Gonçalves 2010 PDF
Gonçalves 2010 PDF
Gonçalves 2010 PDF
Universidade de Coimbra
Dissertação de Mestrado em
Supervisão Pedagógica e Formação de Formadores
Coimbra, 2010
–2–
Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação
Universidade de Coimbra
–3–
–4–
Dedico este trabalho
–5–
–6–
A concretização do presente não teria sido possível sem a cooperação,
participação, apoio e incentivo de várias pessoas. A todas elas não poderia
deixar de expressar o meu profundo reconhecimento:
–7–
–8–
Índice
Introdução……………………………………………………………………………………. 15
Conclusão ……………………………………………………………………………………. 87
Referências bibliográficas…………………………………………………………………… 95
Anexos………………………………………………………………………………………… 103
–9–
– 10 –
Índice de figuras
_____________________________________________________________________________
Índice de quadros
_____________________________________________________________________________
– 11 –
– 12 –
RESUMO
_____________________________________________________________________________
ABSTRACT
_____________________________________________________________________________
RESUMÉ
_____________________________________________________________________________
Le travail qui suit aborde la motivation dans l'apprentissage et ses implications dans le
contexte de l’'éducation formelle. Après la caractérisation de ce processus, basée sur
l'analyse de diverses théories, nous avons tracé un ensemble de stratégies pour la
motivation auxquelles l'enseignant peut faire appel dans un contexte de salle de classe.
– 13 –
– 14 –
Introdução
______________________________________________________________________
– 15 –
Na verdade, a discrepância de circunstâncias sociais, culturais e, mesmo
individuais, no princípio da escolaridade traduz-se em disparidades crescentes nos
patamares subsequentes.
Um aspecto que merece destaque, em Portugal, patente na Lei de Bases do
Sistema Educativo – Lei n.º 46/86, de 14 de Outubro, com alterações introduzidas pela
Lei n.º 49/2005 de 30 de Agosto – é que o Sistema Educativo “responde às necessidades
da realidade social, contribuindo para o desenvolvimento pleno e harmonioso da
personalidade dos indivíduos, incentivando a formação de cidadãos livres,
responsáveis, autónomos e solidários”. Todavia, Abreu (2005) reconhece que existe
uma separação significativa ou um desfasamento abissal entre estes objectivos
formativos, centralizados no crescimento individual e social dos aprendizes, e os
objectivos subjacentes à prática pedagógica corrente nas escolas. Segundo este autor as
actividades pedagógicas correntes “são predominantemente orientadas para a obtenção
de resultados positivos nas provas de avaliação de conhecimentos e nos exames”
(Abreu, 2005, 56). De igual modo, também se verifica que “o ambiente das escolas está
demasiado influenciado pelo modo de pensar de muitos docentes nostálgicos de um
passado que recordam como mais seguro, e pelo de muitos alunos que encaram o seu
futuro com descrédito e cepticismo” (Terrén, 2001, 10).
Esta realidade exige, nas escolas, uma reflexão mais aprofundada acerca das
estratégias motivacionais a que os professores recorrem para ensinar, bem como dos
ambientes de aprendizagem que as podem desenvolver de modo a encetar formas
eficazes de envolver os alunos nas tarefas escolares. Com efeito, tais ambientes
revelam-se “muito importantes para os alunos, na medida em que influenciam a sua
percepção da natureza e propósito da aprendizagem” (Cordeiro, Lens & Bidarra, 2009,
305).
Por outro lado, reflectindo sobre os baixos níveis obtidos pela população
portuguesa em áreas centrais de aprendizagem escolares como a Língua Portuguesa, a
Matemática e as Ciências (Benavente, Rosa, Costa, & Ávila, 1996; Festas, 1998),
inclinamo-nos a pensar que a escola não está a preparar, convenientemente, os seus
alunos e que algo tem que mudar no que respeita à maneira como se ensina e, em
particular, como se envolvem os alunos nas aprendizagens.
– 16 –
De facto, as chamadas grandes reformas educativas têm recaído sobre a estrutura
curricular e em actualizações de programas mas sem a preocupação manifesta pelo
modo como a investigação pedagógica indica que se deve ensinar, nomeadamente como
se devem mobilizar os processos de motivação para a aprendizagem (Abreu, 2004). Para
além disso, segundo Abreu (2005, 52), também não é prática comum, no final de cada
ano, “procurar identificar factores, processos e condições que influenciaram, de forma
positiva e negativa, os resultados dos esforços dispendidos ao longo do ano lectivo”. E
nem mesmo a difusão nos órgãos de comunicação social das elevadas percentagens de
insucesso escolar e de abandono precoce que se verificam todos os anos tem suscitado
inquietação suficiente capaz de induzir uma prática de reflexão sistemática sobre essa
nefasta realidade.
Neste panorama, surgiram-nos as seguintes interrogações: O que é, afinal,
necessário fazer para envolver os alunos, nas aprendizagens, de modo a que tenham
sucesso académico? Que estratégias de motivação poderão ser utilizados para fomentar
aprendizagens consistentes?
Foram estas questões que serviram de “pedra de toque” para o desenvolvimento
do presente trabalho. Conscientes de que, neste campo, as incertezas são muitas,
pensamos, no entanto, que sem a introdução de inovações neste domínio,
nomeadamente ao nível das estratégias de motivação, será difícil conseguirem-se
melhorias nos resultados escolares, bem como na diminuição das elevadas percentagens
de abandono e de insucesso escolares (Abreu, 2004).
Tendo como pano de fundo estas asserções, o tema eleito para esta dissertação –
Estratégias de motivação educacional: Orientações para o ensino e aprendizagem –
apresentou-se-nos, desde o início, extraordinariamente entusiasmante, sendo que o seu
desenvolvimento constituiu um relevante ponto de partida tanto ao nível teórico como
de prática profissional.
– 17 –
No primeiro capítulo – O estudo da motivação e suas implicações no campo da
educação formal – recorrendo a uma pluralidade de teorias incidentes na motivação,
procuramos analisar os conceitos e os determinantes relacionados com este processo em
contexto de educação formal. No segundo capítulo – Os objectivos: sua relação com a
aprendizagem e a instrução – focamos aspectos ligados à conceptualização e orientação
dos objectivos em contexto de educação formal, dado que, como construtos
organizadores e integradores, englobam num mesmo sistema interactivo cognições,
afectos e comportamentos. No terceiro e último capítulo – Estratégias de motivação
educacional na sala de aula - decorrentes de investigações de Alderman (2004) e de
outros autores, descrevemos algumas estratégias que designámos como ferramentas
para o ensino a que professores de diversos níveis de ensino podem recorrer no sentido
de estimular a qualidade e a quantidade da motivação dos alunos.
– 18 –
Capítulo 1
– 19 –
Não podemos deixar de notar que, a confluência de estudos nestas duas áreas, tem
destacado a motivação em contexto educativo, como factor primordial. Efectivamente,
diferentes investigações têm permitido recolher conhecimento teórico que pode auxiliar
na reorganização da prática docente (Abreu, 1987, 2002, 2004, 2005) e na criação de
processos de aprendizagem mais ajustados (Ames, 1992; Alderman, 2004; Paixão,
2004).
Subjacente a estas investigações está o entendimento de que os alunos motivados
demonstram pensamentos e comportamentos que optimizam o seu desempenho
académico, tais como tomar iniciativas, enfrentar o desafio ou utilizar estratégias de
resolução de problemas. Exprimem também afectos positivos face à aprendizagem,
como entusiasmo, curiosidade e interesse. Estes são os alunos que farão um percurso
escolar mais longo, aprenderão mais e sentir-se-ão melhor consigo mesmos (Skinner &
Belmont 1993, citados por Lemos, 2005).
Em situação oposta, os alunos desmotivados mostram pensamentos e
comportamentos globalmente antagónicos aos referidos. São apáticos, não se esforçam,
desistem facilmente, usam frequentemente as mesmas estratégias inoperantes e
mostram-se irritados. Nas palavras de Lemos (2005, 193) estes alunos “colocam-se
assim à margem das oportunidades de aprendizagem ou mesmo contra os seus agentes
educativos”.
– 20 –
questões está relacionada com as distintas causas manifestadas para aprender. Ou seja,
na escola observamos alunos que estudam para “conseguir prémios, materializados em
diplomas, aprovação social e dinheiro…”, outros ambicionam aumentar as suas aptidões
tendendo mestria, enquanto ao seu lado, na carteira, se sentam alunos “que estão apenas
dispostos a realizar o esforço necessário e suficiente para poderem passar de ano ou
ainda aqueles que não sabem bem o que estão ali a fazer”.
Estas observações de Rosário (2005) indiciam que a motivação e a aprendizagem
surgem como aspectos indissociáveis.
Tanto quanto sabemos, desde sempre o Homem tentou explicar e prever o seu
próprio comportamento e o dos outros. Tal facto solicita a compreensão de factores que
impulsionam e direccionam esse comportamento, isto é, de variáveis motivacionais.
Assim sendo, Jesus (2000, 132) considera que o estudo da motivação diz “respeito à
análise da activação, direcção e persistência do comportamento”.
Para concretizar essa compreensão é requerida, antes de mais a resposta à
pergunta: O que é a motivação? Trata-se de uma pergunta que já obteve centenas de
respostas, tão diversas quanto os pressupostos e intenções dos seus autores. Se
aceitarmos que a motivação é aquilo que impele uma pessoa a fazer algo (Covington,
1998, 2000), este conceito pode ser entendido como um processo que suscita ou incita
uma acção humana (Balancho & Coelho, 1996) e que, por vezes, se reveste de um
carácter intrínseco, correspondendo ao investimento na tarefa com um fim em si mesmo
e não como um meio de atingir uma meta (Dweck & Legget, 1988; Ames, 1992; Elliot,
1997); outras vezes, reveste-se de um carácter extrínseco, quando a atenção à tarefa está
relacionada com a conquista ou o alcance da meta (Paixão, 1996; Alderman, 2004).
– 21 –
Para melhor entendermos esta ideia, devemos colocar outra questão: Será que a
Psicologia da Educação tem investido na construção de modelos que permitem
investigar os aspectos explicativos de motivação subjacente ao comportamento? Tendo
em linha de conta, as abundantes “teorias” que podemos encontrar na revisão da
literatura e tendo os nomes dos seus autores transposto fronteiras: Maslow (1954),
Atkinson (1957), Herzberg (1966), McCleland (1961), Alderfer (1972), Adams, (1965),
Vroom (1964), Skinner (1974), Bandura (1997), Connell (1985), Deci & Ryan (1985),
Hidi & Haracksiewicz (2000), Elliot (1997), Elliot & Church (1997), Ames (1992),
Covington (1998), Weiner (1986) entre outros - a resposta é necessariamente afirmativa.
De uma forma geral, essas teorias centraram o seu objecto de estudo na análise do
«porquê» do comportamento, mais concretamente, o que faz uma pessoa insistir ou
desistir de uma actividade, qual o seu grau de envolvimento na acção seleccionada e o
que considera e experimenta durante esse envolvimento. Independentemente das
diferenças existentes entre as diferentes explicações proporcionadas por tais teorias
ressaltam os aspectos positivos e construtivos da motivação, sendo esta
consensualmente aceite como aquilo que impele a actividade “dirigindo-a para certos
fins e prologando-a enquanto esses fins não sejam atingidos” (Lévy-Leboyer, 1994, 60).
– 22 –
observação de unidades temporais mais ou menos extensas; esta última concepção
aplica-se a todas as modernas abordagens acerca da motivação.
Como temos vindo a verificar, cada teoria motivacional dedica-se à identificação
e explicação acerca do modo de funcionamento de um determinado grupo de processos
motivacionais. Diferentes teorias examinam, portanto, variáveis, estruturas e resultados
da motivação divergentes; prescrevem e procuram verificar a existência e
funcionamento de determinadas estruturas motivacionais.
Neste contexto, diversos são os autores que têm dedicado parte significativa da
sua investigação à compreensão e sistematização das teorias motivacionais (Barros de
Oliveira & Barros de Oliveira, 1996; Paixão, 1996, Oliveira, 2005; Rosário, 2005). A
maior parte dos autores reconhecem que as orientações paradigmáticas na investigação,
sobre as concepções motivacionais, evoluíram ao longo do século XX. Segundo Rosário
(2005) podemos distinguir quatro momentos:
1
Devemos esclarecer que, na actualidade, a Teoria da Autodeterminação representa um quadro mais
amplo, desta abordagem humanista, para o estudo da motivação humana e personalidade. Com uma
abordagem organísmica da motivação, esta teoria, articula uma meta-teoria para enquadrar o estudo
da motivação, que identifica variadas fontes de motivação e uma descrição das respectivas funções
intrínsecas e de tipos de motivação extrínseca no desenvolvimento cognitivo e social e nas
diferenças individuais. A meta-teoria da auto-determinação contém cinco mini-teorias, que
apresentamos pela ordem em que foram surgindo: teoria da avaliação cognitiva (explica o modo de
– 23 –
Um terceiro momento, sob a influência do cognitivismo, passou-se a centrar a
atenção no funcionamento cognitivo2. Nas décadas 50 e 60, as teorias gerais foram
trocadas por outras menos ambiciosas, que abdicaram da intenção de tentar explicar o
comportamento humano na sua globalidade. O construto teórico das teorias cognitivas
está ancorado na concepção de que os processos cognitivos intervêm na relação entre
estímulo e resposta explicando ora comportamentos específicos, ora processos
psicológicos bem delimitados ou, ainda, o funcionamento comportamental em contextos
identificados de realização ou de relação social.
Um quarto momento, influência do cognitivismo e das correntes ambientalistas e
ecológicas, centra as preocupações na compreensão das condições do ambiente escolar
que contribuem para o incremento da motivação. Como uma renovada visão do ser
humano, alguém que dá sentido às suas práticas, não se confinando a responder ao meio
ou a acumular informação pura, a aprendizagem passa a ser concebida como
configuração do saber.
2
A cognição corresponde à actividade mental e inclui variáveis cognitivo-motivacionais como
crenças e percepções (atribuições causais, expectativas de resultado e de auto-eficácia, valor das
tarefas…), a curiosidade, a memória, etc. Estudar a cognição significa estudar mecanismos e
processos tão distintos como a resolução de problemas, a criatividade, a memória, a tomada de
decisão, a aprendizagem cognitiva, etc. (Almeida, 1988).
– 24 –
aquela que nos parece mais conciliável com a finalidade deste trabalho, centrando a
nossa análise, nas questões básicas que fornecem aos professores entendimentos que os
levem a intervir eficazmente, a partir de um suporte científico no processo de ensino-
aprendizagem.
– 25 –
se aproximar ou afastar de certas acções (Lemos, 2005). A motivação é, neste
paradigma, explicada com conceitos como a recompensa e o incentivo, sendo a
recompensa um objecto ou evento atractivo fornecido como consequência de um
comportamento particular, e o incentivo um objecto ou evento que estimula ou
desencoraja um determinado comportamento ou conjunto de comportamentos. Neste
caso quando a um aluno é prometida uma nota elevada, podemos considerar essa
promessa como um incentivo, sendo que quando a classificação elevada se torna uma
realidade, ela pode ser considerada uma recompensa.
