MEDRESUMOS 2016 - NEUROANATOMIA 05 - Microscopia Do Bulbo
MEDRESUMOS 2016 - NEUROANATOMIA 05 - Microscopia Do Bulbo
MEDRESUMOS 2016 - NEUROANATOMIA 05 - Microscopia Do Bulbo
NEUROANATOMIA 2016
Arlindo Ugulino Netto.
ESTRUTURA DO BULBO
A organização interna das porções caudais do bulbo é bastante semelhante à da medula. Entretanto, na medida em que se
examinam secções mais altas do bulbo, notam-se diferenças cada vez maiores, até que ao nível da oliva, já não existem
aparentemente qualquer semelhança. As modificações que diferenciam a estrutura do bulbo e da medula são devidas principalmente
aos seguintes fatores:
Aparecimento de novos núcleos próprios do bulbo que não têm correspondência na
medula, como os núcleos grácil, cuneiforme e o núcleo olivar inferior.
Decussação das pirâmides ou decussação motora. Quando as fibras motoras do tracto
córtico-espinhal cruzam na parte mais caudal das pirâmides, elas atravessam a
substância cinzenta bem ao nível da coluna anterior, separando esta em duas partes:
base e cabeça da coluna anterior.
Decussação dos lemniscos ou decussação sensitiva: as fibras do fascículo grácil e
cuneiforme da medula terminam fazendo sinapse em neurônios dos núcleos grácil e
cuneiforme, que aparecem no funículo posterior, nos níveis mais baixos do bulbo. As
fibras que se originam a partir destes núcleos são denominadas fibras arqueadas
internas. Elas mergulham ventralmente, atravessam a coluna posterior (contribuindo
para fragmentá-la), se anteriorizam definitivamente, cruzam o plano mediano
(decussação sensitiva) e infletem-se cranialmente para constituir de cada lado, o
lemnisco medial. Com isso, cada lemnisco medial conduz ao tálamo os impulsos
nervosos (propriocepção consciente, tato epicrítico e sensibilidade vibratória) que
subiram nos fascículos grácil e cuneiforme da medula do lado oposto.
Abertura da porção fechada do bulbo para formar o IV ventrículo, e com isso, em níveis
cada vez mais altos, desaparecem, progressivamente, os fascículos grácil e cuneiforme
(que já teriam formado as fibras arqueadas internas e o lemnisco medial).
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Núcleo Ambíguo: núcleo motor para a musculatura estriada da laringe e faringe (voluntária). Dele saem fibras eferentes
viscerais especiais do IX (glossofaríngeo), X (vago) e XI (acessório) pares de nervos cranianos.
Núcleo do Hipoglosso: núcleo motor onde se originam fibras eferentes somáticas para a musculatura da língua por meio
do N. hipoglosso (XII). Situa-se profundamente ao trígono do nervo hipoglosso, no assoalho do IV ventrículo. Origina fibras
que se dirigem ventralmente, cruzam as fibras arqueadas internas, e emergem na face anterior do bulbo (bem no sulco
lateral anterior), formando o N. hipoglosso. Recebe fibras do tracto córtico-nuclear de ambos os lados, com exceção feita à
parte do núcleo que inerva o músculo genioglosso.
Núcleo dorsal do vago: núcleo motor pertencente ao parassimpático (coluna eferente visceral geral). Nele estão situados
neurônios pré-ganglionares cujos axônios saem pelo nervo vago, para encontrar neurônios pós-ganglionares viscerais. Situa-
se profundamente no trígono do nervo vago, no assoalho do IV ventrículo.
Núcleo salivatório inferior: origina fibras pré-ganglionares que emergem pelo nervo glossofaríngeo para a inervação da
glândula parótida (as glândulas sublingual, submandibular e lacrimal são inervadas pelo N. intermédio, componente do nervo
facial que recebe fibras do núcleo salivatório superior e lacrimal, localizados na ponte).
Núcleos vestibulares: são núcleos sensitivos que recebem as fibras que penetram pela porção vestibular do VIII par (nervo
vestíbulo-coclear), estando relacionado, então, com o equilíbrio. Localizam-se no bulbo apenas os núcleos vestibulares
inferior e medial, bem na área vestibular (local marcado pelas estrias medulares).
