio
são
proporcionais
ao
volume
com
o
expoente
.
Para
o
!
28
hidrogénio,
em
que
! = 1,
o
raio
do
seu
núcleo
é
cerca
de
1,2!"
(fento
metros) .
Deste
modo,
pode-‐se
dizer
que
um
átomo
é
essencialmente
espaço
vazio:
tem
núcleos
muito
densos
e
electrões
apenas
a
uma
distância
muito
grande.
O
núcleo
é
constituído
por
neutrões
e
protões.
O
número
total
de
nucleões
é
dado
pelo
número
de
massa
(!),
o
número
de
protões
é
o
número
atómico
(!)
e
o
!
refere-‐se
ao
número
neutrões.
Para
cada
elemento
da
Tabela
Periódica
existem
isótopos
com
o
mesmo
!
!
mas
têm
diferentes
!
e
!.
O
raio
do
núcleo
é
muito
pequeno:
! = !! ! ! .
À
medida
que
aumenta
o
número
de
protões
aumenta
ainda
mais
o
número
de
neutrões.
Assim
surgem
os
isótopos
–
radioactivos
ou
não.
Os
isótopos
radioactivos
são
em
maior
número,
mas
quando
a
velocidade
de
desintegração
é
muito
alta
eles
já
não
existem
quando
chegam
à
superfície,
uma
vez
que
são
instáveis,
o
que
os
distingue
dos
isótopos
não
radioactivos,
que
são
estáveis.
Os
isótopos,
especialmente
os
radioactivos,
são
usados
para
seguir
o
percurso
de
um
elemento
num
processo
químico
ou
biológico
sendo
também
designados
como
marcadores.
Podem-‐se
caracterizar
os
isótopos
em
dois
tipos:
os
estáveis
(como
12!,
14!
,
1!
entre
outros)
e
os
instáveis,
que
se
decompõem,
que
se
partem
e
ao
partirem-‐se
emitem
radiação,
por
isso
se
chamam
radioisótopos.
São
conhecidos
hoje
em
dia
cerca
de
100
elementos
e
cerca
de
300
isótopos.
Assim,
quando
se
fala
em
transições
de
fase,
em
que
as
partículas
se
condensam
quando
mudam
de
fase
–
primeiro
em
núcleos
e
depois
em
átomos
–
num
dos
casos
o
número
de
portões
junta-‐se
ao
número
de
neutrões
de
quantidades
diferentes
e
portanto,
pode-‐se
ter
o
mesmo
oxigénio
com
7,
8
ou
9
neutrões
associados,
mas
tinham
pesos
diferentes.
1896
–
Becquerel
descobre
a
Radioactividade:
Início
da
Física
Nuclear
Pierre
e
Marie
Currie
purificam
o
Polónio
(! = 84)
e
Rádon
(! = 88):
ambos
muito
radioactivos
Becquerel
descobriu,
quase
por
acaso,
a
radioactividade
em
1896
e
assim
se
inicia
a
Física
Nuclear.
Mas
tarde,
Marie
Curie29
e
Pierre
Curie
isolaram
o
Rádon
(! = 88)
e
o
polónio
(! = 84).
28
Isto
significa
que,
em
termos
de
uma
“escala
humana”
,
seria
como
ter
um
átomo
de
hidrogénio
na
mão
(visível
ao
olho
humano),
os
seus
electrões
estariam
a
girar
à
volta
dele
até
perto
da
Casa
da
Música.
Primeira
pessoa
a
ganhar
dois
prémios
Nobel:
Física
e
Química.
29
34
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
Raios
!,
energias
!
(o)
Não
têm
massa
nem
carga,
mas
têm
energia
muito
elevada.
muito
altas
Rutherford
(1903)
conseguiu
a
conversão
de
um
elemento
noutro.
!"# !"#
!"!
→
!"!ℎ + !
[libertação
de
um
α;
perdeu
4
A
e
2
Z]
Isótopos
de
!
e
! :
radioactivos
e
não
radioactivos
Foi
Rutherford
o
primeiro
a
distinguir
três
tipos
de
radiações
diferentes:
!, ! e !.
A
primeira
tem
radiação
positiva,
a
segunda
tem
maioritariamente
negativa,
enquanto
a
terceira
é
essencialmente
sem
carga.
A
radiação
!
é
essencialmente
núcleos
de
Hélio
(tem
número
de
massa
4
e
número
atómico
2
uma
vez
que
tem
dois
protões
e
dois
neutrões)
que
são
partículas
muito
estáveis
que
têm
duas
cargas
positivas.
A
radiação
!
é
essencialmente
electrões,
enquanto
a
radiação
!
é
constituída
por
fotões.
Os
isótopos
instáveis
de
alguns
dos
elementos,
quando
decaem
(passa
de
um
radioisótopo
instável
para
estável),
emitem
estes
três
tipos
de
radiação
(podem
emitir
um,
dois
ou
três
deles).
Começa
então
a
perceber-‐se
que
os
átomos
não
têm
apenas
electrões
nas
orbitais
mas
também
nos
núcleos.
Destes
pode
sair
energia
pura
(fotões,
radiação
! ),
podem
sair
electrões
(radiação
!)
e/ou
podem
sair
bocados
do
núcleo,
uma
vez
que
uma
partícula
!
são
dois
protões
e
dois
neutrões.
Quando
saem
partículas
! ou !,
o
número
atómico
(a
carga
do
núcleo)
altera-‐se,
há
conversão
de
um
elemento
noutro,
o
que
já
não
acontece
quando
é
emitida
radiação
!,
em
que
o
elemento
fica
o
“mesmo”.
Por
aqui
se
percebe
que
o
sonho
dos
alquimistas
não
pode
ser
satisfeito
uma
vez
que
apenas
por
processos
químicos
não
é
possível
obter
um
elemento
novo
ou
transformar
elementos:
nas
reacções
químicas
o
que
está
envolvido
são
os
electrões
à
volta
do
núcleo,
portanto
não
se
altera
a
constituição
do
núcleo.
Rutherford
mostrou
que,
quando
o
urânio
radioactivamente
emitia
uma
partícula
!,
ou
seja,
quando
decaía,
ele
perdia
quatro
números
de
massa
(passava
de
238
para
234)
e
perdia
dois
protões
passando
a
!ℎ.
35
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
Quando
se
utiliza
um
radioisótopo
instável,
ele
tem
um
certo
tempo
de
semi-‐vida
que
não
é
mais
do
que
o
tempo
que
leva
uma
certa
quantidade
de
um
elemento
a
decair.
Se,
numa
amostra,
! for
o
número
de
átomos
que
ainda
não
se
desintegraram,
aqueles
que
ainda
são
radioactivos,
e
se
!"
for
alteração
de
um
núcleo
num
espaço
de
tempo
!",
o
número
de
átomos
que
se
desintegraram
não
só
é
proporcional
à
quantidade
de
tempo
que
passa
(quanto
maior
o
tempo
que
passar,
maior
o
número
de
átomos
que
se
desintegram),
como
também
é
proporcional
ao
número
de
átomos
que
lá
ficou.
Assim,
num
tempo
inicial
(!=0s)
um
elemento
tem
!!
átomos
radioactivos;
passado
um
tempo
(Δ!)
o
número
de
átomos
radioactivos
é
!! !! !!
2;
passados
2Δ!,
tem-‐se
4
e
aos
3Δ!
tem-‐se
8
e
assim
sucessivamente.
Deste
modo,
o
número
de
átomos
que
se
desintegram
é
proporcional
ao
valor
dos
átomos
que
o
elemento
tinha
inicialmente
Então,
!"
= −! ! ! = !"#$%. . ! !! !
!"
para
! = 0!
! = !!
⇒
! = !! . !!! !
esta
é
a
equação
que
define
o
mecanismo
de
desintegração:
quanto
mais
pequeno,
mais
devagar
o
átomo
se
desintegra.
Cada
isótopo
radioactivo
é
caracterizado
por
um
!
diferente:
pode
ir
de
milhões
de
anos
a
fentómetros
(1x10-‐15s).
Quanto
maior
for
o
valor
de
!,
mais
depressa
o
elemento
decai.
A
equação
anterior
define
desta
forma
a
quantidade
de
material
que
permanece
radioactivo
depois
de
ter
passado
um
determinado
tempo
! .
36
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
Cada
um
dos
pontos
do
gráfico
ao
lado
representa
um
elemento.
A
Tabela
Periódica
é
constituída
por
cerca
de
100
elementos.
Cada
elemento
tem
isótopos
estáveis
e
instáveis.
À
medida
que
a
massa
dos
átomos
vai
aumentando,
para
ter
um
átomo
que
não
se
desintegre
tem
de
se
aumentar
mais
rapidamente
o
número
de
neutrões
do
que
o
número
de
protões,
uma
vez
que
estes
têm
todos
carga
positiva
e
portanto
repelem-‐se;
se
se
tiver
muitos
protões,
o
átomo
deixa
de
ser
estável
e
tem
de
ter
muitos
neutrões
para
servirem
de
massa
agregante.
De
facto,
os
neutrões
servem
para
estabilizar
um
núcleo
até
um
certo
ponto
e
um
número
demasiadamente
elevado
de
neutrões
também
pode
proporcionar
instabilidade.
Assim,
quanto
maior
for
o
número
de
massa
de
um
átomo
na
Tabela
Periódica,
maior
é
o
número
de
neutrões
em
comparação
com
o
número
de
protões.
Hidrogénio
37
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
Para
o
carbono
(! = 6),
há
9
isótopos
diferentes.
Cada
um
tem
um
número
crescente
de
neutrões
dos
quais
só
dois
são
estáveis
(o
12C
e
o
13
C)30.
Outros
isótopos:
14 16
N
–
99,635
!
–
99,759
15 17
N
–
0,365
!
–
0,037
18
!
–
0,204
Em
termos
de
abundância
natural,
os
isótopos
estáveis
estão
em
muito
maior
quantidade
do
que
os
instáveis
–
daí
serem
utilizados
no
balanceamento
de
equações
químicas.
Nota:
Com
a
excepção
do
hidrogénio,
que
tem
nomes
diferentes
para
cada
um
dos
seus
isótopos,
os
isótopos
dos
elementos
são
identificados
pelos
seus
números
de
massa:
!-‐235
(235!).
Assim,
os
isótopos
do
mesmo
elemento
têm
propriedades
químicas
semelhantes
formando
o
mesmo
tipo
de
compostos
e
reactividades
semelhantes.
30 14 13 15 17
O
C
é
muito
utilizado
para
datar
material
orgânico.
O
C,
o
N
e
o
O
são
muito
utilizados
em
ressonância
magnética.
38
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
Quando
se
trabalha
com
massas
muito
pequenas
usa-‐se
uma
unidade
de
peso
muito
pequena
que
vai
“falar
a
mesma
linguagem”
que
um
protão:
a
unidade
de
medida
da
massa
atómica
(!).
Fala-‐se
em
unidade
de
massa
atómica
(!)
e
em
mega
electrões
volt
(!"#)31.
A
grande
diferença
entre
a
Física
Nuclear
e
a
Química
é
que
as
reacções
em
Químicas
são
mais
ou
menos
exotérmicas/endotérmicas;
são,
em
geral,
da
ordem
dos
milhares
de
electrões
volt.
Em
Física
Nuclear
as
quantidades
de
energia
envolvidas
podem
chegar
aos
milhões
de
electrões
volt.
Deste
modo,
a
descoberta
do
que
acontecia
com
um
núcleo
e
as
reacções
que
se
davam
num
núcleo
foi
uma
surpresa,
uma
vez
que
se
passou
a
falar
em
ordens
de
grandeza
muito
mais
elevadas.
Uma
das
leis
fundamentais
(particularmente
da
Química)
é
que
quando
se
juntam
várias
“coisas”
com
massas
diferentes
a
soma
da
massa
dos
constituintes
é
igual
à
massa
do
conjunto
–
Lei
da
Conservação
da
Massa.
!"#
é
particularmente
usado
em
Química
–
reacções
químicas
–
onde
intervêm
centenas
de
massas
de
átomos.
31
39
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
Mas,
porque
é
que
a
soma
das
massas
dos
constituintes
não
é
igual
à
massa
total
do
objecto
em
estudo?
A
diferença
entre
a
massa
do
carbono,
por
definição,
e
a
soma
das
massas
dos
constituintes
é
uma
diferença
pequena
(não
chega
a
0,1
unidades
de
massa
atómica),
mas
em
termos
de
!"#
corresponde
a
92,1!"#,
algo
já
considerável.
Esta
energia
que
falta
e
que
equivale
a
uma
determinada
massa
está
“conservada”
na
energia
de
ligação
dos
protões
e
dos
neutrões
do
núcleo.
Não
é
fácil
pegar
em
6
protões,
todos
eles
com
cargas
positivas,
e
6
neutrões,
que
não
têm
carga
nenhuma,
e
sabendo
que
as
cargas
positivas
se
repelem,
colocá-‐las
num
núcleo
com
dimensões
muito
reduzidas
(na
ordem
dos
fentometros:
1x10-‐15)
só
é
possível
por
haver
uma
outra
força
que
seja
oposta
à
força
eléctrica
dos
protões
para
manter
os
nucleões
juntos.
Com
as
forças
que
se
conheciam
–
gravidade
e
electricidade
–
não
era
possível
explicar
como
se
podiam
pôr
6
protões
todos
juntos
a
distâncias
tão
pequenas.
Para
os
protões
estarem
no
núcleo,
tem
que
haver
uma
“cola”,
uma
força
de
atracção
destas
partículas,
a
qual
consome
a
quarta
parte
da
energia
das
partículas.
Para
todos
os
elementos
que
se
conhecem
há
uma
certa
quantidade
de
energia
que
está
“armazenada”
no
núcleo
das
partículas
e
que
faz
com
que
aqueles
nucleões
possam
estar
juntos.
Como
a
energia
de
ligação
do
carbono
é
92,1 !"#
pode-‐se
dizer
que,
por
cada
nucleão
!",!
(no
carbono
são
12)
a
energia
de
ligação
é
≈ 7,7
MeV
( ).
Isto
quer
dizer
que,
em
princípio,
!"
se
se
retirar
do
núcleo
um
dos
nucleões,
provavelmente
esta
energia
vai
ser
libertada
e
é
por
isso
que,
quando
há
desintegração
do
núcleo,
em
geral,
há
libertação
de
energia32.
É
por
isso
que
as
bombas
atómicas
bem
como
que
os
reactores
nucleares,
podem
ser
tão
perigosos.
32
40
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
Se
se
fundir
3
núcleos
de
hélio
obtém-‐se
um
núcleo
que
tem
12
nucleões
(3x4)
e
com
6
protões
(3x2).
Mas
as
energias
de
ligação
por
nucleão
não
são
iguais
para
o
hélio
e
para
o
carbono:
a
do
hélio
é
mais
pequena
do
que
a
do
carbono.
Logo,
o
carbono
é
ligeiramente
mais
estável
do
que
o
hélio.
A
massa
do
átomo
de
hélio
é
igual
à
soma
da
massa
dos
(2)
protões,
da
massa
dos
(2)
neutrões
mais
a
massa
dos
(2)
electrões
menos
o
produto
da
energia
de
ligação
por
nucleão
pelo
número
de
nucleões:
como
são
4
tem
de
se
subtrair
quatro
vezes
a
energia
de
ligação
(7,1 !"#).
Para
o
carbono,
a
sua
massa
será
seis
vezes
a
massa
dos
protões,
mais
seis
vezes
a
massa
dos
neutrões,
mais
seis
vezes
a
massa
dos
electrões
menos
doze
vezes
a
energia
de
ligação
dos
nucleões
do
carbono
(7,7 !"#).
A
soma
da
massa
dos
protões,
neutrões
e
electrões
será
maior
do
que
6
vezes
a
energia
de
ligação
dos
nucleões.
Portanto,
se
se
determinar
a
soma
das
três
massas
(protões,
neutrões
e
electrões)
e
subtrair
a
massa
do
carbono,
como
as
massas
totais
do
hélio
e
do
carbono
são
dadas
pelas
expressões
anteriores,
as
diferenças
destas
massas
não
é
zero
mas
sim
7,2 !"#.
Portanto,
na
fusão
de
três
átomos
de
hélio,
para
produzir
um
átomo
de
carbono,
liberta-‐
se
uma
quantidade
muito
significativa
de
energia
que
estava
“armazenada”
nas
energias
de
ligação
dos
átomos:
7,2!"#.
Não
tendo
desaparecido
nenhuma
partícula
nem
tendo-‐se
criado
nenhuma
nova
partícula
(continua-‐se
com
o
mesmo
número
de
neutrões,
protões
e
electrões,
quando
se
juntam
três
núcleos
mais
leves
para
se
formar
um
núcleo
mais
pesado
há
uma
certa
libertação
de
energia
neste
processo.
Isto
quer
então
dizer
que
a
fusão
de
três
hélios
para
a
fusão
de
um
carbono
é
uma
reacção
exotérmica,
que
produz
e
liberta
energia.
33
Quando
o
Sol
começar
a
arrefecer
os
átomos
de
hélios
vão-‐se
começar
a
fundir
uns
com
os
outros;
provavelmente,
foi
da
fusão
do
hélio
que
apareceu
o
carbono.
O
peso
de
um
electrão
é
cerca
de
2000x
mais
pequeno
do
que
o
do
protão
e
do
neutrão.
34
41
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
Reactor nuclear
235
!
+
!
→
140!"
+
94!"
+
2!
liberta
≈
200 !"#
[em
que
!
é
radioisótopo]
1n
2n
Esta
é
a
reacção
que,
por
um
reactor
nuclear,
se
pode
fazer
libertar
energia
para
ser
consumida.
O
235!
(reactivo)
é
um
radioisótopo
(elemento
muito
instável)
e
volta
e
meia
liberta
um
neutrão.
Quando
um
desses
neutrões
que
colide
noutro
urânio
passa-‐se
a
reacção
acima
apresentada.
Um
neutrão
que
veio
doutro
radioisótopo,
ao
incidir
sobre
um
átomo
235!
parte-‐o
em
dois
(140!"
e
94!"
-‐
elementos
mais
pequenos)
e
neste
processo
libertam-‐se
dois
neutrões;
se
cada
um
destes
dois
neutrões
for
fazer
o
mesmo
a
um
átomo
de
urânio,
tem-‐se
uma
reacção
em
cadeia
que
cada
vez
vai
aumentando
mais
de
velocidade
de
cada
uma
das
reacções36.
Exemplos
de
reacções
de:
Fusão
Fissão
Na
fusão
(que
é
exemplo
o
Sol),
quando
se
fundem
dois
elementos
para
produzir
outro
elemento
há
libertação
de
energia.
Na
fissão
de
um
elemento
para
dois
outros
elementos
de
menor
dimensão
também
se
liberta
energia.
Isto
está
relacionado
com
o
facto
de
a
energia
máxima
de
ligação
estar
no
elemento
maior.
Tanto
na
fusão
como
na
fissão
tem
que
se
começar
o
processo;
para
a
fusão,
para
o
processo
começar
tem
de
haver
temperaturas
muito
altas
(e
é
esta
temperatura
muito
alta
que
fornece
energia
para
que
haja
a
fusão
de
elementos)
na
fissão
começa-‐se
com
uma
primeira
reacção
que
liberta
energia.
Todas
as
reacções
consomem
e
produzem
energia;
a
diferença
entre
elas
é
que
a
soma
do
que
consomem
e
produzem
às
vezes
é
negativa
ou
positiva
(endotérmicas
e
exotérmicas).
35
Foi
esta
constatação
que
levou
a
que,
com
muito
pequenas
quantidades
de
massa
obter
quantidades
enormes
de
energia
através
de
reactores
nucleares
que
produzem
electricidades,
por
exemplo.
36
Isto
é
uma
reacção
em
fissão
(partir)
que
é
o
oposto
da
fusão.
Este
é
o
princípio
subjacente
na
Bomba
Atómica
em
que
este
processo
não
é
controlado
uma
vez
que
esta
reacção
em
cadeia
ocorre
em
fracções
de
segundo.
42
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
Para
se
criarem
condições
de
fusão
de
três
hélios
num
carbono,
tem
de
haver
temperaturas
muito
elevadas.
No
momento
em
que
a
fusão
acontece,
a
libertação
de
energia
é
tão
grande
que
se
recupera
toda
a
que
se
“colocou
lá
dentro”
(é
por
esta
razão
que
está
na
moda
a
fusão
nuclear).
Para
que
estas
reacções
sejam
eficientes
e
para
que
se
possa
usar
esta
energia
(para
que
não
seja
uma
explosão)
tem
que
se
retardar
este
processo,
fazer
com
que
decorra
devagar.
Um
dos
mecanismos
para
retardar
é
grafite
ou
água
pesada37.
Reactores
usam
moderadores
• Água
(pesada)
• Grafite
e
235U
enriquecido
(≈3%)
(na
Natureza
≈
0,7%)
1 1 2 +
R1:
!
+
!
→
!
+
e
+
!
→
0,42 !"#
+ -‐
R2:
e
+
e
→
!
+
!
[radiação
de
alta
energia]
→
1,02 !"#
2 1
R3:
!
+
!
→
!"
+
!
→
5,49 !"#
3 3 4 1 1
R4:
!"
+
!"
→
!
+
!"
+
!"
→
12,86 !"#
Esta
é
uma
série
de
reacções
contínuas
em
que
a
primeira
reacção
que
acontece
no
Sol
é
precisamente
porque
a
temperatura
é
muito
elevada:
dá-‐se
uma
fusão
de
dois
núcleos
de
hidrogénio
que
vão
produzir
um
núcleo
de
hidrogénio
–
2
(2!)
e
vão
libertar
radiação
e
electrões
positivos
(positrões38).
Nesta
reacção
não
se
produz
muita
energia
(0, 42 !"#).
Os
positrões
ao
juntarem-‐se
aos
electrões
(! ! )
do
plasma
convertem-‐se
totalmente
em
energia,
produzindo
1,02 !"#.
Quando
se
juntam
dois
núcleos
de
hidrogénio
(cada
um
tem
um
protão),
ou
seja,
juntam-‐se
dois
protões
e
não
tendo
neutrões
à
volta
não
pode
existir;
portanto,
um
desses
protões
converte-‐se
num
neutrão
e
ejecta
um
positrão.
No
fundo
o
2H
que
se
forma
é
um
deutério
(seria
hélio
se
não
fosse
emitida
uma
carga
positiva).
Portanto,
a
primeira
reacção
no
Sol
consiste
na
fusão
de
dois
protões,
um
deles
converte-‐se
num
neutrão
perdendo
por
isso
37
Água
que
não
usa
hidrogénio
mas
sim
deutério:
!"! .
38
Os
positrões
(electrões
positivos)
são
a
antimatéria
dos
electrões
(negativos);
quando
se
juntam,
desaparecem
formando
energia
(radiação
gama).
43
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
uma
carga
positiva;
a
carga
positiva
que
perde
é
sob
a
forma
de
positrão
libertando-‐se
radiação
(energia).
Mas,
no
núcleo
só
há
neutrões
e
protões:
como
é
que
podem
sair
electrões
do
núcleo?
Por
vezes
os
neutrões
convertem-‐se
num
protão
e
quando
sai
um
β
do
núcleo
o
elemento
altera:
o
volume
de
carga
aumenta.
Na
conversão
de
um
neutrão
e
de
um
protão
mais
electrão
obtém-‐se
uma
reacção
que
faz
com
que
o
núcleo
onde
este
electrão
estava
mude
e
passe
ter
mais
um
protão39.
Portanto,
tendo
dois
protões
(o
hidrogénio
tem
um
protão
e
pode
ter
um
número
variável
de
neutrões
–
tem
vários
isótopos)
ele
já
não
é
hidrogénio,
é
hélio;
para
se
continuar
a
“chamar”
hidrogénio
tem
que
se
fazer
com
que
um
desses
protões
se
converta
num
neutrão;
ao
converter-‐se
num
neutrão
a
carga
que
fica
sai
sob
a
forma
de
um
positrão.
Nota:
A
primeira
reacção
(R1)
só
é
possível
a
altíssimas
temperaturas
portanto
não
é
uma
condensação
no
sentido
normal
do
termo.
As
transições
de
fase
que
ocorreram
inicialmente
no
Universo
são
condensações
que
aconteceram
à
medida
que
as
temperaturas
baixavam.
Assim,
o
Sol
e
outras
estrelas
estão
a
fazer
com
que
o
sistema
volte
“atrás”.
O
primeiro
electrão
que
o
positrão
encontrar
(os
electrões
no
Sol
estão
todos
sob
a
forma
de
plasma)
vai-‐se
“juntar”
e
como
são
matéria
e
anti-‐matéria
aniquilam-‐se,
produzindo
dois
raios
!
com
uma
energia
total
de
1,2!"#:
R2.
Na
reacção
três
(R3)
tem-‐se
que
um
hidrogénio-‐2
(2!)
se
junta
a
um
1!
(a
outro
protão)
formando-‐se
hélio-‐3
(dois
protões
e
um
neutrão)
com
libertação
de
energia
sob
a
forma
de
um
raio
! :
processo
de
fusão.
Nesta
reacção
há
libertação
de
5,49 !"#.
Posteriormente
(R4)
dois
átomos
de
3!"
fundem-‐se
para
formar
um
átomo
de
4!
e,
novamente,
dois
protões
(1!" +1!")
e
volta
tudo
ao
início.
Deste
modo
tem-‐se
um
sistema
contínuo;
este
é
um
processo
de
auto-‐feedback,
é
um
sistema
de
auto-‐suficiência.
Esta
“cascata”
está
continuamente
a
produzir
perto
de
20!"#
por
átomo.
Para
que
os
hidrogénios
reajam
com
outros
hidrogénios
são
necessárias
temperaturas
muito
altas
pois
os
dois
protões
(! ! )
repelem-‐se
(cargas
iguais
repelem-‐se).
Portanto,
para
fazer
com
que
elas
choquem
com
força
suficiente
para
ultrapassar
a
repulsão
e
chegar
à
proximidade
entre
as
forças
nucleares
da
atracção
tem
de
haver
temperaturas
muito
altas.
39
Não
esquecer
que
1
! =
1
protão
+
1
neutrão;
havendo
um
protão
mais
um
neutrão
só
pode
ser
hidrogénio,
porque
se
tivesse
2
protões
seria
hélio.
44
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
Estas
reacções,
no
Planeta
Terra,
produziriam
muitos
γ
que
têm
energia
superior
aos
raios-‐!
não
havendo
nada
que
os
pare
e
portanto
é
muito
perigoso
fazer
este
tipo
de
fusão
na
Terra
(haveria
uma
fonte
de
radiação
γ
muito
forte
que
é
uma
radiação
altamente
nociva,
destruidora
de
material
biológico.).
Numa
reacção,
as
partículas
não
se
podem
perder.
No
entanto,
há
energia
adicional
–
energia
de
ligação
–
que
está
a
ser
libertada
nos
processos
de
fusão.
Lavoisier
até
poderia
estar
certo
mas
apenas
talvez
não
soubesse
que
dentro
do
que
considerava
massa
também
caberia
a
energia;
assim,
de
facto,
nada
se
perde
na
Natureza,
mas
só
se
considerando
que
a
energia
também
é
tida
em
conta.
O
14!
é
usado
para
fazer
a
detecção
do
material
de
origem
biológica.
O
14!
é
formado
pela
seguinte
reacção:
! + !"!! → !"!! + ! [! neutrão que vem do espaço com altas energias; !"!! átomo de azoto]
O
14!
é
formado
a
partir
de
um
neutrão
que
vem
do
espaço
com
altas
energias
e
que
incide
sobre
o
!"!!
(a
atmosfera
está
com
imenso
azoto);
ao
bombardear
um
!"!!
converte-‐se
este
em
!"!! .
Isto
está
a
acontecer
a
uma
velocidade
muito
lenta,
mas
continuamente;
a
razão
pela
qual
o
14!
está
a
uma
concentração
baixa
e
uniforme
na
atmosfera
é
porque
esta
reacção
ocorre
muito
lentamente
na
alta
atmosfera.
O
14!
que
existe
actualmente
na
atmosfera,
que
está
a
“entrar”
em
todas
as
plantas
(das
que
fazem
fotossíntese)
é
o
que
está
a
ser
formado
neste
momento.
É
porque
as
radiações
cósmicas
lançam
estes
neutrões,
que
as
concentrações
de
14!
estão
mais
ou
menos
constante
ao
longo
do
e
que
faz
com
que
seja
razoável
assumir
que
as
plantas
há
cinco
mil
anos
atrás
estavam
a
absorver
a
mesma
concentração
de
14!
da
atmosfera
que
estão
a
absorver
agora.
É
desta
forma
que
se
pode
ir,
por
exemplo
a
uma
videira,
e
ver
a
quantidade
de
14!
que
tem;
depois
pega-‐se
noutra
planta
muito
mais
antiga
e
mede-‐se
igualmente
o
14C;
se
for
menor,
o
que
desapareceu
dá
uma
noção
do
tempo
que
passou.
Mas
para
se
poderem
fazer
estes
estudos
tem
que
se
assumir
que
a
concentração
de
45
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
14
!
é
constante.
Portanto,
tem
de
haver
um
mecanismo
de
produção
constante
de
14!
para
que
a
técnica
de
datação
usando
14!
seja
válida40.
Nota:
O
tempo
de
semi-‐vida
de
14!
é
cerca
de
5000
anos.
Isto
quer
dizer
que,
passados
5000
! !
anos
existe
de
14!,
passados
mais
5000
anos
tem-‐se
de
14!,
passados
mais
5000
anos
tem-‐
! !
! !
se
,
e
mais
5000
anos
tem-‐se
.
Com
técnicas
muito
sensíveis
talvez
se
consiga,
através
do
! !"
14
C
datar
até
cerca
de
15000
anos.
Mas
não
se
pode
datar
uma
rocha,
por
exemplo,
de
5000
milhões
de
anos.
Para
tal,
são
precisos
outros
isótopos
(por
exemplo
produtos
da
fissão
de
235
!,
como
o
chumbo).