Um exemplo destas teorias aparece de forma singular nos discursos académicos,
sob inspiração na obra de Skinner (1953, 1974), cujo pressuposto basilar é a ideia de
que os comportamentos não podem ser explicados por processos internos. Para
descortinar as causas desse comportamento “é necessário concentrar-se no meio
ambiente que o envolve e na sua história pessoal de reforços”3 (Rosário, 2005, 25). A
motivação é vista como um processo mecânico, no qual as associações entre estímulos e
as respostas são estabelecidas pelo ambiente.
De forma congruente com estes pressupostos a investigação desenvolvida pelos
autores comportamentalistas, sob a tutela da aprendizagem, trouxe uma contribuição,
fundamental, ao realçar o papel do ambiente e ao conceptualizar diferentes modelos
pedagógicos, mas oferece uma explicação incompleta e reducionista da aprendizagem.
De facto, constatamos que estamos diante de modelos pedagógicos de “carácter linear
que não prevêem, uma relação directa entre ensino e a aprendizagem: a
responsabilidade pelos resultados escolares é sobretudo atribuída aos alunos” (Damião,
3
De acordo com Skinner (1974), há quatro tipos de reforços: 1. O reforço positivo, isto é, os
procedimentos desejáveis são reforçados por uma consequência positiva que tende a ser designada
de recompensa. Num contexto educativo, uma vez identificada a consequência que possui valor de
recompensa para o aluno, esta pode ser utilizada para aumentar o seu desempenho; 2. Reforço
negativo, isto é, quando determinado estímulo pode prevenir o despoletar de um comportamento
nocivo ou prejudicial, ele é designado de evitamento ou reforço negativo. Um aluno altera o seu
comportamento no sentido de evitar determinadas consequências desagradáveis; 3. A extinção, é um
método que ajuda a reduzir e a enfraquecer os comportamentos indesejáveis. Pode caracterizar-se
por ausência de reforço de comportamentos indesejáveis de tal forma que esses comportamentos
diminuem e, eventualmente, desaparecem; 4. A punição é definida com a atribuição de uma
consequência nociva ou prejudicial a um comportamento indesejável. Parte-se do pressuposto que tal
como as recompensas fortalecem o comportamento, a punição enfraquece-o. Por outras palavras, os
reforços positivos e negativos são métodos de reforço de comportamentos desejáveis, enquanto a
extinção e a punição são métodos de enfraquecimento de comportamentos indesejáveis.
– 26 –
2008, 5). A função tutelar do professor, que exerce poder face aos seus saberes
científicos, impõe-se à função do aluno. Este, ao invés de aprender, e menos ainda
aprender a aprender, somente amontoa saberes que deverá repetir fielmente. Neste
sentido, “o professor é a única ou pelo menos a mais importante das variáveis que
determina a aprendizagem dos alunos, negligenciando-se o contexto e a sua influência
sobre os resultados de aprendizagem” (Bidarra, 1996, 142).4
4
Do descrito, deduz-se que alguns princípios e experiências educativas foram organizados de acordo
com os pressupostos comportamentalistas. Algumas limitações são anotadas a esta teoria. O
educando não aumenta a sua criatividade e, apesar de se respeitarem os ritmos individuais, não se dá
razoável relevo ao seu interesse e motivação intrínsecas. Pretende -se, acima de tudo, que haja por
parte do professor uma minuciosa exactidão na determinação do que pretende ensinar, do tempo que
necessita para o fazer e uma definição específica dos objectivos comportamentais que pretende obter
(Damião, 2001; Bidarra, 1996).
– 27 –
Nesta ordem de ideias, Maslow (1970), adoptando uma perspectiva holista,
invocou um conjunto de necessidades gerais dos seres humanos que agrupou numa
hierarquia que contempla cinco níveis: fisiológicas, segurança, sociais, de estima e de
auto-realização. Tendo em consideração esta hierarquia, o autor sugeriu que uma
necessidade só motiva o comportamento até ser satisfeita, e que as necessidades dos
níveis mais baixos têm que ser satisfeitas em primeiro lugar. Apenas as necessidades de
auto-realização, que não actuam de acordo com um mecanismo de funcionamento
homestático ou de redução da tensão explicam o comportamento motivado de um modo
homeoquinésico ou de persistência da motivação.
Os resultados dos estudos, que esta nova linha de trabalho desencadeou,
permitiram enfatizar fontes intrínsecas de motivação, como o “desejo de crescimento
pessoal” bem como as necessidades de “auto-realização” e de “auto-determinação”.
Considerando que as pessoas são continuamente motivadas pela necessidade inata de
realizar o seu potencial de desenvolvimento, em contexto de educação formal motivar
alunos seria encorajar os seus recursos interiores, como o sentido de competência, a
auto-estima e a autonomia (Abreu, 2002). Por outro lado Rosário (2005) sublinha que
não será realista esperar que os alunos aprendam se não têm satisfeitas as necessidades
básicas, ao nível fisiológico ou de segurança.
Esta teorização, não esteve também imune a críticas relacionadas sobretudo com a
fragilidade da sua arquitectura conceptual. Na verdade, as ditas necessidades básicas
nem sempre antecedem as demais, bastando pensar no facto de muitas pessoas serem
capazes de sofrer abstinências fisiológicas na luta pelas suas aspirações. Acresce, ainda,
o escasso corpo de investigação empírica que sustém a hierarquia desenhada por
Maslow (Abreu, 2002; Rosário, 2005).
Apesar destes argumentos, estamos perante uma teoria que permite analisar “a
pessoa holisticamente, onde as necessidades físicas, emocionais e intelectuais interagem
como um todo” (Rosário 2005, 27). Neste aspecto parece-nos existir um ponto de
contacto importante entre esta teoria e a Teoria de Autodeterminação de Deci e Ryan,
porquanto ambas vêem o ser humano como um ser dinâmico, activo, com necessidades
internas psicologicamente inatas.
– 28 –
De acordo com esta última teoria, o comportamento humano é estimulado por três
necessidades psicológicas universais: a de autonomia, de competência e de
relacionamento, que sugerem como fundamentais para o crescimento e a integração,
assim como também para o desenvolvimento social e o bem-estar pessoal (Deci &
Ryan, 2000; Ryan & Deci, 2000).
Tendo em conta as investigações de Deci e Ryan (2000) estas três necessidades
favorecem a motivação intrínseca, em contexto de educação formal e podem ser
explicadas da seguinte maneira: a necessidade de autonomia (ou autodeterminação)
compreende os esforços do aluno para ser o propulsor das suas próprias acções e para
determinar o seu comportamento; é um anseio de exercitar um locus interno de
causalidade. A necessidade de mostrar competência está relacionada com a tentativa, do
mesmo, de dirigir as aprendizagens e de as experimentar efectivamente. Por último, a
necessidade de relacionamento faz referência ao esforço, do aluno, em estabelecer
relações interpessoais significativas, nomeadamente com os professores e com os seus
pares, e experimentar satisfação com o mundo social.
– 29 –
Conduta Não determinada Autodeterminada
– 30 –
mostram que estes dois tipos de motivação não são incompatíveis e podem coexistir
(Covington & Muller, 2001)5.
5
Alderman (2004), partilhando esta ideia, descreve relatos de alunos, em que se verifica o desvio da
motivação extrínseca à intrínseca e vice-versa. Nestes relatos os alunos mostram que podem
prosseguir com tarefas simultaneamente por motivos extrínsecos e intrínsecos. Um corredor pode
correr pelo desafio e satisfação mas também para conseguir uma bolsa para a escola. Ambos os tipos
de motivação podem aparecer a qualquer hora, e a sua intensidade pode variar de situação para
situação.
– 31 –
nestes quatro modelos de base, quanto mais os indinvíduos determinarem as suas acções
mais intrínseca é a sua motivação (Ryan & Deci, 2000).
No sentido de tornar mais claro o que foi anteriormente exposto, Paixão (2008)
refere, pois, que esta teoria concebe três tipos de qualidade motivacional: a amotivação
ou regulação impessoal, representada pela ausência de intencionalidade
comportamental, pela não valorização das actividades realizadas ou antecipadas, pela
ausência de percepções de competência e de expectativas de resultado; a motivação
controlada, que congrega os tipos de regulação comportamental externa e introjectada, e
a motivação autónoma que integra os tipos de regulação comportamental identificada,
integrada e intrínseca. Embora estas duas últimas formas de regulação comportamental
(controlada e autónoma) sejam caracterizadas pelo grau de intencionalidade accional
que possibilitam, podendo assim não diferir em quantidade (número de actividades,
quantidade de esforço, etc.), certamente que são diferentes na qualidade do
funcionamento pessoal, interpessoal e social que proporcionam (realização e
criatividade, qualidade das relações, bem-estar).
– 32 –
Os professores podem desejar alunos que são intrínsecamente motivados para o
trabalho académico, mas muitas tarefas requeridas na escola não são motivantes para os
alunos. Para contrabalançar, muitos professores contam fortemente com os incentivos
extrínsecos, incluindo, louvores elogios, sinais, sorrisos e reconhecimentos especiais,
tal como “aluno do mês” (Alderman, 2004).
– 33 –
recebido. As pessoas reagem às suas próprias interpretações dos eventos externos ou
internos, em vez de reagirem aos acontecimentos em si.
6
A Teoria das Necessidades de McClelland (1961) é uma das muitas teorias que procuram
explicar a motivação através da satisfação das necessidades. Nesta sua teoria, McClelland coloca
em destaque aquilo a que chamou as necessidades adquiridas, isto é, as necessidades que as
pessoas desenvolvem com a sua experiência ao longo da sua vida, à medida que interagem com os
outros e com o seu ambiente. De entre estas, existem três que segundo o autor assumem especial
importância, nomeadamente: A necessidade de realização, que traduz o desejo da pessoa em
atingir objectivos que representem desafios em fazer melhor e mais eficientemente; A necessidade
de poder, isto é, o desejo de controlar, decidir e de influenciar ou ser responsável pelo
desempenho dos outros; A necessidade de afiliação, que representa o desejo de manter relações
pessoais estreitas e de aceitação da parte dos outros.
– 34 –
Quando transposto para o ensino o modelo de Atkinson (1974) sugere que os
alunos com elevada motivação para a realização seleccionarão actividades de
dificuldade média que percebem como atingíveis e que, por esse motivo, originarão um
sentimento de realização. Afastarão as tarefas que examinam como difíceis, de êxito
pouco provável, e também outras “muito fáceis”, porque uma vez que o sucesso está
alcançado, não proporcionam grande satisfação. Por sua vez, os alunos com baixa
motivação para a realização optarão por uma das tarefas opostas: as mais acessíveis ou
as mais problemáticas. Para realizar as primeiras, não terão que empregar muito esforço,
e face às segundas, apesar de poder ser duvidoso que consigam os seus objectivos, esta
escolha fornece-lhes uma explicação oportuna para o insucesso (Rosário, 2005).
7
Lembramos que, em contraste “com a psicologia comportamental, cujo objectivo é o estudo do
comportamento e das suas regras de funcionamento, a psicologia cognitiva tem como objectivo
fundamental explicar os processos cognitivos que determinam a conduta dos sujeitos” (Bidarra,
1996). A metáfora, aprendizagem como “aquisição e conhecimentos”, exprime esta fase. Este
paradigma assenta em boa medida na semelhança entre mente e computador, encara o sujeito como
processador de informação (Almeida, 1988). Nesta época, evidenciam-se os processos cognitivos
internos que decorrem entre a codificação da informação, o seu tratamento, registo e evocação e a
resposta. Em consonância com esta perspectiva, o ensino deve orientar-se para a aquisição de
conhecimentos por parte dos alunos, sendo esta a medida da aprendizagem realizada (Barros de
Oliveira & Barros de Oliveira, 1996).
– 35 –
No quadro seguinte é apresentada uma breve síntese de algumas das diferenças
entre as concepções mecanicistas e as concepções cognitivistas da motivação e
aprendizagem.
Quadro 1
Diferenças entre as concepções mecanicistas e as concepções cognitivistas
MECANICISTAS COGNITIVISTAS
Objectivo do Adaptação ao meio Realização de projectos
comportamento pessoais
Diferenças Individuais Hábitos (passado) Objectivos pessoais (futuro)
Modelos teóricos Modelos impulso hábito Modelos expectativa-valor
Aprendizagem Estabelecimento das Construção de
conexões S-R conhecimentos
Inteligência Quantidade de conexões Capacidade de resolver
S-R problemas
Educação Reforços ou manipulação Responsabilização pessoal
externa
Motivação Extrínseca Intrínseca e extrínseca do tipo
autónomo
Motivos Só os fisiológicos Todos são primários
primários
Funcionamento dos Homeostasia Homeoquinesia
motivos (redução da tensão) (persistência da tensão)
Adaptado de Jesus (2004, 73)
– 36 –
da importância da natureza social da motivação nas escolas (Weiner, 1992)8 bem como
o papel do ambiente (Bandura, 1986)9. A aproximação que capta estas duas áreas forma
um corpo central da motivação para o ensino e aprendizagem e é conhecida como a
teoria sócio-cognitiva. Segundo Alderman (2004) este quadro tem vindo a proporcionar
a realização de diversas investigações que auxiliam os professores na complexa tarefa
de estabelecerem um clima que promove a motivação e ajuda os alunos a
desenvolverem estratégias de motivação adaptativa.
Trata-se de uma perspectiva que advoga a existência de uma inter-relação entre os
processos cognitivos de um indivíduo e o contexto social (Bandura, 1997; Pintrinch &
Schrauben 1992, citados por Alderman, 2004). Esta perspectiva motivacional inter-
relaciona os seguintes factores: a) cognição pessoal, tais como crenças sobre habilidade
e emoções; b) contextos, como critérios de incentivos e avaliação utilizados pelos
professores; c) ou o comportamento e desempenho de cada pessoa, tais como esforço
crescente depois de uma avaliação negativa ou fraca. Estes três factores interagem
através de um processo que foi designado por Bandura (1986), por interacção recíproca,
na qual cada componente afecta as outros dois, muito embora possam não ter forças
iguais. O funcionamento cognitivo de um aluno, tal como as crenças nas suas
capacidades, actua como mediador importante na motivação, influenciando quer as suas
expectativas de auto-eficácia, quer as suas expectativas acerca do resultado futuro, bem
como as acções que são realizadas. Esta é uma interacção complexa e contínua
(Alderman 2004, 20) (figura 2).