Núcleo do tracto solitário: é um núcleo sensitivo que recebe fibras aferentes viscerais gerais e especiais que entram pelo
VII (facial), IX (glossofaríngeo) e X (vago) pares cranianos, todos responsáveis pela inervação da língua (gustação) e por
informações viscerais diversas. Contudo, as fibras aferentes viscerais especiais que penetram no tracto solitário estão,
especificamente, relacionadas com a gustação: VII 2/3 anteriores da língua; IX 1/3 posterior da língua; X região da
epiglote.
Núcleo do tracto espinhal do nervo trigêmeo: nesse núcleo sensitivo, chegam fibras aferentes somáticas gerais trazendo
sensibilidade de quase toda a cabeça (principalmente da face) pelos nervos V, VII, IX e X (sendo estes três últimos
relacionados apenas com a sensibilidade geral do pavilhão e conduto auditivo). Sua correspondência da medula é a relação
com a substância gelatinosa da coluna posterior.
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OBS : Para facilitar a memorização dos nomes e função dos núcleos e nervos cranianos do bulbo, pode-se fazer uso do exercício de
tentar deduzir a ação de cada um dos núcleos durante o ato de tomar sorvete: Inicialmente, põe-se a língua para fora para lamber o
sorvete (núcleo do hipoglosso: função motora para os músculos da língua). A seguir é necessário verificar se o sorvete está mesmo
frio (núcleo do tracto espinhal do trigêmeo: confere sensibilidade à maior parte da cabeça, nesse caso, à própria língua). Feito isso,
é conveniente verificar o gosto do sorvete (núcleo do tracto solitário: recebe nervos sensitivos do VII, IX e X pares de nervos
relacionados com a gustação). A essa altura, o indivíduo já deve estar com a boca “cheia d’água” (núcleo salivatório inferior: no
caso do bulbo, por meio de fibras pré-ganglionares, o nervo glossofaríngeo estimula a secreção de saliva pela gl. parótida). Passadas
essas fases, já há condições de engolir o sorvete (núcleo ambíguo: inervação motora da musculatura da faringe e laringe).
Finalmente, o sorvete chega ao estomago e sofre ação do suco gástrico (núcleo dorsal do vago: o nervo vago é, em parte,
relacionado com a secreção de HCl e de outros estímulos viscerais). Vale lembrar que o indivíduo tomou o sorvete de pé, mantendo o
equilíbrio (núcleos vestibulares medial e inferior: no caso do bulbo, relacionados com o equilíbrio).
Núcleos Olivares acessórios medial e dorsal: formam o complexo olivar inferior junto ao grande núcleo olivar inferior,
apresentando a mesma função.
Núcleo cuneiforme acessório do bulbo: recebe impulsos proprioceptivos do pescoço e membros superiores. Os axônios
destes neurônios formam o tracto cúneo-cerebelar, que entra no cerebelo pelo pedúnculo cerebelar inferior.
FIBRAS TRANSVERSAIS
As fibras transversais do bulbo são também denominadas fibras arqueadas e podem ser dividias em internas e externas:
Fibras arqueadas internas: algumas são constituídas pelos axônios dos neurônios dos núcleos grácil e cuneiforme no
trajeto entre esses núcleos e o lemnisco medial; outras são constituídas pelas fibras olivo-cerebelares, que do complexo
olivar inferior cruzam o plano mediano, penetrando no cerebelo do lado oposto pelo pedúnculo cerebelar inferior.
Fibras arqueadas externas: têm trajeto próximo à superfície do bulbo e penetram no cerebelo pelo pedúnculo cerebelar
inferior. Boa parte destas fibras origina-se no núcleo cuneiforme acessório no bulbo, levando ao cerebelo impulsos
proprioceptivos (inconscientes) do pescoço e membros superiores.
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FORMAÇÃO RETICULAR DO BULBO
Preenche todo o espaço não ocupado pelos núcleos de tractos mais compactos. Na formação reticular do bulbo localiza-se o
centro respiratório, centro vasomotor e o centro do vômito.
CORRELAÇÕES CLÍNICAS