Portanto,
para
usar
o
14!
tem
que
se
assumir
que
a
sua
concentração
na
atmosfera
se
tem
mantido
mais
ou
menos
constante
e
que
a
fotossíntese
não
mudou
muito.
Por
exemplo,
as
condições
climáticas
podem
também
interferir
neste
processo;
são
uma
consequência
do
!"! :
se
se
aumentar
a
percentagem
de
!"!
não
radioactivo
na
atmosfera,
a
razão
14!/12!
que
antes
se
assumia
ser
constante,
deixa
de
o
ser.
Assim,
com
uma
bomba
atómica
aumenta-‐se
a
produção
de
14!
na
atmosfera;
com
as
alterações
climáticas
(consumo
de
energia
fóssil)
aumenta-‐se
a
concentração
de
12!.
Como
tudo
é
medido
na
relação
da
percentagem
de
14!
vs.
12
!
estes
dois
factores
podem
interferir
na
razão
dos
sistemas.
Então,
a
datação
tem
que
assumir
que
a
relação
entre
14!
e
12!
é
constante.
Tudo
o
que
interfira
com
isto
vai
interferir
com
os
mecanismos
de
datação.
Nas
rochas
tem
que
se
usar
isótopos
com
um
tempo
de
semi-‐vida
muito
maior
que
o
carbono,
que
tenham
um
tempo
de
semi-‐vida
de
milhões
de
anos
–
e
não
há
muitos.
O
que
se
sabe
é
que
há
um
isótopo
A
que
tem
um
tempo
de
semi-‐vida
!;
este,
em
geral,
converte-‐se
num
outro
isótopo
que
muito
frequentemente
também
é
radioactivo;
este
por
sua
vez
converte-‐se
noutro
também
radioactivo,
etc.
Há
por
vezes
uma
cadeia
muito
longa
e,
para
o
urânio,
a
última
coisa
que
se
produz
é
chumbo
(!").
Se
estes
isótopos
tiverem
tempos
de
semi-‐vida
muito
longos
(na
ordem
dos
milhões
de
anos)
ao
medir
a
concentração
de
todos
estes
isótopos
numa
rocha,
fica-‐se
com
uma
ideia
do
que
possivelmente
aconteceu
quando
só
havia
um
deles.
Por
isso,
para
este
caso,
o
14!
para
mais
de
20
mil
anos
já
não
serve.
40
Um
dos
problemas
que
se
levanta
para
esta
datação
é
o
facto
de
alguns
países,
durante
algum
tempo,
terem
feito
explodir
bombas
atómicas,
fazendo
estas
subir
para
o
topo
da
atmosfera
material
radioactivo
que
aumenta
o
número
de
electrões,
o
que
levou
a
que
a
concentração
de
!
neste
momento
seja
maior
do
que
era
há
trinta
anos.
14
46
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
MODELOS
NUCLEARES
O
estudo
da
composição
e
propriedades
dos
núcleos
só
começa
a
ser
possível
após
construção
de
grandes
aceleradores
de
partículas.
Por
exemplo,
se
se
quiser
estudar
o
!",
o
acelerador
acelera-‐o
a
grandes
velocidades,
bombardea–ndo
o
seu
núcleo
com
!
ou
!"
partindo
o
núcleo.
A
estrutura
interna
de
um
núcleo
é
um
“mundo
novo”,
sobre
o
qual
até
há
muito
pouco
tempo
pouco
se
sabia.
Foram
começando
a
aparecer
uma
série
de
modelos
para
descrever
a
estrutura
do
núcleo41.
Sabe-‐se
que
a
estrutura
de
um
núcleo
são
protões
e
neutrões
mas
não
se
sabe
ao
certo
como
eles
estão
organizados.
Os
nucleões,
aparentemente,
também
estão,
em
alguns
casos,
organizados
como
os
electrões:
têm
também
níveis
de
energia
(orbitais).
• Modelo
da
gota
líquida
Nucleões
interagindo
fortemente
uns
com
os
outros
(como
moléculas
em
gota
de
água).
Na
reacção
! + ! ! ∗ ! + !
partícula
em
que
!
corresponde
ao
isótopo
de
um
elemento;
a
!
partícula
que
bombardeia
o
elemento
!;
em
que
! ∗
está
no
estado
instável
da
molécula
!;
!
é
outro
elemento
diferente
do
elemento
! .
Essencialmente
este
modelo
diz
que
os
nucleões
(protões
mais
neutrões)
que
estão
no
núcleo
interagem
fortemente
uns
com
os
outros
como
se
fossem
moléculas
de
água:
estas,
numa
gota
de
água
no
estado
líquido,
movem-‐se
dentro
da
gota,
interagindo
todas
umas
com
as
outras.
Da
reacção
acima,
forma-‐se
um
núcleo
composto
por
!
(pode
ser
estável
mas
em
geral
é
instável).
47
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
se
quer
ver
numa
célula);
isto
tem
um
problema,
particularmente
na
Biologia,
porque
quando
se
abre
uma
célula
ela
morre
instantaneamente.
Na
Física
Nuclear
também
há
várias
formas
de
ver
o
que
está
dentro
de
um
núcleo
–
tal
como
na
Biologia
se
pode
corar
uma
célula.
Uma
forma
é
partir
o
núcleo,
outra
é
interferir
com
o
que
está
lá
dentro.
Uma
das
formas
de
partir
o
núcleo
é
torná-‐lo
instável:
há
isótopos
instáveis
e
isótopos
estáveis.
Assim,
é
relativamente
simples
utilizar
um
isótopo
estável
e
torná-‐lo
instável
–
bombardeando-‐o
com
uma
qualquer
partícula
(raio-‐X,
raios
γ,
electrões,
protões,
neutrões)
–
!
-‐
criando-‐se
um
intermediário
! ∗
que
está
excitado:
o
núcleo
recebe
uma
certa
quantidade
de
energia
adicional,
ou
massa
adicional
que
o
tornou
instável
(logo,
excitado);
! + ! ! ∗ ! + ! [! ∗ : estado excitado]
Depois
de
estar
excitado,
passados
alguns
segundos,
minutos,
horas,
dias,
ele
pode-‐se
partir
novamente
e
dar,
não
necessariamente
! + !
mas
algo
completamente
diferente,
como
! + !.
Portanto,
se
o
núcleo
(da
partícula
!)
se
tornar
instável
(! ∗ )
ele
vai
desintegrar-‐
se,
não
se
sabe
de
que
forma.
Exemplo:
Ao
lado
estão
representadas
seis
reacções,
todas
elas
possíveis.
Por
exemplo,
se
se
pegar
no
núcleo
de
oxigénio
(número
de
massa
16)
e
bombardeá-‐lo
com
partículas
! ,
que
são
núcleos
de
!"
(número
de
massa
4),
resulta
um
“produto”
que
tem
número
de
massa
20
(!");
ou
seja,
tem-‐se
16
nucleões,
junta-‐se-‐lhe
4
e
passa-‐se
a
ter
20
nucleões.
Mas
depois
de
formar
este
intermediário
–
!" ∗
(instável)
–
pode
decair
em
qualquer
uma
das
direcções:
(a)
pode
perder
um
protão
e
um
neutrão
(Deutério),
e
portanto
perde
dois
nucleões,
logo
de
20
passa
para
número
de
massa
18,
(b)
pode
perder
apenas
um
neutrão
e
portanto
continua
a
ser
!"
(porque
não
perdeu
nenhum
protão)
mas
com
número
de
massa
19,
(c)
pode
perder
um
3!"
(dois
protões
e
um
neutrão)
e
portanto
fica
com
um
número
de
massa
17:
17!.
Estas
reacções
apenas
são
uma
pequena
amostra
daquilo
que
poderá
acontecer.
Portanto,
o
que
se
forma
é
um
núcleo
composto,
que
não
existia
antes,
que
pode
ser
um
isótopo
estável,
(embora
em
geral
não
o
seja
)
ou
instável:
para
bombardear
também
se
introduz
energia
e
portanto
excita-‐se
o
núcleo
e,
muito
provavelmente,
o
composto
(intermédio)
que
se
forma
não
é
estável.
48
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
Qualquer dos modos de formação pode levar a qualquer dos modos de decaimento.
20
!"
18! + !
Há
perda
de
um
protão
e
um
neutrão,
duas
unidades
de
massa:
de
20
passa
para
18;
mas
como
só
perdeu
1
protão,
só
passa
para
flúor
(!)
e
não
para
oxigénio
(!)
–
que
seria
o
caso
se
tivesse
perdido
dois
protões.
20
!" 19!" + !
Basicamente
juntam-‐se
dois
protões.
42
49
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
Perda
de
um
isótopo
de
Hélio
e
como
se
retirou
dois
protões
dá
um
oxigénio
(como
só
se
tirou
duas
unidades
de
massa
fica
17!).
Qualquer
dos
modos
de
formação
pode
levar
a
qualquer
decaimento.
Foi
esta
verificação
–
perceber
que
modo
de
decaimento
pode
ter
como
origem
qualquer
dos
modos
de
formação
–
que
deu
ideia
de
que
formação
e
decaimento
são
fenómenos
independentes
e
que,
no
fundo,
depois
de
entrar
qualquer
coisa
para
o
núcleo
é
como
se
fosse
uma
gota
de
água
(uma
vez
que
está
tudo
misturado),
a
energia
ou
massa
redistribui-‐se
e
a
forma
como
posteriormente
sai
é
independente
do
que
lá
entrou.
Da
mesma
forma
que
os
números
dos
electrões
nos
gases
nobres
(estáveis)
são
“números
mágicos
de
electrões”
2, 10, 18, 36, 54
existem
“números
mágicos
de
nucleões”
2, 8, 20, 28, 50 …
[pode
ser
apenas
de
!!!
ou
!!!
ou
os
dois
(ainda
mais
estável)]
Qualquer
isótopo
com
este
número
de
protões
ou
de
neutrões
é
bastante
estável,
não
se
desintegram
e
é
difícil
que
reajam
uns
com
os
outros.
50
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
51
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
Os
isótopos
de
um
elemento
são
todos
aqueles
que
têm
o
mesmo
número
de
protões
mas
que
têm
um
número
de
electrões
diferente.
Dentro
do
mesmo
elemento,
pode
haver
isótopos
instáveis
e
estáveis.
Mas
pode-‐se
também
ter
um
elemento,
juntar
um
protão
–
passa
a
ser
outro
elemento,
sendo
este
elemento
muito
instável.
Assim,
a
instabilidade
não
é
só
determinada
pelo
número
de
neutrões,
mas
sim
pelo
total
do
número
de
protões
e
neutrões.
Nota:
O
núcleo
do
cálcio
tem
vinte
protões
e
vinte
neutrões.
À
medida
que
uma
carga
positiva
se
aproxima
ela
vai
sendo
repelida
fortemente.
No
entanto,
na
maior
parte
dos
casos,
quando
se
aproxima
por
bombardeamento,
ou
seja,
com
força
para
chegar
ao
núcleo
quando
chega
quase
a
tocar
o
núcleo,
há
como
que
uma
sugação
dela
para
o
núcleo.
Poderá
haver
uma
força
totalmente
nova
e
desconhecida
que,
desde
que
se
consiga
fazer
chegar
suficientemente
perto
do
núcleo,
a
repulsão
continua
a
ser
muito
grande
mas
há
também
uma
outra
força
que
o
suga
para
“dentro”.
À
medida
que
as
massas
se
afastam
a
força
da
gravidade
vai
diminuindo:
ela
é
tanto
mais
fraca
quanto
mais
longe
estiver
o
objecto
que
atrai.
No
núcleo,
sendo
forças
muito
diferentes,
é
precisamente
o
inverso,
quando
estão
no
núcleo,
se
se
tentar
fazer
com
que
uma
dessas
partículas
se
afaste,
a
força
não
diminui
mas
aumenta;
como
se
fosse
uma
“banda
elástica”
que
está
ligada.
Decaimento
!
43 32 32
(a)
! → !
! → ! + ! ! + !
[!:
anti-‐neutrino]
44
(b)
64 64
!" → !"
! → ! + ! ! + !
[! ! :
positrão]
43
Um
neutrão
converte-‐se
num
protão
mais
um
electrão
(as
radiações
!
são
os
electrões)
mais
um
neutrão.
O
Cu
converte-‐se
em
Ni
fazendo
com
que
um
protão
se
converta
num
neutrão,
num
positrão
(anti-‐electrão)
e
num
neutrino.
44
52
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
45
Aqui
apenas
será
abordada
a
classificação
“grosseira”
das
partículas
menos
evoluídas
e
que
está
relacionada
com
três
parâmetros
diferentes,
que
têm
a
ver
com
o
facto
de
nos
núcleos
existirem
forças
desconhecidas,
novas,
e
que
actuam
nalgumas
“peças”
que
estão
dentro
dos
núcleos.
! :
radiação
gama
46
47
Ainda
se
saiba
relativamente
pouco
acerca
destas
forças;
apenas
se
sabem
as
suas
consequências;
postulando
e
caracterizando
estas
forças
há
determinadas
consequências
que
podem
ser
verificadas.
53
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
Há
dois
tipos
de
força
que
actuam:
forte
e
fraca.
Estas
duas
forças
permitem
classificar
as
partículas
numa
tabela
periódica,
classificando-‐as
de
acordo
com
as
forças
que
sobre
elas
actuam.
Tornou-‐se
convenção
que
todos
os
constituintes
nucleares
sobre
os
quais
se
exerce
a
força
forte
e
fraca
ao
mesmo
tempo
são
os
hadrões
(inclui
os
protões,
neutrões)
e
há
outras
partículas
sobre
as
quais
só
interage
a
força
fraca
–
leptões
(electrões).
Força
forte
Hadrões
Leptões
–
Força
fraca
Força
fraca
2
–
Spin
Todas
as
partículas
giram
sobre
si
próprias
–
momento
angular
Outra
das
formas
de
classificar
está
relacionada
com
o
spin:
todas
as
partículas
giram
à
volta
de
si
próprias.
O
spin
é
imaginado
como
uma
medida
da
sua
velocidade
de
rotação:
quando
uma
partícula
tem
carga,
ao
rodar
sobre
si
própria
produz
um
campo
magnético;
se
não
tem
carga,
mesmo
não
produzindo
um
campo
magnético,
tem
igualmente
capacidade
de
rodar
sobre
si
própria
e
portanto
o
spin
não
tem
a
ver
necessariamente
com
a
existência
de
carga
das
partículas.
Para
além
de
poderem
ser
hadrões
e
leptões,
podem
ser
partículas
constituintes
que
têm
um
determinado
spin
(!)
o
qual
é
dado
como
um
produto
de
uma
constante
(!
-‐
valor
do
!
spin)
pela
constante
de
Plank
( ):
!!
ℎ
! = ! .
2!
! ! !
! = , , , …
FERMIÕES48
! ! !
! = 0, 1, 2, … BOSÕES
Pelo
princípio
de
exclusão
de
Pauli,
os
Fermiões
nunca
podem
ocupar
o
mesmo
espaço
quântico,
enquanto
os
Bosões
sim;
a
ideia
de
spin
para
os
electrões
é
a
mesma
ideia
transportada
para
as
partículas
que
fazem
parte
do
núcleo.
Electrões,
protões
e
neutrões;
não
podem
ocupar
todos
os
mesmos
níveis
de
energia.
48
54
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
3
–
Partículas
e
antipartículas
Até
aos
estudos
feitos
com
núcleos,
ninguém
suspeitava
que
as
partículas
tanto
podem
ser
de
matéria
como
de
anti-‐matéria
(para
cada
partícula
de
matéria
há
uma
equivalente
de
anti-‐matéria
–
é
como
se
houvesse
um
espelho
entre
as
partículas).
Um
dos
grandes
mistérios
do
Universo
é
porque
é
que
há
tão
pouca
anti-‐matéria.
De
facto
a
única
explicação
que
pode
ser
dada
para
a
matéria/antimatéria
é
uma
definição
funcional:
se
um
electrão
colide
com
um
positrão,
a
sua
massa
desaparece
completamente
e
são
convertidos
em
pura
energia.
Portanto,
a
anti-‐matéria,
quando
encontrada
com
a
matéria,
aniquila-‐se.
Há
uma
espécie
de
simetria;
no
entanto
no
Universo
não
há
anti-‐matéria
em
grandes
quantidades
e
portanto
não
há
risco
de
desaparecermos
por
encontrarmos
as
anti-‐
partículas
equivalentes.
Hadrões
Leptões
Mesões
Bariões
forte
Fermiões
fraca
fraca
forte
Bosões
fraca
Nota:
estas
três
classificações
explicam
ou
descrevem
de
uma
forma
rudimentar
as
partículas
todas
que
se
conhecem.
Os
leptões,
em
geral,
são
leves
sobre
eles
apenas
actua
força
fraca,
sendo
todos
eles
fermiões.
Um
electrão,
que
é
um
dos
fermiões,
é
um
leptão
(tal
como
os
neutrinos).
Os
hadrões
são
os
pesados
e
dividem-‐se
em
dois
constituintes:
os
fermiões,
dos
quais
fazem
parte
o
protão
e
o
neutrão,
e
como
são
hadrões
actuam
sobre
eles
sempre
as
duas
forças.
No
entanto, alguns deles têm spin 3 2 , 5 2 , … outros têm spin de 0, 1, 2, 3, … e portanto, quando
são
pesados
são
os
bariões
e
quando
são
mais
leves
são
mesões.
Portanto,
no
fundo
só
há
dois
tipos
de
hadrões
e
um
tipo
de
Leptão.
A
forma
como
a
gravidade
actua
é
através
da
massa.
Para
a
electricidade
existem
cargas
(negativas
e
positivas);
além
disso,
a
rotação
de
cargas
sobre
si
próprias
causam
campos
magnéticos
(que
têm
um
pólo
norte
e
outro
sul).
Portanto,
há
formas
de
caracterizar
estas
duas
forças
conhecidas:
a
gravidade
actua
sobre
a
massa,
a
electricidade
actua
sobre
a
carga.
Forças
Exemplo
Intensidade
Mediador
(onde
actuam)
Forte
1
Gluões
Núcleo
Electromagnética
-‐2
≈10 Fotões
Átomos
Fraca
-‐5
≈10
! ! , ! ! , ! !
Neutrinos
-‐42
Gravitação
≈10
Gravitão
Galáxias
e
planetas
55
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
As
únicas
forças
que
antes
se
conheciam
são
ambas
de
muito
baixa
intensidade:
electromagnética
e
gravitação;
elas
explicam
tudo
o
que
é
Biologia,
Química
e
outras
ciências
humanas,
da
Vida.
A
força
da
gravidade
é
muito
fraca;
apesar
de
nos
manter
com
os
pés
em
cima
da
Terra
e
não
a
flutuar,
é
uma
força
muito
mais
fraca
que
as
restantes
três
(forte,
electromagnética
e
fraca).
A
força
electromagnética
é
bastante
mais
forte
quer
do
que
a
força
fraca
quer,
e
principalmente,
do
que
a
força
de
gravitação,
mas,
em
geral,
só
se
torna
muito
forte
quando
se
entra
nos
próprios
átomos.
Não
havia
nada
no
mundo,
macroscópico,
químico,
biológico,
que
não
fosse
totalmente
explicado
pela
força
electromagnética
e
pela
força
gravítica.
Só
no
princípio
do
século
!!
é
que
se
percebeu
que
havia
“um
mundo”
desconhecido
no
interior
dos
núcleos
o
qual
está
envolvido
por
forças
desconhecidas
até
então.
Forças
essas
que
tinham
de
ser,
algumas
delas,
muito
mais
fortes
que
a
electromagnética,
caso
contrário
os
protões
não
se
manteriam
no
núcleo
sem
se
separarem
e
portanto
tinha
que
haver
uma
força
mais
forte
–
força
[nuclear]
forte.
Uma
outra
força
foi
descoberta
mais
tarde,
quando
se
descobriu
que
um
neutrão
se
parte
num
protão
e
num
electrão,
deixando
sair
um
neutrino;
as
energias
envolvidas
são
muito
mais
pequenas
do
que
as
nucleares
conhecidas
–
força
fraca.
Mas
como
é
que
se
podem
exercer
forças
à
distância?
O
que
é
que
há
no
Sol,
por
exemplo,
que
faz
com
que
a
Terra
sinta
a
presença
do
Sol?
O
que
tem
sido
postulado
é
que
todas
estas
forças
são
mediadas
por
partículas
que
se
movem
entre
os
corpos.
Entre
um
electrão
e
um
protão
há
partículas
que
se
movem
e
que
fazem
com
que
haja
uma
atracção
entre
o
Homem
e
a
Terra;
entre
os
protões
existem
outras
partículas.
Hoje
em
dia,
pensa-‐se
que
há
mediadores
dessas
forças,
provavelmente
também
são
partículas,
como
os
gluões
para
a
força
forte,
os
fotões
na
força
electromagnética,
que
estão
continuamente
a
entrar
e
a
sair
das
partículas
que
se
atraem
ou
repelem,
e
na
gravidade
postulou-‐se
a
existência
de
um
gravitão
(que
ainda
não
foi
demonstrado
e
verificado
experimentalmente,
uma
vez
que
são
partículas
extremamente
pequenas).
Estas
forças
actuam
essencialmente
ao
nível
do
núcleo
(forte)
e
permitem
que
o
núcleo
exista,
que
seja
uma
estrutura.
Ao
nível
dos
átomos
a
força
electromagnética
mantém
os
electrões
à
volta
do
núcleo;
a
força
fraca
explica
a
existência
de
neutrino;
a
força
da
gravitação
actua
ao
nível
dos
planetas
e
galáxias.
As
distâncias
sobre
as
quais
estas
forças
se
exercem
também
são
muito
diferentes:
a
forte
tem
uma
distância
de
influência
extremamente
pequena,
a
força
gravitacional
estende-‐se
durante
milhares
de
anos-‐luz
para
manter
os
planetas
e
as
galáxias
estáveis.
56
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
A
soma
das
cargas
iniciais
tem
de
ser
igual
à
soma
das
cargas
finais;
é
impossível
que,
uma
reacção
entre
partículas,
a
conservação
da
massa
e
a
da
carga
não
sejam
verificadas.
Uma
partícula
e
uma
anti-‐partícula
não
se
aniquilam
sempre
necessariamente,
mas
podem-‐se
converter
em
constituintes
delas
próprias.
Por
exemplo,
se
um
protão
e
um
anti-‐protão
reagem,
pode
acontecer
que
se
aniquilem
havendo
libertação
de
energia,
ou
podem-‐se
formar
4
piões
positivos
e
4
piões
negativos
(a
soma
das
cargas
tem
de
ser
0).
Como
um
protão
é
um
Barião
e
o
Positrão
e
o
Fotão
não
são
Bariões,
(+1) (0) + (0)
O
número
bariónico
está
relacionado
com
o
facto
de,
nos
núcleos,
existirem
forças
fortes
e
forças
fracas
a
actuar:
a
conservação
do
número
bariónico
é
essencial
para
todos
os
processos
nucleares.
Portanto,
para
além
da
conservação
da
massa
e
da
carga,
também
há
a
lei
da
conservação
de
determinados
números
que
definem
as
partículas.
A
reacção
! → ! ! + !
(um
protão
converte-‐se
num
positrão
mais
uma
partícula
!)
é
possível
desde
que
um
!
tenha
uma
energia
enorme,
uma
vez
que
o
protão
é
muito
mais
pesado
que
o
positrão
e,
portanto,
grande
parte
da
massa
tem
de
ser
convertida
em
energia.
Sempre
observada
desde
que
se
assuma
que
energia
e
massa
são
a
mesma
coisa.
49
57
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
Portanto,
em
termos
de
massa
era
possível,
bem
como
em
termos
de
carga
(carga
positiva
(!
e
! ! )
e
nenhuma
carga
(!)).
Se
esta
reacção
de
facto
acontecesse,
libertaria
400 !"#,
mas
não
acontece;
isto
porque
nesta
reacção
não
há
conservação
do
número
bariónico,
porque
todos
os
Bariões
têm
+1,
os
anti-‐bariões
−1,
e
todos
os
Mesões
e
Letpões
têm
número
bariónico
0.
O
que
se
passaria
na
reacção
acima
era
converter
um
número
bariónico
(!)
(que
tem
número
bariónico
+1)
em
dois
leptões,
que
têm
número
bariónico
0.
Assim,
substituindo
os
constituintes
da
reacção
pelo
seu
número
bariónico
não
há
conservação
do
número
bariónico.
A
definição
do
número
bariónico
permite
saber
se
uma
reacção
é
possível
ou
impossível
de
se
verificar.
Postulando
a
existência
do
número
bariónico,
pode-‐se
afirmar
que
esta
reacção
nunca
será
observada,
caso
contrário.
Para
explicar
porque
é
que
certas
reacções
ocorrem
e
outras
parecem
impossíveis
foram
propostas
muitas
outras
propriedades:
• Estranheça;
• Charme;
• Etc.
Quarks
Todos
os
mesões
e
bariões
podem
ser
“explicados”
com
combinação
de
quarks50.
• Bariões:
combinação
de
3
quarks
• Mesões51:
combinações
de
quark/antiquark
[O
nome
Quark
foi
proposto
por
Gell-‐Maum
em
1963
do
livro
“Finmegam
Wake”
(James
Joyce)]
Os
quarks
são
partículas
que
constituem
todos
os
hadrões
(partículas
pesadas
constituídas
pelos
mesões
e
bariões).
Daqui
poder-‐se-‐ia
postular
que
os
quarks
são
as
partículas
verdadeiramente
elementares
do
Universo,
sendo
as
mais
pequenas
de
todas
as
conhecidas.
No
entanto,
isto
não
é
verdade:
não
são
elementares
porque
se
convertem
uns
nos
outros,
além
de
haver
um
número
muito
limitado
de
quarks.
50
Bariões
(protão
e
neutrão)
e
mesões
→
Hadrões.
51
Mesões:
partículas
mais
leves.
58
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
Quarks
Massa
Partícula
!"# Spin
Carga
( )
!!
Up
(!)
336
1
+2
2 3
Down
(!)
338
1
−1
2 3
Strange
(!)
540
1
−1
2 2
Charmed
(!)
1500
1
+2
2 3
Top
(!)
174000
1
+2
2 2
Bottom
(!)
4500
1
−1
2 3
Características:
negativa;
• Têm massas muito variadas: uns têm cerca de 1 3 do peso do protão, outros
59
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
Esta
descrição
de
cada
uma
das
partículas
mostra
como
é
que
umas
partículas
se
convertem
noutras
e
como
é
que
as
partes
diferentes
que
se
obtêm
quando
se
estilhaça
o
núcleo
podem
ser
explicadas
através
de
combinações
de
quarks
diferentes.
Leptões52
(só
6)
Massa
Partícula
(!"# !! )
!
Electrão
(! ! )
0,511 !"#. ! !!
Neutrinoe
(!! )
< 7!". ! !! Para
os
neutrinos
não
se
sabe
verdadeiramente
a
Muão
(! ! )
105,7 !"#. ! !!
sua
massa
uma
vez
que
é
extremamente
pequena
Neutrinoμ
(!! )
< 0,27!"#. ! !!
Tau
(! ! )
1.784 !"#. ! !!
Neutrinoτ
(!! )
< 31!"#. ! !!
O
electrão
é
o
mais
estável,
o
que
existe
numa
forma
isolada,
sem
qualquer
problema.
Todos
têm
massas
muito
pequenas
(são
os
mais
leves)
e
todos
eles
já
foram
vistos
isoladamente
ainda
que
seja
difícil
de
os
detectar
porque
são
muito
leves.
Hoje
em
dia
pensa-‐se
que
a
Química,
Biologia,
os
núcleos,
podem
ser
explicados
em
termos
de
12
partículas
diferentes,
todas
elas
constituídas
por
6
quarks
mais
6
leptões
e
as
suas
anti-‐partículas.
A
ideia
de
que
o
mundo
é
constituindo
por
protões,
electrões,
neutrões
e
fotões
está
completamente
ultrapassada.
Na
verdade
o
que
há
são
leptões
e
quarks
e
interacções
entre
eles
e
das
suas
organizações
em
constituintes
diferentes.
! = +2 3
!:
up
!:
charm
!:
top
Quarks
! = −1 3
!:
down
!:
strange
!:
bottom
Ao
contrário
dos
quarks
(que
têm
combinações)
os
Leptões
parece
que
só
são
formados
por
uma
partícula.
52
60
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
±
80
W 1
2
GeV/c
Fraca
o
91
Z 1
2 Higgs
GeV/c
Electromagnética
1
0
(fotão)
Gravitacional
2
0
(gravitão)
Todos
são
bosões
A
força
entre
duas
cargas
positivas
é
sempre
um
força
de
repulsão
portanto,
para
se
conseguir
manter
os
protões
todos
juntos,
as
forças
de
repulsão
eléctricas
no
núcleo
têm
de
ser
inibidas.
Como
à
medida
que
se
vão
aproximando
dois
protões
a
sua
força
repulsiva
vai
aumentando,
para
os
manter
juntos
tem
de
haver
uma
outra
força:
forças
fortes
e
forças
fracas.
A
força
forte
é
cerca
de
100x
mais
forte
do
que
a
força
electromagnética
e
parece
ser
mediada
por
uma
partícula
(gluões)
que
tem
spin
1
e
massa
0.
A
força
electromagnética
é
mais
fraca,
é
medida
através
de
partículas
com
massa
0
(os
fotões).
A
força
fraca
parece
ser
mediada
por
±W
e
Zo
que
têm
uma
energia
muito
alta;
a
força
gravitacional
é
um
gravitão
que
tem
spin
2
e
massa
0.
As
forças
entre
partículas
podem
ser
imaginadas
como
havendo
outras
partículas
que
se
movem
entre
elas.
Nota:
Quando
se
diz
que
tem
massa
0
quer
dizer
que
em
repouso
a
massa
é
zero.
Um
fotão,
em
repouso
tem
massa
0.
Nenhuma
partícula
que
em
repouso
tem
massa
diferente
de
zero
pode
ser
acelerada
à
velocidade
da
luz
caso
contrário
adquiria
uma
velocidade
infinita.
Sendo
as
partículas
que
exercem
esta
força
partículas
que
se
movem
próximo
da
velocidade
da
luz,
a
sua
energia
necessariamente
não
é
0;
é
a
energia
equivalente
a
um
fotão.