8
Nos anos 70, dando um enfoque claramente escolar, com a teoria Atribucional, Weiner (1985,
1992) desenvolve e complementa a teoria de Atkinson. Esta teoria aponta que os alunos tentam, de
forma automática, perceber os factores que influenciam os seus resultados escolares. Neste contexto,
defende que o que realmente provoca a motivação para encarar as tarefas escolares são as diferentes
representações dos resultados obtidos: as explicações sobre os êxitos ou sobre os fracassos escolares.
9
Bandura (1986) valorizando o elemento social na aprendizagem, concebe a teoria da Aprendizagem
Social, argumentando que as pessoas podem aprender novas informações e comportamentos ao
observar outras pessoas. Conhecida como a aprendizagem observacional (ou modelagem), este tipo
de aprendizagem pode ser usada para explicar uma variedade de comportamentos.
– 37 –
persistência
envolvimento
passividade
objectivos
Comportamentos
Objectivos
Como podemos perceber a motivação não pode ser apenas imputada ao meio,
como o comportamentalismo defende, nem apenas ao sujeito, como atesta o
cognitivismo, mas sim das interacções entre o sujeito e o seu mundo. Neste sentido, o
comportamento motivado apenas pode ser analisado e explicado se forem considerados
os contextos (físicos, temporais e sociais) em que ocorre (Paixão, 2004).
Em suma, e no dizer de Lemos (2005, 197) há uma tendência nos modelos mais
recentes para ver as cognições e afectos motivacionais como factos «situados», isto é,
para valorizar o papel dos pensamentos e sentimentos que emergem (são construídos)
numa determinada situação específica. Deste modo, para compreender a motivação,
mais especificamente a escolha, a persistência face aos obstáculos e o esforço
despendido na realização das tarefas, “normalmente ambíguas, complexas e
prolongadas no tempo” (Paixão, 2004, 377), torna-se essencial contextualizar o
pensamento e o comportamento humano. Trata-se de uma incumbência delicada e
difícil, se tivermos em consideração que se trata de um fenómeno “activo multifacetado,
– 38 –
fruto da interacção entre o contexto e aquilo que o sujeito transporta para esse contexto”
(Linnenbrink & Pintrinch, 2002, citados por Paixão, 2004).
– 39 –
motivação à cognição (Pintrich, 2000; Borkowski & Muthukrishna, 1995) e as que
ligam a motivação aos processos volitivos (Kuhl, 1987).
Julgamos que no estado presente do saber tem sentido a opção pela integração
teórica das teorias cognitivistas e sócio-cognitivas, opinião que sustentamos em
argumentos que passamos a especificar em duas anotações.
Em primeiro lugar, mais do que conceber novas teorias, deve-se procurar
pesquisar com base nas teorias existentes, tentando beneficiar dos conhecimentos
singulares de cada uma delas num enquadramento teórico coerente e global. Aliás, este
parece ser o trajecto seguido, presentemente, nos estudos actuais, quer de análise teórica
(Paixão, 1996, 2004) quer de pesquisa em contexto de educação formal (Alderman,
2004). Em segundo lugar, deve reconhecer-se que, por si só, nenhum dos referidos
grupos, das teorias cognitivistas e sócio-cognitivas, demonstrou capacidade para
– 40 –
explicar a motivação e o comportamento na sua globalidade. Assim, tendo em conta o
leque de conhecimentos e reflexões situados na interface do domínio da Psicologia e o
das Ciências da Educação (Abreu, 1979; Allport, 1961; Lens, 1986; Nuttin, 1985;
Paixão, 1996; Reeve, 2001; Weiner, 1989; Alderman, 2004), talvez devamos considerá-
-los como complementares, ou seja, de integração teórica. Uma apresentação
esquemática dos aspectos sublinhados por cada uma destas perspectivas a partir dos
quais ensaiamos uma nova compreensão, a partir de um esforço de integração é o que
apresentamos a seguir, no quadro II:
Quadro 2
Integração teórica das perspectivas cognitivista e sócio-cognitiva
10
Com incidência, especialmente, nos E.U.A., mas com repercussões em muitos países do mundo.
– 41 –
humanistas enfatizam fontes intrínsecas de motivação. Em comum, estas diferentes
explicações perfilham da ideia de que os alunos são continuamente motivados pela
necessidade inata de realizar os seus potenciais. No entanto, em qualquer dos
momentos, o aluno é considerado passivo meramente reactivo, possuindo um papel na
educação e na aprendizagem muito restrito (Barros de Oliveira & Barros de Oliveira
1996).
Por fim, e embora exista, ainda, pouca evidência de como os alunos se tornam
peritos (masters) da sua aprendizagem (Zimmerman, 1989) as perspectivas actuais que
derivam da integração teórica das abordagens cognitivistas e sócio-cognitiva,
reconhecem que, para haver uma aprendizagem eficaz, “o sujeito deve envolver-se na
sua própria aprendizagem” (Figueira, 1997).
– 42 –
Sócio-Cognitiva
Interacção entre o
Instintiva/ sujeito e o meio físico
Comportamentalista e social
Mudanças de
Comportamentos CONCEPÇÕES SOBRE
A MOTIVAÇÃO Integração
teórica
Humanista Cognitivista
Ênfase nas Sujeito activo durante o seu
características percurso na aprendizagem
individuais
– 43 –
apresentadas pelas várias teorias ou concepções acerca da motivação que acabamos de
apresentar.
– 44 –
Capítulo 2
– 45 –
pessoais no modo de pensar, sentir e agir, os quais, por sua vez, influenciam a
aprendizagem e o nível de realização alcançado pelos alunos (Matos, 2005).
De forma congruente com estes pressupostos dedicaremos, nos pontos seguintes, a
nossa análise à conceptualização dos objectivos dos alunos porque é, no presente, uma
das vertentes mais estudadas na motivação em contexto de educação formal e porque
enquanto constructos organizadores e integradores, engloba num mesmo sistema
interactivo cognições, afectos e comportamentos.
– 46 –
Obviamente que o estabelecimento de objectivos orientados para a aprendizagem
aumenta a motivação para aprender, ao contrário do estabelecimento de objectivos
orientados para o resultado, que a diminui.
Devemos, ainda, assinalar que os objectivos orientados para o resultado podem ser
de dois tipos: objectivos de aproximação (tentar vencer os outros, mostrando o seu valor
pessoal) e objectivos de evitamento (evitar, acima de tudo, a presença de percepções de
incompetência pessoal), partindo “ambos os tipos da comparação do nível das
realizações pessoais com o nível alcançado pelos pares” (Paixão & Borges, 2004, 135).
11
Zimmerman (1989, 309) define aprendizagem autoregulada, como: “o processo pelo qual os
alunos activam e sustêm cognições, comportamentos e afectos, que são sistematicamente orientados
no sentido dos objectivos serem alcançados” (p. 309). No mesmo sentido, o autor refere que “as
estratégias de aprendizagem auto-regulada podem ser definidas como acções e processos dirigidos
para adquirir informação ou competência que envolvem actividade, propósito e instrumentalidade
por parte dos alunos” (p.329).
Rosário e Oliveira (2000) assinalam que estas estratégias incluem métodos tais como a
organização e transformação do material a ser aprendido, a procura de informação, a repetição e a
utilização da memória.
– 47 –
Quadro 3
Relações entre objectivos de realização, regras inferenciais, atribuições e persistência
Atribuições
Objectivos Regra Inferencial Sucesso Fracasso Persistência
Centrados na Regra Cumulativa Esforço e/ou Esforço Escolhe o
Aprendizagem (o esforço potencia a Capacidade Insuficiente Desafio
(Desenvolver a capacidade)
Capacidade)
(Padrão Orientado para a Mestria)
Centrados no Regra Inversa (o Esforço e Sorte Capacidade Evita o desafio
Resultado (Avaliar a esforço desvaloriza a (não a capacidade) Inadequada
Capacidade capacidade)
(Padrão Orientado para o Fracasso)
Adaptado de Dweck & Leggett (1988)
– 48 –
Presentemente, aceita-se que o tipo de objectivos escolhidos pelos alunos depende
das suas crenças relativamente à capacidade e ao esforço (Rosário, 2005; Lemos, 2004)
daí a importância crucial da edificação de um modelo norteado para a materialização de
objectivos múltiplos, nos alunos, em que ambas as categorias de objectivos de
realização (centrados aprendizagem vs. centrados no resultado) possam ter
consequências positivas e complementares (Cordeiro, Lens & Bidarra, 2009).
– 49 –
Tal constatação desencadeou, nos anos mais recentes, um aumento do número de
investigações que contemplam a análise dos objectivos sociais e relacionais em contexto
de educação formal (Alderman, 2004; Blumenfeld, 1992; Stipek, 1996; Dweck, 1996;
Kiefer & Ryan, 2008; Urdan & Maehr, 1995). Segundo Lemos (2005), presentemente,
aceita-se que quer os objectivos sociais quer os objectivos relacionais actuam na volição
de aprender e na quantidade e qualidade da aprendizagem dos alunos. Tem-se
verificado, também, que os objectivos sociais têm sido considerados como variáveis
subjacentes à competência social12 e à adaptação social (Dweck, 1996; Kiefer & Ryan,
2008; Wentzel, 2008).
Quadro 4
Mecanismos cognitivos e afectivos que conduzem à desistência e à persistência perante as dificuldades
12
Devemos esclarecer que a competência social frequentemente está associada a resultados ao nível
individual, tais como reportórios comportamentais eficazes, competências de resolução de problemas
sociais, crenças positivas acerca do self, realização de objectivos sociais e relações interpessoais
positivas (Wentzel, 2008).
– 50 –
3. Atenção dividida entre o objectivo (preocupação Atenção não dividida mas intensificada perante a
com o resultado) e a tarefa (formulação de tarefa, servindo directamente o objectivo
estratégias e execução)
4. Os afectos negativos podem interferir com a Os afectos canalizados para a tarefa
concentração ou podem precipitar a desistência
5. São retiradas poucas recompensas intrínsecas do Recompensas intrínsecas contínuas, resultantes do
exercício de esforço (ou do progresso no sentido confronto com os desafios através do exercício de
do elevado esforço), o que dificulta a manutenção esforço.
do processo
Adaptado de Dweck & Leggett (1988)
Por sua vez, os estudantes com uma elevada orientação por objectivos sociais e
relacionais tendem a manifestar comportamentos ajustados na sala de aula, usufruem de
relações positivas com os pares e desencadeiam apoio social por parte dos professores e
dos pares (Wentzel 1994, 2003).
As emoções e os sentimentos são aspectos das interacções aos quais não tem sido
dada suficiente ênfase na pesquisa, apesar de implicitamente todos reconhecerem a
importância das emoções, na educação em contexto formal, pois “agem como
mediadoras entre as circunstâncias concretas e o comportamento do sujeito
determinando-o” (Lemos, 2004, 104). É neste sentido que Weiner (1986, 1992) adverte
que uma teoria da motivação deve incluir esta componente, chamando a atenção para a
sua exclusão nos quadros dos comportamentalistas, mas também nos de muitos
cognitivistas. Trata-se de uma componente que é fundamental investigar, dada a sua
relação com os processos cognitivos (Godelam, 1997).
Nesta lógica, alguns trabalhos recentes têm procurado, a partir de referenciais
teóricos (Damásio, 1996, 2000; Lee & Andersen, 1993, entre outros)13, compreender o
papel dos aspectos afectivos e emocionais no processo de ensino-aprendizagem
(Pekrun, Elliot, & Maier, 2009; Pekrun et al., 2008; Printrich et al., 1993; Lee &
Andersen, 1993).
13
Além disso, periódicos importantes da área têm dedicado números especiais à discussão do tema:
International Journal of Science Education, 25 (9), 2003; Cambridge Journal of Education, 26 (3),
1996.
– 51 –
Segundo Damásio as emoções têm um papel decisivo no processo da interacção
uma vez que permitem adaptações singulares, que permitem aos organismos regularem
a sua sobrevivência orgânica e social. Num nível básico, as emoções são partes da
regulação homeostática14 e, nessa medida, constituem-se como um poderoso mecanismo
de aprendizagem, ao ligarem “os «valores» de sobrevivência a muitos eventos e
objectos de nossa experiência autobiográfica” (Damásio, 2000, 80).
Na perspectiva deste autor existem três níveis de emoção: primário, secundário e
de fundo. As primárias, são as tratadas por Darwin e seus continuadores, a saber:
alegria, tristeza, medo, raiva, surpresa e repugnância; as secundárias ou sociais incluem
o embaraço, ciúme, culpa e orgulho; as “de fundo” incluem o bem-estar, calma ou
tensão.
14
A homeostasia, segundo Damásio (2000, 61), “associa-se às reacções fisiológicas coordenadas e
em grande medida automáticas que são necessárias para manter estáveis os estados internos de um
organismo vivo”, tais como temperatura, concentração de oxigénio ou pH em nosso corpo.
– 52 –
no envolvimento e motivação dos alunos, a par, do feedback do professor (ou de elogio
ou de punição) (Carol, 1986, 1989 citado por Pekrun et al., 2008).
O papel das crenças de auto-eficácia para o desenvolvimento da auto-regulação15
foi evidenciado nos estudos desses e de outros autores. Tais crenças figuram entre os
factores que compõem os mecanismos psicológicos da motivação do aluno, devendo-se
aos trabalhos de Bandura (1986) a sua conceptualização, operacionalização e o primeiro
impulso de pesquisas.
Crenças de auto-eficácia pertencem à categoria de expectativas16 e como o próprio
termo sugere, ligadas ao self. A definição geralmente aceite pelos autores é a do próprio
Bandura (1986, 391), para quem as crenças de auto-eficácia são um “julgamento das
próprias capacidades de executar cursos de acção exigidos para se atingir certo grau de
performance”. As crenças de auto-eficácia são mediadoras do comportamento através
de três tipos de indicadores: comportamento de aproximação vs de evitamento, nível de
realização dos comportamentos no domínio considerado e persistência face a obstáculos
ou experiências desconfirmatórias (Paixão, 2004).
15
Zimmerman (1989) define aprendizagem autoregulada, como: “o processo pelo qual os alunos
activam e sustêm cognições, comportamentos e afectos, que são sistematicamente orientados no
sentido dos objectivos serem alcançados” (p.309). No mesmo sentido, o autor refere que “as
estratégias de aprendizagem auto-regulada podem ser definidas como acções e processos dirigidos
para adquirir informação ou competência que envolvem actividade, propósito e instrumentalidade
por parte dos alunos” (p.329). Rosário e Oliveira (2000) assinalam que estas estratégias incluem
métodos tais como a organização e transformação do material a ser aprendido, a procura de
informação, a repetição e a utilização da memória.
16
Nas teorias da motivação, o conceito de expectativa desempenha um processo cognitivo de
antecipação ou previsão (a curto prazo) que perturba as condutas promotoras de aprendizagem, tais
como a perseverança e a predilecção por tarefas desafiadoras, bem como o grau de
realização/desempenho (Rosário, 2005).
– 53 –
fortes crenças de auto-eficácia, o esforço far-se-á sentir desde o início e ao longo de
todo o processo, de maneira constante, mesmo que apareçam dificuldades e
contrariedades (Alderman, 2004).
