Quartets
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Quartets
Didática Específica
(Saxofone)
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Índice
INTRODUÇÃO …………………………………………………………………………… 3
PARTE 1
PARTE 2
CONCLUSÃO
BIBLIOGRAFIA
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Introdução
Este trabalho será elaborado no âmbito da unidade curricular de Didática específica (40707),
Este trabalho, divido em duas partes consiste, numa primeira parte, abordagem simples dos
diferentes quartetos bem como uma uma biografia e contextualização com exemplos musicais
enquanto na segunda parte o foco estará no repertório escolhido: reflexão e crítica.
Partimos para este trabalho com a consciência de que não será uma tarefa fácil pois requer
muita pesquisa e conhecimentos técnicos das correntes estéticas da música de câmara aplicada ao
saxofone, na performance e no ensino bem como do instrumento em si. Estamos certos de que
juntaremos informação no mínimo suficiente para podermos trabalhar, sabendo obviamente que,
nem todas as fontes são fiáveis. Apesar disto, sentimo-nos entusiasmados pois, em primeiro lugar,
obteremos novos conhecimentos na área, bem como uma oportunidade de o mostrar através deste
trabalho.
Sendo músicos e humanos e, querendo continuar a crescer, achamos que este trabalho
contribuirá para isso, sem qualquer dúvida.
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PARTE 1
Contextualização Musical
O saxofone desde cedo teve uma relevância especial nas várias formações musicais,
sejam elas sinfónicas, filarmónicas ou solísticas. Com a criação e inovação de repertório,
desde a década de 1980 que se começaram a compor e criar concepções do saxofone em
contexto camarístico: ensembles. Focando-nos apenas na formação de quarteto, o saxofone
ganhou uma relevância que antes não havia tido. O repertório é criado e composto através
da evolução não só do próprio instrumento mas também através do pensamento e concepção
musical por detrás das ideias dos compositores. Por ser um instrumento recente e ainda em
evolução o repertório musical cada vez mais é variado e copioso, possibilitando mostrar a
versatilidade sonora bem como a sua abordagem técnica.
Por não haver um grande foco do saxofone no mundo musical sinfónico, a criação e
evolução de quartetos é uma das grandes opções no mercado musical. Cada vez mais se
vêem novos quartetos e conceitos a serem criados mas tudo isso teve um inicio. Na lista que
disponibilizámos no próximo tópico abordamos os quartetos que melhor vingaram e
continuam a evoluir, sendo eles, a base de de inspiração da grande maioria de projetos de
saxofone que são criados, não só pelas suas sonoridades mas mais importante ainda, as suas
identidades.
Escola Quarteto
Amstel Quartet
Holandesa
Aurelia Quartet
Habanera Quartet
Francesa
Morphing Quartet
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AURELIA QUARTET
André Arends, Arno Bornkamp, Johan van der Linden e Willem van Merwijk
Em 1982, Roma, juntou-se o que se tornaria um dos quartetos de saxofone pioneiros mais
influentes da sua época. O nome baseou-se do lugar onde o coletivo tocou junto pela primeira vez,
na via Aurelia, aquando de uma viagem com a Orquestra Nacional Jovem Holandesa. Na altura a
facilidade de comunicação e organização não era a ideal mas mesmo assim conseguiram ter um
tremendo sucesso internacional que lhes ofereceu não só muitas colaborações para filmes, televisão
e rádio mas também parcerias com Branford Marsalis, Hannes Minnaar, Lavinia Meijer, Miranda
van Kralingen, Peter Drost e René Groothof. Estabelecido por André Arends, Arno Bornkamp,
Johan van der Linden e Willem van Merwijk desde 1982, em 2013, Juan Manuel Dominguez e
Femke Ijistra vieram substituir van Willem Merwijk e Johan van der Lindenna respetivamente nas
Já com 9 CDs publicados, o quarteto original teve oportunidade de tocar em grandes salas de
concerto como Suntory Hall, Gewandhaus, Marken-Binnen e Oristano. O escolha do seu repertório
determinou no seu valor intrínseco o que viria a ser o repertório camerístico para saxofone,
foram dos anos com maior criação, inovação e evolução do pensamento saxofonistico e por isso
vários compositores escolheram o coletivo Aurelia para estreias mundiais de composições próprias.
Podem ser tomados como exemplo J. ter Veldhuis, Goldstein, Keuris e Andriessen.