61
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
RADIOACTIVIDADE
Interacção
de
radiação
com
a
matéria.
A
radiação
é
grande
parte
das
vezes
produzida
devido
à
instabilidade
dos
núcleos;
os
núcleos
de
alguns
elementos,
por
um
lado
são
muito
instáveis
por
si
só,
por
outro
lado
quando
são
bombardeados
por
fotões,
por
exemplo,
tornam-‐se
instáveis
e
emitem
radiação.
Esta
pode
ser
útil
ou
danificante.
Há
essencialmente
três
mecanismos
envolvidos
na
interacção
da
radiação
altamente
energética
(que
provém
de
mecanismos
nucleares)
com
a
matéria;
estes
três
mecanismos
libertam
electrões.
Os
três
mecanismos
são:
(a)
processo
de
dispersão
fotoeléctrico
(o
que
acontece
com
mais
frequência),
(b)
processo
de
dispersão
de
Compton
e
(c)
processo
de
produção
de
pares
(aquele
que
acontece
com
menor
frequência).
A. Processo
de
dispersão
fotoeléctrico
L
M
K
Radiação
fluorescente
Foto
electrão
emergente
Fotão
incidente
Electrão
! ,
!
ou
! = ℎ! − !!"# [do
electrão
(!)]
! = ℎ!
!
62
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
Ao
sair,
o
electrão
vai
deixar
um
espaço
livre,
que
deixou
de
estar
ocupado,
numa
das
orbitais
do
átomo
e
muito
frequentemente
fica
no
espaço
vazio
deixado
pelo
electrão
um
outro
electrão
que
estava
mais
afastado
no
núcleo
e
salta
para
o
lugar
deixado
vago.
Ao
saltar
de
um
orbital
de
maior
energia
para
um
de
menor
energia,
ele
pode
emitir
radiação
fluorescente
que
é
igual
à
diferença
das
energias
de
ligação:
! = Δ!!"#$çã! .
Este
processo
ocorre
com
grande
frequência
(em
mais
de
90%
dos
casos)
nos
mecanismos
de
interacção
das
radiações
com
as
moléculas.
Da
interacção
da
fotoincidência
com
um
electrão
orbital
sai
um
pouco
de
energia
sob
a
forma
de
fluorescência
que
está
relacionada
com
o
rearranjo
dos
electrões
dos
diferentes
orbitais.
O
electrão
emergente
vai
então
sair
com
uma
elevadíssima
energia,
muito
próxima
da
energia
do
fotão
incidente
(centenas
de
milhões
de
electrões
volt):
! ≡ ℎ!
–
!"!#$%& !" !"#$çã! !" !"!#$%ã!.
A
saída
do
electrão
com
uma
muito
alta
energia
vai
obviamente
causar
muitas
alterações
às
moléculas
que
estiverem
por
perto,
alterações
essas
que
são
essencialmente
químicas.
Este
processo
leva
à
produção
de
efeitos
danificantes.
De
facto,
tudo
o
que
provém
da
radiação
dos
sistemas
vivos
e
não
vivos
está
relacionado
com
efeitos
Químicos
ou
Bioquímicos,
ou
seja,
a
forma
como
as
radiações
de
altíssima
energia
vão
produzir
danos
nos
sistemas
vivos
através
de
mecanismos
que
alteram
as
moléculas
biológicas,
que
as
partem.
Portanto,
os
mecanismos
têm
de
ser
mediados
por
processos
químicos.
Assim,
os
efeitos
da
radiação
estão
relacionados
com
partir
ou
transformar
moléculas
por
processos
químicos
ou
bioquímicos.
Pela
lei
da
conservação
de
energia,
a
energia
do
fotoelectrão
emergente
tem
de
ser
igual
à
energia
inicial
(que
fez
com
que
ele
saísse)
menos
a
energia
de
ionização
do
electrão
do
átomo.
Ou
seja,
é
necessário
superar
a
energia
que
ligava
o
electrão
ao
núcleo
do
átomo.
63
BIOFISICA
I
!
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
ele
seja
estimulado,
isto
é,
adquira
uma
quantidade
de
energia
do
fotão
incidente,
e
portanto,
adquire
uma
energia
que
é
a
diferença
entre
a
energia
do
fotão
incidente
e
o
fotão
desviado
(que
fica
com
menor
energia):
! = ℎ! − ℎ!′.
A
energia
recebida
pelo
electrão
está
dependente
da
forma
como
o
fotão
acerta
no
electrão:
se
for
de
raspão,
adquire
pouca
energia,
se
for
em
cheio,
adquire
a
energia
toda
do
fotão
incidente.
Tal
como
no
processo
anterior,
o
produto
desta
reacção
é
um
electrão
com
energias
variáveis,
mas
certamente
maior
do
que
as
energias
conhecidas
dos
átomos.
O
fotão
desviado,
por
sua
vez,
poderá
vir
a
estimular
outros
electrões
a
saltarem
das
orbitas
dos
átomos
a
que
estão
associados.
Este
é
um
processo
mais
raro
uma
vez
que
normalmente
nos
seres
vivos
não
há
muitos
electrões
“livres”
e
os
que
há
estão
em
sítios
muito
localizados
dentro
das
células.
Apesar
de
menos
frequente,
este
processo
leva
à
produção
de
um
electrão
com
uma
energia
muito
mais
elevada
do
que
a
normal
para
um
electrão
e
por
isso
bem
mais
danificante.
Este
pode
mesmo
ser
considerado
como
um
mecanismo
complementar
do
processo
de
dispersão
fotoeléctrico.
Destes
dois
mecanismos,
a
consequência
da
interacção
da
radiação
com
a
matéria
é
o
transferir
para
um
electrão
(de
um
orbital
ou
que
esteja
livre)
uma
energia,
em
geral,
de
milhões
de
electrões
volt
(!"#).
64
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
Electrão emergente
Par
criado
! = ℎ! > 1,02
MeV
de
novo
Núcleo
do
átomo
Se
fosse
igual
a
1,02
MeV
formar-‐se-‐ia
o
par
mas
não
chegaria
a
sair
do
núcleo
[positrão]
ℎ! = 0,51 !"#
! !
o
180
ℎ! = 0,51 !"#
Este
processo
está
relacionado
com
a
produção
de
anti-‐matéria
nos
sistemas
vivos
(entre
os
quais
o
corpo
humano).
A
interacção
não
é
com
electrões,
mas
directamente
com
o
núcleo
e
portanto
se
a
radiação
incidente
sobre
o
núcleo
do
átomo
tiver
uma
energia
maior
do
que
1,02!"# 53,
o
núcleo
absorve
esta
energia
e
empurra
para
fora
um
electrão
“normal”
e
um
positrão
(electrão
positivo).
O
positrão
produzido,
como
é
uma
partícula
de
antimatéria,
não
vai
“conseguir”
durar
muito
tempo
após
ter
saído
do
núcleo;
após
a
sua
saída,
o
primeiro
electrão
que
encontrar
vai-‐
se
aniquilar,
produzindo
um
par
de
fotões
cada
um
com
metade
da
energia
da
formação
do
par.
Ou
seja,
a
aniquilação
de
um
positrão
com
um
electrão
produz
1,02!"#
(0,51 !"# +
0,51 !"#);
a
restante
energia
(! = ℎ! > 1,02
!"#)
é
a
energia
da
saída
do
par.
Portanto
há
“duas
energias”:
uma
da
criação
do
par
e
outra
de
saída.
Se
a
energia
do
fotão
for
inferior
a
1,02 !"#,
como
a
energia
que
sai
do
aniquilamento
de
um
electrão
com
um
positrão
é
1,02 !"#
não
há
formação
do
par
no
núcleo.
A
energia
com
que
cada
um
(electrão
e
positrão)
sai
do
núcleo
é
tanto
maior
quanto
maior
for
a
energia
do
fotão
incidente.
53
Este
valor,
provavelmente,
está
relacionado
com
a
criação
do
par
de
matéria/anti-‐matéria.
O
que
sai
do
núcleo
(não
dos
orbitais),
é
um
electrão
com
uma
certa
energia,
e
sai
também
um
positrão
com
a
mesma
energia.
65
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
Nota:
As
PET
(Tomografia
por
Emissão
de
Positrões)
são
imagens
a
partir
da
emissão
de
positrões
–
baseado
no
processo
anteriormente
descrito.
Injecta-‐se
numa
pessoa
material
ligeiramente
radioactivo,
com
um
tempo
de
semi-‐vida
muito
curto,
tirando
uma
fotografia
dos
positrões
que
são
produzidos
em
determinado
local.
Num
PET
é
necessário
ter-‐se
ao
lado
um
pequeno
acelerador
de
partículas
para
produzir
material
radioactivo
que
imediatamente
é
injectado
na
pessoa
e
que
se
vai
distribuindo
pelos
tecidos
que
são
necessários
para
se
tirar
a
imagem.
Portanto,
do
processo
de
“produção
de
pares”
há
um
par
de
electrões
(um
negativo
e
outro
positivo)
criado
de
novo.
O
positrão,
eventualmente,
reage
com
um
electrão
da
matéria
e
a
energia
total
de
! ! + ! !
“aparece”
na
forma
de
dois
fotões
de
energia
exactamente
igual
a
0,51 !"#
(a
!!"!#$
de
1,02 !"#
corresponde
à
energia
equivalente
à
massa
do
! ! + ! ! .
Nos
três
processos
descritos
há
sempre
produção
de
electrões
com
energias
diferentes.
São
estes
electrões54
que
depositam
energia
nos
sistemas
biológicos
(predominantemente).
Dos
três
processos
anteriormente
descritos,
todos
eles
têm
como
efeito
final
a
libertação
de
um
electrão
que
vai
sair
do
átomo
em
geral
com
energias
elevadas.
São
estes
electrões
que
depositarão
energia
nos
sistemas
biológicos
e
que
vão
fazer
“estragos”
nestes
tecidos.
No
último
caso,
produziu-‐se
um
par
de
electrões
(! ! + ! ! )
a
partir
do
núcleo
–
estes
electrões
não
saem
dos
orbitais,
mas
sim
do
núcleo.
De
facto,
todos
os
seres
biológicos
estão
a
produzir
antimatéria
constantemente
(ainda
que
muito
pouca).
Os
efeitos
danificadores
da
radiação
são
mediados
química
e
bioquimicamente
através
destes
electrões
libertados
por
estes
três
processos.
Todos
os
efeitos
negativos
da
radiação
nos
sistemas
vivos
têm
como
base
a
aceleração
de
electrões
a
elevados
índices
energéticos.
Nota:
Tipos
de
radiações
que
são
produzidas:
• !
–
não
entra
no
corpo;
• !
-‐
tem
alguma
dificuldade
em
entrar
no
corpo;
• !
-‐
atravessa
o
corpo
com
muita
facilidade.
Ao
movimentarem-‐se
por
dentro
do
material
e
ao
depositarem
energia,
aquece!
54
66
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
Os
danos
produzidos
não
são
directamente
dos
!,
mas
sim
dos
electrões
produzidos
no
processo,
pois
são
eles
os
responsáveis
pelas
alterações
consequentes.
Nota:
Bremsstrahlung55
–
energia
libertada
quando
o
electrão
é
forçado
a
mudar
de
trajectória
(radiação
de
“travagem”)
–
fotões
libertados.
Radiação
produzida
quando
electrões
acelerados
são
freados
bruscamente
contra
um
alvo.
Quando
partículas
carregadas,
principalmente
electrões,
interagem
com
o
campo
eléctrico
de
núcleos
de
número
atómico
elevado,
elas
reduzem
a
energia
cinética,
mudam
de
direcção
e
emitem
a
diferença
de
energia
sob
a
forma
de
ondas
electromagnéticas,
denominadas
raios
!
de
freamento
ou
bremsstrahlung.
A
energia
dos
raios
!
de
freamento
depende
fundamentalmente
da
energia
da
partícula
incidente.
Os
raios
!
gerados
para
uso
médico
e
industrial
não
passam
dos
500 !",
embora
possam
ser
obtidos
em
laboratório
raios
!
até
com
centenas
de
!"#.
Como
o
processo
depende
da
energia
e
da
intensidade
de
interacção
da
partícula
incidente
com
o
núcleo
e
do
seu
ângulo
de
"saída",
a
energia
da
radiação
produzida
pode
variar
de
zero
a
um
valor
máximo,
sendo
contínuo
o
seu
espectro
em
energia.
Ao
interagir
com
a
matéria,
a
radiação
incidente
pode
também
transformar
total
ou
parcialmente
a
sua
energia
em
outro
tipo
de
radiação.
Isso
Palavra
de
origem
alemã:
Bremsen=
Frear
e
Strahlung=
radiação.
55
67
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
Um
electrão
de
baixa
energia
pode
partir
15.000
moléculas
de
água,
o
que
corresponde
a
30.000
radicais
produzidos
neste
processo:
se
transferir
toda
a
sua
energia
pode
produzir
15.000
ionizações
no
sistema
biológico.
O
processo
de
“desagregação”
da
água
é
um
processo
totalmente
químico
e
portanto
usa
muito
pouca
energia.
Para
ionizar
uma
molécula
de
água
são
necessários
12,6!".
Um
electrão
de
baixa
energia
tem
cerca
de
200.000!"
e
um
único
electrão
destes
pode
ionizar
cerca
de
15.000
moléculas
de
água.
68
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
Este
processo
refere-‐se
à
ionização
da
água:
faz-‐se
sair
da
água
um
dos
electrões
que
fazia
parte
dum
par
de
electrões
água,
obtendo-‐se
!! ! !
mais
o
electrão
que
sai
(! ! ).
Cria-‐se
um
electrão
que
passa
a
estar
solto
mais
uma
molécula
de
água
positiva
que
tem
também
um
electrão
não
emparelhado
e
portanto
ambos
são
radicais,
mas
neste
caso
são
radicais
com
carga.
Em
ambos
os
casos,
por
ionização
ou
por
excitação,
há
produção
de
protões
novos
que
são
electrões
não
emparelhados,
e
portanto
vão
estar
avidamente
à
procura
de
algo
com
que
reagir.
(1)
o
!! ! !
pode-‐se
partir
e
lançar
para
fora
um
! !
e
nesse
caso
o
meio
fica
mais
acídico
(tem
uma
maior
concentração
de
! ! )
e
por
sua
vez
produzir
um
radical
(!" ⋅).
(2.1)
o
electrão
pode-‐se
juntar
a
outra
molécula
de
água,
originando
uma
molécula
de
água
negativa.
Esta
molécula
de
água
negativa,
por
sua
vez,
também
se
pode
partir
e
dar
a
origem
a
mais
radicais
de
hidrogénio
e
!" ⋅
(que
pode
fazer
com
que
o
tecido
se
torne
mais
ácido).
(2.2)
o
electrão
pode-‐se
juntar
a
um
dos
protões
e
produzir
um
radical
de
hidrogénio.
(2.3)
a
molécula
de
água
é
um
dipolo
eléctrico
(tem
mais
carga
negativa
de
um
lado
(!)
do
que
do
outro);
pode
acontecer
que
se
forme
uma
coroa
de
moléculas
de
água
à
volta
do
electrão,
que
o
protegem,
e
portanto
ele
não
vai
reagir
com
nada;
o
electrão
pode
percorrer
grandes
distâncias
entre
os
tecidos
e
só
reagir
mais
tarde
uma
vez
que
está
a
ser
protegido
pelas
moléculas
de
água
à
sua
volta
–
electrão
aquoso.
Todos
estes
processos,
em
geral,
levam
à
produção
de
radicais,
seja
de
!" ⋅
seja
de
radiais
de
hidrogénio;
são
estes
radicais
que
provavelmente
vão
causar
os
estragos
que
se
conhecem
dos
efeitos
das
radiações
sobre
os
sistemas
biológicos.
Resumindo,
uma
radiação
entra
no
sistema
vivo,
que
em
geral
está
cheio
de
água,
vai
produzir
uma
quantidade
enorme
de
radicais
nessa
área,
os
quais
vão
interagir
com
o
que
primeiro
lhes
aparecer
à
frente.
Estes
mecanismos
produzem
essencialmente
cinco
componentes;
três
deles
são
extremamente
reactivos
e
danificantes:
radical
hidrogénio
(! ∙),
radical
hidróxido
(!" ⋅)
e
o
electrão
aquoso
(! ! !").
Produzem
também
outros
dois
que,
dependendo
da
sua
concentração
ou
vão
acidificar
ou
alcalinizar
o
meio
onde
estão
a
ser
produzidos.
Todos
estes
processos
decorrem
em
intervalos
de
tempo
muitíssimo
curtos.
Embora
tenham
também
outros
alvos
(destroem
proteínas,
lípidos,
açúcares),
só
o
DNA
é
que
é
verdadeiramente
importante:
se
se
alterar
o
DNA
é
muito
grave
(caso
se
“estrague”
69
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
uma
proteína
em
vez
do
DNA,
este
faz
outra
proteína).
No
entanto
não
se
pode
dizer
que
os
radicais
tenham
“aptidão
especial”
para
reagir
e
destruir
o
DNA;
apenas
que
terá
efeitos
críticos:
a
célula
ou
vai
morrer
ou
torna-‐se
cancerígena.
2. Dissociação
• ! − !"!! + ! ! !" → ! ∙ +!"!
(A)
[!"!! :
amina
protonada]
Neste
processo
não
se
extrai
apenas
um
átomo:
pode-‐se
partir
uma
molécula
e
fazer
extrair
um
grupo
através
deste
mecanismo:
um
electrão
aquoso
reage
com
uma
amina
ou
uma
proteína
que
tenha
glutamina.
A
primeira
reacção
(A)
é
uma
amina
protonada
que
é
positiva
e
atrai
um
electrão
aquoso
que
é
negativo.
A
segunda
reacção
(B)
é
uma
amina
não
protonada
que
atrai
um
radical
que
não
tem
carga,
e
portanto
não
tem
efeitos
de
carga.
No
entanto,
em
ambos
os
casos
parte-‐se
uma
molécula,
sai
um
grupo
!"!
ou
!"!
e
fica
a
molécula
com
o
radical
não
emparelhado.
Se
esta
molécula
encontrar
outra
que
também
tenha
um
radical
não
emparelhado,
liga-‐se
a
ela58.
3. Adição
• ! − !" = !" − ! + !" → !"#$# − !" ∙ −!
É
isto
que
faz
com
que
haja
manchas
na
pele
em
pessoas
mais
velhas
–
devido
à
formação
de
radicais.
58
70
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
O
radical
junta-‐se
a
uma
molécula
e
portanto,
particularmente
se
for
em
ligações
duplas,
o
radical
!" ∙
pode-‐se
ligar
à
molécula
e
transfere
o
electrão
não
emparelhado
para
a
molécula.
Se
se
formarem
vários
lípidos
com
radicais
na
sua
membrana,
vai
levar
a
que,
quando
se
juntar
a
outros
lípidos,
se
formem
crosslink
(moléculas
que
se
deviam
mover
com
mais
facilidade
mas
não
conseguem).
Se
isto
acontecer
com
muitos
lípidos,
uma
das
mais
importantes
capacidades
da
membrana,
a
sua
fluidez
e
permissão
de
movimentos,
fica
comprometida,
tornando
a
membrana
mais
rígida.
71
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
RADIAÇÃO
A
!! !
pode
ser
partida
essencialmente
por
três
formas:
(a)
por
extracção
de
átomos
de
hidrogénio
levando
a
uma
diminuição
do
!",
(b)
por
dissociação,
(c)
por
adição.
• !! ! ⇌ !" ! + ! !
• !! ! ⇌ !! ! ! + ! !
• !! ! ⇌ !" ∙ +! ∙
Se
for
fornecida
à
água
uma
quantidade
suficiente
de
energia
–
energia
de
dissociação
–
pode-‐se
parti-‐la
formando-‐se
espécies
com
electrões
desemparelhados.
A
grande
diferença
entre
a
primeira
para
as
duas
seguintes
reacções
é
que
nestas
há
electrões
desemparelhados
em
todos
os
produtos.
No
segundo
caso
retirou-‐se
um
electrão
à
!! !
ficando
com
uma
espécie
com
um
electrão
desemparelhado,
!! ! ! ,
tendo
os
produtos
“cargas
opostas”
e
ambas
com
um
electrão
desemparelhado.
Na
terceira
equação
é
de
notar
que
tanto
o
!" ∙
como
o
! ∙
têm
carga
zero.
Portanto,
a
diferença
entre
os
produtos
da
segunda
equação
para
os
produtos
da
terceira
equação
é
o
facto
de
os
primeiros
terem
carga,
os
segundos
são
neutros,
mas
em
ambas
as
situações
têm
electrões
desemparelhados.
A
forma
como
cada
uma
destas
espécies
vai
reagir
com
uma
molécula
biológica
tem
muito
a
ver
com
a
carga
que
esta
tem.
Portanto,
a
reacção
destes
radicais
(espécies
com
electrões
desemparelhados)
vai
depender
da
carga
que
existir
à
superfície
das
moléculas
biológicas,
atraindo
uns
e
repelindo
outros.
Nas
três
formas
de
partir
a
!! !
expostas,
há
conservação
tanto
da
carga
como
da
massa.
As
duas
formas
de
dissociação
da
água
(segunda
e
terceira
equações)
exigem
elevada
quantidade
de
energia
de
ionização.
72
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
Nota:
Isto
tem
implicações
na
área
do
tratamento
de
Cancro
por
radiação.
Se
por
um
lado,
na
ausência
de
!! ,
é
mais
difícil
matar
células
por
radiação,
por
outro
lado
um
cancro,
ao
crescer,
vai
fazer
com
que
o
tecido
que
está
a
crescer
afaste
os
capilares,
portanto
o
interior
do
tecido
canceroso
em
geral
não
tem
oxigénio.
Assim,
nos
mecanismos
de
terapia
do
cancro
usando
radiação
destrói-‐se
com
maior
facilidade
as
células
que
não
são
cancerosas,
havendo
maior
dificuldade
em
eliminar
as
células
que
estão
no
centro
do
tecido
canceroso,
uma
vez
que
estas
quase
não
têm
oxigénio.
Este
é
um
dos
grandes
dilemas
nos
mecanismos
de
terapia
por
radiação,
uma
vez
que
se
matam
células
saudáveis
e
tem
que
se
aumentar
muito
a
quantidade
de
radiação
para
chegar
às
células
cancerosas.
Os
radicais
produzidos
pela
água
e
pela
radiação
dão
origem
a
produtos
que
são
lixo
biológico
e
que
terão
de
ser
eliminados.
Por
exemplo,
quando
o
ácido
araquidónico
(que
é
um
ácido
gordo)
é
atacado
por
um
radical
! ∙
ou
por
um
radical
!" ∙,
como
tem
várias
ligações
duplas,
tem
vários
sítios
de
onde
o
radical
pode
extrair
um
hidrogénio.
Qualquer
um
destes
radicais,
ao
aproximar-‐se
do
ácido
gordo,
retira
um
átomo
de
hidrogénio
produzindo
!!
ou
!! !.
Isto
faz
com
que
o
próprio
ácido
gordo
se
transforme
num
radical.
A
molécula
vai-‐se
rearranjar,
o
radical
passa
da
posição
13
para
a
73
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
É
muitas
vezes
usado
para
preservar
objectos
e
cadáveres.
60
74
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
Outra
possibilidade
é
os
radicais,
em
vez
de
atacarem
os
açúcares,
atacarem
as
bases
do
DNA.
A
imagem
ao
lado
ilustra
o
que
se
passa
com
a
timina:
num
caso,
retira-‐se
um
dos
!
e
acrescenta-‐se
um
!",
formando-‐se
um
composto
instável.
No
outro
caso,
há
interacção
com
dois
radicais
!" ∙
produzindo-‐se
em
ambos
os
casos
produtos
tóxicos.
Portanto,
tal
como
nos
açúcares,
nas
bases
também
se
retira
e
junta
“qualquer
coisa”.
75
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
Nota:
Radical
hidroxil
!" ∙
Redução
de
3
! !
76
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
77
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
Daqui
podem
ocorrer
dois
processos:
ou
há
uma
reparação
química
(glutationa,
SOD,
catalase)
ou
há
fixação
dos
danos:
um
lípido
passa
a
radical,
reage
com
o
oxigénio
passando
a
peróxido
que,
após
uma
cascata
de
reacções
produz
MDA.
Pode
no
entanto
haver
enzimas
específicas
que
vão
ressintetizar
as
moléculas
que
se
danificaram.
Este
é
um
processo
bioquímico
que
pode
levar
alguns
minutos
até
ficar
concluído.
Se
os
danos
forem
muito
severos,
os
processos
bioquímicos
são
insuficientes
e
portanto
tem
de
haver
síntese
de
novas
células,
processo
este
que
é
biológico
e
que
pode
demorar
algumas
horas.
Unidades
de
radiação
• Actividade
da
fonte
!
Unidade:
Curie
=
!"
1!" = 3,7×10!"
desintegrações/segundo
1
Bequerel
= 1!" = 1
desintegração/segundo
(SI)
No
entanto,
saber
o
que
uma
fonte
produz
não
é
suficiente
para
saber
os
seus
efeitos.
É
necessário
saber
medir
a
exposição
a
que
um
ser
vivo
está
sujeito.
78
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
• Exposição
Radiação
que
atinge
o
objecto
e
produz
ionização;
Unidade:
Roentgen
= !
(SI)
1! = 2,58×10!!
coulomb/Kg
A
exposição
é
definida
como
sendo
a
radiação
que
atinge
um
objecto
e
que
produz
ionização
(há
radiações
que
penetram
o
corpo
mas
que
não
têm
qualquer
efeito).
• Dose
absorvida
Energia
absorvida
pelo
objecto.
Unidade:
Gray
= !"
(SI)
1!" = 1
joule/kg
Após
produção
de
ionização,
a
água
pode
não
ter
grande
“actividade”,
ou
seja,
não
causar
danos;
a
dose
absorvida
é
aquela
que
efectivamente
fez
estragos:
a
água
pode-‐se
ter
partido
e
logo
a
seguir
juntar-‐se
de
novo,
houve
energia
que
foi
libertada
e
que
posteriormente
é
utilizada,
portanto
o
saldo
é
“nulo”.
Uma
fonte
de
radiação,
quando
incide
na
matéria
viva
vai
provocar
danos
que
serão
tanto
maiores
quanto
maior
for
a
energia
absorvida.
Pode-‐se
ter
uma
fonte
que
produza
muita
79
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
radiação,
mas
se
o
sistema
vivo
estiver
bem
protegido
os
danos
não
serão
elevados.
No
entanto
a
consequência
da
dose
absorvida
nos
tecidos
tem
consequências
diferentes
para
locais
onde
a
radiações
incidiu.
Se
se
irradiar
cartilagens,
a
pele,
o
fígado,
os
pulmões,
o
cérebro
ou
os
olhos,
os
efeitos
serão
muito
diferentes.
Deste
modo,
não
basta
saber
apenas
qual
é
a
dose
absorvida
mas
tem
também
de
se
a
“corrigir”
com
um
outro
factor:
factor
de
qualidade
(!").
O
FQ
é
diferente
para
todos
os
tecidos;
refere-‐se
sempre
a
um
tipo
de
radiação
e
a
um
determinado
efeito.
Para
ser
definido
é
preciso
dizer
qual
a
radiação
que
se
está
a
usar,
e
qual
é
o
efeito
que
se
espera
desse
tipo
de
radiação.
O
FQ
é
uma
medida
qualitativa,
de
comparação,
definido
pela
comparação
dos
seus
efeitos
com
os
efeitos
de
uma
radiação
standardizada
que
é
a
radiação
dos
Raios
!
com
uma
energia
de
200!"#.
Por
exemplo,
“neutrões
velozes”
(radiação
que
não
têm
carga)
energia
superior
a
0,1!"#
têm
um
factor
de
qualidade
10
na
produção
de
cataratas.
Ou
seja,
isto
equivale
a
dizer
que
seria
necessária
uma
dose
absorvida
dez
vezes
(10x)
maior
dos
raios
!
(standards)
para
produzir
cataratas.
Ou
então,
por
exemplo
o
factor
de
qualidade
fosse
de
0,2
seria
!
necessária
uma
dose
absorvida
de
daquela
que
é
absorvida
pelo
raio
X
com
uma
energia
de
!
Portanto,
os
efeitos
das
radiações
para
cada
um
dos
tecidos
dependem
de
muitos
factores:
(a)
quantidade
de
oxigénio
presente
nesse
tecido
–
quanto
maior
quantidade
de
!!
nesse
tecido,
maior
é
a
sensibilidade
à
radiação,
(b)
a
temperatura
do
tecido
–
um
tecido
mais
quente,
em
geral,
é
mais
sensível
à
radiação
uma
vez
que
as
suas
estruturas
biológicas
estão
menos
compactas61,
(c)
do
!"
–
durante
a
cascata
de
ionização
da
!! !
vão
sendo
produzidos
! !
e
!" ! ,
(d)
concentração
de
vários
iões,
etc.
Portanto,
o
FQ
depende
não
só
do
tecido
em
questão,
mas
depende
também
das
características
do
próprio
tecido.
A
questão
dos
efeitos
da
radiação
é
muito
complexa.
O
ser
humano
(e
todos
os
organismos
vivos)
está
continuamente
sujeito
a
radiação.
61
No
tratamento
com
radiação
de
certos
tecidos
aquece-‐se
o
tecido
usando
micro-‐ondas
de
forma
a
radiação
ser
mais
eficiente
nesses
tecidos.
80
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
Fontes
de
Radiação
(EUA)
Dose
aproximada
(milirans/ano)
!"# = !""#$%&
Raios
cósmicos
Nível
do
mar
→
40
50.000
pés
de
altitude
→
70
10.500
pés
de
altitude
→
160
20.000
pés
de
altitude
→
400
Dose
média
(EUA)
→
44
Os
raios
cósmicos
são
aqueles
a
que
todos
os
seres
vivos
que
estão
à
superfície
da
Terra
estão
sujeitos.