– 54 –
2.4. Sobre os objectivos do professor e as práticas de instrução
– 55 –
as notas mais baixas e as mais elevadas e/ou atribuindo regalias especiais para os
melhores resultados (Cordeiro, Lens & Bidarra, 2009).
Face ao exposto, pode considerar-se que uma tarefa dos professores é exporem os
alunos a situações de ensino-aprendizagem que promovam a sua autonomia e os
sentimentos de pertença e segurança. Logo, quando se pretende fomentar motivação
positiva para aprender, devem-se evitar algumas situações actualmente muito frequentes
em ambiente escolares. Entre elas encontram-se o realce nas notas, o ambiente
competitivo, a organização de grupos homogéneos por capacidade, a multiplicidade,
rigidez e, às vezes, contradição das regras, a valorização da capacidade em detrimento
do esforço, as poucas possibilidades de opção, as actividades pouco estimulantes, a
relação mais impessoal entre professor e aluno e as inflexíveis formas de avaliação
(Alderman, 2004; Abreu 2005).
Nesse contexto, o objectivo motivacional que os professores devem procurar
diariamente na sala de aula, como avança Alderman (2004), é a expansão e a
conservação da motivação para aprender com as actividades académicas (em oposição à
motivação para o desempenho), fazendo com que os alunos encarem tais actividades
expressivas17 e dignas de envolvimento. Em outros termos, promover a motivação para
estudar consiste em levar os alunos a ajustar-se às actividades escolares, mesmo que
eles não considerem tais actividades interessantes, mas que possam encará-las com
seriedade, esforçando-se para conseguir os benefícios que a aprendizagem faculta.
17
Devemos esclarecer que, segundo Alderman (2004) as actividades académicas tornam-se
expressivas quando se dá espaço aos comportamentos de exploração por parte dos alunos, ou seja,
processos de criatividade e indução. A aprendizagem ganha, então, um sentido mais pessoal e
institui-se mais facilmente como oportunidade para a construção de conhecimento. Importa,
sobretudo, ambientes educativos que respeitem os conhecimentos prévios dos alunos, alicerçando
nestes as novas aprendizagens.
– 56 –
Diferentemente, disso, observamos, no horizonte da experiência de anos de ensino, a
orientação dos alunos apenas pelo desempenho, valorizando a frequência obrigatória, as
notas, os exames, ignorando o processo e valorizando apenas o produto.
– 57 –
Em primeiro lugar, neste panorama conceptual os objectivos constituem as
condições nas quais determinados tipos de cognições e afectos tenderão a impor-se a
outros, mais ou menos funcionais (quer para as aprendizagens, quer para o próprio
desenvolvimento e adaptação mais global). Nesta ordem de ideias, os objectivos
motivacionais caracterizam esboços cognitivos complexos, que operam como filtros de
interpretação acerca de si e como guias da acção posterior e que definem o panorama do
qual despontam compreensões motivacionais (como expectativas, valores, atribuições),
operações cognitivas singulares (representações mentais, monitorização e pensamento
estratégico) e afectos acerca de si (Rosário, 2005).
Em segundo lugar, a literatura refere que a motivação para aprender deve ser
estimulada pela interferência permanente do professor mediante a utilização de
estratégias de ensino adequadas. Ou melhor, é preciso buscar informações e alternativas
de actuação recorrendo à literatura especializada, a pesquisas científicas, formação,
entre outros. Assim, torna-se importante que estas novas informações sejam objecto de
reflexão não somente do professor, mas também da direcção da escola e de toda a
equipa pedagógica, para que actuem de uma forma articulada e coerente, fazendo
adaptações, quando necessário, no contexto de educação formal, em busca de novas
opções de formação e de intervenção educativa, mais adequadas às necessidades
acrescidas de aprendizagem no âmbito de um novo paradigma de aprendizagem ao
longo da vida.
– 58 –
Capítulo 3
– 59 –
Neste cenário, muitos professores questionam-se, com legitimidade, acerca do que
poderão fazer para que os seus alunos se envolvam nas aprendizagens e não deixem de
estudar, de modo a cumprir-se o princípio da educação escolar para todos, que está, de
resto, estabelecido em letra de lei.
Sabemos, no entanto, que os professores quando devidamente instruídos,
mostram-se capazes de adquirir competências identificadas como eficazes e de recorrer
a elas no seu ensino (Raposo, Bidarra & Festas, 1988; Abreu, 2005; Damião, 2008).
Assim sendo, alguns autores têm proposto programas de promoção do sucesso escolar
que assumem, em geral, a forma de reportórios de estratégias de motivação para a
aprendizagem.
Um dos programas a que tivemos acesso foi construído por Rosário e Martins
(2002), estando a ser aplicado, em várias escolas portuguesas, no âmbito da área
curricular não disciplinar de Estudo Acompanhado. Direccionado para a autonomia na
aprendizagem, constitui uma oportunidade para desenvolver competências de auto-
regulação nomeadamente a de “aprender a aprender” 18.
18
Este projecto, intitulado (Des)venturas do Testas, consiste numa colecção de narrativas destinadas
ao 5.º, 6.º, 7.º, e 8.º anos de escolaridade. Apesar do interesse de que ele se reveste, o nosso intuito é
procurar estratégias mais gerais, a que professores de diversos níveis de ensino possam recorrer,
adaptando-as, é claro, à sua realidade.
– 60 –
contribui ou não para a promoção do sucesso escolar de todos os alunos (ver
questionário que constitui o Anexo I).
19
Tais ambientes, ao contrário dos ambientes incongruentes, que auxiliam a aquisição de
competências e a motivação na aprendizagem, são os que: a) veiculam expectativas adequadas ao
nível do desenvolvimento dos alunos, b) disponibilizam apoio instrumental, c) se apoiam em
estratégias de ensino compatíveis com o nível de competência dos alunos, d) oferecem desafios
óptimos, e) proporcionam oportunidades de sucesso, f) são consistentes e g) previsíveis. Tais
ambientes podem ser criados pelo professor quando ensina as diversas matérias curriculares (Lemos,
2005).
– 61 –
comportamentalmente activos20, significando isto que são capazes de ponderar, não só
os aspectos intelectuais e o uso de técnicas e métodos para estudar com rendimento, mas
também as estratégias, o esforço e a capacidade, bem como o quadro atribucional21, a
capacidade de captar as exigências das tarefas em situações específicas e de reflectir
sobre os processos necessários para efectuar as aprendizagens adequadas.
Antes, porém, devemos esclarecer que, para a referida autora, tais ferramentas
poderão assumir duas formas: a) compreensão conceptual (por exemplo, perceber
porque é que um aluno não tenta realizar uma tarefa que lhe foi atribuída), ou b) o uso
de estratégias motivacionais (por exemplo, recorrer a um incentivo apropriado).
Neste sentido, e centrando-nos naquilo que o professor pode fazer, parece-nos que
pode ser sugerido, ao professor, como estratégia de compreensão conceptual o
levantamento dos alunos que evidenciam problemas motivacionais, em contexto de sala
de aula, com o propósito de aumentar a participação dos alunos durante as actividades
de aprendizagem na sala de aula (ver questionário que constitui o Anexo IV).
20
Nesta linha, o aluno é visto como um sujeito activo, autoconhecedor, motivado, capaz de se
envolver nas actividades, características que lhe permitem uma regulação da aprendizagem, uma
autonomização, influenciando, positivamente o seu desempenho (Figueira, 1997).
21
Zimmerman (1989) faz notar que o conhecimento do quadro atribuicional, implica,
genericamente, um grande autoconhecimento, conhecimento dos seus pontos fracos e pontos fortes,
implicando ter boas imagens de si, interessar-se pelas tarefas, atribuir-lhes valor, ser persistente,
utilizar estratégias de aprendizagem incisivas, de forma a alcançar os objectivos da aprendizagem.
– 62 –
3.1. Desafios motivacionais e ferramentas para o ensino
Alderman (2004) parte do pressuposto de que uma sala de aula funciona como
uma rede social, voltada para um objectivo, que é a aprendizagem, cuja concretização
depende da interacção entre o professor e o aluno, do aluno, da relação que este
estabelece com os seus pares, do conhecimento que se pretende ensinar e do que está
subentendido, do contexto de sala de aula, e do contexto sócio-cultural mais lato que a
envolve. Assim sendo, o clima criado nas salas de aula ajuda a determinar o grau de
cooperação e envolvimento do aluno na aprendizagem. Uma das estratégias que pode
ser utilizada, pelo professor, é compreender e clarificar como o clima da sala de aula é
percepcionado pelos alunos. Como verificámos, nos anteriores capítulos, os ambientes
caracterizados pelo respeito mútuo, padrões elevados e uma atitude atenta levam a uma
maior persistência dos alunos do que outros ambientes que não integram estas
características (ver questionário que constitui o Anexo V).
Também, tendo em consideração que a motivação dos alunos é influenciada por
factores internos e externos, os professores devem colocar as seguintes questões:
O que leva o aluno a principiar uma actividade? Ou seja, que escolha faz?
(Por exemplo: depois das aulas o aluno decide estudar ou ir dar um passeio?)
Qual o nível de motivação do aluno? Ou seja, denota motivação ideal ou procura adaptar-
se? (Por exemplo: o aluno recorre sublinha, tirar apontamentos, resume e esquematiza ou
faz uma leitura superficial enquanto atende o telemóvel?)
– 63 –
Segundo Alderman (2004) é a partir da resposta concreta a estes indicadores que o
professor pode deduzir o estado motivacional do aluno e, tendo em conta os factores que
nele interferem, procurar mudá-lo (cf. Quadro V)
Quadro 5
Um modelo integrado da motivação do aluno
Modalidades de intervenção dirigidas pelo professor
e/ou auto-reguladas pelo aluno
Contexto Factores internos Contexto da sala Motivação óptima
sócio-cultural de aula
Daremos de seguida, atenção aos aspectos nele constantes e que têm sentido
adentro de uma perspectiva sócio-cognitiva.
– 64 –
A motivação é específica num contexto – a aprendizagem e a motivação são actividades
sociais que só podem ser compreendidas dentro de um contexto social. Por exemplo aquilo
que num certo contexto social é considerado como um comportamento adequado ou
inteligente pode não o ser noutro contexto.
Desafio para o professor. Perceber como o background cultural e social dos alunos actua
nas suas crenças e percepções e, por fim como respondem ao contexto de educação formal.
É um risco adoptar à partida que todos os alunos compreendem as regras, normas da aula da
mesma forma.
– 65 –
O valor da tarefa reporta-se à crença sobre a utilidade e interesse da mesma.
Esta crença é perceptível nas respostas que o aluno dá à questão: porque é que hei-de
realizar esta tarefa? (ex: eu não estou interessado nisto; não vejo proveito nisto!). Este
tipo de resposta indica que a tarefa não é valorizada como sendo importante e, em
consequência, é natural que o aluno não se empenhe nela.
Quadro 6
Determinantes da acção na tarefa
Assim sendo:
– 66 –
A expectativa de auto-eficácia22 refere-se às crenças sobre a competência para
realizar uma determinada tarefa. Em contexto de educação formal, estas crenças são
perceptíveis na resposta que o aluno dá à questão: consigo fazer esta tarefa? Se o aluno
dá a si próprio a resposta, do tipo: acho que não sou capaz de fazer esta tarefa! É
natural que evite a tarefa, reduza o envolvimento, ou que desista facilmente dela, dado
que acredita não poder vir a obter sucesso durante a sua execução. Como sabemos, para
que o envolvimento da turma na tarefa seja bem sucedido é necessário que todos os
alunos estejam motivados para trabalhar na mesma e que cada um demonstre interesse e
tenha atitudes adequadas, valorizando essa tarefa. Estas competências podem ser
avaliadas através de exercícios de observação do tempo que os alunos estão fora da
tarefa (ver questionário que constitui o Anexo VI). Deste modo, através desta estratégia,
o professor poderá ajudar o aluno a identificar aquilo que dificulta a sua concentração,
assim como, levá-lo a reflectir sobre a utilidade de participar na mesma.
Para esclarecer melhor estas noções recorremos a exemplos referidos por
Alderman (2004):
- Na turma A, os alunos falharam no domínio dos factos matemáticos e acreditaram que não
conseguiam aprender Matemática;
- A maioria dos bons alunos da turma B pretendiam ter a nota mais alta a Inglês, mas
pensavam que não eram inteligentes se tivessem que trabalhar para obter a nota;
- A turma D tinha o mais baixo nível em Inglês. À medida que olhava para o seu currículo a
professora pensava “Vou retirar os exercícios de raciocínio do teste, porque sei que este
grupo não estará apto para responder”.
22
Schunk (1991) especifica que, na área escolar, as crenças de auto-eficácia são convicções pessoais
sobre como dar conta de uma determinada tarefa e num grau de qualidade definida. Ou seja, trata-se
de uma avaliação ou percepção pessoal quanto à própria inteligência, habilidades, conhecimentos
etc., representados pelo termo capacidades.
– 67 –
A crença de auto-eficácia (eficácia percebida) é a crença, como explicitámos
no capítulo anterior, sobre a capacidade de organizar e executar os cursos de acção
necessários para lidar com determinada tarefa de aprendizagem. Esta crença relaciona-
se com cada uma das tarefas específicas e não com o auto-conceito em geral (por
exemplo, um aluno pode achar-se, de um modo geral, bastante capaz de resolver os
problemas do seu dia-a-dia, mas não acreditar que consegue sair-se bem com os
exercícios de Matemática). Daí que a grande prioridade educacional deva ser a
condução, pelo professor, dos alunos, à auto-regulação da eficácia, dado que:
– 68 –
Desafio para o professor. Conduzir os alunos a aprender a regular os próprios processos e
produtos cognitivos sobre a eficácia (ver, mais à frente formas eficazes do elogio em
contexto de sala aula)
– 69 –
“A professora diz que um grande número de alunos é desmotivado. Ela descreve o
comportamento desmotivante da seguinte maneira: muitos alunos não têm objectivos, sentem-
se passivamente na sala, não fazem TPC; não trazem os cadernos; não fazem os exames finais
ou não encaram os testes com seriedade; resistem a novas tentativas de aprendizagem que
requerem a utilização de capacidades críticas, preferindo utilizar as antigas folhas de papel
como no passado, não são abertos à inovação. A aprendizagem cooperativa em grupos é
descrita, também, como tendo insucesso por causa do caos que provoca ou porque somente
um aluno faz o trabalho”.
– 70 –
emoções de resultado (centradas sobre a demonstração social das competências
adquiridas e/ou possuídas) diferem, em acordo, com o sucesso e o fracasso obtidos nos
resultados dessas actividades. Neste sentido, algumas emoções traduzem uma auto-
avaliação afectiva, vinculando (positivamente vs negativamente) os resultados (por
exemplo o orgulho depois do sucesso e a vergonha após a falha) (Pekrun (2006) (cf.