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PRISM QUARTET
Formado em 1984, este quarteto foi criado na Universidade de Michigan, por alunos do
saxofonista norte-americano Donald Sinta. Este quarteto foi criado com o objetivo de apresentar o
saxofone em contextos inesperados, de levar as obras para este tipo de formação a diferentes
regiões, e de desafiar, inspirar, e mover o público. Além de terem ganho o primeiro prémio na
Fischoff National Chamber Music Competition, o quarteto já se apresentou em todos os estados dos
Estados Unidos da América, bem como na América Latina, Rússia e China. No seu repertório,
incluem a estreia de quase 300 obras, assim como a produção de álbuns com os mais diversos
estilos musicais.
Na questão de versatilidade de estilos, destaca-se o álbum Hit Parade, o qual inclui obras de
Johann Sebastian Bach, Robert Schumann, Salvatore Sciarrino, George Gershwin, Georg Friedrich
Haas, entre outros. Outro álbum de destaque é o Breath Beneath, no qual existe um cruzamento
entre a música, a tecnologia interativa e a arte visual, no qual existe uma investigação sobre os
movimentos dos saxofonistas e como os sons possam ser utilizados para gerar imagens – e como
estas imagens possam definir a própria interpretação musical. O álbum inclui obras de Jacob Tv,
Julia Wolf, Dan Trueman, entre outros. Numa vertente de repertório de saxofone clássico
contemporâneo, o quarteto possui um álbum que inclui unicamente concertos para quarteto de
saxofones e orquestra, tendo como compositores Steven Mackey, Philip Glass, William Bolcom,
etc. Além dos álbuns mencionados, o quarteto possui diversos projetos colaborativos, nos quais se
destaca a multiplicidade de formações, estilos e culturas musicais, como é o caso do projeto
Antiphony, em colaboração com o ensemble Music from China, onde é explorada uma relação
dinâmica entre a cultura ocidental e oriental, bem como da cultura antiga e contemporânea; outro
projeto, no qual se destaca a diversidade de estilos, é o Heritage/Evolution: Celebrating the
Saxophone, criado no âmbito do 30º aniversário do quarteto, onde é celebrada a fusão de estilos
musicais, desde o jazz à musica clássica ocidental, indiana, e à música folclórica da América Latina
e Romena, através da colaboração com saxofonistas que desafiem essas convenções, sendo alguns
deles Rudresh Mahanthappa, Dave Liebman, Chris Potter, Ravi Coltrane, Joe Lovano, entre outros.
Por fim, um último destaque ao projeto Color Theory, inspirado na ciência e artes visuais:
nasce da origem da descoberta da cor, por Isaac Newton, que ao fundir um raio de luz a um prisma,
dividiu o mesmo em cores do arco-íris. Em colaboração com o grupo So Percussion, este projeto
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usou a ideia da “cor” para a usar como uma ferramenta de fragmentação musical, e assim abrir
portas para a exploração de espectro sonoro, com a possibilidade de criar novas formas de
orquestração.
APOLLO QUARTET
O Apollo Saxophone Quartet foi criado em 1985 no Royal Northern College of Music, e tem
vindo a desenvolver projetos no cenário da música contemporânea britânica nos últimos 30 anos,
tendo sido premiado em concursos como o Royal OverSeas League, o prémio Tunnel Trust, o
Erasmus Concours Netherlands, e o Tokio International Chamber Music Competition.
Este quarteto destaca-se pela sua flexibilidade e versatilidade, possuindo no seu repertório
mais de 100 estreias de obras, incluindo peças para quarteto, tanto no âmbito de saxofone clássico
contemporâneo como em jazz; concertos para quarteto e orquestra, música para filmes, e
colaborações com poetas, dançarinos, multimédia, e ensembles de cordas. Uma das colaborações
deste quarteto foi feita a partir de um compositor português, Luís Tinoco, que lhes sugeriu a ideia de
gravar um CD que possuísse unicamente obras recentes de compositores portugueses. Desta ideia
nasceu o álbum Short Cuts, gravado em 2014, que foi estreado em Londres e Lisboa.
HABANERA QUARTET
Este quarteto, criado em 1993, foi fundado no Conservatório Nacional Superior de Música e
Dança de Paris, onde arrecadou um primeiro prémio em música de câmara. A partir daí, já
alcançaram oito prémios internacionais, em cidades como Bordeaux, Sanguinetto, Düsseldorf e
Osaka. Este quarteto integra repertório desde criações contemporâneas, como é o caso do álbum
Misterious Morning, onde é feita uma representação de obras contemporâneas de Ligeti, Xenakis,
Donatoni, entre outros; a transcrições e repertório mais tradicional, com um álbum com obras de
Glazunov, Grieg e Dvorak; bem como world music e obras de caráter improvisatório, como é o caso
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do álbum em comum com Louis Sclavis intitulado L’Engrenage, composto por 17 temas nos quais
Sclavis improvisa “por cima” com o clarinete ou saxofone soprano. Através dos seus projetos,
procuram inverter a tendência de um conceito de concerto “clássico”, unindo num único concerto
repertório de estilos e épocas variados, apresentando simultaneamente compositores como Bach,
Steve Reich, Dvorak e Ligeti.