Quanto
mais
alto
se
estiver
menos
se
está
protegido
destes
raios;
a
dose
média
para
os
EUA
da
radiação
que
vem
de
fora
da
Terra
é
de
44
milirans/ano,
uma
vez
que
a
grande
maioria
das
pessoas
vive
ao
nível
do
mar.
Fontes
de
Radiação
(EUA)
Dose
aproximada
(milirans/ano)
!"# = !""#$%&
Raios
do
solo
(!):
!", !, !ℎ, !
Costa
Atlântica
→
22,8
Colorado
→
90
Dose
média
(nas
gónadas)
→
26
O
solo
da
Terra
tem
vários
isótopos
que
são
radioactivos.
O
isótopo
radioactivo
de
!,
por
exemplo,
existe
mais
ou
menos
a
uma
concentração
constante
em
todo
o
planeta
ainda
que
em
baixas
concentrações.
Este
tipo
de
radiação
é,
em
geral,
menor
do
que
aquela
que
vem
do
exterior
da
Terra.
Fontes
de
Radiação
(EUA)
Dose
aproximada
(milirans/ano)
!"# = !""#$%&
40 14
Elementos
absorvidos:
K,
C,
etc.
Média
→
18
Total
dos
três
tipos
de
radiação
→
88 ± 11
recebidos
Além
da
radiação
vinda
de
cima
(do
cosmos)
e
de
baixo
(dos
terrenos
onde
vivemos)
é
também
recebida
radiação
interna
devido
aos
isótopos
que
são
consumidos
e
que
não
há
forma
de
os
evitar.
Há
portanto
três
fontes
diferentes
de
radiação
que
afectam
todos
os
seres
vivos;
cada
pessoa,
em
média,
recebe
aproximadamente
90
milirans/ano.
Esta
é
uma
81
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
quantidade
muito
pequena
e
para
a
qual
um
ser
vivo
tem
as
protecções
necessárias
para
reparar
e
o
proteger
contra
estes
tipos
de
radiação.
Estes
três
tipos
de
radiação
são
aquelas
a
que
todos
os
seres
vivos
estão
sujeitos,
é
a
radiação
“natural”.
Fontes
de
Radiação
Dose
aproximada
(milirans/ano)
!"# = !""#$%&
Radiação
produzida
pelo
Homem
Fallout
→
4
Energia
nuclear
→
0,003
Diagnósticos
→
72
Radiofarmaceutica
→
1
Certos
solos
(India
e
Brasil)
são
100x
e
águas
(Itália
e
Austria)
106
vezes
mais
radioactivos.
A
radiação
fallout
tem
a
ver
com
a
radiação
que
é
emitida
durante
a
utilização
de
material
radioactivo
como
por
exemplo
nas
experiências
de
bombas
atómicas,
centrais
nucleares
que
por
vezes
deixam
escapar
elementos
radioactivos.
Esta
radiação
sobe
à
atmosfera
e
depois
cai
(fallout
of
the
sky).
Os
níveis
são
bastante
pequenos
uma
vez
que
já
não
se
fazem
muitas
experiências
e
as
centrais
nucleares
estão
mais
protegidas
e
são
mais
eficientes.
Da
energia
nuclear,
aquela
que
tem
a
ver
com
a
produção
de
electricidade
a
quantidade
de
radiação
a
que
um
ser
vivo
está
exposto
(quando
não
há
acidentes)
tem
um
valor
extremamente
baixo62.
Dos
diagnósticos,
por
exemplo
quando
se
faz
um
raio
X,
o
PET,
a
qualquer
parte
do
corpo
é
recebida
uma
quantidade
semelhante
da
radiação
que
é
recebida
da
radiação
natural.
Da
utilização
de
fármacos
radioactivos
também
se
pode
ser
sujeito
a
radiações.
Portanto,
da
Natureza
é
recebida
uma
quantidade
de
radiação
que
é
comum
a
todos
os
seres
vivos.
No
entanto,
em
sociedades
mais
“avançadas”
há
radiações
adicionais
que
provêm
da
“autoria”
do
Homem
e
que
são
mais
ou
menos
da
mesma
ordem
de
grandeza
daquelas
que
são
emitidas
naturalmente.
Certos
solos
e
águas
no
planeta
têm
níveis
de
radiação
extremamente
elevados.
Células
em
divisão,
em
geral,
são
mais
sensíveis.
Grande
parte
desta
informação
vem
de
estudos
feitos
sobre
vitimas
das
explosões
atómicas.
Doses
< 25!"#$ →
não
produzem
efeitos
visíveis
Este
é
um
dos
argumentos
para
os
defensores
da
utilização
e
exploração
da
energia
nuclear.
62
82
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
Nota:
Nos
Estados
Unidos,
foi
feito
recentemente
um
estudo
que
revela
que
pessoas
que
têm
as
suas
casas
“demasiadamente”
limpas
têm
mais
probabilidade
de
desenvolver
asma
isto
83
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
170!"#!$/!"# ?!
!
≈ 2%
radiação
necessária
para
duplicar
o
número
de
cancros
!"#
!"# !"#!õ!"
Taxa
de
mortalidade
EUA≈
!"!"#$
!
Dos
quais
morre
de
cancro
!"
≈ 300.000 mortes/ano
“Aceitável”
Nos
EUA
nenhum
cidadão
pode
ser
forçado
a
ser
exposto
a
radiação
produzida
pelo
Homem
acima
dos
170!"#!$/!"#
(para
grávidas
é
ainda
mais
baixo).
250!"#!$/!"#
durante
um
espaço
significativo
de
tempo
levam
a
uma
duplicação
da
probabilidade
de
vir
a
desenvolver
cancro.
Se
uma
pessoa
receber
170!"#!$/!"#de
radiação
não
natural
durante
30
anos
seguidos,
durante
este
período
vai
acumular
cerca
de
5!"#!$/!"#
de
radiação.
Esta
radiação
acumulada
anda
à
volta
de
2%
da
radiação
necessária
para
duplicar
o
número
de
cancros.
Nos
EUA,
com
uma
população
de
240
milhões,
todos
os
anos,
a
taxa
de
mortalidade
é
!
de
cerca
de
três
milhões
de
pessoas
dos
quais
morre
de
cancro.
Se
se
aumentar
em
2%
a
!"
dose
máxima
permitida
aumenta-‐se
em
cerca
de
6000
o
número
de
mortes
devido
a
cancro.
O
que
se
passa
é
que
fica
mais
caro
aos
países
garantirem
a
limpeza
do
material
radioactivo
do
que
tratar
cancros
e
portanto
tudo
se
resume
a
uma
questão
económica.
84
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
É
muito
fácil
ver
ossos
num
raio !
uma
vez
que
o
osso
tem
uma
densidade
muito
diferente
da
dos
tecidos
moles.
Para
ver
tecidos
moles,
em
geral,
é
necessário
injectar
agentes
de
contraste:
ao
serem
ingeridos
vão
para
o
órgão
ou
estrutura
que
se
quer
visualizar
fazendo
com
que
seja
mais
opaca
ao
raio
!
possibilitando
ser
tirada
uma
fotografia
à
estrutura.
Quando
se
pretende
tirar
radiografias
a
artérias
e
veias
é
utilizado
o
!
não
radioactivo.
63
Por
isso
é
que
nos
laboratórios
se
tem
de
ter
muito
mais
cuidado
com
o
lixo
radioactivo
produzido
pelo
fósforo
do
que
pelos
outros
isótopos:
uma
vez
que
tem
um
tempo
de
semi-‐vida
muito
curto,
emite
muita
radiação
número
curto
espaço
de
tempo.
85
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
Raios
!
são
também
usados
para
tirar
imagens
de
órgãos:
o
123!
é
usado
para
captar
imagens
da
tiróide
por
exemplo,
enquanto
o
99!"
é
usado
para
estudar
o
funcionamento
do
fígado.
O
PET
está
relacionado
com
a
emissão
de
positrões
no
local
onde
podem
interagir
imediatamente
com
o
electrão
produzindo
dois
raios
!
que
saem
com
ângulos
de
180°
um
do
outro.
Os
isótopos
que
produzem
positrões
e
que
podem
ser
usados
nos
diagnósticos
são
o
15
O,
13N
e
o
11C.
Por
aqui
se
vê
que
cada
isótopo
tem
características
muito
diferentes
mas
não
deixa
de
ser
o
mesmo
elemento,
quimicamente
é
a
mesma
substância
o
que
permite
que
possam
ser
usados
para
variadas
situações;
cada
um
deles
pode
ter
tempos
de
semi-‐vida
muito
diferentes.
Na
agricultura
as
radiações
foram
durante
muito
tempo
usadas
para
produzir
mutantes:
grande
parte
dos
vegetais
que
hoje
se
comem
foi
mutada
por
radiação
há
alguns
anos
atrás.
Por
exemplo,
no
Nilo,
onde
por
vezes
há
pragas
de
gafanhotos,
antes
da
praga
aparecer
esterilizam-‐se
os
machos
para
não
poderem
ter
descendência.
86
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
87
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
para
dentro
e
quando
saem
produzem
ATP
fora
da
membrana
do
tilacoide.
Um
aspecto
importante
é
que
o
!"#
é
sintetizado
num
local
completamente
diferente
da
membrana
de
onde
acontece
a
cadeia
respiratória:
num
local
bombeiam-‐se
protões
noutro
local
há
consumo
de
protões.
Estes
protões
que
são
bombeados
são
utilizados
por
uma
molécula
semelhante
para
produção
de
!"#.
É
por
isso
que
ela
é
reversível:
tanto
deixa
passar
protões
para
fazer
!"#
como
o
usa
para
fazer
a
bombagem
de
protões
no
sentido
inverso.
Esta
enzima
não
consome
ATP,
apenas
o
produz.
Na
teoria
de
Mitchell
há
essencialmente
três
condições
para
todo
o
processo
funcionar:
(a)
haver
um
sistema
de
bombagem
de
protões
(respiração),
(b)
haver
um
sistema
que
usa
os
protões
para
produzir
!"#
através
da
!"#$%&'(')$(,
e
(c)
a
membrana
ser
pouco
permeável
aos
protões;
de
facto,
esta
membrana
não
é
totalmente
permeável
aos
protões:
quando
há
bombagem
de
protões
para
fora
este
bombeamento
é
suficientemente
rápido
para
que,
apesar
do
facto
de
eles
poderem
voltar
sem
ser
através
da
!"#$%&'(')$(,
como
o
bombeamento
é
mais
rápido
do
que
a
“fuga”
de
protões
no
sentido
inverso,
é
possível
manter
um
gradiente
o
qual
pode
ser
usado
pela
!"#$%&'(')$(
para
produzir
!"#.
Nos
momentos
em
que
são
bombeados
protões,
apesar
de
alguns
voltarem
para
trás,
consegue-‐se
manter
o
gradiente.
Mecanismo
de
crosslink:
uma
membrana
é
constituída
por
duas
bicamadas
lipídica;
no
meio
dos
lípidos
giram
proteínas:
umas
atravessam
a
membrana,
outras
apenas
na
parte
externa
e
outras
na
interna;
em
geral
estas
proteínas
movem-‐se
com
facilidade.
Quando
um
radical
(! ∙
ou
!" ∙)
chega
extrai
de
uma
destas
proteínas
um
hidrogénio
e
transfere
para
a
proteína
um
electrão
não
emparelhado.
Um
outro
radical
chega
a
outra
proteína
ao
lado
e
faz
exactamente
o
mesmo.
Se
estas
duas
proteínas
se
encontrarem
ficam
ligadas
covalentemente;
como
dois
electrões
estão
desemparelhados
e
procuram
avidamente
um
“parceiro”
ligam-‐se
e
já
não
mais
se
desligam
e
é
por
isso
na
oxidação
de
uma
borracha,
por
exemplo,
ela
fica
dura,
quebradiça
e
depois
parte.
Partículas
elementares:
todos
os
bosões
têm
spin
de
0,
1,
2,
etc.
Enquanto
os
leptões
! ! !
têm
spins
de
, , ,
etc.
Cada
um
deles
tem
as
suas
próprias
anti-‐partículas.
Toda
a
matéria
! ! !
conhecida
pode
ser
explicada
como
sendo
constituída
pelos
leptões
(electrões)
ou
pela
combinação
de
quarks.
Para
cada
um
dos
quarks
e
para
cada
um
dos
electrões
há
anti-‐
partículas
correspondentes;
por
exemplo,
para
um
electrão
há
um
positrão;
ou
para
o
quark
charm
há
o
anti-‐charm.
Nos
leptões,
a
única
força
que
actua
é
a
força
fraca;
nos
bosões
e
nos
fermiões
actuam
sempre
a
força
fraca
e
a
força
forte.
Nas
partículas
mais
pequenas
(os
88
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
leptões)
sobre
elas,
só
actua
a
força
fraca;
em
todas
as
restantes
partículas
actuam
a
força
fraca
e
a
força
forte.
Factor
de
qualidade
na
radiação:
para
se
saber
o
FQ
numa
radiação
tem
de
se
saber
qual
é
a
radiação
que
se
está
a
“usar”
e
qual
o
efeito
que
está
a
produzir.
O
FQ
dos
neutrões
velozes
com
energias
superiores
a
10,1 !"#
ser
de
10
na
produção
de
cataratas
quer
dizer
que
tem
de
se
absorver
10x
mais
energia
do
que
um
raio
X
a
200!"#
para
produzir
o
mesmo
efeito.
Por
exemplo,
se
os
raios
!
com
energias
com
50.000!"tem
um
FQ
de
2 na
produção
de
cancro
da
tiróide,
esta
tinha
de
absorver
duas
vezes
mais
energia
dos
raios
!
standardizados
para
produzir
cancro
da
tiróide.
89
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
ELECTRONEGATIVIDADE
A
energia
armazenada
nas
mitocôndrias
está
armazenada
sob
a
forma
de
gradiente
electrónico
(de
protões).
Este
gradiente
de
protões
(! ! )
pode
ser
utilizado
para
vários
fins
como
por
exemplo,
para
produzir
!"#,
transportar
iões,
produzir
calor,
etc.
Os
gradientes
eléctricos
nos
sistemas
vivos
e
nas
células
em
particular
são
usados
para
uma
multiplicidade
de
funções,
uma
das
quais
manter
o
sódio
(!")
fora
nas
células
e
o
potássio
(!)
dentro
das
células. A grande maioria (quase 2 3) da energia (sob a forma de !"#) que se vai buscar aos
alimentos
é
utilizada
exclusivamente
para
manter
o
!"
fora
e
o
!
dentro
das
células.
Isto
é
feito
através
de
mecanismos
de
controlo
de
gradientes
eléctricos
que
conduzem
iões
positivos.
O
mesmo
se
passa
com
o
cálcio
(!" !! )
que
tem
um
papel
muito
importante
na
maioria
das
células;
provavelmente
o
mais
importante
de
todos
seja
o
seu
funcionamento
na
regulação
dos
músculos,
dado
que
certas
células
musculares
têm
uma
rede
membranar
dentro
das
suas
células
muito
complexa
que
serve
para
manter
o
cálcio
armazenado;
isto
também
é
feito
à
custa
de
!"#
que
é
convertido
em
gradientes
de
cálcio.
O
próprio
funcionamento
dos
nervos
é
impossível
sem
haver
forma
de
controlar
a
distribuição
das
cargas
e
o
movimento
destas.
Mesmo
no
mecanismo
de
destoxificação
do
fígado
por
exemplo,
há
determinados
organelos
que
fazem
a
degradação
do
péptidos
e
outros
componentes
biológicos.
Portanto,
os
gradientes
eléctricos
são
fundamentais
para
manter
o
interior
dos
organelos
mais
acídicos
como
por
exemplo
o
caso
dos
glicossomas
que
são
responsáveis
pela
lise
(degradação)
dos
compostos
biológicos
que
envelheceram
e
dos
quais
as
células
se
têm
de
libertar.
Assim,
o
papel
da
electricidade
e
o
das
correntes
eléctricas
e
dos
gradientes
eléctricos
nos
seres
vivos
é
fundamental;
de
facto,
toda
a
comunicação
que
existe
entre
células
(mesmo
a
distâncias
longas)
é
feita
através
de
cargas
eléctricas
ao
longo
dos
axónios.
Nota:
Frankenstein
é
uma
personagem
de
um
filme.
Um
médico
austríaco,
excêntrico,
resolveu
criar
um
ser
novo
ao
qual
lhe
chamou
“criatura”.
Ele
foi
aos
corpos
de
várias
pessoas
que
tinham
morrido
e
tirou
partes
diferentes
destes
corpos,
coseu-‐os
e
constituiu
A
Criatura
à
qual
ele
depois
deu
vida64.
O
mais
interessante
no
livro
é
que
ele
foi
escrito
no
séc.
!"!.
Depois
de
estar
todo
cosido,
na
história,
a
autora
dá
vida
ao
corpo
dando-‐lhe
choques
eléctricos
muito
grandes
e
o
corpo
passa
a
ter
vida.
Foi
nesta
altura
que
se
começou
a
estudar
electricidade
com
animais
(particularmente
com
pernas
de
rãs).
Há
pessoas
que
chamam
aos
organismos
geneticamente
modificados
“organismos
franksteins”.
64
90
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
A
ideia
de
que
a
electricidade
é
fundamental
para
a
vida
começa
portanto
no
séc.
!"!
e
hoje
em
dia
sabe-‐se
que
não
há
nada
no
cérebro
que
funcione
sem
conduções
eléctricas
entre
células,
funcionando
tudo
por
conduções
eléctricas
ao
longo
dos
nervos.
Gravidade
(Newton,
Galileu,
etc.)
!
(B) Campo
gravitacional
da
Terra
(! = 1)
!"
!=
!!
! = !!
Duas
massas
(!
e
!)
a
uma
distância
!
uma
da
outra
exercem
uma
força
de
atracção,
sendo
esta
força
sempre
atractiva.
Segundo
Newton,
com
base
nas
experiências
de
Galileu,
a
força
entre
duas
massas
é
proporcional
ao
produto
dessas
massas
e
inversamente
proporcional
à
distância
entre
elas
ao
quadrado.
A
força
entre
duas
massas
é
cada
vez
mais
fraca
à
medida
que
as
massas
se
afastam
(que
o
! aumenta)66.
No
entanto,
há
outra
forma
de
escrever
a
força
entre
duas
massas.
O
campo
produzido
pela
massa
! ,
o
campo
gravitacional
da
Terra
sobre
uma
massa
unitária
(! = 1),
é
dado
pela
atracção
da
gravidade
que
é
igual
a
uma
constante
(!)
multiplicada
pela
massa
da
Terra
a
dividir
pelo
raio
ao
quadrado.
Ambas
as
expressões,
(A)
e
(B),
revelam
a
força
de
interacção
entre
duas
massas.
A
expressão
(C)
mostra
a
força
de
atracção
da
Terra
sobre
qualquer
corpo
que
esteja
à
superfície
da
Terra:
à
superfície
da
Terra
qualquer
objecto
(ou
pessoa)
é
atraído
pela
Terra
por
uma
força
que
é
proporcional
à
massa
desse
corpo
multiplicando
pela
aceleração
da
gravidade:
! = !!.
A
razão
pela
qual
quanto
maior
for
o
planeta
maior
é
a
força
de
gravidade
à
sua
superfície
é
porque
a
massa
de
um
planeta
aumenta
com
! !
ao
passo
que
na
expressão
(B)
está
! ! ;
portanto,
algo
que
aumente
muito
mais
depressa
no
numerador
do
que
no
denominador,
tem
que
se
aumentar
a
força
de
gravidade.
Duas
massas
atraem-‐se
sempre.
Não
há
massas
positivas/negativas
e
portanto
a
força
de
atracão
é
sempre
atractiva.
65
66
Na
força
forte,
é
exactamente
o
contrário:
a
força
aumenta
quando
os
quarks
se
separam
dentro
das
suas
partículas.
É
por
esta
razão
que
nunca
ninguém
observou
um
quark;
sabe-‐se
que
as
partículas
elementares
são
constituídas
por
quarks
mas
nunca
foi
possível
extrair
um.
91
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
Nota:
Há
quatro
forças
que
actuam
sob
as
cargas
entre
os
quarks:
força
gravítica
(uma
vez
que
elas
têm
massa),
força
eléctrica
(têm
carga),
força
forte
(porque
são
partículas
elementares
no
núcleo)
e
força
fraca.
Portanto,
a
força
eléctrica
entre
quarks
obedece
à
lei
anteriormente
!"
apresentada.
De
facto,
todas
as
forças
entre
cargas
obedecem
à
expressão:
! = ! .
As
!!
outras
forças
não
são
exercidas
sobre
as
cargas,
mas
sim
sobre
outras
propriedades
das
partículas.
! = !. !
Da
mesma
forma
que
se
fala
do
campo
gravitacional,
é
possível
falar
no
campo
eléctrico.
O
campo
eléctrico
produzido
pela
carga
!
quando
! = +1
é
dado
pela
expressão
em
cima.
Da
mesma
forma
que
se
escreve
a
força
exercida
por
um
campo
sobre
uma
carga
também
se
pode
escrever
!
como
sendo
o
produto
da
carga
!
pelo
campo
eléctrico
!
que
é
produzido
pela
carga
!
à
distância
!
entre
as
duas.
Da
mesma
forma
que
se
descreve
a
força
gravítica
como
sendo
a
massa
a
multiplicar
pelo
campo,
na
electricidade,
a
força
eléctrica
é
igual
à
carga
a
multiplicar
pelo
campo
eléctrico.
Nota:
A
grande
diferença
entre
Newton
(gravidade)
e
Coulomb
(electricidade),
além
das
constantes
de
proporcionalidade,
é
que
as
cargas
com
o
mesmo
sinal
92
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
repelem-‐se e cargas com sinais diferentes atraem-‐se o que não acontece na gravidade.
Sistemas
biológicos
Na
teoria
de
Mitchell
as
membranas
separam
cargas
eléctricas;
desta
separação,
a
energia
armazenada
era
convertida
em
!"#
ou
era
trocada
para
o
transporte
de
iões.
Mas
como
se
conseguem
medir
os
campos
eléctricos
que
atravessam
uma
membrana
quando
há
cargas
que
passam
de
um
lado
para
o
outro?
! = 0 (dentro)
Imagine-‐se
uma
esfera
metálica
oca
na
qual
se
coloca
uma
carga
!.
Pretende-‐se
saber
qual
o
campo
eléctrico
produzido
pela
carga
!
distribuída
pela
esfera
com
uma
distância
! do
centro
da
esfera.
Observa-‐se
experimentalmente
que
no
interior
da
esfera
oca
o
campo
eléctrico
é
nulo
(! = 0),
e
portanto
se
se
colocar
uma
carga
eléctrica
no
interior
da
esfera
oca
ela
não
sente
nenhum
campo
eléctrico;
se
se
puser
uma
carga
eléctrica
fora,
o
campo
que
é
exercido
pela
!
distribuição
da
carga
é
dada
pela
expressão:
! = ! .
!!
É
como
se
a
carga
toda
que
está
distribuída
na
esfera
estivesse
colocada
no
centro
da
esfera67.
Imaginando
agora
duas
esferas,
uma
com
carga
positiva
(+!)
e
outra
com
carga
negativa
(−!),
mas
ambas
com
a
mesma
carga;
nas
esferas
ocas
(a
carga
esteja
distribuída
à
sua
superfície),
no
interior,
o
campo
eléctrico
é
nulo
e
no
exterior
é
como
se
a
carga
estivesse
toda
no
centro
e
portanto
as
setas,
que
indicam
a
direcção
da
força
sobre
a
carga
partem
todas
do
centro
da
esfera.
Logo,
o
campo
eléctrico
produzido
fora
desta
esfera
(produzido
pela
carga
negativa)
é
dado
pela
expressão:
! 4!" ! !
!≈! !
= !
= 4!"
! 4! ! !
O
campo
eléctrico
fora
é
o
oposto
(carga
positiva,
as
seta
dirigem-‐se
para
fora),
repelindo
uma
carga
positiva
que
aí
esteja
enquanto
no
interior
o
campo
eléctrico
é
zero.
67
Isto
é
observado
e
medido
experimentalmente,
mas
também
se
pode
deduzir
teoricamente.
93
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
Colocando-‐se
uma
esfera
dentro
da
outra,
obtém-‐se
que,
fora
das
duas
esferas
(uma
vez
que
o
campo
eléctrico
duma
é
igual
e
oposto
ao
campo
eléctrico
pela
outra)
o
campo
eléctrico
de
fora
será
zero;
o
campo
eléctrico
no
interior
das
duas
é
também
zero;
entre
as
duas
é
o
único
sítio
onde
há
campo
eléctrico
diferente
de
zero.
Isto
pode
representar
um
desenho
muito
grosseiro
duma
célula
com
uma
membrana
com
duas
superfícies:
uma
externa
e
uma
interna.
Isto
faz
com
que
seja
possível
haver
um
gradiente
eléctrico
no
interior
da
membrana
celular
e
que
o
espaço
interno
da
célula
e
o
externo
não
sintam
campos
eléctricos;
basta
que
haja
uma
diferença
de
carga
no
interior
e
no
exterior
da
célula
para
haver
um
campo
eléctrico
entre
as
duas.
Se
os
dois
raios
forem
muito
semelhantes
–
o
externo
for
apenas
ligeiramente
superior
ao
raio
interno
–
o
campo
eléctrico
entre
as
duas
vai
ser
aproximadamente
dado
pela
expressão:
!
! = !"#
!
em
que
!
corresponde
à
área
da
esfera,
!
é
a
constante
de
qualquer
esfera,
!
é
a
carga
!
total
de
qualquer
uma
das
esferas,
e
a
razão
( )
corresponde
a
duas
superfícies
que
têm
a
!
mesma densidade de carga por unidade de área nessa esfera.
No
limite,
! → ∞
−!!
!
!!⃗
+!!
!
No
limite,
se
a
esfera
for
muito
grande
pode-‐se
representar
uma
membrana
plana,
na
!
qual
se
tem
num
lado
da
membrana
uma
densidade
de
carga
representada
pela
expressão
−
!
!
e
no
outro
lado
+ ,
sendo
o
campo
eléctrico
entre
as
duas
membranas
dado
pela
expressão
!
!
4!"
(68).
!
! !
= = 88,4!". ! !!
! 4!"
68
Passa-‐se
para
uma
distribuição
esférica
em
que
o
raio
é
infinito
e
portanto,
a
geometria
passa
a
ser
plana,
logo,
basta
conhecer
apenas
qual
a
densidade
de
carga
por
unidade
de
área
dos
dois
lado
para
se
saber
qual
é
o
campo
eléctrico.
94
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
A
membrana
celular
suporta
um
campo
eléctrico
da
ordem
dos
10
milhões
de
Newton
por
Coulomb
(≈10! !. ! !! );
este
é
um
campo
eléctrico
tão
elevado
que
não
se
sabe
bem
como
é
possível
que
o
interior
da
membrana
suporta
um
campo
eléctrico
tão
grande
sem
haver
curto-‐circuito
(nem
os
melhores
isoladores
construídos
pelo
Homem
conseguem
suportar).
A
biologia
conseguiu,
através
da
construção
de
membranas
constituídas
por
lípidos
que
são
moléculas
muito
pequenas69,
construir
estruturas
em
7
a
8!"
de
espessura
que
suportam
campos
eléctricos
muito
elevados.
Se
as
cargas
que
estão
nos
dois
lados
da
membrana
forem,
por
exemplo,
!" ! ,
! !
ou
!" !
(os
três
iões
que
existem
em
maior
quantidade)
e
se
as
cargas
destes
iões
forem
dadas
pela
expressão
1,6×10!!" !
então
uma
concentração
de
carga
de
88,4!". ! !!
corresponde
a
uma
carga
de
40
em
40!" 70.
40nm
69
Com
um
lado
hidrofóbico
(lado
do
ácido
gordo)
e
com
hidrofílico.
70
Uma
membrana
tem
uma
espessura
entre
5
e
10!",
a
maior
parte
tem
6!"
(ou
60Å).
95
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
Potencial
Eléctrico
B
!
A
Aplicando
força
! = !. !
para
mover
!
de
A
para
B
!
!!⃗
Trabalho
feito
! = !. ! = !. !. !
corresponde
a
alteração
Energia
Potencial
∆! = !. !. !
No
caso
do
potencial
eléctrico,
pega-‐se
numa
carga
eléctrica
positiva
e
move-‐se
de
A
para
B;
a
força
que
está
a
ser
exercida
pela
carga
!
é
o
campo
eléctrico
dessa
carga.
Assim,
∆! !"!#$%&
∆! = = !. !
(Unidade
Potencial
Eléctrico
=
Volt
=
=
!. ! !! )
! !"#$"
∆! !"#$
∆! = ! ∆!
(notar
que
! = = )
! !"#$%
dividir
pela
carga
que
se
movimentou72.
O
potencial
eléctrico
que
a
carga
ganhou
ao
se
movimentar
uma
dada
distância
é
dada
pela
quantidade
de
energia
que
ganhou
a
dividir
pela
carga
que
se
movimentou.
Dois exemplos
= 26!"
= 6,15!"#$
71
∆!:
volts
por
metro
(!. ! !! )
72
Volt:
energia
por
unidade
de
carga
ou
Joule
(energia)
por
Coulomb
(carga).
96
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
A
mitocôndria
transporta
protões
(! ! )
de
um
lado
para
o
outro
da
membrana;
à
medida
que
os
transporta
vai
desenvolvendo
um
gradiente
eléctrico
de
0,26!.
Um
protão
ao
ser
bombeado,
durante
a
respiração,
de
dentro
para
fora
vai
ganhar
uma
quantidade
de
energia
igual
à
sua
carga
a
multiplicar
pela
diferença
de
potencial.
Para
se
calcular
a
quantidade
total
de
energia
que
uma
mole
de
protões
ganha
ao
ser
bombeada
de
dentro
para
fora
(o
ganho
de
energia
de
protões
por
uma
mole
de
! ! )
multiplica-‐se
pelo
número
de
Avogadro
e
pela
carga
de
um
protão
que
multiplica
pela
diferença
de
potencial
(∆!).
O
valor
correspondente
a
uma
mole
é
de
26!"
que
é
igual
a
6,15!"#$.