Quadro VII).
Quadro 7
Taxonomia das emoções
– 71 –
* A manifestações físicas de ansiedade: corar, tremer, ter dor de barriga, embargar-se a
voz, ter batimento cardíaco acelerado
Como foi verificado no estudo de Pekrun et al., (2008), os alunos empregam mais
ou menos esforço consoante o ambiente e a situação particular de aprendizagem a que
estão associadas as emoções de realização positivas ou negativas. Neste contexto, um
ponto importante para o professor ter em conta é averiguar, junto dos alunos, que tipos
de emoções experienciam na sala de aula (ver ver questionário que constitui o Anexo
IX).
Na mesma linha, é verificar que tonalidades afectivas estabelecem em contexto de
sala de aula pois estas influenciam o envolvimento do aluno na tarefa. Hunter (1976,
citado por Arends, 1995) refere que os professores podem estabelecer tonalidades
positivas (ex: «Tu escreves histórias tão interessantes, estou desejoso por ler esta.»;
negativas (ex: «Esta história deve estar feita antes de poderes ir almoçar»); e neutras
(ex: «Se ainda não acabaram, não se preocupem, temos tempo depois»).
Segundo o mesmo autor, um ponto importante para os professores terem em
conta, se escolherem usar tonalidades afectivas negativas para motivar os alunos a
completarem uma tarefa de aprendizagem difícil, é voltarem o mais depressa possível a
uma tonalidade positiva (ex: «Eu realmente pressionei-vos muito, mas vocês
responderam de forma magnífica» ou «Eu sei que vocês estão zangados por causa das
exigências feitas, mas devem estar orgulhosos pela melhoria dos vossos desempenhos»).
– 72 –
3.4. Contexto da sala de aula
Porém, esta motivação intrínseca não está presente em todos os alunos, mas,
através do modo como o professor estrutura as tarefas, gere os incentivos, avalia o
desempenho dos alunos, interage com os mesmos e gere a sala de aula, este pode
estimular os alunos a alterarem as suas crenças motivacionais e a desenvolverem
objectivos orientados para a aprendizagem. Uma forma de aproximação dos professores
à gestão que efectuam das aprendizagens dos alunos passa pela reflexão que realizam
sobre a sua percepção do ensino, de eficácia pessoal e dos seus objectivos (orientados
para aprendizagem vs orientados para o resultado), (ver questionário que constitui o
Anexo X), devendo os professores examinar as suas respostas e confrontá-las com as
abordagens motivacionais analisadas ao longo desta dissertação.
De acordo com Ames (1992), esta dinâmica do professor liga-se com as seguintes
dimensões do contexto da sala de aula: tarefa, autoridade, reconhecimento,
agrupamento, avaliação e tempo.
– 73 –
alunos. Isto significa que as tarefas com características significativas atrairão a atenção
e interesse dos estudantes, implicando dos professores a utilização de estratégias que
fomentem o esforço, por parte dos alunos e a aplicação de uma variedade de tarefas que
possam maximizar o envolvimento cognitivo do aluno. Este relacionamento recíproco é
mostrado na seguinte figura:
Envolvimento
Comportamentos cognitivo
Características Valores e
das tarefas objectivos dos
alunos
– 74 –
revelam afectos negativos face ao fracasso e ao esforço dispendido. Tendo em linha de
conta estas asserções e na linha de actuação da estratégia sugerida anteriormente os
professores podem, através da auscultação dos alunos, ter uma visão global dos
objectivos destes em contextos de realização e das estratégias auto-destrutivas que
utilizam. Sendo temas bastante actuais pensamos ser importante reflectir sobre os
mesmos e encontrar pistas para intervenção (ver questionário que constitui o Anexo VII,
os itens 1 a 5 referem-se aos objectivos de orientação para a aprendizagem, 6 a 10 a
objectivos de orientação para o resultado do tipo aproximação e 11 a 15 orientação para
o resultado do tipo evitamento. Por sua vez as estratégias auto-destrutivas utilizadas
pelo aluno que sabotam a sua vontade de aprender e comprometem os resultados por
eles alcançados são referidas nos itens 27 a 32).
É consensual, que, quer a manutenção da motivação e da própria acção do aluno,
quer os objectivos orientados para a aprendizagem, dependem, principalmente, do tipo
de tarefas desenvolvidas. Levando em linha de conta estes pressupostos pode ser
realizado um questionário de avaliação, por parte do professor, do valor intrínseco das
tarefas que propicia em contexto de sala de aula e verificar se mobilizou, através delas,
o envolvimento e comprometimento activo dos seus alunos (ver questionário que
constitui o Anexo XI).
De facto:
1. Os objectivos orientados para a aprendizagem são dificultados se a tarefa apenas
enfatizar actividades de treino com base no livro de texto ou indicações do professor. O
mesmo acontece se o professor apresentar a matéria como sendo desinteressante, difícil ou
aborrecida.
2. Os objectivos orientados para a aprendizagem são facilitados se a tarefa for interessante,
significativa, desafiadora e autêntica (isto é, se tiver relação com as experiências reais fora
da escola).
– 75 –
questionário aos alunos sobre a sua percepção dos objectivos dos professores, percepção
da estrutura de objectivos na sala de aula, auto-apresentação de baixo rendimento,
relevância da escola para o sucesso futuro e dedução de estratégias possíveis para
motivar os alunos a partir das variáveis cognitivo-motivacionais analisadas (ver ver
questionário que constitui o Anexo XII, os itens 1, 6, 11, 16 e 22, referem-se à
percepção dos objectivos dos professores orientados para a aprendizagem; 7, 12 e 24, à
percepção dos objectivos dos professores orientados para o resultado; os itens 2, 8, 13,
23, 32 e 33, referem-se à percepção da estrutura dos objectivos, na sala de aula,
orientados para a aprendizagem; os itens 3, 17, 18, 25, 28 e 31, reportam-se à percepção
dos objectivos na sala de aula orientados para o resultado; os itens 4, 9, 14, 19, 20, 26, e
29, reportam-se à auto-apresentação de baixo rendimento pelos alunos. Por sua vez os
itens 5, 10, 15, 21, 27 e 30, referem-se à relevância da escola para o sucesso futuro.
– 76 –
8. Funcionar como mediador da aprendizagem do aluno (modelar, reforçar dar feedback,
instigar, estruturar tarefas);
9. Provocar curiosidade nas tarefas (através de situações de surpresa, problemas a resolver,
sentimentos de contradição, incertezas)
10. Apoiar os alunos nas etapas da resolução das tarefas apresentando exemplos à medida
que são necessárias. Ao mesmo tempo, pressionar todos os alunos para explicarem e
justificarem as suas respostas.
Adaptado de Alderman (2004)
A autoridade refere-se às possibilidades que são dadas aos alunos para tomarem
iniciativas e comprometerem-se pela sua aprendizagem, ou seja, ao grau de controlo do
professor sobre os alunos. De acordo com os estudos sobre a sala de aula devem ser
clarificadas certas crenças inadequadas que possam estar na base das expectativas de
controlo externo, como por exemplo “o professor não gosta de mim” e, logo não vou
obter uma boa nota. Ocasionar relações interpessoais positivas inclui disponibilidade
para ouvir os alunos, para se acercar deles, ser afável, empático, induzir segurança, mas
também ter humor e ser calmo na abordagem dos problemas, considerar o aluno, isto é,
confiar nele e não o acabrunhar, tudo isto com a dose de firmeza essencial para fazer
acatar as deliberações tomadas. Numa perspectiva de conhecimento sobre a relação
pedagógica que promovem, os professores podem usar o questionário que constitui o
Anexo XIII.
Neste contexto, também, alguns autores enfatizam que, regra geral, o modo como
o professor pratica a autoridade provém das suas expectativas:
Assim, algumas das estratégias que o professor pode utilizar para reduzir o seu
grau de autoridade e aumentar o envolvimento dos alunos na aprendizagem são:
– 77 –
1.Dar aos alunos oportunidade para escolherem actividades, colegas de grupo, datas de
entrega dos trabalhos;
2. Autorizar os alunos a relacionar o material do curriculum com experiências e problemas
pessoais, de modo a tornar as tarefas difíceis mais atractivas;
3. Utilizar jogos, pequenos grupos de ensino, aprendizagem cooperativa, discussões na
turma.
Adaptado de Arends (1995)
1. Permitir que um bom aluno seja observado, chamando a atenção para ele quando tal se
justifique;
2. Aumentar a eficácia enquanto modelo, do bom aluno, pedindo-lhe que descreva aos
colegas o modo como estuda, as estratégias que usa para superar as dificuldades;
3. Trazer alunos culturalmente diferentes como modelos, para gerar maior integração na
turma, melhor estatuto social e maior competência percebida pelos colegas.
Adaptado de Alderman (2004)
23
A mobilização de interesse nos alunos é equivalente ao que Alderman (2004) designa de
“motivação óptima”, isto é um estado ideal, de funcionamento motivacional e que é sinónimo de
capacidade para a auto-regulação, “vontade de aprender” ou vontade de “melhorar as competências
pessoais”, atribuição de sentido aos desafios colocados e contexto de educação formal e a existência
de um sistema comportamental que valoriza o progresso e a competência. Também, a pesquisa sobre
o interesse desenvolve-se, actualmente, em dois focos: o interesse situacional e o interesse pessoal.
O interesse situacional está ligado a um texto, tópico ou situação de aprendizagem. Interesse pessoal
refere-se ao envolvimento mais intenso de uma pessoa com objectos de estudo ou ideias, podendo
manifestar-se em situações diversas e por períodos de tempo mais duradouros. Diferentemente de
interesse individual, o interesse situacional é dependente de condições ambientais favoráveis e é
mais transitório (Paixão, 1996).
– 78 –
aula, também é certo que não motiva aqueles alunos que têm fraco rendimento escolar
ou que tendem a evitar o fracasso e assumir poucos riscos. Além disso, se o
reconhecimento do professor, por exemplo, através do uso de prémios, promover
sempre o mesmo objectivo escolar, poderá correr-se o risco de serem sempre os mesmos
a obterem os prémios. Segundo a Teoria de Autodeterminação de Deci e Ryan (1985)
que explorámos no primeiro capítulo, para que o aluno execute as tarefas pela
capacidade que percepciona ter para as realizar, “as recompensas de controlo” ou
extrínsecas para os bons resultados somente devem ser utilizadas numa face inicial,
quando os alunos estão totalmente alheios às tarefas escolares. Nesta ordem de ideias
umas das estratégias a utilizar pelo professor poderá ser a reflexão sobre o seu uso de
recompensas e punições e a forma como utiliza o elogio em contexto de sala de aula, de
modo a colaborar com o aluno responsabilizando-o, o que é diferente de adoptar uma
postura de imposição e fomentar um clima de obrigatoriedade (ver questionários que
constituem os anexos XIV e XV).
Algumas das estratégias que o professor pode utilizar para contornar os problemas
referidos são:
– 79 –
Quadro 8
Linhas de utilização do elogio verbal
3. Mostra espontaneidade, variedade e outros 3. Mostra uma uniformidade branda que parece uma
sinais de credibilidade; sugere uma atenção clara resposta condicionada, oferecida sem a menor
à realização do aluno. atenção.
5. Oferece ao aluno informação acerca da sua 5. Não oferece ao aluno qualquer informação ou
competência ou acerca do valor da sua realização. informa-o apenas acerca do seu estatuto.
6. Orienta o aluno no sentido de julgar o seu 6. Orienta o aluno no sentido de se comparar com
comportamento em relação com a tarefa ou no outros ou no sentido de pensar acerca de competição.
sentido de pensar acerca da resolução de
problemas.
7. Usa as próprias realizações anteriores do aluno 7. Usa as realizações dos colegas como contexto para
como contexto para descrever as realizações descrever as realizações actuais do estudante.
actuais.
10. Desenvolve atribuições endógenas (os alunos 10. Desenvolve atribuições exógenas (os alunos
crêem que expendem esforço na tarefa porque crêem que expendem esforço na tarefa por razões
gostam da tarefa e/ou desejam desenvolver externas -para agradar ao professor, vencer uma
capacidades que são relevantes para a tarefa). competição ou obter uma recompensa, etc.).
11. Chama a atenção do aluno para o seu próprio 11. Chama a atenção do aluno para o professor
comportamento que é relevante para a tarefa. enquanto figura de autoridade externa que tem poder
para o manipular.
– 80 –
cuidadosamente arquitectado pode ajudar imenso no estímulo de alguns tipos de
comportamento e na redução de outros em contexto de educação foral. Contudo,
recompensas e incentivos não resolvem todos os problemas de gestão da sala de aula e
neste sentido, aos professores devem ser dadas duas advertências. Primeira, o que é uma
recompensa ou um incentivo para alguns alunos não será encarado como tal por outros.
A idade dos alunos é obviamente um factor; os antecedentes familiares e geográficos
são outros factores. Os professores eficazes usualmente envolvem os seus alunos no
reconhecimento das recompensas e incentivos, de modo a garantir a sua eficácia.
Segundo, um realce excessivo em recompensas extrínsecas pode intrometer-se com os
esforços do professor para promover o trabalho escolar por si próprio e ajudar os alunos
a praticar e a crescer em autodisciplina e gestão (Arends, 1995).
1.Pontos atribuídos por certos tipos de trabalhos ou de comportamentos que podem melhorar
a nota do aluno;
2.Símbolos como estrela dourada, caras felizes ou certificados de realização;
3.Quadro de honra para o trabalho escolar e para a conduta social.
Adaptado de Arends (1995)
1.Servir como líder da turma ou o braço direito do professor para levar apontamentos para a
sala de aula, recolher ou integrar trabalhos, corrigir trabalhos, ligar o material informático
entre outros;
2.Mais tempo para o recreio;
3.Tempo especial para trabalhar num projecto individual especial.
Adaptado de Arends (1995)
– 81 –
1.Retirar pontos que prejudicam as notas pelo comportamento inadequado;
2.Fazer com que os alunos percam o recreio ou que continuem na escola depois das aulas;
3.Retirar privilégios;
4.Expulsar o aluno da aula ou enviá-lo para o conselho executivo.
Adaptado de Arends (1995)
É facto que, sobre a formação dos grupos surge sempre a questão: as turmas e os
grupos de aprendizagem devem ser homogéneos, ou heterogéneos no que respeita às
aptidões dos seus elementos? Embora se sustente em formar grupos em função das
capacidades dos alunos, sabe-se que:
24
De acordo com Bessa e Fontaine (2002) a estrutura de orientação cooperativa tem vindo a
aumentar a sua importância enquanto estratégia alternativa de ensino/aprendizagem, mercê de vários
estudos que têm vindo a reforçar a sua componente teórica e a evidenciar a eficácia da sua aplicação
prática.