AMSTEL QUARTET
No início do ano 1997, num ensaio da Orquestra Nacional Jovem Holandesa para “Um
Americano em Paris” surgiu a ideia e conceito base dos Amstel Quartet, nesta altura como trio.
Olivier Sliepen integrou o coletivo alguns anos depois, em 2001, completando o quarteto que hoje
conhecemos como Amstel. Todos com base e oriundos da Holanda tratam-se de um excelente
exemplo da escola saxofonista holandesa. O objetivo do quarteto é transparecer o maior domínio e
versatilidade do saxofone ultrapassando todas as limitações técnicas impostas pelo instrumento,
onde, não se ouve um limite sonoro, criando uma sensação de liberdade. Não só através do
saxofone mas também do repertório por eles escolhido abrangendo um vasto leque de géneros
musicais (música antiga, jazz, pop e erudita). Foram dos quartetos, devido à sua versatilidade, que
mais influenciaram compositores a ter uma visão mais rica do instrumento acabando com a ideia da
impossibilidade de ser tocável.
Este mindset dos Amstel foi a principal causa de tanto sucesso mundial numa época
saxofonista muito concorrida onde o grande forte era e continua a ser: a música de câmara. Auto-
proclamados de “o quarteto mais colorido do mundo” pela imprensa nacional Amstel tem na sua
posse vários prémios internacionais como Concert Artists Guild Management Award, Kersjes e o
Gaudeamus International Interpreters Award. Estabelecido por Remco Jak, Olivier Sliepen, Bas
Apswoude e Ties Mellema desde 2001, Harry Cherrin veio substituir Ties na parte de barítono em
2017. Contam já com 9 CDs publicados com um repertório extremamente rico que os levou a viajar
pelo mundo a tocar em grandes salas de concerto como Amsterdam Concertgebouw, The
Philharmonie e Carnegie Hall.
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- Guillermo Lago - Ciudades: Addis Ababa, Tokyo, Cordoba e Sarajevo
MORPHING QUARTET
Após uma década sem se ouvir falar de quartetos de saxofone no mundo musical, quatro
estudantes começaram a desenhar o que em 2010 se tornou num projeto dinâmico, articulado e
inspirador: Morphing Quartet. O nome surgiu do conceito base de metamorfosear duas (ou mais)
cores sonoras numa só (onde se inclui o jazz, pop, rock, erudito, etc); a fusão de estilos e
sonoridades é um dos ideais sempre presente no grupo (como uma criança que brincar com tintas
num projeto escolar). Todos oriundos de frança, juntaram-se para tocar música de câmara com alto
dinamismo que lhes concedeu um enorme respeito saxofonístico. Baseiam-se no mindset dos Amstel
Quartet, com toda a seriedade na abordagem do instrumento bem como ultrapassar os limites por
ele impostos.
Seis meses após o inicio deste projeto ganharam o 1º Prémio do prestigiado Osaka
International Chamber Music Competition, na sua 7ª edição respetivamente. Foram o segundo
quarteto de saxofones a vingar na história deste prémio. A sua performance incluiu obras do
repertório saxofonístico bem como adaptações de quarteto de cordas, como foi um exemplo o
Capriccio op. 81 de Félix Mendelssohn. Após o tremendo sucesso deste quarteto começaram a
viajar pelo mundo com performances, masterclass e estágios onde se incluem Pocket Concerts,
Festival Pablo Casals, Music of a century, The Musicales of Wesserling, The Great Hours of St.
Emilion, The Poetic and Musical Eure, The Mélusicales e Val d’Aulna. Rússia, Brasil, República
Checa e Andorra são os grandes momentos no contexto de ensino do saxofone integrantes no
espólio curricular do quarteto. Obtiveram o diploma de Mestrado em Música de Câmara no
CNSMDP com David Walter que ainda mais oportunidades lhes ofereceu.
Estabelecidos desde 2010, contam já com 4 CD’s gravados, incluindo parcerias com outros
instrumentistas bem como editoras.
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