Portanto,
ao
consumir
oxigénio
(!! )
e
ao
bombear
protões
de
dentro
da
mitocôndria
para
fora
dela,
tendo
eles
de
atravessar
uma
diferença
de
potencial
de
0,26!,
os
protões
armazenaram
26!"
de
energia.
No
entanto,
uma
mole
de
protões
não
dá
para
construir
uma
mole
de
!"#
-‐
são
necessários
7,5!"#$
-‐
tem
de
se
ter
pelo
menos
2! !
(protões)
por
cada
!"#.
Desde
logo
se
vê
que
há
uma
certa
ineficiência
do
sistema:
se
a
membrana
fosse
ligeiramente
mais
espessa,
ao
serem
transportados
protões
para
fora,
em
vez
de
se
armazenar
apenas
6,15!!"#,
chegar-‐se-‐
ia
facilmente
a
7,5!"#$
e
portanto
não
seria
necessário
utilizar
2! !
por
cada
!"#.
Um
só
protão
ao
atravessar
de
volta
não
tem
energia
suficiente
para
fazer
um
!"#.
De
tudo
isto,
pode-‐se
ver
que
as
membranas
são
estruturas
eléctricas
muito
sofisticadas.
No
entanto,
apesar
de
terem
excelentes
propriedades
eléctricas,
são
muito
más
condutoras
eléctricas;
um
fio
de
cobre,
por
exemplo,
é
muito
melhor
condutor
do
que
um
axónio.
As
membranas
do
axónio
tem
propriedades
incríveis,
mas
em
termos
de
condução
de
potencial
eléctrico
são
péssimas,
são
muito
más
condutoras
de
sinapses.
eléctrico
(!)
que
faça
com
que
qualquer
carga
posta
no
seu
interior
seja
atraída
para
uma
das
placas.
97
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
!
O
campo
eléctrico
é
dado
pela
expressão
4!"
e
a
diferença
de
potencial
eléctrico
!
entre
os
dois
(∆!)
é
dado
pelo
campo
eléctrico
que
multiplica
pela
distância
(∆! = !").
Ao
aumentar
a
separação
(aumento
da
distância
–
!)
entre
as
placas,
a
diferença
de
potencial
também
aumenta,
uma
vez
que
são
directamente
proporcionais.
Se
houvesse
uma
forma
de
fazer
com
que
as
membranas
biológicas
fossem
mais
espessas,
conseguir-‐se-‐ia
aumentar
∆!.
As
duas
placas
estão
uma
à
frente
da
outra,
uma
positiva
e
a
outra
negativa,
logo,
elas
estão-‐se
a
atrair.
Portanto,
para
elas
se
separarem
tem
de
se
realizar
trabalho
uma
vez
que
há
uma
força
muito
grande
de
atracção
e
portanto
ao
separar
duas
placas
que
se
atraem
tem
de
se
fazer
trabalho
e
ao
produzir
trabalho
aumenta-‐se
a
∆!.
A
membrana
da
mitocôndria,
quando
tiver
as
cargas
positivas
e
negativas
dos
dois
lados
está
a
sofrer
para
se
excitar
uma
vez
que
tem
duas
cargas
separadas
e
portanto
o
que
está
a
impedir
a
membrana
de
colapsar
é
o
facto
de
existir
ácidos
gordos
no
interior
destas
membranas.
Dado que,
4!"#
∆! [= !] = !
!
! !
!= = =
Capacidade73
! !!"#
Ou,
!! ! !
!= ,
!! =
! !!"
Para
qualquer
condensador
há
uma
constante
que
é
definida
pela
sua
(exclusivamente)
geometria
a
que
se
vai
chamar
capacidade.
Uma
membrana
tem
duas
partes
hidrofílicas
–
uma
de
cada
lado
–
às
quais
se
associam
cargas.
As
moléculas
que
ficam
entre
as
duas
placas
(se
forem
constituídas
por
cargas
eléctricas
à
sua
volta,
como
o
são
normalmente)
as
cargas
negativas
dessa
molécula
vão
ser
atraídas
numa
direcção
e
as
positivas
noutra
direcção;
portanto,
cada
uma
das
moléculas
vai
ser
orientada
para
determinado
campo
eléctrico
pelas
cargas.
73
!
–
Capacidade
do
condensador
(só
está
relacionado
com
a
geometria
das
placas);
!
–
distância
de
separação;
!
–
constante
do
campo
eléctrico
(definido
na
Lei
de
Coulomb).
98
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
Se
se
colocar
entre
duas
placas
de
um
condensador
um
material
isolador74
(dieléctrico)
Entre
as
Placas
−!! !!⃗
!
+!!
!
! +
-‐
+
-‐
+
-‐
!!"!#$%&' = ! − !′
(mas
! = !")
Distorção
de
=
1 − ! !
moléculas
!!!⃗
!′
!
=
!
[k
constante
dieléctrica
( !)
!
Para
além
do
campo
eléctrico
que
existe
em
consequência
das
cargas
das
placas,
existe
um
campo
eléctrico
no
interior
que
é
induzido
pelo
campo
eléctrico
externo
e
que
é
na
direcção
oposta.
Ao
colocar-‐se
moléculas
no
interior
induz-‐se
um
campo
eléctrico
na
direcção
oposta,
logo,
o
campo
efectivo
no
interior
é
dado
pela
expressão:
Portanto, colocando-‐se dentro da membrana ácidos gordos, por exemplo, diminui-‐se o
campo eléctrico efectivo (!ef) no interior destas. Continua-‐se a bombear cargas de um lado
para o outro, mas o interior da membrana fica com um campo eléctrico mais pequeno (!ef=
!-‐ !′). Como o !′ é proporcional ao campo de fora (quanto maior for o campo das duas
placas, maior será a separação das cargas) pode-‐se dizer que o ! ′ é inversamente proporcional
Portanto,
as
membranas
biológicas
têm
vantagem
em
produzir
no
seu
interior
material
isolador
uma
vez
que
fazem
com
que
campos
eléctricos
no
interior
desta
diminuam
levando
a
que
haja
menor
probabilidade
de
haver
curto-‐circuito;
deste
modo
podem-‐se
bombear
ainda
mais
cargas
de
um
lado
para
o
outro.
Além
disso,
como
fora
da
célula
há
predominantemente
!"
e
!",
a
membrana
“construiu”
a
possibilidade
de
armazenamento
de
energia
eléctrica
que
depois
é
convertida
em
todos
os
processos
metabólicos
conhecidos.
Nota:
É
do
senso
comum
que
é
muito
perigoso
andar
com
os
pés
descalços
molhados
num
“campo
eléctrico”.
No
entanto
a
água
é
um
péssimo
condutor
de
electricidade;
isto
é
porque
a
água
pura
é
muito
má,
mas
a
água
“normal”,
da
torneira,
é
uma
óptima
condutora
de
electricidade
porque
está
carregada
de
iões.
No
caso
das
membranas
biológicas
são
os
lípidos.
74
99
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
CONDENSADORES
E
RESISTENCIAS
No
interior
das
membranas
biológicas,
a
presença
de
moléculas
isoladoras
fazem
com
que
a
diferença
de
potencial
entre
o
interior
e
o
exterior
seja
mais
pequena
e
portanto
o
risco
de
curto-‐circuito
é
menor.
Isto
leva
a
que,
havendo
um
campo
eléctrico
mais
pequeno
no
interior
da
membrana
possam
ser
bombeadas
mais
cargas
de
um
lado
para
o
outro.
Tanto
nas
mitocôndrias
como
nos
axónios
como
em
muitas
membranas
celulares,
a
função
da
membrana
é
não
só
separar
o
interior
do
exterior
mas
também
na
maior
parte
dos
casos
manter
o
gradiente
eléctrico
através
da
membrana.
Não
há
nenhuma
membrana
numa
célula
viva
que
não
tenha
uma
diferença
de
potencial
entre
o
interior
e
o
exterior.
Todas
as
células,
animais
e
vegetais,
mantêm
um
gradiente
eléctrico
do
interior
para
o
exterior:
umas
vezes
maior
outras
vezes
mais
pequeno;
por
exemplo,
no
eritrócitos
este
gradiente
é
muito
mais
pequeno
do
que
nas
mitocôndrias.
No
entanto
todas
as
membranas
biológicas,
sem
excepção,
mantêm
gradientes
eléctricos,
os
quais
podem
ser
utilizados
para
variadíssimos
fins,
seja
a
(a)
produção
de
ATP
na
mitocôndria,
seja
a
(b)
condução
do
sinal
eléctrico
ao
longo
do
axónio,
seja
a
(c)
manutenção
das
concentrações
de
cálcio
baixas
no
citoplasma
das
células
para
que
possa
servir
como
um
sinal
ou
como
um
mediador
de
informação
nos
músculos75.
75 2+
O
cálcio
(Ca )
é
também
muito
importante
na
divisão
celular
em
que
uma
membrana
se
abre
e
se
fecha
para
formar
duas
células
a
partir
de
uma.
Estas
duas
expressões
serão
usadas
indistintamente.
76
100
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
A determinada altura
!
! ≝ !
!!
!!
∴ !! =
!
Quando
se
transfere
carga
de
um
lado
para
o
outro
de
uma
membrana
(condensador)
aumenta-‐se
a
diferença
de
potencial
entre
os
dois
lados
da
membrana.
Se,
a
determinada
altura
da
transferência
de
cargas,
houver
em
cada
um
dos
lados
da
membrana
(condensador)
uma
carga
positiva
(+!! )
e
outra
negativa
(−!! ),
haverá
quantidades
iguais
de
carga
de
sinais
opostos;
se
se
calcular
a
capacidade
da
membrana
ou
sua
diferença
de
potencial
baseada
na
noção
de
capacidade,
tem-‐se
que
a
capacidade
é
igual
(por
definição)
à
razão
entre
a
carga
e
a
diferença
de
potencial
que
é
produzida
por
essa
separação
das
cargas.
Daqui,
a
diferença
de
potencial
entre
os
dois
lados
da
membrana
é
proporcional
à
quantidade
de
carga
que
se
separou,
sendo
!
uma
constante
para
um
determinado
condensador
da
membrana
(definido
a
partir
das
características
geométricas
do
condensador).
Então,
sendo
!
uma
constante
para
o
condensador
a
diferença
de
potencial
(∆!)
é
tanto
maior
quanto
maior
for
a
separação
das
cargas:
à
medida
que
se
vão
separando
as
cargas
vai-‐se
aumentando
a
diferença
de
potencial
sabendo
que
o
condensador
tem
uma
característica
própria
que
é
definida
pelo
valor
da
sua
capacidade.
Mas
se,
a
determinada
altura
do
processo
de
transferência
de
cargas,
houver
cargas
de
um
lado
e
do
outro
e
se
transferir
mais
uma
pequeníssima
quantidade
de
cargas
adicional
de
um
para
o
outro
lado
(uma
quantidade
infinitesimamente
pequena
–
!! !"! ),
o
trabalho
a
realizar
é
igual
à
diferença
de
potencial
que
existe
multiplicada
pela
quantidade
infinitesimal
de
carga
transferida.
Para
se
transferir
+!"!
realiza-‐se
trabalho
!! !"!
!" = !! !"! =
!
101
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
mantém
constante.
No
entanto,
à
medida
que
se
vai
transferindo
mais
carga,
a
diferença
de
potencial
também
vai
aumentando,
mas
naquele
instante
em
que
se
transfere
uma
quantidade
infinitesimamente
pequena
de
carga
de
um
lado
para
o
outro
realiza-‐se
trabalho.
Deste
modo
armazena-‐se
uma
certa
quantidade
de
energia.
Energia
armazenada,
!! !"!
!"! = !" =
!
! ! !! !"! ! !!
!= !
!"! = ! !
= ! !!
!! ! !
= !! = ! !" = ! !" !
! ! !! !! ! !!
∫ ! i!" i= ! ! =
! ! !
−!= !
Energia
armazenada
no
condensador
é
equivalente
Todas
estas
expressões
!!
à
carga
ao
quadrado,
são
equivalentes
Nota:
!!
!!
!"! = !
+ !
Se
há
uma
diferença
de
potencial
nas
placas
do
condensador
quanto
maior
for
a
carga
positiva
numa
placa
mais
difícil
é
transferir
carga
adicional
para
ela
uma
vez
que
é
repelida;
a
quantidade
de
energia
armazenada
na
transferência
de
uma
pequeníssima
quantidade
de
carga
é
também
uma
pequeníssima
quantidade
de
trabalho.
Para
carregar
um
condensador
de
uma
carga
zero
até
uma
carga
final
(!)
integra-‐se
entre
0
e
!:
a
carga
inicial
entre
as
duas
placas
do
condensador
e
a
carga
final
(quando
o
condensador
estiver
carregado),
para
calcular
a
energia
total,
somam-‐se
todas
as
quantidades
de
energia
que
se
teve
de
acumular
para
fazer
a
transferência
sucessiva
de
pequeninas
102
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
quantidades
de
carga
de
um
lado
para
o
outro.
Portanto,
não
se
faz
mais
do
que
integrar
as
pequeninas
adições
na
energia
armazenada
entre
0
e
!.
Deste
modo,
não
se
faz
mais
do
que
somar
todas
as
contribuições
para
a
energia
em
cada
um
dos
momentos.
Isto
mostra
que
a
energia
armazenada
num
condensador
é
proporcional
à
carga
ao
quadrado
(! ! )
que
está
no
condensador;
não
aumenta
de
forma
linear
em
relação
à
carga
que
está
a
ser
transferida,
mas
sim
de
forma
quadrática
em
relação
à
carga
do
condensador,
porque
o
trabalho
realizado
é
igual
ao
produto
entre
as
duas
cargas
–
a
existente
e
a
adicional.
Duplicando
a
carga
que
se
passa
de
um
para
o
outro
lado,
quadruplica-‐se
a
energia
que
é
armazenada
no
sistema.
As
propriedades
eléctricas
de
todos
os
sistemas
conhecidos
têm
esta
grande
vantagem:
a
energia
armazenada
é
proporcional
ao
quadrado
da
carga
que
é
transportada
de
um
para
o
outro
lado;
ou
então
proporcional
ao
quadrado
da
diferença
de
potencial
de
um
para
o
outro
lado
da
membrana.
! = corrente
! = resistência
! − !" = !
Quando
se
tem
uma
bateria
ou
uma
fonte
qualquer
de
corrente
eléctrica,
ou
seja,
uma
força
electromotriz
(bateria,
gerador),
que
consiga
produzir
corrente
eléctrica
por
um
processo
químico
ou
por
um
processo
puramente
mecânico,
vão-‐se
separando
as
cargas
funcionando
como
um
condensador
que
está
sempre
a
ser
carregado
quimicamente
no
processo.
Portanto,
há
uma
bateria
em
que
os
dois
lados
estão
ligados
por
um
fio
condutor
o
qual
tem
uma
certa
resistência
à
passagem
da
corrente.
!"#$%
Unidade:
Volt
(!)
=
!"#$"%&
Segundo
a
lei
de
Ohm,
a
força
electromotriz
produzida,
com
a
diferença
de
potencial
dos
dois
lados
da
bateria
é
igual
a
zero.
Tendo
a
bateria
ligada
a
um
fio
condutor,
quanto
maior
for
103
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
2 regas:
1. Soma
da
diferença
de
potencial
à
volta
de
qualquer
circuito
é
ZERO;
2. Corrente
que
chega
a
um
ponto
no
circuito
≡
corrente
que
sai
desse
ponto.
Estas
duas
regras
estão
relacionadas
com
a
forma
como
a
corrente
eléctrica
(!)
passa
em
resistências
(!)
quando
é
produzida
por
uma
bateria
(ε)
sendo
aplicadas
para
sistemas
de
resistência
em
série
ou
em
paralelo.
A
primeira
regra
é
designada
por
regra
da
conservação:
se
num
circuito
se
medir
a
diferença
de
potencial
ao
longo
de
toda
a
trajectória
da
corrente,
a
soma
da
diferença
de
potencial
à
volta
de
qualquer
circuito
tem
de
ser
zero.
A
diferença
de
potencial
entre
os
dois
lados
da
bateria
tem
de
ser
exactamente
igual
à
diferença
de
potencial
entre
os
dois
lados
da
resistência
(!).
Então,
esta
primeira
lei
diz
que
não
é
possível
construir
máquinas
que
produzam
energia
do
nada,
há
sempre
uma
conservação
total.
O
trabalho
feito
pelo
movimento
de
uma
determinada
carga
à
volta
de
todo
o
circuito
tem
de
ser
nulo,
não
se
pode
ter
trabalho
adicional
à
volta
do
processo.
77
Analogia:
se
se
tiver
uma
mangueira
muito
grossa,
a
quantidade
de
água
que
sai
do
outro
lado
é
muito
maior
do
que
se
se
tiver
uma
mangueira
muito
fina;
além
disso,
quanto
maior
for
a
mangueira
mais
lentamente
sai
água
do
outro
lado.
É
o
que
se
passa
aqui:
há
uma
fonte
de
corrente
eléctrica
a
qual
passa
por
um
condutor
e
quanto
maior
for
a
resistência
do
condutor
à
passagem
da
corrente
eléctrica
mais
pequena
vai
ser
a
corrente
eléctrica.
104
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
A
segunda
lei
é
também
uma
lei
da
conservação:
a
corrente
!
que
chega
a
um
ponto
do
circuito
tem
de
ser
igual
à
corrente
que
sai
desse
ponto.
Considerando
dois
circuitos
diferentes:
o
primeiro
é
um
circuito
de
resistências
(!)
em
série,
ou
seja,
“mangueiras”
sucessivamente
ligadas
umas
às
outras.
Há
uma
fonte
electromotriz
(bateria)
e
três
resistências
em
série.
Para
calcular
qual
a
corrente
que
passa
neste
sistema,
usa-‐se
a
primeira
regra
(a
diferença
de
potencial
dos
dois
lados
da
bateria
à
qual
se
subtrai
a
diferença
de
potencial
através
de
cada
uma
das
resistências
tem
que
ser
igual
a
zero);
assim,
tem-‐se
que:
! − !"! + !"! + !"! = 0
! !
!= =
!! + !! + !! !"#
! ! !
!! = ! !! = ! !! = !
[pela
lei
de
Ohm]
! ! !
! ! ! !
! = ! !!"
+! +! = (! )
!" !" !"
! ! ! !
(em
paralelo)
!!"
= ! + ! + !
! ! !
105
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
! !
! = ! − !"
!
! = 0 → ! = 0 → !! = !
!! = !"
Neste
circuito
há
uma
bateria,
uma
resistência,
um
condensador
e
um
interruptor.
Este
circuito
é
a
representação
física
de
uma
membrana
biológica.
O
interruptor
na
membrana
é,
por
exemplo,
a
!"#sintetase
quando
ela
abre
e
deixa
passar
os
protões
(! ! );
o
interruptor
da
membrana
da
mitocôndria
é
a
!"#sintetase
que
a
certa
altura
abre
a
porta,
passam
os
protões,
passa
a
corrente,
o
que
leva
a
diminuir
a
carga
dos
dois
lados
do
condensador.
Se
o
interruptor
estiver
desligado
(aberto)
não
há
corrente
nenhuma
no
sistema.
Quando
se
liga
o
interruptor,
imediatamente
começa
a
passar
corrente;
mas
esta
corrente
é
transitória
uma
vez
que,
ao
começar
a
circular,
vai
começar
a
carregar
os
dois
lados
do
condensador;
como
a
corrente
não
passa
de
um
lado
para
o
outro
do
condensador
e
portanto,
quando
a
diferença
de
potencial
do
condensador
for
exactamente
igual
à
diferença
de
potencial
da
bateria,
a
corrente
pára
uma
vez
que
o
condensador
está
carregado,
havendo
uma
força
igual
e
oposta
à
passagem
da
corrente
do
sistema.
Quando
se
liga
o
interruptor
passa
corrente
durante
uns
segundos
até
o
condensador
ficar
carregado.
Estando
o
interruptor
aberto
não
há
passagem
de
corrente
nenhuma;
com
o
interruptor
fechado,
há
uma
corrente
que
começa
a
passar,
os
dois
lados
do
condensador
começam
a
106
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
carregar
e
quando
este
ficar
com
a
mesma
carga
negativa
e
positiva
a
corrente
pára.
Em
qualquer
altura
quando
a
corrente
está
a
circular,
pela
primeira
lei
do
exemplo
anterior
sabe-‐
se
que,
! ! !
! − !" − = ! ⇔ ! = −
! ! !"
Isto
é,
a
soma
de
diferenças
de
potenciais
à
volta
do
circuito
tem
de
ser
a
zero.
Pode-‐se
então
dizer
que
para
! = 0
imediatamente
no
momento
em
que
se
ligou
o
interruptor,
não
havia
carga
nenhuma
no
condensador
e
portanto,
para
! = 0
a
carga
que
está
no
condensador
é
zero
(! = 0)
e
portanto
tem-‐se
que,
!
! = ! → ! = ! → !! =
!
Quando
o
condensador
fica
completamente
carregado,
para
! = ∞,
a
corrente
deixa
de
passar.
! = 0,
e
portanto
tem-‐se
a
carga
final
do
condensador
dada
pela
expressão,
!! = !"
Portanto:
Num
circuito,
quando
se
passa
de
um
lado
para
o
outro
da
bateria
há
um
aumento
da
diferença
de
potencial;
quando
se
passa
através
da
resistência
ou
de
um
condensador
há
uma
diminuição
da
diferença
de
potencial.
107
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
Uma
membrana
que
use
estes
processos,
carregar
e
descarregar
rapidamente,
tem
de
ter
!
pequenos.
Para
carregar
e
descarregar
mais
lentamente,
tem
!
maiores.
Portanto,
se
se
tiver
uma
resistência
fixa,
a
forma
de
carregar
mais
rapidamente
um
condensador
é
diminuir
a
sua
capacidade.
Tendo-‐se
um
condensador
com
uma
capacidade
fixa,
querendo-‐se
carrega-‐lo
mais
rapidamente,
deve-‐se-‐lhe
diminuir
a
resistência.
Isto
é
basicamente
o
que
acontece
na
mitocôndria
quando
se
consome
oxigénio:
o
consumo
de
!!
na
mitocôndria
faz
com
que
esta
bombeie
protões
(! ! )
para
fora;
a
diferença
78
Isto
está
intimamente
relacionado
com
os
sinais
e
curvas
que
se
vêem
num
electrocardiograma.
108
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
Numa
mitocôndria
com
falta
de
!! ,
se
ela
estiver
carregada,
para
formar
!"#
tem
de
se
abrir
o
canal
de
passagem
dos
protões,
havendo
uma
corrente
que
passa;
a
descrição
da
corrente !
que
passa
e
da
carga
!
do
condensador
são
dadas
pelas
expressões
anteriores.
Estas
expressões
mostram
que
no
tempo
zero
(! = 0)
a
carga
que
está
no
condensador
é
a
carga
máxima;
à
medida
que
o
!
aumenta
a
carga
do
condensador
vai
diminuindo
exponencialmente.
Nota:
O
reticulo
sarcoplasmático
quase
só
existe
nos
músculos
e
tem
a
função
de
armazenar
o
!" !! ;
enquanto
o
reticulo
endoplasmático
está
ligado
ao
aparelho
de
Golgi
e
está
envolvido
na
formação
de
pequenas
vesículas
algumas
das
quais
são
lisossomas;
a
sua
função
no
fígado
é
essencial;
de
facto,
as
suas
células
estão
carregadas
de
retículo
endoplasmático
que
tem
as
enzimas
mais
importantes
na
destoxificação
do
que
se
ingere
e
que
seja
tóxico
(café
e
o
álcool):
tem
o
citocromo
p450.
No
caso
da
corrente,
para
! = 0,
vai
ser
máxima
porque
está
totalmente
carregado;
à
medida
que
vai
perdendo
carga
(!
aumenta),
a
corrente
vai
também
diminuindo.
Em
ambas
as
curvas,
o
condensador
começa
carregado
e
depois
descarrega
lentamente
e
com
uma
corrente
alta
esta
também
vai
diminuindo
à
medida
que
a
carga
do
condensador
diminui.
Um
!
elevado
significa
que
ou
109
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
(a)
a
resistência
é
muito
grande
e
portanto
a
corrente
que
passa
é
muito
pequena,
logo
vai
demorar
muito
tempo
a
descarregar
o
condensador,
ou
(b)
a
capacidade
é
muito
grande
e
há
muita
carga
e
vai
levar
também
muito
tempo
a
descarregar
(para
um
!
grande,
a
curva
passa
a
ser
muito
menos
inclinada;
para
um
!
pequeno
a
curva
tende
para 0
mais
rapidamente).
Nas
membranas
do
axónio,
o
valor
de
!
tem
uma
grande
importância
nos
mecanismos
de
passagem
sucessiva
de
sinais;
o
axónio,
depois
de
passar
um
sinal
eléctrico,
tem
de
esperar
algum
tempo
para
ser
novamente
carregado
e
poder
passar
o
sinal
seguinte;
por
outro
lado
não
pode
estar
muito
tempo
à
espera
de
ser
carregado.
No
entanto,
os
sinais
nos
nervos
movem-‐se
com
muita
lentidão
(os
nervos
humanos
são
das
partes
do
corpo
menos
eficiente
para
transmitir
sinais).
!!
!!
≈6,4×10! ohms
∴ ! ! < 1% !
110
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
Membrana
!axónio
!fuga
C
-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐-‐
R
Membrana
+++++++++
Corrente
ao
longo
do
axónio
111
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
existem
patologias
(quando
os
nervos
não
funcionam),
qual
das
variáveis
é
que
está
a
disfuncionar:
poderá
ser
a
força
electromotriz,
a
resistência
à
corrente
ao
longo
do
axónio,
ou
será
a
capacidade
que
está
a
ser
alterada.
Portanto,
relativamente
a
várias
doenças
que
têm
a
ver
com
doenças
neurodegenerativas,
é
possível
prever,
medir
e
determinar
quais
das
variáveis
foram
alteradas
no
mecanismo
de
patologia
de
uma
determinada
membrana.
Estas
são
as
variáveis
no
axónio
relevantes
para
o
mecanismo
da
transmissão
dos
sinais.
Só
há
essencialmente
quatro
variáveis:
a
fonte
electromotriz
que
bombeia
os
iões,
a
resistência
ao
longo
do
axónio,
a
resistência
à
passagem
de
corrente
de
fuga
através
da
membrana
e
a
capacidade
da
membrana.
112
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
!" !
120 4
-‐
(!)!
29
149
163
167
membrana
Potenciais
medidas
em
repouso
!!⃗
[campo
eléctrico]
Os
iões
importantes
para
a
condução
do
sinal
no
axónio
são
principalmente
o
!" !
e
o
! !
(e
algum
!" ! ).
As
concentrações
de
!" !
fora
do
axónio
são
muito
altas
(145!"#. ! !! )
enquanto
dentro
do
axónio
são
muito
mais
baixas
(12!"#. ! !! ).
Pelo
contrário,
as
concentrações
de
! !
fora
do
axónio
são
muito
mais
baixas
(4!"#. ! !! )
enquanto
dentro
do
axónio
a
sua
concentração
é
muito
alta
(155
!"#. ! !! ).
As
concentrações
totais
destes
iões
que
são
positivos,
fora
do
axónio
são
149!"#. ! !!
enquanto
dentro
do
axónio
são
167 !"#. ! !! ,
são
ligeiramente
diferentes.
O
!" ! ,
que
é
um
dos
iões
a
que
o
axónio
é
permeável
tem
uma
concentração
muito
alta
fora
do
axónio;
assim,
fora
do
axónio
o
que
há
é
água
do
mar
(cloreto
de
sódio)79.
O
(!)!
corresponde
a
pequeninas
proteínas,
todas
elas
com
carga
negativa
existentes
em
pequena
quantidade
fora
das
células.
Dentro
do
axónio
há
muito
pouco
!" !
(expele-‐se
não
só
o
!" !
como
o
!" ! )
e
existe
uma
concentração
muito
maior
de
proteínas
com
carga
negativa
no
interior.
A
quantidade
total
de
cargas
negativas
e
positivas
no
lado
de
fora
é
igual
e
a
quantidade
total
de
cargas
positivas
e
negativas
no
lado
de
dentro
do
axónio
é
igual.
No
interior
existe
uma
concentração
ligeiramente
maior
de
cargas
positivas
e
negativas
do
que
no
exterior
o
que
faz
que,
por
osmose,
haja
sempre
necessidade
de
água
a
entrar
para
o
axónio;
o
facto
de
haver
mais
iões
no
exterior
faz
com
que
a
água
tenha
sempre
tendência
a
entrar
e
portanto
o
axónio
está
bem
cheio
de
água.
79
Isto
leva
a
pensar
que
as
células
quando
se
formaram
tiveram
de
expelir
a
água
do
mar
e
constituir
um
meio
interior
diferente.
113
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
Além
disso,
essencialmente
dentro
e
fora
a
carga
total
é
zero;
fora,
o
total
das
cargas
negativas
é
igual
ao
total
de
cargas
positivas
e
o
mesmo
se
passa
com
as
de
dentro.
Deste
modo
não
deixa
de
ser
surpreendente
que,
apesar
de
as
cargas
negativas
e
positivas
serem
exactamente
iguais
nos
dois
lados,
quando
se
mede
a
diferença
de
potencial
entre
o
interior
e
o
exterior,
definindo-‐se
que
o
potencial
exterior
é
zero
(por
definição),
então
o
potencial
no
interior
é
sempre
negativo
e
muito
alto:
−90!".
No
entanto,
não
é
tão
alto
como
nas
mitocôndrias
(que
no
interior
é
positivo)
sendo
260!" 80.
Portanto,
apesar
da
soma
total
das
cargas
positivas
e
negativas
ser
igual
e
dentro
e
fora,
quando
o
axónio
está
em
repouso,
há
sempre
uma
diferença
de
potencial
de
−90!".
Isto
quer
dizer
que
há
sempre
um
campo
eléctrico
de
fora
para
dentro;
a
direcção
do
campo
eléctrico
diz
qual
seria
o
movimento
de
qualquer
carga
unitária
positiva
nesse
campo
eléctrico,
ou
seja,
se
se
coloca
uma
carga
positiva
qualquer
no
sistema,
ela
vai
ser
sempre
atraída
para
o
interior
do
axónio.