– 82 –
individualista existe quando a realização de um objectivo por um aluno não está
relacionada com a realização do objectivo por outros alunos (Arends, 1995). Cada uma
destas formas fomenta distintas interacções na aula e na turma. As características de
cada um destes modos de trabalho são apresentadas no quadro seguinte:
Quadro 9
Características da estrutura de orientação na sala de aula
– 83 –
A avaliação refere-se ao modo como o professor verifica o grau de aprendizagem
dos alunos e o cumprimento dos objectivos escolares. A sua forma e frequência tem um
impacto significativo na motivação do aluno, sendo discutíveis, de acordo com
Alderman (2004), alguns procedimentos como:
– 84 –
trabalhos, como projectos ou estudos de campo, exigem gastos de tempo maiores do que
os que usualmente a escola permite aos alunos). Esta dimensão relaciona-se com todas
as anteriores (tarefa, autoridade, reconhecimento, agrupamento e avaliação), por isso o
professor tem que se questionar sobre:
Estas questões são relevantes, porque o modo como os próprios alunos lhes
respondem vai influenciar a sua motivação para aprender. Assim, para transpor os
problemas motivacionais resultantes da falta de tempo (real ou percebida), o professor
deve ser capaz de:
– 85 –
Um conjunto de estratégias, apontadas, para mobilizar e manter o comportamento
motivado dos alunos é o seguinte:
Objectivo:
Motivação
Igual
Papel
do professor
Professor
Expectativas
Sobre Eficácia
Instrução na sala
Contexto social de aula:
Pessoais para optimizar a tarefa
Qualidades motivação autoridade
de reconhecimento
Auto- agrupamento
regulação avaliação
tempo
– 86 –
Conclusão
– 87 –
Concluímos que as perspectivas dos instintos e do comportamentalismo explicam,
pois, a motivação com conceitos de necessidades (primárias e secundárias), recompensa
e incentivo, sendo a recompensa um objecto ou evento atractivo fornecido como
consequência de um comportamento particular, e o incentivo um objecto ou evento que
encoraja ou desencoraja o comportamento. Como constatámos, os humanistas,
enfatizam fontes intrínsecas de motivação, como as necessidades de “auto-realização”, a
“tendência realizadora” inata ou a “necessidade de auto-determinação. Neste contexto, e
como forma de complementar e aprofundar a compreensão do comportamento
autodeterminado dos sujeitos, atribuímos um relevo particular à teoria da
autodeterminação de Deci e Ryan. Esta teoria, evocando os conceitos de motivação
intrínseca e extrínseca, e as diversas variáveis, inerentes a esta última, apresentou-se
como uma perspectiva, igualmente, útil, para nos ajudar a perceber os contextos de
educação formal que podem promover os comportamentos autodeterminados, ou, em
situação oposta, constituir-se como um impedimento ao seu incremento. De seguida,
orientámos a discussão sobre as perspectivas cognitivistas. De uma forma geral, os
autores cognitivistas referem que o comportamento é determinado pelo pensamento e
não apenas pelas recompensas que tenhamos eventualmente recebido. Ou seja, as
pessoas reagem às suas próprias interpretações dos eventos externos, em vez de
reagirem aos eventos em si. Assim, como vimos, consideram que são os factores
internos que determinam o comportamento. Finalmente, apresentámos uma perspectiva
abrangente e integradora de algumas das concepções anteriormente abordadas: a sócio-
cognitiva. A partir da discussão das posições teóricas dos autores sócio-cognitivistas,
salientámos que tanto o contexto onde o sujeito se insere, como o impacto de crenças e
expectativas individuais são tidos em conta. Assim entendido, o comportamento deverá
ser estudado situando o sujeito no seu mundo e tomando como foco de análise (e de
intervenção) a interacção entre os dois pólos. Estes quadros interpretativos, como
referimos, sugerem a integração teórica das abordagens cognitivista e sócio-cognitiva.
– 88 –
relacionados com os objectivos (importância, valor pessoal) e com a capacidade
(expectativas, auto-eficácia e atribuições) é extremamente recente. Contudo, oferece
importantes sugestões para a prática em contexto de educação formal, cujas orientações
se destacam a seguir.
– 89 –
tarefas como também accionando nos alunos a expansão da própria motivação, e a
consequente capacidade de auto-regulação. Contudo, verificámos que, nas nossas
escolas, esta maneira implícita de conciliar objectivos da escola, do ensino, da
aprendizagem, e da avaliação, raramente é objecto de análise conjunta por parte dos
professores, dos pais dos alunos e também dos próprios alunos (Abreu, 2005).
– 90 –
(exemplos: dificuldade, dimensionalidade, novidade, complexidade), as recompensas e
os incentivos, os focos da avaliação (centrada no resultado, na capacidade, na
estratégia), a competição, o feedback do professor (expectativas transmitidas,
valorização do desempenho ou da aprendizagem, reacções emocionais aos resultados
dos alunos, elogio), as emoções resultante do relacionamento com os colegas, com os
professores e do desempenho em contexto de educação formal. Como verificámos os
efeitos encontrados na motivação dos alunos têm, no entanto, sido bastante
inconsistentes e mesmo contraditórios; isto é, um mesmo factor situacional pode ter
efeitos motivacionais opostos. Como vimos, por exemplo, estudos acerca da influência
do elogio e da recompensa têm encontrado quer efeitos positivos, quer efeitos negativos
na motivação dos alunos, nomeadamente na medida em que a recompensa ou o elogio
podem minar a motivação intrínseca do aluno ou, pelo contrário, promovê-la. Neste
contexto, devem usar-se estratégias variadas, que abranjam o maior número de alunos
possível e que não sejam muito habituais. Por sua vez, a frase «motivação dos alunos»
não deve ser observada como constituindo que os alunos estão numa situação «neutra»
de motivação, e devem ser «estimulados» (Lemos, 2005). Antes pelo contrário, como
verificámos, a motivação é um sistema continuado o que implica que estimular a
motivação dos alunos para a aprendizagem leva à (re) orientação do seu sentido e acção
para os assuntos a aprender.
Nesta ordem de ideias, e tendo em consideração a importância da motivação no
contexto de educação formal, surge a necessidade de que os professores conheçam e
sejam sensíveis à sua presença, seu nível e às suas oscilações. Como vimos, ao se
defrontarem com dificuldades, como no caso de novas exigências ou tipos de tarefas, os
alunos submersos por dúvidas internas quanto às suas capacidades reduzem os seus
esforços ou suspendem precocemente as tentativas, ao mesmo tempo em que decidem
por soluções medianas, ou seja, “rebaixam” o nível de seus objectivos pessoais. Ao
contrário, aqueles que possuem uma forte crença nas próprias capacidades empregam
esforços mais persistentes, melhores estratégias e, como resultado, promovem o seu
próprio crescimento intelectual, o que deve ser o grande objectivo de toda escola.
– 91 –
problemas motivacionais, a avaliação do valor intrínseco das tarefas, a verificação da
relação da aprendizagem com a motivação, entre outros aspectos ligados à motivação
em contexto de educação formal.
Consideramos fundamental esta partilha, de estratégias de motivação educacional,
com professores e outros profissionais influentes no contexto de educação formal, pelo
facto de verificarmos este aspecto menos desenvolvido, mas não menos relevante e para
o qual esperamos ter contribuído com este trabalho.
Uma das principais limitações deste trabalho é ter ficado por uma abordagem
eminentemente teórica. Daí, porém, derivam algumas sugestões para que novas
pesquisas dêem continuidade na busca de um conhecimento mais completo na área em
questão.
Não obstante, deve ficar claro que, atendendo ao tempo disponível para a
realização do presente trabalho, não nos foi possível estruturar a nossa investigação
como pensámos num primeiro momento: transpor o que foi analisado para um programa
e testá-lo junto de professores de um determinado nível de ensino.
Ainda assim, com estas limitações, pensamos que o nosso estudo é um bom ponto
de partida relativamente a algumas orientações que um professor pode integrar nas suas
planificações e nas suas aulas, assim como, contribuir para que a motivação seja
trabalhada como uma dimensão de ensino entre outras.
É nossa convicção que este conhecimento, aplicado no contexto da educação
formal, permitir-nos-á promover os comportamentos auto-dirigidos ou auto-
determinados nos alunos, os quais, por sua vez, contribuirão para aumentar o seu bem-
estar e facilitar o seu processo do ensino-aprendizagem. Destaca-se, também, a
importância destas estratégias que designamos por ferramentas de ensino na formação e
supervisão dos professores como facilitadores dos processos auto-regulatórios dos
alunos.
– 92 –
Recorde-se, ainda, que a principal limitação atrás apontada aos diferentes modelos
da motivação foi a falta de pesquisa em alguns aspectos que confluem para a
compreensão do comportamento motivado. Dos aspectos por esclarecer privilegiamos
um deles – a compreensão do processo de influência das emoções na construção e
manutenção da motivação dos alunos em contexto de educação formal. Parece-nos que a
sua compreensão aprofundada deve ser alvo de análise à luz dos diferentes modelos da
motivação. Nesta lógica, esta questão geral de investigação poderá constituir-se objecto
de um estudo potencialmente integrador de diferentes abordagens.
Pela revisão da literatura que encetamos concluímos, também, que o interesse, em
contexto de educação formal, seja situacional ou individual, tem um efeito facilitador no
funcionamento cognitivo e na aprendizagem. Contudo, em Portugal há, pelo que é do
nosso conhecimento, poucas pesquisas nesta área. Dado que ainda se compreende muito
pouco sobre a sua origem, assim como sobre a interacção entre interesses (pessoais e/ou
situacionais) e os conteúdos curriculares, os resultados decorrentes de eventuais
pesquisas sobre este assunto poderão contribuir para a construção de ambientes
educativos que ofereçam oportunidades de instrução e de treino em ferramentas que
ajudem os alunos a auto-regular a sua aprendizagem.
– 93 –
– 94 –
Referências Bibliográficas
Abreu, M. V. (2005). Para além dos exames: Contributos para recolocar os exames na sua
função de meio instrumental e não de fim primordial do ensino e da aprendizagem.
Revista Portuguesa de Pedagogia, Ano 39, n.º 2, 51-57.
Alderman, M. K. (2004). Motivation for achievement: Possibilities for teaching and learning.
Mahwah, NJ: Lawrence Erlbaum.
– 95 –
Ames, C. (1984). Competitive, cooperative, and individualistic goal structures: A cognitive
motivational analysis. In R. Ames & C. Ames (Eds.), Research on motivation in
education: Student motivation. New York: Academic Press, Vol. 1, 177-208.
Ames, C. (1992). Classrooms: Goals, structures, and student motivation. Journal of Educational
Psychology, 84 (3), 261-271.
Bandura, A. (1986). Social foundations of thought and action. Englewood Cliffs, N. J: Prentice-
Hall.
Blumenfeld, P. C. (1992). Classroom Learning and Motivation: clarifying and expanding goal
theory. Journal of Educational Psychology, n. º 84, 272-281.
Good, T. & Brophy, J. (1986). Looking in Classroom. New York: Harper & Row
– 96 –
(Org.), Dessarrollo psicológico y educación, II. Psicología de la Educación. Madrid:
Alianza.
Covington, M. (2000). Goal theory, motivation and school achievement: an integrative review.
Annual Review of Psychology, n. º 51, 171-200.
Damásio, R. A. (1996). O Erro de Descartes: Emoção, razão e o cérebro humano. São Paulo:
Companhia das Letras.
Deci, E. L. & Ryan, R. M. (2000). The “what” and “why” of goal pursuits: Human needs and
the self-determination of behaviour, Psychological Inquiry. vol. 11, n. º 4, 227-268.
Decreto-Lei n.º 49/2005. (Alterações à Lei de Bases do Sistema Educativo), Diário da República
de 30 de Agosto.
– 97 –
Elliot, A. & Church, M. (1997). A hierarchical model of approach and avoidance achievement
motivation. Journal of Personality and Social Psychology, 72, 218-232
Hackman, J. R. & Oldham, G. R. (1980). Work Redesign Reading Mass: Addison- Wesley.
Herzber, F. (1966). Work and Nature of Man. Ohio World Publishing Cleveland.
Kiefer, S. M. & Ryan, A .M. (2008). Striving for Social Dominance over Peers: The
Implications for Academic Adjustment during Early Adolescence. Journal of Educational
Psychology, 100 (2), 417-428.
Lemos, M. S. (2004). Os objectivos dos alunos: Sua relação com as emoções e comportamentos
em situações stressantes. Psychologica, Número de Homenagem Prof. Doutor Viegas de
Abreu, 97-211.
– 98 –
Lee, O. & Andersen, C. W. (1993). Task Engagement and Conceptual Change in Middle School
Science Classrooms. American Educational Research Journal, 30 (3), 585-610.
Lévy-leboyer C. (1994). A Crise das Motivações. São Paulo, Editora Atlas S.A.
Locke, E. A. & Latham, G.P. (1990). “Work Motivation and Satisfaction Light at The End on
The Tunnel”. Psychological Science, (1), 240-246.
Midgley, C.; Maehr, L. M.; Hruda, Z. L.; Anderman, E.; Anderman, L; Freeman, K. E.; Gheen
M.; Kaplan, A.; Kumar, R.; Middleton, M. J.; Nelson, J.; Roeser, R. & Urdan, T.
(2000). Manual for the Patterns of Adaptive Learning Scales. Copyright: The University
of Michigan.
Ministério da Educação (2004). Resultados dos Estudos PISA 2003: Programme for
Internacional Student Assessment.
– 99 –
Paixão, M. P. (1986b). Perspectiva Temporal de Futuro e Construção de Projectos
Vocacionais. Prova de Aptidão Pedagógica e Capacidade Científica (não publicada).
Coimbra: Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de
Coimbra.
Paixão, M. P. & Santos, E. (1986). Dos Objectos Motivacionais aos Projectos Vocacionais: a
Contribuição dos Estudos sobre a Perspectiva Temporal de Futuro (P.T.F.). Programa de
investigação: Perspectiva Temporal de Futuro. Relatório n.º1, Núcleo de Orientação
Escolar e Profissional da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da
Universidade de Coimbra
Pintrich, P. R. Marx, R. W. & Boyle, R. A. (1993) Beyond Cold Conceptual Change: the role of
motivational beliefs and classroom contextual factors in the process of contextual change.
Review of Educational Research, 63 (2), 167-199.
Pintrich, P. R. (2000). Multiple Goals, Multiple Pathways: The Role of Goal Orientation in
Learning and Achievement. Journal of Educational Psychology, 92, 544-555.
– 100 –
Raposo, N. Bidarra, M.G. & Festas, M. I. (1998). Dificuldades de desenvolvimento e
aprendizagem. Lisboa, Universidade Aberta.
Silva, J.T. (2004). Psychometric characteristics of the Portuguese version of the “Occupational
Self-Efficacy Scale”. Comunicação apresentada ao “VII Congresso Europeu de
Evaluación Psicológica”. Málaga SP, 1 a 4 de Abril.
Sockett, H. (1988). Education and will: Aspect of personal capability. American Journal of
Education, 96, 195-214.
– 101 –
Terrén, E. (2001). A Educação Face Aos Desafios da Pós-Modernidade. In Terrén et al (org.), O
século da escola. Entre a utopia e a burocracia. Porto, Edições ASA.
Urdan, T. & Maehr, M. (1995). Beyond a two-goal theory of motivation: A case for social goals.
Review of Educational Research, 65, 213-244.
Vansteenkiste, Lens & Deci (2006). Intrinsic versus extrinsic goal contents in self determination
theory. Educational Psychologist, 41, 19-31.
Vroom, V. H. (1964). Work and Motivation, New York, John Wiley & Son.
Weiner, B. (1986). An attributional theory of motivation and emotion. New York: Springer-
Verlag.
Weiner, B. (1992). Human Motivation. Metaphors, Theories, and Research. London: Sage
Publications.
Wentzel, K. R. (1993). Motivation and achievement in early adolescence: The role of multiple
classroom goals. The Journal of Early Adolescence, 13 (1), 4-20.
Wentzel, K.R. (1994). Relations of Social Goal Pursuit to Social Acceptance, Classroom
Behavior, and Perceived Social Support. Journal of Educational Psychology, 86 (2), 173-
182.
Zimmerman, B.J. (1989). A social cognitive view of self-regulated academic learning. Journal
of Education Psychologist, 81 (3), 329-339.
– 102 –
ANEXOS
______________________________________________________________________
XII Percepção dos objectivos dos professores, Percepção da estrutura de objectivos na sala de
aula, Auto-apresentação de baixo rendimento, Relevância da escola para o sucesso futuro
– 103 –
ANEXO I
Comportamento do professor em relação aos alunos com fraco rendimento escolar
Questionário para professores
Traduzido e adaptado de Stipek (1993, 225)
OBJECTIVO: Este questionário ajuda-o a reflectir sobre o modo como monitoriza o seu
comportamento em relação aos alunos com fraco rendimento escolar.
INSTRUÇÕES: Em cada resposta, indique a frequência com que é usada a escala seguinte:
Sempre; Às vezes; Nunca.
COTAÇÃO: Para avaliar como monitoriza o seu comportamento, observe a suas as respostas em
sempre e às vezes:
a)- Itens 1 a 5 e 8 a 9 referem-se a linhas de actuação facilitadoras da aprendizagem de alunos
com fraco rendimento escolar
b)- Itens 6, 7, 10 e 12 referem-se a linhas de actuação pouco facilitadoras da aprendizagem dos
alunos com fraco rendimento escolar.
– 104 –
ANEXO II
NÍVEL DE COMPREENSÃO
OU COMPETÊNCIA
COMPREENSÃO OU COMPETÊNCIA
– 105 –
ANEXO III
Avaliação dos pontos fortes e fracos da motivação
Questionário para alunos
Adaptado de Arends (1995, 138)
OBJECTIVO: Este questionário pode ajudar a revelar pontos fortes e fracos na motivação
dos alunos.
INSTRUÇÕES: Distribua o inquérito e peça aos alunos que classifiquem cada afirmação
numa escala de 1 a 5, de concordo totalmente a discordo totalmente.
1. Discordo totalmente
2. Discordo
3. Não discordo nem concordo
4. Concordo
5. Concordo totalmente
AFIRMAÇÕES CLASSIFICAÇÃO
7.O meu professor é a única pessoa que decide o que acontece nesta 1 2 3 4 5
turma.
8.O meu professor leva muito tempo a classificar os meus 1 2 3 4 5
trabalhos e raramente escreve comentários.
9.Esta turma tem um ritmo muito fácil para mim. 1 2 3 4 5
12.Sinto que tenho uma palavra a dizer sobre o que acontece nesta 1 2 3 4 5
turma.
13.Nesta turma, às vezes trabalhamos e somos classificados em 1 2 3 4 5
grupo.
14.Esta turma faz-me sentir infeliz. 1 2 3 4 5
– 106 –
COTAÇÃO: Verifique as respostas dadas e calcule o resultado médio para cada item. Preencha o
formulário apresentado com esse resultado.
Sabendo que os itens estão classificados de acordo com os diferentes domínios ou elementos da
motivação, um resultado alto nos itens formulados pela positiva indica que foi feito um bom trabalho
para motivar os alunos nesse domínio. Um resultado alto nos itens formulados na negativa indica
necessidade de aperfeiçoamento.
– 107 –
ANEXO IV
Identificar problemas motivacionais
Questionário para professores
Traduzido e adaptado de Stipek (1993, 274)
Instruções: Observe os seus alunos durante alguns dias e pronuncie-se, para cada um deles, em
relação aos comportamentos que eventualmente revelam em cada tarefa e que constam da lista
abaixo, procedendo do seguinte modo:
(-1) = Comportamento ausente; (0) = Comportamento esporádico; (+1) = Comportamento frequente
Nota: Se houver dois professores na sala de aula será de toda a vantagem que ambos preencham este
instrumento, relativamente aos mesmos alunos.
Nome do aluno:____________________________________________________________________
Tarefa: ____________________________________________ Data _________________________
7. (C) _____ Persiste, em vez de desistir, quando surgem dificuldades na realização da tarefa
8. (C) _____ Trabalha autonomamente na tarefa
9. (C) _____ Intervém voluntariamente durante a aula reportando-se à tarefa
10. (C) _____ O seu desempenho nos testes reflecte o nível demonstrado nas aulas
11. (C) _____ Procura ajuda quando necessário para realizar a tarefa
12. (C) _____ Não fica aborrecido quando comete erros ou sente dificuldades durante a tarefa
13. (C) _____ Gosta de tarefas desafiadoras
Cotação: Some o total de pontos (+) e (-) em cada das três categorias (“W” = Orientação de
trabalho; “C” = Confiança na capacidade; “I” = Interesse intrínseco no trabalho escolar). Uma
cotação próxima ou abaixo de 0 em cada uma das três dimensões pode sugerir a existência de um
problema.
– 108 –
ANEXO V
Avaliação do clima da sala de aula
Questionário para alunos
Adaptado de Fox, Luszki & Schmuck, (1966, citado por Arends, 1995, 135)
OBJECTIVO: Um clima na sala de aula positivo pode facilitar a aprendizagem. Este auxiliar dar-
lhe-á os meios de determinar as percepções dos alunos sobre o clima da turma.
INTRUÇÕES: Distribua o questionário aos alunos para eles preencherem na sala. Se estiver
forem muito novas ou com dificuldades de leitura, pode ser preferível ler cada item em voz alta e
pedir para responderem de seguida.
2.Nos últimos dias que esforço tens feito para aprender o que te é ensinado na escola?
a. Muito esforço
b. Algum esforço
c. Pouco esforço
d. Nenhum esforço
4.Comparando-te com os colegas, que esforço tens despendido no teu trabalho escolar?
a. Mais esforço que a maioria
b. Um pouco mais que a maioria
c. O mesmo que a maioria
d. Um pouco menos que a maioria
e. Bastante menos que a maioria
– 109 –
6. Nesta turma, se nos ajudamos uns aos outros nos nossos trabalhos, o professor
a. Gosta muito
b. Gosta quanto baste
c. Gosta um pouco
d. Não gosta nada
8. Com que frequência os alunos desta turma se ajudam uns aos outros nos trabalhos
escolares?
a. A maior parte das vezes
b. Algumas vezes
c. Quase nunca
d. Nunca
9. Com que frequência os alunos desta turma agem amigavelmente uns com os
outros?
a. Sempre
b. A maior parte das vezes
c. Algumas vezes
d. Quase nunca
Cotação: Some o total de respostas a e b. Uma cotação próxima ou abaixo de 5 indica, que os
alunos têm uma percepção pouco positiva do clima na sala de aula.
…………………………………………………………………………………………………………
…………………………………………………………………………………………………………
…………………………………………………………………………………………………………
…………………………………………………………………………………………………………
…………………………………………………………………………………………………………
…………………………………………………………………………………………………………
…………………………………………………………………………………………………………
…………………………………………………………………………………………………………
…………………………………………………………………………………………………………
…………………………………………………………………………………………………………
…………………………………………………………………………………………………………
– 110 –
ANEXO VI
Observação do tempo que os alunos estão fora da tarefa
OBJECTIVO: O tempo na tarefa é uma das variáveis mais importantes na aprendizagem dos
alunos. É vital que os professores aprendem a notar o comportamento fora da tarefa.
INSTRUÇÕES: Preencha as duas primeiras linhas do formulário que se segue. No espaço, faça um
mapa do arranjo dos lugares na sala de aula. Desenhe um quadradinho para cada aluno, deixando
espaço abaixo da linha para quatro marcas. De 5 em 5 minutos coloque uma marca por baixo dos
nomes dos alunos que estiveram fora da tarefa. Para descrever as suas actividades, utilize os códigos
descritos mais abaixo. Antes de cada marca, escreva 1, 2, 3, 4, para registar o número de observação.
Preencha também o topo do formulário para descrever a actividade.
Data…………………………Professor…………………………………………………...
Actividade 4…………………………………Tempo…………………………………......
Códigos: S = Em convívio
N = Não-envolvido
E = À espera de ajuda
– 111 –
ANEXO VII
Escalas dos Padrões Adaptativos de Aprendizagem25
Objectivos em contextos de realização, eficácia académica, pressão académica, estratégias auto-
destrutivas
Instruções: Seguem-se algumas afirmações acerca de ti enquanto estudante desta turma. Para cada
afirmação rodeie com um círculo o número correspondente à alternativa de resposta que melhor
descreve o que tu sentes.
1=Totalmente Falso;
2= Falso;
3=Algo Verdadeiro;
4=Verdadeiro;
5=Muito Verdadeiro
1 1 2 3 4 5
é importante para mim aprender muitos conceitos novos durante o ano lectivo
2 1 2 3 4 5
um dos meus objectivos durante as aulas é aprender o máximo possível
3 um dos meus objectivos durante o ano lectivo é dominar muitas competências 1 2 3 4 5
novas
4 é importante para mim compreender totalmente o trabalho que realizo durante as 1 2 3 4 5
aulas
5 1 2 3 4 5
é importante para mim melhorar as minhas competências ao longo do ano lectivo
6 é importante para mim que os outros estudantes da minha turma pensem que eu 1 2 3 4 5
sou bom no trabalho que realizo durante as aulas
7 um dos meus objectivos é mostrar aos outros que sou bom no trabalho que 1 2 3 4 5
realizo durante as aulas
8 um dos meus objectivos é mostrar aos outros que o trabalho durante as aulas é 1 2 3 4 5
fácil para mim
9 um dos meus objectivos é parecer inteligente em comparação com os outros 1 2 3 4 5
estudantes da minha turma
10 é importante para mim parecer inteligente quando comparado com os outros da 1 2 3 4 5
minha turma
11 1 2 3 4 5
é importante para mim não parecer estúpido durante as aulas
12 um dos meus objectivos é impedir que os outros pensem que não sou esperto nas 1 2 3 4 5
aulas
13 é importante para mim que os meus professores não pensem que eu sei menos 1 2 3 4 5
que os outros da minha turma
14 um dos meus objectivos na turma é evitar parecer que tenho problemas na 1 2 3 4 5
realização do trabalho escolar
15 estou certo de que consigo dominar as capacidades/ competências ensinadas 1 2 3 4 5
durante este ano nas aulas
16 tenho a certeza que sou capaz de fazer os trabalhos que me são propostos nas 1 2 3 4 5
aulas, mesmo os mais difíceis
25
Adaptação portuguesa de “Patterns of Adaptive Learning Scales” (PALS) de C. Midgley et al. (2000)
por Maria Paula Paixão (Núcleo de Orientação Escolar e Profissional da Faculdade de Psicologia e de
Ciências da Educação da Universidade de Coimbra).
– 112 –
Nesta turma… Falso Verdadeiro
17 1 2 3 4 5
eu consigo fazer quase todos os trabalhos das aulas se não desistir
18 1 2 3 4 5
mesmo que o trabalho seja difícil, eu consigo aprender
19 eu consigo fazer até o trabalho que é proposto nas aulas, por mais difícil que este 1 2 3 4 5
seja, se tentar
20 quando eu descubro a resolução de um problema, os meus professores dão-me 1 2 3 4 5
mais problemas desafiantes para eu pensar/ reflectir
21 1 2 3 4 5
os meus professores pressionam-me para eu reflectir no trabalho que faço
22 os meus professores pedem-me para explicar como é que eu obtive as minhas 1 2 3 4 5
respostas
23 quando estou a tentar resolver um problema, os meus professores dizem-me para 1 2 3 4 5
continuar a pensar até o conseguir resolver
24 os meus professores não me deixam fazer apenas trabalhos fáceis, mas fazem-me 1 2 3 4 5
reflectir
25 os meus professores certificam-se de que o trabalho que eu realizo, faz-me 1 2 3 4 5
realmente pensar
26 1 2 3 4 5
os meus professores não aceitam menos do que o meu esforço total
27 alguns estudantes divertem-se na noite anterior aos testes. Assim, se não tiverem
1 2 3 4 5
um bom desempenho, podem dizer que essa foi a razão. Até que ponto isto é
verdade em relação a ti?
28 alguns alunos envolvem-se propositadamente em muitas actividades. Assim, se
não tiverem um bom desempenho nas actividades escolares, podem dizer que isso 1 2 3 4 5
é porque estão envolvidos em outras coisas. Até que ponto isto é verdade em
relação a ti?
29 alguns alunos procuram razões para evitar o estudo (não se sentem bem, têm que
ajudar os pais, têm que tomar conta do irmão ou irmã, etc). Assim, se não tiverem 1 2 3 4 5
um bom desempenho, podem dizer que estas são as razões. Até que ponto isto é
verdade em relação a ti?
30 alguns alunos deixam que os colegas os impeçam de prestar atenção nas aulas ou
na realização dos seus trabalhos de casa. Assim, se não tiverem um bom 1 2 3 4 5
desempenho, podem atribuir a responsabilidade aos seus colegas. Até que ponto
isto é verdade em relação a ti?
31 alguns alunos não se esforçam propositadamente na aula. Se não conseguirem ter
1 2 3 4 5
um bom desempenho, poderão dizer que foi porque não tentaram. Até que ponto
isto é verdade em relação a ti?
32 alguns alunos só realizam os seus trabalhos escolares no último minuto. Se não
1 2 3 4 5
tiverem um bom desempenho, poderão dizer que essa é a razão. Até que ponto
isto é verdade em relação a ti?
– 113 –
ANEXO VIII
Avaliação do desânimo do aluno
Questionário para professores
Traduzido e adaptado de Stipek (1993, 283)
Instruções: Avalie os alunos que estão a esforçar-se nas tarefas escolares e que apresentam um
desempenho inferior às suas capacidades. Use as cotações de uma das duas maneiras:
a)- Somando todas as respostas e encontrando a média (dividir por 10)
b)- Em alternativa pode contar apenas o número de respostas situado nas colunas 4 e 5.