Designando
!"! !" ! ! !
!!
!!
!!
⇒!
⇒!
⇒!
!!
!!
!!
Por
exemplo,
o
!" !
existe
em
maiores
concentrações
fora
do
que
dentro
do
axónio;
ele
está
sujeito
a
uma
força
que
o
faz
mover
(devido
à
diferença
de
concentração)
e
portanto
o
!" !
entra
no
axónio
–
!! .
O
!!
refere-‐se
à
diferença
de
potencial;
como
esta
é
sempre
negativa
no
interior,
a
corrente
que
o
!" !
devia
produzir
baseado
apenas
no
!!
é
de
fora
para
dentro.
Quanto
ao
!" !
há
uma
concentração
muito
alta
no
interior
e
portanto
a
corrente
baseada
unicamente
numa
diferença
de
concentrações
é
de
fora
para
dentro;
no
entanto,
o
!" !
é
negativo
e
portanto
o
campo
eléctrico
de
fora
para
dentro
força-‐o
a
sair
e
assim
ele
está
sujeito
a
duas
forças
diferentes:
uma
devido
à
sua
diferença
de
concentração
que
tendo
a
forçá-‐lo
a
entrar,
e
uma
outra
força,
eléctrica,
que
tem
tendência
a
fazê-‐lo
sair;
tem
um
dos
lados
a
empurrá-‐lo
para
fora
e
uma
força
a
puxá-‐lo
para
dentro.
80
Estas
medições
são
efectuadas
com
o
axónio
em
repouso;
o
primeiro
a
ser
estudado
e
simulado
teoricamente
foi
o
axónio
de
uma
lula.
114
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
Então,
tanto
dentro
como
fora
da
membrana
(do
axónio)
o
número
de
cargas
positivas
é
aproximadamente
igual
ao
número
de
cargas
negativas
149+
167+
149-‐
167-‐
Estes
iões
não
estão
necessariamente
em
equilíbrio.
Para
já
o
que
se
sabe
é
que
o
!" !
tem
sempre
tendência
a
entrar
–
não
há
nada
que
faça
com
que
ele
não
queira
entrar
na
membrana.
O
!" !
e
o
! !
são
empurrados
em
direcções
opostas.
Para
se
saber
como
é
que
cada
um
dos
iões
se
vai
comportar,
tem
de
se
saber
se
cada
uma
das
forças
é
preponderante
em
relação
à
outra.
O
facto
de
ter
tendência
a
entrar
ou
sair,
vai
depender
de
cada
uma
(o
!" !
tem
sempre
tendência
a
entrar).
! = !"
! = !! 2!"# !
115
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
= 3×10!!" !"#$"%&'
Qual
o
número
de
cargas
por
molécula
de
lípido,
por
exemplo,
que
tem
de
se
transferir
de
um
lado
para
o
outro
para
se
manterem
os
90!"
no
sistema?
Havendo
diferenças
de
concentrações
iónicas
de
um
lado
para
o
outro
da
membrana
e
mostrando
elas
que
sofrem
forças
diferentes
que,
muito
provavelmente
não
estão
em
equilíbrio,
há
sempre
alguma
força
que
força
os
iões
a
entrarem
ou
saírem
do
sistema
em
estudo.
Equação
de
Nernst
81
Área
lateral
do
cilindro: 2!"2!.
116
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
Membrana
separa
dois
meios
com
concentração
diferentes
de
iões.
Para
que
uma
espécie
iónica
esteja
em
equilíbrio
(corrente
desse
ião
através
da
membrana
=
zero).
!" !!"#
! = !!"# − !!"# = − !"
!" !!"#
E
equação
de
Nernst
determina
quando
é
que
os
iões
estão,
ou
não,
em
equilíbrio
dos
dois
lados
de
uma
membrana.
Quando
a
membrana
separa
dois
meios
com
concentrações
diferentes
de
iões,
para
que
uma
espécie
iónica
esteja
em
equilíbrio
–
para
que
a
corrente
desse
ião
através
da
membrana
seja
zero
–
é
necessário
que
a
força
(eléctrica)
exercida
sobre
o
ião
(!! )
e
a
força
(de
concentração)
exercida
sobre
o
ião
(!! )
sejam
iguais
e
opostas;
caso
contrário
não
este
em
equilíbrio,
está
sempre
a
passar
a
membrana.
Esta
equação
traduz
que
um
ião,
entre
o
interior
e
o
exterior
duma
membrana
está
em
equilíbrio
quando
a
diferença
de
potencial
eléctrico
entre
o
interior
e
o
exterior
for
igual
a
uma
constante
que
multiplica
pelo
“!"”
das
suas
concentrações
dentro
e
fora
da
membrana.
A
razão
das
concentrações
de
um
determinado
ião
produz
uma
determinada
força
sobre
esse
ião.
A
diferença
de
potencial
eléctrico
dum
e
doutro
lado
exerce
outra
força
sobre
o
ião.
!"#$
Quando
a
diferença
de
potencial
eléctrico
for
igual
a
uma
constante
que
multiplica
por
!" ,
!"#$
o
ião
está
em
equilíbrio,
ou
seja,
a
força
eléctrica
que
está
a
exercer
sobre
ele
numa
direcção
é
exactamente
igual
e
oposta
à
força
de
concentração
exercida
na
outra
direcção.
Assim,
um
ião
não
tem
tendência
a
entrar
nem
a
sair,
quando
a
força
eléctrica
sobre
ele
–
que
é
dada
pela
diferença
de
potencial
eléctrico
–
for
igual
à
força
exercida
por
esse
ião
devido
ao
gradiente
de
concentrações.
Sem
recorrer
a
contas,
só
com
uma
observação,
sabe-‐se
que
o
ião
que
está
mais
longe
do
equilíbrio
é
o
!" ! ,
uma
vez
que
ambas
as
forças
são
numa
única
direcção,
por
isso
ele
está
constantemente
a
passar
a
membrana.
Uma
vez
que
para
o
! !
estar
em
equilíbrio
a
diferença
de
potencial
devia
ser
de
-‐98!",
mas
na
verdade
é
de
−90!",
o
! !
tem
tendência
a
sair.
Ele
está
em
grandes
concentrações
no
interior
e
portanto,
em
termos
da
sua
corrente
baseada
na
concentração,
tem
tendência
a
sair;
para
não
sair
no
interior
teria
de
haver
98!";
como
não
chega
a
este
valor
tem
uma
(ligeira)
tendência
a
sair
do
axónio.
Quando
se
diz
que
o
axónio
está
em
repouso,
significa
que
ele
não
está
a
transmitir
sinais.
Tendo
o
!" !
uma
grande
tendência
a
entrar
e
o
! !
uma
ligeira
tendência
para
sair,
a
117
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
ATP
Usa
60 − 70% !"#
(nervos
e
músculos)
e
2K+
ADP+Pi
+
-‐
Esta
é
provavelmente
a
proteína
mais
ubíqua
que
existe
(com
a
mesma
forma
e
estrutura)
em
todas
as
células
que
se
conhecem,
com
a
única
função
de
bombear
3!" !
e
2! ! .
Cerca
de
2/3
a
¾
do
!"#
usado
nos
axónios
e
nos
músculos
são
unicamente
para
este
processo;
é
usada
muita
energia
para
manter
este
gradiente;
quando
a
célula
morre,
imediatamente
este
gradiente
desaparece82.
82
Provavelmente,
a
forma
menos
detectável
de
matar
uma
pessoa
é
dar-‐lhe
uma
injecção
intravenosa
de
!"#;
depois
de
a
pessoa
morrer,
como
o
! !
sai
todo
das
células
para
o
sangue,
é
muito
difícil
saber
se
o
! !
que
lá
está
foi
injectado
ou
saiu
das
células.
118
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
Potencial
de
equilíbrio
do
Na :
potencial
que
impede
que
o
Na
se
mova
mais.
83 + +
84
É
mais
ou
menos
o
mesmo
para
todos
os
axónios.
119
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
Os
sinais
que
se
vêem
num
electrocardiograma
estão
relacionados
com
o
facto
de
que
o
coração
funciona
todo
em
uníssono
e
portanto
tem
de
haver
um
sinal
eléctrico
que
faça
com
que
todas
as
suas
células
se
comprimam
de
uma
só
vez;
por
isso,
quando
se
mede
o
sinal
do
electrocardiograma,
mede-‐se
o
cumulativo
de
uma
serie
de
axónios
que
estão
a
emitir
um
sinal
ao
mesmo
tempo.
Se,
por
exemplo,
quando
o
potencial
atinge-‐se
os
+55!"
se
abrissem
os
canais
de
!" ! ,
este
entraria
a
grande
velocidade
(ele
está
em
maiores
concentrações
fora)
até
chegar
ao
seu
potencial
de
equilíbrio.
De
facto,
este
canais
tem
tempos
de
resposta
na
ordem
das
décimas
ou
até
centésimas
de
milissegundos.
Não
haverá
sistemas
biológicos
que
tenham
tempos
de
resposta
muito
mais
curtos
do
que
este
sistema.
A
curva
anterior
é
designada
por
potencial
de
acção
dos
nervos.
Provavelmente,
o
termo
“acção”
está
relacionado
com
o
facto
de
ter
de
haver
transmissão
de
determinados
sinais
para
que
haja
qualquer
efeito
no
organismo.
Quando
o
axónio
está
em
repouso
a
permeabilidade
do
!" !
e
do
! !
é
muito
pequena;
ainda
mais
pequena
no
caso
do
!" ! .
O
!" !
para
além
de
ser
bombeado
para
fora
em
números
muito
maiores
do
que
o
! !
para
dentro
(há
3!" !
para
2! ! )
–
só
isto
já
manteria
negativo
o
interior
do
axónio
–
a
permeabilidade
do
!" !
é
muito
pequena
na
membrana
do
axónio
comparada
ao
do
! ! .
Quando
o
axónio
está
em
repouso
a
permeabilidade
do
! !
é
mais
de
100
vezes
inferior
à
do
!" ! .
Quando
o
axónio
é
estimulado
muito
rapidamente
(em
centésimas
de
segundo)
a
permeabilidade
do
!" !
aumenta
de
forma
dramática
(4
ordens
de
grandeza,
ou
seja,
10.000
vezes),
os
canais
de
!" !
abrem-‐se
todos;
isto
faz
com
que
o
potencial
de
equilíbrio
de
!" !
seja
atingido
também
muito
depressa,
logo
que
o
potencial
de
equilíbrio
é
atingido
os
canais
de
!" !
fecham
e
a
permeabilidade
do
!" !
rapidamente
volta
para
os
valores
normais.
Se
os
canais
de
!" !
abrissem
mais
lentamente,
a
sua
curva
seria
mais
alongada
e
menos
íngreme.
Relativamente
ao
! !
passa-‐se
algo
semelhante
no
entanto
de
forma
mais
lenta:
os
canais
de
! !
só
começam
a
abrir
depois
do
potencial
de
equilíbrio
do
!" !
ser
atingido;
além
disso,
fecham-‐se
mais
devagar.
A
alteração
da
permeabilidade
do
! !
é
também
bastante
mais
pequena
do
que
acontece
com
o
!" ! .
Foram
necessários
muito
poucos
iões
(de
!" !
e
! ! )
para
alterar
o
!!
de
forma
tão
dramática.
As
concentrações
de
!" !
e
120
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
! ! que
foram
ligeiramente
alteradas
durante
o
potencial
de
acção
serão
restabelecidas
pela
ATPase
de
!" !
e
! !
em
≈ 50 !".
O
gráfico
mostra
uma
descrição
no
tempo
(em
milissegundos)
o
que
acontece
às
permeabilidades
destes
dois
iões
que
são
os
mais
importantes
no
processo
da
condução
de
um
determinado
sinal.
No
entanto
não
se
sabe
ainda
qual
é
o
mecanismo
das
proteínas
envolvidas
(que
estão
na
membrana
do
axónio)
responsáveis
pela
permeabilidade
ao
!! !
e
! ! como
elas
abrem
e
se
fecham
da
forma
conhecida.
Este
processo
é
generalizado
para
todos
os
axónios
que
se
conhecem.
Enquanto
o
axónio
em
repouso
tem
um
potencial
mais
negativo
no
interior
do
que
no
exterior,
quando
o
!" !
começa
a
entrar
significa
que
entram
cargas
positivas
para
axónio:
A B C D
Quando
o
!" !
entra,
há
uma
entrada
de
um
número
de
cargas
positivas
no
axónio.
À
medida
que
o
! !
vai
saindo
(D),
vai-‐se
recuperando
a
carga
positiva
que
está
no
interior
do
axónio.
Este
mecanismo
de
entrada
e
saída
dos
iões
faz
com
que
o
sinal
se
mova
numa
única
direcção
uma
vez
que
após
a
entrada
do
!" !
(e
depois
do
! !
sair)
volta-‐se
à
estrutura
inicial
do
axónio
e
para
que
a
posição
axónio
seja
novamente
activada,
tem
que
se
esperar
determinado
tempo.
Enquanto
os
canais
“da
frente”
de
!" ! e
! !
ainda
não
foram
activados,
são
activados
à
medida
que
o
interior
se
vai
tornando
mais
positivo
do
outro
lado.
Não
se
pode
conduzir
o
sinal
na
direcção
oposta
uma
vez
que
os
canais
já
abriram
e
fecharam
e
vão
então
levar
algum
tempo
a
abrir
e
fechar
novamente
enquanto
aqueles
que
ainda
não
abriram
e
não
fechara
abrem
automaticamente
à
medida
que
as
cargas
entram.
No
caso
de
um
axónio
com
mielina
o
processo
é
muito
mais
eficiente:
O
movimento
de
cargas
faz-‐se
só
nos
nodos
de
Ranvier
porque
no
resto
do
axónio
a
membrana
é
totalmente
impermeável
a
iões
(está
rodeada
de
um
“rolo
de
papel
higiénico”
–
mielina).
Quando
o
!" !
entra
e
depois
se
volta
a
fazer
sair
o
! ! ,
apenas
se
usa
uma
pequenina
região
para
se
dar
o
movimento
dos
iões.
Para
ser
desencadeado
o
potencial
de
acção
tem
de
se
passar
de
−90!"
para
−50!".
Só
quando
se
chega
a
−50!"
é
que
há
entrada
do
!" ! ,
saída
do
! !
até
voltar
ao
normal.
Ao
entrarem
cargas
positivas,
estas
vão-‐se
distribuir
ao
longo
do
interior
da
membrana
á
medida
que
o
!" !
entra,
o
potencial
passa
de
−90!"
a
−50!".
Portanto,
os
canais
de
!" !
só
abrem
quando
o
potencial
de
repouso
da
membrana
passa
de
−90!"
para
−50!";
para
tal
acontecer
é
necessários
que
cheguem
ao
interior
algumas
cargas
positivas.
Quando
os
canais
de
!" !
se
abrem
o
!" !
entra
em
grande
velocidade
e
ao
entrar
para
a
membrana
distribuiu-‐se
lentamente
dentro
do
axónio.
A
distância
entre
os
nodos
de
Ranvier,
em
geral,
é
a
distância
que
faz
com
que
a
resistência
ao
longo
do
axónio
seja
sensivelmente
igual
à
resistência
através
do
axónio,
ou
seja,
consegue-‐se
transportar
pelo
menos
metade
da
corrente
sem
a
perder
através
da
membrana
do
axónio
(que
está
protegida
pelo
nodos
de
Ranvier).
condensador
mielina
Velocidade
de
propagação
122
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
Ranvier
–
!)
a
dividir
por
um
tempo
(tempo
que
leva
o
segundo
nodo
a
chegar
ao
limiar
do
potencial
de
acção)85.
O
tempo
que
o
segundo
nodo
de
Ranvier
(condensador86)
leva
a
alterar
a
sua
distribuição
de
carga
no
interior
está
relacionado
com
o
tempo
que
leva
um
condensador
a
descarregar
(a
mover
as
cargas
de
um
lado
para
o
outro).
Num
circuito
eléctrico,
o
tempo
que
determina
a
velocidade
de
crescimento
do
sinal
é
dado
pelo
!;
este
é
a
medida,
num
circuito
eléctrico
que
tem
resistências
e
condensadores,
a
que
o
condensador
carregue
ou
descarregue.
Assim,
o
!
é
dado
pelo
produto
da
resistência
à
passagem
da
corrente
a
multiplicar
pela
capacidade
do
condensador
que
tem
de
ser
carregado.
É
como
se
se
tivesse
um
circuito
em
que
a
parte
principal
da
corrente
atravessa
a
resistência
ao
longo
do
axónio
enquanto
o
condensador
é
a
capacidade
da
membrana
nos
locais
onde
a
carga
passa
de
um
lado
para
o
outro
da
membrana.
Para
se
calcular
a
velocidade
de
propagação
de
um
sinal
ao
longo
de
um
axónio,
“apenas”
tem
de
se
conhecer
é
a
distância
entre
dois
nodos
de
Ranvier
e
o
tempo
que,
depois
de
descarregar
um
condensador
(nodo
A),
leva
a
que
o
condensador
seguinte
(nodo
B)
fique
descarregado,
uma
vez
que
só
quando
fica
descarregado
é
que
abrem
os
canais
de
!" !
e
começam
o
potencial
a
“disparar”.
Para
se
ter
uma
ideia
aproximada
da
resistência
ao
longo
do
axónio,
faz-‐se
uma
analogia
com
a
mangueira:
numa
mangueira
a
resistência
à
passagem
do
fluído
é
tanto
maior
quanto
mais
comprida
for
a
mangueira
e
é
tanto
menor
quanto
maior
for
o
raio
da
circunferência
da
mangueira.
Portanto,
a
resistência
diminui
à
medida
que
a
área
aumenta;
a
resistência
aumenta
quando
o
comprimento
aumenta.
Então,
a
resistência
é
proporcional
a
!
e
inversamente
proporcional
à
área
transversal
do
cilindro.
85 !"#$â!"#$ -‐1
Tem-‐se
portanto
,
logo,
m.s .
!"#$%
A
única
parte
do
cilindro
que
funciona
como
condensador
fica
entre
os
dois
nodos
de
Ranvier.
86
123
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
condensador
vai
ser
desencadeado
no
condensador
seguinte
é
a
distância
entre
os
dois
nodos
a
dividir
pelo
tempo
que
leva
o
segundo
condensador
a
ser
descarregado;
portanto
tem-‐se
que,
!!
! !
[!:
proporcional]
!
!
∴ ! !
(10! !. ! !! ! !! )
[!:
proporcional]
!
Uma
vez
que
o
valor
de
!
não
varia
de
forma
substancial,
tem-‐se
que
a
velocidade
de
condução
do
sinal
num
axónio
com
mielina
é
dada
por
10
vezes
o
raio
(!)
do
cilindro.
Isto
é,
para
um
axónio
com
5!
de
raio
a
velocidade
de
condução
do
sinal
ao
longo
do
axónio
é
cerca
de
50 !. ! !! .
Exemplo:
! = 5! ⇒ ! = 50 !. ! !!
Desta
velocidade,
um
sinal
dos
pés
à
cabeça
ou
à
coluna
vertebral
e
voltar
(sem
ter
que
ir
ao
cérebro)
leva
apenas
8
centésimos
de
segundo.
Sabendo
que
a
velocidade
de
condução
do
sinal
é
proporcional
ao
diâmetro
do
axónio
e
é
inversamente
proporcional
à
distância
entre
os
nodos
de
Ranvier
a
velocidade
do
sinal
aumenta
tornando
os
axónios
mais
pequenos;
aumentando
o
raio
do
axónio,
a
velocidade
de
transmissão
do
sinal
será
maior;
se
se
aumentar
a
distância
entre
os
nodos
de
Ranvier,
o
sinal
mover-‐se-‐á
mais
devagar;
portanto,
se
!
(distância
entre
os
nodos
de
Ranvier)
aumentar
a
87 ! ! !
Os
espaços
entre
os
nodos
de
Ranvier
não
são
sempre
os
mesmos;
pode
ser
,
,
dos
os
espaços
de
mielina.
!" ! !
124
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
velocidade
de
condução
diminui,
no
entanto
tem
menos
membranas
a
perder
cargas
e
por
isso
para
reconstituir
o
potencial
do
axónio
é
usado
menos
!"#.
Então,
ao
ter
nodos
de
Ranvier
mais
distantes
uns
dos
outros,
há
uma
diminuição
da
velocidade
de
condução
do
sinal
mas
gasta-‐se
menos !"#.
Da
mesma
forma,
se
aumentar
o
diâmetro
do
axónio
aumenta
a
velocidade,
no
entanto
gasta-‐se
mais
!"#
uma
vez
que
há
mais
área
do
cilindro
onde
mais
cargas
estão
a
entrar
e
a
sair88.
⇒ Troca de !" ! por !"#!! pela BANDA 3 no eritrócito: ≈ 900 aminoácidos
Quando
os
eritrócitos
chegam
aos
capilares
sistémicos,
as
células
estão
a
consumir
!!
e
portanto
a
sua
concentração
é
relativamente
baixa
e
o
!"!
é
relativamente
alto.
Na
figura
estão
representados
basicamente
dois
componentes
do
eritrócito:
do
lado
direito
é
a
parte
da
molécula
que
está
ligada
à
!";
no
eritrócito
está
a
trabalhar
uma
enzima
−
a
anidrase
carbónica
–
que
existe
em
grandes
quantidades
(eritrócito
é
quase
só
constituído
por
!"
e
anidrase
carbónica).
Quando
o
eritrócito
chega
a
um
sítio
em
que
o
!"!
é
elevado,
como
não
tem
carga,
entra
no
eritrócito,
combina-‐se
com
a
água
e
a
anidrase
carbónica
converte
o
!"!
e
a
!! !
em
bicarbonato
(!"#!! )
e
em
protões
(! ! );
o
!"#!!
vai
sair
do
eritrócito
e
troca
a
sua
carga
88
Provavelmente,
os
nervos
necessários
para
se
terem
respostas
rápidas
são
nervos
cada
vez
mais
espessos;
os
nervos
finos
são,
em
geral,
aqueles
que
ligam
dois
neurónios
muito
próximos
um
do
outro.
89
Praticamente
todas
as
proteínas
conhecidas
têm
entre
600
e
900
aminoácidos;
são
muito
poucas
as
que
têm
muito
menos
ou
muito
mais.
125
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
negativa
por
!" !
que
é
também
um
ião
negativo
e
portanto
não
há
nem
ganho
nem
perda
de
carga,
é
uma
troca
de
duas
cargas
negativas.
Mas
ao
fazer
isto
há
libertação
de
! !
que
ao
reagir
com
a
!"
faz
saltar
o
!!
da
!"
podendo
então
o
!!
sair90.
Nota:
Na
oxidação
do
ferro
(!")
há
uma
parte
(um
tipo)
do
processo
que
é
reversível
e
outra
irreversível.
Quando
a
oxidação
do
!"
é
irreversível
a
!"
morre;
nos
processos
de
oxidação/redução
(que
são
reversíveis)
há
uma
parte
dos
electrões
do
!!
e
do
!"
que
são
compartilhados
–
é
por
isso
que
se
chama
oxidação
(ou
redução).
Portanto,
o
!!
estar
perto
do
!"
permite
que
haja
uma
troca
de
electrões
entre
os
dois
de
maneira
que
nem
o
!"
nem
o
!!
fiquem
permanentemente
ou
reduzidos
ou
oxidados.
Portanto,
para
se
libertar
o
!!
da
!"
tem
que
se
tornar
mais
acídico
o
interior;
a
única
forma
de
tal
acontecer
é
o
!"!
entrar
ser
convertido
em
! !
e
!"#!! ,
o
bicarbonato
sair
e
o
!!
ser
libertado.
2. Nos
capilares
pulmonares
Nos
capilares
pulmonares
acontece
exactamente
o
inverso
do
processo
anterior:
o
!"!
é
retirado
do
interior
do
eritrócito,
a
anidrase
carbónica
vai
funcionar
na
direcção
oposta
utilizando
protões
no
interior
o
que
vai
tornar
mais
básico
o
ambiente
e
portanto
o
!"!
pode
novamente
ligar-‐se
à
!"
e
ser
armazenado
da
mesma
forma.
Para
remover
os
! !
da
!"
tem
que
se
deixar
entrar
!"#!!
para
se
ligar
aos
! !
e
ser
convertido
em
!"!
e
!! !
(anidrase
carbónica).
90
O
!!
está
muito
próximo
do
ferro
(Fe)
na
!".
A
!"
tem
4 !";
o
!!
não
reage
com
a
!",
mas
é
armazenado
próximo
deles.
126
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
Nota:
Há
certas
doenças
em
que
as
pessoas
têm
falta
da
proteína
Banda
3
que
faz
a
troca
entre
!" !
e
!"#!! .
Nestas
doenças
as
pessoas
têm
dificuldade
de
transportar
o
!!
de
um
local
para
o
outro.
Além
disso,
o
envilecimento
dos
eritrócitos
(que
têm
nos
humanos
um
tempo
de
vida
de
cerca
de
120
dias),
muitas
vezes
é
devido
à
oxidação
da
Banda
3;
esta,
ao
“enferrujar”
deixa
de
funcionar
e
os
eritrócitos
deixam
de
ser
úteis
para
transporte
sendo
então
reconhecidos
como
envelhecidos
e
removidos
da
circulação.
Os
eritrócitos
velhos
são
reconhecidos
pelo
sistema
de
remoção
das
células
porque
há
sistemas
que
conseguem
“sentir”
que
o
exterior
do
eritrócito
está
carregado
de
bandas
3
oxidadas;
é
quando
a
banda
3
fica
oxidada
que
o
sistema
animal
reconhece
que
a
célula
está
velha,
não
está
a
funcionar,
e
portanto
é
removida
pelo
sistema.
A
banda
3
não
só
é
muito
importante
por
conseguir
que
o
!"!
e
o
!!
se
troquem
nos
sítios
devidos
como
também
é
muito
importante
que
o
sistema
consiga
reconhecer
que
a
célula
está
velha
e
precisa
de
ser
removida.
O
envelhecimento
do
eritrócito
é
acompanhado
por
uma
oxidação
crescente
da
banda
3.
A
glucose
(e
os
aminoácidos)
entra
para
os
tecidos
do
intestino
por
um
mecanismo
de
simporte
acoplado
ao
transporte
de
!" ! .
Difusão
A
figura
ao
lado
representa
o
facilitada
+
do
intestino
está
carregado
de
[Na ]
alto
+
[Na ]
alto
Glucose
alta
(dieta)
127
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
(“fora”).
A
proteína
A
usa
as
concentrações
altas
de
!" !
para
ao
deixar
entrar
o
!" !
fazê-‐lo
acompanhar
pela
glucose.
Portanto,
é
essencialmente
um
canal
de
!" ! ,
mas
que
só
o
deixa
passar
se
vier
acompanhado
de
glucose.
Sempre
que
entra
um
!" ! ,
entra
uma
glucose
(ou
um
aminoácido).
Quando
tiverem
entrado
muitos
!" !
o
interior
da
célula
começa
a
ter
muito
!" !
–
o
que
diferencia
o
interior
do
exterior
é
ter
pouco
!" !
no
interior.
Quando
há
muitos
!" !
no
interior
a
!"#$%&
!" ! − ! !
bombeia
!" !
para
fora
e
põe
! !
dentro
da
célula,
eliminando
as
concentrações
altas
de
!" !
no
interior
o
que
vai
fazer
com
que
cargas
concentrações
de
!" !
no
interior
e
portanto
mais
!" !
possa
entrar
e
como
este
só
entra
se
a
glucose
entrar,
faz-‐se
entrar
mais
glucose.
Como
a
glucose
não
tem
carga,
à
medida
que
a
glucose
aumenta
no
interior
vai
ficando
cada
vez
numa
concentração
maior
e
por
difusão
facilitada
passa
a
membrana
e
vai
para
a
corrente
sanguínea.
Neste
mecanismo
é
necessário
usar
!"#
para
continuamente
manter
o
!" !
baixo
no
interior
das
células
para
que
seja
natural
que
as
concentrações
de
!" !
altas
no
lúmen
façam
com
que
este
entre
e
sempre
que
o
!" !
entra
ou
entra
uma
glucose
ou
um
aminoácido91.
Glucose
e
aminoácidos
são
retirados
do
intestino
por
um
mecanismo
de
simporte
acoplado
ao
!" ! .
A
passagem
de
!" ! juntamente
com
a
glucose
é
um
exemplo
de
transporte
simporte
enquanto
as
trocas
de
!" !
com
!"#!!
é
um
exemplo
de
antiporte.
Todas
as
células
têm
quantidades
muito
significativas
deste
tipo
de
proteínas
que
fazem
trocas
ou
transporte
acoplado
de
constituintes.
Na
maior
parte
dos
casos
uma
das
“bolinhas”
(representadas
na
figura)
é
um
ião
(!" ! ,
! ! ,
!" ! ).
Transporte
acoplado
Portanto,
este
mecanismo
pressupõe
três
“postulados”:
(a)
exige
a
existência
de
uma
ATPase
que
consome
ATP
para
manter
o
Na+
baixo
dentro
das
células,
(b)
usa
o
Na+
baixo
nas
células
para
forçá-‐lo
a
entrar
e
(c)
exige
que
haja
uma
outra
proteína
(proteína
A)
que
deixa
passar
a
glucose
como
consequência
do
seu
gradiente
de
concentração.
91
Nos
eritrócitos
a
única
coisa
que
requer
!"#!"#
é
a
manutenção
das
concentrações
de
! ! no
interior
e
baixas
de
!" !
no
interior
–
não
é
necessária
para
a
troca
de
!" !
com
!"#!! .
128
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
Catecolaminas
Em
muitos
nervos,
na
sua
parte
terminal,
quando
se
aproxima,
por
exemplo,
do
músculo,
a
célula
nervosa
abre
e
fica
“espalmada”
em
cima
da
superfície
do
músculo.