Uma média de 3 ou superior (primeiro tipo de cotação) ou mais do que 5 respostas nas colunas 4 e 5
sugere que o aluno tem falta de confiança na sua capacidade para obter sucesso e desistiu de tentar.
Nunca Sempre
1.Diz “Eu não consigo” 1 2 3 4 5
8. Desencoraja-se facilmente 1 2 3 4 5
– 114 –
ANEXO IX
Avaliação das emoções relacionadas na sala de aula
Questionário para alunos
(Versão Portuguesa do “Achievement Emotions Questionnaire” de Pekrun et al. 2006)
Este questionário refere-se a emoções que podes experienciar durante as aulas. Lê cada item com
atenção e responde utilizando a escala abaixo, que permite traduzir como te sentes durante a aula.
1. Discordo totalmente
2. Discordo
3. Não discordo nem concordo
4. Concordo
5. Concordo totalmente
1 1 2 3 4 5
gosto de estar na aula
2 1 2 3 4 5
preocupo-me se os outros irão compreender mais do que eu
3 1 2 3 4 5
sinto-me tentado/a em sair da aula por ser tão aborrecida
4 1 2 3 4 5
quando digo algo na aula sinto-me como ficando vermelho/a
5 1 2 3 4 5
sinto-me frustrado/a na aula
6 1 2 3 4 5
porque o tempo parece não passar olho frequentemente para o relógio
7 tenho orgulho em ser capaz de acompanhar a matéria 1 2 3 4 5
8 1 2 3 4 5
porque não compreendo a matéria pareço desconectado/a e conformado/a
9 1 2 3 4 5
o meu entusiasmo pela aula faz-me querer participar
10 1 2 3 4 5
torno-me inquieto/a porque não consigo esperar que a aula termine
11 1 2 3 4 5
quando digo algo na aula sinto-me como se estivesse a fazer de mim parvo/a
12 1 2 3 4 5
sinto-me tenso/a na aula
13 1 2 3 4 5
fico aborrecido/a
14 1 2 3 4 5
estou confiante porque compreendo a matéria
15 1 2 3 4 5
depois de ter dito algo na aula desejava entrar num buraco e esconder-me
16 1 2 3 4 5
sinto raiva a irromper em mim
17 sinto-me orgulhoso/a por ter um melhor desempenho do que os outros 1 2 3 4 5
18 1 2 3 4 5
é tão entusiasmante que podia estar horas na aula a ouvir o/a professor/a
19 1 2 3 4 5
fico tão aborrecido/a que tenho problemas em manter-me atento/a
20 1 2 3 4 5
fico embaraçado/a
– 115 –
Durante a aula… Discordo Concordo
21 pensar na fraca qualidade da aula faz-me ficar zangado/a 1 2 3 4 5
22 1 2 3 4 5
começo a bocejar na aula por ela ser tão aborrecida
23 quando dou boas contribuições na aula, fico mais motivado/a 1 2 3 4 5
24 1 2 3 4 5
estou tão embaraçado/a de forma que não consigo expressar-me
25 1 2 3 4 5
sinto-me sem esperança
26 1 2 3 4 5
sinto-me tão bem ao participar na aula que fico com energia
27 1 2 3 4 5
sinto-me nervoso/a na aula
28 a aula aborrece-me 1 2 3 4 5
30 1 2 3 4 5
estou orgulhoso/a das contribuições que tenho dado na aula
31 1 2 3 4 5
porque estou com raiva fico inquieto/a na aula
32 1 2 3 4 5
perdi toda a esperança em compreender esta aula
33 1 2 3 4 5
tenho medo de dizer algo errado, por isso prefiro não dizer nada
34 1 2 3 4 5
durante a aula sinto que podia afundar-me na minha cadeira
35 1 2 3 4 5
tenho vergonha
36 pensar em todas as coisas inúteis que tenho que aprender faz-me ficar 1 2 3 4 5
irritado/a
37 quando tenho um bom desempenho na aula, o meu coração bate forte de 1 2 3 4 5
orgulho
38 1 2 3 4 5
porque fico aborrecido/a a minha mente começa a vaguear
39 1 2 3 4 5
quando participo na aula começo a gaguejar
40 1 2 3 4 5
acho a aula verdadeiramente maçadora
41 se os outros soubessem que não compreendo a matéria sentir-me-ia 1 2 3 4 5
embaraçado/a
42 1 2 3 4 5
quando não compreendo algo importante na aula, o meu coração acelera
43 penso no que poderia estar a fazer em vez de estar sentado/a nesta aula
1 2 3 4 5
aborrecida
– 116 –
ANEXO X
Escalas dos Padrões Adaptativos de Aprendizagem
Auto-reflexão sobre os objectivos, a eficácia pessoal e as abordagens ao ensino
Questionário para professores
(Versão Portuguesa do “Patterns of Adaptive Learning Scales” de Midgley et al., 2000)
OBJECTIVO: Este questionário foi pensado para ajudá-lo a reflectir sobre a sua abordagem de
ensino, sobre a sua percepção de eficácia pessoal, e sobre os seus objectivos (orientados para
aprendizagem vs orientados para o desempenho). Depois de completar o questionário e tendo
como base as teorias da motivação analisadas, examine as suas respostas e verifique se há
incongruências entre os seus valores, objectivos e os seus comportamentos.
1. Discordo totalmente
2. Discordo
3. Não discordo nem concordo
4. Concordo
5. Concordo totalmente
4 eu faço um esforço especial para reconhecer cada progresso dos alunos, mesmo 1 2 3 4 5
dos que estão abaixo do nível esperado para o seu ano de escolaridade
5 nesta escola os alunos são informados de que cometer erros é normal, desde 1 2 3 4 5
que com eles aprendam e melhorem
6 há factores fora do meu controlo que têm mais influência no desempenho dos 1 2 3 4 5
alunos do que eu
7 nesta escola é comum assinalar os alunos que obtêm melhores resultados e os 1 2 3 4 5
que obtêm resultados mais baixos
8 eu ajudo todos os alunos nas minhas aulas, assim, os progressos são mais 1 2 3 4 5
significativos
9 eu divulgo, a título de exemplo, o trabalho que os alunos têm de efectuar para 1 2 3 4 5
conseguir bons resultados
10 nesta escola os alunos que obtiveram bons resultados são apontados como 1 2 3 4 5
exemplo para os outros
11 durante a aula, muitas vezes, disponibilizo actividades diferentes, assim, os 1 2 3 4 5
alunos podem escolher as que querem realizar
12 nesta escola os alunos têm um contacto frequente com discursos sobre a 1 2 3 4 5
importância da obtenção de notas elevadas nos testes
13 eu reconheço os progressos realizados pelos alunos quando lhes dou informação 1 2 3 4 5
sobre as notas que obtiveram nos testes e trabalhos realizados
14 nesta escola um elevado número de alunos realizam actividades aborrecidas e 1 2 3 4 5
repetitivas
15 1 2 3 4 5
nesta escola as notas e os resultados obtidos pelos alunos são pouco analisados
– 117 –
Concentrando-me na minha função de professor… Discordo Concordo
– 118 –
ANEXO XI
Instruções: Durante dois dias normais registe as tarefas realizadas alunos. Avalie cada uma delas
tendo em conta as afirmações constantes do enquadramento abaixo.
Se o decurso da tarefa for melhor descrito pela frase da esquerda, faça um círculo em torno do sinal
(-), se for melhor descrito pela frase da direita, faça um circuito em torno do sinal (+); se entender
que está entre as frases da esquerda e da direita faça um circuito em torno do sinal (0).
Não mencionei o valor que a tarefa tem - 0 + Mencionei o valor da tarefa em termos de
em termos de aprendizagem aprendizagem
Reconheço que a tarefa era rotineira, quase - 0 + A tarefa era significativa diferente das
igual a outras já realizadas tarefas usuais
A tarefa revelou-se muito simples ou - 0 + A tarefa revelou-se adequada ao nível de
muito complexa para os alunos aprendizagem dos alunos
A tarefa tinha em vista, sobretudo, a - 0 + Na execução da tarefa não fiz menção à
avaliação, em termos de resultados avaliação externa
A tarefa implicava sobretudo a - 0 + Na execução da tarefa não houve
recompensa ou punição extrínseca recompensa ou punição extrínseca
Os alunos não contribuíram para a escolha - 0 + Houve alguma escolha por parte dos
da tarefa alunos no tipo de tarefa
Durante a tarefa solicitei os alunos apenas - 0 + Durante a tarefa o papel que solicitei aos
para estarem atentos e repetirem o que eu alunos foi, além disso, de iniciativa
estava a fazer pessoal
Não dei feedback aos alunos sobre o seu - 0 + Dei feedback durante ou pouco depois de
desempenho na tarefa completada a tarefa
Durante e no final da tarefa, os alunos não - 0 + As melhorias na execução da tarefa
puderam perceber os seus resultados foram prováveis e facilmente discerníveis
A tarefa revelou-se mecânica, apesar de - 0 + A tarefa foi produtiva e ofereceu a
poder desenvolver-se de outro modo oportunidade de os alunos se envolverem
Não relacionei a tarefa com aspectos - 0 + A tarefa estava directamente relacionada
relevantes da realidade dos alunos com a experiência pessoal
Trataram-se conhecimentos isolados, - 0 + Os conhecimentos estavam relacionados
desligados de outros já aprendidos com outras partes do currículo
Os objectivos da tarefa foram apresentados - 0 + Os objectivos da tarefa foram claros
de modo vago
A tarefa revelou-se demasiado fácil ou - 0 + A tarefa exigiu esforço mas o sucesso foi
demasiado difícil para alguns alunos alcançável
A tarefa não permitiu a interacção entre os - 0 + Na tarefa a cooperação entre os colegas
alunos foi encorajada
A tarefa incidiu na aquisição dados - 0 + A tarefa incidiu na memorização, na
memorizados e não foi além disso compreensão, a aplicação, etc.
– 119 –
ANEXO XII
Escalas dos Padrões Adaptativos de Aprendizagem26
Percepção dos objectivos dos professores, Percepção da estrutura de objectivos na sala de
aula, Auto-apresentação de baixo rendimento, Relevância da escola para o sucesso futuro
Questionário para alunos
(Versão Portuguesa do “Patterns of Adaptive Learning Scales” de Midgley et al., 2000)
Tendo em conta a tua experiência de aluno, responde às afirmações que se seguem rodeando com um
círculo a resposta que melhor descreve o que sentes. Visto que tens vários professores, quando se diz “Os
meus/nossos professores…” responde pensando de uma forma geral. Obrigada pela tua colaboração!
1. Discordo totalmente
2. Discordo
3. Não discordo nem concordo
4. Concordo
5. Concordo totalmente
3 nas nossas aulas, é muito importante mostrar que não se tem um mau 1 2 3 4 5
desempenho nos trabalhos.
4 se outros alunos descobrissem que tive um bom desempenho num teste, diria 1 2 3 4 5
que foi apenas sorte mesmo que não fosse esse o caso.
5 mesmo se tiver um bom desempenho na escola, isso não me vai ajudar a ter o 1 2 3 4 5
tipo de vida que quero quando crescer.
6 1 2 3 4 5
os nossos professores reconhecem que nos esforçamos.
14 se eu tivesse um bom desempenho num teste, não iria querer que os outros 1 2 3 4 5
alunos soubessem a nota.
15 as minhas hipóteses de ter sucesso mais tarde na vida dependem de ser bem 1 2 3 4 5
sucedido na escola.
26
Adaptação portuguesa de “Patterns of Adaptive Learning Scales” (PALS) de C. Midgley et al. (2000)
por Maria Paula Paixão (Núcleo de Orientação Escolar e Profissional da Faculdade de Psicologia e de
Ciências da Educação da Universidade de Coimbra)
– 120 –
Na minha escola… Discordo Concordo
21 1 2 3 4 5
se tiver sucesso na escola, isso ajudar-me-á a realizar os meus sonhos.
24 1 2 3 4 5
os meus professores fazem comparações entre os alunos.
25 1 2 3 4 5
nas nossas aulas, é importante ter notas altas nos testes.
26 não responderia a uma pergunta na aula se com isso os outros alunos ficassem 1 2 3 4 5
a pensar que sou inteligente
27 ter boas notas na escola garante que eu venha a ter um bom emprego quando 1 2 3 4 5
crescer.
28 1 2 3 4 5
nas nossas aulas, é importante não dar erros em frente dos colegas.
32 1 2 3 4 5
nas nossas aulas, esforçarmo-nos é muito importante.
– 121 –
ANEXO XIII
OBJECTIVO: Este questionário ajudá-lo(a)-á a avaliar a maneira como trata os seus alunos.
INSTRUÇÕES: Distribua o questionário aos seus alunos e peça-lhes que se pronunciem
relativamente a cada afirmação numa escala de 1 a 3. Se estiver se se tratar de crianças muito
novas e/ou dificuldades de leitura, leia-lhes cada item em voz alta e peça-lhes para anotarem a
sua resposta de seguida.
1. Raramente
2. Às vezes
3. Sempre
– 122 –
ANEXO XIV
Auto-reflexão sobre as minhas recompensas e punições
Questionário para professores
Traduzido e adaptado de Stipek (1993, 275)
OBJECTIVO: Este questionário apoia a sua reflexão sobre o uso que faz de recompensas e punições.
Depois de completar o questionário, examine as suas respostas e verifique se há incongruências nas
recompensas e punições utilizadas e/ou nos comportamentos subordinados a recompensas e a punições.
– 123 –
(e) Seguir instruções …..…………………….
(j) Outros………………………….………....
5. Há alguns alunos na sala de aula que sejam frequentemente recompensados (ex: com boas noites
elogios reconhecimento) por resultados que não requerem muito esforço?
…………………………………………………………………………………………………………
…………………………………………………………………………………………………………
6. Há alguns alunos na sua sala que não sejam recompensados (ex: com boas notas, elogios ou
reconhecimento) mesmo quando tentam?
…………………………………………………………………………………………………………
…………………………………………………………………………………………………………
7. As recompensas na sua sala de aula estão realisticamente ao alcance para todos os alunos?
…………………………………………………………………………………………………………
…………………………………………………………………………………………………………
– 124 –
ANEXO XV
Avaliação do professor na utilização do elogio
Observação para professores
Traduzido e adaptado de Stipek (1993, 280)
Instruções: Cada vez que um professor utiliza um elogio verbal, um observador indica se o elogio
foi eficaz ou ineficaz, de acordo com um conjunto de critérios.
O elogio eficaz é descrito à esquerda, o elogio ineficaz é descrito no lado direito da barra.
Coloque um (+) se o elogio foi eficaz, um (-) se o elogio for ineficaz, ou se não estiver certo que o
critério seja aplicável.
Os observadores devem preencher este formulário numa variedade de situações nas quais o
professor terá a possibilidade de elogiar os alunos.
– 125 –