Quando
há
uma
estimulação,
há
umas
“esferas”
dentro
do
nervo
que
mandam
para
fora
(espaço
entre
nervo
e
músculo)
várias
moléculas
que
vão
estimular
a
célula
seguinte.
Estas
pequenas
“esferas”
têm
dentro
de
si
moléculas
sinalizadoras
que
vão
fazer
com
que
a
célula
seguinte
seja
activada,
em
alguns
circuitos
nervosos,
são
pequenos
organelos
cheios
de
catecolaminas.
! − !"! ↔ ! − !"!!
R-‐NH2
! !
a
entrar
acidifica
o
interior
A
catecolamina
é
uma
molécula
que
tem
uma
amina
que,
dependendo
do
!"
em
que
está
diluída,
pode
estar
protonada
(! − !"!! )
ou
desprotonada
(! − !"! ).
A
um
!"
muito
baixo,
as
aminas
estão
na
forma
! − !"!!
(há
muitos
protões
à
volta);
em
!"
elevados
as
aminas
estão
na
forma
! − !"! .
Os
pequeninos
sacos
de
catecolaminas
mantêm-‐nas
no
seu
interior
uma
vez
que
na
membrana
destes
sacos
há
uma
!"#$%&
com
uma
única
função:
bombear
protões
para
o
interior
mantendo
o
interior
acídico.
Quando
se
tem
uma
determinada
quantidade
de
catecolaminas
no
interior
na
forma
desprotonada,
ao
serem
bombeados
protões
(! ! )
para
o
interior,
converte-‐se
! − !"!
em
! − !"!!
(o
!"
baixa)
levando
a
que
a
concentração
de
! − !"!!
aumente.
No
entanto,
as
membranas
são
muito
pouco
permeáveis
a
cargas
e
ainda
menos
permeáveis
a
péptidos
que
tenham
cargas;
logo,
ao
converter-‐se
! − !"!
em
! − !"!!
produz-‐se
uma
forma
final
de
amina
que
é
impermeável
(! − !"!! )
à
membrana
e
a
reduzir
a
forma
permeável
(! − !"! )
que
o
é
nas
duas
direcções.
Se
houver
fora
alguma
forma
de
amina
não
protonada,
ao
ter
uma
configuração
menor,
vai
entrar
por
gradiente
de
129
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
concentração.
Se
a
! − !"!
entrar,
a
sua
concentração
no
exterior
diminui
logo
há
uma
certa
quantidade
da
forma
protonada
que
é
convertida
na
forma
desprotonada.
Esta
é
uma
estratégia
que
visa
manter
o
interior
destes
sacos
preenchidos
de
amina
numa
forma
protonada
que
não
é
permeável
e
portanto
não
sai;
além
disso,
à
medida
que
aumenta
a
forma
protonada,
a
forma
desprotonada
baixa
e
para
um
gradiente
simples
de
concentração
a
forma
! − !"!
vai
entrando
e
a
sua
concentração
baixa
e
se
o
!"
fora
não
se
alterar
uma
parte
da
! − !"!
converte-‐se
em
!"! .
Para
se
manterem
estes
sacos
cheios
de
catecolaminas,
a
única
necessidade
é
que
este
“ciclo”
esteja
sempre
a
funcionar;
se
se
deixar
de
bombear
protões,
a
pouco
e
pouco,
eles
vão
saindo.
Este
é
outro
exemplo
do
uso
do
!"#;
neste
caso
o
!"#
não
está
a
fazer
contracção
muscular
ou
a
produzir
novas
membranas
ou
novas
proteínas,
mas
apenas
a
manter
o
gradiente
de
catecolaminas
nestes
sacos
que
são
necessários
para
depois
serem
libertados
no
espaço
entre
o
nervo
e
o
músculo.
Os
protões,
ao
entrarem
acidificam
o
interior,
ao
acidificá-‐lo
converte-‐se
a
forma
não
protonada
em
protonada
e
por
isso
haverá
uma
entrada
de
mais
catecolaminas
não
protonadas,
havendo
uma
acumulação
final
de
catecolaminas
no
interior
do
saco.
Isto
continua
até
que
os
!"
dentro
e
fora
estejam
em
equilíbrio.
92
No
fígado,
onde
não
há
reticulo
sarcoplasmático,
o
!" !!
está
armazenado
na
mitocôndria;
o
interior
negativo
da
mitocôndria
não
é
só
usado
para
produzir
!"#,
é
também
usado
nas
células
que
não
têm
outros
mecanismos
para
armazenarem
o
!" !!
e
para
o
libertar
quando
é
necessário.
130
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
MAGNETISMO
Gregos:
“magnetite”,
1000 !. !.
Chineses:
!é!. !"
131
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
A B
! = ! ! ! !"# !
• !
polegar;
• !
dedo
indicador;
• !
dedo
do
meio.
A
regra
que
dá
a
direcção
do
campo
magnético
é
a
chamada
“regra
da
mão
direita”:
se
a
corrente
for
na
direcção
do
polegar,
o
campo
magnético
tem
a
direcção
indicada
pelos
restantes
dedos
da
mão
direita.
Portanto,
numa
corrente
vertical,
de
baixo
para
cima,
o
campo
magnético
132
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
e ! , anteriores, por ! ) significa que em qualquer posição do espaço se se colocar uma bússola
As
forças
eléctricas
exercidas
pelo
campo
eléctrico
exercem-‐se
sempre
sobre
cargas
estacionárias
Carga
Campo
eléctrico
No
caso
do
campo
magnético,
este
não
exerce
força
sobre
cargas
estacionárias,
não
tem
sobre
elas
efeito
nenhum;
as
forças
magnéticas
só
se
exercem
sobre
cargas
em
movimento. Se tiverem a velocidade ! e um campo magnético ! são dadas por,
direcção
! .
O
campo
gravítico
da
Terra
é
de
cima
para
baixo;
a
força
é
na
mesma
direcção
da
direcção
do
campo.
! = ! !" !"# !
133
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
A
força
que
é
exercida
por
um
campo
magnético
sobre
uma
carga
que
se
está
a
mover
a
uma
dada
velocidade
não
é
paralela
nem
à
direcção
do
movimento
da
carga
nem
à
direcção
do
campo
magnético,
mas
sim
perpendicular
à
direcção
das
duas.
A
grandeza
desta
força
é
dada
pela
definição
do
produto
vectorial
–
a
grandeza
da
força
é
igual
ao
valor
absoluto
da
carga
(uma
carga
negativa
tem
uma
direcção
oposta)
que
multiplica
pelo
valor
da
velocidade
! ,
pela
intensidade
do
campo
magnético
!
que
multiplica
pelo
seno
do
ângulo.
Ou
seja,
quando
a
direcção
do
campo
magnético
(!)
for
a
mesma
da
do
movimento
da
carga
(!),
se
forem
paralelos,
a
intensidade
da
força
é
nula93.
A figura acima pretende ilustrar uma corrente ! dirigida de “dentro do papel” para a
! = !×!×! = !×!×!
! = !×! × !
!
!
!⃗
! .
x
!⃗
!
!
!
!
Se
! = 0, !"# ! = 0; !" ! = 90, !"# ! = 1; !" ! = 180, !"# ! = −1.
93
134
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
que
está
do
lado
oposto,
o
campo
magnético
!
não
vai
exercer
efeito
nenhum
sobre
estas
duas
partes
do
circuito:
num
caso
o
ângulo
formado
é
0°
enquanto
no
outro
caso
o
ângulo
é
180°.
Mas
vai
exercer
força
sobre
o
lado
!
do
circuito:
de
um
lado
vai
ser
para
cima
do
outro
será
para
baixo
formando
com
o
campo
magnético
ângulos
de
90°
e
270°.
Isto
vai
produzir
um
torque.
Um
torque
é
uma
força
que
tem
tendência
a
fazer
rodar
o
sistema.
Neste
caso
têm-‐se
duas
forças
iguais
e
opostas
a
actuarem
em
dois
sítios
diferentes
de
um
corpo
num
circuito
fazendo
com
que
este
rode.
O
momento
das
forças
que
actuam
sobre
o
circuito
é
independente
da
posição
do
eixo
escolhido.
Para
se
saber
o
efeito
quantitativo
das
duas
forças
sobre
o
mecanismo
de
rotação
pode-‐se
escolher
um
sítio
qualquer
do
circuito
para
calcular
o
momento
das
duas
forças.
Deste
modo
tem-‐se
que
o
torque
(!)
é
dado
pela
corrente
!
que
é
uniforme
no
circuito
que
multiplica
pela
área
do
circuito
(! = !")
e
que
multiplica
pelo
campo
magnético
! .
Generalizando,
135
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
Deste
modo,
generalizando,
para
descrever
completamente
o
sistema
com
um
circuito
com
uma
determinada
carga
com
uma
determinada
corrente
a
circular,
ao
aplicar
um
campo
magnético
que
atravessa
o
circuito,
este
é
definido
por
três
valores:
(a)
área
do
circuito,
(b)
a
corrente
do
circuito
e
(c)
um
vector
unitário
(!)
que
dá
a
orientação
do
circuito.
Deste
modo
átomos
vão
ter
tendência
a
girarem
de
forma
a
ficarem
perpendiculares
a
! .
Por
exemplo,
um
electrão
a
girar
sobre
si
próprio
ou
a
girar
à
volta
do
núcleo
produz
sempre
um
campo
magnético;
é
daqui
que
vem
o
conceito
de
spin
de
um
electrão.
136
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
Campo Magnético produzido por uma corrente !: Lei de Biot-‐Savart
!⃗
!
∙ ∆!
!̂
∆!⃗
!
A
lei
que
descreve
o
mecanismo
de
uma
corrente
eléctrica
(!)
que
está
a
percorrer
um
condutor
num
ponto
!
qualquer
à
sua
volta
é
a
lei
de
Biot-‐Savart.
campo
magnético
para
o
ponto
!,
de
uma
pequena
porção
do
condutor
∆!
é
dada
por
uma
constante
!’
que
multiplica
pela
intensidade
da
corrente
! ;
o
produto
vectorial
entre
o
vector
∆!×!
∆! = !! !
!!
Esta
expressão
diz
qual
a
direcção
do
campo
devido
ao
facto
de
entrar
em
conta
com
o
vector
unitário
! :
se
o
campo
magnético
estiver
na
parte
de
cima
do
condutor
a
direcção
é
no
sentido
de
“dentro
do
papel”
para
a
pessoa,
se
for
abaixo
do
condutor
será
a
“entrar
no
papel”.
O
campo
magnético
produzido
por
um
determinado
vector
é
um
campo
magnético
proporcional
à
intensidade
da
corrente,
é
proporcional
ao
pequeno
elemento
de
!
que
se
escolheu
e
é
inversamente
proporcional
à
distância
ao
quadrado
(! ! ).
Para
se
calcular
o
campo
magnético
total
(contribuição
de
cada
um
dos
elementos)
tem
de
se
somar
(Σ)
as
contribuições
todas
de
todos
os
elementos
ao
longo
de
todo
o
condutor.
137
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
∆!
Para
calcular
!
no
ponto
!
! ∆!!
Caso
simples:
!
!
!
no
centro
do
circuito
circular
∆! ⊥ !
∴ sin ! = 90° = 1
!′!∆!
!" =
!!
!! !(!"#) !"#!!
!" = ! =
!! !
A
partir
desta
lei
é
possível
prever,
num
circuito
circular,
qual
o
campo
magnético
no
centro
do
circuito,
uma
vez
que
neste
caso
particular
o
produto
vectorial
é
um
produto
entre
138
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
Caso
geral
!"#
!" = !′ sin !
no
ponto
!
[Lei
de
Biot-‐Savart]
!!
!"#
= !′ cos !
!!
Mas, ! = ! tan ! y
!" !!
= !!"# ! ! = !
! !
!⃗
!
!" !!
!
!!
!" = !"
! !"#
x
!
!
!" = !′ cos ! !"
!
! !! !!!
!! = !′ !"#$ !" =
sin !!
! ! !
1
variável:
θ
! !!
!= (sin !! + sin !! )
!
!
!!
!!
Neste
caso
tem-‐se
um
condutor
linear
a
conduzir
corrente
que
vai
da
esquerda
para
a
direita
(ao
longo
do
eixo
dos
!!).
Pretende-‐se
calcular
o
campo
magnético
produzido
pela
corrente
no
ponto
! .
139
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
! !"#(!)
• !"#Φ
=
!"#θ;
!"# 2θ
=
;
tan(!)
=
;
!"# !"#(!)
!
!"! !
!=
!
!
Se
o
condutor
tiver
um
tamanho
infinito
o
!!
(ângulo
que
vai
desde
a
vertical
do
ponto
!
até
ao
condutor)
aproxima-‐se
de
90°
e
como
!"#90° = 1,
o
campo
magnético
produzido
para
um
fio
condutor
muito
comprido
é
aproximadamente
dado
pela
expressão
anterior.
Portanto,
um
condutor
eléctrico
produz
um
campo
magnético
à
sua
volta
que
é
proporcional
à
corrente
que
ele
conduz
e
inversamente
proporcional
à
distância
entre
o
ponto
e
o
condutor.
Esta
expressão
apenas
dá
o
valor
absoluto
do
campo
magnético
e
não
a
direcção.
Há
uma
corrente !
que
produz
um
campo
magnético
que
a
uma
distância
dessa
corrente
!
é
proporcional
a
.
Portanto,
estes
são
campos
em
que
a
sua
intensidade
não
é
inversamente
!
94 !
Na
gravidade,
a
força
é
sempre
proporcional
a
! ,
tal
como
na
lei
de
Coulomb.
!
140
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
Além
disso,
nas
forças
fortes
a
força
não
diminui
com
a
separação
dos
dois
componentes
que
sentem
essa
força,
mas
ao
aumenta
quando
se
separam
os
componentes,
como
se
fosse
uma
banda
elástica
que
se
estica
no
processo.
!′ = !∆!×!
Força
por
unidade
de
comprimento
!
!! !!!
= !"′
∆! !
Há
também
casos
em
que
os
fios
condutores
são
paralelos:
é
o
que
acontece,
por
exemplo,
nos
fios
condutores
transportados
para
as
cidades.
Eles
estão
na
mesma
direcção:
um
conduz
a
corrente
!
e
outro
a
corrente
!’.
Pretende-‐se
calcular
a
força
que
o
condutor
da
esquerda
(!’)
exerce
sobre
o
condutor
da
direita
(!);
como
são
ambos
fios
condutores,
eles
produzem
campos
magnéticos.
Pela
regra
da
mão
direita,
se
se
conduzir
a
corrente
de
baixo
para
cima,
na
posição
da
figura,
o
campo
magnético
produzido
pela
corrente
é
de
fora
do
papel
para
dentro;
portanto,
um
condutor
conduz
a
corrente
na
vertical
(de
baixo
para
cima)
e
um
campo
magnético
de
fora
do
papel
para
“dentro”
dele.
Portanto,
a
força
do
campo
magnético
produzido
por
este
condutor
indicado
por
⊗
(95)
é
uma
força
de
atracção
entre
os
dois
condutores;
deste
modo,
se
as
correntes
são
no
mesmo
sentido,
a
força
tem
ser
atractiva
ao
passo
que
se
as
correntes
forem
em
sentidos
opostos,
elas
repelem-‐se.
O
campo
magnético
produzido
por
uma
corrente
!’
a
uma
distância
!
do
condutor
é
dado
por:
2!′!
! ! =
!
A
força
exercida
pelo
campo
magnético
!’
sobre
um
pequeno
elemento
de
corrente
∆!
é
dado
pela
expressão,
“Bolinha
com
um
x”
–
sinal
que
indica
que
o
campo
magnético
é
para
dentro
do
papel.
95
141
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
!! ! !!
= !!!
∆! !
!!
A
força
por
unidade
de
comprimento
( , !. ! !! )
é
proporcional
ao
produto
das
duas
∆!
!
Medição
experimental
da
razão
para
o
electrão
(J.
J.
Thompson,
1897)
!
!
!!⃗
!
X
X
X
!
!
X
X
X
!
X
X
X
!!
!⃗
Ecrã
Placas
condutoras:
Fluorescente
diferença
de
potencial
=
!
Nunca
ninguém
viu
um
electrão:
a
sua
massa
é
cerca
de
2000
vezes
mais
pequena
do
que
a
de
um
protão,
o
que
torna
difícil
vê-‐lo.
No
entanto,
é
possível
determinar
a
sua
carga
bem
como
a
sua
massa.
Thompson
em
1897
começou
a
fazer
as
primeiras
experiências
que
levaram
à
determinação
da
carga
e
da
massa
de
algo
“invisível”.
Em
frente
a
um
emissor
de
electrões,
pôs
duas
placas
metálicas
com
um
pequeno
orifício
em
cada
uma
delas
e
entre
estas
duas
placas
pôs
uma
diferença
de
potencial
eléctrico
que
faz
com
que
quando
um
electrão
entra
num
campo
eléctrico,
sofre
uma
força:
a
força
que
o
campo
eléctrico
exerce
sobre
a
carga
é
proporcional
ao
campo
eléctrico
que
é
proporcional
à
carga.
Os
electrões,
depois
de
passarem
pelo
orifício
e
serem
acelerados,
saem
e
quando
chegam
ao
exterior
não
encontram
nenhum
campo
eléctrico96;
se
a
parte
de
fora
estiver
no
vácuo,
o
electrão
que
foi
acelerado
continuará
com
velocidade
constante
porque
não
tem
resistência
nenhuma
à
sua
passagem.
Portanto
é
acelerado
por
duas
placas
condutoras
que
têm
uma
diferença
de
potencial
!
e
quando
chega
96
As
membranas
eléctricas
têm
carga
de
um
lado
e
do
outro,
mas
o
campo
eléctrico
é
só
no
interior,
no
exterior
não
têm
campo
eléctrico.
142
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
ao
exterior
move-‐se
a
uma
velocidade
! .
Em
frente
está
um
ecrã
que
fica
fluorescente
quando
um
electrão
bate
por
trás.
Depois
do
electrão
sair,
coloca
dois
campos
perpendiculares
um
ao
outro:
um
campo
eléctrico
de
cima
para
baixo
e
um
campo
magnético
de
fora
para
dentro
(do
papel);
portanto,
o
electrão
sai
com
uma
determinada
velocidade
e
a
certa
altura
encontra
dois
campos
que
exercem
forças
sobre
ele,
isto
porque
(campo
eléctrico
exerce
sempre
uma
força
sobre
uma
carga
eléctrica,
enquanto
o
campo
magnético
exerce
força
sobre
cargas
em
movimento).
! !!
∴ =
! !"
!
Sabendo
a
diferença
de
potencial
(!),
basta
medir
!
para
conhecer
.
!
Deste
modo
tem-‐se
uma
forma
alternativa
de
calcular
velocidade
!
do
electrão
uma
vez
que
não
se
vêem
de
facto
as
partículas
(electrões);
o
que
se
sabe
realmente
é
onde
elas
chegam
(quando
o
ecrã
se
ilumina).
Força eléctrica = !. !
Força magnética = ! ! × !
!
!=
!
!
a
trajectória
da
partícula
deixa
de
ser
desviada.
Sabendo
!
⇒
.
!
Se
se
impuser
campos
magnético
e
eléctrico
cruzados,
as
forças
sobre
as
partículas
que
se
movem
são
dadas
pelas
expressões
anteriores
reapresentadas
(força
eléctrica97
e
força
magnética98).
97
Força
que
o
campo
eléctrico
exerce
sobre
uma
carga
é
igual
à
carga
que
multiplica
por
esse
campo
eléctrico.
Força
que
um
campo
magnético
exerce
sobre
uma
carga
em
movimento.
98
143
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
Sendo
a
força
do
campo
eléctrico
imposta
de
cima
para
baixo
e
a
partícula
a
mover-‐se
da
esquerda
para
a
direita
e
com
um
campo
magnético
a
“entrar
para
o
papel”,
a
força
que
um
campo
magnético
que
entra
no
papel
exerce
sobre
uma
partícula
que
se
move
da
esquerda
para
a
direita
é
uma
força
perpendicular
às
duas
e,
se
se
colocar
o
campo
magnético
na
direcção
certa,
pode-‐se
fazer
com
que
as
duas
forças
(magnética
e
eléctrica)
se
possam
anular
alterando
o
campo
eléctrico
e
magnético.
Sendo
perpendiculares,
o
ângulo
formado
pelos
dois
é
90°
e
!"# 90° = 1
(a
direcção
do
movimento
da
partícula
é
perpendicular
á
direcção
do
campo
magnético).
Se
as
duas
forças
forem
iguais
e
opostas
tem-‐se,
!"# = !"
Na
experiência
de
Thompson,
pode-‐se
aumentar
ou
diminuir
um
dos
campos
sabendo
qual
a
intensidade
do
outro
até
que
os
dois
sejam
iguais;
isto
acontece
quando
se
verifica
que
os
electrões
batem
no
mesmo
local
onde
estavam
a
bater
antes
dos
campos
eléctrico
e
magnético
serem
ligados.
Então,
um
dos
electrões
bate
numa
ponta
do
ecrã;
ao
colocar
um
campo
eléctrico
de
cima
para
baixo,
os
electrões
são
desviados
e
começam
a
bater
mais
abaixo.
Aplicando
um
campo
magnético
ao
contrário,
os
electrões
começam
a
deslocar-‐se
para
o
local
inicial;
quando
estiverem
no
mesmo
local,
as
forças
magnéticas
e
eléctricas
são
iguais
e
daqui
calcula-‐se
a
velocidade
da
partícula.
Portanto,
a
experiência
de
Thompson
permitiu
medir
a
razão
entre
a
carga
e
a
massa
de
um
electrão
usando
unicamente
as
propriedades
dos
campos
eléctrico
e
magnético.
Mas
o
que
realmente
se
pretendia
era
determinar
a
carga
e
a
massa
separadamente.
Millikan
⎯ Condensador;
⎯ Gotas
microscópicas
de
líquido
+
!"
Placas
metálicas
do
condensador
!, !
!"
-‐
Basicamente,
Millikan
usou
dois
instrumentos:
um
condensador
(sistema
com
duas
placas
eléctricas
ambas
carregadas
exactamente
com
a
mesma
carga
mas
com
sinais
opostos)
e
vaporizadores
(frascos
de
perfume)
que
expelem
gotas
microscópicas
de
líquido.
Suspeitava
que
cada
uma
das
gotas
carregava,
além
de
uma
certa
quantidade
de
líquido
(com
uma
dada
massa)
provavelmente
tinham
carga
(provavelmente
alguns
electrões
eram
ganhos).
Se
se
confirmasse
que
estas
gotas
tinham
carga,
ao
descerem
sob
o
efeito
do
seu
144
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
peso,
se
tivessem
um
número
a
mais
de
electrões,
quando
estivessem
num
campo
eléctrico
e
se
carregasse
o
condensador
com
carga,
começava-‐se
a
ver
uma
força
de
baixo
para
cima,
que
era
proporcional
à
carga
da
gota;
a
gota
estaria
sob
o
efeito
da
sua
massa
(o
efeito
da
gravidade
fazia-‐a
descer:
!")
e
então
modificou
o
condensador,
até
que
a
gotinha
ficasse
estacionária
–
havia
uma
força
eléctrica
a
ser
exercida
sobre
a
gota
que
a
impedia
de
descer
(!").
Se
as
duas
forças
fossem
iguais
e
opostas
a
gotinha
ficaria
suspensa
no
ar
(!" = !").
Isto
permitiria
determinar
a
carga
da
gota
caso
soubesse
a
sua
massa.
De
facto,
é
extremamente
difícil
medir
o
diâmetro/raio
de
uma
gota
esférica
tão
pequena;
sabendo
o
seu
raio
consegue-‐se
saber
o
seu
volume,
ao
saber
a
densidade
consegue-‐
se
saber
a
massa
do
líquido.
!"#
∴!=
!"#
Em
que
!
representa
o
raio
da
gota,
!
a
viscosidade
do
ar,
!
a
densidade
da
gota
Quando
uma
gota
muito
pequena
cai
em
qualquer
meio
(ar)
sendo
o
ar
uma
substância
viscosa99,
as
gotas
vão
caindo
a
uma
velocidade
constante.
Uma
gota
esférica
posta
num
meio
com
uma
viscosidade
!,
tendo
um
raio
!,
a
velocidade
a
que
se
move
é
proporcional
à
sua
massa
(peso)
total;
quanto
maior
for
a
sua
massa
maior
vai
ser
a
sua
velocidade
de
queda;
além
disso,
é
inversamente
proporcional
à
viscosidade
(quanto
maior
for
a
viscosidade
do
meio
mais
lentamente
cai).
Foi
a
partir
da
equação
da
Lei
de
Stokes
(movimento
de
corpos
em
sistemas
viscosos)
que
Millikan
determinou
o
raio
da
partícula.
Sendo
!
o
raio,
o
!
a
viscosidade
e
!
a
densidade
!
da
gota,
o
peso
da
gota
é
igual
ao
seu
volume
!! !
que
multiplica
pela
sua
densidade
e
que
!
Num
carro
a
alta
velocidade,
se
se
puser
o
braço
de
fora
pode-‐se
parti-‐lo;
isto
acontece
porque
o
ar
tem
uma
certa
viscosidade.
99
145
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
eléctrico
de
baixo
para
cima100
igual
ao
seu
peso,
a
gotícula
pára
(tem
a
mesma
força
para
cima
e
para
baixo);
o
chegar
a
esta
situação
consegue-‐se
calcular
a
carga.
Até
aqui,
os
condensadores
ainda
não
tinham
nenhuma
carga
e
portanto
não
há
força
nenhuma
de
baixo
para
cima,
a
gotícula
está
a
descer
lentamente.
2. Com
carga
!" = !"
(! = 0)
!"
∴!=
!
Cargas
(!)
em
múltiplos
de
1,6×10!!"
Coulombs.
Numa
segunda
fase,
carrega-‐se
o
condensador
com
carga
suficiente
para
a
partícula
ficar
estacionária.
Portanto,
primeiro
sem
carga
nenhuma
mediu
a
velocidade
de
descida
da
gota;
aqui
calcula
o
raio
e
a
massa
da
gota;
a
seguir,
carregou
o
condensador
e
fez
com
que
a
gota
que
estava
a
ser
observada
parasse,
uma
vez
que
a
força
de
baixo
para
cima
é
igual
à
de
cima
para
baixo:
o
seu
peso
é
igual
à
força
que
o
campo
eléctrico
exerce
sobre
a
partícula.
Quando
isto
se
verifica
a
carga
da
partícula
é
igual
ao
peso
(determinado
anteriormente,
sem
carga
no
condensador)
a
dividir
pelo
campo
eléctrico
(que
é
conhecido
uma
vez
que
se
carrega
o
condensador
a
pouco
e
pouco).
Millikan
mostrou
que
todas
as
gotículas
têm
carga
que
são
sempre
um
múltiplo
de
1,6×10!!" !.
Portanto,
para
se
fazer
parar
as
gotículas
é
preciso
colocar
um
campo
eléctrico
que
faça
com
que
a
carga
que
se
vai
medir
seja
sempre
em
múltiplos
deste
valor.
Isto
leva
à
conclusão
de
que
as
gotículas
ou
têm
um,
ou
dois,
três…,
até
seis
electrões
a
mais.
Portanto,
quando
Millikan
assume
que
as
partículas
provavelmente
tinham
um
número
pequeno
de
carga
extra
(tanto
positiva
como
negativa)101
conseguiu
chegar
ao
valor
da
carga
eléctrica
que
é
1,6×10!!" !
(cada
uma
das
partículas
só
tinha
associado
um
número
muito
pequeno
de
cargas
associadas
a
elas).
Sabendo-‐se
a
carga
e
tendo-‐se
o
resultado
anterior
–
sem
carga
no
condensador
–
tem-‐
!
se
e,
a
partir
daí,
as
duas
características
principais
do
electrão
(massa
e
carga)
sem
nunca
o
!
ter
visto.
100
Exercer
sobre
a
partícula
uma
força
igual
à
carga
da
gota
a
dividir
pelo
campo
eléctrico.
101
Se
tiverem
electrões
a
menos
estão
positivas
e
então
muda-‐se
a
direcção
do
campo
eléctrico,
faz-‐se
exactamente
a
mesma
experiência
mas
com
o
campo
eléctrico
na
outra
direcção.
146
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
Nota:
As
cargas
aparecem
nas
partículas
porque
ao
fazer-‐se
a
pulverização
força-‐se
o
líquido
a
passar
por
um
orifício
a
grande
velocidade
e
causando-‐se
um
stress
enorme
sobre
o
líquido,
retirando-‐se
ou
colocando
electrões
no
processo.
Basicamente,
esta
experiência
utilizou
uma
fonte
iónica
que
é
um
grande
“caldeirão”
a
elevadas
temperaturas
que
faz
com
que
a
substância
em
estudo
fique
tão
quente
que
se
evapora
e
ao
evaporar-‐se,
se
as
partículas
tiverem
carga,
podem
ser
aceleradas
através
de
um
campo
eléctrico.
Portanto,
se
se
tiver
uma
fonte
que
vaporize
o
elemento
que
se
quer
estudar,
tal
como
as
gotinhas
que
foram
produzidas
na
vaporização
de
Millikan,
os
elementos
evaporados
(eles
próprios
têm
carga)
pode-‐se
então
acelerar
essas
partículas
ao
longo
de
uma
trajectória,
passando
por
dois
orifícios
na
horizontal;
ao
chegar
ao
lado
direito
dos
dois
orifícios
encontram
um
campo
magnético
!
(representado
pelas
cruzes104).
Se
duas
partículas
tiverem
carga
!,
mas
massas
diferentes,
por
exemplo
uma
for
12!
e
outros
forem
13!,
ao
entrar em ! vão sofrer uma força perpendicular à direcção da sua velocidade. Quando um ião
Um
isótopo
é
um
elemento
que
tem
exactamente
as
mesmas
características
químicas
do
seu
elemento
“inicial”.
102
104
Campo
magnético
de
fora
para
dentro
do
papel.
147
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
com
carga
eléctrica
entra
num
campo
magnético,
a
força
que
o
campo
magnético
exerce
sobre
essa
carga
eléctrica
é
perpendicular
aos
dois;
isto
leva
a
que
qualquer
partícula
que
entre
neste
em
!
começa
a
girar
em
circulo;
a
definição
deste
círculo
é
a
trajectória
que
uma
partícula
faz
quando
a
força
que
se
exerce
sobre
ela
é
perpendicular
à
direcção
da
sua
velocidade.
A
partícula
começa
a
girar
em
orbitas
circulares;
gira
para
cada
um
dos
lados,
dependendo
da
sua
carga:
se
positiva
gira
para
cima,
se
negativa
gira
para
baixo
(na
figura).
⇒
movimento
circular
!!
! = !"# = !" = !
(aceleração
centrípta)
!
!"
!=
!"
Para
a
mesma
carga
! ,
o
raio
!
depende
da
massa
!.
atravessam
!
sofrem
uma
força
(centrípta)
que
é
sempre
perpendicular
à
sua
velocidade
de
deslocamento,
o
que
vai
provocar
um
movimento
circular.
A
força
é
produzida
pelo
campo
magnético
é
dada
pela
carga
que
multiplica
pela
velocidade
a
multiplicar
pelo
campo
magnético:
! = !"#.
Como
a
velocidade
é
perpendicular
ao
!,
!"# 90 = 1.
Deste
modo,
a
força
que
o
campo
magnético
exerce
sobre
a
carga
em
movimento
resume-‐se
à
anterior
expressão.
Sendo
! = !"
(a
força
que
faz
com
que
uma
partícula
se
mova
num
movimento
!!
circular
é
a
massa
a
multiplicar
pela
aceleração)
e
sendo
! =
tem-‐se
que,
!
!"
!=
!"
Esta
expressão
mostra
que,
para
a
mesma
carga,
se
se
tiverem
dois
isótopos
exactamente
com
a
mesma
carga,
o
raio
da
sua
trajectória
circular
vai
depender
da
massa
de
cada
um
dos
isótopos.
Com
a
placa
fotográfica
separam-‐se
os
isótopos
12, 13, 14,
etc.,
de
acordo
com
os
raios
da
trajectória
que
tomam.
Nota:
Estas
partículas
são
produzidas
pelo
aquecimento
de
uma
substância
que
as
vaporiza;
ao
vaporizarem-‐se,
elas
movem-‐se
no
espaço
a
velocidades
muito
baixas
podendo
ser
aceleradas
colocando-‐se
num
campo
eléctrico
que
as
acelera
todas
da
mesma
forma
(as
que
tiverem
a
mesma
carga);
portanto,
estas
são
partículas
com
velocidades
baixas
e
acelerações
muito
pequenas.
148
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
∴↑ ! ⟹ ↑ !
mas
!
constante
Permite
acelerações/velocidades
enormes
→
! aumenta
(Einstein)
∴ !
(período)
aumenta
(correcções
necessárias)
105
Foi
deste
modo
que
se
construíram
os
ciclotrões.
149
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
No
entanto,
o
tempo
(período)
que
uma
partícula
leva
a
dar
uma
volta
completa
(2!")
embora
a
velocidade
aumente,
é
sempre
constante:
apesar
da
velocidade
aumentar,
a
distância
percorrida
também
aumenta
e,
portanto,
o
período,
para
uma
determinada
massa
da
partícula,
para
uma
determinada
carga
e
para
uma
determinado
!
(todos
constantes),
será
constante.
Deste
modo
sabe-‐se
que
deve
haver
alteração
da
polarização
da
diferença
de
potencial
!
de
forma
que,
sempre
que
a
partícula
chegue
a
um
dos
lados
do
semi-‐circulo,
possa
ser
voltada
ao
contrário,
e
possa
ser
acelerada
na
outra
direcção.
Por
exemplo,
se
se
tivesse
um
ciclotrão
com
300!
e
se
se
quisesse
construir
outro
com
metade
do
tamanho
e
produzisse
as
mesmas
velocidades
finais?
Ao
aumentar
a
diferença
de
potencial
! ,
aumentar-‐se-‐ia
a
velocidade
bem
como
o
raio,
no
entanto,
isto
levaria
a
que
a
resistência
também
aumentasse.
A
melhor
forma
de
se
manter
a
velocidade
final,
seria
aumentar
o
campo
magnético,
pois
o
raio
da
trajectória
seria
cada
vez
150
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
Dipolos
eléctricos
+!
!"
! = ! !"
!!⃗
! = !" !
(!
vector
unitário
ao
longo
de
!)
!
!⃗
−!"
! = !×!
−!
Um
dipolo
eléctrico
tem
uma
carga
positiva
(+!)
num
lado
e
uma
negativa
(−!)
do
outro
havendo
uma
distância
!
a
separá-‐las.
Ao
colocar-‐se
um
dipolo
num
campo
eléctrico,
será
produzido
um
determinado
torque
(!).
O
!
produzido
por
um
campo
eléctrico
sobre
duas
cargas
(positiva
e
negativa)
é
dado
pelo
produto
vectorial
entre
!
e
!.
Estas
expressões
dão
uma
ideia
da
força
que
está
a
ser
exercida106.
+!
!!⃗
! = −!". ! cos !
!
! = −!". ! cos ! = −!!
θ
−!
!⃗
!⃗
!⃗
!!⃗
!!⃗
!!⃗
! = + !"
! = 0
! = − !"
Sob
a
influência
das
mesmas
forças
o
dipolo
roda
uma
vez
que
tem
uma
força
positiva
em
cima
numa
direcção
e
outra
negativa
noutra
direcção.
O
trabalho
realizado
quando
a
partícula
rodar
da
posição
!
para
!
será
negativo
(vai
na
direcção
da
força).
Quando
o
dipolo
estiver
orientado
na
direcção
do
campo
eléctrico,
a
sua
energia
potencial
é – !"
(! =– !");
quando
estiver
perpendicular
é
zero;
quando
estiver
na
direcção
oposta
é
+!".
Portanto,
a
energia
potencial
do
dipolo
é
mínima
quando
! = !"
107.
Então,
qualquer
dipolo
quando
colocado
num
campo
eléctrico
tem
sempre
tendência
a
orientar-‐se
com
a
carga
positiva
na
direcção
do
campo
eléctrico
em
estudo.
Vector
unitário
!
desloca-‐se
sempre
da
carga
negativa
para
a
positiva.
106
107
! = 0 → cos ! = 1;
! = 90 → cos ! = 0;
! = 180 → cos ! = −1.
151
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
! = !" ! × !
!⃗
= ! × !
!⃗
!⃗
! = ! . !
!⃗
! !⃗
! !⃗
!
! = + !"
! = 0
! = − !"
Imagine-‐se
um
electrão
a
girar
à
volta
de
um
núcleo,
num
circuito
fechado
(ou
seja,
tem
um
circuito
eléctrico
num
campo
magnético).
O
!
sobre
o
circuito
eléctrico
é
dado
pela
corrente
!
que
gira
no
circuito
eléctrico,
a
área
do
circuito
(!),
um
vector
que
é
perpendicular
!
é
dado
pelo
produto
vectorial
entre
−!
e
!.
Isto
significa
que
se
um
electrão
a
girar
à
volta
do
circuito
ele
vai
produzir
um
pequenino
campo
magnético
e
quando
este
estiver
orientado
na
mesma
direcção
do
campo
magnético
externo,
a
energia
é
mínima;
quando
estiver
perpendicular
a
energia
é
zero;
e
quando
estiver
oposto
a
energia
é
máxima.
Nota:
Numa
máquina
de
ressonância
magnética
(RM)
ao
pôr-‐se
a
cabeça
dentro
do
magnete,
todos
os
electrões
da
cabeça
têm
tendência
a
orientar-‐se
de
forma
a
que
os
campos
magnéticos
que
produzem
sejam
sempre
paralelos
ao
campo
magnético
externo.
O
campo
magnético
externo
limita-‐se
a
criar
uma
força
sobre
todos
os
electrões
e
protões
que
giram
em
direcções
opostas
e
com
cargas
opostas.
Portanto,
o
que
está
dentro
do
campo
magnético
fica
sob
o
efeito
de
uma
força
que
tem
tendência
a
orientá-‐los
a
todos
numa
direcção.
O
princípio
da
RM
é
um
pequeno
circuito
eléctrico
(seja
de
electrões,
seja
de
protões
ou
outros),
uma
carga
eléctrica
a
girar
à
volta
num
circuito
fechado,
produz
um
pequeno
campo
magnético
sob
a
influência
dum
campo
externo
tende
a
orientar-‐se
na
direcção
do
campo
externo.
Para ! ≈ 10 !"#$%#
2!! ≈ 2,8×10!!" !
Para
protão
∆! ≈
2,8×10!!" !
≈ ℎ!
(ℎ = 6,63× 10!!" !. !)
! ≈ 4,2× 10! !"
(frequência
de
rádio)
Flutuações
térmicas
da
ordem
152
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
!! !
!! = 1,38×10!!" !/!
a
300°!
!! ! ≈ 4,1×10!!" !
Ressonância
Magnética
O
papel
do
campo
magnético
na
ressonância
magnética
(!")
é
essencialmente
alinhar
os
electrões
ou
os
protões
que
estão
a
rodar
numa
trajectória
circular.
Esta
descoberta
levou
a
que
fosse
possível
determinar
a
presença
de
certos
elementos
(sódio,
potássio,
fósforo,
cloro,
ferro)
dentro
de
tecidos
sem
ter
que
os
abrir,
sem
que
“fazer
química”.
Foi
possível
obter
informação
acerca
de
concentrações
de
vários
tipos
de
elementos,
de
vários
tipos
moléculas
através
da
!".
Nota:
As
veias
são
mais
azuis
que
as
artérias
(que
são
mais
vermelhas).
Isto
deve-‐se
ao
facto
de
carregarem
menos
oxigénio
associado
à
sua
hemoglobina
(!")
e
sendo
esta
que
dá
cor
ao
sangue,
quando
está
carregada
de
oxigénio
é
mais
vermelha
e
quando
tem
menos
oxigénio
é
mais
azul108.
Um
exemplo
da
mudança
de
cor
do
sangue
arterial
para
o
venoso
é
o
que
se
passa
com
a
molécula
de
porfinina.
As
histórias
sobre
lobisomens
retratam
pessoas
que
não
saem
de
153
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
154
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
isto
mata
apenas
as
células
que
têm
porfinina.
Portanto,
na
terapia
do
cancro
do
pulmão
e
da
mama
(cancros
que
estão
mais
próximos
da
superfície
da
pele)
é
possível
fazer
uma
fototerapia
(terapia
que
usa
luz
visível)
que
vai
fazer
com
que
essas
células
armazenaram
grandes
quantidades
de
porfinina
absorvam
luz
e
se
auto-‐destruam.
Mas,
porque
é
que
uma
molécula
absorve
luz?
Porque
é
possível,
através
de
satélites,
olhar
para
a
superfície
da
Terra
e
captar
imagens
da
verdura
que
existe
nos
continentes
e
saber
se
essas
plantas
estão
ou
não
doentes,
conforme
a
qualidade
e
quantidade
da
luz
que
absorvem
e
os
comprimentos
de
onda
onde
há
alterações
dessa
absorção?
As
moléculas
têm
electrões
que
andam
à
volta
dos
átomos
e
por
vezes
estão
até
partilhados
entre
os
átomos.
Estes
electrões
estão,
em
geral,
em
níveis
de
energia
quantificados.
Quando
chega
um
determinado
tipo
de
energia
sob
a
forma
de
luz
(fotões),
que
tem
energia
exactamente
igual
à
energia
entre
dois
níveis
onde
ficam
os
electrões,
o
electrão
pode
absorver
essa
energia
e
então
passa
para
um
nível
superior;
por
exemplo,
a
emissão
de
radiação
!
faz
saltar
um
electrão
enquanto
outro
desce
para
o
nível
de
onde
saiu
o
primeiro
e
ao
fazer
isso
emite
luz.
Portanto,
o
movimento
de
electrões
de
níveis
de
energia
diferentes
permite
que,
ao
iluminar
uma
molécula
ela
possa
absorver
certos
tipos
de
luz
que
definem
as
diferenças
entre
as
bandas
energéticas
em
que
a
molécula
pode
absorver
luz.
Hoje
em
dia
há
tabelas
com
milhares
de
moléculas
que
fornecem,
para
cada
um
dos
elementos,
os
comprimentos
de
onda
onde
absorvem
máximos
de
luz.
Se
houver
várias
moléculas
misturadas
e
se
se
fizer
incidir
um
espectro
de
luz
sobre
elas
ter-‐se-‐ão
vários
picos
de
absorção
permitindo
identificar
cada
uma
das
moléculas.
155
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
contém,
olhando
apenas
para
a
luz
que
ao
atravessá-‐lo,
ou
é
absorvida,
ou
absorvida
e
depois
floresce,
ou
então
é
difractada
no
processo.
Quando
se
fala
de
luz
incidente
o
espectro
de
luz
que
se
usa
é
enorme.
Ao
analisar
todo
o
espectro
de
luz
conhecido
vê-‐se
que
há
diferentes
ondas
de
luz:
radiações
–!
e
–!,
ultrvioleta,
infravermelho,
micro-‐ondas
e
radiofrequências.
!
que
produzem
fique
orientado
na
direcção
de
!;
desta
forma,
a
energia
mínima,
a
situação
mais
estável,
para
a
orientação
do
circuito
é
a
que
a
energia
de
interacção
entre
o
pequenino
campo
magnético
produzido
pela
carga
e
o
campo
magnético
externo
é
dado
pela
expressão
! = −!"
(enquanto
a
energia
máxima
é
dada
pela
expressão
! = +!").
Por
outras
palavras,
156
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
se
o
electrão
estiver
a
rodar
como
em
c),
se
o
electrão
rodar
em
qualquer
uma
das
direcções,
vai
sentir
uma
força
que
o
obriga
a
orientar
na
direcção
inicial;
enquanto
em
a)
qualquer
pequena
flutuação
que
se
faça
em
qualquer
das
direcções
vai
levá-‐lo
a
fazer
um
flick
na
direcção
indicada.
Em
a),
energia
máxima,
está
numa
situação
instável
em
relação
ao
campo
magnético
externo.
Se
se
colocar
uma
célula,
ou
um
tecido,
no
interior
de
um
grande
magnete,
incidindo-‐se
luz
cria-‐se
um
campo
magnético
muito
forte.
+!"
!
! = !
∆! =
(const.)
!
−!"
Iluminar
com
Radiação
de
energia
(= ℎ!)
Quando
a
energia
ℎ! =
(const.)
!
dá-‐se
absorção.
! !
O
spin
de
todas
as
cargas
a
girar
está
quantificado:
−
e
+ .
Portanto,
os
spins
não
! !
estão
orientados
em
todas
as
direcções,
apenas
em
duas.
Se
se
estiver
a
estudar
a
cabeça
que
tem
milhares
de
milhões
de
protões,
num
espaço
onde
não
há
campo
magnético
nenhum,
todos
eles
se
vão
orientar
uns
para
baixo,
outros
para
cima
de
forma
regular.
Como
o
campo
magnético
é
zero
(! = 0)
a
energia
de
interacção
do
campo
magnético
com
o
spin
μ
vai
ser
zero.
Sem
campo
magnético
todos
os
spins
que
estão
no
mesmo
nível
de
energia
vão
ser
zero.
Quando
se
introduz
e
aumenta
o
campo
magnético,
se
este
for
na
direcção
como
indicado
na
figura,
a
maioria
dos
spins
terá
tendência
para
ficar
orientado
para
cima
porque
o
campo
magnético
externo
força-‐os
a
orientarem-‐se
para
cima.
Como
a
energia
de
interacção
é
muito
pequena,
mesmo
para
um
campo
muito
grande,
e
como
não
se
está
a
trabalhar
0!
(109),
todos
os
spins
estão
a
ser
influenciados
pela
temperatura.
Portanto,
o
que
se
vai
ter
são
duas
populações
de
spins,
uma
com
muitos
spins,
com
um
certo
nível
de
energia,
e
outra
com
muito
menos
spins
mas
com
uma
energia
máxima
de
interacção
entre
μ
e
! .
O
efeito
da
temperatura
é
crucial:
ela
faz
com
que
eles
batam
uns
nos
outros
e
vai
sempre
haver
uma
pequena
população
que,
no
meio
dos
choques
térmicos
que
acontecem
no
sistema,
esteja
no
estado
superior
de
energia.
Eles
vão
estar
permanentemente
a
saltar
de
1
109
Temperatura
normal
na
cabeça
é
aproximadamente
300!.
157
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
para
2,
mas
como
em
1
é
mais
estável,
vai
haver
nesta
posição
sempre
“mais
spins”.
Aumentando
muito
o
campo
magnético
(!)
vai
haver
uma
“migração”
para
2.
Se
se
diminuir
cada
vez
mais
!,
os
dois
níveis
vão
ficar
cada
vez
mais
próximos.
Então,
à
medida
que
se
aumenta
!,
os
dois
níveis
de
energia
vão-‐se
separando
mais
tendo-‐se
cada
vez
mais
em
1
e
menos
em
2;
os
que
estão
em
2
ficam
cada
vez
mais
instáveis. !
refere-‐se
então
ao
campo
de
cada
protão
a
girar.
Portanto,
tendo-‐se
estes
dois
níveis
de
energia
pode-‐se
iluminar
uma
população
de
átomos
com
luz
que
tenha
um
comprimento
de
onda
que
corresponda
a
uma
energia
dos
fotões
que
é
exactamente
igual
à
diferença
entre
os
dois,
faz-‐se
com
que
o
sistema
absorva
essa
luz
e
os
spins
comecem
a
saltar
de
um
local
para
o
outro
conseguindo-‐se
ter
um
espectro
de
absorção
em
função
do
campo
magnético.
Entre
os
dois
níveis
de
energia
criou-‐se,
pela
presença
do
campo
magnético
externo,
uma
diferença
de
energia
(∆!)
que
é
uma
constante
(2!)
que
multiplica
por
! :
∆! = !"#$% !
158
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
110
Na
falta
de
oxigénio
não
se
usa
a
mitocôndria
para
produzir
!"#,
mas
sim
o
citoplasma
–
glicólise
–
pelo
que
se
produz
lactato.
159
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
160
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
É
já
possível,
dentro
da
própria
célula
estudar
ambientes
diferentes
dentro
de
uma
única
célula.
As
mitocôndrias
têm
sempre
um
ambiente
mais
básico
do
que
o
exterior
e
portanto,
com
máquinas
sofisticadas
é
possível
olhar
para
ambientes
diferentes
dentro
de
uma
célula
(o
!"
das
mitocôndrias,
o
!"
do
citoplasma,
o
!"
nos
lisossomas,
etc.).
O
espectro
ao
lado
refere-‐se
ao
consumo
de
glucose
marcada
com
13!.
Antes
de
se
adicionar
glucose,
tem-‐se
um
determinado
espectro
e
quando
é
adicionada
glucose
há
dois
picos
referentes
aos
dois
tipos
de
glucose:
! −
glucose
e
! −glucose.
À
medida
que
o
tempo
passa
vê-‐se
a
glucose
a
desaparecer:
uma
desaparece
muito
mais
rapidamente
do
que
a
outra
(a
! −glucose
desaparece
muito
mais
devagar
do
que
a
! −glucose)
e
começam
a
aparecer
no
interior
vários
picos
adicionais
relacionados
com
o
metabolismo
da
glucose.
161
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
162
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
Basicamente
a
conclusão
da
teoria
da
relatividade
é
que
a
noção
de
tempo
e
a
noção
de
distâncias
dependem
de
quem
as
está
a
medir:
uma
pessoa
que
esteja
num
carro
que
meça
uma
distância
não
é
a
mesma
que
é
medida
por
uma
pessoa
que
esteja
no
passeio
a
ver
o
carro
passar.
Na
verdade
as
conclusões
da
teoria
da
relatividade
apenas
têm
“influencia”
quando
se
se
aproxima
das
velocidades
próximas
da
da
velocidade
da
luz.
Imagine-‐se
o
seguinte
exemplo:
o
indivíduo
!
está
na
carruagem
do
comboio
enquanto
o
indivíduo
!
está
na
plataforma
de
uma
estação.
O
indivíduo
!
atira
uma
bola
ao
longo
da
carruagem.
Se
o
comboio
estiver
parado
a
velocidade
do
objecto
medida
por
ambos
é
a
mesma.
Se
o
comboio
estiver
a
mover-‐se
a
medição
das
velocidades
do
objecto
são
diferentes:
a
velocidade
do
objecto
medida
pelo
indivíduo
que
está
dentro
do
comboio
é
a
mesma,
mas
para
o
indivíduo
que
está
na
plataforma
não:
a
velocidade
do
objecto
será
igual
à
velocidade
do
objecto
(com
que
foi
atirada)
mais
a
velocidade
do
comboio.
O
indivíduo
B
está
a
ver
um
objecto
mover-‐se
num
meio
que
ele
próprio
se
está
a
mover
e
portanto
a
velocidade
do
objecto
será
maior.
Em
1905,
Einstein
mostrou
que
a
luz
era
constituída
por
fotões,
partículas
que
se
movem
no
espaço.
Imagine-‐se
um
exemplo
semelhante
ao
anterior:
o
João
está
na
plataforma
da
estação
de
comboios
e
a
Maria
está
dentro
da
carruagem.
Numa
situação,
o
comboio
está
parado;
há
uma
lâmpada
no
chão
da
carruagem
virada
para
cima,
para
um
espelho
que
está
no
tecto
da
carruagem.
Acendendo-‐se
a
lâmpada,
os
fotões
são
emitidos,
batem
no
espelho
e
voltam
para
trás.
Mede-‐se
o
tempo
que
leva
um
fotão
a
ir
da
lâmpada
até
ao
espelho
e
a
voltar
para
trás.
A
luz
move-‐se
à
velocidade
da
luz
(!).
Se
a
distância
do
foco
de
luz
até
ao
espelho
é
!,
para
percorrer
o
percurso
de
ida
e
volta
(2!)
levará
um
tempo
! .
Tanto
o
João
na
plataforma
como
163
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
a
Maria
na
carruagem
vêem
a
mesma
imagem
da
luz
a
subir
e
a
descer.
Se
o
comboio
estiver
em
movimento,
a
Maria
que
está
dentro
do
comboio
tem
a
mesma
percepção
da
luz
a
sair
de
baixo,
a
mover-‐se
na
vertical
até
ao
espelho
e
voltar
para
baixo.
Para
o
João,
quando
a
luz
chegar
ao
espelho,
o
espelho
já
não
está
o
vira
antes
e
portanto
a
trajectória
da
luz
é
diferente.
Como
o
comboio
estava
em
movimento
os
fotões
emitidos
estão
a
mover-‐se
como
o
comboio
e
portanto
a
sua
trajectória
é
“oblíqua”.
Quando
os
fotões
chegarem
ao
espelho,
este
estará
mais
“à
frente”
(B1).
Quando
a
luz
for
reflectida,
os
fotões
voltam
para
baixo,
como
o
comboio
continua
a
mover-‐se,
quando
chegarem
novamente
ao
chão
da
carruagem,
ao
local
de
onde
partiram,
já
estará
ainda
mais
“à
frente”.
Deste
modo,
o
João
vê
a
luz
a
sair
mas
como
o
comboio
está
a
mover-‐se
a
trajectória
dos
fotões
de
luz
é
“oblíqua”.
!" = !"
!
1 !
!! = !! + !!
2
!" = !"′
A
trajectória
da
luz
será
duas
vezes
!
(este
por
sua
vez
é
maior
do
que
!).
O
indivíduo
que
estava
na
plataforma
viu
que
a
luz
percorreu
uma
distância
2!
num
tempo
!’;
este
é
diferente
do
tempo
! uma
vez
que
Einstein
mostrou
que
a
velocidade
da
luz
é
constante,
seja
qual
for
o
movimento
da
fonte.
Em
termos
simplistas,
toda
a
teoria
de
Einstein
tem
um
postulado:
o
de
que
a
velocidade
da
luz
é
sempre
constante
e
que
é
independente
de
a
fonte
se
estar
a
mover
ou
não.
!
!! =
!!
!− !
!
Einstein
chegou
à
conclusão
de
que,
medido
pelo
indivíduo
na
plataforma,
o
tempo
que
levou
a
luz
a
ir
do
sítio
de
onde
saiu
até
ao
espelho
e
voltar
é
maior
do
que
o
tempo
do
mesmo
processo
medido
pelo
indivíduo
que
estava
na
carruagem.
Se
a
velocidade
!
do
comboio
se
aproximar
da
velocidade
da
luz,
!’
tende
para
infinito
e
portanto
o
tempo
medido
por
quem
estava
na
plataforma,
estacionário,
será
sempre
muito
maior
do
que
o
tempo
medido
por
alguém
que
estava
no
comboio111.
Tudo
isto
só
é
“verdade”
uma
vez
que
a
velocidade
da
luz
é
constante;
caso
contrário
a
velocidade
com
que
o
fotão
111
Se
um
dia
se
pudesse
andar
à
velocidade
da
luz
não
se
envelheceria
relativamente
ao
estado
estacionário;
enquanto
para
um
passa
um
segundo,
para
quem
estava
no
estado
estacionário
passam
milhares
de
anos.
164
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
percorreria
do
foco
até
ao
espelho
e
voltaria
para
trás
teria
de
ser
a
sua
velocidade
normal
mais
a
velocidade
do
comboio.
2 exemplos:
A – Exemplo fictício
Uma
mulher
grávida
começou
a
ter
movimentos
de
parto
(contracções)
e
portanto
está
prestes
a
dar
à
luz.
O
hospital
mais
próximo
está
a
200!"
de
distância
e
o
carro
anda
no
máximo
a
160!". ℎ!! .
Bebé nasceu 1ℎ depois de sair de casa... no hospital.
Newton: Einstein:
200!" !
!= = 1,25ℎ!"#$
!! =
160!". ℎ!! !!
!− !
!
Segundo
Newton,
o
tempo
que
demorava
a
chegar
ao
hospital
seria
de
1,25ℎ!"#$
e
portanto
já
não
chegaria
a
tempo
de
lá
nascer.
No
entanto,
segundo
Einstein,
como
a
velocidade
da
luz
!
é
constante,
o
tempo
que
o
filho
está
em
casa
(!′)
mede
até
a
mãe
chegar
a
casa
é
dado
pela
expressão
acima.
165
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
Está
relacionado
com
o
anel
de
protecção
em
relação
a
mesões.
Estes
são
criados
na
atmosfera
do
planeta
através
dos
raios
cósmicos.
Os
raios
cósmicos
ao
baterem
na
Terra
batem
principalmente
na
atmosfera
estando
protegidos
porque
estes
raios
batem
nas
mais
variadas
moléculas
como
o
!"! ,
!! ,
!",
etc.
Estes
raios
são
criados
a
cerca
de
10.000!
acima
da
atmosfera,
e
ao
serem
criadas
têm
velocidades
muito
próximas
da
velocidade
da
luz
mas
têm
um
tempo
de
vida
muito
curto:
após
ser
criada
a
partícula
rapidamente
se
converte
noutras
partículas
(ou
embate
noutra)
e
portanto
deixa
de
ser
a
partícula
que
inicialmente
se
formou.
Observador
Estacionário
Em
movimento
166
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
!’
!
!’
!
!′ !
!! = = = !
!′ !
e
como:
!
!! =
!!
!− !
!
então
!!
! = !′ ! −
!!
velocidade
com
que
o
observador
em
movimento,
por
exemplo
num
avião,
se
está
a
mover
é
!′ !
exactamente
a
mesma
e
por
isso
!! = !′ = ! = !.
Isto
significa
que
o
!
medido
pelo
observador
!
que
está
em
movimento
é
dado
pela
expressão
! = .
!!
Assim,
não
é
só
o
tempo
medido
que
é
relativo
como
as
distâncias
também
são
relativas
e
portanto
dependem
de
quem
está
a
medi-‐las.
Isto
leva
a
que
para
um
observador
em
movimento
as
distâncias
sejam
sempre
menores,
e
o
tempo
também;
para
um
observador
estacionário
a
distância
é
sempre
maior
e
passa
mais
tempo.
Para
o
mesmo
fenómeno,
o
observador
em
movimento
mede
uma
distância
mais
pequena.
167
BIOFISICA
I
FACULDADE
DE
CIENCIAS
DA
UNIVESIDADE
DO
PORTO
BIOQUIMICA
Medição
de
!
-‐
Olaf
Römer
(1676)
Período
= ! = 32,5ℎ
Enquanto
a
Terra
vai
da
!
para
! ,
decorrem
130
eclipses
da
lua
de
Júpiter.
Dá
para
prever
quando
se
deve
verificar
o
131º
eclipse
(que
sofre
um
atraso
de
aproximadamente
1000!).
⇒
Tempo
adicional
que
a
luz
leva
a
chegar
a
!
(
comparado
com
!).
3×10! !" = !. 1000!
! ≈ !×!"! !". !!! (±10%)
Olaf
Römer
viu
que,
quando
a
Terra
estava
na
posição
!,
o
mais
próximo
possível
de
Júpiter,
o
período
que
levava
a
Lua
a
desaparecer
por
trás
de
Júpiter
era
de
32,5ℎ
por
cada
eclipse.
Se
a
lua
desaparece
de
32,5ℎ
em
32,5ℎ,
é
possível
prever
matematicamente
o
eclipse
que
é
quando
estiver
em
! .
Portanto,
quando
a
Terra
vai
de
!
para
!
decorrem
130
eclipses
da
lua
e
assim
pode-‐se
prever
quando
acontece
o
seguinte
eclipse
da
lua.
No
entanto,
como
a
imagem
que
se
tem
da
luz
da
Lua
tem
de
percorrer
uma
distância
muito
grande,
a
luz
sofre
um
atraso
de
1000!
(levou
mais
tempo
a
luz
a
chegar).
Uma
vez
que
o
tempo
adicional
que
a
luz
leva
a
chegar
a
! ,
comparado
com
A
(diâmetro
da
órbita
da
Terra),
é
de
1000!
e
sabendo
que
a
distância
de
!
a
!
é
de
3×10! !",
chega-‐se
à
conclusão
que
! ≈ 3×10! !". ! !! .
168
BIOFISICA
I